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Universidade de Brasília
AUGUSTO CESPEDES HUACCHO JUNIOR
TENDÊNCIA PEDAGÓGICA DOS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO
FÍSICA NO ENSINO DO ESPORTE NA PRIMEIRA FASE DO ENSINO
FUNDAMENTAL DA CIDADE DE PALMAS-TO
PALMAS
2007
ii
AUGUSTO CÉSPEDES HUACCHO JÚNIOR
TENDÊNCIA PEDAGÓGICA DOS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO DO ESPORTE NA PRIMEIRA FASE DO ENSINO
FUNDAMENTAL DA CIDADE DE PALMAS-TO
Trabalho apresentado ao Curso de Especialização em Esporte Escolar do Centro de Educação à Distância da Universidade de Brasília em parceria com o Programa de Capacitação Continuada em Esporte Escolar do Ministério do Esporte para obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar.
Orientador:
Profª. Ms. Marília Marota de Souza
PALMAS-TO 2007
iii
CÉSPEDES HUACCHO JÚNIOR, Augusto
Tendência pedagógica dos professores de educação física no ensino do esporte na primeira fase do ensino fundamental da cidade de Palmas-TO. Palmas, 2007.
63 p.
Monografia (Especialização) – Universidade de Brasília. Centro de Ensino a Distância, 2007.
1. Tendências Pedagógicas 2. Esporte 3. Educação Física.
iv
AUGUSTO CÉSPEDES HUACCHO JÚNIOR
TENDÊNCIA PEDAGÓGICA DOS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO DO ESPORTE NA PRIMEIRA FASE DO ENSINO
FUNDAMENTAL DA CIDADE DE PALMAS-TO
Trabalho apresentado ao Curso de Especialização em Esporte Escolar do Centro de Educação à Distância da Universidade de Brasília em parceria com o Programa de Capacitação Continuada em Esporte Escolar do Ministério do Esporte para obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar pela Comissão formada pelos professores:
Presidente: P
C
Membro: Professor Especialista Odiel Aranha Cavalcante
PALMAS, 11 de setembro de 2007.
rofessora Mestre Marília Marota de Souza entro Universitário Luterano de Palmas
Universidade de Brasília
v
A Deus, fonte de renovação e provedor desta conclusão. A meus amados pais, Maria de Jesus Neposiano Nogueira e Augusto Céspedes Huaccho, que me proporcionaram a base educacional e cultura familiar, fazendo com que pudesse entender a importância e a necessidade de se obter sempre novos conhecimentos e experiências, os quais dão caráter e mais dignidade ao homem. A minha esposa Charlete Xavier Dias e a meus queridos filhos, João Augusto Céspedes Huaccho e Lucas Céspedes Huaccho, que são motivo de todo esforço, dedicação e luta por um futuro social melhor.
vi
AGRADECIMENTOS
Agradecemos todas as pessoas que de modo significativo contribuíram para a resolução desta
monografia, principalmente à Professora e Mestre Marília Marota de Souza que apesar de
toda carga de trabalho, pode reservar parte de seu tempo à orientação desta nova etapa na
minha vida profissional.
vii
“[...] não importa tanto o tema da
tese quanto a experiência de trabalho que
ela comporta”. Umberto Eco
viii
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi identificar, através das falas dos professores da primeira fase do
ensino fundamental qual a(s) tendência(s) pedagógica(s) adotadas na sua função docente no
ensino do esporte. Participaram da amostra dez professores concursados do município de
Palmas-TO, os quais representavam cinco unidades de ensino. Foi realizado um contato
prévio com a direção da escola através do termo de consentimento livre e esclarecido, sobre
os objetivos e procedimentos adotados neste trabalho. Utilizou-se de entrevista semi-
estruturada com quatorze perguntas que foram realizadas aos professores e gravadas a fala,
para posterior transcrição integral e fiel dos dados coletados. A partir dos dados conclui-se
que há conhecimento de várias teorias pedagógicas por parte dos professores, em torno do
ensino do esporte na primeira fase do ensino fundamental em escolas municipais de Palmas.
No entento, em sua maioria os professores entrevistados têm um trabalho diferenciado no
trato do esporte nas aulas de educação física e nas aulas de treinamento. O que nos mostra
que há necessidade de maior aprofundamento e conhecimento sobre como se da o ensino-
aprendizagem do esporte nas aulas de educação física, através de confronto entre teoria e
prática pedagógica, já que o esporte deve ter ambito educacional e de formação.
PALAVRAS CHAVES: Tendências Pedagógicas, Esporte, Educação Física.
9
LISTA DE FIGURAS Figura 1-Pirâmide do desenvolvimento do esporte como elemento de formação na escola
criada a partir do discurso de Medeiros (2004). ................................................................34
10
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Registro do Diploma ...............................................................................................38
Tabela 2- Concepção teórica pedagógica ................................................................................41
Tabela 3- Diferenciação entre esporte nas aulas de educação física e nas aulas de treinamento.
...........................................................................................................................................45
Tabela 4-Relação entre objetivo do esporte nas aulas de educação física e esporte nos
treinamentos.......................................................................................................................49
Tabela 5- Quanto á Teoria adotada voltada ao esporte durante as aulas de educação física ou
para os treinos ....................................................................................................................50
Tabela 6- Fatores que podem impedir definitivamente (fatores dificultadores) a aplicação
teórica na prática ................................................................................................................54
11
LISTA DE ANEXOS
ANEXO I - ROTEIRO PARA ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA..............................62
ANEXO II-CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ..............................................63
12
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................14
1.1 HIPÓTESE.........................................................................................................................15
1.1.1 Hipótese primária....................................................................................................15
1.1.2 Hipótese secundária ................................................................................................15
1.2 OBJETIVOS.......................................................................................................................15
1.2.1 Objetivo Geral .........................................................................................................15
1.2.2 Objetivos Específicos...............................................................................................15
1.3 JUSTIFICATIVA .................................................................................................................16
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA......................................................................................17
2.1 HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ...................................................................................17
2.2 AS INFLUENCIAS E TENDÊNCIAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA E IMPLICAÇÕES PARA OS
CONTEÚDOS ESCOLARES ........................................................................................................19
2.2.1 Psicomotricidade.....................................................................................................20
2.2.2 Construtivista ..........................................................................................................20
2.2.3 Desenvolvimentista..................................................................................................21
2.2.4 Jogos Cooperativos .................................................................................................21
2.2.5 Saúde Renovada ......................................................................................................22
2.2.6 Tendências críticas ..................................................................................................22
2.2.7 Parâmetros Curriculares Nacionais .......................................................................23
2.3 A CULTURA CORPORAL E O DESENVOLVIMENTO DAS HABILIDADES NA EDUCAÇÃO FÍSICA
..............................................................................................................................................23
2.3.1 Estratégias metodológicas do ensino fundamental e médio....................................25
2.4 O ESPORTE ESCOLAR .................................................................................................31
2.4.1 O ESPORTE NA INFÂNCIA...............................................................................................34
3 METODOLOGIA................................................................................................................36
3.1 AMOSTRA ........................................................................................................................36
3.3 PROCEDIMENTOS PARA A COLETA E ANÁLISE DOS DADOS................................................37
13
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................................38
4.1 ANÁLISE DOS DADOS DA ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA.............................................38
4.1.1 Do registro do diploma ...........................................................................................38
4.1.2 Quanto a discussão pedagógica na graduação......................................................39
4.1.3 Teoria como elemento norteador da prática...........................................................39
4.1.4 Principal ponto de sua teoria que motiva a adotá-la..............................................41
4.1.5 A teoria adotada aplicada ao ensino do esporte escolar .......................................42
4.1.6 Percepção da diferença entre esporte nas aulas de educação física e no treinos de
equipes esportivas da escola ............................................................................................43
4.1.7 Objetivo do ensino do esporte nas aulas de educação física ..................................45
4.1.8 Objetivo do esporte no treinamento de equipes ......................................................47
4.1.9 A teoria adota está voltada ao esporte nas aulas de educação física ou aos treinos
..........................................................................................................................................49
4.1.10 A teoria adotada tem ajudado a atingir os objetivos do esporte nas aulas de
educação física .................................................................................................................51
4.1.11 Fatores dificultadores da aplicação da teoria na prática diária do esporte
durante as aulas de educação física.................................................................................51
4.1.12 Sugestões para que a prática do esporte durante as aulas de educação física
possa cumprir seu papel educacional ..............................................................................54
5. CONCLUSÃO.....................................................................................................................57
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................60
ANEXOS .................................................................................................................................62
14
1 INTRODUÇÃO
Com o objetivo de delimitarmos o problema a ser tratado nessa pesquisa, abordaremos
questões pertinentes ao esporte e os aspectos pedagógicos a ele relacionados, quer seja em
momento da Educação Física escolar, quer seja em treinamento desportivo, pois o esporte,
atualmente entendido como fenômeno cultural e social de grande relevância, revela um
mundo que necessita estar sempre em estudo.
Por volta da década de 80 iniciou-se no Brasil um período de críticas sobre o modelo
de esporte praticado nas escolas pela Educação Física. As críticas se dirigem ao processo de
ensino-aprendizagem dos esportes no âmbito escolar, o que faz levantamento da dita
precocidade do ensino das modalidades esportivas paras as crianças das séries iniciais,
coincidindo com as discussões em torno da implantação da obrigatoriedade da Educação
Física em todos os níveis e com profissionais de Educação Física, pois nas séries iniciais não
era exigência tal qualificação (KUNZ, 2001).
O que acontecia naquele momento era o fato de que os profissionais da Educação
Física tinham uma formação excessivamente apoiada no ensino do esporte para competição, o
que mostrava a forte tendência em se ensinar, na escola, o esporte neste modelo competitivo
(MOREIRA, 1993; KUNZ, 2001). A própria legislação da Educação Física Escolar emitida
pelo MEC (1980) proibia a introdução do aluno no aprendizado dos esportes na forma de
iniciação à competição antes da quinta série, ou antes, dos dez anos de idade (KUNZ, 2001).
Atualmente, o processo educacional da Educação Física ainda pode estar sofrendo
com este pensamento esportivista na escola, considerando a interferência histórica desta
contradição de prática de condução da Educação Física.
Estes fatos apontam à necessidade de se observar, contemporaneamente, como as aulas
de Educação Física vem sendo planejadas e lecionadas, podendo destacar como foco da
questão norteadora desta pesquisa a indagação que delimita o problema do estudo: “Qual
concepção teórica pedagógica dos professores de educação física para o ensino do esporte na
primeira fase do ensino fundamental em escolas municipais de Palmas?”
15
1.1 Hipótese
1.1.1 Hipótese primária
“A concepção esportivista é a mais freqüente no ensino do esporte nas aulas de
educação física na primeira fase do ensino fundamental.”
1.1.2 Hipótese secundária “Os professores da primeira fase do ensino fundamental não adotam nenhuma teoria
pedagógica para o ensino do esporte”.
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo Geral
• Identificar, através das falas dos professores de educação física da primeira fase do
ensino fundamental, qual concepção teórica pedagógica adotada para sua função
docente no ensino dos esportes.
1.2.2 Objetivos Específicos
• Identificar qual a concepção teórica é mais adotada pelos docentes participantes para o
desenvolvimento do ensino do esporte nas aulas de educação física;
• Verificar se os professores da primeira fase do ensino fundamental têm conhecimento
das novas tendências na área da educação física.
• Identificar, através da fala dos docentes, a adoção de estratégias metodológicas
diferenciadas entre o ensino e o treinamento do esporte.
16
1.3 Justificativa
O presente estudo passa a ser importante para a área da Educação Física, já que tem se
conhecimento do grande avanço científico dessa área de conhecimento, principalmente na
questão das abordagens de ensino da mesma.
Atualmente, compondo o quadro docente da rede municipal de ensino da cidade de
Palmas, algumas inquietações vêm chamando a minha atenção, por observar a influência do
esporte nas aulas de educação física. Quer seja pelo gosto das crianças, quer seja pela
organização do professor de educação física, dos gestores escolares, da comunidade local,
grandes confusões podem ser geradas quando os esclarecimentos necessários sobre o processo
pedagógico do esporte pode não estar tão claramente delineado.
Assim se faz necessário aprofundar o conhecimento de como o conteúdo esporte é
desenvolvido no meio escolar, já que esse contexto diversificado e heterogêneo traz inúmeras
potencialidades educacionais que podem enriquecer o processo ensino-aprendizagem dos
educandos. Em se tratando do esporte, faz-se necessário conhecer quais as teorias adotadas
para o ensino do mesmo, sabendo que sofremos na atualidade, uma forte tendência voltada à
esportivização, seletiva e competitiva. E mais, preocupado com a iniciação competitiva
degradante e incoerente na primeira fase do ensino fundamental, deseja-se saber qual(is)
tendência(s) pedagógica(s) é(são) adotada(s) no ensino do esporte na primeira fase do ensino
fundamental.
17
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Histórico da Educação Física
A Educação Física como prática pedagógica surge das necessidades sociais concretas
que, são identificadas em diferentes momentos históricos e trazem assim diferentes
entendimentos do que se conhece nesta área (COLETIVO DE AUTORES, 1992).
A história da Educação Física no Brasil, assim como a da educação, em cada época,
liga-se à representação de diversos papéis determinados pelos interesses da classe dominante.
Assim, assume funções com diversas tendências: militarista, higienista, de biologização, que
ainda hoje permeiam sua prática (GONÇALVES apud SANTOS & MATOS, 2004).
