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Ministério da Saúde
Secretaria de Vigilância em Saúde Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador
Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Ambiental Programa Nacional de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano
Avaliação da Vigilância da Qualidade da Água no Estado do Piauí – Ano base 2011
Brasília 2012
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©2012 Ministério da Saúde. Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada à fonte e que não seja para venda ou qualquer fim comercial. A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens desta obra é da área técnica.
Elaboração e edição MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Vigilância em Saúde Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador – DSAST Organização: Coordenação-Geral de Vigilância em Saúde Ambiental – CGVAM/SVS/MS
Endereço SCS Quadra 4 Bloco A – 5º andar CEP: 70.304-000 Brasília/DF E-mail: [email protected] Endereço eletrônico: www.saude.gov.br/svs/pisast
Equipe de Elaboração Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Ambiental/DSAST/SVS/MS Mariely Helena Barbosa Daniel Rodrigo Matias de Sousa Resende
Colaboradores Adriana Rodrigues Cabral Cássia de Fátima Rangel Cintia Honório Vasconcelos Daniela Buosi Rohlfs Fernanda Barbosa de Queiroz Jamyle Calencio Grigoletto Luiz Belino Ferreira Sales Tiago de Brito Magalhães
Cartografia Fernanda Rodrigues Fonseca Rodrigo Otávio Pereira Sayago Soares
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O Estado do Piauí (PI) possui uma área de 251.576,644 Km2, dividida em 224 municípios e população recenseada estimada em 3.118.360 habitantes (IBGE, 2010). O Programa Nacional de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano – Vigiagua está inserido na Coordenadoria de Vigilância em Saúde Ambiental, da Secretaria Estadual de Saúde do Piauí.
O Vigiagua tem como objetivo desenvolver ações para garantir à população o acesso à água com qualidade compatível com o padrão de potabilidade estabelecido na legislação vigente, como parte integrante das ações de prevenção dos agravos transmitidos pela água e de promoção da saúde, previstas no Sistema Único de Saúde – SUS.
Os dados sobre a caracterização das formas de abastecimento de água e sobre o monitoramento da qualidade da água, realizado pela vigilância (setor saúde) e pelo controle (responsável pelo sistema ou solução alternativa coletiva de abastecimento de água), são inseridos no Sistema de Informação de
Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano – Sisagua.
O Sisagua é uma ferramenta de gestão do Vigiagua e tem por objetivo sistematizar dados de qualidade da água dos estados, municípios e distrito federal, e gerar relatórios, de forma a produzir informações necessárias à prática da vigilância.
De acordo com dados do Sisagua, relativos ao ano de 2011, o Estado do PI possui 73,3% dos municípios que realizam ações do Vigiagua, conforme distribuição espacial ilustrada na Figura 1.
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Figura 1: Distribuição espacial dos municípios do estado do PI no que concerne às ações do Vigiagua em 2011 (Sisagua, março/2012).
Conforme apresenta a Figura 2, o setor saúde necessita intensificar suas ações visando uma maior participação dos municípios, principalmente das regiões Sul e Central do Estado. Corroborando com a Figura 1, a Tabela 1 apresenta a relação dos municípios que, durante o ano 2011, não registraram informações no Sisagua sobre o abastecimento de água local.
Tabela 1: Relação de Municípios do estado do PI sem dados no Sisagua em 2011.
