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i Autor: Luiz Henrique Marinho Lages SUBSÍDIOS PARA A GEOCONSERVAÇÃO DO CAMINHO DARWIN, SERRA DA TIRIRICA, RJ. Monografia apresentada no curso de Geologia do Quaternário, ministrado no Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos para a conclusão do mesmo. Orientadora: Dra. Kátia Leite Mansur Rio de Janeiro 2011

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i

Autor: Luiz Henrique Marinho Lages

SUBSÍDIOS PARA A GEOCONSERVAÇÃO

DO CAMINHO DARWIN, SERRA DA

TIRIRICA, RJ.

Monografia apresentada no curso de Geologia

do Quaternário, ministrado no Museu

Nacional, Universidade Federal do Rio de

Janeiro, como parte dos requisitos para a

conclusão do mesmo.

Orientadora: Dra. Kátia Leite Mansur

Rio de Janeiro

2011

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Lages, Luiz Henrique Marinho

Subsídios para a Geoconservação do Caminho Darwin no Caminho

Darwin, Serra da Tiririca, RJ. V1, 70 p, 2011.

Orientadora: Kátia Leite Mansur

Monografia de Especialização, UFRJ, Museu Nacional, Departamento

de Geologia e Paleontologia. 2011.

1. Geoconservação. 2. Patrimônio Geológico. 3. Caminho Darwin.

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Dedico este trabalho a minha família, que sempre me apoiou incondicionalmente, e em

especial ao meu irmão Felipe Lages. Também dedico este trabalho a Mércia Assis, que me

mostrou que sempre é possível lutar pelo que achamos certo.

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v

AGRADECIMENTOS

À minha orientadora, Kátia Mansur, pela compreensão e também por sempre saber por

onde me guiar.

Aos professores do Curso de Geologia do Quaternário no Museu Nacional, pela sólida

formação proporcionada.

Ao pessoal do PESET, em especial a Fernando Matias e a Márcia Tavares, que me deram o

apoio necessário para realização do trabalho.

À Fabiana Bandeira do INEA, pela ajuda com a autorização, à Marion Neves pela ajuda

com o campo, e a todos os meus amigos que me apoiaram nesta empreitada.

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“Bem, é um começo, e isso é alguma coisa...”

-Charles Darwin, em uma carta para J.D. Hooker, 1869.

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RESUMO

SUBSÍDIOS PARA GEOCONSERVAÇÃO DO CAMINHO DARWIN NA SERRA DA

TIRIRICA, RJ.

Autor: Luiz Henrique Marinho Lages

Orientadora: Kátia Leite Mansur

O presente trabalho faz uma revisão dos conceitos da geoconservação, que pode ser

entendida como a conservação do patrimônio geológico de uma dada área, e aplica no

Caminho Darwin, localizado no Parque Estadual da Serra da Tiririca. O presente caminho

foi parte da rota percorrida pelo importante naturalista Charles Darwin, quando da

passagem da expedição do navio H.M.S. Beagle no Rio de Janeiro, em 1832. Foi o

primeiro contato de Darwin com a floresta tropical, conforme ele descreve em seu diário

pessoal. Hoje o caminho é discutido como provável Itinerário Cultural, dentro dos critérios

estabelecidos pela UNESCO. A metodologia é dividida em três etapas: uma revisão

bibliográfica da passagem de Darwin e também do histórico do parque, a descrição do

patrimônio geológico observado no caminho em questão, e a montagem de um roteiro

geológico a ser proposto à administração do parque. Os dados coletados do patrimônio

geológico foram descritos em termos de interesse para a divulgação científica e educação

patrimonial, além de serem utilizados para identificar medidas de conservação a serem

tomadas para se efetivar a geoconservação.

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viii

ABSTRACT:

SUBSIDIES FOR THE GEOCONSERVATION OF THE DARWIN’S WAY IN THE

SERRA DA TIRIRICA, RJ.

Autor: Luiz Henrique Marinho Lages

Orientadora: Kátia Leite Mansur

The present study makes a revising of the concepts of the geoconservation, that can

be understood as a conservation of the geological heritage of a certain area, and applies in

the Caminho Darwin, located in the Parque Estadual da Serra da Tiririca. The way was part

of the route followed by the important naturalist Charles Darwin, during the passage of the

expedition of the H.M.S. Beagle on Rio de Janeiro, in 1832. It was the first contact of

Darwin with the tropical rainforest, as he describes in his personal journal. Today the way

is discussed as a probably Cultural Itinerary, by the criterion established by UNESCO. The

methodology is divided on three stages: a bibliographic revision of Darwin’s passage and

also about the park’s history, the description of the geological heritage observed in the

way, and the building of geological guide to be proposed to park’s administration. The

collected data of the geological heritage was described in terms of the interest for scientific

divulgation and education for heritage, as well as to be utilized to indentify manners of the

conservation to be taken to geoconservation effectiveness.

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SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS v

RESUMO vii

ABSTRACT viii

SUMÁRIO ix

LISTA DE ILUSTRAÇÕES xi

LISTA DE ABREVIATURAS xii

1 INTRODUÇÃO 1

1.1 Área De Estudo 1

1.2 Justificativa 2

1.3 Objetivos 3

1.3.1 Objetivo Geral 3

1.3.2 Objetivos Específicos 3

2 MÉTODOS DE TRABALHO 5

2.1 Revisão de Dados Históricos 5

2.2 Atividades de Campo 6

2.3 Produção de Material Interpretativo 7

3 REFERENCIAIS TEÓRICOS DA GEOCONSERVAÇÃO 8

3.1 Geodiversidade 8

3.2 Geossítio e Patrimônio Geológico 8

3.3 Geoconservação 9

3.4 Geoturismo 10

3.5 Interpretação do Patrimônio Natural 10

3.6 Proteção Legal do Patrimônio Geológico 11

4 REGISTRO HISTÓRICO SOBRE CHARLES DARWIN 13

4.1 Biografia 13

4.2 Darwin na Serra da Tiririca 15

5 O PARQUE ESTADUAL DA SERRA DA TIRIRICA 18

5.1 Histórico do Parque 18

6 A GEODIVERSIDADE DO PESET 21

6.1 Caracterização Geológica 21

6.2 Litologias Encontradas no Caminho Darwin 22

6.2.1 Silimanita-Granada-Biotita- Gnaisse 22

6.2.2 Gnaisse Facoidal 23

6.2.3 Granito Itaocaia 24

6.2.4 Pegmatito 25

6.2.5 Dique Diabásico 26

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x

6.3 A Trilha do Caminho Darwin 27

6.3.1 Pontos de Interesse para a Geoconservação 28

7 DISCUSSÃO 41

7.1 Pavimentação, Erosão e Deslizamento de Encostas 41

7.2 Ação Antrópica 42

7.3 Aspectos Educacionais da Visita de Darwin 44

8 CONCLUSÃO 47

REFERÊNCIAS 49

ANEXO I – AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA CONCEDIDA PELO INEA 52

ANEXO II – ROTEIRO GEOLÓGICO DO CAMINHO DARWIN 54

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xi

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Mapa de localização do PESET, fonte: GoogleEARTH, 2011 1

Figura 2 - Charles Darwin, foto tirada em 1880, por Eliot e Fry. Disponível em

http://darwin-online.org.uk 13

Figura 3 – Floresta Brasileira, Conde de Clarac, 1822. Disponível em:

http://museuvirtualpintoresdorio.arteblog.com.br/17729/CHARLES-OTHON-CONDE-

DE-CLARAC-FLORESTA-BRASILEIRA/ 16

Figura 4 - Mapa Geológico mostrando a área do PESET. Fonte: Mansur, 2010a 21

Figura 5 - Silimanita-granada-biotita gnaisse, fonte: Lages (2011) 22

Figura 6 - Gnaisse Facoidal, fonte: Lages (2011) 23

Figura 7 - Granito Itaocaia, fonte: Lages (2010). 24

Figura 8 – Pegmatito, fonte: Lages (2011) 25

Figura 9 – Contato entre o gnaisse e o dique, fonte: Lages (2011). 26

Figura 10 - Vista de satélite do Caminho Darwin, fonte: Software Google Earth, em

23/2/2011. 27

Figura 11 - Entrada do Caminho Darwin, fonte: Lages (2011). 29

Figura 12 - Calha de escoamento, Fonte: Lages (2011). 30

Figura 13 - Deslizamento de encosta, fonte: Lages (2011). 31

Figura 14 - Foto indicando as estrias provocadas pela movimentação entre os blocos, fonte:

Lages (2011). 32

Figura 15 - Alagamento, fonte: Lages (2011). 33

Figura 16 - Deslizamento de encosta, fonte: Lages (2011). 34

Figura 17 - Rede elétrica danificada no caminho, fonte: Lages (2011). 35

Figura 18 - Granito Itaocaia, fonte: Lages (2011). 36

Figura 19 - Pegmatito, fonte: Lages (2011). 37

Figura 20 - Erosão passando sobre o contato do dique com o gnaisse, fonte: Lages (2011).

