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1 GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO Auxiliar de laboratório metalúrgico

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g o v e r n o d o e s ta d o d e s ã o pa u l o

Auxiliar de laboratório metalúrgico

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Auxiliar deL aboratórioMetalúrgico

m e t a l u r g i a

emprego

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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

Geraldo Alckmin

Governador

SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO,

CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Luiz Carlos Quadrelli

Secretário em Exercício

Antonio Carlos Santa Izabel

Chefe de Gabinete

Juan Carlos Dans Sanchez

Coordenador de Ensino Técnico, Tecnológico e Profissionalizante

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Coordenação do ProjetoCETTPro/SDECT

Juan Carlos Dans SanchezFundação do Desenvolvimento

Administrativo – Fundap José Lucas Cordeiro

Apoio Técnico à CoordenaçãoFundação do Desenvolvimento

Administrativo – Fundap Laís Schalch

Apoio à ProduçãoFundação do Desenvolvimento

Administrativo – Fundap Ana Paula Alves de Lavos

Emily Hozokawa DiasIsabel da Costa M. N. de Araújo

José Lucas CordeiroKarina SatomiLaís Schalch

Maria Helena de Castro LimaSelma Venco

CETTPro/SDECT Bianca Briguglio

Cibele Rodrigues Silva

Textos de referênciaEdison Marcelo SerbinoIrineu de Souza Barros

Luiz Cláudio PaulaMarcos Antonio Batalha

FUNDAÇÃO PADRE ANCHIETAPresidente

João SayadVice-Presidentes

Ronaldo BianchiFernando Vieira de Mello

Diretoria de Projetos EducacionaisDiretor

Fernando José de AlmeidaGerentes

Monica Gardelli FrancoJúlio Moreno

Coordenação técnica Maria Helena Soares de Souza

Equipe EditorialGerência editorial

Rogério Eduardo AlvesProdução editorial

Janaina Chervezan da Costa CardosoEdição de texto Lígia Marques

Marcelo AlencarRevisão

Conexão EditorialIdentidade visual

João Baptista da Costa AguiarArte e diagramação

Paola NogueiraPesquisa iconográfica

Elisa RojasEveline Duarte

Ilustrações Bira Dantas

Luiz Fernando MartiniConsultoria

Marcos Antonio Batalha

Agradecemos aos seguintes profissionais e instituições que colaboraram na produção deste material:Carla Cruz Dos Santos, Empresa Servimig, Empresa Signo Arte, Empresa Starrett, Fundição TUPY S.A., Graziele da

Silva Santos, Grupo Voith, Instituto de Pesquisas Tecnológicas, Neise Nogueira, Valdemar Carmelito dos Santos.

Secretaria de deSenvolvimentoeconômico, ciência e tecnologia

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Caro(a) Trabalhador(a)

Estamos felizes com a sua participação em um dos nossos cursos do Programa Via Rápida Emprego. Sabemos o quanto é importante a capacitação profissional para quem busca uma oportunidade de trabalho ou pretende abrir o seu próprio negócio.

Hoje, a falta de qualificação é uma das maiores dificuldades enfrentadas pelo desempregado.

Até os que estão trabalhando precisam de capacitação para se manter atualizados ou quem sabe exercer novas profissões com salários mais atraentes.

Foi pensando em você que o Governo do Estado criou o Via Rápida Emprego.

O Programa é coordenado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, em parceria com instituições conceituadas na área da educação profis-sional.

Os nossos cursos contam com um material didático especialmente criado para facilitar o aprendizado de maneira rápida e eficiente. Com a ajuda de educadores experientes, pretendemos formar bons profissionais para o mercado de trabalho e excelentes cidadãos para a sociedade.

Temos certeza de que iremos lhe proporcionar muito mais que uma formação profissional de qualidade. O curso, sem dúvida, será o seu passaporte para a realização de sonhos ainda maiores.

Boa sorte e um ótimo curso!

Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia

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Caro(a) Trabalhador(a)

Aqui começa seu caminho para um novo aprendizado. Um aprendizado que precisa ser ampliado. Sabe por quê?

Porque no mundo de hoje não é suficiente conhecer as técnicas e os procedimentos necessários ao desempenho da função de auxiliar de laboratório metalúrgico.

Também é preciso, por exemplo, saber como você pode melhorar sua busca por um novo emprego e perceber que o campo de atuação de um profissional da área não se restringe ao ambiente industrial. Para isso, é necessário dominar muito mais do que os aspectos técnicos da ocupação.

O ponto de vista do Via Rápida Emprego da Secretaria de Desenvolvimento Eco-nômico, Ciência e Tecnologia do Governo de São Paulo é o de que o profissional, para iniciar sua carreira ou aperfeiçoar aquilo que já sabe, deve conhecer as técnicas, mas também precisa se diferenciar em alguns aspectos, para ter mais chances na obtenção de um emprego ou conseguir trabalhar por conta própria.

Nesta publicação, você vai conhecer as várias facetas da ocupação de auxiliar de laboratório metalúrgico. Onde ele atua? O que precisa conhecer para desempenhar melhor seu trabalho? Como este ofício surgiu? Questões assim serão discutidas ao longo do curso.

Você vai, também, conhecer a evolução histórica da metalurgia e descobrir a impor-tância do setor nas lutas pela Independência do Brasil no século 18 (XVIII) e, mais recentemente, pela redemocratização do país.

Como você vê, nosso curso será cheio de novidades para que sua formação seja a mais completa possível.

Vamos ao estudo!

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Sum á ri o

Unidade 19

a história da metalurgia

Unidade 237

a profissão de auxiliar de laboratório metalúrgico

Unidade 363

o setor metalúrgico

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dados internacionais de catalogação na publicação (cip) (bibliotecária silvia marques crb 8/7377)

P964

Programa de qualificação profissional: Metalurgia / Auxiliar de laboratório metalúrgico. -. – São Paulo: Fundação Padre Anchieta, 2011. v.1, il (série: arco ocupacional)

Vários autoresPrograma de qualificação profissional da Secretaria do

Emprego e Relações do Trabalho -- SERT

ISBN 978-85-61143-98-5

1. Ensino profissionalizante 2. Metalurgia-técnico 3. Metalurgia – laboratório I. Título II. Série

CDD 371.30281

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Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 9

Unida d e 1

A históriA dA metAlurgiA

A indústria metalúrgica gera milhões de empregos no mundo inteiro. É muito fácil entender o que essa gigante faz. Basta dar uma olhadinha à sua volta para comprovar: a geladeira, a luminária, a moldura de muitas janelas, a torneira, a estrutura da cadeira, o fogão, a ponta da caneta esferográfica, os talheres, as panelas, as ferramentas, os pregos, o portão de casa, o carro, a grade de proteção do canteiro central da avenida, o metrô, os trilhos do metrô, o ônibus, o avião...

E você já parou para pensar sobre a origem disso tudo? Escava-ções arqueológicas mostram que o homem já fabricava objetos metálicos na Pré-História (ou seja, desde antes da invenção da escrita). Vamos acompanhar, na linha do tempo a seguir, alguns dos fatos mais importantes ligados aos primórdios da metalurgia.

Os produtos da indústria metalúrgica estão em toda parte: no metrô, nos trilhos do metrô...

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10 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1

6000 a.C.-3500 a.C. (antes de Cristo)

Os primeiros instrumentos em cobre, moldados com pedradas, datam dessa épo-ca e foram localizados no Oriente Médio. Na mesma região, cientistas encontra-ram armas e ornamentos do mesmo metal, fundido e vazado, produzidos em 3500 a.C. Em metalurgia, o termo vazado significa que o metal em estado líquido foi despejado num molde para preenchê-lo. O cobre, a prata e o ouro foram os primeiros metais a serem descobertos, pois existem na natureza em seu estado nativo. O ouro, bem distri-buído pela superfície do pla-neta, provavelmente atraiu o homem primitivo por causa do seu forte brilho.

PRÉ-HISTÓRIA ANTIGUIDADE IDADE MÉDIA

3,5 mil a.C.Surgimento da escrita

476 d.C.Queda do

Império Romano

Você conhece a definição de Pré-História? E de História? A fim de facilitar o estudo e a compreen-são da História, estudiosos a dividiram em gran-des períodos de tempo.

Vamos ver que períodos são esses e o que os separa:

•Pré-História: da origem do homem, há cerca de 5 milhões de anos, até 3,5 mil a.C. (antes de Cristo), quando surgiu a escrita.

•Antiguidade: do surgimento da escrita até a queda do Império Romano (no ano 476 d.C.).

• Idade Média: da queda do Império Romano até 1453, quando ocorreu a tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos.

• Idade Moderna: da tomada de Constantinopla até 1789, data da Revolução Francesa.

• Idade Contemporânea: da Revolução Francesa até nossos dias.

+ 5 milhões de anos atrás

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Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 11

3300 a.C.

O bronze, que é uma liga (junção) de cobre e estanho, foi produzido pela primeira vez, possivelmente por acidente na Suméria. Mais dura e resistente do que o cobre puro, essa mistura revelou-se mais apropriada para ser vazada (despejada em estado líquido) em moldes.

2000 a.C.

Os chineses conheceram o ferro nesse período. Pesquisadores acre-ditam que as primeiras formas desse metal usadas pelo homem eram provenientes de meteoritos, pois continham quantidades significa-tivas de níquel. Mais duro que o ouro, a prata e o cobre, o ferro era caro devido à sua raridade. Muito mais tarde, quando nossos ante-passados aprenderam a extraí-lo das rochas onde se encontra, passou a ser utilizado em abundância.

1600 a 600 a.C.

Chineses, persas e palestinos desenvolvem o latão, uma liga de cobre e zinco.

IDADE MODERNA IDADE CONTEMPORÂNEA

1453 d.C.Tomada de

Constantinopla

1789 d.C.Revolução Francesa

Atual

Meteoroides são peque-nas rochas que giram em torno do Sol. Algumas vezes, são atraídos pela Terra ou por outro astro. Quando entram na at-mosfera terrestre, pegam fogo por causa do atrito com o ar e passam a se chamar meteoros, tam-bém conhecidos, popu-larmente, como estrelas cadentes. Quando uma parte do meteoroide atra-vessa a atmosfera sem se desintegrar totalmente e atinge o solo, ele é cha-mado de meteorito.

Você sabia?

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12 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1

PRÉ-HISTÓRIA ANTIGUIDADE IDADE MÉDIA

476 d.C.Queda do

Império Romano

1350 a.C.

É dessa data o primeiro artigo fabricado com ferro de que se tem notícia: uma lâmina de punhal encontrada no sarcófago (túmulo) do faraó egípcio Tutancâmon. Esse punhal ficava no local de maior importância do túmulo. Ele resistiu durante tanto tempo sem ser corroído porque é um pedaço de ferro que contém pouco carbono, o que dificulta o aparecimento da ferrugem. Trocando em miúdos, o ferro com baixo teor de carbono apresenta grande resistência à corrosão, ou seja, é mais difícil de ser destruído. Guarde essa infor-mação, pois ela lhe será útil mais tarde quando tiver de testar a re-sistência do ferro sob diferentes condições (uma das atividades que se faz em um laboratório de metalurgia).

A sociedade egípcia

O Egito é famoso por suas pirâmides. Vamos ver também como era formada a “pirâmide social”, isto é, como era dividida a sociedade no antigo Egito.

O faraó era a autoridade máxima do país, a pessoa mais importante, e sua vontade precisava ser sempre respeitada. Abaixo dele, vinham os nobres e os altos funcionários. Repare no formato da pirâmide: ela é maior na parte de baixo. Essa base representa quem estava em maior número naquela sociedade: os escravos, os camponeses e os artesãos. Os escravos eram obrigados a realizar serviços forçados – carregavam as pedras na construção das pirâmides, por exemplo. Eles tam-bém realizavam o trabalho agrícola, além de cuidar do gado. Ou seja, escravos, camponeses e artesãos eram a maioria da população e possuíam pouco ou ne-nhum direito. Aqueles que tinham algum conhecimento ou poder econômico es-tavam mais acima na escala social. As mulheres não aparecem nessa pirâmide, apesar de os egípcios terem sido gover-nados por várias rainhas, como Cleópatra.

3,5 mil a.C.Surgimento da escrita

+ 5 milhões de anos atrás

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Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 13

Cerca de 400 a.C.

Os gregos e os romanos desenvolveram uma forma de tratamento térmico do ferro chamada têmpera. Esse processo consiste no resfria-mento rápido de uma peça cuja temperatura está superior à chamada temperatura crítica (a partir da qual o metal pode sofrer transformação): entre 780°C e 980°C. Sua finalidade é gerar um metal com alta dureza.

Pouco tempo depois, esses mesmos povos criaram outro processo de tratamento térmico, hoje conhecido como revenido. Ele consiste em aquecer o ferro abaixo da zona (ou temperatura) crítica (que é de 723°C) e, depois, resfriá-lo lentamente. A finalidade é remover as tensões internas e a dureza excessiva proporcionadas pela têmpera.

Cerca de 300 d.C.

Ninguém sabe ao certo quando eles surgiram, mas, nesse período, um grupo de químicos/pesquisadores, de origem árabe, ficaram co-nhecidos como alquimistas. Entre outras coisas, eles tentavam criar ouro por meio da transformação de outros metais “menos nobres”. Tomavam como base as ideias de Aristóteles, um filósofo grego que afirmava que tudo que existia na natureza era formado por terra, água, fogo e ar em diferentes proporções. Hoje sabemos que isso não é verdade, e a alquimia nunca conseguiu produzir ouro. Mas re-sultou das experiências dos alquimistas a descoberta de diversas substâncias como o arsênico, o fósforo, o nitrato de prata, o acetato de chumbo, o bicarbonato de potássio, os ácidos sulfúrico, clorídrico, canfórico, benzoico e nítrico e os sulfatos de sódio e de amônia.

IDADE MODERNA IDADE CONTEMPORÂNEA

1453 d.C.Tomada de

Constantinopla

1789 d.C.Revolução Francesa

Século 13 (XIII)

O homem deu um passo im-portante para a criação do aço (uma mistura de ferro e carbo-no): a produção do ferro es-ponja. Ela teve início na Índia, por meio de um processo de carbonização (inclusão de car-bono) do ferro conhecido des-de o tempo dos antigos egíp-cios. Depois de forjada com um martelo, uma esponja de ferro era colocada entre placas de madeira num cadinho (recipiente usado para fundir metais) que, por sua vez, era posto num forno e coberto de carvão vegetal para absorver o carbono.

Mas o grande salto nesse sentido só ocorreu mesmo em 1856, quando a metalurgia finalmente conseguiu fabricar o aço – que é mais resisten-te que o ferro fundido e pode ser produzido em enormes quantidades.

Cadinho.

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Na Antiguidade (período que vai de 3,5 mil a.C. até o ano 476 d.C.), gregos e romanos acreditavam que existiam muitos deuses. A mitologia desses po-vos era riquíssima e seus deuses eram associados – entre outras coisas – a elementos e fenômenos da natureza. Uma dessas divindades era um ferreiro gigantesco cujas marreta-das na bigorna originariam os raios das tempestades. Para os gregos, esse deus chamava-se Hefesto; para os romanos, Vulcano.

Você sabia?

Vulcano forjando os raios de Júpiter, óleo sobre tela de Peter Paul Rubens, 1636-1638, Museu Nacional do Prado, Madri, Espanha.

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14 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1

Será que é importante saber tudo isso? Por quê?

Quando analisamos a trajetória da humanidade, desco-brimos muitas coisas e podemos perceber como os acon-tecimentos do passado moldam o mundo (incluindo as relações sociais e de trabalho) do presente.

Existem vários modos de produção (escravista, capi-talista, socialista etc.). Ca-da um é formado por um conjunto de forças pro-dutivas e pelas relações técnicas e sociais que de-terminam essas forças. O capitalismo, por exemplo, tem como protagonistas das forças produtivas os patrões e os empregados.

Você sabia?

