Upload
keeplay
View
212
Download
0
Embed Size (px)
DESCRIPTION
Â
Citation preview
Nesta aula, discutiremos o conceito de
assentamentos precários desenvolvido no âmbito
nacional e trataremos das fontes de informação
nacional para dimensionamento da precariedade
habitacional.
Objetivos de aprendizagem:
• Conhecer as fontes de informação para
dimensionamento da precariedade habitacional;
• Conhecer conceitos desenvolvidos no âmbito nacional
relativos à precariedade da moradia;
• Conhecer as limitações das fontes nacionais para
dimensionamento do déficit e inadequação dentro
dos assentamentos precários.
Bibliografia básica
DENALDI, Rosana. Assentamentos precários
do tipo favela e loteamento: identificação,
dimensionamento e tipologias de
intervenção. IN: DENALDI, R. (Org.)
Planejamento Habitacional: notas sobre
precariedade e terra nos Planos Locais de
Habitação. São Paulo, 2013.
BRASIL. Ministério das Cidades, Secretaria
Nacional de Habitação. Guia para o
Mapeamento e Caracterização de
Assentamentos Precários. Brasília: MCidades,
2010.
A Política Nacional de Habitação (PNH) adotou a
denominação ‘assentamentos precários’ para indicar
uma categoria de abrangência nacional e
representativa do conjunto de assentamentos urbanos
inadequados ocupados por moradores de baixa renda
(BRASIL, 2005; p.37).
Assentamentos precários: conceito
Favelas
São espaços habitados precários, com moradias
autoconstruídas, formadas a partir da ocupação de terrenos
públicos ou particulares. Caracterizam-se pelos baixos
índices de infraestrutura, ausência de serviços públicos e
população de baixa renda.
Figura 1: Palafitas (Laranjal do Jari/Amapá).
Fonte: Brasil, 2010.
Figura 2: Favela no Rio de Janeiro.
Fonte: Brasil, 2010.
Loteamento irregular de moradores de baixa renda
Lotes que não podem ser regularizados por não atender às
legislações de parcelamento e uso do solo. Apesar de o
morador ser adquirente, não tem garantida a posso do
imóvel. Soma-se a essa irregularidade a moradia
autoconstruída e os baixos níveis de renda das famílias.
Figura 3: Loteamento irregular Cantinho do Céu – São Paulo – SP.
Fonte: Habisp plus (www.habisp.inf.br/habitacao acessado em 2/2/2014)
Cortiço
Moradia coletiva multifamiliar, construída por uma ou mais
edificações em um mesmo lote urbano, subdividida em
vários cômodos alugados, subalugados ou cedidos a
qualquer título.
Figura 4: Cortiço na rua do Glicério – São Paulo - SP.
Fonte: Habisp plus (www.habisp.inf.br/habitacao acessado em 2/2/2014)
Conjuntos habitacionais produzidos pelo setor público,
em situação de irregularidade ou de degradação.
Figura 5: Conjunto habitacional Leporace em Franca/SP.
Fonte: Demacamp
“Os assentamentos precários são, portanto, porções do território urbano com
dimensões e tipologias variadas, que têm em comum:
•o fato de serem áreas predominantemente residenciais, habitadas por
famílias de baixa renda;
•a precariedade das condições de moradia, caracterizada por inúmeras
carências e inadequações, tais como: irregularidade fundiária; ausência
de infraestrutura de saneamento ambiental; localização em áreas mal
servidas por sistema de transporte e equipamentos sociais; terrenos
alagadiços e sujeitos a riscos geotécnicos; adensamento excessivo,
insalubridade e deficiências construtivas da unidade habitacional;
•a origem histórica, relacionada às diversas estratégias utilizadas pela
população de baixa renda para viabilizar, de modo autônomo, solução
para suas necessidades habitacionais, diante da insuficiência e
inadequação das iniciativas estatais dirigidas à questão, bem como da
incompatibilidade entre o nível de renda da maioria dos trabalhadores e o
preço das unidades residenciais produzidas pelo mercado imobiliário
formal.”
(BRASIL, 2010; p. 9)
Assentamentos precários:
•Favelas e seus assemelhados (vilas, palafitas, ‘invasão’,
‘comunidade’, ‘baixada’, áreas pobres);
•Loteamento irregular de moradores de baixa renda;
•Cortiços;
•Conjunto habitacional degradado.