38

Figura 21 - Cimento cobrindo o afloramento de gnaisse, fonte: Lages (2011). 39

Figura 22 – Falha observada no afloramento de gnaisse, fonte: Lages (2011). 40

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xii

LISTA DE ABREVIATURAS

PESET – Parque Estadual da Serra da Tiririca

INEA – Instituto Estadual do Meio Ambiente

DRM/RJ – Serviço Geológico do Estado do Rio de Janeiro

UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação

FEEMA – Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente

UFF – Universidade Federal Fluminense

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1

1 INTRODUÇÃO

1.1 ÁREA DE ESTUDO

Figura 11 - Mapa de localização do PESET, com os limites demarcados em verde e o

Caminho Darwin marcado em amarelo. Fonte: GoogleEARTH.

O Parque Estadual da Serra da Tiririca (PESET) está situado na região

Metropolitana do Rio de Janeiro, na divisa entre os municípios de Niterói e Maricá. De

acordo com Barros (2008), o PESET é a única unidade de conservação na Região

Metropolitana do Rio de Janeiro que surgiu por iniciativa popular. O Parque está

localizado próximo a áreas turísticas, como a praia de Itacoatiara, a praia de Itaipuaçu e

apresenta várias belezas naturais, como a Pedra do Elefante e a Enseada do Bananal.

No contexto biológico a área constitui uma parte do Bioma Mata Atlântica,

pertencente à região Neotropical e a Província Biogeográfica da Serra do Mar, Grupo

floresta Tropical Úmida (Barros, 2008). Do ponto de vista geológico está situado na Faixa

Ribeira, no Terreno Oriental, segundo Tupinambá et al. (2007).

A região da Serra da Tiririca já foi conhecida por outros nomes, tais como Serra de

Inoã, Serra de Maricá e outros (BARROS, 2008). De acordo com Barros & Seoane (1999,

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apud BARROS, 2008) o nome atual está relacionado “à passagem de tropas de burro no

caminho que levava até a região dos lagos por um caminho cheio de tiriricas. Tiriricas são

plantas do gênero Cyperus da família Cyperaceae, sendo comumente encontradas em áreas

desmatadas, como beiras de caminho.” A referida região recebeu em 1832 a visita de

Charles Darwin, quando de sua famosa viagem ao redor do mundo, e causou forte

impressão no naturalista, pois foi um dos primeiros pontos em sua jornada onde ele pôde

observar pela primeira vez a Mata Atlântica. Uma parte deste caminho hoje pertence ao

PESET, e recebeu o nome “Caminho Darwin”, sendo administrado pelo INEA. O Caminho

Darwin hoje é alvo de várias iniciativas que visam à conservação deste patrimônio e

também da preservação da memória do lugar por meio da divulgação científica.

1.2 JUSTIFICATIVA

O presente estudo pretende somar-se às atividades de conservação do patrimônio

que já ocorrem no PESET, especificamente ao Caminho Darwin e à sua geodiversidade,

entendendo que esses constituem um patrimônio científico, pedagógico e cultural,

aproveitando o grande apelo de Charles Darwin nos projetos de divulgação científica,

conforme citado por Mansur (2010a). O pressuposto utilizado neste trabalho é:

“para que se possa alcançar a geoconservação deve-se passar, prioritária

e necessariamente, por um programa de popularização da ciência. Desta

forma, a sociedade será sensibilizada e mobilizada para atuar em defesa

do patrimônio geológico e pela adoção de um modelo de

desenvolvimento e gestão territorial que contemple o interesse coletivo”.

(MANSUR, 2010a, p. 4)

Os objetivos específicos estão organizados de acordo com esse referencial e

também de acordo com a proposta metodológica estabelecida por Brilha (2005) dos passos

que levam a geoconservação. Dessa forma pretende-se alcançar a geoconservação através

da divulgação científica e também pelo incentivo ao geoturismo.

Dentre as propostas estabelecidas para divulgação científica, há a de elaboração de

uma placa interpretativa. De acordo com Mansur (2010a): “A divulgação da geologia por

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3

meio de painéis interpretativos colocados em locais de fácil acesso ao público se revelou

uma iniciativa de sucesso entre as comunidades locais e se disseminou por vários estados”,

e esta é uma abordagem escolhida na área de estudo principalmente por se tratar de uma

área de passagem usada regularmente não só por moradores, mas também por pessoas que

desejam passar de Niterói para Maricá, e por turistas que visitam a região, que apresenta

diversas praias, visando aproveitar da melhor forma possível as potencialidades da área. Da

mesma forma a elaboração do roteiro geológico pode responder melhor a casos mais

específicos, principalmente de grupos que venham conhecer o Caminho Darwin,

fornecendo informações mais detalhadas sobre o patrimônio geológico.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 OBJETIVO GERAL

Com base no valor científico e histórico, proceder à descrição da geodiversidade do

Caminho Darwin na Serra da Tiririca, dentro dos limites do PESET, com o intuito de

promover atividades de interpretação que viabilizem a geoconservação do patrimônio

geológico associado à trilha, levando em conta a perspectiva histórico- científica da

passagem de Darwin.

1.3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Identificar pontos de interesse científico e histórico na Trilha de Darwin na Serra da

Tiririca.

b) Realizar um levantamento histórico das iniciativas de conservação executadas no

PESET.

c) Descrição da geodiversidade dentro da Trilha de Darwin, referenciando também a sua

singularidade.

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4

d) Identificação de possíveis ameaças à conservação da trilha.

e) Desenvolvimento de um roteiro geológico, visando à divulgação do patrimônio

estudado.

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5

2 MÉTODOS DE TRABALHO

A metodologia envolvida neste trabalho busca promover alguns dos passos que

levam a geoconservação, conforme detalhado por Brilha (2005), em especial os passos

referentes à valorização e divulgação do patrimônio geológico. Como as atividades

realizadas ao longo deste trabalho foram de naturezas bem distintas, os métodos

empregados para este trabalho foram divididos em três grupos, referentes ao tipo de

atividade: coleta de material bibliográfico, sobre a passagem de Darwin no Rio de Janeiro

e sobre a história do Parque Estadual da Serra da Tiririca; levantamento bibliográfico e

também in situ de dados sobre o patrimônio geológico do Caminho Darwin; e montagem

do material interpretativo, no caso, o roteiro geológico do caminho.

2.1 REVISÃO DE DADOS HISTÓRICOS

Foi feita uma revisão bibliográfica dos escritos de Darwin que se relacionam

diretamente com o caminho percorrido por ele durante sua visita a Serra da Tiririca, bem

como de outros trabalhos que também referenciam esta expedição. Essa revisão teve como

mote identificar pontos de interesse científico e histórico na área citada, respaldando a

necessidade de conservação deste ambiente e identificando potenciais de divulgação e

educação científica. A maioria dos textos sobre este tema utilizados neste trabalho foi

retirada do sítio [http://darwin-online.org.uk], que tem como objetivo reunir todo o acervo

de artigos, cartas e livros publicados por Darwin e também uma série de obras a respeito

deste autor. Os dados da biografia de Darwin aqui citados foram retirados do autor deste

sítio, o escritor John Van Wyhe.

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As informações sobre a história do Parque Estadual da Serra da Tiririca foram

retiradas em sua maioria de trabalhos acadêmicos, sendo considerados de particular

importância os de Barros (2008) e Pimentel (2008), que fazem uma revisão dos fatos

políticos que levaram a criação do Parque. Também vale a pena destacar o trabalho de

Mendonça (2006), que faz uma revisão do histórico dos conflitos pela terra no bairro

Engenho do Mato, e elucida muitas questões sobre a ocupação desta área no século XX.

2.2 ATIVIDADES DE CAMPO

Foram feitas duas excursões ao Caminho Darwin com fins de observar e identificar

a área bem como medidas de conservação que já foram feitas e que podem ou devem ser

tomadas ainda. A primeira, realizada no dia 23/10/2010 acompanhou uma visita guiada

realizada por professores da rede pública de Niterói, no evento “ciência na trilha” incluído

na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, promovida pela Superintendência de

Desenvolvimento e Ensino, da Secretária Municipal de Educação da Prefeitura de Niterói,

em parceria com o DRM/RJ e com a Casa da Ciência da UFRJ.

