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NADA PODE GLOSSAR? COMO ASSIM? Todos nós, auditores de enfermagem, quando estamos começando, temos um impulso irresistível de analisar as faturas hospitalares o mais detalhadamente possível. Procuramos por agulhas, seringas, compressas, gazes, fios, sondas, equipos, que foram cobrados a maior. A lista de material e medicamentos é interminável. E quantas vezes não nos sentimos frustrados ao constatarmos que a fatura está correta. Nenhum item para ser glosado. Não é possível. Devo ter me enganado. Voltamos e analisamos mais uma vez, agora com olhos de Sherlock Holmes. Nada me escapará. Alguma coisa tem que ter de errado. Oppsss. Não podemos usar a palavra erro ou seus sinônimos, quando estamos auditando. Então vamos lá. Alguma inconsistência tem que ter. Ah! Agora sim, estamos usando o termo correto. Começo a ter uma visão de auditor, pois já estou começando a usar o vocabulário adequado para a profissão. Mas, voltemos para a minha fatura, que está me dando um trabalhão. Não encontrei nada, nadinha mesmo para glosar ou pelo menos questionar. Não, não pode ser. Triste vida essa nossa de auditor. Reclamamos quando tem muita inconsistência e reclamamos quando não tem nada de inconsistente. E voltamos a analisar, não uma, nem duas vezes, mas diversas vezes. É assim mesmo, quando estamos começando. Temos a sensação de que o nosso valor como auditor está diretamente ligado ao quanto glosamos e não como glosamos. Quanto mais eu glosar, melhor auditor eu serei. O tempo vai passando e vamos continuando nesta vida de analisar fatura. Estamos parados no tempo e não nos apercebemos disso. Damo-nos por satisfeitos por dominar a técnica da auditoria contábil. Mas, para alguns auditores isso não é suficiente. Começa a surgir um vazio. Falta algo mais. Não pode ser só isso. Abrir as faturas, procurar o que está inconsistente, glosar. Fazer relatório de glosas, assinar e... Começar tudo de novo. Para este pequeno grupo de auditores, algo novo começa a surgir e a ser questionado. Começa a procura por este algo que está faltando. Quanto mais procura, mais distante parece estar. A fase inicial, que pode durar alguns anos,

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NADA PODE GLOSSAR? COMO ASSIM?

Todos nós, auditores de enfermagem, quando estamos começando, temos um impulso irresistível de analisar as faturas hospitalares o mais detalhadamente possível. Procuramos por agulhas, seringas, compressas, gazes, fios, sondas, equipos, que foram cobrados a maior. A lista de material e medicamentos é interminável. E quantas vezes não nos sentimos frustrados ao constatarmos que a fatura está correta. Nenhum item para ser glosado. Não é possível. Devo ter me enganado. Voltamos e analisamos mais uma vez, agora com olhos de Sherlock Holmes. Nada me escapará. Alguma coisa tem que ter de errado. Oppsss. Não podemos usar a palavra erro ou seus sinônimos, quando estamos auditando. Então vamos lá. Alguma inconsistência tem que ter. Ah! Agora sim, estamos usando o termo correto. Começo a ter uma visão de auditor, pois já estou começando a usar o vocabulário adequado para a profissão.Mas, voltemos para a minha fatura, que está me dando um trabalhão. Não encontrei nada, nadinha mesmo para glosar ou pelo menos questionar. Não, não pode ser. Triste vida essa nossa de auditor. Reclamamos quando tem muita inconsistência e reclamamos quando não tem nada de inconsistente. E voltamos a analisar, não uma, nem duas vezes, mas diversas vezes. É assim mesmo, quando estamos começando. Temos a sensação de que o nosso valor como auditor está diretamente ligado ao quanto glosamos e não como glosamos. Quanto mais eu glosar, melhor auditor eu serei.O tempo vai passando e vamos continuando nesta vida de analisar fatura. Estamos parados no tempo e não nos apercebemos disso. Damo-nos por satisfeitos por dominar a técnica da auditoria contábil. Mas, para alguns auditores isso não é suficiente. Começa a surgir um vazio. Falta algo mais. Não pode ser só isso. Abrir as faturas, procurar o que está inconsistente, glosar. Fazer relatório de glosas, assinar e... Começar tudo de novo.Para este pequeno grupo de auditores, algo novo começa a surgir e a ser questionado. Começa a procura por este algo que está faltando. Quanto mais procura, mais distante parece estar. A fase inicial, que pode durar alguns anos, já passou. A época de análise do prontuário, da conta pela conta. A época de ter os olhos voltados apenas para a prescrição médica e as anotações e checagens da enfermagem, de conferir açodadamente quantidades, valores, marcas – já passou.Está chegando uma nova fase. A fase em que um grupo muito restrito de auditores consegue chegar. Eu chamo esta fase de despertar. É a fase do sair da análise quantitativa e passar para a qualitativa. De valorizar a qualidade do atendimento que foi prestado ao paciente.O foco agora está voltado para a qualidade e não para a quantidade. Ouso dizer que, no futuro, o auditor que estiver melhor preparado para fazer análises qualitativas é o que mais se destacará no mercado. Pois da análise qualitativa é que se chega à análise quantitativa. Uma esta interligada à outra. Se houver qualidade, haverá resultados com quantitativos menores, pois teremos maior e melhor produtividade, com menor custo, menor desperdício e menos