Na mesma linha, Cardoso et al (2009, p.93) registram
que a denominação ‘assentamentos precários’ foi
adotada para fazer referência, principalmente, às
situações das áreas ocupadas irregularmente e que
apresentam deficiências de infraestrutura e de
acessibilidade.
O autor propõe entender os assentamentos precários
“como aglomerações com delimitação mais ou menos
precisa no tecido urbano, em geral, distintas do entorno
quanto às suas características físicas e sociais; e com
ocupação inequívoca e majoritária por população de
baixa renda”.
Vale ressaltar que essa definição não se mostra adequada
para todas as situações e regiões. Pode não ser
suficiente, por exemplo, no caso de muitas cidades
pequenas, com carência generalizada de infraestrutura e
saneamento ambiental, dos setores com baixa densidade,
ou, ainda, de assentamentos precários localizados em
áreas periféricas de grandes centros urbanos.
Para saber mais sobre a caracterização das principais
tipologias de assentamentos precários veja:
‘Guia para o Mapeamento e Caracterização de
Assentamentos Precários’ (BRASIL, 2010) disponível em:
http://www.cidades.gov.br/images/stories/ArquivosSNH/Ar
quivosPDF/Publicacoes/Mapeamento_Ass_Precarios.pdf
A denominação ‘assentamentos precários’ também foi
utilizada no estudo ‘Assentamentos Precários no Brasil
Urbano’, elaborado pelo Centro de Estudos da Metrópole
(CEM)/Centro Brasileiro de Análise e Planejamento
(Cebrap) para a Secretaria Nacional de Habitação do
Ministério das Cidades.
O estudo definiu a categoria de ‘setor precário’ para
identificar setores do tipo favela (e seus assemelhados) e
loteamento irregular (BRASIL/CEM/CEBRAP, 2007); e
utilizou-se de um método que envolve técnicas estatísticas
e de geoprocessamento para identificar, a partir da
informação sobre os setores de aglomerados subnormais
da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), outras áreas ocupadas por assentamentos
precários, como favelas ou loteamentos irregulares,
similares a esses setores.
As definições de favela traduzem duas de suas
principais características: as ilegalidades fundiária e a
precariedade urbanística. Essa tipologia é definida pelo
IBGE como ‘aglomerado subnormal’; e no estudo
realizado pelo CEM/Cebrap, como ‘assentamentos
precários’.
1. Assentamentos precários do tipo favela
e loteamento: fontes de informação
O IBGE (2010) conceitua aglomerado subnormal, como:
“Um conjunto constituído de, no mínimo, 51 unidades
habitacionais (barracos, casas etc.) carentes, em sua maioria,
de serviços públicos essenciais, ocupando ou tendo ocupado,
até período recente, terreno de propriedade alheia (pública ou
particular) e estando dispostas, em geral, de forma
desordenada e densa.”
Para o United Nations Center for Human Settlements
(UNCHS, 1996), favelas são:
(...) assentamentos que carecem de direitos de propriedade, e
constituem aglomerações de moradias de uma qualidade
abaixo da média. Sofrem carências de infraestrutura, serviços
urbanos e equipamentos sociais e/ou estão situadas em áreas
geologicamente inadequadas ou ambientalmente sensíveis.
Os loteamentos precários clandestinos ou irregulares,
em geral, são ocupados por moradores de baixa renda,
sem a aprovação do poder público ou que não atendem
as condições exigidas no processo de aprovação, e
costumam se caracterizar pela autoconstrução das
unidades habitacionais e ausência ou precariedade de
infraestruturas urbanas.
As favelas podem apresentar características muito
distintas. A denominação abarca diferentes tipos de tecido
urbano, padrões de ocupação e habitação e condição de
urbanização.
As imagens abaixo ilustram esta diversidade.
Figura 6: Favela no município de Altamira-PA.
Fonte: Agencia Brasil, 2012.
Figura 8: Loteamento irregular no município de
São Bernardo do Campo-SP.
Fonte: Prefeitura Municipal de São Bernardo do
Campo, 2013.
Figura 7: Favela Jardim Salgueiro,
município de Mauá-SP
Figura 9: Loteamento irregular no município
de Cuiabá-MT.
Censo – IBGE
Inicialmente, deve-se buscar conhecer as informações
do estudo ‘Aglomerados Subnormais: Primeiros
Resultados’ do Censo 2010 (IBGE, 2010), caso existam
para o município. Esse estudo traz a delimitação dos
aglomerados subnormais caracterizados pelo IBGE,
inclusive com informações sobre a população
residente, domicílios e condições de saneamento e
energia.
