avaliação aspectos cognitivos autista

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----------------------- Page 1----------------------LLIA MASE DE JORGE AVALIAO COGNITIVA DE INDIVDUOS AUTISTAS: INTELIGNCIA, ATENO E PERCEPO ITATIBA 2010 ----------------------- Page 2----------------------i LLIA MASE DE JORGE AVALIAO COGNITIVA DE INDIVDUOS AUTISTAS: INTELIGNCIA, ATENO E PERCEPO Tese Sensu da Universidade So Francisco para obteno do ttulo de Doutora em Psicologia. ORIENTADORA: PROFA. DRA. Accia Aparecida Angeli dos Santos ITATIBA 2010 ----------------------- Page 3----------------------ii 155.454 J71a Jorge, Llia Mase de. Avaliao cognitiva de indivduos autistas: inteligncia, ateno e percepo / Llia Mase de Jorge. -- Itatiba, 2010. 230 p. Tese (doutorado) Programa de Ps-Graduao Stricto Sensu em Psicologia da Universidade So Francisco. Orientao de: Accia Aparecida Angeli dos Santos. 1. Autismo. 2. Avaliao cognitiva. 3. Avaliao psicolgica. 4. Funcionamento cognitivo. I. Santos, Accia Aparecida Angeli dos. II. Ttulo. Ficha catalogrfica elaborada pelas bibliotecrias do Setor de Processamento Tcnico da Universidade So Francisco. ----------------------- Page 4----------------------iii ----------------------- Page 5----------------------apresentada ao Programa de Ps-Graduao Strictoiv DEDICATRIA Dedico este trabalho a algumas pessoas que fizeram e fazem parte da minha form ao de maneira to especial, que eu no poderia deixar de lhes oferecer este produto, cons iderado hoje o mais importante para mim. Aos meus queridos pais (in memorian), ofereo o que eu sei que seria um orgulho pa ra eles, caso estivessem ainda aqui comigo. O sacrifcio do investimento que vocs fizeram e o cuidado que tiveram com a minha educao esto impressos, como forma de agradecimento, em cada letra deste trabalho. minha querida professora e amiga Dra. Maria Jlia Ferreira Xavier Ribeiro, ofereo m ais esta produo, que continua sendo o reflexo daquilo que voc fez por mim, um dia, e q ue com palavras eu at tento, mas no consigo agradecer. Ao professor Dr. Norberto Rodrigues (in memorian), grande incentivador do meu t rabalho e responsvel por boa parte do meu conhecimento. Onde quer que voc esteja, saiba que tudo o que voc me ensinou est sendo aplicado com cada criana que se coloca sob meu s cuidados. ----------------------- Page 6----------------------v AGRADECIMENTOS Cinco anos de engajamento com um projeto que se transformou em tese de doutorado no poderiam resultar em uma Foram tantas as pessoas lista pequena de agradecimentos.envolvidas para a efetivao desta pesquisa que possvel v-la como um quebra-cabeas, cujas peas foram colocadas ais, a fim de que o todo fizesse sentido. eu gostaria que se O gradativamente que por essas existe em pessoas meu especi coraoagradecimentotransformasse em bnos para cada um desses parceiros que se dispuseram a me ajudar n a concretizao deste sonho. Professora Dra. Accia Santos, minha orientadora, eu quero que receba acima de tud o aminha gratido eterna. Talvez a senhora no saiba o que significou para mim a sua aj uda, o seu incentivo e a sua aposta na minha capacidade para completar este trabalho. No fosse a sua determinao, r esta tarefa. seu amparo e dedicao, eu no teria conseguido cumpriForam muitos os percalos, mas a senhora no me deixou esmorecer e me deu diretrizes corretas para a mudana de planos e para a adequao do trabalho quilo que seria possvel fazer. Desde bre autismo, o incio aceitou a mesmo no minha proposta de investigar sosendo esta a sua rea de pesquisa. Sempre atenta, enviava-me os artigos recentes s obre o assunto e colocava-me a par finalizao do trabalho, dedicou seu tempo de rientar-me naquilo que necessrio fazer. Tenho alho e reverencio sua frias era muito de para orgulho questes me da referentes sua ao tema. casa neste e Na o trabreceber em suaparceriacompetncia profissional. Muito obrigada! Dra. Luciana Glazier, minha amiga do hemisfrio norte, pessoa diferenciada e ilumi nada. Quero agradecer por tudo o que voc fez por mim, desde a escuta s minhas questes, o oferecimento de ideias, de at os incentivos, o informaes e de pesquisa de dados,----------------------- Page 7----------------------vi acolhimento das reclamaes, o compartilhamento de decepes diante das burocracias que envolvem a execuo de uma pesquisa. Agradeo tambm ao Charles e s babies por me deixarem roubar um pouquinho da sua ateno, em momentos que foram muito importantes para mim. Deus lhes pague! Dra. ra, os Rose Mattos, minha conselhos, as irm de alma, agradeo a amizade sincesugestes sempre pertinentes e maduras ao longo do curso. Agradeo, sobretudo sua aj udaao trmino deste trabalho, oferecendo seu tempo precioso para me ajudar. Voc bem sa be que sem isso eu no conseguiria dar conta de tudo sozinha. Esse seu gesto est regis trado em mim, tanto em forma coisas, quanto em de aprendizado em relao a uma srie deforma de profundo agradecimento. Muita Luz para voc, sempre! Professora Dra. Geraldina e ao Professor Dr. Burity, pelas aulas preciosas minis tradas, que me ajudaram a refletir muito sobre o compromisso que se deve ter com a cincia . A todos os professores Universidade So do Curso de Ps-graduao Stricto Sensu daFrancisco, e em especial queles com quem mais tive contato: Prof. Fermino, Profa. Ana Paula, Profa. Alessandra, Profa. Cristina e Prof. Ricardo, agradeo o acolhimento, o carinho e m o aprendizado. me enviar um Ao Prof. texto Makilin, agradeo a boa vontade ereferente ao assunto de minha tese. Ao Dr. Rami Grossmann, estudo, agradeo por ter permitido, autor da escala que utilizei nestede forma to gentil, a traduo e o uso de seu instrumento na pesquisa.Ao Centro de Pesquisa Bibliogrfica da UNITAU, pela dedicao imensa no cumprimento dos pedidos, tantos artigos pela boa vontade solicitados, e pela rapidez na busca deprontamente enviados, com atitude de parceria na tarefa. ----------------------- Page 8----------------------vii toda suaSra. Mara Belloni e com tanto carinho eequipedetraduo,por terem feitotanto profissionalismo as tradues das escalas e de todos os outros materiais solic itados. Ao meu querido Prof. Johel Abdallah, pela disponibilidade em me ajudar com as re vises gramticais, mas principalmente por fazer isso de maneira descontrada, alegre, inte ligente e criativa.Aos meus irmos queridos, Clia, Rosa, Marilene, Paulo, Carminha e Jorginho, pelo ap oio constante e pela ajuda nos momentos difceis. Ao meu querido cunhado Romualdo, sem pre disposto a ajudar-me, com sobrinho Rodrigo, pela ajuda na confeco dos grficos. s minhas queridas Melzinha e Katita, que estiveram sempre presentes, de uma forma ou de outra, nos momentos de introspeco e de reflexo sobre o trabalho. s minhas que fizeram dedicadas todo o funcionrias Severina, Conceio e Isabel, suporte tcnico, e ao meu afilhado epossvel para minimizar meus encargos, deixando-me mais livre para completar o tra balho. Agradeo muito esse carinho, essa considerao, a torcida e a parceria. sempre dedicao amiga e irm imensa em vezes, Slvio de alma artigos e Ana livros Maria Toledo Piza, pela no Brasconseguir, tantas il. Agradeo aono encontradostambm por isso. Vocs so muito especiais para mim. querida afilhada Patrcia, pela ajuda inestimvel no final do trabalho, quando o tem po j parecia no suficiente para o que faltava fazer. querida Nanci e Beatriz, agradeo a ajuda prestada na coleta de dados. ----------------------- Page 9----------------------viii psicloga Slvia, pela amizade e pela disponibilidade em conseguir artigos referente s ao tema, a fim de enriquecer meu trabalho. Aos pais de todas as como agradecer a boa vontade ipassem crianas em e jovens permitir participantes. que seus No tenhoque vocs tiveram desta pesquisa.filhos particEncontrei em todos um desejo sincero de que este trabalho pudesse beneficiar out ras tantas crianas, que assim como seus filhos, precisam de ajuda e orientao na trajetria de su asaprendizagens. A luta so para pessoasdevocsnofcil,masmissesdesseporteespeciais, diferenciadas, que conseguem amar at o infinito. s profissionais nane, Marcela Llia, e Valria, Rosana, Adlia, Nanci, Cludia, DejeTerezinha, pela ajuda na busca de crianas que pudessem participar da amostra da p esquisa. s instituies Paids, GAIA, SINAPSE, APAE de So Sebastio, APAE de Maria da F, APADEA, Acalento, por que esto sob seus terem permitido que eu avaliasse crianascuidados. Agradeo tambm o acolhimento to carinhoso e aproveito para registrar minha admirao pelo trabalho que vocs oferecem a essas crianas. s psiclogas dos participantes, por se disporem a colaborar, de forma to gentil, com as questes referentes escala. s secretrias da Universidade trato, o sorriso So Francisco, agradeo a gentileza noestampado no rosto, sempre, e a educao com a qual vocs sempre me atenderam. Aos colegas do curso: abin, Silvana, Adriana, Jos, Wilma, Ana Francisca, Ronei, FCludia, Gleiber, Rossana e Renata, agradeo o convvio, as aprendizagens, a amizade e a fora. Especificamente, agradeo ao amigo Jos Montiel o envio de materiais que muito me ajudaram na elaborao do texto. ----------------------- Page 10----------------------ix agradeo ao saber - aEm especial, ito do meumeupequenoYago-aquemdedicomuparticipao no s nesta pesquisa quanto em minha vida, ciente que sou de que voc tenta compreender meu investimento oferecendo-me a alegria de v-lo desenvolver-se bem, cada vez mais. Isso o maior incentivo para a busca constante de conhecimento. A seus pais, todo o meu respeito, minha admirao e minha parceria.Ao Dr. Francisco Assumpo, por ter me recebido gentilmente em seu espao de trabalho e ter me fornecido ideias para o incio do projeto. Ao Adriano, por ter feito com tanto carinho a edio das filmagens efetuadas na pesq uisa; e ao Flvio, por ter tambm se dedicado a fazer as adaptaes e as impresses grficas num dos testes utilizados. Sra. Susan Dunn Weinberg e ao Dr. Rudmar Riesgo, por me ajudarem a compreender o s caminhos que nem sempre so os mais fceis em pesquisa, e principalmente aqueles que no devem ser seguidos. ----------------------- Page 11----------------------x RESUMO Jorge, L. M. de. (2010). Avaliao Cognitiva de Indivduos Autistas: Inteligncia, ateno e percepo. Programa de Ps-graduao Stricto Sensu em Psicologia, Universi dade So Francisco, Itatiba, So Paulo, 230 p. Esta pesquisa teve como objetivo investigar o funcionamento cognitivo de indivduo s que apresentam Transtornos do Espectro do Autismo, em tarefas que avaliam ateno visual seletiva e alternada, em habilidade perceptomotora de cpia de f ormas, e em teste de inteligncia no-verbal que requer estratgias de raciocnio lgico e resoluo de problemas. Para tanto, contou com 28 participantes com id ades entre 5 e 26 anos (Mdia=11,62 e DP=5,68), sendo 25 do sexo masculino, proven ientes de consultrios particulares ou instituies especializadas, caracterizando a amostra como sendo clni ca. Os instrumentos utilizados foram a Pervasive Development Disord er Assessment Scale Screening Questionnary (PDDAS-SQ), para obteno dos graus de comprometimento autstico dos avaliados; o Teste de Inteligncia No-Verbal - tercei ra edio (TONI-3 Forma A); o Teste de Bender, corrigido pelo Sistema de Pontuao Gradual (B-SPG); um Teste de Ateno por Cancelamento (TAC); e os Testes