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R. Econ. contemp., Rio de Janeiro, 10(1): 35-60, jan./mar. 2006 AVALIAÇÃO DA DURAÇÃO DO DESEMPREGO NAS REGIÕES METROPOLITANAS DE SALVADOR E DE SÃO PAULO * Wilson F. Menezes ** Cláudio S. Dedecca *** RESUMO Este trabalho analisou a duração completa do desemprego nas regiões metropolitanas de Salvador e de São Paulo, no período compreendido entre 2000 e 2002. Para tanto, utilizou-se de uma amostra de 25.477 pessoas da RMS e de 28.285 da RMSP, cujas informações foram levantadas pela Pesquisa de Emprego e Desem- prego. O procedimento metodológico busca estimar essa duração por meio de da- dos cross-section e do uso de coortes de desempregados em um período selecionado. O objetivo é verificar a probabilidade de passagem de uma coorte à outra, tal como sugerido por Sider (1985), Corak e Heisz (1995b) e Baker, Corak e Heisz (1996). As durações completas foram calculadas por três formas de medida: duração para trás, em estado estacionário e duração para a frente. A incidência de desempregados e as participações no estoque foram ainda estimadas, por sexo, cor, condição de chefe de família, de jovem e faixas de escolaridade. Foi também verificada a influência que a taxa de desemprego exerce sobre a duração do desemprego. Os resultados apontam uma duração média em estado estacionário de 9,4 meses para a RMS e de 8,8 meses para a RMSP, quando as durações incompletas foram estimadas em 22,3 e 19,5 meses, respectivamente. Palavras-chave: desemprego; duração do desemprego; mercado regional de tra- balho Código JEL: C21, J61, J64 * Artigo recebido em 20 de setembro de 2004 e aprovado em 5 de dezembro de 2005. Os autores agra- decem e acatam os procedentes comentários e observações dos pareceristas anônimos da Revista de Economia Contemporânea. ** Professor do Curso de Mestrado em Economia da Universidade Federal da Bahia (CME-UFBa) e doutor pela Universidade de Paris I, e-mail: [email protected] *** Professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (IE-Unicamp) e doutor pela Unicamp, e-mail: [email protected]

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R. Econ. contemp., Rio de Janeiro, 10(1): 35-60, jan./mar. 2006

AVALIAÇÃO DA DURAÇÃO DO DESEMPREGO NAS REGIÕES

METROPOLITANAS DE SALVADOR E DE SÃO PAULO*

Wilson F. Menezes**

Cláudio S. Dedecca***

RESUMO EstetrabalhoanalisouaduraçãocompletadodesempregonasregiõesmetropolitanasdeSalvadoredeSãoPaulo,noperíodocompreendidoentre2000e2002.Paratanto,utilizou-sedeumaamostrade25.477pessoasdarmsede28.285darmsp,cujasinformaçõesforamlevantadaspelaPesquisadeEmpregoeDesem-prego.Oprocedimentometodológicobuscaestimaressaduraçãopormeiodeda-doscross-sectionedousodecoortesdedesempregadosemumperíodoselecionado.Oobjetivoéverificaraprobabilidadedepassagemdeumacoorteàoutra,talcomosugeridoporSider(1985),CorakeHeisz(1995b)eBaker,CorakeHeisz(1996).Asduraçõescompletasforamcalculadasportrêsformasdemedida:duraçãoparatrás,emestadoestacionárioeduraçãoparaafrente.Aincidênciadedesempregadoseasparticipaçõesnoestoqueforamaindaestimadas,porsexo,cor,condiçãodechefedefamília,dejovemefaixasdeescolaridade.Foitambémverificadaainfluênciaqueataxadedesempregoexercesobreaduraçãododesemprego.Osresultadosapontamumaduraçãomédiaemestadoestacionáriode9,4mesesparaarmsede8,8mesesparaarmsp,quandoasduraçõesincompletasforamestimadasem22,3e19,5meses,respectivamente.

Palavras-chave:desemprego;duraçãododesemprego;mercadoregionaldetra-balho

Código jel:C21,J61,J64

* Artigorecebidoem20desetembrode2004eaprovadoem5dedezembrode2005.Osautoresagra-decemeacatamosprocedentescomentárioseobservaçõesdospareceristasanônimosdaRevista de Economia Contemporânea.

** ProfessordoCursodeMestradoemEconomiadaUniversidadeFederaldaBahia(cme-ufba)edoutorpelaUniversidadedeParisI,e-mail:[email protected]

*** ProfessordoInstitutodeEconomiadaUniversidadeEstadualdeCampinas(ie-Unicamp)edoutorpelaUnicamp,e-mail:[email protected]

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ESTIMATION OF UNEMPLOYMENT DURATION IN THE METROPOLITAN

AREA OF SALVADOR AND SÃO PAULO

AbSTRACT ThisarticleanalyzedtheunemploymentdurationofthemetropolitanareasofSalvador(rms)andSãoPaulo(rmsp),intheperiodbetween2000and2002.Forthat,ithasbeenusedasampleof25,477peopleinrmsand28,285peopleinrmsp,whoseinformationwerecollectedbytheEmploymentandUnemploy-mentResearch(ped).Themethodologialprocedureintendstoestimatetheunem-ploymentdurationbythecross-sectiondataandbycohortgroupsofunemployedpeopleinthedeterminedtime.Thegoalistoverifytheprobabilityofchangingfromonecohorttoanotherone,assugestedbySider(1985),CorakandHeisz(1995b)andBaker,CorakandHeisz(1996).Thecompletedurationhasbeencalculatedbythreeways:backwardcondition,steadystateconditionandforwardcondition.Theincidenceandthestockofunemployedpeoplehavebeenestimatedbygender,race,chiefoffamily,young,rangesofagesandrangesofyearsofstudy.Ithasalsobeenanalyzedhowtheunemploymentrateeffectsontheunemploymentduration.Theresultsshowedanaveragedurationinsteadystateof9.4monthsinrmsand8.8monthsinrmsp,incontrastwiththeincompletedurationof22.3monthsinrmsand19.5monthsinrmsp.

Key words:unemployment;unemploymentduration;regionalworkmarkets

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INTRODUÇÃO

Paraavaliarascondiçõesdefuncionamentodomercadodetrabalho,ataxa

dedesempregoéomaiscitadoindicadordaconjunturaeconômica.Essa

taxapermitemediraproporçãodamão-de-obradisponívelnãoutilizada

naatividadeeconômica.Asvariaçõesdessataxasãocondicionadaspordi-

versasforças,dentreasquaissedestacaotempodeduraçãododesemprego.

Aintuiçãoeconômicaapontaquequantomaiorotempodedesempregode

umdeterminadoindivíduo,menorsuachancedesairdacondiçãoemque

seencontra.

Aduraçãododesempregoapresentadiversascausalidades.Umimpor-

tantecondicionantedessaduração,semdúvida,ésuaprópriaextensão.

Pode-se,então,argumentarquequantomaiorotempodedesemprego,

maisseaumentaoriscodepermanecernessacondição;demaneiraquese

deveacrescentaraduraçãododesempregoàsdificuldadesdoprópriode-

semprego(Bardoulat,DejemeppeeSaks,1998).

Outroimportanteitemnarelaçãodecausasdaduraçãododesemprego

éaflutuaçãoeconômica,queacabaporcondicionarsituaçõesdiferenciadas

entreosindivíduosdesempregados.Nosperíodosdedesaceleraçãoeconô-

mica,quandoasperspectivasdeempregoencontram-sereduzidas,nemto-

dasaspessoasquequeremtrabalharefetivamenteprocuramumaocupação.

Issoporqueaquelasquejáestãoforadomercadohámaistemposedesenco-

rajammaisfacilmente,tendoemvistaumaperspectivapessimistaquantoà

condiçãodomercadodetrabalho.

Adificuldadedeencontrarumaocupaçãodecorreaindadeumainade-

quaçãodaqualificaçãoindividual,quesedeterioraàmedidaqueotempo

dedesempregoseestende,oumesmodeumasubocupaçãoaqueoindiví-

duoseentregatendoemvistasuasobrevivênciaimediata.Atividadeessa

quepodeestarsendoexercidaemtempoparcialousemgrandesrelações

comsuaqualificação,possibilidadeseanseios,masque,dealgumaforma,

dificultaoumesmoimpedeacontinuidadeintermitentedabuscadeuma

ocupaçãomaisharmônicacomseusatributosprodutivos.

