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CEDERJ CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CURSO: LICENCIATURA EM TURISMO DISCIPLINA: ALIMENTOS E BEBIDAS CONTEUDISTA: ALCILÚCIA OLIVEIRA AULA 11 HIGIENE E MANIPULAÇÃO DE ALIMENTOS META Apresentar o conjunto de normas de higienização direcionado para o setor de alimentos e bebidas a fim de oferecer condições ambientais favoráveis para a produção de alimentos seguros. OBJETIVOS Ao final da aula espera-se que você seja capaz de: 1. Conhecer os Procedimentos Operacionais Padronizados e o Manual de Boas Práticas, assim como suas elaborações; 2. Compreender as regras de higiene e segurança dos alimentos estabelecidos pela legislação.

Aula 11 Higiene e Segurança Dos Alimentos

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CEDERJ – CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR A DISTÂNCIA

DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

CURSO: LICENCIATURA EM TURISMO

DISCIPLINA: ALIMENTOS E BEBIDAS

CONTEUDISTA: ALCILÚCIA OLIVEIRA

AULA 11

HIGIENE E MANIPULAÇÃO DE ALIMENTOS

META

Apresentar o conjunto de normas de higienização direcionado para o

setor de alimentos e bebidas a fim de oferecer condições ambientais

favoráveis para a produção de alimentos seguros.

OBJETIVOS

Ao final da aula espera-se que você seja capaz de:

1. Conhecer os Procedimentos Operacionais Padronizados e o

Manual de Boas Práticas, assim como suas elaborações;

2. Compreender as regras de higiene e segurança dos alimentos

estabelecidos pela legislação.

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1- INTRODUÇÃO

A palavra Qualidade nuca foi tão falada e disseminada como nos

últimos momentos. É a qualidade que é exigida pelos órgãos

competentes, desejada pelos produtores e tão procurada pelos

consumidores.

A área de alimentos e bebidas requer cuidados primordiais para

alcançar esta qualidade e principalmente eliminar qualquer fator de risco

à saúde dos consumidores. Uma comida pode apresentar uma boa

aparência, com aroma e sabor apreciado e, no entanto pode não ser um

alimento seguro.

Como foram estudados na aula anterior, os princípios gerais das

Boas Práticas de Fabricação (BPF’s) permitem ao estabelecimento de

serviços de alimentação operar dentro de condições ambientais

favoráveis para a produção de alimentos inócuos. As BPF’s constituem

um conjunto de normas de higiene, sendo práticas preventivas que têm

como objetivo a fabricação de um alimento seguro para a saúde do

consumidor.

Para a garantia da qualidade, é necessário que estas práticas de

higiene sejam verificadas e empregadas em todas as etapas de

processamento e áreas de manuseio dos alimentos, que envolve a

verificação do tipo e condições de transporte, utensílios, equipamentos e

a qualidade da água a ser utilizada.

Começaremos falando da execução do Manual de Boas Práticas

que cada estabelecimento deve ter, onde funciona como ferramenta

dentro do programa de higienização, descrevendo todas as operações

realizadas. Na sequência, faremos uma abordagem sobre os

Procedimentos Operacionais Padronizados (POP’s) que devem ser

utilizados e o detalhamento das práticas de higiene dentro da área de

alimentos e bebidas.

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2 - MANUAL DE BOAS PRÁTICAS

Para a implantação do sistema de qualidade na produção de

alimentos, as empresas devem lançar mão de uma das principais

ferramentas: o Manual de Boas Práticas. Trata-se de um documento

exigido pela legislação, segundo a Portaria nº 326, de 30 de julho de

1997, do Ministério da Saúde sobre as condições higiênicas e de Boas

Práticas de Fabricação para estabelecimentos produtores de alimentos.

Esse documento descreve as operações realizadas pelo estabelecimento

incluindo, no mínimo, os requisitos sanitários dos edifícios, a manutenção

e a higienização das instalações, dos equipamentos e dos utensílios, o

controle da higiene e saúde dos manipuladores e o controle e garantia de

qualidade do produto final.

