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FACULDADES INTEGRADAS DE PEDRO LEOPOLDO MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO DEMIAN SILVA AGUIAR AVALIAÇÃO DA OPÇÃO DE ABANDONO E A FRONTEIRA DE EXERCÍCIO ÓTIMO DE UM INVESTIMENTO EM UM POSTO DE COMBUSTÍVEIS Pedro Leopoldo 2006

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FACULDADES INTEGRADAS DE PEDRO LEOPOLDO

MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO

DEMIAN SILVA AGUIAR

AVALIAÇÃO DA OPÇÃO DE ABANDONO E A

FRONTEIRA DE EXERCÍCIO ÓTIMO

DE UM INVESTIMENTO

EM UM POSTO DE COMBUSTÍVEIS

Pedro Leopoldo

2006

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DEMIAN SILVA AGUIAR

AVALIAÇÃO DA OPÇÃO DE ABANDONO E A

FRONTEIRA DE EXERCÍCIO ÓTIMO

DE UM INVESTIMENTO

EM UM POSTO DE COMBUSTÍVEIS

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado

Profissional em Administração das Faculdades

Integradas de Pedro Leopoldo, como requisito

parcial à obtenção do título de Mestre em

Administração.

Área de Concentração: Finanças.

Orientador: Prof. Dr. Haroldo Guimarães Brasil

Faculdades Integradas de Pedro Leopoldo

Pedro Leopoldo

2006

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A minha esposa e meu filho,

fontes de amor, perseverança e inspiração.

E a meus pais e irmãos, pelo apoio e

incentivo.

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AGRADECIMENTOS

Meus sinceros agradecimentos a todos aqueles que contribuíram para que a

caminhada fosse concluída.

Ao professor Dr. Haroldo Guimarães Brasil, pela orientação, apoio e liberdade no

desenvolvimento desta dissertação.

Ao professor Dr. Marco Antônio Dias, da PUC Rio, pela atenção e pelas valiosas

informações concedidas no decorrer da elaboração do trabalho.

Aos amigos e professores do curso de Mestrado Profissional em Administração

da Fundação Pedro Leopoldo, pelo conhecimento e bons momentos

compartilhados.

Aos meus familiares, pela compreensão nos momentos em que estive ausente e

pelo amor sempre presente ao longo do caminho.

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RESUMO

O principal objetivo das empresas é a geração de valor, cujo alcance

está estreitamente relacionado ao processo de tomada de decisões a respeito de

quais projetos merecem investimentos. Na medida em que a metodologia

tradicional não traz respostas adequadas ao novo ambiente dos negócios, repleto

de incerteza e em constante transformação, surge a demanda por novos modelos

de avaliação de investimentos. Um avanço significativo na área das finanças

corporativas foi o desenvolvimento da teoria de opções reais. O seu fundamento

reside na avaliação de ativos não financeiros de forma análoga às opções

financeiras. A teoria das opções reais supre as demandas do mercado ao

incorporar ao processo de tomada de decisões a incerteza e as flexibilidades

gerenciais inerentes aos projetos de negócios. Este trabalho tem como objetivo o

estudo da avaliação da opção de abandono, bem como a obtenção de sua

fronteira ótima de exercício, aplicado a um investimento em um posto de

combustíveis. Para alcançar o objetivo proposto, foram utilizados o modelo

binomial de precificação de opções e a programação dinâmica. Como conclusão

da dissertação, destaca-se a confirmação do valor das flexibilidades gerenciais,

podendo significar a viabilidade de projetos rejeitados pela metodologia tradicional

e a fronteira ótima de abandono como ferramenta gerencial que permite uma

tomada de decisão mais acertada e consistente.

Palavras-chave: Opções reais. Opção de abandono. Fronteira ótima de

abandono.

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ABSTRACT

The companies’ main purpose is value generation, tightly related to the

decision making process on which projects deserve investments. Whilst the

traditional methodology does not present appropriate answers to the new business

environment, full of uncertainty and in constant change, the demand for new

models on investments assessment arises. A significant advance within the

corporative finance field is the development of the real options theory. Its

foundation is on the non financial assets assessment similarly to the financial

options assessment. The real options theory supplies the market demands whilst

incorporating into the decision making process the inherent business projects

managerial uncertainty and flexibility This dissertation purposes is the study of the

abandonment option evaluation, as well as the achievement of optimal exercise

boundary, applied to an investment in a fuel station. In order to achieve the

proposed target, the binomial option pricing model and dynamic programming

were used. As the dissertation conclusion, it is highlighted the managerial

flexibility value confirmation, which may mean the viability of projects rejected by

the traditional methodology and the optimal abandonment boundary as a

managerial tool that allows for a more accurate and consistent decision making.

Key-words: Real options. Abandonment option. Optimal abandonmet boundary.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANP Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustível

ARCH Autoregressive Condicional Heteroskedasticity

FCD

Fluxo de caixa descontado

GARCH Generalized Autoregressive Condicional Heteroskedasticity

LBO Lucro bruto operacional

RLO Receita líquida operacional

TIR Taxa interna de retorno

VPL Valor presente líquido

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figuras

Figura 1 - Opção de compra européia........................................................... 23

Figura 2 - Opção de venda européia.............................................................. 24

Figura 3 - Árvore binomial de dois estágios................................................... 40

Figura 4 - Processo multiplicativo estocástico............................................... 43

Figura 5 - Distribuição logarítmica normal...................................................... 44

Figura 6 - Processo aditivo estocástico.......................................................... 45

Figura 7 - Distribuição normal......................................................................... 46

Figura 8 - Árvore de decisão........................................................................... 50

Figura 9 - Valor do projeto com opção de abandono..................................... 51

Figura 10 - Processo multiplicativo estocástico................................................ 52

Figura 11 - Árvore de valor com retornos para a opção de venda................. 53

Figura 12 - Valor da opção de abandono....................................................... 55

Figura 13 - Região de parada e continuação do projeto................................. 60

Figura 14 - Região de parada e continuação do projeto no ano 5.................. 79

Figura 15 - Processo multiplicativo estocástico............................................. 87

Figura 16 - Árvore de decisão....................................................................... 88

Figura 17 - Valor do projeto com opção de abandono.................................. 89

Figura 18 - Árvore de decisão........................................................................ 90

Figura 19 - Valor da opção de abandono....................................................... 91

Gráficos

Gráfico 1 - Preços médios mensais de revenda por região........................... 62

Gráfico 2 - Preços médios mensais de revenda por região........................... 62

Gráfico 3 - Preços médios mensais de revenda por região........................... 63

Gráfico 4 - Fronteira de exercício da opção de abandono............................. 100

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LISTA DE QUADROS E TABELAS

Quadros

Quadro 1 - Efeitos sobre o preço da opção................................................... 25

Quadro 2 - Classificação de opções pela probabilidade de exercício........... 25

Quadro 3 - Tipos de opções........................................................................... 31

Quadro 4 - Fluxo de caixa do projeto............................................................. 70

Tabelas

Tabela 1 - Depreciação................................................................................. 72

Tabela 2 - Investimentos................................................................................ 72

Tabela 3 - Fluxo de caixa do projeto.............................................................. 92

Tabela 4 - Preço de exercício da opção de abandono................................... 93

Tabela 5 - Fluxos de caixa disponíveis e VPL............................................... 94

Tabela 6 - Processo multiplicativo estocástico............................................... 95

Tabela 7 - Árvore de decisão.......................................................................... 96

Tabela 8 - Valor do projeto com opção de abandono.................................... 97

Tabela 9 - Árvore de decisão......................................................................... 98

Tabela 10 - Valor da opção de abandono...................................................... 99

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO......................................................................................... 12

2 REFERENCIAL TEÓRICO....................................................................... 17

2.1 Teoria de opções................................................................................... 20

2.1.1 Opções financeiras............................................................................. 21

2.1.2 Opções reais...................................................................................... 26

2.2 Modelos de avaliação de opções.......................................................... 34

2.2.1 Modelo Black e Scholes..................................................................... 34

2.2.2 Modelo binomial................................................................................. 38

2.2.3 Métodos para modelagem do processo estocástico do ativo

subjacente...................................................................................................

41

2.2.3.1 Processo multiplicativo ou geométrico estocástico......................... 42

2.2.3.2 Processo aritmético ou aditivo estocástico...................................... 44

2.3 Opção de abandono.............................................................................. 47

2.3.1 Opções de abandono avaliadas indiretamente.................................. 49

2.3.2 Opções de abandono avaliadas diretamente..................................... 52

2.4 Otimização dinâmica............................................................................. 55

2.4.1 Programação dinâmica....................................................................... 56

2.4.2 Análise de direitos contingenciais...................................................... 57

2.4.3 Parada ótima...................................................................................... 57

3 ESTUDO DE CASO................................................................................. 61

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4 FORMULAÇÃO MATEMÁTICA DA OPÇÃO DE ABANDONO.............. 65

4.1 Metodologia........................................................................................... 65

4.1.1 Opção de abandono........................................................................... 65

4.1.2 Valor presente líquido expandido (VPLExpandido)................................. 67

4.1.3 Fronteira de abandono....................................................................... 67

4.2 Parâmetros de entrada.......................................................................... 68

4.2.1 Média e volatilidade da variável de incerteza ()............................... 68

4.2.2 Vida útil do projeto.............................................................................. 69

4.2.3 Fluxo de caixa.................................................................................... 70

4.2.4 Valor (V0) e taxa de desconto do projeto............................................ 73

4.2.5 Movimentos ascendente (u) e descendente (d)................................. 74

4.2.6 Probabilidades objetivas (q) e (1-q)................................................... 74

4.2.7 Preço de exercício da opção de abandono ().................................. 75

4.2.8 Taxa livre de risco.............................................................................. 75

5 ANÁLISE DOS RESULTADOS............................................................... 77

6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES................................................. 80

REFERÊNCIAS.......................................................................................... 84

APÊNDICE.................................................................................................. 87

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1 INTRODUÇÃO

A gestão moderna das empresas tem como pilar a geração de valor

para os acionistas. Esta afirmativa motiva e modela os procedimentos das

diversas áreas da empresa a fim de que este objetivo seja atingido.

As empresas podem ser entendidas como um conjunto de projetos.

Desta forma, a avaliação de investimentos é peça fundamental para a geração de

valor. As metodologias utilizadas pelo mercado buscam identificar e mensurar os

projetos que agregam valor à empresa, fornecendo subsídios para a tomada de

decisão dos gestores de onde e quando investir.

O tema da dissertação aborda a avaliação de investimentos, analisando

uma metodologia que pode auxiliar de forma mais completa e eficaz o processo

decisório vivido pelas organizações, no momento de optar por investir ou não em

um determinado projeto.

Tradicionalmente, grande parte do mercado utiliza metodologias

baseadas no fluxo de caixa descontado (FCD) como critério econômico-financeiro

para as suas decisões de investimentos 1 . Essa metodologia tradicional de

avaliação de investimentos conta com uma série de ferramentas, tais como: a

taxa interna de retorno (TIR) e o valor presente líquido (VPL) que, apesar de

amplamente utilizadas pelas empresas, apresentam limitações e podem criar uma

visão distorcida a respeito da viabilidade de um projeto. Copeland e Antikarov

(2001) definem o VPL como o paradigma central da tomada de decisões de

1 DIAS (2005) apresenta um resumo da table 2 contida em GRAHAM, J. R.; HARVEY, C.R. The theory and practice of corporate finance: evidence from field. Washington: Journal of Financial Economics, vol. 60, 2001, p.187-243, que traz um ranking das ferramentas mais utilizadas pelas empresas nas suas decisões de investimento.