Código IBGE Nome do município
População 2010 (hab.) Regional de Saúde
220217 Campo Largo do Piauí 6803 Cocais
220610 Matias Olímpio 10485
220205 Cabeceiras do Piauí 9927 Carnaubais 220030 Alto Longá 13654
Entre Rios
220330 Demerval Lobão 13274
220558 Lagoa do Piauí 3863
220672 Nazária 8039
220945 Santo Antônio dos Milagres 2058
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Código IBGE Nome do município
População 2010 (hab.) Regional de Saúde
220559 Lagoa do Sítio 4853 Vale do Sambito
220810 Pimenteiras 11713
220027 Alegrete do Piauí 5151
Vale do Rio Guaribas
220157 Belém do Piauí 3284
220180 Bocaina 4346
220650 Monsenhor Hipólito 7391
220720 Padre Marcos 6651
220940 Santo Antônio de Lisboa 6008
221150 Vera Mendes 2987
220490 Isaías Coelho 8218 Vale do Rio Canindé
220965 São Francisco de Assis do Piauí 5575
220070 Anísio de Abreu 9094
Serra da Capivara 221035 São Lourenço do Piauí 4423
221140 Várzea Grande 4336
220170 Bertolínia 5319
Vale dos Rios Piauí e Itaueiras
220410 Francisco Ayres 4483
220530 Jerumenha 4383
220560 Landri Sales 5281
220600 Marcos Parente 4456
220670 Nazaré do Piauí 7327
220730 Paes Landim 4059
220735 Pajeú do Piauí 3366
220785 Pavussu 3666
220793 Pedro Laurentino 2410
220855 Porto Alegre do Piauí 2559
220887 Ribeira do Piauí 4263
220970 São Francisco do Piauí 6301
220080 Antônio Almeida 3046 Tabuleiros do Alto Parnaíba
220890 Ribeiro Gonçalves 6841
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Código IBGE Nome do município
População 2010 (hab.) Regional de Saúde
220045 Alvorada do Gurguéia 5051
Chapada das Manguabeiras
220130 Barreiras do Piauí 3234
220300 Cristalândia do Piauí 7831
220440 Gilbués 10393
220660 Monte Alegre do Piauí 10349
220665 Morro Cabeça no Tempo 4068
220760 Parnaguá 10265
220885 Riacho Frio 4238
220920 Santa Filomena 6096
220975 São Gonçalo do Gurguéia 2825
(Sisagua, março/2012)
A Portaria MS no 2.914/2011 dispõe sobre os procedimentos de controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. Conforme descrito no artigo 5o da referida norma, o abastecimento de água à população pode ocorrer de três formas distintas:
1. Fornecimento coletivo de água por meio de sistema de abastecimento de água (SAA);
2. Abastecimento coletivo de água por meio de solução alternativa coletiva (SAC) e;
3. Abastecimento individual por meio de solução alternativa individual (SAI).
Ressalta-se que de acordo com os artigos 3o e 4o, toda água destinada ao consumo humano, distribuída coletivamente por meio de SAA ou SAC, deve ser objeto de controle e vigilância da qualidade da água. Salienta-se que a água fornecida por SAI, independente da forma de acesso da população, esta sujeita à vigilância da qualidade da água.
Outra exigência da Portaria MS nº 2.914/2011 é a desinfecção ou cloração da água fornecida por SAA ou SAC e, quando utilizado o manancial superficial (rios, lagos, açudes, dentre outros) para captação da água, deve ser incorporado o processo de filtração para o tratamento da água.
A partir dos dados inseridos no Sisagua, observa-se que no estado do PI, em 2011, mais de 90% da população é abastecida por SAA e o restante utiliza soluções alternativas como forma de abastecimento, conforme apresentado na Figura 2.
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Figura 2: Percentual de cobertura de abastecimento de água, por forma de abastecimento, PI, 2011 (Sisagua, fevereiro/2012).
Embora o abastecimento de água no estado do PI seja prioritariamente realizado por SAA, não significa que essa população receba água tratada. No gráfico da figura 3, observa-se que o estado do PI apresenta percentual de população abastecida por SAA sem tratamento cinco vezes maior que o percentual da Região Nordeste. A taxa de morbidade de Hepatite A também foi superior ao da Região Nordeste e do país. Além do alto percentual de população abastecida por SAA sem tratamento, o que pode contribuir para a alta taxa de Hepatite A no estado é a baixa cobertura dos serviços de abastecimento de água por rede geral e esgotamento sanitário, como mostra os dados do censo IBGE 2010 de acordo com a figura 4.
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Figura 3: Comparação do percentual da população abastecida por SAA sem tratamento com Hepatite A no estado do PI, Região Nordeste e Brasil, 2011. (Fonte: Sisagua, atualizado em março de 2012; SIH-SUS/MS, atualizado em 17.04.2012).
