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0 Centro Universitário Hermínio Ometto UNIARARAS FERNANDA AZEVEDO CORREA AVALIAÇÃO DA POSTURA NATURAL DA CABEÇA E DO CORPO EM RELAÇÃO AO PADRÃO MASTIGATÓRIO ARARAS/SP NOVEMBRO/2006

AVALIAÇÃO DA POSTURA NATURAL DA CABEÇA E DO …livros01.livrosgratis.com.br/cp037306.pdf · apontam as interrelações entre funções estomatognáticas e postura de cabeça

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Centro Universitário Hermínio Ometto

UNIARARAS

FERNANDA AZEVEDO CORREA

AVALIAÇÃO DA POSTURA NATURAL DA CABEÇA E DO CORPO EM

RELAÇÃO AO PADRÃO MASTIGATÓRIO

ARARAS/SP

NOVEMBRO/2006

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Centro Universitário Hermínio Ometto

UNIARARAS

FERNANDA AZEVEDO CORREA CIRURGIÃ DENTISTA

AVALIAÇÃO DA POSTURA NATURAL DA CABEÇA E DO CORPO EM

RELAÇÃO AO PADRÃO MASTIGATÓRIO

Dissertação apresentada ao Centro

Universitário Hermínio Ometto – UNIARARAS,

para obtenção do Título de Mestre em

Odontologia, Área de Concentração em

Ortodontia.

Orientadora: Prof. Dr. Paulo César Raveli

Chiavini

ARARAS/SP

NOVEMBRO/2006

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UNIRARAS

CENTRO UNIVERSITÁRIO HERMÍNIO OMETTO

FOLHA DE APROVAÇÃO

A dissertação intitulada: “AVALIAÇÃO DA POSTURA NATURAL DA

CABEÇA E DO CORPO EM RELAÇÃO AO PADRÃO MASTIGATÓRIO ”, apresentada a

UNIARARAS – Centro Universitário Hermínio Ometto, para obtenção do grau de Mestre em

Odontologia, área de concentração em Ortodontia em 20 de Novembro de 2006, à Comissão

Examinadora abaixo nominada, foi aprovada após liberação pelo orientador.

_______________________________________________________________

Prof. Dr. Paulo César Raveli Chiavini - Presidente (Orientador)

_______________________________________________________________

Profª Dra. Silvia Amélia Scudeler Vedovello - 1º Membro

_______________________________________________________________

Prof. Dr. Carlos Alberto Melanconi Tubel - 2º Membro

3

DEDICATÓRIA

À minha querida mãe Rita,

meu exemplo de vida, dedicação e amor.

Ao meu maravilhoso pai Jairo,

por todo carinho e a quem devo tudo que tenho.

À minha irmã Renata,

por ser única e muito especial.

Aos meus avós, Jairo, Eunice, Mário Sérgio e Isolina,

exemplos de dignidade e sabedoria.

Obrigada por vocês existirem!

4

AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

Ao meu avô Jairo Corrêa, exemplo de dedicação à Ortodontia, a quem tenho

profunda admiração e sou eternamente grata.

Ao Prof. Dr. Mário Vedovello Filho, Coordenador do Curso de Pós-Graduação em

Ortodontia, pela oportunidade, estímulo, compreensão e assistência oferecida em todas as

horas. Agradeço imensamente pelo carinho dedicado!

5

AGRADECIMENTOS

A Deus, pelas oportunidades oferecidas, dentre elas, a de mais uma grande

realização.

À magnífica Reitora do Centro Universitário Hermínio Ometto, Profa. Dra. Miriam

de Magalhães Oliveira Levada.

Aos Professores Doutores Heloisa Cristina Valdrighi e Carlos Alberto Melanconi

Tubel, por toda orientação, pela contribuição neste trabalho e na minha vida acadêmica.

À Profª Dra. Silvia Amélia Scudeler Vedovello, pela amizade, energia e por todos

os ensinamentos.

Ao Prof. Dr. Paulo César Chiavini, pela orientação e suporte oferecido na

conclusão deste trabalho.

Aos professores Júlio Vargas Neto, Ursula Alma Weigel Vargas, Adriana Simoni

Lucato, Eloísa Marcantonio Boeck, Galdino Iague Neto e Alciara A. de Aguiar Young, por todos

os ensinamentos, dedicação e por despertarem em mim a “vontade de lecionar”.

Aos colegas de turma, Maria Amélia, Márcia, João, Leandro, Gustavo, Rafael,

Beleti, Fabio, Silvio, André, Maurício, Sabrina, Mara e Karina, pela amizade em todos os

momentos, tornando este período do curso muito agradável.

Aos funcionários da Uniararas, pela atenção, simpatia e presteza.

A toda minha família; meus pais, irmã, avós, tios, tias e primos, por todo incentivo,

apoio, admiração e carinho dedicados. Essa é uma conquista nossa! Muito obrigada!

6

RESUMO

Este estudo teve como objetivo analisar as relações entre padrão mastigatório,

postura de cabeça e postura corporal. Para isso, foram selecionadas 55 crianças, sendo 32 do

gênero masculino e 23 do gênero feminino, com dentadura mista, na faixa etária de sete a 11

anos e sem tratamento ortodôntico prévio. A verificação do padrão mastigatório foi realizada

através da mastigação de uma bolacha de chocolate durante 1 minuto. Em seguida, essas

crianças foram submetidas a fotografias extrabucais em norma frontal. As fotos foram

analisadas e os resultados sugerem que o padrão mastigatório pode alterar a postura natural

de cabeça e postura corporal. Os pontos centrais da discussão são a constatação de que a

postura da mandíbula e o padrão mastigatório interferem na postura corporal global e na

posição da cabeça. Em alguns casos a relação inversa também pode ocorrer. As

considerações apresentadas são imprescindíveis para auxiliar os profissionais envolvidos na

obtenção de um bom diagnóstico e adequada orientação terapêutica. Com base em tudo que

foi estudado e encontrado nos resultados desta pesquisa pode-se concluir que as alterações

na postura da cabeça e do corpo independe do padrão mastigatório ser bilateral ou unilateral.

PALAVRAS CHAVES: Mastigação, Mordida cruzada, Postura Natural de Cabeça,

Postura Corporal Global.

7

ABSTRACT

This study had as objective to analyze the relationships between masticatory

pattern, head posture and corporal posture. For that, 55 children were selected, being 32 of the

masculine gender and 23 of the feminine, with mixed denture, in the age group of 7 to 11 years

and without previous orthodontic treatment. The verification oh the masticatory pattern was

observed during the realization in the mastication of a chocolate cookie during a minute. After

that, these children were submitted to frontal extra-buccal pictures. These photos were analyzed

and the results suggest that masticatory pattern can change the natural head posture and

corporal posture. The main subjects of the discussion are the verification that the posture of the

jaw and masticatory pattern interferes in the global corporal posture and position of the head. In

some cases the inverse relationship can also happen. The presented considerations are

indispensable to aid the professionals involved in the obtaining of a good diagnosis and

appropriate therapeutic orientation. Based on the results of the research we can conclude that

the alteration in the global corporal posture and position of the head does not depend of the

masticatory pattern, bilateral or unilateral.

KEYS WORDS: Mastication, Cross Bite, Natural Head Posture, Global Corporal Posture.

8

SUMÁRIO RESUMO

PALAVRAS CHAVES

ABSTRACT

KEYS WORDS

1. INTRODUÇÃO

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1. Padrão mastigatório e mastigação

2.2. Postura de cabeça e postura corporal

3. PROPOSIÇÃO

4. MATERIAL E MÉTODO

4.1.Seleção da amostra

4.2.Metodologia

5. RESULTADOS

6. DISCUSSÃO

7. CONCLUSÃO

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANEXOS

08

08

09

09

11

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15

36

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51

52

53

56

63

69

71

82

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Centro Universitário Hermínio Ometto de Araras

UNIARARAS

INTRODUÇÃO

10

1. INTRODUÇÃO

O padrão mastigatório, unilateral ou bilateral, tem influência direta

sobre a postura da cabeça e do corpo. A disfunção do sistema estomatognático

pode levar a alterações posturais. Uma alteração postural de cabeça acaba

também desequilibrando a estética do indivíduo, tanto no repouso, pelo

aspecto muscular, quanto nas funções que realiza. A oclusão dentária, a

articulação têmporo-mandibular (ATM) e as funções da boca estabelecem um

íntimo contato com a postura da cabeça e do corpo. A posição anormal da

cabeça altera as relações biomecânicas, crânio-cervicais e crânio-

mandibulares, influenciando no crescimento e na postura corporal do indivíduo.

No estudo realizado por PLANAS (1987), a posição de

intercuspidação máxima ocorrerá numa dimensão vertical menor que a oclusão

cêntrica, ocorrendo então a mordida cruzada com desvio postural mandibular,

podendo ocorrer em sentido lateral, anterior ou composto.

O conceito de um mecanismo comum para a postura da cabeça e da

mandíbula é compartilhado por OKESON (1992) e DOUGLAS (1994). Os

autores explicaram que o centro gravitacional da cabeça é anterior à

articulação occipito-atlóidea, tendendo a deslocar-se para frente e para baixo.

Ou seja, o crânio não se localiza no centro da coluna cervical e seu equilíbrio é

diretamente afetado pela movimentação da mandíbula. Não há equilíbrio entre

os componentes esqueléticos, sendo necessária uma compensação muscular.

FARIAS et al. (2001) confirmaram que existe a influência da

disfunção de ATM na postura e vice-versa, já que esta articulação possui uma

íntima relação com a coluna cervical e, conseqüentemente, com toda coluna

vertebral e com a postura do paciente.

YOSHINO et al. (2003) comprovaram que a perda unilateral de

suporte oclusal, por apertamento, causa desarmonia nos músculos do pescoço

e afeta a postura do corpo.

11

Na literatura encontramos um número crescente de trabalhos que

apontam as interrelações entre funções estomatognáticas e postura de cabeça

ou postura corporal global, esses importantes assuntos serão tratados através

da discussão de trabalhos publicados nas áreas de odontologia, fonoaudiologia

e fisioterapia procurando fornecer aos profissionais, mais um instrumento para

alcançarem o equilíbrio dos pacientes.

Um dos grandes desafios para cirurgiões-dentistas, médicos e

terapeutas de várias especialidades sempre foi à percepção global do indivíduo

que se pretende tratar, para diagnosticar com precisão e propor tratamentos

eficazes. Caminhando nesse sentido, esta pesquisa ajudará o cirurgião-

dentista na reflexão de sua prática clínica.

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Centro Universitário Hermínio Ometto de Araras

UNIARARAS

REVISÃO DA LITERATURA

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2. REVISÃO DA LITERATURA

Dentro da pesquisa realizada, podemos dividir a revisão da literatura

em duas partes: padrão mastigatório e mastigação; e postura de cabeça e

postura corporal.

2.1. PADRÃO MASTIGATÓRIO e MASTIGAÇÃO:

HILDEBRAND (1931) relatou que os dentes exercem influência,

como regra, na escolha do lado de preferência mastigatória. O pesquisador

afirma que o lado preferencial é determinado onde a maior parte dos dentes

está em contato durante o movimento de lateralidade. O autor observa que

casos onde a oclusão seja similar em ambos os lados, a mastigação realiza-se

bilateralmente. A fotografia foi usada pela primeira vez em 1889 para estudar

os problemas da mastigação. HILDEBRAND foi quem realizou o primeiro

estudo cinematográfico de valor científico além de ser o primeiro pesquisador a

usar técnicas radiográficas para o estudo do ciclo mastigatório no sentido

vertical e horizontal.

AHLGREN (1966) estudou os padrões mastigatórios em 35 crianças

com vários tipos de maloclusão, na mastigação de cenoura e goma. Classificou

os ciclos mastigatórios em sete tipos diferentes. I - gota com o movimento de

abertura medial; II - gota com o movimento de abertura contra-lateral ao plano

sagital mediano; III - gota com o movimento de abertura lateral ao plano sagital

mediano, todos os três tipos com o movimento de fechamento lateral em

relação ao movimento de abertura; IV - oito com um padrão vertical de

movimento; V: reverso (o fechamento é medial em relação à abertura); VI -

contra-lateral (com o movimento de abertura ocorrendo contralateralmente ao

lado de mastigação e o movimento de fechamento próximo ao plano sagital);

VII - irregular (com movimentos randomizados em relação ao padrão e ritmo).

Reportou que os padrões mastigatórios nas crianças possuíam perfil

caracteristicamente individual. Crianças com oclusão normal possuíam ciclos

mastigatórios mais simples e com padrões mais regulares (tipo I a III). As

14

crianças com maloclusão apresentaram ciclos mais complexos (IV a VII).

Durante a mastigação de goma de mascar o contato dental ocorreu em 95%

dos ciclos mastigatórios (com uma variação individual entre 40% e 100% dos

ciclos) enquanto que com a mastigação de cenoura o contato dental ocorreu

em 84% dos ciclos, evidenciando a possibilidade de que os sistemas sensório-

motores bucais estivessem entre os fatores determinantes do comportamento

da função mastigatória. Não verificou associação entre os padrões dos ciclos

mastigatórios registrados com o tipo de maloclusão.