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investimentos, pois este subestima o valor dos projetos e não incorpora os

aspectos relacionados às flexibilidades gerenciais, como crescimentos, retrações,

abandono e outros itens que possam vir a influenciar nos resultados do

investimento. Trigeorgis (1996) destaca a importância da flexibilidade, afirmando

que esta tem valor e deve ser considerada no momento de se analisarem as

opções de investimentos. Copeland e Antikarov (2001), também em sintonia com

essa visão, afirmam que o VPL não leva em conta a flexibilidade, por se basear

em fluxos de caixa futuros esperados. Um projeto não apresenta um único

caminho a ser seguido, ele pode ser abandonado, expandido, prorrogado ou até

mesmo deferido, ou seja, ele apresenta flexibilidades gerenciais. Essas opções,

quando exercitadas de forma ótima, aumentam o valor do projeto.

O modelo de opções reais possibilita a melhoria e o complemento dos

métodos tradicionais, permitindo uma avaliação de investimento que considere as

flexibilidades gerenciais e as opções inerentes aos projetos de negócios

(COPELAND, 2002). O ambiente econômico atual, cada vez mais dinâmico e em

transformação, não permite que a avaliação de negócios não incorpore a

incerteza no processo decisório.

A metodologia utilizada no desenvolvimento desta pesquisa foi o estudo

de caso, onde se analisou a aplicação do modelo de opções reais na avaliação de

investimentos em postos de combustíveis.

Na maioria das empresas brasileiras de distribuição de derivados de

petróleo, o processo de decisão de investimentos fundamenta-se na TIR e VPL. O

horizonte de análise para seus postos próprios é de 10 a 20 anos e raramente se

considera a possibilidade de abandono do investimento. A obtenção de uma

fronteira de abandono de investimentos permite avaliação que busque a

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maximização dos resultados e evite a permanência de investimentos que

destruam valor na carteira de negócios da empresa. O lucro da distribuidora de

combustíveis é gerado principalmente pela venda de combustíveis ao operador do

posto. Assim, a principal variável que causa impacto na geração de valor é a

margem de distribuição, utilizada neste estudo como a fonte de incerteza. O

modelo de opções reais já é utilizado na área de exploração e prospecção de

petróleo por empresas de petróleo e o objetivo é testar a sua utilização na área de

venda de combustíveis automotivos.

Esta dissertação tem como objetivo principal identificar o valor da opção

de abandono e o ponto ótimo de abandono do investimento em um posto próprio

de combustíveis, com base no modelo de opções reais.

Como objetivos secundários, destacam-se:

• apresentar a teoria de opções;

• analisar as vantagens do modelo de opções reais em relação aos

modelos tradicionais;

• conceituar e caracterizar a opção de abandono de um investimento, bem

como a sua utilização para se obter a fronteira ótima de abandono;

• aplicar o modelo ao caso selecionado para testar a sua aplicabilidade ao

negócio de revenda de combustíveis.

A pergunta que orienta o desenvolvimento deste trabalho é: qual o valor

da opção de abandono e a fronteira ótima de exercício da opção para um

investimento em um posto próprio de combustíveis com base no modelo de

opções reais?

O estudo foi organizado em seis capítulos.

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O capítulo 2 é composto do embasamento teórico do trabalho e

apresenta a teoria de opções e o modelo das opções reais. Para melhor

entendimento do modelo das opções reais, foi abordada a definição de opções

financeiras e, posteriormente, foi exposta a definição das opções reais

propriamente ditas. Para concluir a fase conceitual, formulou-se matematicamente

a opção de abandono e a fronteira de exercício ótimo.

O capítulo 3 trata do estudo de caso utilizado no desenvolvimento deste

trabalho, situando a amostra no mercado de combustíveis automotivos e expondo

os motivos para a escolha do segmento de revenda de combustíveis automotivos.

A descrição da formulação matemática da opção de abandono é

mostrada no capítulo 4, que contém a metodologia utilizada e os modelos

matemáticos para o cálculo do valor da opção de abandono pelo método direto e

indireto baseado no modelo binomial, o VPLExpandido e a fronteira ótima de

exercício do abandono.

A análise dos resultados obtidos é exposta no capítulo 5.

O capítulo 6 lista as conclusões alcançadas e as recomendações em

relação ao estudo realizado.

Finalmente, são apresentados: as referências bibliográficas e o

apêndice.

A contribuição mais importante esperada a partir do desenvolvimento

deste trabalho é a obtenção do valor da opção de abandono do investimento e a

fronteira de exercício ótimo dessa opção, analisando a adaptabilidade da

metodologia ao negócio de revenda de combustíveis automotivos e permitindo

avaliação que busque a maximização dos resultados e que agregue valor à

carteira de negócios da empresa. Tudo isso através de um processo de decisão

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de investimentos mais robusto e eficaz que utilize metodologia mais moderna,

refinada e racional.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Um investimento pode ser definido como o ato de incorrer em custos

imediatos na expectativa de retornos futuros, conforme Dixit e Pindyck (1993). Os

mesmos autores apresentam, ainda, as três principais características de um

investimento: a sua completa ou parcial irreversibilidade, a incerteza frente aos

retornos futuros e a margem de segurança sobre o momento de se investir, ou

seja, raramente o investimento é do tipo “agora ou nunca”. Essas três

características em interação determinam uma tomada de decisão ótima para o

investidor.

Dias (1996) faz uma analogia do retorno do investimento com o retorno

de uma ação, onde este é composto da soma do ganho de capital com os

dividendos. No caso de um investimento em uma jazida de petróleo, os

dividendos seriam os fluxos monetários gerados pela produção de óleo e gás e o

ganho de capital a valorização do volume recuperável do petróleo ainda não

produzido em virtude de oscilações no seu preço.

A maximização do valor da empresa deve ser o objetivo principal das

empresas e esse objetivo deve refletir-se no seu processo de gestão. “O segredo

do êxito da gestão financeira é a criação de valor” (BREALEY; MYERS, 1998, p.9).

Sobre a função do gestor financeiro, Ross, Westerfield e Jaffe (2002, p.26) fazem

o seguinte comentário: “Acreditamos que a tarefa mais importante de um

administrador financeiro seja criar valor a partir das atividades de orçamento de

capital, financiamento e liquidez da empresa”.

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Se se conceber uma empresa como uma cesta de projetos de

investimentos, fica evidente a importância da avaliação desses investimentos

como ferramenta para decidir os projetos que devem ser postos em prática, ou

seja, aqueles que agregam valor à empresa e aqueles que devem ser

descartados por destruírem valor.

Damodaram (1997, p.9) comenta sobre o papel-chave da avaliação na

área das finanças: “a avaliação não é um exercício objetivo e quaisquer pré-

concepções e preconceitos que o analista trouxer para o processo acabarão por

incorporar-se ao valor”. Daí a importância da informação na tomada de decisão,

sendo necessário o constante monitoramento do ambiente interno e externo da

organização e a escolha certa das ferramentas de avaliação que melhor se

adaptem à realidade do projeto.

De acordo com Amram e Kulatilaka (2000), vive-se um período de

grande incerteza, em que o ambiente de negócio atual é delineado por tendências

em grande escala e de longo prazo, tais como a desregulamentação e a

intensificação da competição global. A convergência desses fatores incentiva a

busca por ferramentas estratégicas e de orçamento de capital que possam

auxiliar os gestores a avaliar e administrar oportunidades incertas. Dias (1996,

p.17) complementa: “num ambiente de incerteza, deve-se calcular o momento

certo para realizar um investimento irreversível, de forma que o projeto tenha a

probabilidade de sucesso adequada, com o objetivo de maximizar a riqueza da

firma”.

A metodologia tradicional tem como principal representante o VPL, cuja

estrutura de cálculo se fundamenta no modelo do FCD. Apesar de estar em

sintonia com o objetivo da geração de valor e de sua popularidade na teoria e

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prática financeira, o VPL apresenta limitações relacionadas à modelagem da

incerteza, além de desprezar as flexibilidades gerenciais.

A flexibilidade gerencial é, segundo Aggarwal2 (citado por PEREIRA;

HAMACHER, 19--), a habilidade para mudar decisões estratégicas em resposta

às mudanças externas e internas do ambiente competitivo. A flexibilidade

gerencial ao aproveitar as oportunidades do mercado e também por limitar as

possíveis perdas introduz uma assimetria na distribuição probabilística do VPL,

assim, os efeitos da incerteza ocorrem somente no lado dos resultados favoráveis

(TRIGEORGIS, 1996).

O modelo da árvore de decisão surge como um método que busca

captar o valor da flexibilidade, cujo cálculo se fundamenta na fórmula do VPL,

tomando como parâmetro os diversos cenários possíveis e suas probabilidades

de ocorrência. Mas também apresenta limitações relacionadas à taxa de desconto

dos fluxos e às probabilidades de cada cenário.

Na tentativa de suprir as limitações da metodologia tradicional e

possibilitar análises de investimentos melhores, passou-se a utilizar a teoria das

opções reais. Essa metodologia não visa a substituir as ferramentas tradicionais,

mas sim complementá-las a partir da valoração das flexibilidades dos projetos.

Isto ocorre, conforme Brasil (2002, p.130), “através de modelos que consideram o

efeito conjunto da volatilidade, taxa de juros e data da maturação dessas

oportunidades”. Além disso, integra finanças e estratégia, permitindo uma

avaliação mais acurada de projetos que seriam subestimados e até mesmo

rejeitados pela metodologia tradicional (MARTINS, 2005).

2 AGGARWAL, S. Flexibility Management: the ultimate strategy. [s.l.] Industrial Management Review, p.26-30, January/February 1997.

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2.1 Teoria de opções

A análise de investimentos por meio das opções reais tem sua origem

nos contratos de opções presentes no mercado de derivativos. Assim, o

desenvolvimento da metodologia das opções reais foi feito a partir da analogia

com as opções financeiras.

O histórico da evolução bibliográfica sobre opções reais é descrito por

diversos autores, como Dias (2005) e Oliveira e Sousa Neto (2005). Destacam-se

como marcos fundamentais para o desenvolvimento da teoria das opções reais os

seguintes trabalhos:

• a publicação dos artigos de Black e Scholes (1973) e Merton (1973)

sobre precificação de opções financeiras, que significaram grande

avanço no estudo moderno das finanças;

• a abordagem de Cox, Ross e Rubinstein (1979), permitindo a avaliação

mais simplificada das opções e em tempo discreto);

• o surgimento do termo “opções reais” a partir dos estudos do professor

Stewart C. Myers (1977), que tratava os investimentos em ativos reais

como sendo análogos às opções financeiras presentes no mercado de

derivativos;

• as primeiras aplicações da teoria de opções para valorar reservas

naturais no Brasil, realizadas por Tourinho (1979);

• a demonstração da irreversiblidade das decisões como fato gerador do

chamado valor da opção, por Arrow e Ficher (1974) e Henry (1974);

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• Constantinides (1978) sugeriu que qualquer passivo ou ativo

contingencial poderia ser precificado em um mundo de risco sistemático,

substituindo a taxa real por uma “taxa de certeza equivalente”.

A partir da década de 80, o assunto foi apresentado nas revistas de

finanças. Os anos 90 significaram um intenso crescimento do tema na literatura,

com diversos artigos aplicados em diferentes áreas. Surgem também os primeiros

livros-texto, com destaque para Dixit e Pindyck (1993), Trigeorgis (1996), Amram

e Kulatilaka (1999) e Copeland e Antikarov (2001). A partir daí, as opções têm

estado presente em estudos que englobam os mais distintos setores: elétrico,

mineração, petróleo (principal foco dos estudos no Brasil), joint venture,

tecnologia, infra-estrutura, bebidas, coleta de lixo, mercado imobiliário, mercado

financeiro, cadeia de suprimentos e na elaboração do planejamento estratégico

de empresas (GONÇALVES, 2005).