2.1 Fontes nacionais de informação
para assentamentos precários
Figura 10: Aglomerado subnormal do município de Atibaia-SP.
Fonte: Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010).
Estas informações podem ser acessadas na página web do
IBGE – Censo 2010, Aglomerados Subnormais:
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/
aglomerados_subnormais/default_aglomerados_subnormais.s
htm
Os limites desses aglomerados subnormais estão disponíveis
também em formato shape (SHP) e compatível com o
software Google Earth (KMZ).
Outra importante fonte de informação sobre o déficit e
inadequação habitacional dentro dos assentamentos
precários reside no estudo ‘Déficit Habitacional no
Brasil’, da Fundação João Pinheiro (FJP) (BRASIL/FJP,
2011).
Estudo ‘Déficit Habitacional no Brasil’
da Fundação João Pinheiro (FJP)
O cálculo do déficit habitacional do país elaborado pela
Fundação João Pinheiro (FJP), em 1995, inaugurou
uma nova abordagem metodológica para a questão,
introduzindo os conceitos de necessidades
habitacionais e de inadequação da moradia.
A partir dessas definições, as necessidades
habitacionais passaram a incluir o déficit quantitativo,
relacionado com a produção de novas moradias, e o
déficit qualitativo, relacionado com a demanda por
recuperação das moradias precárias existentes.
(BRASIL, 2008, p. 29).
Apesar dos avanços representados por esse estudo,
sua metodologia não resolveu totalmente a questão da
mensuração dos assentamentos precários no país,
uma vez que um mesmo domicílio pode ser
considerado inadequado em por não atender a
diferentes variáveis habitacionais e urbanas,
inviabilizando, dessa forma, a totalização desses
domicílios na categoria do déficit qualitativo, intitulada
‘inadequação habitacional’ segundo a FJP (CARDOSO,
2009).
A publicação “Déficit Habitacional no Brasil”, de 2006,
apresenta o cálculo do déficit habitacional e inadequação dos
domicílios urbanos, assim como os dados dos setores
censitários de aglomerados subnormais, para os 308
municípios inseridos em regiões metropolitanas e mais 673
municípios selecionados (com mais de 20 mil habitantes).
Essas informações encontram-se disponíveis no site do
MCidades/SNH. As variáveis utilizadas pela FJP para a
quantificação da inadequação dos domicílios são:
inadequação fundiária; adensamento excessivo; domicílio sem
banheiro e carência de infraestrutura.
(BRASIL, 2010, p. 30)
O Ministério das Cidades em parceria com o Centro de
Estudos da Metrópole do Centro Brasileiro de Análise e
Planejamento (CEM/Cebrap) elaborou o estudo
‘Assentamentos Precários no Brasil Urbano’, que busca
identificar setores precários a partir da informação dos
setores subnormais disponíveis do IBGE.
Trata-se de fornecer uma primeira aproximação da
delimitação espacial dos assentamentos precários nas
cidades brasileiras ao estimar, estatisticamente, a
localização desses assentamentos.
O Estudo ‘Assentamentos Precários no
Brasil Urbano’ do CEM/Cebrap
A metodologia do estudo utilizou as informações do Censo
2000 relativas aos setores subnormais. Partiu-se do princípio
que os setores classificados pelo IBGE como subnormais
apresentavam certas características.
O procedimento foi, então, buscar identificar, dentre os setores
classificados como comuns, pelo IBGE, outros que possuíam
características semelhantes àqueles, em função de variáveis
socioeconômicas, demográficas e urbanísticas. Dessa forma
foi possível identificar outros setores censitários que não
tinham sido classificados como subnormais pelo Censo, mas
que apresentavam as mesmas características daqueles.
O estudo analisou 561 municípios, considerando todas as
cidades das regiões metropolitanas e os municípios com mais
de 150 mil habitantes.
As cartografias de 371 municípios podem ser acessadas via
internet, no site do Ministério das Cidades, e incluem todos os
setores censitários urbanos e rurais consolidados num
mapeamento único, bem como a identificação dos setores
subnormais e dos setores designados como “precários”.
(BRASIL, 2008).