Motor e de Percepo, usados como screenings no Bender-Gestalt II. A aplicao seguiu a proposta de adaptar instrumentos, instrues e ambiente s necessidades dos particip antes, adotando osprincpios de avaliao assistida, com mediaes verbais e gestuais . O tratamento estatstico foi feito com testes no-paramtricos, em funo no nmero de participantes e da heterogeneidade da amostra. Os resultados apontaram o grau moderado de comprometimento autstico como o mais frequente no grupo avaliado. Evidncias de validade convergente-discriminante para a escala PDDAS-SQ mostraram correlao negativa e significativa com o TAC em seletividade simples e a lternncia, mas no com seletividade envolvendo velocidade de processamento; a correlao com o B-SPG e com o TONI-3 foi fraca e no significativa, evidenciando que capacid ade perceptomotora e inteligncia no esto relacionadas aos graus de comprometimento autstico. Alis, as performances no B-SPG foram comprometidas de um modo geral, nes ta amostra, sendo este um dado importante para o planejamento interventivo. Correlaes entre o TAC, o BSPG e a pontuao total do TONI-3 foram significativas, exce to com a prova de seletividade simples envolvendo velocidade de processamento, demonstrando que o fator tempo interferiu no desempenho dos participantes. Os valores de QI do TONI-3, es timados a partir da norma americana, variaram de 62 a 129 (Mdia=89, 89 e DP=19,14). A correlao desses valores com a idade foi negativa (rho=-0,52; p =0,005), sugerindo que os QIs mais altos esto concentrados nas idades mais baixas. Esse dado tem implicaes ta nto clnicas quanto educacionais e merecem reflexo. Palavras-chave: autismo; funcionamento cognitivo; avaliao psicolgica. ----------------------- Page 12----------------------xi ABSTRACT Jorge, L. M. de. (2010). Cognitive Assessment Individuals: Intelligence, Attention and Perception. Doctorate Degree to Sensu in Psychology, Universidade So Francisco, Itatiba, So Paulo, 230 p. of Autistic Program StricThis study seeks to investigate the cognitive functioning of in dividuals who suffer from Autistic Spectrum Disorders in tasks that evaluate selective and alternating vis ual attention, in perceptual motor ability to copy designs, and in non-verbal intelligence test s that require logical reasoning strategies and problem solving. There were 28 participants age d between 5 and 26 years (Average=11.62 and SD=5.68), with 25 males, all from private clinics or specialized institutions, characterizing the sample as clinical. The instruments utilized were the Pervasive Development Disorder Assessment Scale Screening Questionnaire (PDDAS-SQ), to obtain the degree of autistic handicap of the subjects evaluated; the Test of Nonverbal Intelligence third edition (TONI-3 Form A); the Bender Test, correc ted by the Gradual Scoring System (B-SPG); an Attention Cancellation Te st (ACT); and the Motor and Perception Tests, utilized as screenings in Bender-Ges talt II. The application followed the proposal of adapting the instruments, instructions, and environment to the needs of the participants, even adopting the principles of assisted evaluation, with verbal and gesture prompting. The statistical analysis was carried out with non-paramet ric tests, due to the number of participants and to the heterogeneity o f the sample. The results showed that the most frequent degree of autistic hindrance was moderate within the assessed group. Evidences of converging-discriminating validity for the PDDAS-SQ scale showed negative and significative correlation with the ACT in simple selectivity and alternation, but not with selectivity involving processing speed; the correlatio n with the BSPG and the TONI-3 was weak and non-significative, evidencing that the perceptua l motor ability and intelligence are not related to the degree of au tistic handicap. Moreover, the performances in the B-SPG were generally hampered in this sample, which is an im portant data for the intervention planning. Correlations among the ACT, the B-SPG and th e total score of TONI-3 were significative, except for the simple stimulation selectivity task involving processing speed, showing that the time factor had interfered with the participants performance. The TONI-3's IQ values, estimated based on the American standard, varied from 62 to 129 (Average=89.89 and SD=19.14). The correlation of these values with age was negative (rho=-0.52; p =0.005), suggesting tha t the higher IQs are concentrated in the lower ages. This data has both clinical and educational implications, and need some consideration. Key-words: autism; cognitive functioning; psychological assessment. ----------------------- Page 13----------------------xii RESUMENJorge, L. M. de. (2010). Evaluacin Cognitiva de Individuos Autistas: Inteligencia, atencin y percepcin Programa de Postgrado Stricto Sensu en Psicologa, Universidade So Francisco, Itatiba, So Paulo, 230 p. El objetivo de esta investigacin ha sido el estudio del funcion amiento cognitivo de individuos que presentan Trastornos del Espectro del Autismo en tareas evaluador as de la atencin visual selectiva y alternada, en habilidad perceptomotora de copia de for mas y en prueba de inteligencia no verbal que requiere estrategias de r aciocinio y resolucin de problemas. Para tanto, ha contado con 28 participantes con eda des entre 5 y 26 aos (Promedio+11,62 y DP+5,68), siendo 25 del sexo masculino, procedentes de consult orios particulares o instituciones especializadas, caracterizando la muest ra como clnica. Los instrumentos empleados han sido la Pervasive Development Disorder Assessment Sca le Screening Questionnary (PDDAS-SQ), para la obtencin de los grados de comprometimiento autstico de los evaluados; la Prueba de Inteligencia No-Verbal t ercera edicin (TONI-3 Forma A); la Prueba de Bender, corregida por el Sistema de Puntuac in Gradual (B-SPG); una Prueba de Atencin por Cancelacin (TAC); y las Pruebas Motor y de Percepcin, empleados como screenings en la versin estadou nidense del BenderGestalt II. La aplicacin ha seguido la propuesta de adaptacin de instrumentos y am biente a las necesidades de los participantes al adoptar, an, los principios de evaluacin asistida, con mediciones verbales y gestuales. El tratamiento estadstico ha sido hecho con pruebas no paramtricas, en funcin del nmero de participantes y de la heterogeneidad de la muestra. Los resultados han demostrado el grado de comprometimiento autstico como el ms frecuente en el grupo evaluado. Evidencias de validez convergente-discriminant e para la escala PDDAS-SQ han demostrado una correlacin negativa y significativa con el TAC en selectividad simple y alternancia, pero no con selectividad que involucre vel ocidad de procesamiento; la correlacin con el B-SPG y con el TONI-3 ha sido dbil y no significativa, evidenciando que capacidad perceptomotora e inteligen cia no se relacionan con los grados de comprometimiento autstico. Adems, los desempeos en el B-SPG se han comprometido de una forma general, en esta muestra, siendo este un dato impo rtante para el planeamiento interventivo. Correlaciones entre el TAC, el B-SPG y la pun tuacin total del TONI-3 han sido significativas, salvo con la prueba de selectividad simple involucrando velocidad de procesamiento, al demostrar que el factor tiempo ha interferido en el desempeo de los participantes. Los valores e la norma norteamericana, han variado de 62 y DP=19,14). La correlacin de dichos valores con la edad ha sido l sugerir que los CIs ms altos se concentran El citado dato tiene implicaciones tanto clnicas como educacionales yde CI del TONI-3, estimados desd hasta 129 (Promedio=89,89negativa (rho=-0,52; p=0,005), a en las edades ms bajas.merecen reflexin.Palabras-clave: autismo; funcionamiento cognitivo; evaluacin psicolgica. ----------------------- Page 14----------------------xiii SUMRIO LISTA DE FIGURAS ............................................................... ....................................................... xv LISTA DE TABELAS ............................................................... ..................................................... xvi APRESENTAO ....................................................................... ................................................... 19 CAPTULO 1 AUTISMO ............................................................... ............................................... 27 1.1 PANORAMA HISTRICO ..................................................... ..................................................... 27 1.2. TEORIAS PSICOLGICAS COGNITIVAS PARA A EXPLICAO DO AUTISMO .............. .............. 37 1.2.1. Teoria da Mente ouMindblindness ............................. ................................... 39 1.2.2. Teoria da Coerncia Central ................................... .................................................... 42 1.2.3. Teoria das Funes Executivas ................................... ............................................... 44 Masculino 1.2.4. Teoria da Empatia / Sistematizao e Teoria do Crebro Extremamente 471.2.5. Teoria Magnocelular ......................................... ......................................................... 49 1.2.6. Sistema de Neurnios Espelho .................................. ................................................. 51 1.3. CONCLUSO DO CAPTULO.................................................... ................................................ 53 CAPTULO 2 ATENO E PERCEPO .............................................................................. 57 2.1. COMPREENDENDO OS PROCESSOS DE ATENO .................................... ............................... 57 2.2. ESTUDOS SOBRE A ATENO VISUAL EM AUTISTAS ...... ........................ .............................. 62 2.3. COMPREENDENDO OS PROCESSOS PERCEPTUAIS ............................... ................................... 65 2.4. ESTUDOS SOBRE A PERCEPO VISUAL EM AUTISTAS ............................. ............................. 68 2.5. CONCLUSO DO CAPTULO..................................................... ............................................... 73 CAPTULO 3 INTELIGNCIA ........................................................... ........................................ 75 3.1. O HISTRICO DA MEDIDA DA INTELIGNCIA .................................... ..................................... 76 3.2. PSICOLOGIA COGNITIVA E OS ASPECTOS OPERACIONAIS DA INTELIGNCIA......... .................83 3.3. AVALIAO PSICOLGICA E O USO DOS TESTES DE INTELIGNCIA ..................... ................. 88 3.4. AVALIAO DA INTELIGNCIA EM INDIVDUOS AUTISTAS ............................. ...................... 92 ----------------------- Page 15----------------------xiv CONCLUSO DOS CAPTULOS E DEFINIO DOS OBJETIVOS DA PESQUISA ....... 103 MTODO ........................................................................... ............................................................ 107 PARTICIPANTES ............................................................ .............................................................. 107 MATERIAIS ................................................................ ................................................................. 