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LITERATURA BRASILEIRA – TERCEIRÃO E EXTENSIVO 2015

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AULA 15

SIMBOLISMO

Imagens vagas, diluídas: esta é a poesia simbolista, que

guarda grande afinidade com a pintura impressionista.

RENOIR. Remadores em Chatou. 1879. Óleo sobre tela: color.; 81 x 100cm,

National Gallery of Art, Washington (EUA)

CONTEXTUALIZAÇÃO

Conforme estamos estudando desde a aula 10,

as últimas décadas do século 19 foram marcadas por

uma visão materialista, racional e cientificista da

realidade. Esse foi o pensamento predominante, mas

não único.

Nas artes – e, em especial, na literatura –

surgiram alguns artistas insatisfeitos com a

mentalidade de que tudo no mundo poderia ser

explicado de modo lógico e comprovado pela ciência.

Esses artistas perceberam que o discurso racional não

dava conta de explicar cabalmente todas as questões

atinentes à existência humana. A ciência não era

capaz de traduzir a complexidade do intelecto humano,

muito menos a linguagem podia expressar todos os

dilemas vivenciados pelo homem e, no máximo,

apenas sugeri-los.

Lançado no Brasil oficialmente em 1893, com a

publicação dos livros Missal e Broquéis, de Cruz e

Sousa, o Simbolismo foi uma escola literária

contemporânea do Realismo-Naturalismo-

Parnasianismo e significou uma dupla reação:

reação ideológica contra o materialismo positivista

e cientificista do século XIX, colocando-se,

consequentemente, a favor da filosofia, da

metafísica e da espiritualidade;

reação estética contra a objetividade e

impessoalidade descritiva da poesia parnasiana, e a

consequente proposta de um retorno às raízes

subjetivistas da poesia.

Como o Parnasianismo brasileiro, também o

Simbolismo cultua a forma, embora com menos rigor, e

pratica Arte pela Arte. Este tipo de poesia permanece

distante, alienado da realidade nacional.

CARACTERÍSTICAS

Para melhor compreendermos as características

mais significativas do Simbolismo, partiremos da

análise do poema Antífona, de Cruz e Sousa:

ANTÍFONA

I

1. Ó Formas alvas, brancas, Formas claras

2. De luares, de neves, de neblinas!...

3. Ó Formas vagas, fluídas, cristalinas...

4. Incensos dos turíbulos das aras...

II

5. Formas do Amor, constelarmente puras,

6. De Virgens e de Santas vaporosas...

7. Brilhos errantes, mádidas frescuras

8. E dolências de lírios e de rosas...

III

9. Indefiníveis músicas supremas,

10. Harmonias da Cor e do Perfume...

11. Horas do Ocaso, trêmulas, extremas,

12. Réquiem do Sol que a Dor da Luz resume...

IV

13. Visões, salmos e cânticos serenos,

14. Surdinas de órgãos flébeis, soluçantes...

15. Dormências de volúpicos venenos

16. Sutis e suaves, mórbidos, radiantes...

V

17. Infinitos espíritos dispersos,

18. Inefáveis, edênicos, aéreos,

19. Fecundai o Mistério destes versos,

20. Com a chama ideal de todos os mistérios.

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VI

21. Do Sonho as mais azuis diafaneidades

22. Que fuljam, que na Estrofe se levantem

23. E as emoções, todas as castidades

24. Da alma do Verso, pelos versos cantem.

VII

25. Que o pólen de ouro dos mais finos astros

26. Fecunde e inflame a rima clara e ardente...

27. Que brilhe a correção dos alabastros

28. Sonoramente, luminosamente.

VIII

29. Forças originais, essência, graça

30. De carnes de mulher, delicadezas...

31. Todo esse eflúvio que por ondas passa

32. Do Éter nas róseas e áureas correntezas...

IX

33. Cristais diluídos de clarões álacres,

34. Desejos, vibrações, ânsias, alentos

35. Fulvas vitórias, triunfamentos acres,

36. Os mais estranhos estremecimentos...

X

37. Flores negras do tédio e flores vagas

38. De amores vãos, tantálicos, doentios...

39. Fundas vermelhidões de velhas chagas

40. Em sangue, abertas, escorrendo em rios...

XI

41. Tudo! vivo e nervoso e quente e forte,

42. Nos turbilhões quiméricos do Sonho,

43. Passe, cantando, ante o perfil medonho

44. E o tropel cabalístico da Morte...

CARACTERÍSTICA EXEMPLO NO POEMA

1. A sugestão predomina sobre a descrição: as imagens que tão

fartamente aparecem nos poemas simbolistas são vagas,

diluídas, suaves. Ocorre um registro impressionista do mundo

real: não importa como a realidade é, mas os efeitos que ela

causa na sensibilidade do artista.

principalmente as estrofes I e II.