PRÉ-HISTÓRIA ANTIGUIDADE IDADE MÉDIA

476 d.C.Queda do

Império Romano

Idade Moderna

Apesar de a Revolução Francesa ser um marco do final da Idade Moderna, vários acontecimentos já sinalizavam a transição que ocorria nesse período. Estava sendo gestado um novo modo de produção, que prevalece até os dias de hoje: o capitalismo. E muitas mudanças ocorreram:

•nocampodaeconomia,comaexpansãocomercialeaconquistade novos mercados por meio da expansão marítima (as navegações que levaram à conquista da América, por exemplo);

•nocampodacultura,comoRenascimento(cujaliberdadeesté-tica propiciou a criação de obras como a Mona Lisa, de Leonardo da Vinci, e a escultura Pietá, de Michelangelo);

•nareligião,comaReformaProtestante(quepôsfimaopoderirrestrito e a muitos desmandos da Igreja Católica); e

•napolítica,comosurgimentodosEstadosModernos(paísescomfronteiras bem definidas, idioma oficial, uma só legislação) e das monarquias absolutistas.

O desenvolvimento desse novo modo de produção contou com a ajuda da metalurgia. À medida que o capitalismo – essa nova forma de fazer economia – evoluía, também evoluíam as técnicas utilizadas na meta-lurgia. Mais tarde, em uma outra Idade, a Contemporânea, essas téc-nicas fariam toda a diferença na conhecida Revolução Industrial.

Idade Contemporânea

O homem conseguiu unir a evolução tecnológica às últimas des-cobertas da metalurgia para promover um desenvolvimento indus-trial tão grande a ponto de ser conhecido como uma revolução: a Revolução Industrial. Mas, sobre esse capítulo da história, falaremos mais tarde. Antes, é preciso entender melhor como, na história da metalurgia, aqueles instrumentos de cobre se transformaram em produtos sem os quais hoje não conseguimos viver. Das primeiras experiências, na Idade dos Metais, à criação do aço, há um longo caminho a percorrer!

3,5 mil a.C.Surgimento da escrita

+ 5 milhões de anos atrás

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Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 15

Prise de la Bastille, gravura de Francois-Hippolyte Lalaisse (1812-1884). A Bastilha era uma prisão onde ficavam confinados os inimigos políticos do rei Luís XVI. Sua tomada, liderada pelo povo parisiense em 14 de julho de 1789, marca o início da Revolução Francesa.

IDADE MODERNA IDADE CONTEMPORÂNEA

1453 d.C.Tomada de

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1789 d.C.Revolução Francesa

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A pintura La Gioconda, óleo sobre tela (1503-1506): popularmente conhecida como Mona Lisa, de Leonardo da Vinci, é um dos principais símbolos do Renascimento. Hoje faz parte do acervo do Museu do Louvre, em Paris.

Outro ícone renascentista: a Pietá (1499-1500), de Michelangelo Buonarroti, foi esculpida em mármore e representa Cristo morto nos braços da Virgem Maria. A obra fica exposta na Basílica de São Pedro, em Roma.

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Atividade 1resgAte histórico

O que você descobriu com este resgate histórico? Debata com os colegas, sob a orientação do monitor.

Não é possível entender completamente a importância da metalurgia sem ter em mente o que é trabalho. Podemos dizer, de um modo bem simplificado, que trabalho é o ato de transformar a natureza. Ele acontece, por exemplo, quando usamos uma tora de madeira para fazer um banco ou algum metal para moldar um trinco de porta. Ao longo do tempo, o homem foi ampliando seus saberes e criando novas maneiras de aplicá-los. A Idade dos Metais, sobre a qual vamos falar a seguir, marca uma fase da capacidade humana de transformar a natureza e, portanto, do seu trabalho.

A Idade dos Metais

Foi o uso de materiais metálicos como o bron-ze e o ferro pelo homem pré-histórico que deu nome ao período hoje conhecido como Idade dos Metais. Considerada a última fase da Pré--História, ela marca o início do domínio das téc-nicas de trabalho com metais fundidos pelo Homo sapiens (em latim, homem inteligente). Nessa época nossos antepassados aprenderam a transformar, por meio de seu trabalho, um recurso natural até então pouco conhecido. Você pode imaginar qual a importância dessa conquista? Ela foi fundamental para as sociedades que surgiram depois.

A partir do momento em que o homem dominou técnicas de fundição (processo pelo qual os metais são aquecidos e passam para o estado líquido, e que ainda hoje é utilizado na indústria metalúrgica, como veremos na Unidade 3), conseguiu criar ferramentas para facilitar sua vida. As práticas da agricultura e da caça foram bastante aperfeiçoadas na Idade dos Metais com a criação de instrumen-tos que as auxiliavam. Também a produção de armas foi uma das áreas que mais se desenvolveu e influenciou acontecimentos futuros. O domínio sobre os metais mudou as formas de disputa entre as comunidades: as primeiras guerras já contaram com o desenvolvimento de armas metálicas.

Ferramentas Pré-Históricas: produtos da Idade dos Metais.

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Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 17

Atividade 2A revolução dos metAis

Tente imaginar o impacto que o desenvolvimento de ferramentas e outros instrumentos metálicos provocou no cotidiano dos homens pré-históricos. Se possível, reforce essas noções com uma pesquisa orientada pelo monitor. Escreva abaixo as informações que apurar e, depois, compare-as com os resultados obtidos por seus colegas.

Importante

Os historiadores dividem a Pré-História em três períodos: o Paleolítico (que já foi popularmente conhecido como Idade da Pedra Lascada), o Neolítico (também chamado de Idade da Pedra Polida) e a Idade dos Metais. No Paleolítico, nossos antepassados não tinham moradia fixa, deslocando-se constantemente atrás de alimento. O chamado “homem nômade” não praticava a agricultura nem criava animais. Quando os alimentos se esgo-tavam, ele se mudava para outra região. Foi no Período Neolítico que teve início o sedentarismo humano, isto é, sua fixação em um lugar.

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Idade do Cobre (6000 a.C. a 3500 a.C.)

A Idade do Cobre também poderia ser chamada de Era da Agricultura, pois, paralelamente ao domínio da ex-tração (retirada da terra) e da manipulação desse metal, o cultivo de alimentos passou a ser fator determinante para a organização da sociedade. Canais de irrigação tornavam férteis as terras áridas e montanhosas; casas feitas de galhos e argila ganhavam a resistência de tijolos moldados; a escrita pictográfica, baseada em desenhos, evoluía. Esse fato marcou um novo momento na história da humanidade. As ideias passavam, assim, a ser mais bem expressas e articuladas.

Os instrumentos feitos de pedra, ossos e madeira foram deixados de lado gradativamente enquanto o homem descobria as possibilidades oferecidas pelo cobre. Esse material tinha maleabilidade, flexibilidade. Podia ser fun-dido, moldado e remoldado até assumir novas formas que facilitavam, por exemplo, o trabalho com a terra e ajudaram no desenvolvimento da agricultura. O homem também passou a moldar, no metal endurecido após o resfriamento, um fio capaz de cortar.

Para a humanidade, antes limitada ao uso da pedra, o cobre representou um gigantesco salto tecnológico. Movidos pela curiosidade, nossos antepassados fizeram diversas experiências – e esse período foi fechado com a descoberta de que se podia misturar o cobre com outros metais, como o chumbo. A produção do bronze, uma liga formada por cobre e estanho, representou um novo passo nessa evolução.

Idade do Bronze (3500 a.C. a 2000 a.C.)

A Idade do Bronze coincidiu com mais um conjunto de avanços e conquistas bastante significativos para a espécie humana. A escrita tornou-se mais simples e objetiva. Um sistema numérico foi desenvolvido para acompanhar a evolução nos mais variados setores. E a construção de

Os metais puros têm pouca utilidade para nós. Em geral, eles são com-binados com outros me-tais nas chamadas ligas. Veremos esse assunto com mais detalhes na Unidade 3.

Você sabia?

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Foi na Idade do Bronze que se criou a roda, uma das invenções de maior impac-to sobre a humanidade.

Você sabia?

grandes obras e templos (as pirâmides egípcias, por exem-plo) exigiu a padronização de pesos e medidas. Antes da Idade do Bronze, os métodos de medição de grandezas eram bastante simples e pouco precisos: as pessoas usa-vam partes do próprio corpo, como as dimensões do pé, a largura da mão, a grossura do dedo, o tamanho do palmo e dos passos e até o comprimento do nariz! Com isso, cada indivíduo tinha uma medida diferente para a mesma coisa. E dá para imaginar como devia ser difícil chegar a um acordo...

Um grande progresso também ocorreu na metalurgia durante esse período. A partir do bronze, implementos feitos de metais se multiplicaram e o conhecimento das ligas – e de suas características – foi sendo aprimorado pelo homem. O bronze começou a ser utilizado para produzir diversos instrumentos, principalmente armas.

Arma fabricada durante a Idade do Bronze: na época, os instrumentos metálicos se multiplicaram.

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Fundição, em instituto de pesquisa, com a ajuda de um cadinho.

Alguns povos do Oriente Médio, que viviam na re-gião onde hoje fica a Tur-quia, já usavam técnicas de metalurgia do ferro em 1400 a.C. (antes de Cristo). Eles fabricavam armas que os transformaram em guerreiros poderosos.

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Idade do Ferro (1200 a.C. a + 1000 d.C.)

Com os primeiros experimentos, o homem logo percebeu uma grande vantagem do ferro sobre o cobre e o bronze: sua abundância na natureza. Por esse motivo, desde mais ou menos 1200 a.C. (antes de Cristo), ele se tornou um dos materiais mais presentes na civilização. Naquele tempo, porém, as fornalhas não atingiam as temperaturas neces-sárias para a fundição do ferro. Por causa dessa limitação, surgiu o ferro forjado – que é aquecido e depois moldado a golpes de martelo.

Diferentemente do que ocorreu com o cobre e o bronze, reservados aos grupos mais abastados, o ferro era acessível às camadas pobres da sociedade. Isso porque tanto a ob-tenção do metal quanto sua moldagem envolviam custos baixos. Camponeses passaram a usar machados e arados de ferro, e os artesãos, as mais diversas ferramentas. As guerras entre os povos se deram com maior igualdade bélica, já que todos podiam, finalmente, forjar as próprias armas.

Ainda hoje é possível encontrar fábricas e institutos de pesquisa que utilizam a antiga técnica de fundição de metais com a ajuda de um cadinho. Esse conhecimento, que há muito tempo vem sendo aplicado, ainda tem lugar, mesmo nas fundições mais bem equipadas.

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O homem transforma a natureza e, ao mesmo tempo, se transforma. Transforma os seus instrumentos, os métodos e as relações de trabalho.

Enquanto aprimoravam-se as técnicas que levaram os homens ao domínio dos me-tais, o trabalho era artesanal e o sistema de trocas foi organizado gradativamente. Com esse sistema, as pessoas trocavam mercadorias entre elas. Cada um produzia para sustento próprio e o que sobrava era trocado com os demais. Essa forma de troca, associada ao fato de alguns produtos passarem a ter mais procura que outros, abriu caminho para mais uma invenção que envolveu a transformação dos metais: a moeda. Isso aconteceu por volta dos anos 500 a.C. a 400 a.C. (antes de Cristo). Com o advento do dinheiro, os metais foram adquirindo um valor muito maior.

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Moeda de Lesbos, Grécia, cerca de 500-450 a.C. Moeda de Creta, Grécia, de 300 a 270 a.C.

Muito tempo depois, já na Idade Média, surgiram as “oficinas artesanais”, com algumas características da indústria – que só apareceria séculos mais tarde: havia o mestre (geralmente um pai de família), o artífice ou companheiro (o filho mais velho) e o aprendiz (o filho mais novo). Onde se trabalhava com metais, podemos imaginar que existia um espaço de testes e ensaios, que serviam para verificar se os produtos estavam bons para o uso. Esse local de testes poderia ser chamado, nos termos de hoje, de laboratório metalúrgico. A profissão que você pretende seguir ganhava, assim, um lugar na história.

É possível que o homem da Idade dos Metais não tivesse grandes preocupações em testar previamente a qualidade de seus produtos. Tal cuidado, no entanto, ocupava a rotina dos artesãos medievais. Os pré-históricos experimentavam suas criações no dia a dia, contavam com a sorte e não aplicavam testes para verificar se seus artefatos estavam adequados. Diferentemente, os mestres das oficinas procuraram desenvolver técnicas e procedimentos para observar a qualidade do que produ-ziam. Assim, deram origem às atividades que são a razão de ser dos laboratórios metalúrgicos de hoje.

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22 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1

É importante saber que, nessas oficinas, todos conheciam o trabalho do princípio ao fim e participavam de cada etapa de produção até que a arma, a ferramenta, o utensílio ou o ornamento fosse finalizado. Porém, fatores variados – entre os quais a ampliação das relações mercantis, por exemplo – levaram a uma mudança nos processos de trabalho. A produção passou a ser dividida em etapas, dando origem ao trabalho especializado: se, no início, a equipe toda participava de todas as fases de fabricação de um produto, mais tarde, cada um passou a exercer uma só tarefa. Essa transformação foi um dos fatores que criaram condições para a Revolução Industrial.

A Revolução Industrial

A palavra “revolução” tem, entre outros significados, o sentido de grande transformação, mudança expressiva. E o que foi a Revolução Industrial? Um conjunto de mu-danças que aconteceram ao mesmo tempo na economia, no modo de vida das pessoas, na política e, também, nas artes. Mas vamos nos concentrar naquilo que é mais importante para este curso: as mudanças no modo de produção de bens e mercadorias.

Você conhece o guerreiro Asterix, personagem de quadrinhos criado

por René Goscinny e Albert Uderzo? Seus álbuns – que

podem ser encontrados facilmente em bibliotecas

públicas – narram as aventuras de um grupo de gauleses que, pouco

antes do nascimento de Cristo, resiste ao domínio de Roma. As histórias, embora divertidas, são

totalmente fictícias, pois o Império Romano conquistou toda

a Gália (atual França) com um poderio militar que, entre outras coisas, incluía armas metálicas fabricadas por meio de técnicas

ignoradas por outros povos.

Soldado romano enfrentando guerreiro gaulês na Antiguidade: armas eram testadas no campo de batalha.

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Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 23

As primeiras máquinas a vapor, que usavam carvão como combustível, surgiram no século 18 (XVIII) na Inglaterra – país rico em carvão mineral e ferro. Essa conquista tec-nológica marcou o início do que seria a chamada Primeira Revolução Industrial.

As indústrias foram diretamente responsáveis pelo cres-cimento das cidades, pois, naquela época, muita gente do campo precisou deixar o local onde vivia e migrar para os centros urbanos em busca de trabalho. E o aparecimento das primeiras metrópoles gerou problemas (e agravou outros) como alcoolismo, prostituição, fome, desemprego etc.

No entanto, as mudanças não pararam e, em 1860, veio uma Segunda Revolução Industrial. Se no século ante-rior a novidade foi o uso do carvão para movimentar as máquinas, agora era vez da descoberta da eletricidade e do uso do petróleo. Você pode se aprofundar no assunto

Londres nos tempos da Primeira Revolução Industrial: muitos trocaram o campo pela cidade em busca de trabalho.

Uma vez extraído da na-tureza, o minério de fer-ro tem endereço certo: a usina siderúrgica, onde é transformado em aço. Es-se processo leva o nome de redução. Você saberá mais sobre as proprieda-des do aço na Unidade 3.

Você sabia?

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24 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1

consultando o Caderno do Trabalhador 1 – Conteúdos Gerais, no tema “História do trabalho”. Neste nosso curso interessa, principalmente, saber que a transformação do ferro em aço permitiu aumentar e variar toda a forma de produção. Isso porque a nova liga metálica era mais resistente e durável, proporcionando, por exemplo, a cria-ção de enormes estruturas industriais: as máquinas que ajudavam a fazer novas máquinas.

Vamos agora dar mais um salto no tempo e visitar uma montadora de automóveis norte-americana no início do século 20 (XX), a Ford, que pôs em prática um novo jeito de trabalhar. Para produzir um de seus carros, o célebre Modelo T, Henry Ford (nascido em 1863 e falecido em 1947), dono da fábrica, decidiu que as peças iriam até os operários (por meio de instalações móveis que compunham a chamada linha de montagem) e não o contrário, como era feito até então. Com isso, ganhava--se tempo, e cada trabalhador só poderia parar quando seu chefe permitisse.

É fácil perceber como o dia a dia do profissional de me-talurgia mudou após a invenção das linhas de montagem.

