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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA INSTITUTO DE SAÚDE E PRODUÇÃO ANIMAL COORDENADORIA DO CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA AVALIAÇÃO BACTERIOLÓGICA DE PEIXES UTILIZADOS NO PREPARO DE SUSHIS E SASHIMIS COMERCIALIZADOS NA CIDADE DE BELÉM - PARÁ Belém 2009

Avaliação bacteriológica de sushis e sashimis em Belém

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Trabalho de TCC apresentado à faculdade de Medicina Veterinária

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZNIA INSTITUTO DE SADE E PRODUO ANIMAL

    COORDENADORIA DO CURSO DE MEDICINA VETERINRIA

    AVALIAO BACTERIOLGICA DE PEIXES UTILIZADOS NO PREPARO DE SUSHIS E SASHIMIS COMERCIALIZADOS NA CIDADE DE BELM - PAR

    Belm

    2009

  • HELLEN CHRISTINA GUERREIRO DE ALMEIDA

    AVALIAO BACTERIOLGICA DE PEIXES UTILIZADOS NO PREPARO DE SUSHIS E SASHIMIS COMERCIALIZADOS NA CIDADE DE BELM - PAR

    Monografia apresentada Coordenadoria do Curso de Medicina Veterinria e ao Instituto da Sade e Produo Animal da Universidade Federal Rural da Amaznia para obteno do ttulo de Bacharel em Medicina Veterinria.

    rea de concentrao: Inspeo de Produtos de Origem Animal

    Orientador: Prof MSc. Adriana Maciel de Castro Cardoso

    Belm

    2009

  • Almeida, Hellen Christina Guerreiro de

    Avaliao bacteriolgica de peixes utilizados no preparo de sushi e sashimi comercializados na cidade de Belm, Pa../ Hellen Christina Guerreiro de Almeida. Belm, 2009.

    62 f. : il.

    Monografia (Bacharelado em Medicina Veterinria) Universidade Federal Rural da Amaznia, 2009.

    1. Avaliao bacteriolgica. 2. Sushi. 3. Sashimi 4. coliformes termotolerantes 5. Belm Pa.. I. Ttulo.

    CDD 576.163.

  • FOLHA DE AVALIAO

    Nome do autor: ALMEIDA, Hellen Christina Guerreiro de

    Ttulo: Avaliao bacteriolgica de peixes utilizados no preparo de sushis e sashimis comercializados na cidade de Belm - Par

    Monografia apresentada Coordenadoria do Curso de Medicina Veterinria e ao Instituto da Sade e Produo Animal da Universidade Federal Rural da Amaznia para obteno do ttulo de Bacharel em Medicina Veterinria.

    Data: 06/03/2009

    Banca Examinadora

    Orientador: Prof MSc. Adriana Maciel de Castro Cardoso Instituio: UFRA

    Assinatura: _______________________________________________________________________

    Membro da Banca Examinadora:

    Prof Msc. Carissa Michelle Goltara Bichara Instituio: UFRA

    Assinatura: _________________________ Julgamento: ____________________

    Membro da Banca Examinadora:

    Prof. Msc. Fernando Elias Rodrigues da Silva Instituio: UFRA

    Assinatura: _________________________ Julgamento: ____________________

  • AGRADECIMENTOS

    A Deus acima de tudo e aos meus pais e meu irmo, pelo amor e apoio em todos os momentos da minha vida e por acreditarem em mim quando eu mesma duvidava. minha famlia por ter me dado o privilgio de crescer cercada por pessoas to maravilhosas.

    Ao Tiago por sempre arranjar uma maneira de participar de tudo na minha vida, e ser meu brao forte, indispensvel para a concluso desta e de tantas outras etapas.

    Aos amigos Lou, LuH, Nandica, Hika, Mandy, Bell, Babi, Daiti, Serjo, Raphy e tantos outros por terem compreendido minha correria sob a justificativa: Trabalho!! NEF!! TCC!! , alm do apoio, preocupao e carinho, sempre. Aos amigos Gislia Alcntara, Lauro Amrico e Isadora Barroso por estarem ao meu lado em qualquer situao e serem o melhor presente que a vida veterinria me deu. Eu amo vocs!

    Ao Prof Dr. Haroldo Ribeiro e Prof Esther Ledeburg, a quem devo meus primeiros passos na pesquisa cientfica, e tantas outras oportunidades, alm de ajudarem a construir muito do que hoje sou, academicamente. Aos professores Raimundo Benigno, Vnia Moreira, Antnio Horta e Washington Assuno que sem dvida so meus maiores exemplos de profissionais e a quem devo os melhores trechos da minha formao.

    Prof Adriana Maciel, minha mais-que-orientadora, minha fonte de idias, fora, inspirao e uma amiga com quem pude contar muito durante minha vida acadmica. Obrigada insuficiente para agradec-la.

    Prof Carissa Bechara, minha mais-que-co-orientadora, minha incansvel, diga-se de passagem, incentivadora. O meu muitssimo obrigada por toda a confiana e amizade que contribuiu enormemente para que eu encontrasse o meu grande amor na minha vida profissional: A anlise de alimentos.

    Ao Prof Fernando Elias, pela formao; por ter, em suas aulas, me mostrado o porqu para me apaixonar pela veterinria; por ser um exemplo enorme; por ceder o laboratrio para esta pesquisa; por me ajudar na elaborao deste trabalho em todas as suas fases e acima de tudo, por conviver com meus prejuzos dirios nas vidrarias. Aos amigos Alex Souza e Kellice Feitosa, que alm de recentes presentinhos de Deus na minha vida, estiveram ao meu lado desde o comecinho dessa pesquisa. Abrindo mo de domingos pra ficar comigo no laboratrio, me fazendo companhia, compartilhando comigo os momentos ruins, mas tambm, muitas alegrias... Vocs e a panela adotiva (Taty, That, Fabi, Lenandro e Natali) foram extraordinrios!

    A toda equipe dos laboratrios de Microbiologia (principalmente a Breenda, meu anjo nesse TCC!), Patologia Clnica (Caroool!!) e Anlises Qumicas (Rosa e Luciana) vocs foram fundamentais.

  • Sempre tropeamos nos pequenos obstculos, porque os grandes podemos enxergar.

    Provrbio japons

  • RESUMO

    ALMEIDA, H.C.G. Avaliao bacteriolgica de peixes utilizados no preparo de sushis e sashimis comercializados na cidade de Belm Par, 2009 [Bacteriological evaluation of fishes used to prepare sushis and sashimis sold in Belm Par, 2009]. 2009. 62 f. Monografia (TCC em Inspeo de Produtos de Origem Animal) Coordenadoria do Curso de Medicina Veterinria, Instituto da Sade e Produo Animal, Universidade Federal Rural da Amaznia, Par.

    O Brasil vem acompanhando uma nova e crescente tendncia: a globalizao do consumo de peixe cru, principalmente em pratos oriundos da culinria tradicional japonesa. Estas preparaes cruas podem veicular uma variedade de micro-organismos patognicos para o homem, aumentando a preocupao com a qualidade sanitria destas. Este trabalho objetivou avaliar a qualidade bacteriolgica de sushis e sashimis servidos em estabelecimentos especializados (EE) e no especializados (ENE) em culinria japonesa da cidade de Belm, estabelecendo a relao entre os resultados e o tipo de estabelecimento envolvido na anlise. Doze amostras foram coletadas em seis estabelecimentos (quatro EE e dois ENE) e submetidas a anlises bacteriolgicas, para coliformes termotolerantes, Salmonella spp e Staphylococcus aureus. Das amostras estudadas, 66% apresentaram contagem de coliformes termotolerantes acima dos limites estabelecidos na RDC-ANVISA n 12/2001, sendo que nos EE, 87,5% das amostras estavam em condies sanitrias insatisfatrias, enquanto que nos ENE, encontrou-se 25% em condies insatisfatrias. A maior contaminao por coliformes, em EE, pode estar relacionada ao maior tempo de armazenamento dos peixes em balces no-refrigerados, nestes estabelecimentos. Salmonella spp e Staphylococcus aureus no foram isolados nas amostras estudadas. O grande nmero de organismos indicadores de contaminao detectada nas amostras estudadas revela que o consumo de alimentos crus como sushi e sashimi um risco sade dos consumidores, independente do tipo de estabelecimento em que so encontrados. Sugere-se que os profissionais responsveis pela manipulao destes alimentos, sejam capacitados e adotem medidas mais rigorosas de higiene. Os consumidores devem ser informados dos riscos do consumo destes peixes.