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retrabalho.A auditoria de qualidade vai se transformar em uma nova postura comportamental dos auditores sejam eles quais forem (médicos ou enfermeiros (as)). E os enfermeiros (as) estão melhores preparados para esta nova fase. No mercado competitivo em que vivemos, onde o mais é menos, a qualidade esta deixando de ser opcional e se tornando obrigatória. Ela é pré-requisito para a sobrevivência dos profissionais neste mercado voraz dos prestadores e operadoras de saúde.Qual é a finalidade principal da auditoria? Descobrir erros, fraudes, irregularidades, inconsistências e aplicar medidas corretivas, saneadoras e preventivas? Sim, a auditoria tem como finalidade todos estes aspectos, mas não é a sua principal finalidade. Sua principal finalidade está em auditar a qualidade dos serviços prestados pelos profissionais da área de saúde. O controle da qualidade através da auditoria deve evoluir objetivando o melhor para o paciente, com menor custo, menor desperdício e menos retrabalho.Nos cursos de auditoria o foco está voltado para aprender a analisar a fatura médica e hospitalar da forma mais detalhada possível. O futuro auditor é treinado para analisar cada vírgula da conta. Como um sabujo farejador, ele vai varrendo a conta e marcando os pontos considerados frágeis. Isto é o que se aprende na maioria dos cursos de auditoria. Não se encontra nenhum tópico voltado para a qualidade. Nada sobre como avaliar o serviço de enfermagem que está diretamente ligado ao paciente.Quem são os enfermeiros? Qual sua formação técnica? Qual seu nível de conhecimento? Qual a sua especialidade? Qual a capacidade que os mesmos possuem em manipular equipamentos e administrar medicamentos de última geração?Que eu saiba, até hoje, não vi nenhum contrato entre operadoras e prestadores de serviços, que tenha sido fechado com base na qualidade do trabalho oferecido, trabalho este avaliado com bases científicas, seja ele médico ou de enfermagem. Os contratos são fechados baseados nos valores financeiros. Quanto eu posso ganhar ou economizar com este contrato? Este é o ponto que move o mercado de saúde. Vamos a um conceito teórico sobre a auditoria de enfermagem. Conceitos são coisas chatas, pelo menos a maioria pensa assim, mas são necessários. A auditoria de enfermagem é a avaliação sistemática da qualidade da assistência de enfermagem prestada ao cliente pela análise dos prontuários e pela verificação da compatibilidade entre o procedimento realizado e os itens que compõem a conta hospitalar cobrada, garantindo um pagamento justo mediante a cobrança adequada (Motta, 2003).Em (1991) Kurcgant, ressaltava que a auditoria em enfermagem pode ser entendida como uma avaliação sistemática da assistência de enfermagem, verificada através

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das anotações de enfermagem no prontuário dos pacientes e/ou das próprias condições.Já vivenciei esta fase, em que eu me julgava muito bom como auditor de enfermagem.O tempo se encarregou de me mostrar, que eu estava no caminho errado, meu foco estava centrado para o objetivo errado.Hoje, eu posso me considerar como um auditor razoável. Há muito que aprender sobre qualidade no trabalho de enfermagem. Muito que estudar. Continuo fazendo as análises das faturas hospitalares. Faz parte do trabalho. Mas, prefiro a auditoria in-loco. Estar no hospital, vivenciar com o paciente o seu tratamento. Acompanhar o seu colega de enfermagem, na realização dos procedimentos. Tornar-se seu parceiro. Aprender com ele. Mostrar que a finalidade principal da sua presença naquele setor é o paciente e a constante busca da qualidade dos serviços de enfermagem.Acompanhar seu banho, sua alimentação, a higiene do ambiente, os horários de medicamentos, os curativos. Observar a técnica de cada profissional, o cuidado que o mesmo dedica ao paciente, sua paciência e atenção.Quer saber se a equipe de enfermagem é boa? Não quer e não tem tempo para ficar conversando com todo mundo e levando semanas para chegar a uma conclusão? Analise as anotações de enfermagem, ali esta o retrato fiel da equipe de enfermagem. Anotações boas, completas concisas, claras, corretas? A chance de a equipe ser boa é muito grande. Caso contrário fique alerta. Em um próximo artigo, escreverei como fazer esta análise das anotações de enfermagem.A qualidade tem que fazer parte do cotidiano da equipe de enfermagem, ela não pode ser pontual. Ela tem que ser preponderante na lida diária dos profissionais de enfermagem em todas as organizações hospitalares, indo de encontro às exigências dos pacientes.Atendimento efetivo, com qualidade, eficiente e adequado, eis o que se espera dos profissionais de enfermagem. A única categoria que presta assistência ao paciente 24 horas por dia é a da enfermagem e a imagem que a enfermagem transmite ao paciente é a imagem que ele terá da instituição hospitalar.Simples assim, mas muito difícil de ser alcançado.

O EXERCÍCIO DA AUDITORIA DE ENFERMAGEM

Por: Antonio Carlos Becaro - Enfermeiro Auditor A Auditoria de Enfermagem, hoje em dia, é primordial para o Paciente, os Hospitais, Empresas de Medicina de Grupo, Empresas de Autogestão e Planos de Saúde.Cabe ao profissional de enfermagem, ao trabalhar no campo da auditoria, estar

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atento às principais questões que envolvem tal atividade.No dia a dia do exercício profissional não é raro observar o profissional de enfermagem envolto na análise de contas médicas hospitalares com a sua visão focada nos números, observando a quantidade de material e medicamentos utilizados e nos valores que os mesmos apresentam para a instituição em que trabalha.