KUTIN; HAWES (1969) demonstraram por meio de

acompanhamento longitudinal, que o não tratamento precoce da mordida

cruzada funcional na dentição decídua, levaria à mordida cruzada estrutural na

dentição mista e permanente. A mordida cruzada estrutural ou verdadeira,

como também o tratamento tardio, torna o tratamento mais complexo,

possivelmente mais longo e freqüentemente com piores resultados que o

tratamento precoce. Independente do relacionamento dental, outras estruturas

são submetidas ao estresse e parafunção durante o período sem tratamento

como, por exemplo, as articulações temporomandibulares.

BATES et al. (1976) apresentaram um resumo geral e

descreveram a forma do ciclo mastigatório, avaliada através de análises visuais

das facetas de desgaste, fotografias, métodos gráficos, radiografias, técnicas

eletrônicas e telemétricas. A análise foi realizada tanto na dentição natural

quanto em próteses, após a mastigação de vários tipos de alimentos. No plano

frontal, o traçado do ciclo mastigatório normalmente possuía um formato

semelhante a uma gota de lágrima derramada. O padrão do ciclo mastigatório

apresentou poucas variações consistentes num mesmo indivíduo, porém variou

bastante entre indivíduos, sendo influenciado pela oclusão e pela consistência,

tipo, tamanho e textura do bolo alimentar. A avulsão dentária ou restaurações

que alterem a oclusão também influem no padrão do movimento mastigatório.

Segundo os autores, os indivíduos mastigam pelo lado no qual ocorre o maior

número de contatos dentais sendo que, se estes forem iguais dos dois lados, a

mastigação será bilateral alternada e o bolo alimentar movido de um lado para

o outro de forma consistente e regular. A configuração ou área do ciclo diminui

15

conforme a mastigação avança até a deglutição. De uma forma geral, o

tamanho do envelope ou padrão do movimento mastigatório é metade do

movimento bordejante mandibular, tanto no sentido vertical quanto no

horizontal. O ângulo de aproximação durante o fechamento até a oclusão

cêntrica relacionasse com a inclinação cuspídica, sendo os dentes os maiores

responsáveis pela guia de movimento durante a fase de fechamento do ciclo

mastigatório, porém exerce pouca influência no movimento de abertura. No

sentido sagital, o movimento é mais posterior do que o fechamento máximo,

porém com o avanço da mastigação vai se tornando mais anterior ou mesmo

quase que vertical ou anterior ao fechamento máximo.

PLANAS (1977), descreveu a técnica de Pistas Diretas Planas

realizadas com resina foto-polimerizável na dentição decídua, parte do arsenal

terapêutico da filosofia da Reabilitação Neuro-Oclusal, desenvolvida pelo autor.

Recomendou o tratamento das mordidas cruzadas o mais precocemente

possível para evitar a alteração morfológica decorrente da função mastigatória

patológica que atuava como estímulo paratípico deletério durante a fase de

crescimento.

PLANAS (1980) analisou os movimentos de lateralidade

mandibular, direito e esquerdo (movimento inverso que a mandíbula realiza

durante a mastigação em sua fase de deslizamento dental) que promovem o

aumento da dimensão vertical da face, ainda que infinitamente pequeno se

comparado com a dimensão vertical da face na intercuspidação máxima.

Observou que se o aumento da dimensão vertical fosse igual em ambos os

lados (direito e esquerdo), a mastigação seria bilateral e alternada. Contudo, se

o aumento da dimensão vertical fosse menor em um dos lados, isto levaria o

indivíduo à mastigação preferencialmente unilateral. O ângulo desta trajetória

oclusal determinada pelos guias laterais de oclusão em relação a um plano de

referência horizontal (plano bipupilar) foi denominado por Planas de Ângulo

Funcional Mastigatório Planas.

MYERS et al. (1980) após o exame radiográfico em crianças

portadoras de mordida cruzada funcional posterior, verificaram diferenças

16

significativas nas medidas dos espaços intra-articulares radiográficos entre o

lado cruzado e não cruzado antes, mas não após o tratamento.

GIBBS et al. (1982) compararam o padrão mastigatório típico

entre crianças e adultos. Vinte e sete crianças entre quatro e 16 anos, foram

divididas em três grupos: com dentição decídua, mista e permanente. Foram

incluídos também, 35 adultos entre 18 e 76 anos. Os registros foram realizados

durante a mastigação orientada de queijo, passas, cenoura e amendoim. Os

alimentos eram colocados pelos pesquisadores entre os dentes posteriores do

lado direito e o sujeito era orientado a mastigar através de comando de voz. O

mesmo protocolo foi seguido do lado esquerdo. Os resultados demonstraram

que a mastigação em adultos e crianças, com oclusão normal caracteriza-se

pelo contato dental, pausa na posição de intercuspidação máxima e amplos

movimentos laterais. O padrão mastigatório em crianças com dentição decídua

caracteriza-se por amplos movimentos laterais na abertura (maior que o de

fechamento). Com o aumento da idade, o padrão se altera se caracterizando

pela abertura medial e amplo movimento lateral de fechamento bucal. Segundo

os autores, no adulto os dentes posteriores do lado de trabalho se relacionam

numa posição posterior e lateral e, a partir do contato dental de deslizamento,

são guiados para anterior e para medial até a posição de intercuspidação

máxima no final do fechamento. Nas crianças, os dentes posteriores do lado de

trabalho movem-se quase que diretamente para a intercuspidação com

contatos de deslizamento menores que dos adultos. Em comparação ao tipo de

alimento, os alimentos mais duros provocam excursões laterais mais amplas

nos adultos e mais mediais (sagitais) nas crianças.

BRANDT; RUGH (1982) realizaram estudo com o objetivo de

avaliar o padrão mastigatório em seis crianças na faixa etária entre 5 e 9 anos,

com mordida cruzada posterior. Foram avaliados 50 ciclos mastigatórios em 3

condições diferentes: seis segundos iniciais de mastigação realizada de forma

livre, seis segundos mastigando conscientemente pelo lado esquerdo e seis

segundos pelo lado direito. Os ciclos mastigatórios foram classificados de

acordo com os sete tipos de ciclos propostos por Ahlgren (1966). De todos os

ciclos registrados, 76,8% foram atípicos (tipos IV, V, VI e VII) relacionados à

17

maloclusão. Os padrões mastigatórios considerados normais (tipos I, II e III)

foram mais numerosos no lado não cruzado. Em mastigação realizada de

forma livre, quatro das 6 crianças mastigaram do lado não cruzado.

RAMFJORD; ASH (1984) concluíram que embora a mastigação

possa ser realizada com movimentos unilaterais, ou mesmo não laterais

(movimentos verticais), isto não se constitui em função ideal. Segundo os

autores a oclusão adequada possibilita a mastigação bilateral, alternada e

multidirecional. Quando isso ocorre, o alimento é distribuído homogeneamente

sobre a superfície dos dentes tanto do lado direito quanto do lado esquerdo,

com distribuição uniforme das forças mastigatórias nos tecidos de suporte dos

dentes, o que facilita a estabilidade dos tecidos periodontais e da própria

oclusão. Na mastigação bilateral alternada a atividade muscular é

bilateralmente sincrônica.

CHRISTENSEN; RADUE (1985) compararam o lado de

preferência mastigatória com o lado de preferência manual. Registraram o lado

de colocação do bolo alimentar durante mastigação habitual de goma (registros

de 15, 20 e 25 seg.) em quinze homens e dez mulheres, através de inspeções

visuais. Em cada uma das três séries de observações, não houve nenhuma

diferença significante entre lado direito e esquerdo, na colocação do bolo

alimentar. Até três mastigações sucessivas em um único indivíduo,

demonstrava que a preferência lateral na colocação do bolo alimentar

acontecia apenas ao acaso. A informação dada pelo paciente sobre o lado

predileto de mastigação pôde predizer com bastante confiabilidade o lado de

preferência mastigatória observado não podendo, porém, ser relacionada como

o lado de preferência do uso da mão. O uso predominante de um lado de

preferência mastigatória direita ou esquerda era, segundo os autores,

presumivelmente, uma expressão principalmente comportamental.

RIOLO et al. (1987) analisaram a associação entre características

oclusais e sinais e sintomas de disfunção temporomandibular num grupo de

1342 indivíduos entre seis e 17 anos. Houve relação entre mordida aberta com

dor articular, dor muscular e também ruído articular. As mordidas cruzadas se

18

relacionaram com alta prevalência de ruídos articulares em crianças e

adolescentes. Concluíram haver associação estatisticamente significativa entre

mordida cruzada e sinais e sintomas de disfunção temporomandibular e que

esta associação se torna maior com o aumento gradativo da faixa etária.

GISEL (1988) estudou o desenvolvimento do lado de preferência

mastigatória e sua relação com o lado preferencial de colocação do bolo

alimentar (lado onde o alimento era colocado na boca) em crianças de dois a

oito anos de idade. O estudo foi realizado considerando-se a preferência em se

colocar o bolo alimentar à direita ou à esquerda da boca durante a realização

dos ciclos mastigatórios iniciais. O lado de preferência foi correlacionado com o

lado da mão dominante. Verificaram que as crianças normalmente sofrem uma

transição ao colocar alimento sólido predominantemente do lado direito até dois

anos de idade para então começar a colocar no lado esquerdo a partir dos

quatro anos de idade. A predominância da preferência lateral esquerda persiste

até pelo menos oito anos de idade para alimentos de texturas viscosas ou

sólidas. Não houve correlação entre o lado preferencial de colocação do bolo

alimentar, com o lado de preferência dominante da mão. A habilidade em

alternar o alimento de um lado da boca para o outro foi verificada numa

progressão gradativa com a idade.

Segundo MIYAUCHI et al. (1989), entre os fatores capazes de

influenciar o movimento mastigatório, a oclusão é um dos mais importantes.

Neste estudo, movimentos mastigatórios de sujeitos com mordida cruzada

posterior foram registrados para analisar a relação entre padrão mastigatório e

mordida cruzada posterior. Foram registrados movimentos mastigatórios de 22

sujeitos com mordida cruzada posterior e 5 com oclusão normal, com o

Sirognathograph Analysing System II. Os sujeitos mastigaram goma

deliberadamente, tanto do lado cruzado como do lado não cruzado. Por outro

lado, os sujeitos com oclusão normal, só mastigaram de um lado. Padrões

mastigatórios foram classificados em padrões específicos de acordo com o

teste qi-quadrado, relacionando padrão mastigatório e oclusão. Dos resultados

obtidos obtiveram a seguinte conclusão: Ciclos mastigatórios normais foram

menos freqüentes, no grupo com mordida cruzada posterior que no grupo com

19

oclusão normal. No grupo com mordida cruzada posterior, foi registrada alta

freqüência de ciclos mastigatórios com padrões específicos como: Côncavo,

Contralateral I, Contralateral II e Inverso sendo que, do lado cruzado os tipos:

Normal e Côncavo foram menos freqüentes e os tipos: Inverso, Contralateral I

e II Contralateral II foram mais freqüentes, em comparação com a mastigação

orientada, do lado não cruzado.

Para MOYERS (1991), um hábito pode ser definido como um

automatismo, um estímulo aprendido que, quando praticado, pode tornar-se

inconsciente e incorporado à personalidade do indivíduo. O hábito oral deletério

consiste em um ato neuromuscular complexo, podendo associar-se com

crescimento ósseo deturpado ou retardado, más posições dentárias, distúrbios

respiratórios, dificuldades na fala, perturbações no equilíbrio da musculatura e

problemas psicológicos. O grau de desequilíbrio associado depende da tríade

intensidade, freqüência e duração, sendo ainda influenciado pela predisposição

individual, idade, condições nutricionais e saúde do indivíduo. De acordo com o

autor, o hábito de sucção digital não é comum até que a criança tenha três ou

quatro anos de idade, podendo estar associado a reflexos de ansiedade ou de

personalidade mal-ajustada. No caso da mamadeira, o bebê não recebe

estimulação adequada na área sensório-motora, podendo desenvolver uma

inabilidade de deglutição devido à hipotonia de musculatura perioral e lingual,

acarretando, mais tarde, deformação de arcada dentária e de palato, com

mordida aberta anterior ou lateral que dificultará o corte do alimento, a

mastigação lateral e a formação do bolo alimentar, podendo, ainda, protuir a

língua no momento da deglutição, aumentando mais a deformidade óssea.