2.1.1 Opções financeiras

A principal característica das opções é a assimetria existente entre os

agentes envolvidos. Essa afirmativa pode ser mais bem entendida analisando-se

o conceito de opção.

Uma opção representa um direito de seu detentor de comprar ou vender um ativo-objeto em certa data (ou até certa data), por um preço determinado. O agente que lançou essa mesma opção tem a obrigação de vender ou comprar esse ativo, caso o primeiro queira. O lançador recebe um prêmio correspondente ao valor em dinheiro para remunerar o risco assumido (BRASIL, 2005, p.78).

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Brealey e Myers (1998) indicam a redução do risco como a principal

razão para as empresas utilizarem os contratos de opções (de mercadoria, taxas,

divisas, índices, entre outras, mas uma das mais utilizadas pelo mercado são as

de ações).

O contrato de opção pode ser de dois tipos:

• Opção de compra (call). Nesse tipo de contrato o seu detentor tem o

direito de comprar determinado ativo-objeto em uma data ou até uma

data por preço previamente estabelecido.

• Opção de venda (put). O seu detentor tem o direito de vender

determinado ativo-objeto em uma data ou até uma data por preço

previamente estabelecido.

De acordo com Minardi (2004, p.25), os contratos de opção são

compostos pelos seguintes itens: “o ato de realizar a transação é denominado

exercício da opção, o preço estabelecido é o preço de exercício e a data

determinada o vencimento ou exercício”.

Uma opção pode ser do tipo européia ou americana. A primeira

somente pode ser exercida na data de vencimento. Já a segunda permite que os

detentores da opção a exerçam a qualquer momento, respeitando-se a data de

vencimento do contrato.

A equação e a representação gráfica do resultado para o detentor e

para o lançador de opções de compra européia, a seguir, foram extraídas de

Brasil (2005):

Posição comprada Resultado = cT = Máx (ST – X; 0)

Posição vendida Resultado = – Máx (ST – X; 0) = Mín (X– ST;0)

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Onde:

ST = preço do ativo-objeto na data de vencimento;

X = preço de exercício;

c = valor de uma opção de compra européia (prêmio);

cT = valor de uma opção de compra européia, na data de vencimento.

FIGURA 1 – Opção de compra européia.

Fonte: Brasil (2005).

A equação e a representação gráfica do resultado para o detentor e

para o lançador de opções de venda européia também são referenciadas por

Brasil (2005):

Posição comprada Resultado = pT = Máx (X – ST; 0)

Posição vendida Resultado = – Máx (X – ST; 0) = Mín (ST – X;0)

Onde:

ST = preço do ativo-objeto na data de vencimento;

X = preço de exercício;

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p = valor de uma opção de venda européia (prêmio);

pT = valor de uma opção de venda européia, na data de vencimento.

FIGURA 2 – Opção de venda européia.

Fonte: Brasil (2005).

Os seis fatores dos quais depende o preço de uma opção, conforme

Hull (1998), são: o valor do ativo objeto/ativo subjacente (S), o preço de exercício

(X), o tempo até o vencimento (T), a volatilidade do preço do ativo-objeto (), a

taxa de juros livre de risco (r) e os dividendos esperados até a data de vencimento

da opção (D). O QUADRO 1 resume os efeitos de cada um desses itens no preço

da opção:

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25

QUADRO 1

Efeitos sobre o preço da opção

Determinantes

Opção de

compra

européia

Opção de

compra

americana

Opção de

venda

européia

Opção de

venda

americana

Preço da ação + + - -

Preço de exercício - - + +

Tempo até o vencimento ? + ? +

Volatilidade + + + +

Taxa de juros livre de risco + + - -

Dividendos - - + +

Fonte: Brasil (2002, p.139).

Mais tempo até o vencimento, no caso de opções européias, não

implica necessariamente maior valor para essa opção. Mas o seu valor pode ser

afetado pela distribuição de dividendos.

Uma opção pode ser classificada em relação à probabilidade de

exercício da seguinte forma:

QUADRO 2

Classificação de opções pela probabilidade de exercício

Classificação Opção de compra (call option)

Opção de venda (put option )

In-the money (dentro do dinheiro)

Preço do ativo-objeto é maior que o preço de exercício

Preço do ativo-objeto é menor que o preço de exercício

Al-the money (no dinheiro)

Preço do ativo-objeto é igual ao preço de exercício

Preço do ativo-objeto é igual ao preço de exercício

Out-of-the money Preço do ativo-objeto é menor que o preço de exercício

Preço do ativo-objeto é maior que o preço de exercício

Fonte: Silva Neto, L.A. Opções: do tradicional ao exercício. 2ed. São Paulo, Atlas, 1996, p.22, 1996 (citado por MONTEIRO, 2003, p.76).

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26

Monteiro (2003, p.76) ressalta que é de fundamental importância se

uma opção está dentro ou fora do dinheiro para poder-se avaliar corretamente

seu prêmio.

2.1.2 Opções reais

O processo de globalização da economia provocou mudanças

fundamentais no ambiente empresarial. As empresas, para sobreviverem, tiveram

que ampliar seu campo de visão para além das fronteiras de suas organizações.

Com a intensificação do fluxo de informações cada vez mais facilitado e à

disposição de todos, as empresas sofrem influência e influenciam o ambiente em

que atuam de forma mais intensa, devendo estar mais atentas aos componentes

do mercado e de que forma podem beneficiar ou prejudicar os seus negócios. A

rapidez na adaptação e antecipação às transformações do ambiente pode

determinar a sobrevivência da empresa.

Apesar de toda essa transformação do mercado no Brasil, a avaliação

de projetos de investimentos por parte de grandes empresas aparentemente se

concentra na utilização de modelos tradicionais, baseados no fluxo de caixa

descontado (OLIVEIRA; SOUSA NETO, 2005). A principal crítica desses autores

é que os modelos clássicos apresentam a dificuldade de capturar adequadamente

a natureza dinâmica e a sinergia desses eventos com a incerteza.

A flexibilidade gerencial, materializada na possibilidade de a empresa

sintonizar-se com novas realidades, deve ser analisada pela empresa

(MARTINEZ, 1998, p.37). Minardi (2000, v.40, p.75) observa que a flexibilidade

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gerencial ou as formas de adaptação às mudanças do ambiente empresarial nada

mais são que uma série de opções reais.

A teoria das opções reais é uma linha de pensamento sobre avaliações

e tomadas de decisões (PEREIRA; HAMACHER, 19--, p.5). Opções reais

permitem que as empresas avaliem as oportunidades futuras de negócios e seus

projetos de investimento através de um poderoso caminho (AMRAN e

KULATILAKA, 2000). “É a flexibilidade que um gerente tem para tomar decisões a

respeito de ativos reais” (SANTOS; PAMPLONA, 2003, p. 4). Segundo Copeland

(2002), a análise de opções reais é uma das idéias mais importantes e recentes

em finanças corporativas. Seu conceito é:

Uma opção real é o direito, mas não a obrigação, de empreender uma ação (por exemplo, diferir, expandir, contrair ou abandonar) a um custo pré-determinado que se denomina preço de exercício, por um período preestabelecido - a vida da opção (COPELAND; ANTIKAROV, 2001, p.6).

Amram e Kulatilaka (1999) apresentam as formas mais comuns de

opções presentes nas empresas e projetos:

• Opções de tempo: o investimento pode ser postergado até que se

obtenham mais informações do mercado, minimizando a incerteza.

• Opções de crescimento: é a opção de expandir os negócios da

empresa diante de um cenário otimista, mediante um investimento

adicional. O oposto seria a opção de contrair os negócios da empresa

frente a um cenário pessimista.

• Opções de escalonamento de investimentos: é a possibilidade de

investir em um projeto em etapas e não de uma vez. Assim, cada etapa

concluída cria novas opções de prosseguimento, adiamento ou

abandono do projeto.

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• Opções de saída: diante de condições de mercado desfavoráveis, a

empresa possui a opção de abandonar o projeto. Esse abandono pode

ser definitivo ou temporário, até que se restabeleçam as condições

normais de mercado. A opção de abandono aumenta o valor do projeto

devido à redução do investimento de risco.

• Opções de flexibilidade: um investimento adicional pode permitir uma

opção de flexibilidade nos negócios que agrega valor ao projeto. Se o

valor da opção superar a economia do investimento normal (sem a

flexibilidade), a empresa deve fazer esse investimento adicional e

exercer esta opção no momento oportuno.

• Opções operacionais: flexibilidades para se alterarem os processos

operacionais de modo a se adequarem melhor às circunstâncias do

mercado agregam valor ao projeto.

• Opções de aprendizado: a possibilidade de experimentar ou testar em

menor escala pode significar opções de aprendizado importantes para

minimizar a incerteza no momento de se fazer o investimento completo.

Minardi (2000) complementa os tipos de opções apresentando a opção

de se abandonar o projeto ainda em fase de construção; a de se alterarem as

matérias-primas ou os produtos finais de um projeto; e a de se realizarem outros

investimentos dependentes de um projeto inicial.

Uma observação importante feita por Amran e Kulatilaka (1999) é a de

que uma opção dificilmente ocorre de forma isolada, ela faz parte de um pacote

complexo. Então, ao investir em um projeto, uma gama de opções se abre,

devendo estas ser mensuradas e avaliadas de modo a buscar o caminho que irá

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maximizar os ganhos ou minimizar as perdas da empresa. Postali e Picchetti

(2005, p.5) levantam um debate sobre a não aditividade das opções, afirmando

que ”o valor incorporado por uma opção adicional, na presença de outras

flexibilidades, é menor que o seu valor isolado, além de ser decrescente no

número de opções presentes”. Citando Trigeorgis (1993)3, esses autores expõem

que só é possível separar os valores de opções quando estas não interagem

entre si. Complementam acrescentando que a aditividade das opções aumentam

quando se trata de opções opostas, quando as maturidades são próximas e

quando as opções estão fora do dinheiro. Apesar da aditividade ser válida para

casos específicos, muitos trabalhos utilizam essa propriedade.

Como a aplicação do modelo de opções reais é recente, este apresenta

algumas limitações e complicações, observadas por Oliveira e Souza Neto (2005):

• Como normalmente o ativo subjacente não é negociado no mercado,

torna-se difícil definir o seu valor, sendo necessária a utilização do fluxo

de caixa descontado.

• Em alguns casos, a volatilidade não pode ser observada diretamente,

sendo necessária a utilização de ativo correlato.

• Em muitas situações, devem ser consideradas interações, cujos

cálculos são bastante complexos.

• O preço de exercício da opção é incerto e depende de um processo

estocástico.

• Dificuldade de se estabelecerem correlações entre as variáveis

presentes em uma opção.

• As opções reais nem sempre são de propriedade exclusiva.

3 TRIGEORGIS, L. The Nature of Interaction and The Valuation of Investments with Multiple Real

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Na análise tradicional, um projeto é viável quando o valor presente dos

fluxos de caixa líquidos projetados é positivo (AMRAM; KULATILAKA, 1999). “As

decisões gerenciais são consideradas estáticas e as opções reais existentes no

projeto não são quantificadas” (MINARDI, 2000, v.40, n.2, p.75).

A quantificação das flexibilidades gerenciais torna possível não só

capitalizar futuras oportunidades, quanto reduzir as perdas, ou seja, aumentar seu

potencial de ganho e limitar seu potencial de perdas (MINARDI, 2000). Como

conseqüência, obtém-se tomada de decisão mais acertada e avaliação mais real

dos projetos.

A abordagem baseada em opções espelha a realidade da gestão: cada

decisão de investimento modifica o conjunto dos investimentos que podem ser

feitos no futuro (AMRAM; KULATILAKA, 1999, p.35). Isso leva a crer que o ato de

efetuar um investimento é um processo dinâmico e que, devido à incerteza do

mercado e da própria empresa, pode gerar, quando implantado, resultados

diversos. Então, mapear as fontes de incerteza e incorporá-las ao processo

decisório é fundamental para antecipar as mudanças e efetuar investimentos com

mais chances de geração de valor, objetivo principal de toda empresa.

