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Curso de Direito Consti tucional  (10ª edição –  2015)

 Principais atualizações legislativas

Capítulo 35- Item 2.2 (p. 744):

Texto novo:

2.2. GARANTIAS DOS MAGISTRADOS

CF, art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:I –  vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos deexercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação dotribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em julgado;II  –   inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma doart. 93, VIII;III –  irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI,39, § 4.º, 150, II, 153, III, e 153, § 2.º, I.

Ao lado das garantias institucionais conferidas ao Poder Judiciário (CF, art. 99), aConstituição assegurou garantias funcionais aos juízes (CF, art. 95).

A vitaliciedade impede a perda involuntária do cargo, salvo por sentença judicial transitadaem julgado. Diversamente do que ocorre nos Estados Unidos, onde se permite o exercício dasfunções enquanto o magistrado gozar de saúde física e mental,1 no Brasil a Constituição fixa

idade máxima para a permanência no cargo. Com o advento da Emenda Constitucional 88/2015,o limite etário para a aposentadoria compulsória foi elevado para setenta e cinco anos (CF, art.40, § 1º, II). A implementação do novo limite para os magistrados, exceto no caso de ministrosdo Supremo Tribunal Federal e de Tribunais Superiores (ADCT, art. 100), depende da edição delei complementar, de caráter nacional e de iniciativa do Supremo, nos termos do artigo 96,inciso VI da Constituição da República.2 

[...]

1 Na história da Suprema Corte norte-americana, dois ministros permaneceram no cargo até os noventa anos de idade.O mais recente foi John Paul Stevens, aposentado voluntariamente em 2010. Na composição atual, Ruth BaderGinsburg, que completou oitenta anos em 2013, é a justice com idade mais avançada.2  STF  –   ADI 5.316/DF, rel. Min. Luiz Fux (21.05.2015): “Ao indicar a ‘aposentadoria dos magistrados’ comoconteúdo da lei complementar de iniciativa do STF, a própria Constituição da República deixou claro tratar-se denorma nacional , aplicável de forma cogente a todos os estados-membros. [...] Ora, se as regras de aposentadoria dos

magistrados deverão ser veiculadas pela lei complementar nacional de iniciativa do STF, como requer o art. 93, VI,da Constituição, torna-se insustentável a existência de leis complementares locais que disponham sobre o mesmoassunto, sendo inconstitucional a normatização estadual fundada na EC nº 88/2015.” 

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- Item 4 (p. 769):

Texto novo: 

4. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

O Supremo Tribunal Federal, órgão de cúpula do Poder Judiciário brasileiro e guardiãoda Constituição (CF, art. 102), é composto por onze ministros nomeados pelo Presidente daRepública, após aprovação da escolha, mediante sabatina e em votação secreta, pela maioria dosmembros do Senado (CF, art. 101, parágrafo único c/c art. 52, III, “a”) . Os requisitosconstitucionalmente exigidos são, além da nacionalidade brasileira originária (CF, art. 12, § 3.º,IV), notável saber jurídico,  reputação ilibada  e  idade mínima de trinta e cinco e máximasessenta e cinco anos (CF, art. 101).

A Emenda Constitucional 88/2015 elevou a idade limite para a aposentadoriacompulsória dos membros do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores e doTribunal de Contas da União, de setenta para setenta e cinco anos. O aspecto controverso, noentanto, envolve a parte final do dispositivo, na qual se submete os atuais ministros a nova

aprovação no Senado, em votação secreta realizada após arguição pública, nos termos do artigo52 da Constituição.3  Como observado por Eduardo Mendonça (2015), “enquanto a sabatinainicial se justifica como chancela política do indicado ao cargo, à luz da sua formação e da suahistória de vida, a sabatina posterior seria uma interferência política imprópria sobre ainvestidura de agente que já exerce a jurisdição.” Além de ser desprovida de qualquer justificativa constitucionalmente legítima, a exigência se mostra nitidamente incompatível coma garantia da independência judicial, corolário do princípio da separação dos poderes. Emvalioso artigo sobre o tema, Bruno Bodart e Carlos Eduardo Frazão (2015) asseveram, de modo preciso, que

um juiz independente, em qualquer leitura constitucionalmente adequada, não podeestar sujeito à avaliação discricionária e ao alvedrio de quem quer que seja para a sua

manutenção ou retirada do cargo. O ato de julgar, por natureza, desperta antipatias e paixões diversas, decorrentes dos interesses envolvidos na causa. O julgador não podedepender   da aprovação política dos membros de outros Poderes para permanecer namagistratura, porque a própria Constituição exige que ele seja independente, comoconteúdo indissociável da separação entre os Poderes.

