Avaliação das atividades antimicrobiana e antioxidante dos ... · até o último instante. 5 ... seguirei até o fim dos meus dias e primordiais em todas as ... principalmente nos

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  • 1

    UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEAR

    FACULDADE DE FARMCIA, ODONTOLOGIA E ENFERMAGEM - FFOE

    MESTRADO EM CINCIAS FARMACUTICAS

    Andra Bessa Teixeira

    Avaliao das atividades antimicrobiana e antioxidante dos leos essenciais das folhas dos quimiotipos I, II e III de

    Lippia alba (Mill.) N. E. Brown

    Fortaleza

    2009

  • 2

    ANDRA BESSA TEIXEIRA

    Avaliao das atividades antimicrobiana e antioxidante dos leos essenciais das folhas dos quimiotipos I, II e III de

    Lippia alba (Mill.) N. E. Brown

    Fortaleza 2009

    Dissertao apresentada Coordenao do

    Programa de Ps-Graduao em Cincias

    Farmacuticas da Universidade Federal do

    Cear para a obteno do Ttulo de Mestre em

    Cincias Farmacuticas.

    Orientadora: Profa. Dra. Ndia Accioly Pinto

    Nogueira

    Co-Orientadora: Profa. Dra. Luzia Kalyne

    Almeida Moreira Leal

  • 3

    ANDRA BESSA TEIXEIRA

    Avaliao das atividades antimicrobiana e antioxidante dos leos essenciais das folhas dos quimiotipos I, II e III de Lippia alba (Mill.) N. E. Brown

    Dissertao apresentada Coordenao do Programa de Ps-Graduao em Cincias

    Farmacuticas da Universidade Federal do Cear, para a obteno do Ttulo de Mestre em

    Cincias Farmacuticas.

    Aprovada em ____/____/____

    Banca Examinadora:

    ___________________________________________________________ Profa. Dra. Ndia Accioly Pinto Nogueira (orientadora)

    Departamento de Anlises Clnicas e Toxicolgicas (UFC)

    ___________________________________________________________ Prof. Dr. Thalles Barbosa Grangeiro

    Departamento de Biologia (UFC)

    ___________________________________________________________ Profa. Dra. Maria Goretti Rodrigues de Queiroz

    Departamento de Anlises Clnicas e Toxicolgicas (UFC)

  • 4

    DEDICATRIA

    A Deus, meus pais e irms at o ltimo instante.

  • 5

    AGRADECIMENTOS

    A Deus, minha fonte inesgotvel de f e fora maior, que proporcionou estes momentos de

    felicidade, amor e cincia a minha pequena sabedoria.

    Aos meus pais, Francisco Jos Tavares Teixeira e Maria Aparecida Bessa Teixeira, e irms,

    Luciana Bessa Teixeira e Janana Bessa Teixeira, pelo amor incondicional, que sempre me

    fortaleceu para realizao de todos os sonhos. Vocs so os maiores exemplos de conduta que

    seguirei at o fim dos meus dias e primordiais em todas as minhas vitrias e assim, em tudo

    que tenho e sou. Eu amo muito vocs.

    As Tias Joseni Bessa e Tereza Bessa, que com seu to imenso amor e dedicao me fazem

    sentir como uma filha. Obrigada por sempre torcerem pelo meu sucesso.

    minha orientadora Profa. Dra. Ndia Accioly Pinto Nogueira, pelo imprescindvel e valioso

    apoio, pelos ensinamentos, tanto profissionais como pessoais, pela confiana, dedicao e

    pacincia, principalmente nos momentos mais delicados da minha vida. Minha sincera

    gratido e profundo reconhecimento.

    Profa. Dra. Luzia Kalyne Almeida Moreira Leal, a quem coube a co-orientao desta

    dissertao, desejo manifestar os meus agradecimentos pela pronta disponibilidade, sempre

    que precisei de ajuda, e pelo encorajamento que naturalmente me foi transmitido.

    Dnya Bandeira Lima, minha excelente estagiria, pela ajuda, fora, incentivo e total

    dedicao. Trabalhamos, aprendemos, rimos, conversamos, choramos enfim, tantos

    momentos que serviram para o nosso crescimento. Continue sempre assim. Voc ser um

    exemplo de profissional.

    minha amiga Ceclia Cmara por todo apoio, carinho, ateno, ajuda, conselho e pela

    grande amizade que se conserva e fortalece a cada dia que passa. muito bom saber que

    existem pessoas como voc, que se preocupam com minha felicidade. Voc mesmo uma

    pessoa especial e que eu adoro muito!

  • 6

    minha amiga Maria Mirele, que apesar de um pouco distante, sei que posso contar sempre

    com voc e que o seu pensamento de energia me deu foras para mais essa conquista. Nas

    amizades verdadeiras o tempo nunca passa e as distncias nunca existem. Eu te agradeo de

    todo corao e tambm te adoro muito!

    s minhas amigas Suzana Bezerra e Maria Cristina que juntas trilhamos o mesmo caminho de

    luta e vitria. A companhia de vocs foi um diferencial que me motivou, principalmente nesta

    fase final. Obrigada pela pacincia, pelas horas agradveis de estudo e debate, pelos timos

    momentos de desabafo e lgico, pelos grandes eventos de descontrao. Continuaremos em

    frente.

    famlia de Souza Cavalcante a qual me deram a oportunidade de conhecer, fazer parte e

    proporcionar momentos felizes. Vocs me ajudaram muito. No deixaram de me apoiar, de

    torcer por mim e de me incentivar a seguir em frente com nimo, mesmo em momentos

    difceis. Guardarei para sempre vocs no meu corao.

    As minhas amigas do Clube da Luluzinha, Sarah Rachel, Danielle Oliveira e Lyanna

    Ferreira, pelas to boas risadas, brincadeiras, pelos planos e confidencias, pela partilha,

    crescimento enfim, pelos vrios momentos alegres. Adoro fazer parte deste Clube.

    A toda famlia do LabMicro (Lvia, Mirlayne, Elieyde, Cssia, Larissa, Eric, Felipe) que

    sempre esteve disposta a colaborar e pelos momentos de alegria e amizade. Sentirei saudades.

    Aos meus queridos funcionrios de trabalho em Canind, especialmente a Mayra Cavalcante,

    que tanto ajudou quando precisei me ausentar. Obrigada amiga, pela sua dedicao, fora,

    torcida e pela pacincia e disponibilidade em me auxiliar nos resultados.

    Aos parceiros de trabalho, Eduardo Ribeiro, Jean Guilherme, Mailson e Anderson Souza, pela

    fundamental colaborao e empenho na realizao da atividade antioxidante.

    A Profa. Dra. Maria Goretti de Vasconcelos Silva que gentilmente colaborou na realizao da

    cromatografia dos leos essenciais e na anlise dos resultados.

  • 7

    A secretria Raimundinha pelo valioso auxlio, pacincia e amizade.

    Aos meus amigos do mestrado pela agradvel parceria concedida durante este perodo.

    Aos membros da banca: Profa. Dra. Goretti Rodrigues e Prof. Dr. Thalles Barbosa por terem

    assumido a difcil tarefa de avaliar e contriburem na importante fase de concluso do meu

    trabalho.

    Enfim, a todos que contriburam de alguma forma para a execuo deste trabalho,

    impulsionando minha vida profissional para caminhos cada vez maiores, O MEU MUITO

    OBRIGADO!