Figura 1 – Qualidade no ambiente de trabalho

Fonte: http://curitiba.olx.com.br/nutricionista-elaboro-manual-de-boas-

praticas-e-cursos-para-manipuladores-de-alimentos-iid-278506983

Page 4: Aula 11 Higiene e Segurança Dos Alimentos

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No Manual de Boas Práticas são descritas de maneira fiel, as

instalações do estabelecimento, os controles e as operações realizadas

em suas dependências, incluindo itens importantes como:

Requisitos higiênico-sanitários dos edifícios (instalações

físicas);

Controle da água de abastecimento;

Controle integrado de vetores e pragas urbanas;

Capacitação profissional e o controle da higiene e saúde dos

manipuladores;

Manutenção e higienização das instalações, dos

equipamentos e dos utensílios;

Manejo de resíduos (lixo e demais itens descartados);

Controle e garantia de qualidade do alimento preparado,

incluindo controle das matérias-primas, manipulação dos alimentos e seu

transporte;

Responsabilidade técnica.

Dessa maneira, cada estabelecimento tem que desenvolver o seu

próprio Manual de Boas Práticas, levando em consideração também a

legislação municipal vigente em seu município e que é utilizada pela

vigilância sanitária local. O Manual deve encontrar-se acessível aos seus

colaboradores e disponível às autoridades sanitárias. Para ser eficaz, o

manual deve ser revisto e atualizado periodicamente, de acordo com

novas ações e mudanças realizadas.

Vale ressaltar que, fica a carga da gerência de A&B desenvolver

um programa de treinamento que oriente os funcionários do setor e os

seus dirigentes sobre os diferentes tipos de limpeza e suas técnicas

adequadas. O treinamento deve ser constante, lançando mão de meios

que incentivem todos os envolvidos a se comprometerem com o

programa de higienização. Quando há escassez em treinamentos, o

programa de higienização pode ser ineficiente.

Page 5: Aula 11 Higiene e Segurança Dos Alimentos

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Uma forma de iniciar o plano de higienização é estabelecer um

programa anual do setor de A&B, com as propostas a serem realizadas a

cada mês. A seguir temos um exemplo de proposta para o programa

anual do setor de A&B.

Programa anual de higienização

Mês Atividade

Janeiro Afixar a tabela de limpeza e explicá-la em detalhes a todos os

funcionários das áreas envolvidas.

Fevereiro Afixar os métodos de limpeza a serem usados na área de

alimentos e encarregar os supervisores de sua demonstração.

Março

Convidar a firma fornecedora dos produtos de limpeza para uma

demonstração prática de seus produtos, seguindo-se um

treinamento exclusivo dos stewards.

Abril Convidar um profissional da área de saúde para expor os

problemas de intoxicação causada por bactérias.

Maio Convidar um médico sanitarista para falar sobre a importância de

lavar as mãos depois de fumar e de ir ao banheiro.

Junho Encarregar os seus supervisores de visitar outros

estabelecimentos para observar novos métodos de limpeza.

Julho Dar um treinamento específico aos funcionários sobre o

manuseio de alimentos em dias quentes.

Agosto Solicitar que uma área da cozinha inspecione outra e envie um

relatório por escrito aos supervisores.

Setembro

Encarregar um supervisor de fotografar, durante três dias, todos

os erros no sistema de higienização e discutir as fotos com os

funcionários.

Outubro Dar treinamento intensivo sobre asseio pessoal.

Novembro Fazer um teste por escrito sobre higienização e corrigir, na

classe, as respostas erradas.

Dezembro Premiar os funcionários e a área que mais se destacaram na

higiene durante o ano.

Fonte: DAVIES (2007).

Page 6: Aula 11 Higiene e Segurança Dos Alimentos

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3 - PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PADRONIZADOS

(POP’s)

Os Procedimentos Operacionais Padronizados (POP’s) são

programas considerados parte integrante para manter as BPF’s na

produção de alimentos.

A partir da RDC 275, de 21/10/2002, a ANVISA estabeleceu

diretrizes para a implantação dos POP’s, no monitoramento para

prevenção de contaminação dos produtos alimentícios, os quais devem

ser desenvolvidos, implementados e mantidos por todos os

estabelecimentos produtores de alimentos.

Mas qual seria a finalidade do POP?

Sejam técnico ou gerencial, os POP’s são a base para a garantia

da padronização de tarefas e de serviços ou produtos dentro dos

estabelecimentos, fazendo com que sejam livres de variações

indesejáveis na sua qualidade final, independente de quem os façam.

O POP também tem a finalidade interna de ser um ótimo

instrumento para a Gerência da Qualidade.