O foco de sua atenção está constantemente voltado para os dados numéricos que a conta mostra e inadvertidamente por já estar condicionado ao tipo de trabalho que realiza quase de modo automático, esquece-se do principal: a capacidade do funcionário que trabalha na Instituição Hospitalar e que cuida constantemente do paciente que ali está internado ou realizando exames.A má formação escolar, a ausência de conhecimentos elementares e básicos para um bom exercício da atividade do cuidar, a má prática diária e a má percepção dos fatos e situações que se apresentam a todo o momento na atividade diária de uma instituição hospitalar, podem levar a situação acima descrita (o excesso de gastos). O profissional de enfermagem tem que estar atento acima de tudo à qualidade dos

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cuidados prestados ao paciente pelo hospital ou clínica credenciado pelo plano de saúde ou de medicina de grupo. Quando os números mostram que há excessos de gastos há que se estar atento para os cuidados de enfermagem prestados pela instituição hospitalar credenciada. É de conhecimento de todos que atuam na área de auditoria de enfermagem, que 60% dos gastos de uma conta hospitalar refletem os cuidados de enfermagem.Profissionais mal treinados, mal orientados, sem conhecimentos das técnicas básicas de enfermagem quanto aos cuidados rotineiros aos pacientes, tais como: medicação, curativos, deambulação, mudança de decúbito, tricotomia, plano de cuidados, fazem com que estes custos e gastos tenham aumento significativo para os planos de saúde. Mas não podemos esquecer do principal ponto gerador de todos estes procedimentos: O PACIENTE. Quais os reflexos negativos que uma enfermagem mal preparada e mal treinada traz para o mesmo? São muitos os agravos que podem resultar de um atendimento inadequado por parte da equipe de enfermagem: aumento do tempo de internação, seqüelas de cuidados de enfermagem inadequados ou errados ou até mesmo óbito. Portanto, cabe aos enfermeiros (as) estarem atentos (as) e atualizados com as mais recentes técnicas de cuidados de enfermagem. Seus subordinados (técnicos e auxiliares) devem ser treinados, reciclados e avaliados periodicamente quanto às técnicas de enfermagem diárias, desde o simples ato de se lavar as mãos até os procedimentos de grau de execução mais complexos.E quanto ao profissional Enfermeiro Auditor que ao deparar-se com uma fatura hospitalar em que, segundo a sua opinião, o gasto com material e medicamentos está muito alto, deve fazer uma visita à instituição, que acabou de auditar retrospectivamente, procurando conhecer as técnicas e rotinas de enfermagem que ali são executadas.Saber qual o grau de formação dos profissionais de enfermagem, quais os protocolos existentes, número de profissionais de enfermagem envolvidos diretamente com o cuidado do paciente.

E da próxima vez em que analisar uma conta hospitalar, se você enfermeiro (a) auditor (a), fez o seu trabalho de casa (visitas e contatos com enfermeiros (as) das instituições auditadas), pode estar certo de que alguma coisa irá mudar e para melhor nas contas auditadas por você.Até o próximo artigo onde estarei abordando a questão dos medicamentos e as técnicas de enfermagem.Becaro - 10/10/2006 08h28min: 29Reprodução permitida, desde que seja citada a fonte.

 

AUDITORIA DE ENFERMAGEM E O LENCOL

Há poucos dias passei por uma situação pouco comum. Fui visitar um amigo internado em um grande hospital aqui da região de Campinas. E sabem como é que as coisas funcionam quem é Auditor de Enfermagem, mesmo em dia de folga e em visita a amigos, não perde o velho hábito de dar uma espiadela técnica nas coisas.Conversa vai, conversa vem, o tempo passando e o horário de visita terminando. E, eu olhando aqui e ali. E satisfeito com o que via, pois estava tudo muito limpinho,

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tudo muito bonitinho.Hospital limpo, impecável mesmo e a conversa ia rolando tranqüila, que nem papo de mineiro em final de tarde, sem pressa e preguiçosa.E aí, eu fiz aquela perguntazinha básica.- Como é que você está sendo tratado. - E a resposta foi a mais óbvia possível.- Muito bem, o serviço aqui é excelente. Tem TV a cabo, internet, frigobar, ar-condicionado e o vidro do quarto é à prova de som. O barulho da rua não incomoda nenhum pouquinho. Durmo que é uma beleza. - Legal. E as pessoas que estão atendendo você, como elas são. Os médicos são muito bons e o pessoal da enfermagem é muito simpático e atencioso. A comida é boa. Não tenho nenhuma queixa.Satisfeito com o desenrolar da prosa, já estava me preparando para ir embora, quando veio na cabeça deste auditor aqui, a malfadada pergunta.- E você, como é que está se sentindo. Nenhuma dor. Nenhuma queixa. E a resposta veio como uma pedra de 50 toneladas.-Tenho sentido um pouco de dor nas costas e nos pés, mas os médicos e as enfermeiras disseram que é de eu ficar deitado por muito tempo e que isso vai passar.A luz que estava verde, bem no tranqüilo. Passagem livre, trânsito desimpedido, passou para amarela.- Começou a doer há quantos dias. Está aumentando. O pessoal continua acompanhando.- Faz uns dois dias e de vez em quando eu ainda sinto um pouco. Acho que não é nada sério.Luzinha de amarela foi para vermelha.-Posso dar uma olhada em você. Só para ver o local da ardência.Tempo curto. Enfermagem na porta, botando as visitas para fora (educadamente).Levantei o lençol limpinho, branquinho como neve e pedi para o meu amigo ficar de lado.Não fiquei surpreso, apenas um pouco decepcionado, pois lá estava a úlcera de pressão em estágio II. Curativo úmido, solto e mostrando aquela boca aberta, horrível, desdentada, querendo engolir cada vez mais o tecido sadio à sua volta.Voltei o lençol para o seu devido lugar. Esticadinho, branquinho e limpinho. Meu amigo, perguntou-me se estava tudo bem. Eu respondi que precisava voltar com mais calma,para fazer uma avaliação melhor da situação.Voltei para casa e no caminho, lembrei-me de um velho ditado que minha mãe sempre fala. “Por fora bela viola, por dentro pão bolorento.” As aparências enganam e muito. Se não fosse o velho hábito de olhar com visão crítica, tudo teria passado em brancas nuvens.Falei com a família do meu amigo, passando todas as orientações que julguei necessárias para que ele pudesse recuperar-se o mais rápido possível. Expliquei as causas principais do surgimento das úlceras de pressão e o que é necessário para tratá-las e evitá-las.Ele continua internado e eu ainda não voltei ao hospital. Pretendo ir amanhã e se possível falar com a enfermeira supervisora do andar em que o mesmo se encontra internado.Esta história verídica, levou-me a escrever este pequeno artigo. E aqui vão alguma dicas de auditoria de enfermagem durante a visita hospitalar.

