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Instituto Politécnico de Viseu Escola Superior Agrária de Viseu Solange Ferreira Oliveira Estudo das propriedades físico-químicas e avaliação de compostos bioativos em Physalis peruviana L. Dissertação Mestrado em Qualidade e Tecnologia Alimentar Julho, 2016

Avaliação da influência da localização geográfica de produção nas

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    Solange Ferreira Oliveira

    Estudo das propriedades fsico-qumicas e avaliao de

    compostos bioativos em Physalis peruviana L.

    Dissertao

    Mestrado em Qualidade e Tecnologia Alimentar

    Julho, 2016

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    Solange Ferreira Oliveira

    Estudo das propriedades fsico-qumicas e avaliao de

    compostos bioativos em Physalis peruviana L.

    Dissertao

    Mestrado em Qualidade e Tecnologia Alimentar

    Trabalho efetuado sob orientao de

    Prof. Doutora Raquel Guin

    Trabalho co-orientado por

    Prof. Doutor Fernando Gonalves

    Prof. Doutora Paula Correia

    Julho, 2016

  • i

    Dissertao apresentada

    Escola Superior Agrria do Instituto Politcnico de Viseu

    para obteno do grau de

    Mestre em Qualidade e Tecnologia Alimentar

  • ii

    As doutrinas expressas neste trabalho

    so da exclusiva responsabilidade do autor.

  • iii

    AGRADECIMENTOS

    minha orientadora, Prof. Doutora Raquel Guin, pelo apoio neste trabalho,

    pela sincera amizade, pelos conselhos e pela confiana, e os meus co-orientadores

    Prof. Doutor Fernando Gonalves e Prof. Doutora Paula Correia, pela excelente

    orientao cientfica, pela reviso do trabalho, pelos esclarecimentos, opinies e

    sugestes. Agradeo a total disponibilidade em todo o trabalho desenvolvido,

    empenho na conduo do trabalho experimental, pelos conhecimentos transmitidos,

    pela ajuda, colaborao, amizade e por todo o apoio. Obrigada a Todos.

    D Bina e Engenheiro Rui Coutinho pela ajuda e pelos momentos passados

    no laboratrio.

    Aos meus pais, por estarem sempre ao meu lado e por tamanho amor que as

    palavras dificilmente iro traduzir. Obrigada por todos os esforos, e por me

    apoiarem incondicionalmente.

    minha irm Catarina por tudo o que somos e passamos juntas e ao Filipe

    pela ajuda e motivao.

    minha famlia, pela unio e preocupao constante comigo e por fazerem

    parte da minha vida.

    Ao Tiago, pelo companheirismo, apoio e carinho.

    s minhas amigas Ana Beatriz Elvas, Snia Andrade, Andreia Pina, Mrcia

    Gonalves, Ana Costa, Ana Patrcia, amigas que este mestrado me proporcionou

    conhecer e compartilhar momentos incrveis. Amigas essas que se tornaram parte

    da minha famlia.

    Aos meus amigos que no citei os nomes, mas que sei que posso confiar e

    que estaro sempre junto de mim.

    Enfim, a todos aqueles que, direta ou indiretamente, contriburam para a

    realizao deste trabalho e para o meu crescimento pessoal e profissional, o meu

    muito obrigado.

  • iv

    RESUMO

    O rpido crescimento da procura e na produo de Physalis est associado

    s suas caractersticas nutracuticas e medicinais, por estarem associadas ao bem-

    estar e sade. O reconhecimento e o conceito da qualidade dos frutos cada vez

    mais importante, abrangendo a aparncia do produto, o aroma, a textura e o valor

    nutricional.

    Com a realizao deste trabalho pretendeu-se avaliar as propriedades fsico-

    qumicas das bagas de physalis, bem como os contedos em compostos bioativos

    com potenciais benefcios para a sade humana.

    Neste trabalho foi avaliada uma variedade de physalis (Physalis peruviana L.),

    sendo os frutos provenientes de uma explorao localizada na regio Norte-Centro

    de Portugal. Foram realizadas anlises fsicas s physalis frescas, tendo sido

    determinados o calibre, a cor e a textura. Na anlise qumica, realizaram-se as

    determinaes, da humidade, da fibra bruta, dos acares totais e redutores, da

    acidez total titulvel, do teor de slidos solveis totais, do cido ascrbico, dos

    carotenoides, dos compostos fenlicos totais, dos orto-difenis e dos flavonides.

    Foi ainda determinada a atividade antioxidante pelos mtodos ABTS e DPPH e os

    extratos submetidos a condies simulantes do trato digestivo.

    As physalis em estudo apresentaram, em mdia um dimetro de 1,69 cm e

    uma massa de 2,77 g. Relativamente cor, as bagas apresentaram-se claras,

    (L*=65,72), e com uma tendncia para a cor vermelha (a*=16,69), e uma forte

    intensidade amarela (b*=58,11). No que diz respeito textura, a firmeza foi de 2,40

    N e a elasticidade foi de 2,94 mm.

    Quanto caracterizao qumica foram encontrados os seguintes resultados:

    83,02% de gua, 4,61% de fibra, 8,79% de acares totais, 1,25% de acidez total,

    expressa em cido ctrico. A amostra continha ainda 5,95 g/g de carotenoides 26,7

    mg de cido ascrbico por 100 g

    Os valores de fenis totais (42,74 e 59,95 mg EAG/100 g) e de atividade

    antioxidante determinada pelo mtodo DPPH (7,73 e 9,61 mol TE/g), e pelo mtodo

    ABTS (12,28 e 13,71 mol TE/g) variam de acordo com as condies de extrao.

    Verificou-se ainda uma correlao forte entre os dois mtodos. No que diz respeito

    s condies in vitro de simulao das condies do trato digestivo, verificou-se um

  • v

    decrscimo ao longo do trato digestivo tanto no teor em compostos fenlicos bem

    como na atividade antioxidante. Em termos globais houve uma reteno de 43% dos

    compostos fenlicos totais e 26% da atividade antioxidante.

    Palavras-chave: Physalis peruviana L; propriedades fsico-qumicas;

    compostos fenlicos; atividade antioxidante; bioacessibilidade.

  • vi

    ABSTRACT

    The rapid growth in demand and production of Physalis is associated with its

    nutraceutical and medicinal properties, being associated with well-being and health.

    The recognition and concept of the quality of the fruit is increasingly important,

    including product appearance, aroma, texture and nutritional value.

    With this work was intended to evaluate the physicochemical properties of

    physalis berries, as well as the content in bioactive compounds with potential benefits

    for human health.

    This work was carried out on fruits from a variety of physalis (Physalis

    peruviana L.), and the fruit from a farm located in the North Central region of

    Portugal. The physical analysis to fresh physalis were performed being determined

    the size, color and texture. The chemical analysis, there were the determinations of

    moisture, crude fiber, total and reducing sugars, total acidity, the total soluble solids

    content of ascorbic acid, of carotenoids, total phenolics, the ortho- diphenols and

    flavonoids. It was also determined the antioxidant activity by ABTS and DPPH

    methods and extracts subjected to simulants conditions of the digestive tract.

    The physalis study showed on average a diameter of 1.69 cm and a mass of

    2.77 g. Regarding color, the berries were presented clear (L*=65.72) and with a

    tendency to redness (a*=16.69), and a strong yellow intensity (b*=58.11) . Regarding

    the texture, firmness was 2.40 N and the elasticity was 2.94 mm.

    As for chemical characterization the following results were found: 83.02%

    water, 4.61% fiber, 8.79% of total sugars, 1.25% of total acidity, expressed as citric

    acid. The sample also contained 5.95 g/g of carotenoid and 26.7 mg of ascorbic

    acid per 100 g

    The total phenols values (42.74 and 59.95 mg GAE/100 g) and antioxidant

    activity determined by DPPH method (7.73 and 9.61 micromol TE/g), and the ABTS

    method (12.28 and 13.71 micromol TE/g) may vary according to the extraction

    conditions. There was still a strong correlation between the two methods. With regard

    to in vitro conditions simulating the conditions of the digestive tract, there was a

    decrease along the digestive tract in both the content of phenolics and antioxidant

    activity. Overall there was retention of 43% phenolic compounds and 26% of the

    antioxidant activity.

  • vii

    Keywords: Physalis peruviana L; physicochemical properties; phenolic

    compounds; antioxidant activity; bioaccessibility.

