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Atuação da Vepa em Pernambuco é reconhecido nacionalmente Salvar 0 comentários Imprimir Reportar Publicado por Tribunal de Justiça de Pernambuco (extraído pelo JusBrasil) - 5 anos atrás 0 O trabalho dignifica a pessoa e pode ajudar na sua recuperação. Com esse lema, a Vara de Execução de Penas Alternativas (Vepa) oferece opções de reabilitação a pequenos infratores e busca integrá-los ao convívio social. O Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) desenvolve esse trabalho desde 13 de fevereiro de 2001, sob a chefia do juiz, doutor em Direito Penal e Justiça Terapêutica, pela Universidade de São Paulo (USP), Flávio Augusto Fontes. Em 2010, sete projetos organizados pela Vara estadual foram selecionados pelo Ministério da Justiça para apresentação na II Feira de Conhecimento de Medidas Alternativas. Essa reunião acontecerá entre os dias 7 e 9 de abril, na cidade de Salvador (BA), e integra o VI Congresso Nacional de Execução de Penas e Medidas Alternativas (Conepa). A Vepa pernambucana foi criada pela Lei Complementar Estadual nº 31, de 2 de janeiro de 2001. O Estado foi o segundo do Brasil a implantá- la, seguindo o exemplo do Ceará. O pioneirismo nordestino alcançou o reconhecimento do Ministério da Justiça (MJ) e serve de exemplo a vários tribunais de Justiça. Atualmente, 19 estados possuem Vepas. De acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a partir da Resolução 101, toda a Federação deverá instituir o regime de penas alternativas. As penas alternativas - em sua maioria, prestação de trabalho voluntários em entidades e órgãos públicos diversos - são aplicadas a pessoas que cometeram crimes de menor poder ofensivo: porte de arma, pequenos furtos, apropriação indébita, sonegação fiscal, estelionato, crimes de trânsito, lesão corporal leve e outras infrações com condenação de até quatro anos, se não houver violência grave ou ameaça. Nesses casos, a principal tarefa do Judiciário é promover a ressocialização do indivíduo, resgatando a cidadania a partir de um trabalho que beneficie a sociedade. Nós procuramos manter uma relação muito próxima com o beneficiário, afirma o juiz Flávio Fontes.

Atuação Da Vepa Em Pernambuco é Reconhecido Nacionalmente

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Atuação da Vepa

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Atuao da Vepa em Pernambuco reconhecido nacionalmenteSalvar0 comentriosImprimirReportarPublicado porTribunal de Justia de Pernambuco(extrado pelo JusBrasil) -5 anos atrs0Otrabalho dignifica a pessoa e pode ajudar na sua recuperao. Com esse lema, a Vara de Execuo de Penas Alternativas (Vepa) oferece opes de reabilitao a pequenos infratores e busca integr-los ao convvio social. O Tribunal de Justia de Pernambuco (TJPE) desenvolve esse trabalho desde 13 de fevereiro de 2001, sob a chefia do juiz, doutor em Direito Penal e Justia Teraputica, pela Universidade de So Paulo (USP), Flvio Augusto Fontes.Em 2010, sete projetos organizados pela Vara estadual foram selecionados pelo Ministrio da Justia para apresentao na II Feira de Conhecimento de Medidas Alternativas. Essa reunio acontecer entre os dias 7 e 9 de abril, na cidade de Salvador (BA), e integra o VI Congresso Nacional de Execuo de Penas e Medidas Alternativas (Conepa).A Vepa pernambucana foi criada pela Lei Complementar Estadual n 31, de 2 de janeiro de 2001. O Estado foi o segundo do Brasil a implant-la, seguindo o exemplo do Cear. O pioneirismo nordestino alcanou o reconhecimento do Ministrio da Justia (MJ) e serve de exemplo a vrios tribunais de Justia. Atualmente, 19 estados possuem Vepas. De acordo com o Conselho Nacional de Justia (CNJ), a partir da Resoluo n101, toda a Federao dever instituir o regime de penas alternativas.As penas alternativas - em sua maioria, prestao de trabalho voluntrios em entidades e rgos pblicos diversos - so aplicadas a pessoas que cometeram crimes de menor poder ofensivo: porte de arma, pequenos furtos, apropriao indbita, sonegao fiscal, estelionato, crimes de