No âmbito escolar, a educação física surge na Europa no final do século XVIII e início
do século XIX na forma cultural de jogos, ginástica e dança. Tempo este de formação dos
sistemas nacionais de ensino característico da sociedade burguesa da época. Nesse mesmo
período formava-se, e se consolidava uma nova sociedade com estrutura capitalista. A nova
sociedade tinha necessidade de construir um novo homem, com potencialidades mais
desenvolvidas, pois a miséria era para muitos enquanto a riqueza para poucos, e a força de
trabalho era a única fonte de riqueza que o pobre tinha para oferecer no mercado da nova
sociedade. Partindo deste pressuposto o exercício físico tinha um papel destacado para quem
queria ser mais forte, mais ágil e mais empreendedor. A prática de exercício físico tornou-se
sinônimo de saúde, pois presumiam que com a prática conseguiriam um corpo perfeitamente
saudável, e essa era uma exigência da sociedade. Inicia-se através das autoridades estatais a
necessidades dos cuidados físico dos corpos dos trabalhadores europeus do século XVIII onde
dentre os cuidados estava incluído, tomar banho, escovar dentes, lavar mãos, esses eram
fatores higiênicos. Pensava-se que tratando bem do corpo este seria fonte de vida e de ganhos,
18
necessários para uma sociedade capitalista em construção. Essa visão correspondia a uma
classe dominante da época o que regia as regras sociais, morais, políticas e intelectuais da
época (COLETIVO DE AUTORES, 1992).
No Século XVIII, surgiu a preocupação de alguns intelectuais de incluir a prática de
exercícios físicos no currículo escolar; o que contribui muito para a evolução deste
pensamento foi aparecimento das escolas de ginástica na Alemanha, já no século XIX. As
escolas alemãs formaram associações de ginástica com referencia a nível mundial. Esta
ginástica não se destinava a prática na escola, havendo então a necessidade de planejamento e
adaptações. Inicia o surgimento da sistematização a respeito dos exercícios físicos o qual foi
chamado de Métodos Ginásticos, os principais autores foram: sueco P.H Ling, o francês
Amoros e o alemão A Spiess, e os principais contribuintes para a obra foram os fisiologistas
G. Demeny, E. Marey e os médicos P. Tissé os professores de musica J. Dalcroze. Estes
autores foram responsáveis pela implantação da ginástica na escola, e esta passou a ser vista
como instrumento importante para o desenvolvimento físico, pois tinham o pensamento de
que com saúde física poderiam prosperar e contribuir no trabalho industrial e nos exercícios
em defesa da pátria, o que garantiu um espaço de respeito e consideração da área perante os
demais componentes curriculares. A Educação Física era então, fortalecida, pois tinha um
importante papel, o fortalecimento físico o que gerava mais saúde aos indivíduos. Outro
aspecto de fortalecimento da Educação Física no sistema educacional foi o aspecto
investigativo de pesquisa científica; os Métodos Ginásticos utilizados, composto de séries de
exercícios elaborados a partir de critérios de pesquisa, conferiu ainda mais o caráter científico
da Educação Física, o que contribuiu para sua consideração e respeito no sistema educacional
(COLETIVO DE AUTORES, 1992, p 52; DE OLIVEIRA et al, 1998).
Por volta do final do século XIX, surge a preocupação com a ordem social e o
progresso, e a formação e desenvolvimento de um sujeito forte e saudável. O que seria uma
importante contribuição para o desenvolvimento econômico do país. Os médicos higienistas
tinham como objetivo da ginástica e foco principal, a saúde individual e a busca da
disciplinarização dos hábitos da população, para que maus hábitos não prejudicassem a saúde
e a moral da sociedade (GALLARDO, 2000, p-16).
No desenvolvimento do conteúdo trabalhado na Educação Física, o médico higienista
exerceu um papel de grande importância. Esse profissional era visto como uma autoridade,
devido deter conhecimento científico e biológico. No entanto, a prática das aulas de Educação
Física nas escolas era promovida pelos militares, que impunham seus métodos rígidos e
disciplinares, baseados nos valores da instituição militar (COLETIVO DE AUTORES, 1992;
19
DE OLIVEIRA et al, 1998).
No Brasil por volta no século XX a Educação Física sofreu influencia dos Métodos de
Ginástica Militar. Não havia ainda o entendimento de uma prática pedagógica, pois o método
mecanicista era entendido apenas como prática corporal (GALLARDO, 2000).
No final da Segunda Guerra Mundial, surgiu uma nova concepção na instituição
escolar o Método Natural Austríaco o qual seu autor era Gaulhofer e Streicher e o Método da
Educação Física Desportiva Generalizada que trazia fortes influências dos esportes. Baseado
no pressuposto que o esporte é sinônimo de racionalidade, eficiência, e produtividade, estes,
seriam os gerenciadores da Educação Física escolar. Esse pressuposto firmou-se
mundialmente como fator de desenvolvimento corporal, principalmente nas escolas como
objeto ou conteúdo educativo o esporte. Entretanto, esses referenciais abordam a tendência
tecnicista que neutraliza o processo cientifico e reforça a mecanização dos gestos e expressões
do corpo na individualidade e na sociedade, como a divisão das aulas por sexo enfatizando
apenas a racionalização destes corpos (COLETIVO DE AUTORES, 1992).
2.2 As influencias e tendências da Educação Física e implicações para os conteúdos escolares
Ao final da década de 70 surgem os movimentos “renovadores”, na Educação Física,
entre os quais destaca-se a psicomotricidade, desenvolvimentista e construtivista com enfoque
psicológico e as tendências críticas (crítico-superadora e crítico-emancipatória), com enfoque
sociocultural. Além destas perspectivas, o modelo adotado nos Parâmetros Curriculares
Nacionais - área Educação Física e a proposta dos jogos cooperativos se constituem numa
proposta diferente das demais. Podemos incluir ainda uma nova perspectiva adotada por
muitos colegas da área, que é uma visão relacionada à saúde e aptidão física, porém, com uma
perspectiva renovada. Entretanto, é preciso salientar que o surgimento destas perspectivas do
ensino da Educação Física não significou nem significa hoje o total abandono de modelos
vinculados ao modelo esportivista, biológico, ou ainda, recreacionista, que podem ser
considerados os mais freqüentes na prática do educador físico. Os movimentos renovadores
da qual fazem parte de uma concepção humanista, caracterizam-se por ideais filosóficos a
respeito do ser humano, sua identidade, valores, fundamentado nos interesses dos homens.
Surgem como crítica a correntes oriundas da psicologia conhecidas como
comportamentalistas. Os defensores da teoria comportamentalista fundamentaram as teorias
de como o indivíduo aprende no esquema estímulo-resposta. Uma outra tendência que merece
20
respaldo é ligada ao movimento chamado de Esporte Para Todos (EPT) caracterizado como
alternativo ao esporte de rendimento, colocando a autonomia do homem no centro. O homem
é que faz o esporte, e assim ele decide onde, quando, por quanto tempo, com quem, sob quais
regras, com que objetivos e que condições realizará a pratica (COLETIVO DE AUTORES,
1992). Assim sendo, percebe-se como a partir de então vários movimentos renovadores
surgem como prática pedagógica de ensino da educação física, mas com características
diferentes.
2.2.1 Psicomotricidade
A psicomotricidade é o primeiro movimento mais articulado que surge a partir da
década de 70 em contraposição aos modelos anteriores. Aqui o desenvolvimento da Educação
Física é preocupado com o desenvolvimento integral da criança. Deste modo, preocupa-se
com o ato de aprender, com os processos cognitivos, afetivos e psicomotores do aluno
(SOARES, 1996). Fase esta que inaugura uma preocupação além dos aspectos motores,
corporais, passando a incluir e a valorizar o conhecimento de origem psicológica, onde o
autor que mais influenciou este pensamento foi o Francês Jean Le Bouch.
2.2.2 Construtivista
Dentro deste novo pensamento que assim como a psicomotricidade tem uma proposta
que envolve principalmente as crianças na faixa etária até os 10-11 anos, a perspectiva
construtivista tem como intenção a construção do conhecimento a partir da integração do
sujeito com o mundo, e para cada criança a construção deste conhecimento exige elaboração
ou atuação sobre o mundo. Nesta concepção a aquisição do saber é um processo construído
pelo indivíduo durante toda sua vida, sendo assim, não há estruturas prontas e acabadas, esta
aquisição de conhecimento se dá por processo de esquemas de assimilação e acomodação em
constante reorganização ou busca de equilíbrio. Sendo assim, o resgate da cultura de
movimento da criança é fato relevante, já que a mesma é especialista em brinquedo. Assim o
jogo/brincadeira é o principal modo de se ensinar, é um instrumento pedagógico
indispensável, pois enquanto joga ou brinca a criança aprende, de forma lúdica e prazerosa
(SOARES, 1996).
21
2.2.3 Desenvolvimentista
Proposta dirigida especificamente para crianças de quatro aos quatorze anos, e busca
nos processos de aprendizagem e desenvolvimento uma fundamentação para a Educação
Física escolar. Modelo explicitado no Brasil principalmente nos trabalhos de TANI (1987),
TANI et al (1988) e MANUEL (1994) é uma tentativa de caracterizar a progressão normal de
crescimento físico, do desenvolvimento fisiológico, motor, cognitivo e afetivo-social, na
aprendizagem motora e, em função destas características, sugerir aspectos ou elementos
relevantes para estruturação da Educação Física Escolar.
Os autores desta perspectiva defendem a idéia que o movimento é o principal meio e
fim da Educação Física, propugnando1 a especificidade do seu objeto. Em suma, na aula de
Educação Física deve-se privilegiar a aprendizagem do movimento, embora possa estar
ocorrendo outras aprendizagens em decorrência da prática das habilidades motoras, sendo esta
última, conceito importante, pois é através dela que os seres humanos se adaptam aos
problemas do cotidiano, resolvendo problemas motores. Sendo assim, os conteúdos devem ser
desenvolvidos de forma crescente dentro de uma complexidade (SOARES, 1996).
2.2.4 Jogos Cooperativos
Pautada na valorização da cooperação em detrimento da competição, Soares (1996)
afirma que é a estrutura social que determina se os membros de determinadas sociedades, irão
competir ou cooperar entre si. Este autor entende que há um condicionamento, na escola,
família, mídia, para se fazer acreditar que as pessoas não têm escolhas e tem que aceitar a
competição como opção natural, por este motivo, sugere os jogos cooperativos como uma
força transformadora que são divertidos e todos têm um sentimento de vitória.
Sendo assim, o ponto de vista desta perspectiva é o jogo, sua mensagem, suas
possibilidades de forma prazerosa, e oportunidade de comunicação, contribuir para a
construção de uma nova sociedade baseada na solidariedade e na justiça.
1 Defende, Sustenta, Combate para defender uma idéia, (BUENO, 1999 p-756.)
22
2.2.5 Saúde Renovada
Abordagem baseada dentro de uma nova perspectiva biológica, tendo como seus
precursores NAHAS (1997), GUEDES & GUEDES (1996), ressaltam que haja uma
redefinição do papel da Educação Física na escola, agora como meio de promoção da saúde,
ou a indicação para um estilo de vida ativo. Assim estes autores ressaltam a importância das
informações e conceitos relacionados à aptidão física e saúde. A adoção destas estratégias de
ensino contempla não apenas os aspectos práticos, mas também, a abordagem de conceitos e
princípios teóricos que proporcionem subsídios aos escolares, no sentido de tomarem decisões
quanto à adoção de hábitos saudáveis de atividades físicas ao longo de toda vida (SOARES,
1996).
2.2.6 Tendências críticas
De tendência marxista2, na tentativa de romper com o modelo hegemônico do esporte,
a abordagem crítica ou também progressista passa a questionar a partir da década de 80 o
caráter alienante da Educação Física na escola, propondo um modelo de superação das
contradições e injustiças sociais. Assim, uma Educação Física crítica estaria atrelada às
transformações sociais, econômicas e políticas tendo em vista a superação das desigualdades
sociais. Importante ressaltar que houve mais desdobramentos de abordagem crítica, como a
perspectiva crítica-superadora e crítica-emancipatória. A crítica-superadora acredita que
qualquer consideração sobre a pedagogia mais apropriada deve versar, não somente sobre
questões de como ensinar, mas também sobre como se adquirir estes conhecimentos,
valorizando a questão da contextualização dos fatos e do resgate histórico. Esta perspectiva
possibilita a compreensão do aluno, de que a produção da humanidade expressa uma
determinada fase e que houve mudanças ao longo do tempo. Os conteúdos então devem ser
selecionados ou propostos de acordo com sua relevância social, sua contemporaneidade e sua
adequação às características sócio-cognitivas dos alunos.
A crítica-emancipatória, com ensino voltado a libertação de falsas ilusões, de falsos
interesses e desejos, criados e construídos nos alunos pela visão de mundo adquirida a partir
do conhecimento. Desta forma o ensino deve ter uma concepção crítica, para que o aluno
possa chegar a compreender a estrutura autoritária dos processos institucionalizados da
2 relativo ao marxismo, que é o sistema das teorias filosóficas, econômicas e políticas de Kal Marx; comunismo (BUENO, 1999).
23
sociedade que formam as convicções, interesses e desejos e para que as mesmas estruturas
sejam suspensas e se possa ter emancipação (BRACHT, 1999).
2.2.7 Parâmetros Curriculares Nacionais
Organizado para subsidiar a elaboração ou a versão curricular dos estados e
municípios, dialogando com as propostas e experiências já existentes, incentivando a
discussão pedagógica interna às escolas e a elaboração de projetos educativos, assim como,
servir de material de reflexão para a prática de professores. Deste modo são eleitos três
aspectos para área de Educação Física para melhoria das qualidades das aulas: princípio da
inclusão, as dimensões dos conteúdos (atitudinais, conceituais e procedimentais) e os temas
transversais. Assim, a proposta destaca uma Educação Física na escola dirigida a todos os
alunos e destaca a importância da articulação entre o aprender a fazer, a saber, por que está
fazendo como relacionar-se neste fazer, explicitando as dimensões dos conteúdos, e propõe
um relacionamento das atividades da Educação Física com os grandes problemas da
sociedade brasileira, sem, no entanto, perder de vista o seu papel de integrar o cidadão na
esfera da cultura corporal (SOARES apud PERSPECTIVAS EM EDUCAÇÃO FÍSICA
ESCOLAR, 2001).
