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Paola Madeira Nazário (PPGCC- UNISINOS) [email protected]

Aula esp saude

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Paola Madeira Nazário (PPGCC-UNISINOS)

[email protected]

Viés Comunicacional

Situação ética que envolve o papel do jornalista e da mídia na divulgação da saúde,

A mídia em sua relação com o conceito ampliado de saúde,

A importância da comunicação no controle social, O papel da comunicação estratégica, A comunicação como ferramenta para a mobilização

social, As possibilidades de difundir conteúdos educativos no

campo da saúde usando o ambiente web,

Comunicação social ( Mídias) como ferramentas de:

• Comunicação para educação sobre saúde,• Comunicação do setor de saúde,• Comunicação entre Sociedade Civil e Estado (sobre

questões de saúde) – Mobilização Social

Mídia:

• Autônoma do setor político;• Pouco Regulamentada;• Mercado Concentrado;• Vozes para poucos atores.

Anterior ao capitalismo avançado No capitalismo avançado

Mídia autônoma do setor político:

• Pouco regulamentada (Código de 1962)• Incentivada pelo estado para apoiar o governo

(Acordo Time Life),• Devido sua dimensão ideológica – governo se torna

refém da mídia;• Precisa da mídia para falar com a sociedade,

Mercado Concentrado Conglomerados de mídia Propriedade cruzada

Vozes para poucos atores

* Publicização da Informação (informação como um elemento fundamental na construção ativa da

cidadania).

Comunicação para saúde:

* Compartilhar conhecimentos e práticas que podem contribuir para a conquista de melhores condições de

vida.

Mobilização Social

Planejamento, a execução e a avaliação de projetos e programas governamentais, buscando soluções mais próximas da realidade e dos meios que as

comunidades e organizações dispõem consolidando e expandindo parcerias, promovendo e aumentando a capacidade comunitária de resolver seu próprios

problemas.

Discutir monopólio, propriedade, regulação

Desserviço da mídia quando partidariza emergências

sanitárias ou propagandeia o álcool e a comida não-

saudável.

Interesses de mercado

Complicações para questões de saúde pública (Criança, alma do negócio)

Vídeo Criança, a alma do negócio

http://www.youtube.com/watch?v=rW-ii0Qh9JQ

Regulamentação

• Constituição Federal• Estatuto da criança e do Adolescente• Código de Defesa do Consumidor (art. 37, proíbe

propaganda enganosa e abusiva.)

O papel da comunicação estratégica da saúde coletiva.

Necessário romper os espaços hegemônicos na comunicação social.

Comunicação Estratégica, é necessário lembrar que comunicação vai além da informação.

A comunicação – saberes, práticas e processos – é um dos mais importantes instrumentos de realização do ideal da autonomia cidadã em relação à saúde.

Responsabilidade :• De políticas de Estado,• Ministério da Saúde,• Governos Estaduais e Municipais• Conselhos de Saúde• Universidades (na ramificação do conhecimento)• E não de Organizações Não Governamentais

Como a mídia fala da saúde

Saúde na mídia (como o conceito de saúde é apropriado pelas diferentes mídias).

esforços das áreas e atores da comunicação em saúde não têm abrangência nem grande repercussão social,

as diversas mídias apropriam-se de muitos modos (a maioria deles em franca contradição com os conceitos da OMS e proposições do SUS) do termo “saúde”.

Saúde como mercadoria:

Saúde é tecnologia:

Discursos que afastam do conceito de saúde da OMS e que legitimam no imaginário da população que tudo

está bem.

Cobertura do assunto na mídia impressa:50 jornais brasileiros:

1) a abordagem das questões de saúde sob uma perspectiva da doença;

2) os enquadramentos das matérias, especialmente as políticas públicas;

3) e questões jornalísticas propriamente ditas.

Mostram que a temática saúde é o terceiro tema mais abordado pela imprensa e pode mudar de

posição se a ela somarmos irmãos naturais como drogas e mortalidade infantil.

presença da temática saúde no bojo da cobertura sobre infância e adolescência (foram 13.344 textos jornalísticos) não implica, necessariamente, uma

cobertura de qualidade.

Uma das mais contundentes constatações naquelas diferentes pesquisas é a de que a mídia cobre preferencialmente as doenças que afetam a

população infanto-juvenil e as formas de superá-las. Não há, na mesma proporção, uma cobertura que privilegie a qualidade de vida, a prevenção a esses males, isto é, uma cobertura mais pró-ativa, mais

contextualizada e, logo, mais completa.