Todasessasrazõesaumentamcertamenteaduraçãododesemprego,o

quetornaessaduraçãoumimportanteindicadordoníveledaqualidadede

funcionamentodomercadodetrabalho.Nãoobstante,asmedidasdedu-

raçãododesempregodisponíveissãomedidasincompletas,dadoqueelas

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sereferemaotempoquevaidadeclaraçãoatéadataemqueaquestãofoi

postapeloentrevistador.Fica-seentãosemsaberatéquandoapessoaem

questãoficaráaindadesempregada,jáqueacondiçãodedesempregopode

tercontinuidadepormaisumdia,umasemana,ummêsetc.Assim,mesmo

queseconsiderequeaprobabilidadededeixarodesempregodiminuicom

otempo,nãosesabequantotempoefetivamenteessapessoaficaránessa

situação.1Dessaforma,éinteressantedispordeumamedidaapropriadado

tempodedesemprego.2

Estetrabalhotemporobjetivoestimarmedidascompletasdodesempre-

goparaasregiõesmetropolitanasdeSalvadoredeSãoPaulo,entreosanos

2000e2002.Paratanto,utilizou-seumaamostrade25.477pessoasdarms

ede28.285darmsp,3cujasinformaçõesforamlevantadaspelaPesquisa

deEmpregoeDesemprego.4Otextoencontra-sedivididoemtrêsseções,

alémdestaintrodução.Naseção1discute-seomodelodeduraçãocom-

pleta,bemcomoseapresentamadefiniçãodascoorteseosprocedimentos

parasechegaràincidênciaeaoestoquededesempregados.Naseção2são

apresentadososprincipaisresultadosdasduraçõescompletasestimadas.A

seção3apresentaumaanálisedaincidênciasobreaduraçãocompletado

desemprego.Finalmente,algumasconclusõessãorelatadasnaseção4.

1. NECESSIDADE DE UMA MEDIDA COMPLETA

DA DURAÇÃO DO DESEMPREGO

SegundoCorakeHeisz(1995a),umamedidaconsistenteecompletadadu-

raçãododesempregosefaznecessáriaporduasrazões.Emprimeirolugar,a

taxadedesempregonãotemcondiçãodeespecificaraverdadeiracondição

defuncionamentodomercadodetrabalho.Issoporqueelanãoinformase

umadeterminadataxadedesempregoserefereaumpercentualdepessoas

queemcadamêsentranacondiçãodedesemprego,massairapidamente

dessacondição,ouseessepercentualéomesmo,masaspessoasficamum

longoperíododesempregadas.Porexemplo,umataxadedesempregode

10%podeestarrevelandoque10%dapopulaçãoeconomicamenteativa

torna-sedesempregadaacadamês,masficadesempregadaapenasalgumas

semanas;umataxadedesempregode10%podetambémestarrevelando

queessaspessoasestãoouestarãodesempregadasporumanooumais.Tra-

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ta-sededuassituaçõesbemdistintas,comrepercussõesdiferenciadassobre

avidadosdesempregados.

Emsegundolugar,amedidaincompletadaduraçãododesempregoapre-

sentaumasituaçãoenviesadadaverdadeiracondiçãodefuncionamentodo

mercadodetrabalho.Issoaconteceporduasrazões.Porumlado,emdecor-

rênciadeaduraçãododesemprego(viésdeduração)sermedidaatéomo-

mentoemqueaquestãoépostaaodesempregado,essamedidasubestima

overdadeirotempodedesempregodaspessoas.Poroutrolado,issoocorre

emfacedeumerrodeamostragemimplícito(viésdeamostragem).Assim,

quantomaiorotempodedesempregodeumapessoa,maiortambémserá

aprobabilidadedeessapessoaserselecionadaemumaamostraaleatóriade

desempregados,demaneiraqueaspessoasquepassamporcurtosperíodos

dedesempregoacabamporficarsub-representadasnaamostraeamedida

incompletadotempodedesemprego,nessascondições,sobreestimaaver-

dadeiraduraçãododesemprego.

Assim,ficadifícilavançarseamedidaincompletadotempodedesem-

pregosubestimaousobreestimaaverdadeiratemporalidadedodesempre-

go.Emfacedessesproblemas,Salant(1977)propõeque,nahipótesedea

taxadesaídadacondiçãodedesempregodiminuirconformeaduraçãodo

desempregosealongue,amedidamédiaincompletadaduraçãododesem-

pregodevesermaiselevadaqueamedidamédiacompleta.Nessascircuns-

tâncias,issodecorredoviésdeamostragemquemaisdoquecompensará

oviésdeduraçãododesemprego.Nosentidooposto,seataxadesaídada

condiçãodedesempregoforcrescenteaolongodaduraçãododesempre-

go,aduraçãoincompletaseráentãomenorqueaduraçãomédiacompleta.

Finalmente,seataxadesaídadodesempregoéconstanteaolongodadu-

raçãododesemprego,asduasmedidasdeduração,incompletaecompleta,

deverãoseigualar.

Ademais,segundoCorakeHeisz(1995b),amedidadeduraçãomédia

incompletadodesempregorepresentaumindicadordefasadoemrelação

aocicloconjunturaldaeconomia,medidopelataxadedesemprego.Dessa

forma,noiníciodeumprocessorecessivo,ograndefluxodenovosentran-

tesnacondiçãodedesempregoacabaporterumaponderaçãomaiselevada.

Issoporqueaduraçãodosnovosentrantesnacondiçãodedesempregofoi

registradaapenasatéadataemqueapesquisafoirealizadaeessadatanão

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registraaindaoverdadeiroteordarecessãoqueapenasseinicia,demaneira

queamédiaincompletaficasubdimensionada,jáqueosnovosentrantes

nodesempregoregistrampequenasdurações,mascertamenteficarãoainda

pormuitotempocomodesempregados.Essemecanismoseinverteparaos

momentosderetomadaeexpansãodaeconomia,ouseja,ofluxodenovos

entrantesdiminuieoestoquededesempregadospassaacontarcompessoas

quejáseencontramhámaistempodesempregadas.Issofazcomqueamé-

diaincompletadotempodedesempregofiquesobredimensionada.

Dessaforma,oprincipalmotivodadiferençaentreasduraçõescomple-

taseincompletaséencontradonocomportamentodastaxasdeincidência

nodesemprego.Aduraçãoincompletasubestimaaverdadeiramedidade

duraçãododesempregoquandonãosecaracterizaumadependênciado

desempregadoaotempodedesemprego,demaneiraqueataxadesaída

dodesempregonãoficaobstruídapeloprópriotempodedesemprego(Sa-

lant,1977).Espera-se,portanto,queumamedidacompletadaduraçãodo

desempregoapresenteumarelaçãodiretacomataxadedesemprego,de

maneiraqueaduraçãocompletadodesempregoalcanceseuaugequando

ataxadedesempregotambémencontrarseupontomaiselevado,diminua

quandoataxadedesempregoapontarumareduçãoeaumentequandoa

taxadedesempregoseencontraremcrescimento.Assimsendo,amedida

completadodesempregopermiteumamelhoravaliaçãodoestadoconjun-

turaldaeconomia,tendoemvistaqueelaseexpandeimediatamentecoma

recessãoesecontraitambémimediatamentecomaexpansãoeconômica.

Umamedidacompletadaduraçãododesempregolevaacrerquese-

rianecessáriooacompanhamento,aolongodotempo,deumaamostra

dedesempregados,registrando-seassaídasdessacondiçãodesdeopri-

meiromêsdedesemprego,atéquandoseesgotetodaaamostraenãohaja

maisnenhumdesempregadodogrupoamostral.Seria,portanto,neces-

sárioumacompanhamentolongitudinaldessaspessoas,paraqueaofim

detodasituaçãodedesempregosepossaestabelecerotempomédiodogru-

po selecionado. Claro que esse seria um tratamento eficiente, mas

tambémdecustoelevado,casoesseprocedimentofosselevadoatermo

periodicamente.