2.3 A Cultura Corporal e o Desenvolvimento das Habilidades na Educação Física
Durante o processo de maturação e desenvolvimento, o homem apropria-se de valores,
normas e costumes, e projetam estes em sua vida cotidiana, e na sociedade. Instalam seus
ideais e estruturam sua cultura através da linguagem e expressões corporais. A sociedade
possui um papel importante neste processo de aquisição cultural, pois os corpos manifestam-
se de maneiras diferenciadas, o que se torna necessário à compreensão dos valores e símbolos
que se expressa através do corpo (DAOLIO 1998).
Daolio (1998) enfatiza a importância da consideração do homem como um todo, sem
possibilidade de divisão de corpo e sociedade, pois as ações culturais deste refletem em sua
socialização, e é o que os caracteriza. Baseado neste pressuposto faz necessária a pesquisa e
discussão a respeito do referencial de corpo que os profissionais de educação física escolar
propõem através de suas aulas, principalmente do esporte escolar, que pode ser utilizado
como objeto educativo, com atribuições de valores formativos e culturais, apropriando-se de
24
conteúdos e métodos adequados, pois segundo Daolio (1998, p. 45), “o homem pode viver
sem a Educação Física, porém a suposição é que, se ele passar pelo processo formal, será mais
apto do que outro que não o fizer”.
Para Tani et. al. (1988), a Educação Física possui papel fundamental no
desenvolvimento do ser humano; pois o trabalho das habilidades básicas é relevante para o
desenvolvimento de outras peculiares que são culturalmente deliberadas e utilizadas nas
vivências sociais, não somente no desenvolvimento de aptidões. Por tanto a necessidade de
nas séries iniciais o trabalho da educação física, ser mais voltado para o desenvolvimento das
habilidades básicas que podem ser classificadas em locomotoras (andar, correr, saltar,
saltitar), manipulativas (arremessar, chutar, rebater, receber) e de estabilização (girar,
flexionar, realizar posições invertidas) estas devem ser trabalhadas em detrimento das
habilidades especificas (habilidades mais complexas, influenciadas culturalmente, como:
esporte, dança, jogo), sendo este realizado de forma graduado. Quando se pensa no
desenvolvimento de habilidades especificas, propõe-se logo a utilização das habilidades
desportivas, embora essas habilidades estejam inseridas em todas as atividades realizadas no
quotidiano. Alguns fatores devem ser observados durante a aprendizagem motora e o
principal é o entendimento do processo pelo qual essa aprendizagem ocorre. Onde este
processo está baseado nas experiências autênticas, não necessita de nenhuma forma de
instrução, mas sim, a configuração de situações que devem propiciar experiências de
movimentar-se em relação à intenção educativa.
Sabendo-se da relação existente entre desenvolvimento motor e cognitivo, Tani et. al.
(1988), faz uma relação de modelos de desenvolvimento cognitivo, que segundo ele, este é
um processo ativo, que capta , transforma, organiza, modifica e armazena informações ao
invés de apenas fazer associações de estímulos para a resposta. Segundo o autor a
aprendizagem implica no saber quando e como utilizar essas habilidades aprendidas, já que o
cognitivo e as habilidades motoras estão relacionados. Portanto é papel fundamental do
Educador Físico se apropriar de métodos eficazes que venham otimizar e auxiliar o alcance do
objetivo predeterminado.
O ser humano é sociável por natureza, sua evolução é fruto de sua relação social e pelo
processo de aprendizagem ou educação. Dessa forma podemos analisar um conceito de
educação, segundo visão critica.
25
Em sua forma mais simples podemos definir a educação como a forma ou o procedimento de ensinar, tendo como sinônimos: guiar, conduzir, levar, formar. É considerada também como o desenvolvimento de capacidades, atitudes e/ou formas de conduta e aquisição de conhecimentos como resultado do treino e/ou do ensino, sendo que seus conteúdos e procedimentos se agrupam numa ciência chamada de Pedagogia (GALHARDO, 2000 p.79).
Para Kunz (2001), a “Educação é assim entendida como um processo social que indica
uma consolidação cultural e histórica própria e pode existir tanto em instituições formais e
públicas como também em instituições informais e privadas”.
Shugunov & Pereira (1993), referenciam uma educação integral em que a escola é a
responsável pela promoção, estruturação e desenvolvimento do educando em todos os seus
aspectos, sociais, intelectuais, ideais de valores morais e interesses do mundo interior.
“A educação visa o desenvolvimento de todas as características do indivíduo,
considerando suas diferenças e fazendo relações do homem com a natureza, a
cultura e a sociedade, através da percepção de si como parte de um todo, ou de
uma sociedade que assume a consciência de ser responsável pelas transformações
do mundo em que vive” (NEIRA, 2003).
2.3.1 Estratégias metodológicas do ensino fundamental e médio
A educação básica é composta da educação infantil, ensino fundamental e ensino
médio, segundo a Lei Federal de Diretrizes e Bases nº 9394, de 1996 – Nova lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional. Esta Educação Básica tem por finalidade “desenvolver o
educando, assegurar-lhe a formação indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-
lhes meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores” (BRASIL, 1998 pg.41). Este
aborda os objetivos do ensino fundamental que são apontados para o desenvolvimento das
capacidades dos alunos a:
1. A compreensão de si como cidadão, com participação social e política, que pode exercer
sua cidadania, e ser solidário, cooperativo, e principalmente ter respeito ao próximo e a si
mesmo;
2. Ser critico diante de situações que lhe seja pertinente;
3. Desenvolver o sentimento de cidadão brasileiro, através do conhecimento das dimensões,
culturais, sociais e materiais do Brasil, valorizando o patrimônio sociocultural brasileiro
26
obtendo posicionamento contra qualquer diferença, racial, cultural, sexual ou de qual quer
ordem;
4. Entender-se como parte do meio em que vive, e com um papel de transformar, e contribuir
para a melhoria em seu ambiente;
5. Conhecer o próprio corpo, valorizar e adotar hábitos saudáveis, para uma qualidade de
vida;
6. Saber linguagens diferenciadas, como português, matemática, gráfica, plástica e corporal
como meio de expressão;
Portanto, as ações metodológicas no que diz respeito à educação física, buscam a
autonomia, cooperação, e participação social e afirmação de valores e princípios
democráticos (BRASIL, 2000).
Para Xavier apud Shugunov & Pereira (1993), existem fatores e características
próprias das crianças que influenciam o desenvolvimento de suas capacidades e atuação
como:
• Idade e sexo;
• O desenvolvimento cognitivo;
• O desenvolvimento motor;
• As diferenças individuais dentro do conjunto;
• A influencia das experiências físico-motoras e relacionais anteriores.
É necessário antes de iniciar um trabalho na área de Educação Física, saber seu
significado ou o seu entendimento, pois “A educação Física é uma disciplina que trata,
pedagogicamente na escola, do conhecimento de uma área denominada de cultura corporal”
(COLETIVO DE AUTORES, 1992).
A educação Física escolar objetiva, a formação através do relacionamento e
desenvolvimento dos domínios cognitivo afetivo – social, motor, fisiológico e biológico do
ser humano, desta forma Tani et. al. (1988), aborda a respeito da inter-relação existente entre
esse domínio o qual visa a formação global de um indivíduo, sendo o movimento relacionado
com desenvolvimento cognitivo integrado com a percepção, leitura de mundo e
processamento da informação.
A melhor maneira para se determinar os objetivos e suas finalidades educacionais
depende do quê se quer desenvolver nos alunos, “educar quer dizer formar cidadãos que não
estão divididos em compartimentos, em capacidades isoladas” (NEIRA, 2003 p. 38-39).
27
Os PCN’S (2000) abordam os aspectos que a Educação Física Escolar possui como
foco para desenvolvimento e formação do cidadão, sendo este entendido como participante
crítico e atuante de seus direitos e deveres sociais. Para se atingir tal objetivo, a escola e seus
atores educacionais necessitam atuar de forma consciente, utilizando estratégias de ensino que
facilitem essa participação discente efetiva.
Para Kunz, (2001, p.69) ao ensino do esporte deve ser considerado, pedagogicamente,
os objetivos da Educação Física com vistas a auxiliar o aluno na:
A - Compressão do fenômeno esportivo;
B – Analise e compreensão da evolução histórica do mesmo;
C – Proporcionar a vivência de diferentes formas e praticas variada, em diversos
papéis;
D – O entendimento do papel de quem assiste;
E – Compreender o mundo do esporte de mercado.
Para um ensino sistematizado e pedagógico, deve ser abordado o aspecto
metodológico para as atividades de educação física escolar. O fato do professor de educação
física ter que escolher o conteúdo (jogo, esporte, ginástica, dança etc.) da cultura corporal a
ser aplicado, é um problema metodológico básico; e quando se aponta este e os métodos para
sua assimilação, fica evidente então qual pensamento teórico se pretende desenvolver nos
alunos. Pode-se dizer então que o programa/ planejamento é o pilar da disciplina e que seus
principais elementos são: os conteúdos de ensino (conhecimento a tratar) tempo pedagógico
para assimilação destes conteúdos; e os procedimentos didáticos-metodológicos. Em se
tratando dos conteúdos, estes se encontram divididos em três blocos nos PCN’S (1998, p-46);
pode-se destacar: 1º - Esportes, jogos, lutas e ginasticas, 2º - Atividades rítmicas e expressivas
e o 3º - conhecimento sobre o corpo. Todos possuem relações uns com os outros, embora este
último esteja incluído nos outros dois blocos, estes possuem características e peculiaridades
diferenciadas (COLETIVO DE AUTORES, 1992; BRASIL, 2000). No entanto, identifica-se
a metodologia como elemento primordial para se efetivar o conhecimento.
Uma boa metodologia, respaldada por uma inovadora pedagogia, não é aquela que
demonstra um gesto para ser imitado, automatizado, mas é aquela que permiti ao
educando vivênciar um processo de ensino aprendizagem, na qual, por meio da
possibilidade de exploração, a criança constrói não a um gesto motor apenas, mas
uma conduta motora, fruto de sua competência interpretativa (DIMENSÕES
PEDAGOGICAS DO ESPORTE 2004 apud SCAGLIA, 1999, p.16).
28
De acordo com Daolio (1998) & Coletivo de Autores (1992), a cultura corporal da qual
o homem se apropria depende de sua intencionalidade para o lúdico, o artístico, o agonístico,
o estético e outros, os quais são representações, conceitos produzidos de maneira social a qual
este autor define como “significações objetivas”. Partindo deste entendimento percebe-se que
as significações não são eleitas pelo homem e sim pela esfera de comunicação social real na
qual o mesmo está inserido; o que nos remete a pensar que a maneira a qual os alunos
atribuem significações ao conteúdo da cultura corporal, nem sempre coincide com a do
docente. Em vista disso, os temas da cultura corporal, tratados na escola, “expressam um
sentido/significado onde se interpretam, dialeticamente, a intencionalidade/objetivos do
homem e as intenções/objetivos da sociedade” (COLETIVO DE AUTORES, 1992 p-62).
Desta forma os conteúdos selecionados, devem promover uma concepção de mundo, a
formação de interesses e a manifestação de possibilidades e aptidões para conhecer a natureza
e a sociedade. Para tanto o método deve apontar o incremento da atividade criadora e de um
sistema de relações sociais entre os homens.
Para Stramann (2003) a metodologia na perspectiva crítica-superadora implica um
processo que acentue a intenção prática do aluno dentro da sala de aula de apreender a
realidade. Por tanto, a aula deve ser um espaço organizado para possibilitar a direção desta
apreensão, do conhecimento específico da Educação Física e dos diversos aspectos das suas
práticas na realidade social.
Sendo assim a aula deve aproximar o aluno da percepção da totalidade das suas
atividades uma vez que lhe permite articular o fazer ao pensar e ao sentir. Para se efetivar
apreensão da realidade social, a aula pode ser dividida em três partes, o que não implica uma
descontinuidade da aula. Uma primeira, onde conteúdos e objetivos da unidade (aula) são
discutidos com os alunos, buscando-se melhores formas dos mesmos se organizarem para a
execução da aula; uma segunda, que toma o maior tempo disponível, que se refere à
apreensão do conhecimento; e a terceira ou final, onde se realiza conclusões, avalia-se o
realizado e levanta-se perspectivas para as aulas seguintes (DAOLIO,1998).
Ao levantar discussões sobre a metodologia a se aplicar para efetivar o ensino-
aprendizagem, Feltran et. al (2000), propõe em seu discurso uma reflexão a respeito das
representações didáticas, e considera este, um fenômeno complexo que necessita cautela para
que não se imprima no discente o tecnicismo, mas o desenvolva na sua diversidade e
particularidade. Para isso compõe uma diversidade de conceitos metódicos de técnicas
pedagógicas como: técnicas, metodologias, recursos, procedimento, estratégia, táticas,
instrumentos e atividades. Estabelece que as técnicas sejam de grande importância para o
29
processo de ensino aprendizagem, sem o descuido para não superiorizar a racionalização,
tendo em vista os meios estarem relacionados aos fins que se quer chegar, pois estas oferecem
oportunidades variadas de intermediações entre professor e aluno, sendo que esta possui o
professor como foco principal, em algumas das técnicas, já que o mesmo será um
intermediador entre técnica e aprendizagem.
