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  • 19

    PROJETO E CONSTRUO

    DE ESTRADAS PROJETO GEOMTRICO DE VIAS

    3 - CURVAS HORIZONTAIS COM TRANSIO

    3.1 - INTRODUO

    A descontinuidade da curvatura que existe no ponto de passagem da tangente para a circular (ponto PC)

    ou da circular para a tangente (ponto PT) no pode ser aceita em um traado racional. Na passagem do

    trecho em tangente para o trecho circular e vice-versa, dever existir um trecho com curvatura progressi-

    va para cumprir as seguintes funes:

    permitir uma variao progressiva da superelevao, teoricamente nula nos trechos retos e constante

    no trecho circular;

    possibilitar uma variao contnua de acelerao centrpeta na passagem da tangente para o trecho

    circular;

    proporcionar um traado fluente, sem impresso de descontinuidade da curvatura e esteticamente

    agradvel, graas variao suave da curvatura.

    Essas curvas de curvatura progressiva so chamadas de curva de transio e so curvas cujo raio ins-

    tantneo varia em cada ponto desde o valor Rc (na concordncia com o trecho circular de raio Rc) at o

    valor infinito (na concordncia com o trecho em tangente). Os principais tipos de curvas usadas para a

    transio so:

    Y

    X

    45

    P

    R

    L

    O

    [R . L = K]

    Clotide ou Espiral

    (Raio Varivel)

    Lemniscata

    [R . p = K]

    p

    Y

    X

    Parbola Cbica

    [y = a . x3]

    variao linear da curvatura

    nica que possibilita giro

    constante do volante: C = L / K

    Embora mais trabalhosa, a espiral a curva que melhor atende as exigncias de um traado racional. A

    espiral a curva descrita por um veculo que trafega a uma velocidade constante, enquanto o motorista

    gira o seu volante a uma velocidade angular constante.

  • 20

    Y

    45o

    R

    L P

    o X

    Equao da Espiral

    RL = N

    Para um ponto P genrico:

    L = comprimento da curva desde a origem at o ponto P.

    R = raio instantneo no ponto P

    N = parmetro da espiral (constante)

    3.2 - COMPRIMENTO DA TRANSIO (Ls)

    O valor da constante N est relacionada ao valor do comprimento de transio (Ls) a ser adotado para a

    curva. A condio necessria concordncia da transio com a circular impe: RcLs = N. Com o valor

    do raio da curva circular (Rc) e o valor adotado para o comprimento de transio (Ls), define-se o valor

    da constante N. O valor do comprimento de transio Ls a ser adotado ser necessariamente um valor

    compreendido entre os limites: Lsmin e Lsmx.

    3.2.1 - VALORES MNIMOS E MXIMOS DO COMPRIMENTO DE TRANSIO

    a - Valor Mnimo do Comprimento de Transio (Lsmn)

    A determinao do Lsmn feita de forma que a variao da acelerao centrpeta (ac) que atua sobre

    um veculo que percorra a transio com uma velocidade (V) constante, no ultrapasse valores confort-

    veis. A variao confortvel da acelerao centrpeta por unidade de tempo (J) no deve ultrapassar o

    valor de 0,6m/s3. Para um veculo que percorra a curva de transio com velocidade constante em um

    tempo ts, a variao da acelerao centrpeta ser:

    ps

    c2

    p

    s

    c

    V/L

    R/V

    t

    aJ ou

    c

    3p

    sRJ

    VL

    Adotando-se Jmx = 0,6 m/s3, determina-se o valor do comprimento de transio correspondente a essa

    variao mxima de acelerao centrpeta:

    c

    p

    sR

    xVL

    3036,0

    min ou

    423LY

    3ss

    ss

    onde Lsmn = mnimo comprimento de transio em metros

    Rc = raio do trecho circular em metros

    Vp = velocidade em km/h

    O valor de Ls est sujeito limitaes superiores:

    quando existem outras curvas horizontais nas proximidades da curva estudada, o Ls adotado dever

    ser tal que no interfira com as curvas imediatamente anterior e/ou posterior.

    para que as curvas de transio no se cruzem, o valor adotado de Ls no pode ultrapassar o valor de

    Lsmx correspondente ao valor nulo do desenvolvimento do trecho circular, isto , quando os pontos

    SC e CS so coincidentes.

