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Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola Politécnica e Escola de Química Programa de Engenharia Ambiental Elisa Yoshie Okada AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA AMBIENTAL DE CONSTRUÇÃO CERTIFICADA LEED: ESTUDO DE CASO DE UM COLÉGIO PÚBLICO NO RIO DE JANEIRO Rio de Janeiro 2012

avaliação da segurança ambiental de construção certificada leed

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  • Universidade Federal do Rio de Janeiro

    Escola Politcnica e Escola de Qumica

    Programa de Engenharia Ambiental

    Elisa Yoshie Okada

    AVALIAO DA SEGURANA AMBIENTAL DE CONSTRUO CERTIFICADA LEED:

    ESTUDO DE CASO DE UM COLGIO PBLICO NO RIO DE JANEIRO

    Rio de Janeiro

    2012

  • UFRJ

    Elisa Yoshie Okada

    AVALIAO DA SEGURANA AMBIENTAL DE CONSTRUO CERTIFICADA LEED:

    ESTUDO DE CASO DE UM COLGIO PBLICO NO RIO DE JANEIRO

    Dissertao de Mestrado apresentada ao Programa de

    Engenharia Ambiental, Escola Politcnica & Escola de

    Qumica, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

    parte dos requisitos necessrios obteno do ttulo de

    Mestre em Engenharia Ambiental.

    Prof Orientador: D Sc. Eduardo Linhares Qualharini

    Rio de Janeiro

    2012

  • OKADA, Elisa Yoshie.

    Avaliao da Segurana Ambiental de Construo certificada LEED: Estudo de Caso de um Colgio Pblico no Rio de Janeiro / E.Y.Okada. Rio de Janeiro,2012. f.:93p. il. 30 cm

    Dissertao (Mestrado) Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politcnica e Escola de Qumica, Programa de Engenharia Ambiental, Rio de Janeiro, 2012.

    Eduardo Linhares Qualharini

    1. Segurana Ambiental. 2. Construo Sustentvel. 3. Escolas Pblicas. 4. Certificao LEED.

    I. Qualharini, Eduardo Linhares. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Escola Politcnica e Escola de Qumica. III. Ttulo.

  • UFRJ

    AVALIAO DA SEGURANA AMBIENTAL DE CONSTRUO CERTIFICADA LEED:

    ESTUDO DE CASO DE UM COLGIO PBLICO NO RIO DE JANEIRO

    Elisa Yoshie Okada

    Orientador: D.Sc. Eduardo Linhares Qualharini

    Dissertao de Mestrado apresentada ao Programa de

    Engenharia Ambiental, Escola Politcnica & Escola de

    Qumica, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

    parte dos requisitos necessrios obteno do ttulo de

    Mestre em Engenharia Ambiental.

    Aprovada pela Banca:

    ________________________________________________________ Prof. Eduardo Linhares Qualharini, D.Sc.

    ________________________________________________________ Prof. Marcelo Gomes Miguez, D.Sc.

    _______________________________________________________ Prof. Liane Flemming, D.Sc.

    ________________________________________________________ Prof. Marcia de Andrade Sena Souza, D.Sc.

    Rio de Janeiro

    2012

  • ii

    DEDICATRIA

    A minha querida filha Elena. Que este estudo possa ser um incentivo a sua futura carreira

    voltada para a Educao Ambiental.

    querida amiga Mirza Murgado (in memoriam), por suas palavras de incentivo nos

    momentos cruciais.

  • iii

    AGRADECIMENTOS

    Ao Prof. Eduardo Qualharini pela lio de vida e orientao efetiva, competente e bem

    humorada.

    s amigas Mrcia Hott, e Carmen Rodrigues, pelo apoio, informaes e incentivos.

    querida Therezinha Muniz, mais do que apoio, segurana.

    minha filha Elena, pelo apoio e pacincia.

    Agradeo arquiteta Luiza Junqueira, da ACADE Arquitetura, William da TKCSA, Eng

    Eduardo Raposo e a arquiteta Solange, ambos da EBTE.

    Arktos Arquitetura Sustentvel, em especial aos arquitetos Maria Jos Gerolimich e Rafael

    Tavares e a toda equipe de amigos.

    Ao professor Srgio Arajo, pelas informaes e dicas de Segurana conta incndio.

    Tiana, pelo suporte logstico e aconchego.

    Aos meus queridos pais Akira e Toyomi, pelo carinho e incentivo.

    A todos aqueles que contriburam de alguma forma para alcanar este objetivo.

    E por ltimo e mais importante, a Deus, por guiar, confortar e mostrar o caminho.

  • iv

    "Eduquem as crianas e no ser necessrio castigar os homens." Pitgoras

  • v

    RESUMO

    OKADA, Elisa Yoshie. Avaliao da Segurana Ambiental de Construo certificada LEED: Estudo de Caso de um Colgio Pblico no Rio de Janeiro. Dissertao de Mestrado em Engenharia Ambiental Escola Politcnica e Escola de Qumica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2012.

    Ao longo desta ltima dcada, vrias metodologias de avaliao da sustentabilidade

    em edificaes foram desenvolvidas, de acordo com Silva (2003), com o propsito de

    melhorar a qualidade das construes, minimizando os impactos ambientais gerados pelas

    suas diversas fases do ciclo de vida e em atendimento s demandas do mercado. O

    crescente interesse por este tipo diferenciado de construo sustentvel incentivou o

    estabelecimento do Green Building Council Brasil (GBC, 2012) no municpio de So Paulo,

    em 2007. A GBC Brasil, acreditada pela matriz americana, a United States Green Building

    Council (USGBC) encaminha o Certificado Ambiental (Selo) para o solicitante quando

    alcanado o escore mnimo estabelecido pela metodologia LEED (Leadership in Energy and

    Environmental Design ou Liderana em Energia e Design Ambiental). O resultado

    publicado internacionalmente, onde as edificaes so classificadas como, Certificada,

    Prata, Ouro ou Platina, dando grande projeo imagem das empresas relacionadas.

    A crescente adoo da metodologia de avaliao LEED pelo mercado nacional

    (SILVA e PARDINI, 2010), motivou a pesquisa na realizao de uma anlise qualitativa do

    LEED Schools (Escolas) sob os aspectos da Segurana Ambiental, de modo a correlacion-

    los e identificar os requisitos que conduzem efetiva sustentabilidade, aplicados ao estudo

    de caso do Colgio Estadual Erich Walter Heine, localizado na Regio Oeste do Rio de

    Janeiro durante as suas fases de projeto e construo.

    Palavra-chave: Construo Sustentvel, Certificao LEED Schools, Segurana Ambiental

  • vi

    ABSTRACT

    Over the last decade, several methodologies had been used for the assessment of the

    sustainability in buildings were developed, according to Silva (2003), with the purpose of

    improving the quality of buildings, reduce environmental impacts throughout their life cycle

    and according to the demands of the market. The growing interest in this different kind of

    sustainable construction encouraged the establishment of the Green Building Council Brazil

    (GBC, 2012) in So Paulo, in 2007. The GBC Brazil, accredited by the United States Green

    Building Council (USGBC) directs the Environmental Certificate (Seal) to the requestor when

    it achieved the minimum score established by the methodology LEED (Leadership in Energy

    and Environmental Design or Leadership in Energy and Environmental Design). The result is

    published internationally, where the buildings are classified as "Certified", "Silver", "Gold" or

    "Platinum", giving the large projection image for the companies listed.

    The increasing adoption of LEED assessment in Brazil (SILVA e PARDINI, 2010),

    motivated this research, to analyze the method LEED Schools qualitatively under the

    Environmental Safety aspects, during its design and construction phases, in order to

    correlate them and identify the requirements that lead to effective sustainability, applied to

    the case study of Erich Walter Heine State College, built in the Western Region of Rio de

    Janeiro.

    Keyword: Sustainable Construction, LEED Schools Certification, Environmental Safety