Nos PCN’S (BRASIL, 2000), encontram-se explicito os principais procedimentos que
os professores do ensino fundamental necessitam para a condução das aulas de educação
física, sendo bastante enfatizado a importância de agregar atividades lúdicas e recreativas no
ensino dos esportes, envolvendo o caráter cultural, e até mesmo o próprio saber das crianças,
que já sabem brincar, e isto pode ser utilizado como instrumento também para uma
aprendizagem sistematizada. Aborda mais a respeito da intervenção do professor que deve ser
de forma problematizadora, sociável; em que os alunos tenham a oportunidade de criar
soluções e possibilite a conscientização e compreensão dos mesmos a respeito das regras. O
professor pode dar-lhes autonomia para reflexão para que assim eles possam utilizar saberes
na sua vida social.
O professor deve estar sempre atento com a modernização, as mudanças tecnológicas,
e as notícias, para que seja um bom dinamizador e inovador em sala de aula, para isso Feltran
et. al (2000), mostra-nos a importância para a diversificação das técnicas de ensino utilizada,
ou a implementação das já conhecidas. Um exemplo é uma das técnicas talvez mais
utilizadas, a aula expositiva; em que o autor propõe que seja realizada de forma que o aluno
esteja inserido na construção do conhecimento através de suas experiências, e através de
questionamentos, perguntas e indagações este seja redescoberto, relacionando o novo com o
já conhecido.
E para se efetivar uma aprendizagem crítica, o ensino do esporte não deve ser
conduzido diferente das outras disciplinas, pois o professor que ensina uma modalidade
esportiva deve ser tão bem preparado quanto outro que ensina matemática. Este ensino não
deve inserir estereótipos dos gestos específicos das modalidades, nem modelos competitivos
com objetivo de resultados imediatos, o condutor deve obter conhecimento teórico-didático e
metodológico, pois não basta saber jogar para saber ensinar, o professor deve estar consciente
de sua responsabilidade frente ao desenvolvimento de cidadãos, pois para formar cidadãos
necessita desenvolver sua criticidade, autonomia, sua liberdade de expressão e sua capacidade
de reflexão. Assim sendo, o aluno não será mais aquele que simplesmente se adapta ao
mundo, mas aquele que está inserido deixando sua marca na história (MEDEIROS, 2004).
30
Segundo Medeiros (2004), para uma proposta metodológica ao ensino do esporte, é
necessário entendermos os conceitos e as formas de se praticar esportes. Shugunov & Pereira
(1993), afirmam ser relevante ao ensino desportivo, que os processos didático-metodológicos
sejam inseridos de forma graduada dos elementos, sem especificidade de modalidade, mas de
vários, dentro de uma globalidade de ações, para que permita ao indivíduo um
desenvolvimento progressivo das estruturas mais especificas. Este ensino deve partir de
atividades gerais e estas evoluirão para os jogos pré-desportivos, o que propiciará o
aparecimento dos fundamentos e do jogo propriamente dito com suas regras e táticas.
Voser & Giusti (2002), dizem que o bom professor é aquele que busca constantemente
o melhor método e o mais adequado a seus alunos. Os métodos possuem suas
particularidades, possuindo vantagem e desvantagens, mas todos são possíveis de utilização.
O autor aborda alguns aspectos metodológicos que devem ser observados antes de se
iniciar um trabalho de iniciação esportiva na escola com crianças de 6 a 12 anos, durante o
processo de ensino aprendizagem:
1 – A criança nessa fase possui o corpo como referencial de percepção do outro e de
si, e este é utilizado como meio de linguagem expressões de sentimentos;
2 – Desenvolver os esquemas corporais;
3- Variedade de oportunidade de vivências motoras, e materiais diversificados;
4- Fazer interdisciplinaridade durante as aulas;
5- Valorizar o lúdico e o brincar que para eles são condições importantes;
6- Utilizar linguagem de fácil compreensão;
7- Motivar as crianças a participarem, e saber quando deve ser trocada a atividade;
8- Despertar o interesse do educando à pratica esportiva;
9- Manter um ambiente tranqüilo, deixando o aluno seguro e desinibido para a prática;
10- Observar aqueles que possuem dificuldades, elogiando-os a cada conquista, e
aqueles que possuem maior facilidade auxiliar nas aulas;
11- Estar atendo para a progressão das dificuldades, partindo do simples para o mais
complexo, e respeitar a individualidade de cada criança.
Segundo Xavier apud Shugunov & Pereira (1993), alguns dos métodos mais utilizados
pelos professores de Educação Física para o ensino do esporte são: o parcial, o global, e o
misto. Sendo que para utilização desses métodos é necessário estar atento para algumas
características como, a fase de desenvolvimento motor e cognitivo em que a criança se
encontra o processo de maturação e a idade biológica. Para a iniciação esportiva o método
31
mais recomendado é o misto, pois a aplicação deste não tem evidenciado desvantagens, segue
algumas das vantagens citadas pelo autor.
• Rápida orientação técnica dos educandos;
• Fácil correção dos defeitos de execução;
• Fácil motivação.
Para uma abordagem de movimento do esporte, pedagogicamente, Stramann (2003),
defende que o entendimento do movimento e sua utilização devem ser de caráter individual,
o aluno aprende, desenvolve e decide novas formas de fazer, esse pensamento é baseado em
uma concepção de que o homem deve ser atuante, participante, e responsável socialmente e
crítico nesta sociedade. O autor mostra em sua obra princípios pedagógicos de ensino. O
primeiro como a importância da consideração do homem e do mundo, deixando livre para o
processo de aprendizagem, o principio da totalidade, em que o aluno possui a oportunidade
de vivências do movimento em seu contexto total. A verbalização metafórica também é um
princípio importante, já que na fase de desenvolvimento da coordenação motora fina as
informações verbais não possuem sucesso, e a última é a configuração de diferentes
situações, que são direcionadas a percepções diferentes, onde o direcionamento da atenção
para parâmetros da execução corporal do movimento prejudica a evidência da percepção e
assim o processo de aprendizagem (STRAMANN, 2003, p.109-110).
2.4 O Esporte Escolar
A educação é um processo que ocorre dentro de um determinado contexto, e este deve
ser igualitário para todos, e de oportunidade para a aquisição do conhecimento. Portanto, o
ideal seria se a escola ampliasse sua oportunidade para a alegria, a qualidade de vida e
felicidade com objetivo de transformação social da realidade o qual se insere, já que o tempo
dedicado é prolongado e com certa obrigatoriedade o aluno tenha uma aquisição de
experiências para a vida, e contribua para a realização dos indivíduos. Mas esta tem apenas
inserido a cultura das regras, do bom comportamento moral.
Essa forma educacional na escola está caracterizada por um processo histórico de
hegemonia e prevalência do tecnicismo educacional. A instituição educacional não precisa
tornar-se diferente para valorizar o recreativo, a brincadeira, o lúdico e expressivo “corpo”
como linguagem social, mas é necessário sim, que esta seja um ambiente de
interdisciplinaridade o qual se inclui a educação física.
32
Quando se fala que todas as crianças devem estar inseridas no processo educativo,
faz-se uma idéia de que todas as escolas possuem qualidade de ensino, estruturação adequada
e contribuem na formação dos indivíduos; o que é algo fora da realidade. Durante todo o
processo histórico da educação física o professor configurou-se como um disciplinador, e
ainda nos dias atuais durante o ensino dos esportes, dentro das limitações de espaço físico e de
tempo, esta é a característica que permanece na condução esportiva educacional (SADI,
2004).
O esporte é um dos conteúdos a ser trabalhado nas aulas de educação física na escola,
para que possamos entender o contexto do esporte é necessário sabermos distinguir-mos a
amplitude seu significado e os diferenciados objetivos a que sua prática se destina. A
institucionalização do esporte trata apenas do favorecimento, do aumento do rendimento
através da otimização dos movimentos humano, em que todos os esforços estão focalizados
no “ganhar”, ou seja, chegar ao primeiro lugar (STRAMANN, 2003).
Para que haja o entendimento do esporte em uma dimensão, mais ampla, serão
abordados o esporte e suas divisões, sendo necessário explicitar que existe a constituição de
três ministérios próprios como (Educacional, de Desenvolvimento, Participação e Lazer, e de
Rendimento).
No esporte escolar ocorre o privilegio das crianças que conseguem destacar-se no seu
desenvolvimento, chamando atenção e super-valorização daqueles mais habilidosos, que são
influenciados a prática do esporte de rendimento de base, beneficiando a poucos. Mas
segundo proposta de Sadi (2004), os professores de Educação Física deveriam ensinar e
promover a todos, e que é de total importancia, a transformação didático–pedagógico no
ensino das técnicas. Sendo assim, é necessário, estar atento para que os alunos tenham acesso
ao conhecimento do esporte de mercado, já que o esporte é um fenômeno sócio-cultural, de
produção e de reprodução. O esporte escolar em contrapartida de sua negatividade existente
nas práticas docentes atuais, há pontos positivos como:
• O esporte pode contribuir para o desenvolvimento da sensibilidade e cooperação;
• Reforço à convivência e trabalho de grupo;
• Pode encaminhar as crianças para a satisfação e o prazer, aliados a técnica e disciplina;
• O esporte escolar pode ser mais democrático, e seu estudo baseado num ensino para todos. Segundo Barbanti et. al (2002), existe uma associação das pessoas entre esporte e
saúde, e uma visão de que à prática desportiva configura estilos de vida saudável. Portanto o
33
autor define como um sistema de comportamento corporal marcado por normas, regras e
convenções, sócio culturais.
Kunz (2001), aborda a respeito de esporte de rendimento, o qual considera um tipo de
esporte caracterizado pela sistematização do treinamento, com intuito de participar
periodicamente de competições. Para o ensino do esporte é necessário, conforme Medeiros (2004), se ter à construção
real do que diferencia o esporte de rendimento, e o esporte escolar. Este último se dá pelo
aprendizado através do movimento, e o primeiro se refere ao aprendizado do movimento
(tecnicismo). Desta forma, fica fácil perceber que a concepção do educador físico irá
influenciar positivamente ou negativamente o aprendizado de determinada modalidade
esportiva, pois a metodologia e a didática a serem aplicadas refletem na concepção
profissional tomada.
A aprendizagem pode conceber influencias e a única margem de ação que se oferece
aos educandos é a de receberem os depósitos, guardá-los e arquivá-los. Concepção esta que
vem sendo construída desde o início da formação profissional, e que acaba por ter influência
política da época. Sendo assim, o educador passa a ser capaz de determinar o resultado a ser
alcançado através do esporte; apesar das várias influências externas nas quais se pode citar: os
pais que querem ver o filho um campeão em determinada modalidade esportiva, a mídia com
suas imagens tele-espetáculo, os próprios esportistas profissionais através de seus
comportamentos. Estes elementos passam a ter tanta influência, que se faz necessário um
planejamento e uma administração adequada entre todos os elementos envolvidos (pais,
filhos, educador, e mídia). Desta forma devemos atentar no processo de ensino do esporte já
que temos vários elementos envolvidos para o funcionamento do trabalho do esporte com
intuito de formação como aborda o discurso de Medeiros (2004).
1. O educador vem em primeiro lugar (eixo central da pirâmide), pois sua concepção
determina o aprendizado;
2. Os pais devem tomar conhecimento do trabalho a ser desenvolvido com seus filhos na
prática esportiva (elemento de formação), para não cobrarem rendimento ou esperarem
deles que sejam grandes jogadores;
3. As crianças (sujeito de formação) devem ser tratadas como tal, e o educador e os pais
devem entender que o esporte é para eles um momento de prazer;
34
4. A mídia local deve ter conhecimento do tipo de trabalho a ser desenvolvido, para não
incentivar a competitividade, agressividade e a individualidade característica da prática
esportiva fora da escola.
5. Crítica e alternativas ao modelo de esporte desenvolvido na escola.
Sendo assim, o educador é o principal responsável para o sucesso do trabalho a ser
desenvolvido com as crianças, pois tudo dependerá de um bom planejamento e apoio de todos
aqueles envolvidos com este trabalho (MEDEIROS, 2004).
Figura 1-Pirâmcriada a partir d
2.4.1 O espor
As vari
infância, abord
hábitos da prá
cautela e obse
aceleração de s
a competição
vivenciam suce
pelos professor
o agravamento
MÍDIA
PROFESSOR
PAIS ALUNO
ide do desenvolvimento do esporte como elemento de formação na escola o discurso de Medeiros (2004).
te na infância
adas bibliografias a respeito da importância dos jogos e brincadeiras na
am inteiramente a respeito do desenvolvimento motor, e a idéia de formação de
tica de atividades física. Para um trabalho voltado a criança, é necessário
rvação das transformações sociais e culturais as quais estão em constante
uas funções. Para Kunz (2002), as brincadeiras e os jogos possuem em comum
e a concorrência os quais, podem trazer certos riscos. As crianças que
ssivas experiências de fracasso, e que muitas vezes passam despercebidas
es de educação física em função dos objetivos das aulas, podem contribuir para
de uma situação de frustração. A forma como a criança se vê e se reconhece na
35
imagem que o outro faz dela, torna-se importante para sua afirmação no grupo, para sentir-se
capaz de desempenhar atividades cada vez mais complexas.
Portanto, para o autor é necessário mais que ensinar os jogos, esportes e brincadeiras
nos padrões existentes, mas dar condições ao aluno a cada dia ter oportunidade de se auto-
conhecer e ter idéia de suas capacidades e possibilidades sabendo diferenciar e respeitar suas
habilidades e as do grupo o qual está inserido.
O esporte como elemento de desenvolvimento mental e social, faz com que as crianças
aprendam através do mesmo, que entre ela e o mundo existem “os outros”, que para a
convivência social precisa-se obedecer a determinadas regras, ter determinado
comportamento, aprendem a conviver com as conquistas e com as derrotas e o que é
importante, apreendem a vencer através do esforço pessoal, o que faz com que as crianças
desenvolvam sua independência e confiança e o sentido de responsabilidade (KUNZ org,
2002, MEDEIROS, 2004).