A inusitada condição imposta para a permanência no cargo foi liminarmente suspensana Ação Direta de Inconstitucionalidade 5.316/DF. Nos termos do voto do relator, MinistroLuiz Fux, referida exigência “vulnera as condições materiais necessárias ao exercício imparciale independente da função jurisdicional, ultrajando a separação dos Poderes, cláusula pétreainscrita no art. 60, § 4º, III, da CRFB.” 

- Item 7.1 (p. 803):

Texto novo: 

7.1. COMPOSIÇÃO

A Emenda Constitucional n. 45/2004 introduziu diversas modificações nos critérios de

escolha dos membros do Tribunal Superior do Trabalho, órgão de cúpula da Justiça trabalhista.

Com as novas regras, os vinte e sete ministros serão nomeados pelo Presidente da República,

3  ADCT, art. 100. Até que entre em vigor a lei complementar de que trata o inciso II do § 1º do art. 40 da

Constituição Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores e do Tribunal de Contasda União aposentar-se-ão, compulsoriamente, aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, nas condições do art. 52 daConstituição Federal. 

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após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, observados os requisitos etário (ter

mais de trinta e cinco e menos de sessente e cinco anos de idade) e de nacionalidade (ser

 brasileiro nato ou naturalizado). A escolha deve ser feita na seguinte proporção: um quinto

dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do

Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício (“quinto

constitucional”); e os demais, dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos damagistratura da carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior (CF, art. 111-A, I e II).

Funcionarão junto ao Tribunal Superior do Trabalho: I) a Escola Nacional de Formação e

Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho, cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar

os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira; e, II) o Conselho Superior da Justiça

do Trabalho, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa, orçamentária,

financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus, como órgão central

do sistema, cujas decisões terão efeito vinculante (CF, art. 111-A, § 2.º, I e II).

A composição dos Tribunais Regionais do Trabalho, também alterada pela Emenda

Constitucional n. 45/2004, deve ser de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, narespectiva região e nomeados pelo Presidente da República, observados os requisitos etário (termais de trinta e menos de sessenta e cinco anos de idade) e de nacionalidade (ser brasileiro nato

ou naturalizado), na seguinte proporção: um quinto dentre advogados com mais de dez anos deefetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez

anos de efetivo exercício (“quinto constitucional”); e, os demais, mediante promoção de juízesdo trabalho por antiguidade e merecimento, alternadamente (CF, art. 115, I e II). A Constituição

determina a instalação, no âmbito desses tribunais, da justiça itinerante e autoriza, com o fim deassegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo, o

funcionamento descentralizado por meio de câmaras regionais (CF, art. 115, §§ 1.º e 2.º).

Capítulo 38

- Item 2 (p. 844):

Texto novo:

2. DEFENSORIA PÚBLICA

Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento doregime democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoçãodos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial,dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aosnecessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º desta ConstituiçãoFederal. 

A Defensoria Pública foi institucionalizada com a Constituição de 1988 eorganizada por meio da Lei Complementar 80/1994. Até então, a assistência judiciária,

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surgida no país há mais de um século, era prestada por advogados dativos, membros doMinistério Público e órgãos ligados ao Poder Executivo (ROCHA, 2008).4 

Com a Emenda Constitucional 80/2014, além de realocada em seção específica(“Seção IV”) e distinta da reservada à Advocacia (“Seção III”), a Defensoria tevereconhecido o seu caráter permanente, tal como o Ministério Público (CF, art. 127) e as

Forças Armadas (CF, art. 142). Como instituição permanente, entende-se a que não pode ser extinta, nem mesmo por emenda constitucional. O problema é que, nesse caso,a previsão foi expressamente introduzida pelo Poder Derivado Reformador, o qual, poruma questão lógica, não pode impor a si próprio, limitações insuperáveis. Nessecontexto, das duas uma: ou a inovação deve ser considerada inócua ou compreendidacomo a mera explicitação de algo já contido no texto constitucional originário. Tendoem conta a intrínseca ligação entre a Defensoria Pública e a garantia de assistência

 jurídica aos necessitados, ambos consagrados como cláusulas pétreas (CF, art. 60, § 4º,IV), a segunda interpretação se revela mais adequada à proteção da igualdade e doacesso à justiça. Por imprescindível à efetiva fruição dos direitos e garantias individuais,este se caracteriza como um autêntico “direito a ter direitos”.5 