Figura 4: Percentual de domicílios particulares permanentes com rede geral de abastecimento de água e esgotamento sanitário ou pluvial, relacionados à Hepatite A. (Fonte: IBGE, 2010; SIH-SUS/MS, atualizado em 17.04.2012).
Os mapas das Figuras 5 e 6, apresentam, respectivamente, a distribuição da taxa de morbidade de Hepatite A por 100 mil habitantes no estado do PI e a distribuição do percentual de população abastecida por SAA sem tratamento. A maior taxa encontra-se no município de Brasileira (37,66 por 100 mil hab.). O
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IDH municipal foi de 0,58, e a taxa de alfabetizados em maiores de 10 anos (66,4%), sendo que para o PI os valores foram de 0,65 e 78,9%, respectivamente. Em relação à renda, percentual de domicílios com
renda média mensal de até ¼ do salário mínimo, Brasileira apresentou 9,32%, e o estado do PI de 7,11% (IBGE, 2010). Não foi encontrada uma relação direta entre a morbidade de Hepatite A e a população abastecida por SAA sem tratamento. A Hepatite A tem maior prevalência em áreas com más condições sanitárias e higiênicas (MS, 2010) além de SAA sem tratamento, outros fatores podem expor a população à Hepatite A.
Figura 5: Mapa da distribuição da taxa de morbidade de Hepatite A por 100 mil habitantes no PI e as regionais de saúde (Fonte: SIH-SUS/MS, atualizado em 17.04.2012).
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Figura 6: Mapa da distribuição do percentual de população abastecida por SAA sem tratamento no estado do PI (Fonte: Sisagua, atualizado em março de 2012).
Os dados acima reforçam a importância de intensificar as parcerias intersetoriais nas ações de saúde e saneamento, para que sejam definidas estratégias de melhoria das condições sanitárias do abastecimento de água do estado do PI, com o auxilio de indicadores sanitários e epidemiológicos.
O monitoramento da qualidade da água é o instrumento utilizado para verificar se a água esta de acordo com o padrão de potabilidade estabelecido pela legislação. Basicamente, o monitoramento da qualidade da água visa avaliar a qualidade da água consumida pela população ao longo do tempo, bem como a eficiência do tratamento e a integridade do sistema de distribuição.
Para realizar o monitoramento da qualidade da água devem ser coletadas amostras para análises dos parâmetros definidos na Norma de Potabilidade de Água. Ressalta-se que o setor saúde e os responsáveis pelo fornecimento de água possuem planos de amostragem diferenciados, no que se refere à frequência e ao número de amostras.
O plano de amostragem para o monitoramento da qualidade da água, realizado pelo setor saúde, é definido com base na população do município e no parâmetro analisado, conforme estabelece a Diretriz Nacional do Plano de Amostragem da Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano.
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De acordo com as informações do Sisagua, no estado do PI, a quantidade de amostras realizadas pela vigilância, em 2010 e 2011, para os parâmetros Turbidez, Cloro Residual Livre (CRL) e Coliformes Totais (Figura 7), está abaixo do preconizado pela Diretriz Nacional, alcançando menos de 18% do total de amostras obrigatórias, em 2011.
Figura 7: Percentual de amostras realizadas pela vigilância, conforme estabelecido pela Diretriz Nacional, PI, 2010 – 2011 (Sisagua, julho/2012). A partir da análise da Figura 7, é possível observar uma redução dos percentuais de análises realizadas, referentes aos parâmetros Turbidez (de 16% para 15,2%), CRL (de 8,2% para 6,9%) e Coliformes Totais (de 24,4% para 21,3%), entre os anos de 2010 e 2011. Salienta-se a necessidade de ações visando uma maior atuação da vigilância no Estado, buscando garantir uma água de qualidade à população consumidora.
De acordo com a forma de abastecimento e corroborando com a Figura 7, a Tabela 2 apresenta os percentuais de amostras, dentre as realizadas em 2011, em conformidade com o padrão de potabilidade estabelecido.
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Tabela 2: Percentuais de amostras realizadas em 2011, por forma de abastecimento, em conformidade com o padrão de potabilidade, no estado do PI.