36
3 METODOLOGIA
A pesquisa ora proposta teve como abordagem a análise do conteúdo qualitativo dos
dados coletados, pautando-se na revisão bibliográfica para análise dos dados coletados e caso
das condições metodológicas do esporte como um dos conteúdos que compõem a cultura
corporal do ensino da educação física, centrando seu foco em escolas de Palmas - TO, que
permitiram, autorizaram e aceitaram a condução de uma entrevista com os professores de
Educação Física. Assim sendo, este estudo não pretende generalizar seus resultados fazendo
inferências às condições do mesmo para as demais regiões brasileiras, mas especificamente
verificar a relação entre as aulas práticas de educação física e a tendência pedagógica que o
professor explicita, em cinco escolas Municipais da região central na cidade de Palmas.
3.1 Amostra
A amostra desta pesquisa ora realizada foi não probabilística. Fizeram parte da
amostra desta pesquisa 10 professores de educação física concursados pelo município e que
trabalhavam na região central plano diretor sul desta capital.
As Escolas Municipais de Palmas-TO das quais os professores participaram da
pesquisa, estão localizadas na região central, plano diretor sul desta capital. Foram visitadas
cinco (5) escolas desta capital. Todas as escolas apresentavam uma quadra de areia onde suas
instalações tinham traves de meta para futebol de areia e postes para o voleibol de areia.
Havia também um pátio coberto entre os prédios das salas de aula, e os materiais destinados à
educação física se encontravam em condições precárias e insuficientes á prática, levando em
consideração que nos períodos de aula, havia dois profissionais de educação física nas escolas
exceto em uma escola que apenas um professor era responsável pelas aulas3.
3 As escolas Municipais do Município de Palmas_TO possuem em sua maioria características estruturais similares. Em relação às condições e quantidade de materiais destinados ás aulas de educação física, os professores responsáveis e que participaram da amostra relataram má condição, e insuficiência pelo número de alunos da escola.
37
3.2 Instrumentos
A coleta de dados consta de uma entrevista semi-estruturada, como roteiro prévio, mas
não necessariamente estanque em suas perguntas, o qual foi gravado em fita cassete,
registrando a fala dos professores de Educação Física. As perguntas relacionaram temas
voltados às questões educacionais e técnico/metodológicas do conteúdo esporte desenvolvido
nas atividades escolares. Posteriormente à gravação, procedeu-se a transcrição integral e fiel
da fala dos professores.
Encontram-se anexos os roteiros destinados à coleta de dados: entrevista semi-
estruturada (Anexo I).
3.3 Procedimentos para a coleta e análise dos dados
Para a utilização dos instrumentos de coleta de dados nesta pesquisa, foi estabelecido
contato prévio com a direção da escola, incluindo coordenação pedagógica e professores de
educação física, para apresentação e explicitação do tema de pesquisa a ser desenvolvido, bem
como obter dos mesmos a devida livre autorização e consentimento (Anexo II) para a
participação neste estudo.
Os dados coletados foram analisados de forma interpretativa do conteúdo, a partir da
gravação das falas dos professores com referencia ao problema de pesquisa, após registro da
mesma, e posterior transcrição integral e fiel da fala dos professores entrevistados.
Durante a entrevista, foram realizadas quatorze (14) perguntas inicialmente
estruturadas aos professores. Aos docentes foram estabelecidos códigos de identificação, para
resguardar a integridade de cada um dos participantes desta entrevista, além de facilitar o
entendimento da redação dada às falas individuais.
38
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Análise dos dados da entrevista semi-estruturada
4.1.1 Do registro do diploma Ao perguntar aos professores da primeira fase do ensino fundamental qual era o
registro do diploma de sua graduação os professores P1, P6 e P7 responderam que seus
diplomas estavam registrados como licenciatura plena4 e os demais professoresP2, P3, P4,
P5, P8, P9 e P10 responderam estar registrados como Licenciado. Estas respostas mostram
que todos estão regulares e habilitados quanto à prática do ensino formal da educação física.
Tabela 1- Registro do Diploma
Amostra Licenciatura plena Licenciado
N= 10 3 7
Porcentagem 30% 70%
participan
Esses resultados apontam para a formação especialmente escolar de 70% do grupo
te. Definimos formação especialmente escolar por considerar que o curso de
educação física com titulação licenciatura plena ou 30% da amostra, habilita à licenciatura e
4 Para efeito de entendimento da análise de dados desta pesquisa, as falas literalmente transcritas dos professores participantes da entrevista estarão aqui registradas em fonte itálica, não delimitadas entre aspas.
39
ao bacharelado, em contra partida a titulação de licenciado em educação física é uma
formação específica a livre docência da educação física no ensino formal5.
4.1.2 Quanto a discussão pedagógica na graduação Para conhecermos sobre a formação de cada docente, realizamos uma pergunta
referente à discussão pedagógica realizada em suas graduações, pois pensamos ser necessário,
a existência de uma reflexão constante entre teoria e prática pedagógica. Todos os professores
disseram que tiveram discussão forte e evidente em suas graduações. Desta forma o professor
P8 disse que era forte só que era um pouco fora da realidade escolar, muita utopia e pouca
prática. Já o professor P7 disse que sempre teve a questão da teoria e da prática, os
professores da.... da ESEFEGO eles nunca tinham essa dicotomia entre teoria e prática então
eles sempre conseguiam agrupar os dois. E o professor P6 que disse: não tão forte, mas tinha
sim uma evidência Nota-se com estas duas falas que apesar da teoria servir como base de um
entendimento para a prática educativa ainda assim problemas do tipo, teoria cultiva utopia em
relação à realidade prática, é fato nos cursos de educação física. Assim 100% dos professores
relatam em seus cursos de graduação, verdadeira discussão entre teoria e prática do ensino da
educação física.
4.1.3 Teoria como elemento norteador da prática
Ao realizar a pergunta se os professores tinham alguma(s) teoria(s) que norteia(am)
sua prática de ensino da educação física, apenas o professor P3 respondeu não. Os demais
relataram seguir alguma(s) teoria(s) como é o caso do professor P1 que disse é evidente em
minha formação a teoria tecnicista, prefiro utilizar um pouco da tecnicista e um pouco da
humanista. Assim como este, outros docentes disseram também utilizar a teoria tradicional
como é o caso do professor P4 que disse não tenho uma específica a gente vai da tradicional
até a progressista, e o professor P5 que pensa assim; não tenho uma específica a gente vai da
5Os Cursos de Educação Física orientados pela Resolução 03/87 (Bacharelado e/ou Licenciatura) tem duração mínima de 4 anos e máxima de 7 anos, com carga horária mínima de 2.880 horas. Essa legislação possibilitava o oferecimento da Licenciatura plena que habilitava para todos os mercados de trabalho inerentes à área, a saber: educação básica (educação infantil, ensino fundamental e médio), clubes, academias, clínicas, spa’s, acampamentos, hotéis, empresas e todo e qualquer segmento de mercado que abrisse espaço para atuação do Profissional de Educação Física. O licenciado habilitado para atuar na educação básica (educação infantil, ensino fundamental e médio).
40
tradicional até a progressista em vários momentos a gente adequa uma tendência a ser
utilizada. Estas informações nos mostram que o método tradicional de teoria tecnicista ainda
sobrevive em nosso dia-a dia; o surgimento de novas teorias não são definitivas e não
significam abandono de teorias e concepções de décadas passadas (COLETIVO DE
AUTORES, 1992). Assim também diz o professor P5 quando afirma: a tradicional, eu acho
que tem que ser a tradicional com todas junta. Entretanto, fica claro que estes docentes têm
conhecimento de outras teorias.
No entanto, professores como P1, P2, P6, P7, P8, P9 e P10 mostraram além de obter
conhecimento de novas teorias, utilizarem as mesmas como norteadoras à sua prática
educativa do ensino da educação física descartando concepções tradicionalistas. No caso do
P1 quando se refere a uma concepção humanista de educação física que está voltada ao
respeito ao ser humano, sua identidade e valores (COLETIVO DE AUTORES, 1992).
Como o professor P2 ao se referir que faço uma mistura das várias concepções na qual eu tive
conhecimento no curso de graduação, mas a qual eu mais me norteio é a da cultura corporal
de movimento. No entanto ao dizer: ela abrange além dos jogos, brincadeiras, ginástica, luta
ela abrange também o esporte; mostra ter uma teoria voltada a perspectivas diferentes do
ensino da educação física como é a proposta dos Parâmetros Curriculares Nacionais
(BRASIL, MEC, 2000); além da desenvolvimentista quando refere-se teoria da cultura
corporal de movimento. Os autores desta perspectiva defendem a idéia que o movimento é o
principal meio e fim da Educação Física (SOARES, 1996).
Os professores P6 e P8 voltam-se a teorias com enfoque sócio-cultural, como as
teorias críticas quando dizem: uma teoria que me ajuda muito é a crítico social dos
conteúdos(P6) e professor P8: eu uso a crítico superadora, historiação do esporte, e uso
também a crítico emancipatória em relação à transformação do esporte e a vivência do
esporte.
O professor P7 possui concepção construtivista e de psicomotricidade, pois disse:
(...)construção do movimento que está juntamente e que une a psicomotricidade de Le Bouch
como também de Vygotisky na área da zona proximal e na área de conhecimento do aluno. E
os professores P9 e P10 enfatizam uma concepção desenvolvimentista ao dizer: procuro
autores nessa que trabalham por faixa etária (P9). E o professor P10 diz: procuro trabalhar
com mais ênfase a teoria desenvolvimentista. Assim, 90% dos professores mostraram ter
conhecimento de outras teorias além de seguir uma(s) teoria(s) que nortea(am) sua prática do
ensino da educação física.
41
A tabela 2, mostra que são várias concepções conhecidas pelos professores
participantes desta pesquisa que os norteiam a pratica do ensino/aprendizagem nas aulas de
educação física.
Tabela 2- Concepção teórica pedagógica
PROFESSORES CONCEPÇÃO PEDAGÓGICA
P1 Tecnicista e Humanista
P2 Parâmetros Curriculares Nacionais
P3 Não tem nenhuma teoria norteadora
tivista e psicomotricidade
P10 Concepção Desenvolvimentista
P4 Tradicional á Progressista
P5 Tradicional á Progressista
P6 Teorias críticas
P7 Concepção constru
P8 Teorias críticas (superadora)
P9 Concepção Desenvolvimentista
Os da amente o conhecimento de várias
teorias por parte dos professores entrevistados. Contudo, uma análise que verifique a
profun ade
4.1.4 Principal ponto de sua teoria que motiva a adotá-la
dos apresentados mostram especific
did do domínio destas teorias por parte dos professores caberia com o
confrontamento da teoria citada pelo docente e sua atuação prática. Deste modo, estudos
voltados para o confronto direto entre teoria e prática pedagógica são de suma relevância para
o conhecimento de como o esporte e a educação física são desenvolvidos no meio escolar.
aram o motivo de adotar não
penas uma teoria norteadora, mas sim várias (mais de duas), para melhor atender às
Neste tópico tivemos professores que disseram e reforç
a
necessidades e situações de sua realidade educacional como é o caso do professores P4
conforme o conteúdo e a estrutura que a gente tem na escola o a falta de estrutura a gente
tem que adequar, e assim segue o mesmo raciocínio o professor P5 que disse preocupar-se
com o desenvolvimento da criança.
42
Os demais professores responderam: o professor P1 disse que (...) porque era
altamente técnico, então eu acho se eu conciliar o tecnicismo com o humanismo eu vou
concili
o, utilizado nas aulas
pra qu
ncando. Este
docent
4.1.5 A teoria adotada aplicada ao ensino do esporte escolar
ar uma teoria melhor. O professor P2 conclui que (...)ela abrange uma gama maior de
possibilidades de educação através do movimento, referindo-se à cultura corporal de
movimento que é um segmento mais de concepção adotada nos PCN’s.
O professor P6 diz ser pelo próprio nome a.... a.... a.... critica social dos conteúdos
essa, agente esta sempre fazendo uma crítica do que esta sendo aplicad
e a gente possa fazer uma adequação á realidade do aluno; e também o professor P8
segue as teorias com enfoque crítico-sociais, e reafirma acredito que essas teorias dão
condições do aluno vivenciar o esporte como elemento de cunho social. E o professor P7 que
disse o ato de trazer a autonomia do aluno, ele ser a... responsável e o criador de sua própria
atitude ponto discutido na teoria construtivista que tem como intenção a construção do
conhecimento a partir da integração do sujeito com o mundo (SOARES, 1996).
O professor P9 que disse pelo fato de (...)separa cada faixa etária eu adoto um estilo
para trabalhar com elas e devido a necessidade que a criança aprende bri
e ao dizer que separa por faixa etária reforça sua intenção à teoria desenvolvimentista.
Já o professor P10 que no tópico anterior disse (...)mais procuro trabalhar com mais ênfase a
teoria desenvolvimentista(...). ao dizer questão de desenvolver o cognitivo, o motor das
crianças(...)mostra-se preocupado com o desenvolvimento integral da criança características
da teoria da psicomotricidade.
Neste tópico consideramos a importância da aplicação do esporte como conteúdo da
oupagem equilibrada em que fica enfatizado os pontos positivos do
esporte
cultura corporal de movimento, que passa ser algo relevante no ensino da educação física.
Deste modo, os professores falaram um pouco de suas idéias em relação ao ensino do esporte
escolar, e todos (100%) disseram que suas teorias podem ser aplicadas ao esporte escolar nas
aulas de educação física.
