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Contribuição de: Alexandre Grigorieff AUDIÊNCIA PÚBLICA - ANEEL - N° 043/2011 ~ Entidade: COPELMI MINERAÇÃO LTOA. Data: 13/10/2011 A Nota Técnica nO34/2011 da ANEEL, especialmente nos itens 41, 45 e 46, dá margem a interpretação de que as minas de carvão a céu aberto do Brasil sejam operadas de forma ineficiente, com exceção da Mina de Candiota da CRM, e, assim, procura mostrar que esta ineficiência acaba impactando sobre a Conta de Desenvolvimento Energético - COE. Para demonstrar isto, a ANEEL se baseou no preço de venda de carvão FOB médio praticado nos EUA com base na tabela 28 do relatório Annual CoaI Report 2009, publicado pelo DOE (Departamento de Energia americano). Nesta tabela, o valor médio para as minas americanas operadas a céu-aberto é de US$ 23.24/t curta. Este valor FOB por t curta é comparado com os preços CIF por tonelada métrica praticados nas UTES brasileiras localizadas em Candiota, Charqueadas e São Jerônimo. Vejam, aqui já existe uma imperfeição, pois são comparados valores CIF com valores FOB e toneladas curtas com toneladas métricas. Verifica-se na nota da ANEEL que o único preço brasileiro compatível com a média americana é o de Candiota. Todos os outros carvões brasileiros apresentam preços bem acima da referida média. Assim, afirma a ANEEL que as minas brasileiras produzem carvões de alto custo. Entendemos que a ANEEL foi muito simplista e superficial em sua análise, pois além de utilizar os preços americanos para comparar com a situação brasileira, o que não concordamos, ela não efetuou esta comparação na mesma base de produção. Se verificarmos a tabela 32 do mesmo relatório do DOE, observamos que ela mostra os preços FOB médios praticados nos EUA por faixa de produção. Ou seja, para a escala de produção (venda) da Copelmi Mineração, por exemplo, o preço médio seria na ordem de US$ 52.85/t curta e não os US$ 23,24/t curta considerados pela ANEEL. O preço médio do carvão americano é fortemente puxado para baixo (US$ 23,24/t curta) quando são considerados os preços praticados pelas grandes minas americanas, as quais, além de condições geológicas excepcionais, apresentam elevada escala de produção, muitas vezes maior do que a produção das maiores minas brasileiras. Por outro lado, se considerarmos os preços americanos praticados para a escala de produção da Copelmi, o preços americanos FOB Largo Visconde de Cairú, 12/3 0 andar- Porto Alegre - RS• CEP90030 110 Tel.: 55 51 32545700· Fax: 5551 32545734 [email protected] BR290. km 178· Butiá - RS• CEP96750 000 Tel.: 55 Sl 36521211 • Fax:SSSl 3652171 S COPELMI MINERAÇÃO LTDA MINA DO RECREIO

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Contribuição de: Alexandre Grigorieff

AUDIÊNCIA PÚBLICA - ANEEL - N° 043/2011

~

Entidade: COPELMI MINERAÇÃO LTOA.

Data: 13/10/2011

A Nota Técnica nO34/2011 da ANEEL, especialmente nos itens 41, 45 e 46, dá margem ainterpretação de que as minas de carvão a céu aberto do Brasil sejam operadas de formaineficiente, com exceção da Mina de Candiota da CRM, e, assim, procura mostrar que estaineficiência acaba impactando sobre a Conta de Desenvolvimento Energético - COE.

Para demonstrar isto, a ANEEL se baseou no preço de venda de carvão FOB médiopraticado nos EUA com base na tabela 28 do relatório Annual CoaI Report 2009, publicadopelo DOE (Departamento de Energia americano). Nesta tabela, o valor médio para as minasamericanas operadas a céu-aberto é de US$ 23.24/t curta.

Este valor FOB por t curta é comparado com os preços CIF por tonelada métrica praticadosnas UTES brasileiras localizadas em Candiota, Charqueadas e São Jerônimo. Vejam, aquijá existe uma imperfeição, pois são comparados valores CIF com valores FOB e toneladascurtas com toneladas métricas. Verifica-se na nota da ANEEL que o único preço brasileirocompatível com a média americana é o de Candiota. Todos os outros carvões brasileirosapresentam preços bem acima da referida média. Assim, afirma a ANEEL que as minasbrasileiras produzem carvões de alto custo.