  • Bacteriological evaluation of fishes used to prepare sushis and sashimis sold in Belm Par, 2009

    Brazil is following a new and growing trend: the globalization of the consumption of raw fish, especially in reciped from the traditional Japanese cuisine. These raw stuffs can convey a variety of pathogenic microorganisms to humans, raising the concern about the hygienic quality of these preparations. This study aimed to evaluate the bacteriological quality of sushi and sashimi served in specialized establishments (EE) and non-specialized establishments (ENE) in Japanese cuisine in the city of Belm, establishing the relationship between the results and the type of establishment involved in the analysis. Twelve samples were collected at six restaurants (four EE and two ENE) and proved by bacteriological analysis, incluinding tests to thermotolerants coliforms, Salmonella spp and Staphylococcus aureus. In the samples studied, 66% had counts of thermotolerants coliforms above the limits established by Brazilian legislation RDC n 12/2001, being 87.5% of the samples collected in EE in poor health conditions, while in ENE, 25% were in poor conditions. The highest contamination with coliforms in EE, may be associated to longer storage time of fishes in non-refrigerated counters in these establishments. Salmonella spp and Staphylococcus aureus were not isolated in the samples studied. The large number of indicator of contamination organisms detected in the samples studied shows that the consumption of foods like sushi and sashimi is a risk to the consumer health, regardless of the type of establishment that in which they are offered. It is suggested that the responsible professionals for handling these foods, be trained and adopt more stringent measures of hygiene. Consumers should be informed of the risks of consumption of these fishes.

    Unitermos: Avaliao bacteriolgica, sushi, sashimi, Belm.

  • LISTA DE ILUSTRAES

    Figura 1 - Mercado de sushi no perodo Edo (Sculo III), quando o peixe era vendido em pequenas pores prensado entre camadas de arroz.

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    Figura 2 - Alimentos tpicos da culinria japonesa: a) sushi e b) sashimi.

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    Figura 3 - rea da cidade de Belm compreendida no presente estudo.

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    Figura 4 - Amostras de Salmo e Camurim coletadas e acondicionadas em recipiente isotrmico para transporte.

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    Figura 5 - Tubos para diluio seriada at 10-3, de uma amostra de salmo e uma de atum.

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    Figura 6 - Transferncia das diferentes diluies da amostra para o caldo LST.

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    Figura 7 - Tubos de LST, aps 24 horas de incubao, demonstrando presena (esquerda) e ausncia (direita) de turvao, decorrente da atividade bacteriana.

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    Figura 8 - Transferncia do Caldo LST para CVB com auxlio de haste de madeira estril.

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    Figura 9 - Srie de tubos de CVB aps 24 horas de incubao, mostrando turvao e formao de gs em todos os tubos.

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    Figura 10 - Tubos de Caldo EC aps incubao em banho-maria por 24 horas, mostrando um tubo sem crescimento (N) e um tubo com turvao (T), no detalhe mostrado pela seta, formao de gs no interior do tubo de Durhan.

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    Figura 11 - Placas de BP incubadas em estufa a 37 C (destaque).

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    Figura 12 - Mistura inicial, na estufa, aps 24 horas de incubao para pr-enriquecimento.

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    Figura 13 - Caldo Rappaport ( esquerda) e Caldo SC ( direita) aps incubao.

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    Figura 14 - Placas de BP aps 48 horas de incubao no demonstrando crescimento de colnias ( direita), ou ainda, apenas crescimento de colnias atpicas ( esquerda)

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  • SUMRIO

    1 INTRODUO

    2 REVISO DE LITERATURA

    2.1 CULINRIA JAPONESA NO BRASIL

    2.2 CONSUMO DE PEIXES NO BRASIL

    2.3 PRINCIPAIS BACTRIAS ENCONTRADAS EM PEIXES UTILIZADOS NA CULINARIA JAPONESA

    2.3.1 Coliformes termotolerantes

    2.3.2 Staphylococcus aureus

    2.3.3 Salmonella spp

    2.4 PADRES MICROBIOLGICOS PARA PESCADO CONSUMIDO CRU

    3 MATERIAL E MTODOS

    3.1 MATERIAL

    3.1.1 Estabelecimentos

    3.1.2 rea de estudo

    3.1.3 Espcies de peixes utilizadas

    3.2 MTODOS

    3.2.1 Coleta e transporte das amostras

    3.2.2 Recepo e preparo das amostras para anlise

    3.2.3 Anlises bacteriolgicas

    3.2.3.1 Pesquisa de Coliformes Termotolerantes

    3.2.3.2 Pesquisa de Staphylococcus aureus

    3.2.3.3 Pesquisa de Salmonella spp

    3.2.4 Anlise estatstica dos resultados

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  • 3.2.5 Aspectos ticos

    4 RESULTADOS E DISCUSSO

    4.1 CARACTERSTICAS DOS ESTABELECIMENTOS ESTUDADOS E FORMA DE APRESENTAO DOS ALIMENTOS

    4.2 ANLISE QUANTITATIVA DE COLIFORMES TOTAIS E TERMOTOLERANTES

    4.3 ANLISE DE Staphylococcus aureus

    4.4 ANLISE DE Salmonella spp

    4.5 RESULTADO GERAL

    5 CONCLUSES

    6 CONSIDERAES FINAIS

    7 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    8 GLOSSRIO

    9 ANEXOS

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  • 10

    1 INTRODUO

    A produo pesqueira mundial tem aumentado a cada ano e o Brasil acompanha essa evoluo

    (FAO, 2007). Peixes e outros frutos do mar representam um tero do consumo mundial de

    protena (DIAZ, 2004). O consumo no Brasil entre os anos de 2001 e 2003 esteve, em mdia,

    entre 5 e 10 kg/ano (VALDIMARSSON, 2005).

    Apesar de o peixe ser uma fonte de protena saudvel, tambm pode ser um veiculador de

    doenas. No somente por sofrer rpida deteriorao, mas tambm devido a diversos

    comportamentos de risco que permitem o desenvolvimento de micro-organismos patognicos

    (FRANCO; LANDGRAF, 2003).

    Huss, Reilly e Embarek (2000) dizem que, por no sofrerem coco, sushis e sashimis so

    importantes veiculadores de micro-organismos, frutos de contaminao ambiental ou de falhas

    no processo de manipulao. Alm disso, o tempo decorrido entre a pesca, o preparo e

    consumo pode agravar o risco de toxinfeco, se a preparao for mantida em temperatura que

    propicie o crescimento e multiplicao de micro-organismos ou a produo de toxinas.

    Se no forem adotadas boas prticas de manipulao e conservao dos peixes, estes podem

    passar a abrigar patgenos como Staphylococcus aureus, Escherichia coli e Salmonella spp

    (SAKER-SAMPAIO; VIEIRA, 2004). Alm disso, podem promover o desenvolvimento de

    micro-organismos como Vibrio spp e Aeromonas spp, se estes estiverem contaminando o

    peixe. Todos esses micro-organismos podem causar infeco gastrintestinal no homem (JAY,

    2000).

    A investigao bacteriolgica dos alimentos pode contribuir para definir o risco de exposio

    a patgenos potenciais e para enfocar a importncia relativa de diferentes produtos como

    veiculadores destes, pois, o controle e preveno de doenas veiculadas por alimentos (DVA)

  • 11

    dependem da identificao de suas causas. Por essa razo, toda a informao gerada dentro das

    normas de metodologia cientfica, somada quelas acumuladas at o momento, so

    ferramentas valiosas e necessrias para o melhor conhecimento da epidemiologia das DVAs.

    Os resultados desta pesquisa podem servir como parmetro para se avaliar as prticas do

    processo de produo de sushis e sashimis, e alertar autoridades de sade e consumidores

    sobre os possveis riscos potenciais sade associados ao consumo desses alimentos.

    Assim, esta pesquisa visa identificar a qualidade bacteriolgica de preparaes base de peixe

    cru servidos em restaurantes especializados e no-especializados da cidade de Belm, Par.

    Analisar-se- a qualidade sanitria dos peixes utilizados no preparo de sushis e sashimis

    servidos, comparando os resultados obtidos aos parmetros estabelecidos pela Legislao

    Brasileira, por meio de: pesquisa quantitativa de coliformes termotolerantes; pesquisa

    quantitativa de Staphylococcus aureus; pesquisa qualitativa de Salmonella spp.

    A partir dos dados obtidos, ser correlacionada a qualidade bacteriolgica das preparaes

    base de peixe cru com o modo de apresentao destes, e a especialidade do estabelecimento

    que os oferecem, em relao ao atendimento de boas prticas de fabricao.

  • 12

    2 REVISO DE LITERATURA

    2.1 CULINRIA JAPONESA NO BRASIL

    Desde o tempo dos Samurais at os dias de hoje, a culinria japonesa revolucionou o modo

    de se preparar e comer o sushi e o sashimi. No sculo III, quando no havia sal nem

    refrigerao, os nativos que habitavam a costa do Japo prensavam o peixe em arroz molhado,

    preparando fardos dessa mistura. Mais tarde, os japoneses passaram a rechear o peixe com

    arroz pr-cozido e avinagrado, resultando num processo de conservao de trs meses (Figura

    1) (DE SILVA; YAMAO, 2006; KAZATO, 2008).

    Figura 1 - Mercado de sushi no perodo Edo (Sculo III), quando o peixe era vendido em pequenas pores prensado entre camadas de arroz. Fonte: Kazato (2008)

    Sculos depois, surgia a preocupao da contaminao do alimento no momento do

    corte. Em 1746, o mdico Matsumoto Yoshiiti, ministro da sade de Ietsuna Tokugawa,

    inventou o soro amazu, composto da mistura de vinagre, sal e acar. Em 1826, um florista

    chamado Yohei descobriu como fazer o atual sushi. Aprendera que o wasabi, o gengibre e o

  • 13

    amazu, ento utilizados em outros pratos, tinham fortes poderes antibacterianos (OMAE;

    TACHIBANA, 1988).