  • vii

    SUMRIO

    1.CAPTULO I INTRODUO 01

    1.1.Apresentao do Tema 04

    1.2.Justificativa 06

    1.3.Metodologia 08

    1.4.Estrutura do Trabalho 08

    2.CAPTULO II CONCEITOS 09

    2.1.Breve Histrico 09

    2.2.Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentvel 10

    2.3.Construo Sustentvel 12

    2.3.1.Trip da Sustentabilidade 12

    3.CAPTULO III CERTIFICAO LEED 15

    3.1.Sistemas de Classificao LEED 15

    3.1.1.Programa de Requisitos Mnimos 17

    3.1.2.Documentao de Base do Projeto 18

    3.1.3. O Processo LEED 19

    3.1.4.Sistema LEED School 20

    3.1.4.1.Categorias 20

    3.1.4.1.1.Categoria Espao Sustentvel 23

    3.1.4.1.1.1.Plano de Preveno de Poluio no Solo e Ar 23

    3.1.4.1.1.2.Avaliao Ambiental do Terreno 24

    3.1.4.1.2.Categoria Uso Racional da gua 26

    3.1.4.1.3.Categoria Energia e Atmosfera 26

    3.1.4.1.4.Categoria Materiais e Recursos 27

    3.1.4.1.5.Categoria Qualidade Ambiental Interna 28

    3.1.4.1.6.Categoria Inovao e Processos de Projetos 29

    3.1.4.1.7.Categoria Crditos Regionais 29

    3.1.5.Outras Certificaes 29

    3.1.6.Escola Sustentvel 30

    4.CAPTULO IV ASPECTOS DA SEGURANA AMBIENTAL 32

    4.1.Introduo 32

    4.2.Definies e Conceitos 34

    4.3.Embasamento Legal 35

    4.4.Aplicabilidade dos Conceitos da Segurana Ambiental 38

  • viii

    5.CAPTULO V ESTUDO DE CASO DE ESCOLA PBLICA SUSTENTVEL 39

    5.1.Descrio do Conjunto Predial 39

    5.1.1. Prdio Principal 40

    5.1.2. Prdios Secundrios 43

    5.2.Aplicao da Metodologia Implantao da Certificao LEED 46

    5.2.1. Relacionamento entre as equipes 50

    5.2.1.Desafios 51

    5.2.2.Conformidade Legal 51

    5.2.3.Processo LEED Schools atendimento aos requisitos 51

    5.3.Anlise da Segurana Ambiental da Escola Sustentvel 67

    5.3.1.Premissas do LEED: Requisitos Mnimos para Certificao 67

    5.3.2.Qualidade do Ar Externo Poluio Atmosfrica 67

    5.3.3.Impactos Ambientais Sinrgicos Instalao de novos Empreendimentos 71

    5.3.4.Insero da Construo em Local Seguro 72

    5.3.5.Escape, Sadas de Emergncia, Combate ao fogo 72

    5.3.6.Tranporte 74

    5.3.7.Qualidade Ambiental Interna Poluio Sonora 74

    5.3.8.Aproveitamento Pluvial Qualidade da gua 74

    5.3.9.Segurana do Trabalho 74

    5.3.9.1.Fase da Obra 74

    5.3.9.2.Fase de Uso e Operao 74

    6. CAPTULO VI CONCLUSES E CONSIDERAES FINAIS 76

    6.2.Do Atendimento Legal 77

    6.3.Segurana do Trabalho 78

    6.4.Da Metodologia 78

    6.5.Atendimento ao Programa Nacional de Educao Ambiental 80

    6.6.Monitoramento do Ar 80

    6.7.Monitoramento da qualidade da gua captada 80

    6.8.Monitoramento Scio-Cultural 81

    6.9.Monitoramento poluio sonora 81

    6.10.Avaliao Ps-Ocupao (APO) 81

    6.11.Relacionamento com a vizinhana 81

    6.12.Sugestes para novas pesquisas 82

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 83

  • ix

    BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR SUGERIDA 90

    ANEXOS 93

    Folder Ilustrado da Escola Erich Walter Heine

    Projeto de Implantao e Paisagismo

    Planta Baixa Humanizada Lay out de Mobilirio do 1 Pavimento

    Planta Baixa Humanizada Lay out de Mobilirio do 2 Pavimento

    Cortes e Fachada

    Plantas de Cobertura, Guarita, Depsito de Lixo e Subestao

    Planta Baixa, Corte e Detalhe da Quadra Esportiva

    Exemplo de Templates

    Planilha Resumo da anlise do LEED sob o aspecto da Segurana Ambiental

    Apresentao da Defesa da Dissertao para a Banca

  • x

    LISTA DE GRFICOS

    Grfico 01 - Composio da Cadeia Produtiva da Construo Civil, 2010 03

    Grfico 02 Estatstica de Registros e Certificao LEED emitidas para o Brasil 03

    Grfico 03 - Sustentabilidade e as suas Dimenses Ambientais 11

    Grfico 04 - Custos ao longo de uma edificao e possibilidade de interveno por fase do

    empreendimento 14

    Grfico 05 Fluxograma do Processo LEED 17

  • xi

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 01 Pontuao e Selo LEED correspondente 04

    Tabela 02 Tipos ou Critrios da Certificao LEED 16

    Tabela 03 Requisitos LEED NC Schools 21

    Tabela 04 - Graus de Possibilidades 47

    Tabela 05 Estimativa de Crescimento da Populao 72

  • xii

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 01 Localizao do Empreendimento no distrito de Santa Cruz, regio Metropolitana do Municpio do Rio de Janeiro 05

    Figura 02 A Escola inaugurada em maio de 2010 06

    Figura 03 Fachada Principal da Escola 06

    Figura 04 Pirmide da ICNA 35

    Figura 05 Localizao da Escola 39

    Figura 06 - Pavimento Trreo 40

    Figura 07 2 Pavimento 41

    Figura 08 Pavimento da Cobertura 42

    Figura 09 Ecotelhado 42

    Figura 10 Detalhe do Ecotelhado 43

    Figura 11 Planta da Quadra e Vestirio 43

    Figura 12 Foto da Quadra e Vestirio 44

    Figura 13 Foto do Castelo Dgua e Casa de Bombas 44

    Figura 14 Plantas da Guarita, Depsito de Resduos e Subestao 45

    Figura 15 - Perspectiva do Projeto da Escola 46

    Figura 16 - Simulao Computacional 48

    Figura 17 - Simulao Computacional Ventos Predominantes 48

    Figura 18 Estudo de Sombras em Planta 49

    Figura 19 Estudo de Sombras, Perspectiva 49

    Figura 20 - Lava-rodas para retirar os sedimentos 52

    Figura 21 Grelhas com proteo de Manta tipo Bidim para evitar evaso de sedimentos 53

    Figura 22 Antiga Praa Joo Tavares 53

    Figura 23 Localizao do terreno a menos de 350m dos pontos de nibus 54

    Figura 24 Bicicletrio durante a obra 54

    Figura 25 Bicicletrio ps-obra. O piso brita sobre o Ecopiso 55

    Figura 26 Utilizao de telhado verde com plantas da Mata Atlntica 55

    Figura 27 Escavao para os reservatrios de deteno e captao de guas pluviais 56

    Figura 28 Aplicao de Ecopiso que aumenta a permeabilidade do solo 56

    Figura 29 Aplicao de piso permevel no estacionamento e em grande parte das reas da escola 57

    Figura 30 Instalao de vasos com caixa acoplada e sistema duplo de acionamento 58

    Figura 31 Lmpadas LED e luminrias reflexivas. Controle de acionamento por fileira 59

    Figura 32 Coletores solares para aquecimento de chuveiros no vestirio 59

    Figura 33 Aproveitamento das quadras e materiais de revestimento dos pisos 60

    Figura 34 Coleta e separao do lixo durante a obra 61

  • xiii

    Figura 35 Coleta e separao de lixo na fase de operao do edifcio 61

    Figura 36 Deck de madeira plstica 62

    Figura 37 Dutos de insuflamento de ar exterior fazem a renovao de ar dos ambientes 63

    Figura 38 Compressores com Sistema Inverter 63

    Figura 39 Aparelhos de ar condicionado silenciosos, esquadrias com proteo acstica e

    teto em placa acstica de fibra mineral modelo furado 64

    Figura 40 Piscina com acessibilidade 66

    Figura 41 Horta com adubao orgnica oriunda de compostagem 66

    Figura 42 Rosa dos Ventos para a estao de Furnas Santa Cruz para o perodo de

    janeiro de 2001 a dezembro de 2003 68

    Figura 43 Vulnerabilidade socioambiental 69

    Figura 44 Superposio da Rosa dos Ventos e Planta do Prdio 70

    Figura 45 Setas marcam a entrada do vento no interior do Prdio Principal 70

    Figura 46 Empreendimentos existentes e em fase de estudos de viabilidade 71

    Figura 47 Planta do pavimento superior distncia percorrida maior que 49m 73

  • xiv

    SIGLAS

    ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    ACV Anlise do Ciclo de Vida

    ANVISA Agncia Nacional de Vigilncia

    BREEAM Building Research Establishment Environmental Assessment Method

    BS British Standard

    CFC - Clorofluorcarbono

    COSCIP Cdigo de Segurana Contra Incndio e Pnico

    CLT Consolidao das Leis do Trabalho

    IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis

    INEA - Instituto Estadual do Ambiente

    ISO International Organization for Standardization

    GBC Green Building Council

    GEE Gases de Efeito Estufa

    HQE Haute Qualit Environmentale

    LCA - Life Cycle Analysis

    LEED Leadership of Energy and Environmental Design

    LEED AP - Leadership of Energy and Environmental Design Accredited Professional

    MEC Ministrio de Educao e Cultura

    MTE Ministrio do Trabalho e Emprego

    NBR Normas Brasileiras

    NR Normas Regulamentadoras do MTE

    OHSAS Occupational Health and Safety Assessment Services

    ONG Organizao no Governamental

    ONU Organizao das Naes Unidas

    PBQP-H/SIAC Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat do Sistema

    de Avaliao da Conformidade

    PCMAT Programa de Condies de Meio Ambiente de Trabalho na Indstria da

    Construo Civil

    PIB Produto Interno Bruto

    PNEA Poltica Nacional de Educao Ambiental

    PNMC Poltica Nacional de Mudanas Climticas

    PPRA - Programa de Preveno de Riscos Ambientais

    PROCEL Programa Nacional de Conservao de Energia Eltrica

    ProNEA Programa Nacional de Educao Ambiental

    RDC Resduos de Construo e Demolio

  • xv

    SA Social AccountAbility

    SEEDUC Secretaria de Estado de Educao do Rio de Janeiro

    SMAC - Secretaria Municipal do Meio Ambiente

    USGBC United States Green Building Council

    USP Universidade de So Paulo

  • 1

    CAPTULO I - INTRODUO

    No ano de 1992, o municpio do Rio de Janeiro foi o palco da Conferncia das

    Naes Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNuMAD), mais conhecida

    como ECO-92 ou Rio-92. Neste encontro, reuniram representantes de 178 pases, dentre

    estes, 108 chefes de Estado e Governo, onde discutiram o futuro das prximas geraes e

    materializaram estas intenes na Agenda 21, um documento que orienta o

    desenvolvimento sustentvel para o Sculo 21 (ONU,2012).

    A reduo dos impactos gerados pela Construo civil foi um dos assuntos

    abordados nesta Conferncia, que motivaram a formao de vrios comits que discutissem

    ao redor do mundo com o intuito de organizar, determinar as diretrizes, formular planos e

    aes educativas a serem implantados nos pases, estabelecendo metas para o controle de

    emisso de gases de efeito estufa, a reduo de resduos, a conservao do uso da

    energia, a melhoria da qualidade de vida e atender s demandas da sustentabilidade

    econmica.

    Diante destes desafios, houve a necessidade de criar metodologias que avaliassem

    o desempenho ambiental das edificaes, comentado em SILVA (2000). Neste artigo, cita a

    parcela de responsabilidade da indstria da construo civil pela gerao de resduos e a

    necessidade de anlise durante todo o ciclo de vida das edificaes, desde a sua fase de

    projeto, da construo, da operao, da demolio at a sua disposio final.

    SILVA (2003), tambm explica que os sistemas de certificao ambiental oferece ao

    consumidor os meios para a seleo de alternativas disponveis para um produto, com base

    em suas caractersticas ambientais.

    Em sua pesquisa, SILVA (2003) menciona vrios mtodos, dentre eles, o BREEAM

    (Building Research Establishment Environmental Assessment Method), lanado em 1990

    em parceria entre o governo do Reino Unido, atravs de pesquisadores do BRE (Building

    Research Establishment) e do setor privado.

