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Interpretação, Existência, Validade, Vigência e Eficácia da Norma Tributária Lucia Paoliello Guimarães

Aula 05 04-14 - dra. lúcia paoliello

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Interpretação, Existência, Validade, Vigência e Eficácia da Norma

Tributária

Lucia Paoliello Guimarães

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Conceitos Jurídicos Fundamentais

• Interpretação

• Existência

• Validade

• Vigência

• Eficácia

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Interpretação das normas jurídicas

Interpretação – Ação

Hermenêutica – Teoria

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Hermenêutica Tradicional

Fonte de inspiração: interpretação das escrituras

Técnicas: Literal/gramatical

Histórica/contextual

Lógica

Finalística/teleológica

SistemáticaCarlos Maximiliano Hermenêutica e Aplicação

do Direito

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Hermenêutica tradicional

Que deve ser interpretado?(Teoria das “fontes” do direito)

Quem pode interpretar?(O dogma da infalibilidade papal)

Qual o resultado da interpretação? (O problema da fundamentação do direito)

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Hermenêutica contemporânea

Fundamentos

1) É possível estabelecer uma teoria geral dainterpretação;

2) Toda compreensão se dá na linguagem;

3) Interpretar é construir sentido de textos; e

4) Se a interpretação jurídica é igual às demais, possoutilizar outras teorias da interpretação parapotencializar a minha compreensão do direito.

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Hermenêutica contemporânea Proposta de Paulo de Barros Carvalho

S1

Enunciados

S2 Proposições

S3

Norma Jurídica

S4

Sistema Normativo

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Hermenêutica contemporânea

Teoria dialógica da interpretação

Participantes

X

Observadores

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Interpretação no CTN

Art. 107. A legislação tributária será interpretada conforme odisposto neste Capítulo.

Art. 108. Na ausência de disposição expressa, a autoridadecompetente para aplicar a legislação tributária utilizarásucessivamente, na ordem indicada:

I - a analogia;II - os princípios gerais de direito tributário;III - os princípios gerais de direito público;IV - a eqüidade.

§ 1º O emprego da analogia não poderá resultar na exigência detributo não previsto em lei.§ 2º O emprego da eqüidade não poderá resultar na dispensa dopagamento de tributo devido.

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Interpretação no CTN

Art. 109. Os princípios gerais de direito privadoutilizam-se para pesquisa da definição, doconteúdo e do alcance de seus institutos,conceitos e formas, mas não para definição dosrespectivos efeitos tributários.

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Interpretação no CTN

Art. 110. A lei tributária não pode alterar adefinição, o conteúdo e o alcance de institutos,conceitos e formas de direito privado, utilizados,expressa ou implicitamente, pela ConstituiçãoFederal, pelas Constituições dos Estados, ou pelasLeis Orgânicas do Distrito Federal ou dosMunicípios, para definir ou limitar competênciastributárias.

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Interpretação no CTN

Art. 111. Interpreta-se literalmente a legislaçãotributária que disponha sobre:

I - suspensão ou exclusão do crédito tributário;

II - outorga de isenção;

III - dispensa do cumprimento de obrigaçõestributárias acessórias.

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Interpretação no CTN

Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhecomina penalidades, interpreta-se da maneira maisfavorável ao acusado, em caso de dúvida quanto:

I - à capitulação legal do fato;

II - à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou ànatureza ou extensão dos seus efeitos;

III - à autoria, imputabilidade, ou punibilidade;

IV - à natureza da penalidade aplicável, ou à suagraduação.

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Interpretação no CTN

Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:

I - em qualquer caso, quando seja expressamenteinterpretativa, excluída a aplicação de penalidade àinfração dos dispositivos interpretados;

Há normas meramente interpretativas?

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Valer é “a especial forma de existir da norma”.

Por isso, não há que se distinguir existência de validade.

Valer = disciplinar condutas coercitivamente

Validade x Existência Kelsen

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Validade x ExistênciaPontes de Miranda

Validade é o atributo da norma que foi produzida segundo o que prescreve outra norma. Por isso,

para ser válida a norma deve existir previamente.

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Validade x Existência Paulo de Barros Carvalho

“A validade não deve ser tida como predicado monádico, comopropriedade ou como atributo, como propriedade ou como atributoque qualifica a norma jurídica. Tem status de relação: é o vínculoque se estabelece entre a proposição normativa , considerada na suainteireza lógico-sintática e o sistema do direito posto, de tal sorteque ao dizermos que u´a norma “n” é válida, estaremos expressandoque ela pertence ao sistema “S”. Ser norma é pertencer ao sistema,o “existir jurídico específico” a que alude Kelsen.”