  • viii

    NDICE GERAL

    AGRADECIMENTOS ...................................................................................... III

    RESUMO ........................................................................................................ IV

    ABSTRACT .................................................................................................... VI

    NDICE GERAL ............................................................................................ VIII

    NDICE DE FIGURAS ..................................................................................... XI

    NDICE DE TABELAS .................................................................................. XIV

    LISTA DE ABREVIATURAS ......................................................................... XV

    I. INTRODUO ......................................................................................... 1

    1. ENQUADRAMENTO GERAL ............................................................................ 2

    2.OBJETIVOS .................................................................................................. 3

    II. REVISO BIBLIOGRFICA .................................................................... 4

    3.PHYSALIS .................................................................................................... 5

    3.1. Origem da Physalis peruviana L. ....................................................... 5

    3.2. Aspetos botnicos ............................................................................. 6

    3.3. Controlo das plantaes .................................................................... 9

    3.4. Qualidade ps-colheita da physalis ................................................. 10

    3.5. Importncia nutricional da physalis .................................................. 11

    3.6. Usos e propriedades medicinais ...................................................... 12

    3.7. Produo em Portugal ..................................................................... 14

    4.ASPETOS DA QUALIDADE ............................................................................. 14

    4.1. Cor ................................................................................................... 16

    4.2. Textura ............................................................................................ 17

    4.3. Aroma .............................................................................................. 18

    5.COMPOSTOS BIOATIVOS ............................................................................. 19

    5.1. Compostos fenlicos ....................................................................... 20

    5.1.1. Flavonides ................................................................................ 21

    5.1.2. No-Flavonides......................................................................... 23

  • ix

    5.2. Atividade antioxidante ..................................................................... 24

    6.BIOACESSIBILIDADE .................................................................................... 25

    III. DESENVOLVIMENTO EXPERIMENTAL ............................................... 28

    7.MATERIAL E MTODOS ............................................................................... 29

    7.1. Colheita das amostras ..................................................................... 29

    7.2. Anlises fsicas ................................................................................ 29

    7.2.1. Caractersticas Biomtricas ......................................................... 29

    7.2.2. Cor ............................................................................................... 30

    7.2.3. Textura ......................................................................................... 32

    7.3. Anlises qumicas ............................................................................ 33

    7.3.1. Humidade ..................................................................................... 34

    7.3.2. Fibra Bruta ................................................................................... 34

    7.3.3. Acares Totais ........................................................................... 35

    7.3.4. Acares Redutores .................................................................... 38

    7.3.5. Determinao da acidez titulvel ................................................. 40

    7.3.6. Determinao do teor de slidos solveis (Brix) ......................... 40

    7.3.7. Determinao do cido ascrbico ................................................ 41

    7.3.8. Determinao dos carotenoides .................................................. 42

    7.4. Obteno dos Extratos para a caracterizao fenlica ................... 44

    7.5. Anlise da composio fenlica ...................................................... 47

    7.5.1. Determinao dos compostos fenlicos totais ............................. 47

    7.5.2. Determinao do teor em Orto-difenis ....................................... 48

    7.5.3. Determinao do teor em Flavonides ........................................ 49

    7.6. Determinao da atividade antioxidante .......................................... 50

    7.6.1. Avaliao da atividade antioxidante pelo mtodo DPPH ............. 50

    7.6.2. Avaliao da atividade antioxidante pelo mtodo ABTS .............. 52

    7.7. Simulao in vitro das condies do trato digestivo ........................ 54

    7.8. Tratamento estatstico ..................................................................... 55

    IV. RESULTADOS E DISCUSSO ............................................................. 56

    8.APRESENTAO E DISCUSSO DE RESULTADOS ........................................... 57

    8.1. Caracterizao Fsica ...................................................................... 57

    8.1.1. Caractersticas biomtricas .......................................................... 57

  • x

    8.1.2. Cor ............................................................................................... 58

    8.1.3. Textura ......................................................................................... 60

    8.2. Caracterizao Qumica .................................................................. 60

    8.3. Contedo em Compostos Fenlicos ................................................ 63

    8.4. Contedo em Orto-Difenis ............................................................. 66

    8.5. Contedo em Flavonides ............................................................... 69

    8.6. Atividade Antioxidante ..................................................................... 71

    8.6.1. Atividade antioxidante pelo mtodo DPPH .................................. 72

    8.6.2. Atividade Antioxidante pelo mtodo ABTS ................................... 75

    8.7. Anlise global dos resultados .......................................................... 77

    8.8. Avaliao da Bioacessibilidade ....................................................... 79

    8.8.1. Avaliao do teor em compostos fenlicos totais ........................ 79

    8.8.2. Avaliao da atividade antioxidante pelo mtodo ABTS .............. 82

    V. CONCLUSES GERAIS ........................................................................ 86

    9.CONCLUSES ............................................................................................ 87

    VI. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ...................................................... 89

  • xi

    NDICE DE FIGURAS

    Figura 1: Planta da Physalis ...................................................................................... 7

    Figura 2: Flor de physalis .......................................................................................... 7

    Figura 3: Frutos em vrios estgios de crescimento ................................................. 8

    Figura 4: Fruto da Physalis peruviana L. ................................................................... 9

    Figura 5: Curva tpica de fora-distncia no teste de perfurao da physalis (Puente

    et al., 2011) ............................................................................................................... 18

    Figura 6: Exemplos de compostos volteis presentes em alimentos vegetais (Rocha,

    2009). ....................................................................................................................... 19

    Figura 7: Estrutura geral de um flavonide (Licodiedoff, 2012). .............................. 22

    Figura 8: Subclasses de flavonides (Hollman et al., 1999) .................................... 22

    Figura 9: Estrutura qumica de cido benzoico e de cido cinamico (Valdantas,

    2013) ........................................................................................................................ 23

    Figura 10: Estrutura geral dos cidos benzicos e cinmicos (Gonalves, 2007) ... 24

    Figura 11: Coordenadas no espao de cor CIELab (a*, b* e L*) (Machado, 2006) . 30

    Figura 12: Diagramas de representao do espao de cores CIELCH: disposio

    tridimensional, mostrando as coordenadas L*, C* e h (A) e disposio

    bidimensional, mostrando as coordenadas C* e h (B) (Malheiros, 2007) ............... 31

    Figura 13: Anlise do perfil de textura para physalis ............................................... 33

    Figura 14: Curva de calibrao para a determinao do teor em cido ascrbico

    (Ajuste por correlao linear com mtodo dos mnimos quadrados). ....................... 42

    Figura 15: Esquema dos mtodos realizados para a obteno de estratos ............ 46

    Figura 16: Curva de calibrao para os compostos fenlicos totais (Ajuste por

    correlao linear com mtodo dos mnimos quadrados). ......................................... 48

    Figura 17: Curva de calibrao para a determinao de orto-difenis (Ajuste por

    correlao linear com mtodo dos mnimos quadrados) .......................................... 49

    Figura 18: Curva de calibrao para a determinao de Flavonides (Ajuste por

    correlao linear com mtodo dos mnimos quadrados) .......................................... 50

    Figura 19: Estabilizao do radical livre DPPH (Rufino et al., 2007). ...................... 51

    Figura 20: Curva de calibrao para a determinao da atividade antioxidante pelo

    mtodo de DPPH (Ajuste por correlao linear com mtodo dos mnimos quadrados)

    ................................................................................................................................. 52

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  • xii

    Figura 21: Estabilizao do radical ABTS+ por um antioxidante e sua formao pelo

    persulfato de potssio (Rufino et al., 2007) .............................................................. 53

    Figura 22: Curva de calibrao para a determinao da atividade antioxidante pelo

    mtodo de ABTS (Ajuste por correlao linear com mtodo dos mnimos quadrados)

    ................................................................................................................................. 54

    Figura 23: Percentagem de compostos fenlicos extrados nos diferentes extratos

    (Me Metanol; AcMe Acetona:Metanol; MeAg Metanol:gua; MeAgAa

    Metanol:gua:cido Actico).................................................................................... 63

    Figura 24: Percentagem de orto-difenis extrados nos diferentes extratos (Me

    Metanol; MeAg Metanol:gua) .............................................................................. 67

    Figura 25: Percentagem de flavonides extrados nos diferentes extratos (Me

    Metanol; AcMe Acetona:Metanol; MeAg Metanol:gua; MeAgAa

    Metanol:gua:cido Actico).................................................................................... 69

    Figura 26: Percentagem da atividade antioxidante determinada pelo mtodo DPPH

    nos diferentes extratos (Me Metanol; AcMe Acetona:Metanol; MeAg

    Metanol:gua; MeAgAa Metanol:gua:cido Actico) .......................................... 72

    Figura 27: Percentagem de atividade antioxidante determinada pelo mtodo ABTS

    nos diferentes extratos (Me Metanol; AcMe Acetona:Metanol; MeAg

    Metanol:gua; MeAgAa Metanol:gua:cido Actico) .......................................... 75

    Figura 28: Relao entre a capacidade antioxidante da physalis fresca utilizando os

    mtodos ABTS e DPPH (Ajuste por correlao linear com mtodo dos mnimos

    quadrados) ............................................................................................................... 78

    Figura 29: Percentagem de compostos fenlicos nos diferentes extratos ao longo do

    trato digestivo (Me Metanol; AcMe Acetona: Metanol; MeAg Metanol: gua;

    MeAgAa Metanol: gua: cido Actico). ............................................................... 80

    Figura 30: Variao da percentagem de compostos fenlicos ao longo do trato

    digestivo (letras diferentes correspondem a amostras estatisticamente diferentes). 81

    Figura 31: Perdas globais em compostos fenlicos ao longo do trato intestinal

    considerando diferentes extratos (Me Metanol; AcMe Acetona: Metanol; MeAg

    Metanol: gua; MeAgAa Metanol: gua: cido Actico) (letras diferentes

    correspondem a amostras estatisticamente diferentes) ........................................... 82