    A partir do BREEAM, outros foram criados, tambm baseados em seu mtodo de

    checagem, onde elaborada uma listagem de requisitos, atribuindo-lhes pontos e pesos

    para cada atendimento. Tambm baseado no BREEAM, o HQE (Haute Qualit

    Environnementale) foi lanado no ano seguinte, na Frana.

    No ano de 1993, no Canad, surgiu o BEPAC (Building Environmental Performance

    Assessment Criteria e em 1996, a certificao americana LEED (Leadership of Energy and

    Environmental Design), da USGBC (United States Green Building Council), que uma das

    metodologias mais utilizadas mundialmente devido ao forte apelo comercial da marca.

    A CASBEE (Comprehensive Assessment System for Building Environmental

    Efficiency), do Japo e o Green Star, da Austrlia foram lanados em 2002. No Brasil, o

  • 2

    LEED a certificao mais conhecida, seguida pelo sistema AQUA, lanado em 2007, pela

    Fundao Vanzolini (baseado no HQE).

    Outras duas certificaes nacionais que esto ganhando espao so: o Procel

    Edifica, lanado em 2003 pela ELETROBRS, que foca na avaliao da Eficincia

    Energtica (PROCEL, 2011) e o Selo Azul, da Caixa Econmica Federal para construes

    habitacionais (CAIXA, 2009).

    Todas estas certificaes avaliam os requisitos que possibilitam a prtica de aes

    mais sustentveis, que reduzem a poluio (ar, gua, resduo, vizinhana) e preconizam o

    racionamento dos recursos naturais.

    Neste contexto, aps a definio do Brasil como Sede da Copa de 2014 (BRASIL,

    2007) e das Olimpadas de 2016 (GOMES, 2009), a utilizao da Certificao LEED ou as

    certificaes de Qualidade Ambiental reconhecidas pelo Instituto Nacional de Metrologia

    Normalizao e Qualidade Industrial (INMETRO) tornaram uma condio obrigatria na

    obteno de recursos para o financiamento da construo e reforma das arenas que

    recebero os jogos internacionais, de acordo com o Programa ProCopa Arenas do BNDES

    (Banco Nacional do Desenvolvimento Econmico e Social), criado em janeiro de 2010

    (BNDES, 2012).

    Somando a estas grandes obras, tambm necessria a modernizao das

    infraestruturas e servios das cidades sedes, como por exemplo, aumentar os aeroportos,

    melhorar o sistema virio e promover o saneamento. Simultaneamente, o Brasil passa por

    um momento de acelerao na Construo Civil, pois, aps dez anos de estagnao, o pas

    se tornou atraente para aplicao de novos investimentos, aumentando um dficit em toda a

    sua cadeia produtiva e a expectativa que o setor da construo dobre de tamanho at o

    ano 2022. (FGV, 2010)

    A Copa e os Jogos Olmpicos exigiram estdios sustentveis e seguros, que vieram

    de encontro demanda da melhoria da qualidade dos produtos, pois cresceu a conscincia

    para um consumo que gere menos impacto ao meio ambiente, preconizados na Conferncia

    Rio 92 e enfatizado na Rio+20.

    Diante desta prosperidade e, para que haja sustentabilidade com responsabilidade

    social em toda a cadeia produtiva (Grfico 01), se faz necessria uma mudana na

    metodologia dos processos industriais e construtivos, como a utilizao de materiais com

    procedncia certificada, desenvolver empreendimentos com maior eficincia energtica e

    planejar a manuteno visando o prolongamento da vida til das construes (FGV, 2010).

    Em consequncia da defasagem quantitativa de profissionais qualificados em nvel

    superior, como tambm, em nvel tcnico (MAIS, 2011) a soluo parcial vem da

    contratao imediata de servios estrangeiros ou, em mdio prazo, de investimento na

  • 3

    capacitao da mo de obra existente. A presena Esta situao forou a troca de

    conhecimento, maior disponibilizao tecnolgica e a adaptao das empresas nacionais s

    demandas legais globais de sustentabilidade, aos sistemas de gesto de qualidade e de

    conformidade normativas sociais.

    Assim, as empresas que possuem estes sistemas implantados esto mais

    preparadas para aplicar a certificao LEED, que trazem benefcios na qualidade das

    construes e melhoria da qualidade de vida de seus usurios.

    A capacitao no acontece da mesma forma que a economia demonstrado em, e

    suas pesquisas, SILVA e PARDINI (2010) apontam as dificuldades de utilizar a metodologia

    avaliatria LEED nos empreendimentos, demonstrando a necessidade de maior qualificao

    dos profissionais envolvidos com a cadeia construtiva

    Grfico 01 - Composio da Cadeia Produtiva da Construo Civil, 2010. Fonte: Perfil da Cadeia Produtiva da Construo e da Indstria de Materiais, 2010, novembro de 2011 ABRAMAT e FGV Projetos. Elaborao: Banco de Dados CBIC (Cmara Brasileira da Indstria da Construo)

    Esta busca pela melhoria comprovada atravs das estatsticas da GBCB, com o

    crescente nmero de solicitaes de certificao mostrada no Grfico 02.

    Grfico 02: Estatstica de Registros e Certificao LEED emitidas para o Brasil.

    Fonte: GBC Brasil, Junho de 2012.

  • 4

    A melhoria da qualidade e o interesse nacional por um diferencial de mercado

    estimulou o crescimento de construes sustentveis. As estatsticas mostram que, o Green

    Building Council Brasil, at 15 de junho de 2012, ocupava o 4 lugar no ranking mundial de

    construes verdes com 51 prdios certificados e 525 em processo de certificao. (GBC

    Brasil, 2012)

    Esta organizao no governamental, criada desde 2007 e estabelecida no

    municpio de So Paulo, est filiada matriz americana, a United States Green Building

    Council (USGBC). A instituio surgiu no ano de 1996, nos Estados Unidos, quando teve o

    aporte financeiro do NIST (National Institute of Standards and Technology), para

    desenvolver um sistema de classificao que avalia o desempenho de projetos e

    construes responsveis com o meio ambiente (SILVA, 2000). Deste modo, foram

    elaborados diversos critrios LEED (Leadership in Energy and Environmental Design ou

    Liderana em Energia e Design Ambiental, em portugus), onde cada um destes

    relacionado a um tipo de construo, como por exemplo, LEED NC, de Novas Construes

    ou LEED NC Schools, direcionado, especificamente, para Novas Construes de Escolas.

    Neste sistema de certificao, para cada requisito atendido atribudo um valor, cujo

    somatrio mnimo alcanado de 40 pontos pode certificar o empreendimento como,

    Certificado, Prata, Ouro e Platina, mostrados na Tabela 01. No entanto, apenas as trs

    ltimas recebem um selo, que premia o empreendimento.

    Selo Pontuao

    Mnima Mxima

    Certificada 40 49

    Silver 50 59

    Gold 60 79

    Platinum 80 110

    Tabela 01 Pontuao e Selo LEED correspondente. Fonte: Green Building Council Brasil, 2012.

    1.1. Apresentao do Tema

    Diante do grande interesse que o Brasil demonstra com a crescente utilizao das

    ferramentas de avaliao da certificao LEED, houve a necessidade de realizar o estudo

    da aplicao de seus requisitos em um empreendimento e de compar-los aos critrios da

    segurana ambiental.

    Esta pesquisa pretende identificar quais os requisitos LEED que se relacionam aos

    itens da Segurana Ambiental e avali-los durante as etapas de projeto e construo de

    uma edificao destinada Escola.

  • 5

    A Escola Estadual com caractersticas sustentveis surgiu a partir da concesso de

    incentivos fiscais a servios vinculados pela Lei n 5.133, publicado em Dirio Oficial do

    Municpio, no ms de Dezembro de 2009. A Lei cita a implantao de Centro-Escola de

    Capacitao Tcnica- CETC, que funcione atendendo a 500 pessoas por ano, no mnimo,

    aps seis meses depois do licenciamento da obra da Escola, a qual promover programas

    de capacitao profissional visando a atender populao do entorno do complexo da

    indstria, localizado na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Aps alguns meses, o Decreto

    Municipal n 32.975, de 21 de Outubro de 2010, regulamentou esta Lei.

    Perto de sua inaugurao, foi publicado pela Secretaria de Educao, no Dirio

    Oficial do Estado do Rio de Janeiro, mais precisamente em 06 de maio de 2011, um termo

    de Cooperao Tcnica entre a SEEDUC e a Thyssenkrupp CSA para a implantao da

    Escola em Santa Cruz (Figura 01).

    O projeto arquitetnico desenvolvido foi um dos modelos que o Governo do Estado

    adotou como Padro. Porm, esta verso construda possui caractersticas diferenciais

    sustentveis e conforme o Programa de Educao Ambiental estabelecido na Poltica

    Nacional de Educao Ambiental do MEC (BRASIL, 2005), onde se utiliza o prprio edifcio

    como ferramenta de ensino.

    O terreno foi escolhido em funo da desafetao1 da propriedade pertencente ao

    Municpio e disponibilizado em favor do Estado do Rio de Janeiro, estabelecido pelo Decreto

    n 32.192, de 2010 com dimenses de 150,00 m por 55,00 m, totalizando 8.250,00 m.

    Porm, so utilizados apenas 7.060,00m.

    Figura 01: Localizao do Empreendimento no distrito de Santa Cruz, regio Metropolitana do

    Municpio do Rio de Janeiro. Fonte: Google Earth, 2010.

    1 desafetao, fato ou manifestao do poder pblico mediante o qual o bem pblico subtrado dominialidade

    estatal para incorporar-se ao domnio privado do Estado ou do particular. CRETELLA JR, Jos. Curso de Direito

    Adminstrativo. 7 Ed. Rio de Janeiro, 1983.

  • 6

    O carter especial desta Escola Verde tambm dado pela escolha da Certificao

    LEED, que avalia o empreendimento conforme os critrios de desempenho de baixo impacto

    ambiental, racionalizao dos recursos energticos e naturais, conforto dos usurios e

    inovao tecnolgica aplicados na edificao. O pioneirismo se deve a concesso do ttulo a

    uma edificao pblica na Amrica Latina, segundo a GBC do Brasil.(CINTRA, 2011)

    (Figura 02 e 03).