1. Examine sempre o seu paciente. Peça autorização ao mesmo para dar uma pequena “olhadela”, por debaixo dos lençóis. Muita coisa poderá aparecer que irá, também, acender a sua luz amarela ou vermelha. Se nada encontrou, pode ficar com a luz verde, nesta questão de úlcera de pressão. Melhor para todos, não é mesmo. Você como auditor (a) de enfermagem, poderá se dedicar aos outros aspectos da auditoria. Melhor para o paciente que está sendo bem cuidado, pois logo estará a caminho do seu lar. Melhor para hospital e seu corpo de profissionais que estão fazendo seu trabalho de forma correta. Todos estarão satisfeitos.

2. Ao fazer uma visita hospitalar para auditoria, fique sempre atento (a) à posição

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do paciente, no leito. Pacientes confinados ao leito por muito tempo, com atrofia muscular, desidratação ou com disfunção motora, são os mais propensos às úlceras de pressão. Pacientes que permanecem por longo tempo em posição Fowler ou Semi-Fowler, têm os riscos aumentados em sofrer o aparecimento de úlceras de pressão. É preferível que os mesmos permaneçam deitados, distribuindo o peso por igual.

3. Antes de ir ao posto de enfermagem e solicitar o prontuário do paciente, vá ao apartamento do mesmo. Faça uma visita com calma, converse com ele e com os familiares. Apresente-se, diga seu nome e o tipo de trabalho que realiza. Diga que está ali como representante do plano de saúde ou da empresa na qual o mesmo trabalha. Deixe claro que o interesse do plano ou da empresa é que ele seja cuidado da melhor forma possível. Torne-se essencial para o paciente e sua família. Isto irá facilitar muito o seu trabalho. Após conversar com o paciente e seus familiares, comunique que vai fazer uma análise do prontuário e que logo que terminar voltará para se despedir. Você ficará surpreso com os resultados positivos que irá obter.

4. Outra coisa se você estiver fazendo a primeira visita e logo de cara pega o paciente em Fowler ou Semi-Fowler, pergunte à família ou ao acompanhante se aquela posição é a que ele fica por mais tempo. Se a resposta for sim. Examine-o imediatamente á procura dos sinais clássicos do surgimento de úlcera de pressão.

5. Não se deixe enganar pelas aparências. Muitos hospitais estão preocupados com a hotelaria. Entradas suntuosas, apartamentos “confortáveis”, TV, frigobar, internet, janelas anti-ruído, ar-condicionado, para o paciente e a sua família e estão se esquecendo ou não dando a atenção necessária aos cuidados que o paciente necessita. Não investem na capacitação de seu pessoal e conseqüentemente têm um corpo de enfermagem deficiente, mal treinado, mal remunerado, mal formado. Enfermagem esta que não evolui, não estuda, não adquire novos conhecimentos. Limita-se a fazer o óbvio, repetindo sempre e mecanicamente os procedimentos que realiza há anos.

Bem, é isso aí. Vou fazer uma visita ao meu amigo e espero que as coisas tenham melhorado.

Boa tarde e boa sorte.

Nossa programação do curso de auditoria está quase pronta. Tivemos alguns contratempos que já estão sendo resolvidos. Acredito que em Abril, poderemos começar a todo vapor.

Becaro – Enfermeiro Auditor.

CIRURGIA DE ESTREBISMO COM ANESTESIA GERAL

Segue mais uma tabela do uso de material e medicamentos em cirurgias de estrabismo. Espero que a mesma seja muito útil para aqueles profissionais de enfermagem que exercem a atividade de Auditor.Não se esqueçam que pequenas variações podem ocorrer no que diz respeito à quantidade de material e medicamentos empregados.Também coloquei o porte da taxa de sala. Este porte não poderá variar de entre as instituições de saúde.De qualquer forma serve como um ponto de partida.

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CIRURGIA DE ESTRABISMOMATERIAL QUANTIDADE

Curativo adesivo 01

Algodão em bolas 03

Avental descartável 01

Cânula endotraqueal 01

Compressa cirúrgica 05

Cotonetes (astes flexíveis) 20

Eletrodos 03

Agulha descartável 05

Escovas degermantes (PVPI) 04

Máscara descartável 04

Cateter para aspiração 01

Seringa descartável 20 ml 02

Seringa descartável 10 ml 01

Seringa descartável 05 ml 02

Seringa descartável 03 ml 02

Seringa de insulina 01

Touca descartável 04

Equipo para soro – Hartman 01

Pacote de gaze 04

Fio polivicryl 6.0 02

Fio de seda 7.0 01

Jelco 22 01

Luva descartável 04

Micropore 2,5 cm x 10 cm (3 metros)

01

Oclusor ocular estéril 01

Micro esponja ponta afiada pacote com 10

01

Polifix 2 vias 01

Sapatilha descartável 04

MEDICAMENTOS QUANTIDADE

Água destilada 1000 ml 01

Água destilada 10 ml 03

Colírio de iodopovidona 01

Atropina 25 mg ampola 01

Colírio anestésico 01

Gentamicina 80 mg ampola 01

Dipirona 2ml ampola 01

Metoclopramida ampola 01

Servoflurano 250 ml 20 ml

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Soro glicosado 250 ml 01

BSS bolsa 250 ml de solução salina

01

Corticóide ampola 01

Iodopovidona tópica 01

Anti-séptico cremoso 100 ml 01

Xylocaina 2% sem vaso-constritor

01

Tiopental sódico 01

Porte de sala 02

Observações:• Nos casos em que a cirurgia é bi-ocular, acrescentar mais dois fios de polivicryl 6.0.• Os materiais e medicamentos devem ter seus valores consultados no Brasíndice.• Taxas e aluguéis devem ser os que foram acordados em contrato.Bem é isso aí.Até a próxima, não deixem de adquirir a nossa apostila com tabelas e dicas de auditoria de enfermagem.