Por exemplo, em uma cozinha, deverão ser elaborados POP’s

sobre a manipulação e preparo de alimentos, procedimentos de

higienização da cozinha, cuidados com a higiene dos funcionários, etc.

Vale ressaltar que o POP é um anexo do Manual de Boas

Práticas, onde o mesmo deverá ser referenciado.

Os POP’s devem estabelecer de forma objetiva, as instruções

passo a passo para a realização das operações rotineiras e específicas

na produção, armazenamento e transporte de alimentos, que garantam a

segurança dos alimentos na empresa, de forma a prevenir, reduzir a

níveis aceitáveis ou eliminar riscos de contaminação dos alimentos.

Page 7: Aula 11 Higiene e Segurança Dos Alimentos

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Figura 2 – Padronização de procedimentos dentro da cozinha

para a garantia de qualidade.

Fonte: http://campoamesa.blogspot.com.br/2011/08/agencia-nacional-

de-vigilancia.html

Os POP’s devem abranger os aspectos a seguir, no entanto a

legislação exige, no mínimo, os quatro primeiros procedimentos:

(POP 1) Higienização das instalações, equipamentos, móveis e

utensílios;

(POP 2) Controle da potabilidade da água;

(POP 3) Higiene e saúde dos manipuladores;

(POP 4) Controle integrado de vetores e pragas urbanas;

(POP 5) Manejo dos resíduos;

(POP 6) Manutenção preventiva e calibração de equipamentos;

(POP 7) Seleção das matérias-primas, ingredientes e

embalagens;

(POP 8) Programa de recolhimento de alimentos.

Esses documentos devem obrigatoriamente conter a freqüência

de execução das operações; especificar o nome, o cargo e/ou a função

Page 8: Aula 11 Higiene e Segurança Dos Alimentos

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dos responsáveis pelas atividades; ser aprovados, datados e assinados

pelo responsável do estabelecimento. A seguir, temos um modelo de

uma ficha para a elaboração do POP.

Modelo de ficha para desenvolvimento dos POP’s

Nome da empresa ou logo

Documento: <nome do POP>

Identificação: <código>

Revisão: <nº da revisão>

Processo: <nome do processo>

Página 01/0X

Data: ___/___/___

1. Título:

2. Objetivo:

3. Documentos de referência:

4. Campo de aplicação:

5. Responsabilidades:

6. Materiais necessários:

7. Descrição da atividade (passo a passo):

8. Atividade crítica;

9. Indicadores de qualidade:

10. Ações corretivas:

O que? Como? Quando? Quem?

11. Registros: Código Título Arquivamento Tempo de retenção

12. Referências bibliográficas:

Fonte: LOPES, 2007.

Os POP’s, assim como o Manual de Boas Práticas, devem estar

acessíveis aos colaboradores da empresa e disponíveis às autoridades

sanitárias, onde podem ser apresentados como anexo do Manual de

Boas Práticas.

Page 9: Aula 11 Higiene e Segurança Dos Alimentos

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No entanto, a simples elaboração de um Manual não garante a

segurança dos alimentos, sendo também essencial a qualificação periódica e

supervisão técnica dos manipuladores, bem como a elaboração e

implementação de procedimentos, controles e registros.

4. PRÁTICAS DE HIGIENE

A maior parte das principais medidas que devem ser adotadas no

combate às contaminações estão diretamente ligadas à boa higiene. A

garantia da qualidade e melhoras na produtividade na prestação do

serviço é alcançada quando a higiene como um todo é salientada. Seja

ela pessoal ou ambiental.

A Higiene Pessoal se encontra relacionada às práticas higiênicas

de cada indivíduo no seu dia a dia e aos seus hábitos ao manipular

alimentos

A Higiene Ambiental compreende a higienização de instalações,

equipamentos e utensílios do local de trabalho.

Entre os benefícios promovidos pela higiene podemos destacar:

transmissão de uma boa impressão do ambiente aos clientes;

satisfação do cliente;

melhora na reputação do estabelecimento;

promoção de melhores condições de trabalho aos

empregados;

manutenção do estabelecimento dentro das condições

previstas em lei.

A seguir, destacamos as principais práticas de higiene que as

empresas de serviços de alimentação devem adotar.