    file:///C:/Users/Solange/Documents/Tese%20de%20Mestrado/Escrita/TESE%20DEFINITIVA_2.docx%23_Toc456349777file:///C:/Users/Solange/Documents/Tese%20de%20Mestrado/Escrita/TESE%20DEFINITIVA_2.docx%23_Toc456349777file:///C:/Users/Solange/Documents/Tese%20de%20Mestrado/Escrita/TESE%20DEFINITIVA_2.docx%23_Toc456349778file:///C:/Users/Solange/Documents/Tese%20de%20Mestrado/Escrita/TESE%20DEFINITIVA_2.docx%23_Toc456349778file:///C:/Users/Solange/Documents/Tese%20de%20Mestrado/Escrita/TESE%20DEFINITIVA_2.docx%23_Toc456349778file:///C:/Users/Solange/Documents/Tese%20de%20Mestrado/Escrita/TESE%20DEFINITIVA_2.docx%23_Toc456349779file:///C:/Users/Solange/Documents/Tese%20de%20Mestrado/Escrita/TESE%20DEFINITIVA_2.docx%23_Toc456349779file:///C:/Users/Solange/Documents/Tese%20de%20Mestrado/Escrita/TESE%20DEFINITIVA_2.docx%23_Toc456349779file:///C:/Users/Solange/Documents/Tese%20de%20Mestrado/Escrita/TESE%20DEFINITIVA_2.docx%23_Toc456349780file:///C:/Users/Solange/Documents/Tese%20de%20Mestrado/Escrita/TESE%20DEFINITIVA_2.docx%23_Toc456349780file:///C:/Users/Solange/Documents/Tese%20de%20Mestrado/Escrita/TESE%20DEFINITIVA_2.docx%23_Toc456349781file:///C:/Users/Solange/Documents/Tese%20de%20Mestrado/Escrita/TESE%20DEFINITIVA_2.docx%23_Toc456349781file:///C:/Users/Solange/Documents/Tese%20de%20Mestrado/Escrita/TESE%20DEFINITIVA_2.docx%23_Toc456349781file:///C:/Users/Solange/Documents/Tese%20de%20Mestrado/Escrita/TESE%20DEFINITIVA_2.docx%23_Toc456349782file:///C:/Users/Solange/Documents/Tese%20de%20Mestrado/Escrita/TESE%20DEFINITIVA_2.docx%23_Toc456349782file:///C:/Users/Solange/Documents/Tese%20de%20Mestrado/Escrita/TESE%20DEFINITIVA_2.docx%23_Toc456349782file:///C:/Users/Solange/Documents/Tese%20de%20Mestrado/Escrita/TESE%20DEFINITIVA_2.docx%23_Toc456349783file:///C:/Users/Solange/Documents/Tese%20de%20Mestrado/Escrita/TESE%20DEFINITIVA_2.docx%23_Toc456349783file:///C:/Users/Solange/Documents/Tese%20de%20Mestrado/Escrita/TESE%20DEFINITIVA_2.docx%23_Toc456349783file:///C:/Users/Solange/Documents/Tese%20de%20Mestrado/Escrita/TESE%20DEFINITIVA_2.docx%23_Toc456349784file:///C:/Users/Solange/Documents/Tese%20de%20Mestrado/Escrita/TESE%20DEFINITIVA_2.docx%23_Toc456349784file:///C:/Users/Solange/Documents/Tese%20de%20Mestrado/Escrita/TESE%20DEFINITIVA_2.docx%23_Toc456349784file:///C:/Users/Solange/Documents/Tese%20de%20Mestrado/Escrita/TESE%20DEFINITIVA_2.docx%23_Toc456349785file:///C:/Users/Solange/Documents/Tese%20de%20Mestrado/Escrita/TESE%20DEFINITIVA_2.docx%23_Toc456349785file:///C:/Users/Solange/Documents/Tese%20de%20Mestrado/Escrita/TESE%20DEFINITIVA_2.docx%23_Toc456349785file:///C:/Users/Solange/Documents/Tese%20de%20Mestrado/Escrita/TESE%20DEFINITIVA_2.docx%23_Toc456349786file:///C:/Users/Solange/Documents/Tese%20de%20Mestrado/Escrita/TESE%20DEFINITIVA_2.docx%23_Toc456349786file:///C:/Users/Solange/Documents/Tese%20de%20Mestrado/Escrita/TESE%20DEFINITIVA_2.docx%23_Toc456349787file:///C:/Users/Solange/Documents/Tese%20de%20Mestrado/Escrita/TESE%20DEFINITIVA_2.docx%23_Toc456349787file:///C:/Users/Solange/Documents/Tese%20de%20Mestrado/Escrita/TESE%20DEFINITIVA_2.docx%23_Toc456349787file:///C:/Users/Solange/Documents/Tese%20de%20Mestrado/Escrita/TESE%20DEFINITIVA_2.docx%23_Toc456349787

  • xiii

    Figura 32: Percentagem de atividade antioxidante nos diferentes extratos ao longo

    do trato digestivo (Me Metanol; AcMe Acetona: Metanol; MeAg Metanol: gua;

    MeAgAa Metanol: gua: cido Actico). ............................................................... 83

    Figura 33: Variao da percentagem de atividade antioxidante ao longo do trato

    digestivo (letras diferentes correspondem a amostras estatisticamente diferentes). 84

    Figura 34: Perdas globais em atividade antioxidante ao longo do trato intestinal

    considerando diferentes extratos (Me Metanol; AcMe Acetona: Metanol; MeAg

    Metanol: gua; MeAgAa Metanol: gua: cido Actico) (letras diferentes

    correspondem a amostras estatisticamente diferentes. ........................................... 85

    file:///C:/Users/Solange/Documents/Tese%20de%20Mestrado/Escrita/TESE%20DEFINITIVA_2.docx%23_Toc456349788file:///C:/Users/Solange/Documents/Tese%20de%20Mestrado/Escrita/TESE%20DEFINITIVA_2.docx%23_Toc456349788file:///C:/Users/Solange/Documents/Tese%20de%20Mestrado/Escrita/TESE%20DEFINITIVA_2.docx%23_Toc456349788file:///C:/Users/Solange/Documents/Tese%20de%20Mestrado/Escrita/TESE%20DEFINITIVA_2.docx%23_Toc456349789file:///C:/Users/Solange/Documents/Tese%20de%20Mestrado/Escrita/TESE%20DEFINITIVA_2.docx%23_Toc456349789file:///C:/Users/Solange/Documents/Tese%20de%20Mestrado/Escrita/TESE%20DEFINITIVA_2.docx%23_Toc456349790file:///C:/Users/Solange/Documents/Tese%20de%20Mestrado/Escrita/TESE%20DEFINITIVA_2.docx%23_Toc456349790file:///C:/Users/Solange/Documents/Tese%20de%20Mestrado/Escrita/TESE%20DEFINITIVA_2.docx%23_Toc456349790file:///C:/Users/Solange/Documents/Tese%20de%20Mestrado/Escrita/TESE%20DEFINITIVA_2.docx%23_Toc456349790

  • xiv

    NDICE DE TABELAS

    Tabela 1: Composio Nutricional da Physais (por cada 100 g). Adaptado de

    Corporacin Colombia Internacional (CCI), (2001) ................................................... 12

    Tabela 2:Atributos gerais da qualidade de frutas e hortcolas. Adaptado de Ferreira

    (2011) ....................................................................................................................... 15

    Tabela 3: Massa de acar invertido Extrado de NP- 1420 de 1987 ...................... 37

    Tabela 4: Massa de acar invertido Extrado de NP- 1420 de 1987 ...................... 39

    Tabela 5: Codificao dos extratos .......................................................................... 46

    Tabela 6: Caractersticas biomtricas avaliadas em physalis (valor mdiodesvio

    padro). .................................................................................................................... 57

    Tabela 7: Coordenadas cromticas de physalis (valor mdiodesvio padro) ........ 58

    Tabela 8: Anlises qumicas realizadas na physalis ................................................ 61

    Tabela 9: Teor de compostos fenlicos em diferentes extratos (Me Metanol; AcMe

    Acetona:Metanol; MeAg Metanol:gua; MeAgAa Metanol:gua:cido Actico)

    ................................................................................................................................. 64

    Tabela 10: Teor em orto-difenis nos diferentes extratos (Me Metanol; MeAg

    Metanol:gua;) ......................................................................................................... 67

    Tabela 11: Teor em compostos flavonides nos diferentes extratos (Me Metanol;

    AcMe Acetona:Metanol; MeAg Metanol:gua; MeAgAa Metanol:gua:cido

    Actico)..................................................................................................................... 70

    Tabela 12: : Atividade antioxidante determinada pelo mtodo DPPH nos diferentes

    extratos (Me Metanol; AcMe Acetona:Metanol; MeAg Metanol:gua; MeAgAa

    Metanol:gua:cido Actico).................................................................................... 73

    Tabela 13: Resultados mdios e respetivo desvio padro da atividade antioxidante

    pelo mtodo ABTS em diferentes extratos (Me Metanol; AcMe Acetona:Metanol;

    MeAg Metanol:gua; MeAgAa Metanol:gua:cido Actico) ............................. 76

    Tabela 14: Coeficientes de correlao entre a atividade antioxidante e os compostos

    fenlicos, cido ascrbico e carotenoides ................................................................ 79

  • xv

    LISTA DE ABREVIATURAS

    C graus Celcius

    AA cido ascrbico

    AAo Atividade Antioxidante

    ABTS+ - 2,2-azinobis-(3-ethylbenzothiazoline-6-sulfonic acid)

    AcAg Acetona:gua

    AcMe Acetona:Metanol

    ADN - cido desoxirribonucleico

    ATT Acidez total titulvel

    CUPRAC Cupric ion reducing antioxidant capacity

    DIP 2,6-dicloroindofenol

    DPPH - 2,2-difenil-1-picrilhidrazilo

    EQ Equivalentes de Quercitina

    FRAP - Ferric Reduction Antioxidant Power

    GAE Equivalentes de cido Glico

    L - Litro

    LDL Low density lipoprotein

    Me - Metanol

    MeAg Metanol:gua

    MeAgAa Metanol:gua:cido Actico

    NP Norma Portuguesa

    ORAC Oxygen-Radical Absorbancy Capacity

    SST Teor de Slidos Solveis Totais

    TBARS Thiobarbituric acid-reactive Substances

    TE Equivalentes de Trolox

    TRAP Trapping Antioxidant Parameter

    UV Ultra violeta

  • Estudo das propriedades fsico-qumicas e avaliao de compostos bioativos em Physalis

    peruviana L.

    1

    I. INTRODUO

  • Estudo das propriedades fsico-qumicas e avaliao de compostos bioativos em Physalis

    peruviana L.

    2

    1. Enquadramento geral

    O rpido crescimento da procura de physalis est associado s suas

    caractersticas nutracuticas e medicinais (Luchese et al.. 2015). um fruto

    pequeno e redondo, apresenta uma polpa que varia de amarela at um alaranjado

    escuro, sendo semelhante no tamanho, na forma e na estrutura ao tomate cereja,

    envolto parcial ou completamente por um invlucro parecido com um balo

    conhecido por clice e contem centenas de pequenas sementes (Licodiedoff, 2012).

    Ramadan (2011) refere que as frutas tropicais desempenham um papel

    importante na nutrio visto apresentarem uma excelente base com baixo valor

    calrico, sendo consideradas produtos dietticos. um produto altamente valorizado

    pelo seu sabor nico, textura e cor. Refere tambm, que estudos recentes mostram

    que a Physalis peruviana L. contm muitos compostos benficos para a sade,

    devido ao seu alto teor em compostos antioxidantes, vitaminas, minerais e fibras. Os

    alimentos funcionais representam um mercado emergente de importncia

    econmica crescente.