    Figura 02: Fachada Principal da Escola inaugurada em maio de 2010. Fonte: Cintra, 2011

    Figura 03 Entrada da Escola. Fonte: Thyssenkrupp CSA, 2011.

    Esta pesquisa teve como premissa analisar os requisitos LEED, de acordo com os

    critrios da Segurana Ambiental e cujo objetivo a verificar se a certificao pode garantir

    esta segurana.

    1.2. Justificativa

    Devido ao pioneirismo citado por CINTRA (2011), das novas metodologias,

    tecnologias, de diferentes materiais utilizados e da aplicao da Certificao LEED, todas as

  • 7

    empresas contratadas e envolvidas no empreendimento tiveram grandes desafios, tanto na

    etapa de projeto como na execuo de sua obra. Desafios maiores sero encontrados

    durante a vida til da edificao, principalmente se a escola passar para a administrao

    estadual, pois atualmente, a escola recebe verba da empresa TKCSA, que pode alterar o

    seu acionrio (ESTIGARRBIA, 2012).

    O ineditismo da obra foi um dos pontos fortes que levou o pesquisador a realizar uma

    avaliao qualitativa dos pontos referentes segurana ambiental da edificao e a sua

    relao com o entorno.

    Durante a verificao do estado da arte, notou-se um crescente interesse sobre a

    aplicao e metodologia da Certificao LEED nos EUA (DAVIES, 2005), porm, pouco

    material bibliogrfico foi encontrado relatando as experincias prticas na aplicao em

    construes no Brasil. A prpria participao do autor, na fase de atendimento aos

    requisitos, foi tambm uma das motivaes para produzir o material acadmico e realizar a

    anlise deste tipo de construo com mais detalhes. Outro ponto importante foi a

    necessidade de identificar os itens positivos e negativos da metodologia LEED e estabelecer

    quais dos requisitos relacionam-se com a efetiva sustentabilidade (tabela resumo nos

    anexos).

    As dificuldades e solues tambm foram levantadas de modo a fornecer

    informaes aos futuros profissionais que possam estar envolvidos neste tipo de edificao.

    Esta pesquisa teve a limitao causada pelos direitos autorais, o atendimento ao

    sigilo de informaes e pelo tempo, pois a escola no recebeu oficialmente a certificao,

    at a data de Junho de 2012.

    Os dados e a anlise dos seus resultados podero ser subsdios para a continuidade

    e a constante melhoria de implantao do Plano Nacional de Educao Ambiental (PNEA-

    MEC) e tambm, ser fonte de informao a outros estudos relacionados ao comportamento

    da escola ao longo da sua vida til.

    Este trabalho tambm se destina aos interessados pela qualidade ambiental e

    aplicao da metodologia de minimizao dos impactos gerados pelas obras na construo

    civil.

    A participao deste pesquisador no processo da certificao LEED na equipe da

    empresa elaboradora do projeto de Arquitetura, tornou possvel a obteno de informaes

    necessrias a este trabalho.

  • 8

    1.3. Metodologia

    A metodologia aplicada a pesquisa qualitativa, onde primeiramente, sero

    analisados os requisitos do critrio LEED School para Novas Construes, da verso 3.0, do

    ano de 2009. Esta anlise ser estudada por Categoria,

    As Inicialmente, foi realizado um uma anlise qualitativa dos , comparativa entre os

    requisitos LEED Schools da USGBC e a Segurana Ambiental.

    Devido extenso do estudo, a pesquisa ficou concentrada na anlise da Categoria

    Espao Sustentvel do LEED School, na fase de projeto e construo da obra da Escola.

    1.4. Estrutura do Trabalho

    Esta pesquisa est estruturada em cinco captulos.

    So apresentados o contexto, o objeto deste estudo, a motivao e justificativa neste

    primeiro captulo.

    J no segundo captulo e terceiro captulos pretende-se embasar a pesquisa e

    levantar alguns dados bsicos da Sustentabilidade, Certificao LEED e Aspectos da

    Segurana Ambiental.

    A metodologia da certificao LEED Schools, seus critrios particulares e requisitos

    foram apresentados na parte inicial do quarto captulo e, logo aps, foram executadas as

    anlises dos itens comparativos referentes Segurana Ambiental no captulo cinco.

    Este estudo se encerra no captulo seis, com as Consideraes Finais, Crticas e

    Sugestes.

  • 9

    CAPTULO II CONCEITOS

    2.1. Breve Histrico

    Por volta dos anos 60, a indstria caminhava na contramo dos conceitos de

    preservao, pois foram deixadas de lado as antigas pesquisas realizadas entre a segunda

    metade do sculo XVIII e o incio do sculo XIX, que previram os impactos relacionados

    escassez dos recursos naturais envolvendo toda a cadeia produtiva (SILVA, M. 2003). No

    ano de 1972 e, logo aps a crise do petrleo, alguns destes estudos passados foram citados

    pelo Clube de Roma, no relatrio intitulado Limits to Growth, traduzido para o portugus

    como, Limites do Crescimento (MEDOWS,1972). O relatrio tratava do futuro da

    humanidade abordando problemas relacionados sade, saneamento, meio ambiente,

    tecnologia, crescimento populacional, e a falta de alimentos. Especialmente, estes dois

    ltimos tpicos foram relacionados ao demgrafo e economista Thomas Robert Malthus

    (1798), em sua Teoria Malthusiana, que previa a cada 25 anos, o crescimento populacional

    em progresso geomtrica e a gerao de maior pobreza pela incapacidade da terra

    produzir alimentos suficientes.

    Harold Hotelling, (1931) foi outro estudioso lembrado, cuja pesquisa previa a

    regulao da explorao dos recursos energticos, como os minerais, florestas, e outras

    fontes esgotveis.

    Aps este evento de 1972, houve uma intensificao e a ratificao da necessidade

    de reduzir o consumo dos recursos naturais, os impactos ambientais e aplicar investimentos

    em estratgias que utilizassem tecnologias alternativas para a diminuio gradativa da

    dependncia do petrleo, devido ao seu embargo em 1973 (GOLDEMBERG, 2011).

    Em 1978, um dos movimentos estabelecidos no Qunia, com sede em Nairbi, foi o

    Programa das Naes Unidas para os Assentamentos Humanos, a ONU-HABITAT, cujo

    propsito foi o de promover o desenvolvimento sustentvel social, ambiental dos

    assentamentos humanos e para minimizar os grandes impactos da construo civil,

    acelerado pela urbanizao.

    J em meados da dcada de 80 os cientistas demonstraram que o buraco na

    camada de oznio aumentaria, caso no houvesse o controle da emisso dos gases de

    efeito estufa (GEE) na atmosfera e, deste modo, uma das aes iniciais tomadas foi a

    substituio dos gases CFC, que se tornou compulsria. No ms de setembro de 87 foi

    assinado o protocolo de Viena, prevendo reduzir em 50% o consumo e a produo de

    substncias que provocassem os GEEs, de 1986 a 1999.

    Diante da situao, a ONU criou, no ano de 1988, o IPCC, Intergovernamental Panel

    on Climate Change (Painel Intergovernamental sobre Mudanas Climticas). Este rgo

  • 10

    emite relatrios peridicos, onde analisa o aquecimento global e as consequncias das

    emisses de gases de efeito estufa.

    O encontro da Conferncia ECO-92 no Brasil, os Governos, as organizaes no

    governamentais, as universidades, as instituies e a sociedade civil passaram de

    observadores a agentes multiplicadores destas mudanas de paradigma, em relao ao

    modelo de construo. Alm de produzirem uma srie de Diretrizes e assinarem

    compromissos, a Agenda 21 elaborada nesta Conferncia inspirou o documento resultante

    da discusso no ano de 2002, a Agenda 21 for Sustainable Construction in Developing

    Countries, quando houve a participao de professores da USP.

    O ano de 1997 foi marcado pelo Protocolo de Quioto, elaborado no Japo durante a

    Conveno sobre a Mudana Climtica, que estabelecia metas quantificadas de reduo de

    GEE para os pases, cujo prazo, em vigor, expira neste ano, de 2012. As convenes

    seguintes, de Copenhagen (2009), Nagoya (2010) e o Congresso de Cancn foram

    frustrantes em relao adeso dos pases mais poluidores, como os Estados Unidos, no

    cumprimento das metas do Protocolo de Quioto. Para a Rio+20, no entanto, renovam-se as

    esperanas da consolidao dos compromissos firmados e da tentativa de cobrar dos outros

    pases no signatrios dos acordos anteriores a participao efetiva na reduo de impactos

    ambientais.

    No Brasil, logo aps a publicao da lei de n 12.187, de dezembro de 2009, que

    instituiu a Poltica Nacional sobre Mudanas do Clima (PNMC), os governos e a iniciativa

    privada iniciaram seus inventrios de emisses de gases de efeito estufa.

    Progressivamente, as medidas para a mitigao dos efeitos esto sendo elaboradas e

    implantadas, principalmente em cidades sedes da Copa das Confederaes, Copa do

    Mundo de Futebol e dos Jogos Olmpicos, como o caso do Municpio do Rio de Janeiro.

    2.2. Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentvel

    A Sustentabilidade a qualidade de se manter constante ou estvel, por longo

    perodo (FERREIRA, 2004). Quando relacionado com o meio ambiente, esta definio

    remete noo de tempo e a fixao permanente das espcies existentes no planeta Terra

    por anos, incluindo o ser humano.

    Contudo, a definio do termo Desenvolvimento Sustentvel se fixou graas ao

    Relatrio Brundtland, em 1987, intitulado Nosso Futuro Comum (Our Common Future) que

    lanou o termo e se tornou referncia acadmica como, aquele que satisfaz as

    necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das geraes futuras de suprir

    suas prprias necessidades. Este documento foi elaborado em 1987 pela Comisso

  • 11

    Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU aps amplos estudos chefiados

    pela primeira-ministra Gro Harlem Brundtland.

