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1. Princípio da Saisine: Este princípio preconiza que a propriedade e a posse da universalidade dos bens do de cujus transferem-se imediatamente aos seus herdeiros desde o exato momento da morte. Isto porque não existe patrimônio sem titular. Em nosso ordenamento jurídico este princípio está disposto no art. 1784 CC. Deste modo, os frutos e rendimentos do patrimônio transmitido já integram o acervo dos herdeiros desde o óbito. Da mesma forma, os encargos e tributos também são de responsabilidade de tais herdeiros. É importante ressaltar que a transferência imediata da posse geralmente esbarra em algumas dificuldades práticas, tais como o imóvel está alugado na data do óbito. Nesse caso, os herdeiros deverão respeitar as disposições contratuais pré-estabelecidas. O princípio da saisine trata-se de uma ficção jurídica em benefício dos herdeiros. Nos casos de aceitação da herança, este ato retroage à data de abertura da sucessão, enquanto que nos de renúncia da herança a transmissão tem-se como não verificada, ou seja, é como se o renunciante nunca tivesse herdado. Ver art. 1804 CC. O principio da saisine sofre algumas restrições em relação aos legados (bens individualizados deixados em testamento). Isto porque a herança se defere como

Aula 02- Principio Da Saisine

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1. Princípio da Saisine:

Este princípio preconiza que a propriedade e a posse da universalidade dos bens do de cujus transferem-se imediatamente aos seus herdeiros desde o exato momento da morte. Isto porque não existe patrimônio sem titular.

Em nosso ordenamento jurídico este princípio está disposto no art. 1784 CC.

Deste modo, os frutos e rendimentos do patrimônio transmitido já integram o acervo dos herdeiros desde o óbito. Da mesma forma, os encargos e tributos também são de responsabilidade de tais herdeiros. É importante ressaltar que a transferência imediata da posse geralmente esbarra em algumas dificuldades práticas, tais como o imóvel está alugado na data do óbito. Nesse caso, os herdeiros deverão respeitar as disposições contratuais pré-estabelecidas.

O princípio da saisine trata-se de uma ficção jurídica em benefício dos herdeiros. Nos casos de aceitação da herança, este ato retroage à data de abertura da sucessão, enquanto que nos de renúncia da herança a transmissão tem-se como não verificada, ou seja, é como se o renunciante nunca tivesse herdado. Ver art. 1804 CC.

O principio da saisine sofre algumas restrições em relação aos legados (bens individualizados deixados em testamento). Isto porque a herança se defere como um todo unitário e os bens só serão individualizados com a partilha. Além disso, existem situações peculiares que permitem ao testador deixar o legado de coisa que se determine pelo gênero, sem que sequer exista tal coisa em seu acervo hereditário. Assim, não há como se efetivar a imediata posse do bem a partir da morte do de cujus.

De acordo com este princípio, o momento da abertura da sucessão se realiza com o evento morte.

Historicamente, o principio da saisine começou a ser adotado ainda na época medieval, tendo em vista que, uma vez morto o arrendatário,

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a posse da terra voltava ao senhor, e a imissão na posse dos herdeiros deveria ser requerida, mediante pagamento de uma quantia.

2. Foro competente para o inventárioDesde logo é importante esclarecer que os bens situados no

estrangeiro escapam à jurisdição brasileira. Do mesmo modo, um bem situado no Brasil é de competência do Poder Judiciário brasileiro proceder a partilha. Ver. Art. 89 CPC. Se houver imóveis situados em dois países, haverá dois inventários.

O CC/2002 dispõe sobre a competência interna em seu art. 1785, que determina: A sucessão abre-se no lugar do último domicilio do falecido. Este foro, no entanto, pode ser alterado. Ver. Art. 96 CPC.

- último domicílio do autor da herança (CC, art. 1.785 e CPC, art. 96)

- situação dos bens, se não tinha domicílio certo- lugar do óbito, se não tinha domicílio certo e havia bens em

mais de uma localidade3. Lei aplicável para regular a sucessão:

ATENÇÃO QUE VAI CAIR NA PROVA. Ver. Art. 1787 CC.: a sucessão e a legitimação para suceder é regulada pela lei vigente na data de sua abertura. O Código Civil de 2002 entrou em vigor 11 de janeiro de 2003.

Nos casos de pessoas estrangeiras, com bens situados no Brasil, ver art. 10 LICC.

Ver exemplo pág. 17 livro resumo Atlas. A Lei aplicável para regular a capacidade sucessória é a lei do domicílio do herdeiro e do legatário. Art. 10 da LICC.

4. Inventário (ver CPC)- deve iniciar-se até 60 dias após a abertura da sucessão- deve ultimar-se em até 12 meses- deve ser instruído com procuração ao advogado, certidão de óbito

e testamento - se os legitimados dos arts. 987 e 988 do CPC não o requererem, o

juiz o instaurará ex officio- o juiz nomeará inventariante, que prestará compromisso e, em 20

dias prestará as primeiras declarações - administrador e representante legal do espólio- ordem preferencial do art. 990 do CPC- havendo razões relevantes, o juiz poderá alterar essa ordem - inventário extrajudicial (CPC, art. 982, parágrafo único)

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5. Objeto da herança

A herança é o conjunto de direitos e obrigações deixadas pelo de cujus para seus herdeiros legítimos e testamentários.

- todo unitário e indivisível. Art. 1791 CC- o herdeiro responde intra vires hereditares recebendo ativo e

passivo da herança-Não responde por encargos superiores as forças da herança.

Art. 1792 CC.