  • 8

    Para realizar grandes conquistas, devemos

    no apenas agir, mas tambm sonhar; no

    apenas planejar, mas tambm acreditar. Nas

    grandes batalhas da vida, o primeiro passo

    para a vitria o desejo de vencer!

    Mahatma Gandhi

  • 9

    RESUMO

    AVALIAO DAS ATIVIDADES ANTIMICROBIANA E ANTIOXIDANTE DOS LEOS ESSENCIAIS DAS FOLHAS DOS QUIMIOTIPOS I, II E III DE Lippia alba (Mill.) N. E. Brown. Aluna: Andra Bessa Teixeira. Orientadora: Profa. Dra. Ndia Accioly Pinto Nogueira. Co-Orientadora: Luzia Kalyne Almeida Moreira Leal. Dissertao de Mestrado. Programa de Ps-Graduao Em Cincias Farmacuticas. Departamento de Anlises Clnicas e Toxicolgicas e Departamento de Farmcia. Universidade Federal do Cear. A espcie Lippia alba (erva-cidreira) muito usada na medicina popular. A composio de seu leo essencial apresenta variaes quantitativas e qualitativas, levando classificao de diferentes quimiotipos. Um rico potencial farmacolgico est relacionado ampla variao na composio qumica desses leos, o que desperta o interesse de pesquisadores em estabelecer explicaes cientficas para tais atividades. O objetivo do trabalho foi avaliar as atividades antimicrobiana e antioxidante dos leos essenciais dos quimiotipo I, II e III, de folhas, de L. alba, bem como investigar suas possveis relaes com a composio qumica de seus leos essenciais. A caracterizao qumica dos constituintes dos leos essenciais foi realizada utilizando a CG-MS, determinando-se a porcentagem dos constituintes presentes nas amostras. O potencial antimicrobiano dos leos foi determinado pelo mtodo de difuso em gar, e as CIM e CLM pelos mtodos da microdiluio em caldo de cultura e do plaqueamento em gar, respectivamente. A atividade antioxidante foi avaliada pela dosagem de TBARS e pela determinao da atividade de remoo de radicais livres pelo DPPH. Os leos essenciais das folhas de L. alba foram reconhecidos pela presena de seus constituintes majoritrios em quimiotipo I (citral-mirceno); quimiotipo II (citral-limoneno) e quimiotipo III (carvona-limoneno). Os trs leos essenciais apresentaram atividade sobre S. aureus, mesmo as multirresistentes, e C. albicans. Para as bactrias Gram-negativas, os trs quimiotipos apresentaram ao sobre o A. lwoffi; os quimiotipos II e III inibiram o crescimento do A. baumannii; e apenas o quimiotipo II foi que teve ao sobre E. coli ATCC 10536. As mais baixas CIM e CLM obtidas para os leos essenciais dos quimiotipos I, II e III, foram de 0,312 e 0,625mg/mL, 0,312 e 0,312mg/mL e 0,625 e 0,625mg/mL, respectivamente. A tcnica de difuso em gar serviu como uma etapa preliminar na determinao do potencial antimicrobiano e a determinao da CIM por diluio em caldo acompanhada de leitura das densidades ticas das culturas, mostrou valores de absorbncias semelhantes ao grupo controle positivo at uma determinada concentrao e ento aumentaram, indicando um maior crescimento microbiano. Os trs quimiotipos do OELA reduziram a peroxidao lipdica induzida no hipocampo e crebro de ratos, contudo no apresentaram atividade seqestradora de radicais livres mensuradas atravs do teste do DPPH. Assim, os resultados sugerem que os leos essenciais dos quimiotipo I, II e III de L. alba, possuem excelente atividade antimicrobiana, principalmente sobre S.aureus e C. albicans; que o mtodo de difuso um excelente mtodo de triagem; que o mtodo da diluio, por inspeo visual e leitura de absorbncia, permite determinar alem da CIM, a CLM e avaliar a cintica de inibio de crescimento microbiano; o potencial antioxidante mostrado pelo OELA no hipocampo e crtex de rato, torna esses produtos uma ferramenta farmacolgica em potencial no tratamento de doenas neurodegenerativas, contudo, para isso estudos adicionais so necessrios; e que as diferenas na composio do leo um fator que deve ser considerado importante nos estudos farmacolgicos. Palavras-chave: Lippia, leo essencial, atividade antimicrobiana, atividade antioxidante.

  • 10

    ABSTRACT

    EVALUATION OF ANTIOXIDANT AND ANTIMICROBIAL ACTIVITIES OF ESSENTIAL OILS OF LEAVES OF CHEMOTYPE I, II AND III OF Lippia alba (Mill.) N. E. Brown. Author: Andra Bessa Teixeira. Advisor: Prof. Dr. Ndia Accioly Pinto Nogueira. Co-Advisor: Luzia Kalyne Almeida Moreira Leal. Dissertation. Post-Graduate in Pharmaceutical Sciences. Department of Clinical and Toxicological Analysis and Department of Pharmacy. Federal University of Cear.

    The species Lippia alba (erva cidreira) is widely used in folk medicine. The composition of essential oil varies quantitative and qualitative, leading to the classification of different chemotypes. A rich pharmacological potential is related to the wide variation in chemical composition of these oils, which arouses the interest of researchers in establishing scientific explanations for such activities. The objective of this study was to evaluate the antimicrobial and antioxidant activities of essential oils of chemotype I, II and III, leaves of L. alba, and to investigate their possible relationships with the chemical composition of their essential oils. The chemical characterization of constituents of essential oils was performed using GC-MS by determining the percentage of constituents present in the samples. The antimicrobial activity of oils was determined by agar diffusion, and MIC and CLM methods by microdilution broth culture and plated on agar, respectively. The antioxidant activity was assessed by measurement of TBARS and by determining the activity of removal of free radicals by DPPH. Essential oils from leaves of L. alba were recognized by the presence of its major constituents in chemotype I (citral-myrcene), chemotype II (citral-limonene) and chemotype III (carvone-limonene). The three essential oils showed activity against S. aureus, even resistant, and C. albicans. For Gram-negative bacteria, the three chemotypes present action on the A. lwoffi; the chemotypes II and III inhibited the growth of A. baumannii, and only the chemotype II was that acted on E. coli ATCC 10536. The lowest MIC obtained for CLM and essential oils of chemotypes I, II and III were 0,312 and 0,625mg/mL, 0,312 and 0,312mg/mL and 0,625 and 0,625mg/mL, respectively. The diffusion technique in agar served as a preliminary step in determining the antimicrobial activity and MIC determination by broth dilution accompanied by reading of optical densities of cultures showed absorbance values similar to the positive control group by a certain concentration and then increased indicating a higher microbial growth. Three chemotypes of OELA reduced lipid peroxidation induced in the hippocampus and brain of rats, but showed no scavenging activity of free radicals measured by the DPPH test. Thus, the results suggest that essential oils of chemotype I, II and III of L. alba, have excellent antimicrobial activity, especially on S. aureus and C. albicans, whereas the diffusion method is an excellent screening method, the dilution method, by visual inspection and reading of absorbance, in addition to determine the MIC, the CLM and evaluate the kinetics of inhibition of microbial growth, the antioxidant potential shown OELA by the hippocampus and cortex of rats makes these products a potential pharmacological tool in the treatment of neurodegenerative diseases, however, for that additional studies are needed, and that differences in the composition of the oil is a factor to be considered important in studies pharmacological. Key-words: Lippia, essential oil, activity antimicrobial, antioxidant activity.