    A associao entre uma dieta rica em frutas e vegetais, a diminuio do risco

    de doenas cardiovasculares e certas formas de cancro baseada em evidncias

    epidemiolgicas e, por hiptese, devido ao elevado contedo de antioxidantes na

    dieta (Garca-Alonso et al., 2004; Hollman et al., 1999). A ao dos compostos

    antioxidantes est relacionada com a atenuao de eventos oxidativos que podem

    contribuir para a patofisiologia dessas doenas, sendo as frutas fontes significativas

    de antioxidantes (Rockenbach et al., 2008). A bioatividade da physalis pode estar

    correlacionada com a presena de constituintes qumicos que incluem flavonides

    simples ou glicosilados, carotenoides, cido ascrbico e alcaloides. Estes so

    compostos que tm despertado interesse pelos seus efeitos biolgicos benficos na

    sade e pela sua ao antioxidante, atuando como mecanismo de defesa contra os

    radicais livres (Licodiedoff, 2012).

    No contexto da produo de frutas de clima temperado, as pequenas frutas

    ainda so pouco expressivas, mas verificam-se avanos. Os principias frutos

    representantes desse grupo so o morango, a framboesa, a amora-preta e o mirtilo

    (Moura, 2013).

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    peruviana L.

    3

    Inserida mais recentemente no ranking das pequenas frutas, a physalis

    (Physalis peruviana L.) classificada como uma fruta requintada, tendo apresentado

    um grande potencial para o mercado nacional e internacional, com valor elevado

    como fruta fresca e atrada pelo seu sabor extico, sendo doces, levemente cidas,

    e apresentando inmeros benefcios nutricionais. As frutas podem ser consumidas

    ao natural ou processadas na forma de compotas, geleias, gelados, licores e molhos

    para saladas e carnes. So muito utilizadas tambm como decorao em confeitaria,

    aparecendo junto com o clice que envolve a fruta, sobre tortas, bolos e bombons

    para festas (Moura, 2013).

    Em Portugal a produo praticamente inexistente. A principal dificuldade

    tem sido entrar nos mercados, iniciar o processo de exportao para mercados mais

    favorveis e conseguir assegurar uma produo anual (Manso, 2012).

    2. Objetivos

    Com a realizao deste trabalho pretendeu-se avaliar as propriedades fsico-

    qumicas da physalis, bem como de compostos bioativos com potenciais benefcios

    para a sade. Nesse sentido foram colhidas physalis, sendo estas avaliadas quanto

    s suas propriedades fsicas (dimenses, peso, cor e textura) e propriedades

    qumicas (humidade, acidez, Brix, fibra, acares totais, acares redutores, cido

    ascrbico, carotenoides, composio fenlica, teor em orto-difenis, teor em

    flavonides e atividade antioxidante (mtodos DPPH e ABTS)) e a bioacessibilidade.

    Este trabalho teve ainda como objetivo estabelecer correlaes entre alguns

    dos parmetros analisados.

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    peruviana L.

    4 II. Reviso Bibliogrfica

    II. REVISO BIBLIOGRFICA

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    peruviana L.

    5 II. Reviso Bibliogrfica

    3. Physalis

    3.1. Origem da Physalis peruviana L.

    A Physalis peruviana L. uma planta originria dos Andes (Amrica do Sul),

    e, embora Legge (1974) situe a sua origem nas zonas andinas peruanas, (Novoa et

    al., 2006) encontra-se distribuda pelas regies tropicais do mundo, desde a Amrica

    do Sul Amrica do Norte (Afsah, 2015), com um pequeno nmero de espcies na

    Europa e nos pases do sudoeste e centro da sia (Franco et al., 2007).

    Embora a maioria das espcies sejam selvagens (Afsahi, 2015), nos pases

    onde cultivada destina-se essencialmente a um consumo de subsistncia

    (Rockenbach et al., 2008). na Amrica do Sul que se encontra o maior produtor, a

    Colmbia, sendo o fruto comercializado pelo nome de Uchuva (Licodiedoff, 2012),

    o qual provem da palavra indgena ucuba, tendo o significado de fruta redonda

    (Novoa et al., 2006). A Colmbia produz 11500 toneladas destes frutos por ano, mas

    apenas 50% dessa produo destinada exportao, sendo o restante excedente

    utilizado para outros fins, como produtos desidratados, pelo facto de o fruto no

    atingir o tamanho padro indicado para a exportao (Rodrigues et al., 2013). A

    Colmbia responsvel pelo abastecimento dos mercados norte-americano, latino-

    americano e europeu (Moura, 2013).

    Esta fruta tem provocado algumas confuses na literatura, devido

    diversidade de nomes comuns existentes, sendo s vezes confundida com outras

    espcies (Maro, 2011), devido sua ampla distribuio pode ser tambm conhecida

    por outros nomes como uvilla no Equador, teparee e makowi na ndia,

    chuchuva na Venezuela, aguaimanto no Peru, (Novoa et al., 2006) goldenberry

    ou Cape gooseberries nos pases de lngua inglesa (Ramadan, 2011; Puente et al.,

    2011), camapum e jo-de-capote no Brasil, (Muniz et al., 2011) hosuki no

    Japo e kuzhi na China (Licodiedoff, 2012). Em Portugal esta planta conhecida

    como physalis.

    O nome Physalis tem origem no grego Physa que significa bolha ou bexiga,

    referindo-se ao clice que os frutos tm (Licodiedoff, 2012). A physalis pertence ao

    grupo de frutos tropicais, desfrutando de um alto destaque (Lima et al., 2009), sendo

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    peruviana L.

    6 II. Reviso Bibliogrfica

    classificada como uma fruta requintada, com elevado potencial econmico

    (Rodrigues et al., 2013). consumida essencialmente por grupos de elite e tendo

    uma distribuio exclusiva em hotis, restaurantes e mercados especializados (Lima

    et al., 2009), sendo que vrias espcies do gnero Physalis tm uma importncia

    considervel, refletindo a sua importncia nas cincias bsicas, como a Botnica, a

    Qumica, a Farmacologia, a Toxicologia e a Gentica (Afsah, 2015).

    3.2. Aspetos botnicos

    O gnero Physalis uma fruta tropical (Rockenbach et al., 2008), que

    pertence famlia Solanaceae (Tomassin et al., 2000), inclui cerca de 120 espcies

    distribudas principalmente na Amrica do Sul e do Norte (Lan et al., 2009), sendo as

    principais a Physalis angulata L., a Physalis pubescens L., a Physalis alkekengi L. e

    a Physalis peruviana L. (Luchese et al., 2015). A Physalis peruviana L. a espcie

    economicamente mais importante (Moura, 2013).

    Algumas das espcies do gnero Physalis so tratadas como infestantes e

    hospedeiras de doenas (Peixoto et al., 2010).

    A physalis apresenta uma produo com caractersticas Bianuais (Manso,

    2012) podendo ser colhida durante todo o ano. Em regies onde podem ocorrer

    geadas, estas podem provocar a morte da planta, tornando-se assim numa cultura

    de caractersticas anuais, fazendo com que se tenha uma produo sazonal (Muniz,

    s.d.). Com um manuseamento adequado e planeado, a cultura pode permanecer em

    produo at dois anos, consoante a regio e o clima predominante. No entanto, a

    partir do segundo ano, existe uma reduo da produtividade como tambm da

    qualidade dos frutos (Muniz et al., 2011).

    A Physalis desenvolve-se numa ampla gama de condies edafoclimticas

    sendo classificada como uma espcie muito tolerante, pela sua adaptabilidade a

    climas do mediterrneo (Muniz et al., 2012) e cresce em diferentes tipos de solo

    (Luchese et al., 2015) com profundidades de terra arevel no inferiores a 50 cm

    com textura franco arenosa, tendo um intervalo de pH de 5,5 a 6,8 (Manso, 2012) e

    baixos requisitos de fertilizao (Luchese et al., 2015).

    A planta (Figura 1) considerada arbustiva e rstica, com ramificao muito

    densa, cujos ramos so decumbentes, necessitando assim de um sistema de

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    peruviana L.

    7 II. Reviso Bibliogrfica

    suporte (Lima et al., 2010), podendo atingir dois metros de altura. As folhas so

    aveludadas e triangulares, enquanto o talo principal, herbceo e piloso, apresenta 8

    a 12 ns (Lima et al., 2009). As flores (Figura 2) tm forma de sino (Ramadan, 2011)

    so solitrias, pedunculadas e hermafroditas, apresentando um clice verde e a

    corola tubular curta, com colorao varivel de acordo com a espcie, podendo ser

    amarela, amarela com o centro castanho, branca ou arroxeada. A florao ocorre

    durante todo o perodo de frutificao, visto serem encontrados frutos em vrios

    estgios de crescimento na mesma planta (Figura 3) (Moura, 2013). O intervalo

    timo de temperatura para o seu desenvolvimento situa-se entre os 18 e 25 graus

    (Manso, 2012).

    Figura 1: Planta da Physalis

    Figura 2: Flor de physalis

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    peruviana L.

    8 II. Reviso Bibliogrfica

    O fruto (Figura 4) composto por uma baga polposa (Licodiedoff, 2012),

    contendo inmeras e pequenas sementes (Carrasco et al., 2008) que germinam com

    facilidade (Moura, 2013), e ostenta um formato redondo (Licodiedoff, 2012), sendo

    semelhante a pequenos tomates (Moura, 2013). O fruto apresenta uma colorao

    amarelo-alaranjado quando maduro, exibe um dimetro que varia entre os 1,2 e os

    2,5 cm e um peso que varia entre os 4 e os 10 g. A fruta protegida por cinco

    ptalas no formato de um clice (Licodiedoff, 2012), que cobre completamente o

    fruto durante o seu desenvolvimento e amadurecimento (Luchese et al., 2015), e que

    serve de barreira contra os insetos, pssaros, condies climatricas severas

    (Licodiedoff, 2012) e doenas (Puente et al., 2011). Esta capa permite prolongar a

    vida ps-colheita dos frutos e considerada um indicador na determinao da data

    da colheita. O tempo de vida til dos frutos com clice cerca um ms, enquanto

    sem clice de mais ou menos 4 a 5 dias (Puente et al., 2011). Cada planta produz

    aproximadamente 2 kg de fruto por colheita (Lima et al., 2009). Uma nica planta

    pode produzir at 300 frutos e plantas bem cuidadas podem fornecer 20-33

    toneladas por hectare (Ramadan, 2011).

    Figura 3: Frutos em vrios estgios de crescimento

  • Estudo das propriedades fsico-qumicas e avaliao de compostos bioativos em Physalis

    peruviana L.