Se o seu município possui população superior a 150 mil
habitantes ou se localiza em regiões metropolitanas consulte
o estudo produzido pelo CEM/Cebrap e verifique a existência
de assentamentos precários assim como seu perímetro.
http://www.cidades.gov.br/index.php/biblioteca/409-
assentamento-precarios-no-brasil-urbano
Utilizou-se um método que envolve técnicas estatísticas e
de geoprocessamento para identificar, a partir da
informação dos setores de aglomerados subnormais do
IBGE outras áreas ocupadas por assentamentos precários,
como favelas ou loteamentos irregulares similares a estes
setores.
Contudo, essas informações são produzidas apenas para
municípios localizados em regiões metropolitanas, ou
equivalentes, independente do tamanho, ou para
municípios com população superior a 150 mil habitantes.
A caracterização e mensuração da população residente
em assentamentos precários no país é de grande
relevância para a elaboração de programas habitacionais.
No entanto, existem limitações e incompatibilidades, em
nível nacional, para a quantificação dos assentamentos
precários.
Os dados do Censo Demográfico do IBGE relativos aos
setores subnormais tendem à subestimação (TASCHNER,
2008; AZEVEDO & ARAUJO, 2008; CARDOSO et al,
2009; FERREIRA et al, 2008).
Cardoso et al (2009) apontam as limitações metodológicas que podem
levar a distorções da realidade e à subestimação da população que
reside em assentamentos precários:
•O estabelecimento dos setores subnormais é administrativo: para
estabelecer setores considerados subnormais, o IBGE se baseia em
informações municipais que, muitas vezes, não estão atualizadas;
ademais, muitos municípios não fornecem os perímetros dos
assentamentos (favelas e seus assemelhados);
• IBGE não considera como setores subnormais aqueles que tenham
menos do que 50 domicílios; e
•Os setores censitários, às vezes, são muito grandes e podem abranger
favelas inteiras, as quais são consideradas como assentamentos
normais porque representam uma pequena parcela no setor censitário
como um todo.
O estudo do CEM/Cebrap buscou uma maior aproximação
com a realidade e para realização do Censo 2010, o IBGE
adotou novas metodológicas e procedimentos com o
objetivo de atualizar e aprimorar a identificação dos
aglomerados subnormais.
Entretanto, vários estudos indicam que permanece a
tendência de subestimação.
A tabela abaixo ilustra a dimensão da precariedade
habitacional na Região Metropolitana de São Paulo,
segundo diferentes fontes de informações.
Não obstante tratar-se de metodologias diferentes, que
dificultam ou impossibilitam a comparação, os dados
apontam para subestimação da informação nacional e
confirmam a importância da produção de informações
municipais.
Domicílios em assentamentos precários na Região Metropolitana de São Paulo.
Município IBGE 2000 CEM/Cebrap 2007 IBGE 2010 Dado municipal:
precariedade/
irregularidade
Dado municipal:
precariedade
Caieiras 0 1.045 670 3.146 3.146
Carapicuíba 9.169 11.828 7.724 22.128 20.184
Diadema 22.035 22.175 24.616 25.271 25.271
Embu 5.231 9.231 8.967 13.347 9.358
Embu-Guaçu 0 598 0 1.374 1.374
Guarulhos 40.956 46.973 57.653 73.257 50.914
Itapecerica da Serra 751 7.108 388 16.110 12.720
Itapevi 851 5.585 851 7.324 7.324
Mauá 16.929 18.649 22.884 56.835 33.478
Osasco 28.714 30.266 21.505 47.518 44.098
Ribeirão Pires 356 746 892 3.717 877
Santana de Parnaíba 93 2.314 1.100 1.970 1.970
Santo André 16.869 20.165 23.806 22.134 22.134
São Bernardo do Campo 37.097 39.423 43.072 90.437 74.145
São Paulo 225.131 370.956 355.515 889.808 596.666
Taboão da Serra 4.346 5.715 7.351 20.861 16.333
Vargem Grande Paulista 0 511 0 1.033 1.033
TOTAL 408.528 593.288 576.994 1.296.270 921.025
Fonte: Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Censos Demográficos de 2000 e 2010; Ministério das Cidades e
Centro de Estudos da Metrópole/Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (BRASIL/CEM/CEBRAP, 2007); Denaldi et al, 2013.
Os Planos Estaduais de Habitação de Interesse Social
(PEHIS) também podem ser consultados. Muitos governos
estaduais produziram informação para elaboração do plano,
embora estas nem sempre possam ser desagregadas por
municípios.
