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Aula 02 - Direito Tributario

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PROJETO UTI 60 HORAS – OAB PRIMEIRA FASE – X EXAME Direito Tributário Josiane Minardi

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Impostos Estaduais ICMS - Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação - ICMS: Art. 155, II da CF e LC 87/1996 Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir ICMS, nos termos do Art. 155, II e § § 2.º e 3º da CF. Esse Imposto deverá ser criado por lei ordinária. Isto não quer dizer que a Lei Complementar n.º 87/1996 seja inconstitucional, visto que esse diploma legal apenas estruturou tal imposto. Em relação ao Princípio da Anterioridade, destaca-se que o ICMS o respeita, todavia, a alíquota do ICMS sobre combustíveis respeitará apenas a anterioridade nonagesimal, em caso de redução ou restabelecimento de alíquota, nos termos do art. 155, §4.º, IV, da CF. Sujeito Ativo: Estados e Distrito Federal. Fato Gerador: 1) Operações de circulação de mercadoria; 2) prestação de serviços de transporte interestadual ou intermunicipal; 3) serviço de comunicação; 4) energia elétrica; 5) importação de mercadoria, ainda que o importador não seja contribuinte habitual do ICMS. Alíquotas: Há alíquotas distintas para cálculo do ICMS. As razões dessa distinção das alíquotas está no princípio da seletividade (Art. 155, §2.º, III da CF) e na existência de alíquotas internas (estipuladas pelos Estados) e as interestaduais. O Senado Federal, por meio de Resolução, estabelecerá as alíquotas mínimas ou máximas, nos termos do Art. 155, §2.º, IV e V da CF.

Sobre o ICMS é importante destacar que existem dois princípios que devem ser observados: Princípio da Não Cumulatividade (Art. 155, §2.º da CF e Art. 19 da LC 87/1996): significa dizer que o ICMS será compensado em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços de transporte interestadual ou intermunicipal e de comunicação com o montante cobrado nas operações anteriores pelo mesmo ou por outro Estado. Vale destacar que esse princípio, em casos de isenções ou não incidência, não implica em crédito para compensação com o montante devido nas operações seguintes e acarretará em anulação do crédito relativo às operações anteriores; Princípio da Seletividade (Art. 155, §2.º, da CF): tem como função orientar a estipulação das alíquotas diferenciadas de ICMS, utilizando por base a seletividade, em função da essencialidade do produto. Esse princípio é utilizado para justificar a redução da carga tributária dos produtos considerados essenciais. No ICMS PODE ser Seletivo!! Imunidade Específica: 1) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a destinatários no exterior, assegurada a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) 2) sobre operações que destinem a outros Estados petróleo, inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e energia elétrica; 3) sobre o ouro, nas hipóteses definidas no art. 153, § 5º; 4) nas prestações de serviço de comunicação nas modalidades de radiodifusão sonora e de sons e imagens de recepção livre e gratuita; IPVA: Imposto sobre a propriedade de veículos automotores. Trata-se de Imposto de competência estadual e distrital, que poderá ser exigido em 1.º de

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janeiro de cada exercício, sendo devido no local do registro do veículo. Esse imposto pode ser criado por lei ordinária. Tem como característica respeitar o princípio da Anterioridade do exercício e a nonagesimal, todavia, em relação à base de cálculo, esta respeita apenas a anterioridade do exercício. Sujeito Ativo: Estados e Distrito Federal. Sujeito Passivo: Proprietário de veículo automotor de qualquer espécie, não se aplicando às aeronaves. Fato Gerador: A propriedade sobre veículos automotores. Ocorre, por ficção jurídica em 1.º de janeiro de cada ano. Todavia, em caso de veículo zero KM ocorre no momento da aquisição. Base de Cálculo: Valor venal do veículo ou preço do mercado. Alíquotas: Será estabelecida em lei ordinária estadual. Não há limite máximo, no entanto, o Senado Federal, por meio de Resolução, estabelecerá as alíquotas mínimas, nos termos do Art. 155, §6.º, I da CF. Ademais, o IPVA poderá ter alíquotas diferenciadas em razão do tipo e da utilização do veículo, nos termos do Art. 155, §6.º, I e II da CF. Lançamento de ofício.

ITCMD: Imposto sobre transmissão causa mortis e doação Imposto de competência dos Estados e DF, instituído por meio de lei ordinária, segue anterioridade do exercício e nonagesimal. Alíquota máxima fixada por resolução do Senado Federal.

Impostos Federais Importação, Exportação, IOF Competência exclusiva da União, instituídos por lei ordinária, NÃO respeitam as anterioridades – Cobrança Imediata. Alíquotas

alteradas por decreto do poder executivo nos termos do Art.. 153, § 1º da CF.