    O Sushi de hoje basicamente um bolinho de arroz temperado com amazu, moldado

    mo e coberto com fatias de peixe cru, polvo, omelete oriental, camaro ou kanikama. O

    sashimi consiste em fatias de peixe ou pescado cru, de vrias espcies, servidas com molho de

    soja e pasta de raiz forte, o wasabi (Figura 2) (HANASHIRO, 2002).

    Figura 2 - Alimentos tpicos da culinria japonesa: a) sushi e b) sashimi. Fonte: Arquivo Pessoal

    Watanabe, Tamada e Hamada-Sato (2005) dizem que estes pratos, tipicamente

    japoneses, acabaram tornando-se populares, tambm, em muitos outros pases alm do Japo.

    No Brasil, a descoberta do Japo comea com os primeiros japoneses chegando ao pas a

    bordo do vapor Kasato-Maru em 1908, at os dias atuais, nos quais, nisseis e sanseis (filhos e

    netos de japoneses imigrantes) abrem portas para a redescoberta do mundo japons, com a

  • 14

    disseminao do modus vivendi dos japoneses, no qual a culinria se destaca por seus pratos

    exticos. (CARNIER JNIOR, 2000; RIBEIRO, 2005).

    Na dcada de 1980, o hbito de comer peixe cru, nos sushis e sashimis, ganhou maior

    expressividade, fazendo com que os leves pratos japoneses, quase sem gorduras,

    moderadamente temperados, adquirissem uma aceitao desde gourmets at os adeptos de

    vida saudvel (SUSHI MAGAZINE, 2008)

    O hbito de ingerir peixes, em especial crus, de introduo recente no cardpio dos

    estabelecimentos de alimentos, em So Paulo e outras cidades brasileiras, e vem aumentando

    nos ltimos anos (MATT et al., 2007; RUIVO; POLLONIO 1998). Resende (2004) relata

    que o consumo de pratos tpicos da culinria japonesa cresceu, em Braslia (DF), 20% entre

    2001 e 2002.

    Os restaurantes que servem este tipo de preparaes podem ser encontrados na maioria

    dos shoppings centers, em praas de alimentao, destacando-se tambm a difuso de sushi

    bares entre inmeras churrascarias, pizzarias, alm do servio de entrega por todo o Brasil

    (SUSHI MAGAZINE, 2008).

    Com o crescente mercado de sushis, aumentou tambm a forma de preparao e os

    ingredientes utilizados nestes pratos. Preparaes que antes incluam apenas peixes, arroz e

    alga esto sendo montadas utilizando frutas e legumes. Porm, os pescados crus ainda so

    presena obrigatria em pratos japoneses. Os mais utilizados so o atum, o salmo, o robalo

    (camurim), o namorado, o cara-pau, o camaro e as lulas (MATT et al., 2007).

    Os diversos tipos de salmo utilizados na culinria japonesa pertencem famlia

    Salmonidae (Resetnikov, 1988), que abrange salmes de guas doces e marinhas (FISHBASE,

    2009).

  • 15

    Em So Paulo, segundo a Associao Brasileira de Culinria Japonesa (ABCJ) nos 300

    estabelecimentos especializados em culinria japonesa, o consumo mdio de salmo

    equivalente a 2,6 mil toneladas por ano, sendo que sushis e sashimis so responsveis por 80%

    do consumo nestes restaurantes (ANVISA, 2005).

    As espcies de atum pertencem ao gnero Thunnus (South, 1845). No Brasil capturam-

    se 582 mil toneladas por ano, sendo que a maior parte destes peixes destinada indstria de

    conservas. O camurim, ou robalo, pertence ao gnero Centropomus (Lacpde, 1802), que

    compreende essencialmente peixes marinhos (ANDRADE, 2006; FISHBASE, 2009).

    A recente e crescente popularizao do consumo de peixe cru no Brasil aumenta a

    preocupao com a qualidade higinico-sanitria dos pescados e de suas preparaes

    (MARTINS, 2006).

    2.2 CONSUMO DE PEIXES NO BRASIL

    A produo pesqueira mundial, de 19 milhes de toneladas em 1950, ultrapassou em 2004,

    141 milhes de toneladas. A produo brasileira cresceu de 150 mil toneladas para mais de um

    milho de toneladas no mesmo perodo (FAO, 1999; FAO, 2007; FAOSTAT, 2008).

    Peixes e outros frutos do mar representam um tero do consumo mundial de protena

    (DIAZ, 2004) e o seu consumo vm aumentando tambm no Brasil, em muitos pases,

    principalmente da Europa e da sia, onde o pescado a principal protena animal consumida

    (HUSS; REILLY; EMBAREK, 2000). No Brasil, nos ltimos 40 anos o consumo per capita

    de peixes e frutos do mar cresceu em mdia de 9 para 16 kg/ano, e no perodo de 2001 a 2003,

    a mdia de consumo esteve entre 5 e 10 kg/ano (VALDIMARSSON, 2005).

  • 16

    Aliado a este fator, est a globalizao cultural e integrao do comrcio mundial, o que

    dentre outras razes (HAWKES, 2006), tm influenciado no aumento do consumo de pratos

    orientais base de peixes crus (SOARES; GERMANO, 2004). No Brasil, esta tendncia se

    expressa na popularizao do consumo de pratos orientais, dos ltimos anos, devido ao

    aumento do nmero de estabelecimentos que oferecem pratos tpicos, dentre os quais, aqueles

    base de peixe cru, como sushis e sashimis (SOARES; GERMANO, 2004; MARTINS,

    2006).

    2.3 PRINCIPAIS BACTRIAS ENCONTRADAS EM PEIXES UTILIZADOS NA

    CULINRIA JAPONESA

    A carne de peixe, que possui benefcios nutricionais reconhecidos, como qualquer

    alimento de origem animal, pode, ao contrrio, tornar-se um risco ao consumidor se no forem

    observados cuidados no preparo, manipulao e conservao desta (DIAZ, 2004; HUSS;

    REILLY; EMBAREK, 2000).

    A contaminao pr-captura com patgenos de reservatrios animal/humano (Salmonella

    spp, Shigella spp, Escherichia coli, vrus entricos) pode oferecer risco, pois em alguns casos,

    uma dose infectante baixa suficiente para provocar uma doena (1-10 clulas para alguns

    sorotipos de Shigella e Salmonella, uma partcula infecciosa para vrus Norwalk). As

    bactrias do gnero Salmonella, podem ser encontradas em guas poludas por esgotos ou por

    excretas animais (REIJ; DEN AANTREKKER, 2004; BASTI et al., 2006).

    Coliformes fecais, E. coli e Aeromonas spp podem ser encontrados em peixes frescos ou

    congelados, estando relacionados com a qualidade da gua, principalmente do gelo utilizado

  • 17

    na conservao, e/ou procedimento ps-captura (HUSS; REILLY; EMBAREK, 2000;

    FRANCO; LANDGRAF, 2003).

    s condies inerentes ao alimento, podem juntar-se outros fatores como refrigerao

    inadequada, conservao em gelo de origem duvidosa, falta de higiene do manipulador, dentre

    outras variveis crticas. Esses fatores podem estar presentes em toda a cadeia de

    processamento do peixe desde a captura ou despesca, at a mesa do consumidor (FALCO;

    FALCO; GOMES, 2004).

    Quando o produto armazenado sob refrigerao, a preocupao concentra-se na

    sobrevivncia e multiplicao de micro-organismos psicotrficos. O tratamento com calor,

    como coco, eficiente na destruio de alguns patgenos, quando realizado sob temperatura

    e tempo adequados (HAMADA-SATO et al., 2005; HUSS; REILLY; EMBAREK, 2000).

    Com a inteno de torn-lo mais saudvel pela preservao de seus nutrientes, o peixe

    ingerido cru pelos orientais, como no caso dos sushis e sashimis (FELDHUSEN, 2000). A

    ausncia de coco eliminando os riscos de patgenos a principal preocupao com a

    segurana de sushis e sashimis, fazendo com que os cuidados na manipulao destes alimentos

    sejam ainda mais relevantes (HUSS; REILLY; EMBAREK, 2000; REIJ; DEN

    AANTREKKER, 2004).

    A manipulao inadequada do alimento um fator que contribui com o desenvolvimento

    de micro-organismos patognicos ao homem (SILVA, 2007). Como conseqncia direta da

    manipulao inadequada apontado o Staphylococcus aureus, de origem humana, encontrado

    nas mucosas e superfcie da pele, e que encontra, no pescado, ambiente favorvel para sua

    multiplicao (BASTI et al., 2006; FRANCO; LANDGRAF, 2003). Medidas preventivas

  • 18

    incluem boas prticas de manipulao e programas eficazes de higiene e sanitizao (HUSS;

    REILLY; EMBAREK, 2000).

    Sushi e sashimi so, ainda, considerados produtos altamente perecveis, no somente por

    serem consumidos in natura, mas tambm pelos aspectos higinico-sanitrios envolvidos na

    sua preparao e conservao, os quais exigem cuidados e conhecimento (MENEZES et al.,

    2006).