Na segunda visita ao Parque, realizada no dia 7/2/2011, foram feitas observações e

descrições da geodiversidade existente, marcando pontos de interesse geológico,

pedagógico e paisagístico, bem como de pontos onde a conservação da trilha mereça

especial atenção, sendo devidamente georreferenciados para futuras intervenções ou

utilizados na elaboração de um roteiro geológico da trilha. As coordenadas dos pontos da

trilha foram obtidas com um GPS de 12 canais da marca Garmin, com Datum WGS84. As

fotos foram feitas utilizando uma câmera Canon PowerShot A470, com definição de 7.1

megapixels. Todo o trabalho contou com a devida autorização e apoio do INEA, sendo

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7

inclusive identificado por este órgão sob o processo E-07/501.178/2011, conforme Anexo

I.

2.3 PRODUÇÃO DE MATERIAL PARA INTERPRETAÇÃO

Um roteiro geológico foi planejado para orientar uma visita ao parque,

apresentando ao mesmo tempo, aspectos históricos e geológicos do caminho Darwin. Este

material foi feito utilizando-se o software CorelDRAW Graphics Suite® X4, orientado de

maneira a caber em duas folhas de papel tamanho A4, dobradas em duas partes de maneira

a totalizar 8 páginas. Nesse espaço, foi colocada uma breve introdução sobre a vida de

Darwin, seguida de mapas explicativos sobre o caminho em questão, e uma breve

introdução aos temas de geologia. O roteiro apresenta de maneira sucinta e didática dados

sobre as rochas visíveis no caminho, além de uma breve explanação sobre a ação do

intemperismo químico e formação do solo.

Os princípios norteadores deste roteiro foram aqueles propostos por Tilden (1954,

apud EMBERSON & VERVEKA, 2011) e foram utilizados como modelo diversos

materiais do gênero produzidos pelos projetos Caminhos Geológicos, Caminhos de

Darwin, e também pelo INEA e pelo DRM/RJ.

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8

3.1 MARCOS TEÓRICOS DA GEOCONSERVAÇÃO

3.1.1 GEODIVERSIDADE

Segundo Gray (2008, in BUREK & PROSSER, 2008), pode ser entendido como a

diversidade geológica (rochas, minerais e fósseis), geomorfológica (formas de relevo,

processos) e aspectos do solo, incluindo também suas assembléias, relações, propriedades,

interpretações e sistemas.

No Brasil, a CPRM, com o trabalho editado por Silva (2008) define geodiversidade

como “o estudo da natureza abiótica (meio físico) constituída por uma variedade de

ambientes, composição, fenômenos e processos geológicos que dão origem às paisagens,

rochas, minerais, águas, fósseis, solos, clima e outros depósitos superficiais que propiciam

o desenvolvimento da vida na Terra, tendo como valores intrínsecos o cultural, o estético,

o econômico, o científico, o educativo e o turístico.”

3.1.2 GEOSSÍTIO E PATRIMÔNIO GEOLÓGICO

Brilha (2005) afirma que “uma coisa é o estabelecimento de estratégias de modo a

garantir a gestão sustentada (...) e outra consiste na implementação de estratégias que

permitam a conservação de ocorrências geológicas de inegável valor científico,

pedagógico, cultural, turístico ou outros.” Dessa forma, ele lança mão de dois conceitos:

geossítio e patrimônio geológico. Geossítio pode ser definido como:

“Ocorrência de um ou mais elementos da geodiversidade (aflorantes

quer em resultados da ação de processos naturais, quer devido a

intervenção humana), bem delimitado geograficamente e que apresente

singular valor do ponto de vista científico, pedagógico, cultural,

turístico, ou outro.” (BRILHA, 2005, p. 52).

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9

Já patrimônio geológico pode ser definido como “conjunto de geossítios

inventariados e caracterizados numa dada área ou região” (BRILHA, 2005, p 52). O

mesmo autor chama atenção para o fato de que

“o Património Geológico integra todos os elementos notáveis que

constituem a geodiversidade, englobando por conseguinte, o Património

Paleontológico, o Património Mineralógico, o Patrimônio

Geomorfológico, o Patrimônio Petrológico, o Património

Hidrogeológico, entre outros.” (BRILHA, 2005, p 54)

3.1.3 – GEOCONSERVAÇÃO

Burek & Prosser (2008) destacam que o pensamento conservacionista começa a

ganhar a peso nos anos 50 e com a Primeira Conferência das Nações Unidas sobre o

Homem e o Meio Ambiente, realizada em Estocolmo, em 1972, e a Cúpula da Terra

realizada no Rio de Janeiro, em 1992, foram oficializadas as primeiras políticas de

conservação e preservação do meio ambiente. O mesmo trabalho destaca que é prudente

diferenciar os conceitos de preservação e conservação. O primeiro trata da proteção

integral de uma área, impedindo que venham ocorrer mudanças nesse ambiente. Já o

conceito de conservação é definido como “o gerenciamento ativo de algo para garantir que

sua qualidade seja mantida” (BUREK & PROSSER, 2008). Ou seja, a conservação implica

na manutenção de uma qualidade particular e não na ausência completa de mudanças. Essa

diferença é importante, pois a conservação permite uma ocupação e gestão que não seria

possível ocorrer numa área preservada.

Sharples (2002) define geoconservação como “a conservação da geodiversidade por

seus valores intrínsecos, ecológicos e patrimoniais.” O mesmo trabalho ainda destaca que a

geoconservação é “uma abordagem para o gerenciamento da conservação de rochas, relevo

e e solos, reconhecendo que a geodiversidade apresenta valor para a conservação da

natureza” (Sharples 2002, p 6).

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10

Brilha (2005) argumenta que a geoconservação “tem como objectivo a gestão e

conservação do patrimônio geológico e processos naturais a eles associados”, ressaltando

dessa forma as noções de patrimônio geológico e gestão dos geossítios.

3.1.4 GEOTURISMO

Hose (2008) cita uma definição mais refinada de geoturismo,

“a provisão de facilidades interpretativas e serviços que promovam o

valor e o benefício social de sítios geológicos e geomorfológicos, e seus

materiais, e para garantir sua conservação, para o uso de estudantes,

turistas e outros recreacionistas casuais.”

Para este autor, o geoturismo é uma forma especial de interesse turístico, cuja

motivação pode ser entendida “por pessoas que vão a algum lugar por terem um interesse

particular que pode ser alcançado em uma região ou destino em particular.” (HOSE 2008).

Dessa forma, ele apresenta dois grupos principais de geoturistas, com base em suas

motivações específicas: o grupo educacional, composto por alunos desde a pré-escola até

os cursos de pós-graduação que visitam o local com fins de ampliação do conhecimento

geológico, e o grupo recreacional, composto por amadores que visitam os sítios por seus

fósseis, minerais, rochas ou paisagens excepcionais.

3.1.5 INTERPRETAÇÃO DO PATRIMÔNIO NATURAL

A definição utilizada aqui para a interpretação do patrimônio natural é a definida

pela instituição Interpretation Canada, presente no manual “What is Heritage

Interpretation”:

"Interpretação é um processo de comunicação, desenvolvido para

revelar modos e relações de nosso patrimônio cultural e natural, através

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do envolvimento com objetos, artefatos, paisagens e sítios.”

(EMBERSON & VEVERKA, 2011).

Os princípios básicos da Interpretação foram definidos por Tilden (1954, apud

EMBERSON & VERVEKA, 2011), e compõem: (a) provocar a curiosidade e o interesse

do público; (b) relatar a mensagem, de uma forma específica; (c) revelação, que pode ser

entendida como a maneira pela qual a mensagem irá beneficiar o visitante; (d) esforço pela

unidade de mensagens, ou seja, coordenar todas as estratégias de interpretação a fim de que

não destoem muito uma da outra; (e) a percepção do que realmente é importante na

mensagem.

De acordo com Rodrigues (2009), a interpretação da Geodiversidade é a base para

uma estratégia de geoturismo.

