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CURSO ON-LINE - DIREITO TRIBUTÁRIO P/ RECEITA FEDERAL PROFESSOR: EDVALDO NILO 1 www.pontodosconcursos.com.br CURSO REGULAR DE DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA COMPLETA E QUESTÕES COMENTADAS DA ESAF – RECEITA FEDERAL DO BRASIL Olá, prezado (a) amigo (a) concursando (a)! Bem-vindo (a) à aula demonstrativa do nosso Curso Regular de Direito Tributário para o próximo concurso de Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil. Meu nome é EDVALDO NILO. Sou Procurador do Distrito Federal, professor de Direito Tributário e Financeiro, tendo sido aprovado em diversos concursos e seleções públicas, a saber: Procurador do Distrito Federal (ESAF), Procurador do Município de Recife (FCC), Ministério Público de Contas do Mato Grosso (FMP/RS), Procurador do Município de Belo Horizonte (FUNDEP/UFMG), Técnico de Nível Superior do Ministério da Saúde (CESPE/UNB); Técnico de Nível Superior do Ministério das Comunicações (CESPE/UNB); Técnico de Nível Superior do Ministério do Turismo (ESAF); Professor Substituto de Ética Geral e Profissional da Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia (UFBA); Professor de Direito Tributário do Centro Universitário da Bahia (CUB/FIB) e Mestrado Acadêmico em Direito Constitucional do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP). Possuo três pós-graduações e um curso de extensão na área do Direito: Especialização em Direito Tributário pelo Instituto Brasileiro de Estudos Tributários (IBET); Especialização em Direito Tributário pela Universidade Federal da Bahia (UFBA); Especialização em Planejamento Tributário pela Faculdade de Tecnologia Empresarial (FTE); Curso de Extensão Universitária em Prática Processual Tributária pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT). Atualmente estou concluindo o Mestrado em Direito Constitucional pelo Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP) e, no ano de 2004, fui pesquisador da área de Direito Constitucional da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia. Também já consegui vencer três prêmios jurídicos, quais sejam: Prêmio Luiz Tarquínio da Fundação Orlando Gomes no ano de 2002; Prêmio Ministro Carlos Coqueijo Costa da AMATRA (Associação de Magistrados Trabalhistas), EMATRA (Escola de Magistrados Trabalhistas) e ABAT (Associação Bahiana dos Advogados

Aula 00 Tributário

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CURSO REGULAR DE DIREITO TRIBUTÁRIO – TEORIA COMPLETA E QUESTÕES COMENTADAS DA ESAF – RECEITA

FEDERAL DO BRASIL

Olá, prezado (a) amigo (a) concursando (a)!

Bem-vindo (a) à aula demonstrativa do nosso Curso Regular de Direito Tributário para o próximo concurso de Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil.

Meu nome é EDVALDO NILO.

Sou Procurador do Distrito Federal, professor de Direito Tributário e Financeiro, tendo sido aprovado em diversos concursos e seleções públicas, a saber: Procurador do Distrito Federal (ESAF), Procurador do Município de Recife (FCC), Ministério Público de Contas do Mato Grosso (FMP/RS), Procurador do Município de Belo Horizonte (FUNDEP/UFMG), Técnico de Nível Superior do Ministério da Saúde (CESPE/UNB); Técnico de Nível Superior do Ministério das Comunicações (CESPE/UNB); Técnico de Nível Superior do Ministério do Turismo (ESAF); Professor Substituto de Ética Geral e Profissional da Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia (UFBA); Professor de Direito Tributário do Centro Universitário da Bahia (CUB/FIB) e Mestrado Acadêmico em Direito Constitucional do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP).

Possuo três pós-graduações e um curso de extensão na área

do Direito: Especialização em Direito Tributário pelo Instituto Brasileiro de Estudos Tributários (IBET); Especialização em Direito Tributário pela Universidade Federal da Bahia (UFBA); Especialização em Planejamento Tributário pela Faculdade de Tecnologia Empresarial (FTE); Curso de Extensão Universitária em Prática Processual Tributária pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT).

Atualmente estou concluindo o Mestrado em Direito Constitucional pelo Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP) e, no ano de 2004, fui pesquisador da área de Direito Constitucional da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia.

Também já consegui vencer três prêmios jurídicos, quais

sejam: Prêmio Luiz Tarquínio da Fundação Orlando Gomes no ano de 2002; Prêmio Ministro Carlos Coqueijo Costa da AMATRA (Associação de Magistrados Trabalhistas), EMATRA (Escola de Magistrados Trabalhistas) e ABAT (Associação Bahiana dos Advogados

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Trabalhistas) no ano de 2003 e Prêmio Luís Eduardo Magalhães da Assembléia Legislativa do Estado da Bahia no ano de 2004.

Por sua vez, no que diz respeito à apresentação do nosso

curso, vamos trabalhar com base no programa completo das matérias Direito Tributário do último concurso para Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil.

Logo, o curso terá a seguinte metodologia:

• Conteúdo atualizadíssimo, conforme a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF), do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e dos Tribunais Regionais Federais (TRF’s);

• Questões objetivas e discursivas mais recentes contextualizadas com a teoria completa;

• Centenas de questões da ESAF comentadas;

• Síntese fundamental no final de cada aula;

• Fórum de dúvidas;

• Lista com os exercícios comentados na respectiva aula;

• Aulas atualizadas até a data do envio da respectiva aula.

Assim sendo, o curso terá quatorze aulas e será iniciado com a “Aula 1” no dia 06 de maio de 2011 e a “Aula 14” será postada no dia 04 de novembro.

Logo, o nosso curso ocorrerá quinzenalmente e as aulas serão realizadas às sextas.

A seguir, a sequência e os tópicos que serão estudados:

Aula 0 – Imunidade Tributária.

Aula 1 – Competência Tributária. Limitações Constitucionais do Poder de Tributar. Princípios Constitucionais Tributários - (06/05).

Aula 2 – Conceito e Classificação dos Tributos - (20/05).

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Aula 3 – Tributos de Competência da União (parte 1). Imposto sobre a Importação. Imposto sobre a Exportação. Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - (03/06).

Aula 4 – Tributos de Competência da União (parte 2). Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza. Imposto sobre Produtos Industrializados. Imposto sobre Operações Financeiras.- (17/06).

Aula 5 – Tributos de Competência da União (parte 3). Contribuições Sociais. Contribuição para o PIS/PASEP. Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - COFINS. Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. Contribuições sociais previstas nas alíneas "a", "b" e "c" do parágrafo único do art.11 da Lei n. 8.212, de 24 de julho de 1991, e as instituídas a título de substituição. Contribuições por lei devidas a terceiros (art.3º, § 1º, da Lei n. 11.457, de 16 de março de 2007). Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico - (01/07).

Aula 6 – Tributos de Competência dos Estados e dos Municípios

- (15/07).

Aula 7 – Simples - (29/07).

Aula 8 – Legislação Tributária. Constituição Emendas à Constituição. Leis Complementares. Leis Ordinárias. Leis Delegadas. Medidas Provisórias. Tratados Internacionais. Decretos. Resoluções. Decretos Legislativos Convênios. Normas Complementares - (12/08).

Aula 9 – Vigência da Legislação Tributária. Aplicação da Legislação Tributária. Interpretação e Integração da Legislação Tributária. Obrigação Tributária Principal e Acessória. Fato Gerador da Obrigação Tributária - (26/08).

Aula 10 – Sujeição Ativa e Passiva. Solidariedade. Capacidade

Tributária. Domicílio Tributário. Responsabilidade Tributária. Conceito. Responsabilidade dos Sucessores. Responsabilidade de Terceiros. Responsabilidade por Infrações - (09/09).

Aula 11 – Crédito Tributário. Conceito. Constituição do Crédito Tributário. Lançamento. Modalidades de Lançamento. Hipóteses de alteração do lançamento - (23/09).

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Aula 12 – Suspensão da Exigibilidade do Crédito Tributário. Modalidades. Extinção do Crédito Tributário. Modalidades - (07/10).

Aula 13 – Pagamento Indevido. Exclusão do Crédito Tributário. Modalidades. Garantias e Privilégios do Crédito Tributário - (21/10).

Aula 14 – Administração Tributária. Fiscalização. Dívida Ativa. Certidões Negativas - (04/11).

Pois bem. Sem sombra de dúvidas, este será o curso mais completo que já ministrei aqui no PONTO, em razão da disponibilidade de tempo para dedicação as aulas e, também, principalmente, da bagagem acumulada nestes três anos de intensas aulas nesta consagrada escola de ensino online.

Por sua vez, destacamos que é indispensável o comprometimento e a dedicação constante às aulas, eis que a matéria será tratada de forma completa e sem esquivas.

Então, vamos juntos iniciar esta jornada rumo à aprovação. Boa sorte, bons estudos e que Deus abençoe a todos.

A seguir, uma pequena demonstração do nosso curso.

AULA DEMONSTRATIVA – IMUNIDADE TRIBUTÁRIA

O nosso sumário de hoje é o seguinte:

1. Introdução. 2. Conceito de imunidade tributária: 2.1 Distinções entre imunidade, isenção, incidência, não-incidência e alíquota zero; 2.2 Classificações fundamentais; 2.3 Imunidades genéricas e fundamento constitucional: 2.3.1 Imunidade recíproca; 2.3.2 Imunidade dos templos de qualquer culto; 2.3.3 Imunidade dos partidos políticos, entidades sindicais dos trabalhadores, instituições de educação e de assistência social; 2.3.4 Imunidade dos livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão; 2.3.5 Imunidades tópicas ou específicas. 3. Questões comentadas da ESAF. 4. Síntese fundamental da aula.

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5. Lista com exercícios comentados em sala de aula; 6. Gabarito puro.

Então, vamos lá.

1. INTRODUÇÃO

A CF/88 possui um capítulo denominado de Sistema Tributário Nacional (art. 145 a 162) que estabelece uma seção específica sob o titulo “Limitações ao Poder de Tributar” (arts. 150 a 152).

Dentro da seção “Limitações ao Poder de Tributar” ou limitações constitucionais ao poder de tributar, como prefere a doutrina predominante, encontramos as chamadas imunidades tributárias como balizas importantes e também diversos princípios constitucionais tributários.

2. CONCEITO DE IMUNIDADE TRIBUTÁRIA

A imunidade tributária é uma hipótese constitucional de intributabilidade ou de não-incidência constitucionalmente qualificada.

Nesse rumo, destaca-se o aspecto formal e material da imunidade tributária.

A respeito do aspecto formal, entende-se que a imunidade é a impossibilidade jurídica da tributação, em razão da ausência de competência tributária dos entes federativos. Sob o aspecto material ou substancial, compreende-se que a imunidade é o direito público subjetivo de não ser tributado, segundo o especificado expressamente ou implicitamente nas normas constitucionais.

Destacamos que a imunidade tributária não exclui a atribuição, por lei, às entidades nele referidas, da condição de responsáveis pelos tributos que lhes caiba reter na fonte, e não as dispensa da prática de atos, previstos em lei, assecuratórios do cumprimento de obrigações tributárias por terceiros, de acordo com o §1°, do art. 9°, do CTN, que ainda tem validade jurídica.