FilmeTempos Modernos –

Nesta comédia de 1936, o ator Charles Chaplin (que também dirige a trama) interpreta um operário que tem como função apertar parafusos em uma grande indústria. Mas as

peças avançam numa esteira rolante em alta velocidade, num

ritmo que o personagem não consegue acompanhar. O filme

mostra, de modo divertido, como todos trabalhavam de forma mecânica e sem descanso.

Henry Ford, criador da linha de produção, e seu Modelo T: na montagem dos carros, as peças iam até os operários.

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Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 25

Atividade 3

1. Laboratórios metalúrgicos de ontem e de hoje

Como você imagina que, em diferentes momentos da história, eram testadas a resistência e a eficiência das espadas de batalha? Será que havia um tipo de local específico para essa experimentação, como um laboratório? Escreva abaixo as suas conclusões.

2. Vida de operário

Sob a orientação de seu monitor, faça uma pesquisa na internet sobre as condições de vida dos operários na época da Primeira Revolução Industrial. As relações de trabalho mudaram dessa época para os dias de hoje? Em quais aspectos? O que mudou e o que permaneceu igual?

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26 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1

3. Objetos metálicos

Você conhece algum objeto que, no passado recente, era fabricado com um tipo de metal e que hoje é produzido com outra matéria-prima? O ferro de passar roupas é um bom exemplo disso: no tempo dos nossos bisavós, era mesmo feito de ferro. Mas agora, apesar de manter o nome, ele tem o corpo de plástico e a base de aço inoxidável.

Procure lembrar-se de outros casos e aponte as possíveis vantagens e desvantagens dessas mudanças.

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Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 27

O Barroco é um estilo ar-tístico surgido no século 16 (XVI) que se manifes-tou principalmente na arquitetura, na pintura e na escultura. Suas carac-terísticas mais marcantes são a valorização dos de-talhes, dos ornamentos e das linhas curvas. Nas Vi-las do Ouro, há belíssimas construções nesse estilo, especialmente igrejas, decoradas com painéis pintados por Manuel da Costa Ataíde e com es-culturas moldadas por Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.

Você sabia?

À esquerda, interior da Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto. Acima, escultura de Aleijadinho.

A metalurgia no Brasil

Rico em recursos naturais, o Brasil passou quase 300 anos de sua história fornecendo metais para a Europa. Isso acon-teceu durante todo o período em que foi colônia de Portugal, entre 1500 e 1822. A descoberta de grandes reservas de ouro em Minas Gerais, no final do século 17 (XVII) e no início do século 18 (XVIII), fez daquela região o centro da eco-nomia do país. Embora quase toda a produção desse metal fosse enviada para o Velho Mundo, retirando do Brasil a maior parte da riqueza gerada, as áreas que concentravam as minas mais ricas deram origem às chamadas Vilas do Ouro, entre as quais se destacam as atuais cidades de Ouro Preto, Mariana, São João del Rei, Sabará, Tiradentes e Diamantina. Nesses lugares, o ouro financiou a construção de belíssimas igrejas em estilo barroco.

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A produção de ouro começou a diminuir na década de 1750. Para compensar a queda em seus lucros, Portu-gal passou a cobrar impostos ainda mais altos sobre a extração desse metal.

Em outras palavras, a Coroa não aceitava que as reservas das Minas Gerais estivessem diminuindo. E, em vez de tomar medidas que melhorassem a situação, instituiu a chamada “Derrama”, exigindo de cada região produtora o pagamento de 100 arrobas (1.500 quilos) do metal – além do “Quinto”, imposto de 20% sobre o ouro encontrado, que já era cobrado até então. Quando a região não conseguia cumprir a cota, soldados invadiam as casas dos moradores e retiravam seus pertences até completar o valor devido.

Essa medida, associada à proibição de que a colônia de-senvolvesse atividades produtivas – o que diminuiria sua dependência de Portugal –, causou revolta entre a elite mi-neira: fazendeiros, escritores, donos de minas e militares. Reunidos e organizados, eles começaram a discutir como tornar o Brasil um país independente. Esse movimento ficou conhecido como Inconfidência Mineira.

Em 1789, a tentativa de rebelião foi abortada e suas li-deranças, acusadas de infidelidade ao rei. Parte desses líderes foi exilada do país. Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, foi executado, sendo o dia 21 de abril – aniversário de sua morte – comemorado como uma data histórica no Brasil, um exemplo de luta contra a tirania.

FilmeO longa-metragem Tiradentes,

dirigido por Oswaldo Caldeira em 1999, mostra a Inconfidência

Mineira por um ângulo diferente daquele que os livros escolares

geralmente apresentam. O filme sugere que Joaquim José da Silva Xavier (interpretado nas telas por Humberto Martins) foi condenado à morte porque era o único entre

os revoltosos que não tinha grandes posses.

Entre outras medidas, os inconfidentes pretendiam criar uma universidade em Vila Rica (atual Ouro Pre-to), transferir a capital da colônia para São João del Rei e construir fornos side-rúrgicos em Minas Gerais.

Você sabia?

Joaquim José, “o Liberdade”

Tiradentes (1746-1792), chamado de “o Liberdade” pelos colegas inconfiden-tes, aprendeu com o tio o ofício de dentista (daí seu apelido mais conhecido). Também tentou a vida como tropeiro e minerador. Cansado de ganhar mal, alistou-se no Regimento da Cavalaria e recebeu o posto de alferes (o equiva-lente, hoje, a subtenente). Chegou a pedir licença da tropa, mas depois retor-nou. Passou a lutar contra a Coroa ao conhecer as ideias de pensadores como Rousseau e Montesquieu, que influenciaram a Revolução Francesa.

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Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 29

Tiradentes esquartejado, óleo sobre tela de Pedro Américo, 1893, Museu Mariano Procópio, Juiz de Fora, MG.

Apesar da fase que envolveu a extração de ouro e da ri-queza gerada por ela, não houve nenhum considerável progresso industrial no país até o século 19 (XIX). Até a vinda da família real portuguesa para o Brasil, em 1808, era vetada a instalação de fábricas por aqui. Dessa maneira, os brasileiros consumiam apenas produtos portugueses.

Pedro Américo de Figueiredo e Melo, autor da tela repro-duzida ao lado, foi pintor, ro-mancista e poeta. Nascido em 1843 na cidade paraibana de Areia, estudou na Academia Imperial de Belas Artes, no Rio de Janeiro, e aperfeiçoou--se em Paris. Admirado por Dom Pedro II, o artista se tornou conhecido por retratar cenas históricas como A Ba-talha do Avaí (1877), quadro exposto no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio, e In-dependência ou Morte (1888), painel gigante que faz parte do acervo do Museu Paulista, em São Paulo. Pedro Amé-rico morreu em 1905, em Florença, na Itália.

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30 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1

Mesmo com a chegada de D. João VI e sua corte, a indústria no Brasil não conse-guiu se desenvolver imediatamente. Em 1o de abril daquele ano, a Coroa liberou o estabelecimento de indústrias e manufaturas, mas os produtos brasileiros já enfrentavam a concorrência das mercadorias inglesas, que entravam no país sem pagar nenhum imposto.

Assim, depois de um período no qual criar indústrias no país era proibido, houve a fase na qual privilégios eram concedidos aos produtos fabricados na Inglaterra, fazendo com que a atividade industrial no Brasil tardasse a se desenvolver.

Alguns historiadores chegam a afirmar que o capitalismo – modo de produção baseado na indústria e no trabalho assalariado – só se firmou no Brasil depois da década de 1930, mais de 100 anos após a Proclamação da Independência.

Se considerarmos a indústria metalúrgica, veremos que seu desenvolvimento no país é posterior a essa data e está fortemente associado às políticas de desenvolvimento implementadas por dois presidentes: Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek.

Operários em frente a uma fábrica paulista fundada no século 19 (XIX): a indústria metalúrgica se desenvolveu bem depois.

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Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 31

Getúlio Vargas e uma antiga máquina de laminação da Companhia Vale do Rio Doce, criada por ele em 1942: investimento pesado em infraestrutura.

A Era Vargas

Vargas ficou no poder por 15 anos (de 1930 a 1945), comandando o país de forma ditatorial – sem que ocor-ressem eleições e sem permitir manifestações políticas de oposição nem a expressão da população. Depois, voltou eleito ao poder, governando entre os anos de 1951 e 1954.

Durante sua primeira passagem pela presidência da República, Vargas deparou-se com uma forte crise eco-nômica – efeito da Depressão que se seguiu à quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929 – e a combateu promovendo o fortalecimento da indústria e investindo em infraestrutura.

De acordo com sua política de desenvolvimento, o governo faria intervenções diretas na economia, com o Estado ficando responsável pela criação de indústrias de base, entre elas a metalúrgica.

Indústrias de base são aquelas que produzem matérias-primas para ou-tras empresas. Também conhecidas como indús-trias de bens de produção ou indústrias pesadas, elas incluem principal-mente os ramos siderúr-gico, metalúrgico, petro-químico e de cimento.

Você sabia?

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32 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1

Juscelino Kubitschek (em pé, acenando para o público): incentivo à instalação de empresas do setor automobilístico.

Essas indústrias de base, por sua vez, dariam suporte para que os demais setores industriais se desenvolvessem. Várias indústrias e diversos institutos de pesquisa, todos estatais, foram criados nesse período.

Entre as empresas públicas fundadas por Vargas pode-mos citar a Companhia Siderúrgica Nacional (1940), a Companhia Vale do Rio Doce (1942), a Fábrica Nacional de Motores (1943-1985) e a Hidrelétrica do Vale do São Francisco (1945). Elas são do ramo de metalurgia e em-pregam auxiliares de laboratório metalúrgico. A instalação dessas indústrias fez parte da política de substituição de importações adotada pelo então presidente.

JK: 50 anos em 5

Juscelino Kubitschek assumiu a presidência da República em 1956, após um período de turbulências na política que culminou com o suicídio de Getúlio Vargas em 1954, interrompendo seu segundo mandato. O vice de Vargas,

Substituição de importa-ções é o nome do proces-so econômico que leva ao aumento da produção interna de um país e à diminuição de suas im-portações. Em outras palavras, o país passa a produzir aquilo que vai consumir para não preci-sar comprar os produtos de fora, valorizando, as-sim, a indústria nacional.

Você sabia?

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Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 33

A fundação de Brasília, que substituiu o Rio de Janeiro como capital fe-deral, ocorreu em 21 de abril de 1960, durante a presidência de JK. A pro-messa de deslocar o nú-cleo do poder político para o Planalto Central era uma das metas do pla-no “50 anos em 5”.

Você sabia?

Café Filho, chegou a comandar o governo, mas foi afasta-do pouco mais de um ano depois por problemas de saúde.

JK, eleito em 1955, seguiu uma política considerada “desenvolvimentista” e dizia que sua meta de governo era fazer o Brasil avançar “50 anos em 5”. A promessa entusiasmou o país.

Na economia, a proposta de Juscelino era dar continuidade ao desenvolvimento industrial (e acelerá-lo) e, para isso, tinha como um de seus focos as indústrias de base, o que, como já vimos, envolve a área metalúrgica.

Mas o governo também apostou na atração de investimen-tos estrangeiros, incentivando a instalação de empresas internacionais, principalmente do setor automobilístico. Isso levou o país a criar uma enorme dívida com conse-quências sérias para as décadas seguintes.

O projeto urbanístico de Brasília, que lembra um avião, coube a Lúcio Costa. Já o arquiteto Oscar Niemeyer projetou os principais prédios públicos da nova capital, como o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e a Catedral de Brasília.

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34 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1

De 1964 a 1984, o Brasil mergulhou num dos capítulos mais sombrios de sua história: uma ditadura militar reple-ta de censura, violência e repressão. Você pode recordar o assunto consultando o Caderno do Trabalhador 5 – Conteúdos Gerais, no tema “Repassando a história”.

Em 1968, em represália contra os opositores, o gover-no baixou o Ato Institucional no 5 (ou AI-5), medida que suprimiu as liberdades políticas e de expressão dos brasileiros. Qualquer ação considerada subversiva pelos agentes do poder poderia resultar em prisão, tortura, extradição e até morte.

Dez anos depois da publicação do AI-5, em 12 de maio de 1978, mais de 3.000 metalúrgicos de uma monta-dora de caminhões em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, desafiaram a truculência dos generais: eles entraram na fábrica, mas deixaram as máquinas desligadas. Tinha início, então, a primeira de uma série de greves organizadas pela categoria, que se estenderam

A região conhecida como ABC Paulista engloba os municípios de Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul. Também há quem se refira ao ABCD, que inclui a cidade de Diadema.

Você sabia?

Trabalhadores da metalurgia na redemocratização do país

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Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 35

Operários de São Bernardo do Campo em greve, no final da década de 1970: símbolo da luta contra a ditadura militar.

até o ano seguinte. Aumento salarial e melhores condições de trabalho estavam na pauta de reivindicações. Entretanto, mais do que as demandas relacionadas diretamente ao trabalho, as mobilizações dos grevistas das indústrias metalúr-gicas em São Paulo (e depois em Minas Gerais) tornaram-se símbolos da luta pela redemocratização do país, já que, na época, o Estado vetava manifestações públicas. Entre outras lideranças, o movimento dos operários do ABC revelou o então torneiro mecânico Luiz Inácio Lula da Silva, que, anos mais tarde, chegaria à presidência da República por meio do voto.

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Atividade 4reflexão

Com a supervisão do monitor, você e seus colegas vão debater a importância dos movimentos grevistas dos metalúrgicos durante a ditadura militar e as vitórias conquistadas pela categoria em consequência disso. E o país, o que ganhou a médio e longo prazo?

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Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 37

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A profissão de auxiliar de laboratório metalúrgico

A ocupação do auxiliar de laboratório metalúrgico pode receber, no Brasil, outros nomes, como auxiliar técnico laboratorista industrial, assistente técnico de laboratório ou, simplesmente, auxiliar de laboratório.

Mas o que faz esse trabalhador? Por ora, é importante sabermos que cabe a ele, entre outras coisas, preparar o equipamento para realização de ensaios ou testes feitos nos laboratórios de ensaios mecânicos. Isso quer dizer que, além de verificar se um corpo de prova – nome que se dá ao produto a ser analisado – está de acordo com os padrões fixados pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), ele vai fixá-lo no equipamento pró-prio para realizar esses testes (a chamada máquina universal de ensaio). A forma como funciona esse equipamento será analisada em detalhes no segundo volume deste curso.

Importante

A ABNT é o órgão responsável por definir todas as normas que são utilizadas em áreas profissionais (construção civil, metalurgia etc.), cujas técnicas devem ser padronizadas, ou seja, ter um único modelo no país. Com isso, ela fornece uma das bases necessárias ao desenvolvimento tecnológico brasileiro. É uma entidade privada e sem fins lucrativos.

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38 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1

Embora as empresas adotem nomes diferentes para essa função, o Ministério do Trabalho e Emprego produz um documento que organiza as diversas categorias pro-fissionais e ajuda o trabalhador a orientar-se no mercado. Esse documento é a Classificação Brasileira de Ocupa-ções (CBO). Ele descreve 2.422 ocupações e diz o que é preciso para exercê-las: a escolaridade necessária, o que cada profissional deve fazer, onde pode atuar etc. Entre as informações que constam nesse documento, existe uma que nos interessa definir neste momento: quem é o auxiliar de laboratório metalúrgico.

De forma resumida, a CBO indica o que faz o laboratorista industrial. Agrupamos aqui suas atribuições por temas:

Formação/qualificação profissional

• Apresentar ensino médio concluído.• Apresentar curso básico de qualificação

profissional de 200 a 400 horas-aula.• Desempenhar atividades por um ou dois anos

para conseguir experiência profissional.

Atitudes pessoais

• Manter concentração.• Saber trabalhar sob pressão. • Manter disciplina e organização.

Atitudes profissionais

• Trabalhar em equipe.• Demonstrar ética profissional.• Estar disponível para trabalhar em sistema de

rodízio de turnos (diurno/noturno).

A descrição de cada ocu-pação da CBO é feita pelos próprios trabalha-dores. Dessa forma, te-mos a garantia de que as informações vêm de quem atua no ramo e, portanto, conhece bem a profissão. Você pode consultar es-se documento na íntegra acessando o site: www.mtecbo.gov.br.

Você sabia?

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Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 39

Existem empresas que fornecem capacitação pa-ra trabalhadores dessa área quando já estão con-tratados. Quando você estiver procurando em-prego no setor, procure saber quem oferece opor-tunidades de formação.

