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UCAM – UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES ATAME PÓS-GRADUAÇÃO E CURSOS ALCIDES ALVES CASTILHO JÚNIOR AUXÍLIO-ACIDENTE ANTES E DEPOIS DA LEI Nº 9.528 DE 1997. GOIÂNIA 2014

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UCAM – UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES ATAME PÓS-GRADUAÇÃO E CURSOS

ALCIDES ALVES CASTILHO JÚNIOR

AUXÍLIO-ACIDENTE ANTES E DEPOIS DA LEI Nº 9.528 DE 1997.

GOIÂNIA 2014

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ALCIDES ALVES CASTILHO JÚNIOR

AUXÍLIO-ACIDENTE (ESPÉCIE 94) ANTES E DEPOIS DA LEI Nº 9.528 DE 1997.

Monografia apresentada como requisito para conclusão do curso de pós-graduação “lato sensu” em Direito Previdenciário. GOIÂNIA

2014

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ALCIDES ALVES CASTILHO JÚNIOR

AUXÍLIO-ACIDENTE (ESPÉCIE 94) ANTES E DEPOIS DA LEI Nº 9.528 DE 1997.

Monografia apresentada como requisito para conclusão do curso de pós-graduação “lato sensu” em Direito Previdenciário.

Aprovada em: ____/____/____

____________________________________

GOIÂNIA 2014

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A minha esposa, Carolina, grande incentivadora e apoiadora deste trabalho. A meu filho, Pedro, por ter alegrado todos os meus dias. Aos meus pais, Ângela e Alcides Castilho(in memoriam-2012) que me ensinaram a honrar àqueles que são dignos de honra.

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AGRADECIMENTOS

A Deus por ser o autor e consumador da minha vida.

A minha família por sempre me apoiar nos estudos.

Aos meus professores do curso que compartilharam conhecimentos nos

ensinando com bastante dedicação.

Agradeço os meus amigos do Direito Previdenciário, Alex, Aluizo, Fernando,

Flávio, Guilherme, Pedro Paulo, Tácito e Talita.

A todos que direta ou indiretamente contribuíram para realização deste

trabalho.

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RESUMO

A doutrina e estudos acerca do Direito Previdenciário ainda são muito

escassos. E isso, faz com que tenhamos quedevemos nos aplicar

sobremaneira para desenvolver o tema proposto. Tema este muito importante

para levantar apontamentos acerca das alterações, ao longo dos anos, na Lei

nº 8.213/1991 que trata dos Benefícios Previdenciários, em especial alterações

advindas da Lei nº 9.528 de 1997, pois a mesma alterou drasticamente o

benefício Auxílio-Acidente que deixou de ser cumulativo com as

Aposentadorias, por idade, tempo de contribuição e por invalidez.

O auxílio-acidente é benefício vitalício, não substituídor dos salários, sem

natureza alimentar, devido ao segurado após sofrer acidente do trabalho e fruir

o auxílio-doença acidentário, caso tenha permanecido com sequela, como as

elencadas no Anexo III do RBPS, Regulamento dos Benefícios da Previdência

Social, isto é, portador de diminuição da capacidade laboral, verificada na

época da cessação daquele benefício provisória.

É irrelevante se essa redução do empenho em exercer a atividade habitual vier

a ser superada pelo esforço próprio do trabalhador, por processo de

reabilitação profissional ou por qualquer outro tipo de cura.

Ocorre que essa alteração que não permitiu sua cumulatividade com a

aposentadoria tem despertado muita insatisfação à sociedade, tendo em vista

que o referido benefício tem como princípio a recompensação, ou indenização,

ao segurado que sofre uma redução de sua capacidade laborativa em

consequência de um acidente de trabalho.

Contudo, o fato é que o segurado não deixa de ter a incapacidade, quando se

aposenta, pelo contrário, vê-se que após a concessão de sua aposentadoria o

mesmo tem um conflito que acarreta sua baixa estima, se tem o estigma de

que devido à aposentadoria não é mais interessante e útil à sociedade. Com

isso, entender que o mesmo não pode mais receber o auxílio-acidente seria

penalizá-lo por utilizar-se do sistema previdenciário no momento de sua

aposentadoria desconsiderando o sinistro que ocorrera, fato gerador do direito

o auxílio.

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Palavra-chave: Auxílio-Acidente. Cumulatividade. Aposentadoria.

Benefício.

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ABSTRACT

The doctrine and studies regarding Social Security Law are still very scarce.

That implies in a long and difficult research in order to develop the current

thesis. The broached subject brings up notes regarding the modifications,

throughout the years, in Lei n.º 8.213/1991, which refers to Social Security

Benefits, specifically the modifications from Lei n.º 9.528/1997, wich drastically

changed the Accident Benefit, which was no more cumulative with Retirement

Benefit due to Age, Time of Cotribution or Invalidity.

The Accident Benefit is a lifelong resource, not a salary substitute, with no

feeding nature, which is owed to a insured person after a work accident, who

has received the Illness Benefit (due to the accident), in case of permanent

injury, as listed in the Attachment III, of RBPS (Rules for Social Security

Benefits), which means the insured person holds reduction of work capacity,

checked by the time of the temporary benefit interruption.

It is irrelevant if the reduction of work capacity comes to be defeated by the

worker’s own effort due to a process of labor recovery or any other type of

healing.

The matter is that the modification that prevents the cumulation of Accident

Benefit with any type of Retirement Benefit has brought dissatisfaction to

society, considering that the first mentioned benefit lies on the principle of

compensation or reparation to the insured person who holds a reduction of

labor capacity due to a work accident.

However, the main point is that the insured person is still unable to work by the

time of retirement, in a way that getting the Retirement Benefit means a

decrease of one’s self-esteem due to the stigma of uselessness. Thereby,

understanding that the unable person can no longer get the Accident Benefit

means to impose a penalty to someone just because of the right of retirement

without considering the work injury at all, which is the triggering event of the

benefit.

KEY WORDS: Accident Benefit. Cumulative. Retirement. Benefits.

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SUMÁRIO

RESUMO ..........................................................................................................06

ABSTRACT........................................................................................................08

SUMÁRIO .........................................................................................................09

INTRODUÇÃO ..................................................................................................10

1. Auxílio-Acidente ........................................................................11

1.1 Conceito ............................................................................11

1.2 Natureza Jurídica conceito ................................................13

1.3 Natureza Jurídica do auxílio-acidente ...............................14

2 Requisitos ..........................................................................15

2.1 Requisitos do auxílio-acidente ..........................................15

2.2 Fato gerador do auxílio-acidente .....................................23

3 Evolução histórica no Brasil ....................................................25

3.1 As primeiras leis e princípios de aplicabilidade do auxílio-

acidente previdenciário .....................................................................................27

3.2 O que mudou com a promulgação da Lei 8.213 de 1991 .29

4. Mudanças legais do Auxílio-Acidente ........................................

4.1 Auxílio-acidente concedido após a promulgação da Lei nº

9.258/1997 advindo de fato gerador ocorrido antes da referida lei ..................33

4.2 Auxílio-acidente cumulando com Aposentadoria ..............41

5. A previsão futura do Auxílio-Acidente ...................................43

CONCLUSÃO ...................................................................................................45

REFERÊNCIAS ................................................................................................47

LEIS CONSULTADAS.......................................................................................46

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SÍTIOS DA INTERNET CONSULTADOS..........................................................50

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INTRODUÇÃO

O objetivo do presente trabalho tem como finalidade fazer um estudo

sobre as consideráveis mudanças e alterações da Legislação Previdenciária,

com o fim especial de apontar as inovações pertinentes ao benefício Auxílio-

Acidente.

Ademais, visa demonstrar a evolução da legislação sobre o beneficio

acidentário e sua atual aplicabilidade.

O presente trabalho está dividido em três capítulos em que

discorreremos, não apenas a evolução histórica da legislação especifica do

Auxílio-Doença, como também seus requisitos, sua aplicabilidade, a previsão

de sua cumulatividade e o que esperar através das constantes mudanças nas

leis ligadas ao benefício.

O Auxílio-Acidente é um benefício de suma importância ao

trabalhador que, sofreu um acidente o qual não o tornou inválido totalmente,

mas com limitações e, busca sua colocação, ou até permanência, no mercado

de trabalho.

Tal importância se dá no fato de que possivelmente a remuneração

obtida com o desempenho de sua atual função, pós-acidente, poderá ser na

proporção que recebia antes do sinistro.

Então o referido benefício visa uma indenização ao trabalhador

portador de seqüelas advindas de uma acidente, incentivando-o a continuar no

trabalho. Indenização está que atualmente é de meio salário-mínimo.

Como veremos adiante, antes da Lei nº 9.528/1997, o auxílio-

acidentário era cumulável com a aposentadoria, a partir de sua promulgação

passou a não ser mais cumulável, cessando no ato da concessão da

aposentadoria do segurado.

Tais alterações causaram bastantes indignações àqueles que

passaram por um acidente e quando de sua aposentadoria terão sua renda

diminuída e ainda, terão que conviver com as lesões pelo resto de suas vidas.

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1. AUXÍLIO- ACIDENTE

1.1 Conceito

O benefício Auxílio-Acidente é um benefício que visa indenizar o

segurado que foi acometido de acidente, de qualquer natureza, que após a

cessação do Auxílio-Doença, apresente seqüelas que o limite à desempenhar

as atividades relacionadas à sua profissão.

Wladimir Novaes Martinez define auxílio-acidente da seguinte forma:

Quando o segurado sofre acidente do trabalho ou é vitimado por acontecimento traumático de qualquer natureza e fica com seqüela diminuidora de sua aptidão profissional, tem direito a benefício com caráter definitivo.1

Segundo o doutrinador Fábio Zambitte Ibrahim, o auxílio-acidente:

é o único com natureza exclusivamente indenizatória. Visa a ressarcir o segurado, em virtude de acidente que lhe provoque a redução da capacidade laborativa.2

Marisa Ferreira dos Santos, também conceitua o auxílio-acidente:

O auxílio-acidente de qualquer natureza é benefício previdenciário sui generis, uma vez que não substitui os salários de contribuição ou os ganhos habituais do trabalhador que deixa de exercer suas atividades. A lei lhe confere, expressamente, natureza indenizatória.3

1 MARTINEZ, Wladimir Novaes. Curso de direito previdenciário / Wladimir Novaes Martinez. 0 3. ed. – São Paulo : LTr, 2010. 2 IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de direito previdenciário / Fábio Zambitte Ibrahim. – 17. ed. – Rio de Janeiro: Impetus, 2012. 3 SANTOS, Marisa Ferreira dos. Direito previdenciário esquematizado / Marisa Ferreira dos Santos. – São Paulo: Saraiva, 2011.