111 PROCEDIMENTO ............................................................. ............................................................ 121 RESULTADOS .................................................................... ......................................................... 137 DISCUSSES ....................................................................... ......................................................... 177 CONSIDERAES FINAIS ............................................................... ......................................... 207REFERNCIAS ...................................................................... ...................................................... 215 ANEXOS ........................................................................ ............................................................... 227 ANEXO A Critrios diagnsticos para o Transtorno Autista......... ............................227 ANEXO B Critrios diagnsticos para o Transtorno de Asperger..... ........................228 ANEXO C Carta de Autorizao..................................... ...........................................229 ANEXO D Termo de Consentimento Livre e Esclarecido........... ..............................230 ----------------------- Page 16----------------------xv LISTA DE FIGURAS Figura 1. Relaes hierrquicas entre estados gerais e seletivos de ateno. ............. ......... 58 Figura 2. Distribuio de frequncias do B-SPG para esta amostra. .................... ............. 158 Figura 3. Distribuio das frequncias da pontuao total no TONI-3. ..................... ....... 166 Figura 4. Frequncia da pontuao dos dados do TONI-3 convertidos em QI de acordo com a norma americana....................................... ...................................167 Figura 5. Classificao dos QIs obtidos no TONI-3 segundo normas americanas. ....... ... 167 ----------------------- Page 17----------------------xvi LISTA DE TABELAS Tabela 1. Autismo e Teoria da Mente ao longo do desenvolvimento. ............... ................... 41 Tabela 2. Resumo do tratamento estatstico dos dados coletados na pesquisa........ ............ 133 Tabela 3. Frequncia dos participantes em cada nvel classificatrio da escala PDDAS-SQ........................... ............................. ................................................. 137 Tabela 4. Converso da pontuao das subescalas em nveis classificatrios .................... 138 Tabela 5. Correlaes entre as classificaes das subescalas do PDDAS-SQ e delas com a classificao geral. .......................................... .......................................... 139 Tabela 6. Frequncias da nova forma de pontuao e da pontuao original do PDDAS-SQ. ....................................................... ................................................. 140 Tabela 7. Correlao das pontuaes parciais de cada subescala com o total geral, nas duas pontuaes. ................................................ ........................................... 141 Tabela 8. Correlaes entre os itens de cada subescala e seus respectivos itens gera is. ..... 143 Tabela 9. Correlao de cada item da subescala Interao Social com seu total parcial e com o total geral da escala. .................................. ............................................ 144 Tabela 10. Correlao de cada item da subescala Fala e Linguagem com seu total parci al e com o total geral da escala. .................................. .......................................... 145 Tabela 11. Correlao de cada item da subescala Jogo Simblico com seu total parcial e com o total geral da escala. .................................. .......................................... 146 Tabela 12. Correlao do item geral da subescala de Comportamento com o total geral da escala. ...................................................... ..................................................... 147 Tabela 13. Correlao entre os pareceres dos profissionais e as classificaes aferidas na escala, segundo as pontuaes original e nova. ................... ......................... 147 Tabela 14. Estatsticas descritivas referentes ao Teste de Ateno por Cancelamento .. ..... 150 ----------------------- Page 18----------------------xvii Tabela 15. Correlaes entre as trs partes do Teste de Ateno por Cancelamento ......... . 151 Tabela 16. Diferenas de mdia da varredura visual em relao Parte 1 do TAC. .......... 152 Tabela 17. Comparao de mdias dos ranks na classificao do PDDAS-SQ em relaos Partes 1, 2 e 3 do teste de Ateno por Cancelamento. .............. .................. 154 Tabela 18. Estatsticas descritivas referentes aos Testes Motor e de Percepo (Screenings) .................................................... .................................................. 155 Tabela 19. Correlaes entre os Screenings e as Partes 1, 2 e 3 do TAC ............. .............. 156 Tabela 20. Diferenas de mdia da varredura visual em relao aos Testes de Percepo e Motor. ........................................................ ..................................................... 157 Tabela 21. Estatsticas descritivas dos participantes com idade de 10 anos e acima de 10 anos. .... 159 Tabela 22. Diferena de mdia entre os participantes de 10 anos e acima de 10 anos, em relao norma prevista para esta idade. .......................... .......................... 159 Tabela 23. Frequncias e porcentagens de acerto por figura do B-SPG. ............. ............... 160 Tabela 24. Comparao, por faixa etria, do desempenho nas figuras do B-SPG classificadas por nvel de dificuldade. ..................... ............................. 161 Tabela 25. Pontuaes mdias no B-SPG, por figura e por idade, comparativas s mdias da populao normativa. ........................................ ............................... 162 Tabela 26. Correlao entre o B-SPG e as Partes 1, 2 e 3 do TAC. ................... ................. 163 Tabela 27. Diferena de mdia dos quartis do Teste Motor em relao ao B-SPG. .......... . 164 Tabela 28. Diferena de mdia dos quartis do Teste de Percepo em relao ao B-SPG. 164 Tabela 29. Diferena de mdia das varreduras visuais em relao ao B-SPG. .............. ..... 164 Tabela 30. Diferena de mdia da habilidade em lgica, em relao ao TONI-3.. ............ . 168 Tabela 31. Correlao entre o desempenho total no TONI-3 e suas pranchas com diferentes formatos. ............................................ ............................................... 169 ----------------------- Page 19-----------------------xviii Tabela 32. Diferena de mdia das classificaes do PDDAS-SQ em relao ao TONI-3. ......................................................... .................................................... 170 Tabela 33. Comparao de mdias, por grau de comprometimento, do desempenho no TONI-3.. ..................................................... .................................................. 170 Tabela 34. Diferena de mdia entre os participantes de alto e baixo funcionamento no TONI-3. ...................................................... .................................................. 170 Tabela 35. Correlaes entre os QIs obtidos com o TONI-3 e as Partes 1, 2 e 3 do TAC . . 171 Tabela 36. Correlaes entre a pontuao geral do TONI-3 e as Partes 1, 2 e 3 do TAC. . 171 Tabela 37. Diferena de mdia entre os tipos de varredura e o desempenho no TONI-3. .. 172 ----------------------- Page 20----------------------19 APRESENTAO O conceito de autismo tem sofrido inmeras modificaes ao longo do tempo. Em funo disso muitos estudos tm surgido, na tentativa de explicar aspectos desse trans torno que ainda omear do esto mal processo compreendidos ou pouco esclarecidos. A cdiagnstico, o autismo assumiu variabilidade muito grande de manifestaes clnicas, e i sso tem dificultado o consenso entre os profissionais, culminando, claro, em prejuzos para as aes interventivas (Gadia, Tuchman & Rotta, 2004). O termo Transtornos do Espectro do Autismo (ou TEA) vem sendo utilizado pelos estudiosos no assunto como uma forma de comportar assumir essas graus variaes sintomatolgicas, que podem tambmdiferenciados de gravidade. Do ponto de vista psicolgico, a compreenso do desenvolvimento atpico que e ssesindivduos apresentam s se torna possvel mediante uma avaliao minuciosa, completa, contendo dados sobre onal dessa populao a capacidade cognitiva, adaptativa e funci(Ibarra & Pereira,1999; Klin, Chawarska, Rubin & Volkmar, 2006). Essa tarefa req uer dos profissionais, por um lado, o conhecimento aprofundado do assunto, e, por outro lado, o domnio de instrumentos o norteamento da que possam fornecer dados importantes parainterveno. No entanto, no Brasil, esse processo ainda caminha de forma lenta, pois no h instrumentos especficos de avaliao de autismo disponibilizados para uso clnico. Em virtude parte a crianas de minha de prtica todas teraputica, as questes dedicada que em envolvem grande eautistas, com acompanhamento ssa patologia, suasmanifestaes e seu processo diagnstico, procedi ao mapeamento de escalas de avaliao desse transtorno m 2003. Dos como proposta para a dissertao de mestrado, concluda eartigos analisados na dissertao, apenas um se referia validao de um instrumento no ----------------------- Page 21----------------------20 Brasil a Escala de Avaliao de Traos Autsticos ATA (Assumpo Jr., Kuczynski, Gabriel & Rocca, 1999). Os demais faziam referncia ao uso de vrios instrumentos, d entre eles, escalas j consagradas na caracterizao do autismo, como a Childhood Autism Rat ing Scale (CARS) e a Autism Diagnostic Interview Revised (ADI-R), muitas vezes util izadas em conjunto com testes 2003). Essas duas clssicos de avaliao de inteligncia (Jorge,escalas j contam, hoje, com estudos de validao brasileiros (Aguiar, 2005; Pereira, 2007), porm ainda nstitucionais, continuam condies no que chegaram s mos dos profissionais no clnicos sem ou irecebendo de maiorcrianasenquadradasespectro,detalhamento dos casos. dos No que se refere casos enquadrados ao funcionamento a so cognitivo, tarefa de mais a disperso qual permitir dehoje no espectro, torna instrumento usar com cada um indivduo e delineamento quaistambm difcil investigaesdeterminar para descritoadequadas temmais preciso para as intervenes. sabilidades cognitivasA literaturadiversas ocorrendo nessa populao, desde as que se encontram num nvel mais sensorial , relacionadas captao Frith, 2003; e processamento bsico de estmulos (Wing, 2001;Rapin, 2009), at as de ordem mais superior que integram processos complexos (Gold stein & Ozonoff, 2009). pesquisas que Ateno e percepo tm sido temas de destaque emvisam caracterizao cognitiva atpica dos autistas, mas sua avaliao clnica ainda carece de estruturao. Algumas pesquisas mencionam a necessidade de os indivduos avaliados serem de alto funcionamento sse tipo de investigao (Williams, Goldstein funcionalidade do & Minshew, para 2006). poderem A se submeter do a e grau dedeterminaoindivduo autista, no entanto, deve ser feita por meio de avaliao intelectual, e est e um outro aspecto polmico em estudos desse transtorno. A inteligncia, termo este proveniente do latim intelligere, que signific a entender ou compreender (Wasserman comprometida na & Tulsky, 2005), tem sido descrita como----------------------- Page 22----------------------21 maioria dos autistas (Gauderer, 0; Schwartzman, 2003).1997;Sigman&Capps,200Posicionamentos mais recentes, no entanto, tm discutido as limitaes existentes no u so clnico de instrumentos de avaliao da pessoa autista, por exemplo, as escalas Wechsl er,que contm subtestes verbais aos quais muitos no conseguem responder (Mottron, 2006 ; Klinger, O'Kelley & da real capacidade Mussey, 2009). Com isso, o conhecimentointelectual desses indivduos encontra-se ainda impreciso, em parte devido s dificu ldades em graus variados que interao social eles apresentam nas reas da comunicao,recproca, imaginao e comportamento, comprometendo de forma mais ou menos ampla sua capacidade adaptativa ao meio; e, em outra parte, pela dificuldade na escolh a de testes mais sses adequados indivduos e em permitam uma compreenso consistente formas de avaliao que no coloquem edesvantagem, mas que de sua funcionalidade cognitiva.Escolher instrumentos profissional psiclogo atualizao constante dibilidade de uso, em relao s ade savaliao pesquisas queintelectual que sua dorequer aosdo a Vale cretestesassim como em relao lembrar que h praticamente um sculo, igao da inteligncia iniciando encial, com seguida uma pelateorias Psicologia abordagemembasam comestruturao. de ou invest difer cadcontaestudospsicomtricadesenvolvimentista, a qual focalizandopela cognitivista ume pela neurobiolgica,aspecto da relao entre o homem e sua capacidade de dominar os estmulos do ambiente, garantindo lo,1989; a sua adaptao Carneiro & & ao meio (Almeida, 2001; Roazzi Lemos, & 2006). e da ps SpinilFerreira, 1992; Flores-Mendoza O aperfeioamento desses estudos, sobretudo icologia cognitiva vemNascimento,da abordagempsicomtricaoferecendo rea de avaliao da inteligncia reflexes que permitem unir o uso adequado dos testes, a competncia do avaliador e o funcionamento cognitivo do indivduo aval iado(Almeida & Primi, 2010) ----------------------- Page 23----------------------22 Considerando scou-se selecionar todas um essas questes, nesta pesquisa buconjunto de testes para avaliar o funcionamento cognitivo de autistas, instrumen tos estes de uso comum na prtica clnica psicolgica, com condies de aplicabilidade que pudessem considerar as particularidades pectos da cognio desses indivduos, evidenciando os asselecionados para investigao, a saber: inteligncia, ateno e capacidade perceptomotora . Juntamente com avaliao do esses instrumentos grau de dos foi utilizada uma para escala a qual para busccomprometimento autstico aram-se evidncias de validade.participantes,Acredito que este trabalho possa contribuir para compreenso mais aprofun dada do comportamento de indivduos autistas, auxiliando instituies especializadas e profiss ionais da rea clnica a se munirem de instrumentos de avaliao e de diretrizes avaliativas qu e acompanhem este estudo as necessidades possa servir, especiais dessa clientela. Quetambm, de incentivo a outros pesquisadores, no sentido de ampliao do conhecimento d as patologias truo de infantis, valendo-se instrumentos do uso ou mesmo da consdiversificados que atendam s nuanas das necessidades especiais. Os tpicos que compem este trabalho contam, inicialmente, com uma reviso de literatura dividida explicativa do em trs captulos. No captulo 1, aps uma introduoautismo em seus aspectos conceituais e etiolgicos, esto descritas pormenorizadamen te as principais e atuais teorias cognitivas que vm tentando explicar esse transtorno. No captulo2, osa ateno e efetuados comaperceposoconceituadas,seguidasde algunsestudautistas, avaliando neles esses aspectos. No captulo 3, o construto inteligncia ab ordado, primeiramente de maneira histrica, no que se refere s concepes dos estudiosos sobre a forma de avali-la; depois disso, segue um breve comentrio sobre avaliao psicolgica, definindo a avaliao assistida ou dinmica como a adotada nesta pesquisa; por fim, so descritos alguns estudos acerca da avaliao intelectual no autismo. Na sequncia esto os ----------------------- Page 24----------------------23 objetivos desta pesquisa e o mtodo, com a descrio dos participantes, dos instrument os propostos, dos procedimentos de coleta de dados, de correo e de anlise desses dados . Em Os seguida, so expostos comentrios mais os resultados, com breves anlises.especficos foram reservados para um tpico separado de discusses, e o texto encerra com as consideraes finais. As referncias e os anexos fecham formalmente o trabalho. frente de cada tpico esto servindo de divisrias algumas aquarelas pintadas pelo artista plstico s desenhos foi comentrio , Prof. Dr. Ricardo um Montenegro. um docente O da que inspirou a execuo So dessefeito por FerminoUniversidadeFranciscoFernandes Sisto, por ocasio da qualificao deste trabalho. Ele disse que, certa vez , um professor seu, Dr. vduo autista como Carlos um Funari Prsperi, havia descrito o indinovelo de l, em que ambas as pontas estavam voltadas para dentro, tornando-se difc il seu des-enrolar. Essa ideia foi uma sequncia de imagens repassada ao artista, que idealizouvislumbrando a possibilidade de des-envolvimento desse ser. E esse o meu desejo para todas as crianas autistas.----------------------- Page 25----------------------24 ----------------------- Page 26----------------------25 ----------------------- Page 27----------------------26 ----------------------- Page 28----------------------27 CAPTULO 1 AUTISMO 1.1. Panorama Histrico auts Autismus um que significa si termo alemo derivado da palavra gregamesmo ou self, e do sufixo ismos, que indica ao ou estado. Foi usado inicialmente pelo psiquiatra suo Eugen a patolgica de Bleuler, em 1911, em para descrever uma tendnci (Goldstisolamento do ambiente, ein & Ozonoff, 2009).observadaesquizofrnicosPosteriormente, foi reutilizado por Kanner, em 1943, para descrever um sintoma p resente em 11 crianas por ele avaliadas desde 1938 (Rocha, 1997). Esse sintoma passou a s er o definidor de um quadro composto por um conjunto de caractersticas especficas, o qu al foi denominado de Autismo Infantil Precoce (Antonucci, 1993). Alguns dos aspectos mais importantes descritos por Kanner (1971), e que at hoje esto com presentes na a linguagem caracterizao do autismo referem-se compreenso a dificuldades termos,expressiva (ecolalia, ecolalia tardia, restringir-se a dizerliteral dosnomes), memria excelente, resistncia a mudanas no ambiente, reao de pnico diante de rudos fortes e ausncia or. Esse mesmo autor, j naquela poca, observou tual dessas crianas detalhes do olhar atpicos para sobre o rosto a do interlocut inteleccapacidadedizendo comque elas eram objetos que nocapazes oudemanter isolamento.relaesinteligentes taameaavam mbm noseu fechamento , conseguirem 1 ao teste de Binet provas verbais ,Mencionouresponder continhamoua outros deles asemelhantes, tais baterias,que masjustificando acessibilidade limitada podiam responder bem spranchas de encaixe de Seguin, que se constituam numa prova de execuo (Kanner 1971; Rocha, 1997). Outra observao feita por Kanner foi a de que as crianas eram capazes de 1 Esse detalhe das provas verbais aos estudos de Kanner, conforme descrito em Rocha (1997). ----------------------- Page 29----------------------28 para fotos de animais ou das prprias pessoas, e com a lhes meno feita pela tradutora francesaolhar rostodepessoas, de quemasnopara aso fotos,buscou esclarecer isso sendo estticas, no causassem perturbao. nohiptesetalvezA partir de ento, intuito de explicarmuitosestudostmsidodesenvolvidosmelhor o quadro de autismo, cuja descrio j passou por vrias alteraes, principalmente em je, relao o autismo etiologia, desordem explicaes antigamente neurolgica genticas considerada de causa ou psicognica. ainda imprecisa Horeconhecido como uma , cujos estudos caminham de um para lado, eneurobiolgicas,(neuro)psicolgicas, de outro (Arajo, 2000). De acordo com o DSM-IV-TR (APA, 2002), o Autismo, Transtornos ou Transtorno Globais do Autista, anteriormente encontra-se inserido de nos TrDesenvolvimento (TGD), anstornos Invasivos dodenominadosDesenvolvimento (TID). Assenta-se num trip de sintomas, ou numa trade autstica, ter mo esse cunhado por Wing e Gould desde 1979, que pode ser explicado por: dificuldad es na interao social recproca, dificuldades na comunicao verbal e no-verbal, movimentos repetitivos reotipadas. e padres restritos de Os critrios interesse, com atividades estediagnsticos contidos no DSM-IV-TR (APA, 2002) para classificao do indivduo neste transtorno encontram-se descritos no Anexo A. Gadia, Tuchman e Rotta (2004) fizeram uma reviso nos estudos sobre o aut ismo e outros Transtornos Globais do Desenvolvimento, no sentido de atualizar o conheci mento acerca dos achados neurobiolgicos dessa patologia, considerada a terceira desorde m mais comum do desenvolvimento. Avanos em estudos neuroanatmicos e de neuroimagem tm ocorrido, mas os achados no so consistentes o suficiente, ou especficos para o auti smo. Anormalidades cerebelares tas para o quadro, e justificariam em funes superiores. ----------------------- Page 30----------------------29 A esse respeito, Akshoomoff seus quanto os de dificuldades cognitivas so diversas as mais nesse frequentemente transtorno, descri inclusive(2005)comentaestudos,tantooscolegas da rea, fundamentados na neurocincia cognitiva, que vm sendo conduzidos com o intuito de mostrar que o cerebelo cumpre um papel importante, no apenas no cont role motor, mas em funes cognitivas como a ateno. A fundamentao de que o cerebelo atua nas funes antecipatrias, ou seja, para a predio sobre sequncias de eventos, que por da sua vez so ateno. Mais necessrias em tarefas que envolvem regulaoespecificamente, o cerebelo responsvel pela aprendizagem das relaes preditivas sobr eos eventos, preparando nlogas; portanto, o sistemaneural emsituaesquesoanecessrio para trajetos sensoriais rpidos, o que explica, assim, sua ativao em taref as de ateno. que Os estudos descritos leses cerebelares por Akshoomoff (2005) responderem mostram rapidamenconduzem a dificuldades te alternncia (shiftde os sujeitosattention) e focalizao da ateno (focus attention ). H uma lentido na orientao da ateno. Segundo essa autora, autistas tambm apresentam dificuldades em responder a u m estmulo emitido rapidamente, mas so capazes de responder normalmente, se tiverem m ais tempo para executar a tarefa. Se as anormalidades cerebelares ocorrerem desde o incio do desenvolvimento da criana, suas funes de ateno estaro comprometidas precocemente, prejudicando tambm Akshoomoff o desenvolvimento das funes sociais e lingusticas.pontua que a falha na antecipao poderia explicar a dificuldade dos autistas em lid ar com o inesperado, mantendo-os em mesmices. Do ficializado ponto de vista um marcador gentico, efetivo apesar de de ainda existe no a estar obiolgico para o diagnstico de estudos recentesautismo,divulgaoacerca de um comprometimento no cromossomo 5, mais especificamente no gene CDH10 , que se mostrou ativo no crtex frontal em desenvolvimento, podendo ser responsvel p elos problemas na linguagem, mplexos, comuns aos no julgamento social e em raciocnios co----------------------- Page 31----------------------30 