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Redação para a PF / CESPE Aula 01 – Introdução Fernando Gama Pessoal, É um prazer iniciar mais um curso online para vocês, alunos do EVP, desta vez voltado para o concurso da Polícia Federal / CESPE, e outros concursos em que sejam exigidas provas dissertativas, discursivas ou, ainda, objetivas diretas, aquelas que fazem uma perguntas diretas e exigem respostas bem claras, singelas e objetivas. Como talvez vocês já saibam, sou Auditor Federal de Controle Externo do Tribunal de Contas da União, atuando na Secretaria de Controle Externo em Mato Grosso. Mas antes de chegar aqui, fiz uma longa incursão no mundo dos concursos que contou, inclusive, com a aprovação no concurso da Receita Federal, para o cargo de Auditor Federal da Receita Federal do Brasil, em 2005/2006 (1º. Lugar da 1ª. Região Fiscal). Desde então, tenho aceitado o desafio de preparar alunos para diversos concursos e provas de alto nível, tendo obtido sucesso várias vezes com os mais variados tipos de aluno. No entanto, aqui já faço uma ressalva: o sucesso desse curso depende basicamente de você e não de mim. Isso porque, diferentemente de uma prova objetiva, a prova dissertativa exige que o candidato, além de deter o conhecimento técnico, tenha também um certo grau de maturidade e cultura geral, algo que eu não tenho como repassar em um curso. É que para escrever bem, devemos ter vários ingredientes somados: o conhecimento redacional, o conhecimento técnico sobre o assunto que se discute, o conhecimento geral, o bom senso e a maturidade. Nesse curso, vou focar, com muita objetividade em desenvolver os aspectos redacionais e de conhecimentos técnicos sobre como produzir um bom texto para ser aprovado em concurso. Os outros aspectos (bom senso, maturidade, cultura e conhecimento geral), vou considerar que estão “na bagagem” de cada um de vocês. Por isso, não esperem encontrar nesse curso, nada sobre gramática, pontuação, acentuação, colocação pronominal, crase, etc. São aspectos essenciais, mas eu não estou aqui para ensinar português, mas para ensinar a escrever bem, com técnicas difundidas e que realmente funcionam para concursos. Concordância, gramática, pontuação, acentuação, colocação pronominal, crase são erros muito comuns dos alunos que fazem redação em concursos, mas se eu me estendesse a esses pontos, o curso seria interminável. Além disso, como vocês já estão estudando a parte teórica, é de se supor que já têm um bom conhecimento da língua portuguesa, razão pela qual, não vamos abordar isso de forma aprofundada, a não ser quando for necessário para explicar algo sobre a redação ou sobre a produção de textos.

Aula1 Redacao Pf 2014

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REDAÇAO

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  • Redao para a PF / CESPE Aula 01 Introduo

    Fernando Gama

    Pessoal,

    um prazer iniciar mais um curso online para vocs, alunos do EVP, desta vez voltado para o concurso da Polcia Federal / CESPE, e outros concursos em que sejam exigidas provas dissertativas, discursivas ou, ainda, objetivas diretas, aquelas que fazem uma perguntas diretas e exigem respostas bem claras, singelas e objetivas.

    Como talvez vocs j saibam, sou Auditor Federal de Controle Externo do Tribunal de Contas da Unio, atuando na Secretaria de Controle Externo em Mato Grosso. Mas antes de chegar aqui, fiz uma longa incurso no mundo dos concursos que contou, inclusive, com a aprovao no concurso da Receita Federal, para o cargo de Auditor Federal da Receita Federal do Brasil, em 2005/2006 (1. Lugar da 1. Regio Fiscal).

    Desde ento, tenho aceitado o desafio de preparar alunos para diversos concursos e provas de alto nvel, tendo obtido sucesso vrias vezes com os mais variados tipos de aluno. No entanto, aqui j fao uma ressalva: o sucesso desse curso depende basicamente de voc e no de mim.

    Isso porque, diferentemente de uma prova objetiva, a prova dissertativa exige que o candidato, alm de deter o conhecimento tcnico, tenha tambm um certo grau de maturidade e cultura geral, algo que eu no tenho como repassar em um curso. que para escrever bem, devemos ter vrios ingredientes somados: o conhecimento redacional, o conhecimento tcnico sobre o assunto que se discute, o conhecimento geral, o bom senso e a maturidade.

    Nesse curso, vou focar, com muita objetividade em desenvolver os aspectos redacionais e de conhecimentos tcnicos sobre como produzir um bom texto para ser aprovado em concurso. Os outros aspectos (bom senso, maturidade, cultura e conhecimento geral), vou considerar que esto na bagagem de cada um de vocs.

    Por isso, no esperem encontrar nesse curso, nada sobre gramtica, pontuao, acentuao, colocao pronominal, crase, etc. So aspectos essenciais, mas eu no estou aqui para ensinar portugus, mas para ensinar a escrever bem, com tcnicas difundidas e que realmente funcionam para concursos. Concordncia, gramtica, pontuao, acentuao, colocao pronominal, crase so erros muito comuns dos alunos que fazem redao em concursos, mas se eu me estendesse a esses pontos, o curso seria interminvel.

    Alm disso, como vocs j esto estudando a parte terica, de se supor que j tm um bom conhecimento da lngua portuguesa, razo pela qual, no vamos abordar isso de forma aprofundada, a no ser quando for necessrio para explicar algo sobre a redao ou sobre a produo de textos.

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    Fernando Gama

    No estou dizendo com isso, que prestar ateno nas regras da lngua portuguesa no seja essencial: as bancas so bem rigorosas nesse quesito e, ao ler o ltimo edital, vocs podem verificar que os erros gramaticais so penalizados de forma bem severa.