Isto é, a imunidade tributária não dispensa a pessoa alcançada por ela de ser responsável tributário (arts. 128 a 138 do CTN), bem como do cumprimento das obrigações tributárias acessórias.

Importante: “Imunidade. (...) Inaplicabilidade às hipóteses de responsabilidade ou substituição tributária. (...) Recurso

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extraordinário interposto de acórdão que considerou válida a responsabilização tributária do Serviço Social da Indústria (SESI) pelo recolhimento de ICMS devido em operação de circulação de mercadoria, sob o regime de diferimento. A responsabilidade ou a substituição tributária não alteram as premissas centrais da tributação, cuja regra-matriz continua a incidir sobre a operação realizada pelo contribuinte. Portanto, a imunidade tributária não afeta, tão-somente por si, a relação de responsabilidade tributária ou de substituição e não exonera o responsável tributário ou o substituto.” (RE 202.987, DJE de 25-9-09)

2.1 DISTINÇÕES ENTRE IMUNIDADE, ISENÇÃO, INCIDÊNCIA, NÃO-INCIDÊNCIA E ALÍQUOTA ZERO

Consideramos relevantes as distinções entre imunidade, isenção, incidência, não-incidência e alíquota zero

A imunidade é uma delimitação negativa de competência tributária, ou seja, não há competência tributária. Como a competência tributária é a aptidão para determinado ente criar o tributo, a imunidade traduz um elemento de incompetência tributária, sendo considerada uma “zona” na qual não poderá haver tributação e consequentemente incidência tributária.

A imunidade tem sede na CF/88, materializando uma dispensa constitucional de pagamento de tributo. Sendo assim, há dispositivos constitucionais que transmitem o teor de “falsas” isenções, representando nítidas “imunidades”, existindo equívoco por parte do legislador constitucional. Por exemplo, o art. 195, §7°, da CF/88, que dispõe: “São isentas de contribuições para a seguridade social às entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei”. Esta é uma imunidade subjetiva, segundo entendimento do STF.

A isenção é a dispensa legal de pagamento de um tributo devido, isto é, a autoridade não pode cobrar o tributo, eis que, mesmo acontecendo à incidência tributária (ocorre o fato gerador), está impedido de realizar o lançamento tributário.

Portanto, a isenção está dentro do campo da incidência e decorre do exercício da competência tributária, sendo veiculada em norma infraconstitucional e acontece o fato gerador (obrigação tributária), porém não há constituição do crédito tributário.

A incidência é a situação ocorrida no mundo dos fatos que é

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prevista como hipótese de incidência do tributo. É o momento da concretização do fato gerador tributário, com o nascimento da obrigação tributária.

A não-incidência é o acontecimento no mundo dos fatos que não corresponde à descrição legal tributária. Assim, na não-incidência faltam elementos para enquadrar determinado fato na hipótese de incidência (fato gerador in abstrato), ou seja, é a não previsão do fato na hipótese de incidência. Com efeito, não há obrigação tributária e, por conseguinte, não há crédito tributário.

Decerto, a não-incidência pode decorrer da falta de competência ou do não exercício da competência em toda a sua amplitude (característica da facultatividade do exercício da competência tributária).

A alíquota zero, da mesma forma que a isenção, encontra-se no campo da incidência tributária. Por conseguinte, há obrigação tributária, mas o valor do tributo é inexistente (aspecto quantitativo), por simples razão matemática. Isto é, a multiplicação da base de cálculo por zero é igual a zero (BC x AL = 0). Então, o valor do tributo a ser pago é nulo.

Imunidade Isenção Não-incidência

Alíquota zero

Quanto à lei criadora

Constituição Em regra, lei

ordinária.

Falta de previsão.

Em regra, lei

ordinária. Quanto ao

exercício da competência tributária.

Não há. Existe. Não há. Existe.

Quanto à obrigação tributária

Não há. Existe. Não há. Existe.

Quanto ao crédito

tributário

Não há. Não há. Não há. Em regra, não há, salvo

dispositivo de lei em contrário.

Importante: “Conforme disposto no inciso II do § 3º do art.153 da CF, observa-se o princípio da não cumulatividade compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas

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anteriores, ante o que não se pode cogitar de direito a crédito quando o insumo entra na indústria considerada a alíquota zero.” (RE 353.657, DJE de 7-3-2008; RE 488.357-ED, DJE de 11-9-2009; RE 370.682, DJ de 19-12-2007); “Com o advento do art. 11 da Lei 9.779/99 é que o regime jurídico do IPI se completou, apenas a partir do início de sua vigência se tendo o direito ao crédito tributário decorrente da aquisição de insumos ou matérias-primas tributadas e utilizadas na industrialização de produtos isentos ou submetidos à alíquota zero” (RE 475.551, DJE de 13-11-2009; RE 460.785, DJE de 11-9-2009). Vamos trabalhar este tema no capítulo sobre IPI.

2.2 CLASSIFICAÇÕES

As imunidades tributárias podem ser classificadas nas seguintes categorias: (i) subjetivas ou pessoais, objetivas ou reais e mistas (subjetiva e objetiva); (ii) ontológicas e políticas; (iii) gerais ou genéricas e tópicas ou especiais; (iv) condicionadas ou incondicionadas; (v) explícitas ou implícitas; (vi) excludentes e incisivas.

• Subjetivas, objetivas e mistas: considera-se a forma de previsão da norma imunizante. A imunidade subjetiva ou pessoal é aquela que leva em consideração o sujeito, isto é, é concedida pela norma constitucional em razão da qualidade da pessoa. Por exemplo, a imunidade das entidades sindicais dos trabalhadores (art. 150, VI, “c”). A imunidade objetiva ou real é concedida em virtude da qualidade da coisa, do objeto ou da mercadoria, ou seja, refere-se a matéria tributável. Por exemplo, a imunidade dos livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão (art. 150, VI, “d”). Por sua vez, a imunidade mista (subjetiva e objetiva) envolve aspectos pessoais e reais. Como exemplo, a imunidade concernente ao ITR no que se refere às “pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore o proprietário que não possua outro imóvel”.

• Ontológicas e políticas: considera-se o aspecto da imunidade tributária ser ou não ser conseqüência direta ou necessária de princípio constitucional fundamental. A imunidade ontológica é conseqüência necessária do princípio da igualdade, sendo seu exemplo clássico a imunidade recíproca disposta no art. 150, VI, “a”, da CF/88. É característica básica da imunidade ontológica a qualidade de ser clausula pétrea, isto é, proposta de emenda constitucional tendente abolir tal imunidade não deve ser objeto de deliberação pelo Poder Legislativo. Já a

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imunidade política deve ser reconhecida expressamente pelo texto constitucional, eis que não decorre necessariamente de princípio constitucional fundamental, podendo, portanto, ser alterado pelo exercício do poder constituinte derivado. Por exemplo, a imunidade referente aos impostos incidentes sobre operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária (art. 184, §5°).

• Gerais e tópicas: considera-se o alcance das normas

constitucionais imunizantes. A imunidade geral é dirigida a todos os entes federativos e alcançam os impostos de forma genérica, estando prevista no art. 150, VI, da CF/88. A imunidade tópica ou específica se dirige a um único tributo, podendo ser, por exemplo, um imposto ou uma taxa, tais como o IPI que não pode incidir sobre a exportação de produtos industrializados (art. 153, §3°, III, da CF/88) e a taxa que não pode incidir na obtenção de certidões em repartições públicas, para a defesa de direitos e esclarecimentos de situações de interesse pessoal (art. 5°, XXXIV, “b”, da CF/88).

• Condicionadas e incondicionadas: considera-se a existência ou não de autorização na norma constitucional imunizante para que as normas infraconstitucionais fixem requisitos para a concessão da imunidade. Neste sentido, a imunidade condicionada é aquela que depende da observância de requisitos legais para a sua implementação. Por exemplo, a imunidade estabelecida para as instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, que devem atender os requisitos da lei, de acordo com o art. 150, VI, “c”, da CF/88. Por outro lado, a imunidade incondicionada independe de qualquer condição estabelecida pela legislação infraconstitucional para operar sua eficácia plena e aplicabilidade imediata. Por exemplo, a imunidade recíproca (CF, art. 150, VI, “a”).

• Explícitas e implícitas: adota-se como critério a explicitude ou não do texto da norma constitucional. A imunidade explícita está expressamente ou literalmente prevista no texto constitucional, tal como as dispostas nas alíneas “a” a “d”, do inc. VI, do art. 150. A imunidade implícita decorre da interpretação sistemática do próprio texto constitucional, tal como a imunidade que garante o mínimo existencial, que são as condições mínimas para a sobrevivência digna do ser humano.

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• Excludentes e incisivas: por fim, ainda se adota como critério de classificação à abrangência da vedação contida na norma imunizante. A imunidade excludente restringe determinada situação à tributação por apenas um tipo de imposto. Por exemplo, o art. 153, §5°, da CF, que afirma que o ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial, sujeita-se exclusivamente à incidência do IOF, devido na operação de origem. A imunidade incisiva que estabelece que certa situação possa ser tributada por alguns impostos. Por exemplo, o art. 155, §3°, da CF, que dispõe que à exceção do ICMS, do II e do IE, nenhum outro imposto poderá incidir sobre operações relativas a energia elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País.

IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS SUBJETIVAS, OBJETIVAS E MISTAS;

ONTOLÓGICAS E POLÍTICAS; GERAIS E TÓPICAS;

CONDICIONADAS E INCONDICIONADAS; EXPLÍCITAS E IMPLÍCITAS;

EXCLUDENTES E INCISIVAS.

2.3 IMUNIDADES GENÉRICAS E FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL

As imunidades genéricas são previstas no art. 150, VI, da CF/88, a saber: “Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: instituir impostos sobre: a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; b) templos de qualquer culto; c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão”.

2.3.1 IMUNIDADE RECÍPROCA

A imunidade recíproca, também denominada de imunidade intergovernamental, refere-se à proibição da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios de instituir impostos sobre patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros, bem como é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder

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Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.

Importante: “A imunidade tributária gozada pela OAB é da espécie recíproca, na medida em que desempenha atividade própria de Estado. A imunidade tributária recíproca alcança apenas as finalidades essenciais da entidade protegida. O reconhecimento da imunidade tributária às operações financeiras não impede a autoridade fiscal de examinar a correção do procedimento adotado pela entidade imune. Constatado desvio de finalidade, a autoridade fiscal tem o poder-dever de constituir o crédito tributário e de tomar as demais medidas legais cabíveis. Natureza plenamente vinculada do lançamento tributário, que não admite excesso de carga” (RE 259.976-AgR, DJE de 30-4-2010); “A circunstância de a Caixa de Assistência dos Advogados integrar a estrutura maior da OAB não implica na extensão da imunidade, dada a dissociação entre as atividades inerentes à atuação da OAB e as atividades providas em benefício individual dos associados.” (RE 233.843, DJE de 18-12-2009).

Assim, entende-se que a imunidade recíproca é subjetiva, porque diz respeito a determinadas pessoas jurídicas, sendo aplicável aos impostos. Deste modo, não deve ser invocada na hipótese de contribuições previdenciárias (ADI 2.024) e não alcança as taxas (RE 364.202).