Minardi (2000) salienta que a teoria de opções é a abordagem mais

adequada para avaliar projetos com opções operacionais e estratégicas, sendo

capaz de aliar as áreas de estratégia e finanças na mesma ferramenta.

A teoria das opções reais vem complementar a teoria tradicional de

avaliação de investimentos através do conceito do valor presente líquido

expandido.

adesflexibilidltradicionaandido ValorVPLVPL +=exp

Options. [s.l.] Journal of Financial an Quantitative Analyses 28, n. 1, March, 1993, p. 1-20.

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De acordo com a teoria das opções reais, o projeto é compreendido

como um conjunto de opções, cujo ativo-objeto é o valor desse projeto. A

obtenção desse valor é possível utilizando-se os conhecimentos de opções

financeiras. Ao utilizar uma taxa livre de risco, a teoria elimina o problema de ter

que encontrar uma taxa de desconto de acordo com o risco do projeto, que vai se

alterando ao longo dos períodos. O QUADRO 3 detalha cada tipo de opção:

QUADRO 3

Tipos de opções

Opção real Opção financeira Postergar

Opção de compra americana do valor presente do projeto (V = preço do ativo-objeto), mediante desembolso do investimento (I = preço de exercício) VPLExpandido = máx (V-1,0)

Cancelar novas etapas do investimento

Opção composta em que cada etapa de construção é encarada como uma opção de compra no valor das etapas subseqüentes, sendo o preço de exercício a prestação do investimento necessária para prosseguir para a próxima etapa.

Expandir a escala de produção

Opção de compra de uma parcela de x% da escala-base do projeto (xV = preço do ativo-objeto), mediante o investimento adicional (lê = preço de exercício) VPLExpandido = V + máx (xV-le)

Contrair a escala de produção

Opção de venda de uma parcela c% da escala-base do projeto (cV – preço do ativo-objeto), economizando a uma parte dos custos (lc = preço de exercício). VPLExpandido = V + máx (lc – cV,0)

Fechar temporariamente

A operação de cada ano é vista como uma opção de compra de receita de caixa do ano. R = preço do ativo-objeto, tendo como preço de exercício os custos operacionais variáveis (IV = preço de exercício). Vopção máx = R (IV,0). Podemos também encarar o problema como uma opção entre obter o valor do projeto V (líquido dos custos fixos) menos os custos variáveis IV e fechar e receber o valor do projeto menos a receita de caixa prevista no ano R. VPexpandido = máx (V-IV, V-R)-IF = (V-IF)-mín (IV,R)

Abandonar pelo valor

Opção de venda americana no valor do projeto. V = valor residual do ativo-objeto, recebendo-se o valor residual (A = preço de exercício) Vopção = max (A-V,0) VPexpansão = máx (A,V)

Fonte: Minardi (2000, p.77).

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Segundo Minardi (2000), as principais diferenças entre opções reais e

financeiras são:

• Enquanto as opções financeiras apresentam vida curta, as reais têm vida

longa ou até mesmo perpétua.

• Devido à vida curta, o custo de exercê-la no momento ótimo não é

significativo. Já no caso das opções reais, é crítica a decisão de exercer

antecipadamente uma opção ou um projeto.

• No caso das opções financeiras, os ativos-objetos são negociados em

vários mercados e seu preço nunca é negativo. Assim, a escolha dos

processos aleatórios para a sua precificação é mais limitada. Como nas

opções reais os ativos-objetos possuem características opostas, pode ser

necessário trabalhar com maior gama de processos aleatórios para a sua

precificação.

• Uma opção financeira possui preço de exercício determinado e único. Nas

opções reais, o preço de exercício geralmente é representado pelo valor do

investimento do projeto e pode variar ao longo do tempo, inclusive de

forma aleatória.

• Geralmente, as opções financeiras envolvem uma única opção. Já as reais

normalmente são compostas.

• As opções financeiras são exclusivas do investidor e as reais apresentam

grau de exclusividade dependente da estrutura do mercado.

• No caso de opções financeiras, a eficiência do mercado ajusta os preços

rapidamente, fazendo com que retornos acima do mercado tenham vida

curta, prevalecendo a taxa de equilíbrio. Como no caso das opções reais o

mercado de bens e serviços é menos perfeito, é possível alcançar ganhos

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superiores ao equilíbrio de mercado, enquanto perdurar a sua vantagem

competitiva.

Diante das diferenças apresentadas, fica evidente a maior

complexidade das opções reais frente às opções financeiras. Isso irá refletir na

metodologia a ser utilizada para obter o valor da opção. As reais exigem modelos

mais complexos e robustos, que sejam capazes de alcançar as diversas fontes de

incerteza presentes nos projetos de investimentos.

Oliveira e Sousa Neto (2005) enfatizam três pontos em relação ao

modelo de opções reais:

• o caráter complementar do modelo em relação aos modelos tradicionais;

• devido à sua complexidade, é mais útil na avaliação de projetos do que na

avaliação de empresas;

• diante de pouca flexibilidade ou baixo risco, o modelo do fluxo de caixa

descontado se mostra mais adequado, mesmo diante de suas limitações.

Amram e Kulatilaka (1999, p.38) destacam a importância da mudança

de cultura nas organizações para possibilitar a aplicação da teoria de opções:

... a complexidade das ferramentas obscureceu o poder das idéias subjacentes. Acreditamos que o verdadeiro valor das opções reais não está nos resultados de fórmulas matemáticas, mas na modificação do pensamento dos executivos sobre investimento estratégico.

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2.2 Modelos de avaliação de opções

Os principais modelos de precificação de opções são o binomial,

proposto por Cox, Ross e Rubinstein (1979), e o de Black-Scholes (1973). Sua

importância justifica-se pela impossibilidade de se utilizar o fluxo de caixa

descontado para valorar opções. Essa afirmativa é confirmada por Brealey e

Myers (1998, p.573):

Nas opções, o nosso procedimento normal de: 1) prever os fluxos de tesouraria futuros e 2) atualizá-los ao custo de oportunidade do capital - não nos ajuda. O primeiro passo é confuso, mas possível. Encontrar o custo de oportunidade do capital é impossível, uma vez que o risco de uma opção varia sempre que o preço da ação se altera e sabemos que esse preço seguirá um passeio aleatório ao longo da vida da opção.

2.2.1 Modelo Black e Scholes

O modelo Black e Scholes foi criado no ano de 1973 por Fisher Black e

Myron Scholes, a partir do artigo “The Princing of Options and Corporate

Liabilities”, que significou um grande avanço no estudo das finanças corporativas

e uma enorme contribuição à precificação de opções.

Marreco (2001, p.26) define bem a idéia central do modelo Black e

Scholes ao dizer que esta “reside na adoção de um portfólio que, através de um

mecanismo de hedge 4 , elimina oportunidades de arbitragem e garante ao

investidor um retorno igual à taxa livre de risco”. De acordo com Hull (1998), uma

importante propriedade da equação diferencial do modelo Black e Scholes é que

ela não envolve qualquer termo relacionado às preferências de risco dos

4 Hedge é uma operação que visa a reduzir a exposição ao risco.

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investidores. Permite, assim, que a premissa de que todos os investidores são

neutros ao risco seja aceita sem que a solução da equação seja afetada. Outra

premissa é a de que o preço do ativo-objeto varia ao longo do tempo, de acordo

com um processo estocástico5 chamado movimento geométrico browniano6, cuja

distribuição probabilística dos preços futuros do ativo objeto é representada por

uma curva log-normal.

As sete hipóteses do modelo Black e Scholes apresentadas por

Copeland e Antikarov (2001, p.108) são fundamentais para compreenderem-se as

limitações do modelo na aplicação às opções reais:

• A opção avaliada só pode ser exercida no vencimento, ou seja, são opções

européias.

• Só há uma fonte de incerteza, as opções compostas são excluídas.

• A opção é embasada em um único ativo subjacente sujeito a risco,

hipótese que também exclui as opções compostas.

• O ativo subjacente não paga dividendos.

• O preço de mercado corrente e o processo estocástico, seguido pelo ativo

subjacente, são conhecidos (observáveis).

• A variância do retorno sobre o ativo subjacente é constante ao longo do

tempo.

• O preço de exercício é conhecido e constante.

5 As variáveis estocásticas são aquelas que evoluem de maneira aleatória. 6 O processo geométrico browniano é uma particularidade do processo de Markov, em que se considera que os preços futuros dependem somente do último preço do ativo que, por sua vez, já incorpora todo o histórico dos preços passados. Para mais detalhes, consultar Hull (1998) e Dixit e Pindyck (1993).

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Esse modelo combina um empréstimo com o ativo-objeto para valorar a

opção, conforme expresso por Brasil (2002, P.163):

Uma combinação do ativo-objeto com um empréstimo pode de fato replicar uma opção, num período infinitesimal de tempo. Como o preço da ação variará no primeiro período, uma outra carteira “replicante” será necessária para duplicar a opção de compra no segundo instante, e assim por diante.

As fórmulas de Black e Scholes7 para o valor de uma opção de compra

(call) e de uma opção de venda (put) européias são:

calldNeXdNSc rT →⋅⋅−⋅= − )()( 21

putdNSdNeXp rT →−⋅−−⋅⋅= − )()( 12

[ ] [ ] 5,0221 /)5,0()ln( TTrXSd ⋅⋅++= σσ

[ ] 5,0212 Tdd ⋅−= σ

Para

S = valor à vista do ativo-objeto;

X = preço de exercício da opção;

r = taxa de juros anualizada (capitalização contínua);

e = algarismo neperiano = 2,71828...;

= desvio-padrão anual da taxa contínua de retorno do ativo-objeto;

T = tempo em anos até o vencimento da opção;

N(d) = probabilidade de uma variável aleatória, de distribuição normal

padronizada, ser menor ou igual a d.

Bertucci (2001, p.81) expõe um aspecto crítico do modelo Black e

Scholes relacionado ao fato de que os retornos do ativo obedecem a movimentos

7 O desenvolvimento das equações do modelo Black e Scholes está presente em Hull (1998), Minardi (2004) e em Marreco (2001).

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denominados brownianos, ou seja, admite-se que a variância é constante. De

acordo com o autor:

Naturalmente, tais movimentos dos retornos de ativos subjacentes a contratos de opções ao longo do tempo não revelam padrões discerníveis de comportamento e, portanto, a premissa de variância constante é apenas uma simplificação inserida no modelo B-S. Esta é, portanto, uma justificativa para que analistas acadêmicos e agentes de mercado mudem constantemente o parâmetro da volatilidade (variância de retornos) para incorporar inovações mais recentes ocorridas sobre o ativo (BERTUCCI, 2001, p.81).

Uma vantagem desse modelo é que todas as variáveis utilizadas no

cálculo do valor da opção podem ser observadas no mercado, à exceção da

volatilidade. Alguns métodos para estimar a volatilidade são apresentados por

Marreco (2001) e também por Martins (2005): a volatilidade histórica, a

volatilidade implícita e a volatilidade condicional calculada pelos métodos ARCH

(Autoregressive Condicional Heteroskedasticity) e GARCH (Generalized

Autoregressive Condicional Heteroskedasticity).

A volatilidade histórica é calculada como sendo o desvio-padrão de

dados históricos recentes de retornos de ativos, considerando-se a premissa de

distribuição log-normal. Já a volatilidade implícita é calculada invertendo-se as

fórmulas do modelo Black e Scholes, com o objetivo de determinar-se o desvio-

padrão dos retornos do ativo subjacente empregado em um momento qualquer

para a determinação de um preço específico no mercado. O valor do desvio-

padrão encontrado é reinserido no modelo para a obtenção do preço da opção em

um momento posterior8.