  • 11

    LISTA DE ABREVIATURAS

    ATCC American Type Culture Collection

    BHI Brain Heart Infusion

    CIM Concentrao Inibitria Mnima

    CLM Concentrao Letal Mnima

    CLSI Clinical and a Laboratory Standards Institute

    CG-MS Cromatografia gasosa com deteco por espectrometria de massas

    DPPH 2,2-diphenyl-1-picrylhydrazyl

    EPM Erro Padro Mdio

    HI Halo de inibio

    MDA Malonildialdedo

    OELA leo essencial de Lippia alba N.E.Brown

    TBARS Substncias reativas do cido tiobarbitrico

    ANOVA Anlise de Variao

  • 12

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 01: Fluxograma da tcnica de difuso em poo.

    55

    Figura 02: Fluxograma da tcnica de microdiluio em caldo para a determinao da

    CIM.

    61

    Figura 03: Fluxograma da tcnica de Pour-Plate para a determinao da CLM.

    63

    Figura 04: Fluxograma da dosagem das substncias reativas de cido tiobarbitrico.

    65

    Figura 05: Fluxograma da dosagem das substncias reativas de cido tiobarbitrico

    (continuao).

    66

    Figura 06: Fluxograma do ensaio do radical livre DPPH

    68

    Figura 07: Cromatograma do leo essencial das folhas de Lippia alba N. E. Br.,

    quimiotipo I, realizado atravs da cromatografia gasosa com deteco por

    espectrometria de massas (CG-MS) (ADAMS, 2001).

    73

    Figura 08: Cromatograma do leo essencial das folhas de Lippia alba N. E. Br.,

    quimiotipo II, realizado atravs da cromatografia gasosa com deteco por

    espectrometria de massas (CG-MS) (ADAMS, 2001).

    74

    Figura 09: Cromatograma do leo essencial das folhas de Lippia alba N. E. Br.,

    quimiotipo III, realizado atravs da cromatografia gasosa com deteco por

    espectrometria de massas (CG-MS) (ADAMS, 2001).

    75

    Figura 10: Dimetro dos halos de inibio de crescimento microbiano pelos leos

    essenciais das folhas de L. alba, quimiotipos I, II e III sobre S. aureus ATCC 6538P

    determinados pelo mtodo de difuso em gar.

    82

    Figura 11: Dimetro dos halos de inibio de crescimento microbiano pelos leos

    essenciais das folhas de L. alba, quimiotipos I, II e III sobre C. albicans ATCC

  • 13

    10231 determinados pelo mtodo de difuso em gar.

    82

    Figura 12: Dimetro dos halos de inibio de crescimento microbiano pelos leos

    essenciais das folhas de L. alba, quimiotipos I, II e III sobre E. coli ATCC 10536

    determinados pelo mtodo de difuso em gar.

    83

    Figura 13: Dimetro dos halos de inibio de crescimento microbiano pelos leos

    essenciais das folhas de L. alba, quimiotipos I, II e III sobre A. lwoffi determinados

    pelo mtodo de difuso em gar.

    85

    Figura 14: Dimetro dos halos de inibio de crescimento microbiano pelos leos

    essenciais das folhas de L. alba, quimiotipos I, II e III sobre A. baumannii

    determinados pelo mtodo de difuso em gar.

    85

    Figura 15: Dimetro dos halos de inibio de crescimento microbiano pelos leos

    essenciais das folhas de L. alba, quimiotipos I, II e III sobre S. aureus 1 determinados

    pelo mtodo de difuso em gar.

    86

    Figura 16: Dimetro dos halos de inibio de crescimento microbiano pelos leos

    essenciais das folhas de L. alba, quimiotipos I, II e III sobre S. aureus 2 determinados

    pelo mtodo de difuso em gar.

    86

    Figura 17: Cintica da inibio do crescimento microbiano do leo essencial das

    folhas de L. alba, quimiotipo I, sobre S. aureus ATCC 6538P.

    91

    Figura 18: Cintica da inibio do crescimento microbiano do leo essencial das

    folhas de L. alba, quimiotipo I, sobre C. albicans ATCC 10231.

    91

    Figura 19: Cintica da inibio do crescimento microbiano do leo essencial das

    folhas de L. alba, quimiotipo I, sobre de S. aureus 1.

    92

    Figura 20: Cintica da inibio do crescimento microbiano do leo essencial das

    folhas de L. alba, quimiotipo I, sobre S. aureus 2.

    92

  • 14

    Figura 21: Cintica da inibio do crescimento microbiano do leo essencial das

    folhas de L. alba, quimiotipo I, sobre A. lwoffi.

    93

    Figura 22: Cintica da inibio do crescimento microbiano do leo essencial das

    folhas de L. alba, quimiotipo II, sobre S. aureus.

    94

    Figura 23: Cintica da inibio do crescimento microbiano do leo essencial das

    folhas de L. alba, quimiotipo II, sobre C. albicans.

    94

    Figura 24: Cintica da inibio do crescimento microbiano do leo essencial das

    folhas de L. alba, quimiotipo II, sobre de E. coli.

    95

    Figura 25: Cintica da inibio do crescimento microbiano do leo essencial das

    folhas de L. alba, quimiotipo II, sobre de A. lwoffi.

    95

    Figura 26: Cintica da inibio do crescimento microbiano do leo essencial das

    folhas de L. alba, quimiotipo II, sobre A. baumannii.

    96

    Figura 27: Cintica da inibio do crescimento microbiano do leo essencial das

    folhas de L. alba, quimiotipo II, sobre S. aureus 1.

    96

    Figura 28: Cintica da inibio do crescimento microbiano do leo essencial das

    folhas de L. alba, quimiotipo II, sobre S. aureus 2.

    97

    Figura 29: Cintica da inibio do crescimento microbiano do leo essencial das

    folhas de L. alba, quimiotipo III, sobre S. aureus.

    98

    Figura 30: Cintica da inibio do crescimento microbiano do leo essencial das

    folhas de L. alba, quimiotipo III, sobre C. albicans.

    98

    Figura 31: Cintica da inibio do crescimento microbiano do leo essencial das

    folhas de L. alba, quimiotipo III, sobre S. aureus 1.

    99

  • 15

    Figura 32: Cintica da inibio do crescimento microbiano do leo essencial das

    folhas de L. alba, quimiotipo III, sobre S. aureus 2.

    99

    Figura 33: Cintica da inibio do crescimento microbiano do leo essencial das

    folhas de L. alba, quimiotipo III, sobre de A. lwoffi.

    100

    Figura 34: Cintica da inibio do crescimento microbiano do leo essencial das

    folhas de L. alba, quimiotipo III, sobre de A. baumannii.

    100

    Figura 35: Atividade antioxidante do leo essencial das folhas de Lippia alba,

    quimiotipo I, II e III determinado atravs da dosagem de substncias reativas do

    cido tiobarbitrico (TBARS) (AGAR et al., 1999).