Page 10: Aula 11 Higiene e Segurança Dos Alimentos

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4.1 Higiene pessoal

A higiene pessoal é o estado geral de limpeza do corpo e da roupa

dos manipuladores de alimentos. Aqui nos referimos manipulador de

alimentos, os profissionais que manuseiam os alimentos, ou seja, os que

recebem uma remuneração para executarem tarefas lidando com

alimentos. Como exemplo, temos: cozinheiros, garçons, ajudante de

cozinha, etc.

Conforme visto na aula anterior, os seres humanos são os

principais causadores das contaminações e carregam em todo o seu

corpo diferentes bactérias, incluindo muitas causadoras de doenças que

podem ser transmitidas a outros seres humanos através dos alimentos.

Figura 3 – Locais do nosso corpo que se instalam bactérias

Fonte: http://riobonito.blogspot.com.br/2012/01/contaminacao-dos-

alimentos.html

Page 11: Aula 11 Higiene e Segurança Dos Alimentos

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Neste sentido, a educação dos manipuladores de alimentos e a

sua formação em práticas de higiene e asseio pessoal são uma boa

medida para minimizar os riscos de contaminação.

É importante ressaltar que os funcionários costumam agir de

forma condizente ao ambiente em que trabalham. Ou seja, um ambiente

limpo geralmente incentiva hábitos de limpeza entre os manipuladores.

Em alguns momentos, os funcionários acabam criando hábitos

que devem ser verificados e corrigidos pelos supervisores. Por isso, é

muito importante que seja feito uma inspeção diária nos funcionários em

relação às práticas de higiene pessoal, assim como, disponibilizar

materiais ou estrutura adequada para que tais práticas sejam cumpridas.

O setor de A&B deve dispor de pia e toilette em cada área de trabalho,

toalhas de papel ou secador de ar nos toilettes e sabão anti-séptico em

todas as áreas.

É fundamental que as regras de higiene pessoal estejam

expostas em locais estratégicos, como vestiários e banheiros, junto aos

lavatórios. Por exemplo: afixar cartazes de orientação aos manipuladores

sobre a correta lavagem e anti-sepsia das mãos em locais de fácil

visualização.

O que significa higiene pessoal no local de trabalho quando

estamos nos referindo aos manipuladores de alimentos?

Figura 4 – Higiene pessoal

Fonte: ABRASEL (2006).

Page 12: Aula 11 Higiene e Segurança Dos Alimentos

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O manipulador de alimentos deve:

Deixar as unhas sempre curtas, limpas e sem esmalte ou

base;

Ter a prática de tomar banho e trocar as roupas íntimas

diariamente;

Para os homens, manter sempre a barba feita;

Não usar adornos, pois pode representar um perigo físico;

Usar desodorante inodoro.

Ausência de maquiagem e perfume.

Manter os cabelos sempre limpos e protegidos;

Utilizar sempre uniformes limpos, deixando as roupas de uso

pessoal no vestiário.

Além disso, para proteger os alimentos de contaminação, alguns

hábitos devem ser evitados no dia-a-dia do manipulador de alimentos,

tais como:

Fumar no salão ou na cozinha;

Comer e beber em horário de serviço;

Mastigar, falar, tossir ou espirrar sobre os alimentos;

Degustar alimentos nas mãos, dedos ou talheres e devolvê-

los à panela sem prévia higienização;

Proteger devidamente os cortes e ferimentos;

Pentear-se, coçar-se, pôr os dedos no nariz, boca ou ouvido

ou passar as mãos nos cabelos;

Enxugar o suor com as mãos, panos ou qualquer peça da

vestimenta;

Tocar maçanetas ou qualquer outro objeto alheio à atividade;

Manipular dinheiro.

Page 13: Aula 11 Higiene e Segurança Dos Alimentos

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Figura 5 – Hábitos que o manipulador de alimentos deve evitar

Fonte: Secretaria Municipal de Saúde-SP (2006).

De acordo com a Legislação vigente os manipuladores de

alimentos ficam proibidos de utilizar adornos, esmaltes e maquiagens. É

necessária a retirada de colares, relógios, brincos, pulseiras, anéis,

piercing’s e esmaltes ao permanecerem nas áreas de manipulação de

alimentos. Esses objetos e adornos não devem ser levados ou

guardados nos uniformes.