IPI - Imposto sobre produtos industrializados O IPI não respeita a anterioridade do exercício, mas respeita 90 dias! As alíquotas podem ser alteradas por meio de ato do PE, nos termos do art. 153, § 1º da CF. A legislação do IPI estabelece que é possível ao presidente alterar as alíquotas para reduzir até zero ou aumentar dentro de certo limite, de 30 unidades percentuais, acima da alíquota originalmente estabelecida em lei. Respeita: a) Não cumulatividade – art. 153, §1, II da CF. Em cada operação desconta-se o imposto incidente na operação anterior – utiliza-se como crédito o IPI pago na operação anterior. b) Seletividade – art. 153, §3, I da CF. Haverá uma seleção dos produtos pelo critério de sua essencialidade; quanto mais essencial para a vida do povo, menor será a tributação. O IPI DEVE ser Seletivo IPI possui Lançamento por homologação. Imposto de renda – Auferir Renda Quanto aos princípios especiais – art.. 153 §2, I CF.O princípio da universalidade se aplica às rendas – todas as rendas devem ser alcançadas pelo IR. Isso acontece hoje embora haja o fato do IR não tributar todas as rendas com a mesma proporcionalidade. Há algumas distinções dependendo do tipo de rendimento. Os países menos desenvolvidos tendem a tributar mais o trabalho do que o capital porque é mais fácil controlar este.

Outro princípio é o da generalidade, que diz respeito aos contribuintes. Todos os contribuintes devem ser alcançados na medida de sua capacidade contributiva. Aqueles que não possuem capacidade alguma não devem ser alcançados.

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O princípio da progressividade. O IR sempre foi progressivo; Hoje possuímos 4 alíquotas, porém, continua existindo a alíquota máxima de 27,5%.

O IR tem como fato gerador (hipótese de

incidência) a aquisição da renda ou de proventos de qualquer natureza, entendidos como acréscimos patrimoniais não incluídos no primeiro. O legislador encara tanto renda como proventos como acréscimo patrimonial.

Critério espacial - 2 adotados: territorial e renda

universal. Fala-se em tributação da renda na fonte quando se considera apenas a renda obtida de fontes. A tributação na renda mundial considera na renda adquirida de qualquer lugar do país. Hoje, adota-se o critério da universalidade.

Possui lançamento por homologação. O IR respeita a anterioridade do exercício e não respeita 90 dias!!

Súmulas Importantes do IR:

STJ Súmula nº 125 O pagamento de férias não gozadas por necessidade do serviço não está sujeito à incidência do Imposto de Renda. STJ Súmula nº 136 O pagamento de licença-prêmio não gozada por necessidade do serviço não está sujeito ao imposto de renda. STJ Súmula nº 184 A microempresa de representação comercial é isenta de imposto de renda. STJ Súmula nº 215 A indenização recebida pela adesão a programa de incentivo à demissão voluntária não está sujeita à incidência do imposto de renda. STJ Súmula nº 262 Incide o imposto de renda sobre o resultado das aplicações financeiras realizadas pelas cooperativas.

STJ Súmula nº 386 São isentas de imposto de renda as indenizações de férias proporcionais e o respectivo adicional. STJ Súmula nº 394 É admissível, em embargos à execução, compensar os valores de imposto de renda retidos indevidamente na fonte com os valores restituídos apurados na declaração anual. STJ Súmula nº 386 São isentas de imposto de renda as indenizações de férias proporcionais e o respectivo adicional. STJ Súmula nº 447 Os Estados e o Distrito Federal são partes legítimas na ação de restituição de imposto de renda retido na fonte proposta por seus servidores. STJ Súmula nº 463 Incide imposto de renda sobre os valores percebidos a título de indenização por horas extraordinárias trabalhadas, ainda que decorrentes de acordo coletivo. STJ - Súmula nº 498: Não incide imposto de renda sobre a indenização por danos morais.

ITR: Imposto territorial rural Competência da União. Deverá ser instituído por lei ordinária. Segue o princípio da anterioridade. Não incide sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando quem as explore não tenha outro imóvel. Lançamento por homologação e pode ser fiscalizado e arrecadado pelos Municípios, desde que haja convênio com a União, sendo que neste caso 100% da arrecadação ficará com o Município. Se não houver convênio 50% da arrecadação é destinada para o Município e os outros 50% para a União. Alíquotas variando conforme a função social da terra.