  • 21

    b - Valor Mximo do Comprimento de Transio (Lsmx)

    Condio de mximo comprimento de transio (= 0)

    = AC - 2s

    para = 0 AC = 2s ousmx = AC/2

    onde smx = mximo valor do ngulo de transio

    Lsmx = 2 Rc. smx Lsmx = Rc. AC (em metros)

    Rc = raio do trecho circular em metros

    AC = ngulo central em radianos

    3.2.2. - ESCOLHA DO VALOR DE LS

    A escolha de comprimento de transio (Ls) muito grandes, geram grande valores de p (afastamento da

    curva circular), criando um deslocamento do trecho circular em relao sua posio primitiva, excessi-

    vamente grande. Por isso recomendado o uso de um valor mnimo para a variao da acelerao cen-

    trpeta (Jmn) e um comprimento de transio que no ultrapasse ao valor (Ls) obtido com o uso desse

    Jmn. Geralmente, recomenda-se adotar um valor para Ls igual a duas vezes o valor do Lsmn calculado,

    ou seja Ls = 2.Lsmn.

    3.3 - ESPIRAL DE TRANSIO (Clotide)

    Clculo dos elementos necessrios definio da curva

    SC

    y d

    L

    dL

    x

    dy

    Y

    X dx

    ESPIRAL

    TS

    Sendo Ls o comprimento de transio e Rc o raio do trecho circular temos:

    R x L = N = Rc x Ls

    dL = R x d

    L

    NR

    N

    dLLd

    N2

    L2

    sc

    2

    LR2

    L

    dx = dL x cos

    dy = dL x sen

  • 22

    Desenvolvendo-se sen e cos em srie e integrando:

    ....

    216101LX

    42

    ....

    1320423LY

    53

    No ponto SC quando L = Ls (ponto de concordncia da espiral com a circular)

    c

    ss

    R2

    L

    216101LX

    4s

    2s

    ss

    423LY

    3ss

    ss

    Resta o problema da localizao da espiral na curva de forma que haja concordncia da transio com o

    trecho reto (tangente) no ponto TS e com o trecho circular no ponto SC.

    3.4 - LOCALIZAO DA TRANSIO NA CURVA HORIZONTAL

    Para isso h necessidade do afastamento da curva em relao tangente, para a introduo da espiral.

    Esse afastamento que tem um valor determinado (p) pode ser obtido de trs maneiras diferentes:

    com a reduo do raio Rc da curva circular para o valor (Rc -se o mesmo centro (o) da

    curva circular (mtodo do centro conservado).

    mantendo-se a curva circular na sua posio original e afastando-se a tangente a uma distncia (p) da

    curva circular (mtodo do raio e centro conservados).

    afastando-se o centro (o) da curva circular para uma nova posio (o'), de forma que se consiga o a-

    fastamento (p) desejado, conservando-se o raio Rc da curva circular (mtodo do raio conservado).

    PI

    PC PT

    O

    p

    Rc

    PI

    PC PT

    O

    Rc - p

    p

    Rc

    mtodo do centro

    conservado

    mtodo do raio

    e centro conservados

    PI

    PC PT

    O

    O'

    Rc

    Rc

    mtodo do raio conservado

    PI

    p

    (s o centro desloca-se)

    O mtodo do raio conservado geralmente o mais usado, pois apresenta as vantagens de no alterar o

    raio (Rc) pr-estabelecido para a curva circular e de no alterar a posio das tangentes (traz como con-

    seqncia a modificao do traado e a alterao das curvas imediatamente anterior e posterior curva

    estudada). Com os valores de Xs, Ys e s e escolhido o mtodo de afastamento, define-se a posio da

    transio em relao curva circular. Para isso, determina-se o valor do afastamento da curva circular

    (p) e a distncia dos pontos TS e ST ao PI (TT).