Você sabia?

As atividades do auxiliar de laboratório metalúrgico po-dem ser bastante diversificadas, dependendo da parte do processo produtivo em que ele atua e também do tipo de produto fabricado ou do serviço prestado pela empresa. Isso porque o laboratório metalúrgico tem um leque de atividades muito grande. O auxiliar atuará de um modo diferente, por exemplo, em indústrias metalúrgicas que trabalham na extração de metais, na transformação ou na aplicação. Da mesma forma, uma grande empresa pode ter diversos laboratórios, cada um desenvolvendo um conjunto diferente de atividades.

Auxiliar de laboratório metalúrgico em ação: atividades bastante diversificadas.

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Independentemente disso, todos os laboratórios continuam sendo lugares onde se fazem ensaios e testes. Como au-xiliar de laboratório metalúrgico, você atuará na rotina desses locais, ajudando os demais profissionais que ali trabalham: técnicos, analistas, engenheiros e, no caso das escolas técnicas e universidades, professores.

A importância do auxiliar nessa equipe se dá por sua atuação na chamada fase primária de um trabalho, ou seja, no início de uma tarefa, que, geralmente, é uma análise laboratorial. Essa fase é extremamente impor-tante, pois um simples erro de coleta de amostras ou a preparação inadequada do material a ser verificado pode resultar em uma conclusão totalmente errada, gerando problemas mais adiante, no momento de fabricar uma peça metálica.

Podemos comparar essa situação à de um tratamento médico: um erro num ensaio de laboratório seria equi-valente a receber um resultado alterado ao fazer exame de sangue. Por exemplo: se o resultado do exame indica algum problema com a quantidade de açúcar que a pessoa tem no sangue (ou seja, na sua taxa de glicose), o médico tomará suas decisões com base nisso, podendo até tratar o paciente como diabético, sendo que ele está saudável. E tudo por conta de um erro de análise.

Importante

Na Unidade 3, você saberá detalhes sobre os vários segmentos da metalurgia: metalurgia ex-trativa, metalurgia de transformação, beneficia-mento, montagem, serviços, ensino e pesquisa.

DICAVocê vai saber mais sobre a coleta

de amostras para ensaios no segundo volume deste curso.

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Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 41

Quando uma indústria – uma montadora de auto-móveis, por exemplo – descobre que colocou no mercado um lote de pro-dutos com defeito de fa-bricação, deve fazer o chamado recall, que é a convocação dos consumi-dores que adquiriram essa mercadoria para que ela seja consertada gra-tuitamente (se for o caso, substituindo as peças defeituosas).

Você sabia?

Atividade 1funCionamenTo inadequado

Organizados em duplas, você e seus colegas vão imaginar uma fábrica que produz peças de automóveis, e que man-tenha um laboratório que não funcione adequadamente. Listem as consequências da fabricação de uma barra de direção que rompa quando uma pessoa estiver dirigindo.

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No início de um processo de análise, o objetivo é ge-ralmente determinar as propriedades dos materiais metálicos, produzindo informações na forma de rela-tórios de laboratório, boletins técnicos, laudos e outros tipos de documentos ou registros que são comuns nesses tipos de situação.

O auxiliar deve dar a base prática – ou seja, “preparar o terreno” – para que a análise aconteça. Por isso, sua atividade pode variar. Ele pode ser requisitado para cortar pedaços (amostras) de uma barra metálica que será anali-sada, realizando sua correta identificação, ou para ajudar nos testes que definirão a qualidade dessa matéria-prima (o metal) ou, ainda, do produto final fabricado a partir do material testado.

O fato de sua função ser diversificada não diminui o grau de responsabilidade da atividade.

O grau de dificuldade também pode variar. A preparação de amostras a serem ensaiadas parece um processo simples, mas pode ser complicado, pois os chamados corpos de prova — os materiais que serão analisados — em geral apresentam alguma complexidade em sua preparação.

DICASe você tiver contato com alguém que exerça a função de auxiliar de laboratório metalúrgico, pergunte

o que diferencia os relatórios, boletins e laudos com que essa pessoa lida em seu cotidiano

profissional. Depois, partilhe com os colegas as informações obtidas.

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Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 43

Dia a dia

O auxiliar de laboratório metalúrgico trabalha com outros profissionais nas bancadas dos laboratórios de metalurgia, lidando com diferentes equipamentos e realizando análises. Ele é o profissional que auxilia nos testes dos materiais, verificando se os resultados desses testes podem influenciar de forma negativa ou positiva na realização de um determinado projeto.

Para essa ocupação, é necessária uma boa base de conhecimento técnico, pois vários saberes serão requisitados no seu dia a dia.

Veja este exemplo: o laboratório que você atua irá analisar uma barra metálica, verificando sua qualidade e se está de acordo com as características desejadas. Como auxiliar de laboratório, você irá até a linha de produção e cortará uma amostra da peça. Parece fácil, não é? No entanto, para cortar a peça, é recomendado que você evite aquecê-la demais e digamos que, no momento do corte, você a aquece mais do que poderia. Esse processo, chamado de superaquecimento, talvez altere as características da peça e, ao examiná-la, o resultado do teste poderá ser falso. Por isso, neste curso, procuraremos passar a você algumas bases técnicas fundamentais até mesmo para realizar procedimentos aparentemente simples.

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44 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1

Importante

Quando uma empresa contrata os serviços de outra, falamos que esse trabalho é terceirizado, ou seja, realizado por um “terceiro”. A finalidade disso é reduzir os custos, uma vez que a empre-sa que contrata não precisa ter a estrutura (ins-talações, equipamentos e mão de obra) para realizar a tarefa encomendada.

Agora reflita: você acha que a terceirização altera alguma coisa para os trabalhadores? Como ficam os contratos de trabalho? E os salários?

Faça uma pesquisa sobre a questão e depois de-bata suas conclusões em sala de aula.

Os laboratórios metalúrgicos podem fazer parte das instalações de uma indústria do setor ou serem tercei-rizados. Em qualquer dos casos, ele deverá estar pronto para atender aos pedidos de outras áreas da empresa, que precisará das análises para garantir a qualidade dos produtos que fabrica. Sempre que ocorrerem estas soli-citações, serão realizados ensaios e análises químicas e físicas de matérias-primas e de produtos, seguindo normas técnicas e ambientais. O laboratório, portanto, tem papel essencial na produção.

Além de preparar material para as análises e realizá-las, com a supervisão de um técnico, faz parte das atividades do auxiliar produzir relatórios, seguindo os procedimentos e normas definidos no laboratório.

Ele também participará da manutenção preventiva das ferramentas e equipamentos. Ou seja, ajudará a manter os equipamentos e ferramentas em bom estado, fazendo verificações de tempos em tempos, para que funcionem corretamente quando forem necessários.

Em metalurgia, a manu-tenção preventiva é feita com parada programada. São, então, examinados os pontos críticos dos equipamentos. A inten-ção é evitar a manuten-ção corretiva, que acon-tece justamente porque alguma máquina parou.

Você sabia?

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Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 45

Como você já sabe, há momentos em que o auxiliar de laboratório é chamado para preparar os corpos de prova para os ensaios. Para isso, deve saber como ler e interpretar um conjunto específico de desenhos e normas. Em alguns momentos, você vai preparar máquinas, aparelhos e ins-trumentos de ensaios, conforme os padrões estabelecidos, em outros, vai operá-los.

Para lidar com todo o material de um laboratório – que pode ser frágil ou robusto, de tecnologia avançada ou simples –, você terá de se familiarizar com ele. Este curso de qualificação e a experiência durante o trabalho permi-tirão que você ganhe familiaridade com a profissão. Por enquanto, conheça o nome e a utilidade dos principais equipamentos com que o auxiliar de laboratório meta-lúrgico lida em seu cotidiano.

Cenas cotidianas de profissionais da área: fazendo a preparação da máquina universal de ensaios (à esquerda) e de uma amostra para ensaio metalográfico (à direita).

DICAProcure pesquisar em detalhes, na

internet, as especificações e o funcionamento das ferramentas e

dos equipamentos com que o auxiliar de laboratório trabalha.

Nas próximas páginas, você encontrará textos resumidos sobre

esses materiais, mas é sempre desejável saber mais, concorda? Os sites de diversos fabricantes costumam trazer informações valiosas sobre esses produtos.

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46 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1

Cortadeira – realiza cortes de material metálico. É utilizada, principalmente, em amostras nos ensaios metalográficos.

Máquina de embutimento – realiza embutimento de amostras.

Lixadeira politriz – é usada para lixar e polir amostras metalográficas.

Máquina universal de ensaios – rea- liza ensaios de tração, compressão, flexão, dobramento e cisalhamento.

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Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 47

Régua graduada, paquímetro e micrômetro – instrumentos usados em medições lineares.

Transferidor de grau (ou goniômetro) – realiza medições angulares.

Ultrassom – verifica descontinuidades internas no material metálico durante ensaios não destrutivos.

Yoke – equipamento usado na reali-zação de ensaios não destrutivos com partículas magnéticas.

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48 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1

Atividade 2equipamenTos usados em laboraTórios de meTalurgia

1. Você conhece o equipamento que aparece na foto ao lado? O nome dele é microscópio. Faça uma pes-quisa na internet para verificar para que ele serve e como pode ser utiliza-do em um laboratório metalúrgico.

2. Agora você e seus colegas vão discutir as respostas de cada um, de forma coor-denada pelo monitor. Anote aqui as conclusões tiradas pelo grupo.

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Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 49

O perfil do profissional

Como em um laboratório de metalurgia são realizadas atividades diferenciadas – tanto simples, como complexas – nele trabalham profissionais de diversos níveis de escolaridade e com funções e cargos variados. Nesse sentido, ter disposição para trabalhar em equipe e atuar de forma cooperativa é importante. A cooperação no ambiente de trabalho possibilita que toda a equipe cresça junto, e você poderá aprender cada vez mais sobre sua ocupação.

Nessa função também é imprescindível realizar as atividades sem perder a con-centração, sendo cuidadoso na manipulação dos materiais, de modo a evitar riscos desnecessários.

Mas lembre-se: a preocupação com os riscos no ambiente de trabalho é, antes de tudo, uma responsabilidade da empresa. É ela que deve – por lei – dispor das condições e dos equipamentos de proteção individuais e coletivos (sobre os quais falaremos detalhadamente mais adiante) para que os profissionais não atuem em condições que possam causar falhas de segurança e danos à sua saúde.

Por fim, planejar o trabalho e as atividades do dia poderá ajudá-lo a organizar o que irá fazer e tornar a sua rotina mais fácil.

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50 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1

P – Qual é o seu nome e o que você faz?

R: Meu nome é Valdemar Carmelito dos Santos e sou auxiliar de labora-tório metalúrgico.

P – Qual é a sua idade?

R:  51  anos.

P – Como iniciou sua carreira?

R: Eu comecei a trabalhar em uma siderúrgica como ajudante industrial. Logo fui promovido a soldador. Mas não parei de estudar: fiz curso técnico em metalurgia e curso de capacitação na área de  mecânica. Com isso, consegui ser promovido a auxiliar de laboratório metalúrgico.

 P – Há quanto tempo você exerce a profissão de auxiliar de laboratório metalúrgico?

R:   Trabalho como auxiliar de laboratório metalúrgico há 13 anos.

 P – E hoje em dia, você costuma fazer cursos de especialização?

R:  Sim. Na metalurgia, nós temos os cursos de capacitação. Com eles, nós podemos aprender um pouco mais da prática da profissão que escolhemos. Eu, por exemplo, já fiz cursos de capacitação para aprender a utilizar melhor alguns instrumentos do laboratório.

P – Onde você trabalha? 

R:   Eu trabalho na Escola Técnica Estadual Dona Escolástica Rosa, em Santos.

P – Qual a sua função na escola?

R.   Sou auxiliar de docente, no laboratório de metalurgia. Eu auxilio os professores nas aulas práticas.

P – O que é preciso para ser auxiliar de laboratório metalúrgico?

R: É preciso ter o curso técnico em metalurgia ou em mecânica. Mas também é importante fazer cursos de capacitação profissional. O que aprendemos nesses cursos é essencial para algumas tarefas que são realizadas em um laboratório metalúrgico.

P – Quais são os principais cuidados que se deve ter ao realizar os ensaios?

R: O primeiro cuidado é com a segurança pessoal, mas, sem se esquecer de zelar pela segurança de todos que estiverem com você no momento do ensaio. Para o sucesso da tarefa, é também muito importante estar atento para não perder as informações fornecidas pelo computador que controla os resultados da máquina universal.

P – O que é preciso para um auxiliar de laboratório trabalhar no setor de ensino e pesquisa?

R:  Em primeiro lugar, gostar do que faz e ter prazer em repassar as suas experiências para os alunos. Sem se esquecer, é lógico, de que é preciso se profissionalizar na área de laboratório.

 P – Como é o mercado?

R: O mercado é promissor e há muitas oportunidades para quem deseja ser um auxiliar de laboratório.

Atividade 3ConheCendo a profissão

1. Leia a entrevista a seguir. Ela traz o depoimento de um metalúrgico que atua como auxiliar de laboratório.

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Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 51

2. Organizados em trios, você e seus colegas vão entrevistar um profissional da área. Se possível, escolham alguém que atue num bairro próximo à escola. Segue abaixo um roteiro com sugestões de perguntas.

a) Quem é o entrevistado? Qual o seu nome? Onde trabalha?

b) Qual sua escolaridade?

c) Há quanto tempo está exercendo essa ocupação?

d) Como é o trabalho que realiza no seu dia a dia?

e) Como aprendeu a ocupação?

f) Quais são as principais dificuldades para exercer o trabalho no dia a dia?

3. Investiguem as oportunidades de trabalho existentes para quem exerce essa ocupação.

4. Criem um cartaz com as principais informações levantadas na entrevista (item 2) e na pesquisa (item 3) e exponham os resultados do trabalho para a classe.

Conhecer o que faz um auxiliar de laboratório metalúrgico é importantíssimo para você decidir se vai mesmo abraçar tal ocupação.

O mercado de trabalho

A economia nacional cresceu em ritmo acelerado nos últimos anos, o que gerou, entre outros efeitos, um aumento significa-tivo na quantidade de empre-gos na indústria, inclusive no setor metalúrgico.

A boa notícia inclui a área de atuação do auxiliar de laborató-rio metalúrgico. E o melhor: o campo de trabalho desse profis-sional vai além das indústrias. O laboratorista pode se dedicar a atividades de ensino e pesquisa em escolas técnicas e universidades, por exemplo. Além disso, pode ocupar uma vaga num laboratório independente que presta serviços para uma ou mais empresas.

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52 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1

Identificando seus saberes

Antes de começarmos a observar de forma mais detalhada cada um dos aspectos da ocupação, convidamos você a olhar para seus saberes atuais.

Afinal, você já tem conhecimentos, experiências e percepções que podem ser úteis no dia a dia de um auxiliar de laboratório metalúrgico.

Nossa proposta é identificar esses itens por duas razões.

A primeira delas é que há muitas coisas que já fizemos (ou ainda fazemos) e não valorizamos. Certamente você possui saberes adquiridos durante a vida por meio de experiências e aprendizagens obtidas na escola ou fora dela.

Veja esse exemplo: uma das competências listadas na CBO é “manter disciplina e organização”. Vamos imaginar, então, a situação a seguir. Você, por algum motivo, está sozinho em casa. E tem uma série de atividades a fazer: arrumar as camas, lavar a louça, pôr ordem na bagunça da sala, preparar seu almoço, fazer compras e guardá-las, revisar o seu currículo, buscar informações sobre empresas de metalurgia que estão contratando auxiliares, preparar o jantar... – e ainda encontrar tempo para conversar um pouco com os vizinhos.

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Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 53

Tudo isso vai exigir de você uma boa dose de disciplina e organização, concorda? Você está acostumado a assumir várias responsabilidades assim em seu cotidiano.

A segunda razão para identificarmos nossos conhecimentos passados e experiências acumuladas é que isso vai permitir às pessoas da classe partilharem seus saberes uns com os outros. Um ajudará o outro a reconhecer e a extrair, das vivências individuais, saberes que podem ser úteis para a profissão que estão buscando.

