Aula 02 (7)

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Direito

Citation preview

  • CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL TRT-2 PROFESSORES: VTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE

    1

    Prof. Vtor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br

    Aula 2

    Fala Pessoal... prontos para continuarmos?

    Hoje vamos dar incio aos estudos sobre a Teoria Geral dos Direitos Fundamentais e a primeira parte dos Direitos e Garantias Fundamentais, temas que seguramente so os mais cobrados em concursos pblicos, por este motivo, veremos cada detalhe da Constituio com inseres necessrias para que voc gabarite a prova.

    Vamos que a hora essa!!!

    Teoria Geral dos Direitos e Garantias Fundamentais

    Mas afinal, qual a diferena entre direitos e garantias?

    Mas qual a diferena entre direitos e garantias?

    Diz-se que direito uma faculdade de agir, exercer, fazer ou deixar de fazer algo, uma liberdade positiva. As garantias no se referem s aes, mas sim s protees que as pessoas possuem frente ao Estado ou mesmo frente s demais pessoas. Diz-se que as garantias so protees para que se possa exercer um direito1.

    Jos Afonso da Silva faz o delineamento da diferena com uma frase exaustivamente usada pelas bancas de concurso: "Em suma (...) os direitos so bens e vantagens conferidos pela norma, enquanto as garantias so os meios destinados a fazer valer esses direitos, so instrumentos pelos quais se asseguram o exerccio e o gozo daqueles bens e vantagens"2.

    1. (CESPE/ MPU/ 2010) Considerando que os direitos sejam bens e vantagens prescritos no texto constitucional e as garantias sejam os instrumentos que asseguram o exerccio de tais direitos, a garantia do contraditrio e da ampla defesa ocorre nos processos judiciais de natureza criminal de forma exclusiva.

    Comentrios:

    A considerao inicial da questo est correta: direitos so bens e vantagens prescritos no texto constitucional e as garantias so os instrumentos que asseguram o exerccio de tais direitos, isso que importa neste momento. A questo erra ao dizer que a garantia do 1 CRUZ, Vtor. Vou Ter que Estudar Direito Constitucional! E Agora? So Paulo: Mtodo. 2011. Pg. 30.

    2 Silva, Jos Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. So Paulo: Malheiros. pg. 412.

  • CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL TRT-2 PROFESSORES: VTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE

    2

    Prof. Vtor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br

    contraditrio e da ampla defesa ocorre nos processos judiciais de natureza criminal de forma exclusiva. Veremos que o contraditrio e a ampla defesa (CF, art. 5, LV) so garantias asseguradas em qualquer processo judicial ou administrativo.

    Gabarito: Errado.

    2. (CESPE/Contador-AGU/2010) Embora se saliente, nas garantias fundamentais, o carter instrumental de proteo a direitos, tais garantias tambm so direitos, pois se revelam na faculdade dos cidados de exigir dos poderes pblicos a proteo de outros direitos, ou no reconhecimento dos meios processuais adequados a essa finalidade.

    Comentrios:

    isso a... Essa uma questo doutrinria. Nos mostra o papel das garantias constitucionais: exigir dos poderes pblicos a proteo de outros direitos (... e) reconhecimento dos meios processuais adequados a essa finalidade.

    Gabarito: Correto.

    3. (CAIPIMES/Advogado SP Turismo/2007 - Adaptada) Os direitos so bens e vantagens conferidos pela norma.

    Comentrios:

    Isso a, essa a definio doutrinria.

    Gabarito: Correto.

    4. (CAIPIMES/Advogado SP Turismo/2007 - Adaptada) As garantias nem sempre so os meios destinados a fazer valer os direitos constitucionais.

    Comentrios:

    Erra a questo, pois vai contra a definio doutrinria de "garantia", a qual seria "os meios e instrumentos que asseguram o exerccio dos direitos".

    Gabarito: Errado.

    Qual o campo de abrangncia da expresso "Direitos e Garantias Fundamentais?

    A Constituio Federal de 1988 estabeleceu cinco espcies de direitos e garantias fundamentais:

    1 - direitos e deveres individuais e coletivos (CF, art. 5);

  • CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL TRT-2 PROFESSORES: VTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE

    3

    Prof. Vtor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br

    2 - direitos sociais (CF, art. 6 ao 11);

    3 - direitos de nacionalidade (CF, art. 12 e 13);

    4 - direitos polticos (CF, art. 14 a 16); e

    5 - direitos relativos existncia e funcionamento dos partidos polticos (CF, art. 17).

    Importante ainda salientar que esses direitos e garantias no se constituem em uma relao fechada, exaustiva, mas em um rol exemplificativo, aberto para novas conquistas e reconhecimentos futuros.

    Art. 5, 2 - Os direitos e garantias expressos nesta Constituio no excluem outros decorrentes do regime e dos princpios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a Repblica Federativa do Brasil seja parte.

    Por este motivo a doutrina faz a seguinte classificao:

    Direitos Formalmente Fundamentais So todos Direitos Fundamentais que se encontram arrolados do art. 5 ao art. 17 da Constituio. A Constituio expressamente estabeleceu tais direitos sob o ttulo de Direitos Fundamentais.

    Direitos Materialmente Fundamentais So os Direitos que, independentemente de onde esto elencados, possuem contedo de direito fundamental, protegendo os particulares contra o arbtrio do Estado. Exemplo: as limitaes ao poder de tributar do art. 150 da Constituio.

    5. (FCC/EPP-BA/2004) A classificao adotada pelo legislador constituinte de 1988 estabeleceu como espcies do gnero direitos fundamentais to-somente os direitos:

    a) individuais e coletivos.

    b) individuais, coletivos e sociais.

    c) individuais, coletivos, sociais, de nacionalidade, polticos e relacionados existncia, organizao e participao em partidos polticos.

    d) sociais, de nacionalidade, polticos e relacionados existncia, organizao e participao em partidos polticos.

    e) individuais, sociais, de nacionalidade, polticos e relacionados existncia, organizao e participao em partidos polticos.

    Comentrios:

  • CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL TRT-2 PROFESSORES: VTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE

    4

    Prof. Vtor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br

    A doutrina costuma dizer que os direitos fundamentais podem ser de 5 tipos: 1- Direitos e deveres individuais e coletivos; 2- Direitos Sociais; 3- Direitos da Nacionalidade; 4- Direitos Polticos; e 5- Direitos relativos existncia e funcionamento dos partidos polticos.

    A questo pegou estes tipos e desmembrou ainda mais. Se observarmos calmamente todas as assertivas, veremos que a correta ento a letra C, j que a letra E esqueceu dos direitos coletivos.

    Gabarito: Letra C.

    6. (FCC/DPE-SP/2007 - Adaptada) A Constituio Federal compreende os direitos fundamentais como sendo os direitos individuais e os direitos coletivos previstos no artigo 5o, excluindo dessa categoria os direitos sociais e os direitos polticos.

    Comentrios:

    No s os direitos sociais e os polticos, mas tambm os direitos da nacionalidade e o do funcionamento e existncia dos partidos polticos podem ser elencados como direitos fundamentais segundo a CF/88.

    Gabarito: Errado.

    7. (FCC/ PGE-SP/2009) Os direitos e garantias expressos na Constituio Federal:

    a) constituem um rol taxativo.

    b) no excluem outros decorrentes do regime e dos princpios por ela adotados, entre os quais o Estado Democrtico de Direito e o princpio da dignidade humana.

    c) no excluem outros decorrentes do Estado Democrtico de Direito e do princpio da dignidade humana, mas a ampliao deve ser formalmente reconhecida por autoridade judicial no exerccio do controle de constitucionalidade.

    d) no excluem outros decorrentes do Estado Democrtico de Direito e do princpio da dignidade humana, mas a ampliao deve ser formalmente reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal ao julgar arguio de descumprimento de preceito fundamental.

    e) somente podem ser ampliados por fora de Tratado Internacional de Direitos Humanos aprovado em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por trs quintos dos votos dos respectivos membros.

    Comentrios:

    A relao no taxativa, mas, sim um rol aberto, exemplificativo, j que a prpria Constituio estabelece em seu art. 5 2, que os direitos e garantias expressos na Constituio no excluem outros decorrentes do regime e dos princpios por ela adotados, ou dos

  • CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL TRT-2 PROFESSORES: VTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE

    5

    Prof. Vtor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br

    tratados internacionais em que a Repblica Federativa do Brasil seja parte.

    Gabarito: Letra B.

    8. (FCC/EPP-SP/2009) Em matria de direitos e garantias fundamentais, a Constituio de 5 de outubro de 1988

    a) estabelece um amplo, porm taxativo, rol de direitos pblicos subjetivos.

    b) demonstrou acentuada preocupao com a efetividade de suas disposies.

    c) pouco inovou em relao s Constituies brasileiras anteriores.

    d) manteve-se atrelada ao padro liberal clssico, refratrio aos direitos fundamentais de cunho prestacional.

    e) de inspirao socialista, dependendo a plena fruio dos direitos que consagra da planificao total da economia.

    Comentrios:

    Letra A - Errada. O rol aberto, exemplificativo.

    Letra B - Correto, por isso previu expressamente que as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais tm aplicao imediata.

    Letra C - Errada. A carta de 1988 marca a restaurao da democracia no Brasil aps longos anos de ditadura militar, desta forma, teve-se efetiva preocupao em estabelecer um amplo rol de direitos e garantias fundamentais e assegurar a sua efetividade.

    Letra D - Errada. O padro liberal clssico a previso somente das liberdades individuais (direitos de primeira dimenso). A CF/88 previu os direitos de segunda e terceira dimenso.

    Letra E - Errada. A Constituio claramente capitalista, apoiada em princpios como a livre iniciativa e a livre concorrncia.

    Gabarito: Letra B.

    9. (FCC/ BACEN/2006- Adaptada) No que tange aos direitos e garantias individuais, a Constituio Federal apresenta um rol no taxativo, tendo em vista, sobretudo, o regime e os princpios por ela adotados e os compromissos decorrentes de tratados internacionais (Certo ou Errado).

    Comentrios:

    Ta de novo... uma questo clssica.

    Gabarito: Correto.

  • CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL TRT-2 PROFESSORES: VTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE

    6

    Prof. Vtor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br

    10. (ESAF/Tcnico ANEEL/2004) A Constituio enumera exaustivamente os direitos e garantias dos indivduos, sendo inconstitucional o tratado que institua outros, no previstos pelo constituinte.

    Comentrios:

    Segundo a Constituio em seu art. 5 2, os direitos e garantias expressos na Constituio no excluem os outros que decorrerem do regime e dos princpios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a Repblica Federativa do Brasil seja parte.