Moyers, em relação à etiologia da maloclusão considera importante o uso de

alimentos mais duros e fibrosos para provocar desgastes dentais fisiológicos

que, acompanhados de estímulos paratípicos adequados, são importantes para

o desenvolvimento fisiológico do sistema estomatognático. Indivíduos que

façam uso de dieta mais fibrosa estimulam maior trabalho muscular

aumentando assim a carga funcional sobre os dentes, produzindo menos

cáries, maior média de largura dos arcos e um desgaste acentuado das faces

oclusais dos dentes. Para o autor, a dieta pastosa moderna desempenha um

papel importante na etiologia de algumas maloclusões. Ele afirmou que, “a falta

20

de função adequada resulta em contração dos arcos, desgaste dental

insuficiente e ausência do tipo de ajuste oclusal normalmente observado na

maturação da dentição”. Abundante pesquisa atualmente prova que a função

pode alterar o crescimento e também os relacionamentos oclusais. Em relação

às características oclusais da fase final da dentição decídua e início da mista,

considera a atrição fisiológica necessária para a remoção de ”interferências”

cuspídicas que permitem a mandíbula, que nesta época cresce mais que a

maxila, assumir uma posição mais anterior, topo-à-topo, com um definido

degrau mesioterminal, com menos sobremordida dos anteriores permanentes e

uma firme neutroclusão de primeiros molares permanentes. Considera a

dentição decídua sem atrição dental, presença de relação em plano terminal

reto entre segundos molares decíduos e a presença de sobressaliência dos

dentes anteriores, ainda que leve nesta fase do desenvolvimento, desfavorável

para o estabelecimento de uma oclusão permanente fisiológica.

OKESSON (1992) afirmou que somente com a irrupção dos

primeiros molares decíduos é que o ciclo mastigatório torna-se mais estável e

utiliza, de forma eficiente, o padrão de intercuspidação, propiciando à criança, a

ingestão de uma dieta variada em consistências, semelhante a do adulto.

Devemos considerar que a mandíbula realiza movimentos que ocorrem pela

ação dos músculos inseridos na própria mandíbula, sendo eles, abaixamento

ou abertura, lateralidade, elevação ou fechamento, além de protrusão e

retrusão.

AKEEL et al. (1992) citaram que a mastigação é uma importante

função estomatognática que depende de vias neurais e conexões simpáticas

estabelecidas e comandadas pelo córtex cerebral. Assim, surge posteriormente

à irrupção dos dentes e à maturação de todo arcabouço neuromuscular.

BELANGER (1992) propôs a coronoplastia para o tratamento da

mordida cruzada posterior funcional na dentição decídua, causada pela

interferência oclusal deflectiva. Os caninos decíduos são os dentes que mais

freqüentemente contribuem para o cruzamento funcional em posição de

máxima intercuspidação e por ser esta, uma situação de difícil autocorreção,

21

deve ser identificada precocemente e após avaliação. Os casos mais indicados

para o ajuste oclusal por coronoplastia são os de mordida cruzada unilateral,

desvio de linha média e interferências oclusais na dentição decídua. Nos casos

onde haja atresia maxilar significativa acompanhada de mordida cruzada

bilateral, o tratamento unicamente por coronoplastia por desgaste seletivo pode

não ser suficiente, indicando para estas situações um tratamento

complementar como a expansão maxilar.

MARCHESAN (1993) afirmou que a mastigação é o ato de morder e

triturar o alimento, a qual constitui um ato fisiológico e complexo, que envolve

atividades neuromusculares e digestivas. O sistema mastigatório pode ser

considerado como uma unidade funcional constituída pelos seguintes

componentes: dentição, estruturas periodontais de suporte maxilar e

mandibular, articulação temporomandibular (ATM), musculatura mastigatória e

de lábios, bochechas e língua, tecidos moles que revestem essas estruturas,

assim como a inervação e a vascularização que suprem esses componentes.

BEN-BASSAT et al. (1993) estudaram aspectos morfológicos e

funcionais em crianças com mordida cruzada posterior unilateral (MCPU) antes

e depois do tratamento. Sessenta e cinco pacientes com oclusão de Classe II

subdivisão com MCPU e dentição mista (faixa etária média de 8.8 anos +/- 1.6

anos) foram avaliados como grupo experimental e 10 crianças de idade

comparável, com normoclusão ou Classe I (sem MCPU) como grupo controle.

A análise funcional da mastigação foi realizada através de exames

sirognatográficos. O tratamento da MCPU foi acompanhado por uma dramática

redução da prevalência do desvio funcional mandibular. Após o tratamento

verificaram haver alta prevalência do desvio da linha média mandibular

relacionada com a linha média maxilar registrada na posição de

intercuspidação máxima e corrigida em apenas 61% dos casos. A alta

prevalência de Classe II subdivisão, do lado da mordida cruzada funcional

foram corrigidas em apenas 50% dos casos tratados. Os registros

sirognatográficos dos ciclos mastigatórios demonstraram uma alta prevalência

de ciclos com padrão do tipo reverso antes do tratamento os quais foram

significantemente menos prevalentes após o tratamento da mordida cruzada

22

posterior unilateral, mas manteve-se relativamente alta quando comparado ao

grupo controle. Os resultados demonstraram que não basta a correção da

mordida cruzada posterior unilateral, sendo necessário novos estudos para

verificar quais os tratamentos complementares para a reabilitação funcional do

paciente.

KAZAZOGLU et al. (1994) estudaram e desenvolveram um teste

simples para determinar o lado de preferência mastigatória. Estudaram

quarenta indivíduos, 20 edentados e 20 desdentados totais dos quais 11

usavam dentaduras convencionais e nove dentaduras estabilizadas por

implantes. Após compararem os ciclos iniciais de mastigação (sete primeiros),

concluíram que um lado de preferência ocorria na maioria dos indivíduos

(60%). Verificaram uma forte correlação entre o lado de preferência observado

e o lado no qual o paciente acredita ser seu preferido (75%). Algumas

variações ocorreram somente no primeiro ciclo, talvez devido à forma inicial do

bolo alimentar, porém os outros ciclos consecutivos foram realizados todos do

lado de preferência. Concluíram também que a assimetria oclusal pode prover

diferenças de acordo com o tipo de alimento e o lado de preferência

mastigatória seria dependente da qualidade da comida que muda de textura

com a sucessão da mastigação. Isto poderia explicar porque alguns indivíduos

trocaram de lado depois dos primeiros golpes. A forte predominância vista na

maioria dos indivíduos pareceu, segundo os autores, indicar alguma dificuldade

unilateral, provavelmente devido a movimento da dentadura ou provavelmente

a rebordos alveolares pobres. A fadiga muscular também foi apontada como

fator na escolha das mudanças de lado na mastigação. Não houve correlação

entre predominância manual e lado de mastigação. Presumiram haver reais

vantagens em se usar ambos os lados durante a mastigação. Desenvolveram

então, um método de determinação do lado de preferência mastigatória

baseado na observação visual durante mastigação de goma e a verificação da

posição da goma entre os dentes após o 1°, 3°, 5° e 7° ciclos mastigatórios

terem sido realizados e comumente chamado de teste LPMO (lado de

preferência mastigatória observado). Se três LPMO coincidissem, então este

lado era considerado como sendo o lado preferencial de mastigação. Após dois

minutos de mastigação habitual ou livre, perguntavam ao sujeito da pesquisa

23

em qual lado estava a goma e este segundo procedimento foi denominado de

SLPM (situação do lado de preferência mastigatória).

Segundo FELÍCIO (1994), a mandíbula realiza movimentos que

ocorrem pela ação dos músculos inseridos na própria mandíbula, tais

movimentos são realizados pelos músculos elevadores da mandíbula

(temporal, masseter e pterigóideo medial) e músculos abaixadores da

mandíbula (pterigóideo lateral, supra-hióideos e infra-hióideos).

POIKELA et al. (1995) estudaram os efeitos da função

mastigatória unilateral no crescimento crânio-facial em coelhos, após

desgastes dos dentes superiores e inferiores de hemiarcos antagonistas até o

nível gengival. Neste estudo o propósito principal foi investigar o efeito da

função mastigatória alterada na forma e inclinação da superfície articular da

fossa mandibular e no crescimento da mandíbula. Houve diferenças

significativas na inclinação da eminência articular entre o grupo experimental e

o grupo controle no qual não foi realizado desgaste algum. Diferenças

dimensional e angular foram verificadas entre os lados direito e eesquerdo da

mandíbula e maxila nos animais experimentais. Os autores concluíram que a

função mastigatória unilateral foi o fator determinante do crescimento crânio-

facial assimétrico. Além disso, a função ocasionou alteração na forma da fossa

mandibular, especialmente no lado de não-trabalho, junto com função

assimétrica.

De acordo com MARQUESAN et al. (1996), o sistema sensório

motor oral reúne várias estruturas interligadas, com características próprias,

que desenvolvem funções comuns, dentre elas, a respiração, deglutição,

mastigação, sucção e fala. A face necessita, além dos estímulos genéticos, de

estímulos externos para seu desenvolvimento, esses oferecido pelas funções

do sistema sensório motor oral. É necessário que este sistema esteja

adequado quanto à forma e à função (mastigação, respiração, deglutição,

sucção e fala) para que a musculatura facial seja saudável. Padrões

respiratórios alterados podem se estabelecer por diferentes motivos, como

orgânicos, dentre eles desvio septo, alergias, hipertrofia de adenóides ou

24

amígdalas; há também o respirador bucal vicioso, em que não há obstrução.

Tal padrão pode ocasionar assimetrias faciais, alterações posturais e

funcionais dos órgãos fonoarticulatórios. De acordo com MARQUESAN,

enquanto as funções respiração, sucção e deglutição são inatas e controladas

de forma reflexa, a mastigação é aprendida e depende de inúmeros fatores. O

padrão mastigatório ideal, o bilateral alternado com movimentos mandibulares

rotatórios, possibilita a distribuição da força mastigatória, intercalando períodos

de repouso e trabalho da musculatura mastigatória e articulação. Por fim, com

relação à fala, deve-se ressaltar que esta função é executada através de

órgãos pertencentes a outros sistemas do organismo, predominantemente o

respiratório e o digestivo, que, juntos, formam os órgãos articuladores. Desde o

nascimento o bebê já começa a se preparar para a fala. Os movimentos orais

propriamente ditos, que ele necessitará para a produção da fala, têm início por

volta de seis meses. Ao nascer a criança apresenta micro e retrognatia, sua

cavidade oral é pequena e a língua encontra-se protrusa e apoiada sobre as

gengivas. A sucção é o exercício mais eficaz para melhor adequação dos

órgãos fonoarticulatórios e desenvolvimento da linguagem oral. O esforço

realizado pela musculatura perioral do recém-nascido é bem maior quando

suga o seio materno do que a força para sugar o bico de uma mamadeira.

A hiperatividade dos músculos elevadores da mandíbula pode ser

originada também por alterações posturais, tais como cabeça anteriorizada,

ombros protrusos, coluna cervical retificada e assimetria de ombros

(ZONNENBERG et al., 1996), que podem modificar a relação anatômica

normal entre cabeça, pescoço e cintura escapular, afetando assim a postura da

mandíbula e as demandas funcionais do sistema estomatognático.

Para o estudo da influência da postura sobre a atividade dos

músculos mastigatórios, pode-se utilizar a eletromiografia, que por sua vez, não

avalia as posições do corpo ou alterações posturais, mas a atividade de

diferentes grupos musculares (FERRARIO et al., 1996).

Segundo MARQUESAN (1996), a deglutição atípica corresponde à

movimentação inadequada da língua ou outras estruturas que participam do

25

ato de deglutir, durante a fase oral da deglutição, sem que haja alterações de

forma na cavidade oral, como desvios oclusais. Na deglutição adaptada, a

atipia encontrada é conseqüência de outro problema existente, como alteração

na arcada ou respiração oral. Dentre as alterações na forma de deglutir, pode-

se citar, a interposição lingual, a presença de contração da musculatura

periorbicular, a contração de mentalis e interposição do lábio inferior, dentre

outras.

Seguindo o princípio da Reabilitação Neuro-oclusal, SANTOS

(1996) citou que as pistas diretas podem ser compreendidas como o acréscimo

de resina fotoativas sobre a superfície dos dentes decíduos, em sua face

oclusal, de forma individual, respeitando e preservando a unidade biológica do

dente. SANTOS salienta que: “a orientação delas está sempre relacionada com

o Plano de Camper e serão, tanto no sentido póstero-anterior quanto no

sentido látero-lateral, orientadas de acordo com a conveniência da liberação do

movimento mandibular e estímulo de crescimento dentro das leis Planas de

crescimento maxilomandibular”. De acordo com este princípio, o autor indica as

pistas diretas Planas para diferentes situações como: liberar os movimentos

mandibulares (como nas sobremordidas); estimular o crescimento póstero-

anterior e transversal mandibular; estimular o crescimento póstero-anterior da

maxila; estimular o crescimento dentoalveolar transversal de mandíbula e

maxila, construídas diferentemente para cada caso. Recomenda a análise de

modelos gnatostáticos (PLANAS, 1987) como auxiliar de diagnóstico e

planejamento de tratamento. Partindo da análise tridimensional dos referidos

modelos, pode-se reconstruir as condições físicas do plano oclusal para

possibilitar as mudanças funcionais adequadas para obtenção do equilíbrio

oclusal desejado. Santos salienta que geralmente pode-se realizar o ajuste

oclusal para tratamento da mordida cruzada posterior apenas valendo-se do

desgaste seletivo e pistas diretas sem a utilização de outras aparatologias

(fixas ou removíveis). O controle da estabilidade mandibular é conseguido

através da aplicação de planos inclinados no lado cruzado, e se necessário,

também do lado não cruzado (geralmente nas mordidas cruzadas bilaterais)

que impedem a recidiva da maloclusão. O autor lembra da necessidade dos

26

ajustes dos ângulos funcionais mastigatórios Planas nos movimentos de

lateralidade mandibular proporcionando mastigação bilateral.