A assistência jurídica  integral  engloba, além da assistência judiciária para adefesa dos direitos individuais e coletivos em todos os graus, a orientação jurídica e oauxílio extrajudicial. Dentre as funções institucionais da Defensoria Pública, encontra-se a de promover, prioritariamente, a solução extrajudicial dos litígios, visando àcomposição entre as pessoas com conflito de interesses. O instrumento de transação,mediação ou conciliação referendado pelo Defensor Público vale como título executivoextrajudicial, inclusive quando celebrado com pessoa jurídica de direito público (LC80/1994, art. 4º, II e § 4º). A orientação jurídica, por sua vez, contribui para o maiorconhecimento, por parte dos hipossuficientes e membros de grupos vulneráveis, de seusdireitos e garantias fundamentais. A assistência judiciária gratuita consiste na dispensa

 provisória do pagamento de taxas judiciárias, custas e despesas processuais (“justiçagratuita”), assim como dos honorários de advogados e peritos (Lei 1.060/1950, art. 3º),

 podendo ser requerida por pessoas físicas ou jurídicas.6 De acordo com o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, no caso das

 pessoas jurídicas sem fins lucrativos - como, e.g.¸ entidades filantrópicas ou deassistência social -, o procedimento deve ser idêntico ao das pessoas físicas. Exige-se,apenas, o requerimento na inicial, ficando a negativa do benefício condicionada àcomprovação da ausência de miserabilidade jurídica. Com relação às pessoas jurídicasque visam ao lucro, exige-se a satisfatória comprovação da impossibilidade de arcaremcom os encargos processuais sem comprometerem sua existência.7 

4

  A Lei Complementar estadual 6/1977, que dispõe sobre a organização da assistência judiciária doEstado do Rio de Janeiro e estabelece o regime jurídico de seus membros, foi pioneira ao atribuir àDefensoria Pública, como instituição, a postulação e a defesa, em todas as instâncias, dos direitos dos

 juridicamente necessitados.5  Nas palavras de Paulo Bezerra (2005), “o acesso ao direito e à justiça é a pedra de toque do regimedemocrático e, também, uma forma de acesso ao político. Nesse sentido, as barreiras ao acesso à justiçasão encaradas como barreiras ao exercício da cidadania e à efetivação da democracia, sobretudo se oacesso for entendido no sentido amplo que envolve, para além da igualdade de acesso à representação poradvogado num litígio, também a garantia de efetividade, eficácia e implementação de direitos.”  6 STJ –  REsp 202.166/RJ, rel. Min. Waldemar Zveiter ( DJ 02.04.2001); REsp 200.597/RJ, rel. Min. RuyRosado de Aguiar ( DJ 28.06.1999); REsp 135.181/RJ, rel. Min. Paulo Costa Leite ( DJ 29.03.1999).7  STJ  –   REsp 388.045 EDív/RS, rel. Min. Gilson Dipp ( DJ 22.09.2003): “A comprovação da

miserabilidade  jurídica pode ser feita por documentos públicos ou particulares, desde que os mesmos

retratem a precária saúde financeira da entidade, de maneira contextualizada. Exemplificativamente: a)declaração de imposto de renda; b) livros contábeis registrados na junta comercial; c) balanços aprovados pela Assembleia, ou subscritos pelos Diretores etc.” 

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A defesa dos direitos individuais e coletivos pela Defensoria Pública deve serestringir exclusivamente aos necessitados, assim compreendidos, para os fins legais, osnacionais ou estrangeiros residentes no país, cuja situação econômica não lhes permita

 pagar as custas do processo e os honorários de advogado sem prejuízo do sustento próprio ou da família (Lei 1.060/1950, art. 2º, parágrafo único). O Supremo Tribunal

Federal considerou incompatível com o regime estabelecido no artigo 134 daConstituição, norma estadual atribuindo à Defensoria a defesa em juízo de servidores públicos processados civil ou criminalmente em razão do regular exercício do cargo.8 

2.1. Normas gerais de organização das Defensorias Públicas

CF, art. 134, § 1.º Lei complementar organizará a Defensoria Pública daUnião e do Distrito Federal e dos Territórios e prescreverá normas gerais parasua organização nos Estados, em cargos de carreira, providos, na classeinicial, mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a seusintegrantes a garantia da inamovibilidade e vedado o exercício da advocacia

fora das atribuições institucionais.