autistas (FAPESP, 2009). Porm, assim como este, muitos outros estudos genticos j vm sendo desenvolvidos, inclusive no Brasil, no Centro de Estudos do Genoma Humano, cominvestigaes de 09). Cavalheira,trsgenes jdesusceptibilidade haviam comentadoao sobreautismo a(CEGH,20Vergani e Brunoni (2004) de mais de 10 genesexistnciarelacionados a esse transtorno, considerando que provavelmente no houvesse apena s um padro hereditrio, a variedade no fentipo autista, prometimentos mas com uma interao mais entre ou mltiplos menos genes, haja dos vista commanifestaesacentuadascaractersticos do quadro. Sendo assim, a realidade do processo avaliativo do autismo, na prtica cln ica, ainda conta com uma deciso uo, em observaes pautada no histrico evolutivo do indivdcomportamentais e em investigaes clnicas especficas, tanto na rea mdica, quanto na rea psicolgica. os contidos no Essa deciso tem como referncia os critrios diagnsticDSM-IV-TR (APA, 2002) ou no CID10 (OMS, 1993), mas ainda acarreta dificuldades d e consenso, visto que o e comporta associaes autismo hoje se desdobra em um espectrodesse quadro com outras patologias infantis (Machado & cols., 2003; Gadia, Tuchm an & Rotta, 2004). Os quadros que apresentam ndices de maior associao com o autismo so a sndrome de Martin Bell (ou X-frgil) e a esclerose tuberosa (Trevarthen, Aitken, Pa pouli & Robarts, 1998). Alm disso, o vrus da rubola e outros como o citomegalovrus, tambm podem ser alteraes encontrados metablicas em casos de autismo, assim comorelacionadas a fenilcetonria (Diez-Cuervo & Martos, 1989). Esclarecendo a questo do espectro, cabe aqui comentar que esse termo sur giu em decorrncia da divulgao e Gould, em de uma pesquisa epidemiolgica feita por Wing1979, a partir da qual houve a sugesto de que o autismo fosse considerado um cont inuum de sintomas, por terem, as autoras, encontrado grande diversidade de manifestaes c lnicasna umpopulao avaliada. estudo de HansAtreladoaisso,em1981,Wingresgatou----------------------- Page 32----------------------31 Asperger, que havia sido publicado em lngua alem, em 1944. Esse estudo fazia aluso a um quadro denominado ntendo a descrio de , crianas com caractersticas em 1943, mas por ele de psicopatologi a parecidas com as autstica, por co Kannermencionadasalgumas com melhores condies cognitivas. Esse documento foi traduzido por Frith, na Inglaterra, em 1991 (Goldstein & Ozonoff, 2009). tornos e O Transtorno Invasivos do de Asperger que foi, para ento, incorporado responder com aos Trans d aoDesenvolvimento, se classificar identificados como normal, conformequase casos umnecessidade prximoautismo leve,comportamentoesclarece Frith (2007). A ausncia de falhas severas na linguagem e de falhas rel acionadas ao desenvolvimento intelectual storno com o autismo marcaram a diferena desse tranclssico. As dificuldades na interao social desses indivduos, no entanto, colocaramnos (e ainda so tendo autismo assim classificados de alto comenta, por alguns que autores) a como exisfuncionamento. Frith (2007) tente na diferenciao o variantes de um mesmo Asperger considerado,ainda,confusoentre autismo clssico e Asperger conduz a um posicionamento que tende a v-los com transtorno do desenvolvimento, sendo opelos clnicos, como aquele autista que tem fala fluente e inteligncia superior. N o entanto, ele encontra-se V-TR, e os diferenciado critrios do Transtorno Autista no DSM-Idiagnsticos hoje utilizados por esse sistema, para classific-lo, encontram-se des critos noAnexo B. uzido, Na mesma poca Happ e Frith em que o o documento de Asperger foi trad(1991) teceram crtica sobre Disorder (PDD) outermo PervasiveDevelopmentalTranstornos Invasivos do Desenvolvimento (TID) e propuseram o termo Autistic Sp ectrum Disorder tro do s (ASD), traduzido Autismo ou do (TEA). a um O no Brasil conceito conjunto de para de ASD condies Transtornos ou TEA, do Espec mai tais como:Espectro Autstico amplo, comportasendonoo de que existe dificuldades napsicolgicas,----------------------- Page 33----------------------32 interao social e comunicativa, estereotipados (ouinteressesrestritosecomportamentosseja, a trade autstica), que se combinam de forma a se manifestarem mais intensame nte em alguns indivduos comprometimento leve). Apesar de Transtornos (comprometimento quadros do acordo com severo) pertencerem o DSM-IV-TR, do que em outros (de esses Globais deao conjunto apenas do que o Tra Desen o maDesenvolvimento (TGD), nstorno Autista, o Transtorno volvimento deAsperger e os Sem OutraTranstornos noGlobais sendoEspecificao (TGD-SOE) is comum de ocorrer 2006). o TGD-SOE Isso evidenciase enquadrariam (Mercadante, a autista e,espectro, Gaag & aSchwartzman, dificuldadesingularidade de cada diagnstica encontrada pelos clnicos.consequentemente,Assim, certamente, apresentam-se problemas referentes epidemiologia, vi sto que h trs dcadas essoas, proporo a prevalncia esta era de quatro autistas para 10.000 padotada empor 2003,muito tempo um estudoemvriospases.Maisrecentemente,realizado pelo Centro de Controle de Doenas, em Atlanta, registrou a prevalncia de 3,4 a cada 1.000 crianas. As crianas desse estudo apresentavam Transtorno Autista, TGD-S OE ou Transtorno de Asperger, sem especificao). A proporo por sexo em crianas com variou QI e entre 68% 3:1 tinham e problemas 4:1 (meninos cognitivos para ( meninas)maior ou igual 50, e diminuiu conforme decresceu o QI (Trevathan & Shinnar, 2009 ). o Rapin e Tuckman diagnstico dos (2009) esclarecem algumas confuses sobreTranstornos do Espectro do Autismo. Eles dizem que o autismo uma sndrome e no uma doena no sentido Sendo assim, o mdico, pois no apresenta uma etiologia especfica.autismo chamado de sindrmico ou secundrio aquele que comporta comorbidades, ou seja, doenas definidas como a esclerose tuberosa, a sndrome do X-frgil em presena de autismo. O autismo idioptico ou primrio refere-se aos quadros em que a etiologi a no conhecida, ou no comentrio que as est clara, at o momento. Acrescentam a esse----------------------- Page 34----------------------33 classificaes do DSM ou do CID definem transtornos, e no doenas; as classificaes so comportamentais, mas pretendem ser categricas, precisas nos critrios de excluso. P orm, na prtica isso no ocorre porque os prejuzos do autismo so qualitativos e a quantifi cao de s sintomas no consegue quadros. Ento, os dar conta da diferenciao que existe nosubtipos desses sistemas gravidades diversas nas disfunes. Para esses am-se numa curvaclassificatrios acabam autores, os indivduoscomportando com TEA enquadrgaussiana, e os autistas mais tpicos esto no centro dessa distribuio. Baron-Cohen (2008), ao questionar o termo Autism Spectrum . oferece EleDisorder(ASD), olhar sobre a gravidade (ASC), apesar de das porque serem um disfunes um di trainda um outro diz preferir adenominao subgrupo de considerados ferentes naAutism Spectrum autistas, de alto funcionamento forma de o mundo, noCondition cognitivo,pensar e perceber anstorno global. Em relao (2005)necessariamenteapresentam funcionamento,aos termos alto j haviafuncionamento ou baixoGilbergesclarecido que essas qualificaes deveriam ser dadas pessoa, e no ao autismo, ou s eja, o indivduo considerado boa compreenso de alto funcionamento poderia ter bom QI,verbal ou boa expresso da fala, mas ter o autismo to grave quanto um indivduo de b aixo funcionamento . mento Nessa explicao, capacidade ele demonstra associar o Porm (2008) alto funciona no comenta expintelectual e ao desenvolvimento lica qual o limite da capacidade intelectual que a maioria dos para talda linguagem. diviso. Baron-Cohenclnicos considera o QI de 70 (2 DPs) como um limite entre os dois nveis, mas posi cionase dizendo que ele prefere o limite de 85 (1 DP), justificando que isso tem imp acto sobre as diretrizes educacionais. de Asperger tem QI Prope uma hierarquia na qual a Sndromeacima de 85 e no apresenta falhas na linguagem; autismo de alto funcionamento ta mbm tem QI acima de 85, mas tem falhas na linguagem; acrescenta uma categoria de au tismo de ----------------------- Page 35----------------------34 mdio funcionamento, que tem QI entre 71 e 84, com ou sem falhas na linguagem; e, por ltimo, o autismo de baixo funcionamento, com QI abaixo de 70, podendo tambm ter ouno falhas na linguagem. Essa artilhada por associao de nvel intelectual linguagem tambm compMottron (2006), mas ele alerta que ocorrem transformaes ao longo do desenvolviment o do autista, nas quais vrios traos que aparecem em determinada fase podem no mais es tar presentes em outra fase. Isso tem importncia para o diagnstico, que no deve ser estt ico. Alis, para ele, o que pode ser chamado de curso natural do autismo deve ser, no ap enas integrado ao processo bm considerado na interveno teraputica. A respeito da linguagem, cabe aqui salientar que as dificuldades dos au tistas, nessa rea, esto vinculadas a uma falha nas habilidades sociocomunicativas que normalment e se desenvolvem no final lhada uma dessas do primeiro como do ano um de vida. A ateno para comparti a um diagnstico e avaliao de autistas, mas tamhabilidades, e tem funcionado deteco de quadros relacionados ao espectro pr-requisito para omarcador sendoprecoceautismo,consideradadesenvolvimento da linguagem. Refere-se ao direcionamento da ateno da criana a um parceiro comunicativo, com a inteno de mostrar, pedir algo, ou atender a um pedido de compartilhamento do outro. Promove, assim, a compreenso da inteno comunicativa do interlocutor, assumindo papel fundamental no desenvolvimento, no apenas das habil idades relacionadas is (Menezes & comunicao, como tambm das habilidades sociaPerissinoto, 2008; Sousa-Morato & Fernandes, 2009). Outros aspectos que interferem na linguagem dos autistas, por serem tam bm falhos no seu desenvolvimento precoce, so a imaginao e a capacidade simblica, que trazem prejuzos, tanto no desenvolvimento scio-interativo, quanto no desenvolvimento cognitivo desses indivduos (Tamanaha, 2006). Vista dessa Chiari, Perissinoto & Pedromnico,----------------------- Page 36----------------------35 forma, preciso refletir da, no autismo, fora doquealinguagemnopodeserconsideracontexto comunicativo e interativo. Retomando e finalizando as questes referentes ao processo diagnstico, pre ciso salientar o papel das escalas de avaliao de autismo como instrumentos complementar es aos critrios contidos nos sistemas classificatrios CID-10 ou DSM-IV-TR. Dentre as mais conhecidas citam-se a Childhood ), a Autism Behavior Autism Rating Scale (CARSChecklist (ABC) e a Autistic Diagnostic Interview Revised (ADI-R), tanto para a prtica clnica quanto Martos, 2002; para pesquisas Gadia, na rea (Trevarthen & cols., 1998;Tuchman & Rotta, 2004). Instrumentos como esses cumprem o papel de oferecer o gr au de comprometimento, ou a caracterizao mais aprofundada do comportamento do indivduo autista, nas reas afetadas por este transtorno, para esclarecimento diagnstico, or ientao interveno ou avaliao do processo interventivo. So, portanto, de extrema necessidade para uso clnico. Sampedro (2006) defende a necessidade do uso das escalas, tanto para os pais compreenderem o o, quanto para os comportamento que seu filho vem manifestandprofissionais conhecerem melhor o indivduo que iro ajudar e, assim