8 Para mais detalhes do cálculo da volatilidade, consultar Bertucci (2001).

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2.2.2 Modelo binomial

O modelo binomial multiplicativo de precificação de opções tem sua

origem no popular artigo de Cox, Ross e Rubinstein (1979), cujo título é “Option

pricing: a simplified approach”. Esse modelo possui o mesmo raciocínio lógico e

basicamente as mesmas premissas do modelo Black e Scholes. Pode ser

considerado uma árvore de decisão que utiliza os conceitos da teoria de opções

para o tempo discreto.

Para precificar opções, esse modelo baseia-se em uma fórmula simples

do processo de preço do ativo, em que a cada momento pode se deslocar para

um de dois preços possíveis (DAMODARAN, 1997).

No modelo binomial, é necessária a utilização de uma carteira

alternativa que, ao ser comparada à opção, possibilita a obtenção do valor dessa

opção. Brasil (2002, p.151) exemplifica como o modelo é operacionalizado:

Imagine uma carteira “replicante” livre de risco, substitutiva da opção. Um investidor pode: a) tomar um empréstimo e comprar a ação hoje; ou b) comprar hoje uma quantidade de opções que lhe dão direito de comprar ações daqui a um ano. A quantidade deve ser calculada, maneira a fazer com que a carteira “replicante” tenha desempenho idêntico ao das opções.

A forma de se calcular para o modelo binomial simples é:

Seja:

S = valor à vista do ativo-objeto;

X = preço de exercício da opção;

S . u = valor maior do ativo-objeto em t1;

S . d = valor menor do ativo-objeto em t1;

u = taxa de crescimento do preço do ativo-objeto;

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d = taxa de redução do preço do ativo-objeto;

r = taxa de juros R = (1+r);

c = valor da opção.

Assim, seguem-se as fórmulas para efetuar os cálculos:

[ ]XuSMáxcu −⋅= )(;0

( )[ ]XdSMáxcd −⋅= ;0

)()(

cdcudu

S−−⋅=∆

( )[ ] ∆∆+−= RcuuRSc / ( )( )

( )( ) R

duRu

cddudR

cuc /

−−⋅+

−−⋅=

Ou

[ ] Rpcdpcuc /)1( −⋅+⋅=

)/()( dudRp −−=

O valor de deve ser escolhido de modo que o retorno do portfólio seja

igual ao retorno obtido pela aplicação livre de risco, garantindo, assim, que não

existirão oportunidades de lucro através de operações de arbitragem (MARRECO,

2001).

O modelo expresso anteriormente é o modelo binomial para um estágio.

Brasil (2002) apresenta um modelo para mais de um estágio, através de uma

estratégia de precificação que promove o encurtamento do período e estabelece

vários períodos subseqüentes, criando, assim, uma árvore binomial de n períodos.

A FIG. 3 mostra uma árvore binomial de dois estágios:

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40

FIGURA 3 – Árvore binominal de dois estágios.

Fonte: Brasil (2002, p;155).

Brasil (2002, p.156) mostra as equações do modelo binomial9:

reS

SdppSu =−+ )1(

[ ] 2222 )1()1( σ=−+−−+ dppudppu

teu ∆⋅= σ

ued t 1== ∆−σ

( ) ( )dudep r −−= /

Para

S = valor à vista do ativo-objeto;

X = preço de exercício da opção;

S . u = valor maior do ativo-objeto em t1;

S . d = valor menor do ativo-objeto em t1;

u = taxa de crescimento do preço do ativo-objeto;

d = taxa de redução do preço do ativo-objeto;

9 Para mais detalhes a respeito da formulação do modelo binomial, consultar Hull (1998).

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41

r = taxa de juros anualizada (capitalização contínua);

e = algarismo neperiano = 2,71828...;

= desvio-padrão anual da taxa contínua de retorno do ativo-objeto.

O motivo pelo qual o modelo binomial se adequa bem à avaliação de

opções americanas reside na capacidade de incorporar todas as alterações de

preços possíveis, considerando-se a possibilidade do exercício antecipado. Em

um determinado nó, caso o valor intrínseco obtido pela diferença entre o preço de

exercício e o preço corrente seja maior que o valor da opção, este prevalecerá na

solução. Assim, é possível inserir no modelo o risco do exercício anterior à data

de maturidade da opção (MARRECO, 2001; GONÇALVES, 2005).

2.2.3 Métodos para modelagem do processo estocástico do ativo subjacente

Copeland e Antikarov (2001) apresentam dois métodos a serem usados

para a modelagem do processo estocástico do ativo subjacente, o processo

aditivo estocástico e o multiplicativo estocástico. A escolha de um deles depende

das características do ativo subjacente a ser modelado e da opção a ele

condicionada.

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42

2.2.3.1 Processo multiplicativo ou geométrico estocástico

De forma análoga às opções financeiras, as opções reais apresentam

os seguintes componentes para a montagem da árvore de eventos:

• V0 é o valor presente do projeto sem flexibilidade;

• é a volatilidade do projeto;

• u é o movimento ascendente, cuja fórmula é u = e;

• d é o movimento descendente, cuja fórmula é d = 1/u ou d = e-;

• p e (1-p) são as probabilidades objetivas.

Seu início ocorre a partir de um valor V0, que é multiplicado pelo fator

de movimento ascendente u > 1 e descendente d < 1, dando origem a uma grade

ou árvore de eventos.

A árvore binomial é recombinante, o que significa que as ramificações

voltam aos mesmos pontos, ou seja, as ramificações centrais da árvore binomial

apresentam o mesmo valor. Além disso, as variações de valor de um nó para

outro são proporcionais.

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43

FIGURA 4 – Processo multiplicativo estocástico.

Fonte: Copleand e Antikarov (2001).

No limite da árvore, a distribuição dos resultados nas ramificações finais

aproxima-se de uma distribuição logarítmica normal. Conforme demonstrado pela

FIG. 5, o valor da ramificação final superior se aproxima positivamente do infinito

e o valor da ramificação inferior final se aproxima de zero, pois dT se aproxima de

zero no limite quando o número de períodos se aproxima do infinito.

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FIGURA 5 – Distribuição logarítmica normal.

Fonte: Copeland e Antikarov (2001, p.125).

Quando o ativo subjacente rende dividendos, costuma-se pressupor

que os dividendos pagos são proporcionais ao valor para, assim, preservar a

propriedade recombinante das árvores de eventos que descrevem a evolução do

preço do ativo subjacente ao longo do tempo.

O modelo multiplicativo é o mais utilizado por aqueles que trabalham

com processos estocásticos.

2.2.3.2 Processo aritmético ou aditivo estocástico

A grande diferença entre o modelo aditivo e o multiplicativo é que no

processo aditivo ou aritmético os movimentos ascendentes e descendentes ao

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45

longo da árvore são considerados aditivos em vez de multiplicativos, ou seja, os

valores se alteram pela soma do movimento ascendente ao valor anterior ou pela

subtração do movimento descendente. É utilizado quando o valor do projeto pode

se tornar negativo.

FIGURA 6 – Processo aditivo estocástico.

Fonte: Copeland e Antikarov (2001).

As variações de um nó para outro não são proporcionais. Assim, a taxa

de aumento dos valores do processo aditivo é mais lenta e a de redução mais

acelerada do que no processo multiplicativo.

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O processo aditivo também é recombinante. No limite, aproxima-se da

distribuição normal, ou seja, possui distribuição simétrica, e na cauda esquerda os

valores aproximam-se de menos infinito.

FIGURA 7 – Distribuição normal.

Fonte: Copeland e Antikarov (2001, p.126).

Quando o ativo subjacente rende dividendos, costuma-se pressupor

que os dividendos pagos são constantes e adicionados para, assim, preservar a

propriedade recombinante das árvores de eventos que descrevem a evolução do

preço do ativo subjacente ao longo do tempo.

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47

2.3 Opção de abandono

A flexibilidade gerencial de se abandonar um investimento representa

uma “posição comprada em put americana”, ou seja, está-se na posição do

detentor de uma opção de venda, cujo valor de exercício é o valor residual obtido

com a venda dos ativos. Nesta situação, o valor da opção cresce com o valor de

exercício, com o aumento da volatilidade do projeto e com a ampliação da vida útil

do projeto. Já o aumento do valor do projeto faz com que o valor da opção

decresça (BRASIL, 2002).

Em consonância com o modelo de opções reais, a opção de abandono

é uma flexibilidade gerencial valiosa, portanto, deve ser precificada e incorporada

ao valor atual do projeto. Conforme fórmula extraída de Brasil (2002):

VORVPLVPL TF +=

= +

O valor líquido do ativo-objeto é obtido a partir de uma árvore de

decisão (binomial). As fórmulas e o diagrama desse modelo já foram

apresentados em capítulo anterior.

“A meta é precificar a opção de abandono, de modo a avaliar com mais

precisão o investimento” (BRASIL, 2002, p.176). À medida que o número de

intervalos da análise aumenta, o modelo binomial aproxima-se do resultado

apresentado pelo modelo de Black e Scholes.

Valor do negócio com opção de

abandono

Valor do negócio sem opção de

abandono

Valor da opção de abandono

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O momento de se abandonar um projeto, quando analisado pela ótica

das opções reais, nunca ocorre antes do momento recomendado pelo método do

FCD (DIAS, 2005). Como o modelo do FCD subestima o valor do projeto,

ignorando as flexibilidades gerenciais, este pode indicar um abandono prematuro

do investimento.

As opções de abandono são principalmente aplicadas a negócios das

áreas de pesquisa e desenvolvimento, de exploração e desenvolvimento de

recursos naturais, de desenvolvimento de novos produtos e de programas de

fusões e aquisições. Conforme observado por Copeland e Antikarov (2001),

muitos de seus clientes apresentam a forte e devastadora tendência de aferrar-se

por tempo demais a um projeto. É aí que a opção de abandono fornece

informações fundamentais à tomada de decisões ao proporcionar não só uma

estimativa do valor do abandono ótimo, mas indicar também quando o abandono

deve ser exercido.

Dias (2005) indica os dois principais modelos de opção de abandono:

• O modelo desenvolvido por Myers e Majd (1990)10, que utiliza a analogia

entre opções de abandono e opção financeira de venda. Uma extensão

desse modelo permite também a precificação de opções de troca de ativos,

ou seja, o abandono de um projeto em troca de outro.

• Os modelos de histerese presentes em Dixit e Pindyck (1993), que

consideram a interação de outras opções, como, por exemplo, a parada

temporária e reativação.

10 MYERS, S.C.; MAJD, S. Abandonment Value and the Project Life. [s.l.] Advances in futures and options reseach. V. 4, 1990, p. 187-221.

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Copeland e Antikarov apresentam duas formas de se avaliar uma opção

de abandono, baseadas no modelo binomial, indiretamente e diretamente. Ambas

serão detalhadas a seguir.

2.3.1 Opções de abandono avaliadas indiretamente

O ponto inicial para obter-se o apreçamento de uma opção de

abandono é a seleção dos parâmetros para descrever o processo estocástico

para o valor de um ativo subjacente sujeito. São eles: valor presente sem

flexibilidade (V0), movimentos ascendente e descendente (u e d), número de

períodos, taxa livre de risco (rf) e custo de capital do projeto (k). Calcula-se, então,

a árvore de eventos utilizando-se o processo multiplicativo estocástico.

Para calcularem-se as probabilidades objetivas que o mercado

determina para os fluxos de caixa do projeto no final do período, parte-se da

premissa de que há uma triangularidade implícita entre o preço corrente do ativo

subjacente, os retornos esperados ao final do período (que estão alicerçados na

volatilidade do projeto), o custo de capital e as probabilidades objetivas.