A imunidade recíproca é ontológica, sendo consequência necessária do princípio da isonomia das pessoas políticas e suas concretizações lógicas, como o princípio federativo do Estado brasileiro, a autonomia dos Municípios e a capacidade contributiva. Portanto, é clausula pétrea e garantia fundamental da Federação, conforme entendimento do STF (ADI 939).

A imunidade recíproca é incondicionada, porque não necessita de normas infraconstitucionais para sua plena eficácia, que é decorrência imediata do texto constitucional.

A CF/88 estabelece expressamente que a imunidade recíproca apenas incide sobre os impostos incidentes sobre serviço, patrimônio ou renda. Portanto, de acordo com o sentido literal do texto, a imunidade recíproca não alcança os impostos sobre circulação de riquezas e produção (IPI e ICMS).

Importante: “A jurisprudência do Supremo firmou-se no sentido de que a imunidade de que trata o art. 150, VI, a, da CF, somente se

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aplica a imposto incidente sobre serviço, patrimônio ou renda do próprio Município” (AI 671.412-AgR, DJE de 25-4-2008; AI 574.042-AgR, DJE de 29-10-2009; AI 634.050-AgR, DJE de 14-8-2009).

No 23° Concurso para Procurador da República se afirmou o seguinte: “Em matéria de imunidade recíproca, segundo a CF, é correto afirmar que a imunidade recíproca não compreende os impostos incidentes sobre a produção e a circulação de riquezas (IPI e ICMS)”. Neste mesmo sentido, no concurso do CESPE para Promotor/SE/2010 o como errado o seguinte enunciado: “A imunidade recíproca, ou seja, entre os entes federados, não está limitada a certos tipos de impostos”.

O STF também já assentou que quando o fornecedor da iluminação pública não é o Município, mas sim determinada sociedade de economia mista (contribuinte de direito), que paga o ICMS ao Estado e o inclui no preço do serviço disponibilizado ao usuário, não há que se falar em imunidade tributária recíproca, pressupondo esta a instituição de imposto incidente sobre serviço, patrimônio ou renda do próprio Município (ADI 457-MC).

Assim, entende-se que imunidade ou a isenção tributária do comprador não se estende ao produtor, contribuinte do IPI, conforme a súmula 591 do STF.

Nesse rumo, o STF afirma que a imunidade de que trata o artigo 150, VI, a, da CF/88, somente se aplica a imposto incidente sobre serviço, patrimônio ou renda do próprio Município, sendo que este não é contribuinte de direito do ICMS incidente sobre energia elétrica, descabendo confundi-lo neste caso também com a figura do contribuinte de fato e a imunidade recíproca não beneficia o contribuinte de fato (AI 671.412-AgR). Nesta hipótese, o contribuinte de direito é a concessionária de energia elétrica. Por exemplo, em Brasília, a Companhia Energética de Brasília (CEB).

Por outro lado, o STF já reconheceu a imunidade tributária

recíproca ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA (CF, art. 150, VI, “a”, e § 2º), relativamente ao não recolhimento de ICMS por eventual exploração de unidade agroindustrial. No caso, o INCRA era contribuinte de direito, entendendo-se que a atividade exercida pela mencionada autarquia federal não se enquadra dentre aquelas sujeitas ao regime tributário próprio das empresas privadas, considerando que a ocasional exploração dessa unidade está no âmbito de sua destinação social em setor relevante para a vida nacional. Observou também o STF que a

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imunidade tributária disposta no §2°, do art. 150, da CF/88, só deixa de operar quando a natureza jurídica da entidade estatal é de exploração de atividade econômica (RE-242827).

Importante: Em relação ao IOF, apesar de ser classificado pelo CTN como imposto sobre a produção e a circulação, o entendimento do STF é no sentido da plena eficácia da imunidade recíproca nas operações financeiras realizadas pelos Municípios, Estados ou Distrito Federal (RE 196.415-PR). O STF também já decidiu mais de uma vez que a imunidade alcança os ganhos resultantes de operações financeiras (AI 172.890-AgR, ACO 502).

Noutro ponto, a imunidade recíproca não se aplica ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel, segundo o §3°, do art. 150, da CF/88.

Importante: “A imunidade tributária prevista no art. 150, VI, a da Constituição aplica-se às operações de importação de bens realizadas por municípios, quando o ente público for o importador do bem (identidade entre o ‘contribuinte de direito’ e o ‘contribuinte de fato’). Compete ao ente tributante provar que as operações de importação desoneradas estão influindo negativamente no mercado, a ponto de violar o art. 170 da Constituição. Impossibilidade de presumir risco à livre-iniciativa e à concorrência.” (AI 518.325-AgR, DJE de 30-4-2010).

No mesmo sentido, a CF/88 fixa que a empresa pública, a sociedade de economia mista e suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços devem se submeter ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações tributárias, bem como preceitua que as empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado (art. 173, §1°, II c/c §2°).

Destarte, em princípio, a imunidade tributária recíproca não alcançaria as empresas públicas e sociedades de economia mista, exceto quanto às atividades tipicamente estatais.

Assim, o STF afirma que a imunidade recíproca alcança a empresa pública prestadora de serviço público e a sociedade de

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economia mista prestadora de serviço público, pois estas não se confundem com empresas públicas que exercem atividade econômica em sentido estrito.

Importante: “É irrelevante para definição da aplicabilidade da imunidade tributária recíproca a circunstância de a atividade desempenhada estar ou não sujeita a monopólio estatal. O alcance da salvaguarda constitucional pressupõe o exame (i) da caracterização econômica da atividade (lucrativa ou não), (ii) do risco à concorrência e à livre-iniciativa e (iii) de riscos ao pacto federativo pela pressão política ou econômica”. Deste modo, a imunidade tributária recíproca não se aplica à Petrobrás (RE 285.716-AgR, DJE de 26-3-2010); “É aplicável a imunidade tributária recíproca às autarquias e empresas públicas que prestem inequívoco serviço público, desde que, entre outros requisitos constitucionais e legais não distribuam lucros ou resultados direta ou indiretamente a particulares, ou tenham por objetivo principal conceder acréscimo patrimonial ao poder público (ausência de capacidade contributiva) e não desempenhem atividade econômica, de modo a conferir vantagem não extensível às empresas privadas. O Serviço Autônomo de Água e Esgoto é imune à tributação por impostos. A cobrança de tarifas, isoladamente considerada, não altera a conclusão” (RE 399.307-AgR, DJE de 30-4-2010).

Neste contexto, o STF compreendeu que a Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (INFRAERO) está abrangida pela imunidade tributária recíproca, uma vez que é empresa pública federal que tem por atividade-fim prestar serviços de infra-estrutura aeroportuária, mediante outorga da União, a quem constitucionalmente deferido, em regime de monopólio, tal encargo, de acordo com o art. 21, XII, “c” (RE 363.412-AgR).

Do mesmo modo, em relação a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), reputando-se plausível a extensão da imunidade recíproca à propriedade de veículos automotores destinados à prestação de serviços postais (ACO 765-AgR), bem como se estendeu a aplicação da imunidade recíproca à Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia (CAERD), sociedade de economia mista estadual prestadora de serviço público (AC 1550-2).

Nessa senda, o STF também entende que a imunidade recíproca abrange bens públicos sob uso de concessionárias de serviço público, afirmando que imóveis que compõem o acervo patrimonial do Porto de integrantes do domínio da União são imunes a tributação do IPTU pela municipalidade, independentemente de encontrarem-se

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tais bens ocupados pela empresa dos serviços portuários (RE 253.394; RE 597.563-AgR).

O STF firmou o posicionamento de que os imóveis situados no porto, área de domínio público da União, e que se encontram sob custódia da companhia, em razão de delegação prevista na Lei de Concessões Portuárias, não podem sofrer incidência do IPTU, por tratar-se de bem e serviço de competência atribuída ao poder público (artigos 21, XII, “f” e 150, VI, CF). Entretanto, inexiste imunidade recíproca no que se refere às taxas, uma vez que o preceito constitucional só faz alusão expressa a imposto (AI 458.856-AgR).

Com efeito, ressaltamos que o STF (RE 580.264, julgamento em 16/12/2010) igualmente entendeu que hospitais com participação acionária majoritária e controle da União (na hipótese, 99,99% das ações) e que atendem apenas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) têm o direito a imunidade tributária recíproca.

Destacamos, por sua vez, que o STF compreende como constitucional os Municípios instituírem ISS sobre os serviços de registros públicos, cartorários e notariais, entendendo-se tratar-se, no caso, de atividade estatal delegada, tal como a exploração de serviços públicos essenciais, mas que, enquanto exercida em caráter privado, com intuito de lucrativo, seria serviço sobre o qual incidiria o ISS (Informativo 494).

Por fim, realçamos a interpretação da parte final do §3º, do art. 150, da CF/88, dispondo que a imunidade não exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel, ou seja, a imunidade do ente público referente ao pagamento de imposto incidente sobre bem imóvel não ocorre no caso do imóvel objeto de promessa de venda a particular ou a terceiro não acobertado pela imunidade tributária. Daí a súmula 583 do STF, dispondo que o promitente comprador de imóvel residencial transcrito em nome de autarquia é contribuinte do IPTU.

2.3.2 IMUNIDADE DOS TEMPLOS DE QUALQUER CULTO

Igualmente denominada de imunidade religiosa, está prevista no art. 150, VI, “b” e §4°, da CF/88, alcançando os impostos sobre o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades religiosas.

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A imunidade dos templos de qualquer culto tem fundamento na preservação da liberdade religiosa, eis que o texto constitucional garante a inviolabilidade da liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as suas liturgias, de acordo com o art. 5°, VI.

Neste contexto, o Brasil é um Estado laico, pois não há uma religião oficial e a imunidade deve abranger qualquer culto religioso, atingindo, portanto, todas as religiões.

Importante: a imunidade tributária religiosa proíbe o IPTU sobre imóveis de propriedade dos templos que se encontram alugados, eis que deve abranger não somente os prédios destinados ao culto, mas, também, o patrimônio, a renda e os serviços relacionados com as finalidades essenciais das entidades religiosas (RE 325.822).

O STF também entende que os cemitérios que consubstanciam extensões de entidades de cunho religioso estão abrangidos pela imunidade religiosa, como a impossibilidade da incidência de IPTU em relação a eles (RE 578.562).

2.3.3 IMUNIDADE DOS PARTIDOS POLÍTICOS, ENTIDADES SINDICAIS DOS TRABALHADORES, INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO E DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

O texto constitucional estabelece a proibição de se criar impostos sobre patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei, bem como dispõe que tal vedação compreende somente o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais destas entidades, segundo o art. 150, VI, “c” e §4°.

No concurso da ESAF para o MPE/GO/2007 foi considerado errado o seguinte item: “Os partidos políticos são entidades imunes, benefício que não se estende às suas fundações”.

Neste contexto, salientamos que o enunciado “sem fins lucrativos” diz respeito às instituições de educação e de assistência social, estabelecendo o STF que a CF/88 remete à lei ordinária a fixação de normas sobre a constituição e o funcionamento da entidade educacional ou assistencial imune, mas não os lindes da imunidade, que, quando susceptíveis de disciplina infraconstitucional,

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ficou reservado à lei complementar, de acordo com o art. 146, II (ADI 1.802-MC).