O uniforme do manipulador de alimentos deve conter:

1. Calça ou saia, camisa ou camiseta de cor clara;

2. Avental ou jaleco de cor clara, sem bolsos acima da cintura;

3. Protetor de cabelo (touca, rede) que proteja totalmente os

cabelos;

4. Sapato fechado antiderrapante ou botas de borracha em bom

estado de conservação;

5. Uso de casaco de proteção para entrar em câmaras frias.

Page 14: Aula 11 Higiene e Segurança Dos Alimentos

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Figura 6 – Uniforme completo do manipulador de alimentos

Fonte: Secretaria Municipal de Saúde-SP (2006).

A troca do uniforme deve ser diária e sua utilização fica restrita

somente nas dependências internas do estabelecimento.

O uso de avental plástico deve ser restrito às atividades onde há

grande quantidade de água, não devendo ser utilizado próximo ao calor.

Sempre que necessário deve-se proteger as mãos utilizando

luvas, com a correta higienização das mãos.

Figura 7 – Uso da luva em diferentes procedimentos.

Fonte: Secretaria Municipal de Saúde-SP (2006).

Page 15: Aula 11 Higiene e Segurança Dos Alimentos

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Quando as luvas de plástico ou látex forem utilizadas, essas

devem ser descartadas sempre que houver mudança de atividade, não

dispensando a lavagem das mãos a cada troca. Em procedimentos que

envolvam calor, como por exemplo, cozimento ou fritura, não é permitido

a utilização de luvas descartáveis, assim quando do uso de máquinas de

moagem, triturar ou similares.

Outra questão importante é o ato de lavar as mãos. O

manipulador de alimentos deve lavar cuidadosamente as mãos:

Ao chegar no trabalho;

Antes e após tocar nos alimentos;

Após tossir ou espirrar;

Após lidar com o lixo, panos e baldes;

Após usar o toilette;

Após fumar;

Sempre que for necessário.

Qual é a maneira correta de lavar as mãos e antebraços?

A lavagem das mãos e antebraços deve ser feita com sabonete

líquido, neutro e inodoro:

1. Utilizar água corrente para molhar as mãos;

2. Esfreguar a palma e o dorso das mãos com sabonete, inclusive

as unhas e os espaços entre os dedos, por aproximadamente 15

segundos;

3. Enxaguar bem com água corrente retirando todo o sabonete;

4. Secar as mãos com papel toalha ou outro sistema de secagem

eficiente;

5. Esfregar as mãos com produto anti-séptico, deixando-o secar

naturalmente.

Page 16: Aula 11 Higiene e Segurança Dos Alimentos

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Figura 8 – Passo a passo do fluxo de higienização correto das mãos.

Fonte: ANVISA (2004).

Os cuidados com a saúde dos funcionários são essenciais para

garantir a segurança dos alimentos preparados. A transmissão de uma

doente pode ocorrer através dos alimentos. Por isso é importante que

façam exames médicos periodicamente.

Quando o manipulador estiver com cortes e ferimentos, ele só

poderá manipular alimentos desde que proteja as lesões com luvas de

borracha. Também para evitar contaminação dos alimentos, o funcionário

que apresentar infecções pulmonares ou faringites, diarréia ou disenteria,

não podem manipular alimentos.

Page 17: Aula 11 Higiene e Segurança Dos Alimentos

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4.2. Higiene ambiental

A higiene ambiental compreende as operações de higienização da

estrutura física (piso, paredes, etc), dos utensílios, equipamentos,

bancadas de trabalho, realizadas de maneira freqüente para minimizar os

riscos de contaminação dos alimentos.

A higienização é a operação que engloba a limpeza e a

desinfecção. É muito importante realizar a higienização, porque os

microorganismos se multiplicam em resíduos ou sujidades que

permanecem nesses locais, contaminando-os e disseminando doenças.

Geralmente há uma confusão entre os termos limpeza e

sanitização. Então vamos compreender a diferença.

Limpeza significa a ação ou ato de limpar que consiste em

retirar substâncias visíveis indesejáveis, que são as sujidades (poeira,

gordura, restos de alimentos). A limpeza é realizada utilizando água

potável e sabão ou detergente. Esta ação é a primeira etapa de

higienização e é sempre realizada antes da sanitização.

A limpeza deve ser feita sempre:

- Da área mais limpa para a área mais suja;

- Da área menos contaminada para a área mais contaminada;

- De cima para baixo (ação da gravidade);

- Remover a sujeira sempre num mesmo sentido e numa mesma

direção.