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Para Frederico Amado:

O auxílio-acidente é o único benefício previdenciário com natureza exclusivamente indenizatória, não se destinando a substituir a remuneração do segurado, e sim servir de acréscimo aos seus rendimentos, em decorrência de um infortúnio que reduziu a sua capacidade laborativa.4

Continua:

Com efeito, será concedido ao segurado quando, após consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem seqüelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia ou mesmo impossibilidade de desempenho dessa atividade, uma vez possível a reabilitação profissional para outra que garanta a subsistência do segurado.5

Ainda Felipe Belache Kugler, o auxílio-acidente:

Trata-se de natureza indenizatória porque pretende compensar em pecúnia a potencialidade laboral diminuída em razão do acidente, e, também, a perda remuneratória que presumidamente o trabalhador enfrentará com a redução de sua capacidade.6

Segundo Juliana Ribeiro:

O auxílio-acidente é um benefício previdenciário que tem como fundamento indenizar algumas espécies de segurados que sofreram acidentes do trabalho ou de qualquer natureza, desde que comprovem seqüelas que impliquem na redução de sua capacidade laborativa que habitualmente exercia.7

É importante frisar a natureza indenizatória do benefício, uma vez

que visa compensar financeiramente a capacidade laboral que foi diminuída em

razão do acidente, como também, a perda salarial advinda com a redução da

capacidade.

4 AMADO, Frederico Augusto Di Trindade. Direito e Processo Previdenciário Sistematizado. Salvador: Juspodivm, 2012. 5 Id.Ibid. 6 SAVARIS, José Antonio (coord.). Direito Previdenciário: problemas e jurisprudência / coordenação José Antonio Savaris – Curitiba: Alteridade Editora, 2014. p 214. 7 RIBEIRO, Juliana de Oliveira Xavier. Direito Previdenciário Esquematizado. 2 ed. São Paulo: Quartier Latin, 2011. p. 257.

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Trata-se de benefício previdenciário que, diferentemente dos

demais, não tem por objetivo substituir os salários de contribuição ou os

ganhos habituais do trabalhador que deixa de exercer suas atividades, mas,

sim, natureza indenizatória por expressa disposição legal (art.86 do PBPS)8.

O Decreto 3.048/1999, em seu artigo 30, parágrafo único, nos ajuda

a entender o conceito de acidente de qualquer natureza, vejamos:

Artigo 30. Parágrafo único: Entende-se como acidente de qualquer natureza ou causa aquele de origem traumática e por exposição a agentes exógenos, que acarrete lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda, ou a redução permanente ou temporária da capacidade laborativa.9

Podemos concluir que não é benefício previdenciário de caráter

substitutivo do salário de contribuição, até mesmo “porque pode ser recebido

cumulativamente com o salário auferido após o retorno ao trabalho.”10

1.2 Natureza Jurídica - Conceito

Trataremos da natureza jurídica do Auxílio-acidente para

compreendermos melhor sua origem e posteriormente sua destinação e, assim

discutirmos sua real valoração no âmbito do direito.

Podemos afirmar que “quando se perquire a natureza jurídica de um

instituto, o que se pretende é fixar em que categoria jurídica o mesmo se

integra, ou seja, de que gênero aquele instituto é espécie.11

8 Art. 86. O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado quando, após consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem seqüelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia.(BRASIL. Artigo 86 da Lei nº 8213 de 24 de julho de 1991. Legislação Federal. sítio eletrônico internet - planalto.gov.br) 9 BRASIL. Artigo 30, parágrafo único do Decreto nº 3048, de 06 de maio de 1999. Legislação Federal. sítio eletrônico internet - planalto.gov.br 10 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. Florianópolis: Conceito Editorial, 2012. p. 675. 11 CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de direito processual civil. 16. ed. Rio de Janeiro: Lúmen Juris, 2007. v. 1.

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Silva define natureza jurídica: “Natureza. Na terminologia jurídica,

assinala, notadamente, a essência, a substância ou a compleição das coisas”12

Ainda, segundo Maria Helena Diniz, a natureza jurídica é o

“significado último dos institutos jurídicos, podendo ser tida como a afinidade

que um instituto jurídico tem em diversos pontos, com uma grande categoria

jurídica, podendo nela ser incluído a título de classificação.”13

1.3 Natureza Jurídica do Auxílio-Acidente

A natureza jurídica do auxílio-acidente por ser considerada como

benefício vitalício, em parte, de caráter indenizatório, portanto, não visa

substituir a remuneração ou o salário de benefício, a condição para sua

concessão é após o segurado que sofreu acidente e ter recebido o auxílio-

doença. Assim, após ter cessado o auxílio-doença e o segurado estar

recuperado das lesões, traumas não havendo incapacidade para o retorno ao

trabalho, mas permanecendo, apenas, lesões que limitem sua capacidade.

Logo o segurado fará jus ao auxílio-acidente que perdurará até sua

aposentadoria, pois conforme a partir da edição da Lei nº 9.528/1997 deixou de

ser vitalício.

Os segurados que antes da lei supracitada estavam em gozo do

auxílio-acidente e vieram a se aposentar continuarão recebendo o benefício

cumulado com sua aposentadoria, para estes ele continuará vitalício.

Segundo Wladimir Novaes Martinez, a natureza jurídica do auxílio-

acidente é:

Benefício vitalício, não substituidor dos salários, sem natureza alimentar (em razão da alta cumulabilidade), devido ao segurado após sofrer acidente do trabalho e fruir o auxílio-doença acidentário, caso tenha permanecido com sequela, como as elencadas no Anexo III do RBPS, isto é, portador de diminuição da capacidade laboral, verificada na época da cessação daquele benefício provisório. Pouco importa se essa redução do empenho em exercer a atividade habitual

12 SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico. 27 ed. Rio de Janeiro; Forense, 2006. 13 DINIZ, Maria Helena, Dicionário Jurídico. São Paulo: Saraiva, vol. 3, 1998, p. 337.

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vier a ser superada pelo esforço próprio do trabalhador, por processo de reabilitação profissional ou por qualquer outro tipo de cura. Prestação de pagamento continuado, geradora de abono anual, incorporável à pensão por morte, é vantagem não acumulável com qualquer aposentadoria. (MARTINEZ, W. 2010)

2. Requisitos

2.1 Requisitos do auxílio-acidente

A concessão do auxílio-acidente ocorrerá após a constatação de

seqüelas que reduzam a capacidade para o trabalho habitual, de forma parcial

e permanente, cuja causa esteja relacionada com acidente de qualquer

natureza.

O benefício será concedido somente ao segurado empregado,

avulso e especial, exceto ao empregado doméstico e contribuinte individual. Tal

impossibilidade, se dá devido ao fato deste dois últimos não poderem recolher

o FAT, fundo de assistência ao trabalhador.

O referido posicionamento, certamente, é um resquício da origem do

auxílio-acidente, que antes decorria de acidente do trabalho e não de qualquer

natureza, sendo, pois, destinado aos segurados empregados vinculados à

empresas.

Para sua concessão é imprescindível que o segurado seja

submetido à perícia médica realizada pelo médico perito vinculado ao

Ministério da Previdência Social, assim no ato do exame de retorno, ou seja,

avaliação decidir sobre o auxílio-doença, se será prorrogado ou cessado, o

médico avaliar a extensão dos danos sofridos pelo segurado, e se as lesões

apresentadas são redutoras de sua capacidade e de caráter permanente.

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A incapacidade gerada pelas seqüelas deve ser permanente e

parcial, pois, assim, o retorno do segurado, mesmo que por reabilitação, ao

mercado de trabalho será possível e a compensação pela redução da

capacidade laborativa se dará através do auxílio-acidente.

É importante constar a diferença entre os benefícios, auxílio-doença,

e aposentadoria por invalidez, pois o primeiro visa à cobertura. da incapacidade

total e temporária para o exercício das atividades habituais, porém passível de

recuperação. Já a aposentadoria por invalidez protege a incapacidade total e

definitiva para o trabalho.

A concessão do auxílio-acidente “depende da tríade: acidente de

qualquer natureza (inclusive do trabalho), produção de sequela definitiva e

efetiva redução da capacidade laborativa em razão da sequela.” (IBRAHIM. F.

p. 662)

A partir do momento de sua concessão o segurado perceberá um

benefício no valor de 50% (cinqüenta por cento) do salário de benefício. Logo a

renda mensal inicial, RMI, será de 50% do salário de benefício que deu origem

ao auxílio-doença, corrigido até o mês anterior ao do início do auxílio-acidente

(artigo 86, § 1º, do PBPS e artigo 104, § 1º, do RPS).

Temos então que o termo inicial: a partir do dia seguinte ao da

cessação do auxílio--doença (art. 86, § 2º, do PBPS e art. 104, § 2º, do RPS).

Esse é o requisito, como, normalmente, o segurado tem prévia cobertura

previdenciária de auxílio-doença em razão de sequela de acidente que lhe

acarreta a incapacidade temporária, e, somente após a consolidação das

lesões, terá direito ao auxílio-acidente.

Se o segurado tiver o benefício negado administrativamente, poderá

requerê-lo judicialmente, geralmente, nestes casos, o termo inicial será a partir

do indeferimento administrativo. “Havendo indeferimento do auxílio-acidente

em âmbito administrativo, fixa-se o termo inicial do benefício nesta data 14

14 STJ – EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. RECURSO DO INSS. APOSENTADORIA ESPECIAL E AUXÍLIO-ACIDENTE CONSOLIDADOS ANTES DA LEI N.º 9.528/97. CUMULAÇÃO DE BENEFÍCIOS. POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. RECURSO DO AUTOR. JUROS DE MORA DE 1% AO MÊS. A PARTIR DA CITAÇÃO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ATÉ A PROLAÇÃO DA SENTENÇA. SÚMULA N.º 111 DO STJ. TERMO INICIAL. DATA DO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. 1. É possível a cumulação do benefício previdenciário da aposentadoria com o auxílio-acidente, desde que a moléstia tenha eclodido antes do advento da Lei n.º 9.528/97, que esteja comprovado o nexo de causalidade entre a doença e a atividade exercida pelo beneficiário e, ainda, que os benefícios tenha fatos geradores distintos. 2. A Lei n.º 9.528/97, que veda a acumulação de benefícios ainda não estava em vigor na época do fato gerador do auxílio-acidente, sendo possível a cumulação do benefício decorrente de perda

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Caso o segurado opte por ingressar diretamente em juízo sem

esgotar as vias administrativas (INSS), o termo inicial será o momento de

apresentação do laudo pericial em juízo.15

O auxílio-acidente não substitui os salários de contribuição nem as

remunerações do segurado. Por isso, poder ser pago no valor inferior ao

salário mínimo.

O Supremo Tribunal Federal em 2009, ao apreciar o Recurso

Extraordinário nº 597.022/RJ16, Ministra Cármen Lúcia, manifestou

entendimento que “o auxílio acidente não poderia possuir renda mensal inferior

ao salário mínimo' O referido posicionamento foi objeto de inúmero recursos,

tanto de segurados quando do INSS, o que resultou no sobrestamento de

todas os julgados até a apreciação através da Repercussão Geral.

Assim, o Ministro Gilmar Mendes, ARE 705.141 RG / PR17, ao

analisar a matéria rejeitou o recurso, por se tratar de matéria infraconstitucional

o que não pode ser apreciado pelo STF. Logo a liminar concedida pela Min.

Cármen Lúcia perdeu sua eficácia, sendo os recursos impossibilitados de

apreciação por aquela corte.