Caso relevante tratado pelo professor P2 que disse (...) o esporte dentro do ambiente
escolar é dado a ele uma r
, ou seja, o ato de você se comprometer, o jogar com o outro a relação é social que
esse esporte coletivo ou individual permite e principalmente você trabalhar a questão do
adversário que ao mesmo tempo já é seu colega de sala e volta a ser seu adversário eu acho
43
isso fundamental e também você trabalhar com questão social claro subjetiva também a
questão da vitória e da derrota o esporte, como ele é disputado ele enfatiza isso, mas a vida
também nós temos esse quesito a todo momento nos termos esse esse...... , essa... esse
confronto. Deixa clara sua idéia de formação educativa do esporte nas aulas de educação
física. No entanto, o professor P7 nos mostrou certa confusão ao tratar o esporte escolar nas
aulas de educação física como treinamento ao dizer (...) quando você vê o esporte como forma
treinamento e principalmente de alto rendimento a criança e o adolescente normalmente é
nessa faixa etária que se utiliza o treinamento mais pesado ele tem que ter consciência tanto
do seu da sua importância na atividade quanto do seu bem-estar físico, alimentar, é é
psíquico dentro dessa modalidade esportiva.
4.1.6 Percepção da diferença entre esporte nas aulas de educação física e no treinos de equipes esportivas da escola
sporte durante as aulas de educação física e durante os treinamentos, mas isso porque em
mbos
ar, com quem, onde) quando se
refere d
Neste tópico apenas o professor P4 respondeu que não percebe diferença no ensino do
e
a ele disse ter o mesmo objetivo: Não! O direcionamento é mesmo ele é educacional,
principalmente porque aqui é de primeira a quarta série ou melhor do segundo ao quinto
ano, então nós trabalhamos assim.; que o aluno saiba utilizar na vida dele no momento de
lazer, então a gente não ta priorizando a formação de atleta por isso é o mesmo objetivo da
educação física. Os demais professores apontaram para uma diferenciação bem objetiva.
Como o professor P1 que disse (...) há diferença sim! A educação física escolar você trabalha
o lúdico e no treinamento você trabalha mais as habilidades.
Já o professor P2 levantou o questionamento de tratar o esporte na educação física
como jogo (lúdico e não estanque nas regras e na forma de jog
a seguinte forma: (...)na aula de educação física eu trabalho o jogo, eu nem falo que é
o esporte se a bola é jogada com a mão se eu trabalho enquanto jogo porque o seguinte se eu
estou jogando com os pés com a bola não é futebol é jogo com os pé, tem o golzim é dois
contra dois é três contra três a regra é discutida ali as vezes é no gramado as vezes é no
cimento as vezes é no asfalto as vezes é na quadra; se eu estou jogando com as mãos não é
handebol nem basquete. A bola é de papel, o número de atletas é reduzido à demarcação da
área é outra o número de atletas é reduzido a regra é discutida é na verdade um jogo
situacional que pode levar aqueles que quiserem a trabalhar dentro da modalidade em um
44
período extra turno, o futsal, o handebol, o vôlei entendeu, mas o esporte dentro da aula de
educação física é tratado enquanto jogo.Observa-se aqui mais uma vez o caráter educativo do
esporte nas aulas de educação física deste professor.
O docente P3 disse que (...)na educação física nas aulas o esporte é visto apenas como
noções, noções de esporte não é aquela parte de preparação física como nos treinamento;
seguind
é diferenciado. O
profess
inclusive nas aulas de educação física eu quero os alunos vivenciem
o espor
tá com aquele rotulo que é só esporte né, então eu procuro deixar bem claro
para as
o o mesmo raciocínio temos o professor P7 que disse a aula de educação física é
aquela aula que a gente coloca para a criança todo o desenvolvimento eu não posso
desenvolver um esporte como, por exemplo, o futebol que é muito difundido em nossa cultura
mas também eu tenho que dar subsídios básicos para que toda criança desenvolva qualquer
habilidade esportiva. Dentro dessa situação temos o treinamento que é uma parte específica
prum determinado esporte, ou seja, se na minha aula de educação física eu não dou base
para uma criança aprenda o basquete como eu vou querer que no treinamento ela tenha
habilidade para o basquete então eu não posso restringir dentro da minha aula de educação
física o ato de um esporte somente ele tem que pegar no âmbito geral para que fora dali ele
possa fazer o que ele quiser. Este professor que mostrou agora ter clara a diferença entre
esporte nas aulas de educação física e treinamento, contradiz sua resposta anterior ao dizer
que (...) quando você vê o esporte como forma treinamento(...) esse fato nos deixa certa
preocupação em relação ao ensino do esporte nas aulas de educação física.
O professor P5 diz que (...)nas aulas de educação física escolar o esporte é para todos
e já no treinamento é o esporte....seletivo e até mesmo o planejamento
or P6 disse: a educação física tem o papel fundamental é de formar o cidadão e o
esporte a gente trabalha de forma diferente é buscando valorizar os talentos aqueles que têm
habilidade dentro do esporte pra que possam ser incentivados e possam até ser levados aos
centros de treinamento.
O professor P8 têm o esporte dentro das aulas de educação física como vivência
motora pois, ao dizer (...)
te e não que eles aprendam corretamente o fundamento que é o que a gente cobra nos
treinamentos.
O professor P9 mostrou também certa confusão ao dizer percebo sim, a educação
física ainda es
crianças meus alunos que não só o esporte, procuro negocia com elas se elas fazerem
direitinho a aula as atividades pré-desportivas eu deixo um pouco de esporte. Parece que o
esporte só pode ser trabalhado como treinamento.
45
O professor P10 mostrou claramente diferenciar o esporte da escola de esporte na
escola quando disse na educação física escolar a gente procura trabalhar a crianças de
forma
equipes esportivas na escola de equipes esportivas na
globalizada não aspecto motor de rendimento mas também o aspecto cognitivo e de
relacionamento, e já no treinamento esportivo a gente procura trabalhar a performance
esportiva e suas valências físicas e tudo mais...o que reforçou preocupar-se em dar ênfase na
teoria da psicomotricidade, e não na desenvolvimentista como diz anteriormente.
Tabela 3- Diferenciação entre esporte nas aulas de educação física e nas aulas de treinamento.
Amostra
n=10 Esporte nas aulas de educação
física é igual aos treinos de Esporte nas aulas de educação física é diferente dos treinos
escola N 1 9
Porcentual 10%
Em suma, como percebe-se na tabela 3, foram 90% dos professores que disseram
perceber diferença do ensino do esporte durante as aulas de educação fí entos
de equipes esportivas. No entanto, vale ressaltar que a o professor P7 mo u contradição em
suas palavras, quando realmente perceber diferenciação do ensino do esporte nas aulas de
ducaçã
90%
sica e os treinam
stro
e o física e dos treinamentos das equipes esportivas.
4.1.7 Objetivo do ensino do esporte nas aulas de educação física
Aqui se tem mais um questionamento em relação teoria e prática de ensino. Ao
perguntar qual o objetivo no ensino do esporte nas aulas de educação física o professor P1
respondeu: Você pode descobrir um novo talento na área do esporte. Um dos objetivos eu
bito geral, pois o esporte pode e deve ter relevância na formação
acho que seja isso. Não está claro ainda a diferença entre esporte na educação física e esporte
dos treinamentos, isso no âm
do indivíduo em qualquer lugar (DAOLI, 1998). O professor P1 contradiz sua teoria
humanista unida ao tecnicismo quando tem objetivo de descobrir novos talentos nas aulas de
educação física. Pois, ao se objetivar novos talentos a seleção de aptos e não aptos,
habilidosos e não habilidosos, além da divisão entre os sexos ser inerente ao processo de
ensino tecnicista e esportivista da educação física. Formação esta que o mesmo diz ter
conscientemente. Surge a partir desta abordagem, mais um questionamento quanto à
46
graduação em licenciatura plena, no que tange a diferenciação e a clareza dos atos
pedagógicos do professor.
O professor P2 mostrou-se inconsistência teórico-prática quanto ao objetivo ao relatar
que a educação física a gente ta trabalhando basicamente a motricidade quando a gente
trabalha dentro da concepção da cultura corporal de movimento a gente não trabalha só
físico claro não tem como você dissociar o físico do psicológico é é besteira pensar assim,
quando
lizar os
conteú
nto com todas as outras. O professor P6 diz
que ob
você esta desenvolvendo uma atividade mesmo que ela tenha um pré-requisito
esportivo, você esta trabalhando a socialização você ta trabalhando o respeito com o colega
você ta trabalhando o sentido de equipe o sentido de jogar com o outro certo você ta
trabalhando o respeito com o sexo porque você não separa o menino de menina ta joga junto,
você separa os maiores dos menores é até questão de está prevenindo certos acidentes,
porque os maiores são mais fortes são mais ágeis então né são mais atirados então mais
importante é você trabalhar o sentido do jogo e toda a relação objetiva e subjetiva que
envolve há há há o desenvolver desse jogo e que logicamente tem que ter uma finalidade
educativa. Esse pressuposto nos deixa a compreensão que o docente mostra direcionar sua
prática basicamente a motricidade. Característica teórica desenvolvimentista com ênfase no
aprendizado pelo movimento (SOARES, 1996) o que reforça seus dizeres anteriores.
O professor P3 disse não ter uma teoria que ele siga. Limita-se a dizer que o objetivo
da educação física escolar é o conhecimento. Já o docente P4 disse ser a formação do
indivíduo, pra que ele seja um cidadão que na hora de ele escolher a hora de lazer que ele
tenha conhecimento o que ele vai fazer o que ele considera é.... adequado, como uti
dos que foram passados na escola na vida dele diária. O que mostra tendência à
concepção de saúde renovada, pois, ela destaca a importância dos alunos tomarem decisões
quanto à adoção de hábitos saudáveis de atividades físicas ao longo de toda vida (SOARES,
1996). Dizeres que reforçam questões anteriores.
O professor P5 disse que o ensino do esporte na educação física tem por objetivo que a
criança consiga encontrar o seu equilíbrio, nós não visamos o esportista mas sim um .. são
formadores de indivíduo. O relato retrata características marcantes dos PCN’s apesar do
docente haver dito utilizar da teoria tradicional ju
jetivo do esporte na educação física (...) é fazer com que o aluno se desenvolva se
deslanche e fazer com que ele se sinta integrado na vida social através do esporte; o que
reforça sua teoria crítica-social.
47
O docente P7 mostra-se mais uma vez inconsistência teórica quanto a diferença
esporte nas aulas de educação física e esporte nas aulas de treinamento quando diz (...)então
incentivar o treinamento em excesso é incentivar o egoísmo, o individualismo, e outras
grande
s alunos de
outras
tras em
posse d
s coisas que atrapalham ela viver em sociedade então muitas vezes nós temos que
trazer a parte boa do esporte que a parte do companheirismo a parte da ajuda, a parte de
não ser eu é nós é nossa equipe é nosso time e o ato de não discriminar o time oposto, porque
quando a gente discriminar o time oposto a gente começa a rivalidade entre gangues, coisa
que é muito difundido na televisão e nós devemos ajudar a controla. Esta abordagem mostra-
nos a confusão que este professor faz entre esporte ser treinamento, e não elemento ou
conteúdo da disciplina de educação física. Aponta possível rejeição quanto à aceitação deste
como conteúdo curricular nas aulas de educação física já que aponta inúmeros fatores
negativos do esporte, conforme expõe Brasil (2000) e Coletivo de Autores (1992).
O professor P8 diz ter os seguintes objetivos: ampliar a vivencia e o acervo motor dos
alunos, diferentes culturas, socialização, tudo isso. O professor P9 disse: o esporte dentro das
aulas de educação física é muito bom porque traz socialização, integração entre o
turmas e da mesma escola e de outras escolas então isso é muito importante.
O docente P10 diz que os objetivos maiores que a gente procura atingir é o
relacionamento porque trabalhamos com crianças da rede municipal crianças carentes e tem
dificuldade em casa com familiares, com pai, com a mãe, umas são de abrigos ou
o conselho tutelar então procuramos trabalhar mais o lado trabalho coletivo. Dando
relevância à necessidade social das crianças assume característica humanista.
4.1.8 Objetivo do esporte no treinamento de equipes
Os treinos na rede municipal de ensino têm por finalidade trazer as crianças à prática
erenciadas, mas nunca com caráter
xcludente, e sim para que tenhamos mais crianças e jovens participando de atividades em
ocê já ta predispondo é
esportiva em outro período, e para realizarem atividades dif
e
período contra-turno. Hoje esses “treinos” são acompanhados pelo Projeto Salas Integradas
do município e o objetivo é ter maior número de alunos participando.
Porém as respostas ora coletadas mostram caráter excludente por maior parte dos
professores como é o caso do professor P1 que assim trata: na equipe esportiva no
treinamento você já pega uma criança que já tem habilidade então v
48
... que esses já sejam atletas pela sua habilidade; este reforça mais a influência de sua
formação tecnicista na sua prática.
Isso também acontece com o professor P2 ao dizer que eu eu particularmente trabalho
com a modalidade handebol certo é no período extra turno só vai quem quiser mas esses
crianças eu trabalho o treinamento específico para disputar competições entre doze e
quator
lubes, P7 então muitas as (...)competividades ,os jogos fora o
incenti
ue ele possa utilizar os conceitos
trabalh
ze anos então lá a gente tem que ensinar a regra a regra do jogo porque você tem que
competir se você não sabe a regra você não joga você penalizado por isso, então tem que
aprender a regra, tem que aprender o gesto técnico, tem que aprender a jogar e a tudo que o
esporte exige, não é obrigado mas se você se o aluno se predispões a participar do
treinamento em qualquer outro comprometimento que ele tem se ele se pré- dispôs a
participar ele tem que se compromete(...). Mais uma vez a incidência do o problema da
seletividade crítica na escola. O mesmo acontece com o professor P3 a equipe desportiva se
prepara para o campeonato para a disputa, não é apenas um conhecimento, é uma técnica
maior. Este apesar de dizer não ter nenhuma teoria que norteia sua prática de ensino, enfatiza
suas tendências ao tecnicismo.