determinarem, c om preciso as estratgias de interveno para cada caso. Atualmente, o nmero de escalas disponveis para avaliao das condies autsticas tem crescido muito, no intuito de atender s necessidades cada vez maiores dessa c ondio que se desdobrou em um espectro. O mapeamento de escalas na base de dados PsychI nfo,efetuado por Jorge (2003), o aparecimento de 31 escalas de avaliao pases, muitas delas fazendo parte de tism Diagnostic umapontou,noperodode1997 estudosa de2001, vrios a Au Schde autismo conjuntoutilizadas emde investigaes, a Autism Diagnosticcomoexemplos,Observational Schedule (ADOS), edule- GenericObservational(ADOS-G) e a Pre-Linguistic Autism Diagnostic Observational Schedule (PL-ADOS). ----------------------- Page 37----------------------36 As escalas mais utilizadas que apareceram no estudo de Jorge (2003) tam bm so mencionadas, no estudo de Sampedro (2006), como as mais conhecidas internacional mente. Esta ltima autora, com base nas etapas de avaliao seguidas pela Academia Americana de Pediatria e pela Academia 2000, sugere para um Americana de Neurologia, desde o anoprimeiro nvel de investigao, escalas de sondagem evolutiva rotineira, como as Escal as Bayley ning do Desenvolvimento especfico para o Checklist nvel de Infantil. Sugere, for Autism in tambm, Toddlers um scree (CHAT).autismo, como Num segundoinvestigao, mais voltado para o diagnstico e a avaliao propriamente ditos, ela cita a s escalas iter-R, ADI-R, ADOS para uma e CARS como as mais apropriadas, alm da Leavaliao intelectual. A respeito da investigao intelectual de autistas, Sampedro sali enta que a Leiter uma escala pulao porque um recomendada para avaliar essa poinstrumento no-verbal, tanto nas instrues, por meio de demonstraes e gestos, quanto na resposta exigida pela criana, que pode ser por sinais ou por colocao de lminas em locais adequados. Baron-Cohen (2008), co-autor do screening j citado, CHAT, instrumento utilizado para triagem de traos autsticos em crianas de um ano e meio de idade, j apresenta a s verses Q-CHAT e M-CHAT, mais atualizadas, alm do Autism Spectrum Quotient (AQ), com verses para uso e Naglieri tambm uma uma em crianas e em adolescentes. Scale de Goldstein (ARS), Segundapresentam que contmnova escala, verso usadaa Autism paraRatingscreening, com 15 itens, o a crena dessesprogramaspreveno.autores, por estar baseada no DSM-IV-TR, essa escala pode facilitar o processo d iagnstico diferencial entre Transtorno Autista, D-SOE (Naglieri & Chambers, 2009). A Pervasive ent Scale / Screening Questionary (PDDAS/SQ), udo, foi elaborada por Grossmann, do DSM-IV. em 2004, Visa Transtorno Developmental escala seguindo utilizada tambm no de Asperger Disorder presente e TGAssessm estos critriosdiagnsticos----------------------- Page 38----------------------37 oferecer, a partir da pontuao de seus 48 itens, o grau de comprometimento autstico em que o indivduo avaliado torno Autista, o de se encontra. Abrange igualmente o TransAsperger e o TGD-SOE, dos Transtornos Globais do Desenvolvimento. Avaliar um indivduo autista requer do profissional, portanto, conhecimen to amplo sobre o desenvolvimento as que compem essa infantil tpico e sobre as caractersticsndrome, esmiuadas nas escalas de avaliao; alm de sensibilidade para compreender as necessidades de cada criana e de sua famlia. Os arranjos decorrentes da profundida de com que a trade autstica possibilidades de se manifesta nos em casos cada indivduo determinam (Tulimoschi, as 20avaliao e de interveno 03). A compreensoparticularesdetalhada do comportamento autista requer, no entanto, que se v mais alm das descr ies dos sintomas bsicos do transtorno acidades e as limitaes inerentes a esse quadro, es (Sigman & Capps, bem a como e os se busque seus entender as capmecanismos temsubjacent proposto su2000). Para essa compreenso, bteorias que tentamTeoriaCognitivaesclarecer o funcionamento cognitivo desses indivduos. 1.2. Teorias Psicolgicas Cognitivas para a explicao do autismo Algumas teorias cognitivas tm trazido propostas importantes para a compr eenso das ica defasagens na cognio que explique o do dos cada autistas, uma e delas ainda no existe esclarecer uma nautismo por completo; aspectos diferentestentafuncionamento cognitivo e comportamental presentes nesse transtorno. Para BaronCohen (2008), as teorias psicolgicas autsticos em todos os indivduos do espectro, e se integrar s teorias no deveriam apenas ele de em explicar alguns, os alm os de traos deverem positivo ser descneurobiolgicas. Por essa razo, s e as falhas de cada proposta terica sugerindo rito nos subitens especficos. formasdescreve sediment-las,pontos conforme----------------------- Page 39----------------------38 apresentaoqueAntes da falhas nadessas ou doteorias,porm,vlidomencionarpercepo e na linguagem, a ser consideradas aspectos fundamentais no e 1970 (Wing, 2002), estudoseja, dficits cognitivos, autismo a partir dapassaram dcada diniciando-se a busca de causas neurognicas e no mais psicogncias. Desde aquela dcada , o olhar sobre as etapas tentando justificar o de desenvolvimento cognitivo vemcomportamento falho para aquisio de conhecimento ou para (2007) comentamdo autista adaptabilidadeno processamento ao mundo. Scheuerdas einformaes Andradeessas etapas de desenvolvimento cognitivo explicando as interconexes das falhas p resentes no comportamento dos autistas, numa sequncia de desabilidades, quais sejam: alter aes sensrio-perceptivas, problemas na representao mental, problemas na simbolizao ou no jogo simblico (imaginao, intencionalidade), dificuldade em transformar objetos inte rnos em pensamento (manipular, e na comunicao, na formao os fatos de criar e recriar), dficits na linguagem conceitos social). e Essa na compreenso hierarquia para que de como aquisio as d e dedificuldade por queocorrem (contextualizao conhecimento indiscutvel ificuldadesem desenvolvimento primrias,infantil e sugeresensoperceptivas, determinam uma relao inicial dos autistas com o mundo, voltada m uito mais para os objetos concretos, fsicos, do que para o abstrato. Autistas no desenv olvem representao operacional, onceitos. No h, portanto, abstrao mais mecnicas, rgidas, sem flexibilidade. A conduziu sobre: pela constatao a estudos dessas falhas e no desenvolvimento metarrepresentar, cognitivo explicados ou seja, manipulao de e as smbolos aprendizagens para formar cda informao,se tornama capacidade de Teoria da Menterepresentar(ToM); a capacidade de estabelecer uma coeso das informaes coletadas, explicadas pe la Teoria da Coerncia Central; e, a capacidade de organizar o pensamento de forma a garantir o sucesso em atividades cognitivas complexas, explicada pelas Funes Executivas (Ha pp, ----------------------- Page 40-----------------------39 1997; Arajo, 2000; Bosa, 2001). Essas tm sido as trs teorias cognitivas mais conhec idas para explicao do autismo, Baron-Cohen (2008) acrescentou duas: a Teoria Magnocelular. O conhecimento aprofundado importante para a compreenso cognitivas do funcionamento diversas, mas em seu trabalho mais recente e a Teoriada Empatia/Sistematizao dessas do explicaes indivduo particularmente autista em tarefassobretudo em testes que medem a capacidade intelectual. Por essa razo, tais teori as sero descritas nos prximos e uma abordagem, tpicos, de forma mais detalhada, seguidas dtambm recente, pautada em estudos neurobiolgicos. 1.2.1. Teoria da Mente ou Mindblindness A Teoria da Mente um termo utilizado para descrever uma capacidade que habilita as crianas, desde os primeiros anos de vida, a compreender, tanto em si quanto no s outros, estados mentais como para predizer ou crenas e desejos, valendo-se dessa informaoexplicar os comportamentos (Dias, 1993; Roazzi & Santana, 1999; Domingues & Malu f, 2008). Trata-se de um refinamento no sistema representacional do qual a criana se vale para re-apresentar as experincias vividas, em nvel mental. Inicialmente ela repres enta o mundo de forma direta, ou do faz-de-conta, ela primria; a partir da brincadeira a intencionalidagradativamente ativa a imaginao, de ou os estadoscompreendendomentais das pessoas, e passa a metarrepresentar (Sperb & Carraro, 2008). De acor do com Baron-Cohen (2008) a Teoria da Mente, alm de explicar e predizer o comportamento dos outros, tambm usada para identificar as intenes das pessoas por meio de seus gestos ede sua fala. Experimentos vm sendo conduzidos em busca de explicaes mais especficas para as questes de Mente (Dias, representao e metarrepresentao estudadas na Teoria daRoazzi, O`Brian & Braine, 2002; Sperb & Maluf, 2008). Esses estudos trazem impor tantes ----------------------- Page 41----------------------40 contribuies nas reas da linguagem e das relaes sociais, tornando-se um meio rico de investigaes em autismo. No entanto, por ser uma rea de investigao recente, ainda est sob vrios questionamentos, atista ou ambientalista inclusive acerca do ponto de vista inpara a explicao da gnese dessa Teoria (Roazzi & Santana, 1999; Jou & Sperb, 1999). Alm disso, h consideraes dos cognitivistas acerca do papel da memria e da ateno nas da mudanas desenvolvimentais possibilidade de um ser devido da da a uma compreenso dificuldade da mente; maisfracasso na resposta ampla no processamentoinformao e no especificamente na capacidade de compreender os estados mentais; e no fato de as interferncias de aspectos lingusticos relacionados instruo gerarem respos tas inadequadas das crianas, em relao, sobretudo, a tarefas de falsa crena2 (Jou & Sperb , 1999). Numa e Assumpo pesquisa feita Jr. (2002) com crianas brasileiras, Baldinianalisaram o uso da Teoria da Mente por autistas e por deficientes mentais, no i ntuito de encontrar diferenas nas respostas desses dois grupos especiais em tarefas de fals a crena. O estudo contou com trs grupos, e um deles era de crianas tpicas. Foram aplicados d ois testes, visto que no primeiro foi preciso usar dramatizao com pessoas reais, para que os autistas pudessem compreend-lo. No segundo houve dramatizao com objetos concretos,mas a compreenso foi difcil de crianas tpicas e deporpartedosautistas.Osgrupossndrome de Down no tiveram problemas com a compreenso da tarefa, e entenderam as instrues a partir das mostrou-se bem mais prejudicado ), mas que ambos figuras apresentadas. mental O grupo (Sndrome de autistas de Downo de deficincia tiveram2 A mais conhecida investigao sobre falsa crena chama-se teste de Sally e Anne, plane jado originalmente por Wimmer e Perner, em 1983. Consiste em apresentar criana uma cena, na qual uma boneca denominada Sally guarda uma bolinha de gude em sua cesta. Enquanto sai para passear, uma ou tra boneca, chamada Anne, retira a bolinha da cesta de Sally e a coloca em uma caixa. Quando Sally volta p ara brincar com a bolinha, pergunta-se criana: Onde Sally ir procurar sua bola?. Baron-Cohen et al. (1985) reproduziram esta tarefa e constataram que, a partir de quatro anos, as crianas j tm condies de responder que Sally ir procurar a bolinha na cesta, pois j conseguem atribuir estados mentais ou crenas a os outros. ----------------------- Page 42----------------------41 abaixo do Os autoresperformances normal.que esperadoparao desenvolvimentoapontam a possibilidade de que a compreenso de falsas crenas