    102

    Figura 36: Atividade antioxidante do leo essencial das folhas de Lippia alba,

    quimiotipo I, determinado pelo mtodo de DPPH (SAINT-CRICQ DE GAULEJAC

    et al., 1999).

    103

    Figura 37: Atividade antioxidante do leo essencial das folhas de Lippia alba,

    quimiotipo II, determinado pelo mtodo de DPPH (SAINT-CRICQ DE GAULEJAC

    et al., 1999).

    104

    Figura 38: Atividade antioxidante do leo essencial das folhas de Lippia alba,

    quimiotipo III, determinado pelo mtodo de DPPH (SAINT-CRICQ DE GAULEJAC

    et al., 1999).

    104

  • 16

    LISTA DE FOTOS

    Foto 01: Espcie Lippia alba N.E. Brown cultivada no Horto de Plantas Medicinais

    Prof. Francisco Jos de Abreu Matos da Universidade Federal do Cear: a: L. alba

    quimiotipo I; b: L. alba quimiotipo II e c: L. alba quimiotipo III

    49

    Foto 02: Semeadura das suspenses bacterianas na superfcie de gar Mueller-Hinton.

    56

    Foto 03: Confeces de poos de 5mm de dimetro interno no gar com auxlio de

    um perfurador.

    56

    Foto 04: Remoo do gar com auxlio de uma pina para a formao dos poos.

    57

    Foto 05: Aplicao de volumes de 25L dos leos essenciais de folhas de L. alba em

    diferentes concentraes.

    57

    Foto 06: Leitura das placas e interpretao dos resultados.

    58

    Foto 07: Ensaio de difuso em gar do leo essencial das folhas de L. alba, quimiotipo II,

    sobre a cepa de S. aureus.

    78

    Foto 08: Ensaio de difuso em gar do leo essencial das folhas de L. alba, quimiotipo II,

    sobre a cepa de P.aeruginosa.

    78

    Foto 09: Ensaio de microdiluio em caldo mostrando a CIM detectado a olho nu

    (ausncia de turvao visvel).

    88

  • 17

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 01: Perfil de resistncia aos antibiticos das cepas de origem hospitalar obtidas

    de diferentes stios anatmicos.

    52

    Tabela 02: Rendimento mdio dos leos essenciais das folhas de Lippia alba N.E.

    Brown, quimiotipos I, II e III, extrado pela tcnica de destilao com arraste de vapor

    dgua.

    71

    Tabela 03: Porcentagens dos componentes qumicos dos leos essenciais das folhas de

    Lippia alba N. E. Br., quimiotipos I, II e III realizado atravs da cromatografia gasosa

    com deteco por espectrometria de massas (CG-MS).

    76

    Tabela 04: Potencial antimicrobiano dos leos essenciais de folhas da Lippia alba N.E.

    Brow, quimiotipos I, II e III, sobre cepas microbianas originrias da ATCC,

    determinado pela tcnica de difuso em gar (CLSI 2003).

    79

    Tabela 05: Potencial antimicrobiano dos leos essenciais de folhas da Lippia alba

    N.E. Brow, quimiotipos I, II e III, sobre cepas microbianas multirresistentes de origem

    hospitalar, determinado pela tcnica de difuso em gar (CLSI 2003).

    80

    Tabela 06: Concentrao Inibitria Mnima (CIM) e Concentrao Letal Mnima

    (CLM) dos leos essenciais de folhas de Lippia alba N.E. Brown, quimiotipos I, II e III

    da sobre cepas microbianas originrias da ATCC e cepas microbianas multirresistentes

    de origem hospitalar, determinado pela tcnica da microdiluio em caldo de cultura

    (CLSI, 2003) e de plaqueamento em meio slido (BARON et al., 1994).

    89

    Tabela 07: Atividade antioxidante pelo mtodo de DPPH expresso em percentagem de

    inibio dos leos essenciais das folhas de L. alba, quimiotipo I, II e III.

    105

  • 18

    SUMRIO

    1 INTRODUO 1.1 Consideraes Gerais 22 1.2 leos essenciais 24 1.3 Antimicrobianos e resistncia bacteriana 26 1.4 Antimicrobianos de origem vegetal 29 1.5 Espcies Reativas de Oxignio e Estresse Oxidativo 32 1.6 Estresse Oxidativo e Doenas Neurodegenerativas 34 1.7 A Famlia Verbanaceae e o gnero Lippia 36 1.8 A espcie Lippia alba (Mill) N. E. Brown e seus quimiotipos 38

    1.9 Aplicaes e propriedades biolgicas da Lippia alba 41

    1.10 Plantas medicinais: a importncia e necessidade de estudos

    multidisciplinares

    44

    2 OBJETIVOS

    2.1 Objetivo Geral 47

    2.2 Objetivos Especficos 47

    3 MATERIAIS E MTODOS

    3.1 Material botnico 49

    3.2 leo essencial 50

    3.2.1 Extrao do leo essencial de folhas de L. alba 50

    3.2.2. Anlise do leo essencial 50

    3.2.3 Preparao das diluies seriadas dos leos essenciais de folhas de L. alba 50

    3.3 Cepas Microbianas 51

    3.3.1 Cepas microbianas ATCC 51

    3.3.2 Cepas microbianas multirresistentes isoladas de espcimes clnicos 51

    3.3.3 Manuteno das cepas microbianas 51

    3.4 Determinao do Potencial Antimicrobiano dos leos Essenciais de Folhas

    da L. alba

    53

    3.4.1 Determinao da atividade antimicrobiana 53

    3.4.2 Determinao da concentrao inibitria mnima CIM 59

    3.4.2.1 Confirmao do tamanho do inoculo microbiano. 62

    3.4.3 Determinao da concentrao letal mnima CLM 62

  • 19

    3.5 Avaliao da atividade antioxidante, in vitro, dos leos essenciais de folhas

    da L. alba

    64

    3.5.1 Avaliao do efeito dos leos essncias das folhas de L. alba, quimiotipos

    I, II e III, sobre a peroxidao lipdica induzida pelo choque trmico em

    crebro de ratos: dosagem de substncias reativas do cido tiobarbitrico

    64

    3.5.2 Ensaio do radical livre DPPH 67

    3.6 Anlise Estatstica 69

    3.7 Comit de tica 69

    4 RESULTADOS

    4.1 Avaliao do rendimento mdio e caracterizao qumica dos constituintes

    dos leos essenciais das folhas de Lippia alba N.E.Brown, quimiotipos I, II e III.

    71

    4.1.1 Rendimento mdio dos leos essenciais das folhas de Lippia alba,

    quimitipos I, II e III.

    71

    4.1.2 Composio qumica dos constituintes dos leos essenciais das folhas de

    Lippia alba, quimitipos I, II e III.

    72

    4.2 Avaliao do potencial antimicrobiano, determinao da Concentrao

    Inibitria Mnima (CIM) e da Concentrao Letal Mnima (CLM) dos leos

    essenciais das folhas de Lippia alba, quimiotipos I, II e III.

    77

    4.2.1 Potencial antimicrobiano dos leos essenciais das folhas de Lippia alba,

    quimitipos I, II e III determinado pelo mtodo de difuso em gar (CLSI,

    2003).

    77

    4.2.2 Concentrao Inibitria Mnima (CIM) e Concentrao Letal Mnima

    (CLM) dos leos essenciais das folhas de Lippia alba, quimiotipos I, II e III

    determinadas pelos mtodos de microdiluio em caldo de cultura (CLSI,

    2003) e plaqueamento em meio slido (BARON et al., 1994).