O Superior Tribunal de Justiça tem entendimento consolidado acerca

da possibilidade da RMI do auxílio-acidente ser inferior ao salário mínimo,

vejamos:

auditiva induzida por ruído, com a aposentadoria que o Autor já vinha percebendo. 3. E 4. [...]. 5. Havendo indeferimento do auxílio-acidente em âmbito administrativo, fixa-se o termo inicial do benefício nesta data. 6. [...]. (STJ - REsp: 598954 SP 2003/0179580-7, Relator: Ministra LAURITA VAZ, Data de Julgamento: 25/05/2004, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJ 02.08.2004 p. 533) 15 STJ – EMENTA: RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DA VIOLAÇÃO DO ARTIGO 535 DO CPC. INCIDÊNCIA DA SÚMULA Nº 284/STF. APOSENTADORIA E AUXÍLIO-ACIDENTE. CUMULAÇÃO. DEFINIÇÃO DA LEI APLICÁVEL. DATA DO ACIDENTE. TERMO INICIAL. DATA DA JUNTADA DO LAUDO. 1. A 4. [...]. 5. Em não havendo concessão de auxílio-doença, esta Corte Superior de Justiça, interpretando o caput do artigo 86, firmou o entendimento de que, salvo nos casos em que haja requerimento do benefício no âmbito administrativo, a expressão "após a consolidação das lesões" constitui o termo inicial para a concessão do auxílio-acidente, identificando-o com a juntada do laudo pericial em juízo. 6. Recurso parcialmente conhecido e, nesta extensão, parcialmente provido. (STJ - Relator: Ministro HAMILTON CARVALHIDO, Data de Julgamento: 23/03/2004, T6 - SEXTA TURMA) 16 STF - AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 597.022 RIO DE JANEIRO, RELATORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA. DJE 27/10/2009 – EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. AUTOAPLICABILIDADE DO ART. 201, § 2º (ANTIGO § 5º), DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. 17 STF - REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 705.141 PARANÁ, RELATOR MINISTRO GILMAR MENDES. DJE 25/10/2012 – EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-ACIDENTE. VALOR INFERIOR AO SALÁRIO MÍNIMO. ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO AO ARTIGO 201, § 2º DA CF. DISCUSSÃO SOBRE A NATUREZA JURÍDICA DO BENEFÍCIO. INTERPRETAÇÃO DE NORMAS INFRACONSTITUCIONAIS. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL.

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19

PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. AUXÍLIO-ACIDENTE. CÁLCULO DO BENEFÍCIO. 50% SOBRE O SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO. TERMO INICIAL. REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. PROIBIÇÃO DA REFORMATIO IN PEJUS.1. O acórdão recorrido, ao manter a sentença no ponto em que determinou que o auxílio-acidente não poderia ser inferior ao salário mínimo, contrariou a exegese do art. 86, § 1º, da Lei 8.213/91, alterado pela Lei 9.032/95. O auxílio-acidente incidirá no percentual de 50% sobre o salário-de-benefício, sendo que este último é que não poderá ser inferior a um salário-mínimo, de acordo com a previsão legal. 2. Não houve impugnação pela parte segurada quanto ao termo inicial do benefício a ser fixado na data do requerimento administrativo, razão pela qual se impõe a manutenção do acórdão que o fixou na data da citação, em respeito ao princípio que veda a reformatio in pejus. 3. Recurso especial parcialmente provido.18 (grifo nosso)

PREVIDENCIÁRIO. AÇÃO ACIDENTÁRIA. EXECUÇÃO. SÚMULA 188/TFR. CRITÉRIO DE CÁLCULO. EQUIVALÊNCIA SALARIAL. PERÍODO ANTERIOR AO ARTIGO 58 DO ADCT. A falta de impugnação não impede que se recorra da decisão homologatória dos respectivos cálculos. Não obstante o art. 5º, § 7º da Lei 6.367/76 ter previsto que nenhum benefício por acidente do trabalho seria inferior ao salário-mínimo, aquele comando só se aplicava aos benefícios expressamente indicados nos incisos II e III do citado dispositivo, não alcançando o auxílio-acidente que vinha cuidado no artigo 6º e cujo valor haveria de ser apurado por critério diverso, vale dizer, em percentual sobre o salário-de-contribuição.Recurso conhecido, mas desprovido.19 (grifo nosso)

RECURSOS ESPECIAIS. PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ACIDENTÁRIO. AUXÍLIO-ACIDENTE. TERMO INICIAL. LAUDO PERICIAL. CÁLCULO. TETO MÁXIMO. SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO E SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO. ARTS. 29, 33 E 136 DA LEI Nº 8.213/91. I - Termo inicial do benefício é o da apresentação do laudo pericial em juízo. II - Aplica-se aos benefícios acidentários a limitação do teto máximo do salário-de-benefício. III - Legalidade do art. 29, § 2º, da Lei 8.213/91 ao estabelecer que "o valor do salário-de-benefício não será inferior ao de um salário-mínimo, nem superior ao do limite máximo do salário-de-contribuição na data de início do benefício". IV - O art. 136 da Lei nº 8.213/91 atua em momento distinto do estabelecido no art. 29, § 2º, referindo-se tão-somente ao salário-de-contribuição para cálculo do salário-de-benefício. Recurso de José Alves da Silva desprovido; recurso do INSS provido.20 (grifo nosso)

O segurado receberá o auxílio-acidente independente de mudança

de atividade profissional, poderá ser submetido a reabilitação profissional, ou

até mesmo se ficar desempregado. 18 STJ - REsp 633.052/MG, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA, julgado em 19/05/2005, DJ 15/08/2005, p. 351. 19 STJ - REsp 258.481/SP, Rel. Ministro JOSÉ ARNALDO DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 28/08/2001, DJ 22/10/2001, p. 346. 20 STJ - REsp 280.471/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 13/11/2000, DJ 11/12/2000, p. 239.

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O benefício será pago enquanto o segurado não se aposentar, haja

vista que, para os benefícios ocorridos após a 9.528-97, estes não mais serão

cumuláveis.

O benefício acidentário deixou de ser vitalício, passando a compor o

salário de contribuição do segurado e passou a integrar o salário de benefício

quando do requerimento da aposentadoria.

A única possibilidade de cumular com outro benefício seria o auxílio-

doença por causa diversa da que originou o benefício acidentário, e também,

como já mencionado se o acidente tiver acontecido antes de dezembro de

1997, data em que entrou em vigor a Lei 9.258-1997. Aos que sofreram

acidentes antes desta lei estão salvaguardados o direito de acumular os

benefícios, podendo receber concomitante até a morte do segurado. A partir

daí se houver dependente à pensão por morte, o auxílio-acidente será

computado na RMI da pensão por morte.

Fato curioso, é que neste caso a RMI da pensão por morte poderá

ser superior ao teto da previdência social.

Assim como, não existe carência para os benefícios auxílio-doença,

aposentadoria por invalidez e pensão por morte decorrente de acidente ou

doenças graves, inexiste carência também ao auxílio-reclusão, não é exigido

carência para o deferimento do auxílio-acidente por se tratar de cobertura de

risco, o qual é imprevisível, aplica-se o princípio da máxima proteção

previdenciária. (Artigo 26 da Lei 8.213/91)

De igual modo, a qualidade de segurado, como requisito genérico de

todo o beneficio previdenciário, no caso do auxílio-acidente perde sua

exigibilidade por ter sido antecedido por auxílio-doença.

O benefício acidentário cessará na véspera do início de qualquer

aposentadoria ou a data do óbito do segurado (art. 86, § 1º, do PBPS e art.

104, § 1º, do RPS).

O Decreto 3.048/1999, em seu artigo 104, caput, o aqual dispõe

sobre o auxílio-acidente, tratou também, das lesões que são passíveis de

receberem o auxílio-acidente, fazendo referência ao Anexo III que trás uma

relação de possíveis situações ensejadora do benefício acidentário.

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Art.º 104. O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado empregado, exceto o doméstico, ao trabalhador avulso e ao segurado especial quando, após a consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultar seqüela definitiva, conforme as situações discriminadas no anexo III, que implique: (grifo nosso) I - redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exerciam; II - redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exerciam e exija maior esforço para o desempenho da mesma atividade que exerciam à época do acidente; ou III - impossibilidade de desempenho da atividade que exerciam à época do acidente, porém permita o desempenho de outra, após processo de reabilitação profissional, nos casos indicados pela perícia médica do Instituto Nacional do Seguro Social. § 1º O auxílio-acidente mensal corresponderá a cinqüenta por cento do salário-de-benefício que deu origem ao auxílio-doença do segurado, corrigido até o mês anterior ao do início do auxílio-acidente e será devido até a véspera de início de qualquer aposentadoria ou até a data do óbito do segurado. 2º O auxílio-acidente será devido a contar do dia seguinte ao da cessação do auxílio-doença, independentemente de qualquer remuneração ou rendimento auferido pelo acidentado, vedada sua acumulação com qualquer aposentadoria. § 3º O recebimento de salário ou concessão de outro benefício, exceto de aposentadoria, não prejudicará a continuidade do recebimento do auxílio-acidente. § 4º Não dará ensejo ao benefício a que se refere este artigo o caso: I - que apresente danos funcionais ou redução da capacidade funcional sem repercussão na capacidade laborativa; e II - de mudança de função, mediante readaptação profissional promovida pela empresa, como medida preventiva, em decorrência de inadequação do local de trabalho. § 5o A perda da audição, em qualquer grau, somente proporcionará a concessão do auxílio-acidente quando, além do reconhecimento do nexo entre o trabalho e o agravo, resultar, comprovadamente, na redução ou perda da capacidade para o trabalho que o segurado habitualmente exercia. (Redação dada pelo Decreto nº 6.939, de 2009) § 6º No caso de reabertura de auxílio-doença por acidente de qualquer natureza que tenha dado origem a auxílio-acidente, este será suspenso até a cessação do auxílio-doença reaberto, quando será reativado. § 7o Cabe a concessão de auxílio-acidente oriundo de acidente de qualquer natureza ocorrido durante o período de manutenção da qualidade de segurado, desde que atendidas às condições inerentes à espécie. (Redação dada pelo Decreto nº 6.722, de 2008). § 8º Para fins do disposto no caput considerar-se-á a atividade exercida na data do acidente.(Incluído pelo Decreto nº 4.729, de 2003)21

O Anexo III, do Decreto supracitado possui 09 (nove) quadros com

as situações que dão direito ao auxílio-acidente:

21

BRASIL. Decreto 3.048/1999, Artigo 104, Legislação Federal. sítio eletrônico internet - planalto.gov.br

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ANEXO III22 RELAÇÃO DAS SITUAÇÕES QUE DÃO DIREITO AO AUXÍLIO-ACIDENTE

QUADRO Nº 1 Aparelho visual Situações: a) acuidade visual, após correção, igual ou inferior a 0,2 no olho acidentado; b) acuidade visual, após correção, igual ou inferior a 0,5 em ambos os olhos, quando ambos tiverem sido acidentados; c) acuidade visual, após correção, igual ou inferior a 0,5 no olho acidentado, quando a do outro olho for igual a 0,5 ou menos, após correção; d) lesão da musculatura extrínseca do olho, acarretando paresia ou paralisia; e) lesão bilateral das vias lacrimais, com ou sem fístulas, ou unilateral com fístula. NOTA 1 - A acuidade visual restante é avaliada pela escala de Wecker, em décimos, e após a correção por lentes. NOTA 2 - A nubécula e o leucoma são analisados em função da redução da acuidade ou do prejuízo estético que acarretam, de acordo com os quadros respectivos.