trnsito, leso corporal leve e outras infraes com condenao de at quatro anos, se no houver violncia grave ou ameaa.Nesses casos, a principal tarefa do Judicirio promover a ressocializao do indivduo, resgatando a cidadania a partir de um trabalho que beneficie a sociedade. Ns procuramos manter uma relao muito prxima com o beneficirio, afirma o juiz Flvio Fontes.O juiz faz questo de destacar o compromisso firmado com o cumprimento das penas alternativas e a necessidade de implantao dessas medidas. Muitas vezes, o crime de menor gravidade prescrevia e, assim, a impunidade se restabelecia. No havia a execuo da pena, que a fase mais importante do processo, pois quando o Estado mostra ao indivduo que ele errou, explica.Porm, ele ressalta que tambm obrigao da Justia acompanhar de perto todos os beneficirios. O nosso papel conscientiz-los do fato de eles estarem soltos e isso ser um voto de confiana. Mas eles so monitorados constantemente. Pena alternativa, sem monitoramento, impunidade, completa.Atendimento- Os dois principais objetivos da Vepa so aplicar, acompanhar e monitorar penas alternativas e resgatar a cidadania do beneficirio atravs de seu trabalho e de suas habilidades. Nesse processo, procura-se integrar Justia, beneficirio, famlia e sociedade. O resultado o baixo ndice de reincidncia.Ns atendemos um pblico bem heterogneo, diversificado. Dessa forma, h justia social. So mdicos, professores, serventes, engenheiros e outros profissionais prestando servios s comunidades. Em Pernambuco, apenas 5%, dos mais de trs mil atendidos at hoje, voltaram a praticar algum crime, informa o juiz. Os reincidentes no podem mais receber o benefcio de medida alternativa.De acordo com dados fornecidos pela equipe tcnica da Vepa, formada por profissionais de Servio Social, Pedagogia, Psicologia e Direito, 86% dos beneficirios so do sexo masculino e de diferentes faixas etrias. A maioria cumpre pena por porte ilegal de armas (26%). No caso das mulheres, muitas eram encaminhadas ao projeto por conta do trfico de drogas. Com a Lei11.343/06 (artigo 33), a pena mnima passou para cinco anos de recluso, impossibilitando o ganho do benefcio. Segundo a assistente social Salete Moreira, preciso identificar detalhadamente cada caso e aplicar a medida mais adequada.Uma das principais medidas alternativas aplicadas pela Vepa a suspenso condicional do processo e da pena - Sursis. Nesse caso, o beneficirio comparece a reunies mensais realizadas no Auditrio do Frum do Recife, onde acontecem palestras sobre cidadania e profissionalizao para quase 900 pessoas. Acompanhamento teraputico para dependentes qumicos tambm faz parte das aes desenvolvidas pela Vepa. A psicloga Jana Gabriela diz que o necessrio recuperar o cidado. Parcerias e reconhecimentoAs parcerias firmadas pelo Judicirio estadual so fundamentais para o sucesso das aes desenvolvidas pela Vepa. So quase mil instituies conveniadas aos projetos na Regio Metropolitana do Recife. Os beneficirios prestam servios gratuitos em escolas, hospitais e mercados pblicos; associaes de moradores; Secretarias Estaduais; Corpo de Bombeiros Militar; e outros rgos pblicos. Aps o cumprimento da pena, muitas vezes, eles so contratados. Pelo trabalho diversificado, alguns beneficirios conseguem emprego nos locais onde cumpriram a pena.Servio- A Vepa est localizada no segundo andar Frum Rodolfo Aureliano, bairro da Joana Bezerra............................................................Francisco Shimada | Ascom TJPEhttp://tj-pe.jusbrasil.com.br/noticias/2133828/atuacao-da-vepa-em-pernambuco-e-reconhecido-nacionalmente