possa estar relaciona da a habilidades cognitivas semelhantes s requisitadas em testes de inteligncia verbal. Alguns comportamentos emitidos por crianas autistas podem evidenciar a f alha no desenvolvimento da Teoria da Mente, conforme descreve Baron-Cohen (2008). A Tabe la 1 sumariza esses comportamentos, a idade em que normalmente ocorrem no desenvolvim ento tpico, as manifestaes observadas nos autistas e alguns recursos utilizados para de tectar essas falhas. Trata-se de um resumo, apenas para situar as falhas autsticas na id ade tpica e verificar os prejuzos sociais que elas acarretam. Tabela 1. Autismo e Teoria da Mente ao longo do desenvolvimento Dados extrados do texto de Baron-Cohen (2008).Comportamento Investigao Joint attention (ateno Por meio do CHAT compartilhada) r da Olhar para o rosto e prestar ateno quilo que o outro est fazendo. Pretend play (faz-de-conta) tcias Por meio do CHAT Compreenso intuitiva Seeing Leads to rpida, apreendida no Knowing Test: (quem convvio social. sabe o que est na xa, l caixa?)Idade 1 ano e 2 mesesFalhas nos autistas Apontam pouco, olham pouco para o rosto do outro e no seguem o olha outra pessoa.Aos 2 anos Aos 3 anosLimitam-se a descrever cenas fic de filme. No apresentam essa compreenso intuitiva em seu desenvolvimento natural, isto , no percebem que, se algum olha para dentro de uma cai por exemplo, pode saber o que tem dentro. Precisam aprender.Falsas Crenas e Decepo Sally Anne False os ias Branca de Neve Believe TestAos 4 anosAcreditam que aquilo que lhes dito verdade. Captam detalhes fsicos d fatos, mas no mensagens ou inferncimplcitas. So mais lentos para compreender decepo. Tarefas complexas de ToM nas Sally-Anne False (de segunda ordem) raco Believe Test a implementado bolinha. Reconhecimento e Reading the Mind in interpretao de expresses the Eyes (child faciais version) Aos 9 anos Mesmo as com Asperger tm dificuldade em reconhecer as expresses faciais das pessoas. Aos 6 anos Falham em compreender falsas cre sobrepostas. Ex: Sally v, pelo bu da fechadura, onde Anne escondeu----------------------- Page 43----------------------42 Esse mesmo autor aponta como fator favorvel ToM o fato de que ela justif ica asdificuldades sociais e de Asperger, podendo tercomunicao,tantodoautistaquantodoaplicabilidade em todas as manifestaes do espectro. Como limitaes, ele salienta que a empatia implica no apenas ler a mente, mas tambm dar respostas a tais situaes, taref a tambm difcil para o autista. Alm disso, a ToM tambm no explica as reas no-sociais afetadas no autismo. Porm, a Teoria da Empatia / Sistematizao, que ser descrita mais adiante, vem complementar essas duas limitaes. 1.2.2. Teoria da Coerncia Central Um outro conjunto tiva, que tenta explicar de estudos, apoiado pela teoria cognitanto os dficits quanto as capacidades do autista, e que tem seus experimentos pl anejados mais ual, especificamente em a Teoria da tarefas no-verbais e de reconhecimento visCoerncia Central, apoiada na teoria da Gestalt. O termo coerncia central descrito por Shah e Frith (1993) informaes diversas como sendo uma capacidade de integrao de(impresses de detalhe) para se construir um todo, com significado mais amplo (imp resses de ao conjunto). De acordo mesmo tempo, a com Happ (1997), esta teoria explicaria,dificuldade de reconhecimento de expresses faciais por parte dos autistas, bem co mo sua facilidade ividuais, para como construo os do de desenhos lineares com blocos indsubteste de Cubos das escalas Wechsler. que De fato, uma eles possuem caracterstica de atribuda faciais aos autistas (Schwartzman, por meio por de a de 20 gestosdificuldade no reconhecimento 03), o que lhes compromete a que ocorre compreenso as daexpressescomunicao Num estudono-verbalnormalmente entre Jr., Sprovieri,pessoas.desenvolvidoAssumpoKuczynski e Farinha (1999), faciais diferentes foramquatrofigurascomexpressesapresentadas a 30 crianas autistas e a 51 crianas normais. A tarefa era a de obser var as ----------------------- Page 44----------------------43 figuras e dizer o que desempenho das crianas autistas foi os autores falhas no na a menina do carto ao que estava sentindo. normais, apresentam, O esignificativamente destacam asinferiorde crianas os autistaslinguagem somente naexpressiva funopragmtica verbal, mas tambm na gestual. No que diz respeito tarefa de Cubos das escalas, Wechsler, Shah e Frith (1993) realizaram uma pesquisa, autistas, 33 indivduos que se tornou referncia, avaliando 20normais e 12 sujeitos com retardo mental moderado. Os estmulos eram oito modelos de desenhos de os, rotados arranjos dos ou no, cubos, tanto completos quanto segmentadcontendo ou no linhas oblquas. O grupo de autistas demonstrou ter mais habilidade que os outros grupos para a reproduo das figuras com desenhos no segmentados. Frith (2003) comenta de uma que, quando os manipulao posterior desse experimento, as que, de salientando crianas para que as o criadesenhos foram previamente no-autistas melhoraram significativamente s autistas o efeito pequeno. A questo nas, de um modo aprendem a controlar me lhes so dados sua foi performance, muito nessasegmentados, ao tarefa passo aconsiderada geral, a foracoesivacentral gradativamente,conforpassos iniciais para a compreenso da segmentao do desenho completo; os autistas no s e valem dessa aprendizagem, mantendo a idia de fragmentao. Frith explica que coerncia central uma fora que une ou mantm juntas vrias informaes. Foranacoerncia detalhe ( ver a floresta, e no acentral dificulta a viso de s rvores), e fraqueza nacoerncia central dificulta ver o todo ( ver as rvores, e no a floresta). Essa fora p ode mudar ao longo do de interesse, mas tempo nos e se modificar em diferentes domniosautistas ela pode nunca ser obtida. ilhas Por meio desta teoria de habilidade em poderiam ser explicadas, ento, asalguns autistas, ou seja, excelente ateno a detalhe, memria para detalhes e habilid ades em um tpico especfico, presentes em alguns indivduos do espectro. Focalizar um deta lhe ----------------------- Page 45----------------------44 de uma cena uma capacidade de ateno, vista como superior em autistas, se comparado s com grupo tpico. Em tarefas como a do Children's or Adult Embedded Figures Test, em que requerido encontrar uma determinada figura num desenho mais complexo, os aut istas apresentam desempenho escrita por Hs) e no Homographs Test no homfonos), (pares o no sentido de focalizar e no o o detalhe mais de rpido. sentenas No Navon contendo Test (Letra Ahomgrafosdesempenho dos autistas se d (a letra H), a palavra isolada (confundindo-se o percepo mais napronncia),todo, demonstrandlimitada do contexto e mais focada no detalhe (Baron-Cohen, 2008). Como crtica a essa teoria, Baron-Cohen (2008) aponta que ela tambm no expl ica as caractersticas de todos os indivduos do espectro, pois alguns Aspergers podem s e sair bem nesses testes. Alm disso, ela deveria deixar claro qual o real nvel de dificul dade de integrao os autistas teriam. Como sugesto, ele prope que a teoria se associe teoria daConectividade (uma teoria neurobiolgica), que prope que os indivduos do espectro do autismo teriam uma superconectividade em pequenas extenses, ou seja, clulas nervos as fazendo pequenas conexes locais no crebro. Ele sugere tambm a associao desta teoria com a evidncia da hipersensibilidade estes so hbeis em sensorial do autista, j quedetectar mudanas sonoras, nos sabores, e em tarefas de busca visual. 1.2.3. Teoria das Funes Executivas reenso Seguindo as contribuies de algumas autismo encontram-se de da teoria alguns cognitiva estudos para envolvendo e o a comp fu dcaractersticas do nes executivas.Similaridades entre o e lesionados frontaiscomportamentoindivduosautistaslevaram autores como Pennington e Ozonoff, em 1996, a tentar compreender o autis mo sob a tica metfora das disfunes frontal executivas, baseados naquilo que chamaram de(Cabarcos & Simarro, 2002). ----------------------- Page 46----------------------45 Funo executiva, guarda-chuva que segundo Zuddas e cols. (2005) um termoabarca funes como: planejamento, memria de trabalho, controle de impulsos, inibio, flexibilidade mental, iniciao e monitoramento das aes. De acordo com Frith (2003), a s habilidades executivas no so necessrias em atividades comuns como andar e comer, ma s so requeridas quando r vrias tarefas ao preciso mudar de plano, tomar decises, fazemesmo tempo ou inibir respostas impulsivas inapropriadas. Por essa razo, o autism o tem sido associado s prejudicados a dficits so o nas funes executivas, e os fatores maiplanejamento das aes (ou a habilidade de gerar novas idias) e a ateno alternada (ou acapacidade de alternar tarefas, ser flexvel, mudar a regra, como no Wisconsin Ca rds Test), o que explicaria o comportamento tereotipado do autista, repetitivo, perseverativo o foco de ou es ateno (Fritvisto ele no conseguir planejar novas aes nem mudar h, 2003; Baron-Cohen, 2008). Baron-Cohen (2008) a, afirmando que ela critica a evidncialimitadadestateoritambm falha em explicar o comportamento de todos os autistas do espectro, uma vez que Aspergers podem se dres, por exemplo. sair No bem em tarefas como a Torre de Lonentanto, Frith (2003) comenta que os testes tm mostrado que nem todas as pessoas com leso no lobo frontal cutivas, sendo isso apresentam problemas em todas as funes exetambm vlido para o autismo. Como sugesto, Baron-Cohen associaria esta teoria com a Teoria do Monotropismo, a qual postula que um crebro tpico pode focalizar duas ou mais tarefas simultaneamente, ao passo que em Autismo ou em Asperger a ateno se dirige a apenas um foco. Um estudo sobre o processamento da informao, realizado por Ring e cols. ( 1999) utilizou a Ressonncia Magntica Funcional (fMRI) em sujeitos com e sem autismo, par a investigar se haveria diferena na ativao de regies do crebro durante a performance do s indivduos Task). Os na Tarefa de Figuras resultados Embutidas (Embedded Figures----------------------- Page 47----------------------46 mostraram que muitas regies foram ativadas de maneira similar em ambos os grupos, mas o grupo de indivduos normais apresentou maior ativao em reas do crtex pr-frontal, e o grupo de autistas apresentou maior ativao em regies tmporo-occipitais ventrais. Pa raos deautores, esses dados sugerem estratgias cognitivas ou seja, o grupo de trabalho, dequeosgrupos utilizavalem-se sistemasdiferenciadas, da memrianormaisenquanto os autistas utilizam sistemas visuais para anlise dos objetos. A afirmao anterior pareceu muito categrica, e reflexes importantes em relao a isso, talvez mais esclarecedoras, ento de Grandin (1996), possam ser retiradas do depoimuma autista norte-americana que diz pensar em imagens e considera as palavras co mo uma segunda lngua. Em seu relato, ela conta que pensar visualmente permitiu-lhe const ruir um sistema jetista de imaginao de equipamentos que fala a ajudou dizendo que em os seu trabalho tendem de pro apecurios. Completa sua ser hbeis em padresautistasvisuais espaciais, em detrimento de execues verbais, mas no coloca isso se contrapo ndo a uma outra habilidade. Ela descreve seu pensamento, dizendo: My imagination works like the computer graphics programs that created t he lifelike raphics better dinosaurs in program that Jurassic can Park. design [] I don't I need can a do fancy it gproduce three-dimensional and faster in my head. (p. 21)3simulations.Todos esses comprometimentos, juntamente com as habilidades manifestada s pelos autistas, sugerem que mais teorias devam ser exploradas no sentido de tentar com preender aspectos especficos do comportamento autstico, bem como mais investigaes devam ser feitas amento para comprovao verbal, de hipteses provenientes desses estudos. Penspensamento imagtico e potencial intelectual em indivduos autistas so assuntos que a inda 3 Traduo da autora: Minha imaginao de computador que criou o dinossauro ao natural no Jurassic Park trabalha [...] Eu como no o programa de grficoprecisoum programa grfico que possa produzir simulaes de projetos em terceira dimenso. Eu posso faz-lo melhor e mais rpido em minh a cabea. ----------------------- Page 48----------------------47 ser investigados lidar com as provenientes plano das do meionecessitam bsica de informaes al e noprofundamente. pode seSe desenvolverahabilidade no plano verbimagens, de forma conjunta ou interdependente, e o quanto esses fatores interfer em ou so influenciados pelo comportamento social de um indivduo so questes relevantes para s e considerar numa avaliao cognitiva de crianas autistas. 