2. Misticismo: o simbolista mantém uma atitude mística perante a

vida; tenta atingir o inatingível, o oculto e o misterioso para tentar

contemplar algum tipo de sentido para sua existência na terra e

na transcendência a outro plano.

em especial, os versos 4, 6, 13, 44.

3. Inovação no emprego das maiúsculas: o autor

simbolista usa maiúsculas em substantivos

comuns para ampliar o sentido desses

vocábulos, além de dar maior força emocional a

eles.

Versos 1, 3, 5, 6, 10, 11, 12, 19, 21, 22, 24, 32,

42, 44.

4. Musicalidade: para os simbolistas, há uma relação

fundamental entre música e poesia. Os efeitos sonoros

são amplamente explorados, entre os quais podemos

destacar o uso das aliterações (repetição de sons

consonantais).

A aliteração pode ser vista na estrofe I

(repetição do fonema /s/). O poema todo

apresenta certa musicalidade, facilmente

percebida quando feita uma leitura em voz alta.

Além disso, as estrofes III, IV e XI fazem

menção a sensações auditivas.

5. Hermetismo: a poesia simbolista é complexa, fechada, de difícil

compreensão integral, exigindo maior sensibilidade, intuição e

abstração por parte do leitor.

O poema como um todo demonstra isso, tanto

pelo vocabulário empregado como pelas

construções.

6. Emprego de símbolos cósmicos e religiosos: altares,

incensos, estrelas, constelações, sinos, turíbulos, nuvens, ... são

símbolos frequentemente utilizados pelos simbolistas para sugerir

os estados da alma humana.

Em praticamente todos os versos temos a

presença de símbolos cósmico-religiosos.

Como exemplos, citamos: 2,4,5,6,12.

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7. Emprego de sinestesias: a sinestesia consiste numa figura de

linguagem que procura promover a fusão de sensações (audição,

tato, gustação, olfato, visão), para tentar dizer o indizível, para

tentar sugerir, esboçar aquilo que não pode ser descrito

objetivamente.

O verso 10 é o que melhor ilustra a utilização

da sinestesia: Harmonias (sensação auditiva),

Cor (sensação visual), Perfume (sensação

olfativa).

8. Desejo de transcendência e integração cósmica: em oposição

aos limites do mundo físico e material, os simbolistas apreciam

situações de viagem interior ou cósmica, o extravasamento e a

transcendência do mundo real. Em virtude desta postura um tanto

escapista, foram chamados pejorativamente de nefelibatas

(viviam nas nuvens).

Em especial, as estrofes I e V.

9. Interesse pelas zonas profundas da mente e pela loucura:

interesse em explorar zonas até então desconhecidas da mente

humana (sonhos, alucinações), que começava a ser desvendada

pelos estudos sobre a psicanálise, desenvolvidos por Sigmund

Freud.

Em especial, as estrofes VI, X e XI.

10. Atração pela morte e por elementos decadentes da condição

humana: exploração de temas macabros e satânicos, ambientes

noturnos e misteriosos.

Em especial, a estrofe XI.

PRINCIPAIS AUTORES

CRUZ E SOUSA

Principais obras

Missal (1893) – prosa poética bastante refinada

Broquéis (1893), Faróis (1900), Últimos sonetos

(1905) – poesia

Aspectos centrais

Poesia de sublimação – anulação

da matéria para a liberação de uma

profunda espiritualidade. Comprove

isso versos a seguir:

SIDERAÇÕES

Para as Estrelas de cristais gelados

Na ânsias e os desejos vão subindo,

Galgando azuis e siderais noivados

De nuvens brancas a amplidão vestindo...

Erotismo sensual / espiritual, que demonstra certa

angústia sexual. Exemplo:

SEIOS (IV)

Oásis brancos e miraculosos

Das frementes volúpias pecadoras

Nas paragens fatais, aterradoras

Do Tédio, nos desertos tenebrosos...

(...)

Ó seios virginais, tálamos vivos,

Onde o amor nos êxtases lascivos

Velhos faunos febris dormem sonhando...

Misticismo indefinido – Em vários versos,

observamos um Cruz de Sousa cravejando sua

poesia de símbolos religiosos do culto católico e a

figura de anjos. Já em outros, há constante

referência ao reino das trevas, menção a

demônios e ao inferno. Leia os versos a seguir:

A FLOR DO DIABO

Branca e floral como um jasmim do Cabo

Maravilhosa ressurgiu um dia

A fatal Criação do fulvo Diabo,

Eleita do pecado e da Harmonia.