Exploração e abuso sexual:

Há uma perspectiva total de relatar a violência sofrida pelas vítimas, entretanto, não se aproveita o ensejo

para trabalhar questões como a saúde mental de vítimas e agressores (1,4% e 0% das matérias,

respectivamente, o fazem).

Deficiência Física:

Em muitas matérias as deficiências são encaradas como doença, um mal que precisa ser resolvido.

Existem porcentagens...

Cobertura da Imprensa sobre Políticas Públicas

A mídia não trata das questões de saúde em um viés de Políticas Públicas.

Pesquisa Individual

Política Pública

Setor Privado

Sociedade Civil

Temático

Saúde da criança

8,8 47 2,1 11,4 30,7

Saúde adolesc.

19,4 30 1,6 6,6 38,5

Tabaco e álcool

6,7 28,9 0,8 13,4 50,2

Mídia e deficiência

12,2 26,3 8,8 21 31,7

Exploração e abuso sexual

- 9,9 - - -

Tomemos o caso da exploração e do abuso sexual: 9,9% das matérias apresentam uma perspectiva de política pública. O restante, fundamentalmente, está centrado no relato dos crimes cometidos e sofridos,

ou seja, nas histórias individuais. A pergunta que fica, e ela pode ser estendida às outras temáticas, é:

Em que medida esse tipo de cobertura colabora efetivamente para pautar o Estado no sentido de que

adote uma política efetiva de enfrentamento da questão?

Nesse sentido, questões importantes como orçamento, alterações legislativas, programas

governamentais existentes e que deveriam existir, acompanhamento das metas que deveriam estar sendo cumpridas e muitas outras são deixadas de

lado.

São poucos os materiais que dão voz à população (crianças, adolescentes, familiares e pessoas em geral), interessada última nas discussões sobre

saúde. Não são poucos os textos jornalísticos que apresentam mais de uma fonte de informação,

contudo, é muito pequeno o número daqueles que apresentam opiniões divergentes.

Afrofundamento jornalístico da cobertura

Saúde da criança:

Cobertura Factual: 57%

Cobertura contextual simples: 29,2%

Cobertura contextual explicativa: 7,3%

Cobertura avaliativa: 2,5%

Cobertura propositiva: 3,2%

Menciona estatísticas: 39,4%

Menciona Legislação: 5,1%

Digitalização da TV e Convergência Digital.

Variadas tecnologias e suportes de comunicação.

O campo da saúde não ficou à margem dessa revolução; pelo contrário, tem sido impactado drasticamente pelas novas tecnologias, como

evidenciam os avanços incríveis da telemedicina, a explosão de periódicos científicos e de bases de

dados on-line e mesmo a publicação na internet dos resultados de exames laboratoriais para os

pacientes.

Inclusão Digital através de Serviços de Saúde na TV Digital Interativa (ITSTV), desenvolvido no âmbito do projeto Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD). O

SBTVD foi criado pelo Decreto Presidencial 4.901, de 26 de novembro de 2003.

10 instituições, propôs o projeto IDSTV, que pretendia unir a linguagem atual da televisão com a

nova tecnologia da TV digital para gerar uma ferramenta de alfabetização digital e de inclusão

social.

Políticas Públicas e Interatividade:

• tecnologias de indexação e busca da informação armazenadas na rede,

• interatividade em suas diversas variantes, embora permitissem,

Sistemas baseados em bancos de dados centralizados ou distribuídos,

Pouco acesso da população as novas tecnologias, Perspectivas de processos democratizantes com a

Digitalização, Lento avanço da TV Digital no Brasil, Aplicabilidade da interatividade na TV digital

Brasileira.

A TV digital interativa permitirá a implementação de um grande número de serviços inovadores na área

da saúde, e que aumentarão o grau de inclusão social,democratização da informação, melhoria de

serviços de saúde.

Comunicação em Saúde

Conclusões do programa interativo.

Comunicação em Saúde

Problemáticas do campo da saúde no estudo e aplicabilidade da comunicação:

• Análise e processamento da informação;• Necessidade de uma análise transdisciplinar;• metodologias de avaliação de impacto na área da

comunicação;• Alargar o contato com as mídias;• Educação comunicativa: comunicação pedagógica e

responsabilidade social.

Comunicação em Saúde

Paola Madeira Nazário

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Comunicação em Saúde

1) Relativismo Cultural e Lingüístico.

2) Comunicação Primária e Secundária da Ciência.

3) Etos da Ciência e do Jornalismo.

4) Tempos da Ciência, do Jornalismo e das decisões políticas.

5) Produção da Comunicação Pública em Saúde.