    Todos esses fatores podem incrementar a proporo de patgenos presentes nestes

    alimentos, levando o consumidor a uma doena de origem alimentar causada pela proliferao

    de bactrias responsveis pela produo de toxinas ou infeces (GERMANO; GERMANO;

    OLIVEIRA, 1998).

    Muitos pases conhecem o impacto na sade e o peso monetrio que as doenas de origem

    alimentar representam em suas comunidades. Estudo realizado em 1996, pelo Economic

    Research Service (ERS), rgo ligado ao Departamento de Agricultura dos Estados Unidos,

    estima que haja de 6,5 a 33 milhes de casos de DVAs, causadas por diversos patgenos, com

    mais de 9 mil mortes a cada ano (BUZBY et al., 1996).

    A Organizao Mundial da Sade (OMS) estimou que 76 milhes de casos com

    aproximadamente 325 mil hospitalizaes e 5 mil mortes ocorreram s nos Estados Unidos

    (MEAD et al., 1999). No Brasil, os custos com hospitalizaes devido a DVAs, entre 1999 e

    2004, chegaram a 280 milhes de reais, com mdia de 46 milhes de reais por ano (CARMO

    et al., 2005).

    Mesmo na ausncia de informaes confiveis sobre o nmero de casos de doenas

    provocadas por alimentos contaminados, sabe-se que o pescado est fortemente relacionado

  • 19

    com toxinfeces, principalmente quando oferecido em locais sem condies de salubridade

    (GONZLEZ-RODRGUEZ et al., 2002).

    No Brasil, entre 1999 e 2004, em aproximadamente 33% de 3.737 surtos no foi possvel

    determinar o tipo de alimento implicado, no entanto peixes foram implicados em 1% dos

    surtos de fonte identificada (CARMO et al., 2005).

    No Japo, em 1996, um surto envolvendo coliformes fecais em 49 pacientes foi associado

    ao consumo de sushi de salmo em sete cidades do pas (TERAJIMA et al., 1999).

    Diversos outros relatos associam pratos crus preparados a partir de atum a infeces

    alimentares de origem bacteriana (ADAMS et al., 1994; MOURA-FILHO et al., 2007) e ainda

    intoxicaes decorrentes da alta produo de histamina e cadaverina em peixes deste gnero

    quando mal-manipulados (ANDRADE, 2006).

    Pouco se tem sobre achados bacteriolgicos envolvendo especificamente o camurim na

    literatura, no entanto, ele est presente em vrios trabalhos de anlise bacteriolgica tanto de

    sushis, quanto sashimis (MARTINS, 2006; RESENDE, 2004)

    2.3.1 Coliformes termotolerantes

    Coliformes totais e coliformes termotolerantes so grupos de bactrias indicadoras de

    contaminao, que ocorrem naturalmente na microbiota de animais de sangue quente,

    utilizadas na avaliao da qualidade sanitria de alimentos (SAKER-SAMPAIO; VIEIRA,

    2004). A pesquisa destes micro-organismos, como indicadores, deve-se ao fato de terem

    deteco e enumerao mais rpidas e com menor custo do que a pesquisa de cada patgeno

    (JAY, 2000).

  • 20

    Os coliformes so um grupo de bactrias em forma de bastonetes, Gram negativas,

    anaerbicas facultativas, no esporognicas, capazes de fermentar a lactose com produo de

    gs, em 24 a 48 horas a 35 C. Distribudos amplamente na natureza, esses micro-organismos

    so encontrados no solo, gua, plantas e no trato intestinal de seres humanos e animais

    (FORSYTHE, 2002; KONEMAN et al., 2001; SILVA; JUNQUEIRA; SILVEIRA, 2001).

    O grupo dos coliformes totais composto por bactrias, entricas ou no, da famlia

    Enterobacteriaceae. Como a maioria destas encontrada no ambiente, onde permanece

    tempo superior ao de bactrias patognicas de origem intestinal, a presena de coliformes

    totais num alimento no indica, necessariamente, a contaminao fecal recente. Portanto, a

    contagem de coliformes termotolerantes fornece, com maior segurana, informaes sobre as

    condies higinicas do produto e melhor indicao da eventual presena de enteropatgenos

    (FRANCO; LANDGRAF, 2003; JAY, 2000).

    Coliformes termotolerantes so um subgrupo de coliformes totais, definidos como

    aqueles capazes de continuar fermentando lactose com produo de gs, no perodo de 48

    horas, quando incubados temperatura de 45,5 C. Este grupo inclui pelo menos trs gneros:

    Escherichia, Enterobacter e Klebsiella, dos quais os dois ltimos incluem tambm cepas de

    origem no fecal. Por esse motivo, a pesquisa de coliformes termotolerantes em alimentos

    menos eficiente do que a pesquisa direta de E. coli. (FORSYTHE, 2002; FRANCO;

    LANDGRAF, 2003; SILVA; JUNQUEIRA; SILVEIRA, 2001).

    Com a presena de indicadores fecais, h tambm a possibilidade real de presena de

    micro-organismos patognicos entricos. O indicador de contaminao fecal mais especfico e

    mais facilmente detectvel a E. coli, que depois de Salmonella spp e Staphylococcus aureus

    o agente etiolgico mais identificado como fonte de surtos de doenas de origem alimentar

  • 21

    no Brasil, de acordo com o Sistema Nacional de Vigilncia Epidemiolgica de DVAs

    (CARMO et al., 2005; FRANCO; LANDGRAF, 2003).

    2.3.2 Staphylococcus aureus

    A pesquisa de S. aureus em alimentos permite avaliar a qualidade higinico-sanitria

    dos processos de produo de alimentos, servindo como indicador de contaminao ps-

    processo (SILVA; JUNQUEIRA; SILVEIRA, 2001).

    As bactrias do gnero Staphylococcus so cocos Gram positivos, anaerbicos

    facultativos, pertencentes famlia Micrococcaceae. Algumas cepas produzem uma

    enterotoxina termoestvel, responsvel, no homem, pelos quadros de intoxicao alimentar

    (FORSYTHE, 2002; FRANCO; LANDGRAF, 2003).

    Segundo a Food and Drugs Association (FDA) (2005), bactrias do gnero

    Staphylococcus so mesfilas com crescimento entre 7 C e 46 C, sendo 37 C a temperatura

    tima de desenvolvimento.

    Enterotoxinas termorresistentes so produzidas em alimentos que permanecem num

    intervalo de temperatura por tempo vivel. Em temperatura tima, a enterotoxina se torna

    evidente em quatro a seis horas (FRANCO; LANDGRAF 2003).

    S. aureus um micro-organismo comensal humano e tambm um patgeno

    oportunista. Alm do homem, coloniza a pele e as mucosas de vrias espcies de animais de

    sangue quente. mais freqentemente encontrado no vestbulo nasal. A pele, a faringe e o

    perneo so outros locais que abrigam o micro-organismo. Com menos freqncia, o trato

  • 22

    gastrintestinal, a vagina e a axila tambm podem ser fontes de S. aureus (WERTHEIM et al.,

    2005).

    Estas bactrias podem atingir ar, gua, solo, leite, esgoto e qualquer superfcie ou

    objeto que tenha entrado em contato com infectados (FORSYTHE, 2002). Estudos de

    prevalncia demonstram que entre a populao adulta a taxa de portadores de S. aureus, no

    vestbulo nasal, tem se mantido em aproximadamente 27% desde o ano 2000. Esse valor

    menor que a taxa de 35% reportada anteriormente, a qual inclua estudos desde 1934

    (WERTHEIM et al., 2005) ou ainda dos 20-60% descritos pela FDA (2005).

    Cepas enterotoxignicas podem ser transferidas a partir da pele de indivduos

    portadores para os sushis, j que estes so moldados com as mos, ou para o sashimi durante o

    corte e a arrumao das fatias do peixe. Aqui, o papel dos manipuladores fundamental para a

    inocuidade do alimento (SILVA, 2007).

    A intoxicao em decorrncia do S. aureus provocada pela ingesto do alimento com

    a toxina pr-formada. O perodo de incubao mdio de duas a quatro horas, e os sintomas

    variam com o grau de suscetibilidade do indivduo, concentrao da enterotoxina no alimento

    e a quantidade ingerida (SILVA JR, 2002).

    Embora pouco se saiba sobre a forma de penetrao atravs do intestino e o mecanismo

    de ao que leva intoxicao alimentar, sabe-se que a enterotoxina liga-se ao nervo vago. Os

    principais sintomas so nuseas, vmitos, clicas abdominais, diarria e sudorese, e a

    recuperao da infeco autolimitada d-se, na maior parte dos casos, em 24 a 48 horas. Casos

    de morte por intoxicao alimentar so rarssimos em indivduos hgidos (FRANCO;

    LANDGRAF 2003; VINCENT et al., 2006).