(Carvalho, Paulo de Barros, Direito Tributário: Fundamentos Jurídicos daIncidência, Editora Saraiva, 6ª edição, 2006, p. 59)

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Plano do ser Observador

Existência(Relevância)

Plano do dever ser

Participante

Validade(licitude)

Vigência

Eficácia

Vigência da norma:

• Material

• Territorial

• Temporal

• Pessoal

Invalidade

(ilicitude)

Não Vigência

Não Eficácia

Vigência da norma:

• Procedimental:ConcentradoDifuso

• Material:TotalParcial

• Territorial:TotalParcial

• Temporal:Ex nuncEx tunc

• Pessoal:Ergas omnes

Erga singulum

Inexistência

(Irrelevância)

Sem validade

Sem vigência

Sem eficácia

Teoria dialógica da validade

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Vigência Paulo de Barros Carvalho

“Vigência é o atributo da norma que está preparada paraincidir no mundo social, regulando deonticamente ascondutas intersubjetivas.”

“É a propriedade de certas regras jurídicas que estãoprontas para propagar efeitos, tão logo aconteçam, nomundo social, os fatos descritos em seus antecedentes.”

(Carvalho, Paulo de Barros, Direito Tributário: Fundamentos Jurídicosda Incidência, Editora Saraiva, 6ª edição, 2006, p. 59)

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Vigência no CTN

Art. 101. A vigência, no espaço e no tempo, da legislaçãotributária rege-se pelas disposições legais aplicáveis àsnormas jurídicas em geral, ressalvado o previsto nesteCapítulo.

Art. 102. A legislação tributária dos Estados, do DistritoFederal e dos Municípios vigora, no País, fora dosrespectivos territórios, nos limites em que lhe reconheçamextraterritorialidade os convênios de que participem, ou doque disponham esta ou outras leis de normas geraisexpedidas pela União.

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Art. 103. Salvo disposição em contrário, entram em vigor:I - os atos administrativos a que se refere o inciso I do artigo 100, na datada sua publicação;II - as decisões a que se refere o inciso II do artigo 100, quanto a seusefeitos normativos, 30 (trinta) dias após a data da sua publicação;III - os convênios a que se refere o inciso IV do artigo 100, na data nelesprevista.

Art. 104. Entram em vigor no primeiro dia do exercício seguinte àquele emque ocorra a sua publicação os dispositivos de lei, referentes a impostossobre o patrimônio ou a renda:I - que instituem ou majoram tais impostos;II - que definem novas hipóteses de incidência;III - que extinguem ou reduzem isenções, salvo se a lei dispuser demaneira mais favorável ao contribuinte, e observado o disposto no artigo178.

Vigência no CTN

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EficáciaPaulo de Barros Carvalho

• Eficácia jurídica é a propriedade do fato jurídico de provocar os efeitosque lhe são próprios.

• Eficácia social é a consubstanciação da produção concreta de efeitosentre os indivíduos de uma sociedade. Também chamada deefetividade, diz-se da produção das consequências desejadas peloelaborador da norma, verificando-se toda vez que a conduta prefixadafor cumprida pelo destinatário. Caso se dê o descumprimento daconduta, de maneira reiterada, frustar-se-ão as expectativasnormativas e a eficácia social ficará comprometida.

• Eficácia técnica é a qualidade que a norma ostenta, no sentido dedescrever fatos que, uma vez ocorridos, tenham aptidão de irradiarefeitos jurídicos, já removidos os obstáculos materiais ou asimpossibilidades sintáticas.

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• Revogar é caçar a vigência temporal de uma norma,retirando sua obrigatoriedade, o que só pode ser feitapor lei de igual hierarquia.

• A revogação total denomina-se ab-rogação.

• A revogação parcial da lei denomina-se dederrogação.

• Revogação: expressa e tácita?

Revogação, Ab-rogação, e Derrogação

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Ilícitos nomogenéticos: definição

Ilícito nomogênico é a conduta de criar uma norma sem fundamento na norma de

competência ou ajustada à norma sancionatória de competência.

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• Vício de Inconstitucionalidade: é a norma criada em confronto diretocom a Constituição Federal.

• Vício de ilegalidade: é a norma criada de forma incompatível com alei.