Noentanto,pesquisasporamostragempermitemdemaneiraeficientee

menosonerosaqueseestabeleçaumamedidacompletadaduraçãodode-

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semprego.Bastaqueseacompanheumgrupo“sintético”dedesempregados

aolongodeumdeterminadoperíodo.Essegrupoéchamadode“sintético”

exatamenteporquesetratadeumgrupoemqueaspessoasvãosendosubs-

tituídasaolongodoperíodoemanálise.5

Oprocedimentometodológico,paraquesepossaterumaavaliaçãoda

duraçãocompletamédiadodesempregodessegrupo,consisteemclassificar

osdeclarantesnacondiçãodedesemprego,dentrodoperíodoemreferên-

cia,emcoortesdetempodedesemprego.Emseguida,devem-seacompa-

nharasprobabilidadesdepassarparaacoorteposterior,dadoqueodesem-

pregadojáseencontravanafaixademenortempo(ummês,porexemplo)e

assimsucessivamenteatéqueseesgotemtodososdesempregadosaolongo

detodasascoortesestabelecidas.Dessaforma,estabelece-seaprobabili-

dadecondicionaldesepermanecercomodesempregado.Paraaplicaresse

procedimento,duasdificuldadesdevemserenfrentadas.Aprimeiratema

vercomoprocedimentodemensuraçãodaprobabilidadedesepassarda

coorteinicialdedesempregoàcoorteseguinteedessaàimediatamentepos-

terioreassimsucessivamente,enquantoasegundadizrespeitoàdefinição

dascoortes.

1.1 Um modelo de duração completa do desemprego

Aduraçãomédiacompletadodesempregopodesercalculadaapartirde

dadoscross-section.Ocálculodessaduraçãoconsisteemacompanharuma

coortededesempregadosaolongodeumperíodoselecionado.APesquisa

deEmpregoeDesempregofaz,acadamês,olevantamentodosdesempre-

gadoseregistra,nomomentodaaplicaçãodeseuquestionário,háquanto

tempoessedesempregadoseencontranessasituação.Diferentesindivíduos

sãoentrevistadosacadamêsediferentestemporalidadesincompletasdo

desempregosãoregistradas.Essesregistrossãoentãoclassificadosnasco-

ortesanteriormenteapresentadas,quandosepodedefinirqueaspessoas

quesedeclararamdesempregadas,emumdeterminadomês,pormaisde

30diasemenosde60diasirãoconstituiracoortedaquelesqueentraram

nodesempregonaquelemêsecontinuamdesempregadosnomêsseguinte.

Esseprocedimentoseráaplicadoatéquetodasascoortessejamplenamente

preenchidasenãorestemmaisdesempregadosdogruposintéticoparase-

remclassificados.

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Aduraçãomédiacompletadedesempregopodeserdeterminadapelara-

zãoentreototaldeindivíduosdesempregadosdeumacoorte,ponderados

pelaextensãocompletadointervalodetempoemqueelesseencontram,e

ototaldeindivíduosdacoorteimediatamenteanterior.Osomatóriodasra-

zõesdeprobabilidadepermitequesedetermineaduraçãomédiacompleta

dodesemprego.Valeressaltarqueaprimeiracoorte,aqueladosindivíduos

entrantesnacondiçãodedesemprego,éconsideradaaincidênciadodesem-

prego,dadoqueaspessoasdessacoorteestãodesempregadashámenosde

30dias;logo,nomêsanteriorelasnãoseencontravamnessasituação.

ApartirdessecritérioeseguindoospassosdeSider(1985),pode-sedefi-

niraduraçãomédiacompletadodesemprego(D)comosesegue:

n x (f [x –1] – f (x)) n f (x) D =S ————— = S — (1) x = 1 f (0) x = 0f (o)

ondef (0)representaofluxo(incidência)deentradanodesemprego–ou

seja,trata-sedeumsubconjuntodeindivíduosquenãoestavamdesempre-

gadosnomêsanterior–,enquantof (x)édefinidocomoosubconjuntode

pessoasquepermanecemdesempregadasapóscadaperíodox,comxvarian-

doentre0en.

Desenvolvendoaequação(1)chega-sea:

f (0)–f (1) f (1)–f (2) f (2)–f (3)D =1—————+2—————+3—————+(...)t

f (0) f (0) f (0)

f (1) f (1) f (2) f (2) f (3)D =1_——+2——_2——+3——_3——+(...)t

f (0) f (0) f (0) f (0) f (0)

f (1) f (1) f (2) f (1) f (2) f (1) f (2) f (3)D =1+——–2————+3————+3——————+(...)(2)t f (0) f (0) f (1) f (0) f (1) f (0) f (1) f (2)

Essamedidadeduraçãoétambémchamadadeduraçãoparatrás(ba-

ckward),duraçãocorrenteouprobabilidadecondicional,jáqueaequação

(2)podeserassimreescrita:

f (x, t)P x, t =———— (3) f (x –1,t–1)

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Considerandoque

f (1) f (2) f (3)—=p1;—=p2e—=p3 f (0) f (1) f (2)

pode-seentãoreescreveraequação(2)comosesegue:

D = (1– p1) + 2p1 (1– p2) +3p1p2(1–p3)+...=1+p1+p1p2+

p1p2p3+(...) (4)

Aequação(4)podeentãoserrepresentadadeformageralassim:

n x –1

D =Sg (x) ∏ pj(1–px) (5)t

x = 1 j =0

ondep0éigualàunidadeerepresentaaprobabilidadedepertenceràcoorte

inicial,enquantopj(1–px)constituiapartedacoorteoriginalquedeixa

odesempregoapósxperíodoseg (x)ponderaosindivíduospeladuração

completaapropriada.Naequação(2),g (x)= x,oquesignificadizerque

aponderaçãosefezemfunçãodalongitudedointervalocompleto;isso

implicaqueaspessoasdesseintervaloficamdesempregadasatéofimdo

tempodessemesmointervalo.

Comog (x)= x,aequação(5)podeserapresentadadaseguinteforma:

n x

Dt =S ∏ p (i, t) (6)

x = 1 i =1

ondenrepresentaonúmerodemeses.Aequação(6)permiteentãoestimar

aduraçãomédiacompletadodesemprego.Issoéfeitoparaumconjunto

depessoasdesempregadas,masqueentramnodesempregoemdiferentes

momentoseapresentamduraçõesdiferenciadasdedesemprego.

Duasoutrasmedidasdeduraçãomédiacompletadodesempregopo-

demsercalculadas:adoestadoestacionário(steady state)eaesperada

(forward).

1.2 Duração completa do desemprego em estado estacionário (steady state)

Aduraçãododesempregoemcondiçõesdeestadoestacionáriolevaem

consideraçãoahipótesedequeascondiçõeseconômicaspassadascontinua-

rãoasmesmasnoperíodoatual,significandodizerqueataxadedesem-

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pregopermanececonstanteaolongodetodooperíodoemanálise.Nessas

condições,aequação(3)assumeaseguinteforma:

f (x, t)

PEEx, t =———— (7) f (x –1,t)

1.3 Duração completa esperada do desemprego ou para a frente (forward)

Aduraçãocompletaesperadadodesempregoestábaseadanacondiçãode

queosdesempregadosdeumacoortepermanecerãodesempregadospor

maisumperíodoepassarão,porconseguinte,àcoorteposterior.Ahipótese

subjacenteaessamedidadeduraçãododesempregoéqueascondições

atuaisprevalecentesnaeconomiaserãoasmesmasnofuturo.Aequação(3)

éentãorepresentadacomoaseguir:

f (x, t)

PEEx, t =————— (8) f (x –1,t +1)

2. A DEFINIÇÃO DAS COORTES DE DURAÇÃO DO DESEMPREGO

Emrelaçãoàduraçãododesemprego,aspesquisasporamostrasnormal-

menteregistramadataqueapessoadeclaroucomoiníciodacondiçãode

desemprego.Apartirdessadata,atéomomentodolevantamentodainfor-

mação,pode-secalcularaduraçãododesemprego.Trata-sedeumadura-

çãoenviesadaeincompleta,jáquenãoépossível,deumaformadireta,se

calcularoqueaconteceucomodesempregadonomomentosubseqüenteà

entrevista.Mesmoassim,éessareferênciatemporaldeentradanacondição

dedesempregoqueconstituiráopontodepartidaparaquesepossaestimar

umaduraçãocompletadodesemprego.