    Gabarito: Errado.

    A doutrina costuma salientar que: embora "direitos humanos" e "direitos fundamentais" sejam termos comumente utilizados como sinnimos, a distino

    ocorre pelo fato de que o termo "direitos humanos" de aspecto universal, supranacional, enquanto "direitos fundamentais" so aqueles direitos do ser humano que foram efetivamente reconhecidos e positivados na Constituio de um determinado Estado.

    A doutrina tambm costuma elencar como caractersticas destes direitos:

    historicidade e mutabilidade - So histricos porque que foram conquistados ao longo dos tempos. Esse carter histrico tambm remete a uma idia cclica de nascimento, modificao e desaparecimento, o que nos impede de considerar tais direitos como imutveis.

    inalienabilidade - pois so intransferveis e inegociveis;

    imprescritibilidade - podem ser invocados independentemente de lapso temporal, eles no prescrevem com o tempo;

    irrenunciabilidade - podem at no estar sendo exercidos, mas no podero ser renunciados;

    universalidade - so aplicveis a todos, sem distino.

    relatividade ou limitabilidade - Os direitos fundamentais no so absolutos, so relativos, pois existem limites ao seu exerccio. Este limite pode ser de ordem constitucional (decretao de Estado de Stio ou de Defesa) ou encontrar-se no dever de respeitar o direito da outra pessoa.

    indivisibilidade, concorrncia e complementaridade - Os direitos fundamentais formam um conjunto que deve ser garantido como um todo, e no de forma parcial. Um direito

  • CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL TRT-2 PROFESSORES: VTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE

    7

    Prof. Vtor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br

    no excluiu o outro, eles so complementares, se somam, concorrendo para dotar o indivduo da ampla proteo;

    Interdependncia - Pode ser empregada em dois sentidos:

    1 - Em um primeiro momento levaria noo de indivisibilidade, j que a garantia de um direito fundamental dependeria da garantia conjunta de outro direito fundamental (exemplo: no se pode querer garantir os direitos sociais, sem garantir os direitos econmicos);

    2 - Em uma segunda acepo tambm lembrada como a relao que deve existir entre as normas (sejam elas constitucionais ou infraconstitucionais) e os direitos fundamentais, de forma que as primeiras (normas constitucionais e infraconstitucionais) devem traar os caminhos para que efetivamente se concretizem tais direitos.

    11. (FCC/TCE-MG/2007 - Adaptada) Os direitos fundamentais so absolutos, no sendo suscetveis de limitao no seu exerccio.

    Comentrios:

    Eles so relativos e no absolutos.

    Gabarito: Errado.

    12. (FCC/DPE-SP/2007 - Adaptada) A Constituio Federal deu enorme relevncia aos direitos fundamentais, assegurando-os de maneira quase absoluta, mas certas conturbaes sociais podem desencadear a necessidade de supresso temporria de certos direitos no atendimento do interesse do Estado e das instituies democrticas.

    Comentrios:

    Isso a, no se pode admitir que os direitos fundamentais sejam absolutos, pois existem limites ao seu exerccio. A questo fala ainda em "necessidade de supresso temporria". Essa supresso temporria de alguns direitos expressamente admitida pela Constituio nas hipteses de Estado de Stio e de Defesa (CF, art. 135 e 136), quando podero ser suspensos direitos como a liberdade de reunio e sigilo de comunicaes para que no prejudiquem o objetivo de restaurar a ordem pblica.

    Gabarito: Correto.

    13. (FCC/APOFP-SEFAZ-SP/2010 - Adaptada) As pessoas jurdicas, por serem distintas das pessoas fsicas, tm direito a indenizao por danos materiais, mas no por danos morais.

  • CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL TRT-2 PROFESSORES: VTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE

    8

    Prof. Vtor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br

    Comentrios:

    Como vimos, diversos direitos so extensveis s pessoas jurdicas: pessoa jurdica faz jus a sigilo bancrio, sigilo fiscal, direito de propriedade... at mesmo o direito honra.

    Gabarito: Errado.

    14. (FCC/ACE-TCE-MG/2007 - Adaptada) A Constituio Federal vigente assegura a existncia de direitos fundamentais somente s pessoas fsicas, mas no s pessoas jurdicas.

    Comentrios:

    Dispensa comentrios...

    Gabarito: Errado.

    15. (CESPE/MPS/2010) De acordo com a sistemtica de direitos e garantias fundamentais presente na CF, as pessoas jurdicas de direito pblico podem ser titulares de direitos fundamentais.

    Comentrios:

    Os direitos fundamentais no so aplicveis somente aos particulares, alguns deles podem ser garantidos tambm a pessoas jurdicas, at mesmo de direito pblico, como o direito de propriedade.

    Gabarito: Correto.

    Historicamente, estes direitos se constituem em uma conquista de uma proteo do cidado em face do poder autoritrio do Estado (da serem classificado

    como elementos limitativos da Constituio). Porm, atualmente, j se vislumbra o uso de tais direitos nas relaes entre os prprios particulares, no que chamamos de eficcia horizontal dos direitos fundamentais. Desta forma, temos:

    Eficcia vertical Proteo do particular em face do Estado.

    Eficcia horizontal Proteo do particular em face de outro particular.

    16. (CESPE/Analista - TRT 9/2007) Os direitos e garantias fundamentais no se aplicam s relaes privadas, mas apenas s relaes entre os brasileiros ou os estrangeiros residentes no pas e o prprio Estado.

    Comentrios:

  • CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL TRT-2 PROFESSORES: VTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE

    9

    Prof. Vtor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br

    Est incorreto, pois atualmente se reconhece a eficcia horizontal dos direitos fundamentais.

    Gabarito: Errado.

    17. (CESPE/AJEM-TJDFT/2008) A retirada de um dos scios de determinada empresa, quando motivada pela vontade dos demais, deve ser precedida de ampla defesa, pois os direitos fundamentais no so aplicveis apenas no mbito das relaes entre o indivduo e o Estado, mas tambm nas relaes privadas. Essa qualidade denominada eficcia horizontal dos direitos fundamentais.

    Comentrios:

    Isso a. Ainda que no mbito dos poderes privados, os direitos fundamentais devem ser respeitados.

    Gabarito: Correto.

    18. (ESAF/ATRFB/2009) As violaes a direitos fundamentais no ocorrem somente no mbito das relaes entre o cidado e o Estado, mas igualmente nas relaes travadas entre pessoas fsicas e jurdicas de direito privado. Assim, os direitos fundamentais assegurados pela Constituio vinculam diretamente no apenas os poderes pblicos, estando direcionados tambm proteo dos particulares em face dos poderes privados.

    Comentrios:

    Isso a, o que chamamos de eficcia horizontal dos direitos fundamentais.

    comum que a doutrina classifique os direitos fundamentais em dimenses, principalmente em 1, 2 e 3 dimenses (antes o termo usado era geraes,

    mas atualmente o uso deste termo repudiado pelo fato de induzir ao pensamento de que uma gerao acabaria por substituir a outra - o que incorreto - e, ainda, que os direitos foram conquistados exatamente na ordem exposta, o que no exatamente verdade em muitos pases).

    importante que revisemos aqui um pouco da "evoluo do Estado" para entendermos melhor a questo dos direitos fundamentais:

    "Junto com o constitucionalismo temos a evoluo do conceito de Estado. Com a Revoluo Francesa e pela Independncia dos Estados Unidos temos o incio do Estado Liberal, j que se asseguraram as liberdades individuais, que vieram a ser chamadas de "direitos de primeira gerao". Segundo os conceitos do liberalismo, o homem naturalmente livre, ento, buscou-se limitar o poder de atuao dos Estados para dotar de maior fora a autonomia privada e deixar o

  • CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL TRT-2 PROFESSORES: VTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE

    10

    Prof. Vtor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br

    Estado apenas como fora de harmonizao e consecuo dos direitos.

    Na Constituio mexicana de 1917 e na de Weimar (Alemanha) em 1919, que nascem logo aps a 1 Guerra Mundial, temos um estilo de Constituio que prega no mais os direitos individuais em sentido estrito, mas uma viso mais ampla, do indivduo em sociedade. No podemos associ-la, do ponto de vista histrico, ao conceito de constituio liberal expresso pela Revoluo Francesa. Ela vai alm do Estado liberal. A Constituio Mexicana de 1917 passa a trazer em seu texto mais do que simples liberdades (direitos de 1 gerao - liberdades individuais - direitos polticos e civis). Ela traz os direitos econmicos, culturais e sociais (direitos de segunda gerao - relacionados igualdade), surgindo ento o conceito de Estado Social. Desta forma, possui como caracterstica a mudana da concepo de constituio sinttica para uma constituio analtica, mais extensa, capaz de melhor conter os abusos da discricionariedade. Aumenta assim a interveno do Estado na ordem econmica e social, dizendo-se que a democracia liberal-econmica passa a ser substituda pela democracia social.

    Esse estado social superado com o fim da 2 Guerra Mundial, temos ento o surgimento do Estado Democrtico de Direito marcado pelas iniciativas relacionadas solidariedade e aos direitos coletivos".

    Grosso modo, podemos fazer uma correlao de que forma esses direitos foram surgindo e a fase pela qual o mundo passava. Vejamos:

    Fase Marco Mundial

    Dimenso dos direitos

    Direitos Marco no Brasil

    Estado Liberal

    Revoluo Francesa e Independncia dos EUA

    1 Liberdade:

    Direitos civis e polticos

    Incipiente na CF/1824 e fortalecido na CF/1891

    Estado Social

    Ps 1 Guerra Mundial - Constituio Mexicana (1917) e Weimar (1919).

    2 Igualdade:

    Direitos Sociais, Econmicos e Culturais.

    CF/1934

    Estado Democrtico

    Ps 2 Guerra Mundial.

    3 Solidariedade (fraternidade):

    Direitos coletivos e difusos.

    CF/1988

  • CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL TRT-2 PROFESSORES: VTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE

    11

    Prof. Vtor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br

    Pulo do Gato:

    As dimenses esto na ordem do lema da Revoluo Francesa: liberdade, igualdade, e fraternidade.

    Os direitos Polticos so os de Primeira dimenso.

    Os direitos Sociais, Econmicos e Culturais (SEC - Lembre-se de "second") so os de segunda dimenso.

    Os direitos difusos, de Todos indistintamente, como por exemplo, o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, so os de Terceira Dimenso.

    A primeira dimenso dos direitos so as chamadas liberdades negativas, clssicas ou formais, pois foram as primeiras conquistas de libertao do povo em face do Estado. Eram protetoras. Eram formais pois via o homem como um ser genrico, abstrato, todos iguais, mas sem enxergar as verdadeiras diferenas materiais (econmica, cultural...) entre as pessoas.