QUADRO Nº 2 Aparelho auditivo TRAUMA ACÚSTICO a) perda da audição no ouvido acidentado; b) redução da audição em grau médio ou superior em ambos os ouvidos, quando os dois tiverem sido acidentados; c) redução da audição, em grau médio ou superior, no ouvido acidentado, quando a audição do outro estiver também reduzida em grau médio ou superior. NOTA 1 - A capacidade auditiva em cada ouvido é avaliada mediante audiometria apenas aérea, nas freqüências de 500, 1.000, 2.000 e 3.000 Hertz. NOTA 2 - A redução da audição, em cada ouvido, é avaliada pela média aritmética dos valores, em decibéis, encontrados nas freqüências de 500, 1.000, 2.000 e 3.000 Hertz, segundo adaptação da classsificação de Davis & Silvermann, 1970. Audição normal - até vinte e cinco decibéis. Redução em grau mínimo - vinte e seis a quarenta decibéis; Redução em grau médio - quarenta e um a setenta decibéis; Redução em grau máximo - setenta e um a noventa decibéis; Perda de audição - mais de noventa decibéis.

QUADRO Nº 3 Aparelho da fonação Situação: Perturbação da palavra em grau médio ou máximo, desde que comprovada por métodos clínicos objetivos.

QUADRO Nº 4 Prejuízo estético Situações: Prejuízo estético, em grau médio ou máximo, quando atingidos crânios, e/ou face, e/ou pescoço ou perda de dentes quando há também deformação da arcada dentária que impede o uso de prótese. NOTA 1 - Só é considerada como prejuízo estético a lesão que determina apreciável modificação estética do segmento corpóreo atingido, acarretando aspecto desagradável, tendo-se em conta sexo, idade e profissão do acidentado. NOTA 2 - A perda anatômica de membro, a redução de movimentos articulares ou a alteração

22

Ibidem.

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da capacidade funcional de membro não são considerados como prejuízo estético, podendo, porém, ser enquadradas, se for o caso, nos quadros respectivos.

QUADRO Nº 5 Perdas de segmentos de membros Situações: a) perda de segmento ao nível ou acima do carpo; b) perda de segmento do primeiro quirodáctilo, desde que atingida a falange proximal; (Redação dada pelo Decreto nº 4.032, de 2001) c) perda de segmentos de dois quirodáctilos, desde que atingida a falange proximal em pelo menos um deles; (Redação dada pelo Decreto nº 4.032, de 2001) d) perda de segmento do segundo quirodáctilo, desde que atingida a falange proximal; (Redação dada pelo Decreto nº 4.032, de 2001) e) perda de segmento de três ou mais falanges, de três ou mais quirodáctilos; f) perda de segmento ao nível ou acima do tarso; g) perda de segmento do primeiro pododáctilo, desde que atingida a falange proximal; (Redação dada pelo Decreto nº 4.032, de 2001) h) perda de segmento de dois pododáctilos, desde que atingida a falange proximal em ambos; (Redação dada pelo Decreto nº 4.032, de 2001) i) perda de segmento de três ou mais falanges, de três ou mais pododáctilos. NOTA: Para efeito de enquadramento, a perda parcial de parte óssea de um segmento equivale à perda do segmento. A perda parcial de partes moles sem perda de parte óssea do segmento não é considerada para efeito de enquadramento.

QUADRO Nº 6 Alterações articulares Situações: a) redução em grau médio ou superior dos movimentos da mandíbula; b) redução em grau máximo dos movimentos do segmento cervical da coluna vertebral; c) redução em grau máximo dos movimentos do segmento lombo-sacro da coluna vertebral; d) redução em grau médio ou superior dos movimentos das articulações do ombro ou do cotovelo; e) redução em grau médio ou superior dos movimentos de pronação e/ou de supinação do antebraço; f) redução em grau máximo dos movimentos do primeiro e/ou do segundo quirodáctilo, desde que atingidas as articulações metacarpo-falangeana e falange-falangeana; g) redução em grau médio ou superior dos movimentos das articulações coxo-femural e/ou joelho, e/ou tíbio-társica. NOTA 1 - Os graus de redução de movimentos articulares referidos neste quadro são avaliados de acordo com os seguintes critérios: Grau máximo: redução acima de dois terços da amplitude normal do movimento da articulação; Grau médio: redução de mais de um terço e até dois terços da amplitude normal do movimento da articulação; Grau mínimo: redução de até um terço da amplitude normal do movimento da articulação. NOTA 2 - A redução de movimentos do cotovelo, de pronação e supinação do antebraço, punho, joelho e tíbio-társica, secundária a uma fratura de osso longo do membro, consolidada em posição viciosa e com desvio de eixo, também é enquadrada dentro dos limites estabelecidos.

QUADRO Nº 7 Encurtamento de membro inferior Situação: Encurtamento de mais de 4 cm (quatro centímetros). NOTA: A preexistência de lesão de bacia deve ser considerada quando da

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avaliação do encurtamento.

QUADRO Nº 8 Redução da força e/ou da capacidade funcional dos membros Situações: a) redução da força e/ou da capacidade funcional da mão, do punho, do antebraço ou de todo o membro superior em grau sofrível ou inferior da classificação de desempenho muscular; b) redução da força e/ou da capacidade funcional do primeiro quirodáctilo em grau sofrível ou inferior; c) redução da força e/ou da capacidade funcional do pé, da perna ou de todo o membro inferior em grau sofrível ou inferior. NOTA 1 - Esta classificação se aplica a situações decorrentes de comprometimento muscular ou neurológico. Não se aplica a alterações decorrentes de lesões articulares ou de perdas anatômicas constantes dos quadros próprios. NOTA 2 - Na avaliação de redução da força ou da capacidade funcional é utilizada a classificação da carta de desempenho muscular da The National Foundation for Infantile Paralysis, adotada pelas Sociedades Internacionais de Ortopedia e Traumatologia, e a seguir transcrita: Desempenho muscular Grau 5 - Normal - cem por cento - Amplitude completa de movimento contra a gravidade e contra grande resistência. Grau 4 - Bom - setenta e cinco por cento - Amplitude completa de movimento contra a gravidade e contra alguma resistência. Grau 3 - Sofrível - cinqüenta por cento - Amplitude completa de movimento contra a gravidade sem opor resistência. Grau 2 - Pobre - vinte e cinco por cento - Amplitude completa de movimento quando eliminada a gravidade. Grau 1 - Traços - dez por cento - Evidência de leve contração. Nenhum movimento articular. Grau 0 (zero) - zero por cento - Nenhuma evidência de contração. Grau E ou EG - zero por cento - Espasmo ou espasmo grave. Grau C ou CG - Contratura ou contratura grave. NOTA - O enquadramento dos casos de grau sofrível ou inferior abrange, na prática, os casos de redução em que há impossibilidade de movimento contra alguma força de resistência além da força de gravidade.

QUADRO Nº 9 Outros aparelhos e sistemas Situações: a) segmentectomia pulmonar que acarrete redução em grau médio ou superior da capacidade funcional respiratória; devidamente correlacionada à sua atividade laborativa. b) perda do segmento do aparelho digestivo cuja localização ou extensão traz repercussões sobre a nutrição e o estado geral.

2.2 Fato gerador do auxílio-acidente

O fato gerador do auxílio-acidente é o momento do acidente de

qualquer natureza, no qual aparentemente o segurado demonstra que devido a

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gravidade poderá a vir sofrer limitações devido às seqüelas ocasionadas. Tais

seqüelas serão constatadas, para efeito de concessão do benefício, no

momento subseqüente à cessação do auxílio-doença, momento este que o

médico perito avaliará a capacidade laborativa do segurado determinando se é

positiva ou negativa e logo depois avaliará a existência de sequela redutora a

capacidade de trabalho.

É imprescindível que haja nexo de causalidade entre o acidente e as

lesões consolidadas que reduziram a capacidade de trabalho.

Assim, o segurado poderá retornar ao trabalho se adequando à nova

condição laboral, ou então, ser submetido à reabilitação profissional para de

adaptar à nova realidade profissional.

O auxílio-acidente indeniza o segurado prejudicado em razão da

redução de sua capacidade laborativa em relação às atividades exercidas

quando ocorreu o acidente.

O art. 86, § 4º, do PBPS traz disposição específica sobre a perda da

audição. Esta somente proporcionará direito ao auxílio-acidente quando,

cumulativamente, ocorrerem os seguintes requisitos: causalidade entre o

trabalho e a doença; e redução ou perda da capacidade para o trabalho que o

segurado habitualmente exercia.

A perda da audição em qualquer grau somente proporcionar o auxílio-acidente, quando além do reconhecimento de causalidade entre o trabalho e a doença, resultar, comprovadamente, na redução ou perda da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia (artigo 86, § 4º, com a nova redação dada pela Lei 9.258/97). Desnecessária a prévia reabilitação.23 (grifo nosso).

É de inteira responsabilidade o INSS, Autarquia Federal, apurar

através da perícia médica especializada se através do acidente sofrido pelo

segurado, mesmo que tenha percebido o auxílio-doença por um longo período,

se após a cessação deste o segurado apresenta lesões que podem limitar o

desempenho da atividade profissional do segurado.

Desta forma, o segurado poderá ser submetido à novas perícias ou

até mesmo novo pedido de auxílio-doença, caso não concorde com o resultado

de perícia realizada. Mas, fará jus ao percebimento do auxílio-acidente.

23 STJ, REsp 61715/SP, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, DJ, 2-8-1999, p. 226

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No entanto, sabe-se que, salvo em casos excepcionais, o INSS não

tem implantado de forma imediata o auxílio-acidente, sendo que muitos casos

buscas à justiça.

3 Evolução história do Auxílio-Acidente no Brasil

O Auxílio-Acidente tem sua evolução histórica baseada nas

constantes transformações da relação homem no mercado de trabalho.

Muitas das mudanças surgiram através da revolução Industrial,

século XVIII, em que as indústrias começaram a se modernizar, mecanizando

sua produção, fazendo com que o trabalho artesanal fosse perdendo espaço.

Logo, o homem visando expandir o mercado de consumo e atender à demanda

consumerista, inovou ás técnicas de produções, sem contudo iliminar a mão-

de-obra humana. Assim, para que pudesse produzir em largas escalas os

trabalhadores que antes eram artesanais passaram as serem os operadores

das máquinas de produções, máquinas estas que não paravam, produção

ininterrupta.

Para que pudesse atender o novo mercado, as indústrias

começaram a estender a jornada de trabalho exigindo ainda mais do

trabalhador que começou a se desgastar com mais rapidez. Com isso, seria

inevitável a exposição dos trabalhadores aos riscos de acidentes e problemas

de saúde relacionado ao trabalho.

Por isso, foi necessário aprimorar a proteção do trabalhador não só

com equipamentos, mas com leis que regulamentassem a relação de trabalho,

como jornada de trabalho, salário, descanso etc.

Considerando o sistema previdenciário brasileiro, nota-se que sofreu

uma série de transformações, conforme a evolução da sociedade, para

conseguir acompanhar, com dinamismo, as evoluções/revoluções advindas da

modernização, alfabetização, industrialização e automação no mercado de

trabalho e autônomo.

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27

A previdência social tentou acompanhar a evolução da sociedade

para atender, ou mesmo tentar, os anseios de uma sociedade moderna.