No caso do Plano Estadual de Habitação de São Paulo,
para estimar as necessidades habitacionais no Estado de
São Paulo foi realizada a Pesquisa Municipal Unificada,
PMU-Habitação, realizada pela Fundação SEADE em maio
de 2010, cujos dados estão disponíveis a todos os
municípios e podem ser monitorados nos PLHIS.
1.2 Informações do Plano Estadual de Habitação
A referida pesquisa permitiu a construção de componentes
das necessidades habitacionais que melhor espelham a
heterogeneidade dessas carências e o grau de gravidade
de que se revestem. Também produziu-se informações
sobre áreas de risco e favelas para todo o Estado de São
Paulo.
O Plano Estadual de Habitação prevê ainda a
implementação e a elaboração dos Planos Metropolitanos
de Desenvolvimento Habitacional, Sistema Integrado de
Demanda e Atendimento Habitacional e do Sistema de
Informações Habitacionais integrado com os municípios
(SIHab-Município) e as regiões (SIHab-Metrópole), criando
plataformas com dados georreferenciados, estabelecendo
módulos integrados para compatibilização de cadastros de
demandas e de beneficiários dos atendimentos
habitacionais.
Sobre o Plano Estadual de Habitação de São Paulo veja
também:
TRANI, E; SOUZA, M. C. P. Plano Estadual de Habitação:
instrumentos para o desenvolvimento habitacional
sustentável dos municípios paulistas. IN: DENALDI, R.
(Org) Planejamento Habitacional: notas sobre precariedade e
terra nos Planos Locais de Habitação. São Paulo, 2013.
A informação nacional deve ser verificada e complementada
com a produção de informações municipais.
Os municípios podem utilizar várias alternativas para
identificar e mapear os assentamentos, tais como:
• levantamento topográfico cadastral;
• aerofotogrametria;
• imagem de satélite;
• levantamento de campo (vistoria) e
• sobreposição de cartografias.
Na próxima aula trataremos destas alternativas.
1.3 Informações municipais
Outra dificuldade encontra-se na qualificação do déficit
dentro dos assentamentos, ou seja, na identificação do
déficit quantitativo e na inadequação (déficit qualitativo)
dentro dos assentamentos.
Não é possível, a partir dos dados coletados pelo IBGE
ou do mapeamento do estudo do CEM/Cebrap, obter
as informações necessárias sobre a possibilidade de
consolidar ou não um assentamento ou setor desse.
2. Déficit e inadequação dentro
dos assentamentos precários
Não se pode estimar, a partir desse dado, o percentual de
remoção necessário para eliminar situações de risco,
viabilizar a abertura de sistema viário e a construção de
equipamentos públicos ou a adequação da densidade,
assim como a desocupação integral ou parcial de áreas
ambientalmente protegidas - Áreas de Preservação
Permanente (APP), Áreas de Preservação Ambiental (APA)
e Áreas de Proteção dos Mananciais (APM).
As condições de irregularidade e clandestinidade tampouco
são passíveis de avaliação por dados censitários, sendo
mensuráveis apenas a partir de informações levantadas
pelos setores de Habitação das prefeituras e governos de
Estado.
As informações da Fundação João Pinheiro sobre déficit e
inadequação não são suficientes para produzir essa
estimativa. Cabe ressaltar que grande parte dos domicílios
classificados pela Fundação João Pinheiro como de déficit
qualitativo, ou seja, de inadequação, correspondem, na
verdade, a situações de déficit quantitativo: sua demanda é
pela produção de novas moradias, o que inclui as situações
que requerem procedimentos de remoção.
No âmbito do PLHIS, é importante estimar o percentual de
domicílios em assentamentos precários consolidáveis
(inadequação) e o percentual de domicílios que precisam
ser substituídos (déficit), ou seja, que demandam
realocação ou reassentamento. Essa informação é
essencial para estimar os recursos necessários para
aquisição de terra, produção habitacional e urbanização.
Os núcleos ou domicílios que necessitam ser realocados
(ou reassentados) devem ser excluídos da condição de
inadequação e computados no cálculo do déficit
quantitativo. Recomenda-se que o município acrescente a
remoção como um componente do déficit quantitativo.