  • 23

    No Japo, S. aureus foi responsvel por 91 surtos, tendo como veculo peixe, marisco e

    derivados, que resultaram em 2.026 casos, no perodo compreendido entre 1987 e 1996. Entre

    produtos derivados de peixe e marisco, foram contabilizados 82 surtos e 4.068 casos

    envolvendo bactrias, dentre os quais 28 (34%) surtos e 1.068 (26%) casos foram atribudos

    contaminao por S. aureus (CATO, 1998). Morte decorrente da intoxicao por S. aureus,

    apesar de rara, j foi notificada entre idosos, crianas e pessoas debilitadas (FDA, 2005).

    2.3.3 Salmonella spp

    Dentre as patogenias que podem ocorrer aps a ingesto de pratos exticos, como sushi

    e sashimi, esto as salmoneloses provocadas pelas bactrias do gnero Salmonella,

    considerados os principais agentes etiolgicos de doenas veiculadas por alimentos no mundo

    (CDC, 2002).

    A ocorrncia do patgeno em amostras nesses pratos de interesse para sade pblica,

    uma vez que, a legislao vigente da Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria (ANVISA)

    (BRASIL, 2001), impe sua ausncia em 25 g de amostra de qualquer alimento, incluindo os

    pescados, visto que todas as cepas de Salmonella spp so patognicas ao homem (FRANCO;

    LANDGRAF, 2003).

    As salmonelas, assim como os coliformes, compem a famlia Enterobacteriaceae.

    So bastonetes Gram negativos, no-esporulados, mveis ou imveis. Esses organismos

    multiplicam-se entre as temperaturas de 5 a 47 C e pH entre 4 e 9, tendo crescimento timo

    entre 35-38 C e pH 7; valores que podem variar de acordo com o sorotipo, sendo que alguns

    se adaptam facilmente a condies ambientais extremas. Catabolizam D-glicose e outros

  • 24

    carboidratos, com produo de cido e gs (exceto Salmonella typhi), so anaerbios

    facultativos, catalase-positivos e oxidase-negativos (FRANCO; LANDGRAF, 2003; SILVA

    JR. 2002).

    Embora possam ser encontradas amplamente na natureza, em sua maioria habitam os

    intestinos do homem e dos animais de sangue quente. Todas as espcies so consideradas

    patognicas para o homem, por isso so sorotipadas em rotina, com finalidade epidemiolgica,

    de acordo com seus antgenos somticos e flagelares (FRANCO; LANDGRAF, 2003;

    SAKER-SAMPAIO; VIEIRA, 2004).

    A bactria pode tambm ser disseminada por pessoas infectadas, durante a

    manipulao dos alimentos. Espcies de Salmonella podem produzir trs tipos de doenas:

    febre tifide, gastrenterite e agravos em rgos especficos, acompanhados de septicemia. Se

    no for tratada a doena pode levar morte (CDC, 2002; FELDHUSEN, 2000).

    A febre tifide a denominao da infeco causada pela Salmonella typhi e

    Salmonella paratyphi. Os sintomas clnicos so: mal-estar geral, dor de cabea, febre alta e

    persistente, dor abdominal, vmito, suor e anorexia. O perodo mdio de incubao de 14

    dias. Septicemia ocorre geralmente 10 dias aps o incio da infeco, sendo a vescula biliar o

    alvo da infeco (FRANCO; LANDGRAF, 2003; JAY, 2002).

    A Salmonella enterica causa gastrenterite. A infeco, denominada salmonelose,

    caracterizada por diarria, dores abdominais, febre branda, calafrios, nusea, anorexia, dores

    de cabea. Os sintomas surgem entre 10 e 36 horas depois da infeco e duram de 2 a 5 dias.

    Em idosos e crianas de pouca idade, mesmo um pequeno nmero de bactrias pode causar a

    doena, principalmente se estiverem contaminando alimentos com alta taxa de gordura

    (HENNESSY et al., 1996).

  • 25

    As salmoneloses, causadas pelas demais salmonelas, caracterizam-se por sintomas

    como diarria, febre, dores abdominais e vmitos. Estes sinais clnicos aparecem,

    normalmente, de 12 a 36 horas aps o contato com o micro-organismo e duram de um a quatro

    dias. A sintomatologia clnica em animais semelhante humana (FRANCO; LANDGRAF,

    2003).

    De modo geral, na Europa e Estados Unidos, casos de salmonelose associados ao

    consumo de peixes e crustceos so raros se comparados com aqueles associados com outros

    alimentos, como aves, por exemplo (FELL et al., 2000; FELDHUSEN, 2000).

    Cato (1998) compilando dados reportados ao Ministrio da Sade japons, no perodo

    entre 1987 e 1996, somou 57 surtos de salmonelose, que originaram 3.145 casos, nos quais

    peixes e frutos do mar ou seus derivados estavam implicados.

    2.4 PADRES MICROBIOLGICOS PARA PESCADO CONSUMIDO CRU

    O isolamento de patgenos e organismos indicadores usado para avaliar a qualidade e

    segurana alimentar, permitindo o controle sanitrio. Padres microbiolgicos para peixes so

    determinados pela ANVISA, rgo do Ministrio da Sade (SILVA, 2007).

    A Resoluo n 12 de 01 de janeiro de 2001, da ANVISA, prev para peixes e preparaes

    base de pescado dois grupos distintos (BRASIL, 2001): o grupo 7a, que compreende

    peixes consumidos cozidos e o grupo 22b, que determina padres microbiolgicos para

    peixes ou pratos prontos base de peixe, servidos crus.

    Os padres microbiolgicos do segundo grupo, que inclui sushi (arroz com peixe cru) e/ou

    sashimi (pequenos pedaos filetados de peixe cru), esto representados no Quadro 1.

  • 26

    Quadro 1 - Parmetros estabelecidos para avaliao de pratos prontos para o consumo (alimentos prontos de cozinhas, restaurantes e similares) a base de carne, pescados e similares crus (quibe cru, carpaccio, sushi, sashimi e etc.).

    Tolerncia para amostra indicativa Coliformes a 45 C/g 102 Staphylococcus coagulase positiva/g 5x103 Vibrio parahemolyticus 103 Salmonella spp/25g Ausente

    Fonte: BRASIL (2001)

    De acordo com esta mesma Resoluo, os resultados das anlises microbiolgicas de

    alimentos destinados ao consumo humano devem ser comparados com os valores

    estabelecidos por esta Resoluo, e a interpretao deve ser feita da seguinte maneira

    (BRASIL, 2001):

    Produtos cujos resultados analticos sejam iguais ou inferiores aos limites estabelecidos

    so considerados em condies sanitrias satisfatrias. Se os resultados forem superiores

    aos preconizados, ou houver presena e/ou quantificao de outros micro-organismos

    patognicos no especificados pela resoluo, o produto considerado em condies

    sanitrias insatisfatrias.

  • 27

    3 MATERIAL E MTODOS

    3.1 MATERIAL

    3.1.1 Estabelecimentos

    Os restaurantes selecionados para amostragem foram classificados em dois grupos,

    segundo o tipo de alimentos comercializados. Aqueles que comercializavam apenas pratos

    tpicos da culinria japonesa, como sushis e sashimis, foram definidos como

    estabelecimentos especializados na culinria japonesa (EE). Os considerados

    estabelecimentos no especializados (ENE) foram os que ofereciam cardpio variado, com

    diversos tipos de alimentos e preparaes, incluindo os da culinria japonesa, objetos do

    presente estudo. Todos se encontram identificados pelas letras do alfabeto, sendo os EE: A, B,

    C e D; e ENE: E e F.

    3.1.2 rea de estudo

    Os estabelecimentos, selecionados aleatoriamente, estavam em rea pr-estabelecida para

    coleta, correspondente rea comercial da cidade (Figura 3), onde h a maior concentrao

    destes restaurantes e supermercados.

  • 28

    Figura 3 - rea da cidade de Belm compreendida no presente estudo Fonte: Google Maps (2009)

    3.1.3 Espcies de peixes utilizadas

    O material utilizado no estudo consistiu em 12 amostras de peixes das variedades

    Salmo, Atum e Camurim (seis, quatro e duas amostras, respectivamente) sendo oito obtidos

    em EE e quatro em ENE, com duas amostras colhidas por estabelecimento de diferentes

    variedades de peixes, segundo a disponibilidade destas, dentre as habitualmente empregadas

    no preparo de sushis e sashimis.

    Foram objetos deste estudo apenas as postas de peixes que estavam expostas para

    serem utilizadas na preparao de sushis e sashimis no balco dos restaurantes. Assim, a

    amostra coletada estava livre de outros ingredientes da preparao dos pratos, como frutas,

    algas e temperos.

  • 29

    3.2 MTODOS

    3.2.1 Coleta e transporte das amostras

    Foi solicitada, aos funcionrios dos restaurantes, a preparao de poro para

    viagem, lhes foi fornecida uma embalagem de polietileno, tipo ziploc. Assim, as

    embalagens foram montadas pelo funcionrio do local, sob a superviso da pesquisadora,

    exceo do restaurante especializado D, do qual esta embalagem veio pronta da cozinha.

    Cerca de 200g do peixe, que seria utilizado na preparao de sushis e sashimis, foram

    retiradas do console onde expostas e imediatamente acondicionadas nas embalagens ziploc,

    em seguida, foram colocadas em caixas de polmero expandido, contendo gelo triturado de

    fonte confivel (Figura 4), e transportadas, em veculo prprio para o Laboratrio de Anlises

    de Produtos de Origem Animal da Universidade Federal Rural da Amaznia (UFRA).