1.2.4. Teoria da Empatia / Sistematizao e Teoria do Crebro Extremamente Masculino De acordo com Baron-Cohen (2008) esta teoria explica no apenas as dificu ldades sociais e de comunicao das caractersticas do autismo, mas tambm a grande maioriapresentes em quadros de autismo e Transtorno de Asperger. Esse autor divide o co nceito de empatia em empatia cognitiva, oria da Mente, ou seja, reconhecer emocional os estados mentais que seria uma em que si e comporta a ideia de e empatia Tenos outros,reao apropriada aos sentimentos e pensamentos das pessoas. Contudo, ele deixa clar o que o que caracteriza realmente no a ausncia de o Transtorno do Espectro do Autismoempatia, mas a discrepncia entre empatia e sistematizao. Por rar, ou at sistematizao mesmo entende-se a capacidade de analisar, exploconstruir um sistema qualquer, que pode ser do tipo numrico, mecnico, motor, natur al, abstrato ou social, entre e sistematizar significa outros. Todos subjacentes esses sistemas a eles, tm regras, suastentar identificar as regras regularidades (Baron-Cohen,perceber2004; 2008). Porm, por meio da sistematizao possvel compreender e prever apenas a natureza das coisas, mas no de pessoas. Isso se d pela empatia, pois a sistematizao no se aplica na interao social rotineira, do dia a dia (Baron-Cohen, 2004). Esta teoria possui muitas vantagens, e uma delas a de ser bifatorial, o u seja, por um lado o baixo escore em empatia explica as dificuldades em comunicao social, e, por ----------------------- Page 49----------------------48 lado, o alto escore especficos, os e aoutro eressesemsistematizao aexplica comosintcomportamentos repetitivos das mesmices.resistncia precisamudanas,manutenoPara um sistematizador, tudo as s podem mudar aosser previsvel,e as coispoucos, uma de cada vez (Baron-Cohen, 2004). Diferentemente Executivas, esta das teorias da Coerncia Central e os e das Funesproposta v os comportamentos do autista como orepetitivosinteressesespecficosresultado de um comportamento inteligente, ou seja, capaz de fazer anlise minuci osa de um sistema, observando eralizaes precoces. Ento, nessa viso cognitivo, cuja todas as suas variveis a e no fazendo como um gen estilopositiva,considerasistematizaocaracterstica principal a excelente ateno a detalhes, visto que cada parte de um si stema tem uma regra funcional (Baron-Cohen, 2008). Uma proposta mais ampliada desta teoria, para os autistas, denominada d e Teoria do Crebro Extremamente a por Asperger, em sua tese publicada em e agora vem sendo estudada dcada Masculino, 1944, a qual foi inicialmente (2004; desde o propostsegundo esteBaron-Cohen autor2008), final dae explicada por passada. Comoltimoexplicao do modelo, Baron-Cohen descreve cinco tipos possveis de crebro encontrados a partir das dimenses Empatia (E) e Sistematizao (S), j comentadas. ou E O > Tipo E corresponde S; o tipo S a sistematizao a condio a empatia maior maior que que sistematizao, ou S > E;corresponde o tipo Bempatia,balanceada entre E e S, ou seja, E = S; o tipo E extremo refere-se a E bem maior que S, representado por E > > S e ainda sem o reconhecimento de nenhum grupo nessa cate goria; e, por fim, o tipo S extremo, ou S > > E, no qual a sistematizao aparece de forma bem mais acentuada que a empatia, tem aqui os autistas como representantes. Como evi dncia dessa discrepncia entre S e E o autor comenta sobre o baixo desempenho em tarefas de empatia e alto desempenho dos autistas e dos em tarefas de sistematizao, por parte----------------------- Page 50----------------------49 em tarefas usadas Empatia (QE), oAspergers, iente deporele,dentreasquaisoQuocQuociente de Sistematizao (QS) e o Quociente do Espectro do Autismo (QA). 1.2.5. Teoria Magnocelular Trata-se de uma teoria atual para explicao do autismo que o considera com o uma disfuno especfica responsvel pelo na via magnocelular ainda que (M) a via do sistema parvocelular visual,processamento do movimento, (P), responsvel peloprocessamento da forma, esteja intacta. Segundo Baron-Cohen (2008), alguns dos estudos relacionados a esta teoria mostram que os autistas so mais lentos para detectar m udanas no e, campo e a visual quando percepo do lhe conexes so mostradas pela vrias via figuras rapidament Emovimento depende das sta teoria tem seuefetuadasmagnoceleular.valor no sentido de unir teoria psicolgica com neurolgica, abrindo novos caminhos para pesquisa. um McCleery, Allman, estudo no qual Carver e Dobkins (2007) conduziramavaliaram 13 crianas de seis meses de idade, consideradas de risco para TEA em fu no de terem irmos mais velhos autistas. Usaram estmulos visuais que verificavam, tanto a via magnocelular, quanto a via parvocelular do sistema visual primrio. Em comparao com um grupo controle de 26 crianas sem histrico familiar de autismo, constataram que a via P era idntica nos dois grupos, mas a M estava mais comprometida no grupo de risco . Os autores concluem que o autismo pode estar associado a uma disfuno na via M no comeo de vida, e isso pode ser diagnosticado precocemente em crianas. Segundo eles, a v ia M desenvolve-se cedo, e qualquer anormalidade nela pode se desdobrar em um conjunt o de outras anormalidades Tal processamento posteriores, inclusive no processamento facial.tem origem na via visual M que se projeta para a amigdala, que uma estrutura do sistema lmbico relacionada, dentre outros fatores, s expresses faciais das emoes. ----------------------- Page 51----------------------50 Milne (2005), estudiosa lhadamente essa questo, inclusive assumindo que s visuais no estnoassunto,explicamaisdetaa dificuldadena detecodos movimentopresente em todos os autistas, havendo necessidade de mais estudos na rea. Ela es clarece que as duas vias paralelas, magnocelular e parvocelular, so especializadas respec tivamente pela percepo do as anatmica e movimento e percepo da forma, e que esto separadfuncionalmente. Os neurnios magnocelulares respondem preferencialmente aos estmulos de frequncia espacial mais baixa e temporal mais alta, como o movimento e a luz p iscante; j os parvocelulares respondem mais alta e temporal mais baixa, como hiptese de que percepo des no do os a estmulos esteja a estmulos Ela de frequncia tambm espacial daestticos.compartilhamovimentocomprometida em TEA, decorrente de anormalidasistema magnocelular (em nvel subcortical) e no feixe dorsal (em nvel cortical), v isto que esse feixe recebe apenas input ventral recebe input de ambos os sistemas M e P. Algumas crticas a essa teoria tm sido feitas porque a proposta de que o p roblema do autismo seja puramente dade em outras reas visual no explica a hipersensibili do sistema M, enquanto o feixesensoriais, como a auditiva ou a olfativa, por exemplo; outro fator o que, se os autistas no processassem os ligados a esses estmulos visuais em movimento, no estariam toestmulos quando pequenos; alm disso, as anormalidades magnocelulares tambm podem estar presentes em casos -Cohen, 2008). Milne de dislexia e no s em autismo (Baron(2005) j comentava, no entanto, que, apesar de esse comprometimento aparecer tambm em outros quadros clnicos, generalizada para vrios em TEA ele se apresenta de formatipos de movimento, dentre os quais a coerncia do movimento, o movimento de rotao, o movimento biolgico (percepo de movimentos animados, como caminhar, saltar, nadar). Nos co outros quadros, o comprometimento de coerncia de seguir mais alm restrito dete de outros fmovimento. Os estudos devem atores, se h relaoverificando,----------------------- Page 52----------------------51entre esse comprometimento e os sintomas de severidade em TEA, e se ele pode imp actar nas habilidades cognitivas. Ramus (2005) discute essa questo luz de dois modelos: o de mltiplos fator es de risco e o de t na percepo marcador do no-especfico. fator com de No primeiro TEA, tambm modelo, mas no o dfici o n TEmovimento seria um forte ico, contando com a possibilidade de A seria visto combinaesrisco para fatoresoutrosimportantes.como tendo mltiplos sintomas, mas no sistemticos. No segundo modelo, acrescenta-se o fato de que associar um sintoma a um transtorno no obrigatoriamente coloca esse s intoma como sendo a causa do transtorno. possvel haver similaridades entre dois transtor nos e marcadores no-especficos comuns a eles, como a dislexia e o autismo, por exemplo. Uma outra abordagem, mais relacionada neurobiologia, vem tambm despontan do nas pesquisas sobre icamente a questo autismo, da ajudando a fundamentar neurologdificuldade no estabelecimento da empatia pelos indivduos autistas. Trata-se dos estudos sobre o sistema de neurnios espelho, que devem aqui ser apresentados para finaliz ar esse conjunto de informaes que tentam explicar o que ocorre com um crebro to atpico. 1.2. 6. Sistema de Neurnios Espelho O estudo sobre neurnios espelho teve incio em 1996, na Universidade de Pa rma, Itlia, com os pesquisadores r de observaes feitas por esses neurofisiologistas do crtex motor de macacos, rea essa associada oi percebido que os Gallese, Fogassi e Rizzolatti. na mo e A rea parti F5 f(especificamente focalizadas aos movimentos entreboca),mesmos neurnios que disparavam, quando os macacos executavam a ao de pegar algo e conduzir boca, tambm disparavam quando os macacos viam os pesquisadores levandoalimento boca, ara comer. Estecomoseelesprprios para queestivessem pegando o alimento p investigaes mais detaexperimento abriu as lhadas fossem feitasportas----------------------- Page 53----------------------52 considerando a possibilidade de neurnios espelho tambm reagirem a som e a situaes inacabadas que contivessem pistas da ao anteriormente executada (Kohler & cols., 2 002). Foi em possvel concluir vrios tipos como: que essa classe de neurnios (divididaneurnios espelho audiovisuais, neurnios espelho de pegar etc.) justificaria a comp reenso das am aes dos outros, para sinalizar o ou seja, esses neurnios especficos servirisignificado do ato. uma O sistema de rede cortical neur