Tabela 2 – Assentamentos precários: Déficit segundo
diferentes fontes de informação
Assentamentos
precários Fontes
Santo
André São Vicente Peruíbe
Itapecerica
da Serra
Taboão
da Serra
São
Bernardo
do Campo
Déficit
quantitativo
FJP/IBGE
(a) 2.769 1.294 0 88 4.686 14.591
Prefeitura
(b) 8.022 9.769 1.345 4.624 10.031 38.017
Fonte: Fundação João Pinheiro (BRASIL/FJP, 2005); prefeituras municipais de Santo André (2006), São Vicente (2009), Peruíbe
(2010), Itapecerica da Serra (2009), Taboão da Serra (2010) e São Bernardo do Campo (2012).
Muitas vezes, a precariedade habitacional está associada à
vulnerabilidade socioambiental, sendo que, em muitos
municípios brasileiros, um expressivo número de moradias
está sujeito a riscos ambientais associados a deslizamento de
solo em encostas, erosão de margem de córregos, inundações
e alagamentos, situação que decorre, muitas vezes, devido à
(NOGUEIRA et. al., 2013):
• forma de implantação;
• fragilidade construtiva ou localização inadequada da
edificação;
• ausência de infraestrutura urbana (drenagem, pavimentação,
saneamento) e de serviços básicos (coleta de lixo, redes de
drenagem e de abastecimento);
• degradação do ambiente associada a esses fatores.
3. Precariedade e vulnerabilidade socioambiental
Em razão disso, as intervenções estruturais necessárias
para eliminar, reduzir e/ou controlar as situações de risco
geológico/geotécnico podem implicar em remoção das
moradias existentes e construção de novas (no mesmo
assentamento ou em outras áreas) e, portanto, devem ser
consideradas como déficit habitacional, ou requerer obras
de redução ou eliminação de risco que incide sobre o
cálculo de inadequação habitacional (as irregularidades e
inadequações habitacionais a corrigir).
A partir de 2004, diversos municípios desenvolveram, com
apoio financeiro do Ministério das Cidades, planos
municipais de redução de risco, que definiram estratégias e
prioridades para implantação das intervenções de
segurança nas localidades mais vulneráveis.
Para saber mais sobre prevenção de riscos veja:
Brasil. Ministério das Cidades/Instituto de Pesquisas
Tecnológicas – IPT. Mapeamento de Riscos em Encostas e
Margem de Rios / Celso Santos Carvalho, Eduardo Soares
de Macedo e Agostinho Tadashi Ogura, organizadores –
Brasília: Ministério das Cidades; Instituto de Pesquisas
Tecnológicas – IPT, 2007, disponível em:
http://www.cidades.gov.br/images/stories/ArquivosSNPU/Biblio
teca/PrevencaoErradicacao/Livro_Mapeamento_Enconstas_M
argens.pdf
Sobre como tratar o tema do risco no Plano de Habitação ver:
NOGUEIRA, R. F. REGINO, T. AKAISHI, A. FUKUMOTO, M.
M. São Bernardo do Campo: conhecimento da
precariedade e risco como subsídios para o planejamento
e gestão ambiental. In: DENALDI, R. (Org) Planejamento
Habitacional: notas sobre precariedade e terra nos Planos
Locais de Habitação. Annablume: São Paulo, 2013.
No site do MCidades estão disponíveis, também, diversos
Planos Municipais de Redução de Riscos, que podem ser
acessados em:
http://www.cidades.gov.br/index.php/prevencao-e-erradicacao-
de-riscos/823-planos-municipais-de-reducao-de-riscos.html
Referências Bibliográficas BRASIL. Ministério das Cidades, Secretaria Nacional de Habitação.
Política Nacional de Habitação. Cadernos M.Cidades nº 4, Brasília,
2005.
______. Ministério das Cidades, Secretaria Nacional de
Habitação/Centro de Estudos da Metrópole/Centro Brasileiro de Análise
e Planejamento. Assentamentos precários no Brasil urbano.
Brasília: Ministério das Cidades, 2007.
______. Ministério das Cidades, Secretaria Nacional de
Habitação/Centro de Estudos da Metrópole/Centro Brasileiro de Análise
e Planejamento. Déficit Habitacional no Brasil 2008. Brasília:
Ministério das Cidades, 2011.
______. Ministério das Cidades, Secretaria Nacional de Habitação.
DENALDI R, SANTA ROSA J. (orgs.). Curso a Distância: Planos
Locais de Habitação de Interesse Social. Brasília: Ministério das
Cidades, 2009.
______. Plano Nacional de Habitação – 2008-2023. Brasília:
Ministério das Cidades. Secretaria Nacional de Habitação e Consórcio
PlanHab, 2009.