    9 II. Reviso Bibliogrfica

    A Physalis peruviana L. conhecida h sculos, mas o seu potencial para o

    cultivo intensivo s comeou a ser explorado recentemente, principalmente devido

    presena de compostos bioativos, como o cido ascrbico, compostos fenlicos,

    fitosteris e carotenides (Luchese et al., 2015).

    3.3. Controlo das plantaes

    Estudos efetuados com vrias espcies do gnero Physalis tm uma

    importncia considervel, refletindo a sua importncia para as cincias bsicas, tais

    coma, a botnica, a qumica, a farmacologia, a toxicologia e a gentica (Lopes et al.,

    2006) mas, no entanto, os estudos sobre pragas de insetos associados a estas

    plantas so incipientes. O conhecimento e identificao de espcies que possam

    causar danos cultura de physalis so importantes para definir mtodos eficientes

    de controlo, uma vez que as plantas de physalis podem estar a agir como um refgio

    para pragas de insetos durante o perodo de entre colheita (Afsah, 2015).

    A adio de enxofre desempenha um papel importante no metabolismo da

    planta e fortalece o solo causando uma reduo do pH do mesmo, e

    consequentemente, melhorando a solubilidade e disponibilidade de muitos

    elementos e nutrientes essenciais ao desenvolvimento saudvel da planta. Alguns

    investigadores descobriram que a adio de enxofre aos vegetais melhora o seu

    crescimento e os seus rendimentos (Afsah, 2015).

    O uso generalizado de compostos sintticos contra pragas tem um efeito

    txico sobre outros organismos no-alvo, em ambos os nveis trficos inferiores e

    Figura 4: Fruto da Physalis peruviana L.

  • Estudo das propriedades fsico-qumicas e avaliao de compostos bioativos em Physalis

    peruviana L.

    10 II. Reviso Bibliogrfica

    superiores. Os consumidores de todo o mundo atualmente esto cada vez mais

    preocupados e exigem insistentemente produtos agrcolas cultivados com poucos ou

    nenhuns produtos qumicos. Muitos agricultores esto conscientes dos perigos de

    produtos qumicos excessivos, estando a tentar substituir os produtos qumicos por

    agrotxicos seguros ou orgnicos. A physalis, enquanto fruto consumido

    essencialmente no seu estado fresco, deve ser alvo de cuidados particulares, e por

    isso tenta-se de uma forma sustentvel proteger a planta de Physalis contra as

    principais pragas usando alguns produtos seguros como Solfan, KZ oil e Achook

    (Afsah, 2015).

    3.4. Qualidade ps-colheita da physalis

    No perodo ps-colheita e durante o estdio de maturao, as frutas podem

    sofrer alteraes na sua composio qumica que levam ao desenvolvimento de

    caractersticas que tornam o fruto adequado para o consumo. A mudana das

    caractersticas iniciais de maturao devido sntese de pigmentos (carotenoides),

    o que envolve modificaes na cor, verificando-se tambm alteraes no sabor e

    aroma pela sntese de acares e reduo na acidez, e finalmente mudanas na

    textura (Moraes, 2013).

    Quando o crescimento do fruto cessa, as trocas qumicas relativas ao

    amadurecimento so substitudas pelos processos de envelhecimento, iniciando-se

    o processo de senescncia das bagas. As transformaes neste perodo tendem

    para as degradaes, tornando o produto inadequado para o consumo (Moraes,

    2013).

    A physalis apresenta um elevado contedo em gua, estando esta sujeita s

    variaes de temperatura e humidade relativa do ambiente onde se encontra, pode

    levar a uma perda de gua, com consequente perda de massa e alterao na

    aparncia do fruto (Chiumarelli et al., 2006).

    O armazenamento tem uma grande influncia na qualidade final dos frutos,

    afetando a sua aparncia e induzindo a mudana de cor. O manuseamento

    inadequado dos frutos causa hematomas que levam a alteraes enzimticas que

    resultam no escurecimento dos tecidos, sendo a aparncia externa do fruto usada

    como um indicador de maturao (Ferreira, 2011).

  • Estudo das propriedades fsico-qumicas e avaliao de compostos bioativos em Physalis

    peruviana L.

    11 II. Reviso Bibliogrfica

    A physalis apresenta alguns problemas de armazenamento e transporte

    devido sua alta perecibilidade, o que influncia na sua vida til, afetando o

    mercado de exportao da fruta. Desta forma, para retardar as alteraes que

    ocorrem durante o processo de maturao e senescncia indispensvel a

    aplicao de tcnicas de conservao durante o perodo ps-colheita, que possam

    garantir a qualidade do produto e prolongar sua vida de prateleira (Moraes, 2013).

    3.5. Importncia nutricional da physalis

    Nos ltimos tempos, o interesse pelo consumo de pequenos frutos tem

    aumentado, em resultado das descobertas de elevadas quantidades de compostos

    fenlicos e vitaminas, com propriedades antioxidantes, que podem ajudar a prevenir

    doenas (Moura, 2013).

    provvel que a physalis apresente caractersticas nutricionais semelhantes

    aos pequenos frutos em geral. Sabe-se que possui altos teores em vitamina A e B e

    cido ascrbico, ainda contm micronutrientes como o ferro e o zinco, contendo

    tambm macronutrientes como o fsforo e pequenas quantidades de clcio,

    compostos estes que so necessrios para o funcionamento normal do organismo

    (Moura, 2013).

    Os benefcios associados physalis so principalmente devido sua

    composio nutricional (Tabela 1).Porm, alm de apresentar boas caractersticas

    nutricionais contm tambm componentes biologicamente ativos que fornecem

    benefcios para a sade e reduzem o risco de certas doenas (Puente et al., 2011).

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    peruviana L.

    12 II. Reviso Bibliogrfica

    Tabela 1: Composio Nutricional da Physais (por cada 100 g). Adaptado de Corporacin Colombia Internacional (CCI), (2001)

    Constituio Nutricional Contedo

    Calorias 49,0

    gua 85,9 g

    Protena 1,5 g

    Gordura 0,5 g

    Hidratos de Carbono 11,0g

    Fibra 0,4 g

    Cinza 0,7 g

    Clcio 9,0 mg

    Fsforo 21 mg

    Ferro 1,7 mg

    Vitamina A 1730 U.I.

    Tiamina 0,1 mg

    Riboflavina 0,17 mg

    Niacina 0,8 mg

    cido Ascrbico 20 mg

    3.6. Usos e propriedades medicinais

    Os alimentos funcionais representam um mercado emergente com uma

    importncia econmica crescente. Existem mercados internacionais para muitas

    frutas tropicais e, recentemente, o processamento de frutas tropicais comeou em

    muitos pases. Estudos efetuados indicam que a physalis pode tornar-se uma fruta

    de particular interesse para a indstria alimentar (Ramadan, 2011).

    A physalis uma candidata com potencial para o processamento de novos

    alimentos funcionais devido s suas propriedades nutricionais, bem como aos seus

    componentes biologicamente ativos, em particular, a polpa do fruto contm elevados

    nveis de compostos fenlicos, carotenoides, vitamina E e cido ascrbico (Vega-

    Glvez et al., 2014).

    Geralmente, a physalis consumida em fresco, proporciona um equilbrio

    doce-cido de saladas de frutas e vegetais (Puente et al., 2011). Em alternativa

    pode ser utilizada na culinria em compotas e geleias. Atualmente existem

    diferentes produtos transformados, como por exemplo compotas ou passas e doces

    com cobertura de chocolate. A physalis tambm pode ser processada para sumos,

    bagao e outros produtos adoados com acar. Nos mercados europeus,

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    peruviana L.

    13 II. Reviso Bibliogrfica

    utilizada como ornamento em refeies, saladas, sobremesas e bolos (Puente et al.,

    2011), aperitivos naturais e em conservas (Rockenbach et al., 2008).

    O sumo da physalis madura rico em pectinases, reduzindo assim os custos

    na preparao de compotas e outros preparados similares (Puente et al., 2011).

    O uso das plantas da physalis como plantas medicinais ou pelos seus

    componentes ativos representa uma alternativa cada vez mais explorada e

    promissora para o tratamento de inmeras doenas inflamatrias, no entanto, a

    limitada evidncia cientfica sobre a eficcia destes produtos naturais juntamente

    com a falta de compreenso dos mecanismos de ao envolvidos, pode ser uma

    das limitaes sua incorporao na prtica clnica (Franco et al., 2007).

    So muitas as propriedades medicinais atribudas physalis tais como

    antiespasmdico, diurtico, antisstico, sedativo, analgsico, ajudando a fortalecer o

    nervo tico, aliviando problemas da garganta e eliminando parasitas intestinais e a

    ameba. Foram tambm relatadas propriedades antidiabticas, recomendando-se

    para tal o consumo de cinco frutos por dia. At ao momento, no existem estudos

    que indiquem possveis efeitos adversos. Em diferentes regies da Colmbia,

    algumas das suas propriedades medicinais so usadas na medicina tradicional para

    purificar o sangue dos rins, diminuir a albumina, eliminar as cataratas, calcificar e

    controlar amebase (Puente et al., 2011). Na medicina tradicional o fruto usado

    empiricamente para tratar o cancro e outras doenas, como hepatite, asma,

    dermatite, malria (Puente et al., 2011), reumatismo (Rockenbach et al., 2008), ou

    utilizado como imunomodulador (Wu et al., 2005) mas, no entanto, as suas

    propriedades no foram cientificamente comprovadas (Puente et al., 2011).

    Contudo, os extratos das folhas desta planta demonstram uma importante atividade

    antibitica, antioxidante e anti-inflamatria (Franco et al., 2007).

    Os clices so amplamente utilizados na medicina popular pelas suas

    propriedades anticancergenas, antimicrobianas, antipirticas, diurticas,

    imunomoduladoras e anti-inflamatrias (Puente et al., 2011).

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    14 II. Reviso Bibliogrfica

    3.7. Produo em Portugal

    A produo de physalis em Portugal praticamente inexistente e o seu

    mercado est ainda a um nvel muito primitivo. No entanto existem projetos de

    investigao e produo cujos resultados preliminares tm sido promissores sendo

    que ainda existe muito por fazer. A principal dificuldade tem sido entrar nos

    mercados, conseguindo assim assegurar uma produo anual e iniciar o processo

    de exportao para mercados mais favorveis, sendo que para isso necessrio

    aumentar a rea de forma a garantir bons volumes de produo (Manso, 2012).