Aprender a ouvir é um grande começo. Essa é uma característica importante (e valorizada) quando buscamos uma profissão na qual precisamos lidar com pessoas diferentes o tempo todo.

Atividade 4sua hisTória de vida

1. Escolha alguém da classe – de preferência, uma pessoa que você ainda não conhece bem – para fazer uma dupla. Um de vocês começa a contar sua vida e o outro anota o que achar relevante. Depois vocês vão trocar de posição. Não deixem nada de fora.

Cada um deve falar sobre seus estudos, trabalhos e bicos; o que faz no dia a dia (seus hábitos cotidianos); o que gosta de fazer para se divertir e relaxar; o que sabe fazer em casa; o que aprendeu um dia, mas hoje não sabe mais fazer etc.

Fale também sobre como você é: do que gosta e não gosta; se você é organizado, dorminhoco, falante etc.

As duplas terão cerca de 40 minutos para cumprir a tarefa. Cada um pode falar durante 20 minutos, mais ou menos, sem ser interrompido pelo outro (a menos que seja para esclarecer dúvidas).

2. Agora que os dois já contaram quem são, que tal organizar essas informações e listar seus saberes?

Vocês devem fazer isso juntos, tendo como base a conversa e as anotações men-cionadas no item anterior. Mas cada um vai escrever no próprio caderno o que descobriu (ou já sabia) sobre si mesmo.

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54 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1

Exemplo Minhas características

Até que série estudei

Estudei até a sexta série (parei em 1999).

Cursos de qualificação que fiz

Nenhum.

Saberes relacionados às minhas experiências de trabalho

Trabalhei no setor de estoque de uma pequena metalúrgica. Fui ajudante de um serralheiro do meu bairro.

Saberes relacionados ao meu jeito de ser e de agir

Gosto bastante de conversar. Tenho facilidade para aprender.

Outras coisas que sei ou aprendi

Sei jogar bola e desenho bem.

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Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 55

Lembre-se de que existem saberes:

• de tipos diferentes – relacionados à comunicação (fala e escrita), aos números, aos esportes, às habilidades manuais etc.

• que aprendemos em lugares diferentes – na escola, no trabalho, na vizinhança, na reunião da associação de bairro etc.

• que aprendemos de maneiras diversas – olhando os outros fazendo (ou seja, pelo exemplo), lendo, exercitando etc.

Assim como o compositor Noel Rosa cantava que “Ba-tuque é um privilégio/Ninguém aprende samba no colé-gio”, há coisas que aprendemos depois de treinar bastante (futebol, por exemplo) e outras que aprendemos mais facilmente na escola quando alguém nos ensina passo a passo (como ler e escrever).

Todos são saberes válidos. Mas, dependendo do que você faz, alguns podem ser mais úteis do que outros. Por isso, vamos agora dar mais um passo no reconhecimento dos seus saberes.

Noel Rosa nasceu no Rio de Janeiro em 1910. Foi compo-sitor e cantor e é considerado um dos maiores sambistas brasileiros. Morreu em 1937, com apenas 26 anos. Mas, nesse curto tempo de vida, compôs mais de 250 músicas.

Se possível, ouça – usando a internet – a canção Feitio de oração, que contém os versos transcritos abaixo.

AC

ER

VO

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NO

gR

AP

HIA

Feitio de oração

Oswaldo Gogliano (Vadico) e Noel Rosa

Quem acha vive se perdendo

Por isso agora eu vou me defendendo

Da dor tão cruel desta saudade

Que, por infelicidade,

Meu pobre peito invade

Batuque é um privilégio

Ninguém aprende samba no colégio

Sambar é chorar de alegria

É sorrir de nostalgia

Dentro da melodia

Por isso agora lá na Penha

Vou mandar minha morena

Pra cantar com satisfação

E com harmonia

Esta triste melodia

Que é meu samba em feitio de oração

O samba na realidade não vem do morro

Nem lá da cidade

E quem suportar uma paixão

Sentirá que o samba então

Nasce do coração.

Copyright © 1954 By IRMÃOS VITALE S/A IND. E COMÉRCIO

Todos os direitos autorais reservados para todos os países.

ALL RIGHTS RESERVED. INTERNATIONAL COPYRIGHT SECURED.

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56 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1

O que diz a CBO

Saberes que eu já tenho

(Inclua aqui tanto os saberes que

você domina – cursos e atividades

que já fez –, quanto os que você

está adquirindo)

O que eu preciso saber

(Inclua aqui tanto os saberes que

você precisa aprimorar, como os

que você precisa aprender –

aqueles que você “tem que

começar do zero”)

OK Em processo

Preciso aprimorar

Preciso aprender

Escolaridade

Ensino Médio completo

Capacitação profissional

Curso de qualificação

Participação em eventos e palestras

Estágio em metalúrgica

Consultas em livros e publicações especializadas

Na tabela a seguir, você irá relacionar os seus saberes atuais com aqueles identificados como necessários à ocupação de auxiliar de laboratório metalúrgico.

O objetivo deste exercício é fazê-lo perceber e registrar tudo que precisa aprender ou aprimorar a fim de trabalhar como auxiliar de laboratório. Faça um x na coluna que descreve sua situação em relação a esses saberes.

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Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 57

Neste quadro não foram inseridos alguns saberes fundamentais relacionados à ocupação de auxiliar de laboratório metalúrgico. Veja a seguir quais são eles.

O que diz a CBO

Saberes que eu já tenho

(Inclua aqui tanto os saberes que

você domina – cursos e atividades

que já fez –, quanto os que você

está adquirindo)

O que eu preciso saber

(Inclua aqui tanto os saberes que

você precisa aprimorar, como os

que você precisa aprender –

aqueles que você “tem que

começar do zero”)

OK Em processo

Preciso aprimorar

Preciso aprender

Saberes relacionados à ocupação: atitudes profissionais

Agir com iniciativa

Ler manuais técnicos

Aplicar recursos de informática como usuário

Atuar com responsabilidade técnica

Trabalhar em equipe

Respeitar a opinião dos outros

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58 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1

1. Executar ensaios metalográficos: interpretar normas técnicas de ensaios e especificações, prover o laboratório dos materiais a serem analisados, preparar materiais e equipamentos para ensaio; selecionar substâncias reagentes, preparar e padronizar soluções para aná-lise, executar análises, além de registrar, monitorar e informar os resultados.

2. Garantir a calibração (ajuste adequado) dos equipa-mentos: registrar dados de calibração, realizar ma-nutenção e reparo nos equipamentos e monitorar a validade de calibração de equipamentos.

3. Realizar a amostragem dos materiais: aplicar meto-dologia de amostragem, coletar e preparar amostra de acordo com normas, preservar a amostra conforme especificações e procedimentos e efetuar descarte ou reaproveitamento da amostra, também seguindo es-pecificações e procedimentos.

4. Trabalhar segundo normas de segurança, saúde e meio ambiente: cumprir legislação e normas perti-nentes, utilizar equipamentos de proteção individual estabelecidos em normas, atuar na prevenção de aci-dentes, manter a organização, limpeza e higiene no local de trabalho, manusear os materiais de análise aplicando normas de segurança, conduzir análises para auxiliar no controle de emissões no processo, aplicar procedimentos de descarte e segregação de resíduos de laboratório, pesquisar métodos de recuperação, re-ciclagem e reaproveitamento de resíduos industriais, otimizar métodos de tratamento de resíduos industriais e minimizar impactos ambientais indesejáveis.

5. Controlar a qualidade: aplicar métodos e técnicas normalizadas de análises e ensaios, controlar a qua-lidade da matéria-prima, dos produtos em processos, e do produto acabado, além de empregar metrologia de nível básico.

Calibração ou calibragem é, segundo o Dicionário Houaiss, o conjunto de pro-cedimentos destinados a estabelecer uma correspon-dência entre uma grandeza física conhecida ou padroni-zada e as leituras de um instrumento no qual esta grandeza é medida. Em ou-tras palavras, calibrar signi-fica ajustar o instrumento medidor (se, por exemplo, colocamos um peso de 1 kg numa balança e percebemos que ela não registra a medi-da com exatidão, essa má-quina deverá ser calibrada).

Metalografia é o estudo das propriedades e da estru-tura dos metais e de suas ligas, realizado com o auxí-lio de um microscópio.

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Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 59

6. Participar do sistema da qualidade da empresa: atuar no processo de melhoria contínua, atender os procedimentos definidos pelo sistema de garantia de qualidade, colaborar nas auditorias internas e externas de qualidade, monitorar a qualidade dos fornecedores e verificar a metodologia de ensaio.

7. Colaborar no desenvolvimento de metodologias de análise: testar novas meto-dologias e novos procedimentos.

Esse conjunto de saberes não entrou na tabela anterior porque, embora todos tenham ligação direta com a ocupação, são de natureza técnica e serão abordados durante este curso.

A CBO apresenta tudo o que você precisa saber para ser um auxiliar de laboratório metalúrgico (no documento, a ocupação aparece com o nome de auxiliar de labo-ratorista industrial).

Fique atento, ao longo do curso, para registrar todos os saberes que você está adquirindo. Tenha também em mente que certos detalhes das profissões nós só vamos descobrir depois de anos de trabalho. E que há coisas que apenas aprendemos quando pesqui-samos, ou seja, saímos em busca de novas fontes de informação sobre aquele assunto.

A atualização sobre sua ocupação deve acontecer o tempo todo. É comum, às vezes, deixarmos coisas importantes para fazer mais tarde. Por isso, é importante traçar um plano, organizar as atividades que temos que fazer com certa antecedência. Isso se chama planejamento.

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60 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1

Planejar parece complicado. Mas não é tanto assim. Basta seguir algumas etapas que fica mais fácil.

1. Pense sobre o que deve ser feito e registre tudo numa folha de papel, de forma organizada, de acordo com a ordem de importância.

2. A fim de conferir se uma ação é mesmo importante, procure registrar por que você pensou em praticá-la, ou seja, qual é o seu objetivo ao realizá-la.

3. Em seguida, indique como a atividade será feita.

4. E, finalmente, coloque um prazo para ela acontecer.

Atividade 5planeje seus próximos passos

Liste na tabela a seguir algumas atividades que você pode fazer durante este curso e que podem ajudá-lo a se preparar para ser auxiliar de laboratório metalúrgico. Por exemplo: ler apostilas e livros técnicos sobre análises e ensaios em laboratórios metalúrgicos.

Não se esqueça de indicar o motivo que o levou a escolher esse passo e de definir de que forma você vai agir. Depois, é só colocar um prazo para isso acontecer.

Construa agora o seu próprio roteiro. Coloque nele quantas ações quiser.

Mas lembre-se: você não vai esgotar todas as atividades de uma só vez e, ao programá-las passo a passo, a chance de desanimar é menor. Além disso, você poderá voltar a esse roteiro quantas vezes achar necessário, durante o curso e depois de concluí-lo.

Para que o planejamento dê certo, você deve rever o seu roteiro de tempos em tempos e modificar suas ações e prazos, adequando-os quando preciso.

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Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 61

O que fazer? Por quê? Como? Quando?

Ler livros e apostilas sobre análises e ensaios em laboratórios metalúrgicos.

Para conhecer as normas e os procedimentos obrigatórios para o exercício da profissão.

Procurando textos na internet e, se possível, em bibliotecas especializadas (de escolas técnicas, por exemplo).

Até o final deste mês.

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Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 63

unida d e 3

O setor metalúrgicoComo já vimos, a área da metalurgia pode ser dividida em:

• metalurgia extrativa;

• metalurgia de transformação ou conformação mecânica;

• beneficiamento;

• montagem ou aplicação;

• serviços, ensino e pesquisa.

Esses segmentos são também as etapas que estruturam o tra-balho do setor metalúrgico, desde a extração do minério até a montagem do produto final.

1. A metalurgia extrativa

A metalurgia extrativa é a área que trabalha com a obtenção (ou extração, retirada) de metais a partir de fontes minerais naturais e, eventualmente, de sucata. Os metais estão divididos em duas grandes categorias: ferrosos e não ferrosos.

Identificar e descrever as características físicas ou químicas dos minerais, ou seja, apresentá-los em detalhes, faz parte das tarefas do auxiliar de um laboratório metalúrgico extrativo.

O primeiro passo de uma análise dos minerais é verificar se realmente existe minério no local em que se pretende explorar. Hoje, essa tarefa ficou relativamente mais fácil graças à tecnolo-gia, pois para fazê-la são usadas sondas que detectam minérios, dispensando as caras e demoradas escavações do passado. Uma vez constatado que há quantidade de minério que justifique a extração, caberá ao auxiliar de laboratório metalúrgico ajudar nos ensaios (testes), dentro de um laboratório, para especificar as características dos minerais encontrados.

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64 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1

Os metais podem ser encontrados na crosta terrestre entranhados em rochas. Conforme a sua formação, es-sas rochas podem ser classificadas em ígneas (também conhecidas como magmáticas), sedimentares ou meta-mórficas. A região rochosa onde há uma concentração de minerais com valor comercial recebe o nome de ja-zida. As jazidas podem ser superficiais ou profundas. No Brasil, as jazidas de ferro são superficiais, formando morros. Já as de ouro e as de carvão são muito profundas. Essas necessitam de técnicas de extração que envolvem o uso de máquinas sofisticadas ou o trabalho manual de mineiros ou garimpeiros.

Jazida de ferro: o metal entranhado nas rochas forma morros.

Minério e mineral são coisas diferentes. O mi-nério é o mineral que pode ser explorado eco-nomicamente, isto é, po-de ser comercializado.

Você sabia?

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Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 65

Extração de hematita na Mina de Timbopeba em Mariana (MG): a céu aberto.

A palavra jazida, na língua portuguesa, tem significados diferentes. Pode ter o senti-do que nos interessa neste texto – ou seja, “camada de uma substância (como car-vão, ferro etc.) que existe naturalmente nas rochas” – mas também pode significar “a ação de jazer”, isto é, deitar-se. Esse tipo de situa-ção (formas linguísticas idên-ticas com significados diver-sos), na língua portuguesa, é chamado de homonímia.

Resgate dos mineiros de cobre, no Chile: operação de 22 horas foi um sucesso.

Um exemplo de jazida profunda é a da mina de cobre de San José, no Deserto de Atacama, no Chile. Em 2010, 33 minei-ros que trabalhavam na extração de cobre no local sofreram um acidente e fi-caram soterrados durante 69 dias, 700 metros abai-xo da superfície. O resgate dos mineiros, que ocorreu no dia 13 de outubro, du-rou 22 horas e foi consi-derado um sucesso, pois todos saíram com vida!

Você sabia?

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66 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1

A história dos bandeirantes foi tratada de diferentes maneiras pelos historia-dores brasileiros. Houve quem considerasse que esses exploradores foram heróis nacionais. Um filme produzido em 1940 – Os Bandeirantes, de Hum-berto Mauro –, ajudou a propagar essa ideia. Ou-tra vertente, mais atual, mostra um lado menos romantizado desses viajan-tes, retratando sua atuação na captura e escravização de índios e, mais tarde, na perseguição de escravos que fugiam das fazendas.

Você sabia?

O extrativismo, atividade pela qual o homem explora os minérios, é conhecido desde a Pré-História. No Brasil, antes mesmo da descoberta de ouro em Minas Gerais (do qual falamos na Unidade 1), a atividade fez parte de um capítulo importante da história.

Foi durante o século 16 (XVI), período em que o Brasil ainda era colônia de Portugal. Os chamados bandeirantes (homens contratados pelos colonizadores lusitanos para desbravar terras brasileiras ainda desconhecidas, além de capturar índios e escravos) partiam das vilas de São Paulo e São Vicente em busca de riquezas. Ouro e diamantes eram encontrados na superfície da terra, nos aluviões dos rios ou no solo.

Aluviões são camadas de areia, argila ou cascalho pro-venientes de erosão recente e que são transportados e depo-sitados por correntes de água.

Anhanguera, óleo sobre tela de Theodoro Braga, 1930, Museu Paulista da USP, São Paulo. A imagem mostra o bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva acendendo fogo diante de índios goitacazes, que atribuíram poderes mágicos ao explorador e o apelidaram de Diabo Velho.

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Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 67

O Brasil é bastante rico em recursos naturais, incluindo minérios. Ao lado de Canadá, Austrália, Rússia, China e Estados Unidos, nosso país dispõe de quase 60 tipos de minerais, sendo que algumas das maiores reservas do mundo estão aqui. A terceira maior jazida de bauxita (minério do qual se extrai o alumínio), por exemplo, localiza-se em território nacional.