POIKELA et al. (1997) continuaram seus estudos sobre os efeitos

da função mastigatória unilateral no crescimento crânio-facial em coelhos após

desgastes dos dentes superiores e inferiores de um hemiarco. Neste

experimento, porém, depois de um período de mastigação unilateral de ração,

os dentes dos coelhos não foram mais desgastados e após um período de

tempo controlado, os dentes do lado oposto foram então desgastados para se

verificar se ocorreria a reversão das alterações provocadas pela mastigação

unilateral. Os resultados mostraram que o ramo da mandíbula estava mais alto,

o processo condilar era maior sagitalmente, e os ângulos entre as bordas

anteriores ou posteriores do processo condilar e borda inferior da mandíbula

apresentaram-se menores nos animais que tiveram seus dentes desgastados,

do que nos animais de controle. Havia ainda diferenças entre os lados direito e

esquerdo do mesmo animal na maxila e mandíbula. A inclinação anterior das

fossas mandibulares era mais íngreme, em ambos os lados nos grupos que

tiveram seus dentes desgastados do que grupo controle. Concluíram que o

crescimento, após alterações assimétricas na maxila, mandíbula e fossa

mandibular, resultante de um período de função mastigatória unilateral em

coelhos jovens, não pode ser retificado satisfatoriamente pela inversão do lado

de mastigação, resultado da função assimétrica.

MOYERS; CARLSON (1998) salientaram que apesar da

mastigação iniciar-se somente com a maturação neuromuscular, esta

maturação ainda não está totalmente completa na fase da dentição decídua. É

nesta fase que ocorre, também, o processo de transição da consistência

alimentar líquida-pastosa para a consistência sólida. Assim, os primeiros

movimentos mastigatórios são irregulares, não coordenados e mantém um

padrão de abaixamento, protrusão, elevação e, no final, retrusão mandibular.

SIMÕES (1998) relacionou os conceitos da Reabilitação Neuro-

Oclusal com dados experimentais e verificou a concordância total entre os

mesmos, reportando que a atividade neuromuscular é o resultado dos contatos

27

dentais. Segundo a pesquisadora, uma das condições de estabilidade oclusal é

mastigar dos dois lados, um de cada vez, e protruir durante a incisão. O

equilíbrio endócrino, a dieta adequada e o exercício, isto é, o uso dinâmico

correto preserva a forma e a função óssea. Os músculos são elementos locais

responsáveis pelo crescimento crânio-facial e a forma final do osso resulta de

suas funções sendo que a função mastigatória adequada com movimentos

lateroprotrusivos contribui significativamente para o desenvolvimento do

sistema mastigatório. Concluiu que se a mastigação for bilateral e alternada, o

complexo maxilomandibular receberá estímulos para crescer e se desenvolver,

mantendo a forma adequada para melhor desempenho das funções orais.

Segundo a autora, a mastigação viciosa (unilateral) pode ser fator etiológico de

maloclusão e recidiva de tratamentos ortodônticos e ortopédicos dos maxilares.

BRICOT (1999) citou que o sistema mastigatório é um elemento

regulador ou perturbador do sistema postural, assim o desequilíbrio induzido

por uma disfunção mastigatória pode levar a uma descompensação do sistema

postural assim como o desequilíbrio do sistema postural altera o sistema

mastigatório.

Segundo JUNQUEIRA (1999), aos dois anos de vida,

aproximadamente, tanto a chupeta quanto a mamadeira devem ser evitadas,

pois com essa idade a criança já apresenta sua dentição decídua praticamente

completa, possuindo condições de se alimentar de forma semelhante ao adulto.

Nessa fase, qualquer objeto que permanecer na boca da criança poderá alterar

suas estruturas orais. Poderá atrapalhar o alinhamento dos dentes, causar

flacidez da musculatura facial, impedir a correta movimentação da língua

durante a fala e favorecer a presença de respiração oral, sendo que quanto

maior a duração, freqüência e intensidade com que a criança utilize os hábitos

orais (chupeta, dedo e mamadeira), maiores poderão ser essas alterações.

GRIBEL (1999) apresentou casos clínicos de tratamento de

mordidas cruzadas posteriores com desvio postural mandibular com pistas

diretas Planas e concluiu que as pistas diretas, parte do arsenal terapêutico da

Reabilitação Neuro-Oclusal, desenvolvidas por Pedro Planas, “podem ser uma

28

forma eficaz de correção das alterações dentárias funcionais, em crianças na

dentição decídua e início da dentição mista normalizando não só a oclusão

dentária, como a postura mandibular, posição dos côndilos nas ATMs e a

função mastigatória”. De acordo com GRIBEL, o tratamento muito precoce,

antes dos seis anos de idade pode tirar proveito, tanto da quantidade, como da

qualidade de crescimento, devido à plasticidade dos tecidos moles e duros,

podendo atuar na prevenção, correção ou atenuação das alterações de forma e

função do sistema estomatognático.

O propósito de YAMASHITA et al. (1999), foi rever a literatura

referente ao padrão ideal de mastigação para a melhor performance

mastigatória possível. Para os autores, o comportamento da mastigação

humana é um dos comportamentos mais complexos controlado por geradores

de padrões cerebrais centrais localizados no tronco encefálico sendo, contudo,

influenciados pela morfologia dos dentes e da articulação temporomandibular.

A porção mais importante do ciclo mastigatório foi considerada como sendo a

fase entre o fechamento e a abertura, relativa a fase onde ocorre o contato de

deslizamento dental. A capacidade máxima mastigatória acontecerá

provavelmente quando o padrão de movimentos mastigatórios seguir a

característica anatômica individual. Aparentemente o componente lateral do

ciclo mastigatório parece aumentar quanto maior for a eficiência mastigatória

requerida. Esta situação inclui a maior dureza, o tamanho, a posição do bolo

alimentar e a eficiência dos golpes mastigatórios. O padrão mastigatório

durante a realização de qualquer um dos ciclos é influenciado por todos estes

fatores e por esse motivo os autores consideram que o padrão ideal de

mastigação dificilmente seja determinado.

MARTIN et al. (2000) realizaram estudo cinesiográfico mandibular

em 30 pacientes na faixa etária entre dez e 14 anos com mordida cruzada

posterior unilateral, comparado a um grupo controle de mesma faixa etária,

com o intuito de estudarem os movimentos mandibulares e a posição de

repouso mandibular. Os registros foram realizados em posição de repouso

mandibular, excursões máximas mandibulares nos movimentos de abertura,

protrusão e lateralidade direita e esquerda. Os resultados não mostraram

29

diferenças entre os grupos na extensão dos movimentos durante a abertura e a

protrusão. Contudo, os pacientes com mordida cruzada exibiram um desvio

lateral significativo durante estes movimentos. Os movimentos excursivos

laterais foram similares entre os dois grupos. As dimensões do espaço

funcional livre foram similares entre os grupos, mas o desvio lateral encontrado

na posição de oclusão cêntrica também foi verificado com significância

estatística no grupo com mordida cruzada. Os pacientes com mordida cruzada

também apresentaram uma prevalência significativa de deglutição atípica.

Nenhuma diferença foi verificada nos ciclos mastigatórios, nos parâmetros

estudados. Não encontraram relação entre lado de mordida cruzada e

preferência mastigatória. Concluíram com o trabalho, que os pacientes

portadores de mordida cruzada posterior unilateral apresentaram um desvio

lateral para o lado cruzado durante a abertura e protrusão, que persistiu na

posição de repouso mandibular.

Segundo SANTOS et al. (2000), os hábitos de sucção, seja

sucção digital, mamadeira ou chupeta, são os mais passíveis de causar

alterações no equilíbrio do sistema sensório motor oral. Entretanto, a presença

de maus hábitos orais não garante a ocorrência de má oclusão dentária, já que

existem mecanismos individuais de ajustes no desenvolvimento e mudanças de

crescimento que podem permitir a evolução normal da oclusão. A deformidade

vai depender também da freqüência, intensidade, duração, predisposição

individual, idade, nutrição e saúde do paciente. Por isso, é possível

encontrarmos indivíduos que chupam ou chuparam dedo, por exemplo, e que

não tem respiração bucal ou alterações dentárias importantes e, também,

podemos encontrar outros que nunca tiveram qualquer mau hábito oral e

apresentaram distúrbios articulatórios na fala ou outras dificuldades.

PINHO et al. (2000) relataram as diversas relações entre atividade

elétrica alterada dos músculos elevadores da mandíbula e a presença da

disfunção temporomandibular (DTM).

RAYMOND (2001) observou que nas mordidas cruzadas

posteriores, o indivíduo mastiga preferencialmente ou quase que

30

exclusivamente pelo lado cruzado. O tratamento deve então não apenas

corrigir a mordida cruzada transversal, mas também reabilitar a função

mastigatória bilateral alternada. O autor comenta que a fisiologia do órgão da

mastigação é estabelecida pela relação de causa e efeito entre o tipo de

mastigação e a situação da oclusão modifica-se constantemente durante os

tratamentos ortodônticos. Salientou que para alcançar os objetivos do

tratamento das mordidas cruzadas transversais, é necessário torque

apropriado na região de molares permanentes para que possíveis

interferências oclusais não alterem o equilíbrio dos ângulos funcionais

mastigatórios Planas. Quando a função mastigatória é reabilitada através do

ajuste adequado dos ângulos funcionais mastigatórios, aumenta-se a

estabilidade do tratamento e diminuem-se as recidivas.

TINGEY et al. (2001) citaram que as mudanças da posição da

cabeça e da coluna nos planos sagital e transversal influenciam a posição da

mandíbula e são acompanhadas de modificação da atividade elétrica dos

músculos responsáveis pela posição de repouso da mandíbula, podendo levar

a alterações na mastigação, fala e até deglutição.

Segundo critério utilizado por FELÍCIO et al. (2002), a mastigação

é classificada como unilateral predominante quando houver mais de 66% dos

ciclos mastigatórios realizados em um único lado. Quando houver mais de 95%

de ciclos mastigatórios realizados em um único lado, será classificada como

unilateral crônica. Além destas classificações, o tipo mastigatório pode ser

bilateral alternado, havendo nesses casos predominância de movimentos

verticais e laterais da mandíbula, ou bilateral simultâneo quando esses

movimentos forem apenas verticais.

Segundo OLIVEIRA (2002), a etiologia dos desvios mandibulares

é vasta, podendo ocorrer em função de alterações na inclinação do plano

oclusal, com a mandíbula buscando o lado de menor dimensão vertical ou

ainda em função de outras interferências oclusais ocasionadas por atresias

maxilares, perdas de dentes, más posições dentárias, erupção ectópica de

dentes permanentes, especialmente os molares superiores. Os contatos

31

interferentes podem desviar a mandíbula para diversas posições (anterior,

posterior, lateral ou ainda, combinados). Salienta a importância da mastigação

bilateral alternada como fator para a homeostase do sistema, prevenindo o

crescimento assimétrico das estruturas de suporte, hipertrofia muscular,

sobrecarga de dentes e periodonto do lado de preferência mastigatória além de

remodelamentos adaptativos da articulação temporomandibular. Mesmo

havendo controvérsias sobre a associação de fatores oclusais com as DTMs,

salienta que a maloclusão é aceita como um dos fatores etiológicos das DTMs,

juntamente com fatores neuromusculares e psicogênicos.

MIZUMORI et al. (2003) avaliaram a influencia da textura do

alimento na lateralidade do movimento mastigatório em 10 sujeitos saudáveis

entre 24 e 28 anos de idade de ambos os sexos, sem sinais de DTM. A

mastigação habitual de sete tipos de comida com diferentes texturas (goma de

mascar, pasta de peixe cozida, amendoim, gelatina, picles de rabanete, pipoca

e lula desidratada) durante 20 s. para cada alimento através de sistema de

análise sirognatográfica (Sirognathograph Analyzing System III). Os dados

foram analisados por um Programa de Análise de Movimento do Ponto Incisal

desenvolvido por um dos pesquisadores. Os registros foram repetidos 3 vezes

em intervalos de uma semana para diminuir uma influência da atenção ao

experimento por parte dos sujeitos da pesquisa. Os ciclos mastigatórios

registrados foram verificados um a um para determinação do lado da

mastigação. Quando não foi possível a determinação do lado de mastigação,

os ciclos foram descartados. A lateralidade mastigatória foi verificada através

de um índice de lateralidade [IL: (n°. de golpes do lado direito - n°. de golpes do

lado esquerdo)/(n°. total de golpes). Médias dos va lores dos três registros

realizados foram calculados. Diferenças significativas foram verificadas entre

os alimentos mais duros e os mais moles quando observados os valores

absolutos da médias do IL. Os alimentos mais duros provocam maior

lateralidade mandibular e aparentemente são mais indicados para exames de

lateralidade mastigatória.