Aduraçãoefetivadodesemprego,emgrandeparte,dependedascarac-

terísticasprodutivas(escolaridade,qualificaçãoeexperiência)edosatribu-

tospessoais(gênero,coreidade)decadadesempregado,alémdetambém

dependerdascondiçõesdefuncionamentodaeconomia.Sabe-sequeas

característicasprodutivaseosatributospessoaissãodistribuídosdemanei-

raheterogêneaentreaspessoas,demodoqueédeseesperarqueaquelas

quepossuemmenoscapacidades,aptidõesepossibilidadesesofremmais

osprocessosdiscriminatóriosacabamporestendermaisaexperiênciado

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desemprego,quandoessaosalcança,reduzindoporconseqüênciasuaspro-

babilidadesdesairdessacondição.

Ascircunstânciasobjetivase subjetivasenfrentadaspelosdiferentes

indivíduosimprimemtrajetóriasdiferenciadasemrelaçãoàduraçãodo

desemprego.Paraalgunsindivíduosessatrajetóriapoderesultaremuma

dependênciadaduraçãododesemprego,demaneiraqueumaduraçãodo

desempregoserátãomaiorquantomaislongoforotempodedesemprego

enfrentado,ouseja,otempodaduraçãoinfluencianaprópriaduração.Isso

aconteceemvirtudedeascaracterísticasdosdesempregadosseremhetero-

gêneasemrelaçãoàssuashabilidades,atitudesemfacedoriscoeexpectati-

vasquantoàextensãodoempregoetc.(Salant,1977).

Masaintuiçãopermiteadiantarque,paraumconjuntodedesempre-

gadosemqueaspeculiaridadesprodutivasepessoaissemisturam,apar-

ticipaçãorelativanodesempregovaidiminuindoàmedidaqueaduração

domesmosealonganotempo.Portanto,édeseesperarqueafreqüência

dosdesempregados,portempodedesemprego,aolongodeumperíodose

concentrenosprimeirosmesesdedesempregoevádiminuindoconforme

aduraçãododesempregovásealongando.Nessascondições,adistribuição

qui-quadradoconstituiriaamelhorrepresentaçãodessafreqüência,cujo

picoprovavelmenteestarialocalizadonoprimeiromêsdedesemprego.

Noentanto,opadrãodafreqüênciadodesempregonãoacontececomo

seespera,ouseja,omovimentodecrescenteemrelaçãoàduraçãododesem-

pregonãoseverifica.Emlugardoesperado,verificam-sepicosdeconcen-

traçãodedesempregadoscomfreqüênciasacumuladasatéoprimeiromês,

entreosegundoeterceiromeses,entreoquartoeosextomeses,entreo

sextomêseumanoeatémaisdeumano.Essecomportamentofoimaisou

menosomesmoparaasregiõesmetropolitanasdeSalvadoredeSãoPaulo.

Paracorrigirosviesesderesposta,adefiniçãodascoortesseguiuos

padrõesestabelecidosemestudosdessanatureza(CorakeHeisz,1995b),

procurandocalcularumataxadepersistênciadodesempregoeminterva-

losseqüencialmentemaiores.Essadecisãobuscalocalizarasmaiselevadas

freqüênciasdedesempregados,alémdeprocurarcompactaronúmerode

casosquevaidiminuindoàmedidaqueototaldedesempregadosvaisendo

alocadonasdiferentescoortes,ouseja,àmedidaqueolimitedotamanho

daamostravaisendoalcançado.

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46 R. Econ. contemp., Rio de Janeiro, 10(1): 35-60, jan./mar. 2006

Histogramas da freqüência relativa do tempo incompleto de desemprego

2,0% –

1,8% –

1,6% –

1,4% –

1,2% –

1,0% –

0,8% –

0,6% –

0,4% –

0,2% –

4,00

–8,

00 –

12,0

0 –

16,0

0 –

20,0

0 –

24,0

0 –

28,0

0 –

32,0

0 –

36,0

0 –

40,0

0 –

44,0

0 –

48,0

0 –

52,0

0 –

56,0

0 –

60,0

0 –

64,0

0 –

68,0

0 –

72,0

0 –

76,0

0 –

80,0

0 –

84,0

0 –

88,0

0 –

92,0

0 –

Perc

ent

Temp desemp semana

Região metropolitana de Salvador

1,0% –

0,8% –

0,6% –

0,4% –

0,2% –

4,00

–8,

00 –

12,0

0 –

16,0

0 –

20,0

0 –

24,0

0 –

28,0

0 –

32,0

0 –

36,0

0 –

40,0

0 –

44,0

0 –

48,0

0 –

52,0

0 –

56,0

0 –

60,0

0 –

64,0

0 –

68,0

0 –

72,0

0 –

76,0

0 –

80,0

0 –

84,0

0 –

88,0

0 –

92,0

0 –

Perc

ent

Temp desemp semana

Região metropolitana de São Paulo

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47W. F. Menezes e C. S. Dedecca – Avaliação da duração do desemprego nas regiões...

Dessaforma,levando-seemconsideraçãoospicosrepresentadosnoshis-

togramas,procurou-sefixaroslimitesdascoortesnosseguintesintervalos:

atéummês;maisdeumatétrêsmeses;maisdetrêsatéseismeses;maisde

seisaté12meses;emaisde12meses.Ascoortesconstruídasapartirdesses

intervalostêmporobjetivosuavizardoisgrandesproblemaspresentesnas

respostasdosdesempregados.Oprimeirotemavercomapreferênciapelos

númerospares(digit preference),sobretudoquandooregistrosefazemse-

manas(Baker,1992),enquantoosegundoérelativoaosviesesdedeclaração

dodesempregado(CorakeHeisz,1995b),quemuitofreqüentementenão

sabeprecisardemaneiraexataháquantotempoencontra-sedesempregado

efornecerespostasdotipo“porvoltadeumano”;mesmoassim,amaioria

preferedeclararotempodedesempregorepresentadopornúmerosinteiros

enãofracionados.

Assim,osintervalosdascoortesvãosealongando–deumlado,porque

quantomaiscurtososintervalos,maisevidenteficaapreferênciapornú-

merosparese,poroutro,porqueessealongamentopermitereduziroviés

dasrespostasimprecisas.Ascoortesassimdefinidasnãoestãoisentasde

custo.Dessaforma,seporumladoelasreduzemasdistorções,poroutro,

elastornamasestatísticasmenoseficazes,namedidaemqueosdesempre-

gadoslocalizadosnointeriordecadacoortesãocontabilizadospelolimite

superiordessasmesmascoortes.

Adefiniçãodascoortescorrigidaspelos intervalosseqüencialmente

maiorestentou,portanto,aproximar-sedaquiloquerevelouaanálisedos

histogramas,quandoforamlocalizadosospicosdefreqüênciaacumulada

maisimportantes.Oprimeirodessespicosfoilocalizadonoprimeiromês

dedesemprego,ouseja,quandoseverificaaentradanodesemprego,sendo,

portanto,compostodaspessoascomatéummêsdedesemprego.

Segue-seumagrandeproporçãodedesempregadosentredoisetrêsme-

ses,refletindoumadinâmicadeumacoorteaindaentrantenacondição

dedesemprego.Outrograndepicoencontra-selocalizadonosseismeses

dedesemprego,provavelmenterefletindorealidadesparticulares,taiscomo

reduçãodascondiçõesdesobrevivência,finalizaçãodosegurodesemprego,

esgotamentodofundodegarantia,dentreoutraspossibilidades.

Porfim,percebe-seumpicodedesempregadoslocalizadosnasimedia-

çõesdos12mesesdedesemprego.Essepicopodeestarrefletindocaracte-

rísticassimilaresàsdopicodosseismeses,masnãosepodeesquecerqueos

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48 R. Econ. contemp., Rio de Janeiro, 10(1): 35-60, jan./mar. 2006

errosderespostapodemseapresentarmaisfortementequandoaduração

dodesempregoseestende,jáqueaprobabilidadedeseestarprocurando

empregoficabastanteminimizadacomodesenrolardotempo.6

2.1 Análise do estoque de desempregados

Inicialmente,vamosestabelecerumadistinçãoentreaparticipaçãonofluxo

eaparticipaçãonoestoquededesempregados.Paratanto,necessáriosefaz

separardistintosgruposdedesempregadosqueseexcluemmutuamente.