    Figura 4 - Amostras de Salmo e Camurim coletadas e acondicionadas em recipiente isotrmico para transporte. Fonte: Arquivo Pessoal

  • 30

    As condies de preparao e apresentao do produto ao consumidor, como

    refrigerao e tipo de aparadores foram checadas e registradas em bloco de anotaes, para

    posterior associao aos dados bacteriolgicos.

    3.2.2 Recepo e preparo das amostras para anlise

    A partir do momento da coleta, as amostras chegaram ao laboratrio e foram

    processadas dentro do perodo mximo de duas horas, sendo submetidas pesquisa de

    bactrias indicadoras e patognicas, num total de trs parmetros por amostra: Coliformes

    termotolerantes, Staphylococcus aureus e Salmonella spp.

    Para cada amostra, foi estabelecida uma unidade analtica com 25g de cada peixe,

    retirado da embalagem de transporte e homogeneizado assepticamente, em recipientes estreis

    de vidro, com o auxlio de bastes de vidro estreis, com gua peptonada 0,1% (AP 0,1%), a

    fim de formar uma mistura de concentrao 10-1, considerada diluio inicial para todas as

    anlises.

    3.2.3 Anlises bacteriolgicas

    Os procedimentos para a anlise bacteriolgica de Coliformes termotolerantes e

    Staphylococcus aureus foram adaptados a partir da metodologia preconizada pela American

    Public Health Association (APHA) e para Salmonella foi adaptada da metodologia descrita na

    ISO 6579 (2007), ambas descritas no Manual de Mtodos de Anlise Microbiolgica de

    Alimentos (APHA, 1992; SILVA; JUNQUEIRA; SILVEIRA, 2001), representados

    esquematicamente em Anexo.

  • 31

    3.2.3.1 Pesquisa de Coliformes Termotolerantes

    Na pesquisa presuntiva de coliformes foi utilizada a tcnica dos tubos mltiplos, com

    srie de trs tubos de cada diluio seriada, at 10-3 (Figura 5); para determinao do Nmero

    Mais Provvel de organismos por grama da amostra (NMP/g).

    Figura 5 - Tubos para diluio seriada at 10-3, de uma amostra de salmo e uma de atum. Fonte: Arquivo Pessoal

    A partir da diluio inicial foram feitas as diluies sucessivas pela transferncia de

    1ml da mistura para tubos de ensaio com 9ml de AP 0,1%, duas vezes. Destas diluies (10-1,

    10-2 e 10-3), foi transferido 1ml a cada um dos trs tubos contendo 10ml de Caldo Lauril

    Sulfato Triptose (LST) estreis (Figura 6), com tubo de Durhan invertidos, e incubados a

    350,5 C por 24-48 horas.

  • 32

    Figura 6 - Transferncia das diferentes diluies da amostra para o caldo LST. Fonte: Arquivo Pessoal

    Foram considerados positivos para coliformes totais os tubos que apresentaram

    turvao e formao de gs, visvel no tubo de Durhan (Figura 7). Na etapa seguinte realizou-

    se o teste confirmativo de coliformes termotolerantes.

  • 33

    Figura 7 - Tubos de LST, aps 24 horas de incubao, demonstrando presena (esquerda) e ausncia (direita) de turvao, decorrente da atividade bacteriana. Fonte: Arquivo Pessoal

    A confirmao e contagem de coliformes totais foram realizadas a partir dos tubos

    positivos no meio LST, realizando-se a passagem com o auxlio de hastes de madeira estreis

    e descartveis, sendo transferidas dos tubos positivos para 10 ml de Caldo Verde Brilhante e

    Bile 2% (CVB) estril, com tubo de Durhan invertido em seu interior (Figura 8). Aps

    incubao a 350,5 C por 242 horas, foram considerados para contagem do nmero mais

    provvel (NMP) de coliformes totais os tubos que apresentaram turvao e/ou formao de

    gs (Figura 9).

  • 34

    Figura 8 - Transferncia do Caldo LST para CVB com auxlio de haste de madeira estril. Fonte: Arquivo Pessoal

    Figura 9 - Srie de tubos de CVB aps 24 horas de incubao, mostrando turvao e formao de gs em todos os tubos. Fonte: Arquivo Pessoal

  • 35

    Para a confirmao e contagem de coliformes termotolerantes, realizou-se a passagem,

    com o auxlio de hastes de madeira estreis e descartveis, a partir dos tubos positivos no meio

    LST, para tubos com 10 ml de Caldo Escherichia coli (EC) estril, com tubo de Durhan

    invertido em seu interior. Aps incubao em banho-maria a 45,50,2 C por at 242 horas,

    foram considerados positivos para contagem do nmero mais provvel (NMP) de coliformes

    termotolerantes os tubos que apresentaram turvao e/ou formao de gs (Figura 10).

    A contagem do NMP apresenta intervalo de confiana de 95% de probabilidade, para

    combinaes de trs tubos (0,1; 0,01; 0,001 ml de amostra inoculada) e seguiu a tabela de

    valores estabelecida por Blodgett (2003).

    Figura 10 - Tubos de Caldo EC aps incubao em banho-maria por 24 horas, mostrando um tubo sem crescimento (N) e um tubo com turvao (T), no detalhe mostrado pela seta, formao de gs no interior do tubo de Durhan. Fonte: Arquivo Pessoal

  • 36

    3.2.3.2 Pesquisa de Staphylococcus aureus

    A partir das diluies seriadas preparadas para pesquisa de coliformes, foram transferidas

    alquotas de 100L de cada uma das diluies 10-1 a 10-3 e espalhadas com ala de Drigalski

    estril em placas contendo meio Baird Parker (BP) adicionado de 5% de soluo de gema de

    ovo e soluo 3,5% de Telurito de Potssio.

    As amostras foram incubadas por 48 horas a 37 C (Figura 11), com a finalidade de identificar

    e contar Unidades Formadoras de Colnia (UFC) tpicas, caracterizadas por colorao negra

    com bordas regulares, apresentando halo de hidrlise.

    Figura 11 - Placas de BP incubadas em estufa a 37 C (destaque). Fonte: Arquivo Pessoal

  • 37

    3.2.3.3 Pesquisa de Salmonella spp

    O restante de mistura inicial, em AP 0,1%, foi incubado a 371 C por 182 horas,

    para pr-enriquecimento (Figura 12). Em seguida, alquotas deste caldo enriquecido foram

    transferidas, atravs do uso de pipeta estril, para dois tubos: 0,1 ml para o tubo contendo 10

    ml de Caldo Rappaport (RP), incubado em banho-maria a 41,51 C/243 horas e 1 ml para

    outro tubo contendo 10ml de Caldo Selenito-Cistina (SC), este incubado a 371 C /24h

    (Figura 13).

    Figura 12 - Mistura inicial, na estufa, aps 24 horas de incubao para pr-enriquecimento. Fonte: Arquivo Pessoal

  • 38

    Figura 13 - Caldo Rappaport ( esquerda) e Caldo SC ( direita) aps incubao. Fonte: Arquivo Pessoal

    Aps este perodo, foi semeada, pelo mtodo de esgotamento, uma alada de cada

    caldo em duas placas contendo gar Verde Brilhante (BS) e duas placas contendo gar

    Salmonella-Shigella (SS), placas estas incubadas invertidas a 37 C/24h.

    No meio SS, as UFC tpicas de Salmonella spp tm colorao preta ou marrom, de

    centro negro, com ou sem brilho metlico e mudana gradativa na colorao do meio ao redor

    das UFC, tornando-se marrom ou preto (SILVA; JUNQUEIRA; SILVEIRA, 2001).

    Para Food Safety and Inspection Service (USDA/FSIS) (2008), no meio BS as UFC

    so opacas, rseas, lisas, com bordas perfeitas e rodeadas por um halo avermelhado; em placas

    muito cheias, podem apresentar-se colnias castanhas em um fundo verde.

  • 39

    3.2.4 Anlise estatstica dos resultados

    Foi realizada a anlise descritiva dos resultados para Staphylococcus aureus e Salmonella

    spp. Para coliformes termotolerantes compararam-se por meio de porcentagem simples, os

    resultados obtidos com o clculo de resultados dos testes de diluio mltipla, atravs da

    tabela de NMP para as diluies 10-1, 10-2 e 10-3 (intervalo de confiana ao nvel de 95% de

    probabilidade) estabelecidos por Blodgett (2003).

    3.2.5 Aspectos ticos

    Foi preservado o sigilo da identificao dos estabelecimentos comerciais nos quais as

    amostras foram colhidas.

  • 40

    4 RESULTADOS E DISCUSSO

    4.1 CARACTERSTICAS DOS ESTABELECIMENTOS ESTUDADOS E FORMA DE

    APRESENTAO DOS ALIMENTOS

    Nos estabelecimentos especializados em culinria japonesa, assim como na rea destinada

    ao preparo de sushis e sashimis dos estabelecimentos no-especializados envolvidos nesta

    pesquisa, observou-se que os uniformes dos funcionrios e a decorao do ambiente eram

    tpicos da cultura japonesa. Em cinco trs EE e dois ENE, o sushiman preparava os sushis e

    sashimis em um balco prximo ao buf de exposio, vista do cliente. Apenas em um dos

    estabelecimentos especializados os pratos foram preparados na cozinha, sem que os clientes

    pudessem observar.