E assim temos o professor P5 objetivo é ganhar é a vitória, P6 é você fazer uma
verificação de talentos, e através destes talentos orienta-los e encaminha-los a um centro de
treinamento ou até mesmo aos c
vo(...);o professor P8 é o aprendizado do fundamento em si do esporte, mas
propriamente dito para a competição; o docente P9 toda equipe quando esta treinando tem
um objetivo então não adiante você treinar uma equipe se não colocar ela em competição(...)
e o professor P10 no treinamento esportivo nós procuramos só performance mesmo e atingir
a máxima o máximo do atleta em performance esportiva.
Estas palavras nos fazem refletir sobre a prática educativa do professor em período
contra-turno, que reforça o caráter competitivo e excludente no esporte. Em contra partida o
professor P4 diz o objetivo é, não é formar equipe é q
ados no esporte na vida dele. Ele acontece em período extra do período de aula, só
que a gente não ta visando formação do atleta, nas competições a gente ta querendo até deixa
claro pros alunos, que são os alunos que que se adequarem que cooperarem, que souberem
respeitar o outro, a gente até deixa nítido para eles que pode ser até o melhor aluno o mais
habilidoso, se ele não souber outros conceitos de cooperação, de respeito de seguir as regras
a gente acaba também coloca isso como principal né, então eu acho que a formação do
cidadão. Estes dizeres nos mostram o caráter educativo que a escola deve ter em tempo
49
integral e acaba por reforçar uma concepção teórica de saúde renovada, pois há preocupação
com a utilização do esporte na vida diária além das características de concepções teóricas do
PCN’s que destacam os temas transversais.
Tabela 4-Relação entre objetivo do esporte nas aulas de educação física e esporte nos treinamentos
Amostra Objetivo do esporte nas aulas de
treinamentos
Objetivo do esporte nas aulas de
do
esporte nos treinamentos
n=10 educação física igual ao esporte nos educação física diferente ao ensino
n 1 9
Porcentual 10% 90%
Sendo assim, como po na tabela 4, apenas um caso o
professor P4 é o único docente entrevistado que vê o esporte como acional
tamb nos treinos de equipes esportivas. Então 90% dos professores têm o esporte durante
ortiv ráter excludente, seletivo, técnico petitivo.
4.1.9 A
de–se verificar professor no
elemento educ
ém
os treinos de equipes esp as o ca e com
teoria adota está voltada ao esporte nas aulas de educação física ou aos treinos
A partir deste tópico fica mais clara a tendência pedagógica e prática de ensino do
esporte na educação física.
No caso do professor P1 disse: esta teoria pedagógica sim, no sentido na área de
uno
e sim trazer ele para seu treinamento. Sinal que está havendo certa confusão com o
física, pois, este docente fala que se você na aula de
treinamen
para observar os alunos para serem enca
educação física. Mas se você na aula de educação física escolar você observar seu al
você pod
ensino do esporte nas aulas de educação
educação física escolar você observar seu aluno você pode sim trazer ele para seu
to. O que caracteriza que o ensino do esporte nas aulas de educação física serve
minhados aos treinamentos. Este fato deixa
preocupação em relação ao ensino do esporte nas aulas de educação física, pois, parece que
esta aula é utilizada para selecionar os melhores alunos em detrimento dos piores. O que
reforça a tendência de uma prática tecnicista, mecânica e selecionadora dos melhores em
relação aos piores alunos.
50
O docente P2 disse que sua teoria está voltada para as aulas de educação física cem
por cento, cem por cento. Mas fica uma indagação porque não pode ser para as aulas e para os
treinos? E assim responderam os demais professores como sendo especificamente para aulas
de educação física, como é o caso do professor P5, P6, P8, P9, P10; exceto o professor P4 que
disse: Para ambos, pela formação do indivíduo. Dado importante pela sua visão educadora
tanto nas aulas esportivas nas aulas de educação física quanto nos treinos esportivos. E
também o professor P7 que disse nem um nem outro, a prática que eu utilizo dentro da aula
de educação física é para o desenvolvimento global, tanto físico, esportivo, quanto sociedade
é para o esporte global é para a autonomia do ser humano. Esta resposta reforça sua
tendência á psicomotora, mas contradiz questões anteriores, pois ele mostra certa confusão e
desagrado com o ensino do esporte refere-se ao esporte também nas aulas de educação física
como treino quando diz (...)incentivar o treinamento em excesso é incentivar o egoísmo, o
individualismo, e outras grandes coisas que atrapalham ela viver em sociedade então muitas
vezes nós temos que trazer a parte boa do esporte que a parte do companheirismo a parte da
ajuda, a parte de não ser eu é nós é nossa equipe é nosso time e o ato de não discriminar o
time oposto(...).Aqui este professor mostra que sua teoria pode ser adotada nas duas questões
a pesar de se referir de forma diferente.
Tabela 5- Quanto á Teoria adotada voltada ao esporte durante as aulas de educação física ou para os treinos
TEORIA PEAGÓGICA ADOTADA
Especificamente ao ensino
do esporte nas aulas de
Especificamente ao
ensino do esporte
Para
ambos
Nem um
nem
educação física durante os treinos outro
Porcentagem 80% 0% 10% 10%
Amostra
n=10
8 0 1 1
Em suma, como podemos verificar na tabela 5, for os entrevistados dizem
que sua teoria está voltada ao en porte nas aulas de educação física, 10 % disse para
ambos devido a seu caráter fo penas 10% diz algo sobre a formação do aluno
através do esporte o que tem rela deveria ter relação direta com as aulas de educação
física.
am 80% d
sino do es
rmativo e a
ção ou
51
4.1.10 A teoria adotada tem ajudado a atingir os objetivos do esporte nas aulas de educação física
Este tópico mostrou unanimidade por parte dos professores. Sendo relevante algumas
respostas como do Professor P5 que disse sim, porque a gente trabalha só com pré-
desportivas não trabalha com esporte porque a gente trabalha com crianças de primeira a
quarta séries. Então quer dizer que as atividades pré-desportivas não têm relação com o
reparam para ele. Segundo Tani et. al. (1988), nas séries iniciais o trabalho da
educação física, deve estar m voltado para o desenvol ento das habilidades básicas que
podem ser classificadas em locomotoras (andar, correr, saltar, saltitar), manipulativas
(arremessar, chutar, rebater, receber) e de estabilização (girar, flexionar, realizar posições
vertidas) estas devem ser trabalhadas em detrimento das habilidades especificas
(habilid
os similares e assim possuem semelhanças. E o professor P9 que disse: tem sim, eu
procuro está sempre mudando de teoria eu procuro está sempre usando novas técnicas e
.
ste docente mostra sua preocupação com o aluno como participante de seu aprendizado,
esporte e nem p
ais vim
in
ades mais complexas, influenciadas culturalmente, como: esporte dança, jogo), sendo
este realizado de forma graduado. Quando se pensa no desenvolvimento de habilidades
especificas, propõe-se logo a utilização das habilidades desportivas que são nada mais do que
uma combinação de habilidades básicas. Então, apesar de serem coisas diferentes tratam de
conteúd
metodologias para estar atingindo meus objetivos e não só meus, mais (mas)6 dos alunos
E
característica de uma tendência crítica, e construtivista. Apesar de este ter como base a
concepção desenvolvimentista.
Com pode-se verificar 100% dos professores entrevistados disseram ter sim alcançado
seus objetivos com o ensino do esporte nas aulas de educação física.
4.1.11 Fatores dificultadores da aplicação da teoria na prática diária do esporte durante as aulas de educação física
Neste item tivemos dados que foram bem destacados por alguns professores e
de semelhança entre os mesmos. Caso este, dos professores P4, P8, P9 e P10 que disseram ser
a falta de material e estrutura os fatores que podem impedir definitivamente a aplicação de sua
teoria na prática do ensino do esporte durante as aulas de educação física. O professor P4
6 Complemento utilizado para maior compreensão da fala do professor.
52
disse: (...) a falta de estrutura, de material então isso muitas vezes acaba é.... não sei se a
palavra é impedindo, mas limitando a nossa atuação às vezes a gente deslumbra, por
exemplo, que todos estejam participando ao mesmo momento, fazendo uma atividade você
imagina aquilo pra sua atividade e depois você vê que você tem uma bola, que você ta no sol
então que o aluno vai ter que fazer individualmente, que você vai ter que estruturar
novamente então você vê que a gente fica muito limitado, nessa situação de falta de material
alta de estrutura física a
lta de material que há na maioria das escolas ainda existe uma falta de compreensão do
valor da educação física dentro da escola. O que deixa ainda mais comprometida nossa
eixa uma preocupação quanto à relevância da educação física no ambiente educacional
sendo a sim s
ocantins tem essa dificuldade não sei se só no estado mais no
país, p
tendo um clima praticamente de seis meses de sol e seis meses de chuva e ventanias o risco de
adequado e espaço adequado.
Com o professor P8 acontece o mesmo quando diz: além da f
fa
prática. Ao relatar a falta de compreensão do valor da educação física dentro da escola,
d
s e há pensamentos deste tipo no meio escolar que tipo de intelectuais tem neste
meio, pois, segundo Daolio (1998, p. 45), “o homem pode viver sem a Educação Física,
porém a suposição é que, se ele passar pelo processo formal, será mais apto do que outro que
não o fizer”. Para Tani et. al. (1988), a Educação Física possui papel fundamental no
desenvolvimento do ser humano; pois o trabalho das habilidades básicas é relevante para o
desenvolvimento de outras peculiares que são culturalmente deliberadas e utilizadas nas
vivências sociais, não somente no desenvolvimento de aptidões.
O professor P9 disse: o principal que possa impedir a minha prática é a falta de
materiais a falta de recursos, dando ênfase à falta de material. E o professor P10 que se
encontra neste raciocínio disse: (...)seria a falta de espaço físico de material hahahaha... as
escolas públicas do estado do T
recisamos fazer algo, buscar algo para que possa melhorar; realizar projetos para
obtermos mais recursos pois a falta destes é um prejuízo para as aulas de educação física.
Fato relevante, já que com a participação da sociedade através de políticas públicas podemos
envolver toda comunidade escolar, em busca de um ensino de qualidade. Sendo assim, 40%
dos entrevistados dividem a mesma opinião: a falta de material e estrutura são fatores que
podem impedir definitivamente a prática do ensino do esporte nas aulas de educação física.
Já os demais professores fazem um discurso diferenciado como é o caso do professor
P1que disse: aqui no nosso caso, no estado do Tocantins é o nosso clima que é uma das
coisas que impede da gente trabalhar melhor(...). Estas palavras devem ser ouvidas já que
53
tanto professores quanto alunos adquirirem doenças na pele precocemente aumenta e assim
problemas como ausência do docente por problemas de saúde também aumenta. Fato este que
deve ser uma preocupação encaminhada à secretaria de educação deste município.
sim mais
desen
O professor P2 sempre polêmico e de grandes questionamentos foi o único docente
que disse: eu não vejo na verdade nada que possa impedir segundo a teoria corporal a
cultura corporal (mais embaixo ele mostra seguir os PCN’s) de movimento ela ela ela nos da
uma base para que possamos transitar em qualquer área do esporte trazendo ele para dentro
da escola mas com uma roupagem como eu disse totalmente personalizada para a formação
holística do ser humano cidadão ou seja, ele vai trabalhar os nossos movimentos corporais
que nos de liberdade de ação que nos de conhecimento do nosso próprio limite, que nos de
prazer de ação, estou falando jogo, da brincadeira, da dança, da ginástica, da capoeira, da
natação que são elementos que podem ser inseridos que devem ser inseridos de algum
quantidade possível na educação física.
Já o professor P5 disse: são muitos alunos, a indisciplina e ainda a falta de equilíbrio
se há alunos com aptidão maior que o outro essa homogeneidade (querendo dizer
heterogeneidade)7 que a gente encontra muito na escola. Essas palavras me deixaram
surpreso, pois, não há como em uma sala de aula termos alunos com graus de habilidades ou
de saberes idênticos. A heterogeneidade existente nas escolas é sim, fator importantíssimo
para o enriquecimento das aulas tanto para os alunos menos habilidosos quanto para aqueles
mais habilidosos como disse a professora. Assim, as diferenças a meu ver trazem
volvimento à turma, apesar de ser mais trabalhoso. Seguindo este raciocínio, Xavier
apud Shugunov & Pereira (1993), diz: existem fatores e características próprias das crianças
que influenciam o desenvolvimento de suas capacidades e atuação e um deles são as
diferenças individuais dentro do conjunto, além da idade e sexo, do desenvolvimento
cognitivo e motor e da influência das experiências físico-motoras e relacionais anteriores.
O professor P6 mantém um discurso diferenciado dos demais por se referir a
burocracia na administração das escolas. Hoje nós temos diretores que eles são técnicos ou
são administradores não são é...não tem a preocupação é.. com a parte pedagógica da
escola(...). Esta resposta deixa-nos atentos pelo fato de mostrar que possam existir diretores
despreparados para exercer tal função.
E o professor P7 que disse: bem, uma coisa que eu acho que posa impedir é o excesso
de jogos, o excesso de treinamento pesado. Mostrando realmente sua rejeição ao esporte e
7 Complemento para melhor compreensão da fala do professor
54
mais uma vez evidencia sua confusão para com o esporte nas aulas de educação física como
treinamento, suas palavras deixam certa dúvida, pois, será que este docente realmente ao
trabalhar o esporte nas aulas de educação física suas atividades realmente são de treinamento
pesado como ele refere? Mas, tendo consciência do excesso e do pesado poderia mudar sua
prática do ensino do esporte nas aulas de educação física. Ressalvo que estamos tratando do
ensino do esporte na primeira fase do ensino fundamental.
abela 6- Fatores que podem impedir definitivamente (fatores dificultadores) a aplicação eórica na prática
FATORES AMOSTRA
Tt
Falta de material e estrutura física 4
Clima 1
Número de alunos por sala e Indisciplina 1
Alunos muito heterogêneos em relação à aptidão motora 1
Problemas administrativos 1
.1.12 Sugestões para que a prática do esporte durante as aulas de educação física
Excesso de jogos e treinos pesados 1
Nenhum 1
Em suma, a tabela 6 nos mostra que 4 dos entrevistados disseram que o material e a
falta de estrutura como fatores dificultadores do ensino do esporte nas aulas de educação
física, e os demais entrevistados possuem opiniões diferente sobre os fatores dificultadores e
1 docente disse que não tem nenhum fator que pode impedir definitivamente o ensino do
esporte nas aulas de educação física.