Sanitização ou desinfecção se refere à eliminação ou redução

dos microrganismos a níveis aceitáveis, que podem contaminar uma

superfície, um equipamento, um utensílio, os pratos, talheres, etc. utiliza-

se como agente sanitizantes, o calor ou produtos químicos como, o cloro

e o álcool 70%.

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Tabela 1 – Produtos recomendados para desinfecção ambiental

Princípio ativo Concentração

Hipoclorito de sódio 200 – 250mg/L

Cloro orgânico 200 – 250mg/L

Quaternário de amônio 200mg/L

Álcool 70%

Os produtos desinfetantes têm a finalidade de diminuir a carga

microbiana e devem ser registrados no Ministério da Saúde com

indicação para este fim. É importante sempre observar as instruções do

rótulo e siga-las rigorosamente. Esses produtos nunca deverão ser

armazenados junto com os alimentos.

Figura 9 – Cuidados com os sanitizantes

Fonte: ANVISA (2004).

A água sanitária, composta por hipoclorito de sódio, é um

sanitizante muito utilizado. Normalmente ela possui entre 2 a 2,4% de

cloro ativo, o que equivale a 20.000 e 25.000mg/L respectivamente.

Page 19: Aula 11 Higiene e Segurança Dos Alimentos

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Para diluir os produtos sanitizantes à base de cloro e chegar à

concentração desejada, pode ser feito o cálculo abaixo:

Quantidade do produto =

(em gramas ou ml)

Volume X Concentração

% de Cloro ativo do produto X 10

Sendo:

- Quantidade do produto refere-se ao produto clorado concentrado

utilizado como desinfetante;

- Volume representa a capacidade em litros da solução desejada,

normalmente equivale ao volume de água utilizada na solução;

- Concentração, refere-se à concentração desejada para a solução,

expressa em mg/L;

- % de Cloro Ativo do Produto é a que se encontra indicada no

rótulo do produto ou pelo fornecedor.

Atividade

Para colocarmos em prática a fórmula de diluição dos produtos

sanitizantes, faça o cálculo seguinte.

Deseja-se preparar uma solução clorada para sanitizar as

superfícies das bancadas do setor de tratamento de vegetais, utilizando a

água sanitária a 2,0% de cloro ativo. Calcule a quantidade necessária

deste produto a ser diluída em 3 litros de água para fazer a sanitização.

Considere a água sanitária a 2,0% uma solução de 200mg/L.

Page 20: Aula 11 Higiene e Segurança Dos Alimentos

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Reposta comentada:

Quantidade do produto =

(em gramas ou ml)

Volume X Concentração

% de Cloro ativo do produto X 10

Quantidade do produto =

(em gramas ou ml)

3 litros X 200mg/L

2% X 10

Quantidade do produto =

(em gramas ou ml)

600

20

Quantidade do produto =

30 ml

A solução necessária para sanitizar as superfícies das bancadas,

na concentração desejada, será preparada com 30 ml de água sanitária

e 3 litros de água. Ou seja, para cada litro de água, deve-se utilizar 10ml

de água sanitária.

Fim da resposta comentada

4.2.1 Acondicionamento e descarte do lixo

O acondicionamento correto do lixo evita insetos e outros animais

na área de preparo de alimentos. Pois, lembre-se, o lixo é um meio que

pode proporcionar a multiplicação de microrganismos patogênicos e,

Page 21: Aula 11 Higiene e Segurança Dos Alimentos

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desta forma, a área de manipulação pode ficar contaminada,

comprometendo a segurança dos alimentos preparados.

O lixo descartado na cozinha deve ser recolhido diariamente,

quantas vezes forem necessárias, e armazenado até a coleta em um

local externo, protegido e isolado das áreas de preparação e

armazenamento de alimentos, para se evitar focos de contaminação,

mau cheiro e a atração de pragas.

A empresa deve dispor de lixeiras com capacidade suficiente para

armazenar seus resíduos até seu destino final. Todas as lixeiras devem

ser mantidas higienizadas, estar em boas condições de uso e possuir

tampas com sistema de abertura sem a utilização das mãos.

Na limpeza das lixeiras deve-se utilizar água e detergente, esfregá-

las com escova ou vassoura por dentro e por fora. A desinfecção pode

ser feita através de pulverização com solução clorada, deixando secar

naturalmente. Vale lembrar a importância de se higienizar as mãos após

mexer com lixo.