A Lei Complementar 80/1994, com as alterações introduzidas pela LeiComplementar 132/2009, dispõe sobre a organização da Defensoria Pública da União,do Distrito Federal e dos Territórios e prescreve normas gerais para sua organização nosEstados (CF, art. 134, § 1.º).

O provimento dos cargos de carreira ocorre, na classe inicial, mediante concurso público de provas e títulos (CF, art. 134, § 1.º).9  A remuneração deve ser feitaexclusivamente por subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer

gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécieremuneratória (CF, art. 135 c/c art. 39, § 4.º).

A fim de assegurar o livre e adequado exercício de suas atribuições, aos defensores públicos são garantidas a independência funcional, a inamovibilidade, a estabilidade e airredutibilidade de subsídios (LC 80/1994, arts. 43 e 127), além de  prerrogativas como:intimação pessoal em qualquer processo e grau de jurisdição, contando-se-lhe todos os

 prazos em dobro; vedação de prisão, salvo por ordem judicial escrita e fundamentada ouem flagrante delito, com a comunicação imediata ao Defensor Público-Geral;recolhimento em prisão especial ou em sala especial de Estado-Maior, e, após sentençacondenatória transitada em julgado, em dependência separada, no estabelecimento ondetiver de ser cumprida a pena (LC 80/1994, arts. 44 e 128).

O Supremo declarou a nulidade de norma estadual que permitia aos membros dainstituição requisitar, administrativamente, certidões, exames, perícias e outrosdocumentos ou providências necessários ao exercício de suas atribuições, por considerar

8 STF –  ADI 3.022/RS, rel. Min. Joaquim Barbosa (02.08.2004).9 STF –  ADI 3.819, rel. Min. Eros Grau ( DJE  28.03.2008): “A exigência de concurso público como regra

 para o acesso aos cargos, empregos e funções públicas confere concreção ao princípio da isonomia. Nãocabimento da transposição de servidores ocupantes de distintos cargos para o de Defensor Público noâmbito dos Estados Membros. [...] O servidor investido na função de defensor público até a data em queinstalada a Assembleia Nacional Constituinte pode optar pela carreira, independentemente da forma dainvestidura originária [artigo 22 do ADCT]. Precedentes. [...]”; ADI 3.720, rel. Min. Marco Aurélio ( DJE  

28.03.2008): “É constitucional lei complementar que viabiliza a Procuradores do Estado a opção pelacarreira da Defensoria Pública quando o cargo inicial para o qual foi realizado o concurso englobava aassistência jurídica e judiciária aos menos afortunados.”; ADI 3.700, rel. Min. Ayres Britto (15.10.2008).

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interferência indevida em outros poderes e ofensa à paridade de armas entre as partes.10 

Dentre as vedações impostas aos defensores públicos está o exercício da advocaciafora das atribuições institucionais (CF, art. 134, § 1.º; LC 80/1994, arts. 46 e 130).11 Para a Primeira Câmara do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, porse tratar de norma constitucional de eficácia limitada, os admitidos antes da Lei

Complementar 80/1994 têm direito de exercer a advocacia privada.12 Aos investidos nocargo até a data de instalação da Assembleia Nacional Constituinte, foi assegurado odireito de opção pela carreira.13 

As  funções institucionais  da Defensoria Pública, elencadas no artigo 4º da LeiOrgânica, podem ser exercidas até mesmo contra pessoas jurídicas de direito público(LC 80/1994, art. 4.º, § 2.º). Cabe-lhe, dentre outras coisas, promover a ação civil

 pública e todas as espécies de ações capazes de propiciar a adequada tutela dos direitosdifusos, coletivos ou individuais homogêneos quando o resultado da demanda puder

 beneficiar grupo de pessoas hipossuficientes (LC 80/1994, art. 4º, VII). Aconstitucionalidade do artigo 5º, inciso II, da Lei 7.347/1985, com a redação dada pela