    Assim, pode-se juntar mais um fruto fileira de pequenos frutos produzidos

    em Portugal, visto o nosso clima assim o permitir e a sua procura ser elevada no

    mercado europeu (Manso, 2012).

    Em 2011, no final do ano produtivo, chegou-se a um valor prximo de uma

    tonelada de physalis, na qual 80% se destinou comercializao in natura. Os

    restantes 20% destinaram-se realizao de ensaios em derivados, nomeadamente

    licor, aguardente, compota, fruta desidratada e em calda (Manso, 2012).

    4. Aspetos da qualidade

    A qualidade pode ser definida como um conjunto de caractersticas que

    diferenciam os componentes individuais de um mesmo produto e que tem

    significncia na determinao do grau de aceitao desse mesmo produto por parte

    do consumidor. Devem ser considerados os atributos fsicos, sensoriais e a

    composio qumica, bem como as associaes ou relaes entre as medies

    objetivas ou subjetivas, para um melhor entendimento das transformaes que

    ocorrem ao longo do tempo, e que podem ou no afetar a qualidade do produto

    (Moraes, 2013).

    As caractersticas fsicas e qumicas dos frutos so de grande importncia

    para o seu manuseamento e comercializao, sendo a aparncia externa dos frutos,

    o tamanho, a consistncia, a espessura, a forma e a colorao da casca fatores

    importantes para a aceitabilidade pelos consumidores (Oliveira et al., 2011).

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    15 II. Reviso Bibliogrfica

    Os fatores e atributos da qualidade (Tabela 2) dependem do produto em

    questo e da sua utilizao final (em fresco ou processado) (Ferreira, 2011).

    Tabela 2: Atributos gerais da qualidade de frutas e hortcolas. Adaptado de Ferreira (2011)

    Fator principal Atributos

    Aparncia (viso)

    Tamanho como as dimenses, o peso, e o volume; Forma; Cor como a

    intensidade, a uniformidade e o brilho.

    Defeitos externos e internos (morfolgicos, fsicos e mecnicos, fisiolgicos,

    patognicos e entomolgicos)

    Textura Firmeza, dureza, moleza; Estaladio, crocante.

    Suculncia, sumarento; Fibrosidade.

    Flavor (gosto e olfato) Doura, acidez, amargura, adstringncia.

    Odor.

    Valor nutricional Hidratos de carbono (incluindo a fibra); Protenas; Lpidos; Vitaminas;

    Minerais.

    Segurana

    Toxinas naturais; Contaminantes (resduos qumicos, metais pesados).

    Microtoxinas.

    Contaminao microbiolgica.

    Os atributos da qualidade podem ser considerados essenciais para um

    determinado grupo de consumidores e no para outro, dependendo da sua

    preferncia, nacionalidade, idade, sexo, hbitos alimentares, entre outros (Ferreira,

    2011). De uma forma geral, os parmetros da qualidade dos alimentos so de

    grande importncia, uma vez que o seu valor comercial determinado pelo conjunto

    das suas caractersticas fsico-qumicas (Moura, 2013).

    A textura, a aparncia, o valor nutritivo (Moura, 2013), a cor, o aroma e a

    composio qumica (Ferreira, 2011) so atributos importantes na qualidade das

    frutas (Moura, 2013).

    A aparncia um dos principais atributos de qualidade, pois a primeira

    impresso que o consumidor tem de um dado alimento. um termo abrangente que

    envolve o tamanho, a forma, a textura, a massa, o brilho, a cor entre outros

    (Malheiros, 2007).

    A cor de elevada importncia para a aceitao do produto por parte do

    consumidor, seguindo-se a firmeza e o sabor (Guedes et al., 2013). A firmeza,

    confere a textura fruta, e uma caracterstica importante por estar associada

    qualidade culinria, frescura e longa vida de prateleira do fruto (Moura, 2013). Os

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    16 II. Reviso Bibliogrfica

    atributos da qualidade podem ser, em grande parte influenciados pela

    disponibilidade de nutrientes, que juntamente com as fontes de substncias

    biologicamente ativas, vitaminas e metabolitos secundrios, so necessrias para

    garantir uma nutrio completa (Guedes et al., 2013).

    4.1. Cor

    O mundo ao redor das pessoas percebido pelos sentidos (Harder, 2005). A

    luz e a cor existem, como componentes do mundo de sensaes dos seres vivos.

    (Hedman et al., 1989). Dos 5 sentidos existentes, a viso o mais marcante, sendo

    definido no apenas pela forma e aspeto dos objetos, mas tambm pela cor, que na

    maioria das vezes, o primeiro critrio utilizado na aceitao ou rejeio de um

    alimento. Por isso na indstria alimentar a cor um atributo importante (Harder,

    2005).

    As cores dos tecidos vegetais so decorrentes da presena de pigmentos

    localizados nos plastos, vacolos e lquidos citoplasmticos das clulas, localizadas

    apenas nas clulas epidrmicas (Moraes, 2013). Nos pigmentos naturais dos frutos

    e vegetais, incluem-se os corantes lipossolveis como as clorofilas (verde),

    carotenides (amarelo, laranja e vermelho), os corantes hidrossolveis tais como as

    antocianinas (vermelho, azul) e os flavonides (amarelo) (Ferreira, 2011).

    A cor, como um aspeto de aparncia (Malheiros, 2007), est diretamente

    correlacionada com a aceitao de um alimento, sendo um componente fundamental

    de qualidade, embora altamente subjetivo, induzindo aos apelos de sabor, aroma e

    textura do alimento (Harder, 2005). Se a cor inaceitvel, outros aspetos sensoriais,

    como o sabor e textura, provavelmente nem chegaro a ser julgados (Malheiros,

    2007), enquanto se a cor for atraente, dificilmente o alimento no ser ingerido ou,

    pelo menos provado pelo consumidor (Harder et al., 2007).

    As mudanas da cor ocorrem durante a maturao de muitos frutos, e

    constituem um dos critrios mais importantes utilizado pelo consumidor para verificar

    a maturao dos frutos. A mudana mais comum consiste no desaparecimento da

    cor verde, seguido do aparecimento de vrias cores que variam do amarelo ao

    vermelho (Moraes, 2013). Estas mudanas na physalis esto associadas presena

    de carotenoides.

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    17 II. Reviso Bibliogrfica

    Estudos tm mostrado que a cor do produto afeta a perceo de outros

    atributos, como o aroma, o gosto e o sabor. A cor h muito tempo que tem sido

    utilizada como um indicador dos processos dinmicos que ocorrem num produto,

    sendo tambm um parmetro utilizado para a qualidade de um alimento (Malheiros,

    2007).

    4.2. Textura

    A textura pode ser definida como um grupo de caractersticas fsicas que

    surge dos elementos estruturais dos alimentos, sendo um dos atributos mais

    importantes na qualidade dos frutos e vegetais. A textura percebida pelo sentido

    do tato e relacionada com a deformao, desintegrao e fluxo do alimento

    submetido a uma determinada fora e pode ser medida em funo da massa, tempo

    e distncia (Moraes, 2013).

    A firmeza a resistncia de um material deformao ou penetrao, onde

    cada material caracterizado por uma curva de deformao (Figura 5) em resposta

    a vrios nveis de fora ou presso (Puente et al., 2011). A firmeza influncia a vida

    de prateleira dos frutos ou vegetais, podendo as frutas serem facilmente danificadas

    no seu manuseamento (Antunes, 2002).

    Os testes instrumentais em que se aplica uma fora so o melhor ndice no

    plano prtico para a determinao da maturao de um fruto em diferentes fases,

    permitindo estabelecer os nveis ideais de consumo, transporte e manuseamento de

    produtos e, adicionalmente, constituem um bom indicador da sua vida til e grau de

    amadurecimento do alimento (Puente et al., 2011).

    Os parmetros avaliados por diferentes autores neste tipo de teste (Figura 5)

    so: a fora mxima (Fmx), distncia de quebra (Dr), inclinao (*) e fora mdia da

    polpa (Fpolpa). A evoluo da fora com a distncia de penetrao identifica o ponto

    de rutura da pelcula de superfcie, que corresponde fora mxima ou fora de

    rotura e a distncia da quebra (Puente et al., 2011).

    Estudos realizados por Botero (2008) para a avaliao da resistncia

    perfurao de bagas de physalis (Figura 5) mostram uma curva tpica da fora-

    distncia, onde se pode observar o ponto mximo de fora de rutura (Fmx.) do fruto

    a uma determinada distncia (Dr). At esse ponto ocorre uma relao crescente

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    18 II. Reviso Bibliogrfica

    linear do esforo frente deformao relacionada resistncia pele do fruto. Aps

    a rutura dessa fora, praticamente constante a deformao da polpa, conforme

    tambm observado por Licodiedoff (2012).

    4.3. Aroma

    O aroma uma mistura complexa de compostos volteis que podem ser

    identificados e quantificados pelo uso de diferentes tcnicas (Simes et al., 2009). O

    aroma um dos principais atributos dos alimentos que determinam a sua seleo e

    o seu consumo (Ferreira, 2011).

    Vrios compostos qumicos esto evolvidos na determinao do sabor e

    aroma, tais como cidos orgnicos (principalmente cido ctrico), acares

    redutores, aminocidos livres e compostos volteis (Moretti et al., 2000).

    Sendo os alimentos de origem vegetal, tm na sua composio compostos

    orgnicos volteis, que possuem uma elevada presso de vapor presso

    atmosfrica, podem facilmente volatilizar e passar para a atmosfera na forma

    gasosa. Entre estes compostos volteis encontra-se uma grande variedade de

    estruturas qumicas, tais como lcoois, cidos, aldedos, cetonas e steres alifticos

    Figura 5: Curva tpica de fora-distncia no teste de perfurao da physalis (Puente et al., 2011)

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    19 II. Reviso Bibliogrfica

    e aromticos, entre outros (Figura 6) (Rocha, 2009). Estes compostos podem existir

    na forma livre e voltil, podendo assim contribuir para o aroma dos produtos (Rocha,

    2009). Os compostos volteis quando presentes sob a forma glicosiliada no

    contribuem para as propriedades do aroma (Ferreira, 2011).