Entre os principais minérios encontrados no Brasil estão o ferro, a bauxita, o cobre, o cromo, o ouro, o estanho, o níquel e o manganês.

O auxiliar de laboratório na metalurgia extrativa: as mineradoras

Nas mineradoras, as atividades do auxiliar de laboratório consistem basicamente em caracterizar o minério segundo os critérios descritos a seguir.

• Composição química – análise que tem como objetivo determinar os elementos químicos presentes no minério, assim como as porcentagens desses elementos.

• Composição mineralógica – a primeira análise, qualitativa, tem como meta deter-minar os tipos de minerais contidos no minério; a segunda análise, quantitativa, avalia a concentração desses minerais presente na amostra extraída.

• Granulometria – análise que determina o tamanho dos grãos e sua distribuição na amostra do minério extraído.

Monumento às Bandeiras, escultura em granito de Victor Brecheret, 1954, Praça Armando Salles de Oliveira, São Paulo.

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68 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1

Todas essas análises fornecem informações importantes que serão usadas para avaliar se a lavra naquela região é – ou continua – viável, levando em conta os teores desejados de minério e de impurezas. Esses levantamentos podem, por exemplo, inviabilizar a extração do minério em determinados pontos das rochas.

Um exemplo dessa riqueza natural é o chamado Quadrilátero Ferrífero, região do estado de Minas Gerais, localizada a poucos quilômetros da capital, Belo Horizonte. A região já atraiu muita gente no século 17 (XVII) com a descoberta de grandes reservas de ouro (assunto tratado na Unidade 1). Atualmente, o Quadrilátero con-tinua sendo a região mais populosa daquele estado e ainda é uma área de extrema importância para a economia do país, respondendo por 60% da produção brasileira de ferro e por 40% da produção de manganês.

Quadrilátero Ferrífero

Borda Oeste da Cordilheira do Espinhaço

Borda do Craton do São Francisco

Supergrupo do São Francisco

Supergrupo do Espinhaço

Supergrupo Minas

Supergrupo Rio das Velhas

Gnaisses não retrabalhados no Brasiliano

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Quadrilátero Ferrífero: localizado em uma área de aproximadamente 7 mil km2 na região central de Minas Gerais.

O Quadrilátero Ferrífero

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Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 69

Para você ter uma ideia da importância do ferro na vida des-sa região, vale destacar que o poeta Carlos Drummond de Andrade dedicou ao tema um de seus textos mais célebres, a Confidência do Itabirano. Vamos conhecer esse poema?

Confidência do Itabirano

Carlos Drummond de Andrade

Alguns anos vivi em Itabira.

Principalmente nasci em Itabira.

Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.

Noventa por cento de ferro nas calçadas.

Oitenta por cento de ferro nas almas.

E esse alheamento do que na vida é porosidade

e comunicação.

A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,

vem de Itabira, de suas noites brancas, sem

mulheres e sem horizontes.

E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,

é doce herança itabirana.

De Itabira trouxe prendas diversas que ora te

ofereço:

esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil;

este São Benedito do velho santeiro Alfredo

Duval;

este couro de anta, estendido no sofá da sala

de visitas;

este orgulho, esta cabeça baixa...

Tive ouro, tive gado, tive fazendas.

Hoje sou funcionário público.

Itabira é apenas uma fotografia na parede

Mas como dói!

O poeta Carlos Drummond de Andrade nasceu em Ita-bira do Mato Dentro, uma das cidades do Quadrilátero Ferrífero, em 31 de outubro de 1902, e morreu no Rio de Janeiro, em 17 de agosto de 1987. Entre suas obras mais conhecidas, merecem des-taque Alguma Poesia (1930), Sentimento do Mundo (1940), José (1942) e A Rosa do Povo (1945). Você pode conhecer mais sobre ele e suas poesias pesquisando o site www. carlosdrummond.com.br.

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Confidência do Itabirano, publicado no livro Sentimento do Mundo,

de Carlos Drummond de Andrade, Editora Record, Rio de Janeiro

Carlos Drummond de Andrade (c) Graña Drummond

www.carlosdrummond.com.br

Page 71: Aux Lab 01 Site Final v 215513

70 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1

Apesar da diversidade de minérios existente, o mais popular é o ferro, o metal mais abundante no planeta. E aproximadamente 8% das reservas de ferro da Terra estão no Brasil. Por isso, ele se tornou o principal minério extraído no país. O Brasil é o segundo maior produtor de ferro do mundo.

O papel desse metal, como já estudamos, é histórico. Sua participação na Revolução Industrial foi fundamental e até hoje sua utilização é relevante.

Mas você deve ficar atento, pois, atualmente, quando alguém menciona o ferro, muito provavelmente, está falando do aço – resultado de uma liga de carbono com ferro. Ferro e aço são tão importantes que foi criada uma categoria de indústria só para eles: a siderurgia. Não é à toa que essa indústria é tão comentada na história do país.

Veja, a seguir, um trecho da reportagem “AEB: Exportação de minério de ferro excede US$20bi” (O Estado de S. Paulo, 3 de janeiro de 2011): “Com o boom no mercado de minério de ferro, pela primeira vez um único produto ultrapassa a marca de US$ 20 bilhões exportados do Brasil para o exterior. A projeção é de que as exportações do minério tenham fechado 2010 em US$ 28,5 bilhões, afirma o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro”.

Agora observe o gráfico abaixo. Ele contém uma estimativa da presença (em por-centagens) de metais que podem ser encontrados na natureza no mundo todo. Veja a importância relativa do ferro frente aos demais metais.

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Al AlumínioCu CobreZn ZincoPb ChumboNi NíquelMg MagnésioSn EstanhoTi TitânioFe Ferro

Presença de metais no mundo

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Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 71

Porcentagem ou porcen-tual é uma fração de uma centena. Para obtê-la, dividimos algo por 100 e contamos quantos centé-simos vamos usar. Quan-do falamos em 25%, por exemplo, significa que estamos usando 25 par-tes do total de 100 partes em que algo foi dividido.

Você sabia?

Importante

Segundo a Constituição Federal do Brasil, todas as jazidas localizadas em território bra-sileiro pertencem à União, que garante a uma empresa concessionária a propriedade dos minerais explorados. As regras para a con-cessão de áreas para extração mineral tam-bém são estabelecidas por lei. Entre as prin-cipais exigências, está a obrigatoriedade das concessionárias em compensar os prejuízos ambientais das áreas exploradas. Desde 1995, uma emenda constitucional permite conces-sões ou autorizações para exploração reali-zada com capital estrangeiro – o que era proibido até então.

As reservas de minério de ferro que já foram identificadas e medidas no Brasil alcançam 33 bilhões de toneladas – o total mundial é de 370 bilhões de toneladas.

O país ganha uma posição de ainda maior destaque no cenário internacional se consideramos que, em nosso território, há minérios cuja composição contém grandes quantidades de ferro. É o caso da hematita, bastante presente no estado do Pará, que possui 60% de ferro em sua composição, e do itabirito, encontrado em Minas Gerais, com 50% de ferro.

As principais empresas extratoras de ferro no Brasil são a Vale (responsável por 79% da produção nacional); a CSN (com 7,4% da produção) e a Anglo American/MMX (3%). Outras siderúrgicas respondem pelos 10,6% restan-tes. Os principais estados produtores são Minas Gerais (71%) e Pará (26%).

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72 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1

Zinco

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Alumínio

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Chumbo

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Embora a reserva de ferro de Minas Gerais seja grande, o minério está espalhado pelo Brasil inteiro. Não está concentrado como outros metais: a bauxita e o nióbio, por exemplo. Este segundo, relativamente caro, é usado para fazer ligas, e a maior reserva mundial está aqui. A Companhia Brasileira de Mineração, na cidade de Araxá, explora o nióbio em uma reserva que contém muito mais da metade da quantidade desse metal encontrada no planeta.

Fonte: http://rosvelytr.wikispaces.com/Geografia

Reservas de minérios no Brasil

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Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 73

Os metais não ferrosos

Entre os metais não ferrosos (aqueles que não contêm ferro), o alumínio é o que mais cresce em importância no mundo todo. O alumínio não é encontrado na natu-reza. Ele é produzido a partir de um minério específico, a bauxita.

Em 2008, mesmo sob efeito de uma crise econômica, a produção anual de alumínio no mundo aumentou cerca de 4%, alcançando 39,6 milhões de toneladas. Segundo a Associação Brasileira do Alumínio, em 2009, só o Brasil obteve um saldo de 25,5 bilhões de dólares com a exportação do metal.

Depois do aço, o alumínio é o segundo metal mais comer-cializado no mundo. A partir da produção do alumínio chamado primário (obtido da bauxita), os caminhos toma-dos por esse produto são inúmeros. Há um leque imenso de aplicações para o alumínio, pois ele é um material flexível, leve e, ao mesmo tempo, forte.

Outra vantagem é que o alumínio contém uma espécie de antioxidante natural, e, por isso, é resistente à corrosão e às intempéries – ideal, portanto, para compor desde móveis e esquadrias, que ficam nas áreas externas dos edifícios, até barcos e plataformas de petróleo.

O alumínio é capaz de criar uma barreira contra a luz, a umidade e a formação de micro-organismos; além de preservar características como aroma, textura, sabor e integridade de alimentos, medicamentos e cosméticos. Isso o torna perfeito para a composição de embalagens.

Pode-se dar ao alumínio diferentes tipos de acabamentos: ele pode ser polido, escovado, pintado etc. Também por essa razão, é bastante utilizado em arquitetura e decoração.

Por fim, o alumínio é um material capaz de conduzir calor. Essa característica, aliada ao fato de ele ser durável e de fácil manutenção, o torna ideal para a obtenção de energia solar.

Em 2008, grande desta-que foi dado a uma crise econômica que, segundo se acreditou na época, pro-vocaria um desaquecimen-to generalizado em todos os setores da economia. Na realidade, essa crise atingiu principalmente os bancos norte-americanos e teve reflexos em outros pa-íses. Porém, não chegou a abalar, de forma significa-tiva, a economia brasileira.

Você sabia?

São chamadas de intempé-ries os extremos de condi-ções climáticas como tem-pestades, ventanias etc.

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74 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1

Há mais um aspecto que faz do alumínio um metal es-pecial: ele é 100% reciclável e pode passar infinitas vezes pelo processo de reciclagem sem perder suas caracterís-ticas originais. Atualmente, 50% do alumínio usado na fabricação de automóveis, ônibus e caminhões é produto de reciclagem, um processo que é mais econômico e consome menos energia do que sua produção primária a partir da bauxita.

Segundo a Associação Brasileira do Alumínio (Abal), a indústria nacio-nal investiu R$ 382 mi-lhões em 2009 na coleta de latas de alumínio, em-pregando 216 mil traba-lhadores naquele ano.

Você sabia?

Alumínio: o metal não perde suas características quando é reciclado.

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Coleta de latinhas: 216 mil pessoas trabalharam no setor em 2009.

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Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 75

As indústrias de trans-formação não são ex-clusividade da área me-talúrgica. Encaixam-se nessa definição todas as idústrias que transformam alguma matéria-prima ob-tida na natureza em pro-duto final ou intermediário para outra indústria. Quer um exemplo? Pense nas refinarias que transfor-mam petróleo em gasolina (produto final) ou em naf-ta (produto intermediário), que é o principal compo-nente de certos plásticos.

Você sabia?

2. A metalurgia de transformação ou conformação mecânica

A metalurgia de transformação – ou conformação me-cânica – inclui um conjunto de processos de fabricação que alteram a forma e/ou características de um metal por meio de sua submissão a esforços físicos. Para isso, são utilizados equipamentos adequados a cada um dos processos, que são muitos. Os metais podem ser, por exemplo, fundidos, forjados, laminados, extrudados, trefilados ou estampados. E essas mudanças podem ser efetuadas a frio ou a quente.

A indústria de transformação leva esse nome por que transforma o metal original em algo que pode ser usado em outras indústrias. Por exemplo, a partir do alumínio primário, ela produz um perfil de alumínio que, depois, poderá ser usado para montar esquadrias de janelas; ou, a partir do aço, essa indústria produz uma chapa que poderá, posteriormente, servir para montar uma porta de geladeira ou de carro. Ou seja, estamos falando de um tipo de indústria que pode produzir uma infinidade de peças e componentes para muitas e muitas aplicações.

Indústria de transformação: aço vira chapa que vira peça de geladeira.

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76 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1

Como auxiliar de laboratório em uma indústria metalúrgica de transformação você dará suporte aos ensaios e às análises para garantir que esses produtos transformados mantenham as características e a qualidade desejadas.

Numa indústria de transformação mecânica, por exemplo, você realizará testes para determinar as propriedades mecânicas de uma chapa de aço. Por exemplo, quanto ela resiste à tração (quando é esticada), quanto resiste à flexão (quando é encurvada) etc. Outra atividade é verificar, por meio de um processo específico, se aquele metal contém a composição adequada ou programada pelos engenheiros.

O processo de transformação, portanto, oferece um conjunto de possibilidades de trabalho ao auxiliar de laboratório metalúrgico. Afinal, é preciso verificar a quali-dade tanto do produto que está sendo finalizado quanto do material bruto, que está entrando na indústria.

Por isso, um auxiliar poderá atuar no momento do recebimento do material (quando o metal chega à indústria), nas etapas de transformação e também no momento em que ele será aplicado, ou seja, utilizado para a fabricação de outro produto. Por fim, se ocorrer algum problema com uma peça ao final da produção, também cabe ao auxiliar de laboratório ajudar na realização dos testes necessários para detectar a causa do problema ou defeito e, assim, ajudar a resolvê-lo.

Page 78: Aux Lab 01 Site Final v 215513

Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 77

Estiramento Dobramento

Laminaçãoão

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Embutimento Profundo

Cisalhamento

Trefilação Extrusão

Forjamento

Matriz

Os processos de transformação mecânica

Vamos conhecer agora alguns exemplos de processos de transformação mecânica e os equipamentos usados em cada um deles:

• forjamento;

• laminação;

• extrusão;

• trefilação; e

• estampagem.

Por enquanto, vamos apenas apresentar os processos, para que você comece a ganhar familiaridade com eles. A participação do auxiliar de laboratório em cada um será tratada mais adiante, no segundo caderno deste curso.

O forjamento

O forjamento é a conformação (ou mudança de forma) dos metais por meio de uma prensa ou um martelo. Ele consiste em aplicar uma força de compressão sobre o metal, em temperatura adequada, até que ele alcance o formato desejado.

Forjamento é o mesmo que forjadura – o ato ou efeito de forjar. A palavra deriva do substantivo forja, que tem dois significados importantes para o auxiliar de laboratório metalúrgico: (1) oficina, estabelecimento onde se fundem e se mode-lam metais, especialmente o ferro, e se produzem ob-jetos metálicos; fundição, ferraria, frágua; e (2) conjun-to dos instrumentos de tra-balho do ferreiro: fornalha, bigorna, fole, malho etc.

Desenho esquemático de uma forja industrial.

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78 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1

Essa é a mais antiga das formas de transformação de metais. Sua origem está ligada ao trabalho dos ferreiros da Idade Média. Talvez você já tenha visto em algum filme a imagem de trabalhadores fazendo ferraduras ou espadas, batendo um martelo sobre um pedaço incandescente de ferro. Esse é o processo de forjamento do metal.

Forjamento de uma ferradura: trabalho ligado aos ferreiros medievais.

Mas, como vimos na Unidade 1, muitas mudanças ocor-reram na história da metalurgia ao longo do tempo. E, durante a Revolução Industrial, os primeiros maquinários substituíram o braço dos ferreiros. Atualmente, existe uma variedade muito grande de máquinas de forja, ca-pazes de fazer peças que se diferenciam no tamanho e em outras características.

Uma máquina de forja pode fabricar desde pequenos parafusos até grandes componentes de aviação.

FilmeHá muitos filmes ambientados no período medieval que mostram, em alguma cena, um ferreiro em

ação forjando espadas ou fabricando ferraduras. Uma

boa dica é Robin Hood, dirigido por Ridley Scott em 2010,

disponível em DVD.

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Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 79

Forja industrial.