Com os avanços da medicina contribuindo para uma melhoria na

qualidade de vida da sociedade, melhorias no mercado de trabalho, com leis

que visam à proteção do trabalhador, determinando a carga horária, descanso

remunerado e a prevenção contra acidente de trabalhos.

Assim, com uma série de fatores que melhoraram a vida da

sociedade, contribuindo para o avanço da idade e diminuição da taxa de

mortalidade infantil, o número da população aumentou consideravelmente,

chegando em 2012 a 200 milhões de habitantes no Brasil.

Consequentemente, aumentou o número de pessoas que utilizam

dos serviços públicos, em especial, os benefícios previdenciários, como salário

maternidade, auxílio doença, auxílio reclusão, auxílio-acidente, aposentadoria

por idade e por tempo de contribuição e, pensão por morte.

Esse aumento obrigou o governo federal a rever a legislação

previdenciária para que atendesse o maior número de usuários/segurados,

porém teve que rever alguns benefícios para evitar a quebra do sistema.

A Constituição Federal de 1988, prevê a partir do seu artigo 201 e

202 da seguridade social e 203 e 204, da assistência social.24

O Auxílio-Acidente a partir da Lei nº 9.032/1995, deixou de ser um

benefício decorrente da relação trabalhista, neste caso a ser devido não só em

razão de acidente do trabalho, mas nos acidentes de qualquer natureza,

tornando-o mais abrangente e passível à qualquer segurado. O seu requisito à

sua concessão é “o segurado apresentar seqüelas que impliquem redução da

capacidade para o trabalho que habitualmente exercia”.25

24 Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada II - proteção à maternidade, especialmente à gestante III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes (...)Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos. 25 BRASIL. Artigo 86 da Lei nº 8213 de 24 de julho de 1991. Legislação Federal. sítio eletrônico internet - planalto.gov.br

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O benefício acidentário é devido ainda que mínima a lesão,

porquanto o nível do dano e, consequentemente, o grau de maior esforço não

interferem na sua concessão.

O Auxílio-Acidente é um benefício de natureza acidentária,

decorrente de acidente ou doença com origem no trabalho, ou previdenciária,

decorrente de acidente de qualquer natureza.

É o único benefício com natureza exclusivamente indenizatória.

3.1 As primeiras leis e princípios de aplicabilidade do auxílio-acidente

previdenciário

O benefício acidentário, inicialmente, foi citado pela Lei nº 3.087 de

26 de agosto de 1960, em seu artigo 22, § 2º, o qual fazia menção à legislação

de acidentes do trabalho, in verbis:

Artigo 22: As prestações asseguradas pela previdência social consistem em benefícios e serviços, a saber: [...] § 2º: A previdência social garantirá aos seus beneficiários as prestações estabelecidas na legislação de acidentes do trabalho, quando o respectivo seguro estiver a seu cargo.

O auxílio-acidente passou a incorporar o direito dos segurados

filiado ao regime geral de previdência com o advento da Lei 6.367, de 19 de

outubro de 1976, em seu artigo 6º, §§ 1º ao 3º; in verbis:

Art. 6º O acidentado do trabalho que, após a consolidação das lesões resultantes do acidente, permanecer incapacitado para o exercício de atividade que exercia habitualmente, na época do acidente, mas não para o exercício de outra, fará jus, a partir da cessação do auxílio-doença, a auxílio-acidente. § 1º O auxílio-acidente, mensal, vitalício e independente de qualquer remuneração ou outro benefício não relacionado ao mesmo acidente, será concedido, mantido e reajustado na forma do regime de previdência social do INPS e corresponderá a 40% (quarenta por cento) do valor de que trata o inciso II do Art. 5º desta lei, observado o disposto no § 4º do mesmo artigo.

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§ 2º A metade do valor do auxílio-acidente será incorporada ao valor da pensão quando a morte do seu titular não resultar de acidente do trabalho. § 3º O titular do auxílio-acidente terá direito ao abono anual.

O Decreto nº 79.037/1977, regulamentou o seguro de acidentes do

trabalho, prevendo não apenas o auxílio-acidente, mas também, o auxílio

suplementar em seus artigos, in verbis:

Art. 7º Em caso de acidente de trabalho serão devidos ao acidentado ou aos seus dependentes, conforme o caso, independentemente de período de carência, os seguintes benefícios e serviços: I - auxílio-doença; II - aposentadoria por invalidez; III - pensão por morte; IV - auxílio-acidente; V - auxílio-suplementar; VI - pecúlio por invalidez; VII - pecúlio por morte; VIII - assistência médica; IX - reabilitação profissional. § 1º Os benefícios dos itens I a V serão concedidos, mantidos, pagos e reajustados as formas e pelos prazos da legislação do regime de previdência social ao INPS, salvo no que este Regulamento expressamente estabeleça de maneira diferente. § 2º Os segurados em gozo dos benefícios dos itens I a IV terão também direito ao abono anual, na forma dos artigos 65 a 67 da CLPS. [...]

Art. 9º O segurado em gozo de aposentadoria especial, por velhice ou por tempo de serviço que voltar a exercer atividade abrangida por este Regulamento, poderá fazer jus, em caso de acidente do trabalho, às seguintes prestações: I - pecúlio por invalidez; II - auxílio-acidente; III - assistência médica; IV - reabilitação profissional.

A Lei supracitada trás uma subseção tratando do auxílio-acidente,

subseção IV artigos 19 e 20, e na subseção seguinte o auxílio-suplementar,

subseção V artigos 21 a 24, in verbis:

SUBSEÇÃO IV - AUXÍLIO-ACIDENTE

Art. 19. O auxílio-acidente será devido ao acidentado que, após a consolidação das lesões resultantes do acidente,

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permanecer incapacitado para a atividade que exercia na época do acidente, mas não para outra. Art. 20. O auxílio-acidente, mensal e vitalício, corresponderá a 40% (quarenta por cento) do salário-de-contribuição do segurado vigente no dia do acidente, observado o disposto nos artigos 36 e 37, não podendo ser inferior a este percentual do seu salário-benefício. § 1º O valor do auxílio-doença servirá de base de cálculo para o do auxílio-acidente se, por força de reajustamento, for superior ao previsto neste artigo. § 2º O auxílio-acidente será devido a contar do dia seguinte ao da cessação do auxílio-doença, independentemente de qualquer remuneração ou rendimento auferidos pelo acidentado.

SUBSEÇÃO V - AUXÍLIO-SUPLEMENTAR

Art. 21. O auxílio-suplementar será devido, a contar da cessação do auxílio-doença, ao acidentado que, após a consolidação das lesões resultantes do acidente, apresentar, como seqüela definitiva, perda anatômica ou redução da capacidade funcional constante da relação que constitui o Anexo III, a qual, embora sem impedir o desempenho da mesma atividade, demande permanentemente maior esforço na realização do trabalho. Art. 22. O auxílio-suplementar corresponderá a 20% (vinte por cento) do salário-de contribuição do segurado vigente no dia do acidente, observado o disposto nos artigos 36 e 37, não podendo ser inferior a este percentual do seu salário-de-benefício. § 1º O valor do auxílio-doença servirá de base de cálculo para o do auxílio- suplementar se, por força de reajustamento, for superior ao previsto neste artigo. § 2º O auxílio-suplementar cessará com a concessão de aposentadoria de qualquer espécie e o seu valor não será incluído no cálculo de pensão por morte acidentária ou previdenciária. Art. 23. Se em conseqüência do mesmo acidente ou de outro a acidentado voltar a fazer jus a auxílio-doença, o auxílio-suplementar será mantido até a cessação daquele. Parágrafo único. Cessado o auxílio-doença em decorrência de reavaliação médico-pericial. o auxílio-suplementar será: I - cancelado, se for concedido auxílio-acidente ou aposentadoria por invalidez. II - mantido, se o acidentado não estiver impedido de desempenhar a mesma atividade. Art. 24. O auxílio-suplementar será devido na hipótese de lesão decorrente do acidente agravar seqüela anterior, ou se somar a ela acarretando situação constante do Anexo III. Parágrafo único. Quando o acidentado apresentar lesão preexistente ao acidente, não será devido auxílio -suplementar em função dela, ainda que ela conste do Anexo III.

3.2 O que mudou com a promulgação da Lei 8.213 de 1991

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A Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, alterou substancialmente a

matéria que tratava o auxílio-acidente.

Primeiramente o auxílio suplementar deixou de existir,

permanecendo apenas o auxílio-acidente.

Desta forma o auxílio-acidente começou a integrar o rol de

benefícios ofertados aos segurados do regime geral, previsão expressa no

artigo 86 da supracitada Lei, trata do referido benefício, vejamos:

Art.18. O Regime Geral de Previdência Social compreende as seguintes prestações, devidas inclusive em razão de eventos decorrentes de acidente do trabalho, expressas em benefícios e serviços: I - quanto ao segurado: a) aposentadoria por invalidez; b) aposentadoria por idade; c) aposentadoria por tempo de serviço; d) aposentadoria especial; e) auxílio-doença; f) salário-família; g) salário-maternidade; h) auxílio-acidente; i) abono de permanência em serviço; II - quanto ao dependente: a) pensão por morte; b) auxílio-reclusão; III - quanto ao segurado e dependente: a) pecúlios; b) serviço social; c) reabilitação profissional. § 1º Só poderão beneficiar-se do auxílio-acidente e das disposições especiais relativas a acidente do trabalho os segurados e respectivos dependentes mencionados nos incisos I, VI e VII do art. 11 desta lei, bem como os presidiários que exerçam atividade remunerada. 2º O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social que permanecer em atividade sujeita a este regime, ou a ela retornar, somente tem direito à reabilitação profissional, ao auxílio-acidente e aos pecúlios, não fazendo jus a outras prestações, salvo as decorrentes de sua condição de aposentado, observado o disposto no art. 122 desta lei. (grifo nosso)

Art. 86. O auxílio-acidente será concedido ao segurado quando, após a consolidação das lesões decorrentes do acidente do trabalho, resultar seqüela que implique: I - redução da capacidade laborativa que exija maior esforço ou necessidade de adaptação para exercer a mesma atividade, independentemente de reabilitação profissional;

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II - redução da capacidade laborativa que impeça, por si só, o desempenho da atividade que exercia à época do acidente, porém, não o de outra, do mesmo nível de complexidade, após reabilitação profissional; ou III - redução da capacidade laborativa que impeça, por si só, o desempenho da atividade que exercia à época do acidente, porém não o de outra, de nível inferior de complexidade, após reabilitação profissional. § 1º O auxílio-acidente, mensal e vitalício, corresponderá, respectivamente às situações previstas nos incisos I, II e III deste artigo, a 30% (trinta por cento), 40% (quarenta por cento) ou 60% (sessenta por cento) do salário-de-contribuição do segurado vigente no dia do acidente, não podendo ser inferior a esse percentual do seu salário-de-benefício. § 2º O auxílio-acidente será devido a partir do dia seguinte ao da cessação do auxílio-doença, independentemente de qualquer remuneração ou rendimento auferido pelo acidentado. (grifo nosso)

De igual modo o artigo 104, do Decreto 3.048 de 06 de maio de

1999, Regime Geral da Previdência Social, aborda o tema, senão vejamos:

Art. 104. O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado empregado, exceto o doméstico, ao trabalhador avulso e ao segurado especial quando, após a consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultar seqüela definitiva, conforme as situações discriminadas no anexo III, que implique: I - redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exerciam; II - redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exerciam e exija maior esforço para o desempenho da mesma atividade que exerciam à época do acidente; ou III - impossibilidade de desempenho da atividade que exerciam à época do acidente, porém permita o desempenho de outra, após processo de reabilitação profissional, nos casos indicados pela perícia médica do Instituto Nacional do Seguro Social. § 1º O auxílio-acidente mensal corresponderá a cinqüenta por cento do salário-de-benefício que deu origem ao auxílio-doença do segurado, corrigido até o mês anterior ao do início do auxílio-acidente e será devido até a véspera de início de qualquer aposentadoria ou até a data do óbito do segurado. § 2º O auxílio-acidente será devido a contar do dia seguinte ao da cessação do auxílio-doença, independentemente de qualquer remuneração ou rendimento auferido pelo acidentado, vedada sua acumulação com qualquer aposentadoria. § 3º O recebimento de salário ou concessão de outro benefício, exceto de aposentadoria, não prejudicará a continuidade do recebimento do auxílio-acidente. § 4º Não dará ensejo ao benefício a que se refere este artigo o caso: I - que apresente danos funcionais ou redução da capacidade funcional sem repercussão na capacidade laborativa; e II - de mudança de função, mediante readaptação profissional promovida pela empresa, como medida preventiva, em decorrência de inadequação do local de trabalho. § 5o A perda da audição, em qualquer grau, somente proporcionará a concessão do auxílio-acidente quando, além do reconhecimento do

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nexo entre o trabalho e o agravo, resultar, comprovadamente, na redução ou perda da capacidade para o trabalho que o segurado habitualmente exercia. § 6º No caso de reabertura de auxílio-doença por acidente de qualquer natureza que tenha dado origem a auxílio-acidente, este será suspenso até a cessação do auxílio-doença reaberto, quando será reativado. § 7o Cabe a concessão de auxílio-acidente oriundo de acidente de qualquer natureza ocorrido durante o período de manutenção da qualidade de segurado, desde que atendidas às condições inerentes à espécie. § 8º Para fins do disposto no caput considerar-se-á a atividade exercida na data do acidente.

Os Requisitos necessários ao beneficio é o acidente e a doença

relacionada de qualquer natureza que limitam o trabalhador na atual função

desempenhada.

Por acidente de qualquer natureza deve ser entendido qualquer

evento súbito que cause a incapacidade, ainda que não guarde relação com a

atividade laboral do segurado.

Esse benefício tem por finalidade indenizar a redução da capacidade

laborativa do segurado, que, portanto, pode continuar exercendo seu trabalho,

porém com certa limitação.

Na redação original da Lei nº 8.213/1991, o auxílio-acidente era

cobertura previdenciária concedida apenas quando se tratasse de acidente de

trabalho, tal como definido na lei. Com as alterações introduzidas pela Lei nº

9.032, de 28 de abril de 1995, a cobertura previdenciária alcança acidente de

qualquer natureza, inclusive do trabalho.

Art. 86. O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado quando, após a consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza que impliquem em redução da capacidade funcional.

§ 1º O auxílio-acidente mensal e vitalício corresponderá a 50% (cinqüenta por cento) do salário-de-benefício do segurado.

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4 Mudanças legais do Auxílio-Acidente

4.1 Alteração causadas pela Lei nº 9.032/1995

Por força da Lei n. 9.032/1995, o caput e o § 1º do artigo 86 foram

inteiramente alterados como segue:

O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado

quando, após a consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer

natureza que impliquem redução da capacidade funcional.

A Lei nº 9.032/95 unificou o nível do auxílio-acidente em 50%, tornando

sem efeito os três incisos do artigo 86 e revogando o § 1º.

Para Martinez:

Essa medida adotada não podia ser aplaudida, embora simplificasse a tarefa do INSS. As situações encontradas pelos médicos-peritos não são iguais, e as três circunstâncias contempladas na Lei nº 8.213/1991 eram superiores à generalidade da nova. A Lei nº 9.032/1995 descreve diferentemente a situação fisiológica capaz de deflagrar o benefício, não mais as três versões dos incisos, I, II ou III. Nivela todas as seqüelas e isso não é bom especialmente se lembrando a função técnica do benefício acidentário, recompor a capacidade de ganho do trabalhador, aptidão física diminuída pelo acidente. A redução da capacidade funcional varia extraordinariamente, e a todos os segurados será ministrado o mesmo percentual. O espectro, da sequela mínima (não justificando recomposição) à máxima (caso de concessão da aposentadoria por invalidez), é largo para ser aferido por um único percentual. O texto terá de ser refeito no futuro. (MARTINEZ. W. 2010)

Está claro, então, que a uniformização do percentual pago como

indenização ao segurado que apresentar seqüelas advindas do acidente de

qualquer natureza, não atenderá o propósito que o originou. Uma vez que

muitos segurados que apresentarem seqüelas mínimas receberão o mesmo

valor daqueles que sofreram grande perda. Como p. ex.: o segurado que

trabalha como digitador que apresentou a LER – Lesões por Esforços

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Repetitivos, perdendo parcialmente os movimentos das mãos, e o outro técnico

em produção que teve um dos seus braços amputados por uma máquina

espremedora. Em ambos os casos os segurados terão sua capacidade

laborativa para a função que exercem, mas quando reabilitados qual se

adaptará com mais facilidades? Contudo, receberão o mesmo percentual como

indenização das seqüelas apresentadas.

4.2 Auxílio-acidente concedido após a promulgação da Lei nº

9.258/1997 advindo de fato gerador ocorrido antes da referida lei

Conforme discorrido, o auxílio-acidente passou por uma série de

transformações, adequações, ao longo dos últimos 30 (trinta) anos, e

atualmente, atende às necessidades da sociedade, principalmente, no que

tange a preservação da dignidade da pessoa humana. Mais precisamente na

estimulação (incentivo) do segurado em manter-se no mercado de trabalho,

uma vez que este teve sua capacidade profissional reduzida, em virtude de

seqüelas advindas de acidente de qualquer natureza. Assim, o recebimento da

indenização acidentária visa a inclusão daquele profissional que retorna ao

mercado do trabalho literalmente mutilado, ou seja, com seqüelas

permanentes, limitantes de sua máxima eficiência laborativa.

O benefício acidentário que outrora era vitalício, já não mais pode

permanecer face ao grande números de beneficiários dependente do sistema,

e a necessidade de se manter um equilíbrio financeiro e atuarial, por certo este

seja um forte motivo para extinguir o seu caráter vitalício.

Segundo Hermes Arrais Alencar, a alteração buscou a harmonia

lógica na concessão dos benefícios, uma vez que os benefícios previdenciários

stricto sensu auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e pensão por morte,

possuem homônimos acidentários. O auxílio-acidente (INNS B/94) era a

exceção; era o único beneficio concedido tão só em decorrência de acidente de

trabalho (e de mesopatias e tecnopatias).

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A exclusividade cessou com a Lei nº 9.032/1995. O auxílio-acidente,

agora, possui homônimo previdenciário. Em suma, o auxílio-acidente é devido

em decorrência de acidente do trabalho, já por ocasião da Lei nº 8.213/1991,

redação original, bem como em virtude de acidente de qualquer natureza,

desde a Lei nº 9.032/1995.

A Medida Provisória nº 1596-14 de 10/11/1997, convertida em lei em

dezembro de 1997, Lei nº 9.528/1997, alterou esse dispositivo legal, limitando

sua manutenção à concessão de qualquer aposentadoria.

A alteração tem como pressuposto que o auxílio-acidente é uma

indenização pela redução da capacidade laborativa do segurado. Assim, uma

vez aposentado, não há mais razão para o pagamento dessa indenização já

que o segurado deixou de exercer seu trabalho.

Entretanto, deve ser respeitado o direito adquirido, pois o segurado

beneficiado com o percebimento do auxílio-acidente, antes da alteração

legislativa vedando sua cumulatividade, quando se aposentar não poderá ter

seu benefício cessado.

Está claro, que após a entrada em vigor da Lei 9.528/97, que deu

nova redação ao artigo 86 da Lei nº 8.213/91, passou-se a vedar a cumulação

dos auxílios previdenciários. A modificação legislativa implica em se verificar se

o fato gerador do auxílio-acidente ocorreu antes ou depois da modificação da

lei previdenciária, ou seja, se a moléstia ou lesão incapacitante que

fundamentou a concessão do auxílio-acidente reporta-se, ou não, ao momento

aquisitivo anterior. Em observância ao princípio tempus regit actum, a nova

legislação não tem efeito retroativo, sendo viável a cumulação quando o fato

gerador do benefício, acidente de trabalho, teve início antes da vedação legal.

O Egrégio Superior Tribunal de Justiça tem se posicionado acerca

da aplicação da vedação de cumulatividade trazida pela Medida Provisória

1.596-14/1997, convertida na Lei nº 9.528/1997, que teria o segurado uma vez

acidentado antes da inovação legal de 1997, seu direito ao recebimento do

benefício na modalidade vitalícia.

Para o Tribunal Superior, com a edição da Lei 9.528/97, o benefício

acidentário passou a ser inacumulável com o benefício da aposentadoria.

Entretanto, será acumulável quando se confirmar que a moléstia

ocorreu antes do advento da lei que vedou a cumulação é possível perceber,

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conjuntamente, com a aposentadoria, pois o segurado era portador da moléstia

em data anterior à edição da Lei 9.528/1997, em respeito ao princípio tempus

regit actum:

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. PERDA AUDITIVA. CUMULAÇÃO DE APOSENTADORIA E AUXÍLIO-ACIDENTE. MOLÉSTIA CONSOLIDADA ANTES DA NORMA PROIBITIVA. POSSIBILIDADE. TERMO INICIAL. AUSÊNCIA DE REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. LAUDO PERICIAL.1. Embora o laudo pericial que diagnosticou a moléstia tenha sido produzido quando já vigorava a Lei nº 9.528/97, o fato gerador do benefício teve origem antes da referida norma, conforme concluiu o acórdão recorrido, sendo possível a cumulação dos benefícios de aposentadoria e auxílio-acidente. 2. O termo a quo do auxílio-acidente é a data da juntada do laudo pericial em Juízo, não havendo, nos autos, postulação em âmbito administrativo, nem a concessão de auxílio-doença.3. Embargos de divergência acolhidos para, cassando o acórdão embargado, dar parcial provimento ao recurso especial, tão-somente para determinar a data da apresentação do laudo pericial em Juízo como termo inicial do benefício.26 (grifo nosso)

RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. AÇÃO ACIDENTÁRIA. APOSENTADORIA E AUXÍLIO-ACIDENTE. CUMULAÇÃO. DEFINIÇÃO DA LEI APLICÁVEL. DATA DO ACIDENTE. 1. Na concessão do benefício previdenciário, a lei a ser observada é a vigente ao tempo do fato que lhe determinou a incidência, da qual decorreu a sua juridicização e conseqüente produção do direito subjetivo à percepção do benefício. Precedentes da 3ª Seção. 2. Para se decidir a possibilidade de cumulação do auxílio-acidente com a aposentadoria, em face do advento da Lei 9.528/97, deve-se levar em consideração a lei vigente ao tempo do acidente causa da incapacidade para o trabalho, incidindo, como incide, nas hipóteses de doença profissional ou do trabalho, a norma inserta no artigo 23 da Lei 8.213/91. 3. Em havendo o acórdão recorrido reconhecido que o tempo do acidente causa da incapacidade para o trabalho é anterior à vigência da Lei nº 9.528/97, é de se reconhecer a possibilidade da cumulação do auxílio-acidente com a aposentadoria, incidindo a Lei nº 8.213/91, na sua redação original, por força do princípio tempus regit actum. 4. Incidência analógica da Súmula nº 359 do STF e orientação adotada pela 3ª Seção nas hipóteses de pensão por morte devida a menor designado, antes do advento da Lei 9.032/95. (Resp 373.890/SP, REL. MIN. JOSÉ ARNALDO DA FONSECA, in DJ 24/6/2002).2. Recurso provido.27 (grifo nosso)

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO E AUXÍLIO-ACIDENTE. CUMULAÇÃO. 1. Diante do disposto na Lei nº 9.528/97, a verificação da possibilidade de cumulação do auxílio-acidente com aposentadoria tem de levar em conta a lei

26 ERESP 351291, Relª. Ministra LAURITA VAZ, DJ 11.10.2004. 27 RESP 648752, Rel. Ministro HAMILTON CARVALHIDO, DJ 13.12.2004.