    Dos cinco sushimans observados, trs utilizavam proteo para o cabelo (touca), e nenhum

    utilizava avental ou luvas.

    Jay (2000) disse que no caso de iguarias como sushi e sashimi, preparadas manualmente,

    alm da contaminao do pescado, o contato direto do alimento com as mos do funcionrio

    pode levar ao aumento da incidncia de patgenos como Staphylococcus aureus e coliformes

    termotolerantes.

    Os balces de exposio do alimento nos estabelecimentos estudados estavam decorados

    com barcas e adornos da cultura japonesa, sendo que em nenhum este balco de exposio era

    refrigerado, no entanto, eram fechados com vidros, sendo abertos apenas durante a

    comercializao ou reposio dos ingredientes.

  • 41

    Para Marklinder et al. (2004) os abusos no tempo e temperatura o fator mais importante

    para a qualidade dos alimentos devido contribuio direta dessas variveis na proliferao de

    micro-organismos.

    Jay (2000) afirmou que, a ausncia de refrigerao adequada no armazenamento de

    pescados um fator determinante no aumento da carga bacteriana, principalmente de

    coliformes, dentre outras bactrias como a Listeria.

    4.2 ANLISE QUANTITATIVA DE COLIFORMES TOTAIS E

    TERMOTOLERANTES

    A contagem de coliformes totais nas amostras pesquisadas variou de 9,3 x 10 a > 1,1 x

    10 NMP/g, enquanto que a contagem de coliformes termotolerantes variou entre 4 a > 1,1 x

    10 NMP/g, conforme representado na Tabela 1.

    Tabela 1 - Contagem geral de NMP/g de coliformes totais e termotolerantes segundo a classificao do estabelecimento, estabelecimento analisado e a espcie de peixe analisados neste estudo.

    Classificao Estabelecimento Amostra Coliformes

    Totais Termotolerantes

    Especializados (EE)

    A Salmo >1.100 460

    Atum >1.100 460

    B Salmo 1.100 290

    Camurim >1.100 >1.100

    C Salmo 1.100 1.100

    Camurim 1.100 460

    D

    Salmo 210 23

    Atum >1.100 210

  • 42

    No-especializados

    (ENE)

    E Salmo 93 4

    Atum 460 15

    F Salmo 1.100 38

    Atum >1.100 150

    Neste estudo encontramos Ocorreram valores superiores a contagem de 10 NMP/g

    preconizados pela ANVISA para alimentos a base de pescados crus (BRASIL, 2001) em oito

    (66,6%) das 12 das amostras analisadas.

    A ausncia de coco do peixe potencializa os riscos de contaminao bacteriolgica

    em sushis e sashimis, fazendo com que a manipulao sem cuidados de higiene e/ou o

    armazenamento inadequado justifiquem a ocorrncia de elevadas contagens em alimentos

    frescos de origem animal (FRANCO; LANDGRAF 2003; REIJ; DEN AANTREKKER 2004).

    Resultados semelhantes a este estudo foram encontrados por Soares e Germano (2004),

    analisando sashimis, comercializados em shopping centers de So Paulo, por Dias (1999) com

    sushis e sashimis de restaurantes do Rio de Janeiro e por Fang et al (2003), analisando 22

    amostras de sushi em Taiwan.

    Resende (2004) analisando amostras de sushis e sashimis em Braslia (DF) observou

    que apenas 25,28% destas estavam acima dos limites mximos recomendveis para coliformes

    termotolerantes.

    Basti et al. (2006) e Vieira et al. (2000) no observaram tal contaminao em peixes

    recm-capturados, o que indica que coliformes termotolerantes no so parte da microbiota

    natural de peixes, e sim decorrentes de falha no processo de higiene durante a manipulao.

    Quando se analisou separadamente os estabelecimentos especializados na culinria

    japonesa (EE) e os no especializados (ENE) (Grfico 1) foi observada que uma (25%) das 4

  • 43

    amostras coletadas em ENE estava em condies insatisfatrias para este parmetro, enquanto

    que em EE, as condies insatisfatrias estavam em 7 das 8 amostras (87,5%).

    A possvel explicao para este resultado deve-se ao fato de que em Belm, o costume

    de consumir sushis e sashimi se iniciou em ENE, os primeiros a se estabelecer na cidade.

    Sugerindo-se que estes ainda possuem a maior fatia do mercado consumidor, a rotatividade

    dos peixes armazenados seria maior, o que causa um encurtamento de exposio, fora do

    ambiente refrigerado.

    Em estudo semelhante em restaurantes de So Paulo, Martins (2006) encontrou

    coliformes termotolerantes em 50% das 20 amostras de sushis e sashimis analisadas, sendo

    que a proporo ficou em 50% em restaurantes especializados e 50% em restaurantes no-

    especializados, diferindo do presente estudo.

    J Silva (2007), analisando 20 amostras de sashimi de estabelecimentos no-

    especializados, localizados em feiras livres de So Paulo, encontrou 30% das amostras com

    contagens acima do permitido na legislao, aproximando-se dos resultados desta pesquisa.

    Esta mesma autora disse ainda que, amostras dentro dos padres para coliforme

    termotolerantes no so garantia de ausncia de E. coli, j que em 3 amostras consideradas em

    condies sanitrias satisfatrias apresentaram UFC de E. coli.

    4.3 ANLISE DE Staphylococcus aureus

    Todas as amostras analisadas apresentaram resultado negativo para a pesquisa de

    Staphylococcus aureus, sendo consideradas em condies sanitrias satisfatrias para este

    parmetro de acordo com a RDC n 12 de 01 de janeiro de 2001 (Figura 14).

  • 44

    Figura 14 - Placas de BP aps 48 horas de incubao no demonstrando crescimento de colnias ( direita), ou ainda, apenas crescimento de colnias atpicas ( esquerda) Fonte: Arquivo Pessoal

    O mesmo resultado foi encontrado por Silva (2007), analisando 20 amostras de sushi e

    sashimi provenientes de estabelecimentos no-especializados da cidade de So Paulo; por

    Costa et al. (2007) em sushis na cidade de Sobral (CE) e por Basti et al. (2006), analisando

    peixes recm-capturados e peixes cultivados, indicando ainda, que o micro-organismo no

    parte da microbiota natural de pescados.

    Franco e Landgraf (2003) e Silva (2007) em resultado semelhante ao encontrado neste

    estudo, afirmam que as carnes quando cozidas, so mais comumente associadas s infeces

    estafiloccicas, pois raramente o Staphylococcus aureus causa intoxicao quando presente

    em alimentos crus, nos quais a microbiota normal no tenha sido destruda, devido sua

    caracterstica de maus competidores, porm, Resende (2004) analisando 87 amostras de sushi

    e sashimi em Braslia (DF) que identificou S. aureus em apenas uma das amostras.

    Resultados diferentes foram encontrados nas pesquisas de Adams et al. (1994) com

    12% de amostras positivas em sushi nos Estados Unidos; em Fang et al. (2003) com 13,6% em

  • 45

    sushis analisados em Taiwan e Martins (2006) com 15% de condies insatisfatrias em

    sushis e sashimis comercializados em So Paulo.

    Millard e Rockliff (2003) assim como Reij e Den Aantrekker (2004) afirmaram que a

    presena deste micro-organismo, em sushi e sashimi, em grande parte resultado do contato

    humano e que essa contaminao pode ser minimizada com a aplicao das boas prticas de

    manipulao e tambm, pelo controle adequado de temperatura.

    4.4 ANLISE DE Salmonella spp

    No foram isolados micro-organismos do gnero Salmonella em nenhuma das 12 amostras

    analisadas, estando estas de acordo com o parmetro preconizado na RDC n12 (BRASIL,

    2001), que estabelece a ausncia para este patgeno em pratos prontos para o consumo base

    de pescados crus.

    Entretanto, a amostra F de um ENE apresentou UFC caracterstica do gnero, sendo

    encaminhada ao Laboratrio de Microbiologia de Alimentos da Universidade Federal do Par

    (UFPA) para isolamento e confirmao. Porm estas se apresentavam em quantidade

    insuficiente para o procedimento de identificao bioqumica e sorolgica, tornando

    impossvel a afirmao de que a amostra encontrava-se contaminada por Salmonella spp.

    O resultado negativo semelhante ao encontrado por Soares e Germano (2004) na

    avaliao da qualidade sanitria de 30 amostras de sashimi de restaurantes especializados em

    cozinha japonesa, localizados no municpio de So Paulo, quando no registraram a presena

    de Salmonella spp, assim como Millard e Rockliff (2003); Resende (2004) e Martins (2006),

  • 46

    ao pesquisarem o mesmo tipo de amostra, em restaurantes japoneses da Austrlia, de Braslia

    (DF) e na cidade de So Paulo, respectivamente.

    similar tambm aos resultados obtidos por Gonzles-Rodrguez et al. (2002) que no

    isolaram Salmonella em nenhuma das amostras de fils de truta e salmo, adquiridos em

    supermercados na Espanha.