LEI N 14.284, DE 5 DE ABRIL DE 2011.Dispe sobre a criao do Centro de Acompanhamento a Penas e Medidas Alternativas, no mbito da estrutura organizacional da Vara de Execues de Penas Alternativas do Tribunal de Justia do Estado de Pernambuco - VEPA; e d outras providncias.O GOVERNADOR DO ESTADO DE PERNAMBUCO:Fao saber que a Assembleia Legislativa decretou e eu sanciono a seguinte Lei:Art. 1 Fica criado, no mbito da estrutura organizacional interna da Vara de Execues de Penas Alternativas do Tribunal de Justia do Estado de Pernambuco - VEPA, o Centro Interdisciplinar de Acompanhamento a Penas e Medidas Alternativas - CAPEMA.Art. 2 O Centro de Acompanhamento a Penas e Medidas Alternativas ser composto por 04 (quatro) ncleos:I - Ncleo de Acolhida (NAC);II- Ncleo de Acompanhamento e Monitoramento (NUCAM);III- Ncleo de Formao, Estudos e Convnios (NUFEC);IV - Ncleo de Justia Teraputica (NUJT) e Apoio Administrativo.Art. 3 O Ncleo de Acolhida ter como atribuio as seguintes atividades:I - Entrevistas psicossociais;II - Elaborao de relatrios psicossociais;III - Encaminhamentos pr-audincia;IV - Acompanhamento a audincias admonitrias e de advertncia;V - Visitas domiciliares;VI - Atendimentos pr-audincia.Art. 4 O Ncleo de Acompanhamento de Monitoramento ter como atribuio as seguintes atividades:I - Monitoramento do cumprimento da pena;II - Acompanhamento de casos;III - Atendimentos sistemticos individuais e familiares;IV - visitas institucionais e domiciliares.Art. 5 O Ncleo de Formao, Estudos e Convnios - NUFEC ter como atribuio as seguintes atividades:I - Planejamento, execuo das reunies de Grupo de SURSIS e acompanhamento do cumprimento;II - Planejamento e execuo de encontros semestrais com a Rede Social parceira das comarcas de Recife e Regio Metropolitana - RM, bem como com os cumpridores;III - Planejamento e execuo de qualificao dos membros do Setor Psicossocial e da equipe de monitores quanto temtica penas alternativas;IV - Pesquisas sobre as atividades desenvolvidas na Vara de Execues de Penas Alternativas - VEPA;V- Celebrao de novos convnios; eVI - Acompanhamento e avaliao de estgios.Art. 6 O Ncleo de Justia Teraputica - NUJT ter como atribuies as seguintes atividades:I - Realizar acompanhamento da aplicao de medidas profilticas e de tratamento que atendam a realidade social, preservando o infrator da lei de baixo potencial ofensivo, usurio ou dependente de substncias psicoativas, de medidas extremas que agravariam sua recuperao e reinsero familiar e social;II - Subsidiar os Juzes com relatrios de acompanhamento dos casos;III - Interromper o uso de drogas lcitas ou ilcitas e atividade criminosa associada;IV - Realizar triagem dos casos encaminhados pelas Varas ou Juizados Especiais, bem como monitoramento e avaliao interdisciplinar de cada caso;V - Promover o acesso dos infratores encaminhados pelas Varas ou Juizados Especiais, aos servios de tratamento existentes da rede provedora, de acordo com a sua necessidade;VI - Envolver as famlias dos infratores no acompanhamento do tratamento, no processo de ressocializao do infrator;VII - Promover articulao junto s polticas sociais, municipal e estadual, visando integrao do infrator e de sua famlia em programas sociais;VIII - Promover estudos e pesquisas que contribuam na busca de formas alternativas e de tratamento;IX - Recuperar biopsicossocial o infrator;X - Evitar o encarceramento, atenuando o inchao do Sistema Penitencirio, atravs de medidas de reinsero social diferenciada para dependentes psicoativos;XI - Executar determinao judicial e acompanhamento do infrator dependente;XII - Assegurar o direito cidadania e ao bem estar fsico, mental e social dos infratores envolvidos com drogas.Art. 7 Ficam criadas as seguintes funes gratificadas, vinculadas ao Centro Interdisciplinar de Acompanhamento a Penas e Medidas Alternativas da VEPA:I - 1 (uma) funo gratificada de chefe do Centro Interdisciplinar de Acompanhamento a Penas e Medidas Alternativas, smbolo FGCSJ - 1;II - 1 (uma) funo gratificada de chefe do Ncleo de Acolhida, smbolo FGJ - 1;III - 1 (uma) funo gratificada de chefe do Ncleo de Acompanhamento e Monitoramento, smbolo FGJ - 1;IV - 1 (uma) funo gratificada de chefe do Ncleo de Justia Teraputica, smbolo FGJ - 1;V - 1 (uma) funo gratificada de chefe do Ncleo de Formao, Estudos e Convnios, smbolo FGJ - 1.Art. 8 As despesas decorrentes da aplicao desta Lei correro conta de dotao oramentria prpria.Art. 9 Esta Lei entra em vigor na data da sua publicao.Art. 10. Revogam-se as disposies em contrrio.Palcio do Campo das Princesas, em 5 de abril de 2011.EDUARDO HENRIQUE ACCIOLY CAMPOSGovernador do EstadoFRANCISCO TADEU BARBOSA DE ALENCARTHIAGO ARRAES DE ALENCAR NOREShttp://legis.alepe.pe.gov.br/arquivoTexto.aspx?tiponorma=1&numero=14284&complemento=0&ano=2011&tipo=