    A prpria Constituio Federal de 1988 reafirma o termo citado, em seu artigo 225,

    onde Todos tm o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso

    comum do povo e essencial sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Pblico e a

    coletividade o dever de defend-lo e preserv-lo para as presentes e futuras geraes. E

    complementado pelo posicionamento do Supremo Tribunal Federal, onde a atividade

    econmica est subordinada alm de outros princpios gerais, defesa do meio ambiente

    (CF, art 170, VI), que traduz conceito amplo e abrangente das noes de meio ambiente

    natural, de meio ambiente cultural, de meio ambiente artificial (espao urbano) e de meio

    ambiente laboral. (STF, 2006).

    Bem antes do pronunciamento do STF, o mundo vive o conflito da sobrevivncia,

    pois deve haver o mnimo de conciliao entre o desenvolvimento e o impacto ambiental.

    Em 1990, um dos pensamentos que surgiram para minimizar este conflito foi o conceito

    holstico criado por John Elkington, da organizao no governamental internacional

    SustainAbility, o Triple Bottom Line2, (ELKINGTON, 1999) onde busca o equilbrio (Grfico

    02) entre o que socialmente desejvel, economicamente vivel e ecologicamente

    sustentvel.(SILVA,2003).

    Grfico 03 Sustentabilidade e as suas Dimenses Ambientais. Fonte3 ALLEDI, 2002; AFNOR 2003.

    Material de curso MBA Construes Sustentveis, Universidade Catlica de Petrpolis e

    Nitsustentabilidade, 2011.

    2 Representa os 3Ps, People, Planet, Profit, cuja traduo Povo, Planeta e Proveito econmico.

    3 Notas apresentadas em aula sobre Desenvolvimento Sustentvel no MBA de Construes Sustentveis, da

    Universidade Catlica de Petrpolis, Rio de Janeiro, 2009.

  • 12

    2.3. Construo Sustentvel

    O conjunto de parmetros que formam as diretrizes para a construo sustentvel

    so os que consideram a qualidade, a identificao e controle dos impactos ambientais, a

    gesto da sade e segurana e a promoo do bem estar entre as relaes com a

    vizinhana.

    2.3.1. Trip da Sustentabilidade: Aspectos Ambientais, Econmicos, Sociais e o

    Ciclo de Vida

    Dentro da Sustentabilidade, so considerados vrios fatores para que um material ou

    sistema seja sustentvel, visando todos os impactos.

    A ferramenta mais utilizada a Anlise do Ciclo de Vida (ACV ou em ingls, LCA)

    que analisa o desempenho ambiental de um produto, em todas as fases da sua vida til,

    considerando desde a extrao das matrias-primas, a sua transformao, comercializao,

    uso e seu descarte final. Este metodologia est descrita na ABNT NBR ISO 14040

    (Associao Brasileira de Normas Tcnicas ISO)

    Dentro desta mesma linha, a ISO 15686 (International Organization for

    Standardization), srie que descreve o planejamento da vida til dos produtos ou sistemas

    (Service life planning), porm, ainda sem traduo para a ABNT, considera os custos

    globais do nascimento ao tmulo.

    De acordo com PARDINI (2009), o Ciclo de Vida de um edifcio o perodo de vida

    atribudo a ele e se caracteriza, principalmente, pela durabilidade e vida til de seus

    componentes e materiais, estruturas e sistemas, bem como pela sua capacidade em

    desempenhar a funo principal para a qual foi concebido.

    Assim, um produto deve produzir baixo impacto ambiental e ser vivel

    economicamente e alm disto, no pode provocar desigualdades sociais em seu processo.

    A Norma Brasileira NBR ISO 26000 e a SA 8000 (da Social Accountability International) so

    duas das Certificaes utilizadas que atendem a estes requisitos e que incluem tambm

    parte da Segurana e Sade do Trabalhador, onde a Norma OHSAS 18001 (Occupational

    Health and Safety Management Systems), trata especificamente da Higiene Ocupacional do

    Trabalhador.

    Apesar das normas serem voltadas para produtos, considera-se a edificao como

    um produto final, regido pela Lei de Proteo ao Consumidor, onde h responsabilidades

    definidas e prazos de garantia para cada item. Est em discusso a Norma de Desempenho

    de Edificao at 5 pavimentos, que determina previses de vida til dos sistemas prediais.

  • 13

    ANG e WYATT (2001) sinalizam a necessidade de auditoria durante todas as fases

    da produo de um edifcio sustentvel, pois garante maior segurana aos clientes e permite

    a preveno de custos no previsveis ao longo da vida de uma edificao.

    A representao dos altos custos somados, decorrentes da aquisio, construo,

    manuteno e utilizao de um imvel durante a sua vida til, pode funcionar como um

    indicador de desempenho, controle ambiental, alm de ser uma ferramenta poderosa na

    escolha de determinados sistemas para os seus usurios e para os investidores, como

    citado em:

    Esta anlise proporciona uma visualizao do impacto dos diversos subsistemas sobre os custos que o cliente externo/usurio dever estar suportando ao longo da vida til e orienta o tomador de deciso sobre a alternativa tecnolgica que proporciona melhor soluo quanto a este aspecto, mediante a identificao da forma como estes custos so afetados. (SILVA, 1997)

    Conforme a NBR 14037 e a NBR 5674 as construtoras devem entregar ao

    proprietrio o Manual do Proprietrio e o respectivo Manual de Manuteno Preventiva,

    que so necessrios para obterem garantias de durabilidade dos sistemas, desempenho,

    segurana dos sistemas construtivos e equipamentos instalados. Estes manuais englobam

    os planos de inspeo, especificao de materiais, produtos e processos a serem adotados

    na manuteno, bem como os intervalos para realizao das intervenes de manuteno e

    conservao; com base nos preos praticados no mercado local, na poca da

    comercializao do imvel, dever ainda elaborar planilha de preos das manutenes,

    indicando o custo mdio anual de cada elemento ou componente com base na sua

    respectiva vida til, alm do custo global a ser despendido anualmente.

    E para que haja a manuteno adequada, deve-se garantir o acesso para limpeza e

    manuteno de todas as partes expostas de componentes ou elementos como pisos,

    caixilhos, telhados, componentes das instalaes de guas pluviais e outros, sem prejuzo

    segurana ou a postura ergonmica do prestador de servio ou usurio.

    "Para o usurio fator essencial de sua capacidade de pagar e assegurar as

    condies de uso da edificao adequadas. A reduo dos custos ao longo da vida til

    significa a liberao de recursos para outros usos, segundo os valores e necessidades da

    famlia, tais como alimentao, sade, educao e cultura, lazer, etc." (SILVA e ABIKO)

    Portanto, a fase de Uso e Manuteno de uma construo representa 80% dos seus

    custos de Ciclo de Vida (grfico 03). Deste modo, uma Construo Sustentvel deve

    priorizar esta fase como norteadora dos projetos.

  • 14

    Grfico 04: Possibilidade de Interveno nas Fases conforme Custos no Ciclo de Vida do Empreendimento. Fonte: Luiz Henrique Ceotto, Revista Notcias da Construo, Seo Qualidade e

    Produtividade, 2006

    De acordo com ARROYO, 2011, a TKCSA desembolsou a quantia de 11 milhes de

    reais na construo da Escola Erich Walter Heine. Este valor representa, no grfico 03, 15%

    dos custos da vida til da Escola, logo, calcula-se, aproximadamente, 74 milhes de reais, a

    custos atuais no Uso e Manuteno desta edificao.

    Do processo evolutivo deste Trip, surgiu o termo Triple Zero que faz a

    compensao ambiental baseada na regra de que a construo deve demandar zero

    energia em seu funcionamento, ter zero emisses de carbono (CO2) em todo o seu processo

    e produzir zero resduos em toda a sua vida til e apenas quando desenvolvida uma

    abordagem holstica que considere as qualidades ecolgicas, econmicas e funcionais de

    um edifcio. (SOBEK, 2012)4

    No Brasil, a microgerao de energia ainda no aplicvel, dado que a sua

    regulamentao tramita na Agncia Nacional de Energia Eltrica (ANEEL,fevereiro de 2012)

    contendo as regras, que aprovadas, sero publicadas no Dirio Oficial da Unio. A

    microgerao se baseia na produo de energia atravs de fontes, como por exemplo, os

    painis solares fotovoltaicos complementares ao fornecimento de energia eltrica

    convencional e na permisso da instalao de minitorres elicas. O consumidor poder

    vender o excedente da produo concessionria.

    4 Werner Sobek um dos fundadores do German Sustainable Building Council DGBC, em 2007, Certificadora de

    Construes Sustentveis na Alemanha.

  • 15

    CAPTULO III CERTIFICAO LEED

    3.1. Sistemas de Certificao LEED

    Nos Estados Unidos da Amrica, a Certificao LEED um requisito legal adotado

    para a aprovao pelas Prefeituras e rgos federais (USGBC, 2012). Estas iniciativas

    LEED so encontradas em mais de 442 localidades, distribudos em 34 estados, aplicados

    entre 14 agncias federais, inmeras escolas pblicas e instituies de ensino superior ao

    longo daquele pas.

    No mundo, existem construes em andamento com os preceitos da Certificao

    LEED em 120 diferentes pases. Porm, fora dos limites dos Estados Unidos da Amrica, os

    Conselhos acreditados pelo USGBC esto estabelecidos em 19 pases, como a Argentina,

    Brasil, Canad, Chile, Colmbia, Emirados, Espanha, Finlndia, Corea do Sul, India, Itlia,

    Jordnia, Mxico, Noruega, Polnia, Romnia, Rssia, Sucia e Turquia (USGBC, 2012).

    O Green Building Council Brasil (GBCB) ou Conselho Brasileiro de Construo Verde

    se estabeleceu na capital de So Paulo como uma organizao no governamental e com o

    propsito de auxiliar o desenvolvimento da indstria da construo sustentvel no Pas. O

    GBCB veio difundir as prticas e metodologias do United States Green Building Council

    integrado no processo de concepo, construo e operao de edificaes novas e

    espaos j construdos.

    O resultado da atuao do GBCB pode ser constatado pelo crescimento da

    certificao LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) no Brasil, conforme

    exposto no captulo I. Em 2004, o selo recebeu o primeiro pedido de um empreendimento

    brasileiro e tambm da Amrica Latina, com a solicitao de certificao de uma agncia

    bancria, do antigo Banco Real, Agncia Granja Viana, localizado em Cotia, municpio de

    So Paulo.