    Vamos analisar alguns exemplos, antes de comear para valer.

    Ortografia

    Cada erro de ortografia (escrever uma palavra errada) custaria, no ltimo edital, ao candidato 0,5 ponto no tema ou 0,25 em cada questo. muito. Equivale a aproximadamente 1% da nota. Se voc tiver 5 erros de ortografia, j perdeu 5% da sua nota possvel. E relativamente fcil errar a ortografia em um texto longo e cansativo. No pensem que errar ortografia coisa de gente que no conhece a lngua portuguesa, no. coisa de gente preparada, igual eu e voc, que erram na hora de escrever uma palavra por pura desateno.

    Quer um exemplo?

    Semana passada estava fazendo o recurso para uma colega que fez um concurso. A banca descontou 6 pontos da prova dela em razo de erros de ortografia. Ela simplesmente no podia acreditar. Estava tudo certo.

    Mas, ao ler melhor a prova, verifiquei que ela escreveu, no meio da frase, a locuo partidos polticos com a primeira letra maiscula: Partido Poltico. No sei o que deu na cabea dela, mas partido poltico no nome prprio ou coisa do gnero para ser escrito com letra maiscula. S nisso, j se foram 1,2 pontos, na prova dela. Pura desateno.

    Tambm no se escreve com letras maisculas, por exemplo, presidente, senador, auditor, enfim, nenhum cargo pblico. comum eu ver os meus alunos escrevendo: o Senador Fulano de Tal ou o Prefeito Cicrano ou o Ministro Beltrano. No est certo.

    Algum vai perguntar: mas professor, eu vi em um texto oficial, algum escrevendo Presidente e Ministro com letras maisculas.

    (espao para assinatura) Nome

    Chefe da Secretaria-Geral da Presidncia da Repblica

    (espao para assinatura) Nome

    Ministro de Estado da Justia

    Ok. Nesse caso, as letras maisculas foram colocadas no texto porque o cargo a primeira letra do texto e no em razo do nome do cargo exigir a caixa

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    Fernando Gama

    alta. Portanto, ao citar em uma prova prefeitos, juzes, vereadores, ministros, presidentes, enfim, qualquer cargo, use a primeira letra em minscula e, claro, o nome da pessoa com a primeira letra em maiscula. Um erro comum, mas muito comum, de ortografia.

    Outro erro comum de ortografia diz respeito s palavras porque, por que, por qu e porqu. Isso um show de rabiscos em qualquer prova de concurso e eu no vou ficar aqui ensinando, pela milsima vez a regra. Vou logo dar duas dicas: se estiver em dvida, troque a palavra por outra de significado semelhante, em que voc tenha certeza da grafia.

    Exemplo: Eu no sei por que ele me deixou. ! Eu no sei a razo de ele ter me deixado.

    Assim, em caso de dvida, escreve o que significa realmente o que voc quer dizer, ao invs de escrever errado.

    A segunda dica que eu dou sobre esse assunto a que eu uso para saber qual porque eu vou usar. Se eu conseguir substituir a palavra porque por uma vez que ou j que, que so palavras que esto separadas (uma-vez-que, j-que), ento o porque junto.

    Exemplo: Ele no conseguiu a aprovao ______ deixou de comparecer prova. ! Ele no conseguiu aprovao uma vez que deixou de comparecer prova. Se eu consegui usar a locuo uma vez que para substituir o porque duvidoso, porque o porque junto. Se eu no conseguir, o porque separado: por que.

    Exemplo: Eu no sei _______ ele me deixou. ! Eu no sei uma vez que ele me deixou. Perceba que o sentido da frase mudou completamente. Ento, nesse caso, uma vez que no pode ser usado para substituir o porque, logo o porque separado.

    Eu no sei por que ele me deixou.

    Usa-se porqu, quando a palavra estiver sendo usada como substantivo, no lugar de motivo, razo.

    Exemplo: Eu no sei o porqu de ele ter me deixado. Eu no sei a razo de ele ter me deixado.

    Por fim, o uso do por qu utilizado apenas em frase interrogativas, quando o termo estiver no fim da sentena, ao lado do ponto de interrogao.

    Exemplo: Ele no ganhou a luta, voc sabe por qu?

    O uso incorreto das maisculas e minsculas, associado ao porque errado devem corresponder a cerca de 60% dos erros de ortografia em provas discursivas.

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    Fernando Gama

    No estou falando dos outros erros gramaticais comuns, que vamos ver nessa aula, mas apenas os de ortografia. E a maioria desse tipo de erro oriunda da falta de ateno, pura e simples. A pessoa sabe a regra, mas faz errado.

    Os outros erros de ortografia, somados, so menos significativos. Mas bom dar uma estudada boa na hifenizao das palavras (anti-heri ou antiheri, antibitico ou anti-bitico?) ou tentar evitar ao mximo o uso de palavras com hfen. Os cursos de redao que eu fiz, sinceramente, no me ensinavam a escrever bons textos, porque ficvamos perdendo muito tempo reaprendendo regras gramaticais, ortogrfica, enfim, nunca chegava a hora de falar sobre a redao em si. No quero que este curso seja assim. Portanto, sugiro que deem uma estudada na parte de ortografia em algum livro bom de portugus e, em caso de dvida, substituam a palavra duvidosa por outra, mais simples, em que no haja dvida sobre a grafia.

    Por fim, s para finalizar esse assunto, gostaria de abordar outro tema que gera dvidas e erros na parte de ortografia: os termos este e esse.