Aproporçãodeumgrupoparticularnofluxoédefinidacomoafraçãodo

númerototaldenovosdesempregadosquecompõemumdeterminadogru-

po.Assim,seumgrupoérepresentadopelosubscrito“i”,tem-seentãoque

Ni (x, t)representaonúmerodepessoasdessegrupoqueestãodesempre-

gadasdesdeomêsxnotempot.Dessaforma,considerando-seomêszero

(primeiromêsdedesemprego),aparticipaçãonofluxodogrupoinotem-

potédadapor:

Ni (0, t)ai (t) =——— (9) N (0,t)

Poroutrolado,aparticipaçãodogrupoinototaldeefetivosdedesem-

pregadosrepresentaaproporçãodonúmerototaldedesempregadosno

tempotqueformaessegrupo.SeCi (t)representaonúmerodedesempre-

gadosquecompõemogrupoinotempot,tem-seentãoqueaproporçãodo

gruponototaldeefetivosdesempregadosficaestabelecidapor:

Ci

(t) Ni (0, t) Di (t)ei = ——=—————– (10) C (t) N (0,t)D (t)

Asegundapartedaequação(10)consideraahipótesedoestadoestacio-

nário,quandoonúmerodedesempregadoséigualaoprodutodamulti-

plicaçãodaparticipaçãorelativadosnovosdesempregadosdogrupoipela

participaçãorelativadaduraçãomédiacompletadogrupoemreferência,

emumperíodojáterminado,D (t).

Combinandoasequações(9)e(10),estabelece-searelaçãoentreaparti-

cipaçãonoestoqueeaparticipaçãonofluxodaseguinteforma:

Di (t)ei =ai ——— (11) D (t)

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49W. F. Menezes e C. S. Dedecca – Avaliação da duração do desemprego nas regiões...

Aequação(11)mostraqueaproporçãodogrupoinoestoqueéigual

àsuaproporçãonofluxoponderadapeladuraçãorelativamédiacompleta

doestadoestacionáriodeumperíododedesemprego.Seogrupoienfrenta

períodosdedesempregoquetêm,emmédia,amesmaduraçãodoconjunto

totaldedesempregados,segue-sequeasparticipaçõesnofluxoenoestoque

serãoiguais.Havendodiferençaentreessasparticipações,essadiferençaserá

tãomaisexpressivanamedidaemqueosgruposenfrentaremperíodosde

desempregomaislongos.

3. AVALIAÇÃO DOS PRINCIPAIS RESULTADOS

OsdadosutilizadosforamdaPesquisadeEmpregoeDesempregodasre-

giõesmetropolitanasdeSalvadoredeSãoPaulo.Paraessapesquisa,existem

duassituaçõesdedesemprego:desempregoabertoedesempregooculto.

Oprimeirodizrespeitoàspessoasqueprocuraramtrabalhodemodoefeti-

vonos30diasanterioresaodiadaentrevistaenãoexerceramnenhumtra-

balhonosúltimossetedias.Asegundasituaçãopodeserrepresentadapor

duascircunstâncias:(a)portrabalhoprecário,quandoosdesempregados

realizamdeformairregular,emcaráterocasionaleeventual,algumtraba-

lhoremunerado,masprocuraramtrabalhonos30diasanterioresaodia

daentrevista—casonãotenhamprocuradonesseperíodo,ofizeramaté

12mesesatrás;(b)pordesalento,quandoosdesempregadosnãopossuem

trabalhonemoprocuraramnosúltimos30dias,pordesestímulodomer-

cadodetrabalhoouporcircunstânciasfortuitas,masprocuraramefetiva-

mentetrabalhonosúltimos12meses.Opresenteestudoincorporouastrês

formasdedesemprego.

3.1 Estimativa e análise das durações completas de desemprego

Osresultadosglobaisparaasduasregiõesmetropolitanasencontram-sena

tabela1.Umainspeçãodessatabelapermiteobservarquearelaçãoentre

osdesempregadoscomatéummêseototaldedesempregados(taxade

incidência)apontaopercentualdedesempregadosentrantesnacondição

dedesemprego.Essataxafoiestimadaemumamédiade3,2%paraarmse

de4,5%paraarmsp.Poroutrolado,aduraçãoincompletafoiestimadaem

22,3mesesparaarmseem19,5mesesparaarmsp.

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50 R. Econ. contemp., Rio de Janeiro, 10(1): 35-60, jan./mar. 2006

Quantoàsduraçõescompletas,percebe-seumasituaçãomaisgravepara

armsemrelaçãoàrmsp,issoporqueastaxascompletasdeduraçãodo

desempregoforammaiselevadasnaprimeiraregião.Dessaforma,aespe-

rançaderetornaràocupaçãoémenornarms,muitoemboraosnúmeros

demesesdarmspsejamtambémbastanteexpressivosepróximosdaqueles

darms.Assim,asmédiasdasduraçõescompletasparatrásforamrespecti-

vamentede8,4ede7,8meses;dasduraçõesparaafrenteforamde8,3e7,8

mesesedasduraçõesemcondiçãodeestadoestacionárioforamcalculadas

em9,4e8,8meses,tambémrespectivamente.Asvariaçõesemtornodas

médiasdasduraçõessãomaisimportantesnarms.Issopodeestarapon-

tandoqueosgruposdedesempregadosinternosaostemposdeduraçãosão

diferenciadoseheterogêneosentreessasregiões.

Astaxasdeincidênciaeasduraçõesdodesemprego,segundoogêneroe

acordaspessoas,nasduasregiões,podemservistasnatabela2.Umaanálise

dessatabelapermitedizerqueamédiadataxadeincidênciaparaoshomens

foicalculadaem3,8%paraarmseem5,3%paraarmsp.Amédiadadu-

raçãoincompletafoiestimadaem18,8mesesparaarmseem14,6meses

paraarms,enquantoasmédiasdasduraçõescompletasparatrásforam

calculadasrespectivamenteem8,2eem7,7meses;asduraçõesparaafrente

foramde7,9e7,7meseseasduraçõesemcondiçãodeestadoestacionário

foramcalculadasem9e8,7meses.

Ataxadeincidênciaestimadaparaasmulheresfoiemmédiade2,7%na

rmse3,8%narmsp.Asmulheresdarmsestãoexpostasataxascompletas

Tabela 1: Durações médias completas do conjunto total dos desempregados*

RegiãoMetropolitana

Estimativas 2000 2001 2002 Média DP

Salvador

Taxa de incidência 3,2 3,1 3,4 3,2 0,02

Duração para trás 5,9 10,1 9,3 8,4 2,3

Duração para a frente 9,2 9,7 6 8,3 2

Estado estacionário 9,3 9,7 9,1 9,4 0,3

Duração incompleta 22,6 22,4 21,8 22,3 0,4

São Paulo

Taxa de incidência 4,4 4,7 4,3 4,5 0,02

Duração para trás 5,6 8,8 9 7,8 1,9

Duração para a frente 8,4 8,9 6,1 7,8 1,5

Estado estacionário 8,6 8,9 8,9 8,8 0,2

Duração incompleta 20 19,5 18,9 19,5 0,6

*Taxas de incidência em percentual e durações em meses.

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51W. F. Menezes e C. S. Dedecca – Avaliação da duração do desemprego nas regiões...

deduraçãododesempregomaiselevadasparatráseemestadoestacionário,

enquantoasmulheresdarmspenfrentamumaduraçãocompletaparaa

frentemaior.Asduraçõescompletasparatrásforamrespectivamentede8,9

ede8meses;asduraçõesparaafrenteforamde9e8,1meseseasdurações

emcondiçãodeestadoestacionárioforamcalculadasem10e9,1meses.

Aduraçãoincompletafoimaiselevadanarms(24,3meses)emrelaçãoà

rmsp(22,9meses).