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vigente ao tempo do infortúnio que ocasionou a incapacidade laborativa. 2. Não mencionando o acórdão impugnado que a incapacidade tivesse ocorrido em data anterior, não há como reconhecer o direito à pleiteada cumulação. 3. Recurso especial não conhecido.28 (grifo nosso)

PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. ACIDENTE DO TRABALHO. AUXÍLIO-SUPLEMENTAR. CUMULAÇÃO COM APOSENTADORIA. POSSIBILIDADE. PRECEDENTES DO STJ. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. O presente agravo regimental do INSS objetiva a reconsideração da decisão que afirmou ser possível a cumulação do auxílio-suplementar/acidente com aposentadoria. 2. Conforme asseverado na decisão ora agravada, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça se firmou no sentido de que o auxílio-suplementar, previsto na Lei 6.367/76, foi incorporado pelo auxílio-acidente, após o advento da Lei 8.213/91. Tendo a aposentadoria sobrevindo em data anterior à Lei 9.528/97, que vedou a possibilidade de cumulação dos benefícios, a regra proibitiva não a alcança, em respeito ao princípio do tempus regit actum. 3. Muito embora o Tribunal a quo não tenha reconhecido o direito pleiteado, a jurisprudência do STJ é assente no sentido da possibilidade de cumulação de auxílio-suplementar, previsto na Lei nº 6.367/1976, com a aposentadoria por tempo de contribuição, desde que a lesão incapacitante seja anterior à Lei n. 9.528/1997, como no caso. 4. Agravo regimental a que se nega provimento.29 (grifo nosso).

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-SUPLEMENTAR E APOSENTADORIA CONCEDIDA SOB A ÉGIDE DA LEI N. 9.528/1997. CUMULAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE (PRECEDENTES). 1. Conforme precedentes do Superior Tribunal de Justiça, é possível a cumulação do auxílio-suplementar e da aposentadoria, desde que a implementação desta ocorra na vigência da Lei n. 8.213/1991 e antes das alterações promovidas pela Lei n. 9.528/1997. 2. Agravo regimental improvido. 30( grifo nosso).

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-SUPLEMENTAR TRANSFORMADO EM AUXÍLIO-ACIDENTE. APLICAÇÃO DA LEI MAIS BENÉFICA. LEI N. 9.032/1995. INCIDÊNCIA IMEDIATA. RELAÇÃO JURÍDICA CONTINUATIVA. OFENSA AO ATO JURÍDICO PERFEITO E AO DIREITO ADQUIRIDO. NÃO OCORRÊNCIA. CUMULAÇÃO DE AUXÍLIO-ACIDENTE COM APOSENTADORIA. FATO GERADOR ANTERIOR À LEI N. 9.528/1997. POSSIBILIDADE.1. (...) 2. Demonstrado nos autos que o acidente causador da incapacidade é anterior à alteração introduzida pela Lei n. 9.528/1997, impõe-se reconhecer como devida a percepção cumulativa do benefício acidentário com a aposentadoria. 3. Agravo regimental improvido.31(grifo nosso).

28 RESP 471334, Rel.Ministro PAULO GALLOTTI, DJ 27.09.2004. 29 AgRg no AREsp 116.980/SP, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, DJe 08/05/2012. 30 AgRg no AgRg no REsp 1.100.856/SP, Sexta Turma, Relator Ministro Sebastião Reis Júnior, DJe 14/11/2011 31 AgRg no Ag 1.410.879/SC, Quinta Turma, Relator Ministro Jorge Mussi, DJe 2/9/2011.

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AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIOACIDENTE. APOSENTADORIA. CUMULAÇÃO APÓS O ADVENTO DA LEI Nº 9.528/97. POSSIBILIDADE. MOLÉSTIA ADQUIRIDA ANTES DA VEDAÇÃO LEGAL. A Medida Provisória nº 1.596 - 14, de 10 de novembro de 1997, convertida na Lei nº 9528/97, alterou o § 2º do artigo 86 da Lei nº 8.213/91, vedando a cumulação entre auxílio-acidente com qualquer tipo de aposentadoria. Se o julgador deixou explicitado que a eclosão da doença profissional se deu em momento anterior à vedação legal, deve prevalecer o princípio tempus regit actum, sendo possível a cumulação dos benefícios, auxílio-acidente com aposentadoria. Agravo regimental a que se nega provimento.32(grifo nosso).

PREVIDENCIÁRIO. VIOLAÇÃO AO ART. 6º DA LICC. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. AUXÍLIO-ACIDENTE. CUMULAÇÃO. SEGURADO APOSENTADO. MOLÉSTIA DESENVOLVIDA EM DATA ANTERIOR À EDIÇÃO DA LEI Nº 9.528/97. POSSIBILIDADE. ENTENDIMENTO PACIFICADO POR ESTA CORTE. BIS IN IDEM. NÃOOCORRÊNCIA. RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO. 1. (...). 2. É possível a cumulação do benefício previdenciário da aposentadoria com o auxílio-acidente, desde que, além da comprovação do nexo causal entre a doença profissional e o labor exercido pelo segurado, a moléstia tenha se desenvolvido em momento anterior à edição da Lei nº 9.528/97. 3. (...). Recurso especial a que se nega provimento.33 (grifo nosso).

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. AUXÍLIO-ACIDENTE E APOSENTADORIA. CUMULAÇÃO. MOLÉSTIA SURGIDA ANTES DA LEI 9.528/97. POSSIBILIDADE. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. FIXAÇÃO. FUNDAMENTO NÃO IMPUGNADO NO RECURSO ESPECIAL. PRECLUSÃO. AGRAVO IMPROVIDO. 1. Conforme entendimento pacificado na Terceira Seção deste Tribunal, é cabível a cumulação do auxílio-acidente com aposentadoria, caso a moléstia tenha surgido em data anterior à edição da Lei 9.528/97, ainda que o laudo pericial tenha sido produzido em momento posterior. 2. (...). Agravo regimental improvido.34 (grifo nosso).

Devido à questão ser polêmica, a Advocacia Geral da União editou a

Súmula nº 44, de 14 de setembro de 2009, in verbis:

Para a acumulação do auxílio-acidente com proventos de aposentadoria, a lesão incapacitante e a concessão da aposentadoria devem ser anteriores as alterações inseridas no

32 AgRg no REsp 754863 / SP. Rel. Min. CARLOS FERNANDO MATHIAS. Sexta Turma. DJe 26/05/2008 33 REsp 414079 / RS. Rel. Minª. MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA. Sexta Turma. DJ 26/03/2007 p. 295 34 AgRg no REsp 599396 / SP. Rel. Min. ARNALDO ESTEVES LIMA. Quinta Turma. DJ 26/02/2007 p. 632

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art. 86 § 2º, da Lei 8.213/91, pela Medida Provisória nº 1.596-14, convertida na Lei nº 9.528.35 (grifo nosso)

Porém o STJ, em algumas decisões, admite o mero sinistro, ainda

que as sequelas sejam posteriores à lei.

Outrossim, há exceção da cumulatividade do auxílio-acidente com a

Aposentadoria por Invalidez decorrente do mesmo fato superveniente, tendo

em vista que o fato gerador dos benefícios é o mesmo, não havendo previsão

de fonte de custeio para ambos. Assim, o auxílio-acidente será convertido em

aposentadoria por invalidez, incluindo o seu valor no período básico de cálculo

para apuração do salário de benefício.

É o que dispõe o artigo 31 e 34, inciso II, da Lei nº 8.213, com as

alterações da Lei nº 9.528/97:

Art. 31. O valor mensal do auxílio-acidente integra o salário-de-contribuição, para fins de cálculo do salário-de-benefício de qualquer aposentadoria, observado, no que couber, o disposto no art. 29 e no art. 86, § 5º. (...) (grifo nosso) Art. 34.No cálculo do valor da renda mensal do benefício, inclusive o decorrente de acidente do trabalho, serão computados: I - para o segurado empregado e trabalhador avulso, os salários-de-contribuição referentes aos meses de contribuições devidas, ainda que não recolhidas pela empresa, sem prejuízo da respectiva cobrança e da aplicação das penalidades cabíveis II - para o segurado empregado, o trabalhador avulso e o segurado especial, o valor mensal do auxílio-acidente, considerado como salário-de-contribuição para fins de concessão de qualquer aposentadoria, nos termos do art. 31; III - para os demais segurados, os salários-de-contribuição referentes aos meses de contribuições efetivamente recolhidas.

A alteração, portanto, é significativa porque, como sempre acontece

em matéria previdenciária, atingiu segurados que já recebiam a cobertura

previdenciária de auxílio-acidente antes da Lei nº 9.528/97.

Ademais, seguindo o disposto no artigo supracitado, a vedação da

cumulação do auxílio-acidente com aposentadoria, se dá através do fato de

que o primeiro foi computado como salário-de-contribuição para apurar a RMI

da aposentadoria. Com isso, o referido benefício (auxílio-acidente) já estará

incorporado na renda auferida pelo segurado a título de aposentadoria. Caso

viesse a receber o auxílio-acidente cumulado com a aposentadoria, poderia

35 SÚMULA Nº 44, DE 14 DE SETEMBRO DE 2009 Alterada pela SUM-65/2012 (AGU) DOU I 6.7.2012.

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ocorrer uma espécie de bis in idem, expressamente vedado pela legislação.

Pois o ser valor já foi computado na RMI não há que se falar em recebimento

cumulativo, haja vista o acréscimo alcançado na aposentadoria foi devido o

computo do benefício acidentário.