PIGNATARO NETO; BERZIN (2004) estudaram o lado de

preferência mastigatória (LPM), através da análise eletromiográfica dos

32

músculos masseteres, comparada à inspeção visual durante mastigação

habitual de cenoura e parafilme, em 29 indivíduos na faixa etária entre 18 e 25

anos. Consideraram a presença de um lado de preferência mastigatória (LPM)

quando os valores de amplitude de contração muscular, obtidos em RMS (Root

Mean Square), tivessem uma diferença de pelo menos 20% entre os músculos

masseteres direito e esquerdo. Consideraram a presença do LPM, quando a

mastigação ocorria com uma freqüência de ciclos mastigatórios, pelo menos

30% maior por um dos lados, após o registro de 20 ciclos mastigatórios

consecutivos. Do total da amostra, 82,8% (24/29) e 72,4% (21/29)

apresentaram um lado de preferência mastigatória durante a mastigação de

cenoura e parafilme A concordância entre a eletromiografia e a inspeção visual

foi verificada em 83% das observações.

Segundo CATTONI (2004), o músculo pterigóideo lateral é

considerado o principal músculo abaixador da mandíbula e seu feixe superior

estabiliza o movimento de fechamento da boca; já o feixe inferior age na

abertura da boca, ao tracionar o côndilo.

NISSAN et al. (2004) realizaram uma pesquisa para avaliar o lado

inicial da mastigação. Observaram os movimentos mandibulares no primeiro

ciclo mastigatório, em que a mandíbula deve estar lateralizada para o lado

inicial e os dentes deste mesmo lado em oclusão. Foi utilizada a palpação, com

um leve toque nos músculos masseteres, percebendo qual o lado de maior

contração muscular. O teste foi repetido 4 vezes. Constataram que o lado

sugestivo de preferência mastigatória é aquele que coincidiu por 3 vezes no

teste.

BERRETIN - FÉLIX et al. (2004) afirmaram que na presença de

mordida cruzada posterior unilateral, a dimensão vertical pode apresentar-se

menor do lado cruzado, facilitando a mastigação desse lado, com assimetrias

musculares decorrentes do maior trabalho do lado de preferência mastigatória.

AMANTÉA et al. (2004) realizaram uma revisão da literatura sobre a

importância da avaliação postural no paciente com disfunção da articulação

33

temporomandibular. O equilíbrio do corpo bem como os movimentos da cabeça

são originados pelo posicionamento do crânio sobre a região cervical

determinando assim a postura do indivíduo. Estando a articulação

temporomandibular (ATM) diretamente relacionada com a região cervical e

escapular através de um sistema neuromuscular comum, alterações posturais

da coluna cervical podem acarretar em distúrbios na ATM e vice-versa. O

número crescente de pacientes com disfunção da articulação

temporomandibular (DTM) que apresentavam alterações posturais levou ao

desenvolvimento de estudos que procuram demonstrar suas relações. Os

autores salientaram a necessidade de uma equipe multidisciplinar, formada

pelo médico ortopedista, o cirurgião dentista e o fisioterapeuta, para realizarem

juntos o diagnóstico e o tratamento de tais alterações.

COSTA et al. (2005) estudaram a relação da oclusão dentária com a

postura de cabeça e coluna cervical em crianças respiradoras bucais. Foram

avaliadas 177 crianças do Centro de Referência do Respirador Bucal da

Universidade Federal de São Paulo, com faixa etária entre cinco e 12 anos,

sendo 95 do sexo masculino e 82 do feminino. Todas as crianças foram

submetidas à avaliação otorrinolaringológica, alergo-imunológica, ortodôntica e

fsioterápica. Em todos os tipos de má oclusão no plano sagital, a postura

protrusa de cabeça foi predominante, independentemente da faixa etária e do

sexo. A coluna cervical apresentou curvatura normal, retificada ou com

hiperlordose, nos pacientes portadores de má oclusão classe I e II. Naqueles

com á oclusão classe III, a coluna cervical mostrou-se com curvatura normal ou

retificada. Os autores concluíram que a posição de protrusão da cabeça é

predominante no respirador bucal, sem depender do tipo de má oclusão

dentária no plano sagital, faixa etária e gênero.

ABRÃO; FORNASARI (2005) avaliaram, por meio de fotometria,

como o tratamento fisioterapêutico convencional interfere na posição da cabeça

e plano de Frankfurt em portadores de disfunção craniomandibular. Eles

concluíram que houve alteração significativa, ocasionando uma melhora da

postura.

34

2.2. POSTURA DE CABEÇA e POSTURA CORPORAL:

ROCABADO et al. (1983), conhecido e respeitado fisioterapeuta

chileno, afirma que 80%, isto é, 4 entre 5 pacientes com dores oro-crânio-

cervicais apresentam alteração da curvatura fisiológica, ou seja, alteração da

lordose cervical. Algumas crianças nunca chegaram a apresentar esta

curvatura fisiológica. O fisioterapeuta assim descreveu as alterações:

-quando a cabeça está rodada para um lado, a oclusão é mais

forte para o lado da rotação;

-quando a cabeça está estendida, inclinada para trás, os contatos

oclusais estão posteriorizados;

-quando a cabeça está fletida, inclinada para frente, os contatos

oclusais estão anteriorizados.

Descreveu também a relação entre postura e má oclusão através da

teoria do paralelismo entre quatro planos, segundo a qual a orientação da

cabeça depende de um plano vertical e três planos horizontais (linha bipupilar,

plano vertical, plano oclusal). Quando qualquer um dos planos horizontais se

desvia de sua posição, ocorrem alterações posturais na tentativa de realinhá-

los. Essa tendência ao realinhamento dos planos horizontais é tão forte que

pode levar a alterações oclusais e assimetrias faciais. ROCABADO (1983)

propõe que a terapia com pacientes portadores de alterações oclusais deva

restabelecer a mobilidade da coluna, alongando e fortalecendo seletivamente a

musculatura corporal e ensinando ao paciente os mecanismos de seu próprio

corpo. O terapeuta deve ajudar o paciente a abandonar hábitos orais ou

respiratórios inadequados e deve trabalhar com a coordenação e

fortalecimento dos músculos mastigatórios e de língua.

SHOUCHARD (1986) conceituou que a criança ao nascer

apresenta-se em posição de flexão, sendo necessária uma reorganização das

funções musculares para que ela possa ficar em pé. Quando a criança tenta

suportar a cabeça, ela inicia o exercício de sua musculatura para-vertebral e

estabelece a curvatura cervical. Essa fase marca o início da função locomotora.

Na posição sentada, a musculatura da coluna vertebral é exercitada e efetua

movimentos para corrigir os desequilíbrios da cabeça. Por outro lado, a cabeça

35

também se movimenta para compensar os desequilíbrios da coluna. Os

membros inferiores, que a princípio encontravam-se em flexão, abdução e

rotação externa, vão gradativamente estendendo-se e aproximando-se. Com o

engatinhar os pés vão para o chão, proporcionando exercício da musculatura

dos membros superiores, inferiores e da coluna vertebral. Ao ficar em pé, a

criança reduz sua área de apoio e traz a linha de gravidade do conjunto de

seus segmentos para o meio de seu polígono de sustentação. Num primeiro

momento, o equilíbrio só é possível com a permanência dos membros

inferiores em flexão, com pés e joelhos bem separados e com o apoio

ocasional dos membros superiores. Começa, então, a se formar a segunda

curva lordótica, que evolui, gradativamente, à medida que a flexão do quadril

desaparece e os membros inferiores se endireitam e se aproximam. O ficar em

pé dá origem às curvas da coluna lombar e da planta do pé. O

desenvolvimento postural prossegue, gradativamente, com o amadurecimento

das funções musculares. A postura ideal, em pé, é descrita da seguinte forma:

Os pés estão à frente dos tornozelos, conseqüentemente a linha da gravidade

que cai no meio deles situa-se à frente desta articulação e provoca um

desequilíbrio anterior. Para corrigi-lo, obedecendo à lei do mínimo esforço, o

joelho situar-se-á ligeiramente atrás da linha da gravidade, o ventre à frente, as

costas atrás e a cabeça à frente (figura 1). A manutenção do equilíbrio é

fundamental, e a desorganização de um segmento do corpo implicará em uma

nova organização de todos os outros. Assim, por exemplo, se a cabeça é

colocada à frente, conseqüentemente as costas assumem posição para trás e

o ventre para frente em um deslocamento de massas, de força e direção

contrárias a toda força desequilibrante (figura 2). São múltiplos os fatores que

podem causar uma alteração postural. O fator psicológico pode ser

determinante de uma postura encolhida para frente em adolescentes que se

sentem envergonhadas com o desenvolvimento das mamas e tentam ocultá-lo.

36

Fig. 1 – Postura Ideal em pé Fig. 2 - Postura compensatória ao

deslocamento anterior da cabeça

SHOUCHARD (1986) relatou que na área somática muitas

compensações visam respeitar as extremidades (membros e cabeça) e

acabam refletindo-se no centro (diafragma e região lombar). As regiões mais

atingidas pelo comportamento compensatório são as chamadas “zonas de

dobradiça”:

a) região occipto-atlas-odontóidea, que permite a semi-

dependência da cabeça;

b) articulação lombo-sacro-ilíaca, responsável pela mobilidade do

sacro.

Na área muscular, a dor de origem mecânica é indissociável da

mobilidade. Um músculo que trabalha em más condições e o aparelho osteo-

articular a ele relacionado pode, para impedir a dor, imobilizar-se, acarretando

automaticamente desvio e hipercompensação. Na explicação do autor, cada

vez que um músculo se encurta, ele aproxima suas extremidades e

conseqüentemente os ossos nos quais ele se insere, desorganizando outros

músculos que tenham origem ou inserção nestes ossos e assim

sucessivamente.

KENDAL; MC CREARY (1987) afirmaram que em crianças

pequenas, até 10 anos, o abdômen normalmente se salienta um pouco. Em

crianças mais velhas e em adultos ele deve ser plano. Esses autores definiram

37

postura padrão como sendo a postura que envolve uma quantidade mínima de

esforço e sobrecarga e que conduz a uma eficiência máxima no uso do corpo.

Em relação ao sistema estomatognático, o trabalho realizado por

SABOYA (1987) merece destaque por ter sido o primeiro a considerar que a

interferência direta sobre as alterações posturais teria reflexos nos resultados

obtidos na área da motricidade oral. Após realizar estudos ontogenéticos e

filogenéticos e associá-los a observações clínicas, a autora faz as seguintes

considerações: A falta de harmonia e flexibilidade da língua e mandíbula está

quase sempre relacionada a alterações semelhantes em cabeça e pescoço.

Simultaneamente, a falta de flexibilidade em cabeça e pescoço está associada

à desarmonia estática ou dinâmica do eixo corporal. No estudo da filogênese

dos vertebrados, destaca que a liberação da movimentação da cabeça vai

ocorrendo proporcionalmente a verticalização do eixo e que a movimentação

de mandíbula, lábios e língua só aparece posteriormente à liberação da

cabeça. Já na ontogênese, chama a atenção para o aparecimento precoce do

eixo e sua crescente flexibilidade. As curvas do eixo ao nascimento são duas: a

toráxica e a sacral. As duas curvas secundárias tem aparecimento pós-natal e

coincidem com outras aquisições importantes. Assim, a curvatura cervical

forma-se quando a criança já suporta a cabeça e pode girá-la e a curvatura

lombar forma-se e acentuasse com a postura ereta (14 a 18 meses). É nessa

fase, da formação da curvatura lombar, que ocorrem:

- o amadurecimento do padrão de deglutição;

- o início dos movimentos circulares na mastigação;

- a erupção dos molares e a oclusão mandíbula/maxila;

- o aumento da cavidade oral;

- as primeiras palavras;

- movimentos de cabeça dissociados de outros movimentos

corporais;

- maior independência filho/mãe.

O autor apontou para a perspectiva de que esses acontecimentos

não ocorrem simultaneamente apenas por coincidência e levanta a

possibilidade de estarem relacionados a uma raiz comum. Com relação à

deglutição, a autora constata que 60% dos pacientes com deglutição atípica

38

apresentam também desarmonias do eixo corporal. A autora observou que a

falta de harmonia e flexibilidade da língua e da mandíbula estão quase sempre

relacionadas a alterações semelhantes em cabeça e pescoço, e que estas por

sua vez são simultâneas à desarmonia estática ou dinâmica do eixo. No

trabalho com deglutição atípica, SABOYA relatou resultados mais rápidos e

efetivos quando é realizado trabalho paralelo com a postura corporal e com

uma melhor dissociação dos movimentos da cabeça, pescoço, ombros e

coluna vertebral.