    Surtos de salmoneloses associados com o consumo de peixes so escassos na literatura

    pesquisada. Heinitz et al. (2000), estudando a incidncia de Salmonella spp nos Estados

    Unidos, no perodo de 1990 a 1998, reportaram que 6,9% das amostras de peixe/pescado

    estavam positivas para este micro-organismo.

    Kumar et al. (2003) evidenciaram a presena de Salmonella spp em peixes, mas acreditam

    que a incidncia de bactrias deste gnero em pescados seja oriunda de contaminao durante

    o processamento e manipulao, como tambm relatada por Zhao et al. (2003).

    Basti et al. (2006), em estudo com peixes, no identificaram micro-organismos do gnero

    Salmonella naturais da microbiota de pescados. Estes estudos indicaram que a presena de

    Salmonella spp em pescados seja decorrente da falta de controle e higiene no processo de

    manipulao.

    Para Ahmed (1991), o pescado um veculo de salmonelas menos frequente do que outros

    produtos alimentares, sendo os peixes e mariscos responsveis por uma pequena percentagem

    do nmero total de casos de salmonelose referidos nos Estados Unidos e em outros pases.

    Na Austrlia, 30 casos de infeco por Salmonella spp foram associados com o consumo

    de sushi (BARRALET et al., 2004). Embora o nmero de registros do envolvimento de peixes

    na veiculao de Salmonella spp seja pequeno, a possibilidade de contaminao no pode ser

    desprezada devido importncia desse micro-organismo para a sade pblica.

  • 47

    4.5 RESULTADO GERAL

    Considerando-se apenas os parmetros de qualidade, para pratos prontos para consumo

    a base de pescado crus, citados na RDC n 12 (BRASIL 2001), 04 (33,3%) amostras foram

    consideradas em condies sanitrias satisfatrias, enquanto que 08 (66,6%) das amostras

    estavam em condies sanitrias insatisfatrias.

    Resultado semelhante ao encontrado por Martins (2006) que analisando amostras de

    sushi e sashimi em So Paulo, encontrou apenas 40% destas em condies satisfatrias para o

    consumo, mas, diferindo de Silva (2007) com 55% das amostras apropriadas para o consumo

    humano em amostras provenientes de estabelecimentos em feiras-livres tambm em So

    Paulo.

    Pesquisando sashimis de atum em Recife, Moura Filho et al. (2007) concluram que

    todos os RE e RNE da regio metropolitana apresentavam riscos sade do consumidor,

    devido contaminao por coliformes termotolerantes, decorrentes de lavagem, manipulao

    e acondicionamento inadequados ou, ainda, pela contaminao cruzada dos vegetais que

    acompanham os pratos.

    Em Hong Kong, no perodo de 1997 a 1999, foram analisadas pelo Food and

    Environmental Hygiene Department (FEHD, 2000) 1020 e 906 amostras de sushis e sashimis,

    respectivamente. Dessas amostras, 13,8% dos sushis e 11,1% dos sashimis estavam

    inadequados para o consumo, com relao qualidade higinica. Segundo estes autores, 142

    pessoas (1,8% de 7728) foram infectadas ao consumir sushi e sashimi nesse perodo,

    destacando-se como micro-organismos envolvidos nesse surto o V. parahemolyticus, S. aureus

    e Salmonella spp.

  • 48

    Martins (2006) ressalta ainda que nos sushis e sashimis, envolvidos em seu estudo,

    foram identificados outros micro-organismos potencialmente patognicos, como espcies de

    Aeromonas e Vibrio, alm de E. coli, o que indica que apenas os parmetros considerados pela

    RDC n 12 podem no ser suficientes para garantir a inocuidade destes alimentos.

    Embora a existncia dos riscos bacteriolgicos associados ao consumo de peixes crus

    seja bem conhecida, dados sobre a incidncia de contaminao associada a esse tipo de

    alimento, bem como a origem da contaminao so escassos no Brasil (CARMO et al., 2005).

    O grande problema relacionado ao consumo de pescado cru exposto durante um

    perodo de tempo a combinao de uma possvel contaminao microbiana durante a cadeia

    produtiva do alimento e a possibilidade de multiplicao destas bactrias, por ser um substrato

    favorvel do ponto de vista nutritivo; como observado por Huss et al. (2000) e Gonzlez-

    Rodriguez et al. (2002).

    Martins (2006) garante que a diversidade de espcies potencialmente patognicas ou

    produtoras de toxinas isoladas dos sushis e sashimis torna prudente que se evite seu consumo,

    ou pelo menos que sejam adotadas prticas adequadas para manipulao e estocagem destes

    alimentos, visando reduzir a possibilidade de contaminao dos mesmos e que o consumidor

    seja informado sobre os riscos da ingesto desses produtos.

  • 49

    5 CONCLUSES

    A ausncia de manuteno dos peixes em refrigerao adequada, provavelmente o

    fator determinante para a contaminao por organismos indicadores do grupo Coliforme. Este

    fato revela que o consumo de alimentos como sushi e sashimi representa srio risco sade

    dos consumidores, independente do tipo de estabelecimento em que so consumidos

    (especializados ou no na culinria japonesa) na cidade de Belm-PA.

  • 50

    6 CONSIDERAES FINAIS

    Sugere-se que os profissionais responsveis pela manipulao destes alimentos, sejam

    capacitados e adotem medidas mais rigorosas de higiene, principalmente na manipulao dos

    ingredientes a serem servidos crus. A populao deveria ser conscientizada atravs de aes

    educativas sobre os riscos do consumo de pescados crus.

  • 51

    7 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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    8 GLOSSRIO

    Arroz japons: constitui o alimento base da culinria japonesa, geralmente cozido sem temperos e servido puro. O arroz tpico japons de gro curto que, quando cozido, possui uma textura macia e pegajosa, sendo ideal para o preparo de sushis ou onigris. O arroz ingrediente dos sushis temperado, aps cozido, com vinagre de arroz, acar e sal em propores variadas, de acordo com o restaurante ou famlia.

    Gari: Preparao avinagrada e adocicada de finas fatias de gengibre.

    Kanikama: bastonetes de surimi, imitao de carne de caranguejo a base de carne de peixe branca condimentada com aroma de caranguejo e colorida.

    Makizushi: uma classificao geral que teoricamente significa sushi enrolado. Compreende um rocambole de arroz temperado com vinagre, sal e acar enrolado em folha de alga desidratada (nori), contendo peixes, legumes ou omelete no centro.

    Nigiri: bolinho de arroz temperado para sushi ou no, formatado tradicionalmente com as mos em formato cilndrico no tamanho ideal para uma mordida. Normalmente so apresentados cobertos com fatias de peixe cru (sashimi).

    Nori (Porphyra tenera e P. umbilicalis): alga marinha encontrada na superfcie do mar no Japo, China e Coria, de colorao variando de verde escuro a prpura. formatada em folhas parecidas com papel, comprimidas e secas sendo utilizada principalmente para embrulhar makizushis.

    Onigiri: arroz branco sem tempero, moldado originalmente na mo em formato triangular ou bola, podendo receber recheios diversos, como salmo cozido e conservas vegetais. Geralmente recebem uma banda de nori e gergelim torrado. Diferenciam-se dos nigiris pelo tamanho.

    Raiz forte (wasabi): condimento indispensvel como acompanhamento de sushis e sashimi, a raiz da planta Wasabia japonica um tempero genuinamente japons.

    Sashimi: fatias de peixe ou pescado cru, servidas com molho de soja e pasta de raiz forte (wasabi) parte.

    Shoyu: molho de soja obtido da fermentao de feijo de soja, trigo ou cevada, sal e gua. Possui aroma e sabor caractersticos salgado levemente adocicado.

    Sushi: o termo sushi vem de sumeshi que significa arroz com vinagre, que o principal componente de todos os sushis. De modo geral, h quatro tipos de sushi: nigiri (moldado mo com um pedao de peixe cru em cima), makizushi (rolos de arroz e recheio, envoltos por nori), oshizushi (prensado) e chirashi (misturado).

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    Sushi (nigiri zushi): o termo sushi popularmente dado ao nigiri zushi, que talvez o mais famoso prato japons. Consiste em fatias finas de pescado cru, tradicionalmente, ou outros ingredientes como omelete, polvo, shiitake e kani, dispostos sobre arroz para sushi formatado com a mo em (nigiri) em tamanho ideal para uma mordida. servido acompanhado de shoyu, pasta de raiz forte (wasabi) e gengibre em conserva (gari).

    Sushiman: Profissional, normalmente treinado, responsvel pela preparao de sushis, sashimis e outras preparaes da culinria japonesa como o temaki.

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    9 ANEXOS

    Anexo 1 Representao esquemtica da anlise quantitativa de Coliformes termotolerantes.

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    Anexo 2 Representao esquemtica da anlise presuntiva de Staphylococcus aureus.

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    Anexo 3 - Representao esquemtica da cultura para anlise presuntiva de Salmonella spp.