3.1.6 PROTEÇÃO LEGAL DO PATRIMÔNIO GEOLÓGICO

Mansur (2010b) relata que a discussão sobre o patrimônio geológico no Brasil

surge institucionalmente a partir da criação, pelo DNPM, do Grupo de Trabalho Nacional

de Sítios Geológicos e Paleobiológicos, posteriormente Comissão Brasileira dos Sítios

Geológicos e Paleobiológicos – SIGEP, por solicitação do Grupo de Trabalho de Sítios

Geológicos e Paleobiológicos do Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas

para a Educação, Ciência e Cultura - UNESCO. Ainda no mesmo trabalho é citado que

“O planejamento e organização das atividades econômicas e da

expansão urbana devem considerar as fragilidades e a capacidade do

meio físico e biótico. Como pressuposto, devem se apoiar no

conhecimento científico para que a ocupação do território garanta o

desenvolvimento, sem perda de aspectos singulares da bio e

geodiversidade.” (MANSUR, 2010b, p. 238)

Estas são as bases do chamado ordenamento territorial, cujo conceito pode ser

entendido como “a expressão da organização territorial, que se caracteriza pelas múltiplas

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dimensões (física, cultural, política, econômica e social), nas várias escalas geográficas.

Reflete as múltiplas facetas do “viver” das pessoas no espaço físico” (Sá, 2005).

Na Constituição Federal, o ordenamento territorial está descrito no Artigo 21,

inciso IX, que coloca como competência da união: “elaborar e executar planos nacionais e

regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social.” Também é

competência da união a proteção do meio ambiente, de acordo com os artigos 23 e 24.

Também é importante citar o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Lei federal

9.985/2000), também conhecido pela sigla SNUC.

“Dentre os objetivos do SNUC destacam-se: proteger as características

relevantes de natureza geológica, geomorfológica, espeleológica,

arqueológica, paleontológica e cultural; proteger e recuperar recursos

hídricos e edáficos; e proporcionar meios e incentivos para atividades de

pesquisa científica, estudos e monitoramento ambiental.” (MANSUR,

2010b, p. 241)

Esta lei define várias formas de uso das unidades de conservação, bem como várias

estratégias de manejo. Além disso, no mesmo trabalho há a citação do artigo 216 da

Constituição Federal que:

“Apresenta os grandes grupos de bens de natureza material e imaterial

que constituem o patrimônio cultural brasileiro. Entre eles estão os sítios

de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico,

ecológico e científico. A proteção do patrimônio é feita por meio do

Tombamento, embasada no Decreto-Lei 25/1937.” (MANSUR, 2010b, p.

242)

Todo esse arcabouço legal fornece bases necessárias para que a geoconservação

seja efetivada, embora apenas estas leis não sejam suficientes para a plena conservação do

patrimônio geológico. O principal fator que leva a conservação, quer seja do patrimônio

biológico, quer seja do patrimônio geológico, é integração da população com a área em

questão, que pode ser alcançada através da educação, conscientização e sensibilização da

pessoas para com o patrimônio natural.

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4 REGISTRO HISTÓRICO SOBRE CHARLES DARWIN

4.1 BIOGRAFIA

Figura 2 - Charles Darwin, foto tirada em 1880, por Eliot e Fry.

Charles Robert Darwin nasceu no dia 12 de fevereiro de 1809, em Shrewsburry,

Inglaterra, quinto filho de Robert Darwin e Susannah Wedgwood. Charles Darwin era neto

de um cientista e escritor famoso, Erasmus Darwin e sua família gozava de bastante

prestígio. Aos oito anos de idade ele perdeu a mãe e iniciou a sua vida escolar e desde o

princípio demonstrou interesse pela História Natural, realizando coletas e organizando

coleções de diversos seres vivos.

Em 1825 Charles Darwin foi enviado pelo seu pai a Edimburgo, onde iria se

preparar para iniciar seus estudos em medicina. Nesta época manteve firme o interesse

pelas ciências naturais, travando contato com diversos professores e pesquisadores, que o

ajudaram a se aprofundar em Geologia e Zoologia. Após esse período, Darwin teve a

oportunidade de estudar medicina em Edimburgo, mas não completou o curso. Wyhe

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(2002) cita como uma das causas, o fato de Darwin não suportar ver o sofrimento das

pessoas doentes, em particular no que se referia às práticas cirúrgicas, realizadas sem

anestesia na época.

Percebendo que ele não apresentava aptidão para ser médico, seu pai propôs que

devesse estudar Teologia. Darwin foi então matriculado no Christ’s College, em

Cambridge, a fim de se tornar clérigo. Durante essa época ele conheceu seu professor, o

iminente botânico John Henslow, que contribuiu para sua formação enquanto naturalista.

Ainda nesse período ele recebeu suas primeiras iniciações na Geologia com o professor

Adam Sedgwick durante uma excursão ao norte do País de Gales.

Foi logo após a sua graduação no Christ’s College que Henslow o indicou para uma

viagem ao redor do mundo, a bordo do HMS Beagle, sob o comando do capitão Robert

FitzRoy, cuja missão envolvia uma série de estudos cartográficos. Em 1831 ele partiu e ao

longo da viagem coletou uma grande quantidade de dados sobre a Biologia e Geologia dos

lugares em que passou. Após seu retorno, cinco anos depois, Darwin se dedicou com

afinco na carreira de naturalista, ganhando fama e renome.

Com base em todas as observações feitas durante sua viagem, ele viria anos depois

a revolucionar a ciência, apresentando, em 1858, em conjunto com Alfred Wallace, que

havia chegado as mesmas conclusões de maneira independente, o trabalho “On the

Tendency of Species to form Varieties; and on the Perpetuation of Varieties and Species by

Natural Means of Selection” que iria apresentar as bases da moderna teoria da evolução.

Ainda com base nessas observações, Darwin publicou o livro “A Origem das Espécies” em

1859 que viria a ser um dos maiores marcos científicos de todos os tempos, afetando não

só os rumos das ciências naturais, como também das ciências humanas.

Darwin morreu em 1882, mas seu legado para a ciência permanece e a teoria da

evolução se mantém firme com o principal marco teórico da Biologia.

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4.2 DARWIN NA SERRA DA TIRIRICA

Em abril de 1832, após uma longa travessia pelo Atlântico e uma passagem pela

Bahia, Darwin desembarcou na cidade do Rio de Janeiro, onde teve a oportunidade de

permanecer por algum tempo em terra, já que o navio necessitava voltar à Bahia, para

consertar um erro identificado na cartografia entre Salvador e o Rio de Janeiro. Durante o

tempo em que ficaria esperando o retorno do navio, Darwin partiu numa expedição a fim

de observar a natureza local e alugou uma casa em Botafogo, onde ficou por cerca de 3

meses. Junto com mais seis companheiros ele partiu, no dia 8 de abril, rumo a uma

propriedade ao norte de Cabo Frio, mais precisamente em Conceição de Macabu, que era,

então, parte do município de Macaé.

Durante esse caminho Darwin passou por Niterói, conhecido como Praia Grande na

época, atravessando a Estrada do Vai-e-Vem, existente até hoje, que corta a serra da

Tiririca, uma das antigas rotas para o norte fluminense. É interessante notar que até este

momento, Darwin ainda não tinha entrado em contato direto com uma floresta tropical, e

ao se deparar com a Mata Atlântica, ele deixa registrado o seu deslumbramento em seu

Diário:

“A vista que tivemos ao cruzar as montanhas por trás de Praia

Grande foi muito sublime e pitoresca. As cores eram intensas e o

matiz predominante era um azul escuro, com o céu e as águas

calmas da baía rivalizando em esplendor. Após passar por uma

região cultivada, adentramos uma floresta cuja grandeza não

podia ser superada. À medida que os raios de sol penetravam a

massa emaranhada, lembrei-me energicamente de duas gravuras

francesas feitas a partir dos desenhos de Maurice Rugendas e Le

Compte de Clavac. Elas representam bem o número infinito de

cipós e plantas parasitas e o contraste das árvores florescentes

com os troncos mortos e podres. Eu não conseguia de maneira

alguma parar de admirar essa cena.” (DARWIN,1890, tradução

de Bernardo Esteves)

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Figura 3 - Floresta Brasileira, Conde de Clarac, 1822.

Após a travessia da Estrada do Vai-e-Vem, Darwin parou em uma fazenda na

localidade de Itaocaia, onde, ouvindo relatos sobre a escravidão, os transcreveu para seu

diário:

“Este lugar é famoso no país por ter sido durante um longo

período a morada de alguns escravos fugidos que, cultivando uma

pequena gleba de terra próxima ao topo, conseguiram tirar dali

seu sustento. Por fim, alguns soldados foram enviados e os

prenderam todos, com exceção de uma velha que, a ser capturada

de novo, preferiu se espatifar em pedaços e jogou-se bem do topo

da montanha. Fosse ela uma matrona romana e isso seria

chamado de patriotismo nobre; como se trata de uma negra, foi

chamado de obstinação brutal!”. (DARWIN, 1890, tradução de

Bernardo Esteves).