Bom dia e boa sorte.

AUDITORIA DE ENFERMAGEM E O USO DE TABELA

Tenho recebido alguns e-mails de colegas enfermeiros (as) relatando a dificuldade que têm quanto à análise e utilização das seguintes tabelas:1. Honorários;2. Procedimentos;3. Material;4. Medicamentos.Realmente as tabelas são as pedras que existem no caminho de qualquer auditor, mas sem elas não há como trabalhar. Teoricamente as mesmas foram criadas para facilitar o entendimento entre as partes (planos de saúde e instituições de saúde).Na prática não é bem isso que acontece. Sempre digo que antes de analisar as contas, analisem primeiro as tabelas à luz do contrato que foi assinado. Inteire-se o melhor que puder, interprete, pergunte, faça anotações, telefone, faça o que for preciso para que todas as suas dúvidas possam ser sanadas e quando estiver certo de que as principais dúvidas foram respondidas, parta para a analise das contas que estiverem sobre a sua mesa.Existiram e existem divergências históricas para não dizer ferozes e antropofágicas, sobre as formas de interpretação das tabelas que foram acordadas. Quando da análise e aceitação das mesmas, pelo setor administrativo, tudo parece certinho e esclarecido, mas é só passar um tempinho e logo aparecem os conflitos de interpretação e o abacaxi fica na mão do auditor, para que possa ser descascado. Auditor, este, que em nenhum momento foi chamado para dar o seu parecer técnico sobre as tabelas que estavam em

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análise, tudo foi resolvido administrativamente. Deparamos-nos com um outro problema técnico, o qual eu considero muito delicado: Alguns profissionais médicos se especializaram em subdividir os códigos das tabelas, lançando diversos códigos para um mesmo procedimento, com esse artifício, conseguem ganhar mais dividendos sobre o procedimento realizado.O auditor de enfermagem ou médico tem que estar atento a estas formas de manipulação por parte de alguns profissionais da área médica. Como já escrevi em outro artigo, não cabe ao auditor de enfermagem questionar diagnósticos, procedimentos e formas de tratamento, mas não pode se eximir de analisar os mesmos de acordo com a tabela criada, aprovada e aceita.Se a mesma tem um código que abrange todo o procedimento e o profissional lançou mão do recurso de subdivisão de códigos, não titubeie em lançar o código que abrange o procedimento como um todo.Daí a importância de se conhecer e saber manipular bem a tabela de procedimentos, para não ser enganado no momento de analisar a conta médico hospitalar.O melhor caminho é fazer xérox do contrato, levar para casa e estudar muito bem. Compare-o com as tabelas que você tem em mãos. Faça anotações e observações sobre todos os aspectos que chamarem a sua atenção. Se necessário, converse com auditores mais velhos e teoricamente mais tarimbados que você, nesta velha arte de auditar. Digo teoricamente, pois existem auditores com muitos anos de estrada e que sabem menos do que você que está chegando à empresa ou começando a exercer as atividades de auditor de enfermagem. Perderam o interesse, não se atualizam mais ou caíram na velha rotina de glosar apenas 10% da conta e seguir adiante. Não se deixe abater e vá à procura de explicações e informações sobre as dúvidas que surgirem, esclareça-as da melhor forma possível. Faça anotações para futuras pesquisas e tenha-as sempre a mão, pois irão lhe poupar muitos aborrecimentos e perda de tempo. Aconselho que você faça estes estudos em sua casa. Você poderá estudar e pesquisar no seu local de trabalho, se houver tempo e ambiente para tal, caso contrário é mesmo em casa que você irá desenvolver e amadurecer o seu aprendizado, fixando os conhecimentos necessários para que possa se tornar um excelente profissional.Não se acomodar, eis aí o grande segredo do bom auditor. Estudar sempre, fazer cursos de atualização, reciclar, pesquisar, desenvolver projetos de trabalho. Saber elaborar relatórios claros e concisos e acima de tudo ser um auditor técnico, honesto e coerente com a profissão. Não se esquecer de que por trás da conta hospitalar que está à sua frente, existe uma pessoa que passou ou está passando por momentos difíceis. A análise fria e calculista da conta hospitalar, não pode, jamais, prejudicar o paciente.Portanto o primeiro passo para ser um bom auditor é ter conhecimento técnico profundo, o segundo passo é dominar cada contrato das contas que poderão cair em suas mãos, o terceiro passo é saber manusear as tabelas, ter domínio das mesmas e o ultimo passo é saber associar os três primeiros e aplicá-los diariamente em cada situação que apareça, seja ela de rotina ou inusitada.Resumindo:1. Tenha o contrato em mãos;2. Tenha as tabelas em mãos;3. Estude as tabelas;4. Estude os contratos;5. Compare-os e faça uma análise crítica;6. Anote as suas observações e dúvidas;7. Esclareça suas dúvidas com outros profissionais;8. Analise a conta hospitalar;

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9. Esteja atento para a manipulação dos códigos;10. Faça seus relatórios de forma clara, concisa e técnica.Bem é isso aí.Boa noite e boa sorte e até o próximo artigo.