    87

    4.3 Avaliao da atividade antioxidante dos leos essenciais das folhas de

    Lippia alba, quimiotipos I, II e III.

    101

    4.3.1 Atividade antioxidante dos leos essenciais das folhas de Lippia alba,

    quimiotipos I, II e III determinado atravs da dosagem de substncias reativas

    do cido tiobarbitrico (TBARS) (AGAR et al., 1999).

    101

    4.3.2 Atividade antioxidante dos leos essenciais das folhas de Lippia alba,

    quimiotipos I, II e III determinado pelo mtodo de DPPH (SAINT-CRICQ DE

    GAULEJAC et al., 1999).

    103

  • 20

    5 DISCUSSO

    5.1 Avaliao do rendimento mdio e caracterizao qumica dos constituintes

    dos leos essenciais das folhas de Lippia alba N.E.Brown, quimiotipos I, II e III.

    107

    5.2 Avaliao do potencial antimicrobiano, determinao da Concentrao

    Inibitria Mnima (CIM) e da Concentrao Letal Mnima (CLM) dos leos

    essenciais das folhas de Lippia alba, quimiotipos I, II e III.

    110

    5.3 Avaliao da atividade antioxidante dos leos essenciais das folhas de

    Lippia alba, quimiotipos I, II e III.

    121

    6 CONCLUSO 124

    7 REFERNCIAS 127

  • 21

    INTRODUO

  • 22

    1 INTRODUO

    1.1 Consideraes Gerais

    A busca de novos medicamentos em plantas hoje a

    esperana mais concreta para pacientes que possuem doenas graves.

    A alternativa mais rpida e barata so as plantas que produzem

    substncias qumicas que podem ser usadas como medicamentos.

    Partindo de vegetais, as chances de acertos so de uma para cinco

    mil tentativas (FERESIN et al, 2001).

    A utilizao da fitoterapia no nova, se tem demonstrado factos que indicam

    que desde o ano de 2100 A.C. a civilizao mesopotmica utilizava as plantas medicinais.

    Hoje em dia, no existe dvida sobre a importncia das plantas e apesar do desenvolvimento

    alcanado pela sntese qumica, estas constituem um arsenal de substncias biologicamente

    ativas. As plantas medicinais tm um papel importante no cuidado da sade das pessoas no

    mundo. A sociedade humana, em todas as pocas, tem acumulado um vasto arsenal e

    conhecimento tradicional sobre o uso das plantas para fins medicinais.

    O homem moderno pode ser compreendido e diferenciado das demais pocas por

    seu elevado consumo de medicamentos e conseqentemente, a procura do mercado mundial

    por produtos de origem natural, em substituio aos sintticos, aumenta consideravelmente.

    O uso de produtos naturais como matria-prima para a sntese de substncias

    bioativas, especialmente frmacos, tem sido amplamente relatada ao longo dos tempos

    (SIMES, 2004). Essa importncia dos produtos naturais nas formulaes de medicamentos

    pode ser vista quando se considera que, mesmo nos pases industrializados, 45% dos produtos

    farmacuticos provm de produtos naturais e essa proporo ainda maior nos pases

    subdesenvolvidos (HOLTEZ et al, 2002).

    Nos ltimos anos, inmeras pesquisas cientficas vm sendo desenvolvidas nos

    laboratrios de universidades e indstrias, em busca de explicaes para usos populares de

    plantas, assim como na esperana de encontrar novos compostos com potenciais biolgicos

    que possam ser utilizados na produo de novos medicamentos (BOTELHO et al, 2007;

    BARBOSA-FILHO et al, 2006; CAVALCANTI, 2006; ANDREGHTTI-FROHNER et al,

    2005; DUARTE, et al, 2005; PEREIRA, et al, 2004). A indstria farmacutica tem buscado

  • 23

    incessantemente a descoberta de novas formulaes base de extratos, leos ou mesmo

    produtos sintticos.

    O Brasil um pas com grande diversidade em sua flora, por isso constitui um

    grande campo de estudo e pesquisa, facilitando assim a descoberta de princpios ativos

    vegetais. Muitas espcies de vegetais so extensamente utilizadas na medicina popular, com

    diferentes finalidades teraputicas, levando-as a serem alvos constantes e crescentes de

    inmeros estudos, para o conhecimento de suas propriedades qumicas e farmacolgicas, bem

    como para a comprovao de sua segurana e do seu uso popular (BARBOSA-FILHO et al,

    2006; ROCHA et al, 2005).

    Segundo a Organizao Mundial de Sade, 80% da humanidade no tm acesso

    ao atendimento primrio de sade, por estarem muitos distantes dos centros de sade ou por

    no possurem recursos para adquirir os medicamentos prescritos. Para essa populao, as

    terapias alternativas so as principais formas de tratamento, e as plantas medicinais os

    principais medicamentos (AKERELE, 1993).

    Em muitas comunidades e grupos tnicos, o conhecimento sobre plantas

    medicinais simboliza geralmente o nico recurso teraputico. Nos dias atuais, nas regies

    mais pobres do Pas e at mesmo nas grandes cidades brasileiras, plantas medicinais so

    comercializadas em feiras livres, mercados populares e encontradas em quintais residenciais.

    MARTINS et al (1995) relatam um aumento acentuado do uso de plantas

    medicinais pela populao mundial e a tendncia de contnuo crescimento. Segundo estudos

    de SOUSA et al (1991) e MATOS (1998) o principal uso de plantas medicinais no

    tratamento das doenas respiratrias, seguido das inflamaes em geral e das diversas formas

    de doenas intestinais. Quanto a efetividades teraputicas dessas plantas documentadas por

    esses autores, muitas j possuem informaes farmacolgicas que podem justificar o seu uso

    popular. Assim, esse tipo de cultura medicinal desperta o interesse de pesquisadores em

    estudos para terapia natural envolvendo componentes de plantas na rea farmacutica e as

    pesquisas com esses produtos naturais assumem papel importante para a sade humana.

    No entanto, embora a Organizao Mundial de Sade reconhea que as plantas

    medicinais deveriam ser as melhores fontes para a obteno de uma variedade de drogas, para

    a utilizao de uma planta com finalidade teraputica, em nvel de sade pblica,

    fundamental o estabelecimento da segurana, eficcia e garantia de qualidade das preparaes

    (RATES, 2001).

  • 24

    1.2 leos essenciais

    Desde muitos sculos atrs, os leos essenciais so relatados e explorados.

    Embora ainda hoje no se tenha documentado completamente o incio exato, sabe-se que as

    referncias histricas de obteno e utilizao desses leos esto ligadas, originalmente, aos

    pases orientais, com destaque para o Egito, Japo, China e ndia. Acredita-se que os

    primeiros usos dos leos essenciais tenham sido atravs de blsamos, ervas aromticas e

    resinas que eram usadas para embalsamar cadveres em cerimnias religiosas a milhares de

    anos atrs (SILVA-SANTOS, 2002; LAVABRE, 1992; BRAGA, 1971).