A passagem de Darwin no Rio de Janeiro, especificamente neste caso pela serra da

Tiririca, é um fato muito importante em sua história, pois ilustra o começo de sua carreira

como naturalista, e a sua primeira observação da biodiversidade dos trópicos. A

importância do trabalho de Darwin deve ser considerada quando se pensa na conservação

da área da estrada do Vai-e-Vem, que é denominada como “Caminho Darwin” pelo INEA

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(Instituto Estadual do Ambiente, Estado do Rio de Janeiro). O reconhecimento da história

deste local, bem como a divulgação de sua importância para a história da ciência, trazem

consigo uma valoração deste parque, que pode vir a se mostrar estratégica para se pensar

na conservação tanto da biodiversidade, quanto da geodiversidade no PESET.

O ano de 2009 foi denominado Darwin’s Year, devido aos 150 anos da publicação

de a “Origem das espécies” e por ser o aniversário de 200 anos do nascimento do

naturalista, e ocorreu uma série de eventos e comemorações ao redor do mundo. Para

celebrar a data no Brasil, foi implementado o projeto “Caminhos de Darwin”, através da

parceria entre o Ministério da Ciência e Tecnologia, a Casa da Ciência da UFRJ, o projeto

“Caminhos Geológicos” do DRM/RJ, prefeituras municipais e diversas ONGs e

instituições de ensino, turismo e cultura. De acordo com Moreira, Pereira e Mansur (2009),

“O projeto Caminhos de Darwin tem permitido o encontro e a troca de informações entre

as cidades envolvidas, além da articulação de ações conjuntas na região, especialmente a

implantação do roteiro no campo do turismo científico e cultural” (p. 14). O referido

trabalho cita ainda que os caminhos de Darwin estão sendo discutidos como provável

Itinerário Cultural, dentro dos critérios estabelecidos pela UNESCO. O presente trabalho

traz uma proposta de descrição do patrimônio natural e elaboração de um roteiro, visando

complementar essas iniciativas e particularmente as propostas de roteiro estabelecidas por

Moreira, Pereira e Mansur (2009) e Silva, (2009).

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5 O PARQUE ESTADUAL DA SERRA DA TIRIRICA

5.1 HISTÓRICO DO PARQUE

O Parque Estadual da Serra da Tiririca é a única Unidade de Conservação da região

metropolitana do Rio de Janeiro que foi criada a partir da vontade popular (VALLEJO

2005, BARROS 2008 e PIMENTEL 2008). Sua origem remonta a existência da antiga

Fazenda Engenho do Mato, que com o declínio da economia baseada na agricultura

durante meados do séc. XX foi desmembrada em pequenas propriedades ocupadas pelos

ex-trabalhadores rurais da fazenda e também pela empresa Terrabraz (MENDONÇA

2006). Segundo o mesmo trabalho, datam desse período os primeiros conflitos pela terra,

ocasionados pela disputa entre os primeiros proprietários e empresários, e os posseiros e

sitiantes da antiga Fazenda Engenho do Mato, sendo causados pelo início do loteamento da

área.

De acordo com Mendonça (2006), “a expropriação da Fazenda do Engenho do

Mato pelo governo do Estado do Rio de Janeiro foi um dos mecanismos encontrados para

minimizar o conflito rural/urbano advindo da urbanização da Fazenda Engenho do Mato”.

O mesmo trabalho ainda cita que “com a expansão imobiliária, particularmente na década

de 1970, muitas famílias de sitiantes tradicionais foram ainda fortemente pressionadas a

deixar os sítios que ocupavam a parte baixa da fazenda/loteamento, sobrepostos que

estavam nas quadras, lotes e ruas.”

Vallejo (2005), Barros (2008) e Mendonça (2008) citam que as primeiras iniciativas

de denúncia do desmatamento e ao mesmo tempo de iniciativas de proteção da

biodiversidade da Serra da Tiririca tiveram início em meados na década de 80 com o

biólogo Jorge Antônio Lourenço Pontes e o Dr. Cláudio Martins, professor do

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Departamento de Geografia da UFF. Barros (2008) cita que o passo decisivo para criação

do Parque foi “a tentativa da empresa Ubá Imobiliária em 1989 de lotear a área conhecida

como Córrego dos Colibris”. Ainda em Barros (2008) a referência da denúncia de

desmatamento realizada pelo biólogo Paulo Carvalho Filho à Prefeitura de Niterói, cujos

fiscais em conjunto com o Batalhão Florestal, membros da FEEMA, da Federação das

Associações de Moradores de Niterói (FAMNIT) e da Associação de Moradores de Itaipu,

conseguiram flagrar estas ações e realizar a mobilização que levou ao cancelamento da

construção deste condomínio.

A partir daí se estabeleceu uma importante mobilização, com o apoio de diversas de

ONGs que levaram a implantação do parque nesta área. Sobre a legislação que garante a

proteção do Parque, Barros (2008) cita diversas leis, iniciando com a Lei Estadual nº 1901

de 29/11/1991, que institui o PEST (Parque Estadual da Serra da Tiririca), hoje PESET,

estando sua administração a cargo da Fundação Instituto Estadual de Florestas (IEF-RJ),

hoje INEA-RJ. Em Niterói, a Serra da Tiririca é protegida pelo Decreto Municipal nº

5.902/90, como Área Permanente de Proteção e, posteriormente, pela Lei Orgânica do

Município de 04/04/1991. Em Maricá é considerada Área de Proteção Ambiental (APA)

pela Lei Orgânica promulgada em 05/04/1990, no art. 339. Foi feito seu tombamento

provisório a partir da cota 100 pelo Governo de Estado (D.O./RJ de 06/03/1991). O Parque

teve seus limites previstos para uma área em estudo de 6,96 km2 (2.400 ha), segundo

Decreto nº 18.598 de 19/04/1993. Em 10/10/1992 foi reconhecida internacionalmente

como parte integrante da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica pela UNESCO.

Vallejo (2005), Barros (2008) e Pimentel (2008) chamam a atenção para questões

referentes à implementação de práticas reais de conservação na área do parque, chegando a

utilizar o termo “Parque de Papel” para definir a situação desta unidade de conservação,

dados os conflitos ainda existentes entre pressão imobiliária e a preservação do Parque.

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Atualmente o Parque é administrado pelo INEA e o conselho consultivo é

composto por diversas instituições, com mandato de até dois anos. Existem algumas

propriedades que permanecem dentro da área do Parque, e o Caminho Darwin é

freqüentemente utilizado para passeios a cavalo e pelos moradores do entorno, seja pelo

lado de Niterói, ou de Maricá.

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6 A GEODIVERSIDADE E PATRIMÔNIO GEOLÓGICO DO PESET

6.1 CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA

A Serra da Tiririca se encontra na Faixa Ribeira, especificamente dentro do da

unidade tectono-estratigráfica chamada Terreno Oriental (TUPINAMBÁ et al., 2007), no

compartimento Domínio Costeiro.

Figura 4 - Mapa Geológico da Faixa Ribeira Central, Adaptado de Trouw et al (2000), mostrando a

região do PESET.

A Faixa Ribeira é resultado da colagem do Gondwana durante o intervalo

Neoproterozóico-Cambriano, com alguns granitos mais tardios se formando no

Ordoviciano (HEILBRON et al., 2000). Segundo Tupinambá et al.( 2007), “o domínio

compreende uma sucessão metavulcano-sedimentar metamorfizada em fácies anfibolito

alto a granulito, invadida por diversas gerações de rochas granitóides.”

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6.2 LITOLOGIAS ENCONTRADAS NO CAMINHO DARWIN

6.2.1 Silimanita-Granada-Biotita Gnaisse

Litologia observada na vertente leste da trilha, descrita por Silva (2009), como

sendo um “Paragnaisse constituído de quartzo, biotita, silimanita, plagioclásio e granada,

com uma alternância de bandas máficas e félsicas com foliação marcante e ocorrem veios

pegmatíticos”. Trtata-se de uma rocha paraderivada originada de sedimentos aluminosos,

com idade em torno de 623 M.a. (HEILBRON & MACHADO, 2003). Esta rocha aflora

em uma grande área ao longo do piso da trilha, próximo a entrada em Itaocaia, município

de Maricá.

Figura 5 - Silimanita-granada-biotita gnaisse, com bandas máficas e félsicas.