AUDITORIA DE ENFERMAGEM X ANOTAÇÕES DE ENFERMAGEM

Tenho recebido diversos e-mails pedindo artigos ou material sobre a auditoria de enfermagem e as anotações de enfermagem.Como já referi em outro artigo, cerca de 60% da conta hospitalar refletem as atividades de enfermagem, daí a importância de se ter tudo anotado e devidamente checado e rubricado. Ter tudo anotado, não quer dizer que deverá ser anotado de qualquer forma. Tem que ser relatado de forma técnica, profissional, clara e concisa. Nas auditorias que realizo, encontro constantemente anotações de enfermagem aparentemente consistentes e bem estruturadas, mas que quando são cruzadas com o restante do prontuário revelam-se fracas, contraditórias e passíveis de glosas.Isto sem me referir aos erros de português, não só de técnicos e auxiliares, mas também de enfermeiros (as). Anotações técnicas corretas e com português correto, demonstram o nível de conhecimento de cada profissional que está por trás da atividade realizada.Vamos a dois exemplos de anotações e vocês mesmos dirão se elas são ou não adequadas para uma análise de auditoria de enfermagem e se resistem à mesma.Ex. 01 – Anotação de enfermagem.

Quais os problemas encontrados em uma anotação como esta?São vários, vamos citar alguns:1. Difícil leitura;2. Na primeira linha já temos um problema, pois estão anotadas como dois

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procedimentos completamente diferentes.3. Continuando a análise desta obra prima de como não se deve fazer as anotações de enfermagem, temos: a. Segue regular. Tipo de anotação que nada diz principalmente para o auditor de enfermagem;b. Depois de muita dificuldade e um pouco de interpretação ou mesmo adivinhação consegue-se decifrar o texto que está “escrito”, “o mesmo em isolamento de contato”.

Nenhuma referência quanto aos procedimentos realizados com o paciente, nenhuma observação pertinente quanto ao uso de material, principalmente em pacientes que estão em isolamento de contato.Resumindo, qualquer material cobrado nesta data e horário, com certeza sofrerá glosa, pois nada foi relatado quanto ao uso do mesmo.Em tempo: o xérox que está colocado acima me foi enviado pelo hospital devido ao fato de ter sido glosada a bolsa de colostomia, a qual estava querendo receber. Quando chega às mãos de um auditor uma anotação como esta fica confirmada que a glosa foi correta. Podem até ter usado a bolsa, mas não registraram.

Para mostrar que não é apenas a enfermagem que comete as barbeiragens nas anotações, segue abaixo um exemplo de prescrição médica.Ex.02 – Prescrição Médica.

O que podemos observar como auditores de enfermagem em uma prescrição médica? O horário das prescrições, a checagem das mesmas com a rubrica do profissional que realizou o trabalho e o campo de prescrição de enfermagem.Auditores de enfermagem não analisam prescrições médicas com a finalidade de glosar medicamentos prescritos, por não concordar com a mesma. Analisa com o objetivo de cruzar informações e confirmar se a inconsistência de informações entre os profissionais envolvidos naquele atendimento.Um rápido e atento olhar sobre esta prescrição e já temos uma série de pequenos fatos que inviabilizam um pagamento de fatura por uma auditoria mais rigorosa.Vejamos:1. Alguns horários estão checados, mas não rubricados;2. No campo da prescrição de enfermagem, temos uma prescrição médica de bolsa de colostomia com placa de caraia.Aqui temos um detalhe curioso, observem a prescrição médica no campo próprio do médico.O que temos? A prescrição está com um determinado tipo de letra.E no campo da enfermagem? A prescrição médica está com outro tipo de letra.Conclusão? As prescrições foram feitas por médicos diferentes em dias e horários diferentes.Muitos de vocês estarão se perguntando como é que você descobriu isso?

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A resposta é simples, esta prescrição veio junto com a anotação de enfermagem que coloquei um pouco acima, para justificar o gasto da bolsa que havia sido glosada.Aqui cabe uma pergunta minha. Vocês pagariam ou não o recurso de glosa que o hospital fez, tendo esta documentação em mãos? Aguardo respostas pelo e-mail.

Boa tarde e boa sorte.

CONSUMO DE MATERIAIS NOS PEQUENOS PROCEDIMENTOS

Coloco à disposição dos colegas de profissão mais algumas tabelas que relacionam a realização de pequenos procedimentos com a quantidade, presumida, de consumo de material médico-hospitalar.Espero que as mesmas tenham utilidade para os auditores de enfermagem que estejam iniciando na profissão, servindo como fonte de consulta.Quero deixar claro que as quantidades de materiais aqui descritas podem sofrer variações para mais ou para menos, dependendo dos profissionais e das normas de cada instituição. Portanto, não se trata de tabelas definitivas e pétreas.

PEQUENOS PROCEDIMENTOS X CONSUMO DE MATERIAL

INJETÁVEISMATERIAL QUANTIDADE

Seringa 01

Álcool 5.0 ml

Algodão 2 unidades

ASPIRAÇÃO TRAQUEAL/NASAL/ORALMATERIAL QUANTIDADE

Gazes 5.0 unidades

Luva para procedimento 1.0 unidade

Sonda de aspiração 1.0 unidade

Soro fisiológico 250 ml 1.0 frasco

PUNÇÃO VENOSA PERIFÉRICAMATERIAL QUANTIDADE

Escalpe ou Jelco 1.0 unidade

Equipo para soro (verificar o tipo do equipo)

1.0 unidade

Esparadrapo 10 cm

Álcool 5.0 ml

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DISSECÇÃO VENOSAMATERIAL QUANTIDADE

Cateter oxigênio 1.0 unidade

Equipo para soro (verificar o tipo do equipo)

