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Auditoria aponta ação de políticos e partidos na Caixa
Investigação independente contratada pela Caixa sugere influência política no banco em aomenos quatro vice-presidências. O documento foi produzido pelo escritório de advocaciaPinheiro Neto e será anexado aos processos relacionados ao banco para reforçar as denúnciascontra políticos e ex-funcionários que atuariam em favor de grandes empresas.
Nesta segunda-feira (15), a Procuradoria da República do Distrito Federal entregou à 10ª VaraFederal em Brasília as alegações finais no processo sobre desvios na vice-presidência deFundos de Governo e Loterias, responsável pelo fundo de investimento do FGTS (FI-FGTS). Ocaso teve origem na operação Sépsis, que prendeu o corretor Lúcio BolonhaFunaro , apontado comooperador do ex-deputado Eduardo Cunha(PMDB-RJ) e do PMDBda Câmara.
O documento produzido pelo Pinheiro Neto é o mesmo cujo conteúdo embasou arecomendação do Ministério Público Federal (MPF) para que a Caixasubstitua os seus doze vice-presidentes e contrate uma empresa de recrutamento paraselecionar os executivos. Obanco rejeitou a sugestão.
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Auditoria aponta ação de políticos e partidos na Caixa
A solicitação foi encaminhada à Caixa e ao ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha(PMDB), em dezembro. Na negativa, o banco afirmou ter um “sistema de governançaadequado à Lei das Estatais, fazendo com que a maior parte das recomendações já estejamimplementadas, em implementação ou em processo de estudo pelas suas instânciasdecisórias, antes mesmo de qualquer manifestação do MPF”.
A Caixa é alvo das operações Sépsis, que apura desvios no FI-FGTS; Cui Bono?, sobredesvios em liberações de créditos a grandes empresas; e Patmos, que investiga desviospraticados pelo ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) e por Fábio Cleto, ex-vice-presidentede Fundos e Loterias. Personagens políticos, como Cunha e o também ex-presidente daCâmara Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), estão presos por causa dessas operações.
No documento encaminhado à Caixa, os procuradores apontaram supostas irregularidades queteriam sido mapeadas pela investigação do escritório Pinheiro Neto contra ao menos quatrovice-presidentes do banco: vazamento de informações privilegiadas para políticos sobreandamento de pedidos de empréstimos; negociação de cargo em estatal como moeda de trocapara liberação de crédito; e pedidos para atender a “demandas” de políticos como garantiapara a manutenção da vaga de vice-presidente.
Onze dos atuais doze vice-presidentes foram indicados por sete partidos: PMDB, PSDB, DEM,PR, PRB, PP e PSB. Quando ainda era interino, o presidente Michel Temer (PMDB)anunciou que barraria o aparelhamento político nas estatais e fundos de pensão. Elesuspendeu as nomeações com o argumento de que só seria nomeado “pessoal com altaqualificação técnica”.
Vice-presidentes
O vice-presidente Corporativo, Antônio Carlos Ferreira (PRB), afirmou que Eduardo Cunha oprocurou para colocar três condições para sua manutenção no cargo: demitir o então diretorHermínio Basso, prestar contas sobre sua atuação e informar ao peemedebista todas asoperações da Caixa acima de 50 milhões de reais.
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A atual vice-presidente de Fundos e Loterias, Deusdina dos Reis Pereira (PR), negociou suanomeação para um cargo no conselho de administração da Cemig, a companhia energética deMinas Gerais, em e-mails “mediante insinuação”, segundo o relatório, de trocas de interesseem operação da companhia no banco.
O vice-presidente de Clientes, Negócios e Transferência Digital, José Henrique Marques daCruz (PP), mantinha relações próximas com Geddel e Cunha, em operações envolvendo asempresas Marfrig/Seara e J&F. Eles esperavam sinalização de pagamento da J&F em razãode operação do conglomerado.
Já o vice-presidente de Governo, Roberto de Sant’Anna (PMDB), aparece no documento comointermediador de interesses do empresário Henrique Constantino na Caixa, a partir demensagens trocadas entre os peemedebistas. O empresário Joesley Batista afirmou saber queSant’Anna está envolvimento em “recebimento de pagamentos indevidos”.
Por meio da assessoria de imprensa, a Caixa informou que “não concorda com asinterpretações que vem sendo dadas às conclusões do relatório do escritório Pinheiro Neto,elaborado a pedido da própria Caixa. Tais interpretações vem gerando percepçõesequivocadas em relação ao banco e alguns dirigentes”. O ministro Moreira Franco (PMDB) e oex-ministro Marcos Pereira (PRB) negaram que tenham influência na Caixa. As defesas deEduardo Cunha e Geddel Vieira Lima não se manifestaram.
Fonte: VEJA
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