    A segunda dimenso reflete a busca da igualdade material, tambm o que se chama das liberdades positivas, pois pressupem no s uma proteo individual em face do Estado, mas uma efetiva ao estatal para que se concretizassem a igualdade econmica, social e cultural.

    A terceira dimenso enxerga o homem em sociedade. Desta forma, se preocupa com os direitos coletivos (pertencentes a um grupo determinado de pessoas) e os direitos difusos (pertencentes a uma coletividade indeterminada). So exemplos destes direitos o direito paz, ao meio ambiente equilibrado, ao progresso e desenvolvimento, o direito de propriedade ao patrimnio comum da humanidade, o direito de comunicao, entre outros.

    Nesta 3 dimenso podemos incluir ainda o que se chama de "direitos republicanos". Estes seriam os direitos do cidado pensando no patrimnio pblico comum (res publica - coisa pblica). Assim, o cidado age ativamente para defender as instituies da sociedade reprimindo danos ao meio ambiente, ao patrimnio histrico-cultural, praticas de corrupo, nepotismo, e imoralidades administrativas. O principal instrumento deste exerccio a ao popular que veremos frente.

    19. (FCC/Analista TRF 4/2010) So direitos fundamentais classificados como de segunda gerao

    a) os direitos econmicos e culturais.

  • CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL TRT-2 PROFESSORES: VTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE

    12

    Prof. Vtor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br

    b) os direitos de solidariedade e os direitos difusos.

    c) as liberdades pblicas.

    d) os direitos e garantias individuais clssicos.

    e) o direito do consumidor e o direito ao meio ambiente equilibrado.

    Comentrios:

    Olha o macete: Segunda dimenso o "SECond" - sociais, econmicos e culturais.

    Gabarito: Letra A.

    20. (FCC/ PGE-SP/2009 - Adaptada) Liberdade, Igualdade e Fraternidade, ideais da Revoluo Francesa, podem ser relacionados, respectivamente, com os direitos humanos de primeira, segunda e terceira geraes.

    Comentrios:

    isso a...

    Gabarito: Correto.

    21. (FCC/Procurador-PGE-SP/2009 - Adaptada) O direito paz inclui-se entre os direitos humanos de segunda gerao.

    Comentrios:

    No no... direito paz no de segunda gerao no, um direito da sociedade, um direito difuso, seria de terceira dimenso.

    Gabarito: Errado.

    22. (FCC/ PGE-SP/2009 - Adaptada) Os direitos humanos de primeira gerao foram construdos, em oposio ao absolutismo, como liberdades negativas; os de segunda gerao exigem aes destinadas a dar efetividade autonomia dos indivduos, o que autoriza relacion-los com o conceito de liberdade positiva e com a igualdade.

    Comentrios:

    Exatamente.

    Gabarito: Correto.

    23. (FCC/DPE-SP/2007 - Adaptada) Os direitos republicanos tm surgido na doutrina como uma nova categoria onde o cidado

  • CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL TRT-2 PROFESSORES: VTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE

    13

    Prof. Vtor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br

    passa a pensar no interesse pblico explicitamente para fazer frente ofensa coisa pblica, como o nepotismo, a corrupo, bem como s polticas de Estado que, a pretexto de se caracterizarem como pblicas, na verdade podem atender a interesses particulares indefensveis.

    Comentrios:

    Isso a, tratam-se de direitos de terceira dimenso. O homem pensando em sociedade e agindo contra as polticas chamadas de "patrimonialistas".

    Gabarito: Correto.

    24. (FCC/Analista TRT 9/2004) Os direitos fundamentais so tambm classificados em trs geraes. Os de primeira, segunda e terceira geraes correspondem, respectivamente, aos direitos:

    a) democracia ou ao pluralismo; de fraternidade ou de solidariedade; e de liberdade ou de defesa.

    b) de liberdade ou de defesa; de prestao por parte do Estado ou sociais; e de fraternidade ou de solidariedade.

    c) de prestao por parte do Estado ou sociais; democracia ou informao; e de liberdade ou de defesa.

    d) de fraternidade ou de solidariedade; de liberdade ou de defesa; e igualdade material ou isonomia.

    e) informao ou ao pluralismo; de fraternidade ou de solidariedade; e de prestao por parte do Estado ou econmicos. Comentrios:

    A resposta dispensa muitas divagaes. Claramente a letra B!

    Gabarito: Letra B.

    25. (FCC/ PGE-PE/2004) Em ocorrendo coliso de direitos fundamentais consagrados por normas constitucionais de eficcia plena, no sujeitos, portanto, a restries legais, o intrprete constitucional poder adotar, para soluo de caso concreto, o princpio da:

    a) ponderao de interesses.

    b) interpretao adequadora.

    c) congruncia.

    d) relativizao dos direitos fundamentais.

    e) interpretao conforme a Constituio.

  • CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL TRT-2 PROFESSORES: VTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE

    14

    Prof. Vtor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br

    Comentrios:

    O princpio seria da harmonizao ou concordncia prtica, ou ainda ponderao de interesses, de forma a descobrir no caso concreto qual ir prevalecer.

    Gabarito: Letra A

    DISPOSIES CONSTITUCIONAIS APLICVEIS AOS DIREITOS FUNDAMENTAIS EM GERAL:

    O art. 5 da Constituio nos traz 4 pargrafos com disposies aplicveis aos direitos fundamentais. Sabemos, pelo 2 deste art. 5, que os direitos e garantias expressos na Constituio no excluem outros decorrentes do regime e dos princpios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a Repblica Federativa do Brasil seja parte. Agora vamos estudar os outros 3 pargrafos:

    Sobre as normas dos direitos e garantias fundamentais:

    Art. 5 1 - As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais tm aplicao imediata.

    Este dispositivo mostra a preocupao com a efetividade dos direitos e garantias fundamentais. O que ele quer dizer na verdade, Vtor?

    Quer dizer que "em regra" devemos aplicar imediatamente todos dos direitos e garantias, no ficando parados, sentados, dormindo, esperando que venha uma lei para regulament-los.

    Pode haver regulamentao legal? Sim, mas esta no essencial para a sua efetividade quando for possvel aplicar desde logo o direito.

    Isso no quer dizer que as normas ali sejam todas de eficcia plena. Na verdade, trata-se apenas um apelo para que se busque efetivamente aplic-las e assim no sejam frustrados os anseios da sociedade.

    26. (FCC/ Tcnico-TRT-8/ 2013) As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais tm aplicao imediata.

    Comentrios:

    Correto, de acordo com o 1 do art. 5.

    Gabarito: Correto.

  • CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL TRT-2 PROFESSORES: VTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE

    15

    Prof. Vtor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br

    27. (FCC/Tcnico-TRE-PI/2009) As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais no tm aplicao imediata, submetendo- se regulamentao legislativa.

    Comentrios:

    Isso contraria o disposto no art. 5, 1 da Constituio.

    Gabarito: Errado.

    28. (FCC/Analista - TRT 15/2009) As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais tm aplicao imediata.

    Comentrios:

    Correto. a literalidade da Constituio Federal em seu art. 5 1. Ressalta-se, porm, que esta disposio somente um apelo para que o Poder Pblico busque efetivamente concretizar tais normas. No podemos dizer que pela simples previso de que elas tenham aplicao imediata, algumas normas venham a ser efetivamente passveis de aplicao, nem que tais normas constituam, em sua totalidade, normas de eficcia plena.

    Tratados e convenes internacionais sobre direitos humanos:

    3 Os tratados e convenes internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por trs quintos dos votos dos respectivos membros, sero equivalentes s emendas constitucionais. (Includo pela EC 45/04)

    A EC 45/04 abriu a possibilidade de ampliar a relao dos direitos fundamentais de status constitucional atravs da aprovao de tratados internacionais pelo mesmo rito de emendas constitucionais. Vamos entender melhor isso:

    A regra que os tratados internacionais so equivalentes s leis ordinrias.

    A exceo essa acima - eles vo estar equiparados s Emendas Constitucionais caso cumpram estes requisitos acima, ou seja, versem sobre direitos humanos e o decreto legislativo relativo a ele seja aprovado pelo mesmo rito exigido para as emendas Constituio.

    Ainda que no aprovados pelo rito das Emendas, se versarem sobre direitos humanos, o STF entende que possuem supralegalidade podendo revogar leis anteriores e devendo ser observados pelas leis futuras. assim, por exemplo, que vigora em nosso ordenamento o "Pacto de San Jose da Costa Rica" - status acima das leis e abaixo da Constituio.

  • CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL TRT-2 PROFESSORES: VTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE

    16

    Prof. Vtor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br

    Lembrando que (CF, art. 49, I e 84, VII) cabe ao Congresso Nacional por meio de Decreto Legislativo resolver definitivamente sobre tratados internacionais (seja sobre direitos humanos ou no), referendando-os e, aps isso, estes passaro a integrar o ordenamento jurdico nacional entrando em vigor aps a edio de um decreto presidencial.

    Esquematizando, um tratado pode adquirir 3 status hierrquicos:

    1- Regra: Status de lei ordinria. Caso seja um tratado que no verse sobre direitos humanos.

    2- Exceo 1: Status Supralegal. Caso seja um tratado sobre direitos humanos no votado pelo rito de emendas constitucionais, mas pelo rito ordinrio;

    3- Exceo 2: Status constitucional. Caso seja um tratado sobre direitos humanos votado pelo rito de emendas constitucionais (3/5 dos votos, em 2 turnos de votao em cada Casa). Essa possibilidade s passou a existir com a EC 45/04.

    Mais observaes:

    Com base neste pargrafo, vigora com fora de Emenda Constitucional o Decreto Legislativo n 186/08 que ratificou o texto da conveno sobre os direitos das pessoas com deficincia e de seu protocolo facultativo, assinados em Nova Iorque, em 30 de maro de 2007.

    No precisa necessariamente ser direito individual, perceba que a norma fala direitos humanos.

    Segundo o STF, como os tratados internacionais so equiparados s leis ordinrias, no podem versar matria sob reserva constitucional de lei complementar, pois em tal situao, a prpria Carta Poltica subordina o tratamento legislativo de determinado tema ao exclusivo domnio nor-mativo da Lei Complementar.

    29. (FCC/Tcnico Judicirio rea Administrativa/2012) Os tratados e convenes internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por dois quintos dos votos dos respectivos membros, sero equivalentes s emendas constitucionais.