• Vício de nulidade: é a norma criada de forma incompatível com anorma de competência. Há nulidades formais (incompatibilidadeentre o instrumento introdutor e a norma de competência) emateriais (incompatibilidade entre o conteúdo da norma produzida eo conteúdo da norma de competência )

• Vício de anulabilidade: é a norma criada de forma incompatível coma norma de competência, mas como este vício é sanável, é vistocomo de menor gravidade.

Espécies

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• Erro de fato: é um problema intra-normativo, um desajuste internona estrutura do enunciado, por insuficiência de dados linguísticosinformativos ou pelo uso indevido das construções de linguagemque fazem as vezes de prova.

• Erro de direito: é um problema internormativo, caracterizado porum descompasso de feição externa, no qual estão envolvidosenunciados de normas jurídicas diferentes.

• Outros, capazes de causar a improcedência da pretensão daFazenda ou do contribuinte: reconhecidos por aquelas sentençasou decisões administrativas que, ao afastar a pretensão impositivada Fazenda ou negar a do contribuinte, não justificam o decretodesta improcedência em nenhum dos vícios explicados acima.

Espécies

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Modos de reconhecimento dos ilícitos

Para se configurar a invalidade, é necessárioque outra norma a reconheça.

Norma sancionatória de competência

E essa norma, quando positivada, prescreve até quando a norma criada de forma ilegítima poderá ser aplicada,

em relação a que sujeitos, entre outros efeitos possíveis.

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• Princípio: assegurar que a norma hierarquicamentesuperior prevaleça sobre a norma inferior.

Efeitos do reconhecimento dos ilícitos

Coibir ilícitos nomogenéticos é a forma que o sistema jurídico encontra para

preservar sua consistênciae a hierarquia de suas normas.

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• Controle concentrado da constitucionalidade

• Controle difuso da constitucionalidade

• Eficácia erga omnes

• Eficácia erga singulum

• Efeitos ex tunc

• Efeitos ex nunc

• Efeito modulado

• Declaração de inconstitucionalidade com ou sem redução de texto

Efeitos do reconhecimento dos ilícitos

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• Que significa afirmar que uma norma “N” é válida?

• Norma criada por autoridade incompetente, massegundo o procedimento previsto em lei, é válida?

• E norma criada por autoridade competente, mas semobservância do procedimento previsto em lei éválida?

Questões de Seminário

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Questões de Seminário

Dada a lei ordinária federal nº 10.001 de 10/10/2009 (DO de 01/11/2009) responda àsquestões que seguem:

Art. 1º Esta taxa de licenciamento de veículo tem como fato gerador a propriedade de veículoautomotor com registro de domicílio no território nacional.

Art. 2º A base de cálculo dessa taxa é o valor venal do veículo.

Parágrafo único A alíquota é de 1%.

Art. 3º Contribuinte é o proprietário do veículo.

Art. 4º Dá-se a incidência dessa taxa no primeiro dia do quarto mês de cada exercício, devendoo contribuinte que se encontrar na situação descrita pelo art. 1° dessa lei, desde logo, informaraté o décimo dia deste mesmo mês, em formulário próprio (FORMGFA043), o valor venal, otipo, a marca, o ano e a cilindrada do respectivo veículo.

Art. 5º A importância devida, a título de taxa, deve ser recolhida até o décimo dia do mêssubseqüente, sob pena de multa de 10% sobre o valor do tributo devido.

Art. 6º Diante da não emissão do formulário (FORMGFA043) na data aprazada, poderá aautoridade fiscal competente lavrar Auto de Infração e Imposição de Multa, em decorrência danão observância dessa obrigação, impondo multa de 50% sobre o valor do tributo devido.

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a) Em 01/06/2010, o Supremo Tribunal Federal decidiu, em açãodireta (com efeito erga omnes), pela inconstitucionalidade destalei federal. Identificar nas datas abaixo fixadas, segundo oscritérios indicados, a situação jurídica da regra que instituiu otributo, justificando cada uma das situações:

Questões de Seminário

Critérios\datas

11/10/2009 01/11/2009 01/02/2010 01/04/2010 01/07/2010

É válida

É vigente

Incide

Apresentaeficáciajurídica

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Questões de Seminário

• Compete ao legislativo a positivação de interpretações?

• Existe lei puramente interpretativa?

• Tem aplicabilidade o art. 106, I do CTN ao dispor que a leitributária interpretativa se aplica ao fato pretérito?

• Como confrontar este dispositivo do CTN com o princípioda irretroatividade?