Deste modo, para ser considerada entidade “sem fins lucrativos” se deve atender o art. 14 do CTN, estabelecendo os requisitos de: (i) não distribuir qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título; (ii) aplicar integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais; (iii) manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar a sua exatidão.

Portanto, na falta de cumprimento destes requisitos, a autoridade competente pode suspender a aplicação do benefício da imunidade tributária.

A respeito da abrangência desta imunidade, destacamos desde já que ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, c, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades essenciais de tais entidades (Súmula 724 do STF), bem como que a imunidade tributária conferida a instituições de assistência social sem fins lucrativos pelo art. 150, VI, c, apenas alcança as entidades fechadas de previdência social privada se não houver contribuição dos beneficiários (Súmula 730 do STF).

Com base na súmula 724, o STF assentou a imunidade de instituição de educação sem finalidade lucrativa (SENAC) relativamente ao ITBI referente à aquisição por ela de imóvel locado a terceiro, destinando-se os aluguéis a ser aplicados em suas finalidades institucionais (RE 235.737).

Por sua vez, o STF entende que a utilização do imóvel para atividade de lazer e recreação não configura desvio de finalidade com relação aos objetivos da fundação caracterizada como entidade de assistência social. Portanto, não agride o texto constitucional decisão que afasta o desvio de finalidade para o fim de assegurar a imunidade tributária com base no reconhecimento de que a atividade de recreação e lazer está no alcance dos objetivos de específica fundação (RE 236.174).

Da mesma forma, o fato de os imóveis estarem sendo utilizados como escritório e residência de membros das instituições de educação e assistência social, sem fins lucrativos, não afasta a imunidade

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prevista no artigo 150, inciso VI, alínea c, § 4º da Constituição Federal (RE 221.395).

Noutro ponto, a imunidade em favor das instituições de assistência social, abrange o II e o IPI, que incidem sobre bens a serem utilizados na prestação de seus serviços específicos (RE 243.807).

Nesse rumo, o STF tem entendido que a imunidade das entidades de assistência social abrange o ICMS incidente sobre a importação de mercadorias utilizadas na prestação de serviços específicos (AI 669.257-AgR) e o ICMS incidente as aquisições de produtos no mercado interno, desde que os bens adquiridos integrem o patrimônio dessas entidades beneficentes (AI 535.922-AgR).

Tal entendimento é fundamentado na premissa de que não há que “invocar, para o fim de ser restringida a aplicação da imunidade, critérios de classificação dos impostos adotados por normas infraconstitucionais, mesmo porque não é adequado distinguir entre bens e patrimônio, dado que este se constitui do conjunto daqueles. O que cumpre perquirir, portanto, é se o bem adquirido, no mercado interno ou externo, integra o patrimônio da entidade abrangida pela imunidade” (RE 203.755; RE 540.725-AgR).

Importante: a jurisprudência mais atual do STF compreende que a imunidade discutida neste item não se restringe aos impostos classificados no CTN como impostos sobre o patrimônio e a renda (ITR, IPTU, ITBI, IR e ISS), abrangendo do mesmo modo o ICMS, o IPI e o IOF, que são classificados pelo CTN como impostos sobre a produção e a circulação.

Decerto, o STF tem reconhecido a imunidade de instituição de ensino e de entidade de assistência social, sem fins lucrativos, referente ao IOF sobre operações bancárias (RE 249.980-AgR, RE 241.090).

Com feito, eventual renda obtida pela instituição de assistência social mediante cobrança de estacionamento de veículos em área interna da entidade, destinada ao custeio das atividades desta, também está abrangida pela imunidade (RE 144.900), bem como a renda obtida na prestação de serviços de diversão pública, mediante a venda de ingressos de cinema ao público em geral, e aproveitada em suas finalidades assistenciais (AI 155.822-AgR).

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De mais a mais, salientamos que o STF compreende que “terrenos baldios sem vinculação às finalidades essenciais da entidade afastam a imunidade prevista no art. 150, VI, c, da CF” (RE 375.715-ED, DJE de 24-9-2010) e que a Súmula nº 70 do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) dispõe que é “imune ao ITR o imóvel pertencente às entidades indicadas no artigo 150, VI, c, da Constituição, que se encontra arrendado, desde que a receita assim obtida seja aplicada nas atividades essenciais da entidade”.

2.3.4 IMUNIDADE DOS LIVROS, JORNAIS, PERIÓDICOS E O PAPEL DESTINADO A SUA IMPRESSÃO

Também chamada de imunidade cultural, está prevista no art. 150, VI, “d”, visando concretizar diversas normas jurídicas constitucionais, tais como a livre manifestação de pensamento (art. 5°, IV), da atividade artística, intelectual, científica e da comunicação (art. 5°, IX) e o acesso à informação (art. 5°, XIV).

Segundo a súmula 657 do STF, a imunidade cultural abrange os filmes e papéis fotográficos necessários à publicação de jornais e periódicos.

Nessa senda, o STF entende como imunes os filmes destinados à produção de capas de livros, denominados de “filme Bopp” (AI 597.746-AgR); o chamado papel fotográfico — filmes não impressionados (RE 203.859); o papel, papel fotográfico e papel para artes gráficas consumidos no processo produtivo do jornal (RE 276.842-ED); os materiais relacionados somente com papel, tais como papel fotográfico, papel telefoto, filmes fotográficos, sensibilizados, não impressionados, para imagens monocromáticas, papel fotográfico para fotocomposição por laser (RE 178.863).

Assim sendo, o STF assenta a impossibilidade de a imunidade cultural ser estendida a outros insumos não compreendidos no significado do enunciado papel destinado à sua impressão (RE 324.600-AgR).

Destarte, não tem imunidade a tinta utilizada para a impressão dos livros, jornais e periódicos ou os serviços de composição gráfica necessários à confecção dos livros, jornais e periódicos (RE 230.782).

Do mesmo modo, o STF tem compreendido que a imunidade

tributária cultural só vale para livros impressos e não para livros

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eletrônicos (CD-ROM), conforme RE nº 416.579/RJ, RE nº 282.387/RJ e AI nº 530.958/GO.

Importante: O STF já afirmou que “apenas os materiais relacionados com o papel - assim, papel fotográfico, inclusive para fotocomposição por laser, filmes fotográficos, sensibilizados, não impressionados, para imagens monocromáticas e papel para telefoto - estão abrangidos pela imunidade tributária” (RE nº 229.703/SP, AI nº 307.932/SP-AgR, RE nº 324.600/SP-AgR).

Importante: Em julgamento realizado em 14/06/2010, a Segunda Turma do STF deferiu medida cautelar para “outorgar efeito suspensivo a RE em que se discute a exigibilidade, ou não, do estorno de créditos de ICMS relativos a operações que antecedem a prática de atos imunes – fornecimento de material para produção de papel destinado à impressão de livros, jornais, periódicos (CF, art. 150, VI, d) (...) Consignou-se que, embora a jurisprudência do STF tenha revelado tendência restritiva ao interpretar o alcance da mencionada norma, a situação versada nos autos diferiria dos precedentes, sustentando-se, por conseguinte, a possibilidade de interpretação extensiva do postulado da imunidade tributária na hipótese prevista no art. 150, VI, d, da CF (...) Registrou-se que tal perspectiva fundar-se-ia no entendimento de que a efetiva – e plena – realização do instituto da imunidade tributária somente se completaria com a manutenção dos créditos, pois a impossibilidade de utilização dos créditos resultantes das operações de compra de insumos vinculados à produção de papel – com a consequente exigência fiscal de estorno dos créditos referentes a matérias-primas e a outros insumos utilizados na fabricação de papel destinado à impressão de livros, jornais e periódicos – frustraria, indevidamente, por completo, a concretização da tutela constitucional propiciada por essa limitação ao poder de tributar do Estado ” (AC 2.559-REF-MC, Informativo 591).

Por sua vez, o STF compreende que o poder constituinte originário não fez qualquer ressalva quanto ao valor artístico ou didático, à relevância das informações divulgadas ou à qualidade cultural de uma publicação. Decerto, não cabe ao aplicador da norma constitucional afastar a imunidade cultural instituída para proteger direito tão importante ao exercício da democracia, por força de um juízo subjetivo acerca da qualidade cultural ou do valor pedagógico de uma publicação (RE 221.239).

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Neste sentido, a imunidade alcança o álbum de figurinhas; listas telefônicas (RE 114.790); as chamadas apostilas para estudo, considerando-as manuais técnicos didáticos (RE 183.403).

Entretanto, o produto tem que ser algo considerado livro, jornal ou periódico, o que não inclui, por exemplo, cadernos e blocos de papel para anotações, livros contábeis, calendários, agendas de anotações e os encartes exclusivos de propaganda distribuídos com jornais e periódicos (RE 213.094).

Noutro ponto, ressalta-se que esta imunidade é objetiva, pois se relaciona aos livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão, portanto não se estende às editoras, autores, empresas jornalísticas ou de publicidade, que permanecem sujeitas à tributação pelas receitas e pelos lucros auferidos (RE 206.774).

Com efeito, não são alcançados pela imunidade cultural os impostos incidentes sobre os rendimentos (IRPF e IRPJ) das atividades da livraria, da banca de jornal ou dos empresários deste ramo.

Nos concursos da ESAF para Procurador de Contas/GO/2007 e do CESPE para TCE/AC/2009 e Promotor/SE/2010 foram considerados errados, respectivamente, os seguintes itens: “A imunidade tributária incidente sobre livros só é extensível ao papel nele utilizado se a obra tiver fins didático-educacionais”. “As normas relativas à imunidade tributária devem ser interpretadas restritivamente, razão pela qual os álbuns de figurinhas e os respectivos cromos adesivos não estão alcançados pela imunidade prevista na CF para os livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão”; “As editoras que têm como única atividade a produção de livros e jornais estão imunes ao imposto incidente sobre a renda”.

2.3.5 IMUNIDADES TÓPICAS OU ESPECÍFICAS

São as imunidades espalhadas ou esparsas pelo texto constitucional.

Imunidades tópicas ou específicas (i) São a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: (a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de

direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; (b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e

esclarecimento de situações de interesse pessoal (art. 5°, XXXIV); (ii) Ação popular, salvo comprovada má-fé, é isento (diga-se

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tecnicamente imune) de custas judiciais, que é uma taxa de serviço público (art. 5°, LXXIII);

(iii) São gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei, o registro civil de nascimento e a certidão de óbito (art. 5°,

LXXVI); (iv) São gratuitas as ações de “habeas-corpus” e “habeas-data”, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania (art.