    At Junho de 2012, foram certificados 51 prdios e 525 esto em processo de

    certificao, atrs apenas dos Estados Unidos, Emirados rabes Unidos e China.

    O LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) adota um sistema de

    classificao e avaliao ambiental do desempenho de edificaes sustentveis (LEED

    Green Building Rating System). Criado pelo U.S. Green Building Council, esta organizao

    premia os que alcanam o nvel de desempenho mnimo, composto pelo somatrio de

    pontos atribudos a cada requisito atendido. O resultado desta soma pode render ao

    empreendimento a classificao de Certificada, acima disto, obtm o selo Prata, Ouro ou

    Platina (Silver, Gold, Platinum).

  • 16

    Segundo o GBCB, h vrios critrios, relacionados ao tipo de atividade a ser

    desenvolvida dentro da edificao e classificadas segundo a tabela 02:

    CRITRIOS utilizados pelo LEED

    LEED CI Projetos de interiores e edifcios comerciais

    LEED CS (Core and Shell Development) Projetos da envoltria e parte central do edifcio

    LEED EB_OM (Existing Buildings Operations and Maintenance) Operao de manuteno de edifcios existentes

    LEED for Homes

    Residncias

    LEED HC (Healthcare) Unidades de sade

    LEED NC (New Constructions) Novas construes e grandes projetos de renovao

    LEED Retail NC e CI

    (Comercial Interiors) Novas construes para Lojas de varejo e Interiores de Lojas

    LEED Schools NC

    Escolas

    LEED ND (Neighborhood Development) - Desenvolvimento de bairro (localidades)

    Tabela 02: Tipos ou Critrios da Certificao LEED. Fonte: GBCB, 2012

    A partir da listagem anterior (tabela 02), este Sistema de Classificao LEED pode

    ser dividido em trs grandes critrios:

    novas construes (NC),

    prdios existentes (EB_OM) e;

    desenvolvimento de bairros (ND).

    O NC abrange, no s as novas edificaes, como tambm as grandes reformas,

    onde CI (Interiores), CS (Envoltria e Central do Edifcio), Homes (Residencial), HC (sade),

    Retail(Varejo) e Schools (Escolas) esto inseridos. Desta maneira, as regras, ou a maioria

    dos requisitos so semelhantes entre si, diferenciados por itens peculiares.

    A CS o tipo de critrio que avalia prdios comerciais, cuja atividade interna no foi

    definida, por exemplo, uma edificao para escritrios. Assim, a avaliao s pode ser

    realizada com base nas informaes gerais, como a envoltria (ou casca, formado pelas

    fachadas e cobertura) e a parte comum do edifcio, englobadas pelos corredores de acessos

    s unidades, a portaria, garagens, reas de servios, escadas e elevadores.

    No Brasil, o critrio LEED Homes, para Residncias o nico tipo que no est

    ativo, no entanto, atualmente, se encontra em consulta pblica no site da GBC Brasil (2012).

    Segundo CASADO (2008), o processo de certificao dos critrios avaliados do NC

    vlido at dois anos aps a certificao oficial homologada pela USGBC. Passado este

  • 17

    prazo, a construo pode perder a sua certificao (Prata, Ouro ou Platina), caso no seja

    novamente avaliada. Porm, esta segunda avaliao ser baseada em outro critrio, a

    EB_OM ou, prdios existentes.

    Tambm, segundo CASADO (2008), o EB_OM o critrio menos aplicado, pois o

    critrio de edificaes existentes que foram construdas sob as Leis e Normas, que hoje,

    esto desatualizadas, caracterizando uma no conformidade legal e inviabilizando, muitas

    vezes, a certificao.

    3.1.1. Programa de Requisitos Mnimos - PRM (MPRs Minimum Program Requirements)

    (USGB, 2011)

    Todo projeto LEED deve atender ao programa mnimo para que o projeto se torne

    elegvel pela Certificao.

    Este programa deve conter uma listagem ou plano para o atendimento, como a

    seguir:

    1. Estar em conformidade com as leis ambientais: O projeto deve ter licenciamentos

    nvel Federal, estadual, municipal ou local, com as responsabilidades tcnicas

    correspondentes.

    2. Provar que a edificao est construda em terreno fixo. No permitida a

    certificao de construes temporrias, sobre estruturas mveis ou em veculos.

    3. Deve ser implantada em terreno contnuo nico: todo terreno deve ser contguo,

    formado por apenas um terreno. Partes, no so aceitas.

    4. Deve ter rea mnima de 93m;

    5. A taxa mdia mnima de ocupao anual por pessoa: quando os alunos ocupam o

    imvel em horrio integral ou quando h dois turnos mnimos.

    6. Disponibilizar os dados de consumo energtico e de gua por 5 anos para o USGBC.

    7. Taxa de ocupao do edifcio no terreno determinada por lei.

    Com isto, trs metas podem ser alcanadas:

    1) O programa deve ser um guia, para dar uma clara viso ao cliente dos objetivos

    de atendimento aos requisitos legais;

    2) Proteger a integridade da metodologia LEED, e;

    3) Reduzir os desafios que ocorrem durante o processo de certificao.

  • 18

    Se houver a inexistncia de parmetros legais ou normativos no local, o GBCB

    recomenda a utilizao das normas internacionais, onde prevalece a adoo da legislao

    que for mais restritiva.

    3.1.2. Documentao de Base do Projeto

    Para que o propsito da construo esteja bem estabelecido e os objetivos do

    proprietrio do empreendimento sejam alcanados, necessria a elaborao de dois

    documentos: BOD E OPR (respecitvamente, Basis of the Owner Design e Owner Project

    Requirements Base de Design do Proprietrio e Requisitos de Projeto do Proprietrio)

    a) Requisitos de Projeto do Proprietrio

    As intenes do Proprietrio e o porqu devem estar bem estabelecidos neste

    documento, com a Misso, a Poltica de Sustentabilidade ou objetivos gerais do projeto.

    As caractersticas do empreendimento, as funes do edifcio, o programa de

    necessidades do projeto, a descrio de alguns ambientes.

    Os dados previstos para a populao fixa e temporria de ocupao por turno ou

    perodo.

    Os prazos esperados para concluso de cada etapa, e detalhamento de alcance da

    pontuao de cada requisito LEED e as metas de desempenho e eficincia para cada

    sistema predial e embasamento normativo a ser empregado.

    As limitaes dos recursos disponveis para cada setor (projeto) podem fazer parte

    deste documento.

    Uma listagem geral dos manuais, garantias, planos de manuteno, cartilhas,

    programas, informaes, procedimentos, planilhas, requisies de materiais, manifestos,

    guias, esquemas, sequencia de operaes, plantas e desenhos de fornecedores, escritos

    para todo o processo so importantes para a organizao e qualidade do projeto.

    O Plano de Comissionamento, treinamento de operao e a manuteno dos

    equipamentos e treinamento dos usurios tambm devem ser inseridos no OPR.

    b) Bases do Projeto:

    A finalidade das informaes contidas neste documento o cumprimento dos

    Requisitos do Proprietrio (de como ser executado) e do Pr-Requisito do Critrio EA

    (Energia e Ambiente) onde ser necessrio realizar o Comissionamento dos Sistemas de

    Energia prediais. O Comissionador (ou a equipe) deve verificar que os sistemas e os

  • 19

    equipamentos de projeto e instalados estejam conforme as intenes descritas no OPR

    (Requerimentos de projeto do Proprietrio).

    Devem constar resumidamente, os dados como premissa de projeto dos critrios

    adotados para o direcionamento do design, as metas a serem alcanados, controles,

    mtodos de clculo para o dimensionamento e razes para a seleo dos Sistemas de

    Ventilao e Condicionamento de Ar, de Iluminao (interna e externa), de aquecimento de

    gua e de energias renovveis (no prprio local como a elica, solar, etc). Como parmetro

    de clculo utilizado a ASHRAE 90.1 (2007) (American Society of Heating, Refrigerating

    and Air-Conditioning Engineers, Inc., Norma de Energia para Construes com Exceo

    dos Edifcios Residenciais de Baixa Altura,

    3.1.3. O processo LEED:

    Para todos os critrios, o processo de Certificao o mesmo, mostrado pelo

    USGBC (2012):

    Grfico 05: Processo LEED. Fonte: USGBC, 2012.

    Abaixo, o detalhamento das etapas:

    a) Registro do Projeto: O projeto poder ser Registrado no GBCI (Green Building

    Certification Institute) atravs do encaminhamento feito pelos seus respectivos

    Conselhos, no caso do Brasil esta intermediao realizada pelo GBCB. No entanto,

    para que se alcance uma pontuao dentro do sistema LEED, o registro dever ser

    preparado por pessoa fsica ou jurdica que possua em seu quadro, um LEED AP

    (Accredited Profissional ou Profissional Acreditado). O LEED AP tem a credencial

    emitida pela USGBC e habilitado mediante prova, com prazo de validade de dois

    anos.(LEED School, 2009).

    b) Coleta das informaes atravs das equipes multidisciplinares do projeto: as

    informaes contidas em todos os projetos desde a Arquitetura, Estrutura,

    Instalaes Prediais at de Paisagismo;

    c) Clculos, preparao de memoriais e confeco de plantas e desenhos: o conjunto

    de informaes deve ser traduzido para o idioma ingls e suas unidades

    correspondentes para o adotado americano. Outros dados so enviados, como as

    certificaes dos produtos (procedncia da madeira, ndice do material reciclado,

    manifestos de resduos, etc);

    Registro do

    Projeto

    Anlise do Requerimento

    Preparo do Requerimento Certificado

    Entrada no Requerimento

  • 20

    d) Envio da primeira fase (projetos);

    e) Coleta e preparao da segunda fase (construo): ajustes e complementao das

    decises modificadas ou acrescentadas;

    f) Treinamento para ocupao: todas as instalaes devem ter registro e

    acompanhamento de gastos energticos para validade da certificao;

    g) Pr-operao e ps-entrega: todos os equipamentos devem ter o comissionamento e

    o acompanhamento do funcionamento dos sistemas envolvidos e realizar possveis

    ajustes;

    h) Anlise para certificao: enviadas todas as informaes, a equipe da USGBC valida

    e decide quantos pontos o empreendimento alcanar.