SINFONIAS DO OCASO

Sacrários virgens, sacrossantas urnas,

Os céus resplendem de sidéreas rosas,

Da Lua e das Estrelas majestosas

Iluminando a escuridão das furnas.

Obsessão pela cor branca e tudo que sugere

brancura – É interessante ressaltar que tal

característica também é muito comum em toda a

poesia simbolista francesa; logo, não é correta a

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afirmação de que tal fixação de Cruz e Sousa na cor

branca seria fruto de uma projeção de seus desejos

inconscientes de ser branco ou que tal cor

significasse apenas uma solução para seus

problemas existenciais. Além disso, o branco

também significa a síntese de todas as cores, uma

vez que todas elas se diluem no branco. Observe:

BRAÇOS

Braços nervosos, brancas opulências,

Brumais brancuras, fúlgidas brancuras,

Alvuras castas, virginais alvuras,

Lactescências das raras lactescências.

ALPHONSUS DE GUIMARAENS

Principais obras

Septenário das Dores de Nossa Senhora (1899);

Dona Mística (1899);

Kyriale (1902).

Aspectos centrais

Alphonsus demonstra em seus versos todas as

principais características simbolistas: a sugestão, a

musicalidade e o desejo de transcendência. Quanto à

temática, o amor, a religiosidade e o escapismo são

bastante frequentes em sua obra.

O traço marcante de Alphonsus vem ser a

descrição idealizada da mulher, normalmente uma

virgem inacessível tragada pela morte – talvez a

herança do desgosto pela perda da noiva Constança.

Já quanto à religiosidade, percebemos em seus versos

um eu lírico completamente rendido à fé e aos motivos

católicos.

Seleção de trechos

NINGUÉM ANDA COM DEUS MAIS DO QUE EU ANDO...

Ninguém anda com Deus mais do que eu ando,

Ninguém segue os seus passos como sigo.

Não bendigo a ninguém, e nem maldigo:

Tudo é morto num peito miserando.

Vejo o sol, vejo a lua e todo o bando

Das estrelas no olímpico jazigo.

A misericordiosa mão de Deus o trigo

Que ela plantou aos poucos vai ceifando.

E vão-se as horas em completa calma.

Um dia (já vem longe ou já vem perto?)

Tudo que sofro e sofri se acalma.

Ah se chegasse em breve o dia incerto!

Far-se-á luz dentro de mim, pois a minh’alma

Será trigo de Deus no céu aberto...

ISMÁLIA

Quando Ismália enlouqueceu,

Pôs-se na torre a sonhar...

Viu uma lua no céu,

Viu outra lua no mar...

No sonho em que se perdeu,

Banhou-se toda em luar...

Queria subir ao céu,

Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,

Na torre pôs-se a cantar...

Estava perto do céu,

Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu

As asas para voar...

Queria a lua do céu,

Queria alua do mar...

As asas que Deus lhe deu

Ruflaram de par em par...

Sua alma subiu ao céu,

Seu corpo desceu ao mar...

AUGUSTO DOS ANJOS

Aspectos centrais

Um caso à parte na literatura brasileira: esta é a

melhor forma de classificarmos a produção poética de

Augusto dos Anjos, autor que não pode ser encaixado

plenamente em qualquer dos “-ismos” do final do

século XIX e início do século XX, tendo lançado

apenas um livro, intitulado Eu (1912). Na realidade, o

autor se valeu de todas as estéticas existentes para

escrever seus versos. Vejamos:

Seus poemas apresentam o rigor formal e o apuro

técnico típicos do Parnasianismo.

Sua poesia constantemente tematiza os aspectos

decadentes da condição humana, o viver doloroso,

numa linguagem bastante simbólica, melódica e

sugestiva, características que se configuram como

próprias ao Simbolismo.

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A visão pessimista a respeito da sociedade e da

condição humana demonstra alguns pontos de

contato com o Realismo propriamente dito.

A utilização de um vocabulário cientificista, repleto

de termos considerados não poéticos – tais como:

amoníaco, escarro, vermes, mamífero,

malacopterígios, flamívomos, Zooplasma, ... – faz-

nos lembrar o Naturalismo. A propósito: esse

vocabulário tão inusitado torna inconfundíveis os

poemas de Augusto dos Anjos.

A deformação radical da realidade, o traço grotesco,

violento e hiperbólico assemelham-se

essencialmente ao Expressionismo, vanguarda

artística de que, curiosamente, Augusto não tinha

conhecimento.

Sua visão multifacetada de realidade, misturando

filosofia, religião oriental, ciências naturais, o faz um

antecipador de tendências modernistas, que viriam

desabrochar no Brasil apenas a partir de 1922, com

a realização da Semana de Arte Moderna.

A morte é um dos temas mais frequentes em

suas obras; a morte seguida pela decomposição do

indivíduo até este voltar a ser apenas elemento

químico. É o niilismo existencial, o vazio da existência

humana.

Seleção de trechos

VERSOS ÍNTIMOS

Vês?! Ninguém assistiu ao formidável

Enterro de tua última quimera.

Somente a Ingratidão — esta pantera —

Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!

O Homem, que, nesta terra miserável,

Mora, entre feras, sente inevitável

Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!

O beijo, amigo, é a véspera do escarro,

A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,

Apedreja essa mão vil que te afaga,

Escarra nessa boca que te beija!

PSICOLOGIA DE UM VENCIDO

Eu, filho do carbono e do amoníaco,

Monstro de escuridão e rutilância,

Sofro, desde a epigênese da infância,

A influência má dos signos do zodíaco.

Profundissimamente hipocondríaco,

Este ambiente me causa repugnância...

Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia

Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme — este operário das ruínas —

Que o sangue podre das carnificinas

Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,

E há-de deixar-me apenas os cabelos,

Na frialdade inorgânica da terra!

BUDISMO MODERNO

Tome, Dr., esta tesoura, e... corte.

Minha singularíssima pessoa.

Que importa a mim que a bicharia roa

Todo o meu coração, depois da morte?!

Ah! Um urubu pousou na minha sorte!

Também, as diatomáceas da lagoa

A criptógama cápsula se esbroa

Ao contato de bronca destra forte!

Dissolva-se portanto, minha vida

Igualmente a uma célula caída

Na aberração de um óvulo infecundo;

Mas o agregado abstrato das saudades

Fique batendo nas perpétuas grades

Do último verso que eu fizer no mundo!

Outros poetas simbolistas

Podemos citar ainda, como bons poetas

simbolistas: o paranaense Emiliano Perneta, Mário

Pederneiras, Eduardo Guimaraens e outros.

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TESTES

Leia os fragmentos abaixo para responder à questão:

Texto 1

SE EU MORRESSE AMANHÃ

Se eu morresse amanhã, viria ao menos

Fechar meus olhos minha triste irmã;

Minha mãe de saudades morreria,

Se eu morresse amanhã!

Álvares de Azevedo. Lira dos vinte anos

Texto 2

ANTÍFONA

Ó Formas alvas, brancas, Formas claras

De luares, de neves, de neblinas!...

Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas...

Incensos dos turíbulos das aras...

Cruz e Souza. Broquéis

Texto 3

TRISTE BAHIA

Triste Bahia! ó quão dessemelhante

Estás e estou do nosso antigo estado!

Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,

Rica te vi eu já, tu a mi abundante.

Gregório de Matos. In Antonio Dimas. Literatura Comentada

01. (UFTO) – Os fragmentos acima representam os

estilos de época, respectivamente:

a) Romantismo, Simbolismo e Barroco;

b) Romantismo, Parnasianismo e Barroco;

c) Barroco, Arcadismo e Simbolismo;

d) Modernismo, Romantismo e Simbolismo;

e) Parnasianismo, Barroco e Modernismo.

02. (ESPCEX – SP) – Leia as afirmações abaixo e

assinale a única alternativa correta:

a) A poesia parnasiana, numa atitude antirrealista,

buscava uma expressão maior da interioridade do

artista. Para isso, o poeta contava principalmente

com sua inspiração, associada a temáticas

pitorescas.

b) A característica mais marcante do Parnasianismo

é o culto da forma, representado pelas formas

fixas, como o soneto, pela metrificação rigorosa e

pelas rimas perfeitas. A beleza do poema deveria

ser alcançada a qualquer custo.

c) Os naturalistas resgatam o preceito grego da

“Arte pela Arte”, produzindo obras desvinculadas

da realidade e sem qualquer compromisso com a

investigação social.

d) O Simbolismo aceita o Realismo e suas

manifestações. De fato, a nova estética

compartilha com as ideias do Cientificismo,

Materialismo, valorizando, em contrapartida, as

manifestações metafísicas e espirituais.

e) O estilo Barroco, também chamado Quinhentismo,

nasceu da crise dos valores renascentistas,

ocasionada pelas lutas religiosas e pelas

dificuldades econômicas decorrentes da falência

do comércio com o Oriente.

03. (UFSM – RS) – O tratamento literário conferido à

natureza ao longo do século XIX revela que,

I. no Romantismo, a natureza brasileira vale

sobretudo por seu exotismo, servindo de cenário

poderoso para a ação de heróis indomáveis, o

que era preciso para a afirmação de nossa

nacionalidade. É o caso do índio, do bandeirante,

do gaúcho, do sertanejo, e mesmo do jesuíta,

retratado em poema de Castro Alves.

II. no Naturalismo, a natureza tropical é

responsabilizada pela conduta transgressiva dos

homens, oferecendo uma versão pejorativa do

Brasil em O cortiço, de Aluísio Azevedo, o que

vai de encontro ao ufanismo dos escritores

românticos.

III. no Parnasianismo, de inspiração clássica, a

paisagem é vista de modo objetivo e impessoal e

se resume à pintura de fenômenos naturais; no

Simbolismo, as preocupações metafísicas e

espirituais desconstroem o real e restauram o

subjetivismo, transformando a natureza numa

fonte de sinestesias e correspondências.

IV. no Brasil, o Parnasianismo acaba perdendo a

objetividade e impregna-se de elementos do

Simbolismo, que, afinal, é um prolongamento do

espírito romântico. Assim, nos grandes poetas

parnasianos, a natureza se configura a partir do

estado de alma do eu poético.

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LITERATURA BRASILEIRA – TERCEIRÃO E EXTENSIVO 2015

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Está(ão) correta(s)

a) apenas I;

b) apenas II;

c) apenas I, II e III;

d) apenas III e IV;

e) I, II, III e IV.

04. (UCS – RS) – O Simbolismo foi um movimento

literário de grande repercussão na produção dos

escritores brasileiros. Nesse período, eles buscaram

evocar e sugerir imagens, explorando as experiências

sensoriais. Leia o fragmento do poema Cárcere das

Almas, de Cruz e Sousa, um dos representantes do

Simbolismo:

Tudo se veste de uma igual grandeza

Quando a alma entre grilhões as liberdades

Sonha e sonhando, as imortalidades

Rasga no etéreo Espaço da Pureza.

Analise a veracidade (V) ou a falsidade (F) das

proposições abaixo, sobre o fragmento do poema:

( ) Nesse fragmento, é possível perceber o estado

onírico, uma das características típicas do período

literário em questão.

( ) O sujeito lírico deseja a liberdade, buscando

encontrá-la no mundo das aparências.

( ) Ao grafar as palavras Espaço e Pureza em

maiúsculo, o poeta sugere uma personificação

das ideias contidas nesses vocábulos.

Assinale a alternativa que preenche corretamente os

parênteses de cima para baixo:

a) V – F – F d) V – F – V

b) V – V – V e) F – V – V

c) F – V – F

Texto para a questão 05:

Referir-se a um objeto pelo seu nome é

suprimir a três quartas partes da fruição do poema, que

consiste na felicidade de adivinhar pouco a pouco:

sugeri-lo, eis o sonho. É o uso perfeito desse mistério que

constitui o símbolo; evocar pouco a pouco um objeto e

desprender-se dele um estado de alma, uma série de

decifrações.

Mallarmé

05. (UEPG – PR) – O autor faz referência à construção

da poesia simbolista e destaca-lhe características.

Com base no fragmento, assinale o que for correto:

01) A sugestão predomina sobre a descrição: as

imagens produzidas são vagas, diluídas, suaves.

02) Misticismo: o simbolista busca o inatingível, o

oculto e o misterioso.

04) O jogo dos sentimentos exacerbados, com

alargamento da subjetividade pela

espontaneidade coloquial.

08) Liberdade formal, com incorporação e valorização

do prosaico, do vulgar, do cotidiano, e pela livre

associação de ideias.

16) Emprego de inusitadas combinações entre sons,

cores e perfumes para expressar imagens e

sensações pertencentes a diferentes domínios

dos sentidos.

06. (FURG – RS) – Leia o soneto Madona da

Tristeza, de Cruz e Sousa, e as afirmativas feitas

tendo em vista a sua parte formal:

Quando te escuto e te olho reverente

E sinto a tua graça triste e bela

De ave medrosa, tímida, singela,

Fico a cismar enternecidamente.

Tua voz, teu olhar, teu ar dolente

Toda a delicadeza ideal revela

E de sonhos e lágrimas estrela

O meu ser comovido e penitente.

Com que mágoa te adoro e te contemplo,

Ó da Piedade soberano exemplo,

Flor divina e secreta da Beleza.

Os meus soluços enchem os espaços

Quando te aperto nos estreitos braços,

Solitária madona da Tristeza!

I. Quanto à métrica, observa-se que o soneto é todo

composto de versos decassílabos.

II. O esquema de rimas do soneto pode ser

resumido como ABBA / ABBA / CCD / EED.

III. O uso de substantivos com iniciais maiúsculas é

uma característica da poesia simbolista de Cruz e

Sousa.

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LITERATURA BRASILEIRA – TERCEIRÃO E EXTENSIVO 2015

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Com base nas afirmativas acima, pode-se

considerar que

a) todas estão corretas.

b) todas estão erradas.

c) I e II estão corretas.

d) I e III estão corretas.

e) II e III estão corretas.

07. (PUCPR) – Assinale o que for incorreto a respeito

da estética simbolista e da poesia de Cruz e Sousa:

a) Os poetas simbolistas se opunham ao objetivismo

cientificista dos realistas/naturalistas.

b) Cruz e Sousa é o maior representante da estética

simbolista no país. Porém, nas primeiras décadas

do século XX, observa-se uma grande expansão

do Simbolismo no Sul do Brasil, sendo o Paraná

um dos estados com maior número de

manifestações poéticas dessa escola, seja pelas

revistas que foram criadas, seja pelos poetas que

foram revelados.

c) Verifica-se na estética simbolista o culto à

musicalidade do poema, em sintonia com a busca

pela espiritualidade, um dos temas predominantes

na poesia de Cruz e Sousa.

d) O Simbolismo brasileiro recupera de modo

inequívoco os procedimentos e os temas do

Romantismo, valorizando o sentimento

nacionalista e as ideias abolicionistas.

e) Para os simbolistas, a poesia, experiência

transcendente, é uma forma pela qual se alcança

o sentido oculto das coisas e das vivências.

08. (PUCPR) – Leia o poema a seguir, de Cruz e

Sousa, para responder à questão:

SINFONIAS DO OCASO

Musselinosas como brumas diurnas

descem do ocaso as sombras harmoniosas,

sombras veladas e musselinosas para as

profundas solidões noturnas.

Sacrários virgens, sacrossantas urnas,

os céus resplendem de sidéreas rosas,

da Lua e das Estrelas majestosas

iluminando a escuridão das furnas.

Ah! por estes sinfônicos ocasos

a terra exala aromas de áureos vasos,

incensos de turíbulos divinos.

Os plenilúnios mórbidos vaporam ...

E como que no Azul plangem e choram

cítaras, harpas, bandolins, violinos ...

I. O uso de maiúsculas no poema remete a uma

característica da poesia simbolista.

II. A temática do soneto não é simbolista.

III. A sinestesia está presente nos tercetos do soneto.

IV. Os versos “Ó Formas alvas, brancas, Formas

claras/De luares, de neves, de neblinas”, do

poema Antífona, apresentam vocabulário que

remete ao mesmo campo semântico de brumas e

plenilúnios.

a) Apenas as assertivas I e II estão corretas.

b) Apenas as assertivas I, III e IV estão corretas.

c) Apenas a assertiva I está correta.

d) Todas as assertivas estão corretas.

e) Apenas a assertiva II está correta.

09. (ENEM) – Texto:

CÁRCERE DAS ALMAS

Ah! Toda a alma num cárcere anda presa,

Soluçando nas trevas, entre as grades

Do calabouço olhando imensidades,

Mares, estrelas, tardes, natureza.

Tudo se veste de uma igual grandeza

Quando a alma entre grilhões as liberdades

Sonha e, sonhando, as imortalidades

Rasga no etéreo o Espaço da Pureza.

Ó almas presas, mudas e fechadas

Nas prisões colossais e abandonadas,

Da Dor no calabouço, atroz, funéreo!

Nesses silêncios solitários, graves,

que chaveiro do Céu possui as chaves

para abrir-vos as portas do Mistério?!

Cruz e Sousa

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LITERATURA BRASILEIRA – TERCEIRÃO E EXTENSIVO 2015

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Os elementos formais e temáticos relacionados ao

contexto cultural do Simbolismo encontrados no

poema Cárcere das almas, de Cruz e Sousa, são

a) a opção pela abordagem, em linguagem simples e

direta, de temas filosóficos.

b) a prevalência do lirismo amoroso e intimista em

relação à temática nacionalista.

c) o refinamento estético da forma poética e o

tratamento metafísico de temas universais.

d) a evidente preocupação do eu lírico com a

realidade social expressa em imagens poéticas

inovadoras.

e) a liberdade formal da estrutura poética que

dispensa a rima e a métrica tradicionais em favor

de temas do cotidiano.

10. (UFPA) – Leia o poema Ismália, de Alphonsus de

Guimaraens:

Quando Ismália enlouqueceu,

Pôs-se na torre a sonhar...

Viu uma lua no céu,

Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,

Banhou-se toda em luar...

Queria subir ao céu,

Queria descer ao mar...

E no desvario seu,

Na torre pôs-se a cantar...

Estava perto do céu,

Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu

As asas para voar...

Queria a lua do céu,

Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu

Ruflaram de par em par...