5°, LXXVII); (v) As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação (art. 149,

§2°, I); (vi) O IPI não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao

exterior (art. 153, §3°, III); (vii) O ITR não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore o proprietário que não possua outro imóvel

(art. 153, §3°, II); (viii) O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou

instrumento cambial, sujeita-se exclusivamente à incidência do IOF (art. 153, §5°), isto é, não pode incidir qualquer outro tributo; (ix) O ICMS não incidirá: (a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a

destinatários no exterior; (b) sobre operações que destinem a outros Estados petróleo, inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e energia elétrica; (c) nas prestações de

serviço de comunicação nas modalidades de radiodifusão sonora e de sons e imagens de recepção livre e gratuita (art. 155, §2°, X);

(x) À exceção do II, IE e ICMS nenhum outro imposto poderá incidir sobre operações relativas a energia elétrica, serviços de

telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País (art. 155, §3°), isto é, a imunidade se refere apenas aos

impostos (exceto II, IE e ICMS), podendo incidir, por exemplo, contribuições tributárias. Anota-se a súmula 659 do STF, dispondo que é “legítima a cobrança da COFINS, do PIS e do FINSOCIAL sobre

as operações relativas a energia elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do

país”; (xi) O ITBI não incidirá (a) sobre transmissão de bens ou direitos

incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital; (b) sobre a transmissão de bens ou direitos decorrente de fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se,

nesses casos, a atividade preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos; (c) locação de bens imóveis; (d)

arrendamento mercantil (art. 156, §2°, I); (xii) São isentas (diga-se tecnicamente imune) de impostos

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federais, estaduais e municipais as operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária (art. 184, §5°);(xiii) A contribuição previdenciária não incide sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social (art. 195,

II); (xiv) São isentas (diga-se tecnicamente imune) de contribuição para

a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei (art. 195, §7°);

(xv) A celebração do casamento é gratuita, portanto, imune a taxas (art. 226, § 1º).

3. QUESTÕES COMENTADAS DA ESAF

1. (ESAF/ISS/RJ/2010) Sobre a imunidade constitucional recíproca, que veda a instituição e a cobrança de impostos pelos entes tributantes sobre o patrimônio, a renda ou os serviços, uns dos outros, é incorreto afirmar que: a) a imunidade tributária recíproca alcança apenas as finalidades essenciais da entidade protegida. O reconhecimento da imunidade tributária às operações financeiras não impede a autoridade fiscal de examinar a correção do procedimento adotado pela entidade imune. Constatado desvio de finalidade, a autoridade fiscal tem o poder-dever de constituir o crédito tributário e de tomar as demais medidas legais cabíveis. b) a imunidade tributária recíproca é extensiva às autarquias, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes. c) a imunidade constitucional recíproca alcança as empresas públicas prestadoras de serviço público, bem como as empresas públicas que exercem atividade econômica em sentido estrito. d) a imunidade tributária recíproca diz respeito aos impostos, não alcançando as contribuições. e) a imunidade tributária recíproca aplica-se às operações de importação de bens realizadas por municípios, quando o ente público for o importador do bem (identidade entre o ‘contribuinte de direito’ e o ‘contribuinte de fato’).

Letra (A). O enunciado cobrou entendimento literal do STF, que afirmou: “A imunidade tributária gozada pela Ordem dos Advogados do Brasil é da espécie recíproca (art. 150, VI, a, da Constituição), na medida em que a OAB desempenha atividade própria de Estado (defesa da Constituição, da ordem jurídica do Estado democrático de

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direito, dos direitos humanos, da justiça social, bem como a seleção e controle disciplinar dos advogados). A imunidade tributária recíproca alcança apenas as finalidades essenciais da entidade protegida. O reconhecimento da imunidade tributária às operações financeiras não impede a autoridade fiscal de examinar a correção do procedimento adotado pela entidade imune. Constatado desvio de finalidade, a autoridade fiscal tem o poder-dever de constituir o crédito tributário e de tomar as demais medidas legais cabíveis. Natureza plenamente vinculada do lançamento tributário, que não admite excesso de carga.” (RE 259.976-AgR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, Segunda Turma, DJE de 30-4-2010) Logo, correta.

Letra (B). Segundo o art. 150, VI, “a” e §2°, da CF, a imunidade recíproca, refere-se à proibição da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios de instituir impostos sobre patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros, bem como é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes. Logo, correta.

Letra (C). Segundo jurisprudência consolidada do STF, a imunidade constitucional recíproca alcança as empresas públicas prestadoras de serviço público, mas não as empresas públicas que exercem atividade econômica em sentido estrito (ACO 959, Rel. Min. Menezes Direito, Plenário, DJE de 16-5-2008; RE 552.736-AgR, Rel. Min. Cármen Lúcia, Primeira Turma, DJE de 20-11-2009; AI 690.242-AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Primeira Turma, DJE de 17-4-2009). Portanto, incorreta.

Letra (D). A imunidade tributária recíproca apenas alcança aos impostos e não as contribuições, as taxas ou os empréstimos compulsórios (art. 150, VI, “a”, CF). Logo, correta.

Letra (E). A questão cobrou entendimento recente do STF. Senão, vejamos: “A imunidade tributária prevista no art. 150, VI, a, da Constituição, aplica-se às operações de importação de bens realizadas por municípios, quando o ente público for o importador do bem (identidade entre o ‘contribuinte de direito’ e o ‘contribuinte de fato’). Compete ao ente tributante provar que as operações de importação desoneradas estão influindo negativamente no mercado, a ponto de violar o art. 170 da Constituição. Impossibilidade de presumir risco à livre-iniciativa e à concorrência” (AI 518.325-AgR,

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Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 6-4-2010, Segunda Turma, DJE de 30-4-2010). Logo, correta.

2. (ESAF/TRF/2005/Adaptada) Em relação às imunidades, avalie as afirmações abaixo e, em seguida, marque a opção correta. I. A diferença básica entre imunidade e isenção está em que a primeira atua no plano da definição da competência, e a segunda no plano do exercício da competência. II. As imunidades podem ser definidas em função de condições pessoais de quem venha a vincular-se às situações materiais que ensejariam a tributação. III. As imunidades podem ser definidas em função do objeto suscetível de ser tributado. IV. A Constituição, ao definir a competência, excepciona determinadas situações que, não fosse a imunidade, estariam dentro do campo da competência, mas por força da norma de imunidade, permanecem fora do alcance do poder de tributar. a) Todos os itens estão corretos. b) Há apenas um item correto. c) Há dois itens corretos. d) Há três itens corretos. e) Todos os itens estão errados.

Item I. A diferença básica ou principal entre imunidade e isenção é realmente que a imunidade atua no plano da definição da competência, e a isenção no plano do exercício da competência. A imunidade pode ser conceituada como uma delimitação negativa de competência tributária, ou seja, não há competência tributária. A isenção é a dispensa legal de pagamento de um tributo devido, isto é, a autoridade não pode cobrar o tributo, eis que, mesmo acontecendo à incidência tributária (ocorre o fato gerador), está impedido de realizar o lançamento tributário. Logo, correto.

Item II. As imunidades podem ser definidas em função de condições pessoais de quem venha a vincular-se às situações materiais que ensejariam a tributação. Este tipo de imunidade é a denominada de subjetiva ou pessoal, pois leva em consideração o sujeito imunizado. Por exemplo, a imunidade referente ao patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações (art. 150, VI, “c”, CF). Logo, correto.

Item III. As imunidades podem ser definidas em função do objeto suscetível de ser tributado. Este tipo de imunidade é a

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denominada de objetiva ou real, sendo concedida em virtude da qualidade da coisa, do objeto ou da mercadoria. Por exemplo, a imunidade dos livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão (art. 150, VI, “d”, CF). Logo, correto.

Item IV. A Constituição, ao definir a competência, excepciona determinadas situações que, não fosse a imunidade, estariam dentro do campo da competência, mas por força da norma de imunidade, permanecem fora do alcance do poder de tributar. É verdade, uma vez que a competência tributária é a aptidão para determinado ente criar o tributo e a imunidade traduz um elemento de incompetência tributária, sendo considerada uma “zona” na qual não poderá haver tributação e consequentemente incidência tributária. Portanto, a imunidade tem sede na CF/88, materializando uma dispensa constitucional de pagamento de tributo. Logo, correto.

Portanto, a questão é letra “a”. Todos os itens estão corretos.

3. (ESAF/AFRFB/2010) Diversos fatos podem resultar na desoneração tributária. Assinale, entre as que se seguem, a forma de desoneração tributária pela qual não nascem nem a obrigação tributária, nem o respectivo crédito por força do não-exercício da competência a que tem direito o poder tributante. a) Imunidade. b) Não-incidência. c) Isenção. d) Alíquota zero. e) Remissão.

Inicialmente, registra-se o seguinte quadro elucidativo:

Imunidade Isenção Não-incidência

Alíquota zero

Quanto à lei criadora

Constituição Em regra, lei ordinária.

Falta de previsão.

Em regra, lei ordinária.

Quanto ao exercício da competência tributária.

Não há. Existe. Não há. Existe.

Quanto à obrigação tributária

Não há. Existe. Não há. Existe.

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Quanto ao crédito tributário

Não há. Não há. Não há. Em regra, não há, salvo dispositivo de lei em contrário.

Letra (A). Na imunidade tributária o ente federativo não tem o direito de tributar. Logo, incorreta.

Letra (B). Na não-incidência não nasce a obrigação e nem o crédito tributário por força do não-exercício da competência a que tem direito o ente federativo. Logo, correta.

Letra (C). Na isenção (art. 175, CTN) nasce a obrigação

tributária. Contudo, o crédito tributário é excluído. Logo, incorreta.

Letra (D). Na alíquota zero há obrigação tributária. Entretanto, o tributo não é recolhido porque o valor do tributo é inexistente (aspecto quantitativo). Isto é, a multiplicação da base de cálculo por zero é igual a zero (BC x AL = 0). Então, o valor do tributo a ser pago é nulo. Logo, incorreta.

Letra (E). Na remissão (art. 172, CTN) há obrigação e crédito tributário, que é extinto por força do perdão legal da dívida. Logo, incorreta.

4. (ESAF/FTE/PA/2002) A não-incidência de impostos sobre as autarquias e as fundações públicas, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços vinculados às suas finalidades essenciais ou delas decorrentes, resulta de: a) remissão. b) anistia. c) isenção. d) imunidade. e) moratória.

A questão diz respeito expressamente ao art. 150, §2°, da CF/88. Portanto, sem sombra de dúvidas, refere-se a imunidade tributária. Portanto, a resposta é a letra “d”.

A remissão, modalidade de extinção do crédito tributário, é o perdão da dívida pelo credor, dependendo sempre de lei específica (art. 150, §6º, da CF/88). Isto significa dizer que a remissão é a liberação graciosa da dívida pelo Fisco, tal como o perdão de resíduos

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ínfimos quanto ao pagamento de tributo (art. 172, III, do CTN). Logo, incorreta a letra “a”.

A anistia e a isenção são as causas de exclusão do crédito tributário. Exclusão do crédito tributário quer dizer impedir ou evitar a sua constituição. Como a constituição do crédito tributário ocorre com o lançamento, afirma-se que as hipóteses de anistia e de isenção são situações ou causas inibitórias do lançamento tributário, impedindo a sua existência. A anistia exclui a multa tributária (arts. 180 a 182 do CTN) e a isenção exclui o pagamento do tributo (arts. 175 a 179 do CTN). Logo, incorretas as letra “b” e “c”.

A moratória, modalidade de suspensão do crédito tributário, é a dilação ou prorrogação do prazo legal para o pagamento do tributo (arts. 152 a 155 do CTN). Com efeito, a moratória é um favor legal ou benefício fiscal de prorrogação de pagamento, isto é, o fisco estabelece novo prazo para pagamento do tributo. Logo, incorreta a letra “e”.