    Esse ou este so pronomes demonstrativos que tm formas variveis de acordo com o nmero ou gnero. A definio de pronomes demonstrativos demonstra muito bem a funo desses: so empregados para indicar a posio dos seres no tempo e espao em relao s pessoas do discurso: quem fala (1 pessoa) e com quem se fala (2 pessoa), ou ainda de quem se fala (3 pessoa). Neste ltimo caso, o pronome aquele (aquela, aquilo).

    Vejamos: 1 pessoa: este, esta, isto; 2 pessoa: esse, essa, isso e 3 pessoa: aquele, aquela, aquilo.

    a) Este, esta e isto so usados para objetos que esto prximos do falante. Em relao ao tempo, usado no presente.

    Exemplos: Este brinco na minha orelha meu.

    Este ms vou comprar um sapato novo.

    Isto aqui na minha mo de comer?

    b) Esse, essa, isso so usados para objetos que esto prximos da pessoa com quem se fala, ou seja, da 2 pessoa (tu, voc). Em relao ao tempo usado no passado ou futuro.

    Exemplos: Quando comprou esse brinco que est na sua orelha?

    Esse ms vai ser de muita prosperidade!

    Isso que voc pegou na geladeira de comer?

    Quando ficar com dvida a respeito do uso de esse ou este lembre-se: este (prximo a mim, presente) e esse (distante de mim, passado e futuro).

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    "Esse" tambm usado para retomar um termo, uma ideia ou uma orao j mencionados, como no exemplo a seguir:

    "A Terra gira em torno do Sol. Esse movimento conhecido como translao".

    "Este", por sua vez, introduz uma ideia nova, ainda no mencionada, como podemos observar na frase "Este argumento de que os homens no choram ultrapassado".

    Aspectos gramaticais

    Outro tpico em que os alunos devem prestar bastante ateno, ainda em relao correo da prova diz respeito aos aspectos gramaticais, propriamente ditos: morfologia, sintaxe de emprego e colocao, sintaxe de regncia e pontuao. Esses erros, segundo o edital anterior, podiam penalizar o candidato com at um ponto no caso do tema (1,66% da nota por erro) e com 0,5 ponto (2,5% da nota por erro) no caso das questes. muita coisa!

    Vamos comear com morfologia. O que morfologia e por que as pessoas eram isso em provas? O que um erro morfolgico?

    A morfologia a disciplina que descreve e analisa a estrutura interna das palavras e os processos morfolgicos de variao e de formao de palavras. Os erros que possam estar aqui inseridos so os que se relacionam, ento, com a palavra e os seus constituintes morfolgicos; a morfologia flexional e os processos morfolgicos de formao de palavras (derivao, composio).

    A ttulo de exemplo, cabem aqui os casos de:

    . m formao de palavras (ex.: *treinagem, em vez de treino / treinamento; *confidencializar, por confidenciar; *incumprir, no lugar de descumprir; *cabo por caibo e *perca por perda);

    . os de desconhecimento quanto aos constituintes sufixais da flexo (ex.: *sabio, em vez de sabiam; *tu fizestes, no lugar de tu fizeste; *interviu por interveio, *deia por d); - ateno com o presidenta e presidente! Valem os dois. Mas no existe estudanta, nem agenta.

    . os de desrespeito da integridade da palavra ou da famlia de palavras (ex.: *gramamtica, em vez de gramtica; *previlgio, por privilgio e *previlegiado, por privilegiado);

    . os de desconsiderao de irregularidades morfolgicas (ex.: *fazer, em vez de far ou *trazeria, em vez de traria);

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    . os de no reconhecimento de estruturas complexas de conjugao e flexo verbal (ex.: futuro e condicional pronominalizados, como em *faria-se, em vez de far-se-ia; *direi-o, em vez de di-lo-ei).

    Naturalmente, h casos que se revelam mltiplos no que toca s reas ou disciplinas implicadas na abordagem do erro. Por exemplo, os j mencionados '*sabio / sabiam' ou '*previlgio / privilgio' andam a par de questes ortogrficas, tal como os casos de flexo morfolgica se conjugam iminentemente com o domnio da sintaxe (ex.: colocao do pronome na conjugao pronominalizada; flexo em nmero e gnero na construo de coeso, entre outros).

    No que toca ao conjuntivo (modo de tempo que exprime ideia de ao ainda no realizada, hipottica, incerta), convm sublinhar que este pode apresentar-se como um caso crtico e relacionar-se com a morfologia no exemplo, acima referido, '*deia / d'; mas tambm pode associar-se a problemas de ordem ortogrfica, sinttica e /ou fonolgica (ex.: ganhe-mos / ganhemos, faa-mos / faamos).

    Quando o edital fala em sintaxe de emprego e colocao, estamos falando, basicamente, de colocao pronominal. comum erros desse tipo em textos dissertativos em provas de concurso.

    O principal erro, nesse caso, esquecer que algumas palavras (atrativas) puxam o pronome para prximo de si.

    Ex: Esquea-se desse problema, meu filho. ! No se esquea desse problema, meu filho.

    Reparem que a palavra no atraiu o pronome se para o seu lado. Assim, seria errado falar:

    No esquea-se desse problema, meu filho.

    Na lngua portuguesa culta s ocorrer a prclise (pronome antes do verbo) quando houver uma palavra atrativa antes do verbo. So palavras atrativas:

    Advrbios (aqui, hoje, sempre, talvez...), pronomes indefinidos (tudo, nada, ningum, todos...); pronomes interrogativos (que, quem, qual...), pronomes relativos (que, quem, qual, onde, quanto, cujo), pronomes demonstrativos neutros (isto, isso, aquilo), conjunes subordinativas (que, quando, embora, conforme, enquanto, se, caso...).

    Ocorrer prclise tambm quando a frase for iniciada pela preposio "em" seguida de verbo no gerndio (terminado em "ndo") e quando a orao for exclamativa.