ARAGÃO (1988) afirmou que a respiração bucal provoca uma

protrusão da cabeça para a manutenção da via respiratória, com conseqüentes

compensações em todos os outros segmentos do corpo, A criança respiradora

bucal, para conseguir respirar melhor, flete o pescoço, retificando o trajeto das

vias respiratórias e fazendo o ar chegar mais rápido da boca aos pulmões. Ao

fletir o pescoço para frente, as omoplatas se elevam e a região anterior do

tórax fica deprimida, tornando a respiração mais rápida e curta, com pequena

ação do diafragma. O relaxamento deste músculo e do músculo reto-

abdominal, associados a uma ingestão de ar constante, leva a criança

respiradora bucal a ter uma “barriguinha”. Essas alterações musculares fazem

com que o corpo tenda a ir para frente e para baixo, provocando novas

compensações na postura de braços e pernas.

OKESSON (1988) afirmou que o funcionamento da cabeça, pescoço

e maxilares se dão de forma combinada, estando o posicionamento da coluna

cervical diretamente relacionado com o posicionamento do côndilo da

mandíbula dentro da cavidade glenóide. Para o autor, uma das possíveis

causas das DTM são os microtraumas, que tem origem em cargas adversas

atuantes no sistema mastigatório através da falta de equilíbrio postural. O autor

sugeriu que uma postura de cabeça protrusa ou inclinada (posição de escorar o

telefone) pode criar esforços musculares e articulares.

Segundo MOYERS (1991), entre os fatores etiológicos das DTM

estão as neuropatias, os distúrbios neuromusculares e as seqüelas de

tratamentos, como o proposto para a escoliose, onde há imobilização

39

prolongada da coluna. Para o autor, o mecanismo postural que atua na coluna

vertebral e na cabeça é também parcialmente responsável pela postura

mandibular, cuja principal função é a manutenção da via aérea, através de

duas situações básicas:

1) posicionamento da mandíbula antero-posteriormente no

repouso, permitindo a manutenção de um diâmetro uniforme da via aérea,

2) permitir relação estável entre a língua e a parede posterior da

faringe.

ARAGÃO (1991) comprovou que alterações posturais levam a

alterações oclusais e vice-versa. O pesquisador utilizou terapia com aparelho

de ortopedia funcional dos maxilares (Aragão ‘s Function Regulator) em cinco

pacientes que apresentavam oclusão classe II, divisão 1 de Angle e mordida

aberta e obteve, além de modificações do sistema estomatognático e

redirecionamento do crescimento ósseo, alteração na postura corporal como

um todo (diminuição da curvatura das costas e da proeminência do abdômen).

Esses resultados sugerem ser possível melhorar a postura corporal global

através de correções ortopédicas dos maxilares e da reorganização funcional.

Segundo OKESSON (1992), para a cabeça ser mantida na posição

ereta, os músculos posteriores que prendem o crânio à coluna cervical e à

região dos ombros (trapézio, esternocleidomastoídeo, esplênio, entre outros)

devem contrair-se. Na elevação da cabeça há aumento na contração destes

grupos musculares, contrabalançada por um grupo de músculos anteriores de

ação antagônica (masseter, músculos supra e infra hióideos). A contração

destes últimos determina o abaixamento da cabeça. Este complexo sistema de

equilíbrio muscular é esquematizado e reproduzido abaixo:

40

Fig. 3: Músculos mais importantes para manutenção do equilíbrio da cabeça /

Sistema muscular.

ENLOW (1993) citou mudanças na postura do respirador bucal,

como: abaixamento da mandíbula, posicionamento da língua para baixo e para

frente e alongamento da cabeça para trás. Em decorrência dessas

modificações haveria uma alteração de toda a postura corporal.

MARCHESAN (1993) analisou a rotação da cabeça para o lado e

sua implicação na função muscular: se o indivíduo desvia o pescoço para o

lado direito, esse lado tem sua musculatura encurtada, enquanto o lado oposto

tem sua musculatura estirada. A língua pode ocupar mais um lado da boca do

que outro e dificultar o fechamento de uma possível mordida aberta posterior.

Pode haver dor na palpação do esternocleidomastóideo.

MARCHESAN (1994) destacou outro ponto importante: que o

desequilíbrio da cabeça sobre o tronco pode funcionar como incentivo para o

crescimento anômalo das bases ósseas. A língua pode posicionar-se para

frente ou para trás, dependendo da inclinação do pescoço, e contribuir para um

desenvolvimento ósseo e\ou oclusal inadequado. MARCHESAN afirmou que se

não há equilíbrio adequado da cabeça sobre o tronco pode haver estimulação

incorreta das bases ósseas. A posição da língua pode variar para frente ou

para trás, dependendo da posição do pescoço e assim colaborar com o

crescimento incorreto. No caso específico do respirador bucal, o

posicionamento da língua, assumido para possibilitar a passagem do ar pela

via oral, deixa de cumprir sua função modeladora dos arcos dentários e pode

causar alterações. A língua pode assumir uma postura com ponta baixa e

dorso elevado ou pode estar totalmente baixa, no assoalho da boca. No

41

primeiro caso, haverá uma inibição do crescimento da mandíbula e um maior

estímulo do crescimento anterior da maxila, o que pode provocar uma oclusão

tipo Classe II de Angle e/ou causar ceceio lateral. O segundo caso estimula a

projeção mandibular. É comum que a língua esteja anteriorizada e interposta

entre os arcos dentários, o que pode levar a uma mordida aberta anterior.

DOUGLAS (1994) descreveu a atuação dos grupos musculares da

nuca como compensadores dos desequilíbrios causados por movimentos de

abertura e fechamento da mandíbula, presentes em todas as funções

estomatognáticas. Na abertura da boca, o osso hióide se torna o ponto fixo e

os músculos hióideos se contraem, abaixando a mandíbula. Na deglutição, a

mandíbula está alta e a boca fechada, constituindo-se no ponto de apoio, os

suprahióideos se contraem e puxam o hióide e a laringe para cima. Os

músculos da nuca, tanto na mastigação como na deglutição, devem compensar

as modificações anteriores da cabeça, evitando variações posturais da mesma.

MARCHESAN; KRAKAUER (1995) encontraram um predomínio de

crescimento vertical, tendo como características: palato inclinado, dimensões

faciais estreitas, hipodesenvolvimento dos maxilares, classe II de Angle, over

jet, mordida cruzada ou aberta e protrusão dos incisivos superiores. Essas

autoras apontam, também, a existência freqüente de assimetrias faciais,

especialmente em bucinadores, e alterações das funções orais (mastigação,

deglutição, sucção). A respiração bucal é apontada como responsável por

alterações posturais, e estas, por sua vez, podem causar alterações no

crescimento craniofacial e alterações oclusais.

BISHARA et al. (1995) afirmaram que postura corporal e suas

modificações podem ser medidas por métodos morfométricos como a

fotogrametria, que pode ser usada na medicina, ergonomia e odontologia,

avaliando a posição dos planos do corpo com relação a um ponto de referência

e suas posições recíprocas, além de permitir a medição de estruturas em

norma lateral e em norma frontal.

42

FERRARIO et al. (1996) constataram que o estudo da influência da

postura sobre a atividade dos músculos mastigatórios pode-se utilizar a

eletromiografia, que por sua vez, não avalia as posições do corpo ou alterações

posturais, mas a atividade de diferentes grupos musculares. O controle postural

requer um sistema neuromuscular complexo com vários trajetos aferentes de

proprioceptores de músculos, articulações e exteroceptores da pele, receptores

visuais e vestibulares.

PALAZZI et al. (1996) afirmaram que a manutenção da postura é

assumida pelo vestíbulo, que além de servir como um dos mais importantes

órgãos do equilíbrio, é o centro receptor responsável pela detecção da posição

da cabeça e suas mudanças no espaço.

CAILLIET (1997) descreveu as conseqüências de uma má postura,

por exemplo, com a cabeça anteriorizada. Quando a cabeça está deslocada

para frente, seu peso relativo torna-se maior e o pescoço assume posição com

lordose mais acentuada. Os forames intervertebrais se estreitam, colocando

pressão sobre as raízes dos nervos cervicais. Os ombros rodam para frente e

para baixo, causando carga excessiva sobre a musculatura escapular. Apoiado

em pesquisas que apontam a incidência de 70% de pacientes com má oclusão

e postura anteriorizada de cabeça, ele conclui que se há um componente

postural na oclusão, este também atua nas doenças que envolvem ATM e dor

facial. CAILLIET citou que a avaliação da coluna cervical é sempre necessária

nas queixas de dor facial, sendo verdade que as alterações posturais causam

alterações da ATM, e que o inverso também pode ocorrer.

FARAH; TANAKA (1997) salientaram que as alterações posturais do

respirador bucal podem levar a deformidades toráxicas, com elevação das

últimas costelas pelo encurtamento do músculo diafragma. Podendo ocorrer

ansiedade respiratória, com utilização dos músculos acessórios da respiração.

JUNQUEIRA (1997) refletiu sobre a importância da observação

prévia de outras funções e das condições anatômicas e posturais. Assim, no

caso de queixa de “deglutição atípica”, é preciso primeiro observar as

43

condições respiratórias e oclusais, para certificar-se das possibilidades de um

correto posicionamento lingual. E em seguida, observar a posição da cabeça,

pois qualquer desvio desta implicará em alterações na postura da língua.

CAILLIET (1997) relatou que as condições ocupacionais podem ser

responsáveis por diversos tipos de alterações, não esquecendo, também, as

causas de origem congênita e/ou genética. As vias nervosas envolvidas na

manutenção da postura são numerosas e têm seus componentes básicos

localizados no mesencéfalo, ponte e bulbo. Estes centros, assim como o

labirinto, recebem impulsos periféricos da pele, músculos, articulações e

ligamentos. Toda a programação postural tem início em um planejamento

motor subcortical, que é transmitido aos núcleos da base e ao cerebelo e

depois sucessivamente ao tálamo, ao córtex motor pré-central, ao

mesencéfalo, à ponte, ao bulbo, à medula e finalmente aos músculos

extrafusais. Já na medula, o grau, a rapidez e a duração de um determinado

impulso são influenciados por fibras intrafusais alfa e gama. Impulsos

sensitivos coordenam todas as ações e, reflexos de correção postural, também

são transmitidos para o mesencéfalo, ponte e bulbo. A complexidade de tal

sistema nos sugere o quanto é difícil o tratamento de problemas posturais.

Exercícios para melhorar a postura e diminuir a anteriorização de cabeça são

propostos um em programa que inclui exercícios ativos e passivos para

propiciar maior flexibilidade, força e resistência aos músculos do pescoço.

CAILLIET prescreveu também exercícios para o treino proprioceptivo da

postura ereta, como a colocação de um objeto pesado sobre a cabeça.

Observou, no entanto, que estes exercícios só tem valor se associados ao

envolvimento da postura adequada nas atividades da vida diária e nas

atividades ocupacionais.

KENDALL; MC CREARY (1997) citaram que o que ocorre nas

posturas defeituosas em termos musculares, é que alguns músculos podem

estar encurtados, tendendo a se tornarem mais fortes e outros mais alongados

e conseqüentemente mais fracos do que os músculos que trabalham em

oposição a eles. Nos defeitos posturais estabelecidos não é mais possível

44

determinar se a causa foi um encurtamento ou um alongamento muscular, pois

em longo prazo não há mais diferença com relação ao efeito provocado.

WIJER (1998) pesquisou detalhadamente as inter-relações entre

ATM e disfunções da região cervical (DRC). O trabalho foi publicado no Brasil

em 1997 e trouxe uma ampla revisão bibliográfica sobre o assunto, da qual

destacaram-se alguns pontos:

- indivíduos com DTM se queixam de dor no pescoço com maior

freqüência que grupos controles;

- indivíduos com DRC podem apresentar sinais e sintomas de

DTM;

- uma região cervical disfuncional pode ser fonte de dor na região

da cabeça;

- a posição anterior da cabeça e ombros arredondados tem sido

relacionada com o aparecimento e/ou manutenção das DTM, mas ainda não há

consenso na literatura sobre o papel exato da postura nessas desordens;

- aparelhos interocluais podem afetar a posição da cabeça.

Como resultados práticos de suas pesquisas, WIJER sugeriu que

para o diagnóstico diferencial entre DTM e DRC é útil o emprego de

questionário a ser respondido previamente pelo paciente. Observa, também,

que indivíduos com DRC não apresentam mais queixas ou sinais de DTM se

comparados à população adulta holandesa. Isto implica na afirmação de que

DRC não causa por si só alterações da articulação temporomandibular,

MICHELOTTI et al. (1999) afirmaram que existem evidências de

conexões anatomofuncionais que sustentam a hipótese da correlação entre o

sistema estomatognático e o sistema de regulação postural.

BRICOT (1999) citou que o sistema mastigatório é um elemento

regulador ou perturbador do sistema postural, assim o desequilíbrio induzido

por uma disfunção mastigatória pode levar a uma descompensação do sistema

postural assim como o desequilíbrio do sistema postural altera o sistema

mastigatório.