Peça forjada.

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80 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1

A laminação

Esse processo de mudança de forma (ou conformação) dos metais pode ser comparado ao procedimento de abrir uma massa de torta. O cozinheiro, para preparar a massa, usa um rolo e, assim, estica a massa até ela ficar da espessura desejada. Na metalurgia, a diferença é a quantidade de rolos. Em vez de ser amassado por um só, o metal passa en-tre vários rolos e, assim, ganha outra forma. A laminação é um dos processos de transformação mais utilizados na indústria metalúrgica, pois é rápido e possibilita controlar com precisão a espessura do produto acabado.

A expressão laminação exis-te na língua portuguesa desde 1881 e, segundo o Dicionário Houaiss, significa “re dução de um bloco de metal a lâ-minas”. Já a palavra lâmina (com o sentido de pedaço de metal delgado e chato, desti-nado a fins diversos) faz parte do nosso idioma desde o sé-culo 15 (XV).

Estiramento Dobramento

Laminaçãoão

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Embutimento Profundo

Cisalhamento

Trefilação Extrusão

Forjamento

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Desenho esquemático dos dois rolos de laminação.

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Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 81

Peça estampada em aço laminado.

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Equipamento de laminação.

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82 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1

Geometria é a parte da Matemática que estuda o espaço e as figuras que podem ocupar esse es-paço. Depois de subme-tido ao processo de ex-trusão, o metal muda completamente de for-ma, como a massa que origina um churro.

Você sabia?

Fabricação de churro: processo semelhante ao da extrusão.

A extrusão

Muito utilizada na produção de barras e tubos vazados (com furos, aberturas na parte interna), a extrusão pode ser comparada ao processo de fabricação de churros.

A massa que o vendedor coloca de um lado da máquina adquire um novo perfil (ou uma nova forma geométrica) no final do processo. A mesma coisa acontece com o metal que passa pela extrusão. Ele entra na máquina de um lado e escoa por um pequeno orifício, saindo do outro lado. A extrusão pode ser executada a quente ou a frio.

Estiramento Dobramento

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Trefilação Extrusão

Forjamento

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Desenho esquemático de uma matriz de extrusão.

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Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 83

Peças extrudadas.

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Processo de extrusão: o metal adquire a geometria da matriz.

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84 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1

Só é possível medir o diâ-metro se tivermos uma circunferência, isto é, um círculo. O diâmetro é qual-quer segmento de reta que passe pelo centro des-se círculo e chegue às bor-das da circunferência.

Você sabia?

diâmetro

A trefilação

Usada na fabricação de barras, arames e fios, a trefila-ção consiste em puxar o metal até que ele passe a ter o diâmetro desejado. Quanto mais se estica o metal, mais fino ele fica. Esse processo é feito, geralmente, em tem-peratura ambiente, sendo que, por causa do movimento de transformação, ocorre um aumento da temperatura.

Estiramento Dobramento

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Cisalhamento

Trefilação Extrusão

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Trefiladores de arame: o metal é forçado a passar por fieiras até adquirir o diâmetro necessário.

Desenho esquemático de uma fieira.

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Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 85

Arame trefilado: durante a transformação, a temperatura do metal aumenta.

Carimbo: seu funcionamento pode ser comparado ao processo de estampagem.

A estampagem

Esse processo pode ser comparado a um carimbo. Uma matriz é pro-duzida de acordo com o produto a ser fabricado. Essa matriz é, então, prensada sobre o metal (material bruto). Nessa ação, o metal assume a mesma forma geométrica da ma-triz, resultando, assim, no produto desejado. O procedimento é feito a frio e com a ajuda de ferramentas que fazem parte das prensas.

Atividade 1arTe e esTampagem

Muitos artistas que trabalham com esculturas metálicas precisam recorrer a moldes para criar suas obras. Procure pesquisar, na internet, técnicas como o alto-relevo em bronze – usado, por exemplo, na Porta do Inferno, do francês Auguste Rodin.

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86 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1

Etapa intermediária da montagem de automóveis: o metal, prensado, assume a forma da matriz.

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Processo de estampagem: realizado a frio.

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Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 87

3. Indústrias metalúrgicas de beneficiamento

Já vimos, nesta unidade, dois tipos de indústria metalúr-gica: a de extração e a de transformação. Além dessas, um terceiro tipo são as indústrias que fazem beneficiamento dos metais, um processo que pode ocorrer antes, durante ou depois da transformação.

Na língua portuguesa, o verbo beneficiar significa me-lhorar o estado de algo ou alguém. Na metalurgia, não é diferente. O beneficiamento é um procedimento que faz uma melhoria nos metais.

Mas o que significa tornar um metal melhor?

A depender do destino que vai se dar ao metal (ou seja, do que vai se fazer com ele), às vezes, é preciso aumentar a sua dureza ou, ao contrário, reduzi-la. Também pode ser ne-cessário tornar um metal mais flexível ou mais resistente. São esses processos que são chamados de beneficiamento.

Existem muitos tipos de beneficiamento que podem ser aplicados aos produtos metalúrgicos. O auxiliar de la-boratório metalúrgico, no entanto, normalmente estará envolvido com um beneficiamento específico, realizado pela alteração da temperatura e da velocidade do resfria-mento do metal: o tratamento térmico.

É muito comum a necessidade de submeter uma peça de metal a um tratamento térmico e isso pode acontecer em qualquer etapa da produção.

Por esse processo, pode-se modificar e ajustar caracte-rísticas dos metais para obter condições que atendam às necessidades de um determinado projeto.

DICAA expressão beneficiamento

aplica-se a produtos variados e das mais diversas áreas. O

beneficiamento dos grãos de arroz, por exemplo, inclui a

separação da casca e a eliminação de outras impurezas. Caso tenha

interesse, tente conhecer os processos de beneficiamento de

tecidos, de madeira etc.

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88 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1

Tratamento térmico

Quando um metal passa por um processo de conformação ou alteração de forma (forjamento, extrusão, trefilação etc.), ele sofre também transformações na sua es-trutura interna, por causa das tensões que recebe. Por isso, em algum momento, ele precisará receber um tratamento térmico, que também é conhecido como “alívio de tensões”. Isso fará com que a estrutura interna volte a ser homogênea, uniforme.

Barra metálica comum, antes de ser submetida ao processo de forjamento.

Já forjada, a peça adquire novo formato e, por causa das tensões recebidas, sofre transformações em sua estrutura interna.

Depois de passar por um tratamento térmico – ou “alívio de tensões” –, o metal recupera a uniformidade estrutural. Esse tipo de tratamento também serve para aumentar ou reduzir a dureza do material, como veremos a seguir.

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Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 89

Metais são estruturas cristalinas

A estrutura interna dos metais é muito especial, pois possui cristais. É por isso que os metais são considerados materiais cristalinos.

Isso quer dizer que, se olharmos um metal “por dentro”, com o auxílio de um microscópio, veremos pequenas formas geométricas que se repetem, tudo muito organizado.

Se você cortar uma romã ou um kiwi ao meio, vai conseguir enxergar uma organização interna da polpa e das sementes. Está tudo organizado, ou ainda, arranjado.

Com a estrutura cristalina ocorre a mesma coisa. Um cristal nada mais é do que um arranjo regular de átomos.

Fica mais fácil se imaginarmos um cubo, ou melhor, um cristal em forma de cubo. Os átomos que fazem parte desse cristal têm os arranjos – a organização – nos vértices (cantos). Esses átomos, na verdade, não estão parados, mas vibram sem sair do lugar. Devido à forma de cubo que parece ter, esse cristal leva o nome de cristal cúbico.

O nome átomo (partícula fundamental da matéria) foi dado pelo filósofo gre-go Demócrito, que viveu na Antiguidade. Ele acre-ditava que todos os ma-teriais possuem uma me-nor parte, indivisível (em grego, a = não; tomos = divisão). Hoje, sabemos que os átomos não são as menores porções de uma matéria, nem as menores porções indivisíveis dela, como pensava Demócri-to. Eles são compostos por outras partículas ain-da menores, como pró-tons, nêutrons e elétrons.

Você sabia?

O filósofo grego Demócrito.

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Estrutura cristalina: os átomos dos metais são organizados em forma de cubo.

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90 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1

Na verdade, todo material tem uma estrutura própria (ou um arranjo atômico próprio). Em metalurgia, essas estruturas influenciam diretamente as propriedades mecâ-nicas que cada material proporciona. Algumas estruturas propiciam um trabalho mecânico (uma conformação) que exige menos esforço do que outras.

Para que esse conceito fique bem claro, vamos pensar em frutas novamente. O esforço que fazemos para mastigar (deformar) a polpa de uma maçã é maior do que aquele necessário para mastigar a polpa de um kiwi, certo?

Nos metais, o esforço exigido para deformar um material de estrutura CCC (sigla que significa cúbica de corpo centrado) é maior do que aquele capaz de deformar um material de estrutura CFC (cúbica de faces centradas). Isso porque o arranjo atômico da estrutura CCC é mais compacto que o da estrutura CFC. Porém, quando é aquecida sob determinada temperatura, a estrutura CCC adquire o arranjo CFC, facilitando sua deformação.

Imagine um queijo do tipo canastra, por exemplo. Em temperatura ambiente, ele é duro. Mas, aquecido em uma chapa, ele fica mole como manteiga – dá até para passar no pão! Para o comportamento das estruturas cristalinas, vale a mesma lógica.

Não são apenas os me-tais que sofrem mudan-ças no arranjo de seus átomos sob diferentes temperaturas. Pense na água: quando fervida, ela assume o estado gasoso (vapor) e, congelada, tor-na-se sólida (gelo). Isso tudo implica grandes al-terações na organização de suas moléculas!

Você sabia?

Kiwi: polpa organizada e fácil de morder.

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Existem metais que se arranjam de maneira diferente. Em vez de se organizarem como um cubo, eles formam outra figura geométrica. O importante é saber que cada um desses cubos, ou outras figuras imaginárias, são unidades.

A estrutura cristalina, por fim, é justamente o arranjo dessas diversas unidades que compõem o “edifício” cristalino. Esse arranjo cristalino é chamado de célula unitária, por ser um único cristal. Em metalurgia, o cristal único também leva o nome de grão.

Atividade 2a CiênCia dos meTais

1. Escreva, com suas próprias palavras, o que você aprendeu sobre a estrutura interna dos metais. Ao terminar, troque o seu texto com o colega ao lado e veja se vocês tiveram a mesma compreensão do assunto. Se ficarem dúvidas, procure resolvê-las com o monitor.

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92 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1

Um jeito simples de entender o que é uma tensão é compará-la com as reações do nosso corpo. Imagine que seja um dia de muito frio e você está andando desagasa-lhado. A tendência natural é que você contraia a sua musculatura e cruze ou feche os braços para tentar aquecer o corpo.

Provavelmente você já passou por isso. O que talvez não saiba é que não é o clima que esfria o seu corpo, mas sim o fato de o seu corpo transferir o seu calor para o ambiente. Ou seja, mesmo sem querer, você cede seu calor para o ambiente, fazendo com que a temperatura do seu corpo abaixe. Chamamos esse fenômeno de transmissão de calor. Essa transferência sempre ocorre do corpo ou do objeto que estiver mais quente para o mais frio, nunca ao contrário.

Mas o que as tensões têm a ver com a transmissão de calor? Bem, conforme a temperatura do seu corpo vai caindo, você se contrai e gera tensões internas na sua musculatura.

Agora, vamos imaginar que você chega em casa e toma um banho quente. Desta vez, a temperatura da água está mais quente que a do seu organismo e, portanto, ela aquece o seu corpo. Com esse “tratamento térmico”, você consegue relaxar e diminuir a quantidade de tensões geradas pela contração da musculatura.

Com o metal acontece, mais ou menos, o mesmo processo. Para que ele possa ser conformado e a peça possa ser moldada da maneira necessária, o metal precisa estar com um nível baixo de tensões (como se estivesse descontraído). Do contrário, ele pode se quebrar em alguma etapa do processo. Pense, por exemplo, no capô de um carro ou na porta de uma geladeira: quanto prejuízo se eles trincarem ou se partirem!

Vamos ver outro exemplo. Imagine que você está fazendo uma peça de aço e, por meio de um processo de laminação, precisa reduzir a espessura desse metal o suficiente para poder enrolá-lo em forma de uma bobina.

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Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 93

Mas, cada vez que o aço passa pela laminação e é reduzido, são geradas tensões no material e podem acontecer falhas. Se tais tensões não forem corrigidas podem provocar, por exemplo, o “efeito casca de laranja” – uma consequência típica do processo de conformação por laminação. Ou seja, a superfície do aço ficará irregular ou porosa, em vez de lisa.

Para evitar problemas como esse (ou outros tipos de falhas, como trincas, racha-duras etc.), existe o tratamento térmico, que distribui e alivia as tensões geradas, garantindo ao metal um comportamento mais uniforme. E é somente após esse tratamento que o metal poderá ser utilizado para o processo de fabricação defi-nitiva de uma peça.

O tratamento térmico e a ductibilidade

Ductibilidade é a capacidade que uma determinada peça de metal tem de ser moldada. Quanto maior for a sua possibilidade de ser moldada, maior será a sua ductibilidade.

Há situações em que a maior ductibilidade do metal é extremamente necessária. Por exemplo, para fazer um capô, um para-lama ou uma porta de carro, a chapa tem que ter alta capacidade de conformação (ou elevada ductibilidade) porque os desenhos que são feitos para essas peças estão cada vez mais elaborados.

No entanto, em geral, quanto maior for a facilidade de moldar (ou conformar) uma peça, menor será a sua resistência. Então, se uma grande força for colocada sobre ela, a peça poderá romper.

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“Efeito casca de laranja”: em vez de lisa, a superfície do aço torna-se irregular.

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94 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1

Pode-se dizer que há uma relação inversa entre essas duas características.

• Ductibilidade baixa, resistência mecânica alta.

• Ductibilidade alta, resistência mecânica baixa.

Os tratamentos térmicos (aquecimento ou resfriamento de uma peça) podem tornar a flexibilidade e ductibilidade do metal maior ou menor.

Ductibilidade: peças mais fáceis de moldar têm resistência mecânica menor.

O arame é um bom exemplo de como os tratamentos térmicos podem agir, trazendo características distintas para um mesmo material.

Atividade 3CaraCTerísTiCas do arame

Você e seus colegas irão examinar diversos tipos de arames. Observem as características de cada um, procurando identificar:

• um arame mais ou menos flexível;

• um arame altamente flexível, capaz de ser dobrado o tempo todo sem quebrar; e

• um arame tão duro e resistente que seja preciso fazer uma força enorme para dobrá-lo, correndo o risco, inclusive, de rompê-lo de uma vez só.

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Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 95

As possibilidades são muitas, mas a escolha dependerá da aplicação que o metal terá, ou seja, do tipo de peça que será feita com ele. Por isso, os tratamentos térmicos devem ser definidos conforme o tipo de peça que se deseja produzir. Antes de sofrer um tratamento, o metal deve ter destino certo.

A importância do tratamento térmico levou a indústria a desenvolver um conjunto de normas (também chamadas de protocolos) para o controle rigoroso das taxas de aqueci-mento e resfriamento das peças, do tempo de permanência de uma peça em dada temperatura (processo chamado de “encharque”); e do ambiente de aquecimento.

Tipos de tratamentos térmicos

A função dos tratamentos térmicos, como vimos, pode ser a de aumentar ou reduzir a dureza do material e a de aliviar as tensões internas do metal. Mas a escolha do tipo de tratamento dependerá, como também já falamos, dos objetivos desejados.

Entre os tratamentos térmicos mais utilizados estão o recozimento, a normalização, a têmpera e o revenimento. Vamos ver, com mais detalhe, cada um deles.

O recozimento

Forno de bier: usado em fisioterapia, gera calor em seu interior tal qual a máquina de recozimento.

Encharque ainda não cons-ta nos principais dicionários de português. Termo técnico razoavelmente recente e de uso restrito a certos grupos (os metalúrgicos, por exem-plo), ainda é um neologis-mo, uma expressão nova. O que determina o surgimento e a “sobrevivência” de uma palavra é a necessidade do seu uso. Se um vocábulo vem ou não para ficar, só o tempo pode dizer.