    Os compostos volteis so componentes minoritrios nos vegetais, podendo

    estar presentes em concentraes muito baixas (ng a mg por kg) (Rocha, 2009).

    5. Compostos Bioativos

    Numa sociedade em que a preocupao com a sade assume cada vez mais

    uma importncia maior, torna-se essencial o desenvolvimento de produtos ricos em

    compostos que apresentam capacidade de prevenir o aparecimento de certas

    doenas como o cancro e doenas cardiovasculares. Estes compostos, so

    designados geralmente como sendo compostos bioativos ou fitoqumicos, e

    encontram-se amplamente presentes em produtos vegetais, nomeadamente em

    frutos, na forma de compostos fenlicos, cido ascrbico, carotenoides, tocoferis,

    compostos nitrogenados, entre outros (Balbi, 2009).

    Evidncias crescentes sugerem que determinados compostos bioativos so

    constituintes no nutritivos pertencentes aos produtos vegetais que promovem a

    sade, reduzem o risco de doenas crnicas e so benficos quando ingeridos

    (Gray et al., 2007).

    Os compostos bioativos so tambm inibidores da ao de radicais livres e a

    oxidao das LDL (low density lipoprotein), funcionando como agentes

    Figura 6: Exemplos de compostos volteis presentes em alimentos vegetais (Rocha, 2009).

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    20 II. Reviso Bibliogrfica

    bloqueadores, supressores e indutores da reparao do ADN no processo de

    carcinognese e contribuem para a vasodilatao, para a diminuio da agregao

    de plaquetas e processo inflamatrio (Balbi, 2009). Nas plantas estes compostos

    tm vrias funes, tais como atrair insetos polinizadores, proteger de doenas,

    serem ingeridas por animais herbvoros e proteger da luz UV (Balbi, 2009).

    O cido ascrbico um nutriente essencial para a biossntese de colagnio e

    certas hormonas. A ingesto deste composto tem sido relacionada com reduo do

    risco de cancro e doenas cardiovasculares. Por outro lado, tem sido relatado que

    dietas ricas em compostos fenlicos correlacionam-se com a diminuio de doenas

    neurodegenerativas e alguns tipos de cancro. Alm disso, os dois tipos de

    compostos bioativos so bons contribuintes para a atividade antioxidante dos

    alimentos (Rodrguez-Roque et al., 2015).

    5.1. Compostos fenlicos

    Os compostos fenlicos so metabolitos secundrios, presentes nos

    alimentos vegetais, que se dividem em flavonides e no flavonides (Balbi, 2009).

    Os compostos fenlicos so definidos como substncias que possuem um

    anel aromtico com um ou mais substituintes hidroxlicos, incluindo os seus grupos

    funcionais (Malacrida et al., 2005). Esto amplamente distribudos no reino vegetal,

    englobando desde molculas simples at outras com alto grau de polimerizao

    (Rocha et al., 2011).

    Os compostos fenlicos podem ser divididos em flavonoides (tambm

    classificados como fenis simples) e no-flavonoides (tambm designados de

    complexos). Do primeiro grupo fazem parte os flavanis (catequina, epicatequina e

    epigalocatequina, caempferol, quercetina e miricetina), flavonis (caempferol,

    quercetina e miricetina) e antocianinas, e ao segundo grupo pertencem os cidos

    fenlicos, hidroxibenzicos e hidroxicinmicos (Abe et al., 2007). O grupo dos

    flavonoides engloba as flavonas, flavonois, flavononas, flavonis, antocianidinas e

    isoflavonas (Licodiedoff, 2012).

    Nos alimentos, estes compostos podem influenciar o valor nutricional e a

    qualidade sensorial, conferindo atributos como cor, textura, amargura e

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    21 II. Reviso Bibliogrfica

    adstringncia. Na maioria dos vegetais, os compostos fenlicos constituem os

    antioxidantes mais abundantes (Rocha et al., 2011).

    Os compostos fenlicos tambm so potentes antioxidantes, podendo agir

    como redutores de oxignio singleto, atuando assim nas reaes de oxidao

    lipdica, assim como na quilatao de metais (Duarte-Almeida et al., 2006), e

    podendo ainda estes participar em processos de proteo, regenerao e

    degradao causada por poluentes (Giertych et al., 1999)

    5.1.1. Flavonides

    Existem mais de 4000 estruturas de flavonides que j foram identificadas, e

    ao serem consumidos apresentam efeitos benficos para o organismo. O termo

    flavonide relatado de forma a abranger o grupo dos compostos fenlicos

    presentes nas plantas, que contribui para a qualidade sensorial dos frutos o que

    inclui tambm a adstringncia e o amargor (Licodiedoff, 2012).

    Os flavonides constituem um grupo de componentes fenlicos originados a

    partir de diferentes espcies de plantas, encontrando-se presentes numa grande

    variedade de frutas, hortalias, cereais, ch e sumos de frutas (Santos et al., 2015).

    A estrutura qumica dos flavonides caracteriza-se como difenilpropanos (C6-

    C3-C6) com 15 tomos de carbono arranjados em dois anis benznicos (A e B)

    ligados a um anel pireno (C) (Figura 7), divididos em classes de acordo com as suas

    propriedades qumicas (Licodiedoff, 2012).

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    22 II. Reviso Bibliogrfica

    A partir dessa estrutura, podem ser formadas diversas combinaes,

    principalmente com a presena de hidroxilos e metoxilos. Entre os flavonides,

    incluem-se as principais classificaes: flavonas, flavonis, flavononas, catequinas,

    antocianidinas, proantocianidinas e isoflavonas (Figura 8) (Licodiedoff, 2012).

    Os flavonides so importantes para a sade devido sua elevada

    capacidade farmacolgica em captar radicais livres, devido sua elevada

    Figura 7: Estrutura geral de um flavonide (Licodiedoff, 2012).

    Figura 8: Subclasses de flavonides (Hollman et al., 1999)

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    23 II. Reviso Bibliogrfica

    capacidade antioxidante (Yao et al., 2004). Estudos recentes atribuem um largo

    espetro de atividades biolgicas aos flavonides como sejam efeito anti-inflamatrio,

    antimicrobiano, anticancergeno e propriedades anti-aterognicas, o que pode

    explicar o seu potencial papel na preveno contra a aterosclerose e contra o cancro

    (Molina-Calle et al., 2015), atividades anti-inflamatrios, efeitos sobre a fragilidade

    capilar, e capacidade para inibir a agregao de plaquetas humanas (Benavente-

    Garcia et al., 1997).

    Os flavonides representam uma classe de compostos fenlicos com

    potenciais benefcios nutracuticos devido sua atividade antioxidante (Molina-Calle

    et al., 2015).

    5.1.2. No-Flavonides

    Os compostos no flavonides compreendem os cidos fenlicos, cidos

    benzicos e cidos cinmicos (Figura 9), e outros derivados fenlicos como os

    estilbenos e isoflavonas (Valdantas, 2013).

    Os cidos benzoicos e cinmicos (Figura 10), frequentemente denominados

    cidos fenlicos, encontram-se nos frutos na forma livre em baixas concentraes

    Figura 9: Estrutura qumica de cido benzoico e de cido cinamico (Valdantas, 2013)

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    peruviana L.

    24 II. Reviso Bibliogrfica

    quando comparados com as suas formas conjugadas. (Soutinho, 2012) Estes

    compostos surgem a maior parte das vezes nos produtos vegetais (Alves, 2015) desde

    pelculas de uvas a cereais (Gonalves, 2007), sobretudo sobre a forma de steres com

    cido tartrico ou ligados a acares (Alves, 2015).

    5.2. Atividade antioxidante

    O processo respiratrio e diversas reaes oxidativas, que ocorrem nas

    clulas aerbicas, levam formao de radicais livres, que podem causar danos ao

    organismo e contribuindo assim para o aparecimento de muitas doenas, tais como:

    inflamaes, tumores malignos, Alzheimer e doenas cardiovasculares, bem como

    aceleram o processo de envelhecimento. Por esse motivo, as clulas humanas

    dependem de certa capacidade antioxidante para fornecer proteo contra os efeitos

    prejudiciais de radicais livres e espcies reativas do oxignio, que so

    consequncias inevitveis da vida aerbica. Para alcanar uma proteo eficiente,

    os tecidos dispem de um sistema antioxidante integrado, que consiste num arranjo

    de diversos componentes lipossolveis como a vitamina E e os carotenoides,

    Figura 10: Estrutura geral dos cidos benzicos e cinmicos (Gonalves, 2007)

  • Estudo das propriedades fsico-qumicas e avaliao de compostos bioativos em Physalis

    peruviana L.

    25 II. Reviso Bibliogrfica

    hidrossolveis como o cido ascrbico e a glutatinona e enzimticos como a

    glutatinona, a peroxidase, o superxido, a dismutase e a catlase (Silva et al., 2010).

    Entende-se por antioxidantes, as substncias que presentes em

    concentraes baixas, comparadas ao substrato oxidvel, retardam

    significativamente ou inibem a oxidao do substrato (Nascimento et al., 2011),

    sendo as frutas fontes significativas de compostos antioxidantes (Rockenbach et al.,

    2008).

    Os antioxidantes so substncias que protegem o sistema biolgico contra o

    efeito nocivo de processos ou reaes que podem causar oxidao excessiva

    (Rufino et al., 2007) e que retardam a velocidade da oxidao, atravs de um ou

    mais mecanismos, tais como inibio de radicais livres e complexao de metais.

    Estes podem ser sintticos ou naturais e, para serem utilizados em alimentos,

    devem ser seguros para a sade, estando presentes naturalmente em frutas, sendo

    que algumas apresentam altas concentraes de determinados grupos, tais como o

    cido ascrbico, vitamina E, -caroteno e os compostos fenlicos (Duarte et al.,

    2006).