1. DESCRIOSegundo a Secretaria Nacional de Polticas sobre Drogas- SENAD, a cultura de guerra e de represso orientou a postura poltica das instituies jurdicas, dirigindo suas funes (controle social, sano, administrao poltica e financeira, ordem familiar, satisfao das necessidades comunitrias) e treinando seus operadores profissionais (policiais, promotores de justia, juzes, advogados, defensores pblicos) e rgos de deciso (tribunais de justia) para atuar de acordo com o modelo repressivo-punitivo.Porm, passou-se da cultura da punio e do internamento da Lei 6.368/1976 (que ressalta os modelos de justia retributiva) para a cultura da restaurao e da educao efetiva da Lei 11.343/2006 (que ressalta os modelos de justia restaurativa). Concebe-se hoje que a questo do uso/abuso de drogas ilcitas muito mais do que um problema de legalidade ou ilegalidade.Deve-se procurar entender a questo em suas dimenses antropolgica, fisiolgica, psicolgica, jurdica, poltica, social, cultural, dinmica e espiritual. imprescindvel a integrao do Poder Pblico Unio, estados, municpios-, segmentos sociais e organizaes no-governamentais com vistas a se preservarem condies de sustentabilidade social, reinserindo os usurios de drogas no ambiente produtivo. dentro desse contexto que a Vara de Execuo de Penas Alternativas, atravs do Centro de Acompanhamento a Penas e Medidas Alternativas- CAPEMA vem desenvolvendo suas estratgias de interveno. Destaca-se que a Vara de Execuo de Penas Alternativas de Pernambuco VEPA foi criada no ano de 2001 e tem competncia em Recife e nas 13 Comarcas da Regio Metropolitana. Executa penas restritivas de direitos e medidas de suspenso da pena e suspenso condicional do processo de crimes tais como: furto, porte de armas, trfico, estelionato, leses corporais, homicdios culposos, dentre outros.A VEPA composta por uma Secretaria Judicial e o CAPEMA, que por sua vez, composto por quatro ncleos: Ncleo de Acolhida NAC; Ncleo de Acompanhamento e Monitoramento NUCAM; Ncleo de Formao, Estudos e Convnios NUFEC e Ncleo de Justia Teraputica NUJT.O CAPEMA tem por objetivo operacionalizar as atividades tcnicas da Psicologia, Servio Social e Pedagogia da VEPA, tendo em vista o acompanhamento dos cumpridores e o monitoramento do cumprimento das penas/ medidas alternativas aplicadas. Dentre as diversas problemticas apresentadas pelos sujeitos em cumprimento de pena/ medida alternativa, encontram-se aquelas decorrentes do uso abusivo de substncias psicoativas, as quais tanto podem ter contribudo para o cometimento dos delitos, como interferir no processo de cumprimento.Observou-se, nos ltimos anos, um aumento gradativo de demandas de atendimento relacionadas problemtica do uso abusivo de substncias psicoativas, frequentemente identificadas pelos profissionais, seja por seus instrumentos de monitoramento, diante do descumprimento das penas/medidas aplicadas; seja por demanda espontnea, quando o prprio cumpridor ou seus familiares recorrem aos profissionais para solicitar ajuda diante de ameaas de morte por no pagamento de dvidas contradas de traficantes, violncia domstica, solicitao de internamento, dentre outros.Tais demandas, associadas s exigncias prprias do cumprimento da pena/ medida, implicam na necessidade de um aprimoramento tcnico dos profissionais, como tambm adequao organizacional para o seu enfrentamento.Dessa forma, os quatro ncleos integrantes do CAPEMA realizam atividades especficas para monitoramento e acompanhamento do cumprimento das penas/medidas aplicadas, e articulam-se internamente quando da necessidade de aes especficas para cumpridores em uso de substncias psicoativas. vlido ressaltar que dos quatro ncleos que compem o CAPEMA, o Ncleo de Justia Teraputica- NUJT o nico que presta uma ateno exclusiva e especializada aos cumpridores usurios de lcool e outras drogas e para onde so encaminhados os cumpridores identificados.Segue a descrio dos ncleos que compem o CAPEMA:

A) Ncleo de Acolhida NAC considerado porta de entrada do cumpridor junto ao CAPEMA, sendo o primeiro contato com a equipe psicossocial. Est calcado numa concepo de acolhimento enquanto postura tica que implica na escuta do cumpridor em suas queixas e no reconhecimento do seu protagonismo no processo de cumprimento da pena.Tem a entrevista psicolgica e social como primeiro momento de interlocuo do cumpridor de penas restritivas de direito e de suspenso condicional da pena, configurando-se tambm como espao de escuta da singularidade do sujeito em sua complexidade. Para os casos de suspenso condicional do processo, so realizados Grupos de Acolhida de Sursis para os casos de suspenso condicional do processo. Nesse momento de acolhimento, ressalta-se tambm o compromisso do cumpridor perante a Justia e o esclarecimento de possveis dvidas no que diz respeito a como se dar o cumprimento de sua pena/medida alternativa.Ademais, procede-se aos encaminhamentos para incio do cumprimento da pena de prestao de servios comunidade e/ou prestao pecuniria em instituio conveniada, bem como outros encaminhamentos necessrios em funo das demandas do referido cumpridor, tais como providncia de documentos, insero em programas sociais, matrcula em escolas pblicas, tanto para curso regular quanto para profissionalizante, encaminhamento para unidades de sade.Aps a entrevista, elabora-se um Relato de Entrevista Psicolgica e Social, resguardando as especificidades de cada profissional, Psiclogo e Assistente Social, que subsidiar o Juiz da VEPA na Audincia Admonitria do cumpridor, quando ser definida a pena/medida a ser cumprida.Caso seja identificado nesse primeiro momento impossibilidade de incio de cumprimento da pena/ medida devido ao uso de drogas ou necessidade de encaminhamento para tratamento, o caso encaminhado para o NUJT para avaliao.

B) Ncleo de Acompanhamento de Monitoramento NUCAMUma vez realizada a audincia, os cumpridores da pena de prestao de servios comunidade passam a ser acompanhados pelos profissionais desse ncleo. Antes de iniciarem efetivamente o cumprimento da pena, os cumpridores passam por um Encontro de Orientao PSC, ocasio que objetiva esclarecer sobre a rotina do cumprimento e assim favorecer a execuo regular da pena.Durante o tempo de acompanhamento, comumente surgem demandas que podem afetar o cumprimento, a saber: insero no mercado de trabalho, uso de drogas, problemas familiares, adoecimento, mudana de endereo, entre outros.Com vistas a acolher as referidas demandas e possibilitar o retorno ao cumprimento da pena/medida, as assistentes sociais e psiclogas do NUCAM realizam atendimentos agendados ou espontneos do cumpridor e, se necessrio, de seus familiares, promovendo orientaes sobre a dinmica da execuo da pena/medida, os encaminhamentos scio-assistenciais e de sade, bem como recolocao do cumpridor em novas instituies para continuidade do cumprimento.O monitoramento do cumprimento realizado atravs de visitas s instituies distribudas pelas Regies Poltico Administrativas RPAs, e Comarcas da regio metropolitana do Recife, pelas assistentes sociais e psiclogas do ncleo. Essas visitas tm como objetivo principal, verificar a regularidade do cumprimento, a resoluo de problemticas pertinentes presena do cumpridor na instituio, bem como o fortalecimento dos laos com a rede social.Por esse sistema de monitoramento e acompanhamento, busca-se que a aplicao e execuo das alternativas penais cumpram simultaneamente seu papel punitivo, educativo, reparador e de reinsero social.Em caso de descumprimento decorrente do uso abusivo de drogas, o NUCAM faz o encaminhamento da demanda para escuta e acompanhamento especfico pelo Ncleo de Justia Teraputica (NUJT). Cumpridores em situao de tratamento para dependncia qumica, em especial os que tiveram sua pena suspensa por perodo determinado para tal fim, tambm so acompanhados em sua particularidade em conjunto com o profissional de referncia.