Conhecendo-se os demais parâmetros, pode-se calcular as probabilidades

objetivas p e (1-p) a partir da seguinte fórmula:

( ) tkd

tku edVpepuVV //

0 1 −− −+=

Utilizando-se a árvore de eventos calculada a partir do processo

multiplicativo estocástico, calcula-se em cada nó o retorno, conforme a próxima

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fórmula, onde Vt é o retorno do ativo subjacente e X o preço de exercício da

opção de abandono:

[ ]XVMAXRETORNO t ,=

FIGURA 8 – Árvore de decisão.

Fonte: Copeland e Antikarov (2001).

Quando o valor máximo for X, a decisão é de abandono do negócio; se

for o retorno do ativo subjacente, a decisão é prosseguir.

Para obter-se o valor da opção de abandono, utiliza-se a abordagem do

portfólio replicado ou da probabilidade neutra ao risco. O portfólio utilizado para

replicar os retornos de final de período é composto por m unidades do ativo

subjacente mais B títulos.

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Inicia-se a partir do final da árvore de decisão e de trás para frente ao

longo da árvore, retornando os valores, conforme expresso pela FIG. 9, até que

se encontre o valor do projeto com flexibilidade.

FIGURA 9 – Valor do projeto com opção de abandono.

Fonte: Copeland e Antikatov (2001).

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De posse do valor do projeto com flexibilidade, o cálculo do valor da

opção de modo indireto é feito pela subtração:

Valor da opção de abandono = valor do projeto com flexibilidade – valor do projeto

sem flexibilidade.

2.3.2 Opções de abandono avaliadas diretamente

O processo de avaliar a opção de abandono começa com a

montagem da árvore de eventos, utilizando-se o processo multiplicativo

estocástico.

FIGURA 10 – Processo multiplicativo estocástico.

Fonte: Copeland e Antikarov (2001).

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Na avaliação da opção de abandono de forma direta, os retornos são

expressos como:

[ ]VXMAX −,0

FIGURA 11 – Árvore de valor com retornos para a opção de venda.

Fonte: Copeland e Antikarov (2001).

Nessa forma de avaliar o valor de uma opção de abandono, forma-se

um portfólio de hedge constituído por m unidades do projeto sujeito a risco (sem

flexibilidade) e uma unidade da opção de venda americana.

Quando o portfólio de hedge encontra-se realmente livre de risco, então

seu valor presente, multiplicado pela taxa livre de risco, igualará os retornos

desse portfólio no final do período, tanto na situação ascendente quanto

descendente.

Tomando como exemplo o nó C, obtêm-se as seguintes fórmulas nas

situações ascendentes e descendentes:

( )[ ]( ) ( ) udfd PudVmrPdVm +=++ 00 1 (situação ascendente) e

( )[ ]( ) ( ) 202

0 1dfd PVdmrPdVm +=++ (situação descendente)

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O valor do coeficiente de hedge, m, para o nó C é obtido igualando-se

os retornos em fim de período.

( ) ( ) 202

0 dud PVdmPudVm +=+

( ) ( ) uddPPVdmudVm −=− 20

20

( ) uddPPVdudVm −=− 20

20

( )( ) uddPPdudVm −=− 20

( )dudV

PPm udd

−−

=0

2

Substituindo m por seu valor e calculando o preço da opção P0 a partir

do valor presente, multiplicado pela taxa livre de risco, igualado aos retornos

desse portfólio no final do período, chega-se ao resultado:

( ) ( )

( )f

uf

df

r

Pdu

drP

du

ru

P+

−−+

+

−+−

=1

11

0

As probabilidades q e 1-q são as que ajustam os retornos ao risco de

modo que possam ser descontadas à taxa livre de risco. Os valores dessas

probabilidades não variam de nó para nó, diferentemente do que acontece no

modelo de portfólio replicado. As fórmulas que permitem obter os seus valores

são:

( )du

ruq f

−+−

=1

e ( )

du

drq f

−−+

=−1

1

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O valor da opção de abandono é obtido a partir das fórmulas

apresentadas na FIG. 12:

FIGURA 12 – Valor da opção de abandono.

Fonte: Copeland e Antikarov (2001).

A grande vantagem do modelo de obtenção do valor da opção de

abandono de forma direta é a facilidade dos cálculos, porque as probabilidades

neutras em relação ao risco permanecem constantes.

2.4 Otimização dinâmica

As principais variáveis que causam impacto nas decisões de

investimentos são o fator tempo, a incerteza e as decisões futuras que serão

tomadas. Assim, o processo de tomada de decisões, no que se refere aos

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investimentos a serem realizados pela empresa, demanda ferramentas capazes

de lidar com essas contingências futuras.

Dixit e Pindyck (1993) apresentam duas ferramentas matemáticas cujas

premissas em relação ao mercado financeiro e as taxas de descontos são bem

distintas, apesar de apresentarem semelhanças entre si e alcançarem resultados

similares: programação dinâmica (dynamic programming) e análises de direitos

contingenciais (contingent claims analysis).

Os itens 2.5.1 a 2.5.3 foram elaborados a partir de Dixit e Pindyck (1993)

e das traduções de alguns capítulos dessa mesma obra realizadas por Luiz

Brandão (2001) da PUCRJ.

2.4.1 Programação dinâmica

A programação dinâmica é uma ferramenta utilizada para a avaliação

de ativos não replicáveis. Nela, a seqüência de decisões é dividida em duas

etapas: a decisão imediata e uma função de valoração que engloba as

conseqüências de todas as decisões subseqüentes.

Em um horizonte de planejamento finito, a última decisão pode ser

definida a partir do método tradicional de otimização estática, pois não apresenta

decisões subseqüentes e fornece a função de valoração para a penúltima decisão

e, assim, sucessivamente até se encontrar o valor no instante zero. Esse método

é adequado para mercados incompletos.

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2.4.2 Análise de direitos contingenciais

A análise de direitos contingenciais é empregada na avaliação de ativos

replicáveis e tem sua teoria fundamentada na teoria de finanças econômicas.

Os fluxos futuros de um projeto de investimento é que determinam o

seu valor, estando sujeitos à incerteza e a variações ao longo do tempo. Assim, a

empresa detentora do direito em relação a um projeto é proprietária, possui um

ativo que tem valor. Quando esse ativo é negociado no mercado, seu valor já é

mensurado pelo próprio mercado. Nos casos em que o ativo não é negociado no

mercado, é necessário relacioná-lo com outros que o são e, assim, calcular o seu

valor implícito.

Essa solução é obtida da montagem de um portfólio de ativos

negociados no mercado, que seja capaz de replicar os retornos do projeto

analisado agora e no futuro. Esse portfólio não precisa ser fixo. Seu valor é a

soma dos ativos que o compõem e é conhecido pelo mercado. O projeto de

investimento deve ter valor idêntico ao do portfólio de ativos, pois ambos

apresentam os mesmos retornos. Essa técnica é adequada para mercados

completos.

2.4.3 Parada ótima

A parada ótima é um caso particular de programação dinâmica

importante para casos em que o projeto em andamento apresenta a opção de

encerrá-lo por um valor residual. A decisão pode ser continuar e receber os fluxos

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positivos ou negativos gerados pelo negócio ou parar e receber um valor residual

pela venda de equipamentos, imóvel e outros, menos os custos de desativação.

A incerteza define a existência da opção de abandono (BRASIL, 2005,

p.2). Por causa da incerteza, não é garantido o abandono no momento em que os

custos da empresa superam suas receitas.

Considerando-se que o valor atual do projeto seja a soma do lucro atual

e o valor presente dos lucros futuros, tem-se:

( ) ( )[ ]1111

, ++++ tttt xFux ε

ρπ

Onde:

(xt,ut) = fluxo de lucro da firma no período t, que depende das variáveis

de estado xt e de controle ut;

xt = variável de estado que descreve o estado atual da firma no que se

refere às suas operações e oportunidades de expansão no período t;

ut = variável de controle que representa, a cada período t, as escolhas

disponíveis para a firma;

( )[ ]1111

+++ tt xFερ

= valor da continuidade na data atual;

= taxa de desconto.

A fronteira de abandono do projeto será obtida a partir da otimização de

uma função-objetivo baseada na equação geral de Bellman11.

( ) ( ) ( )[ ]

++= ++ 111

1,max tttt

utt xFuxxF

t

ερ

π

11 Para mais detalhes sobre as equações da programação dinâmica e de Bellman, ver Dixit e Pindyck (1993).

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A equação de Bellman, no caso de um problema de parada ótima,

considera (x) como o fluxo de lucro da firma na continuação e (x) como o payoff

decorrente da parada ou abandono12:

( ) ( ) ( ) ( )[ ]

++Ω= xxFxxxF '

11

,max ερ

π

F(x) = máx parar, continuar

Onde:

x’ = x futuro

x’|x = x futuro dado x atual

Da comparação entre os lucros futuros trazidos, a data atual e o preço

de exercício do abandono, cria-se a fronteira ótima de abandono. O controle ut

será igual a zero para a continuidade e terá valor unitário para o abandono13. As

três condições possíveis são:

xt = xt* Indiferença (Fronteira de Exercício) ( ) ( ) ( )[ ]xxFxx '1

1 ερ

π+

+=Ω

xt > xt* ut = 0 Continuidade do projeto ( ) ( ) ( )[ ]xxFxx '1

1 ερ

π+

+<Ω

xt < xt* ut = 1 Abandono do projeto ( ) ( ) ( )[ ]xxFxx '1

1 ερ

π+

+>Ω

O máximo da equação será obtido para alguns valores de x optando-se

por abandonar o projeto; para outros será obtido pela opção de continuidade do

projeto. Teoricamente, essa divisão poderia ser arbitrária, mas, geralmente, nas

12 Preço de exercício do abandono. 13 “Para que a decisão de abandono não seja reversível, sendo seguida de uma decisão de continuidade da operação, adotamos a premissa de que o comportamento do preço incorpora processo estocástico com correlação serial” (BRASIL, 2005, p.14).

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aplicações econômicas, existirá um único ponto de inflexão x*, com parada ótima

de um lado e continuação ótima do outro (FIG. 13):

FIGURA 13 – Região de parada e continuação do projeto.

Fonte: cedida por Brandão, PUCRJ (2001).

Através de um processo recursivo, a função de retorno é avaliada.

Inicia-se com a avaliação de Ft(xt) e, posteriormente, para os pontos

intermediários anteriores até que se obtenha o vetor de estado ótimo que

proporcione a maximização de Ft(xt).

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3 ESTUDO DE CASO

O mercado brasileiro de distribuição e revenda de combustíveis

automotivos é composto, conforme dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás

Natural e Biocombustível (ANP) do ano de 2004, de 485 bases de distribuição de

combustíveis líquidos derivados de petróleo e de álcool automotivo, das quais

40,4% se localizam na região Sudeste, e por 33.620 postos revendedores de

combustíveis automotivos, dos quais 46,0% se localizam também na região

Sudeste. Essa concorrência nesta região do país faz com que as distribuidoras

tenham que trabalhar com margens de distribuição cada vez menores para que

não percam sua participação no mercado e com que os postos de combustíveis

revendedores atuem com preços igualmente baixos. Esse fato pode ser

observado nos gráficos extraídos do Relatório Anual de Acompanhamento de

Mercado do ano de 2005, realizado pela Coordenadoria de Defesa da

Concorrência da ANP:

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Muitos desses postos próprios localizam-se em áreas em que as

distribuidoras trabalham com margens insuficientes para remunerar o capital

investido nesses empreendimentos. Este foi o fato principal que motivou a

aplicação da teoria de opções reais visando a observar o momento ótimo de

abandono do investimento para que essas empresas não mantenham em sua

carteira negócios que não agregam valor.