1.0 unidade

Éter 20 ml

Povidine 20 ml

Xylocaina (verificar o tipo prescrito)10 ml

Luvas estéreis 1.0 par

Seringa de 50 ml ou 10 ml 1.0 unidade

Mononylon 1.0 unidade

Lamina de bisturi 1.0 unidade

Gazes 20 a 30 unidades

DRENAGEM DE ABCESSOMATERIAL QUANTIDADE

Luvas estéreis 1.0 par

Gazes (avaliar a qtde. pela evolução do abcesso)

20 a 30 unidades

Lamina de bisturi 1.0 unidade

Éter 20 ml

Xylocaina (verificar o tipo prescrito) 10 ml

Luvas estéreis 1.0 par

Seringa de 50 ml ou 10 ml 1.0 unidade

Mononylon1.0 unidade

Lamina de bisturi 1.0 unidade

Gazes 20 a 30 unidades

Povidine 20 ml

Esparadrapo 20 cm

Dreno (quando indicado e prescrito) 1.0 unidade

Soro fisiológico (quando indicado e prescrito)

250 ml

Seringa de 10 ml ou 20 ml 1.0 unidade

Anestésico 10 ml

ENTUBAÇÃO TRAQUEALMATERIAL QUANTIDADE

Tubo orotraqueal 1.0 unidade

Luvas estéreis 1.0 par

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Seringa de 10 ml 1.0 unidade

Esparadrapo 20 cm

Gazes 10 unidades

É importante ter em mente que variações para mais ou para menos podem ocorrer.Bom senso, conhecimento técnico e prática são muito mais importantes do que tabelas. As mesmas servem apenas para referencias.

A AUDITORIA DE ENFERMAGEM E O USO DE MÁSCARA LARÍNGEA

Não se pode negar que com o surgimento da Máscara Laríngea (ML) o processo de intubação tornou-se fácil, rápido, seguro e menos traumático para os pacientes.Tais facilidades, por si só, justificam o emprego da Máscara Laríngea (ML), independentemente do seu alto custo. Então tudo está uma maravilha e não teremos problemas quanto ao uso e liberação da Máscara Laríngea (ML)? Ledo engano, infelizmente, sempre há um porém e ele está relacionado à forma de cobrança realizada pelos hospitais.Os hospitais não satisfeitos em cobrar o material utilizado, já com sua margem de lucro, insistem em cobrar uma Máscara Laríngea (ML) para cada cirurgia realizada. O valor de uma Máscara Laríngea (ML) está por volta de R$ 500,00 a R$ 600,00. Quando questionados sobre a forma de cobrança e após muitas e cansativas discussões técnicas, alguns hospitais aceitam cobrar uma nova Máscara Laríngea (ML), após cinco ou dez cirurgias.Ora, acontece que o próprio fabricante da Máscara Laríngea (ML), menciona uma capacidade de reesterilização da mesma em torno de 4º (Quarenta) vezes.Fazendo uma simples conta de multiplicação, concluiremos que se forem pagas uma Máscara Laríngea (ML) a cada cirurgia, quando vencer a vida útil prevista pelo fabricante, o plano de saúde terá pagado R$ 24.000,00, ao invés de R$ 600,00.Conclusão? Não é possível aceitar a proposta dos hospitais de cobrarem uma nova Máscara Laríngea (ML) a cada cinco ou dez cirurgias. Tem que haver uma negociação técnica efetiva e eficaz neste processo. E, ninguém melhor do que o enfermeiro (a) para realizar tal negociação.O único profissional, dentro de um hospital, que tem os conhecimentos técnicos necessários para a correta manipulação da Máscara Laríngea (ML), limpeza e preparo para reesterilização é o profissional de enfermagem. Nenhum outro profissional, além da enfermagem, tem o conhecimento prático da durabilidade (vida útil) de uma Máscara Laríngea (ML).Então,ninguém melhor que a enfermagem para discutir tecnicamente o pagamento de uma Máscara Laríngea (ML), após determinado número de reesterilizações.Portanto, volto a escrever que, hospitais ou planos de saúde que fazem acordos comerciais apenas com a presença do pessoal administrativo e médico, não levando em consideração a importante presença do (a) enfermeiro (a) para, em equipe, analisar as planilhas e tabelas que estão sendo apresentadas, cometem um grave erro.E este erro, quando da análise dos itens que se referem ao material e medicamentos de alto custo, com certeza, trará para uma das partes grandes

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prejuízos.E estes prejuízos, devido a esta análise equivocada das planilhas e tabelas, infelizmente, só poderão ser sanados quando um novo contrato estiver sendo discutido.Até lá é arcar com os prejuízos de uma negociação mal feita. Um cálculo elementar e fica claro que um único item mal negociado, poderá levar a uma quantidade enorme de recursos sendo levados para o ralo.Não adianta, depois, pressionar o médico e o enfermeiro auditor, para que glosem outros itens de pequeno custo, tais como: agulhas, seringas, esparadrapos, ataduras, etc., como uma tentativa de compensar a negociação mal feita, quando da discussão e assinatura do contrato.Contrato bem feito é fator primordial para o bom relacionamento entre as partes.Tem que se pagar bem ao profissional de auditoria de enfermagem e o mesmo tem que corresponder tecnicamente ao seu bom salário. Estudar sempre, estar sempre atualizado, ser coerente, honesto e capacitado tecnicamente, são itens primordiais para a realização de um bom trabalho de auditoria de enfermagem.Bons profissionais de auditoria de enfermagem não aceitam trabalhar por baixos salários, pois sabem que de 60 a 65% da conta hospitalar refletem os gastos com enfermagem e que a sua atuação correta e técnica trará grandes economias para o plano de saúde ou para o hospital em que atua.A Máscara Laríngea (ML) é apenas um dos itens de todo um processo quase que infinito de negociação entre as partes interessadas (hospitais e planos de saúde), existem centenas de outros itens de alto custo que estão diretamente ligados à atividade prática da enfermagem e que são analisados pelo auditor de enfermagem.Uma auditoria de enfermagem competente, bem treinada e atualizada é primordial e indispensável nos dias de hoje, tanto para os hospitais (contra auditoria) quanto para os planos de saúde (auditoria concorrente).Até o próximo artigo e se tiverem alguma dúvida entrem em contato pelo e-mail.Boa tarde e boa sorte