    Exemplo: Em se concordando com essa tese, deve-se prosseguir o feito.

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    Fernando Gama

    CERTO ERRADO Sempre me esqueo do nome dela.

    (atrao por advrbio) Sempre esqueo-me do nome dela.

    Ningum o procurou. (atrao por pronome indefinido)

    Ningum procurou-lhe.

    Que se espera do governo? (atrao por palavra interrogativa)

    Que espera-se do governo?

    Isso me comoveu. (atrao por pronome)

    Isso comoveu-me.

    Vocs no imaginam quantas redaes eu corrijo com erros grosseiros de colocao pronominal que, com estas regrinhas simples, poderiam ser evitadas.

    Mas, professor, preciso decorar essa lista imensa de itens para saber quando vai ter uma prclise?

    Bem, em geral, no chamo de decorar. Mas, preciso ter uma boa noo. A boa notcia que prclise pode ser usada, mesmo se no houver a palavra atrativa. Tendo a palavra atrativa, ela obrigatria. Ela no pode ser usada quando pronome inicia frase ou quando for caso obrigatrio de mesclise (pronome no meio do verbo) ou nclise (no fim do verbo).

    Na lngua portuguesa culta s ocorrer a mesclise quando no houver palavra atrativa e o verbo estiver no futuro do presente (amanh eu irei) ou no futuro do pretrito (se voc fosse, eu tambm iria). O pronome dever ser colocado aps a letra "r".

    Por exemplo: "Pagarei aos credores": o substantivo "credores" ser substitudo pelo pronome "lhes": "Pagar-lhes-ei".

    Nesse caso, no poder ocorrer a prclise, j que o pronome ficaria no incio do perodo, mas, se dissesse "Eu pagarei aos credores", ao substituir o substantivo pelo pronome tanto poderia dizer "Eu pagar-lhes-ei" quanto "Eu lhes pagarei".

    Na lngua portuguesa culta s ocorrer a nclise (pronome depois do verbo) quando no houver palavra atrativa nem o verbo estiver no futuro do presente ou no futuro do pretrito.

    "D-me o que est me devendo". Nesse caso no poder ocorrer a prclise, j que o pronome ficaria no incio do perodo, mas, se dissesse "Ele deu-me o que est me devendo", tambm poderia dizer "Ele me deu o que est me devendo.

    E no caso das locues verbais?

    Ah! No sabe o que locuo verbal? Ok, vamos l.

    Veja a frase abaixo:

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    Fernando Gama

    Eu amo voc.

    Quantos verbos tm nessa frase? Se a resposta foi um, voc tem chances de passar nesse concurso. Sim, temos um verbo, apenas, o verbo amar, conjugado na primeira pessoa do singular.

    Mas, vamos mudar um pouco a frase:

    Eu estou amando voc.

    Agora, se voc for bem esperto, ver que temos dois verbos: estar e amar. Mas o sentido dos dois verbos est unido numa mesma ao (ou qualidade no caso). Nesse caso, temos uma locuo verbal.

    A colocao pronominal nas locues verbais um caso particular dos outros que j vimos e d muita, mas muita confuso em prova.

    Quando dois ou mais verbos tm valor de um, eles formam uma locuo verbal, expresso que sempre composta por verbo auxiliar + verbo principal.

    Exemplo: Est cantando = canta

    Exemplo: Ia andando = andava

    Um exemplo bem legal: Se voc no for bem nessa prova, o professor vai te matar. Perceba que os verbos ir e matar esto formando uma locuo verbal, pois fazem parte de uma mesma ao, um mesmo sentido.

    Nas locues verbais, conjuga-se apenas o verbo auxiliar, pois o verbo principal vem sempre em uma das formas nominais: infinitivo, gerndio ou particpio.

    Os verbos auxiliares de uso mais frequente so ter, haver, ser, estar e ir.

    Ento, no exemplo acima, o verbo principal matar que a ao principal, a ideia por traz da orao, e o verbo auxiliar ir.

    Mas, ser que o professor vai te matar ou ele vai matar-lhe?

    Se o verbo principal (o que indica a ao ou a qualidade) estiver no infinitivo (terminado em ar, er ou ir) ou no gerndio (terminado em "ndo"), pode-se colocar o pronome ligado a este verbo ou ao outro, o denominado auxiliar. Se ele for colocado junto do principal, ocorrer a nclise; se for colocado junto do auxiliar, seguem-se as regras anteriores. Portanto, o professor vai te matar ou matar-lhe. Se usar o primeiro caso, deve verificar as regras anteriores.

    Exemplo: Eu sei que vou te amar.

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    Nesse caso, h uma palavra atrativa. Se resolvermos colocar o pronome no verbo auxiliar, a frase ficaria: Eu sei que te vou amar.

    Mas se voc escolher colocar o pronome no verbo principal, ento a frase ficaria: Eu sei que vou amar-te.

    Ou seja, em qualquer dos casos, no h como considerar correta a construo eu sei que vou te amar.

    Dupla atrao

    E quando ocorre a dupla atrao? Uau! O que ser isso, professor?

    Dupla atrao ocorre quando temos duas palavras atrativas.

    Exemplo: Desejo que nunca se separe. Nesse caso, temos o que e o nunca atraindo o se. A soluo colocar o pronome depois das duas palavras atrativas, como feito no exemplo, ou colocar a pronome entre elas. ! Desejo que se nunca separe. Ambas as formaes esto corretas.

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    Sintaxe de Regncia e Pontuao

    Como eu disse no incio da aula, minha inteno no dar aulas de portugus. E regncia e pontuao so assuntos extensos, que merecem aulas prprias disso. Muita gente erra em pontuao em provas discursivas. Uma vrgula mal colocada, um travesso fora do lugar. Para ser prtico, sugiro evitar travesses, dois pontos e ponto e vrgula em prova discursiva.