    De acordo com as regras do USGBC, a validade da Certificao de dois anos aps

    a entrega do certificado (pode ocorrer de um a dois anos aps a construo da edificao).

    Findo o prazo, so necessrias novas avaliaes para que a edificao seja validada

    novamente na certificao, porm, em outra Categoria, a de LEED EB OM (Existing

    Buildings Operation & Mantainance ou Operao e Manuteno de Prdios Existentes)

    3.1.4. Sistema LEED School

    O LEED School (ou melhor, LEED Escolas), um tipo de critrio baseado nos

    parmetros de uma construo nova, porm voltada para a atividade de ensino. A

    necessidade de tornar a edificao mais segura e confortvel nortearam as diferenas entre

    os critrios bsicos para as novas construes, onde h o acrscimo de dez itens a mais,

    entre Pr-Requisitos e Crditos, todos indicados na tabela 03.

    3.1.4.1. Categorias

    Dentro de cada critrio h pr-requisitos e os crditos. Os pr-requisitos so

    requisitos mnimos que devem ser atendidos pelo empreendimento para que o projeto possa

    acumular uma pontuao mnima aceita pelo USGB com a finalidade de ser certificado.

    A formalizao dos dados do projeto feita com a apresentao de trs tipos de

    documentos:

    a) Templates ou declarao padro LEED, sempre com a assinatura do responsvel tcnico

    pela informao;

    b) Plantas (desenhos) e memoriais descritivos dos projetos e sistemas e;

    c) Memoriais de Clculos.

  • 21

    Pr-requisitos e Crditos LEED Schools verso 3 2009 Diviso por CATEGORIAS

    1 Categoria Espao Sustentvel Pr-requisito 1 Preveno da poluio na atividade da Construo

    Pr-Requisito 2 (aplicado somente no School) Avaliao Ambiental do Terreno

    Crdito 1 Seleo do Terreno

    Crdito 2 Densidade Urbana e Conexo com a Comunidade

    Crdito 3 Remediao de reas contaminadas

    Crdito 4.1 Transporte Alternativo, Acesso ao Transporte pblico

    Crdito 4.2 Transporte Alternativo, Bicicletrio e Vestirio para os ocupantes

    Crdito 4.3 Transporte Alternativo, Uso de Veculos de Baixa emisso

    Crdito 4.4 Transporte Alternativo, rea de estacionamento

    Crdito 5.1 Desenvolvimento do espao, Proteo e restaurao do Habitat

    Crdito 5.2 Desenvolvimento do espao, Maximinizar espaos abertos

    Crdito 6.1 Projeto para guas Pluviais, Controle da quantidade

    Crdito 6.2 Projeto para guas pluviais, Controle da qualidade

    Crdito 7.1 Reduo da ilha de calor, reas cobertas

    Crdito 7.2 Reduo da ilha de calor, reas descobertas

    Crdito 8 Reduo da Poluio Luminosa

    Crdito 9 (aplicado somente no School) Plano Diretor

    Crdito 10(aplicado somente no School) Uso do Conjunto das Facilidades

    2 Categoria Uso Racional da gua

    Pr-requisito 1 Reduo no Uso da gua

    Crdito 1 Uso eficiente de gua no paisagismo

    Reduo de 50%

    Uso de gua no potvel ou sem irrigao

    Crdito 2 Tecnologias Inovadoras para guas servidas

    Crdito 3 Reduo do consumo de gua

    Reduo de 30%

    Reduo de 35%

    Reduo de 40%

    Crdito 4(aplicado somente no School) Reduo do consumo de gua de Processo

    3 Categoria Energia e Atmosfera

    Pr-requisito 1 Comissionamento dos sistemas de energia

    Pr-requisito 2 Performance Mnima de Energia

    Pr-requisito 3 Gesto Fundamental de Gases Refrigerantes, No uso de CFCs

    Crdito 1 Otimizao da performance energtica

    12% Prdios novos ou 8% Prdios reformados

    14% Prdios novos ou 10% Prdios reformados

    16% Prdios novos ou 12% Prdios reformados

    18% Prdios novos ou 14% Prdios reformados

    20% Prdios novos ou 16% Prdios reformados

    22% Prdios novos ou 18% Prdios reformados

    24% Prdios novos ou 20% Prdios reformados

    26% Prdios novos ou 22% Prdios reformados

    28% Prdios novos ou 24% Prdios reformados

    30% Prdios novos ou 26% Prdios reformados

    32% Prdios novos ou 28% Prdios reformados

    34% Prdios novos ou 30% Prdios reformados

  • 22

    36% Prdios novos ou 32% Prdios reformados

    38% Prdios novos ou 34% Prdios reformados

    40% Prdios novos ou 36% Prdios reformados

    42% Prdios novos ou 38% Prdios reformados

    44% Prdios novos ou 40% Prdios reformados

    46% Prdios novos ou 42% Prdios reformados

    48% Prdios novos ou 44% Prdios reformados

    Crdito 2 Gerao local de energia renovvel

    1% Energia Renovvel

    3% Energia Renovvel

    5% Energia Renovvel

    7% Energia Renovvel

    9% Energia Renovvel

    11% Energia Renovvel

    13% Energia Renovvel

    Crdito 3 Melhoria no comissionamento - Avanado

    Crdito 4 Melhoria na gesto de gases refrigerantes

    Crdito 5 Medies e Verificaes

    Crdito 6 Energia Verde

    4 Categoria Materiais e Recursos

    Pr-requisito 1 Depsito e Coleta de materiais reciclveis

    Crdito 1.1(aplicado somente no School) Reuso do edifcio, Manter 25% de Paredes, Pisos e Coberturas Existentes

    Reuso de 55%

    Reuso de 75%

    Reuso de 95%

    Crdito 1.2 Reuso do Edifcio, Manter Elementos Interiores no estruturais

    Crdito 2 Gesto de Resduos da Construo

    Destinar 50% para o reuso

    Destinar 75% para o reuso

    Crdito 3 Reuso de Materiais

    Reuso de 5%

    Reuso de 10%

    Crdito 4 Contedo Reciclado

    10% do Contedo

    20% do Contedo

    Crdito 5 (aplicado somente no School) Materiais Regionais

    10% dos Materiais Extraido, Processado e Manufaturado na Regio

    20% dos Materiais Extraido, Processado e Manufaturado na Regio

    Crdito 6 Materiais de Rpida Renovao

    Crdito 7 Madeira Certificada

    5 Categoria Qualidade Ambiental Interna

    Pr-requisito 1 Desempenho Mnimo da Qualidade do Ar Interno

    Pr-requisito 2 Controle da fumaa do cigarro

    Pr-requisito 3 (aplicado somente no School) Desempenho Acstico Mnimo

    Crdito 1 Monitorao do Ar Externo

    Crdito 2 Aumento da Ventilao

    Crdito 3.1 Plano de Gesto de Qualidade do Ar, Durante a Construo

    Crdito 3.2 Plano de Gesto de Qualidade do Ar, Antes da ocupao

  • 23

    Crdito 4 Materiais de Baixa Emisso - de 1 a 4

    Crdito 5 Controle interno de poluentes e produtos qumicos

    Crdito 6.1 Controle de Sistemas, Iluminao

    Crdito 6.2 Controle de Sistemas, Conforto Trmico

    Crdito 7.1 Conforto Trmico, Projeto

    Crdito 7.2 Conforto Trmico, Verificao

    Crdito 8.1 Iluminao Natural e Paisagem, Luz do dia para reas Regularmente Ocupadas

    Crdito 8.2 Iluminao Natural e Paisagem, Vistas

    Crdito 9(aplicado somente no School) Aumento da Eficincia Acstica

    Crdito 10 (aplicado somente no School) Preveno do Mofo

    6 Categoria Inovao e Processo do Projeto

    Crdito 1 Inovao no Projeto: Insira o ttulo

    Inovao ou Performance Exemplar

    Inovao ou Performance Exemplar

    Inovao ou Performance Exemplar

    Inovao

    Inovao

    Crdito 2 Profissional Acreditado LEED

    Crdito 3 (aplicado somente no School) A Escola como Ferramenta de Ensino

    7 Categoria Crditos Regionais

    Crdito 1 Prioridades Regionais

    Prioridades Ambientais Especficas da Regio

    Prioridades Ambientais Especficas da Regio

    Prioridades Ambientais Especficas da Regio

    Prioridades Ambientais Especficas da Regio

    Tabela 03: Requisitos LEED NC Schools. Fonte: GBCB, 2011.

    3.1.4.1.1. Categoria Espao Sustentvel

    Para o atendimento desta categoria imprescindvel atender dois Pr-requisitos

    importantes que favorecem a segurana ambiental.

    3.1.4.1.1.1. Plano de Preveno de Poluio no solo e no ar

    A elaborao de um Plano de Preveno de Poluio no solo e no ar, que reduz a

    poluio proveniente das atividades de construo, controlando a sedimentao e a eroso

    do solo, o assoreamento dos cursos de gua e a gerao de poeira na vizinhana. Este

    documento baseado no Plano encontrado no site da EPA (Environmental Protection

    Agency) em: http://cfpub.epa.gov/npdes/stormwater/swppp.cfm#guide.

    Um dos objetivos da aplicao do Plano diminuir a quantidade de solo mobilizado,

    como impedir ou controlar o escoamento de guas externas que fluem pelas reas

    mobilizadas. A comprovao da remoo dos sedimentos carreados pelas guas que saem

    http://cfpub.epa.gov/npdes/stormwater/swppp.cfm#guide

  • 24

    da obra importante tanto quanto melhorar todo este sistema, suplantando as demandas

    legais nacionais, estaduais ou municipais.

    3.1.4.1.1.2. Avaliao Ambiental do Terreno

    O Pr-requisito baseado em regulaes americanas para reduo de poluio no

    endereo em, http://www.epa.gov/nrmrl/std/traci/traci.html, onde possvel acessar o texto

    sobre Tool for the Reduction and Assessment of Chemical and Other Environmental

    Impacts (TRACI) ou Ferramentas para a reduo e avaliao qumica e outros impactos

    ambientais.