AUDITORIA DE ENFERMAGEM EM PACIENTES SONDADOS

Pacientes hospitalizados ou mesmo em domicilio, não raro, estão em uso de sonda nasogástrica ou intestinal.    As complicações que podem aparecer devido ao uso das sondas são as mais variadas e os cuidados de enfermagem devem ser direcionados para evitá-las.    O conhecimento teórico e prático sobre a realização, pela enfermagem, deste tipo de procedimento é primordial para o desenvolvimento de uma boa auditoria de enfermagem retrospectiva ou concorrente. O auditor de enfermagem além de ter o conhecimento teórico sobre os variados tipos de sonda existentes no mercado, suas indicações, técnicas de introdução das mesmas, deve ter o conhecimento prático de como utilizá-las. Ao analisar contas apresentando cobrança de sonda nasogástrica ou intestinal, ou com pacientes que estão em uso de sonda, devem-se fazer algumas perguntas básicas que irão direcionar o trabalho de forma correta.     Perguntas que devem ser feitas:

     1. Existe indicação para o uso de sonda nasogástrica ou intestinal neste paciente?         As indicações mais comuns para o uso de sondas são:           • Descompressão abdominal;           • Tratamento de processos obstrutivos;           • Administração de medicamentos, alimentos ou líquidos para pacientes              impossibilitados de deglutir;           • Lavagem estomacal devido à ingestão de produtos tóxicos;           • Compressão de áreas que apresentam sangramento.

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        No mercado, existem diversos tipos de sonda, cada uma com sua característica e    indicação específicas. As mais comuns são:           • Levine;           • Miller-Abbot;           • Harris;           • Baker;           • Dobhoff ou Keofeed II;           • Moss;           • Cantor;           • Salem;           • Sengstaken-Blackemore.

    Todas elas podem ser de plástico ou de borracha. Algumas têm a ponta de mercúrio que serve como peso, facilitando o direcionamento da sonda até o local desejado.    A sonda de Levine e a de Salem são mais usadas para a remoção de líquidos e gás do trato gastro intestinal superior, também servem para a obtenção de amostras do conteúdo estomacal para análise laboratorial. Apresentam algumas restrições quando usadas para administração de medicamentos ou alimentos (gavagem), já que pode ocorrer aspiração pelo paciente, durante a realização do procedimento. Por isso o uso destas sondas não é comum quando a intenção é fornecer alimentos ou medicamentos ao paciente, sendo utilizadas sondas que diminuem o risco de aspiração.Portanto, a segunda pergunta a ser feita é:

     2. A sonda utilizada está de acordo com o quadro do paciente e com a prescrição?         Se a primeira e a segunda pergunta foram respondidas de forma afirmativa, pode-se     passar para a terceira pergunta:

    3. Os cuidados de enfermagem prestados ao paciente estão de acordo com as técnicas existentes e aceitas?        Durante o exame do paciente, o auditor de enfermagem observa detalhadamente    aspectos que poderão dar indícios claros dos cuidados de enfermagem que são prestados   ao paciente em uso de sonda.          • A sonda está limpa, sem material aderido em suas paredes internas, indicando               que a rotina de se lavar a sonda logo após a introdução de alimentos ou           medicamentos foi realizada;          • A ausência ou presença de lesões de nariz, tais como: feridas, escoriações,              vermelhidão, sinais de necrose, podem indicar se houve ou não fixação correta              da sonda;          • O exame da pele do paciente e das mucosas (secas, hidratadas), assim como               seu estado de vigília (letargia, alerta), seu débito urinário (normal, baixo), pode          indicar perda excessiva de líquidos pela sonda. Uma boa dica é analisar o balanço          hídrico do paciente (entradas e saídas). Verificar também se houve problemas              com a hidratação endovenosa (perda de veia, atraso no gotejamento ou mesmo          na instalação da medicação endovenosa);          • O posicionamento da sonda está correto. Ausculte o paciente nos dois           pulmões. Pacientes sondados e que se apresentam taquipneicos, com febre e              tosse, podem estar com a sonda posicionada de forma incorreta. Verificar se há              registro de auscultação pulmonar, pela enfermagem, ou por qualquer outro

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          membro da equipe de saúde. Checar os sinais vitais do paciente, é uma boa fonte          de referência para a auditoria de enfermagem.          • A inspeção oral do paciente fornece dados importantes para o auditor de    enfermagem, podendo ser avaliado se não há irritações, ferimentos ou sinais de    necrose na cavidade orofaríngea.

    Todos os dados encontrados, positivos ou não, devem ser cuidadosamente anotados pelo auditor de enfermagem em seu relatório de visita hospitalar. A importância de um exame de enfermagem, bem realizado pelo auditor de enfermagem, tem seus reflexos no maior ou menor tempo de internação do paciente e na pronta recuperação do mesmo ou na prolongação da patologia com agravantes, que não existiam quando procurou os cuidados de saúde que necessitava.

    E assim, ponto por ponto, vai se avançando no processo de análise da conta hospitalar. O importante para o auditor de enfermagem é não ficar procurando itens para serem glosados, esta postura desvia o foco principal do seu trabalho. Se existirem erros, eles aparecerão de forma natural, à medida que o trabalho de auditoria vai avançando.   Estes e outros tópicos são abordados em nosso curso de auditoria de enfermagem. O próximo curso está previsto para 28/01/2007.Neste curso abordaremos o “Uso da tabela AMB e como interpretar os códigos da mesma, sob a ótica da enfermagem”.