Lei 11.448/2007, que confere referida legitimidade à instituição, foi confirmada peloSupremo no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade 3.943/DF. Entendeu-se, por unanimidade, que a inclusão taxativa da defesa dos direitos coletivos no rol deatribuições da Defensoria, além de não encontrar qualquer óbice no texto constitucional,mostra-se coerente com as novas tendências de garantia e ampliação dos instrumentosde acesso à justiça.14 

A Emenda Constitucional 69/2012, transferiu para o Distrito Federal ascompetências legislativas e administrativas de organização e manutenção de suaDefensoria Pública, as quais haviam sido originariamente atribuídas à União (CF, arts.21, XIII e XIV; 22, XVII; e 48, IX). Sem prejuízo dos preceitos estabelecidos na LeiOrgânica distrital, aplicam-se lhe as mesmas normas constitucionais referentes as

Defensorias Públicas dos Estados (EC 69/2012, art. 2.º).

CF, art. 134, § 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradasautonomia funcional e administrativa e a iniciativa de sua propostaorçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizesorçamentárias e subordinação ao disposto no art. 99, § 2º. (Incluído pelaEmenda Constitucional nº 45, de 2004)§ 3º Aplica-se o disposto no § 2º às Defensorias Públicas da União e doDistrito Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 74, de 2013) 

10

 STF –  ADI 230/RJ, rel. Min. Cármen Lúcia (1.º.02.2010).11 STF –  ADI 3.043/MG, rel. Min. Eros Grau (26.04.06): “O § 1.º do artigo 134 da Constituição do Brasilrepudia o desempenho, pelos membros da Defensoria Pública, de atividades próprias da advocacia

 privada. Improcede o argumento de que o exercício da advocacia pelos Defensores Públicos somenteseria vedado após a fixação dos subsídios aplicáveis às carreiras típicas de Estado. Os §§ 1.º e 2.º doartigo 134 da Constituição do Brasil veiculam regras atinentes à estruturação das defensorias públicas,que o legislador ordinário não pode ignorar. Pedido julgado procedente para declarar ainconstitucionalidade do artigo 137 da Lei Complementar n. 65, do Estado de Minas Gerais.” 12 Recurso 5.016/97/PCA, Primeira Câmara, decisão proferida em 14.04.1997.13 ADCT, art. 22. É assegurado aos defensores públicos investidos na função até a data da instalação daAssembleia Nacional Constituinte o direito de opção pela carreira, com a observância das garantias evedações previstas no art. 134, parágrafo único, da Constituição; LC 80/1994, art. 137. Aos DefensoresPúblicos investidos na função até a data da instalação da Assembleia Nacional Constituinte é assegurado

o direito de opção pela carreira, garantida a inamovibilidade e vedado o exercício da advocacia fora dasatribuições constitucionais.14 STF –  ADI 3.943/DF, rel. Min. Cármen Lúcia (07.05.2015).

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Com a promulgação das Emendas Constitucionais 45/2004 e 74/2013, deu-se umimportante passo para o fortalecimento institucional das defensorias públicas da União,do Distrito Federal e dos Estados, assegurando-lhes, com o objetivo de evitaringerências externas indevidas, autonomia funcional , administrativa e  financeira.15 As

normas contidas nos §§ 2º e 3º do artigo 134, além de terem eficácia plena eaplicabilidade imediata,16  são preceitos fundamentais da Constituição.17  Porincompatíveis com tais garantias, são inconstitucionais medidas submetendo aDefensoria a órgãos do Poder Executivo.18 

Para fomentar a melhoria de funcionamento, estrutura e quadro de pessoal foiconferida à instituição iniciativa de proposta orçamentária, na qual devem sercontemplados, dentre outras coisas, os subsídios de seus membros e a remuneração deseus servidores.19  Como destacado pelo Ministro Celso de Mello, no julgamento daAção Direta de Inconstitucionalidade 2.903/PB, “a permanência das defensorias

 públicas como vinculadas administrativa, funcional e financeiramente ao PoderExecutivo dificultava o seu desenvolvimento institucional, a exemplo do injustificadocorte dos recursos financeiros do órgão”, de modo a prejudicar   aqueles queefetivamente necessitam dos serviços da instituição.