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Imposto sobre Grandes Fortunas Competência da União podendo ser criado somente por lei Complementar. Imposto Extraordinário (Guerra) Art. 154, II da CF Competência da União podendo ser criado por lei ordinária, não segue o princípio da anterioridade. Imposto Residual Art. 154, I da CF Competência da União somente criado por lei Complementar, deve ser não-cumulativo e não pode ter base de cálculo ou fato gerador de impostos já existentes. PRINCÍPIOS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Princípio da Legalidade No Brasil ninguém pode ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa a não ser em decorrência de lei. Nos termos do art. 150, I da CF nenhum tributo será instituído ou aumentado, a não ser por intermédio de LEI!

Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: I - a instituição de tributos, ou a sua extinção; II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65;

De acordo com o art. 97, § 1º do CTN considera-se majoração de tributo a modificação da base de cálculo de forma a torná-lo mais oneroso. A mera atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo NÃO constitui

majoração de tributo, nos termos do art. 97, § 2º do CTN, podendo ser realizada por meio de simples Decreto. No entanto, se “atualização monetária” ocorrer com índices superiores ao oficial, não teremos uma mera atualização de valores, e sim, uma majoração de base de cálculo disfarçada, e por isso, nesse caso o instrumento normativo necessário será a Lei. A Constituição Federal, em seu artigo 153, § 1º prevê alguns impostos que podem ter as alíquotas alteradas, desde que observados os limites e condições estabelecidos em lei, por meio de ato do Poder Executivo, o que se dá comumente por decreto presidencial ou por portaria do Ministro da Fazenda. São eles: Imposto sobre a Importação (II) Imposto sobre a Exportação (IE) Imposto sobre produtos Industrializados (IPI) Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros (IOF) O art. 177, § 4º, I, “b” da CF também possibilita ao Poder Executivo reduzir e restabelecer as alíquotas da Contribuição de intervenção no domínio econômico Combustível – CIDE COMBUSTÍVEL, por meio de ato próprio, no caso, o decreto presidencial. O art. 155, § 4º, IV, “c” da CF possibilita ao Poder Executivo reduzir e restabelecer as alíquotas do ICMS incidência monofásica, nas operações com combustíveis e lubrificantes previstos em lei complementar federal. Para visualizar: Princípio da Isonomia É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos (art. 150, II da CF).

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Princípio da Irretroatividade É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios cobrar tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado. (art. 150, III, “a” da CF). A lei tributária NÃO pode retroagir, salvo em três situações:

Princípio da Anterioridade O tributo que for instituído ou majorado nesse exercício financeiro, (coincide com o ano civil, inicia no dia 1º de janeiro e se encerra no dia 31 de dezembro), somente poderá ser exigido no próximo exercício e desde que tenham transcorridos 90 dias da data da publicação da lei que houver instituído ou majorado o tributo. (art. 150, III, “b” e “c” da CF). Nem todos os tributos precisam respeitar o princípio da anterioridade, temos várias exceções a esse princípio. As exceções encontram-se nos arts. 150, § 1º, 155, § 4º, IV, “c” e 177, § 4º, I, “b” e 195,§ 6º da CF. a) Temos tributos que não precisam aguardar o próximo exercício e nem 90 dias, ou seja, o tributo pode ser cobrado: IMEDIATAMENTE!!!! São eles: - Imposto extraordinário guerra (IEG) - empréstimo Compulsório Guerra ou Calamidade Pública, - Imposto sobre importação (II),

- Imposto sobre exportação (IE)

- Imposto sobre operações financeiras (IOF) b) Existem tributos que não precisam aguardar o próximo exercício MAS precisam aguardar 90 dias, para poder ser exigido, são:

- IPI - casos de redução e restabelecimento das Alíquotas da CIDE Combustível e do ICMS Combustível (155, § 4º, IV, “c” e 177, § 4º, I, “b” da CF. Contribuição Social (195,§ 6º da CF) Existem tributos que devem respeitar o Princípio da Anterioridade (do Exercício), mas não precisam respeitar 90 dias, são: -IR - alteração de Base de cálculo do IPTU e do IPVA Princípio do não-confisco O tributo não pode inviabilizar o direito de propriedade.

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) IV - utilizar tributo com efeito de confisco;

O STF tem frequentemente demonstrado avesso às multas com caráter confiscatório. Princípio da Liberdade de Tráfego O princípio da liberdade de tráfego está previsto no art. 150, V da CF e veda os Entes Federativos instituírem tributos interestaduais ou intermunicipais que visam estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, ressalvadas, contudo, a exigência do pagamento de pedágio pela utilização das vias conservadas pelo Poder Público.

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Princípio da uniformidade Geográfica

O princípio da uniformidade geográfica veda a União “instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País”. (art. 151, I da CF). Princípio da Capacidade Contributiva O princípio da capacidade contributiva é princípio basilar do Direito Tributário e está preceituado no art. 145, §1º da Constituição Federal:

Art. 145 - (...) § 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte