AULA DE CAMPO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A CRIANÇA E …educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2015/21247_11418.pdf · O presente estudo aborda a aula de campo enquanto recurso didático e

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  • ISSN 2176-1396

    AULA DE CAMPO NA EDUCAO INFANTIL: A CRIANA E AS

    RELAES MATEMTICAS

    Marcos Jos Andrade Lima1-UFPB

    Nadja Maria de Menezes Morais2-UNAVIDACE

    Luizyana Magda Coelho dos Santos3- PUCSP

    Lucy Maia de Albuquerque Mariz 4 UFPB

    Grupo de Trabalho - Didtica: Teorias, Metodologias e Prticas.

    Agncia Financiadora: Associao Promocional do Poder Legislativo-APPL/Assembleia

    Legislativa do Estado da Paraba-ALPB

    Resumo

    O presente estudo aborda a aula de campo enquanto recurso didtico e suas contribuies para

    a aprendizagem das relaes lgico-matemticas, identificao dos nmeros, noes de

    quantidade e suas correlaes com o valor monetrio. O estudo foi aplicado com os alunos da

    turma do Infantil V da Creche Pr-escola ngela Maria Meira de Carvalho, vinculada

    Assembleia Legislativa do Estado da Paraba na cidade de Joo Pessoa-PB. Participaram 30

    crianas com idade entre 5 e 6 anos, sendo 13 meninos e 17 meninas, alm de 2 professores e

    3 auxiliares. Com proposta qualitativa e descritiva o estudo considera que existe uma relao

    entre o mundo e o sujeito que no pode ser traduzida em nmeros. Como pesquisa ao, a

    coleta de dados foi feita por observao sistemtica e participante, com planejamento de aes

    e participao ativa dos pesquisadores. O estudo foi dividido em trs momentos: roda de

    conversa inicial na sala de aula; aula de campo no supermercado; avaliao e discusso dos

    resultados na sala de aula. A aula de campo possibilitou aos alunos ampliarem suas

    percepes sobre as noes matemticas e os nmeros. A interao entre os alunos, a

    socializao de ideias, a troca de informaes e a prpria vivncia no campo favoreceram e

    ampliaram o raciocnio lgico matemtico, alm de facilitar a soluo de situaes problema e

    incentivar questionamentos pertinentes sobre a matemtica no cotidiano. Percebeu-se atravs

    deste estudo a importncia de se utilizar a aula de campo como procedimento didtico para o

    1Especialista em Fisiologia do Exerccio pela Faculdade Integrada de Patos FIP. Licenciatura Plena Educao

    Fsica pela Universidade Federal da Paraba UFPB. Graduando Bacharelado em Nutrio UNPB. Membro do

    Laboratrio de Estudos e Pesquisas em Educao Fsica, Esporte e Lazer da Paraba LEPELUFPB. Professor de Educao Fsica e Psicomotricidade da Creche Pr Escola ngela Maria Meira de Carvalho da Assembleia

    Legislativa da Paraba. E-mail: [email protected] 2Mestranda em Educao pela Florida Christian University. Especialista em Educao Global e Educao

    Infantil pelo Centro Integrado de Tecnologia e Pesquisa CINTEP. Licenciada em Pedagogia pela Universidade

    Estadual Vale do Acara UNAVIDA. Professora Titular da Creche Pr Escola ngela Maria Meira de Carvalho

    da Assembleia Legislativa da Paraba. CE-mail: [email protected] 3Mestranda em Psicologia da Educao pela Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo PUCSP. Licenciatura

    Plena em Pedagogia pela Universidade Estadual Vale do Acara UNAVIDA. Coordenadora Pedaggica da

    Creche Pr Escola ngela Maria Meira de Carvalho da Assembleia Legislativa da Paraba. E-mail:

    [email protected].

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    ensino da matemtica na educao infantil, possibilitando a criana enquanto sujeito ativo,

    realizar intervenes no seu meio social.

    Palavras-chave: Educao Infantil. Aula de Campo. Matemtica.

    Introduo

    A educao infantil a primeira etapa da Educao Bsica, de acordo com a Lei de

    Diretrizes e Bases da Educao 9394/1996 tem como finalidade o desenvolvimento integral

    da criana at seis anos de idade, em seus aspectos fsico, psicolgico, intelectual e social,

    complementando a ao da famlia e da comunidade. No entanto, carece de metodologias

    inovadoras e abordagens especficas, principalmente no que se refere ao processo de ensino

    aprendizagem.

    Proporcionar desafios significantes aos alunos da educao infantil precisa ser um

    objetivo real na prtica do professor, que deve entender o conhecimento como algo que se

    constri a partir das vivncias e das relaes interpessoais. O educador que tem de fato

    conscincia da capacidade construtora das crianas disponibilizar meios adequados para que

    as mesmas desvendem os mais imprescindveis conhecimentos para a vida em sociedade.

    Segundo Friedmann (1996) a educao deve ter a preocupao de propiciar a todas as

    crianas um desenvolvimento integral e dinmico (cognitivo, afetivo, lingustico, social,

    moral e fsico-motor), assim como o acesso e a construo dos conhecimentos socialmente

    disponveis do mundo fsico e social. A educao deve possibilitar s crianas tornar possvel

    a construo de sua autonomia, criticidade, criatividade, responsabilidade e cooperao.

    Portanto, a aprendizagem exige aes intencionais de ensino que direcionem os alunos a

    ampliar os significados que elaboram mediante suas interaes com o meio.

    A proposta de novas metodologias para o ensino da Matemtica na educao infantil

    precisa estar pautada na explorao de uma vasta variedade de noes e vivencias, no apenas

    baseadas na decodificao e quantificao de nmeros, mas naquelas que desenvolvam suas

    noes matemticas e lgicas, permitindo criana o desenvolvimento integral e a insero

    desta nas relaes sociais. Diante das perspectivas supracitadas originou-se a seguinte

    questo: a aula de campo como procedimento didtico influencia na aquisio das relaes

    matemticas para crianas 5 anos?

    Formalizada a problematizao, levantou-se os seguintes objetivos: estimular a

    aquisio das relaes matemticas por meio de uma vivncia extra sala; identificar o uso dos

    nmeros no cotidiano da criana; possibilitar a associao entre os nmeros, moeda local e

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    seu valor monetrio e relacionar as noes de quantidade com as operaes adio e

    subtrao.

    A Matemtica na Educao Infantil

    Bem diferente do que ocorre com a inteligncia lingustica ou com a inteligncia

    sonora, a inteligncia logico-matemtica no se origina na esfera auditivo-oral, mas se

    estrutura no confronto com o mundo dos objetos. Comparando objetos, ordenando-os,

    avaliando sua quantidade, a criana explora sua inteligncia logico-matemtica. Mas tarde,

    essa mesma linha de raciocnio ser aplicada no desenvolvimento de sua compreenso de

    afirmativas, de pessoas e de aes em relao a outras aes. (ANTUNES, 2012). Uma das

    maneiras para contribuir com o desenvolvimento integral da criana por meio do ensino das

    noes matemticas e suas relaes no cotidiano da criana.

    Todos os momentos, sejam eles desenvolvidos nos espaos abertos ou fechados, devero permitir experincias mltiplas, que estimulem a criatividade, a

    experimentao, a imaginao, que desenvolvam as distintas linguagens expressivas

    e possibilitem a interao com outras pessoas. (CRAIDY e KAERCHER 2001, p.

    68).

    Nessa perspectiva, acredita-se que no deve haver um ensino focado em conceitos

    matemticos e memorizao, pois no interessa aos alunos e no contribui no processo de

    aprendizagem, distanciando o aluno da educao infantil, cada vez mais da matemtica.

    O professor deve e pode contribuir com o desenvolvimento das habilidades

    matemticas dos seus alunos, ajudando-os a descobrir os nmeros no seu dia a dia, e

    o significado que eles tm em diversas situaes em que so utilizados [...]

    explorando esse enorme campo da matemtica, abrindo caminhos para uma positiva

    aproximao da criana com as formas e as quantidades existentes em seu ambiente. (SILVA e SALLES, 2012. p. 2).

    importante que haja, no ensino da matemtica na infncia, a liberdade para a criana

    pensar por si e ter ideias. Pois favorecer o intercmbio de ideias entre os alunos permite que

    avancem na linguagem e nas formas de representao, deixando fluir seus sentimentos para

    uma boa aprendizagem, criando a sensao de poder aprender e pensar.

    O trabalho realizado com contedos lgico-matemticos no pode ser ocasional ou

    fortuito; as propostas devem ser mltiplas, variadas e relacionadas com a linguagem, as

    expresses e a formao social do aluno (SMOLE, 2000). Tendo em vista que os alunos da

    educao infantil esto em uma fase ldica, na qual brincar um direito legtimo e uma

    maneira de desenvolver-se amplamente, as aulas de matemtica precisam ter espao para

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    brincadeiras, histrias, experimentos e experincias extra sala, no caso do estudo, a aula de

    campo.

    Fazer matemtica expor ideias prprias, escutar as dos outros, formular e comunicar procedimentos de resoluo de problemas, confrontar, argumentar e

    procurar validar seu ponto de vista, antecipar resultados de experincias no

    realizadas, aceitar erros, buscar dados que faltam para resolver problemas, entre

    outras coisas (BRASIL, 1998, p.195).

    A matemtica tem papel decisivo na aprendizagem, pois permite resolver problemas

    da vida cotidiana, tem muitas aplicaes no mundo do trabalho e funciona como instrumento

    essencial para a construo de conhecimentos em outras reas curriculares. Assim, interfere

    fortemente na formao de capacidades intelectuais, na estruturao do pensamento e na

    instaurao do raciocnio dedutivo do aluno (BRASIL, 1997).

    Segundo os Parmetros Curriculares Nacionais de Matemtica (1997), a matemtica

    um importante componente na construo da cidadania, na medida em que, cada vez mais a

    sociedade, utiliza-se de conhecimentos cientficos e recursos tecnolgicos. Portanto, a

    matemtica precisa estar ao alcance de todos e a democratizao do seu ensino deve ser meta

    prioritria do trabalho docente.

    Aula de Campo e Educao Infantil

    A aula de campo consiste, segundo Silva (2002), na prtica andante e observadora de

    fazer uma aproximao da teoria com a prtica e uma possibilidade de ao reflexiva na

    interface da teoria e da prtica educacional.

    A criana sujeito scio-histrico-cultural, um ser da natureza que tem

    especificidades no seu desenvolvimento, determinadas pela interao entre os aspectos

    biolgicos e culturais. De acordo com Hansen (2013) atravs da curiosidade, que a criana

    desenvolve cada vez mais a capacidade de agir, observar e explorar tudo o que encontra ao

    seu redor. Por isso, necessita de orientaes para ter uma aprendizagem significativa que

    contribua para o seu desenvolvimento cognitivo, afetivo, psicomotor e social.

    Na faixa etria de cinco anos as crianas precisam vivenciar situaes concretas para

    assimilar os conhecimentos. Por isso, tomar conhecimento da realidade em que elas esto

    inseridas fundamental para formarem valores para a vida. Conforme Grio (2010) a aula de

    campo, como recurso didtico, salienta que as crianas precisam de vivncias enriquecedoras,

    a partir da mediao das suas educadoras que as orientam de forma sistemtica a observar,

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    experimentar, pesquisar, comparar, relacionar, formular, relatar, enfim, construir

    conhecimentos significativos despertando a interao e a inteligncia por meio de

    experincias.

    Vivenciar, por meio da prtica, experincias que ampliam o conhecimento sobre temas

    trabalhados em sala de aula, faz com que a criana participe do processo de aprendizagem de

    uma forma mais dinmica e prazerosa.

    Para Delgado de Carvalho et. al (1941, p. 37) o contato com a realidade determina,

    por si s, o incio de todo um processo de aprendizagem. Corroborando com isso, Falco e

    Pereira (2009) descrevem a importncia da aula de campo:

    Percebemos que a ida a campo, se direcionada e planejada, permite ao aluno sair do contexto da sala de aula, onde quase sempre o professor e o livro didtico so os

    protagonistas de uma atividade na qual a interao entre os elementos pertencentes a

    esta (aluno, professor e livro didtico) tem que ser constante. A partir da observao

    [...] possibilitada uma viso mais ampla sobre a mesma realidade ou paisagem,

    facilitando assim o aprendizado, fazendo com que um s trabalho de campo possa

    ter a validade de muitas aulas tericas. (FALCO e PEREIRA, 2009, p.7).

    No entanto, mais que analisar e que pensar o campo como fonte de conhecimento

    (COMPIANI, 1991, p. 12), o professor deve levar o aluno a pensar de forma crtica,

    mostrando que atravs de sua ao a sociedade pode ser transformada, podendo assim exercer

    a cidadania plena no meio em que vive. De acordo com Lima e Assis (2005) a aula de campo

    se configura como um recurso para o aluno compreender o lugar e o mundo, articulando a

    teoria prtica, atravs da observao e da anlise do espao vivido e concebido. Nesse

    sentido vale ressaltar a importncia desta como alternativa de ensino interdisciplinar, j que

    vrias reas do currculo escolar, explcita ou implicitamente, tm o dever de educar para o

    social, para o cotidiano e para a vida.

    Os autores, Xavier e Fernandes (2008), acrescentam ainda algumas caractersticas do

    processo de ensino aprendizagem na aula de campo, vendo esta como espaos no

    convencionais, defendendo que no espao no convencional da aula, a relao de ensino e

    aprendizagem no precisa necessariamente ser entre professor e aluno, mas entre sujeitos que

    interagem. Assim, a interatividade pode ser tambm entre sujeito e objetos concretos ou

    abstratos, com os quais ele lida em seu cotidiano, resultando dessa relao o conhecimento.

    Segundo Silva et al. (2010):

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    O aluno trabalha o entendimento cientfico, uma construo do conhecimento verdadeiro. A anlise do mundo no fica no senso comum, aos poucos o professor

    trabalha cada etapa at que esse vnculo que o aluno tem com o achismo, seja

    rompido definitivamente, e o aluno esteja preparado para assumir-se como

    observador do objeto e transformador de sua realidade (SILVA et al., 2010, p. 192).

    Metodologia

    Este estudo consiste em um relato de experincia vivenciado pelos alunos da turma do

    Infantil V da Creche Pr-escola ngela Maria Meira de Carvalho da cidade de Joo Pessoa-

    PB. Neste estudo foi utilizada a aula de campo como recurso didtico, visto que esta ajuda no

    desenvolvimento das habilidades intrnsecas e extrnsecas propiciando uma leitura de mundo

    mais significativa e prxima da realidade. Participaram da pesquisa 30 crianas com idade

    entre 5 e 6 anos, sendo 13 meninos e 17 meninas, alm de 2 professores e 3 auxiliares.

    Essa foi uma pesquisa bsica que segundo Gil (1994), objetiva gerar novos

    conhecimentos para avano de determinada rea sem aplicao prtica prevista. Com proposta

    qualitativa, ainda de acordo com Gil (1994) o estudo considera que existe uma relao entre o

    mundo e o sujeito que no pode ser traduzida em nmeros; a pesquisa descritiva, o

    pesquisador tende a analisar seus dados indutivamente.

    Quanto aos procedimentos tcnicos o estudo se caracteriza, segundo Minayo (2007)

    como uma pesquisa ao, onde esta concebida em associao com uma ao; os

    pesquisadores e participantes da situao ou problema esto envolvidos de modo cooperativo

    ou participativo.

    No trabalho de coleta de dados foi utilizada a observao sistemtica e participante,

    onde o observador sabe o que procura e o que necessita de importncia em determinada

    situao. Para Marconi e Lakatos (2003) na sistemtica h um planejamento de aes, sendo

    uma observao direcionada, enquanto na observao participante, exige-se a participao

    real e ativa do pesquisador como membro do grupo, trabalhando junto e participando das

    atividades.

    Na Sala de Aula: pensando sobre os nmeros

    Esta pesquisa se originou por iniciativa dos alunos, na prpria sala de aula, a partir de

    questionamentos sobre a relao dos nmeros, dos seus respectivos valores monetrios a da

    participao dos alunos em compras junto da famlia. Dando sequncia foi planejada uma

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    aula com o objetivo de estimular na criana o convvio com o universo matemtico, levando-a

    a uma aprendizagem significativa e prazerosa.

    A mesma foi dividida em trs momentos. No primeiro, dividiu-se a turma em 5 grupos

    de 6 alunos, em seguida foram distribudos panfletos de supermercado para que fosse

    realizada uma leitura de imagem e aps a leitura, foi realizada uma socializao entre todos os

    grupos, sobre suas opinies e dvidas, gerando uma observao para as professoras sobre as

    estratgias de leitura e dilogo dos alunos.

    No segundo momento foi pedido para cada aluno observar e identificar em seu

    panfleto a presena de nmeros e o que representa estes nmeros. Na ocasio um aluno (L5)

    disse: o dinheiro para pagar, tia!. Depois disso, as educadoras provocaram as crianas a

    explicar como elas sabiam que o nmero escrito no panfleto representa o dinheiro e qual a

    relao entre os produtos, suas caractersticas e seus preos.

    O terceiro momento foi concludo com a entrega de cdulas fictcias para as crianas,

    e em seguida formaram-se grupos com os alunos que portavam cdulas com o mesmo valor,

    onde cada equipe construiu um mural coletivo com suas cdulas e seus respectivos valores.

    Observou-se que neste dia o interesse pela aula foi maior por parte dos alunos, pois

    puderam atravs dos recursos oferecidos formular hipteses sobre a importncia dos nmeros,

    bem como construram novos conceitos sobre eles e seus respectivos valores monetrios.

    No supermercado: vivenciando a matemtica

    Essa etapa do estudo consiste na aula de campo. A preparao para tal foi feita atravs

    de uma roda de conversa explicando para os alunos a rotina do dia. Para a aula, cada aluno

    trouxe R$ 5,00 (cinco reais). A partir da, foi informado que eles vivenciariam situaes de

    compra e consumo, utilizando o dinheiro como recurso facilitador para a compreenso do uso

    dos nmeros no cotidiano, a associao entre os nmeros e a moeda, alm de relacionar as

    noes de quantidade com as operaes de adio e subtrao.

    Entretanto antes da vivncia de campo, foi preparado um grfico para fazer o

    levantamento das frutas preferidas dos alunos. medida que as frutas eram escolhidas, estas

    eram inseridas no grfico. Aps a finalizao do grfico, os alunos e professores saram para a

    aula de campo, que foi realizada em um Supermercado localizado no bairro do Bessa, na

    cidade de Joo Pessoa.

    Conforme chegaram ao local os alunos (30) foram divididos em 5 grupos de 6, cada

    grupo foi assessorado por um professor ou auxiliar. Na entrada do supermercado, foi entregue

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    para cada membro de cada grupo o seu dinheiro e uma sacola para que, com ajuda do adulto,

    comprassem a(s) fruta(s) da sua escolha.

    Durante as compras os alunos ficaram entusiasmados com a autonomia de poder

    escolher, comprar e pagar o que eles queriam, alm de conhecer algumas frutas que nunca

    tinham visto antes. Isso ficou claro no discurso de um aluno referindo-se jaca: (M5): Eu

    no conheo essa fruta! Ai, ela fura!.

    Depois que cada aluno selecionou a quantidade de frutas de sua preferencia, eles

    foram orientados a formar uma fila, e ento pagar suas respectivas compras. Em alguns casos

    foi necessrio o recebimento do troco, nesses casos, com auxlio de um adulto, o aluno

    conferiu o seu troco. Ao retornar para a sala, foi concluda a aula atravs de uma roda de

    conversa onde foram expostos e debatidos os pontos positivos e negativos, segundo os alunos,

    da aula de campo.

    A partir das observaes feitas no supermercado percebeu-se que os alunos no apenas

    aprenderam matemtica, mas tambm compreenderam que podem interagir com o meio social

    de forma ativa e autnoma. A vivncia em uma aula de campo possibilitou aos alunos

    ampliarem conceitos matemticos e atingirem os objetivos propostos no estudo.

    Retorno sala: os nmeros e suas relaes matemticas

    Na volta sala os alunos retornaram aos seus grupos de origem. Aps isso as

    educadoras juntas aos alunos realizaram a contagem de quantas frutas foram compradas por

    cada equipe, anotando esses nmeros no quadro. Em seguida foi solicitado aos alunos que

    comparassem e identificassem atravs de registro, qual a equipe que possua o maior e o

    menor nmero de frutas compradas. Identificados os nmeros e as quantidades de frutas de

    cada grupo, as educadoras realizaram uma roda de conversa sobre as percepes e resultados

    encontrados na atividade.

    As crianas finalizaram a atividade com o apoio e participao da nutricionista da

    escola. Todas as frutas compradas foram utilizadas na preparao de uma salada de frutas. E

    durante o processo, a nutricionista fez uma explanao sobre a importncia das frutas e dos

    seus nutrientes.

    Percebeu-se durante esta etapa que os alunos, aps a vivncia em campo, ampliaram

    seus conceitos e suas percepes sobre as noes matemticas e os nmeros. A interao entre

    os alunos, a socializao de ideias, a troca de informaes e a prpria vivncia no campo

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    favoreceram e ampliaram o raciocnio lgico matemtico, alm de facilitar a soluo de

    situaes problema e incentivar questionamentos pertinentes nos alunos.

    Consideraes Finais

    Foi percebido que a prtica pedaggica no contexto da aula de campo resultou em

    descobertas e aprendizados para os alunos e novas perspectivas para os professores em

    relao ao trabalho interdisciplinar, evidenciando a relevante importncia que tem a insero

    de aulas no convencionais para o cotidiano escolar.

    O estudo e a vivncia prtica da matemtica por meio da aula de campo, no apenas

    propiciou novas experincias, mas criou um ambiente ideal para a troca de informaes e

    insero dos alunos em ambientes e situaes onde a matemtica real e fundamental, alm

    de favorecer e desenvolvimento da sociabilidade, da cooperao e do raciocnio entre os

    alunos, possibilitando aprendizagens significativas.

    Percebeu-se atravs deste estudo a importncia de se utilizar a aula de campo como

    procedimento didtico para o ensino da matemtica na educao infantil, possibilitando a

    criana enquanto sujeito ativo, realizar intervenes no seu meio social.

    REFERNCIAS

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