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6.2.2 Gnaisse Facoidal

Ao longo de toda a trilha são observado afloramentos de Gnaisse Facoidal com

intrusões pegmatíticas. Silva (2009) define essa rocha como “porfiroblástica com quartzo,

biotita, plagioclásio fenocristais de feldspato e granada”. Esta é uma rocha ortoderivada,

proveninente da fusão das rochas durante a colisão do Gondwana e metamorfisado na

continuidade do processo de amalgamação com idade em torno de 578 M.a. (HEILBRON

& MACHADO, 2003). Em alguns pontos da trilha são observadas mudanças na textura,

com os porfiroblastos se tornando mais alongados, indicando maior deformação.

Figura 6 - Gnaisse Facoidal, fonte: Lages (2011).

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6.2.3 Granito Itaocaia

É um granito porfirítico, com fenocristais de feldspato, rico em quartzo, biotita,

inclusive com presença de sulfetos. Está presente na porção mais oeste da trilha sob a

forma de blocos rolados e na Pedra de Itaocaia. Mendes et al. (2006) encontraram uma

idade de aproximadamente 562 M.a. para este corpo.

Figura 7 - Granito Itaocaia, com fenocristais de feldspato bem evidenciados, fonte: Lages 2010.

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6.2.4 Pegmatitos

Rocha ígnea formada pela cristalização de fluidos em falhas e fraturas na fase final

de cristalização dos granitos, sendo por isso de datados junto com os granitos mais jovens

(FONSECA, 2003). Afloram em intrusões nas fraturas do gnaisse. Surgem em diversos

pontos, atravessando o piso da trilha, normalmente associados ao gnaisse facoidal,

apresentam grandes cristalizações de quartzo, biotita e feldspato.

Figura 8 - Pegmatito com cristais de quartzo e feldspato.

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6.2.5 Diques de Diabásio

Rocha subvulcânica, com textura fanerítica fina, com presença de magnetita. Sua

origem está associada à ruptura do Gondwana, com idades em torno de 130 M.a.

(VALENTE et al., 2005). Ocorre em contato intrusivo com o gnaisse facoidal. O

afloramento encontra-se intemperizado e mostra ação de intensa erosão. Afloram na porção

oeste da trilha, na face da serra voltada para Itaocaia.

Figura 9 - Contato entre o gnaisse facoidal (porção inferior da foto) e o dique de diabásio (acima),

fonte: Lages 2011.

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6.3 A TRILHA DO CAMINHO DARWIN.

Com auxilio de um GPS foram marcados 12 pontos ao longo do caminho Darwin,

priorizando-se afloramentos com potencial didático para interpretação e também pontos

que demonstram prováveis ameaças a conservação da trilha, seja por causas naturais, como

a erosão causada pelas chuvas, seja por causas humanas, como, por exemplo, a circulação

de veículos. A Figura 10 indica a posição destes pontos ao longo da trilha.

Figura 10 - Vista de satélite do Caminho Darwin, com os pontos de estudos marcados. Fonte:

Software Google Earth, em 23/2/2011.

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6.3.1 PONTOS DE INTERESSE PARA A GEOCONSERVAÇÃO

Ponto 1

Tipo: Ponto de Interesse Geológico / Conservação

Coordenadas: S 22 55’43.4” W 042 59’15.7”

Descrição: Marca o ínicio da trilha, a partir do Município de Niterói, no bairro Engenho

do Mato. É o inicio da subida da serra, passando por uma área bastante arborizada, com

algumas características de Mata Atlântica, embora com influência antrópica.

Ameaças: Neste ponto foram observados durante, as visitas de campo, diversos

automóveis abandonados e queimados, provavelmente por ação de grupos que praticam

ações criminosas e utilizam a área do Parque para se livrar das provas de suas ações

ilícitas. Os fiscais do INEA patrulham esta área e removem os veículos sempre que

detectados, mas a área continua sendo utilizada dessa forma.

Sugestões: A colocação de uma placa, sinalizando o começo do Caminho Darwin, com um

texto introdutório sobre a presença do naturalista, chamando a atenção para a necessidade

de conservação da natureza, que fica ressaltada com o trecho de seu diário em que diz:

“A vista que tivemos ao cruzar as montanhas por trás de Praia

Grande foi muito sublime e pitoresca. As cores eram intensas e o

matiz predominante era um azul escuro, com o céu e as águas

calmas da baía rivalizando em esplendor. Após passar por uma

região cultivada, adentramos uma floresta cuja grandeza não

podia ser superada. À medida que os raios de sol penetravam a

massa emaranhada, lembrei-me energicamente de duas gravuras

francesas feitas a partir dos desenhos de Maurice Rugendas e Le

Compte de Clavac. Elas representam bem o número infinito de

cipós e plantas parasitas e o contraste das árvores florescentes

com os troncos mortos e podres. Eu não conseguia de maneira

alguma parar de admirar essa cena.” (DARWIN,1890)

Também é necessário demarcar de maneira clara o início da área protegida e

realizar um patrulhamento regular.

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Foto:

Figura 11 - Entrada do Caminho Darwin pelo Bairro Engenho do Mato, fonte: Lages (2011).

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Ponto 2

Coordenadas: S 22 55’45.6” W 042 59’13”

Tipo: Ponto de Interesse Geológico

Descrição: Ao longo de todo este trecho pode ser observado o Gnaisse Facoidal, com

porfiroblastos de granulação centimétrica.

Ameaças: Neste ponto podem ser observados blocos rolados de quartzos provenientes de

pegmatitos, bem como a existência de uma calha de escoamento, que evita a erosão do

caminho.

Foto:

Figura 12 - Calha de escoamento, Fonte: Lages (2011).

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Ponto 3

Coordenadas: S 22 55’47” W 042 59’07.9”

Tipo: Ponto de Interesse para a Conservação

Descrição: Neste ponto, as calhas de escoamento foram obstruídas por um deslizamento

de encosta, provocada por chuvas recentes.

Ameaças: Existe o risco de outros deslizamentos com a ocorrência de novas chuvas.

Sugestão: Aqui se faz necessário um trabalho de desobstrução dessas calhas, a fim de

evitar que aumente a erosão no caminho.

Foto:

Figura 13 - Deslizamento de encosta, fonte: Lages (2011).

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Ponto 4

Coordenadas: S 22 55’46.5” W 042 58’57.5”

Tipo: Ponto de Interesse Geológico

Descrição: Neste ponto pode ser observada a existência de uma falha tectônica, graças a

presença de estrias causadas pelo movimento entre blocos. No mesmo afloramento pode

ser observado com muita facilidade um perfil de solo.

Ameaças: Neste ponto se pode observar que o corte da estrada desviou a drenagem,

provocando forte erosão no terreno.

Sugestão: Limpeza periódica do perfil para que possa ser utilizado como ponto de

interpretação e, também, a construção de calhas de escoamento para a reorientação da

drenagem.

Foto:

Figura 14 - Foto indicando as estrias provocadas pela movimentação entre os blocos, fonte: Lages

(2011).

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Ponto 5

Coordenadas: S 22 55’46.6” W 042 58’49.7”

Tipo: Ponto de Interesse Geológico

Descrição: Em períodos mais úmidos, pode ser observado um grande alagamento, que

serve inclusive de habitat para alguns anfíbios e de vegetação característica de alagados.

Esse fato se deve ao afloramento do lençol freático num nível mais raso.

Ameaças: Esse ponto não sofre ameaças.

Sugestão: Se fazem necessários maiores estudos para entender como se dá o afloramento

do lençol freático.

Fotos:

Figura 15 - Alagamento, fonte: Lages (2011).

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Ponto 6

Coordenadas: S 22 55’44.9” W 042 58’46”

Tipo: Ponto de Interesse para a Conservação

Descrição: Neste ponto pode ser visualizado outro deslizamento de encosta na estrada,

bem como diversos pontos de erosão do caminho.

Ameaças: Novas chuvas podem causar deslizamentos e o aumento da erosão.

Sugestão: São necessários trabalhos de contenção de encosta e também de reorientação da

drenagem.

Foto:

Figura 16 - Deslizamento de encosta, fonte: Lages (2011).

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Ponto 7

Coordenadas: S 22 55’43.1” W 042 58’42.7”

Tipo: Ponto de Interesse para a conservação

Descrição: A partir desse ponto são observados diversos corpos pegmatíticos cortando o

gnaisse facoidal, com ocorrência de cristais de quartzo e biotita.

Ameaças: A erosão causada pela drenagem da água da chuva é muito acentuada dentro da

estrada. Postes e fios de uma rede elétrica estão caídos na trilha ou ameaçam cair.

Sugestão: Se faz necessária uma intervenção, a fim de substituir essa linha danificada.

Foto:

Figura 17 - Rede elétrica danificada no caminho, fonte: Lages (2011).