Recomenda-se separar o lixo seco do lixo orgânico – resultado das

sobras dos alimentos, para isto, deve-se possuir uma câmara refrigerada

a 10ºC para acondicionar estes resíduos. Uma coleta seletiva também é

aconselhável, demonstra um grau de comprometimento com o meio

ambiente.

Figura 10 – Acondicionamento e descarte do lixo

Fonte: ANVISA (2004).

Page 22: Aula 11 Higiene e Segurança Dos Alimentos

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4.2.2 Controle integrado de pragas

O controle integrado trata-se de um conjunto de medidas

preventivas necessárias para impedir a instalação e a proliferação de

insetos (moscas, baratas, formigas, traças, carunchos, etc), roedores

(ratos e ratazanas) e certas aves (pombos, pardais, andorinhas), visando

diminuir a necessidade da aplicação de produtos químicos.

A presença de pragas é um dos problemas mais complicados em

estabelecimentos de serviços de alimentação. Além de causar danos

financeiros diretos com a perda de produtos, podem comprometer a

imagem da empresa. Essas pragas, além do grande potencial de causar

doenças que representam ao contaminar os alimentos e os ambientes do

local, são também a origem de contaminações físicas desagradáveis ou

perigosas que incluem: pelos, penas, larvas, matérias fecais, partes de

seu corpos.

A via de entrada das pragas na empresa pode ser juntamente com

as entregas de produtos, ou através de frestas e passagens do próprio

local. Sua presença está associada à falta de higiene, deficiências na

estrutura física e ausência de mecanismos de controle.

As medidas de controle devem incluir a utilização de produtos

químicos regularizados pelo Ministério da Saúde, executado por empresa

especializada e obedecendo a procedimentos que evitem a

contaminação dos alimentos, equipamentos e utensílios.

Um controle integrado de pragas tem como objetivo principal evitar

o acesso e a proliferação de pragas no estabelecimento. Por isso, todos

devem colaborar para o sucesso desse tipo de programa, deixando a

cozinha sempre limpa e seca antes das desinsetizações.

Page 23: Aula 11 Higiene e Segurança Dos Alimentos

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4.3 Higiene dos alimentos

Os cuidados que devem ser tomados com os ingredientes usados

no preparo são o foco da higiene dos alimentos. O primeiro passo é

comprar os ingredientes em estabelecimentos limpos, organizados e

confiáveis. Os fornecedores devem também atender às Boas Práticas,

para que esses alimentos não transmitam micróbios patogênicos,

parasitas ou substâncias tóxicas aos pratos preparados.

O cuidado dos manipuladores precisa se estender ao

armazenamento, guardando-se primeiro os produtos congelados e

refrigerados e, depois, os produtos não-perecíveis. Além disso, os locais

de armazenamento devem ser limpos, organizados, ventilados e

protegidos de insetos e outros animais. Para evitar a contaminação dos

alimentos, o armazenamento dos ingredientes deve ser feito no local

certo, em temperatura e tempo adequados.

Outro cuidado no armazenamento é não misturar alimentos crus

com alimentos já confeccionados, nem colocar alimentos de origem

vegetal ao lado dos de origem animal, durante e após a fase de

preparação, para evitar contaminação cruzada.

No caso de hortifrutis, a pré-lavagem é importante e deve ser feita

em água potável e em local apropriado. A higienização completa desses

alimentos deve levar ainda a uma imersão em solução clorada por 15 a

30 minutos, para depois serem enxaguados em água potável. Apenas as

frutas não manipuladas, as frutas cujas cascas não são consumidas,

legumes e verduras que irão sofrer ação do calor (temperatura acima de

74°C) e ovos inteiros (também após passarem por temperaturas acima

de 74°C) não precisam ser desinfectados.

A embalagem é uma importante proteção dos alimentos. Produtos

com embalagens defeituosas (amassadas, enferrujadas, trincadas, com

furos ou vazamentos, rasgadas ou abertas) não devem ser comprados,

nem usados. Mesmo em bom estado, as embalagens devem ser limpas

Page 24: Aula 11 Higiene e Segurança Dos Alimentos

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antes de serem abertas. Já os ingredientes que forem abertos devem ser

armazenados depois em recipientes limpos e com identificação (nome do

produto, data de retirada da embalagem original e prazo de validade

depois de aberto).

Figura 11 – Cuidados a serem tomados com as embalagens

Fonte: ANVISA, 2004

Lembre-se! Confira o prazo de validade antes de utilizar um

ingrediente. Produtos com prazo de validade vencido não devem ser

utilizados no preparo de alimentos.