    Este requisito tem o objetivo de escolher um local apropriado para o desenvolvimento

    das atividades escolares. Estas caractersticas locais devem garantir a segurana e sade

    das crianas em relao contaminao do solo, deste modo, necessrio comprovar que

    o terreno escolhido no contaminado pelas atividades anteriores, conforme procedimentos

    da Fase I, da norma ASTM E1527-05 (Standard Practice for Environmental Site

    Assessments: Phase I: Environmental Site Assessment Process), no link

    http://209.195.157.104/DOWNLOAD/E1903.1207483-1.pdf. Caso haja contaminao e seja

    possvel a descontaminao, que seja executada conforme os moldes da Fase II da ASTM

    E1903-97 (Standard Practice for Environmental Site Assessments: Phase I: Environmental

    Site Assessment Process), http://enterprise1.astm.org/DOWNLOAD/E1903.1207483-1.pdf.

    A anlise deve ser executada por empresa ou profissional habilitado, com

    responsabilidade tcnica comprovada.

    Como limitao da recuperao dos solos, esta Certificao se torna invivel quando

    os terrenos mantinham a funo prvia de aterros sanitrios.

    A escolha do local para o novo empreendimento deve ser baseada na seleo de um

    terreno prprio para o tipo de atividade. A inadequao pode gerar grandes impactos

    ambientais.

    A certificao LEED pontua quando o local est suprido de infraestrutura, seja

    sanitria, eltrica, telefonia, comrcio e servios. Fica restrita a implantao de projetos em

    zonas rurais agrcolas, em reas inundveis sujeitas s enchentes superior a 1% ao ano de

    ocorrncia, reas de preservao ambiental ou em faixas de margens de cursos dgua, rios

    ou lagos.

    Mesmo quando no h a obrigatoriedade da apresentao do Estudo de Impacto

    Ambiental (EIA) solicitados por alguns municpios para a aprovao do empreendimento, o

    LEED recomenda que seja realizado este estudo.

    http://www.epa.gov/nrmrl/std/traci/traci.htmlhttp://enterprise1.astm.org/DOWNLOAD/E1903.1207483-1.pdf

  • 25

    A maior pontuao se deve elaborao de planos de mitigao de emisso de

    poluio provenientes de veculos utilizados pelos futuros usurios, adoo de

    biocombustveis ou GNV como fonte energtica, ao incentivo do uso de transporte coletivo e

    bicicletas. A remediao de solos contaminados, recuperao de reas degradadas, a

    promoo do monitoramento do terreno, a restaurao de plantas nativas locais, a utilizao

    de telhado para esta plantao orgnica sem agrotxicos, fertilizantes, pesticidas ou

    herbicidas so algumas das aes positivas preconizadas pelo LEED.

    O conjunto de aes para aumentar a permeabilidade do solo (pela reduo de reas

    impermeveis), aumentando a taxa de infiltrao e controlar o escoamento superficial

    provocado pelas guas pluviais para a rede de drenagem pblica so crditos certos para a

    pontuao. Isto se d a partir da deteno, reteno ou reserva da gua da chuva (para o

    seu aproveitamento ou retardo) e menos utilizao do concreto para a pavimentao

    externa do terreno. A adoo de Sistemas de reuso das guas cinzas tambm so

    requisitos favorveis.

    Outro atendimento importante reduzir as ilhas de calor, reduzindo a temperatura do

    ambiente pela utilizao de materiais com reflectncia solar comprovada pelo fabricante,

    que permita a reduo de temperatura de coberturas e pavimentao. Um recurso bem

    empregado nesta situao o sobreamento proporcionado por vegetao e atravs de

    placas ou painis solares para aquecimento e produo de energia. Outro recurso dar

    preferncia para pisos intertravados claros, com permeabilidade ao invs de asfalto escuro.

    A iluminao controlada, tambm faz parte da conteno da poluio luminosa,

    quando a luz no ultrapassa os limites do terreno ou quando no h excesso que provoque

    ofuscamento, o desconforto e gastos desnecessrios com energia eltrica.

    Os controles do item de iluminao, assim como os outros sistemas prediais, devem

    favorecer a flexibilidade de futuras modificaes ou ampliaes no projeto. Estas

    caractersticas peculiares, com foco na sustentabilidade, precisam constar no Plano Diretor

    (crdito 9) ou do Plano de Operao e Manuteno do Manual do Proprietrio, para que

    sejam garantidas a continuidade do projeto inicial, mesmo que hajam mudanas e

    desenvolvimentos de programas e alterao da populao estudantil (ou usurios). Neste

    mesmo Plano Diretor necessrio incluir os planos para centros comunitrios, as quadras

    de esporte, biblioteca, rea de recreao aqutica ou qualquer outro projeto voltado para a

    comunidade.

    Para atender o crdito 10, Uso conjunto das Facilidades deve ser disponibilizado

    pelo menos trs espaos com o pblico: biblioteca, refeitrio, salas de aula, quadras

    esportivas, ou estacionamento. Este crdito permite, efetivamente, a socializao com a

  • 26

    comunidade, pois empresta o espao, se no toda a rea escolar para a funo

    integralizadora da regio. A prova do contato com a sociedade estabelecida pela

    assinatura contratual de servios com a comunidade ou outras instituies (clnica de sade,

    posto policial, etc).

    3.1.4.1.2. Categoria Uso Racional da gua

    Esta categoria incentiva a economia de gua potvel, na utilizao de fontes que

    favoream a diminuio do consumo deste recurso natural esgotvel. Portanto, como pr-

    requisito, deve-se comprovar a sua reduo, atravs da adoo de sistemas de

    aproveitamento da gua de chuva, de reuso de guas cinzas e de equipamentos sanitrios

    com diminuio da vazo em relao ao convencional.

    3.1.2.1.3 Categoria Energia e Atmosfera

    Um dos objetivos desta categoria o Planejamento e a realizao de atividades de

    comissionamento dos sistemas que demandam energia (aquecimento, ventilao,

    condicionamento de ar e refrigerao, iluminao, sistemas de cmera, telefonia,

    automao, equipamentos eltricos, subestao, casa de mquinas e conjunto de bombas e

    controles associados), verificando sua instalao e seu desempenho, de acordo com os

    projetos, memoriais descritivos e execuo.

    As atividades de comissionamento devem ser realizadas pela equipe de

    comissionamento contratada e habilitada (responsabilidade tcnica comprovada). O Escopo

    do Comissionamento deve ter a descrio das atividades, referncias dos fornecedores e

    parmetros para a realizao dos testes obrigatrios em fbrica, balanceamento, aceitao

    dos testes de desempenho executados no local, assistidos pela equipe e pelo fabricante.

    Acompanhar o treinamento da equipe de manuteno e operao e limitar os prazos de

    acompanhamento aps a instalao final dos equipamentos.

    A categoria tem a funo motivadora de uso de energia renovvel e a produo

    desta no local, como o aquecimento de gua com coletores solares, o fornecimento de

    energia eltrica fotovoltaica ou de provenincia elica, etc.

    Contempla a reduo ou eliminao de gases causadores da destruio da camada

    de oznio.

    A simulao energtica realizada nesta categoria atravs dos programas Energy

    Plus e Design Builder com base nos parmetros da ASHRAE 90.1-2007, tomando como

    referncia uma base mnima de eficincia. So considerados os materiais empregados na

    arquitetura e o comportamento trmico das fachadas e telhados, onde o prdio implantado

  • 27

    em zonas climticas relacionadas ao municpio do Rio de Janeiro e com a orientao

    cardeal segundo o projeto. Nestes testes vrios dados so inseridos, como tamanho de

    aberturas, brises horizontais e verticais e o sombreamento da prpria edificao.

    Dependendo do alcance de desempenho energtico, a construo ganha maior pontuao

    ou menor. Os parmetros de iluminao tambm so considerados.

    O Monitoramento e medio constante dos equipamentos que consomem energia e

    gua podem garantir uma eficincia ao longo da vida til da edificao, garantindo o

    desempenho dos sistemas e a sustentabilidade, com ganho de pontuao.

    Para atendimento ao ltimo crdito seriam necessrios que a organizao Green-e,

    (www.green-e.org) fornecesse energia renovvel certificada para o empreendimento. No

    Brasil, este sistema ainda no comercializado, nem regulamentado.

    3.1.2.1.4 Categoria Materiais e Recursos

    Esta categoria promove a reduo da quantidade de resduos destinados a aterros

    gerados na operao e construo do edifcio. Prev a elaborao da Gesto dos resduos

    de todo o processo, desde a construo at o final da vida til da edificao.

    A implantao do plano requer a comprovao dos manifestos de resduos e do

    descarte em aterros legalizados.

    Estimula o empreendimento a dispor de local especfico, isolado e organizado para a

    coleta e armazenamento de materiais reciclveis que sejam de fcil acesso aos funcionrios

    para manuteno. As reas de coleta de reciclveis devem conter a separao de resduos

    para reaproveitar os recursos estruturais e fachadas da construo existente. Este

    reaproveitamento visa reduo da quantidade de entulho gerado durante a obra, da

    minimizao do impacto ambiental da operao e diminuio da aquisio de novos

    materiais que geram gastos com transporte e emisso de gases de efeito estufa at o local

    do empreendimento.

    Considera a reutilizao ou o aproveitamento de materiais e da reciclagem de parte

    da construo existente. Atravs das declaraes e certificaes dos fornecedores estimula

    o uso de produtos com grande porcentagem de matrias primas de origem recicladas em

    sua composio.

    O LEED incentiva a utilizao de materiais com longos ciclos de vida, substituindo-os

    por materiais de rpida renovao.

    Materiais como a madeira certificada precisam comprovar a procedncia.

    http://www.green-e.org/

  • 28

    3.1.2.1.5 Categoria Qualidade Ambiental Interna

    O objetivo obter o mximo de qualidade do ar no empreendimento e conforto e

    bem-estar aos usurios. Para isto, este requisito utiliza as normas ASHRAE 62.1-2007 (ou a

    ABNT NBR 16401-3 2008). Estes parmetros definem o mnimo de renovao de ar de

    acordo com a zona climtica local para a quantidade de gs carbnico interno.

    Adicionalmente, o equipamento de monitoramento do ar interno e automtico precisa

    garantir a qualidade e avisar, caso os padres estejam descalibrados.

    Para manter os padres, necessrio elaborar um Plano de Gerenciamento e

    Controle da Qualidade do ar na fase de construo e pr-ocupao da edificao. As aes

    devem estar voltadas para a prot