    Aqui no Brasil, sua produo teve incio em 1927, tendo como base o puro e

    simples extrativismo de essncias nativas, como o pau-rosa (Aniba rosaeodora). Sua

    explorao foi tamanha que atualmente o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos

    Recursos Naturais Renovveis (IBAMA) colocou essa planta na lista de espcies em perigo

    de extino. No entanto, como atividade verdadeiramente organizada, a produo de leos

    essenciais no Brasil s foi consolidada basicamente na sua venda voltada ao mercado externo,

    com a obteno dos leos de menta, laranja, canela, eucalipto, capim-limo e outros. Isto

    ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial, devido grande demanda imposta pelas

    indstrias do ocidente, que se viram privadas de suas tradicionais fontes de suprimento, em

    virtude da desorganizao do transporte e do comrcio (BRAGA, 1971).

    O mercado internacional de leos essenciais corresponde atualmente a US$ 1,8

    bilhes, sendo que a participao do Brasil neste momento estimada em apenas 1%,

    principalmente em resposta exportao de leos de laranja, limo, eucalipto, pau-rosa, lima

    e alecrim-pimenta. As comunidades cientficas esto cada vez mais organizadas e diversos

    novos leos podem vir a contribuir para o quadro de exportao (SILVA-SANTOS, 2002).

    As denominaes leos essenciais ou leos etreos derivam de algumas de suas

    caractersticas fsico-qumicas, como por exemplo, a de serem geralmente lquidos de

    aparncia oleosa temperatura ambiente, advindo da, a designao de leo; por serem

    solveis em solventes orgnicos apolares, como ter, sendo por isso, chamado de leos

    etreos (SIMES, 2004). No entanto, a principal caracterstica a sua natureza voltil, por

    evaporarem rapidamente quando expostos ao ar temperatura ambiente e diferenciando,

    assim, dos leos graxos ou fixos, que so misturas de substncias lipdicas (LAVABRE,

    1992). Outra importante caracterstica o aroma agradvel e intenso da maioria dos leos

    volteis, por isso, so chamados, tambm, de essncias (SIMES, 2004).

  • 25

    Os leos essenciais apresentam composies complexas, algumas vezes, de

    centenas de diferentes compostos qumicos, com ao sinrgica ou complementar entre si. De

    forma geral, so misturas complexas contidas em diversos rgos vegetais e constitudas

    principalmente de terpenos, sesquiterpenos, steres, alcoois, fenis, aldedos, xidos,

    perxidos, cetonas e cidos orgnicos. Em sua composio tambm so encontrados

    antibiticos, vitaminas, hormnios e anti-spticos (SIANI et al, 2000). Nessa mistura, tais

    compostos apresentam-se em diferentes concentraes, normalmente, um deles o composto

    majoritrio, existindo outros em menores teores e alguns em baixssimas quantidades (traos).

    Os estudos relatam que a constituio qumica do leo essencial nem sempre

    constante, podendo variar significativamente, de acordo com o processamento de colheita e

    ps-colheita (parte da planta coletada, hora da coleta, poca do ano), do material gentico da

    planta (variedade do vegetal), bem como das condies de cultura e desenvolvimento do

    vegetal (tipo de solo e clima) (SIMES, 2004; LAVABRE, 1992), tendo como conseqncia,

    influencia diretamente no potencial farmacolgico dessas plantas (MATOS, 2001).

    A ampla variao qumica do leo essencial permite a separao das espcies em

    quimiotipos (QT) ou raas qumicas. A ocorrncia de quimiotipos freqente em plantas ricas

    em leos volteis e um termo aplicado a plantas da mesma espcie, com a mesma aparncia

    externa (botanicamente idnticas), mas que diferem, s vezes consideravelmente, na

    composio qumica dos leos essenciais (SIMES, 2004; CASTRO, 2001). Por exemplo,

    para Chrysanthemum vulgare (L.) Berhn, popularmente conhecida como catinga-de-mulata,

    apenas na Hungria, foram caracterizados 26 quimiotipos, com diferenas significativas na

    composio de seus leos (TEUSCHER, 1990).

    Atualmente grande o nmero de plantas conhecidas para a produo de leos

    essenciais, representando, assim, uma importncia econmica crescente. Os diversos efeitos

    de compostos extrados de leos essenciais de plantas levam sua aplicao em vrias reas

    comerciais. Tradicionalmente so empregados como matrias-primas nas indstrias

    farmacuticas, de alimentos, de cosmticos, perfumes e de higiene pessoal, bem como na

    aromatizao de alimentos e bebidas (SILVA-SANTOS, 2002). Embora a utilizao maior

    ocorra nas reas de alimentos (condimentos e aromatizantes de alimentos e bebidas) e

    cosmticos (perfumes e produtos de higiene), tambm em farmcias as drogas vegetais ricas

    em leos volteis so empregadas in natura para a preparao de infuses e/ou sob a forma de

    preparaes galnicas simples (SIMES, 2004).

  • 26

    Muitos estudos tm comprovado as propriedades farmacolgicas de compostos

    extrados de leos essenciais de plantas. Pode ser citada como propriedades farmacolgicas

    relativamente bem estabelecidas a ao carminativa do leo de funcho, erva-doce, camomila,

    menta; a ao sobre o Sistema Nervoso Central, como estimulante (leos volteis contendo

    cnfora), depressor (melissa, capim-limo) ou mesmo provocando convulses em doses

    elevadas (slvia, canela); a ao anestsica local do leo do cravo-da-ndia pelo seu alto teor

    em eugenol e a ao antiinflamatria do leo de camomila, que contm azulenos (SIMES,

    2004).

    1.3 Antimicrobianos e resistncia bacteriana

    As primeiras descries sobre o uso de antimicrobianos datam de 3.000 anos

    atrs, quando mdicos chineses usavam bolores para tratar edemas inflamatrios e feridas

    infeccionadas, e os sumrios recomendavam um emplasto com uma mistura de vinho, cerveja,

    zimbro e ameixas (TAVARES, 2001).

    No incio do sculo XX, surgiram os primeiro quimioterpicos de ao sistmica.

    Os esforos do cientista alemo Paulo Ehrlich, considerado pai da quimioterapia, que

    descobriu o salvarsan (sal do arsnico) usado no tratamento da sfilis e da febre recorrente,

    revolucionaram a teraputica das infeces e provocaram o desenvolvimento da pesquisa,

    objetivando a obteno de novas substncias medicamentosa sintetizadas em laboratrios

    (TORTORA, 2003).

    Outro marco importante na histria dos antimicrobianos foi a descoberta por

    Alexander Fleming em 1928 da penicilina, o primeiro antibitico de utilidade clnica. Fleming

    estudando culturas de Staphylococcus aureus observou que uma das culturas tinha sido

    contaminada por bolores e em volta dessas colnias no havia mais crescimento bacteriano.

    Ento Fleming e seu colega, Dr. Pryce, descobriram que a substncia responsvel pela

    inibio do crescimento do S.aureus era produzida pelo fungo Penicillium nonatum, a qual foi

    denominada de penicilina (KONEMAN et al, 2001).

    Vrias substncias de origem vegetal, animal e mineral foram utilizadas na

    Antiguidade e na Idade Mdia para o tratamento das conhecidas pestes, que eram diversas

    epidemias de origem microbiana. Esses produtos, usados de forma emprica, sabe-se hoje que

    apresentam propriedades teraputicas antiinfecciosas devido a determinadas substncias

    presentes em sua composio (TAVARES, 2001).