Sua alma subiu ao céu,

Seu corpo desceu ao mar...

Considerando que Alphonsus de Guimaraens é um

dos principais representantes do Simbolismo brasileiro,

é verdadeiro afirmar que, no poema transcrito,

a) os versos privilegiam as lembranças, a

imaginação, de onde emergem os infância

perdida do poeta.

b) o poeta consegue, valendo-se da loucura de

Ismália, realizar a transcendência espiritual,

proposta pelo movimento simbolista.

c) o metro, exigido pela poesia tradicional, perde a

importância e o rigor; a linguagem é simples e as

imagens refletem fielmente a realidade.

d) o tema do amor de Ismália e o da sua morte

fundem-se em uma espécie de realismo

exacerbado, próprio do movimento naturalista.

e) a religiosidade exerce sobre o poeta uma força

sobrenatural, o que o leva a valorizar o

sentimento místico e a sufocar os desejos

reprimidos da adolescência.

11. (UNICURITIBA – PR) – Sobre a poesia brasileira

no século XIX, avalie as afirmativas a seguir:

a) Se o indianismo de Gonçalves Dias, na primeira

geração, teve papel fundamental na idealização

da nação de recente independência, a poesia

social de Castro Alves teve sentido revolucionário

na terceira geração.

b) Em Castro Alves, existe uma afinidade entre a

vivência concreta da relação amorosa e o

engajamento na campanha abolicionista, que

marcou o americanismo da terceira geração.

c) No Brasil, a poesia do mal do século, da segunda

geração, esteve vinculada à depressão gerada

pelas desigualdades sociais da economia

cafeeira. É na geração seguinte que o problema

será enfrentado não pela introspecção subjetiva,

mas pela participação ativa dos poetas.

d) A forma clássica, com destaque para o soneto

esteticamente trabalhado, predominou no

movimento parnasiano e no simbolista, neste com

ênfase na musicalidade e na vagueza subjetiva

das imagens.

e) Apesar de terem desenvolvido uma forma mais

elaborada, parnasianos e simbolistas não

abandonaram a perspectiva idealizante e religiosa

da maioria dos românticos. Mantiveram a

idealização da natureza e do amor e se opuseram

às tendências tecnicistas e naturalistas do final do

século.

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LITERATURA BRASILEIRA – TERCEIRÃO E EXTENSIVO 2015

10

12. (PUCPR) – Leia com atenção os dois poemas:

TEUS OLHOS

Cruz e Sousa

Teus olhos – esses carinhos,

Esse casal de ilusões

Tão doces como os arminhos,

Teus olhos – esses carinhos

Parecem ser os dois ninhos

Das minhas consolações,

Teus olhos – esses carinhos

Esse casal de ilusões!...

A VOZ DO AMOR

Olavo Bilac

Nessa pupila rútila e molhada,

Refúgio arcano e sacro da ternura,

A ampla noite do gozo e da loucura

Se desenrola, quente e embalsamada.

E quando a ansiosa vista desvairada

Embebo às vezes nessa noite escura,

Dela rompe uma voz que, entrecortada,

De soluços e cânticos, murmura...

É a voz do amor, que, em teu olhar falando,

Num concerto de súplicas e gritos

Conta a história de todos os amores; (...)

Os autores desses poemas pertencem a estéticas e

momentos artísticos diferentes, Olavo Bilac ao

Parnasianismo e Cruz e Sousa ao Simbolismo.

Assinale a alternativa que, baseada nos dois poemas,

comenta corretamente essa classificação:

a) O Parnasianismo é a arte do absoluto, daí o

emprego das palavras em maiúsculas e o apelo à

música; o Simbolismo é lírico e previsível, com

repetições de palavras simples e sonoras.

b) O Parnasianismo tem métrica regular, com uso da

interrupção musical no meio do verso, enquanto o

Simbolismo obedece às leis do verso livre.

c) O poema de Olavo Bilac citado se aproxima do

Simbolismo pelo uso da intensa adjetivação, de

palavras que denotam dores e a perda da razão,

além de ambientação noturna, ao passo que o

poema de Cruz e Sousa se aproxima da

sonoridade e do lirismo românticos.

d) Há muito otimismo no Simbolismo em geral e

muita lamentação e tristeza nos poemas

parnasianos, de que “A Voz do amor” é um

adequado representante.

e) “Teus olhos” é um poema simbolista pela

repetição de versos e a rima regular, que tende

para a suavidade do diminutivo em – inho,

enquanto “A Voz do Amor” abusa de uma

sonoridade endurecida e pesada (-ada e –ura),

além de adjetivos em demasia.

13. (UNICURITIBA – PR) – Do livro Últimos

sonetos, de Cruz e Sousa, extraímos o texto abaixo.