C) Ncleo de Formao, Estudos e Convnios NUFECTendo em vista a execuo da suspenso condicional do processo, diferentemente do que ocorre na maioria das outras Varas de Penas Alternativas no pas, a VEPA realiza palestras informativas, mensalmente, para cerca de 1.200 cumpridores.So oferecidos cinco horrios de reunies, realizados uma vez por ms, com calendrio pr-fixado de encontros, com participao de aproximadamente 300 pessoas por reunio. Tais reunies possuem um carter inteiramente educativo, cujos pilares assentam-se em temas voltados cidadania, trabalho e sade, dentre outros sugeridos pelos prprios cumpridores.Assim como ocorre nos demais ncleos, caso seja identificado o uso de drogas como fator de descumprimento da medida, o cumpridor encaminhado para o NUJT.

D) Ncleo de Justia Teraputica - NUJTO NUJT vem se estruturando e aprimorando sua metodologia de interveno, de modo a apoiar mais adequadamente esses cumpridores quando desejam reduzir ou interromper o consumo de lcool e outras drogas, tendo em vista o cumprimento regular da pena/medida, bem como a reduo de outros danos causados aos mesmos.Tem concepo e prtica diferente do Centro de Justia Teraputica- CJT , rgo tambm vinculado ao TJPE, sendo suas intervenes focadas no acolhimento, avaliao e encaminhamento, de acordo com a indicao teraputica, para servios especializados disponveis na rede scio assistencial governamental, a exemplo dos Centros de Apoio Psicossocial - lcool e outras Drogas (CAPS/AD) e Programa Atitude, e no governamentais, tais como comunidades teraputicas e grupos de auto-ajuda (como Alcolicos Annimos e Narcticos Annimos), alm do Centro de Justia Teraputica (CJT) do Tribunal de Justia de Pernambuco.A prtica de atendimentos sistemticos no NUJT no tem carter de tratamento e/ou condio de cumprimento da pena/medida, e tem como premissa a concepo de reduo de danos. As atividades pertinentes a este ncleo so: Acolhimento, por meio de entrevistas sociais e psicolgicas; Avaliao das condies para o cumprimento da pena/ medida; Subsdio s decises judiciais atravs de relatrios; Elaborao do Plano de Acompanhamento Individual (PAI); Atendimentos sistemticos, com vistas a estabelecimento de vnculo com o cumpridor, apoio, sensibilizao e acompanhamento; Encaminhamentos, em carter voluntrio, a servios de sade, grupos de ajuda mtua, escolarizao, profissionalizao; Acompanhamento/monitoramento do tratamento; Atendimento aos familiares, e Outras atividades destinadas reinsero social, respeitando os princpios de atendimento e a autonomia dos servios envolvidos.

O acolhimento, enquanto prtica de ateno, busca favorecer a construo de uma relao de confiana e compromisso dos cumpridores usurios do servio com a equipe profissional. A avaliao individual tem incio no ato de acolhimento, devendo ser realizada de forma ampliada, atravs do resgate e da valorizao de outras dimenses que no somente a biolgica e a dos sintomas; na anlise singular de cada caso, incorporando avaliao clnica as questes sociais, psicolgicas e jurdicas.A partir da Avaliao elaborado um Plano de Atendimento Individual- PAI, definindo as condies teraputicas para posterior acompanhamento, considerando tambm as condies de cumprimento das penas ou medidas alternativas. garantida equipe do NUJT a autonomia necessria para definio do plano teraputico mais adequado para cada caso.O Acompanhamento psicossocial feito a partir do PAI e busca estar em constante articulao com os demais ncleos do CAPEMA, como tambm com os locais de tratamento. Poder ser realizado por meio de atendimentos sistemticos individuais, visitas institucionais e/ ou domiciliares.Em caso de descumprimento das condies definidas no Plano Atendimento Individual, o cumpridor ser primeiramente convocado para atendimento individual e encaminhado para retornar o cumprimento do plano e da pena/medida a este imputada. O cumpridor ser encaminhado para Audincia de Advertncia com o Juzo da VEPA naquelas situaes em que o uso abusivo de substncias psicoativas interferirem no cumprimento da pena/medida, ou seja, quando se estabelece o descumprimento das condies impostas para aplicao das penas restritivas de direitos. Nos casos em que o cumprimento da pena/medida est suspenso por motivo de tratamento em instituies especializadas (CAPSad, Comunidades Teraputicas, entre outras), o cumpridor dever retornar posteriormente ao cumprimento devido, aps avaliao da equipe em conjunto com o servio para o qual foi encaminhado e autorizao do juzo da VEPA.Concebe-se como possibilidades para o cumpridor de pena/ medida alternativa em uso de lcool e outras drogas: a) cumprir a pena/medida, apesar do uso; b) realizar o tratamento concomitante com o cumprimento da pena; c) ter a pena/medida suspensa para que se trate e retome o cumprimento aps a alta teraputica, ou d) no fazer tratamento e no cumprir a pena/medida. Nesse ltimo caso, encaminhado para audincia de advertncia com o juiz da VEPA, na qual pode ser reencaminhado para o cumprimento ou ter sua pena/medida revogada.