Estimativasreferentesaosdesempregadossegundoacorpodemtambém

servisualizadasnatabela2.Ataxadeincidênciadosbrancosdarms(3,2%)

émaiselevadaqueadarmsp(4,4%).Issodemonstraque,relativamenteà

rmsp,narmsaproporçãodebrancosentrantesnodesempregoémaior

em1pontopercentual.Asduraçõescompletasdosbrancosdarmsforam

significativasapenasparaaduraçãoparaafrentenoanode2002,dema-

neiraqueaanálisedessegrupodedesempregadosficaprejudicadaparaessa

Tabela 2: Taxas de incidência, durações médias completas e duração incompleta*

Atributo AnoRegião Metropolitana de Salvador Região Metropolitana de São Paulo

Incid.Para trás

Para a frente

Estado estac.

Inc. Incid.Para trás

Para a frente

Estado estac.

Inc.

Homem

2000 3,8 5,8 8,8 8,8 19,7 5,5 5,4 8 8,2 15,4

2001 3,7 9,7 9,1 9,3 18,3 5,5 8,8 8,8 8,9 14,1

2002 4 9,1 5,9 9 18,4 4,8 9,1 6,3 9 14,2

Média 3,8 8,2 7,9 9 18,8 5,3 7,7 7,7 8,7 14,6

DP 0,02 2,1 1,8 0,2 0,8 0,04 2,1 1,3 0,4 0,7

Mulher

2000 2,7 6,1 9,9 10 25,4 3,4 6 9,2 9,3 24,4

2001 2,5 10,7 10,7 10,3 26,4 4 9 9 9 24,7

2002 2,8 9,9 6,4 9,6 21,1 3,9 9 6 8,9 19,5

Média 2,7 8,9 9 10 24,3 3,8 8 8,1 9,1 22,9

DP 0,01 2,5 2,3 0,4 2,8 0,03 1,7 1,8 0,2 2,9

Branco

2000 3,2 – – – 20,8 4,5 5,4 8,4 8,5 20,5

2001 2,6 – – – 22,7 4,5 8,7 9,4 9,2 20,4

2002 3,7 – 6,1 24,3 4,2 9,4 6,1 9,1 19,3

Média 3,2 – – – 22,6 4,4 7,8 8 8,9 20,1

DP 0,05 – – – 1,7 0,02 2,1 1,7 0,3 0,7

Negro

2000 3,2 5,8 9 9,2 22,8 4,4 6 8,6 9 19,2

2001 3,1 10,2 9,8 9,7 22,4 4,9 9,3 8,5 8,8 18,4

2002 3,4 9,4 6,1 9,2 21,6 4,4 8,8 6,3 8,9 18,5

Média 3,2 8,5 8,3 9,4 22,3 4,6 8 7,8 8,9 18,7

DP 0,01 2,3 2 0,3 0,6 0,03 1,8 1,3 0,1 0,4

* Taxas de incidência em percentual e durações em meses.

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52 R. Econ. contemp., Rio de Janeiro, 10(1): 35-60, jan./mar. 2006

região.Paraoanode2002,asmédiasdasduraçõesincompletasdasduas

regiõesforamestimadasem24,3mesesparaarms,contra19,3mesesna

rmsp.Amédiadaduraçãoincompleta,doperíodocomoumtodo,foical-

culadaem22,6mesesnarmseem20,1narmsp.Considerandoapenaso

anode2002,percebe-sequeasduraçõescompletasparaafrentesãoiguais

nasduasregiõesmetropolitanas(6,1).

Amédiadataxadeincidênciaestimadaparaosnegrosfoide3,2%na

rmse4,6%narmsp.Asdiferençasentreasduraçõescompletaseaduração

incompletaaparecememdesfavordarms,jáqueasduraçõescompletassão

maiselevadasnessaregião.Comefeito,asmedidasdasduraçõescompletas

paratrás,paraessaspessoas,respectivamenteparaarmsermsp,foram

estimadasem8,5eem8meses;dasduraçõesparaafrenteforamde8,3e7,8

mesesedasduraçõesemcondiçãodeestadoestacionárioforamcalculadas

em9,4e8,9meses.

Umaavaliaçãodataxadeincidênciaedaduraçãododesemprego,para

chefesdefamília,jovens,analfabetosepessoascomescolaridadeatéopri-

meirograu,podeservistanatabela3.Umainspeçãodessatabelapermite

afirmarqueamédiadataxadeincidênciadoschefesdefamíliaémenos

elevadanarms(3,8%)quenarmsp(5,6%).Masasduraçõescompletas

emesmoaduraçãoincompletasãomaisaltasnarmsemrelaçãoàrmsp.

Omesmoperfildecomportamentopodeserobservadoparaosjovens,ou

seja,aspessoasentre16e25anosenfrentamumataxadeincidênciame-

nornarms,masencontram-seexpostas,relativamenteàrmsp,adurações

completaseincompletasmaiselevadasnarms.

Porfim,apresenta-seumaanáliseparaosdesempregadossegundoduas

faixasdeescolaridade:pessoascomatédoisanosdeescolaridade(anal-

fabetosfuncionais)epessoasentretrêsanosdeescolaridadeeoprimei-

rograucompleto(tabela3).Paraosdesempregadosquetêmatéoprimeiro

graucompleto,amédiadataxadeincidênciamostrou-semenoselevada

narms,enquantoasduraçõescompletasestimadasforammaiselevadas

nessaregiãorelativamenteàrmsp.Quantoàduraçãoincompleta,pode-se

afirmarqueosdesempregadoscomoprimeirograucompletodarmsen-

frentamperíodosmaislongosdedesempregoemrelaçãoaomesmoagru-

pamentodarmsp.

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53W. F. Menezes e C. S. Dedecca – Avaliação da duração do desemprego nas regiões...

3.2 Estimativa e análise do estoque e do fluxo do desemprego

Umaoutraformadevisualizarocomportamentodaduraçãododesem-

pregonasregiõesmetropolitanasdeSalvadoredeSãoPauloépelaanálise

dedoisaspectosbemdiferenciados.Oprimeiroaspectotemavercoma

participaçãorelativadosdesempregadosdecadagruponoestoquedosde-

sempregados,enquantoosegundoanalisaaheterogeneidadedasdurações

dodesempregodosdiferentesgruposnasduasregiõesmetropolitanas.

Aparticipaçãorelativadosdiferentesgruposdedesempregadosnoesto-

quedosdesempregadospodeservisualizadanatabela4.Nasduasregiões,

essaparticipaçãosemostraemdesfavordasmulheres.Narmsissoacon-

teceporqueaparticipaçãorelativadasmulheresnaocupação,estimadaem

46%,émenorqueaparticipaçãodasmulheresnodesempregoregional

(51,7%);damesmaforma,narmspaparticipaçãodasmulheresnaocupa-

ção(calculadaem43%)tambémémenorquandocomparadacomopeso

dasmulheresnodesemprego(52,1%).Noquedizrespeitoàparticipação

Tabela 3: Taxas de incidência, durações médias completas e duração incompleta*

Atributo AnoRegião Metropolitana de Salvador Região Metropolitana de São Paulo

Incid.Para trás

Para a frente

Estado estac.

Inc. Incid.Para trás

Para a frente

Estado estac.

Inc.