Entendemos que a ANEEL foi muito simplista e superficial em sua análise, pois além deutilizar os preços americanos para comparar com a situação brasileira, o que nãoconcordamos, ela não efetuou esta comparação na mesma base de produção. Severificarmos a tabela 32 do mesmo relatório do DOE, observamos que ela mostra os preçosFOB médios praticados nos EUA por faixa de produção. Ou seja, para a escala de produção(venda) da Copelmi Mineração, por exemplo, o preço médio seria na ordem de US$ 52.85/tcurta e não os US$ 23,24/t curta considerados pela ANEEL. O preço médio do carvãoamericano é fortemente puxado para baixo (US$ 23,24/t curta) quando são considerados ospreços praticados pelas grandes minas americanas, as quais, além de condições geológicasexcepcionais, apresentam elevada escala de produção, muitas vezes maior do que aprodução das maiores minas brasileiras. Por outro lado, se considerarmos os preçosamericanos praticados para a escala de produção da Copelmi, o preços americanos FOB

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por tonelada curta são similares ao preço CIF por tonelada métrica hoje praticado para aUTE de Charqueadas. Logo, se colocarmos estes preços na mesma base, CIF por toneladamétrica, por exemplo, o preço americano torna-se mais caro. Assim, embora nãoconcordemos com o uso de preços praticados nos EUA na comparação com os preços decarvão praticados no Brasil, como já mencionado, a ANEEL ao menos deveria rever ascomparações que fez.

Desta forma, entendemos que, pelo menos no tocante às minas, toda a análise da ANEELficou prejudicada.

Cabe ainda explicar o porquê de não concordarmos com o uso do preço do carvãoamericano para comparar com os preços praticados no Brasil. Em primeiro lugar, porque ocarvão brasileiro nunca foi considerado ou tratado como commodity. Os EUA não deveriamser considerados como referencia internacional para o preço de carvão, pois praticamentenão participam desse mercado, apesar de ser hoje o segundo maior produtor de carvão domundo, sendo considerado um vendedor de "oportunidade" no mercado internacional. Ospreços da commodity carvão são regulados pela ARA (portos de entrada do carvão naEuropa, situados na Holanda), pelo porto de Richards Bay (Africa do Sul) e pelo porto deNewcastle na Austrália. Em segundo lugar, entendemos que não faz nenhum sentidocompararmos um mercado internacional, que tem a sua dinâmica de preços associada àrelação de produção/consumo entre alguns países produtores e consumidores, com ummercado regional e local como o brasileiro, onde não existem alternativas do lado da ofertae, muito menos, do lado da demanda. Esse mercado é único, indivisível na sua associaçãomina-usina, cujo preço final do produto está intimamente relacionado às características dajazida de exploração, à qualidade da matéria-prima e qualidade requerida do produto final.

Carvão mais caro não significa que a mina seja ineficiente ou atrasada tecnologicamente,pois existe uma série de fatores que acabam influenciando a formação do preço do carvão.Podemos exemplificar isto observando o que ocorre com as minas de Candiota da CRM eB3 da Copelmi que atendem as UTEs Presidente Médici e Charqueadas, respectivamente.

Neste caso, o preço do carvão fornecido à UTE Charqueadas é maior. Isto é devidobasicamente aos seguintes fatores:

- condições de geologia distintas - embora ambas as minas sejam operadas a céu-aberto,existem grandes diferenças na geologia de cada mina, especialmente, no que se refere arelação estéril/minério. A relação estéril/minério é o volume de estéril (rocha) que deve serremovido para descobrir 1 tonelada de carvão. Qualquer minerador sabe do impacto queesta relação traz sobre o custo do carvão minerado a céu-aberto. Pois bem, esta relação écerca de três vezes maior na mina B3 da Copelmi que atende a UTE CH comparada com a

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Mina de Candiota. Ou seja, a mina B3 é mais profunda do que a de Candiota e necessitaremover cerca de 3 vezes mais estéril para obter a mesma quantidade de carvão. É, pornatureza, um carvão mais caro.

- outro fator está relacionado com as questões ambientais - a UTE Charqueadas, por estarsituada na região metropolitana de Porto Alegre, possui restrições ambientais maisrigorosas do que a UTE Presidente Médici, especialmente no que se refere ao teor deenxofre. Assim, a especificação do teor de enxofre é mais restritiva (teor de enxofre máximoigual a 1.0%) exigindo um beneficiamento maior do carvão fornecido para a UTECharqueadas, implicando em menor rendimento (relação entre a tonelagem de produto e atonelagem de carvão extraída da mina) e, por conseqüência, em maiores custos deprodução.