A Emenda Constitucional 45/2004, também conferiu nova redação ao artigo 168da Lei Maior, para determinar a entrega em duodécimos, até o vigésimo dia de cadamês, dos recursos correspondentes às dotações orçamentárias, compreendidos os

15  STF - ADI 2.903/PB, rel. Min. Celso de Mello (01.12.2005): “Dessa forma, o § 2º do art. 134,introduzido pela Emenda Constitucional nº 45/2004, criou condições para a plena realização da função àqual está vocacionada a Defensoria Pública. Isso porque somente com a plena autonomia funcional,administrativa e financeira é possível à Defensoria dar concretude à garantia prevista no art. 5º, inc.LXXIV, da Constituição Federal. Portanto, o art. 134, § 2º, da Constituição Federal constitui disposição

densificadora do dever do Estado de prestar assistência jurídica aos necessitados e do direito que a estescorresponde.” 16 Nesse sentido: STF - ADI 3.965/MG, rel. Min. Cármen Lúcia (07.03.2012); ADI 4.056/MA, rel. Min.Ricardo Lewandowski (07.03.2012); ADI 3.569/PE, rel. Min. Sepúlveda Pertence (02.04.2007).17  STF - ADPF 307 MC-REF/DF, rel. min. Dias Toffoli (19.12.2013): “A autonomia administrativa efinanceira da Defensoria Pública qualifica-se como preceito fundamental, ensejando o cabimento deADPF, pois constitui garantia densificadora do dever do Estado de prestar assistência jurídica aosnecessitados e do próprio direito que a esses corresponde. Trata-se de norma estruturante do sistema dedireitos e garantias fundamentais, sendo também pertinente à organização do Estado.” 18  STF - ADI 3.569/PE, rel. Min. Sepúlveda Pertence (02.04.2007): “Ação direta deinconstitucionalidade: art. 2º, inciso IV, alínea c, da L. est. 12.755, de 22 de março de 2005, do Estado dePernambuco, que estabelece a vinculação da Defensoria Pública estadual à Secretaria de Justiça e DireitosHumanos: violação do art. 134, § 2º, da Constituição Federal, com a redação da EC 45/04:

inconstitucionalidade declarada. A EC 45/04 outorgou expressamente autonomia funcional eadministrativa às defensorias públicas estaduais, além da iniciativa para a propositura de seus orçamentos(art. 134, § 2º): donde, ser inconstitucional a norma local que estabelece a vinculação da DefensoriaPública a Secretaria de Estado. A norma de autonomia inscrita no art. 134, § 2º, da Constituição Federal

 pela EC 45/04 é de eficácia plena e aplicabilidade imediata, dado ser a Defensoria Pública uminstrumento de efetivação dos direitos humanos. Defensoria Pública: vinculação à Secretaria de Justiça,

 por força da LC est (PE) 20/98: revogação, dada a incompatibilidade com o novo texto constitucional.”19 STF - ADPF 307 MC-REF/DF, rel. min. Dias Toffoli (19.12.2013): “ Nos termos do art. 134, § 2º, daConstituição Federal, não é dado ao chefe do Poder Executivo estadual, de forma unilateral, reduzir a

 proposta orçamentária da Defensoria Pública quando essa é compatível com a Lei de DiretrizesOrçamentárias. Caberia ao Governador do Estado incorporar ao PLOA a proposta nos exatos termosdefinidos pela Defensoria, podendo, contudo, pleitear à Assembleia Legislativa a redução pretendida,visto ser o Poder Legislativo a seara adequada para o debate de possíveis alterações no PLOA. A inserção

da Defensoria Pública em capítulo destinado à proposta orçamentária do Poder Executivo, juntamentecom as Secretarias de Estado, constitui desrespeito à autonomia administrativa da instituição, além deingerência indevida no estabelecimento de sua programação administrativa e financeira.”  

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créditos suplementares e especiais, destinados à Defensoria Pública, nos mesmosmoldes previstos para o Ministério Público e órgãos dos Poderes Legislativo eJudiciário.

CF, art. 134, § 4º São princípios institucionais da Defensoria Pública aunidade, a indivisibilidade e a independência funcional, aplicando-setambém, no que couber, o disposto no art. 93 e no inciso II do art. 96 destaConstituição Federal.