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Ponto 8

Coordenadas: S 22 55’41.5” W 042 58’39.7”

Tipo: Ponto de Interesse Geológico / Conservação

Descrição: Neste ponto observa-se a presença de diversos blocos rolados de granito

porfirítico, com cristais na escala decimétrica.

Ameaças: Os blocos estão seguros pela vegetação e ameaçam rolar sobre o caminho.

Sugestão: Se faz necessário o monitoramento do movimento destes blocos.

Foto:

Figura 18 - Granito Itaocaia, fonte: Lages (2011).

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Ponto 9

Coordenadas: S 22 55’41.2” W 042 58’37.6”

Tipo: Ponto de Interesse Geológico

Descrição: Neste ponto podem ser observados pegmatitos com quartzo e feldspato que

cortam o gnaisse.

Ameaças: Nessa parte da trilha há muita presença de lixo, além da erosão acentuada ao

longo da estrada.

Sugestão: Faz-se necessário também a abertura de calhas de escoamento, bem como um

trabalho de educação dos moradores e visitantes, a fim de evitar o despejo de lixo.

Foto:

Figura 19 - Veio pegmatítico de quartzo, fonte: Lages (2011).

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Ponto 10

Coordenadas: S 22 55’43.7” W 042 58’32.5”

Tipo: Ponto de Interesse Geológico / Conservação

Descrição: Contato do dique de diabásio com o gnaisse facoidal, bastante deformado.

Ameaças: A drenagem fluvial passa por cima do contato, que é uma área de fragilidade

natural, aumentando a erosão neste ponto.

Sugestão: Também é necessária a escavação de calhas de escoamento, a fim de se evitar

esse problema.

Foto:

Figura 20 - Erosão passando em cima do contato do dique com o gnaisse, fonte: Lages (2011).

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Ponto 11

Coordenadas: S 22 55’43.4” W 042 58’24.8”

Tipo: Ponte de Interesse Geológico / Conservação

Descrição: Nesse ponto percebe-se um afloramento de gnaisse facoidal, bastante

deformada em relação ao inicio da trilha.

Ameaças: Há a cobertura de cimento em alguns pontos.

Sugestão: É necessária a remoção do cimento e a conscientização dos moradores que

qualquer pavimentação irá deteriorar o patrimônio geológico da trilha.

Foto:

Figura 21 - Cimento cobrindo o afloramento de gnaisse, fonte: Lages (2011).

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Ponto 12

Coordenadas: S 22 55’45.5” W 042 58’11.8”

Tipo: Ponto de Interesse Geológico

Descrição: Fim da trilha e um grande afloramento de silimanita-granada-biotita gnaisse.

Podem ser observadas falhas e intrusões pegmatíticas. Ameaças: Em alguns pontos o

afloramento está coberto por cimento.

Sugestão: Remoção do cimento e educação dos moradores para conservação do

patrimônio geológico da trilha.

Foto:

Figura 22 - Falha observada no afloramento de gnaisse, fonte: Lages (2011).

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7 DISCUSSÃO

7.1 PAVIMENTAÇÃO, EROSÃO E DESLIZAMENTO DE ENCOSTAS

Chama atenção na trilha a passagem freqüente de veículos, por vezes de

competições tipo Rally (mesmo sem a autorização do INEA). Por esta razão, em alguns

trechos é observada uma pavimentação em cimento, feita pelos moradores a fim de facilitar

o deslocamento de automóveis. No entanto, toda a geodiversidade do caminho se encontra

ao nível do assoalho da estrada, e sua cobertura significa a impossibilidade de se observar

o patrimônio geológico do Caminho Darwin. Desta forma, se torna imperativo que a

estrada não seja pavimentada, a fim de se conservar o patrimônio geológico.

Dentre os pontos observados, os de números 7, 9, 10, 11 e 12 se encontram junto ao

assoalho do caminho, e estão especialmente vulneráveis à erosão causada por chuvas.

Devido à declividade acentuada nestas partes do caminho, a água tende a escorrer pelo

meio da estrada, formando ravinas. Na subida da trilha a partir do ponto 1 foi escavada

uma canaleta de escoamento que consegue direcionar a água que desce em grandes chuvas.

No entanto, a partir da divisa com o município de Maricá, esta canaleta não existe mais.

Uma sugestão seria estender esse sistema ao longo da trilha. Em alguns pontos existem

manilhas, que passam por baixo do caminho e canalizam a água em direção à encosta. No

entanto algumas dessas manilhas se encontram entupidas, fazendo com que a água, ao se

acumular, corra por cima da trilha, aumentando ainda mais sua erosão.

Nos pontos 3, 4 e 6 o deslizamento das encostas bloqueia a drenagem, além de

colocar em risco a visitação ao local. Isso se deve ao fato de que o corte da estrada provoca

instabilidade em seus taludes, principalmente em suas partes côncavas. Nesse caso a

sugestão apontada é realização de redirecionamento das águas de drenagem pluvial nos

altos do corte do caminho.

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Faz-se necessária, não somente a construção de novas canaletas de drenagem, mas

também de um serviço regular de manutenção, além de um plano de monitoramento

constante para identificação dos pontos críticos de erosão e passíveis de deslizamento de

encostas.

7.2 AÇÃO ANTRÓPICA NA SERRA DA TIRIRICA

O PESET se encontra na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, e está encravado

em meio a uma área de intensa pressão imobiliária, próxima a importantes áreas turísticas,

como as praias de Itacoatiara, Itaipuaçu e as lagoas de Itaipu e Maricá, além da região

central de Niterói, extremamente urbanizada. Estes aspectos tornam a pressão antrópica

sobre o parque e sobre a trilha especialmente intensa e também difícil de ser controlada.

Pimentel (2008) e Vallejo (2005) chamam a atenção para o fato de que apesar do

decreto que sancionou a criação do parque ser de 1991, apenas em 2007 seus limites

ficaram estabelecidos, fato este que permitiu a atuação, durante todo este tempo, da

especulação imobiliária. Os interesses privados e as divergências entre os diversos grupos

e movimentos sociais que se mobilizaram para a criação do Parque resultaram em que até

2011 não há um plano de manejo aprovado. Somente em 2011 este plano foi contratado e

está em vias de ser iniciado.

Como pôde ser observado no decorrer do presente estudo, a área do parque é

utilizada para diversas atividades que, além de não apresentarem relação direta com a

conservação da Unidade de Conservação, também podem levar a degradação da mesma.

Carros abandonados, uso de veículos motorizados na trilha, cobertura do solo com cimento

e construções são atividades que não estão em consonância com os princípios de

conservação e valorização do Parque. Outras atividades, tais como as cavalgadas ou

caminhadas, podem ser direcionadas com fins de interpretação e sensibilização para a

conservação da natureza.

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O fato é que se faz imperativo a adoção de medidas que visem aproximar a

população local e que também gerem a conscientização da importância que este patrimônio

tem e as melhorias que sua preservação pode trazer social e culturalmente. Já são

realizadas algumas atividades neste sentido, como excursões de grupos de professores, ou

estudantes de todos os níveis de ensino. No entanto não existem materiais interpretativos

ou educacionais que facilitem a compreensão do patrimônio histórico-natural da área, em

particular para o visitante leigo.

De maneira simplificada estas são algumas medidas que poderiam ser tomadas

visando contornar estes problemas:

Postos de vigilâncias colocados nas entradas do caminho Darwin, a fim de evitar o

uso desta área por grupos criminosos.

Elaboração de roteiros, guias e painéis para promover a interpretação da natureza.

Fiscalização para coibir o mau uso da trilha, principalmente o tráfego de veículos,

que aumentam a erosão no caminho.

Elaboração por parte do conselho gestor de programas de divulgação do parque

para o grande público.

Citando Mansur (2010a), “A sensibilização de população, gestores públicos e

autoridades do executivo, legislativo e judiciário é uma necessidade imperiosa para se

alcançar a geoconservação”. A elaboração do plano de manejo deve levar em conta estas

variáveis, a fim de ser bem sucedido, aproximando os diversos atores envolvidos para

promover a conservação dos diversos patrimônios.