Leia-o atentamente e avalie as afirmativas a seguir:

O ASSINALADO

Tu és o louco da imortal loucura,

O louco da loucura mais suprema.

A Terra é sempre tua negra algema,

Prende-te nela a extrema desventura.

Mas essa mesma algema de amargura,

Mas essa mesma desventura extrema

Faz que tua alma suplicando gema

E rebente em estrelas de ternura.

Tu és o Poeta, o grande Assinalado

Que povoas o mundo despovoado

De belezas eternas pouco a pouco.

Na Natureza prodigiosa e rica

Toda a audácia dos nervos justifica

Os teus espasmos imortais de louco!

a) O poema exemplifica a forma parnasiana em voga

entre o final do século XIX e primeiras décadas do

século XX: o soneto em decassílabos, com rimas

intercaladas nos quartetos e misturadas nos

tercetos.

b) Apesar da forma de corte parnasiano, a

intensidade da expressão subjetiva, marcada pela

tragédia espiritual e existencial, é exemplo da

poesia simbolista.

c) Nos dois primeiros versos (primeira estrofe)

predomina a assonância das vogais posteriores

(o-u), enquanto nos dois últimos (primeira estrofe)

predomina a aliteração das oclusivas e das

vibrantes (t-p-g-d-r), o que colabora para aludir ao

mundo espiritual e ao material, respectivamente.

Page 11: Aula 15 - EXT - Simbolismo.pdf

LITERATURA BRASILEIRA – TERCEIRÃO E EXTENSIVO 2015

11

d) Segundo a perspectiva do poeta, a dor da

existência terrena (no caso derivada de sua

situação de negro numa sociedade recém-

escravista) é fruto de um sistema social opressor,

que leva à loucura num mundo marcado pela

beleza e pela promessa de vida.

e) Ao grafar “natureza” com inicial maiúscula, o

poeta faz referência ao avanço das ciências

naturais, que prometiam, na época como hoje, a

nova luz do saber e a possibilidade de redenção e

libertação social no seio generoso da Terra.

Texto para a questão 14:

VERSOS A UM COVEIRO

Augusto dos Anjos

Numerar sepulturas e carneiros,

Reduzir carnes podres a algarismos,

Tal é, sem complicados silogismos,

A aritmética hedionda dos coveiros!

Um, dois, três, quatro, cinco... Esoterismos

Da Morte! E eu vejo, em fúlgidos letreiros,

Na progressão dos números inteiros

A gênese de todos os abismos!

Oh! Pitágoras da última aritmética,

Continua a contar na paz ascética

Dos tábidos carneiros sepulcrais

Tíbias, cérebros, crânios, rádios e úmeros,

Porque, infinita como os próprios números,

A tua conta não acaba mais!

ANJOS, Augusto dos. Toda a poesia

14. (UNIRIO – RJ)

a) Os versos de Augusto dos Anjos (1884 – 1914) já

foram considerados "exatos como fórmulas

matemáticas". ROSENFELD, Anatol. A costeleta de prata de A. dos Anjos

Justifique essa afirmativa, destacando aspectos

formais do texto.

____________________________________________

____________________________________________

____________________________________________

____________________________________________

____________________________________________

b) Transcreva de "Versos a um coveiro" palavras e

expressões científicas, estabelecendo um

contraste entre o poema de Augusto dos Anjos e a

tradição romântica, no que se refere à abordagem

da temática da morte.

____________________________________________

____________________________________________

____________________________________________

____________________________________________

GABARITO

01. a

02. b

03. c

04. d

05. 19 (01,02,16)

06. a

07. d

08. b

09. c

10. b

11. C – C – E – C – E

12. c

13. C – C – C – C – E

14.

a) A precisão matemática pode ser observada no

rigor formal que estrutura o poema: a forma

clássica do soneto (14 versos, 2 quartetos, 2

tercetos); e métrica e rimas regulares

(predominância de versos decassílabos; nos

quartetos as rimas obedecem ao esquema abba –

rimam as últimas palavras do primeiro e quarto

versos e as do segundo e terceiro versos – e nos

tercetos, o esquema é aab ).

b) O poema faz uso de palavras e expressões do

campo semântico da matemática (“algarismos”;

“silogismos”; “aritmética”; “progressão dos

números inteiros”; “Pitágoras”) e da biologia

(“Tíbias, cérebros, crânios, rádios e úmeros”). O

emprego de termos técnicos racionaliza a morte,

tratada como realidade objetiva, quantificável, sem

mistificação. Tal perspectiva contrasta com o

sentimentalismo e subjetivismo da tradição

romântica, que idealiza a morte como evento

transcendental.