Parâmetros
Percentual de Amostras realizadas em Conformidade com o padrão de
potabilidade
SAA SAC SAI
Turbidez 95,95 87,68 87,98
Cloro Residual Livre 65,46 50,52 22,65
Coliformes totais 63,11 46,38 28,89 (Fonte: Sisagua, julho/2012)
Conforme apresentado na tabela 2, observa-se o elevado percentual de amostras realizadas em conformidade com o padrão de potabilidade (Portaria MS no 2.914/2011) para SAA, entretanto, para as soluções alternativas, coletivas e individuais, apenas o parâmetro Turbidez atingiu um percentual satisfatório, enquanto que para os parâmetros Cloro Residual Livre e Coliformes Totais, os percentuais atingidos estão bem aquém do ideal. Em relação ao monitoramento de cianobactérias, a Portaria MS no 2.914/2011 estabelece a obrigatoriedade, por parte dos prestadores de serviço, de realizar análises da presença destes micro-organismos, conforme frequência apresentada na Tabela 3.
Tabela 3: Frequência de monitoramento de cianobactérias no manancial de abastecimento de água.
Quando a densidade de cianobactérias (células/mL) for: Frequência
≤ 10.000 Mensal > 10.000 Semanal
(Fonte: Portaria MS no 2.914/2011)
O estado do PI, em desacordo com o estabelecido pela legislação, não realizou o monitoramento de cianobactérias em 2011, segundo dados do Sisagua.
Em relação ao monitoramento de agrotóxicos na água para consumo humano, exigência estabelecida no Brasil desde 1990, por meio da Portaria GM no 36, tornando obrigatório o monitoramento destas substâncias no país, tanto para os prestadores de serviço de abastecimento de água quanto para o Setor Saúde. Tal prerrogativa continuou a ser disposta nas Portarias subsequentes e na atual Portaria MS no 2.914/2011.
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O estado do PI, em desacordo com o estabelecido pela legislação, não realizou o monitoramento de cianobactérias em 2011, segundo dados do Sisagua.
A partir da análise deste relatório, demonstra-se a necessidade de fortalecimento da atuação do setor saúde, bem como dos responsáveis por sistema ou solução alternativa de abastecimento de água para consumo humano, visando à implementação das diretrizes preconizadas pela legislação vigente, tornando consequentemente a água fornecida à população do estado do PI mais segura e com qualidade suficiente para prevenção de agravos e manutenção da saúde humana.
Diante do exposto, salienta-se a importância de articulação do setor saúde nos fóruns intra e intersetoriais dos setores afetos à qualidade da água, públicos ou privados, que compõem o SUS, além dos demais integrantes da área do saneamento, meio ambiente e recursos hídricos, para que sejam definidas estratégias de melhoria das condições sanitárias referentes ao abastecimento de água no estado do PI, incluindo seus respectivos indicadores sanitários e epidemiológicos e também visando à implementação das ações do Programa Vigiagua para a promoção da saúde da população.
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Referências
1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Diretriz Nacional do Plano de
Amostragem da Vigilância da qualidade da água para consumo humano. Brasília: Ministério da Saúde/Secretaria de Vigilância em Saúde/Coordenação-Geral de Vigilância em Saúde Ambiental. Brasília, DF, 2006.
2. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria no 2.914, de 12 de dezembro de 2012. Dispõe sobre os procedimentos de controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. Secretaria de Vigilância em Saúde. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder
Executivo, Brasília, DF, 14 dez. 2011. Seção 1, p. 39‐46.
3. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Doenças infecciosas e parasitárias: guia de bolso. Brasília: Ministério da Saúde/Secretaria de Vigilância em Saúde/ Departamento de Vigilância Epidemiológica. Brasília, DF, 2010. 448 p.
4. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Banco de dados do Censo 2010. Disponível em <http://www.ibge.gov.br/estadosat/>. Acesso em: julho/2012.
5. Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua). Relatórios gerenciais - 2011. Disponível (mediante cadastro de usuário) em <www.saude.gov.br/sisagua>.