  • 27

    O advento dos antibiticos e dos quimioterpicos permitiu o controle e cura das

    doenas infecciosas, mudando a evoluo natural dessas doenas de forma marcante. No

    entanto, o uso indiscriminado de antimicrobianos, provocou a partir da dcada de 70, um

    processo de acelerao do aparecimento de cepas bacterianas resistentes aos antimicrobianos,

    principalmente nos ambientes hospitalares (LINARES-RODRIGUES et al, 2005;

    WAGENLEHNER et al, 2005).

    O termo resistncia se refere aqueles microrganismos que tem a capacidade de

    crescer in vitro em presena das concentraes que esta droga atinge no sangue. A resistncia

    pode ser de dois tipos: natural ou intrnseca e adquirida (TORTORA, 2003; KONEMAN et al,

    2001; TAVARES, 2001;).

    A resistncia natural ou intrnseca faz parte das caractersticas biolgicas

    primitivas dos microrganismos e observada regularmente em uma determinada espcie

    bacteriana em relao a diferentes antimicrobianos. Resulta de genes cromossmicos que

    codificam a existncia, na clula, de estruturas ou mecanismos que impedem o antibitico de

    agir em seu receptor ou que codificam a falta do sitio de ao da droga ou que determinam a

    existncia de receptores inadequados para a ligao com uma substancia especifica

    (TORTORA, 2003; KONEMAN et al, 2001; TAVARES, 2001).

    A resistncia adquirida a uma determinado antimicrobiano aquela que surge

    em uma bactria primitivamente sensvel a este mesmo antimicrobiano. Essa resistncia

    acontece devido a mutaes que ocorrem no microrganismo durante seu processo reprodutivo

    e resulta de erros de cpia na seqncia de bases que formam o DNA ou por meio de

    transferncias do material gentico, em que consiste na importao de genes causadores da

    resistncia, pelos mecanismos de transduo, transformao e conjugao, que,

    freqentemente, envolve genes situados em plasmdios e transposons (TORTORA, 2003;

    KONEMAN et al, 2001; TAVARES, 2001).

    Os diferentes mecanismos de resistncia podem tornar a cepa microbiana capaz de

    resistir parcial ou totalmente ao, no apenas de um antibitico, mas de vrios,

    pertencentes a uma mesma classe e s vezes a classes diferentes (OTAIZA, 2002).

    A resistncia das diversas espcies de microrganismos aos antimicrobianos

    extremamente varivel entre os pases, regies e origem hospitalar ou comunitria das

    estirpes. Algumas espcies apresentam resistncia amplamente difundida em todo o mundo,

    como o caso do Staphylococcus aureus (CARSON et al, 1995).

  • 28

    Os estafilococos vm mostrando crescente resistncia a beta-lactmicos beta-

    lactamase-resistentes, como o caso dos S. aureus resistente a meticilina - MRSA (Methicilin

    Resistant Staphylococcus aureus) ou a oxacilina (Oxacilin Resistant Staphylococcus aureus)

    ORSA, principalmente em hospitais de grande porte, com servios de emergncia abertos ao

    pblico e centros de referencias para pacientes infectados. reconhecido como um dos mais

    importantes patgenos causadores de infeces nosocomiais em todo o mundo e o surgimento

    e disseminao de cepas cada vez mais virulentas e multirresistentes um fator preocupante

    (TAVARES, 2001).

    Um exemplo, dessa preocupao, que em 2002 j foram confirmados nos

    Estados Unidos da Amrica (EUA) tanto em laboratrio como em clnica, linhagens mutantes

    com sensibilidade reduzida vancomicina (FRIDKIN, 2002), como tambm, nesse mesmo

    ano, descreve o primeiro caso documentado de infeco causada por S. aureus com resistncia

    completa a vancomicina (VRSA) (Vancomicina MIC > 32mcg/mL) (SIEVERT et al, 2002).

    Alm do S. aureus, dentre os microrganismos que sofrem grandes modificaes

    na sensibilidade aos antimicrobianos com o correr dos anos, destacam-se as enterobactrias,

    como a Escherichia coli e Klebsiella pneumoniae, a Pseudomona aeruginosa, o Acinetobacter

    baumannii, os fungos e as leveduras do gnero Candida, especialmente a Candida albicans

    (KONEMAN et al, 2001, TAVARES, 2001 CHARTONE-SOUZA et al, 1998). Esses

    patgenos representam cada vez mais um desafio emergente ao tratamento das infeces

    causadas por eles.

    Em um estudo feito por MENEZES e colaboradores em 2004, determinando o

    perfil de resistncia de A.baumannii a antimicrobianos nas unidades de terapia intensiva e

    semi-intensiva do Hospital Geral de Fortaleza, verificaram que 62 (14%) das 437 amostras

    analisadas foram positivas para essa bactria, sendo o maior nmero de isolados do aspirado

    traqueal e sangue. Quanto ao perfil de resistncia observaram que as cepas isoladas de

    cateteres foram resistentes a quase todos os antimicrobianos, com exceo das quinolonas e

    imipenen (MENEZES et al, 2004).

    Atualmente, o problema de resistncia tornou-se mais grave devido s

    dificuldades para a descoberta e o lanamento de novos antimicrobianos no mercado, pois so

    necessrios muitos anos e um custo altssimo para que um antimicrobiano esteja disposio

    no mercado, o que leva a esses produtos estarem cada vez mais escassos e mais caros.

    BAQUERO e BLZQUEZ (1997) relatam o perigo do retorno a uma era pr-

    antibitico, particularmente considerando que nenhuma nova classe de antibitico foi

  • 29

    descoberta nos ltimos anos, apesar das intensas pesquisas das indstrias farmacuticas e

    CHARTONE-SOUZA (1998) confirma que uma das alternativas usadas pelas indstrias

    farmacuticas tem sido a modificao qumica da estrutura dos antimicrobianos j existentes,

    na tentativa de torn-los mais eficientes ou de recuperar a atividade prejudicada pelos

    mecanismos bacterianos de resistncia.

    Dessa forma, esses dados antecipam os gravssimos problemas que podero trazer

    essas cepas microbianas resistentes, caso no surjam novos antimicrobianos ou terapias

    alternativas para combat-las.

    1.4 Antimicrobianos de origem vegetal

    O problema da resistncia microbiana crescente e a

    perspectiva futura do uso de drogas antimicrobianas, incerta.

    (NASCIMENTO et al, 2000).

    Como descrito anteriormente, um dos maiores problemas de sade pblica

    enfrentados nas ltimas dcadas consiste no agravamento da resistncia a antimicrobianos em

    populaes bacterianas e fngicas, principalmente em cepas de origem hospitalar e que o

    Brasil um rico ambiente para estudos com produtos naturais, os quais constituem uma

    importante fonte de novos compostos para serem utilizados na teraputica. Nestes dois

    aspectos, a busca por novas substncias antimicrobianas a partir de fontes naturais vem

    ganhando importncia e est cada vez mais intensificada.

    Acredita-se que as plantas medicinais sejam as melhores fontes de obteno

    dessas novas drogas e muitos estudos tm sido conduzidos, em diferentes partes do mundo

    para comprovar sua eficincia. Muitas plantas so usadas por sua atividade antimicrobiana, a

    qual se deve a compostos sintetizados em seu metabolismo secundrio (NASCIMENTO et al,

    2000).