    Comentrios:

    Para que alcancem esse status precisam de 3/5 dos votos e no 2/5.

  • CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL TRT-2 PROFESSORES: VTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE

    17

    Prof. Vtor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br

    Gabarito: Errado.

    30. (FCC/A. Jud. Biblioteconomia TRT 24/2011) Os tratados e convenes internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados: a) pela Cmara dos Deputados, por maioria absoluta, mediante aprovao prvia da Advocacia Geral da Unio, sero equivalentes Lei ordinria. b) pelo pleno do Supremo Tribunal Federal, desde que previamente aprovada pelo Presidente da Repblica e Senado Federal, sero equivalentes s Leis ordinrias. c) pelo pleno do Supremo Tribunal Federal, desde que previamente aprovada pelo Presidente da Repblica e Senado Federal, sero equivalentes s Leis complementares. d) em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por trs quintos dos votos dos respectivos membros, sero equivalentes s emendas constitucionais. e) pelo Presidente da Repblica sero equivalentes Medida Provisria e sero levados Cmara dos Deputados, para, mediante aprovao por maioria dos votos, serem convertidas em Leis ordinrias. Comentrios:

    A questo queria, simplesmente, cobrar do candidato o conhecimento sobre a disposio constitucional do art. 5, 3, inserida pela EC 45/04 que passou a admitir tratados internacionais de status constitucional, desde que fossem aprovados pelo mesmo rito de uma emenda constitucional, ou seja, aprovados em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por trs quintos dos votos dos respectivos membros, sero equivalentes s emendas constitucionais.

    Gabarito: Letra D.

    31. (FCC/Analista - TRT 15/2009) Nos termos da Constituio Federal, sero equivalentes s emendas constitucionais, os tratados e convenes internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, pelo Congresso Nacional, em dois turnos, por dois teros dos votos dos respectivos membros.

    Comentrios:

    Errado. A questo possui 2 erros, o primeiro o mais explcito: diz que o voto ser de 2/3 dos membros, quando na verdade seria 3/5 o correto. Outra coisa que se deve ter ateno que no o Congresso Nacional (reunido como Casa nica) que aprova o tratado. Para ter o status de emenda, a votao tem que ser em cada Casa do Congresso em 2 turnos. Estaria correta, ento, se dissesse: Nos termos da Constituio Federal, sero equivalentes s emendas

  • CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL TRT-2 PROFESSORES: VTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE

    18

    Prof. Vtor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br

    constitucionais, os tratados e convenes internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por trs quintos dos votos dos respectivos membros (CF, art. 5 3).

    Gabarito: Errado.

    32. (FCC/Advogado-ARCE/2006) Na hiptese de a Repblica Federativa do Brasil vir a ser signatria de tratado internacional em que se vede a priso civil por dvidas, sem quaisquer ressalvas, o referido tratado:

    a) ser incompatvel com a Constituio, por afronta a clusula ptrea, sendo por isso passvel de controle por meio de ao direta de inconstitucionalidade.

    b) integrar-se- ao ordenamento jurdico nacional em nvel supraconstitucional, na medida em que versa sobre matria de direitos fundamentais.

    c) ter aplicao imediata no ordenamento jurdico nacional, independentemente de aprovao pelo Congresso Nacional, por se tratar de norma definidora de direito fundamental.

    d) ingressar no ordenamento jurdico nacional em nvel infraconstitucional, no se submetendo, no entanto, a controle de constitucionalidade, por versar sobre direito fundamental.

    e) ser equivalente a emenda constitucional, desde que aprovado, em cada Casa do Congresso Nacional, em 2 turnos, por 3/5 dos votos de seus respectivos membros.

    Comentrios:

    O que nos interessa agora a letra E, resposta da questo. Se o tratado cumprir tais requisitos ser equivalente s emendas constitucionais.

    A letra A toca no ponto da "clusula ptrea". Veremos que os direitos individuais, entre eles a proibio da priso civil por dvida, so clusulas ptreas, ou seja, no podem ser enfraquecidos por emenda constitucional. O tratado em questo, porm, no est enfraquecendo o direito individual, mas sim, fortalecendo, sendo ento perfeitamente vlido.

    Gabarito: Letra E.

    Tribunal Penal Internacional:

    4 O Brasil se submete jurisdio de Tribunal Penal Internacional a cuja criao tenha manifestado adeso. (Includo pela EC 45/04)

  • CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL TRT-2 PROFESSORES: VTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE

    19

    Prof. Vtor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br

    Outra inovao da EC 45/04. Esse dispositivo tem sido cobrado apenas literalmente nos concursos, independente do nvel.

    33. (FCC/TJAA- TRT-9/ 2013) O Brasil se submete jurisdio de Tribunal Penal Internacional a cuja criao tenha manifestado adeso.

    Comentrios:

    Isso a. Literalidade do art. 5 4 da Constituio.

    Gabarito: Correto

    34. (CESPE/Tcnico-TRT 17/2009) O Brasil se submeter jurisdio de Tribunal Penal Internacional a cuja criao manifestar adeso.

    Comentrios:

    Literalidade do art. 5 4 da Constituio. Essa foi uma inovao trazida pela EC 45/04.

    Gabarito: Correto.

    35. (CESPE/Tcnico-TJ-TJ/2008) A submisso do Brasil ao Tribunal Penal Internacional depende da regulamentao por meio de lei complementar.

    Comentrios:

    No h necessidade de lei complementar.

    Gabarito: Errado.

    Direitos e Deveres Individuais e Coletivos:

    Esses direitos esto presentes no art. 5 da Constituio Federal.

    A Constituio d o nome de "Direitos e Deveres", porm, no h "deveres individuais" propriamente ditos expressos no texto, os deveres so, na verdade, o de respeitar o direito do outro.

    Tambm no h segregao expressa daqueles que seriam direitos individuais e os que seriam direitos coletivos.

    Os direitos individuais so uma clusula ptrea de nossa Constituio (CF, art. 60 4) isso quer dizer que no podem ser abolidos ou ter a sua eficcia reduzida por

    uma emenda constitucional. Eles so de pedra, permanentes, uma modificao poder fortalec-los, mas nunca enfraquec-los.

  • CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL TRT-2 PROFESSORES: VTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE

    20

    Prof. Vtor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br

    Sabemos que a relao no exaustiva, pois por fora do 2 do art. 5, no se excluem outros direitos decorrentes dos regimes e princpios adotados pela Constituio ou decorrentes de tratados internacionais em que o Brasil seja parte. Assim, existem diversos outros direitos individuais e coletivos tambm protegidos como clusula ptrea, espalhados ao longo do texto constitucional, como, por exemplo, as limitaes ao poder de tributar do art. 150.

    36. (CESPE/Agente-Hemobrs/2008) Dos direitos fundamentais, apenas os direitos e garantias individuais podem ser considerados como clusulas ptreas.

    Comentrios:

    No existe exata delimitao das clusulas ptreas formadas pelos direitos e garantias fundamentais. Alguns autores defendem que os direitos sociais tambm seriam clusulas ptreas, outros defendem que no. Nos afastando desta polmica, a questo se resolve pelo fato de o voto direto, secreto, universal e peridico tambm ser um direito fundamental (CF, art. 14) e tambm ser uma clusula ptrea, que segundo o art. 60 4, so:

    I - a forma federativa de Estado;

    II - o voto direto, secreto, universal e peridico;

    III - a separao dos Poderes;

    IV - os direitos e garantias individuais.

    Gabarito: Errado.

    37. (CESPE/ STF/ 2008) Todos os direitos e garantias fundamentais previstos na CF foram inseridos no rol das clusulas ptreas.

    Comentrios:

    Dentre os direitos e garantias fundamentais, a CF s previu como clusula ptrea os direitos e garantias individuais e o voto com as suas caractersticas de ser "direto, secreto, universal e peridico".

    Gabarito: Errado.

    Caput do art. 5:

    Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pas a inviolabilidade do direito vida, liberdade, igualdade, segurana e propriedade, nos termos seguintes:

  • CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL TRT-2 PROFESSORES: VTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE

    21

    Prof. Vtor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br

    Doutrina:

    Segundo o prof. Manuel Gonalves Ferreira Filho, o critrio usado para classificar os direitos do art. 5 (direitos e deveres individuais e coletivos) foi o critrio do objeto imediato do direito assegurado3. Isso quer dizer que eles foram divididos em 5 objetos imediatos: vida, liberdade, igualdade, segurana e propriedade. Assim, os diversos incisos presentes no art. 5 so usados para definir direitos e garantias que, no obstante tenham um fim traado na norma, possuem como objeto imediato o alcance do direito vida, da liberdade, da igualdade, da segurana ou da propriedade.

    Podemos assim agrupar cada um dos incisos de acordo com o seu objeto imediato. Ex.:

    Direitos cujo objeto imediato a liberdade - Direito de locomoo (CF, art. 5, XV e LXVIII), Liberdade de pensamento e religio (CF, art. 5, IV, VI, VII, VIII, IX), liberdade de reunio (CF, art. 5, XVI), etc.

    Jurisprudncia:

    - Segundo o Supremo, as pesquisas com clulas-tronco embrionrias no violam o direito vida ou o princpio da dignidade da pessoa humana.

    - No mesmo julgado, que se referia proteo do direito vida, e a constitucionalidade da lei de Biossegurana (Lei 11.105/2005), o STF entendeu que a Constituio Federal, quando se refere dignidade da pessoa humana e proteo dos direitos e garantias individuais no se estaria se referindo a todo e qualquer estgio da vida humana, mas da vida que j prpria de uma concreta pessoa, porque nativiva, e que a inviolabilidade de que trata o art. 5 diria respeito exclusivamente a um indivduo j personalizado.

    38. (FCC/AJ-Arquivologia-TRT-19/2011) A Constituio Federal, ao classificar os direitos enunciados no artigo 5, quando assegura a inviolabilidade do direito vida, dignidade, liberdade, segurana e propriedade, adota o critrio do

    a) perigo subjetivo do direito assegurado.

    b) objeto imediato do direito assegurado.

    c) alcance relativo do direito assegurado.

    3 Manuel Gonalves Ferreira Filho apud Jos Afonso da Silva, Curso de Direito Constitucional Positivo (33 Ed.), pg. 194.

  • CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL TRT-2 PROFESSORES: VTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE

    22

    Prof. Vtor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br

    d) plano mediato do direito assegurado.

    e) alcance subjetivo do direito assegurado.

    Comentrio:

    O critrio foi o do objeto imediato do direito assegurado.