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96 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1

O recozimento do metal é utilizado quando se deseja:

• diminuir tensões que decorrem de tratamentos mecânicos, como o forjamento e a laminação;

• diminuir a dureza para melhorar a “usinabilidade” do aço, ou seja, a sua capacidade de ser talhado por uma máquina-ferramenta;

• alterar outras propriedades mecânicas do metal; e

• ajustar o tamanho do grão.

No recozimento, o aquecimento do metal pode ser feito a temperaturas superiores à crítica (recozimento total ou pleno para alteração da dureza do material) ou inferiores a ela (recozimento para alívio de tensões internas). A velocidade desse aquecimento deve ser controlada, mantendo-se parâmetros previamente definidos para que o material possa adquirir a estrutura de grãos desejada. A velocidade de resfriamento é sempre lenta e ocorre dentro do forno.

Placas metálicas passando pelo forno de recozimento: processo melhora a “usinabilidade”.

Importante

O recozimento pode ser aplicado em aço, ferro fundido, alumínio e cobre. Os outros tipos de tratamento térmico são mais adequados apenas para o aço e para o ferro fundido.

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Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 97

A normalização

A normalização, assim como o recozimento, tem como objetivo aliviar as tensões internas criadas no metal por processos de conformação mecânica como lami-nação e forjamento. A normalização proporciona, ainda, uma estrutura granular (tamanho de grãos) mais fina inclusive que aquela obtida com o recozimento. Isso porque nela o resfriamento é realizado ao ar livre – e, portanto, é mais rápido que no recozimento. Uma estrutura mais fina propicia aumento de dureza, maior resistência à tração e compressão e diminuição de ductibilidade e tenacidade. O custo da normalização também é menor que o do tratamento por recozimento. Assim, dependendo das propriedades desejadas em um material, é utilizado um tipo de tratamento térmico.

Granulação grosseira

Os metais com granulação grosseira tornam-se quebradiços porque apresen-tam uma grande concentração de impurezas em seus contornos, o que pre-judica a coesão entre os grãos. O material também pode sofrer mais fissuras. Por isso, quando comparamos aços de mesma composição, percebemos que aqueles de grãos mais finos possuem melhores propriedades mecânicas.

Peça metálica com granulação grosseira: grande concentração de impurezas prejudica a coesão, tornando o material quebradiço.

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98 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1

A têmpera

A têmpera é o processo de resfriamento rápido de uma peça cuja temperatura está superior à chamada crítica: entre 780 °C e 980 °C.

Sua finalidade é gerar um metal com alta dureza deno-minado estrutura martensítica.

A velocidade do resfriamento dependerá da composição química do metal (se são ligas de aço, ferro fundido etc.), da forma ou geometria da peça e de seu peso (ou massa).

Embora esse processo leve a um aumento do limite de resistência do metal à tração (estiramento) e da sua dureza, há também uma redução da maleabilidade e o aparecimen-to de tensões internas. Para atenuar esses inconvenientes, há outro tipo de tratamento térmico: o revenimento.

DICATemperatura crítica é aquela a partir da qual o material pode

sofrer transformações metalúrgicas no estado sólido –

o que altera propriedades importantes dele e aumenta o

risco de defeitos. Cada metal tem uma temperatura crítica diferente.

Detalhe de uma estrutura martensítica: metal com alta dureza gerado pela têmpera.

O revenimento

Esse tratamento térmico é usado, geralmente, depois da têmpera e tem como objetivo eliminar problemas ou falhas geradas pelo processo de resfriamento rápido.

Para corrigir tais inconvenientes, o revenimento alivia ou remove tensões internas e diminui a excessiva dureza e fragilidade do metal, além de aumentar sua maleabilidade e sua resistência ao choque.

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Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 99

Nesse processo, o metal é aquecido a uma temperatura inferior a 723°C (temperatura chamada de crítica). A depender da temperatura de aquecimento, a peça de metal poderá adquirir uma ou outra característica.

As ligas metálicas

Como já vimos, antes de escolher um tipo de metal para fabricar um produto (ou seja, antes de aplicá-lo), é preciso conhecer as suas características. Em outras palavras, você irá escolher um determinado metal imaginando qual será o seu destino: a porta de uma geladeira, os componentes de um motor de caminhão, a estrutura de um móvel etc. Tendo isso decidido, você saberá quais os processos de transformação e beneficiamento a que o metal terá que ser submetido, a que temperatura ele será exposto, e qual aparência ele deve tomar.

Instrumento musical: a escolha da matéria-prima para a sua fabricação depende das características do metal.

Vimos também como age o tratamento térmico, um dos processos que concorre para a melhoria ou para o beneficiamento dos metais. No entanto, essa não é a única opção de aprimoramento do metal para torná-lo adequado à fabricação de um ou outro tipo de produto.

A criação das ligas metálicas, de que trataremos a seguir, é outra possibilidade de melhoria das propriedades do metal.

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100 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1

Atividade 4produTos meTáliCos

1. Nosso mundo está rodeado de produtos metálicos. Você seria capaz de dizer de que metais ou ligas são feitos alguns objetos que fazem parte de seu cotidiano? Há uma pequena lista abaixo, mas você pode incluir outros objetos.

a) Portão da minha garagem Ferro fundido

b) Roda do meu carro Aço

c) Latinha de cerveja Alumínio

d) Anel de casamento Ouro

Vejamos agora algumas dessas ligas.

O ferro e suas ligas: aço e ferro fundido

Uma vez extraído da natureza, o minério de ferro segue para a usina siderúrgica, onde é transformado em aço, um processo chamado de redução.

Pensando em uma receita de bolo, o aço é o ferro puro ao qual se acrescenta uma pequena quantidade (geralmente, 0,5% do volume total) de carbono. Quando o que se acresce de carbono é superior a 2,11%, o metal passa a ser ferro fundido.

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Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 101

E quais são as melhorias resultantes dessa mistura? O ferro puro é maleável e facil-mente trabalhável, mas tem baixa resistência. Quando acrescentamos o carbono, sua resistência tende a aumentar. Mas vale lembrar: há situações em que o que se quer é justamente o contrário, ou seja, um metal com pouca resistência mecânica para ser moldado. É o caso de uma chapa de carro, por exemplo. Já a barra de segurança lateral da porta do mesmo carro precisa ser muito resistente!

O aço é constituído, principalmente, de ferro e carbono. Porém, também pode conter outros elementos, chamados de “microligantes”.

A mistura do ferro apenas com carbono forma o aço-carbono. Quando pequenas quantidades de outros elementos são agregados a essa liga – manganês, nióbio, titânio, vanádio, alumínio etc. –, ela passa a ser chamada de aço-microligado.

O aço possui excelentes propriedades mecânicas, o que justifica o seu uso e presença tão extensos (por exemplo, na construção civil, em embalagens, no setor automotivo, em tubos etc.). Ele pode ser tracionado, comprimido e flexionado com facilidade, processos que serão vistos em detalhes no segundo volume deste curso. Além disso, por ser um material homogêneo, responde bem quando é submetido aos processos da indústria de transformação. Pode ser laminado, forjado, estampado e até trefilado.

Aço laminado. Aço estampado.

Aço forjado. Aço trefilado.

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102 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1

Estrutura metálica de uma ponte: o uso do aço é comum na construção civil.

Tampa de bueiro: peça de ferro fundido.

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Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 103

O alumínio e suas ligas

O alumínio, como já vimos, é muito utilizado pela indústria por causa de sua ver-satilidade e sua capacidade de compor ligas com vários metais: magnésio, berílio, titânio, zinco, ferro, níquel, cobre, estanho e tungstênio – cada uma com caracte-rísticas e vantagens diversas.

Entre as principais ligas de alumínio podemos destacar o AlCu (alumínio e cobre), usado em peças que requerem alta resistência mecânica (bastante comuns nas in-dústrias de equipamentos de transportes), o AlMn (alumínio e manganês) e o AlMg (alumínio e magnésio), ambos com alta resistência à corrosão e que, por essa razão, são utilizados em carrocerias de ônibus e outras estruturas que precisam ficar expostas a intempéries, como fortes chuvas.

O cobre e suas ligas

O cobre é um metal maleável, fácil de moldar, de cor avermelhada e que pode ser reduzido a lâminas e fios extremamente finos. Quando entra em contato com o ar, o cobre ganha a cobertura de uma camada de óxido e carbonato que, embora seja prejudicial à saúde, protege o metal, dando-lhe duração quase indefinida.

Liga de alumínio e magnésio: resistência à corrosão.

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O cobre é muito empregado em instalações elétricas, pois é um bom condutor de eletricidade. Para a transmissão de energia elétrica, são usados fios e cabos de alumínio ou de cobre. Nas instalações hidráulicas domiciliares, praticamente, só se usa o cobre, por ser um metal mais flexível e excelente condutor de calor.

As ligas mais importantes do cobre são:

• o bronze, mistura de cobre e estanho, comumente em-pregada em peças ornamentais, varetas de soldagem, buchas e tubos flexíveis;

• o latão, uma liga de cobre e zinco, muito usado na con-fecção de moedas, bijuterias e conexões hidráulicas. A definição de sua aplicação está relacionada à proporção de zinco, que pode chegar a 45% da liga; e

• o metal monel, mistura de cobre e níquel, que serve como matéria-prima para a fabricação de pás de turbinas a vapor.

O bronze também marca presença na composição de peças de ouro, proporcionando mais resistência mecânica e conformabilidade (facilidade de moldar).

Normas e especificações das ligas

As propriedades e condições de entrega dos produtos metálicos estão definidas em normas. Você não precisará memorizar todas elas, mas, quando for consultar a com-posição química de um metal qualquer para fazer um teste, deverá consultá-las em um documento produzido

DICAVocê sabe o que significa falar que uma peça de ouro tem 18

quilates? O quilate é uma medida de peso que equivale a 0,2 grama. Ouro 18 quilates significa que, em

cada 24 quilates de metal a ser manuseado, dezoito partes são ouro puro (Au), três partes são

prata (Ag) e três partes são cobre (Cu). Essas partes, fundidas,

produzem o ouro próprio para a fabricação de joias.

Esse produto também é conhecido como ouro 750, pois, em cada 1.000 gramas de peças trabalhadas, 75% é ouro puro e 25% são ligas metálicas. O ouro é misturado com prata e cobre porque, em seu estado puro,

apesar de ser um metal nobre, raro e imune à corrosão e à oxidação, é muito macio e

flexível e não resiste à manipulação no dia a dia.

Fiação de cobre: bom condutor elétrico, o metal é muito utilizado em instalações domiciliares.

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pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Nesse documento, você poderá verificar se o metal atende ou não à determinada especificação.

Vale lembrar que as normas da ABNT foram criadas para que todos “falem a mesma língua”: usem o mesmo conjunto de regras e, também, o mesmo nome para identificar um determinado metal. Há um incontável número de ligas catalogadas e normalizadas.

Isso não quer dizer que todo o conhecimento possível sobre ligas metálicas já tenha sido produzido. Existem muitos centros de pesquisa pelo mundo, e é possível que uma nova liga seja produzida em um desses centros ou mesmo por um trabalhador de uma pequena indústria. Boas ideias podem ser geradas em qualquer lugar.

4. A indústria metalúrgica de montagem ou aplicação

Já tratamos dos processos de extração, transformação e beneficiamento dos metais, não é mesmo?

Só depois de tudo isso é que o metal pode se tornar um produto acabado. Nesse mo-mento, a peça está apta a seguir para seu destino final, que pode ser uma montadora de carros, uma fábrica de eletrodomésticos, um estaleiro de barcos e navios e assim por diante. Pode ser a chapinha para a fabricação de uma luminária, o tubo para a montagem de uma cadeira, o perfil para uma porta, entre outros.

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106 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1

As indústrias de montagem ou aplicação também empregam auxiliares de laboratório e, assim como aqueles que traba-lham no extrativismo e na transformação, cabe a eles ajudar nos ensaios que irão garantir a qualidade dos produtos.

Pode ser pedido ao laboratório metalúrgico da empresa, por exemplo, um teste da chapinha da luminária que um fornecedor está oferecendo. O auxiliar, então, verá se essa chapinha corresponde às características necessárias para o bom funcionamento do produto final.

De modo geral, os ensaios são feitos por amostragem. Ou seja, nem tudo é testado, pois isso seria muito caro, financeiramente inviável. Por outro lado, não há como deixar de fazer experimentos. Em metalurgia, é im-possível garantir qualidade sem eles. O seu mercado de trabalho poderá, portanto, ter variações, mas essa ocupação está garantida.

Carro desmontado: entre as peças há vários produtos metalúrgicos. As indústrias de aplicação também empregam auxiliares de laboratório.

DICAAlém de reduzir custos, o controle de qualidade por

amostragem proporciona maior rapidez na apuração dos

resultados e permite estudar características destrutivas –

o que seria impensável se todas as peças fossem testadas.

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Instituto de pesquisa: opção de trabalho para o auxiliar de laboratório.

5. Serviços, ensino e pesquisa

Finalmente, outra possibilidade de trabalho para auxi-liar de laboratório metalúrgico está no ramo de serviços prestados à sociedade e às próprias indústrias. As mesmas atividades de um auxiliar em um laboratório de uma indústria metalúrgica são exercidas em instituições de ensino e institutos de pesquisa.

Embora o produto final dessas atividades seja outro, o uni-verso é o mesmo. Você não poderá, por exemplo, fabricar um carro em uma escola, mas estará em contato com os equipamentos, com os procedimentos e com o mesmo perfil de técnicos que atuam nas indústrias metalúrgicas.

Existem ótimas escolas técnicas de metalurgia, gratuitas, em todo o esta-do de São Paulo. Procure informar-se, por exemplo, sobre a existência de uni-dades do Centro Paula Souza (www.centropaula-souza.sp.gov.br) e do Se-nai (www.sp.senai.br) pró-ximas de sua casa.

Você sabia?IVA

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108 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1

Atividade 5merCado de Trabalho

1. Será que a metalurgia realmente emprega ou poderá empregar muitos trabalha-dores? Vamos fazer uma pesquisa entre as pessoas das nossas relações. Na coluna da esquerda, coloque o nome das quinze primeiras pessoas que você conhece e, na coluna da direita, indique as suas ocupações.

a) Tio Zeca Mecânico

b) A vizinha Maria Manicure

c) O amigo Claudião Ajustador mecânico

d) O namorado da filha Engenheiro civil

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Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 109

2. Agora agrupe as pessoas de acordo com os setores em que elas trabalham.

Setor metalúrgico Setor de alimentos

Setor de saúde Setor de construção civil

Setor ( ) Setor ( )

Setor ( ) Setor ( )

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110 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1

3. O próximo passo é desenhar um gráfico em forma de pizza, usando os dados apurados no seu levantamento. Olhe o exemplo abaixo e, se for o caso, peça ajuda ao monitor para aprender a fazer este tipo de gráfico no computador, tendo como base algumas regras de cálculo.

Faça uma tabela com os dados da sua pesquisa e, depois, desenhe o resultado em forma de gráfico.

Tabela

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.

Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD.

7%

5%11%

37%

21%

19%

Distribuição da População Ocupada, segundo Setores de Atividade Econômica

Estado de São Paulo 2009

Serviços

Construção

Indústria

Agrícola

Comércio

Outras atividades

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Auxiliar de Laboratório Metalúrgico 1 Arco Ocupacional Me ta lu rg i a 111

Gráfico

4. Finalmente, reflita sobre os resultados a que chegou e discuta com a classe sobre as ocupações mais presentes entre as pessoas com quem vocês se relacionam.

Atividade 6o mundo da meTalurgia

Pense em alguns exemplos de peças de metal que você usa em seu dia a dia e tente imaginar quais foram os processos de fabricação utilizados. Depois, escolha uma das peças e pesquise na internet para verificar se o que você imaginou é o que acontece na realidade. Anote aqui suas conclusões.

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Referências bibliográficas

CALLISTER JR., W. D. Fundamentals of Materials Science and Engineering. 7. ed. Hoboken: John Wiley and Sons Inc, 2007.

DIETER, E. G. Metalurgia Mecânica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Dois, 1988.

Sites

O ESTADO DE S. PAULO, “AEB: Exportação de minério de ferro excede US$20bi”, 03 de janeiro de 2011. <http://economia.ig.com.br/empresas/industria/aeb+exportacao+de+minerio+de+ferro+excede+us+20+bi/n1237909188130.html>.

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