Chefe

2000 4,1 5,4 8,8 8,4 19,7 5,6 5,4 7,6 8,3 15,4

2001 3,5 9,5 8,9 9 18,3 6,3 8 7,9 7,8 14,1

2002 3,8 8,9 5,6 8,8 18,4 5 8,3 5,9 8,6 14,2

Média 3,8 7,9 7,8 8,7 18,8 5,6 7,2 7,1 8,2 14,6

DP 0,3 2,2 1,9 0,3 0,8 0,7 1,6 1,1 0,4 0,7

Jovem

2000 4 5,9 9 9,2 12,7 5,2 5,7 8,6 8,7 12

2001 3,6 10,5 10,2 10,1 11,8 4,8 9,2 9,4 9,5 10,8

2002 3,9 9,8 6,3 9,4 12,5 5 9 6,1 8,9 10,8

Média 3,9 8,7 8,5 9,6 12,3 5 8 8 9 11,2

DP 0,2 2,5 2 0,5 0,5 0,2 2 1,7 0,4 0,7

Analfabeto

2000 4 – – – 24,6 6,7 4,9 7,6 7,5 22,6

2001 3,3 – – – 28,5 4,5 – – – 26,1

2002 4,3 9 5,5 8,5 26,5 5 – – – 25

Média 3,9 – – – 26,5 5,4 – – – 24,5

DP 0,5 – – – 1,9 1,2 – – – 1,8

Até o 1ºgrau

2000 3,3 6 8,3 8,7 22,6 4,8 5,6 7,1 7,1 20,6

2001 3,4 9,7 8,7 8,7 22,3 4,6 8,9 8,4 8 20,6

2002 3,8 9,4 7,6 8 21,3 4 8,9 8,2 8,3 20,5

Média 3,5 8,4 8,2 8,5 22 4,5 7,8 7,9 7,8 20,6

DP 0,3 2 0,6 0,4 0,7 0,4 1,9 0,7 0,6 0,1

* Taxas de incidência em percentual e durações em meses.

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54 R. Econ. contemp., Rio de Janeiro, 10(1): 35-60, jan./mar. 2006

relativadosdesempregadosnaperspectivadacor,verifica-seumdesequilí-

brioemdetrimentodosnegrosdarms,jáqueaparticipaçãorelativadessas

pessoasnoestoquededesempregadosfoiestimadaem90,9%,quandoelas

representam85%dototaldeocupados.Narmsp,osnegrosrepresentam

32%dosocupados,maselesconstituem42%dosdesempregados.Ocorolá-

riodessequadroéque,nasduasregiõesmetropolitanas,homensebrancos

desempregadostêmpesosrelativamentemenoresquesuasrespectivaspar-

ticipaçõesrelativasnaocupação.

Aparticipaçãorelativadoschefesdefamílianaocupaçãofoiestimada

em45,7%paraarmseem47,2%narmsp,enquantoosdesempregados

chefesdefamíliaconstituem29,7%naprimeiraregiãoe29,6%nasegunda,

apontandoqueessaspessoasmostram-semaisdinâmicasnoenfrentamento

dodesemprego.Oinversoacontececomosjovensdasduasregiõesmetro-

politanas–issoporquesuasrespectivasparticipaçõesrelativasnaocupação

foramcalculadasem24,9%narmseem25,7%narmsp,enquantosuas

participaçõesrelativasnodesempregoforamrespectivamentede40,6%na

rmsede41,3%narmsp.Dopontodevistadaescolaridade,tem-sequeos

analfabetosfuncionaisrepresentam7,9%dosocupadosnarmse6,4%na

rmsp,masseuspesosrelativosnodesempregosãode8,7%e6,4%,respec-

tivamente,paraasduasregiõesmetropolitanas.Paraosdesempregadoscom

Tabela 4: Participação no estoque do desemprego

AtributoRegião Metropolitana

2000 2001 2002 Média DP

HomemSalvador 48,5 48,1 48,2 48,3 0,2

São Paulo 48,5 47,2 48 47,9 0,6

MulherSalvador 51,5 51,9 51,8 51,7 0,2

São Paulo 51,5 52,8 52 52,1 0,6

BrancoSalvador 9,5 8 9,8 9,1 0,9

São Paulo 62,2 56,5 55,3 58 3,7

NegroSalvador 90,5 92 90,2 90,9 1

São Paulo 37,8 43,5 44,7 42 3,7

Chefe de famíliaSalvador 30,5 29,6 29,1 29,7 0,7

São Paulo 29,2 29,7 29,8 29,6 0,3

JovemSalvador 39,9 40,8 41 40,6 0,6

São Paulo 41,5 41,3 41,1 41,3 0,2

AnalfabetoSalvador 9,3 8,7 8 8,7 0,7

São Paulo 6,6 6,5 6,1 6,4 0,2

Até o 1ºgrauSalvador 50,8 47,6 46 48,1 2,5

São Paulo 50,5 49,4 46,6 48,8 2

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escolaridadeatéoprimeirograucompleto,observaram-separticipaçõesre-

lativasnaocupaçãode37,6%paraarmsede41,4%paraarmsp,mas

suasparticipaçõesrelativasnodesempregomostraram-semaiselevadasnas

duasregiões,ouseja,48,1%paraarmse48,8%paraarmsp.Essesnúme-

rospodemestarcaracterizandoasdificuldadesdereinserçãodosdiferentes

agrupamentosquandoenfrentamsituaçõesdedesemprego.

Osegundoaspecto,queserefereàheterogeneidadedasduraçõesdode-

sempregodosdiferentesgrupos,éanalisadoapartirdastaxasdeestoquee

defluxodedesempregados.Ataxadeestoqueéestimadaporumapondera-

çãoentreataxadefluxodeentrantesnodesempregoeaparticipaçãorela-

tivadaduraçãododesemprego.Portaxadefluxoentende-searelaçãoentre

osentrantesnodesempregodeumdeterminadogrupoeosentrantestotais

nodesemprego;enquantoaparticipaçãorelativanaduraçãoéentendida

comoarelaçãoentreaduraçãododesempregodosdiferentesgruposde

desempregadoseaduraçãodoconjuntodosdesempregados(conformeas

equações9,10e11).Essecálculofoifeitoapenasparaacondiçãodeestado

estacionáriododesemprego–issoporqueessacondiçãoéquemaisabranda

osefeitosdeumadistribuiçãoincompletaparamedirumaduraçãocomple-

tadodesemprego,bemcomoemsituaçõesemqueexistecertalimitaçãode

estimadores(BekereTrivedi,1985).

Ataxadeestoquededesempregadoseataxadefluxodevemseriguais

quandoumdeterminadogrupodedesempregadosenfrentaumaduração

médiadodesempregoigualàduraçãomédiadoconjuntodosdesemprega-

dos.Casoataxadeestoquedeumdeterminadogrupodedesempregados

sejamaiselevadaqueataxadefluxo,issoquerdizerqueessegrupoenfrenta

umaduraçãocompletadodesempregomaiselevadaqueaduraçãomédia

doconjuntodosdesempregados.Inversamente,paraumataxadeestoque

menorqueumataxadefluxo,aduraçãomédiacompletadogrupoemre-

ferênciaémenorqueaduraçãomédiadoconjuntodosdesempregados.Os

resultadosdessescálculosaparecemnatabela5.

Paraoshomensdarms,ataxadeestoquededesempregadossemostrou,

emmédia,menoselevadaqueataxadefluxo,permitindodizerqueesse

grupodedesempregadosenfrentaumaduraçãomédiacompletadodesem-

pregoemcondiçãodeestadoestacionáriomenorqueaduraçãomédiado

conjuntodosdesempregados.Ocoroláriodaduraçãododesempregodos

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lvad

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,657

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50,

7

São

Paul

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,360

,454

,755

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93,

6

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Salv

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42,3

43,9

41,9

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São

Paul

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São

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lvad

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12,

6

São

Paul

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,536

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,734

,533

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,21,

33

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São

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,647

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,246

1,3

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Paul

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Até

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São

Paul

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4

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homenséqueasmulheresapresentaramumataxamédiadeestoquemaior

queataxamédiadefluxo,desortequeasmulheresenfrentamduraçõesdo

desempregomaislongasqueamédiadoshomens.Narmsp,oshomens

tambémenfrentamumaduraçãododesempregomenorqueoconjunto

dosdesempregadosdessaregião,issoporqueataxadeestoquemostrou-se

menoselevadaqueataxadefluxo.Porviadeconseqüência,asmulheresda

rmsptambémenfrentamumaduraçãomédiadodesempregomaiorquea

médiadosdesempregados,dadoqueamédiadataxadeestoqueparaessas

pessoasmostrou-semaiorqueadataxadefluxo.

Paraosnegrosdarms,tem-seumaduraçãomédiadedesempregoaná-

logaàmédiadoconjuntodosdesempregados,dadoqueessaspessoasapre-

sentaramumataxadeestoquepraticamenteigualàrespectivataxadefluxo.