4possa cumprir seu papel educacional
Nes ndo que o professor P1 d a sugestão é que
eles(direção) dêem mais espaço pro.......profissional de educação física na escola. Ainda hoje
a gente professores de educ o física eu acho
que portância aos p fissionais agente
conseguirá com certeza. ssional de educação
física, como disse o professor P8 em questão anterior que(...) há na maioria das escolas ainda
ta discussão houve várias sugestões se iz:
vê que existe uma certa resistência com os açã
se eles tiverem e darem maior ênfase maior im
O professor que retrata o descaso com o profi
ro
55
existe uma falt educação física dentro da e la. Fato este que
deve ser di se junta a coordenação de educação física da
secretaria de educação.
O professor P2 diz: (...)é os professores de educação física estarem fazendo leituras
constan
t
m
aqui em Palmas nós não temos uma estrututa que possa nos dá uma prioridade, a não ser
abalhar debaixo do sol sem falar as conseqüências. Essas palavras mostram que sua
sugestão está na melhoria da estrutura e material voltados a disciplina de educação física. E
aindo na infra- estrutura e no material. E mais os professores P8, P9 e P10 que diz: se a
itória e na derrota, nos erros e acertos, para que assim a criança se
sica dentro da escola o
a de compreensão do valor da sco
scutida e relevada nas reuniões da clas
tes(....)fazer especializações(...). Esse professor questiona um assunto importante a
oda área profissional, que a formação continuada de seus saberes.
Assim como o professor P1 diz na discussão anterior o P3 sugere: (...)nós temos
uitas dificuldades de estrutura física material, principalmente de estrutura física. Porque
tr
em comunhão de pensamento está o professor P4 que diz: (...)eu vejo que é isso, agente acaba
c
gente tivesse mais material se tivéssemos mais espaço físico. Mostrando ser um problema que
60% dos profissionais apontam ser a falta de estrutura e material específico. Sendo que o
professor P10 sugere: precisamos fazer algo, buscar algo para que possa melhor realizar
projetos para obtermos mais recursos pois a falta destes é um prejuízo para as aulas de
educação física.
Já o professor P5 disse: eu acho que todo mundo tem seu limite, todas as crianças tem
oportunidade de fazer mesmo acertando ou errando se sentido prazer naquilo do que ela faz,
com isso com certeza ela sempre vai gostar de esporte. Sua idéia deixa clara a visão de
valorização pessoal na v
sinta realizada com o esporte nas aulas de educação física.
O professor P6 destaca a importância (...)das direções das escolas estejam(estarem)
próximas das atividades envolvidas(conteúdos) na educação fí
esporte, a aula de educação física é um fator primordial na formação educacional. Este
professor deixa a entender na sua fala que não existe conhecimento por parte da direção de
como é a prática educacional do ensino do esporte nas aulas de educação física e até mesmo
ao destacar (....)direções das escolas estejam próximas(...) mostra-nos que há um certo
distanciamento da direção em relação as aulas de educação física.
E o professor P7 que diz: (...) se os professores fossem é....mais abertos para trazer
todas as modalidades esportivas não teríamos nenhum(problema) em colocar o esporte nas
aulas de educação física apesar que o esporte dentro da educação física vem como um fator
56
de auxílio ou seja como fator de de trazer maior amplitude de movimento para criança e não
limitador como o fato de a criança querer só o futebol e o professor permitir o rola bola né ,
se professor tivesse mais consciência alguns tem outros não mas se o professor tivesse mais
consciência desse papel difusor e de fundador da educação física o esporte seria sim um
entivar o treinamento(a discussão
a sob
prática dentro das aulas mas não seria a única. Outra vez o professor P7 mostra questionar o
esporte desta vez generalizando que o professor trabalha do esporte só o futebol; essas
palavras a inclue. E no momento que diz: (...) que o esporte dentro da educação física vem
como um fator de auxílio(...) acaba por se contradizer em questões anteriores ao dizer: o
esporte visa muito a questão de competição(....) então inc
er re o esporte na educação física)8 em excesso é incentivar o egoísmo, o individualismo,
e outras grandes coisas que atrapalham ela viver em sociedade(...). As palavras do professor
P7 fazem-nos refletir bastante sobre o papel do educador físico quando ele diz: se o professor
tivesse mais consciência desse papel difusor e de fundador da educação física.
8 Estas Palavras foram incluídas na(s) fala(s) docentes para maior compreensão e análise da discussão.
57
5. CONCLUSÃO
Neste capítulo pretende-se realizar um breve resumo de conclusões já realizadas no
capítulo anterior. Deste modo, ficarão mais claras as dicussões já realizadas, que por sua vez
trarão uma ideia conclusiva de acordo com os objetivos aqui pretendidos além de inferir sobre
a necessidade e relevância do aprofundamento do estudo deste tema voltado à relação
tendência e prática pedagógica do ensino do esporte na primeira fase do ensino fundamental.
A pergunta relacionada ao registro do diploma mostrou ter em maior número a
formação especialmente escolar de 70% do grupo participante. E de 30% de formação com
titulação licenciatura plena em educação física.
Quanto à discussão pedagógica na graduação, mostrou um resultado unânime sendo
que 100% dos docentes entrevistados tiveram discussão pedagógica entre teoria e prática
pedagógica do ensino da educação física em seus cursos de graduação. E assim, constatou-se
que 90% dos professores norteavam suas práticas pedagógicas embasadas em alguma teoria.
Os dados mostram que os mesmos obtêm conhecimento de novas teorias já que foram citadas
várias teorias que vieram transformar e melhorar a prática de ensino da educação física
escolar. O que consequentemente mostrou que os motivos que os levaram a adotar suas
teorias eram os mais variados.
È primordial entre os docentes a preocupação com a realidade educacional e social do
aluno, e mais, a utilização de várias teorias em decorrência desta realidade sócio-cultural
complexa. Pois como diz Daolio (1998) durante o processo de maturação e desenvolvimento,
o homem apropria-se de valores, normas e costumes, e projetam estes em sua vida cotidiana, e
na sociedade.
Já ao refir-se a aplicação teórica à prática do ensino do esporte escolar, todos os
professores entrevistados, ou seja, 100% disseram que sua teoria pode ser aplicada ao ensino
58
do esporte escolar nas aulas de educação física. E mais, percebeu-se que 90% dos
entrevistados percebem diferença entre o ensino do esporte nas aulas de educação física,
exceto um professor que disse não fazer ou não ter esta percepção já que tanto o esporte
escolar nas aulas de educação física quanto o esporte nos treinamentos de equipes esportivas
são tratados como elementos de formação do indivíduo.
Quanto ao objetivo do ensino do esporte nas aulas de educação física, observou-se que
há preocupação com elementos formativos como: cooperação, socialização, integração,
solidariedade, respeito, além de aumento do repertório motor, melhoria do estilo de vida. Mas
também há reforço de elementos técnicos como: melhoria de habilidades, seleção dos mais
habilidosos, competitividade.
Em relação ao objetivo do esporte nos treinos esportivos apenas 10% dos professores
tiveram caráter educativo. Os demais 90% tiveram o caráter excludente, seletivo, técnico e
competitivo. E ao tratarmos da teoria voltada ao esporte nas aulas de educação física ou aos
treinos; obteve-se 80% dos entrevistados que dizem sua teoria está voltada ao ensino do
esporte nas aulas de educação física, 10 % disse para ambos devido a seu caráter formativo e
apenas 10% diz algo sobre a formação do aluno através do esporte o que tem relação ou
deveria ter relação direta com as aulas de educação física.
Ao tratarmos da teoria e sua aplicabilidade em relação a atingir os objetivos no ensino
do esporte nas aulas de educação física, pode –se verificar que 100% dos entrevistados têm
alcançado seus objetivos com o ensino do esporte nas aulas de ducação física. No entanto,
40% deles disseram que a falta de material e estrutura dificultam a aplicação de sua teoria na
prática diária do esporte durante as aulas de educação física. Estes fatores externos, dificultam
a aplicação teórica/prática mas não são fatos de total impedimento. A consciência do objetivo
a ser alcançado na educação com o ensino do esporte, faz com que os docentes sigam ou se
orientem por caminhos teóricos diferenciados, buscando desta forma atender ao contexto
escolar e social vivênciado, sem perde seu foco. Deste modo percebe-se uma necessidade de
se estar variando a teoria a ser aplicada. Quando 50% dos entrevistados mostram opiniões
diferenciadas em relação a este impedimento definitivo e 10% disse que tem nenhum fator
que pode impedir definitivamente o ensino do esporte nas aulas de educação física.
E por fim, ao estimular aos porfessores que deêm algumas sugestões para que a prática
do esporte nas aulas de educação física possa cumprir seu papel educacional, obtivemos
sugestões interessantes como: união da classe para que o educador físico mostre sua
importancia, conscientização da classe quanto difusor da educação física, valorização dos
59
alunos, contínua formação e capacitação profissional e sendo um dos pontos mais relevados a
falta de material e estrutura como impedimento, a elaboração de projetos e convênios para
aquisição de verbas destinadas a estas necessidades.
Desta modo, os dados apresentados mostram que há conhecimento de várias teorias
pedagógicas por parte dos professores, em torno do ensino do esporte na primeira fase do
ensino fundamental em escolas municipais de Palmas. No entento, em sua maioria os
professores entrevistados têm um trabalho diferenciado no trato do esporte nas aulas de
educação física e nas aulas de treinamento. O que nos mostra que há necessidade de maior
aprofundamento e conhecimento sobre como se da o ensino-aprendizagem do esporte nas
aulas de educação física, através de confronto entre teoria e prática pedagógica. Partindo deste
presuposto o profundo dominio teórico por parte dos professores de educação física também é
fato relevante Assim, o incentivo a pesquisa de novos estudos que contemplem o problema
desta pesquisa é de suma importancia para o desenvolviemnto da prática do ensino do esporte.
60
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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62
ANEXOS
ANEXO I - ROTEIRO PARA ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA
1. O seu diploma está registrado como licenciado(a) ou bacharel?
2. Em sua opinião, durante a sua graduação em educação Física a discussão pedagógica
era forte/evidente/reforçada/preferencial?
3. Hoje, como docente da educação física escolar, você adota alguma(s) teoria(s)
pedagógica(s) que norteia(m) sua prática de ensino da Educação Física?
4. Caso positivo, qual?
5. Caso negativo, qual o motivo? (ENCERRA)
6. (CONTINUAÇÃO): Qual o principal ponto dessa teoria que motiva a adotá-la?
7. Essa teoria pedagógica que você adota pode ser aplicada ao esporte escolar (das aulas
de educação física)?
8. Você percebe diferença de ensino do esporte durante as aulas de educação física e
durante os treinamentos de equipes esportivas da escola? Caso afirmativo, qual(is)
seria(m)?
9. Para você, qual o objetivo a ser atingido com o esporte durante as aulas de educação
física?
10. Qual (is) o(s) objetivo(s) a ser atingido com o esporte durante os treinamentos de
equipes esportivas?
11. Você acredita que a teoria pedagógica que você adota está voltada para o esporte
durante as aulas de educação física ou para os treinamentos?
12. A teoria pedagógica adotada tem te ajudado a atingir os objetivos do esporte durante
as aulas de educação física?
13. Em sua opinião, cite algo que possa impedir definitivamente a condução de sua teoria
pedagógica na prática diária do esporte durante as aulas de educação física?
14. Você pode apontar sugestões para que a prática do esporte durante as aulas de
educação física possa cumprir seu papel educacional?
63
ANEXO II - CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Eu,_______________________________________________________ abaixo assinado,
professor (a) de Educação Física da escola ___________________ concordo em participar da
pesquisa intitulada RELAÇÃO ENTRE TENDÊNCIA E PRÁTICA PEDAGÓGICA DOS
PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO DO ESPORTE NA PRIMEIRA FASE DO ENSINO FUNDAMENTAL DA CIDADE DE PALMAS-TO, que
será realizada nesta Escola, onde participarei de uma entrevista semi-estruturada que deverá
ser gravada e transcrita posteriormente, para identificação da concepção/metodologia utilizada
na prática; já que há necessidade de estudos relacionados a prática educativa e a concepção do
professor de educação física utilizada nas aulas de Educação Física na escola.
Augusto Céspedes Huaccho Júnior, professor de educação física bem como a orientadora
manterão sigilo absoluto sobre as informações coletadas, e assegurarão o meu anonimato
quando da publicação dos resultados da pesquisa, além de me permitir desistir, em qualquer
momento, sem que isto traga nenhum prejuízo para a minha atuação profissional, nem para a
qualidade das aulas prestadas na Escola, assegurando total integridade e postura ética para a
realização deste trabalho.
Fui informado (a) que posso contatar o professor responsável pela pesquisa caso deseje fazer
alguma pergunta sobre a pesquisa, pelo telefone 63-9221-8284 e que, estando interessado,
posso receber os resultados da pesquisa quando forem publicados. Uma cópia deste termo de
consentimento será guardada pelo pesquisador e, em nenhuma circunstância será dado a
conhecer a outra pessoa.
Assinatura do participante_______________________ Palmas-To ___/___/___.
____________________________ ____________________________
Augusto Céspedes Huaccho Júnior Marilia Marota de Souza
(Professor/ Pesquisador) (Professora Orientadora)