    Eles foram divididos em 5 objetos imediatos: vida, liberdade, igualdade, segurana e propriedade. Assim, os diversos incisos presentes no art. 5 so usados para definir direitos e garantias que, no obstante tenham um fim traado na norma, possuem como objeto imediato o alcance do direito vida, da liberdade, da igualdade, da segurana ou da propriedade.

    Gabarito: Letra B.

    Extenso da expresso residentes Pas do art. 5:

    Embora a literalidade do caput expresse o termo residente, o STF promoveu uma mutao constitucional, ampliando o escopo desses direitos. O Supremo decidiu que deve ser entendido como todo estrangeiro que estiver em territrio brasileiro e sob as leis brasileiras, mesmo que em trnsito. Assim o estrangeiro em trnsito estar amparado pelos direitos individuais, e poder inclusive fazer uso de remdios constitucionais como habeas corpus e mandado de segurana. Ressalva-se que o estrangeiro no poder fazer uso de todos os direitos, pois alguns so privativos de brasileiros como, por exemplo, o uso da ao popular.

    Vale dizer que esta extenso no deve ser entendida como apenas aos direitos individuais, mas todos os direitos fundamentais, na medida em que forem possveis de serem aplicados.

    39. (FCC/Analista TRF 4/2010) A inviolabilidade do direito vida, liberdade, igualdade, segurana e propriedade so garantias previstas na Constituio Federal:

    a) aos brasileiros, no estendidas s pessoas jurdicas.

    b) aos brasileiros natos, apenas.

    c) aos brasileiros natos e aos estrangeiros com residncia fixa no Pas.

    d) aos brasileiros, natos ou naturalizados.

    e) aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pas.

    Comentrios:

    A resposta dada foi a letra E, mas ateno: esses direitos so assegurados aos brasileiros e estrangeiros sob leis brasileiros, pessoas fsicas e, em alguns casos, pessoas jurdicas. O estrangeiro

  • CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL TRT-2 PROFESSORES: VTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE

    23

    Prof. Vtor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br

    tambm no precisa ter residncia fixa, basta estar sob as leis brasileiras.

    Gabarito: Letra E.

    40. (FCC/Procurador Pref. Santos/2005) Conforme previsto na Constituio Federal de 1988, os direitos e garantias fundamentais so:

    a) garantidos apenas aos brasileiros, em face do princpio da soberania nacional.

    b) definidos por normas de aplicao imediata.

    c) enunciados em rol fechado e taxativo, dado seu carter de clusula ptrea.

    d) alterveis apenas por emendas Constituio, decorrentes de iniciativa popular.

    e) revogveis apenas sob interveno federal.

    Comentrios:

    Letra A - Errado. So assegurados aos brasileiros e estrangeiros sob leis brasileiras.

    Letra B - Correto. Colocou o que a Constituio expressamente diz em seu art. 5, 4: as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais tm aplicao imediata.

    Letra C - Errado. Trata-se de um rol aberto, exemplificativo.

    Letra D - Errado. As emendas Constituio no podem ser propostas por iniciativa popular, esta se restringe a propor projetos de leis ordinrias e complementares. Importante salientar tambm, que o art. 5 da Constituio uma clusula ptrea (no pode ser abolido ou ter o seu escopo reduzido por emendas constitucionais), tal proteo no abrange os demais direitos fundamentais.

    Letra E - Alternativa sem p nem cabea.

    Gabarito: Letra B.

    Igualdade (ou Isonomia):

    Art. 5, I - homens e mulheres so iguais em direitos e obrigaes, nos termos desta Constituio;

    O caput tambm faz meno a este princpio, quando diz: todos so iguais perante a lei.

  • CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL TRT-2 PROFESSORES: VTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE

    24

    Prof. Vtor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br

    Este princpio pode ser entendido como: a lei no pode fazer distino, deve tratar de forma igual os iguais e de forma desigual os desiguais na medida de suas desigualdades. Desta forma, temos dois diferentes tipos de isonomia:

    Isonomia formal Todos podero igualmente buscar os direitos expressos na lei.

    Isonomia material

    a igualdade real, vai alm da igualdade formal. A busca da igualdade material acontece quando so tratadas desigualmente as pessoas que estejam em situaes desiguais. Geralmente usada para favorecer alguns grupos que estejam em posio de desvantagem. Obviamente ela s ser vlida se for pautada em um motivo lgico e justificvel. Ex. Destinao de vagas especiais para deficientes fsicos em concursos pblicos.

    Discriminao Reversa - A isonomia material acaba gerando uma discusso sobre a chamada "discriminao reversa". Este tema foi muito debatido no caso de cotas raciais em faculdades pblicas. A adoo do sistema de cotas iria, para alguns, gerar uma discriminao reversa na medida que uma ao estatal com objetivo de ajudar uma parcela da populao a alcanar a isonomia material acabaria por gerar um preterimento de uma outra parcela, que seria, assim, prejudicada.

    A doutrina tambm costuma diferenciar outras duas formas de isonomia (ambas comportadas pela Constituio):

    Igualdade perante a lei

    Com a lei j elaborada, esta igualdade direciona o aplicador da lei para que a aplique sem fazer distines (isonomia formal).

    Igualdade na lei

    o princpio que direciona o legislador a no fazer distines entre as pessoas no momento de se elaborar uma lei.

  • CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL TRT-2 PROFESSORES: VTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE

    25

    Prof. Vtor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br

    Jurisprudncia:

    STF - Smula n 339 - No cabe ao Poder Judicirio, que no tem funo legislativa, aumentar vencimentos dos servidores pblicos sob fundamento de isonomia.

    41. (FCC/Tcnico- TRT 16/2009) Homens e mulheres so iguais em direitos e obrigaes.

    Comentrios:

    o princpio da igualdade (uma das facetas) que est disposto no art. 5, II da Constituio: homens e mulheres so iguais em direitos e obrigaes, nos termos da Constituio.

    Gabarito: Correto.

    42. (FCC/Procurador-BACEN/2006) O princpio da isonomia deflui, em termos conceituais, de um dos fundamentos constitucionalmente expressos da Repblica Federativa do Brasil e que a:

    a) soberania.

    b) publicidade.

    c) dignidade da pessoa humana.

    d) livre iniciativa.

    e) no-interveno.

    Comentrios:

    So os fundamentos da repblica federativa do Brasil: Soberania - Cidadania - Dignidade da Pessoa Humana - Valores sociais do trabalho e da livre Iniciativa - Pluralismo poltico.

    O princpio da igualdade entre as pessoas (isonomia) decorre claramente da Dignidade da Pessoa Humana.

    Gabarito: Letra C.

    43. (FCC/AJAJ-TRT 23/2005) Tendo em vista o princpio da isonomia como um dos direitos fundamentais, observe as afirmaes sobre o princpio da igualdade:

    I. por sua natureza, veda sempre o tratamento discriminativo entre indivduos, mesmo quando h razoabilidade para a discriminao.

    II. vincula os aplicadores da lei, face igualdade perante a lei, entretanto no vincula o legislador, no momento de elaborao da lei.

  • CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL TRT-2 PROFESSORES: VTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE

    26

    Prof. Vtor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br

    III. estabelece que se deve tratar de maneira igual os que se encontram em situao equivalente e de maneira desigual os desiguais, na medida de suas desigualdades.

    IV. no h falar em ofensa a esse princpio se a discriminao admitida na prpria Constituio.

    Est correto o que se afirma APENAS em

    a) I e III.

    b) I e IV.

    c) II e III.

    d) II e IV.

    e) III e IV.

    Comentrios:

    I- Errado. Pode haver tratamento desiguais entre desiguais para que haja uma busca da igualdade material.

    II - Errado. Vimos que a igualdade perante a lei comporta os dois sentidos: a igualdade perante a lei, propriamente dita (direcionando o aplicador) e a igualdade na lei (direcionando o legislador ao elaborar a norma).

    III - Isso a. Esse o verdadeiro significado da isonomia.

    IV - Correto. O Poder Constituinte Originrio ilimitado, logo, se a prpria Constituio que est admitindo a discriminao, no h o que se falar em ofensa isonomia.

    Gabarito: Letra E.

    Liberdade (legalidade na viso do cidado):

    Art. 5, II - ningum ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa seno em virtude de lei;

    Doutrinariamente, chama-se de "liberdade" (uma de suas faces) o princpio que est expresso no art. 5, II, j que somente a lei (legtima) pode obrigar que algum faa ou deixe de fazer algo contra sua vontade.

    Este princpio tambm conhecido como a faceta da legalidade para o cidado, isso porque a legalidade pode ser entendida de 2 formas:

    Para o cidado - O particular pode fazer tudo aquilo que a lei no proba;

    Para o administrador pblico - O administrador pblico s pode fazer aquilo que a lei autorize ou permita.

  • CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL TRT-2 PROFESSORES: VTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE

    27

    Prof. Vtor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br

    Doutrina:

    Cabe-nos agora, expor uma outra discusso doutrinria relevante para concursos: a diferenciao dos termos "legalidade" e "reserva legal" (reserva de lei). Embora, no seja pacfico tal distino, muitos juristas (inclusive o prprio STF) consideram importante diferenciar tais institutos:

    1- Reserva legal - um termo mais especfico. Ocorre quando a Constituio estabelece um comando, mas faz uma "reserva" para que uma lei (necessariamente uma lei formal - emanada pelo Poder Legislativo - ou ento, uma lei delegada ou medida provisria) estabelea algumas situaes. Ex. Art. 5, XIII livre o exerccio de qualquer trabalho, ofcio ou profisso, atendidas as qualificaes profissionais que a lei estabelecer. Veja que a Constituio garantiu uma liberdade, porm, reservou lei, e somente lei (formal), a possibilidade de estabelecer restries norma. Esta reserva feita lei, pode ocorrer de duas formas:

    Reserva legal absoluta - Quando ser a prpria lei que ir atender o mandamento. Ex. Os casos constitucionais que venham com as expresses "a lei estabelecer", "a lei regular", " a lei dispor"... veja que a prpria lei, diretamente, que atender o comando constitucional;

    Reserva legal relativa - Quando no a lei que ir, diretamente, atender ao comando constitucional, mas estabelecer os limites, ou os termos, dentro dos quais um ato infralegal ir atuar. Ex. Os casos constitucionais que venham com as expresses "nos termos da lei", "na forma da lei", "nos limites estabelecidos pela lei"... veja que no ser a lei que atender ao comando, porm, esta estar traando os limites para tal.

    2- Legalidade - um termo mais genrico, tambm conhecido como "reserva da norma". Grosso modo, a legalidade (reserva de norma) pode ser atendida tanto com o uso de leis formais, quanto pelo uso de atos infralegais emanados nos limites da lei. Legalidade, ento, seria simplesmente "andar dentro dos limites traados pelo Legislador". Seja com o uso direto de uma lei, seja o uso de um ato, nos limites da lei, ambos conseguiriam perfeitamente cumprir o comando da "legalidade".