5. (ESAF/SEFAZ/CE/2007) A norma que impede que a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios tributem, reciprocamente, seus patrimônios, rendas ou serviços, denomina-se a) imunidade. b) isenção. c) norma geral anti-elisiva. d) anistia. e) não-incidência.

A questão diz respeito expressamente ao art. 150, VI, “a”, da CF/88. Portanto, deve-se marcar a hipótese mais adequada, que é a imunidade tributária. Portanto, a resposta é a letra “a”.

A norma geral anti-elisiva, segundo doutrina amplamente dominante, está prevista no art. 116, parágrafo único, do CTN, que dispõe que a autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária

Neste sentido, tal regra é chamada de “norma antielisão” ou “norma geral anti-elisiva”, pois busca combater os procedimentos de planejamento tributário praticados pelo contribuinte com abuso de forma ou/e abuso de direito. registra-se que a doutrina minoritária

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denomina o art. 116, parágrafo único, do CTN, de norma geral “antievasiva” ou “anti-simulação”. Logo, incorreta a letra “c”.

A não-incidência é o acontecimento no mundo dos fatos que não corresponde à descrição legal tributária. Assim, na não-incidência faltam elementos para enquadrar determinado fato na hipótese de incidência, ou seja, é a não previsão do fato na hipótese de incidência.

Com efeito, não há obrigação tributária e, por conseguinte, não há crédito tributário. Ressalta-se que a imunidade tributária não deixa de ser uma hipótese de não-incidência estabelecida pela CF. Contudo, como a questão na letra “a” se refere explicitamente a imunidade, deve-se considerar inadequada a letra “e” no caso.

6. (ESAF/SEFAZ/SP/2009) As imunidades tributárias são classificadas em: a) ontológicas e políticas. b) proporcionais e progressivas. c) diretas e indiretas. d) cumulativas e não cumulativas. e) vinculadas e não vinculadas.

As imunidades tributárias podem ser classificadas nas seguintes categorias: (i) subjetivas ou pessoais, objetivas ou reais e mistas (subjetiva e objetiva); (ii) ontológicas e políticas; (iii) gerais ou genéricas e tópicas ou especiais; (iv) condicionadas ou incondicionadas; (v) explícitas ou implícitas; (vi) excludentes e incisivas.

Classificações das imunidades tributárias (i) subjetivas, objetivas e mistas;

(ii) ontológicas e políticas; (iii) gerais e tópicas;

(iv) condicionadas e incondicionadas; (v) explícitas e implícitas;

(vi) excludentes e incisivas.

Portanto, a resposta é a letra “a”.

7. (ESAF/AFTN/96) Quanto às imunidades tributárias, é procedente afirmar que: a) são reguladas exclusivamente mediante lei ordinária federal.

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b) não se aplicam às taxas e contribuições sociais. c) podem ser instituídas por intermédio de lei complementar. d) são extensivas aos partidos políticos, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços vinculados ou não às suas atividades essenciais. e) são normas constitucionais que colaboram no desenho das competências impositivas.

A letra “a” é incorreta, uma vez que as imunidades tributárias são instituídas pela CF/88 e podem ser reguladas pela lei complementar, que cabe regular as limitações constitucionais ao poder de tributar (imunidades tributárias e princípios constitucionais tributários), segundo o art. 146, II, da CF/88.

A letra “b” é incorreta, pois as imunidades tributárias também se aplicam as taxas e contribuições sociais. São as chamadas imunidades tópicas. Por exemplo, são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: (a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; (b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal (art. 5°, XXXIV, CF). Noutro exemplo, a contribuição previdenciária não incide sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social (art. 195, II, CF).

A letra “c” é incorreta, eis que as imunidades tributárias são

instituídas pelo texto constitucional

A letra “d” é incorreta, uma vez que a imunidade tributária concernente aos impostos é extensiva aos partidos políticos, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços vinculados às suas atividades essenciais, conforme §4° do art. 150 da CF/88.

Nesse rumo, a resposta é a letra “e”, pois realmente as imunidades são normas constitucionais que colaboram no desenho das competências impositivas, uma vez que impedem a incidência tributária.

8. (ESAF/AFTN/94) Sobre as imunidades tributárias, podemos afirmar que a) não se aplicam às taxas e aos impostos sobre o comércio exterior. b) podem ser instituídas por intermédio de lei complementar.

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c) são extensivas às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados ou não a suas finalidades essenciais. d) impossibilitam sejam previstos fatos geradores da obrigação tributária para os casos por ela abrangidos. e) são hipóteses de não-incidência legalmente qualificada.

A letra “a” é incorreta, uma vez que as imunidades tributárias se aplicam também às taxas e aos impostos sobre o comércio exterior (II e IE).

A letra “b” é incorreta, eis que as imunidades tributárias só podem ser instituídas pelo texto constitucional.

A letra “c” é incorreta, uma vez que a imunidade tributária concernente aos impostos é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes, de acordo com o §2° do art. 150 da CF/88.

Por sua vez, as imunidades tributárias impossibilitam que sejam previstos fatos geradores da obrigação tributária para os casos por ela abrangidos, eis que falta competência tributária para os entes federativos no caso. Logo, a resposta é a letra “d”.

A letra “e” é incorreta, pois a imunidade tributária é hipótese de não-incidência constitucionalmente qualificada.

9. (ESAF/TRF/2002.2) Assinale a opção correta. a) As empresas públicas, as sociedades de economia mista e suas subsidiárias gozarão dos privilégios tributários estabelecidos em lei complementar. b) As empresas públicas, as sociedades de economia mista e suas subsidiárias gozarão dos privilégios fiscais estabelecidos em lei complementar. c) As empresas públicas, as sociedades de economia mista e suas subsidiárias gozarão dos privilégios tributários estabelecidos em lei, desde que extensivos às do setor privado. d) As autarquias federais, municipais e estaduais gozam de imunidade quanto aos tributos dos outros entes políticos em decorrência da imunidade recíproca.

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e) O regime jurídico tributário das empresas públicas e das sociedades de economia mista que explorem atividade econômica de produção ou de comercialização de bens é estabelecido em norma complementar da legislação tributária.

A questão cobra o art. 173, §2°, da CF/88, dispondo que “as empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado”. Portanto, se as empresas do setor privado gozam de privilégios fiscais, as empresas públicas e as sociedades de economia mista também poderão gozar dos mesmos privilégios, obedecendo-se o princípio da isonomia.

E também cobra o art. 173, §1°, II, afirmando que a lei (não necessariamente lei complementar) estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários.

Portanto, a resposta é a letra “c”.

10. (ESAF/AFRFB/2005) No tocante às imunidades tributárias conferidas às instituições de assistência social sem fins lucrativos, só uma afirmação não pode ser feita: a) É subordinada, entre outros, ao requisito de que apliquem integralmente no País os seus recursos na manutenção de seus objetivos institucionais, ou de outros que com estes guardem semelhança. b) Somente alcançam as entidades fechadas de previdência social privada se não houver contribuição dos beneficiários. c) Não excluem a atribuição, por lei, às instituições de assistência social, da condição de responsáveis pelos tributos que lhes caiba reter na fonte. d) Não dispensa tais entidades do cumprimento de obrigações tributárias acessórias, como a de manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão. e) Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a tais instituições, desde que o

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valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades essenciais de tais entidades.

É letra “a”, porque o CTN dispõe “aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais” (art. 14, II) e não tem qualquer referência a parte final do que está expresso nesta letra (“ou de outros que com estes guardem semelhança”).

A letra “b” é correta, de acordo com a súmula 730 do STF.

As letras “c” e “d” são corretas, segundo a literalidade dos arts. 9°, §1°, c/c 14, III, do CTN.

A letra “e” é correta, de acordo com a súmula 724 do STF.

11. (ESAF/ATN/Recife/2003) É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir impostos sobre patrimônio, renda ou serviços das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos. No entanto, de acordo com o Código Tributário Nacional, tal imunidade tributária é subordinada à observância, pelas referidas instituições, do seguinte requisito, entre outros: a) aplicarem integralmente, no Brasil ou em suas controladas no exterior, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais. b) não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título. c) no caso de instituições de educação, oferecerem gratuitamente pelo menos 50% das vagas de seus cursos regulares a alunos carentes. d) não remunerarem seus empregados com salários superiores aos pagos por empresas públicas, em se tratando de cargos de iguais atribuições. e) não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a título de lucro ou participação no seu resultado.

O art. 14 do CTN estabelece os seguintes requisitos: (i) não distribuir qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título; (ii) aplicar integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais e (iii) manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de

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formalidades capazes de assegurar a sua exatidão. Portanto, a resposta é a letra “b”.

12. (ESAF/AFTE/RN/2004) Avalie o acerto das afirmações adiante e marque com V as verdadeiras e com F as falsas; em seguida, marque a resposta correta. ( ) A imunidade tributária conferida pela Constituição Federal a instituições de assistência social sem fins lucrativos somente alcança as entidades fechadas de previdência social privada se não houver contribuição dos beneficiários. ( ) É permitido à União exigir imposto sobre a renda auferida por Municípios que provenha de aluguel de imóveis a eles pertencentes. ( ) O imóvel pertencente a entidade sindical de trabalhadores, ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao imposto sobre propriedade predial e territorial urbana (IPTU), desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades essenciais de tal entidade. a) V, V, V. b) V, V, F. c) V, F, V. d) F, F, V. e) F, V, F.

A imunidade tributária conferida pela Constituição Federal a instituições de assistência social sem fins lucrativos somente alcança as entidades fechadas de previdência social privada se não houver contribuição dos beneficiários, segundo a súmula 730 do STF.

Não é permitido à União exigir IR auferida por Municípios que provenha de aluguel de imóveis a eles pertencentes, eis que esta renda está abrangida pela imunidade recíproca disposta no art. 150, VI, “a”, da CF/88.

O imóvel pertencente a entidade sindical de trabalhadores, ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao imposto sobre propriedade predial e territorial urbana (IPTU), desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades essenciais de tal entidade, de acordo com a súmula 724 do STF.

Portanto, é a letra “c” (V, F, V).

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13. (ESAF/Procurador do TCE/GO/2007) Entre as afirmativas abaixo, relativas à imunidade e isenções tributárias, assinale a correta. a) Os partidos políticos são entidades imunes, benefício que não se estende às suas fundações. b) A imunidade de entidade educacional sem fins lucrativos não é extensiva aos aluguéis de apartamento de sua propriedade revertidos às suas finalidades institucionais. c) A imunidade tributária incidente sobre livros só é extensível ao papel nele utilizado se a obra tiver fins didático-educacionais. d) A isenção por prazo certo e em função de determinadas condições atendidas pelo sujeito passivo gera direito adquirido. e) A empresa pública Caixa Econômica Federal, que exerce atividade econômica, é abrangida pela imunidade tributária recíproca, não se sujeitando ao pagamento de imposto sobre propriedade de veículos automotores incidentes sobre seus carros.

A letra “a” é incorreta, pois os partidos políticos são entidades imunes, benefício que se estende às suas fundações, conforme art. 150, VI, “c”, da CF/88.

A letra “b” é incorreta, pois a imunidade de entidade educacional sem fins lucrativos é extensiva aos aluguéis de apartamento de sua propriedade revertidos às suas finalidades institucionais, de acordo com súmula 724 do STF.