45

TINGEY et al. (2001) estudaram que as mudanças da posição da

cabeça e da coluna nos planos sagital e transversal influenciam a posição da

mandíbula e são acompanhadas de modificação da atividade elétrica dos

músculos responsáveis pela posição de repouso da mandíbula, podendo levar

a alterações na mastigação, fala e até deglutição.

UEDA et al. (2002) observaram a compensação postural da cabeça

durante a mastigação numa avaliação direta e na análise da filmagem. Pode-se

encontrar a cabeça em posição centralizada, mantendo o plano oclusal paralelo

ao solo com a cabeça estática, ou ocorrer a inclinação da cabeça para um dos

lados ou ainda pode realizar movimentos diversos como se estivesse

“ajudando” a mastigação.

GHESSA et al. (2002) citaram que nos músculos da mastigação,

sobretudo no músculo temporal e no músculo masseter, estão presentes

numerosos receptores responsáveis pela condução de informações para áreas

centrais que interferem na postura.

FERREIRA (2005) citou que avaliação postural é um método

amplamente utilizado na fisioterapia para compreensão do alinhamento dos

segmentos corporais e influencia diretamente na conduta terapêutica. A

finalidade do alinhamento corporal é manter o corpo equilibrado, ou seja,

projetar o centro de gravidade na base de sustentação, administrando assim, a

força gravitacional.

PENHA et al. (2005) estudaram as alterações posturais mais

freqüentes em escolares de sete a dez anos. Nessa fase, a postura sofre uma

série de ajustes e adaptações às mudanças no próprio corpo e à demanda

psicossocial que lhe é apresentada, ocorrendo uma grande transformação na

busca de um equilíbrio compatível com suas condições. Foram avaliadas 33

meninas para cada idade entre sete a dez anos, totalizando uma amostra de

132 sujeitos. Cada estudante foi observado através de fotos nos planos frontal

e sagital. Os principais desvios posturais encontrados foram: anteversão

pélvica, hiperextensão de joelho, hiperlordose lombar, desnível de ombro,

46

inclinação pélvica lateral, escoliose, rotação de tronco, protração de ombros e

inclinação de cabeça. Algumas das alterações posturais descritas são próprias

do desenvolvimento postural normal da criança e tendem a serem incorporadas

com seu crescimento. Outras, no entanto, caracterizam assimetrias que podem

ser geradas por demandas diárias como, por exemplo, a escoliose e a

inclinação da cabeça.

47

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UNIARARAS

PROPOSIÇÃO

48

3. PROPOSIÇÃO

A proposta da presente pesquisa foi avaliar a influência do padrão

mastigatório na postura natural da cabeça e na postura do corpo, e analisar:

• Se existem alterações na postura da cabeça nos pacientes

portadores de mastigação unilateral;

• Se existe alteração postural do corpo nos pacientes portadores de

mastigação unilateral;

• Se o padrão mastigatório pode influenciar alterações na postura

da cabeça e do corpo.

49

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MATERIAL E MÉTODO

50

4. MATERIAL E MÉTODO

4.1. SELEÇÃO DA AMOSTRA:

Este presente estudo seguiu as normas do Conselho Nacional de

Saúde/MS, n. 196/1996, com número de protocolo 05/052, aprovado pelo

Comitê de Ética e Pesquisa da UNIARARAS.

Na amostra para a realização deste estudo foram avaliadas 55

indivóduos, sendo 23 do gênero feminino e 32 do gênero masculino, com idade

entre sete e 11 anos, na fase da dentadura mista e em bom estado geral de

saúde. A pesquisa foi feita com indivíduos que procuraram tratamento

ortodôntico na clínica de Ortodontia Preventiva da Faculdade de Odontologia

da Universidade Metropolitana de Santos, conforme consentimento obtido da

chefia do Departamento Ortodôntico. Todos os responsáveis pelas crianças

assinaram um termo de consentimento. (Anexo 1).

Os critérios para inclusão da amostra foram:

• Indivíduos com maloclusão classe I, II ou III;

• Indivíduos com padrão facial meso, braqui ou dolicofacial;

• Indivíduos sem deformidades crânio-faciais, síndromes ou

fissuras;

• Indivíduos sem qualquer tipo de sintomatologia dolorosa.

51

Os critérios para exclusão da amostra foram os seguintes:

• Indivíduos em fase de dentição decídua e permanente;

• Indivíduos portadores de deformidades crânio-faciais,

síndromes ou fissuras.

4.2. METODOLOGIA:

O teste para avaliação do padrão mastigatório foi realizado

individualmente, com o indivíduo sentado confortavelmente, por meio da

mastigação propriamente dita. Foi dada à criança uma bolacha, da marca

“Bono”, sabor chocolate, para mastigar durante um minuto. Nesse tempo, um

único examinador fez a observação do tipo de padrão mastigatório encontrado

(mastigação bilateral, unilateral direita ou unilateral esquerda). Este

procedimento foi repetido num intervalo de 30 dias, aproximadamente, para

confirmação dos resultados. Os resultados foram anotados em uma ficha de

coleta de dados. (Anexo 2).

Após a avaliação do padrão mastigatório foram feitas fotografias

extrabucais frontais, de cabeça e de corpo para correlacioná-los (Figuras 4, 5,

6 e 7). As fotografias foram realizadas com uma câmera digital Sony Cyber-

shot (DSC-F717) e a padronização dos indivíduos seguiu os seguintes critérios:

• Indivíduo em pé e em posição natural;

• Distância de 3 metros entre o indivíduo e a câmera digital;

• Tomadas por um único operador.

Posteriormente os dados da pesquisa foram encaminhados para

análise estatística. A presença de associação entre o padrão mastigatório e as

posturas foi avaliada pelo Teste do Qui-quadrado.

52

Fig. 4 – Foto frontal da posição do corpo

Fig. 5 – Foto frontal da posição de cabeça

Indivíduo 1:

- 9 anos

- Mastigação unilateral direita

53

Indivíduo 2:

- 11 anos

- Mastigação bilateral

Fig. 6 – Foto frontal da posição do corpo

Fig. 7 – Foto frontal da posição de cabeça

54

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RESULTADOS

55

5. RESULTADOS

Após a pesquisa com as 55 crianças, foi constatado que 40

possuíam mastigação bilateral e 15 possuíam mastigação unilateral, sendo 9

do lado direito e 6 do lado esquerdo. Nas duas observações, feitas com

intervalo de aproximadamente um mês, as crianças obtiveram o mesmo padrão

mastigatório. Os indivíduos que mastigaram unilateralmente apresentaram

mordida cruzada posterior do mesmo lado da mastigação.

Na amostra estudada 40 (72,7%) crianças apresentaram mastigação

bilateral e 15 (27,3%) com mastigação unilateral e foi encontrada diferença

estatisticamente entre essas freqüências (p < 0,001) mostrando que nessa

amostra houve predomínio de indivíduos com mastigação bilateral.

Padrão Mastigatório

Variáveis Bilateral

(n = 40)

Unilateral

(n = 15)

Postura do Corpo – n (%)

Não alterada 20 (50,0) 8 (53,3)

Alterada (Dir ou Esq) 20 (50,0) 7 (46,7)

Comparação p = 0,826

Postura da Cabeça – n (%)

Não alterada 14 (35,0) 6 (40,0)

Alterada (Dir ou Esq) 26 (65,0) 9 (60,0)

Comparação p = 0,731

Tabela 1 - Influência do padrão mastigatório na postura da cabeça e do

corpo.

56

Não foi encontrada associação estatisticamente significante entre o

padrão mastigatório e a postura do corpo (p = 0,826) e postura da cabeça (p =

0,731).

Pode-se concluir que a proporção de indivíduos com alteração de

postura do corpo e da cabeça independe do padrão mastigatório ser bilateral

ou unilateral.

Quanto à presença de posturas alteradas (lado direito ou esquerdo),

tivemos:

• na amostra com padrão mastigatório bilateral não foi

encontrada presença significante de alteração na postura do corpo (p =

1,000) e da cabeça (p = 0,058);

• na amostra com padrão mastigatório unilateral não foi

encontrada presença significante de alteração na postura do corpo (p =

0,796) e da cabeça (p = 0,439).

53%50% 47%50%

01020

3040506070

8090

100

Mastigação Bilateral Mastigação Unilateral

Por

cent

agem

de

paci

ente

s

Postura Horizontal Postura Alterada

p = 0,826

57

40%35%

60%65%

01020

3040506070

8090

100

Mastigação Bilateral Mastigação Unilateral

Por

cent

agem

de

paci

ente

s

Postura Horizontal Postura Alterada

p = 0,731

Postura do Corpo

Postura da Cabeça Alterada

(D ou E) Não alterada

Total

Mastigação Bilateral – n

(%)

Alterada (Dir ou Esq) 18 ( 45,0) 8 ( 20,0) 26 ( 65,0)

Não alterada 2 ( 5,0) 12 ( 30,0) 14 ( 35,0)

Total 20 ( 50,0) 20 ( 50,0) 40 (100,0)

Comparação kappa = 0,50 p = 0,001 *

Mastigação Unilateral – n

(%)

Alterada (Dir ou Esq) 3 ( 20,0) 6 ( 40,0) 9 ( 60,0)

Não alterada 4 ( 26,7) 2 ( 13,3) 6 ( 40,0)

Total 7 ( 46,7) 8 ( 53,3) 15 (100,0)

Comparação kappa = 0,32 p = 0,205

Tabela 2 – Concordância entre alteração postural da cabeça e do corpo.

58

No grupo de indivíduos com Mastigação Bilateral foi encontrada

concordância moderada, porém estatisticamente significante entre as

alterações posturais do corpo e da cabeça (kappa = 0,50 p = 0,001). Dos 40

indivíduos avaliados, 10 (25,0%) apresentaram discordância entre as posturas

do corpo e da cabeça.

No grupo de indivíduos com Mastigação Unilateral não foi

encontrada concordância estatisticamente significante entre as alterações

posturais do corpo e da cabeça (kappa = 0,32 p = 0,205). Dos 15 indivíduos

avaliados, 10 (66,7%) apresentaram discordância entre as posturas do corpo e

da cabeça.

Analisando a associação entre a discordância entre as alterações

posturais do corpo e da cabeça e o padrão mastigatório, temos:

Padrão Mastigatório

Variáveis Bilateral

(n = 40)

Unilateral

(n = 15)

Postura do Corpo e da Cabeça

n (%)

Concordantes 30 (75,0) 5 (33,3)

Discordantes 10 (25,0) 10 (66,7)

Comparação p = 0,004 *

Tabela 3 - Associação entre a discordância entre as alterações posturais do corpo e da

cabeça e o padrão mastigatório.

59

33%

75%67%

25%

01020

3040506070

8090

100

Mastigação Bilateral Mastigação Unilateral

Por

cent

agem

de

paci

ente

s

Posturas Concordantes Posturas Discordantes

p = 0,004 *

As variáveis foram representadas por freqüência absoluta (n) e

relativa (%).

As distribuições do padrão mastigatório na amostra total e da

presença de alteração de postura nas amostras divididas segundo o padrão

mastigatório foram avaliadas pelo Teste do Qui-quadrado para uma proporção.

A presença de associação entre o padrão mastigatório e as posturas

foi avaliada pelo Teste do Qui-quadrado.

A concordância entre as posturas do corpo e da cabeça dentro das

amostras de padrão mastigatório bilateral e unilateral foi avaliada pelo

coeficiente de concordância de kappa e sua significância foi testada.

Adotou-se o nível de significância de 0,05 (α = 5%) e níveis

descritivos (p) inferiores a esse valor foram considerados significantes e

representados por *.

60

Observação:

A interpretação do coeficiente kappa é apresentada na referência

abaixo e onde são propostos pontos de corte:

Valor de kappa Grau de concordância

< 0,20 pobre

0,21 – 0,40 fraca

0,41 – 0,60 moderada

0,61 – 0,80 boa

0,81 – 1,00 muito boa

Tabela 4 - Interpretação do coeficiente kappa. {Ref. Landis, J. R. &

Koch, G. C. The measurement of observer agreement for categorical data.

Biometrics, 33, 159-74, (1977)}.

61

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UNIARARAS

DISCUSSÃO

62

6. DISCUSSÃO

Os dentes exercem influência na escolha do lado de preferência

mastigatória. Esse lado preferencial é determinado onde a maior parte dos

dentes está em contato durante o movimento de lateralidade. A mastigação

realiza-se bilateralmente nos casos onde a oclusão seja similar em ambos os

lados. (HILDEBRAND, 1931; PLANAS, 1980).

A oclusão adequada possibilita a mastigação bilateral, alternada e

multidirecional. (RAMFJORD; ASH, 1984). Neste tipo de padrão mastigatório, o

uso predominante de um lado de preferência mastigatória direita ou esquerda é

uma expressão principalmente comportamental e a habilidade em alternar o

alimento de um lado da boca para o outro tem uma progressão gradativa com a

idade. Não havendo correlação entre predominância manual e lado de

mastigação. (CHRISTENSEN; MOHAMED, 1985; GISEL, 1988; KAZAZOGLU

et al., 1994). Mas, YAMASHITA et al. (1999) consideraram que o padrão ideal

de mastigação dificilmente seja determinado.