    Jurisprudncia:

    Em julgado de 2008, o STF citou o fato de que a legalidade expressa no art. 5, II da Constituio seria meramente uma "reserva de norma", ou seja, uma legalidade ampla e no uma reserva de lei

  • CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL TRT-2 PROFESSORES: VTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE

    28

    Prof. Vtor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br

    (formal) em sentido estrito4. Assim, tal dispositivo poderia ser cumprido atravs de uma lei formal, e tambm por outros atos expressa ou implicitamente autorizados por ela.

    44. (FCC/Procuradoria - Recife/2008) garantia constitucional da liberdade a previso segundo a qual:

    a) vedada a instituio de pena de privao ou restrio da liberdade.

    b) ningum ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, seno em virtude de lei.

    c) se probe a instituio da pena de morte, exceto na hiptese de guerra declarada, nos termos da Constituio.

    d) a lei considerar crimes inafianveis e imprescritveis a prtica da tortura e o terrorismo.

    e) no haver priso civil por dvida, exceto a do depositrio infiel.

    Comentrios:

    Questo direta. O examinador queria que o candidato desse como resposta a definio para a garantia da liberdade. A definino de garantia da liberdade : ningum ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, seno em virtude de lei.

    Gabarito: Letra B

    45. (FCC/EPP/2004) "Ningum ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa seno em virtude de lei." Por este princpio, art. 5o, II, da Constituio da Repblica Federativa brasileira de 1988,

    a) o destinatrio da garantia s poder ser compelido a atuar (ou no atuar) desta ou daquela forma, por fora de lei. No havendo lei, este tem uma atuao livre, desvinculada.

    b) o destinatrio da garantia apenas poder ser compelido a atuar (ou no atuar) desta ou daquela forma por fora de lei ordinria.

    c) os poderes pblicos tm toda sua atuao pautada pela vontade da lei, podendo a autoridade pblica atuar fora dos trilhos legais.

    d) o destinatrio da garantia s poder ser compelido a atuar (ou no atuar) desta ou daquela forma, por fora de lei elaborada pelo Poder Legislativo. Isto implica dizer que ele no est obrigado a obedecer medidas provisrias, posto serem elas atos normativos editados pelo chefe do Poder Executivo. 4 HC 85.060, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 23-9-2008, Primeira Turma, DJE de 13-2-

    2009.

  • CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL TRT-2 PROFESSORES: VTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE

    29

    Prof. Vtor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br

    e) o destinatrio da garantia s poder ser compelido a atuar (ou no atuar) desta ou daquela forma por fora de lei complementar.

    Comentrios:

    A correta a letra A, j que exps corretamente a legalidade na viso do cidado, podendo fazer tudo aquilo que no seja vedado em lei.

    A letra B errou porque restringiu a legalidade lei ordinria e a letra E restringiu lei complementar.

    A letra C errou ao dizer a viso da legalidade pelo agente pblico, que fazer somente o que a lei permite ou autoriza.

    A letra D, por sua vez, excluiu a medida provisria e assim, ficou incorreta.

    Gabarito: Letra A.

    46. (ESAF/Tcnico - Receita Federal/2006) Com relao ao direito, a todos assegurado, de no ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, seno em virtude de lei, o sentido do termo "lei" restrito, no contemplando nenhuma outra espcie de ato normativo primrio.

    Comentrios:

    A questo citou no enunciado o teor do art. 5, II da Constituio. Em julgado de 2008, o STF citou o fato de que a legalidade expressa neste art. 5, II da Constituio seria meramente uma "reserva de norma", ou seja, uma legalidade ampla e no uma reserva de lei (formal) em sentido estrito. Assim, tal dispositivo poderia ser cumprido atravs de uma lei formal, e tambm por outros atos expressa ou implicitamente autorizados por ela.

    Gabarito: Errado.

    Nas palavras do Supremo: ningum obrigado a cumprir ordem ilegal, ou a ela se submeter, ainda que emanada de autoridade judicial. dever da cidadania

    opor-se ordem ilegal; caso contrrio, nega-se o Estado de Direito.

    47. (CESPE/AJEM-TJDFT/2008) Ordens emanadas de autoridades judiciais, ainda que ilegais, devem ser cumpridas, sob pena de restar violado o estado de direito.

    Comentrios:

    Trata-se do posicionamento do STF, em que somente a lei pode obrigar algum a fazer ou deixar de fazer algo.

  • CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL TRT-2 PROFESSORES: VTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE

    30

    Prof. Vtor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br

    Gabarito: Errado.

    48. (ESAF/ANA/2009) Ningum obrigado a cumprir ordem ilegal, ou a ela se submeter, por isso que dever de cidadania opor-se ordem ilegal, ainda que emanada de autoridade judicial; caso contrrio, nega-se o Estado de Direito.

    Comentrios:

    Este o pensamento do STF em cima do dispositivo Constitucional do art. 5, II (ningum ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa seno em virtude de lei). Assim o Supremo decidiu: "Ningum obrigado a cumprir ordem ilegal, ou a ela se submeter, ainda que emanada de autoridade judicial. Mais: dever de cidadania opor-se ordem ilegal; caso contrrio, nega-se o Estado de Direito."

    Gabarito: Correto.

    49. (CESPE/AGU/2009) De acordo com o princpio da legalidade, apenas a lei decorrente da atuao exclusiva do Poder Legislativo pode originar comandos normativos prevendo comportamentos forados, no havendo a possibilidade, para tanto, da participao normativa do Poder Executivo.

    Comentrios:

    admitido o uso de medidas provisrias (ato do Poder Executivo com fora de lei), logo, est incorreta a questo.

    Gabarito: Errado.

    Desdobramento da dignidade da pessoa humana:

    Art. 5, III - ningum ser submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;

    Smula Vinculante n 11 S lcito o uso de algemas em casos de resistncia e de fundado receio de fuga ou de perigo integridade fsica prpria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da priso ou do ato processual a que se refere, sem prejuzo da responsabilidade civil do Estado.

    50. (CESPE/AJAA-TJES/2011) O princpio da dignidade da pessoa humana possui um carter absoluto, sendo um princpio primordial presente na Constituio Federal de 1988.

    Comentrios:

  • CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL TRT-2 PROFESSORES: VTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE

    31

    Prof. Vtor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br

    A dignidade da pessoa humana um princpio fundamental de nosso ordenamento. Este princpio, bem como qualquer outro direito fundamental previsto na Constituio no pode ser considerado absoluto. A caracterstica da relatividade inerente a eles, pois ainda que aparentem ser absolutos, eles podero, diante de um caso concreto, colidir com outros direitos fundamentais, e assim serem relativizados.

    Gabarito: Errado.

    Manifestao do pensamento:

    Art. 5, IV - livre a manifestao do pensamento, sendo vedado o anonimato;

    Obviamente, a manifestao do pensamento no absoluta, deve-se respeitar os outros princpios, como a intimidade, privacidade etc.

    Segundo o STF, no possvel a utilizao da denncia annima como ato formal de instaurao do procedimento investigatrio, quando isoladamente consideradas, j que as peas futuras no poderiam, em regra, ser incorporadas formalmente ao processo. Nada impede, porm, que o Poder Pblico seja provocado pela delao annima e, com isso, adote medidas informais para que se apure a possvel ocorrncia da ilicitude penal. E ratifica: no serve persecuo criminal notcia de prtica criminosa sem identificao da autoria, consideradas a vedao constitucional do anonimato e a necessidade de haver parmetros prprios responsabilidade, nos campos cvel e penal, de quem a implemente.

    51. (FCC/Auxiliar-TJ-PA/2010) livre a manifestao do pensamento, permitido o anonimato.

    Comentrios:

    A Constituio veda o uso do anonimato atravs do disposto em seu art. 5, IV.

    Gabarito: Errado.

    Direito de resposta e inviolabilidade de honra, imagem e vida privada :

    Art. 5, V - assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, alm da indenizao por dano material, moral ou imagem;

    Pois , vimos que todo mundo tem a liberdade de se manifestar... Obviamente essa liberdade no absoluta e se abusar do direito, vem esse dispositivo aqui! O ofendido tem direitos de resposta, ainda

  • CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL TRT-2 PROFESSORES: VTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE

    32

    Prof. Vtor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br

    podendo cumular uma forma trplice de indenizao pela ofensa: material, moral e imagem.

    Isso porque temos o seguinte dispositivo:

    Art. 5, X - so inviolveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenizao pelo dano material ou moral decorrente de sua violao;

    Embora seja assegurado o direito de resposta, no se pode, nesta, violar a intimidade, a vida privada e a

    honra do agressor. Exemplo: A mulher no pode vingar-se do namorado, que publicou fotos suas desrespeitosas na internet, fazendo o mesmo com as dele, alegando direito de resposta.

    de se destacar que a intimidade e a vida privada so regidas princpio da exclusividade. Isso significa que cada pessoa deve ter garantido o seu direito ao acesso de seus dados e a sua vida particular de forma exclusiva, sem que tenha ingerncias externas ou tenha essa sua exclusividade devassada. Diante disso, decorrem aqueles diversos sigilos: bancrio, fiscal, telefnico...

    Intimidade e vida privada so conceitos de fcil visualizao. Porm, necessrio que faamos aqui uma distino dos conceitos de honra e imagem, para fins dessa proteo:

    honra - aspecto interno, reputao do indivduo, bom nome.

    Imagem - aspecto externo, exposio de sua figura.

    Desta forma, vemos que honra e imagem so coisas dissociadas. No entendimento do STF, se algum fizer uso indevido da imagem de algum, a simples exposio desta imagem j gera o direito de indenizar, ainda que isso no tenha gerado nenhuma ofensa sua reputao.

    Ainda nos cabe diferenciar a questo dos danos:

    Dano material - Quando existe ofensa, direta ou indireta (lucros cessantes), ao patrimnio das pessoas fsicas ou jurdicas.

    Dano moral - Quando existe ofensa algo interno, subjetivo. Conceito amplo que abrange ofensa reputao de algum, ou quando se refere ao fato de ter provocado violao ao lado emocional, psquico, mental da pessoa.

    Dano imagem - Segundo o art. 20 do Cdigo Civil, so aqueles que denigrem, atravs da exposio indevida, no autorizada ou reprovvel, a imagem das pessoas fsicas, ou seja, a publicao de seus escritos, a transmisso de sua palavra, ou a utilizao no

  • CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL TRT-2 PROFESSORES: VTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE

    33

    Prof. Vtor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br

    autorizada de sua imagem, bem como, a utilizao indevida do conjunto de elementos como marca, logotipo ou insgnia, entre outros, das pessoas jurdicas.