A letra “c” é incorreta, pois segundo jurisprudência do STF o poder constituinte, “ao instituir esta benesse, não fez ressalvas quanto ao valor artístico ou didático, à relevância das informações divulgadas ou à qualidade cultural de uma publicação. Não cabe ao aplicador da norma constitucional em tela afastar este benefício fiscal instituído para proteger direito tão importante ao exercício da democracia, por força de um juízo subjetivo acerca da qualidade cultural ou do valor pedagógico de uma publicação destinada ao público infanto-juvenil.” (RE 221.239, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ de 6-8-04; RE 179.893, Rel. Min. Menezes Direito, DJE de 30-5-08).

Por outro lado, a letra “d” é correta, uma vez que a isenção por prazo certo e em função de determinadas condições atendidas pelo sujeito passivo gera direito adquirido. De acordo com o art. 178 do CTN, as isenções podem revogadas a qualquer tempo, salvo as

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isenções condicionais (onerosas) e por prazo certo. Assim, conforme o entendimento sumulado 544 do STF: “Isenção tributária concedida sob condição onerosa não pode ser livremente suprimida”.

A letra “e” é incorreta, pois a empresa pública Caixa Econômica Federal exerce atividade econômica, não estando abrangida pela imunidade tributária recíproca, sujeitando-se ao pagamento de imposto sobre propriedade de veículos automotores incidentes sobre seus carros, conforme §3°, do art. 150, da CF/88.

14. (ESAF/AFRF/2003) · Entidade fechada de previdência privada, que só confere benefícios aos seus filiados desde que eles recolham as contribuições pactuadas, goza de imunidade tributária? · Segundo entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal, filmes fotográficos destinados à composição de livros, jornais e periódicos estão abrangidos por imunidade tributária? · A Constituição Federal veda a instituição de contribuição social para a seguridade social sobre o lucro auferido por pessoas jurídicas, que decorra de comercialização de livros, jornais, periódicos e papel destinado a sua impressão? a) Não, sim, não. b) Não, não, sim. c) Não, não, não. d) Sim, sim, não. e) Sim, não, sim.

Entidade fechada de previdência privada, que só confere benefícios aos seus filiados desde que eles recolham as contribuições pactuadas, não goza de imunidade tributária, segundo a súmula 730 do STF.

Segundo entendimento firmado pelo STF, filmes fotográficos destinados à composição de livros, jornais e periódicos estão abrangidos por imunidade tributária, de acordo com a súmula 657 do STF.

A Constituição Federal não veda a instituição de contribuição social para a seguridade social sobre o lucro auferido por pessoas jurídicas, que decorra de comercialização de livros, jornais, periódicos e papel destinado a sua impressão. Lembre que a imunidade cultural (art. 150, VI, “d”) é objetiva ou real, referindo-se apenas aos impostos sobre livros, jornais, periódicos e papel destinado a sua impressão.

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Logo, a questão é a letra “a” (Não, sim, não).

15. (ESAF/AFTN/94) A Constituição da República prevê que sobre a energia elétrica podem incidir somente a) dois impostos. b) três impostos. c) os impostos de importação e de exportação. d) imposto único sobre energia elétrica. e) impostos estaduais e municipais.

A questão é letra “b”, porque à exceção do II, IE e ICMS, nenhum outro imposto poderá incidir sobre operações relativas a energia elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País, de acordo com o art. 155, §3°, da CF/88.

16. (ESAF/AFTN/94) Quando atendam os requisitos estabelecidos na lei, não podem ser cobrados impostos que incidam sobre a renda, serviços e patrimônio, bem como a contribuição para a seguridade social, das seguintes espécies de entidades: a) partidos políticos. b) instituições beneficentes de educação. c) fundações dos partidos políticos. d) instituições beneficentes de assistência social. e) entidades sindicais dos trabalhadores.

A questão é letra “d”, segundo expressamente disposto no art. 150, VI, “c” c/c §7°, do art. 195 da CF/88, a saber: (i) é vedado (proibição) criar impostos sobre patrimônio, renda ou serviços das instituições de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei (art. 150, VI, “c”); (ii) são isentas (diga-se tecnicamente imune) de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei (art. 195, §7°).

Ressalta-se que a imunidade tem sede na CF/88, materializando uma dispensa constitucional de pagamento de tributo. Sendo assim, há dispositivos constitucionais que transmitem o teor de “falsas” isenções, representando nítidas “imunidades”, existindo equívoco por parte do legislador constitucional. Por exemplo, o citado art. 195, §7°, da CF.

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17. (ESAF/ISS/RJ/2010) Sobre as limitações constitucionais ao poder de tributar, é correto afirmar que: a) apenas mediante lei é possível instituir ou aumentar tributo. b) nos tributos de competência da União, não se admitem discriminações regionais ou locais com relação aos mesmos fatos geradores ou bases de cálculo. c) as fundações públicas instituídas pela União são imunes de impostos estaduais. d) a imunidade recíproca de impostos entre os entes da federação brasileira abrange todas as rendas de todos eles, salvo se decorrentes de ganhos em aplicações financeiras. e) inclusive conforme a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a imunidade dos “templos de qualquer culto” tem interpretação ampla e finalística.

Letra (A). O art. 150, I, da CF, dispõe sobre o princípio da legalidade tributária, que afirma que não pode exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça. Todavia, há uma flexibilização, por exemplo, com o art. 153, §1°, da CF, prescrevendo que é facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas do imposto de importação (II), imposto de exportação (IE), imposto sobre produtos industrializados (IPI) e o imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários (IOF). Assim sendo, o termo “apenas” torna a alternativa incorreta.

Letra (B). O art. 151, I, da CF, permite a União conceder incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País. Ou seja, a União pode tributar de forma diferente as diversas regiões do Brasil, desde que seja para a promoção do equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico do País. Por exemplo, em princípio, a tributação dos impostos da União pode ser mais gravosa nas regiões mais ricas e menos gravosas nas regiões mais pobres. Logo, incorreta.

Letra (C). Segundo os termos literais do § 2°, do art. 150, da CF, a imunidade recíproca abarca as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes. Noutro ponto, segundo o entendimento dominante, a imunidade recíproca não abrange o ICMS, ou seja, não são todos os impostos estaduais. Neste sentido, a jurisprudência do STF firmou-se no sentido de que a imunidade recíproca somente se aplica a imposto

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incidente sobre serviço, patrimônio ou renda do próprio Município (AI 671.412-AgR, Rel. Min. Eros Grau, Segunda Turma, DJE de 25-4-2008; AI 518.325-AgR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, Segunda Turma, DJE de 30-4-2010; AI 634.050-AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Primeira Turma, DJE de 14-8-2009). Logo, incorreta.

Letra (D). A imunidade recíproca de impostos entre os entes da federação brasileira alcança as rendas decorrentes de ganhos em aplicações financeiras. Neste sentido, segundo o STF, a garantia constitucional da imunidade recíproca impede a incidência de tributos sobre o patrimônio e a renda dos entes federados, inclusive os valores investidos e a renda auferida pelo membro da federação (AI 174.808-AgR, Rel. Min. Maurício Corrêa, Segunda Turma, DJ de 01-07-1996). Logo, incorreta.

Letra (E). Segundo o STF, a imunidade dos “templos de qualquer culto” tem interpretação ampla e finalística (RE 578.562, Rel. Min. Eros Grau, Plenário, DJE de 12-9-2008; AI 690.712-AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Primeira Turma, DJE de 14-8-2009). Logo, correta.

4. SÍNTESE FUNDAMENTAL DA AULA

SÍNTESE FUNDAMENTAL

• A imunidade tributária pode ser conceituada como uma hipótese constitucional de intributabilidade ou de não-incidência constitucionalmente qualificada.

• A imunidade tributária não exclui a atribuição, por lei, às entidades nele referidas, da condição de responsáveis pelos tributos que lhes caiba reter na fonte, e não as dispensa da prática de atos, previstos em lei, assecuratórios do cumprimento de obrigações tributárias por terceiros.

• A imunidade tributária recíproca se refere à proibição da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios de instituir impostos sobre patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros, bem como é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.

• A imunidade recíproca não é aplicada ao patrimônio, à renda e

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aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel.

• Em princípio, a imunidade tributária recíproca não alcançaria as empresas públicas e sociedades de economia mista, salvo quando exerçam atividades tipicamente estatais. Assim, o STF afirma que a imunidade recíproca alcança a empresa pública prestadora de serviço público e a sociedade de economia mista prestadora de serviço público, pois estas não se confundem com empresas públicas que exercem atividade econômica em sentido estrito.

• A imunidade dos templos de qualquer culto alcança os impostos sobre o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades religiosas. Assim, o STF também entende que os cemitérios que consubstanciam extensões de entidades de cunho religioso estão abrangidos pela imunidade religiosa, como a impossibilidade da incidência de IPTU em relação a eles.

• O texto constitucional estabelece a proibição de se criar impostos sobre patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei, bem como dispõe que tal vedação compreende somente o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais destas entidades.

• Neste contexto, salienta-se que o enunciado “sem fins lucrativos” diz respeito às instituições de educação e de assistência social, estabelecendo o STF que a CF/88 remete à lei ordinária a fixação de normas sobre a constituição e o funcionamento da entidade educacional ou assistencial imune, mas não os lindes da imunidade, que, quando susceptíveis de disciplina infraconstitucional, ficou reservado à lei complementar, conforme o art. 146, II, do texto magno.

• Portanto, para ser considerada entidade “sem fins lucrativos” se deve atender ao art. 14 do CTN, que estabelece os requisitos de: (i) não distribuir qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas

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rendas, a qualquer título; (ii) aplicar integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais; (iii) manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar a sua exatidão.

• A respeito da abrangência desta última imunidade, destaca-se desde já que ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, c, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades essenciais de tais entidades (Súmula 724 do STF), bem como que a imunidade tributária conferida a instituições de assistência social sem fins lucrativos pelo art. 150, VI, c, apenas alcança as entidades fechadas de previdência social privada se não houver contribuição dos beneficiários (Súmula 730 do STF).

• A imunidade dos livros, jornais, periódicos e do papel destinado a sua impressão, também chamada de imunidade cultural, está prevista no art. 150, VI, “d”, visando concretizar inúmeras normas jurídicas constitucionais, tais como a livre manifestação de pensamento (art. 5°, IV), da atividade artística, intelectual, científica e da comunicação (art. 5°, IX) e o acesso à informação (art. 5°, XIV). Segundo a súmula 657 do STF, a imunidade cultural abrange os filmes e papéis fotográficos necessários à publicação de jornais e periódicos.

• Nessa senda, o STF entende como imunes os filmes destinados à produção de capas de livros, denominados de “filme Bopp”; o chamado papel fotográfico — filmes não impressionados; o papel, papel fotográfico e papel para artes gráficas consumidos no processo produtivo do jornal; os materiais relacionados somente com papel, tais como papel fotográfico, papel telefoto, filmes fotográficos, sensibilizados, não impressionados, para imagens monocromáticas, papel fotográfico para fotocomposição por laser.