    A no ser que seja extremamente necessrio e voc saiba o que est fazendo, a chance de voc errar (ou pior, o examinador achar que voc errou) grande. No ltimo concurso para Consultor do Senado, teve um amigo que no entrou por causa de algumas vrgulas mal colocadas na prova discursiva.

    Por isso, vamos falar um pouco da vrgula para no haver dvidas (s no vale percorrer todo o meu texto da aula para verificar se tem erros de pontuao, pois deve ter rssr).

    No usando dois pontos, travesses e ponto-e-vrgula, sobra apenas a vrgula para nos preocuparmos. Assim, no precisamos estudar os outros assuntos, apenas focar nas dicas principais sobre vrgula.

    Eu costumo usar apenas 4 regras para me lembrar como colocar as vrgulas. Espero que com elas, vocs consigam fazer um texto enxuto, sem firulas e prtico.

    Regra 1: Use a vrgula para separar explicaes que esto no meio da frase

    Exemplo: A economia dos Estados Unidos, maior potncia mundial, est enfrentando srias dificuldades desde 2008.

    Vejam que eu usei a vrgula para dar uma explicao, uma qualificao, sobre quem so os Estados Unidos.

    Exemplo: Mrio, aluno do EuVouPassar, acaba de passar em um concurso.

    Quem no sabia quem o Mrio? Mrio aquele que ..... aluno do EuVouPassar.

    Regra 2: Use a vrgula para separar o lugar, o tempo ou o modo que vier no incio da frase.

    A inverso da ordem natural das frases exige, muitas vezes, o uso de vrgula. A ordem natural das frases a seguinte: SUJEITO + VERBO + PREDICADO.

    Exemplo: Ivo viu a uva ! Sujeito: Ivo Verbo:viu Predicado: a uva

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    Fernando Gama

    Exemplo: A uva, Ivo viu.

    Se voc inverter essa ordem, precisar usar vrgulas. Por isso, em provas de concurso, sugiro evitar a inverso da ordem das frases. Isso geralmente d confuso, em um momento tenso, e deve ser evitado, embora, em algumas situaes, impossvel no usar a inverso.

    Isso geralmente ocorre quando o lugar, o tempo ou o modo que vier no incio da frase.

    Exemplo: Semana passada, conheci uma pessoa muito bacana.

    A ordem natural seria: Eu conheci uma pessoa muito bacana na semana passada. Mas como eu inverti, colocando o tempo no incio da frase, preciso usar vrgula.

    Exemplo: De um modo geral, no gostamos de mudanas.

    O modo (de um modo geral) est presente no incio da frase, o que exige o uso de vrgula.

    Exemplo: L fora, a chuva est caindo forte.

    O lugar, fora da sua posio natural, exige a vrgula.

    Se a palavra que denotar lugar, tempo ou modo no incio da frase for pequena, o uso da vrgula opcional.

    Exemplo: Geralmente no gostamos de mudanas. Geralmente, no gostamos de mudanas (ambas corretas).

    Exemplo: Agora a chuva est caindo forte. Agora, a chuva est caindo forte. (ambas corretas)

    Regra 3: Use a vrgula para separar oraes independentes.

    Oraes independentes so aquelas que fazem sentidos independentemente da outra. Ou seja, so oraes autnomas.

    Exemplo: Eu preciso emagrecer, mas no gosto de caminhar.

    Vamos olhar as duas oraes.

    Orao 1: Eu preciso emagrecer. Faz sentido sozinha? Faz. Ento autnoma.

    Orao 2: Eu no gosto de caminhar. Faz sentido sozinha? Faz. Ento autnoma.

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    Quando temos duas oraes independentes (autnomas) que fazem sentido sozinhas, chamamos de oraes coordenadas assindticas. Tem esse nome porque esto coordenadas (lado a lado) e no h uma conjuno (que, por exemplo) ligando as duas frases.

    H vrios tipos de oraes coordenadas assindticas. Quando temos duas oraes, lado a lado, ligadas por um articulador de pontuao (vrgula, ponto-e-vrgula ou ponto) estamos em frente a uma orao coordenada assindtica.

    Exemplo: Joo estudou, pois a prova se aproximava. (ideia de explicao)

    Exemplo: Lus tentou, mas no conseguiu vencer a corrida. (ideia de adversidade)

    Exemplo: Eu gosto muito de comer, entretanto estou de regime. (ideia de adversidade)

    Exemplo: Todos dormiam. Entrei com cuidado. (ideia de explicao) = Todos dormiam, por isso entrei com cuidado.

    Quando estamos diante de uma orao coordenada assindtica, devemos usar vrgulas.

    Regra 4: Use a vrgula para enumerar uma lista.

    Japo, Frana e Austrlia vetaram a deciso do conselho de segurana.

    No se usa vrgula antes do e. Ou se usa?

    Tem um caso. E derruba muita gente.

    Quando o e est adicionando um novo sujeito e uma nova ao.

    Os Estados Unidos propuseram sanes, e o Japo se incumbiu de adot-las.

    Primeira orao ! sujeito Estados Unidos, verbo propor

    Segunda orao ! sujeito Japo, verbo incumbir

    Quando os sujeitos so diferentes, em oraes diferentes, usamos vrgula.

    Regra X: A vrgula e o que

    O que e a vrgula tem uma relao prxima e geralmente podem mudar o sentido de uma frase.