    Lembrando ainda que: STJ - smula - 227 a pessoa jurdica pode sofrer dano moral.

    Jurisprudncia relevante:

    Segundo o STF: a divulgao dos vencimentos brutos de servidores, com seus respectivos nomes e matrculas funcionais, a ser realizada oficialmente em portal de transparncia -, constituiria interesse coletivo, sem implicar violao intimidade e segurana deles, no se podendo fazer divulgao de outros dados pessoais como endereo residencial, CPF e RG de cada um.

    52. (FCC/TJ Segurana - TRT 1/2011) A inviolabilidade do sigilo de dados complementa a previso ao direito intimidade e vida privada, sendo ambas as previses regidas pelo princpio da

    a) igualdade.

    b) eficincia.

    c) impessoalidade.

    d) exclusividade.

    e) reserva legal.

    Comentrio:

    O princpio que rege a intimidade e a privacidade notadamente o princpio da exclusividade. Ou seja, a pessoa em questo deve ter garantido o seu direito ao acesso de seus dados e da sua vida de forma exclusiva, sem que tenha ingerncias externas ou tenha essa sua exclusividade devassada.

    Gabarito: Letra D.

    53. (FCC/APOFP-SEFAZ-SP/2010) No que se refere inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das pessoas certo que:

    a) a dor sofrida com a perda de ente familiar no indenizvel por danos morais, porque esta se restringe aos casos de violao honra e imagem.

    b) a indenizao, na hiptese de violao da honra e da intimidade, no responde cumulativamente por danos morais e materiais.

  • CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL TRT-2 PROFESSORES: VTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE

    34

    Prof. Vtor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br

    c) a condenao por danos morais face divulgao indevida de imagem, exige a ocorrncia de ofensa reputao da pessoa.

    d) o Estado tambm responde por atos ofensivos (morais) praticados pelos agentes pblicos no exerccio de suas funes.

    e) as pessoas jurdicas, por serem distintas das pessoas fsicas, tm direito a indenizao por danos materiais, mas no por danos morais.

    Comentrios:

    Letra A - Errado. As dores sofridas em aspectos no patrimoniais, causadas por outrem, so indenizveis por danos morais.

    Letra B - Errado. Nada impede a cumulao de indenizaes, caso seja comprovado o dano. A cumulao admitida constitucionalmente.

    Letra C - Errado. A imagem dissociada da honra, logo, independentemente de haver dano honra, indenizvel a exposio indevida ou reprovvel da imagem.

    Letra D - Correto. A conduta do agente pblico imputvel ao Estado, se este est agindo no exerccio de suas funes, j que o agente o responsvel por manifestar a vontade estatal.

    Letra E - Errado. Pessoas Jurdicas podem sofrer danos morais (STJ, smula 227), bem como materiais e imagem.

    Gabarito: Letra D.

    Sigilo bancrio e fiscal:

    Segundo o STF, o art. 5, X, que vimos anteriormente, tambm o respaldo constitucional para o sigilo bancrio e fiscal das pessoas. Pois a intimidade e a vida privada so regidas princpio da exclusividade. A pessoa deve ter o direito exclusivo ao acesso de seus dados e a sua vida particular.

    Estes sigilos s podem ser relativizados, com a devida fundamentao, por:

    deciso judicial;

    CPI - somente pelo voto da maioria da comisso e por deciso fundamentada, no pode estar apoiada em fatos genricos;

    Ministrio Pblico - muito excepcionalmente. Somente quando estiver tratando de aplicao das verbas pblicas devido ao princpio da publicidade.

    Obs.:

    A LC 105/01 fornece respaldo para que a quebra do sigilo bancrio seja feita por autoridade fiscal. Porm, embora exista essa previso legal, ela alvo de muitas crticas, inclusive a posio atual do STF

  • CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL TRT-2 PROFESSORES: VTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE

    35

    Prof. Vtor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br

    indica que seria inconstitucional, j que o sigilo possui um pilar na prpria Constituio Federal, no podendo ser relativizado por leis infraconstitucionais - sejam elas ordinrias ou complementares -. Assim, somente as autoridades judiciais - e a CPI, que possui os mesmo poderes investigativos daquelas (CF, art. 58 3) - que poderiam relativizar estes sigilos.

    No entanto, at o momento, ainda no houve deciso do STF neste sentido que se revista de carter vinculante, j que a deciso do STF se deu em sede de recurso extraordinrio e no em uma ao direta.

    Lembramos ainda que a quebra por parte do Ministrio Pblico muito excepcional, somente podendo ser feita no caso citado anteriormente. Assim, a quebra de sigilos, em regra, s pode ser feita por Juiz e CPI.

    54. (CESPE/ TCE-ES/2009) O TCU, no exerccio de sua misso constitucional de auxiliar o Congresso Nacional no controle externo, tem competncia para determinar a quebra de sigilo bancrio dos responsveis por dinheiros e bens pblicos.

    Comentrios:

    Nas palavras do Supremo, O TCU no possui poderes para determinar a quebra do sigilo bancrio de dados. O legislador conferiu esses poderes ao Poder Judicirio, ao Poder Legislativo Federal, bem como s Comisses Parlamentares de Inqurito, aps prvia aprovao do pedido pelo Plenrio da Cmara dos Deputados, do Senado Federal ou do plenrio de suas respectivas comisses parlamentares de inqurito.

    Gabarito: Errado.

    Liberdade de crena religiosa e filosfica

    O Brasil um pas laico, no possui uma religio oficial, embora proteja a liberdade de crena como uma das faces da no discriminao.

    Art. 5, VI - inviolvel a liberdade de conscincia e de crena, sendo assegurado o livre exerccio dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteo aos locais de culto e a suas liturgias; (Entenda-se por liturgias: celebraes, rituais...)

    Art. 5, VII - assegurada, nos termos da lei, a prestao de assistncia religiosa nas entidades civis e militares de internao coletiva;

  • CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL TRT-2 PROFESSORES: VTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE

    36

    Prof. Vtor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br

    55. (FCC/Auxiliar-TJ-PA/2010) vedada a assistncia religiosa nas entidades militares de internao coletiva, salvo nas civis.

    Comentrios:

    A assistncia religiosa assegurada nas entidades de internao coletiva, sejam elas civis ou militares (CF, art. 5, VII).

    Gabarito: Errado.

    Imperativo de Conscincia

    Art. 5, VIII - ningum ser privado de direitos por motivo de crena religiosa ou de convico filosfica ou poltica, salvo se as invocar para eximir-se de obrigao legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestao alternativa, fixada em lei;

    O imperativo de conscincia pode ser alegado, por exemplo, em tempo de paz, no caso do servio militar obrigatrio, mas no poder a pessoa recusar-se a cumprir a prestao alternativa imposta, conforme dispe o art. 143, 1.

    Art.15, IV No caso de recusa de se cumprir obrigao legal a todos imposta ou prestao alternativa, ensejar a suspenso dos direitos polticos do cidado.

    56. (FCC/AJAJ-TRT 21/2003) Temstocles, alegando motivos relacionados com sua convico poltica, negou-se a prestar o servio militar e, alegando as mesmas convices, recusou-se a cumprir obrigao alternativa. Nesse caso, Temstocles

    a) est correto em seu procedimento, visto que ningum pode ser obrigado a fazer alguma coisa seno em virtude de lei.

    b) alegou legtima escusa de conscincia, uma vez que sua convico poltica contrria prestao de qualquer servio ao Estado.

    c) perder seus direitos polticos e, sendo a perda definitiva, no mais poder recuper-los.

    d) ter seus direitos polticos suspensos e essa situao perdurar at que cumpra a obrigao alternativa.

    e) no tem direito escusa de conscincia porque o servio militar obrigao imposta a todos os brasileiros.

    Comentrios:

    Questo direta. O servio militar uma obrigao. Caso use-se a escusa de conscincia ter de cumprir uma prestao alternativa, geralmente trabalhar para as instituies militares servindo como apoio na rea de sade, alimentar e etc... Se nem a prestao

  • CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL TRT-2 PROFESSORES: VTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE

    37

    Prof. Vtor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br

    alternativa quiser cumprir, os direitos polticos sero suspensos at que regularize a situao.

    Gabarito: Letra D

    57. (FCC/TCE-SP/2011) Por fora de previso expressa no Cdigo de Processo Penal (CPP), o servio do jri obrigatrio, sujeitando-se ao alistamento os cidados maiores de 18 anos de notria idoneidade. O artigo 438 do mesmo diploma legal, a seu turno, estabelece que "a recusa ao servio do jri fundada em convico religiosa, filosfica ou poltica importar no dever de prestar servio alternativo, sob pena de suspenso dos direitos polticos, enquanto no prestar o servio imposto". A previso contida no artigo 438 do CPP

    a) compatvel com a Constituio da Repblica.

    b) parcialmente compatvel com a Constituio da Repblica, no que se refere possibilidade de exerccio de objeo de conscincia, que somente se admite por motivo de convico filosfica ou poltica.

    c) incompatvel com a Constituio da Repblica, que considera o jri um rgo que emite decises soberanas, sendo por essa razo vedada a recusa ao servio.

    d) incompatvel com a Constituio da Repblica, que no admite a suspenso de direitos polticos nessa hiptese.

    e) incompatvel com a Constituio da Repblica, que no admite a possibilidade de recusa ao cumprimento de obrigao legal a todos imposta.

    Comentrio:

    perfeitamente compatvel coma Constituio, pois conjuga dois dispositivos presentes no seu texto:

    CF, Art. 5, VIII - ningum ser privado de direitos por motivo de crena religiosa ou de convico filosfica ou poltica, salvo se as invocar para eximir-se de obrigao legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestao alternativa, fixada em lei;

    CF, Art.15, IV - No caso de recusa de se cumprir obrigao legal a todos imposta ou prestao alternativa, ensejar a suspenso dos direitos polticos do cidado.

    Gabarito: Letra A.

    Liberdade de pensamento e a censura

    Art. 5, IX - livre a expresso da atividade intelectual, artstica, cientfica e de comunicao, independentemente de censura ou licena;

  • CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL TRT-2 PROFESSORES: VTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE

    38

    Prof. Vtor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br

    Art. 220 A manifestao do pensamento, a criao, a expresso e a informao, sob qualquer forma, processo ou veculo no sofrero qualquer restrio, observado o disposto na CF.