Este trabalho concentrou-se na área de investimentos em postos de

combustíveis automotivos. As empresas distribuidoras de combustíveis

automotivos trabalham com duas modalidades de investimentos: investimento em

postos revendedores de terceiros e em postos revendedores próprios.

A modalidade de investimento em postos próprios consiste na aquisição

ou arrendamento de um imóvel onde será construído o posto de combustível ou,

quando este já existe no local, é feita a reforma do imóvel. Como é proibida a

operação direta da distribuidora, salvo nos casos de postos-escola, que têm como

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fim o treinamento de mão-de-obra, a distribuidora pode sublocar o ponto depois

de reformado, recebendo aluguel fixo, ou pode contratar um operador para

administrar o posto e, para tal, receberá comissão mercantil. Essa comissão é um

percentual sobre a margem bruta gerada pelo posto, que é repassada ao

operador, ficando a outra parte para a distribuidora.

O estudo de caso foi aplicado na avaliação de um investimento

representativo do mundo real em um posto de combustíveis de propriedade de

uma empresa distribuidora, na modalidade de comissão mercantil. O investimento

prevê a aquisição de um imóvel no qual será construído um posto de

combustíveis.

A avaliação econômico-financeira desse tipo de investimentos utiliza o

VPL, a TIR e o pay back para fundamentar a tomada de decisão. A maior

limitação do modelo utilizado pelas empresas é a dificuldade de incorporar as

incertezas inerentes aos negócios.

A decisão de testar o modelo de análise das opções reais partiu da

identificação de sua utilização por empresas de exploração, prospecção e refino

de petróleo. Surgiu, assim, o interesse de avaliar se a teoria de opções reais

poderia ser aplicada a esse tipo de negócio e se complementaria a avaliação

tradicional de investimento com ferramentas que permitissem à empresa manter

em sua carteira somente os projetos que agreguem valor.

A flexibilidade gerencial selecionada foi a opção de abandono. As

características de estudo de caso serão descritas no capítulo 4.

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65

4 FORMULAÇÃO MATEMÁTICA DA OPÇÃO DE ABANDONO

4.1 Metodologia

Para o desenvolvimento desta dissertação, o método de pesquisa a ser

utilizado foi um estudo de caso e a revisão bibliográfica do tema.

O estudo bibliográfico visa a promover a fundamentação teórica dos

modelos e ferramentas a serem utilizadas e também a identificar a metodologia

mais adequada para esse tipo de pesquisa, permitindo a busca por resultados e

conclusões que permitam identificar se o modelo testado se torna adequado ao

tipo de negócio analisado.

O estudo de caso tem a finalidade de testar qualitativa e

quantitativamente o modelo de avaliação de projetos proposto neste trabalho.

Para o desenvolvimento deste estudo de caso, foram pesquisados os

modelos usados para a área de petróleo, minas de ouro e companhias aéreas.

4.1.1 Opção de abandono

Para valorar-se a opção de abandono, utilizou-se o modelo binomial,

que é uma metodologia adequada à avaliação da flexibilidade de abandono.

Conforme Marreco (2001, p.35):

O modelo binomial é o que melhor se adequa à avaliação de opções americanas, uma vez que é capaz de incorporar todas as

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alterações de preços possíveis, considerando a possibilidade do exercício antecipado. Se em um determinado nó o valor intrínseco (obtido pela diferença entre o preço de exercício e o preço corrente) for maior que o valor teórico da opção, esse prevalecerá na solução. Dessa forma, é possível incorporar ao modelo o risco do exercício anterior à data de maturidade da opção (MARRECO, 2001, p.35).

Primeiramente, foi feita a modelagem do processo estocástico do ativo

subjacente, neste caso o valor presente do projeto, utilizando-se o processo

multiplicativo exposto na FIG 15 (APÊNDICE).

Já de posse da árvore de eventos, passou-se para o cálculo do valor da

opção de abandono que foi avaliada de forma indireta e direta, somente para

confirmar-se o valor de opção obtido.

A montagem da árvore de decisão para a avaliação de modo indireto,

cujo retorno em cada nó é o máximo entre o valor do ativo adjacente e o valor de

exercício da opção de abandono, é apresenta na FIG. 16 (APÊNDICE).

Ainda na avaliação de modo indireto, obtém-se o valor da opção

utilizando-se a abordagem do portfólio replicado, conforme FIG. 17 (APÊNDICE).

O resultado obtido é o valor presente do projeto com flexibilidade. Então, o valor

da opção pode ser calculado subtraindo-se do valor presente do projeto com

flexibilidade o valor do projeto sem flexibilidade.

Já na avaliação de modo direto, a árvore de decisão é apresentada na

FIG. 18 (APÊNDICE) e o valor do retorno em cada nó é o máximo entre zero e o

valor de exercício da opção de abandono menos o valor do ativo adjacente.

O valor da opção de abandono é obtido na avaliação de modo direto,

através da montagem de um portfólio de hedge, conforme demonstrado na FIG.

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19 (APÊNDICE). O valor encontrado no nó representado pela letra a será o

próprio valor da opção de abandono.

4.1.2 Valor presente líquido expandido (VPLExpandido)

Para calcular-se o VPLExpandido, utilizou-se a fórmula indicada por

Trigeorgis (1996, p.66):

VPL expandido esperado = VPL estático esperado + Valor do abandono total

4.1.3 Fronteira de abandono

Conforme referenciado por Martins (2005), a decisão de abandono

pode ser entendida como um problema de parada ótima, caracterizando uma

decisão binária a cada período. Deve-se decidir o momento em que é melhor

prosseguir com o negócio e quando o abandono é a melhor alternativa. Para

obter-se a fronteira de abandono relativa aos resultados do projeto a partir dos

elementos de incerteza, é necessária a utilização da programação dinâmica e da

equação de Bellman.

Por meio de um processo recursivo, foi avaliada a função de retorno

sobre os nós na situação de máxima subida possível, ou seja, nos nós superiores

da árvore de eventos do modelo binomial (uV0, u2V0,..., u10V0), com o auxílio de

uma planilha eletrônica. A fronteira é composta das margens que igualam o valor

do ativo subjacente ao valor de exercício de abandono.

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4.2 Parâmetros de entrada

A montagem do fluxo de caixa, o cálculo do valor da opção de

abandono e a elaboração da fronteira ótima de abandono foram realizados em

planilha Excel. Os parâmetros de entrada serão apresentados nos itens a seguir.

4.2.1 Média e volatilidade da variável de incerteza ()

A variável de incerteza utilizada no projeto foi a margem de distribuição

acrescida da comissão mercantil, por representar o componente mais importante

da receita de um posto próprio e por apresentar grande oscilação ao longo do

tempo.

O cálculo da incerteza foi realizado a partir do cálculo da volatilidade da

margem de distribuição real praticada por uma distribuidora na mesma região do

projeto estudado, acrescida de um percentual de comissão mercantil sobre a

margem de revenda estimada. Foi selecionada uma série histórica composta de

um período de 45 meses (julho/2002 a março/2006) de margens reais de

distribuição de um posto localizado na região Sudeste, na qual foram calculados o

seu desvio-padrão e a sua média. Ao dividir o desvio-padrão pela média, obteve-

se a volatilidade em percentual no período.

A margem de revenda para o cálculo da comissão mercantil foi

estimada tomando-se como referência a relação observada no mercado de que a

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margem da revenda é aproximadamente quatro vezes a margem de distribuição,

com valor mínimo de U$69 por m³ de combustível.

Para garantir o sigilo das informações prestadas pela empresa

distribuidora de combustíveis, não serão detalhados a série histórica, o percentual

de comissão mercantil e a composição da cesta de produtos, tratados neste

trabalho somente como combustíveis.

O valor da volatilidade () foi anualizada utilizando-se a seguinte

fórmula:

anual = (12)1/2 * mensal

As principais vantagens da utilização da volatilidade histórica são: a

menor sensibilidade a valores extremos e possuir apenas um parâmetro, referente

ao período passado considerado (LEMGRUBER et al., 2001). Como desvantagem,

foi citada a ingenuidade do método, por não considerar a evolução da estrutura da

volatilidade ao longo do tempo e por atribuir pesos iguais a todas as observações

passadas. No caso deste trabalho, optou-se pela volatilidade histórica devido à

disponibilidade da série histórica real das margens de distribuição para a região

estudada.

O valor da volatilidade obtido foi de 133,26% e a média das margens de

distribuição acrescida da comissão mercantil foi de US$40,49 por m³ de

combustível.

4.2.2 Vida útil do projeto

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O horizonte de 10 anos foi considerado adequado para avaliar os

retornos proporcionados pelo projeto. Após esse período, os retornos foram

condensados em um valor residual, indicando a perpetuidade do projeto após o

período de análise.

4.2.3 Fluxo de caixa

O fluxo de caixa foi montado conforme o modelo:

QUADRO 4

Fluxo de caixa do projeto

Fluxo de caixa

Receita bruta operacional

(-) Deduções

Receita líquida operacional

(-) Custos e despesas operacionais

Lucro bruto

(-) Depreciação

Lucro bruto operacional (LBO)

(-) Impostos sobre o lucro

+ Depreciação

(-) Investimento bruto

(-) Variação na necessidade de capital de giro

( NCG)

+ Valor residual

Fluxo de caixa do projeto

Fonte: Brasil (2002, p.44).

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A receita líquida operacional (RLO) foi calculada a partir da seguinte

fórmula: RLO = (margem de distribuição média unitária + comissão mercantil

média unitária) x volume anual de venda estimado.

O volume de venda estimado considerado é fixo ao longo dos anos,

com exceção do primeiro ano, no qual foi considerado somente 50% do seu valor,

por se tratar de período de maturação do projeto. O volume fixo nos demais anos

foi arbitrado considerando-se o potencial de um posto de combustíveis de porte e

localização semelhantes ao do projeto analisado, a fim de restringir-se a somente

uma fonte de incerteza a margem de distribuição. Esse volume foi de 2.700m³ de

combustíveis no primeiro ano e 5.400m³ nos outros anos.

Para o cálculo de custos e despesas operacionais, foram utilizados: o

custo operacional unitário, custo comercial unitário e o custo de apoio unitário. O

valor foi obtido multiplicando-se cada um deles pelo volume anual de venda

estimado. Os custos e despesas operacionais unitários foram de U$6,22 por m³

de combustível.

Impostos sobre o lucro são compostos de 25% para o imposto de renda

e 12% para a contribuição social, totalizando percentual de 37% de impostos.

A depreciação foi calculada tomando-se como base a tabela de vida útil

de cada um dos itens utilizados pela distribuidora.

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TABELA 1

Depreciação

Depreciação Depreciação anual em Vida útil (anos)

Tanques 3.110,46 20

Bombas 12.441,82 10

Imagem 9.216,17 10

Obra civil 11.520,21 20

O investimento bruto é composto do valor do imóvel, tanques

subterrâneos para armazenamento de combustíveis, bombas de abastecimentos,

elementos da imagem da distribuidora e obra civil. A TAB. 2 mostra os valores:

TABELA 2

Investimentos

Investimento inicial Valor em US$

Tanques 62.109,11

Bombas 124.418,23

Imagem 92.161,65

Imóvel 322.565,78

Obra civil 230.404,13

Total 831.758,91

A variação do capital de giro foi considerada nula para o exemplo

estudado.

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O valor residual foi calculado utilizando-se a fórmula do valor atual da

perpetuidade:

rC

Petuidade =

No estudo de caso, utilizou-se como C no cálculo da perpetuidade o

lucro bruto operacional no último ano do projeto menos impostos; e para r a taxa

de desconto utilizada no desconto dos fluxos de caixa do projeto.