    Exemplo: Os meus amigos, que no aprovam a pena de morte, ficaram chocados com o ocorrido. ! Nenhum amigo meu aprova a pena de morte. Eles ficaram chocados com o ocorrido. (aposto)

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    Exemplo: Os meus amigos que no aprovam a pena de morte, ficaram chocados com o ocorrido. ! Alguns dos meus amigos no aprovam a pena de morte. Eles ficaram chocados com o ocorrido. (orao subordinada)

    Mais algumas dicas sobre vrgula:

    1) No se separa com vrgula o sujeito do predicado. O resultado das eleies, no o abateu. Assim: O resultado das eleies no o abateu. Outro erro: O prefeito prometeu, novas denncias. No existe o sinal entre o predicado e o complemento: O prefeito prometeu novas denncias.

    2) No se separa com vrgula verbo do seu complemento. Exemplo: O povo elegeu, Lula presidente do Brasil. -! O povo elegeu Lula presidente do Brasil. Exemplo: Ns estvamos, apreensivos. ! Ns estvamos apreensivos.

    3) No se separa com vrgula a orao principal de orao subordinada substantiva objetiva ou predicativa. Exemplo: Desejo, que todos sejam aprovados. ! Desejo que todos sejam aprovados.

    4) No se separa com vrgula substantivo de adjunto adnominal. Exemplo:

    Regncia

    A regncia a relao de subordinao entre palavras e oraes. Isso quer dizer que a prpria concordncia um fenmeno de regncia, pois o verbo subordinado ao sujeito, assim como os adjetivos (adjetivo, artigo, numeral e pronome) so subordinados a seu substantivo. Todas as oraes subordinadas so regidas pela sua orao principal e nisso est (alm do fato de exercerem funo sinttica) sua diferena com as oraes coordenadas, no regidas e sem funo sinttica.

    Mas a regncia a que queremos nos referir aqui a do verbo com seus complementos ou ausncia deles e a dos nomes e seus complementos. Fiquemos com um exemplo: os alunos que concluram o ensino mdio deveriam saber que os verbos que indicam movimento regem a preposio A: ir a, chegar a etc.

    Portanto, empregar Fui no cinema no est de acordo com a regncia do verbo e isso inaceitvel pela norma-padro. Erro de regncia erro gramatical.

    Para no errar em regncia, o candidato tem que saber a regncia dos verbos e dos nomes. No vai dar para falar sobre isso aqui, em razo de nosso foco ser a produo de textos. Mas sugiro que estudem um pouco o assunto em algum livro de portugus. A regncia pode ter implicaes no uso da crase e da concordncia de verbos.

    Exemplo: O poltico entregou o dinheiro entidades assistenciais.

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    Fernando Gama

    Perceba que a crase no deveria ter sido usada, tendo em vista no haver um encontro de dois as. Qual a regncia do verbo entregar? Verbo transitivo direto e indireto (quem entrega, entrega algo a algum). Temos, portanto, o primeiro a. Mas no temos o a do artigo, j que entidades assistenciais est no plural. Se houvesse um artigo antes ele estaria no plural tambm. Assim, estaria correto:

    O poltico entregou o dinheiro s entidades assistenciais.

    O poltico entregou o dinheiro a entidades assistenciais.

    Aspectos textuais

    agora que comeamos, de fato, o nosso curso de Redao. Vamos, a partir de agora, comear a construo de frases, depois de oraes e, finalmente, de textos. Tudo com objetividade, clareza e sem perder o foco.

    Para construir uma frase, prefira sempre a ordem natural, qual seja sujeito + verbo + predicado. a frmula para no errar.

    Na verdade, podemos dizer que h 6 padres bsicos para construo de frases. Todas as outras formaes derivariam destes:

    1. Sujeito - verbo intransitivo - (Adjunto Adverbial)

    Maria chegou (ontem).

    2. Sujeito - verbo transitivo direto - objeto direto - (adjunto adverbial)

    O Palmeiras perdeu o jogo no ltimo (domingo).

    3. Sujeito - verbo transitivo indireto - objeto indireto - (adjunto adverbial).

    Fernando obedeceu s ordens (na semana passada)

    Campinas precisa de mais trabalhadores (em todos os setores)

    4. Sujeito - verbo transitivo direto e indireto - obj. direto - obj. indireto - (adj. Adv.)

    Os devedores pagaram aos credores tudo o que deviam (na frente do Juiz).

    5. Sujeito - verbo transitivo indireto - complemento adverbial - (adjunto adverbial)

    A Copa do Mundo de 2014 ocorreu no Brasil (h dois meses).

    O Presidente - voltou - da Europa - (na sexta-feira)

    6. Sujeito - verbo de ligao - predicativo - (adjunto adverbial)

    A situao dos brasileiros est melhor (hoje em dia).

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    Fernando Gama

    Os problemas mais comuns na construo de frases dizem respeito m pontuao, ambigidade da idia expressa, elaborao de falsos paralelismos, erros de comparao, etc. Decorrem, em geral, do desconhecimento da ordem das palavras na frase.

    Paralelismo

    O paralelismo um princpio em linguagem que diz que ideias semelhantes devem apresentar a mesma forma gramatical. Se voc adotar uma forma no paralela a elementos paralelos, estar cometendo erro de paralelismo. muito comum esse tipo de erro em provas de concurso.

    Exemplo: Os ministros negaram estar o governo atacando a Assembleia e que ele tem feito tudo para prolongar a votao do projeto.

    Vamos analisar a orao. As ideias contidas nela so que:

    Os Ministros negaram que o governo esteja atacando a Assembleia.

    Os Ministros negaram que o governo tem feito tudo para prolongar a votao do projeto.

    Ou seja, estamos diante de ideias paralelas.