Comunicação em Saúde

Comunicação em Saúde em Linguagem:

“ o mundo é apresentado num fluxo caleidoscópio de impressões que precisam

ser organizados pelas nossas mentes e isso significa principalmente pelo sistema

lingüístico que internalizamos.”

Comunicação em Saúde

Teoria da relatividade lingüística; O discurso do cientista e pesquisador (revistas

científicas); - O discurso do divulgador (meios de comunicação).

Comunicação em saúde

Existe idiossincrasias recíprocas entre jornalistas e cientistas da área da saúde.

Muito dos obstáculos a divulgação podem ser derivados desse fato.

Comunicação em saúde

Comunicação Primário e secundária da ciência

Primária: Ocorre com os cientistas dentro da sua própria especialidade.

Secundária: Aquela que é oferecido ao público leigo.

Comunicação em saúde

Analise da comunicação primária e secundária a partir de matrizes multidisciplinares agrupadas nas

seguintes dimensões:

1. Ontológica 2. Lingüistica 3. Epistemológica 4. Sociológica 5. Midiológica

Comunicação em Saúde

Dimenões Comunicação Primária

Comunicação Secundária

Ontológica Objetos são construídos

como conceitos científicos

Objetos do senso comum

Lingüística Empirismo lógico

Componentes retóricos

Sociológica Imperativos institucionais

Julgamento dos editoriais e do

público

Midiológica Especializado (Cultura científica sujeita a

verificação)

Massivo (Cultura

jornalística

Comunicação em Saúde

Dimensão ontológica

Primária:

Basicamente conceitos (hipóteses, teorias e leis) - as teorias, hipóteses e resultado de experimentos são mais bem representados por gráficos, esquemas ou fórmulas.

Secundária:

Para o mundo leigo é caracterizada a partir de fotografias, o que para os cientistas não abarca todo o conhecimento específico.

Comunicação em Saúde

Dimensão Linguística:

- Da linguagem científica para os cientistas, para a aplicabilidade de uma linguagem coloquial, ambígua e polissêmica, emotiva e estética.

- Assim a muitas técnicas desse tipo de divulgação científica abrigam elementos persuasivos e retóricos, o que pode trazer uma certa ideologia,

Comunicação em Saúde

Dimensão midiológica:

-O “valor notícia” é diferente na cultura científica e na cultura jornalística.

- A ciência publicada na mídia massiva.

Comunicação em Saúde

O jornalismo ou a DC possuem critérios de relevância da notícia científica que muitas vezes entram em conflito com os critérios do cientista. Afinal, o que constitui uma informação para os

jornalistas pode ser considerado sensacionalismo para os cientistas.

Comunicação em Saúde

Etos da Ciência e do Jornalismo

O etos da ciência é definido por uma certa corrente de pensadores como “ o complexo de valores, e normas que se consideram obrigatórias para o

homem, as ciência.

Comunicação em saúde

Etos da Ciência:

Universalismo

Comunismo

Desinteresse

Ceticismo organizado

Comunicação em Saúde

Universalismo

Expor a verdade, independente das fontes, deve ser um ato submetido a critérios impessoais e

preestabelecido. A ciência deveria ser articulada em uma só linguagem e vocabulário, implicando uma

inter-comunicação entre as teorias e a idéia de uma só ciência, a partir de uma metodologia rigorosa.

Verificação de dois métodos e cientistas diferentes.

Comunicação em Saúde

Comunismo e desinteresse

Comunismo: Os produtos da atividade científica seja propriedade comum e consequentemente, os direitos do produtor individual sejam seriamente limitados.

Desinteresse: O cientista não deveria tirar proveito (aquém de sua remuneração e reconhecimento) por suas realizações.

Comunicação em Saúde

Contexto da divulgação científica (DC)

A ideologia da ampla publicidade - Revolução científica dos Séculos XVII e XVIII - reação contra a teoria do

esoterismo- Detenção da informação pelos cientistas.

Comunicação em Saúde

Posteriormente percebeu-se que a ciência teria utilidades práticas e sociais, fatos que necessitam

que o conhecimento científico seja levado a público, assim se define o direito de patente.

Comunicação em Saúde

Etos do Jornalismo

Sua origem é totalmente diferente do etos da ciência na medida em que segundo o código de ética do

jornalismo “o acesso à informação pública é um direito inerente à condição de vida em sociedade, que não pode ser impedido por nenhum tipo de interesse. Isso pode gerar problemas na relação

entre cientista e jornalista.

Comunicação em saúde

Conflitos de interesses

Conflitos de interesses podem ocorrer entre a prática da ciência e do jornalismo.