Conforme relatado por Martins (2005), os valores dos componentes do

fluxo de caixa são apresentados em dólar americanos, por considerar que essa

moeda tem comportamento de “moeda forte” no Brasil, ou seja, serve de

referência para comparações de valores. Assim, não foram considerados taxa de

crescimento e fator de correção na montagem do fluxo de caixa.

O resultado obtido foi o valor dos fluxos de caixa disponíveis para o

projeto ao longo do período de análise, conforme a TAB. 3 (APÊNDICE).

4.2.4 Valor (V0) e taxa de desconto do projeto

O valor do projeto foi obtido descontando-se os fluxos de caixa

projetados pelo custo médio ponderado do capital ajustado ao risco (WACC). A

fórmula utilizada foi a mesma para o cálculo do VPL, mas excluindo-se o

investimento inicial (C0), ficando:.

( )= +

=T

ii

j

r

CVP

1 1

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Para o cálculo do VPL utilizou-se a taxa de 15% ao ano que, apesar de

ser arbitrária, reflete o valor aproximado do custo médio ponderado de capital

utilizado pela empresa distribuidora de combustíveis.

O valor do projeto (V0) encontrado foi de US$756.202,79.

4.2.5 Movimentos ascendente (u) e descendente (d)

Os movimentos ascendente e descendente utilizados na montagem da

árvore de eventos do modelo binomial foram baseados nas fórmulas presentes

em Brasil (2005, p.159).

σeu =

e

σ−= ed

Os valores obtidos foram 3,79 para u e 0,26 para d.

4.2.6 Probabilidades objetivas (q) e (1-q)

As probabilidades objetivas empregadas na avaliação da opção de

abandono de modo direto foram conseguidas aplicando-se as fórmulas presentes

em Copeland e Antikarov (2001, p.137).

( )

du

ruq f

−+−

=1

e

( )

du

drq f

−−+

=−1

1

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Os valores alcançados foram 0,77 para (q) e 0,23 para (1-q).

4.2.7 Preço de exercício da opção de abandono ()

O preço de exercício da opção é a diferença entre as receitas auferidas

e os custos despendidos no momento de se abandonar o investimento. A TAB. 4

(APÊNDICE) demonstra o valor de abandono para cada ano do horizonte de

tempo de análise do projeto.

Não foi considerado o valor da venda dos tanques subterrâneos e da

imagem, pois, no caso do primeiro, estes têm que ser retirados e picotados

conforme regulamentação ambiental vigente e, no caso da imagem, esta deve ser

retirada, pois se trata da marca da distribuidora e seu valor de venda é

insignificante.

Os valores dos itens que compõem o valor do abandono foram

corrigidos pela taxa livre de risco.

4.2.8 Taxa livre de risco (r)

Uma consideração a ser feita em relação à taxa livre de risco a ser

adotada no modelo é a de que esta, conforme recomendação da literatura

corrente, deve se a taxa real, ou seja, a taxa subtraída da expectativa de inflação

para o período. Outra recomendação é a de que se use a taxa após impostos.

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No estudo de caso desenvolvido, utilizou-se uma taxa livre de risco de

6%a.a., por ser esta a usada em diversos trabalhos na área de opções reais,

como em Dias (1996), Marreco (2001) e Gonçalves (2005), indicando estar de

acordo com as características da economia brasileira.

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5 ANÁLISE DOS RESULTADOS

O primeiro resultado obtido foi o VPL sem a flexibilidade gerencial do

abandono do projeto. Conforme a TAB. 5 (APÊNDICE), o valor do VPL

considerando o custo médio ponderado de capital (WACC) de 15% foi de US$ -

75.556,11.

De acordo com Brealey e Myers (1998, p.21), o critério do VPL é a

busca por investimentos que maximizem o seu resultado, que nada mais é que a

diferença entre os valores atuais dos fluxos de caixa disponíveis do projeto e o

montante do investimento inicial. Então, de acordo com a metodologia tradicional

aqui apresentada pelo VPL, esse projeto seria rejeitado.

O passo inicial para a obtenção do valor da opção de abandono foi a

montagem da árvore binomial através do processo multiplicativo estocástico, cujo

resultado é apresentado na TAB. 6 (APÊNDICE).

O valor da opção de abandono foi calculado de duas maneiras: de

modo indireto, usando o portfólio replicado, e de modo direto, utilizando o portfólio

de hedge. Apesar de ambos chegarem ao mesmo resultado, a adoção dos dois

modelos permitiu confirmar o valor alcançado e também comparar os diferentes

caminhos possíveis.

O cálculo pelo modo indireto é composto de três etapas: a árvore de

decisão, o valor do projeto com a flexibilidade e o valor da opção de abandono

propriamente dita.

A árvore de abandono exposta na TAB. 7 (APÊNDICE) representa, em

cada nó, o retorno máximo entre o valor do ativo objeto no nó e o valor de

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exercício do abandono. E em cada um desses nós toma-se a decisão de

prosseguir ou abandonar o projeto.

A TAB. 8 (APÊNDICE) apresenta o valor do projeto com a flexibilidade

gerencial do abandono, obtida recursivamente a partir do porfólio replicado. O

valor obtido foi de US$1.127.550,51. Como se pode observar, o valor do projeto

com flexibilidade gerencial foi superior ao valor do projeto sem flexibilidade, que

foi de US$756.202,79, conforme TAB. 5 (APÊNDICE). A diferença entre esses

valores é que forneceu o valor da opção de abandono, US$371.347,72.

Através do modo direto, alcançou-se também o valor da opção de

abandono, de US$371.347,72, como pode ser observado nas TAB. 9 e 10

(APÊNDICE).

A TAB. 9 (APÊNDICE) trata da árvore de decisão, onde é calculado

cada nó, o retorno máximo entre zero e a diferença entre o valor de exercício da

opção e o valor do ativo objeto. Para os valores acima de zero, a decisão é a de

abandonar e para os valores iguais a zero, de prosseguir com o projeto.

A TAB. 10 (APÊNDICE) fornece o valor da opção, obtido da aplicação

da abordagem do portfólio de hedge.

O VPLExpandido calculado pela soma entre o VPLTradicional e o valor da

opção de abandono foi de US$295.791,61. Observou-se, então, que o cálculo do

valor da flexibilidade do abandono complementa a análise feita pela metodologia

tradicional, revertendo a sinalização de inviabilidade de acordo com o VPLTradicional

para uma indicação de viabilidade do investimento no projeto.

Concluindo os resultados do trabalho, o GRAF. 4 (APÊNDICE)

apresenta a fronteira ótima de abandono do projeto.

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Tomando como exemplo o ano 5, a decisão de abandono seria tomada

conforme a FIG. 14. Se o valor da margem de distribuição acrescida da comissão

mercantil for inferior a US$4,86, a decisão ótima é a de abandonar o projeto; e se

for superior a U$4,86, a decisão ótima é a de prosseguir com o projeto.

FIGURA 14 – Região de parada e continuação do projeto no ano 5.

Assim, concluiu-se que a área acima da curva representa a região de

continuação e a área abaixo a região de parada. A fronteira se mostra como

importante ferramenta gerencial para auxiliar na tomada de decisões.

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6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

A alta competitividade no mercado de distribuição e revenda de

combustíveis gera grande incerteza em relação aos retornos futuros e demanda

decisões estratégicas no momento certo para minimizar os riscos do negócio.

A reposta a esse ambiente incerto é a busca pelas empresas de

ferramentas gerenciais que possibilitem uma tomada de decisão mais acertada e

em sintonia com a agilidade e constante transformação do mercado.

Os modelos tradicionais de avaliação de investimentos, apesar de úteis

e amplamente usados, apresentam dificuldades de tratar a incerteza e não

oferecem a flexibilidade necessária para avaliar um projeto. A análise pelo fluxo

de caixa descontado trabalha com a hipótese de que as decisões são tomadas no

início do projeto e não mais sofrerão alterações, o que é o contrário da realidade

apresentada às empresas pelo ambiente cercado de incerteza, onde a tomada de

decisão é um processo dinâmico e exercitado constantemente ao longo da vida

do projeto.

A teoria das opções reais amplia a análise de investimentos,

incorporando a incerteza e trazendo resultados mais próximos da realidade dos

negócios. O VPLExpandido resume a complementaridade do modelo de opções reais

ao modelo tradicional de avaliação de investimentos. Negócios inviáveis, de

acordo a metodologia do VPL, revertem-se em investimentos viáveis ao

considerar as flexibilidades gerenciais, como pode ser constatado nos resultados

do estudo de caso desenvolvido nesta dissertação. Isso reforça a afirmativa

presente na literatura sobre opções reais de que as flexibilidades gerenciais têm

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valor e esse valor pode alterar completamente a visão em relação a um

investimento.

O modelo binomial, juntamente com a programação dinâmica, adaptou-

se ao estudo de caso, permitindo a obtenção do valor da opção de abandono e a

fronteira ótima de exercício dessa opção, respondendo, assim, à pergunta

orientadora.

O modelo pode ser aplicado na avaliação de outros postos próprios

revendedores, fazendo somente as adaptações necessárias para a adequação às

características de cada empreendimento.

Uma simplificação adotada para a aplicação do modelo ao estudo de

caso foi a utilização de um volume de venda constante, focando a incerteza

somente sobre a margem de distribuição acrescida da comissão mercantil. Em

relação à margem, a única limitação utilizada foi trabalhar com uma margem de

revenda estimada para o cálculo da comissão mercantil. Já para a margem de

distribuição, variável mais importante e de maior impacto na incerteza dos

retornos futuros, foi empregada série histórica real praticada em um posto da

região Sudeste.

A fronteira de abandono ótima apresentou-se como uma ferramenta

gerencial de grande importância na tomada de decisão. Por meio dela é possível

analisar, a cada período, a decisão que maximiza os retornos da empresa, além

de minimizar as perdas com possíveis insucessos na implantação do projeto. No

caso estudado, identificou-se para quais valores de margem de distribuição

acrescida da comissão mercantil o abandono é a decisão ótima e para quais

valores prosseguir com o projeto é o melhor caminho.

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Algumas recomendações que permitiriam avançar no estudo das

opções reais aplicadas ao negócio de combustíveis automotivos seriam:

• A verificação de outras fontes de incerteza, a serem consideradas no

modelo a fim de torná-lo mais completo e alinhado com a realidade do

negócio de revenda de combustíveis, como a variação do volume de

vendas.

• O desenvolvimento de trabalhos utilizando outras flexibilidades

presentes na revenda de combustíveis automotivos. A expansão ou

redução da estrutura do posto revendedor são flexibilidades possíveis

diante de cenários mais otimistas ou pessimistas para os volumes de

vendas. A opção de postergar pode ser interessante para avaliar-se a

viabilidade de se implantar a venda de gás natural veicular em um posto

de combustíveis, onde a análise da demanda pelo produto pode indicar

a espera por mais informações do mercado antes de lançar mão dos

altos investimentos para a sua implantação.

• Analisar sob a ótica do operador do posto revendedor, diferentemente

deste trabalho - que atuou sob a ótica da empresa distribuidora.

O desenvolvimento de trabalhos aplicando a teoria das opções reais

abre um leque amplo de possibilidades de aplicações. Uma aplicação importante

dessa teoria para as empresas de distribuição de combustíveis derivados do

petróleo seria a análise sobre investimentos em terminais ou bases de distribuição,

avaliando-se a possibilidade de implantação de novos terminais, desativação

daqueles que se mostrarem inviáveis, parcerias entre distribuidoras para

compartilhar estruturas, entre outras possibilidades possíveis.

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Finalizando, este trabalho não teve a pretensão de apresentar um

modelo definitivo para o negócio de postos próprios, mas sim o passo inicial para

a aplicação de uma moderna ferramenta de avaliação de projetos de

investimentos que até então tem concentrado a sua aplicação na área de

recursos naturais, em um ramo de negócio diferente e ainda não explorado e que

apresenta características próprias.

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