    No entanto, embora as ideias sejam paralelas, as frases no esto no mesmo tempo verbal, indicando erro de paralelismo. Percebam que a primeira frase est no modo subjuntivo (que esteja) e a segunda no modo indicativo (o governo tem).

    Os Ministros negaram

    que o governo esteja atacando a Assembleia

    que o governo tem feito de tudo para

    prolongar a votao do projeto

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    Fernando Gama

    Na verdade, como os Ministros esto negando a ocorrncia dos fatos, eles esto no campo hipottico e, portanto deveria ser usado o modo subjuntivo para as duas oraes.

    Assim, o texto correto deveria ser: Os Ministros negaram que o governo esteja atacando a Assembleia e que tenha feito de tudo para prolongar a votao do projeto.

    Erros de paralelismo so comuns e no esto relacionados apenas aos tempos verbais, mas a ideias paralelas em geral.

    Exemplo: Gosto de manga, abacaxi e melo.

    Perceba que a ideia que eu quero trazer que eu gosto das trs frutas. No entanto, para isso, eu preciso usar a forma paralela. Afinal, eu gosto de manga, eu gosto de abacaxi e eu gosto de melo. Assim, para ficar correta a frase, preciso usar a preposio de em todas as frutas.

    Gosto de manga, de abacaxi e de melo.

    Mais exemplos:

    ERRADO CERTO O presidente sentia-se acuado pelas constantes denncias de corrupo em seu governo e o crescimento na Constituinte da presso em favor da fixao de seu mandato em quatro anos.

    O presidente sentia-se acuado pelas constantes denncias de corrupo em seu governo e pelo crescimento na Constituinte da presso em favor da fixao de seu mandato em quatro anos.

    Quando o ditador morreu, seu porta-voz conseguiu transformar-se no comandante das Foras de Defesa e que era o homem forte do pas.

    Quando o ditador morreu, seu porta-voz conseguiu transformar-se no comandante das Foras de Defesa e ser o homem forte do pas.

    No, no se trata de defender mais interveno do Estado na economia ou que o Estado volte a produzir ao

    No, no se trata de defender mais interveno do Estado na economia ou a volta da produo estatal do ao.

    Ele no s trabalha, mas tambm estudante.

    Ele no s trabalha, mas tambm estuda.

    Trata-se de um argumento forte e que pode encerrar o debate.

    Trata-se de um argumento que forte e que pode encerrar o debate.

    Ou

    Trata-se de um argumento forte, que pode encerrar o debate.

    Tal mtodo no ocupa a tela de modo escancarado, mas por meio de

    Tal mtodo ocupa a tela no de modo escancarado, mas por meio de

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    acmulo de imagens. acmulo de imagens. Funcionrios cogitam nova greve e isolar o governador.

    Funcionrios cogitam fazer nova greve e isolar o governador.

    Ele hesitava entre ir ao cinema ou ir ao teatro.

    Ele hesitava entre ir ao cinema e ir ao teatro.

    Eu gosto de aa, mamo e melo. Eu gosto de aa, de mamo e de melo.

    Fragmentao de frases

    A fragmentao de frases , talvez, o erro mais crasso (grosseiro) e muito comum que eu encontro lendo as redaes de alunos. Muitas pessoas parecem que usam o ponto final para descansar na hora de escrever, sem pensar no que de fato esto redigindo. A fragmentao de frases o uso do sinal de pontuao antes que a frase tenha se tornado completa.

    Exemplo: O Palmeiras voltou a vencer no campeonato. Depois de ser o ltimo colocado. ! O Palmeiras voltou a vencer no campeonato, depois de ser o ltimo colocado.

    Perceba que a frase depois de ser o ltimo colocado no tem sentido sozinha. O ponto final foi colocado antes do seu incio.

    A frase fragmentada geralmente uma orao subordinada ou um adjunto que se apresentam isoladamente, isto , no anexados orao principal.

    Othon Garcia, em "Comunicao em prosa moderna", p. 100, d bem a idia do que frase fragmentada:

    "A festa de inaugurao da nova sede estar esplndida. Gente que no acabava mais. Todos muito animados. Mas uma confuso tremenda. E um calor insuportvel. De rachar. De modo que grande parte dos convivas saiu muito antes de terminar, muito antes mesmo da chegada do Governador. Porque era impossvel aguentar todo aquele aperto, aquela confuso. E principalmente o calor".

    Os perodos do texto so, na verdade, "pedaos" de perodos, verdadeiros fragmentos. So frases fragmentadas.

    De acordo com a sintaxe ortodoxa, o perodo (e a pontuao) deveria ser assim construdo:

    Mas uma confuso tremenda e um calor insuportvel, de rachar, de modo que grande parte dos convivas saiu muito antes de terminar, muito antes mesmo da chegada do Governador, porque era impossvel de aguentar todo aquele aperto, aquela confuso, e principalmente o calor."

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    Fernando Gama

    Frases siamesas1

    Voc daqueles que comea a escrever e no para mais e acaba transformando aquele perodo em um longo pargrafo?

    Se sim, cuidado, neste espao voc pode ter feito uso das frases siamesas.

    Assim, o mesmo acontece com as oraes. s vezes nos empolgamos em escrever e esquecemos de acentuar, colocar vrgulas, conectivos (e, mas, porm, ento, entretanto, etc.) e pontos (final, de exclamao, de interrogao, dois pontos, e assim por diante).

    Exemplo: A jovem j estava ansiosa seria um timo dia de aula sua turma iria apresentar uma pea teatral para a escola inteira a fim de arrecadar fundos para o bazar cultural.

    muito comum ver perodos longos iguais a esse, apontado acima, bem como nos menores.

    Exemplo: Ele no concordava com a correo era necessrio falar com o professor.