Noquedizrespeitoaosbrancosdarms,nãosedispõedeinformaçãoesta-

tisticamentesignificativa,mas,porcomparaçãocomosnegros,conclui-se

queosbrancostambémapresentamduraçãomédiacompletabempróxima

damédiadosdesempregados.Tantoosbrancosquantoosnegrosdarmsp

enfrentamduraçõesmédiaspraticamenteiguaisàmédiadodesempregodo

conjuntodosdesempregadosdessaregião.

Paraoschefesdefamíliadarms,tem-seumaduraçãomédiadode-

sempregomenoselevadaqueadoconjuntodosdesempregados,dadoque

essaspessoasapresentaramumataxadeestoquemenorquearespectiva

taxadefluxo.Situaçãoanálogaapareceparaoschefesdarmsp,cujataxade

estoquemostrou-semenoselevadaqueataxadefluxo.Quantoaosjovens,

tem-sequenarmselesenfrentamduraçõesdodesempregomaislongasque

amédiadoconjuntodosdesempregadosdessaregião,enquantoosjovens

darmspsemostrammaisdinâmicosnomercadodetrabalho–issoporque

ataxadeestoquedessaspessoasfoipraticamenteigualàmédiadataxade

fluxo,significandodizerqueosjovensdarmspenfrentamduraçõesdode-

sempregonamédiadetodososdesempregadosdessaregião.

Nãosedispõemdeinformaçõescompletasparaosanalfabetosfuncionais

(comatédoisanosdeescolaridade)dasduasregiõesmetropolitanas.Pode-

seapenasafirmarquenoanode2002osanalfabetosdarmssemostraram

relativamentedinâmicosnomercadodetrabalho,ouseja,apresentaram

umataxadeestoquemenorqueataxadefluxo,condicionandoumadu-

raçãododesempregomenorqueamédiadosdesempregadosdessaregião.

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58 R. Econ. contemp., Rio de Janeiro, 10(1): 35-60, jan./mar. 2006

Paraarmsp,dispõem-seapenasdosresultadosparaoano2000,quandoos

analfabetosdessaregiãotambémsemostraramágeisnomercadodetraba-

lho,demaneiraqueessaspessoasacabaramporenfrentarumaduraçãodo

desempregomenorqueaquelasdototaldosdesempregadosdessaregião.

Poroutrolado,osdesempregadosdarmscomescolaridadeentretrêseoito

anos(atéoprimeirograucompleto)apresentaramtaxadeestoqueinfe-

rioràtaxadefluxo,oquesignificadizerqueessaspessoasenfrentamdura-

çõesmenoresdodesempregonamédiadototaldosdesempregados.Paraa

rmsp,essaspessoastambémenfrentamduraçõesdodesempregomenores

queasdamédiadoconjuntodosdesempregados–issoporqueastaxasde

estoquemostram-semenoselevadasqueastaxasdefluxo.

4. ALGUMAS CONCLUSÕES

Estetrabalhoanalisouaheterogeneidadedasduraçõesdodesempregonas

regiõesmetropolitanasdeSalvadoredeSãoPaulo.Paratanto,considera-

ram-seasincidênciaseasduraçõesmédiascompletasdodesemprego.Os

resultadosencontradospermiteminterpretaçõescompatíveiscomasde

estudosqueenvolvemosmétodosdasmedidascompletasdeduração.As

duasregiõesmetropolitanasanalisadasapresentaramduraçõescompletas

menoselevadasqueasrespectivasduraçõesincompletas.Issoquerdizerque

asduraçõesincompletasestãosobreestimandoasverdadeirasduraçõesdo

desempregoenfrentadaspelosdiferentesgruposanalisados.

Alémdisso,aRegiãoMetropolitanadeSalvadorapresentouumamé-

diadeduraçãododesempregosuperioràdaRegiãoMetropolitanadeSão

Paulo.Odiferencialemdesfavordarmssemanteveparatodososatri-

butospessoaisanalisados.Assim,emrelaçãoàrmsp,asduraçõesmédias

completasdarmsmostraram-semaiselevadasparahomens,mulherese

negros(nãosepôdeestabelecerumacomparaçãoparaosbrancos,poisas

informaçõessobrearmsnãoapresentaramsignificânciaestatística).Tam-

bémoschefesdefamília,osjovens,osanalfabetoseaquelesindivíduosque

possuemescolaridadeatéoprimeirograuapresentaramduraçõesmédias

dodesempregosuperioresnarms,relativamenteàrmsp.

Aparticipaçãorelativadosdesempregadosvistosporatributopessoal

noestoquededesempregados,quandocomparadacomaparticipaçãorela-

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tivanaocupação,configurouumasituaçãoemdesfavordasmulheresedos

negrosnasduasregiõesmetropolitanas.Essamesmacomparaçãoseinverte

paraoschefesdefamília,ouseja,essaspessoaspesammaisnaocupaçãoque

nodesempregonasduasregiõesanalisadas.Osjovens,osindivíduosanal-

fabetoseaquelesquetêmatéoprimeirograupesammaisnodesemprego

quenaocupação.

Astaxasdefluxonodesemprego,representandoaentradanodesempre-

goporatributopessoalsobreaentradatotalnodesemprego,mostraram-se

maiselevadasparaoshomensdarms,muitoemboraemambasasregiõesas

taxasdefluxotenhamsemostradomaiselevadasparaoshomensqueparaas

mulheres.Poroutrolado,osnegrosdarmsapresentamumfluxodeentrada

nodesempregoproporcionalmentemaiselevadoqueaqueledarmsp.Os

chefesdefamíliadarmsmostramumataxadefluxomenor,emrelaçãoà

rmsp,enquantoaspessoasjovens,analfabetasecomatéoprimeirograuda

rmstêmtaxasdeentradamaiselevadasqueseusanálogosdarmsp.

Osresultadosalcançadosreforçamanecessidadedeestudosdessanatu-

reza,aotempoemqueseesperaqueaspolíticassociaislevememconside-

raçãoessesestudos,tendoemvistaummaiorentendimentodofunciona-

mentodosmercadosregionaisdetrabalho,bemcomomelhoremosfocose

nichosdedesempregoe,portanto,seaperfeiçoeaeficáciadasações.

NOTAS

1. Assiméque,empaíseseconomicamentemaisavançados,oconceitodedesempregode

longaduraçãoéconsagrado;damesmaformaqueéinteressantesaberporquepessoas

quepassampelaexperiênciadeumlongoperíododedesempregoenfrentammaiores

dificuldadesparasairdessasituação.

2. ComobemsalientaramMenezes-FilhoePicchetti(2002),“enquantoaliteraturainter-

nacionaljácontacomumasériedetrabalhosnessadireção,umdosprimeirostrabalhos

realizadosparaoBrasiléodeBivar(1991)”.

3. Asamostrasdasregiõesmetropolitanasconsideraramosdesempregadoscomidade

entre18e60anos,osquaisforamagregadospormêsdereferênciadapesquisaefica-

ramdistribuídosnosanos2000,2001e2002,respectivamente,daseguinteforma:rms

(8.761,8.556e8.160)ermsp(8.625,9.540e10.120).

4. Apedéumapesquisamensaldomiciliarporamostragemquesegueaorientaçãome-

todológicadaFundaçãoSeadedoEstadodeSãoPauloedoDieese.Essapesquisaé

atualmenterealizadaemcincoregiõesmetropolitanas(SãoPaulo,BeloHorizonte,Por-

toAlegre,SalvadoreRecife),alémdoDistritoFederal(Brasília).

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5. Aquiébomlembrarqueapedvisitaapenasumavezseusentrevistados.

6. Essespicos foramsuavizados levando-seemconsideraçãoas formasadotadasem

estudosdessanatureza.CorakeHeisz(1995b)sugeremumasoluçãoad-hocaocon-

siderarosmesesde2,9semanas,apósobservarque30%dosentrevistadostêmten-

dênciaadeclararumperíododedesempregoinferioraoqueefetivamenteenfrentam.

Essasubavaliaçãodaduraçãododesempregopôdesernotadaaoverificar-seque,após

mesesconsecutivos,osentrevistadosinformavamomesmotempodedesemprego.

Oprocedimentoaquiadotadoconsistiuemtransferir30%dosdesempregadoslocaliza-

dosnoúltimopicodecadacoorteparaacoorteimediatamenteposterior.

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