    Na indstria alimentar, os antioxidantes so muito usados com a finalidade de

    inibir ou retardar a oxidao lipdica de leos, gorduras e alimentos gordurosos,

    sendo por isso os seus principais mecanismos de ao muito estudados (Tiveron,

    2010).

    Nos compostos que possuem atividade antioxidante incluem-se os compostos

    fenis, tocoferis, fosfolipdios, aminocidos, cido ftico, pigmentos e esteroides. Os

    compostos fenlicos so antioxidantes primrios que agem como terminais para os

    radicais livres (Roesler et al., 2007).

    6. Bioacessibilidade

    As tendncias atuais em desenvolvimento de novos produtos alimentares com

    funcionalidade visam demonstrar uma bioatividade significativa nas frutas exticas

    com impacto positivo em vrias doenas crnicas (Carbonell-Capella et al., 2015).

    Apesar da enorme pesquisa sobre as propriedades antioxidantes das frutas, estudos

    que investiguem o efeito da digesto gastrointestinal em antioxidantes dietticos so

    escassos (Carbonell-Capella et al., 2015).

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    peruviana L.

    26 II. Reviso Bibliogrfica

    Uma vez ingeridos, os compostos bioativos tm que ser libertados da matriz e

    modificados no trato gastrointestinal de modo que eles se tornem acessveis e

    serem absorvidos no intestino (Heleno et al., 2015). A frao de compostos bioativos

    libertados da matriz a seguir digesto de alimentos solubilizada no intestino para

    absoro intestinal geralmente conhecida como a frao bioacessivel (Rodrguez-

    Roque et al., 2015). Somente os compostos bioativos libertados a partir de matrizes

    se tornam bioacessiveis e esto potencialmente disponveis para absoro pelo trato

    gastrointestinal, e portanto, so assim capazes de exercer os seus efeitos benficos

    no corpo humano. Sob as condies gastrointestinais, ocorrem transformaes

    (degradao, epimerizao, hidrlise e oxidao) e interaes entre os fitoqumicos

    e componentes alimentares, podendo tambm ocorrer modificaes na atividade

    biolgica dos compostos bioativos (Carbonell-Capella et al., 2015). Por conseguinte,

    importante, antes de concluir sobre qualquer efeito potencial para a sade, avaliar

    a forma como o processo de digesto afeta os compostos bioativos e a sua

    estabilidade, e como esta, por sua vez, afetar a sua biodisponibilidade para a

    absoro, bem como os seus possveis efeitos benficos (Carbonell-Capella et al.,

    2015).

    A simulao de sistemas consiste na representao da essncia de

    determinada realidade mediante a utilizao de meios artificiais, com a finalidade de

    obter informaes relativas a um determinado evento ou conjunto de eventos que,

    isolado ou simultaneamente, podem ocorrer dentro dos limites que caracterizam o

    objeto de estudo (Vieira et al., 2000). A biodisponibilidade geralmente avaliada por

    procedimentos de digesto in vitro que tm sido desenvolvidas e que geralmente

    simulam a digesto para avaliar a biodisponibilidade e se os compostos so

    bioacessiveis. Estes ensaios so descritos como sendo fceis, baratos e

    reprodutveis, e por conseguinte, sendo possvel avaliar a estabilidade digestiva dos

    constituintes alimentares. Alm disso, em alguns casos, a utilizao de modelos in

    vitro para estudar a biodisponibilidade de constituintes alimentares tm provado ser

    bem correlacionados com os resultados de estudos em humanos e em modelos

    animais (Heleno et al., 2015).

    Estudos realizados por Carbonell-Capella et al., (2015) demontram que o

    cido ascorbico no detectado aps a simulao in vitro da digesto. Estes

    tambem referem que se deve ter em conciderao as limitaes das condies in

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    peruviana L.

    27 II. Reviso Bibliogrfica

    vitro, uma vez que estes mtodos permitem uma aproximao, mas no prevem

    absolutamente a quantidade de um composto bioativo especifico que um ser

    humano ir absorver e utiizar.

    No estudo realizado por Rodrguez-Roque et al., (2015), a bioacessibelidade

    da vitamina C no foi modificada por tecnologias de processamento no termicas.

    Os compostos fenicos totais foram mais bioacessiveis aps os tratamentos

    estudados, mas a atividade antioxidante sofreu uma influencia varivel. Estes

    autores concluiram tambm que a matriz e o processamento dos alimetos molda a

    biodisponibilidade de compostos fenlicos bem como a atividade antioxidante.

    Sendo a simulao in vitro da digesto uma farramenta util, que permite avaliar a

    influncia da matriz no processamento dos alimentos e na biodisponibilidade dos

    compostos bioativos.Segundo Heleno et al., (2015), aps a simulao in vitro da

    digesto os compostos bioativos podem sofrer alteraes estruturais (perdendo os

    grupos OH responsveis pela atividade antioxidante) que dininui as propriedades

    antioxidantes. No entanto, cidos fenlicos foram encontrados nas amostras

    digeridas o que significa que essas moleculas so bioacessiveis.

    No estudo apresentado por Lima et al., (2016), a atividade antioxidante actua

    com mais eficincia em grupo do que isoladamente, o que explica a baixa

    percentagem encontrada nas amostras (34-36%) de atividade antioxidante e uma

    percentagem maior de compostos fenlicos (72 74%). Estes autores concluem

    tambm que o comportamento bioativo das amostras pode depender de factores tais

    como a matriz do alimento, pH, temperatura, presena de inibidores ou

    potenciadores de absoro e a presena de enzimas.

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    28 III. Desenvolvimento experimental

    III. DESENVOLVIMENTO EXPERIMENTAL

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    29 III. Desenvolvimento experimental

    7. Material e Mtodos

    7.1. Colheita das amostras

    Para este trabalho foi avaliada uma variedade de physalis (Physalis peruviana

    L.), e as bagas foram colhidas numa explorao localizada na regio Norte-Centro

    de Portugal. As bagas foram colhidas no estado de maturao para consumo. Foram

    recolhidas aproximadamente 750 g de bagas, sendo selecionadas aleatoriamente a

    partir de vrias plantas em diferentes partes do mesmo campo.

    As determinaes fsicas, a determinao da humidade e o teor de slidos

    solveis foram efetuadas 3 dias aps a colheita. Depois disso, o restante fruto foi

    congelado a uma temperatura de -20 C durante 3 meses para anlises posteriores.

    Aps a conservao dos frutos congelados foram efetuadas as anlises ao cido

    ascrbico, aos acares totais e redutores, aos carotenoides e acidez.

    Metade da amostra foi liofilizada num liofilizador modelo Supporting Research

    UniEquip D-82152 Martinsried Freeze Dryer sendo efetuada a anlise fibra bruta, e

    usada tambm para se fazerem as extraes que posteriormente serviram para a

    anlise aos fenis totais, orto-difenis, flavonides, atividade antioxidante (DPPH e

    ABTS).

    7.2. Anlises fsicas

    As anlises fsicas foram realizadas s physalis frescas, considerando os

    parmetros do calibre, cor e textura. Para a determinao dos parmetros referidos

    foram utilizadas 100 bagas do lote de 750 g de bagas frescas antes de congelar.

    Todas as determinaes fsicas foram feitas aos frutos aps a colheita.

    7.2.1. Caractersticas Biomtricas

    Para a avaliao das caractersticas biomtricas, o tamanho de cada baga foi

    medido com o auxlio de um paqumetro automatizado (Mitutoyo, ABSOLUTE, AOS,

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    30 III. Desenvolvimento experimental

    Digimatic) e o peso foi determinado por pesagem numa balana de preciso

    (Precisa, XT 220A,swissmade).

    A rea de superfcie e o volume foram calculados assumindo que a baga tinha

    uma forma esfrica e a massa especfica foi calculada dividindo a massa pelo

    volume.

    7.2.2. Cor

    As tcnicas de medio instrumental da cor costumam ser rpidas e simples,

    sendo utilizadas na rea dos alimentos com o pressuposto de obter valores objetivos

    (Malheiros, 2007).

    A cor de physalis foi determinada com um colormetro (Chroma Meter - CR-

    400, Konica Minolta) previamente calibrado numa superfcie branca, sendo medidas

    as coordenadas no espao de cor CIELab (Figura 11). Foram, assim, avaliadas as

    coordenadas cartesianas L*, a* e b*. O iluminante foi D65. O valor de a* caracteriza

    a colorao na regio do vermelho (+ a*) ao verde (-a*), o valor b* indica a colorao

    no intervalo do amarelo (+b*) ao azul (-b*). O valor L* fornece a luminosidade,

    variando entre o branco (L*=100) e o preto (L*=0) (Harder, 2005).

    Figura 11: Coordenadas no espao de cor CIELab (a*, b* e L*) (Machado, 2006)

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    31 III. Desenvolvimento experimental

    Apesar do CIELab ser o sistema padro, existem outros sistemas que podem

    ser adotados para facilitar a comparao ou a compreenso das cores. O sistema de

    cor em que so utilizadas as coordenadas cilndricas L* C* e h, com L* sendo a

    luminosidade, C* sendo o croma (ou intensidade de cor) e h sendo o ngulo de

    matiz (Figura 12) (Malheiros, 2007). Este ltimo varia entre 0 e 360, onde 0

    corresponde cor vermelha, 90 corresponde cor amarela, 180 corresponde cor

    verde e 360 corresponde cor azul (Lima et al., 2009; Malheiros, 2007).

    O Croma a relao entre os valores a* e b*, onde se obtm a cor real do

    objeto analisado (Harder et al., 2007), sendo o grau de saturao (Porto, 2007) e a

    quantidade pela qual uma dada matiz se desvia do cinzento neutro (Malheiros,

    2007).

    O ngulo de matiz o ngulo formado entre a* e b*, (Harder et al,. 2007)

    sendo frequentemente utilizado para definir a cor do objeto (Porto, 2007), bem como

    o que tipicamente o consumidor considera como sendo a cor do objeto, a

    luminosidade e o brilho do objeto (Malheiros, 2007).

    O valor uma propriedade acromtica, ou seja, existe com a ausncia de

    qualquer matiz, sendo a variao do brilho que a matiz apresenta, refere-se

    diretamente reflexo da luz, sendo responsvel pelo aspeto da vitalidade da

    estrutura dental e est