A mastigação é o elemento desencadeador do desenvolvimento

ósseo facial. Ela deve ser feita sobre alimentos secos e duros, que promovam

uma intensa função mastigatória, com amplos movimentos de lateralidade, com

o maior número de contatos dentários fisiológicos, obtendo-se assim uma

maior eficiência mastigatória. (PLANAS, 1988; SIMÕES, 1998) A mastigação

deve ser bilateral alternada, com movimentos protrusivos durante o processo

de incisão. Dessa forma e com uma alimentação consistente, que produza

desgastes fisiológicos e movimento dentário, se atinge a oclusão

dinamicamente equilibrada. As propriedades mecânicas dos alimentos são um

referencial importante para a diferença quantitativa da atividade muscular entre

o lado de trabalho e o de balanceio. Alterações na função mastigatória são

responsáveis por mudanças ósseas, não somente na zona circundante a

inserção muscular, mas também na morfologia do viscerocrânio. (TOKIMASA,

2000). A morfologia óssea dentofacial do adulto é resultado da carga

biomecânica da mastigação e do impacto oclusal, de acordo com sua

63

intensidade, direção, período e duração, dependendo do mecanismo de

adaptação muscular a estas forças. (SIMÕES, 1998).

Partindo da relação cêntrica, posição mais superior e posterior dos

côndilos nas cavidades glenóides, fecha-se a boca lentamente até atingir o

primeiro contato oclusal. Esta é a oclusão cêntrica (OC), a qual pode coincidir

com a posição de intercuspidação máxima (PIM). Nesse caso a oclusão

cêntrica é a funcional. (PLANAS, 1988; SIMÕES, 1998). Pode ocorrer da OC

ser diferente da PIM. Nesse caso, ocorre um deslocamento da mandibular até

a PIM, fazendo com que haja uma diminuição da dimensão vertical do 1/3

inferior da face. Essa posição deslocada da mandíbula, onde ocorre o maior

número de contatos oclusais é a oclusão funcional. (HILDEBRAND, 1931;

PLANAS, 1988). Partindo da OF para as posições de lateralização da

mandíbula, ocorrerá sempre um aumento da dimensão vertical do 1/3 inferior

da face. Quando o aumento da dimensão vertical é igual para os dois lados,

isso significa que o paciente tem condições mecânicas para executar uma

mastigação bilateral alternada. Caso o aumento seja maior em um dos lados, o

paciente tem condições de mastigar no lado onde o aumento é menor, ou seja,

o lado da mínima dimensão vertical. (SIMÕES, 1998). Quando se está diante

de uma oclusão cruzada, esse é sempre o lado da mínima dimensão vertical, e

é o lado onde o paciente tem as condições mecânicas para executar a

mastigação. (PLANAS, 1988; JÚNIOR, 1994; OLIVEIRA, 2002; BERRETIN –

FELIX et al., 2004). A contração muscular é mais eficaz e econômica quando o

músculo esta em seu comprimento ótimo, que para PLANAS (1988) é no lado

da mínima dimensão vertical de oclusão. (PLANAS, 1988; MONGINI, 1998;

MARTIN et al., 2000; RAYMOND, 2001). Já BRANDT; RUGH (1982)

observaram que, em mastigação realizada de forma livre, quatro das seis

crianças pesquisadas mastigaram do lado não cruzado. Assim como

MIYAUCHI et al. (1989), que observaram que indivíduos portadores de mordida

cruzada posterior mastigaram tanto do lado cruzado como do lado não

cruzado.

O estímulo de crescimento e desenvolvimento ocorre em apenas

uma das ATM´s, a do lado de balanceio fazendo com que o crescimento ocorra

64

unilateralmente. (PLANAS, 1988; SIMÕES, 1998). Com o impacto da

mandíbula sobre a maxila, esta cresce em sentido póstero-anterior no lado de

trabalho, uma vez que é aí que ela sofre os efeitos da mandíbula. Nesse lado

ocorre também o seu crescimento transversal. Na mandíbula, notamos um

aumento de sua espessura no lado de trabalho, embora no lado de balanceio

ela esteja mais afastada do plano sagital mediano, em função de uma deflexão

sofrida. (PLANAS, 1988; SIMÕES, 1998). Uma mastigação correta é feita

alternando-se os lados de trabalho, dessa forma, o crescimento se processa

nos dois lados da mandíbula. Além disso, a mastigação bilateral é condição

para uma estabilidade oclusal. (PLANAS, 1988; SIMÕES, 1998). Quando é

desenvolvida a mastigação unilateral no paciente, este pode vir a apresentar

uma assimetria facial em decorrência de um crescimento maior da mandíbula

no lado de balanceio e da maxila no lado de trabalho. Ocorre ainda desvio da

linha média inferior para o lado de trabalho. (ALMEIDA, 1998; KILIARIDIS,

1999; PLANAS, 1988; POIKELA, 2000; SIMÕES, 1998).

Quando ocorre a mastigação num determinado lado, devido ao arco

de fechamento da mandíbula, esta faz uma força na maxila de distal para

mesial, movimentando os dentes e o osso nesse sentido. A reação a esta força

é aplicada na mandíbula, com os dentes e osso se movimentando de mesial

para distal. O controle da estabilidade mandibular é conseguido através da

aplicação de planos inclinados no lado cruzado, e se necessário, também do

lado não cruzado (geralmente nas mordidas cruzadas bilaterais) que impedem

a recidiva da maloclusão. (PLANAS, 1988; BELANGER, 1992; SANTOS, 1996,

GRIBEL, 1999). O tratamento precoce da mordida cruzada na dentição decídua

pode evitar parafunção das articulações temporomandibulares e futura

disfunção temporomandibular. (KUTIN; HAWES, 1969; MYERS, 1980; RIOLO,

1987; LANGLADE, 1998).

Quando a mastigação é bilateral alternada, ocorre uma alternância

desses deslocamentos, fazendo com que o crescimento ocorra de maneira

equilibrada. Assim sendo, ocorre crescimento sagital da maxila no lado de

trabalho e da mandíbula no lado de balanceio. (PLANAS, 1988; ALMEIDA,

1998; FELÍCIO, 2002).

65

O conceito de um mecanismo comum para a postura da cabeça e da

mandíbula é compartilhado por OKESON (1992) e DOUGLAS (1994). Os

autores explicam que o centro gravitacional da cabeça é anterior à articulação

occipito-atlóidea, tendendo a deslocar-se para frente e para baixo. Em outras

palavras, o crânio não se localiza no centro da coluna cervical e seu equilíbrio é

diretamente afetado pela movimentação da mandíbula. Não há equilíbrio entre

os componentes esqueléticos, sendo necessária uma compensação muscular.

O crânio e a mandíbula possuem conexões musculares e nervosas

com a região cervical. Por esta razão, OKESON (1988) afirmou que o

funcionamento da cabeça, pescoço e maxilares se dão de forma combinada,

estando o posicionamento da coluna cervical diretamente relacionado com o

posicionamento do côndilo da mandíbula dentro da cavidade glenóide. Esta

afirmação é compatível com outros autores como MOYERS (1988), FELÍCIO

(1994) e ZONNENBERG et al. (1996).

A atuação dos grupos musculares da nuca como compensadores

dos desequilíbrios causados por movimentos de abertura e fechamento da

mandíbula, presentes em todas as funções estomatognáticas, é descrita por

DOUGLAS (1994). Os músculos da nuca, tanto na mastigação como na

deglutição, devem compensar as modificações anteriores da cabeça, evitando

variações posturais da mesma. (SABOYA, 1987; HANSON; BARRET, 1988;

MICHELOTTI, 1999).

A alteração de postura da cabeça altera também a postura da

mandíbula (ROCABADO, 1983; ARAGÃO, 1988; MOYERS, 1988;

MARCHESAN, 1993; ENLOW, 1993; FELÍCIO, 1994; MARQUESAN;

KRAKAUER, 1995; GHESSA et al., 2002). As implicações dessas alterações

variam nas diversas funções, das quais destaca-se a mastigação e a

respiração.

Para o diagnóstico diferencial entre disfunções temporomandibulares

(DTM) e disfunções da região cervical (DRC) é útil o emprego de questionário a

66

ser respondido previamente pelo paciente. Isto implica na afirmação de que

DRC não causa por si só alterações da articulação temporomandibular (WIJER,

1997;), contrariando outros estudos, como por exemplo, o de ROCABADO

(1983).

Existe um componente postural na oclusão que atua nas doenças

que envolvem ATM e dor facial. (PALAZZI et al., 1996; FERRARIO et al., 1996;

CAILLIET, 1997) A partir desta premissa, assim como de outros autores

(ROCABADO, 1983; MOYERS, 1988; OKESON, 1988), a avaliação da coluna

cervical é sempre necessária nas queixas de dor facial. Parece estar claro que,

se é verdade que alterações posturais causam alterações da ATM, o inverso

também pode ocorrer.

O sistema mastigatório é um elemento regulador ou perturbador do

sistema postural, assim o desequilíbrio induzido por uma disfunção

mastigatória pode levar a uma descompensação do sistema postural assim

como o desequilíbrio do sistema postural altera o sistema mastigatório

(BRICOT, 1999; TINGEY et al., 2001).

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CONCLUSÃO

68

7. CONCLUSÃO

Com base nos resultados desta pesquisa pôde-se concluir que:

• Existem alterações na postura de cabeça das crianças

portadoras de mastigação unilateral;

• Existem alterações na postura corporal das crianças

portadoras de mastigação unilateral;

• As alterações na postura da cabeça e do corpo independe do

padrão mastigatório ser bilateral ou unilateral.

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UNIARARAS

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muscles between male and female. J Oral Rehabil.; v. 29, p. 575-582, 2002.

81.ZONNENBERG, A.J.J. et al. - Body posture photographs as a diagnostic aid

for musculoskeletal disorders related to temporomandibular disorders (TMD). J

Craniom Pract., v. 14 (3), p. 225-232, 1996.

79

82.WIJER, A. - Distúrbios Temporomandibulares e da Região Cervic al. Ed.

Livraria Santos, São Paulo, 1998.

83.YAMASHITA, S.; HATCH, J.P.; RUGH, J.D. - Does chewing performance

depend upon a specific masticatory pattern? J Oral Rehabil., v. 26 (7); p. 547-

53, 1999.

84.YOSHINO, G.; HIGASHI, K.; NAKAMURA, T. - Changes in head position

due to occlusal supporting zone loss during clenching. Cranio; v. 21 (2); p. 89-

98, 2003.

80

Centro Universitário Hermínio Ometto de Araras

UNIARARAS

ANEXOS

81

ANEXO 1

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

A participação do indivíduo _________________________________

na presente pesquisa (Avaliação da postura natural da cabeça e do corpo em

relação ao padrão mastigatório), consiste em posicioná-lo na cadeira, verificar

o padrão mastigatório, por meio da mastigação de uma bolacha de chocolate e

fotografias, frontal e de perfil. Com o auxílio de uma ficha de identificação e do

exame clínico, os dados serão coletados e os resultados obtidos.

Para sua participação não será cobrada nenhuma taxa de adesão,

bem como, não acarretará nenhum dano para sua saúde ou bem estar. Sua

participação será importante, pois dados referentes a esse assunto são

escassos na literatura, por se tratar de pesquisas recentes.

A sua participação na pesquisa não é obrigatória, você tem todo

direito de não querer participar. Entretanto, se quiser participar e desistir depois

pode fazê-lo a qualquer momento, pois mesmo assim receberá o mesmo

tratamento dos que permanecerão na pesquisa.

Os resultados da pesquisa serão mostrados a pesquisadores da

área odontológica nacional e internacional, por meio de publicações científicas

tais como: artigos em revistas e jornais especializados, apresentação em

congressos, conferências e simpósios, porém seu nome jamais será revelado.

Você terá como garantia uma cópia deste documento que será assinado duas

vezes, para que uma cópia também fique com o pesquisador.

Terminada a pesquisa, os resultados que são de minha inteira

responsabilidade, estarão à sua disposição.

82

Caso tenha qualquer dúvida sobre a pesquisa, estarei a disposição

para maiores esclarecimentos pelo telefone (11) 3079.6000, em horário

comercial.

Desde já, agradeço a atenção.

Atenciosamente,

Fernanda de Azevedo Corrêa

CROSP – 79.181

Santos, SP, _____ de _______________ de 2005.

Ciente dos dados acima:

Nome do Responsável Legal: ______________________________.

R.G.: ___________________________________.

Assinatura: ______________________________.

83

ANEXO 2

FICHA DE COLETA DE DADOS

Avaliação da postura natural da cabeça e do corpo em relação ao padrão

mastigatório

Tipo de mastigação

Unilateral Bilateral Nome Idade Gênero

Direita Esquerda

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