  • 23

    3.5 - CURVAS HORIZONTAIS COM TRANSIO

    AC

    PI

    Y

    p

    SC

    AC

    E

    k

    Xs

    Ys TT

    A

    ST

    CS

    TS

    X

    s

    AC/2

    O

    Rc

    O = centro do trecho circular afastado p = afastamento da curva circular

    PI = ponto de interseo das tangentes = ngulo central do trecho circular

    Xs = abscissa dos pontos SC e CS X = abscissa de um ponto genrico A

    Ys = ordenada dos pontos SC e CS Y = ordenada de um ponto genrico A

    k = abscissa do centro (O) da curva circular s = ngulo da transio

    TT = distncia do TS ou ST ao PI = tangente total AC = deflexo das tangentes = ngulo central

    p = Ys Rc x (1 cos s)

    cc R

    2

    ACcos

    )pR(E

    k = Xs Rc x sen s

    2

    ACtg)pR(kTT c

    pontos de concordncia: TS = tangente-espiral

    SC = espiral-circular

    CS = circular-espiral

    ST = espiral-tangente

  • 24

    3.6 - ESTAQUEAMENTO E LOCAO DAS TRANSIES

    TS

    SC

    s

    Ls

    Xs

    Ys Aproximaes:

    [K Ls / 2] [Xs Ls] [TT L

    s / 2 + R

    c . tg (AC / 2)]

    [p Ys / 4]

    [dL = R . d]

    [dL = (K / L) . d]

    [d = dL . L / K]

    [ = L2 / 2 K]

    [ = L2 / 2 (Ls . Rc)]

    3.6.1 - CLCULO DAS ESTACAS DOS PONTOS TS, SC, CS E ST

    Definida a estaca do ponto de intersees das tangentes (PI) teremos:

    Estaca do TS = Estaca do PI - TT

    Estaca do SC = Estaca do TS + Ls

    Estaca do CS = Estaca do SC + D

    Estaca do ST = Estaca do CS + Ls

    onde D = desenvolvimento do trecho circular

    D = Rc.

    no caso de espirais simtricas (mesmo comprimento Ls)

    = AC - 2s

    D = Rc (AC - 2s)

    obs: necessariamente D 0

    3.6.2 - EXECUO DE TABELA DE DADOS PARA A LOCAO DAS ESPIRAIS

    Ys

    p

    js

    PI

    SC

    X

    Xs

    TT

    TS

    Y

    s

    c is

    i

  • 25

    ....

    216101LX

    42

    ....

    1320423LY

    53

    X

    Yarctgi

    s

    ss

    X

    Yarctgi

    s

    s

    icos

    Xc

    js = s is

    TABELA DE LOCAO

    ESTACA INTEIRA FRAO L X Y I

    TS

    :

    SC Ls Xs Ys Is

    PROJETO E CONSTRUO

    DE ESTRADAS PROJETO GEOMTRICO DE VIAS

  • 26

    EXERCCIOS SOBRE CURVAS HORIZONTAIS COM TRANSIO

    1. Projeta-se uma rodovia para Vp = 100 km/h. Calcular os comprimentos de transio mnimo, mximo

    e desejvel para uma curva horizontal cujo raio no trecho circular 600,00 m, sendo a superelevao

    de 9% e o ngulo central igual a 60.

    2. Com os dados do exerccio anterior e adotando-se Ls = 120,00 m, calcular os elementos da curva,

    fazendo um croquis para indicar: s, Xs, Ys, K, p e TT.

    3. Ainda com os dados do exerccio anterior e sabendo-se que a estaca do PI igual a 847+12,20 m,

    calcular as estacas do TS, SC, CS e ST.

    4. Fazer a tabela de locao para a primeira espiral do exerccio anterior.

    5. Em uma curva de trevo, conforme esquema abaixo, tem-se Rc = 50,00 m e Ls = 60,00 m. A estaca da

    estrada A no cruzamento 122+15,54 m. Calcular os quatro pontos notveis, adotando-se estaque-

    amento em continuao estrada A e at o ST da curva.

    [122 + 15,54]

    A

    Ls

    120

    122

    121

    110o

    70o

    Ls

    B