Conclusão

Podemos concluir através do tema abordado a grande importância

da higiene na vida dos manipuladores de alimentos. Esta higiene,

também vai contribuir para a qualidade do serviço oferecido. O

empreendedor que se preocupa com a higiene pessoal, ambiental e dos

alimentos com certeza adota as ferramentas que a promovem. As

certificações de qualidade preconiza a sua ação e esta deve ser

prioridade quando se trata diretamente com manipulação de alimentos.

Podemos observar em capítulos anteriores que os alimentos são fontes

de contaminação e para que estes não ofereça riscos ao consumidor,

que seja assegurado a oferta destes, inócuos. Todo estabelecimento

deve possuir um manual de boas práticas com todo procedimento de

como tratar todas as questões ligadas às práticas de higiene e também

Page 25: Aula 11 Higiene e Segurança Dos Alimentos

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deve elaborar os POPs para servir de guia com instruções para evitar

erros que podem causar riscos a saúde do consumidor.

Resumo

As empresas que produzem e manipulam alimentos devem

conhecer todas as regras estipuladas pela Vigilância Sanitária, e os

gestores precisam obrigatoriamente apresentar as regras aos seus

funcionários. Para promover essas regras na equipe, algumas medidas

devem ser tomadas: elaborar manual de boas práticas de manipulação e

os POP’s; treinar os funcionários quanto à higiene e às técnicas corretas

de manipulação de alimentos.

Além dos cuidados com a equipe, é importante também uma

atenção especial ao local de trabalho, em relação aos revestimentos e

instalações necessárias para que sejam cumpridas a práticas corretas de

higienização.

A implementação das Boas Práticas de Fabricação (BPF) constitui

um compromisso da área de A&B com a qualidade dos produtos, além

de ser um dever legal. Devem ser implementados todos os requisitos

essenciais de higiene ambiental, higiene pessoal e higiene operacional

nos estabelecimentos de alimentação coletiva.

Informações para a próxima aula

Na próxima aula, o tema a ser abordado será sobre as técnicas

básicas de planejamento e elaboração de cardápios.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC

nº275, de 21 de outubro de 2002. Dispõe sobre o Regulamento Técnico

Page 26: Aula 11 Higiene e Segurança Dos Alimentos

26

de Procedimentos Operacionais Padronizados aplicados aos

Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos e Lista de

Verificação das Boas Práticas de Fabricação em Estabelecimentos

Produtores/Industrializadores de Alimentos. Diário Oficial: Brasília, DF,

23 de outubro de 2002.

ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Cartilha sobre Boas

Práticas para serviços de alimentação - Resolução-RDC nº 216/2004.

Brasília, 2004.

ABRASEL - Associação Brasileira de Bares e Restaurantes. Guia de

Boas Práticas para Serviços de Alimentação – Programa Qualidade

na Mesa. 2006. 112 p.

BRASIL, Ministério da Saúde. ANVISA, PORTARIA SVS/MS Nº 326, DE

30 DE JULHO DE 1997, disponível em file: >anvisa – legislação- portaria

326 de 30 de julho de 1997. Acessado em12/11/06.

DAVIES, C. A. Alimentos e Bebidas. 3ª. ed. Caxias do Sul-RS: Educs,

2007.

EDUCATUR Treinamento e consultoria. Cartilha Administração de

alimentos e bebidas. Recebendo Bem o turista Vem! Guarulhos,

2010.

FIGUEIREDO, R. M. SSOP: Padrões e Procedimentos Operacionais

de Sanitização; PRP: Programa de Redução de Patógenos; manual

de procedimentos e desenvolvimento. São Paulo: Coleção Higiene

dos Alimentos, Volume 1, 1999.

LOPES, R. L. T. Dossiê Técnico: Programa de Boas Práticas de

Fabricação e Procedimentos Operacionais Padronizados. CETEC,

2007.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO TURISMO. Manual de qualidade,

higiene e inocuidade dos alimentos no setor de turismo: guia de

consulta para funcionários, planejadores, empresários e operadores

de turismo. São Paulo: Roca, 2003.

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PAS (Programa Alimentos Seguros) e SEBRAE – SP. Boas práticas: o

que são e o que fazer para aplicá-las? Fascículo 2, 1ª edição, 2004,

20p.