    As ideias dos exemplos acima esto sendo exploradas como se fosse apenas uma, j que no h elemento de ligao entre as oraes.

    Vejamos como ficariam os perodos acima se fossem escritos com a pontuao correta:

    Exemplo: A jovem j estava ansiosa, seria um timo dia de aula, pois sua turma iria apresentar uma pea teatral para a escola inteira, a fim de arrecadar fundos para o bazar cultural.

    E

    Exemplo: Ele no concordava com a correo, era necessrio falar com o professor.

    Como vimos, muito importante ficar atento pontuao e ao uso dos conectivos, pois podem mudar todo o sentido de um texto ou do que se quer falar.2

    1 Sabrina Vilarinho, Equipe Brasil Escola 2 Sabrina Vilarinho, Equipe Brasil Escola

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    Fernando Gama

    Comparaes indevidas

    Outro erro comum na construo de frases so as comparaes indevidas ou erros de comparao. Ou seja, quando voc compara bananas com mas, que no so a mesma coisa.

    Exemplo: O salrio do professor menor do que um mdico.

    O salrio do professor deve ser comparado com o salrio do mdico, no com o mdico em si.

    O salrio do professor menor do que o de um mdico.

    Exemplo: O gol do atacante mais bonito do que o zagueiro. ! O gol do atacante mais bonito do que o do zagueiro.

    Exemplo: O Ministrio da Educao dispe de mais verbas do que os Ministrios do Governo.

    Como o Ministrio da Educao tambm ministrio do governo, deveria haver referncia aos outros ministrios para desfazer a impreciso.

    O Ministrio da Educao dispe de mais verbas do que os demais Ministrios do Governo.

    Ambiguidade

    A ambiguidade ocorre quando a frase pode ser interpretada em mais de um sentido. A ambiguidade deve ser evitada.

    Exemplo: A filha falou me que gostou da comida dela. (de quem a comida elogiada? Da me ou da filha?)

    Para corrigir, podemos usar um pronome.

    A filha falou me que gostou da comida desta. (nesse caso, me a cozinheira).

    Exemplo: Roubaram a mesa do gabinete em que eu costumava trabalhar.

    Nesse caso, no se sabe se era na mesa ou no gabinete o seu lugar de trabalho.

    Correo 1: Roubaram a mesa do gabinete na qual eu costumava trabalhar ! (Voc trabalhava na mesa).

    Correo 2: Roubaram a mesa do gabinete no qual eu costumava trabalhar ! (Voc trabalhava no gabinete).

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    Fernando Gama

    Outros erros comuns em provas de concurso

    Pessoal, o assunto inesgotvel e eu estou aqui dando uma pequena reviso sobre os principais pontos para vocs irem teleguiados para a prova. No usando outra pontuao que no seja vrgula. No errando coisas bobas na ortografia. Dando uma geral nos conhecimentos perdidos a na cachola. Mas, mesmo assim, acho que bom dar uma peneirada nos principais assuntos que candidatos a concursos erram em provas discursivas, para que vocs no cometam os mesmos erros.

    Nmero Tipo Errado Certo 1 Fazer exprimindo tempo

    impessoal Fazem cinco anos

    que no te vejo Faz cinco anos que no te vejo

    2 Haver no sentido de existir invarivel

    Houveram muitos erros nesse processo

    Houve muitos erros nesse processo

    3 Existir, bastar, faltar, restar e sobrar admitem

    normalmente o plural

    Existe 20 pessoas nessa fila.

    Basta 02 dias de aulas para que todos os alunos

    aprendam Faltava poucas

    peas. Sobrava ideias.

    Existem 20 pessoas nessa fila. Bastam 02 dias de

    aulas para que todos os alunos

    aprendam Faltavam poucas

    peas. Sobravam ideias.

    4 Pronome no pode ser sujeito

    Para mim fazer Para eu fazer

    5 Depois de preposio, usa-se mim ou ti

    Entre eu e voc Entre mim e voc

    6 Ou h ou atrs H 2 anos atrs H dois anos ou Dois anos atrs

    7 Crase antes de palavra masculina no existe

    Venda prazo Venda a prazo

    8 Preferir no exige do que

    Prefiro ir do que ficar

    Prefiro ir a ficar

    9 O verbo seguido de preposio no

    invarivel.

    Cuidam-se de processo de contas

    Precisam-se de empregados

    Cuida-se de processo de

    contas... Precisa-se de empregados

    10 nenhum, e no "qualquer", que se emprega depois de

    negativas

    No encontrou qualquer risco.

    No encontrou nenhum risco.

    11 Intervir conjuga-se como vir.

    O governo interviu. O governo interveio.

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    Fernando Gama

    12 Um dos que faz a concordncia no plural

    Ele foi um dos que passou na prova.

    Ele foi um dos que passaram na

    prova. 13 Negar que introduz

    subjuntivo, assim como embora e talvez

    Ele nega que pai da criana.

    Ele nega que seja o pai da criana.

    14 No se d entrada junto a

    Ele deu entrada com o processo

    junto Prefeitura.

    Ele deu entrada com o processo na

    Prefeitura. 15 medida que e no

    medida em que medida que a

    fiscalizao avanava, mais desvios eram descobertos.

    medida em que a fiscalizao

    avanava, mais desvios eram descobertos.

    16 Ter no plural tem acento

    Eles tem medo. Eles tm medo.

    Pessoal, por hoje isso.

    Na prxima aula, entraremos em detalhes mais tcnicos a respeito de como iniciar o planejamento de um texto, visando a prova do concurso para atingir os critrios de correo estabelecidos no edital.

    Um abrao a todos e at a prxima,

    Fernando Gama

    @fgamajr

    [email protected]

    facebook.com/fgamajr