2. OBJETIVOSApoiar cumpridores de penas e medidas alternativas acompanhados pela Vara de Execuo de Penas Alternativas, quando desejam reduzir ou interromper o consumo de lcool e outras drogas, tendo em vista o cumprimento regular da pena/medida como tambm a reduo de outros danos sociais e sade.

3. RESULTADOSDe agosto de 2011 a maro de 2014, foram atendidos 772 cumpridores no NUJT, advindos dos demais ncleos do CAPEMA ou do juiz da VEPA.Conforme explicitado acima, prtica do NUJT a realizao de atendimentos sistemticos aos cumpridores. Cada cumpridor foi atendido em mdia 10 vezes pelo profissional de referncia. H casos de cumpridores que s realizaram a entrevista inicial e no mais retornaram e de outros que foram atendidos 27 vezes, mesmo aps o cumprimento da pena.No que diz respeito ao uso, o perfil dos cumpridores encaminhados de poliusurio, predominando o uso combinado de lcool, crack e maconha (32,2%). O quadro segue da seguinte forma: crack e maconha (17,4%), lcool e maconha (12,2%), lcool (11,7%), lcool e crack (6,9%), crack (6,5%), maconha (4,3%), outras substncias (2,2 %) e 6,5% no informaram.Atualmente tem-se 204 cumpridores em acompanhamento. No que diz respeito aos encaminhamentos, a maioria encaminhada para CAPSad ou outra instituio de sade (60 encaminhamentos), seguida do Centro de Justia Teraputica do TJPE (12), Programa Atitude (12) e Comunidades teraputicas (09). Cinco cumpridores no aceitaram encaminhamento. Ressalta-se que inerente ao trabalho no NUJT a rotina de reencaminhamentos. Alm disso, parte do trabalho a sensibilizao para o tratamento, j que no realiza encaminhamentos para tratamento involuntrio ou compulsrio. Apenas 55 cumpridores no foram encaminhados para tratamento, porque no aceitaram, no mais precisavam ou porque foram presos por outro delito antes disso ser possvel.Quanto situao de cumprimento da pena/medida, de um total de 204 cumpridores em monitoramento no ncleo em julho de 2014, 47 (23%) estavam em descumprimento e 46 (22,54%) em cumprimento regular da pena/ medida, 34 (16,7%) encontram-se em assentamento carcerrios (foram presos em flagrante por outro crime), 06 (2,9%) encontram-se com o cumprimento da pena suspensa para realizao de tratamento em servio de sade, 06 (2,9%) internados em comunidade teraputica, 22 (10,7%) haviam concludo a pena, sendo que destes, 21 por indulto. O restante, 43 (21%) estava em outras situaes, tais como aguardando realizao de audincia de advertncia, novos encaminhamentos ou tiveram carta precatria emitida para outra comarca.O modelo de interveno do CAPEMA apresenta inovaes substanciais s prticas do judicirio frente questo das drogas. Os resultados qualitativos so imensurveis. Ao estabelecer como foco o acompanhamento de um Plano de Atendimento Individual- PAI, construdo a partir da pactuao entre profissional e cumpridor, rejeita uma postura moralista, repressiva e punitiva diante da questo do uso de drogas. Assim, abre espao para alar o sujeito, de direito e de desejos, centralidade de todas as intervenes. Aceita a estratgia da reduo de danos, assumindo que a abstinncia no necessariamente deve ser a meta da interveno. Promove uma articulao intersetorial do Tribunal de Justia de Pernambuco com os demais rgos do poder pblico e da sociedade civil, por meio do dilogo com diversas polticas pblicas. Consegue, dessa forma, praticar efetivamente a to propagada humanizao da justia, uma vez que, mesmo estando em um contexto adverso e repleto de contradies como o da execuo penal, promove um espao de escuta privilegiado, levando em considerao o sujeito em sua singularidade e complexidade psicossocial.