Comunicação em Saúde

Interesse genérico do progresso da ciência

Objetiva a maior publicidade possível da comunicação primária, gerando opiniões divididas:

- Aqueles que defendem ampla e irrestrita publicidade dos resultados da pesquisa científica, tornada possível pela internet.

- Aqueles que defendem a publicidade ampla apenas das pesquisas referendadas pelo procedimento de avaliação “pelos pares”.

Comunicação em saúde

Interesse dos Produtores do conhecimento científico:

Procura um equilíbrio entre a ampla publicidade e a garantia do reconhecimento da prioridade dos

resultados da pesquisa. Cooperação e competição entre os próprios cientistas: valor variável, de acordo

com o setor disciplinar, interesses econômicos envolvidos e importância da pesquisa.

Comunicação em Saúde

Interesse dos periódicos científicos impressos

Evitar que a publicação seja dada ao público antes do dia do aparecimento da edição impressa(evitar

informações mal entendidas).

Comunicação em Saúde

Interesses dos Jornalistas

Falar dos resultados da pesquisa o quanto antes (o furo jornalístico), no entanto foi criado aqui um acordo

entre cavalheiros, onde o uso público da informação é proibido até a data da publicação do periódico científico que detém tal informação. (Sistema de

embargos).

Comunicação em Saúde

Tempos da ciência, do jornalismo e das decisões políticas

Comunicação em Saúde

Tempo de pesquisa científica (anos), dissertações, teses e projetos de pesquisa, pois necessita rigorosas comprovações empíricas.

-Tempo da notícia jornalística (é contado em dias ou mesmo horas), pois necessita de fato novo e inesperado, rapidez e ineditismo.

Comunicação em Saúde

Tempo da tomada de decisão política

- Depende de fatores como: Imprensa, Opinião pública e distribuição dos vetores políticos partidários.

- Estes diferentes tempos tem gerado indagações?

Comunicação em Saúde

1) Se as decisões de interesse público devem ou podem ser tomadas de acordo com um cronograma estabelecido pela esfera política e não pela esfera científica ou técnica?

2) Se as decisões políticas podem ser tomadas antes de um assunto entrar em consenso entre os próprios cientistas.

Comunicação em Saúde

1) A decisão política sobre assuntos técnicos deve ser tomada em amplo debate democrático? Ou

deveria ser baseada no melhor parecer especializado?

a- A primeira opção possibilita uma paralisia tecnológica

b- a segunda convida ao incremento da oposição do público mais esclarecido

Comunicação em Saúde

Então, como tomar decisões baseadas no conhecimento científico antes da formação do

consenso científico?

Comunicação em Saúde

Muitas vezes, antes que as decisões legais possam ser sugeridas ao governo por um consenso entre os cientistas, as pressões de grupos econômicos por

um lado, ambientalistas e políticos por outro, geram inquietações e controvérsias que refletem na agenda setting da mídia massiva e, consequentemente uma

parcela da opinião pública informada e que se preocupa com o exercício da cidadania.

Comunicação em Saúde

Exemplo: Lei de Biossegurança apresentada ao legislativo em 2004. (Transgênicos)

Comunicação em Saúde

Cobertura midiática da folha de São Paulo: Criou uma grande polêmica!

Artigo científico da Science: O artigo científico demonstra que ainda a pesquisa está em estado de analise. “a complexidade dos sistemas ecológicos apresenta importantes desafios aos experimentos

para ter acesso aos riscos e benefícios destes organismos e isso gera inevitáveis incertezas sobre

estes produtos”.

Comunicação em Saúde

Problemáticas da questão:

Em conjunto, o tempo da política discute as questões com mais pressa que a ciência, impondo assim

normativas legais imaturas diante das especificidades necessárias de serem pesquisadas pela ciência para que se chegue a um arcabouço

seguro de análise. (Mas a política é apressada pela opinião pública, que é apressada pelos meios de

comunicação, sem contar os interesses de mercado dos quais o Estado precisa atender em um sistema

neoliberal).

Comunicação em Saúde

Produção da comunicação pública da Saúde

Divulgação New York Times sobre assunto científico – infundados segundo o público científico –

repercussão financeira.

Comunicação em Saúde

Sensacionalismo

Em 1998, um artigo científico publicou que foi identificada uma bactéria nas placas de esclerose

arterial. Folha de São Paulo “Doença cardíaca pode pegar como um resfriado”.

Comunicação em Saúde

Tempo do Jornalismo # do Tempo da Ciência.

O Jornal relata o fato de maneira jornalística, colheu fontes de cientista notáveis dando o contraponto, favorável e desfavorável. Fizeram jornalismo mas não em um momento pertinente gerando falsas

esperanças no público.