• Com efeito, o STF assenta a impossibilidade de a imunidade cultural ser estendida a outros insumos não compreendidos no significado do enunciado papel destinado à sua impressão. Destarte, não tem imunidade a tinta utilizada para a impressão dos livros, jornais e periódicos ou os serviços de composição gráfica necessários à confecção dos livros, jornais e periódicos.

• Por sua vez, o STF compreende que o poder constituinte originário não fez qualquer ressalva quanto ao valor artístico ou didático, à relevância das informações divulgadas ou à qualidade cultural de uma publicação, assim, não cabe ao aplicador da norma

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constitucional afastar a imunidade cultural instituída para proteger direito tão importante ao exercício da democracia, por força de um juízo subjetivo acerca da qualidade cultural ou do valor pedagógico de uma publicação. Neste sentido, a imunidade alcança o álbum de figurinhas; listas telefônicas; as chamadas apostilas para estudo, considerando-os manuais técnicos didáticos. Entretanto, o produto tem que ser algo considerado livro, jornal ou periódico, o que não inclui, por exemplo, cadernos e blocos de papel para anotações, livros contábeis, calendários, agendas de anotações e os encartes exclusivos de propaganda distribuídos com jornais e periódicos.

• Existem imunidades específicas ou tópicas previstas explicitamente na CF/88, tais como as das contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico que não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação e das taxas concernentes a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal.

5. LISTA COM EXERCÍCIOS DA ESAF COMENTADOS EM SALA DE AULA

1. (ISS/RJ/2010) Sobre a imunidade constitucional recíproca, que veda a instituição e a cobrança de impostos pelos entes tributantes sobre o patrimônio, a renda ou os serviços, uns dos outros, é incorreto afirmar que: a) a imunidade tributária recíproca alcança apenas as finalidades essenciais da entidade protegida. O reconhecimento da imunidade tributária às operações financeiras não impede a autoridade fiscal de examinar a correção do procedimento adotado pela entidade imune. Constatado desvio de finalidade, a autoridade fiscal tem o poder-dever de constituir o crédito tributário e de tomar as demais medidas legais cabíveis. b) a imunidade tributária recíproca é extensiva às autarquias, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes. c) a imunidade constitucional recíproca alcança as empresas públicas prestadoras de serviço público, bem como as empresas públicas que exercem atividade econômica em sentido estrito. d) a imunidade tributária recíproca diz respeito aos impostos, não alcançando as contribuições. e) a imunidade tributária recíproca aplica-se às operações de importação de bens realizadas por municípios, quando o ente público for o importador do bem (identidade entre o ‘contribuinte de direito’ e o ‘contribuinte de fato’).

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2. (TRF/2005/Adaptada) Em relação às imunidades, avalie as afirmações abaixo e, em seguida, marque a opção correta. I. A diferença básica entre imunidade e isenção está em que a primeira atua no plano da definição da competência, e a segunda no plano do exercício da competência. II. As imunidades podem ser definidas em função de condições pessoais de quem venha a vincular-se às situações materiais que ensejariam a tributação. III. As imunidades podem ser definidas em função do objeto suscetível de ser tributado. IV. A Constituição, ao definir a competência, excepciona determinadas situações que, não fosse a imunidade, estariam dentro do campo da competência, mas por força da norma de imunidade, permanecem fora do alcance do poder de tributar. a) Todos os itens estão corretos. b) Há apenas um item correto. c) Há dois itens corretos. d) Há três itens corretos. e) Todos os itens estão errados.

3. (AFRFB/2010) Diversos fatos podem resultar na desoneração tributária. Assinale, entre as que se seguem, a forma de desoneração tributária pela qual não nascem nem a obrigação tributária, nem o respectivo crédito por força do não-exercício da competência a que tem direito o poder tributante. a) Imunidade. b) Não-incidência. c) Isenção. d) Alíquota zero. e) Remissão.

4. (FTE/PA/2002) A não-incidência de impostos sobre as autarquias e as fundações públicas, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços vinculados às suas finalidades essenciais ou delas decorrentes, resulta de: a) remissão. b) anistia. c) isenção. d) imunidade. e) moratória.

5. (SEFAZ/CE/2007) A norma que impede que a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios tributem, reciprocamente, seus patrimônios, rendas ou serviços, denomina-se

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a) imunidade. b) isenção. c) norma geral anti-elisiva. d) anistia. e) não-incidência.

6. (SEFAZ/SP/2009) As imunidades tributárias são classificadas em: a) ontológicas e políticas. b) proporcionais e progressivas. c) diretas e indiretas. d) cumulativas e não cumulativas. e) vinculadas e não vinculadas.

7. (AFTN/96) Quanto às imunidades tributárias, é procedente afirmar que: a) são reguladas exclusivamente mediante lei ordinária federal. b) não se aplicam às taxas e contribuições sociais. c) podem ser instituídas por intermédio de lei complementar. d) são extensivas aos partidos políticos, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços vinculados ou não às suas atividades essenciais. e) são normas constitucionais que colaboram no desenho das competências impositivas.

8. (AFTN/94) Sobre as imunidades tributárias, podemos afirmar que a) não se aplicam às taxas e aos impostos sobre o comércio exterior. b) podem ser instituídas por intermédio de lei complementar. c) são extensivas às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados ou não a suas finalidades essenciais. d) impossibilitam sejam previstos fatos geradores da obrigação tributária para os casos por ela abrangidos. e) são hipóteses de não-incidência legalmente qualificada.

9. (TRF/2002.2) Assinale a opção correta. a) As empresas públicas, as sociedades de economia mista e suas subsidiárias gozarão dos privilégios tributários estabelecidos em lei complementar. b) As empresas públicas, as sociedades de economia mista e suas subsidiárias gozarão dos privilégios fiscais estabelecidos em lei complementar. c) As empresas públicas, as sociedades de economia mista e suas subsidiárias gozarão dos privilégios tributários estabelecidos em lei, desde que extensivos às do setor privado.

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d) As autarquias federais, municipais e estaduais gozam de imunidade quanto aos tributos dos outros entes políticos em decorrência da imunidade recíproca. e) O regime jurídico tributário das empresas públicas e das sociedades de economia mista que explorem atividade econômica de produção ou de comercialização de bens é estabelecido em norma complementar da legislação tributária.

10. (AFRFB/2005) No tocante às imunidades tributárias conferidas às instituições de assistência social sem fins lucrativos, só uma afirmação não pode ser feita: a) É subordinada, entre outros, ao requisito de que apliquem integralmente no País os seus recursos na manutenção de seus objetivos institucionais, ou de outros que com estes guardem semelhança. b) Somente alcançam as entidades fechadas de previdência social privada se não houver contribuição dos beneficiários. c) Não excluem a atribuição, por lei, às instituições de assistência social, da condição de responsáveis pelos tributos que lhes caiba reter na fonte. d) Não dispensa tais entidades do cumprimento de obrigações tributárias acessórias, como a de manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão. e) Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a tais instituições, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades essenciais de tais entidades.

11. (ATN/Recife/2003) É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir impostos sobre patrimônio, renda ou serviços das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos. No entanto, de acordo com o Código Tributário Nacional, tal imunidade tributária é subordinada à observância, pelas referidas instituições, do seguinte requisito, entre outros: a) aplicarem integralmente, no Brasil ou em suas controladas no exterior, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais. b) não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título. c) no caso de instituições de educação, oferecerem gratuitamente pelo menos 50% das vagas de seus cursos regulares a alunos carentes. d) não remunerarem seus empregados com salários superiores aos pagos por empresas públicas, em se tratando de cargos de iguais atribuições.

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e) não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a título de lucro ou participação no seu resultado.

12. (AFTE/RN/2004) Avalie o acerto das afirmações adiante e marque com V as verdadeiras e com F as falsas; em seguida, marque a resposta correta. ( ) A imunidade tributária conferida pela Constituição Federal a instituições de assistência social sem fins lucrativos somente alcança as entidades fechadas de previdência social privada se não houver contribuição dos beneficiários. ( ) É permitido à União exigir imposto sobre a renda auferida por Municípios que provenha de aluguel de imóveis a eles pertencentes. ( ) O imóvel pertencente a entidade sindical de trabalhadores, ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao imposto sobre propriedade predial e territorial urbana (IPTU), desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades essenciais de tal entidade. a) V, V, V. b) V, V, F. c) V, F, V. d) F, F, V. e) F, V, F.

13. (Procurador do TCE/GO/2007) Entre as afirmativas abaixo, relativas à imunidade e isenções tributárias, assinale a correta. a) Os partidos políticos são entidades imunes, benefício que não se estende às suas fundações. b) A imunidade de entidade educacional sem fins lucrativos não é extensiva aos aluguéis de apartamento de sua propriedade revertidos às suas finalidades institucionais. c) A imunidade tributária incidente sobre livros só é extensível ao papel nele utilizado se a obra tiver fins didático-educacionais. d) A isenção por prazo certo e em função de determinadas condições atendidas pelo sujeito passivo gera direito adquirido. e) A empresa pública Caixa Econômica Federal, que exerce atividade econômica, é abrangida pela imunidade tributária recíproca, não se sujeitando ao pagamento de imposto sobre propriedade de veículos automotores incidentes sobre seus carros.

14. (AFRF/2003) · Entidade fechada de previdência privada, que só confere benefícios aos seus filiados desde que eles recolham as contribuições pactuadas, goza de imunidade tributária? · Segundo entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal, filmes fotográficos destinados à composição de livros, jornais e periódicos estão abrangidos por imunidade tributária?

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· A Constituição Federal veda a instituição de contribuição social para a seguridade social sobre o lucro auferido por pessoas jurídicas, que decorra de comercialização de livros, jornais, periódicos e papel destinado a sua impressão? a) Não, sim, não. b) Não, não, sim. c) Não, não, não. d) Sim, sim, não. e) Sim, não, sim.

15. (AFTN/94) A Constituição da República prevê que sobre a energia elétrica podem incidir somente a) dois impostos. b) três impostos. c) os impostos de importação e de exportação. d) imposto único sobre energia elétrica. e) impostos estaduais e municipais.

16. (AFTN/94) Quando atendam os requisitos estabelecidos na lei, não podem ser cobrados impostos que incidam sobre a renda, serviços e patrimônio, bem como a contribuição para a seguridade social, das seguintes espécies de entidades: a) partidos políticos. b) instituições beneficentes de educação. c) fundações dos partidos políticos. d) instituições beneficentes de assistência social. e) entidades sindicais dos trabalhadores.

17. (ISS/RJ/2010) Sobre as limitações constitucionais ao poder de tributar, é correto afirmar que: a) apenas mediante lei é possível instituir ou aumentar tributo. b) nos tributos de competência da União, não se admitem discriminações regionais ou locais com relação aos mesmos fatos geradores ou bases de cálculo. c) as fundações públicas instituídas pela União são imunes de impostos estaduais. d) a imunidade recíproca de impostos entre os entes da federação brasileira abrange todas as rendas de todos eles, salvo se decorrentes de ganhos em aplicações financeiras. e) inclusive conforme a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a imunidade dos “templos de qualquer culto” tem interpretação ampla e finalística.

6. GABARITO PURO

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1. C 2. A 3. B 4. D 5. A 6. A 7. E

8. D 9. C 10. A 11. B 12. C 13. D 14. A 15. B 16. D 17. E