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44

7.3 ASPECTOS EDUCACIONAIS DO CAMINHO DARWIN

Brilha (2005) chama atenção para o fato que “uma estratégia para a geoconservação

deve integrar a vertente da divulgação e valorização do patrimônio geológico”, e Mansur

(2010a) afirma que “a compreensão pela população dos fenômenos que geram os

monumentos geológicos é essencial para a promoção da geoconservação”. Na prática isto

significa que para que ocorra a geoconservação, é necessária que os diversos atores

envolvidos, e nesse caso, mais especificamente a população, tenham consciência e estejam

sensibilizados com o enorme valor do patrimônio geológico. Este valor pode ser

educacional, formando cidadãos mais conscientes do ambiente que vivem, e também

ajudando a formar as futuras gerações. Este valor também pode ser social, na medida em

que os laços existentes na comunidade possam se estreitar em torno de um objetivo

comum, como a preservação de um geossítio, ou ainda agregar valor material, levando-se

em conta a possibilidade do desenvolvimento do geoturismo, a exemplo do que ocorre com

os geoparques (DOWLING, 2009, RODRIGUES, 2009, MANSUR, 2010).

O potencial para educação do Caminho Darwin está bem definido em Selles &

Abreu (2002):

“o uso de um registro histórico como tema gerador de

projetos de educação ambiental se mostra

enriquecedor para o desenvolvimento de uma

consciência ambiental, não apenas porque consegue

articular conteúdos curriculares, mas, sobretudo,

porque resgata valores de ordem cultural e amplia a

visão do ambiente.”

Partindo dessa premissa, a elaboração de um roteiro educacional para visitação da

trilha deve partir de uma abordagem histórica, através do qual é introduzido o patrimônio

natural. O projeto Caminhos de Darwin foi uma forma encontrada para trabalhar este

potencial. Sua premissa é de resgatar o episódio da visita de Darwin ao Rio de Janeiro “e

trazê-lo para a discussão entre as pessoas que vivem nos locais por onde Darwin passou”

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(MANSUR, 2010a). Efetivamente, o projeto trabalhou em um roteiro turístico-científico-

educacional-cultural, abordando todas as cidades pela qual Darwin passou no Rio de

Janeiro, com o apoio de diversas instituições. Como um dos resultados alcançados, o

projeto levou a discussão da inclusão dos caminhos de Darwin como Itinerário Cultural,

uma categoria estabelecida pela UNESCO (MOREIRA, PEREIRA & MANSUR, 2009).

Consolidada a nomeação dos Caminhos de Darwin, será importante que cada

localidade incluída desenvolva aspectos de manejo voltados para a divulgação e a

educação, no sentido de preservar este patrimônio, o que retorna mais uma vez ao

estabelecimento de atividades especificas de interpretação e também de educação

científica, permanentes.

Uma forma de apresentar este conhecimento pode ser dada como um roteiro,

utilizando a vertente histórica da passagem de Darwin como um gancho para apresentar de

maneira pedagógica o mundo natural, em particular o patrimônio geológico. A ideia central

é utilizar um tema gerador, o caminho de Darwin, e lançar diversos questionamentos: quais

processos criaram o solo ali existente? Que tipo de rocha existe lá? Que processos agem

sobre elas?

Com base nesses questionamentos, foi o montado o roteiro geológico, apresentado

em anexo, buscando apresentar de maneira sucinta e didática diversos aspectos da geologia

local, entrelaçando-os com os aspectos históricos da visita de Darwin (o que ele viu, o que

ele achou, o que ele deixou registrado). O roteiro foi montado com o objetivo de guiar uma

caminhada, podendo ser utilizado tanto por escolas, que queiram levar seus alunos ao

Caminho Darwin na Serra da Tiririca, como também para visitantes de lazer e pessoas que

utilizam o caminho, mas não sabem da importância histórica do lugar.

Este roteiro é apresentado como uma sugestão para o INEA e o Conselho

Consultivo, a quem cabem a avaliação do conteúdo e sua implantação. Podem ser ainda

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acrescidas informações de cunho biológico e histórico, sendo assim uma proposta aberta

conforme as necessidades específicas do parque, conforme a avaliação da gestão do

parque.

Dessa forma espera-se que a educação e divulgação científica deixem de ser

ferramentas auxiliares e se tornem uma das molas impulsoras da geoconservação do

Parque, na medida em que as pessoas tomem consciência do valor do patrimônio ali

presente, e passem atuar em defesa do mesmo, aprimorando a proteção do patrimônio, e ao

mesmo tempo agregando valor.

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8 – CONCLUSÃO

De acordo com Brilha (2005), uma estratégia de conservação consiste “na

concretização de uma metodologia de trabalho que visa sistematizar as tarefas no âmbito

de conservação do patrimônio geológico numa dada área”. Numa tentativa de organizar

estas tarefas ele enumera os “passos” que levam a geoconservação: inventariação dos

geossítios duma área, quantificação do seu valor relativo ou relevância, classificação

dentro das categorias existentes na legislação, avaliação da vulnerabilidade dos geossítios,

valorização e divulgação do patrimônio geológico, e por fim, o processo de monitoramento

regular do geossítio. O que se observa no Parque Estadual da Serra da Tiririca é que

enquanto algumas dessas etapas já estão sendo realizadas, outras ainda não haviam sido

feitas como o inventário e avaliação da vulnerabilidade dos geossítios, além da divulgação

do patrimônio geológico. O presente trabalho buscou suprir esta lacuna.

Ao longo deste trabalho foi realizada uma tentativa de com os dados existentes, se

montar uma estratégia de conservação e divulgação. Vale destacar que apesar deste parque

já estar enquadrado legalmente, é necessário efetivar-se o cumprimento das leis no âmbito

de sua proteção e gestão. A área do Caminho Darwin não está protegida de ações ilícitas

como foi citado anteriormente. Além disso, o plano gestor ainda não está estabelecido,

embora esteja em fase de execução. Assim as medidas acabam sendo isoladas, sem

conexão com um planejamento estruturado segundo um plano de manejo consistente.

Também deverá ser dada uma atenção especial às praticas de monitoramento, com

fins de manter o caminho conservado. Hoje no PESET existe uma rede elétrica danificada

ao longo da estrada há mais de um ano. A erosão da estrada se acentua a cada dia e várias

encostas ameaçam deslizar. Um monitoramento constante, aliado a um manejo adequado

da trilha evitariam esses tipos de problemas.

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Conclui-se neste trabalho, que para que ocorra a efetiva geoconservação do

caminho, três ações devem ser tomadas: conservação e divulgação do patrimônio

geológico identificado, a construção e execução de um plano de manejo, e a efetivação da

proteção do Parque em todos os seus aspectos. Enquanto esses fatos não acontecem, o

Caminho Darwin corre risco de se degradar cada vez mais, perdendo os atrativos que ele

pode oferecer para a sociedade, para a educação e para a memória da região.

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TUPINAMBÁ, M., HEILBRON, M., DUARTE, B. P., NOGUEIRA, J. R.,

VALLADARES, C., ALMEIDA, J., SILVA, L. G. E., MEDEIROS, S. R., ALMEIDA, C.

G., MIRANDA, A., RAGATKY, C. D., MENDES, J. & LUDKA, I. Geologia da Faixa

Ribeira Setentrional: Estado da Arte e Conexões Com a Faixa Araçuaí. Geonomos,

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WYHE, J. V. Charles Darwin: gentleman naturalist: A biographical sketch. 2002.

Disponível em The Complete Work of Charles Darwin Online, http://darwin-

online.org.uk/darwin.html, consultado em 4/12/2010.

VALENTE, S.C.; DUARTE, B.P.; HEILBRON, M.; ALMEIDA, J.C.H.; VALLADARES,

C.S.; GUEDES, E.; TETZNER, W.; LOBO, J.; CORVAL, A.; DUTRA, T.; SOARES,

L.H.;SOUZA, F.M.; VINHA, J.; FAMELLI, N. Mapa do Enxame de Diques da Serra do

Mar. In:Simpósio de Vulcanismo e Ambientes Associados, 3, 2005, Cabo Frio. Anais...

Rio de Janeiro-RJ: SBG-RJ, Brasil, 2005, p. 207-211.

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Janeiro/Junho de 2005, Disponível em: http://www.feth.ggf.br/ , acessado em 16/12/2010.

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ANEXO I

Autorização de pesquisa concedida pelo INEA.

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ANEXO II

Roteiro Geológico proposto

Observações:

As folhas estão disposta no sentido de impressão, por isso a ordem de leitura está

marcada em um circulo azul em cada página do roteiro.

As figuras utilizadas foram retiradas dos sítios http://darwin-online.org.uk ;

http://www.casadaciencia.ufrj.br/ , acessados no dia 11 de Abril de 2011, e deste

próprio trabalho.

As informações os dados referentes ao PESET, como telefones, o mapa do parque e

as recomendações, foram retirados do sítio oficial do parque:

www.parqueserradatiririca.org/

O mapa específico da trilha foi feito utilizando os softwares GoogleEarth® e

CorelDRAW® X4.

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