De igual modo o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, tem se

posicionado acerca do tema em debate, vejamos:

DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE RESTABELECIMENTO DE BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-ACIDENTE. CUMULAÇÃO COM APOSENTADORIA. ACIDENTE OCORRIDO ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI Nº. 9.528/97. POSSIBILIDADE. O colendo Superior Tribunal de Justiça, consagrou o entendimento segundo o qual, o benefício acidentário, se está fundamentado em fato ocorrido anteriormente à Lei nº 9.528/1997, que deu nova redação ao artigo 86 da Lei nº 8.213/91, pode ser cumulado com a aposentadoria, em respeito ao princípio tempus regit actum. REMESSA E APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDAS, MAS DESPROVIDAS.36(grifo nosso)

“APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO ACIDENTÁRIA INSS. AUXÍLIO DOENÇA. APOSENTADORIA. CUMULAÇÃO. POSSIBILIDADE. CUSTAS PROCESSUAIS. DEMANDA EM QUE É PARTE O INSS. ISENÇÃO DE PREPARO RECURSAL. HONORÁRIOS. (…). 3. Desde que a moléstia tenha eclodido antes da entrada em vigor da Lei nº. 9.528/97, restando comprovado o nexo de causalidade entre a doença e a atividade exercida pela beneficiária, é possível a cumulação do benefício de aposentadoria e auxílio acidente. Precedentes no STJ. 3. Nas ações previdenciárias os honorários advocatícios incidem sobre as parcelas vencidas até a data da prolação da sentença, conforme a Súmula 111, do STJ. RECURSO CONHECIDO, MAS DESPROVIDO.” 37 (grifo nosso)

“DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO E APELAÇÃO CÍVEL. AUXÍLIO ACIDENTE. APOSENTADORIA. CUMULAÇÃO. POSSIBILIDADE. FATOS GERADORES DIFERENTES. I - É possível a cumulação do benefício de aposentadoria com o auxílio-acidente, desde que a moléstia tenha eclodido antes do advento da Lei n.º 9.528/97, que esteja comprovado o nexo de causalidade entre a doença e a atividade exercida pelo beneficiário e, ainda, que os benefícios tenham fatos geradores distintos, que é o caso dos autos.Precedentes do STJ. II - (...).REMESSA NECESSÁRIA E APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDAS E PARCIALMENTE PROVIDAS.38 ( grifo nosso).

36 TJGO, DUPLO GRAU DE JURISDICAO 209578-02.2008.8.09.0000, Rel. DES. JOAO WALDECK FELIX DE SOUSA, 2A CAMARA CIVEL, julgado em 15/05/2012, DJe 1079 de 12/06/2012 37 TJGO, AC 351173-30.2008.8.09.0051, Rel. Des. NORIVAL SANTOMÉ, 6ª CC, DJe 856 de 08/07/2011 38 TJGO, DGJ 318162-32.2009.8.09.0000, Rel. Dr. FRANCISCO VILDON JOSÉ VALENTE, 5ª CC, DJe 748 de 28/01/2011

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4.2 Auxílio-acidente cumulado com Aposentadoria

Outro aspecto relevante é a possibilidade de se obter a concessão do

benefício acidentário posterior a edição da Lei 9.258-1997, com base no fato

gerador do benefício, acidente de qualquer natureza, ter ocorrido antes de

começar sua vigência.

O Superior Tribunal de Justiça já se posicionou, como já foi citado,

sobre o direito do segurado, acidentado antes da inovação legal de 1997, de

receber o auxílio-acidente na modalidade vitalícia. “É possível a cumulação do

benefício de auxílio-acidente com aposentadoria previdenciária, se esta foi

concedida antes da Lei 9.258/1997, por aplicação do princípio ‘tempus regit

actum’.”(REsp Nº 1.296.673 - MG (2011/0291392-0)

O evento deflagrador do direito ao auxílio-acidente não é somente o

acidente, mas também a sequela redutora, que não é necessariamente

existente no momento do sinistro. (IBRAHIM, F. 2012)

Os posicionamentos são bastantes controversos, pois imagine a

situação do segurado que sofreu acidente em dezembro de 1997, permaneceu

por mais de 02 (dois) anos de auxílio-doença por acidente do trabalho, o INSS

não o aposentou, optando por considerá-lo apto para desempenhar atividade

laborativa. Este segurado, indignado buscou exaurir a via administrativa em

todos os pedidos possíveis (prorrogação, reconsideração e recurso).

Passado quase dois anos a espera do seu julgamento este segurado

tem o pedido negado. Assim, resolve ingressar em Juízo para obter a tutela

jurisdicional, que de fato acontece, tendo o deferimento do seu pedido de

auxílio-doença por acidente trabalho, no qual o perito judicial reconheceu a

incapacidade laborativa do segurado.

Como e quando este segurado requererá seu beneficio acidentário?

Neste caso, as seqüelas não foram constatadas devido à ineficiência

do agente público que entendeu por bem considerar apto o segurado que

apresenta incapacidade laborativa.

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Por isso, é necessário muita cautela ao analisar os casos práticos que

tem chegado ao judiciário, pois muitas das vezes o segurado não teve o

benéfico concedido de forma espontânea do INSS, que na verdade não

concede o auxílio-acidente imediatamente da cessação do auxílio-doença,

quando está claro as seqüelas do acidentes. Tal ‘esquecimento’ tem se

mostrado uma esperteza do agente público, para evitar que o segurado receba

de forma imediata, e conforme o artigo os benefício será pago a partir da data

do seu requerimento administrativo Logo o segurado tem que fazer o

requerimento para tê-lo apreciado.

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5. A previsão futura do Auxílio-Acidente

O auxílio-acidente é um benefício de natureza indenizatória, visa

indenizar o segurado pelas seqüelas, causadas pelo acidente, apresentadas

após reabilitação do mesmo ao mercado de trabalho, ou seja, o segurado após

descartado sua invalidez e recuperado da saúde, poderá retornar às atividades

profissionais mesmo que apresente seqüelas redutoras de sua capacidade.

Essas seqüelas devem ser irreversíveis e permanentes.

Em uma análise mais crítica acerca do auxílio-acidente podemos

levantar alguns pontos questionáveis sobre sua permanência no rol de

benefícios mantidos pelo INSS, e também, sua mantença durante a vida útil,

profissional do segurado, como ainda, sua cumulatividade com a

aposentadoria.

A simples existência do auxílio-acidente retrata uma triste realidade no

Brasil sobre as condições de trabalho que muitas empresas submetem seus

funcionários, pois quando ocorre o acidente de trabalho, pode-se concluir que

alguma norma técnica de segurança não foi observada. Neste caso, tem-se o

benefício cuja causa foi acidente de trabalho e não de qualquer natureza. Por

isso, questiona-se se a legislação atual sobre o tema realmente visa à

indenização do segurado acidentado, haja vista que o maior prejudicado é o

próprio.

Os argumentos que sustentaram a vedação da permanência da

cumulatividade do auxílio-acidente com as aposentadorias não respondem a

questão por completo, pois o segurado que hoje está recebendo o auxílio-

acidente e, quando se aposentar não poderá mais contar com este benefício,

não receberá o ganho equivalente à sua remuneração antes da aposentadoria.

Sobre este segurado imputam as pesadas penas, pois apresentará

lesão permanente e ainda, redução dos seus ganhos financeiros quando de

sua aposentadoria. Neste caso, apresenta-se em favor do segurado uma

espécie “sui generis de bis in idem”, pois será penalizado por duas vezes.

A causa do acidente poderia ser evitada se houvesse mais fiscalização,

se houvesse o cumprimento das normas de segurança por parte da empresas

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e que fornecesse ao empregado um material adequado à preservação da

condição física do mesmo.

É certo que com o avanço da sociedade e aprimoramento da qualidade

de vida tende a fazer com que mais pessoas se aposentem e

consequentemente vivam por mais tempo. Logo, o número de segurados

aposentados poderá superar os segurados da ativa.

Entretanto, não é coerente vetar a cumulação do benefício acidentário

sob esta alegação, sem que possa coibir sua existência. O segurado

acidentado tem sofrido com a redução de sua capacidade, sem mensurar o

dano moral do mesmo em relação a conviver com a sequela que o limita às

atividades habituais.

É papel do INSS, como também do Ministério do Trabalho fiscalizar as

condições de trabalho das empresas e cobrar que atendam às normas de

segurança de trabalho.

Deve-se prevenir ao máximo aos acidentes de trabalhos ou de

qualquer natureza, pois, assim se vier a ocorrer o segurado tem um respaldo

enquanto perdurar à lesão/seqüelas.

Outrossim, diante das grandes mudanças legislativas, que em muitos

casos tratando-se de matéria previdenciária, não satisfazem muito o segurado,

a tendência é que o auxílio-acidente seja ainda restrito podendo, inclusive, ter

estabelecido um tempo de duração, sob a ótica de adequação ao meio de

trabalho. O segurado que sofre o acidente e apresenta seqüelas permanentes,

tende a se reabilitar superando a limitação causada pelo acidente, logo não há

motivo para que este permanece recebendo um benefício que dependendo dos

casos poder durar mais de 30 (trinta) a (trinta e cinco) anos, (caso o segurado

sofra uma acidente no início da idade adulta e comece recebê-lo até sua

aposentadoria)

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CONCLUSÃO

Discorremos nesta tese sobre as inovações trazidas pela Lei nº

9.258/1997 ao auxílio-acidente, como vimos benefício de caráter indenizatório

e que visa recompensar financeiramente o segurado que após a consolidação

das seqüelas advindas do acidente sofrido, terá diminuído suas capacidade

laborativa.

A discussão sobre a possibilidade de acumular o benefício

acidentário com aposentadoria nos fez chegar à conclusão de que mesmo o

legislador ter previsto que a vedação da cumulação e ato contínuo ter permitido

a computação do valor do auxílio-acidente como salário de contribuição para

efeito de se apurar a RMI da aposentadoria ou pensão por morte, não atende

as necessidades do segurado que sofrera acidente e se deparou, de uma hora

para outra, com uma limitação permanente que pode limitar suas funções e,

repercutirá principalmente, quando este estiver na terceira idade, já aposentado

com o corpo cansado, senil.

A vedação da cumulatividade do benefício pode ter atendido o

equilíbrio atuarial e a previsão orçamentária, mas, de longe, deixou de atender

o segurado que sofrerá a perda duplamente (condição física x condição

financeira).

Assim, é necessário que o Governo fiscalize e se empenhe mais em

evitar que o trabalhador (segurado) seja explorado por seus empregadores, a

fim de que preserve ao máximo a condição física do empregado evitando a

ocorrência de sinistros.

Não concordamos com a idéia de que para se evitar um mal maior,

neste caso, o colapso orçamentário da previdência social, deve-se causar

males menores, ou seja, dificultar o acesso à determinados benefícios, como

restringir o número de agentes nocivos à saúde no caso de aposentadoria

especial; diminuir a duração do benefício ou até mesmo sua vitaliciedade.

Esta vedação deve observar alguns critérios para se evitar absurdos,

deve considerar a data do acidente e não só da efetivação das seqüelas, para

não prejudicar o segurado que sofrera acidente antes de dezembro de 1997 e

recebeu auxílio-doença por acidente de trabalho por mais de 02 (dois) anos e

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só depois da cessação deste é que teve a constatação das seqüelas redutoras

de sua capacidade.

Concluímos, portanto, que as alterações das legislações que tratam

do auxílio-acidente optaram por priorizar o bem coletivo em detrimento do bem

privado, porém neste caso o bem privado se trata de pessoa humana com

garantias constitucionais. Essas garantias devem sim, serem preservadas para

não causar empecilhos ao exercício da dignidade da pessoa humana.

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