    Nenhuma lei conter dispositivo que possa constituir embarao plena liberdade de informao jornalstica em qualquer veculo de comunicao social.

    vedada toda e qualquer censura de natureza poltica, ideolgica e artstica.

    A publicao de veculo impresso de comunicao independe de licena de autoridade.

    58. (FCC/Tcnico- TRT 16/2009) A expresso da atividade cientfica depende de censura ou licena.

    Comentrio:

    No Brasil, temos a liberdade de expresso, independente de censura ou licena (CF, art. 5, IX). E ainda reforada pelo art. 220: vedada toda e qualquer censura de natureza poltica, ideolgica e artstica.

    Gabarito; Errado.

    59. (CESPE/SEJUS-ES/2009) A CF assegura a liberdade de expresso, apesar de possibilitar, expressamente, sua limitao por meio da edio de leis ordinrias destinadas proteo da juventude.

    Comentrios:

    Nenhuma lei poder restringir a liberdade de expresso, esta deve observar apenas as restries de ordem constitucional.

    Professor, mas que doidera! Quer dizer ento a liberdade de expresso est acima da proteo Juventude? De forma alguma!

    A que entra saber fazer concurso. Veja o que a questo afirma: "apesar de possibilitar, expressamente...".

    A Constituio faz isso expressamente? No.

    A liberdade de expresso deve estar contida pelos outros direitos e interesses individuais e coletivos, porm, esta avaliao feita no caso concreto.

    Gabarito: Errado.

    Inviolabilidade de domiclio:

    Art. 5, XI - a casa asilo inviolvel do indivduo, ningum nela podendo penetrar sem consentimento do morador,

  • CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL TRT-2 PROFESSORES: VTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE

    39

    Prof. Vtor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br

    salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinao

    Esquematizando este inciso, vemos que, o domiclio no possui uma inviolabilidade absoluta, poder algum adentrar no recinto se:

    Tiver o consentimento do morador;

    Ainda que sem o consentimento do morador, se o motivo for:

    Flagrante delito;

    Desastre;

    Prestar Socorro;

    Ordem judicial, mas neste caso, somente durante o dia.

    Expresso "durante o dia":

    Baseado na doutrina constitucionalista, entendemos que a expresso "durante o dia" significa o lapso temporal que vai da aurora ao crepsculo, sem determinao de horrio fixo, devido s peculiaridades do Brasil (horrio de vero e etc.), ou seja, "durante o dia" o perodo em que a terra est sendo iluminada pelo sol.

    Algumas questes de concurso insistem em "fixar horrios", quando isso acontecer, o candidato dever utilizar o perodo das 6h s 18h como o perodo referente ao dia, embora no achemos que seja o correto.

    Termo "casa":

    Casa, segundo o STF, tem sentido amplo, aplica-se ao escritrio, consultrio etc. (qualquer recinto privado no aberto ao pblico). Porm, nenhum direito fundamental absoluto, desta forma, o STF decidiu pela no ilicitude das provas obtidas com violao noturna de escritrio de advogados para que fossem instalados equipamentos de escuta ambiental, j que os prprios advogados estavam praticando atividades ilcitas em seu interior. Assim, a inviolabilidade profissional do advogado, bem como do seu escritrio, serve para resguardar o seu cliente para que no se frustre a ampla defesa, mas, se o investigado o prprio advogado, ele no poder invocar a inviolabilidade profissional ou de seu escritrio, j que a Constituio no fornece guarida para a prtica de crimes no interior de recinto.

    A priso de traficante, em sua residncia, durante o perodo noturno, no constitui prova ilcita, j que se trata de crime permanente

    60. (FCC/ AJAJ-EM- TRT-1/ 2013) Em virtude da garantia constitucional do direito intimidade, da inviolabilidade de domiclio e do sigilo das comunicaes, seria considerada ilcita a prova

  • CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL TRT-2 PROFESSORES: VTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE

    40

    Prof. Vtor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br

    decorrente de cumprimento de mandado judicial de busca e apreenso em escritrio de advocacia.

    Comentrios:

    Errado, em tal hiptese no h qualquer ilegalidade.

    61. (FCC/ TCE-GO/2009) Nos termos da Constituio, admite-se excepcionalmente a entrada na casa de um indivduo sem consentimento do morador

    a) por determinao judicial, a qualquer hora.

    b) em caso de desastre, somente no perodo diurno.

    c) para prestar socorro, desde que a vtima seja criana ou adolescente.

    d) em caso de flagrante delito, sem restrio de horrio.

    e) por determinao da autoridade policial, inclusive no perodo noturno.

    Comentrios:

    Letra A - Errado. Pois no a qualquer hora, mas somente durante o dia.

    Letra B - Errado. Neste caso, pode ser a qualquer horrio.

    Letra B - Errado. No existe tais condies. A vtima pode ser qualquer pessoa.

    Letra D - Correto.

    Letra E -Errado. Totalmente equivocada.

    Gabarito: Letra D.

    62. (FCC/ -MPE-RS/2008-adaptada) A casa asilo inviolvel do indivduo, ningum nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou, por determinao judicial at s 22:00h (Certo ou Errado).

    Comentrios:

    No h fixao de "at as 22:00", e sim a obrigatoriedade de ser durante "o dia", geralmente aceito at as 18:00h.

    Gabarito: Errado.

    63. (FCC/ Auditor - TCE-SP/2008) Medida Provisria que estabelecesse a possibilidade de a autoridade policial efetuar buscas e apreenses na casa de indivduos investigados pela prtica de atos de

  • CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL TRT-2 PROFESSORES: VTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE

    41

    Prof. Vtor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br

    terrorismo, a qualquer hora do dia ou da noite, independentemente de mandado judicial, seria incompatvel com a Constituio da Repblica, porque a inviolabilidade de domiclio somente excepcionada, sem restrio de horrio, em caso de flagrante delito, desastre ou para prestar socorro, ou ainda, durante o dia, mediante determinao judicial.

    Comentrios:

    A Constituio j estabelece taxativamente no seu art. 5, XI, as possibilidades para se adentrar no domiclio de algum indivduo. No poder, desta forma, a medida provisria inovar criando hipteses diversas.

    Gabarito: Correto.

    64. (FCC/Analista-MPU/2007 - Adaptada) A inviolabilidade de domiclio pode ser mitigada para prestao de socorro, desde que haja consentimento expresso do morador.

    Comentrios:

    No caso de prestar socorro no precisar de consentimento do mo-rador.

    Gabarito: Errado.

    Inviolabilidades de comunicaes:

    Art. 5, XII - inviolvel o sigilo da correspondncia e das comunicaes telegrficas, de dados e das comunicaes telefnicas, salvo, no ltimo caso, por ordem judicial, nas hipteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigao criminal ou instruo processual penal;

    A literalidade deste dispositivo deve ser muito bem observada, pois nos traz 2 coisas muito cobradas em concursos:

    1 - Dos trs sigilos ali previstos (correspondncia e comunicaes telegrficas, sigilo de dados e comunicaes telefnicas) s o ltimo deles que permite relativizao por ordem judicial: o sigilo telefnico.

    2 - Ainda que permitida a quebra do sigilo telefnico por ordem judicial, isso no ilimitado, deve atender a dois requisitos:

    - ser feita na forma que a lei estabelecer;

    - ter como finalidade investigao criminal ou instruo processual penal.

    Assim, no ser permitida a quebra para instauraes de processos cveis sem consequncias criminais.

  • CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL TRT-2 PROFESSORES: VTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE

    42

    Prof. Vtor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br

    Jurisprudncia:

    relevante observar que necessria a edio de lei para regulamentar a interceptao telefnica. Esta lei foi criada somente em 1996 (Lei n 9.296/96), antes disso o STF entendia que nem por ordem judicial poderia se afastar este sigilo, j que estava pendente de regulamentao.

    Embora a literalidade da Constituio refira-se expressamente possibilidade de relativizao apenas das comunicaes telefnicas, o STF j decidiu que as outras inviolabilidades (correspondncia, dados e telegrficas) tambm podero ser afastadas, j que nenhum direito fundamental absoluto e no pode ser invocado para acobertar ilcitos. Destarte, estas inviolabilidades podero ser quebradas quando se abordar outro interesse de igual ou maior relevncia. Por exemplo: perfeitamente lcito que uma carta enviada a um presidirio seja aberta para coibir a prtica de certas condutas, j que a disciplina prisional e a segurana so interesses mais fortes do que a privacidade da comunicao do preso.

    65. (FCC/Analista - TRT-18/2008 - adaptada) inviolvel o sigilo da correspondncia e das comunicaes telegrficas, de dados e das comunicaes telefnicas, salvo, no ltimo caso, por ordem judicial, nas hipteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigao criminal ou instruo processual penal (Certo ou Errado).

    Comentrios:

    Os tipos de comunicao previstos no enunciado so comunicaes onde h um destinatrio especfico, ou seja, s este destinatrio est autorizado pelo emissor da mensagem a tomar conhecimento do contedo da mensagem. O nico caso em que a Constituio permite a relativizao, no caso das comunicaes telefnicas, quando poder o juiz permitir o acesso ao contedo da mensagem, mas somente:

    Na forma da lei; e

    o Para fins de investigao criminal;

    o Para fins de instruo processual penal.

    Gabarito: Correto.

    66. (CESPE/Analista-EBC/2011) permitida a violao de correspondncia de presidirio em face de suspeita de rebelio.

    Comentrios:

  • CURSO ON-LINE - D. CONSTITUCIONAL TRT-2 PROFESSORES: VTOR CRUZ E RODRIGO DUARTE

    43

    Prof. Vtor Cruz e Rodrigo Duarte www.pontodosconcursos.com.br

    Segundo o STF nenhum direito fundamental pode ser respaldo para a prtica de atos ilcitos, assim, ainda que aparentemente absolutos, eles podero ser relativizados diante do caso concreto. Desta forma, aceito a quebra de sigilo de correspondncias, por exemplo, no caso de disciplina prisional, onde a autoridade fica licitamente autorizada a devassar o sigilo da comunicao feita ao preso para fins de manuteno da ordem e de interesses coletivos.

    Gabarito: Correto. 67. (CESPE/Tcnico-TCU/2009) Admite-se a quebra do sigilo das comunicaes telefnicas, por deciso judicial, nas hipteses e na forma que a lei estabelecer, para fins de investigao criminal ou administrativa.

    Comentrios:

    Segundo a Constituio (CF, art. 5, XII), a interceptao s poder ocorrer, nas hipteses e na forma que a lei estabelecer (Lei 9.296/1996), e com o objetivo de:

    investigao criminal; ou

    instruo processual penal.