- por fim, devemos considerar a distancia existente entre as minas e as UTEs - a UTEPresidente Médici está localizada a cerca de 2 km da mina de Candiota, enquanto que aUTE de Charqueadas está localizada a cerca de 70 km da mina 83 da Copelmi.Obviamente, esta diferença de distancias acaba trazendo impacto sobre o custo do carvão.

Portanto, embora as minas sejam a céu-aberto, elas apresentam situações distintas queresultam ou provocam a diferenciação dos preços.

Cabe lembrar, ainda, que a UTE Charqueadas até o ano de 1990 era abastecida pela minade Charqueadas (subterrânea). Neste ano, a lavra desta mina foi paralizada e a UTEpassou a ser abastecida com carvão oriundo das minas a céu-aberto da Copelmilocalizadas em Butiá. Esta medida foi adotada para propiciar o atendimento da UTE comcarvão mais barato, embora o aumento da distância entre as minas e a usina.

Aproveitando a oportunidade, gostaríamos de frisar que a Copelmi Mineração, ao longo deseus quase 130 anos de história, tem se preocupado em buscar eficiência e a excelênciaem todas as suas operações, seja na lavra, no beneficiamento, no controle de qualidade,seja na reabilitação ambiental das áreas impactadas pela mineração. A questão dasustentabilidade ambiental é trabalhada de forma incessante e persistente nos últimos 30anos, com resultados bastante satisfatórios que estão aí para quem quiser ver.

Isto é feito através da busca de soluções inovadoras, espírito competitivo e através daimplementação de parcerias com muitas instituições de pesquisa no Brasil, dentre as quaispodemos citar o CEPAC da PUC-RS, o Departamento de Minas da UFRGS, a UniversidadeFederal de Santa Maria, entre outros. Somente nos últimos 10 anos foram defendidas maisde 20 teses de mestrado e doutorado com temas ligados à mineração da Copelmi.

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Certamente estas teses agregaram conhecimento, auxiliaram na melhoria de processos etrouxeram benefícios à atividade mineira da empresa.

Vale lembrar que, em passado recente, a Copelmi esteve associada com a Rio Tinto, uma

das três maiores mineradoras mundiais. A Rio Tinto contribuiu em muito para a implantaçãodas mais recentes técnicas de lavra de carvão nas minas da Copelmi. Recentemente, aCopelmi também foi convidada pela empresa MPX para ser a operadora de duas minas de2.5 Milhões t/ano em implantação na Colômbia, as quais efetuarão o suprimento de carvãoàs usinas da MPX em construção no Nordeste e/ou serão empregadas para a exportaçãode carvão aos grandes consumidores mundiais.

Todo este esforço permitiu que a Copelmi hoje detenha mais de 80% do mercado de carvãonacional para uso industrial, embora o mercado de geração termelétrica atendido pelamesma seja de fundamental importância para a continuidade de suas operações.

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Tabela 32. Annual Coal Report 2009 - DOE - Departamento de Energia dos EUA.

• Table 32. Average Sales Price of Coal by Mine Production Range and Mine Type,2009

• (Dollars per Short Ton)• Mine Production Range• (thousand short tons)• Over 1/000 .• 500 to 1/000 .• 200 to 500 .• 100 to 200 .• 50to 100 .• 10to 50 .• USe Total .

Underground49.9765.4170.3371.3165.6369.6855.77

Surface17.6552.8558.5358.1862.3757.75

23.24

Total26.0859.5364.5664.1363.6761.7833.24

Note: An average sales price is calculated by dividing the total free on board (f.o.b) rail/bargevalue of the coal sold by the total coal sold. Excludes mines producing less than 10,000 shorttons, which are not required to provide data. Excludes silt, culm, refuse bank, slurry dam, anddredge operations. Totais may not equal sum of components because of independentrounding.

Source: U.S. Energy Information Administration Form EIA-7A, "Coal Production andPreparation Report," and U.S. Department of Labor, Mine Safety and Health

• Administration Form 7000-2, "Quarterly

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Fotos da Operação da Copelmi Mineração

1- Mina B3 - Butiá Leste em operação

1312011

2- Mina B3 - Butiá Leste em operação

• •

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3- Mina S2 - Butiá Leste área reabilitada e empregada hoje para criação de gado decorte

4- Mina do Recreio - Sutiá - lago formado na cava final da mina utilizado comoreservatório de água auxiliar da cidade de Sutiá e lago para piscicultura.

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~ C~~E~~!JII5- Mina do Cerro - Cachoeira do Sul - área minerada e reabilitada empregada para plantio

de soja.

6- Área minerada Mina do Recreio em Butiá/RS e utilizada com aterro de resíduos sólidosurbanos - atende cerca de 35 % da população do estado do RS.

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