 No parágrafo § 4º do artigo 134, incluído pela Emenda Constitucional 80/2014,foram contempladas três inovações relevantes, dentre elas, a constitucionalização dos

 princípios institucionais da Defensoria Pública, consagrados originariamente no artigo3º da Lei Complementar 80/1994.

O  princípio da unidade  impõe seja a instituição compreendida como um todosubmetido à mesma direção e regido por idênticos fundamentos e finalidades. Emtermos orgânicos, como decorrência do princípio federativo, somente há unidade noâmbito de cada ramo. As defensorias públicas da União, do Distrito Federal e de cadaEstado da federação brasileira possuem chefia própria e organização autônoma,inexistindo qualquer tipo de subordinação hierárquica, administrativa ou financeiraentre elas. Em termos funcionais, no entanto, há unidade entre todos os ramos que,embora exerçam atribuições distintas, desempenham o mesmo tipo de função e sãovoltados à mesma finalidade. Por isso, a possibilidade de atuarem conjunta ecomplementarmente nos casos de deslocamento de competência (ESTEVES; SILVA,2014).

O  princípio da indivisibilidade impede o fracionamento da Defensoria e de seusatos, os quais devem ser compreendidos como decorrentes da atuação institucionaluníssona e não como pertinentes aos membros responsáveis por sua materialização.Quem atua, a rigor, é a Defensoria e não o defensor público, podendo este sersubstituído por outros membros da carreira, observadas as normas legais pertinentes,sem prejuízo ao exercício das funções institucionais. Evita-se, desse modo, interrupçõesna assistência jurídica quando da ausência, temporária ou permanente, de integrantes. Aindivisibilidade, embora corolário do princípio da unidade, não vincula a manifestaçãodo defensor substituto à opinião inicialmente emitida pelo substituído, algoincompatível com sua independência funcional.

O princípio da independência funcional  pode ser compreendido sob dois prismas

distintos. Na dimensão objetiva, confunde-se com a noção de autonomia funcional, protegendo a instituição contra ingerências políticas externas. Nas palavras de Diogo deFigueiredo Moreira Neto (1995), diz respeito à insubmissão da Defensoria Pública “aqualquer outro Poder do Estado em tudo o que tange ao exercício de suas funçõesessenciais à justiça.”  Na dimensão subjetiva, assegura aos defensores públicos aliberdade necessária ao adequado desempenho de suas atribuições, resguardando aatuação profissional de interferências indevidas. A subordinação hierárquica se limita àsquestões de natureza administrativa, não se estendendo ao plano funcional, ou seja, àsfunções de orientação jurídica, promoção dos direitos humanos e defesa doshipossuficientes. Neste âmbito, o defensor deve obediência apenas à Constituição, àsleis e às finalidades institucionais.

A segunda inovação consistiu em estender determinadas normas institucionais damagistratura, previstas no artigo 93 da Constituição. Assim, aplicam-se aos defensores

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 públicos, no que couber, as regras referentes ao ingresso na carreira, às promoções, aosubsídio, à aposentadoria e à pensão de dependentes, à residência, à remoção, àdisponibilidade, à ininterrupção das atividades, assim como ao número de membros naunidade jurisdicional.20 

Por fim, a exemplo do estabelecido pelo inciso II do artigo 96 da Lei Maior,

conferiu-se à Defensoria Pública competência para propor ao Poder Legislativo,observado o disposto no artigo 169,  projetos de lei relativos à alteração do número deseus membros; à criação e à extinção de cargos, bem como à fixação do subsídio deseus membros; à criação ou extinção de órgãos vinculados; e à alteração da organizaçãoe da divisão de suas unidades.

20 A Emenda Constitucional 80/2014, conferiu a seguinte redação ao artigo 98 do Ato das DisposiçõesConstitucionais Transitórias: “Art. 98. O número de defensores públicos na unidade jurisdicional será

 proporcional à efetiva demanda pelo serviço da Defensoria Pública e à respectiva população. § 1º No prazo de 8 (oito) anos, a União, os Estados e o Distrito Federal deverão contar com defensores públicos

em todas as unidades jurisdicionais, observado o disposto no caput deste artigo. § 2º Durante o decurso do prazo previsto no § 1º deste artigo, a lotação dos defensores públicos ocorrerá, prioritariamente,atendendo as regiões com maiores índices de exclusão social e adensamento populacional.”