______. Ministério das Cidades, Secretaria Nacional de Habitação.
Guia para o Mapeamento e Caracterização de Assentamentos
Precários. Brasília: MCidades, 2010.
AZEVEDO S, ARAUJO MB. A questão do “Déficit Habitacional” nas favelas:
os pressupostos metodológicos e suas implicações políticas. In: BRASIL.
Ministério das Cidades. SANTA RJ (org.). Política Habitacional e a
integração urbana de assentamentos precários – Parâmetros conceituais,
técnicos e metodológicos. Brasília: MCidades, 2008.
CARDOSO AL, ARAUJO RL, GHILARDI FH. Necessidades Habitacionais.
In: BRASIL. Ministério das Cidades/Aliança de Cidades. In: DENALDI R,
SANTA ROSA J (orgs.). Curso a Distância: Planos Locais de Habitação de
Interesse Social. Brasília: MCidades, 2009.
DENALDI R. Assentamentos precários: identificação, caracterização e tipos
de intervenção In: DENALDI R (org.). Ações Integradas de Urbanização de
Assentamentos Precários. Brasília: MCidades, 2009, p.107-131 (2009b)
DENALDI R et al. Planos Locais de Habitação de Interesse Social na
Região Metropolitana de São Paulo. Relatório de pesquisa. Santo André,
2013.
FERREIRA MP, MARQUES ECL, FUSARO ER, MINUCI EG. Uma metodologia
para a estimação de assentamentos precários em nível nacional. In: BRASIL.
Ministério das Cidades. SANTA RJ (org.) Política Habitacional e a integração
urbana de assentamentos precários. Parâmetros conceituais, técnicos e
metodológicos. Brasília: MCidades/SNH, 2008.
Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Censo Demográfico 2010. Disponível em:
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/
aglomerados_subnormais/default_aglomerados_subnormais.shtm.
Acesso em: 19 mar. 2013.
NOGUEIRA, R. F. REGINO, T. AKAISHI, A. FUKUMOTO, M. M.
São Bernardo do Campo: conhecimento da precariedade e
risco como subsídios para o planejamento e gestão ambiental.
In: DENALDI, R. (Org) Planejamento Habitacional: notas sobre
precariedade e terra nos Planos Locais de Habitação. Annablume:
São Paulo, 2013.
TASCHNER SP. O desafio da Mensuração. In: BRASIL. Ministério
das Cidades. SANTA RJ (org.) Política Habitacional e a integração
urbana de assentamentos precários. Parâmetros conceituais,
técnicos e metodológicos. Brasília: MCidades/SNH, 2008.
TRANI, E; SOUZA, M. C. P. Plano Estadual de Habitação:
instrumentos para o desenvolvimento habitacional sustentável
dos municípios paulistas. IN: DENALDI, R. (Org) Planejamento
Habitacional: notas sobre precariedade e terra nos Planos Locais
de Habitação. São Paulo, 2013
Coordenação Geral
Maria de Lourdes Pereira Fonseca
Coordenação de Conteúdo
Rosana Denaldi
Equipe Conteúdo
Rosana Denaldi
Maria de Lourdes Pereira Fonseca
Ana Gabriela Akaishi
Eleusina Layôr Holanda de Freitas
Robson Freire de Carvalho Basílio Alves
Lilian Farias Gonçalves
EQUIPE DE PROFESSORES E
TUTORES (EaD) Professores
Rosana Denaldi
Maria de Lourdes Pereira Fonseca
Ana Gabriela Akaishi
Camila Nastari Fernandes
Tutores
Camila Caroline Zeni Silva
Henrique Gonçalves da Silva
Jéssica Priscila da Silva
Joyce Louise da Silva Costa
Leandro Sorrenti
Leonardo Santos Salles Varallo
Pollyanna Helena da SIlva
Tatiana Peixoto Gonçalves
COORDENAÇÃO TECNOLÓGICA
E EQUIPE MULTIDISCIPLINAR
DE EAD
Designer Instrucional
Dilma Bustamante Braga
Revisora de AVA
Fernanda Paiva Furtado da Silveira
Tutora
Audréa Prado
Web Design e Suporte Técnico:
Ricardo Guiotti
Fernando Costa
www.keeplay.com
Revisão de Texto
Dilma Bustamante Braga
Fernanda Paiva Furtado da Silveira
Colaboradora: Audréa Prado