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10 – NOTA PROMISSÓRIA 10.1. Conceito: Entende-se por nota promissória a promessa de pagamento de certa soma em dinheiro, feita, por escrito, por uma pessoa, em favor de outra ou à sua ordem. 10.2. Figuras Intervenientes: SACADOR EMITENTE DEVEDOR TOMADOR BENEFICIÁRIO CREDOR Não existe a figura do sacado, próprio da Letra de Câmbio. O emitente da nota promissória é equiparado ao aceitante da letra de câmbio, conforme determina o art. 78 da L.U.G. c/c o art. 56, primeira alínea do Dec. 2044/08. 10.2 – Aceitante da Letra e emitente da nota:

Aula 8 - Nota Promossória(1)

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10 – NOTA PROMISSÓRIA

10.1. Conceito:

Entende-se por nota promissória a promessa de pagamento de certa soma em

dinheiro, feita, por escrito, por uma pessoa, em favor de outra ou à sua ordem.

10.2. Figuras Intervenientes:

SACADOR EMITENTE DEVEDOR

TOMADOR BENEFICIÁRIO CREDOR

Não existe a figura do sacado, próprio da Letra de Câmbio.

O emitente da nota promissória é equiparado ao aceitante da letra de câmbio,

conforme determina o art. 78 da L.U.G. c/c o art. 56, primeira alínea do Dec. 2044/08.

10.2 – Aceitante da Letra e emitente da nota:

Ao teor do que dispõe o art. 77 da LUG, é aplicável à nota promissória (NP), na parte que não

sejam contrárias à sua natureza, as disposições relativas às letras de câmbio concernentes ao

endosso, vencimento, pagamento, direito de ação, pagamento por intervenção, cópias,

alterações, prescrição, dias feriados, contagem de prazos e interdição de dias de perdão.

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Os requisitos da nota promissória são aqueles descritos no art. 75 da LUG, com as normas

subsidiárias do art. 76 do mesmo diploma.1

Como nas letras de câmbio, nas notas promissórias há o vencimento a certo termo

de vista (cf. Art. 78, LUG), que devem ser presente ao emitente, no prazo de um ano, para que

possam ser vistadas dando início ao cômputo do prazo de vencimento da cambial, uma vez

que o termo de vista se conta deste visto dado pelo emitente. A recusa do visto não gera o

vencimento antecipado da NP, impondo-se o protesto por falta de visto, cuja data serve de

início do termo de vista.

10.3 – Nota promissória vinculada a contrato:

É comum na prática deparar-se com uma nota promissória vinculada a um

contrato de mútuo. Nessa circunstância, a nota promissória deixa de ser um título abstrato,

para ser um título causal, pois se liga a causa que lhe deu origem. Também deixa de ser um

título independente, ou seja, não é per se stante, já que depende de outro documento.

Destarte, a cambial jungida ao avençado não é emitida como promessa de pagamento, mas

como garantia do contrato (REsp 262623 / RS).

Súmula 27 do STJ: “Pode a execução fundar-se em mais de um título extrajudicial

relativos ao mesmo negócio”.

10.4 – Nota promissória pro solvendo:

A expressão latina é composta da preposição pro (a título de) e solvendo (do que

está se pagando), que se traduz a título do que está se pagando, para exprimir a futura entrega

em definitivo do que se faz a respeito da obrigação, seja da prestação ou de coisa que lhe seja

equivalente.

Note-se então que o verbo pro solvendo está empregado no gerúndio.

Exemplificando-se: se uma nota promissória vinculada a contrato de compra e

venda foi emitida em caráter pro solvendo, nada mais quer dizer que a quitação do objeto

contratado se dará na medida em que as prestações forem honradas. No caso de não

pagamento da cambial, o vendedor poderá desfazer o negócio.

Logo, a emissão da cambial pro solvendo é harmônica com a possibilidade da

rescisão contratual, multa e arras.

1 Súmula nº 258, STJ: “A nota promissória vinculada a contrato de abertura de crédito não goza de autonomia em razão da iliqüidez do título que a originou.”

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10.5 – Nota promissória pro soluto:

A expressão latina é composta da preposição pro (a título de) e solutio

(pagamento), que se traduz a título de pagamento, para exprimir a entrega do que se faz a

respeito da obrigação, seja da prestação ou de coisa que lhe seja equivalente, a título de

pagamento ou para valer como pagamento ou de satisfação da dívida.

Vale então anotar que verbo pro soluto está empregado no passado.

Exemplo: se uma nota promissória vinculada a contrato de compra e venda foi

emitida em caráter pro soluto, nada mais quer dizer que o objeto contratado está quitado. No

caso de não pagamento da cambial, o vendedor não poderá desfazer o negócio, restando

apenas a execução da cambial contra o comprador. Nessa ordem de idéias, é certo que a boa

técnica jurídica coaduna a emissão da cambial pro soluto com a cláusula contratual da

irrevogabilidade e irretratabilidade, e, por outro lado, por óbvio, é antagônica com a

possibilidade de rescisão contratual e multa.

No que diz respeito ainda à emissão de títulos pro solvendo e pro soluto, anote-se

os precisos dizeres do Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira, relator do REsp 4292, unânime,

no que alude a compra e venda de imóvel com pagamento de cheques, verbis:

“Impende ainda considerar que não se apresenta crível que, tendo assinado um contrato no qual declara haver recebido em espécie, e havendo recebido efetivamente em cheque, com vencimento posterior, o credor tenha aceitado tais títulos como pagamento, ou seja pro soluto. (...) Como é cediço, nesse tipo de negócio, aguarda-se a compensação dos cheques inclusive para outorga de escritura, razão peal qual o recebimento dos títulos é via de regra pro solvendo, isto é, para pagamento.”

Nesse sentido também já se posicionou o egrégio TJDFT:

“DIREITO COMERCIAL E DIREITO PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. PAGAMENTO PRO SOLUTO E PRO SOLVENDO. NO PAGAMENTO PRO SOLUTO, A DÍVIDA CONTRATUAL DESAPARECE; É SUBSTITUÍDA PELO PRÓPRIO TÍTULO. QUANDO DO CONJUNTO PROBATÓRIO NÃO FICA CARACTERIZADO CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS VINCULANDO AS NOTAS PROMISSÓRIAS, INFERE-SE QUE FORAM EMITIDOS DE FORMA PRO SOLUTO, ISTO É, QUE OS TÍTULOS FORAM DADOS COMO PAGAMENTO DA DÍVIDA, E NÃO EM PAGAMENTO DA DÍVIDA ( PRO SOLVENDO).”

(2007 01 1 074116-4 APC , Desembargador Relator Waldir Leôncio C. Lopes Júnior, 2ª

Turma Cível, D.J. 15/10/2008 – UNÂNIME).

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10.6 – Nota promissória com pacto adjeto:

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Pacto adjeto é a denominação dada a toda cláusula inserta em um contrato, da

qual se deriva uma obrigação acessória. Diz-se justamente adjeto porque é convenção ou

ajuste promovido dentro de um contrato, constituindo-se em cláusula ou obrigação ligada à

principal, mas não própria à composição do contrato. É o mesmo que pacto acessório. Os

pactos adjetos objetivam cláusulas de multa.

Nessas circunstâncias, um nota promissória com pacto adjeto se traduz a emissão

de uma futura ordem de pagamento com a disposição de cláusulas acessórias, como a multa e

juros.

Em caso de vencimento e não pagamento, a cambial com pacto adjeto será

devida com o acréscimo da multa e dos juros ali dispostos.