    A atividade antimicrobiana de plantas medicinais tem sido pesquisada em diversas

    espcies e relatada em muitos pases como no Cuba, ndia, Mxico e Malsia que possuem

    uma flora diversificada e uma rica tradio na sua utilizao (DUARTE et al, 2005, STASI et

    al, 2002, NASCIMENTO et al, 2000).

    No Brasil, essa realidade no diferente. especialmente um pas com uma rica

    biodiversidade e conhecimentos tradicionais abundantes, com cultura comum do uso de

  • 30

    plantas medicinais, o que resulta no interesse da realizao de importantes pesquisas sobre

    atividade antimicrobiana de vegetais e o uso de componentes de plantas nessa rea tem

    aumentado gradualmente.

    O uso de extratos vegetais e fitoqumicos com conhecida atividade antimicrobiana

    assume importante significado nos tratamentos teraputicos. Muitas espcies vegetais so

    reconhecidas por suas substncias ativas que apresentam atividade antimicrobiana contra um

    grande nmero de microrganismos, incluindo espcies resistentes a antibiticos e antifngicos

    (NASCIMENTO et al, 2000).

    Em estudo realizado por SOUZA et al em 2004, foi avaliada a atividade biolgica

    de 49 plantas em farmcias comunitrias caseiras no Rio Grande do Sul. De dezoito espcies

    analisadas quanto a sua atividade antimicrobiana, onze (Chaptalia mutans, Cordia

    monosperma, Echinodorus grandiflorus, Eugenia uniflora, Leonurus sibiricus, Luehea

    divaricata, Malva sylvestris, Ocotea odorifera, Parapiptadenia rigida, Pluchea sagittalis,

    Psidium cattleyanum e Senna neglecta) inibiram no mnimo um dos microrganismos testados.

    Em outra pesquisa, foi analisada a atividade antimicrobiana do extrato de 120

    espcies de plantas de 28 diferentes famlias botnicas. Oitenta e um desses extratos, obtidos

    de 58 plantas, mostraram-se ativos contra S. aureus, enquanto cinco extratos, de quatro

    plantas, inibiram o crescimento de Pseudomonas aeruginosa (SANTOS-FILHO et al, 1990).

    BASTOS em 2007, estudando o uso de preparaes caseiras de plantas medicinais

    utilizadas no tratamento de doenas infecciosas, verificou que das quarenta e cinco amostras

    analisadas, 25 (55,6%) apresentaram atividade inibitria sobre o crescimento de pelo menos

    um dos microrganismos testados. Duas dessas amostras (rom e cebolinha + pepaconha +

    cumaru + beterraba + alho + mel de abelha) foram capazes de inibir todas as cepas testadas;

    as amostras de alfavaca + eucalipto e cebolinha branca + eucalipto + aroeira + pepaconha

    foram ativas contra Pseudomonas aeruginosa, microrganismo bastante conhecido por sua

    mltipla resistncia a drogas.

    De um modo geral, um dos produtos vegetais que mais se destaca e que se

    apresenta como potencial fonte de compostos antimicrobianos so os leos essenciais. J se

    tem estabelecido cientificamente que 60% dos leos essenciais possuem propriedades

    antifngicas e 35% exibem propriedades antibacterianas (DAFERERA et al, 2003). Neste

    contexto, vrios estudos vm sendo conduzidos para avaliar e comprovar cientificamente o

    uso emprico para tal atividade, bem como para o desenvolvimento de novos frmacos.

  • 31

    Em 2004, FARAGO e colaboradores analisaram a atividade antibacteriana de

    leos essenciais de Ocimum selloi Benth, conhecida popularmente como alfavaca,

    pertencentes s variedades estragol e eugenol. Os resultados in vitro demonstraram que tanto

    a variedade estragol como a eugenol inibiram o crescimento das cepas de S.aureus ATCC

    25923 e de E.coli ATCC 25922, mas que nenhuma teve ao contra P.aeruginosa ATCC

    27853.

    PEREIRA e colaboradores (2004) analisaram a atividade antibacteriana de leos

    essenciais de Ocimum gratissimum L., Cybopogum citratus (DC) Stapf. e Salvia officinalis L.

    sobre 100 cepas de bactrias isoladas de indivduos da comunidade com diagnstico de

    infeco urinria. Os resultados mostraram ser a ao inibitria do leo essencial de Salvia

    officinalis L., superior as apresentadas pelos leos essenciais extrados das outras ervas, tendo

    eficcia de 100% sobre espcies dos gneros Klebsiella e Enterobacter, 96% sobre

    Escherichia coli, 83% sobre Proteus mirabilis e 75% sobre Morganella morganii. Foi

    verificado que os leos essenciais das outras duas espcies, embora menos potentes que o leo

    essencial de Salvia officinalis L., foram capazes de inibir o crescimento de 16% das cepas

    estudadas.

    LIMA et al, 2006, avaliaram a atividade antifngica de leos essenciais sobre

    espcies de Candida (C. albicans, C. guilliermondii, C. krusei, C. parapsilosis, C. stellatoidea

    e C. tropicalis) e observaram que todos os leos essenciais extrados de Cinnamomum

    zeylanicum Blume, Citrus limon Risso, Eucalyptus citriodora HK, Eugenia uniflora L.,

    Peumus boldus Benth e Rosmarinus officinallis L. foram capazes de inibir o crescimento de

    pelo menos uma das cepas fngicas testadas e que os leos essenciais de C. zeylanicum e P.

    boldus inibiram o crescimento da maioria das cepas.

    Muitos leos essenciais extrados apresentam atividade antimicrobiana contra um

    grande nmero de bactrias, incluindo espcies resistentes a antibiticos e antifngicos,

    podendo inibir tanto bactrias Gram-positivas quanto bactrias Gram-negativas e ainda

    leveduras e fungos filamentosos (CARSON et al, 1995). Segundo DAFERERA et al (2003) o

    uso de leos essenciais, como agentes antimicrobianos, oferece um baixo risco de

    desenvolvimento de resistncia microbiana, pois sendo misturas de diferentes compostos, sua

    atividade microbiana pode estar relacionada a diferentes mecanismos de ao, o que dificulta

    a adaptao dos microrganismos.

  • 32

    Nesse sentido, os leos essenciais assumem um importante papel no combate ao

    desenvolvimento de resistncia microbiana, levando a oportunidade de serem encontrados

    compostos com propriedades antimicrobianas, muitas vezes superiores aos frmacos atuais.

    1.5 Espcies Reativas de Oxignio e Estresse Oxidativo

    O oxignio um composto essencial para os seres vivos. As molculas de

    oxignio diatmico na atmosfera terrestre so as maiores promotoras de reaes nas clulas

    vivas. Exceto aqueles organismos que so especialmente adaptados para viver em condies

    anaerbias, todos os animais e plantas requerem oxignio para uma eficiente produo de

    energia (HALLIWELL & GUTTERIDGE, 2000).

    Cerca de 2% a 5 % do oxignio consumido, d origem a intermedirios altamente

    reativos, denominados Espcies Reativas de Oxignios (EROs). Estas espcies incluem o

    oxignio singlete (1O2), o radical nion superxido (O2--), o perxido de hidrognio (H2O2),

    radical hidroxila (OH ) entre outros (SALVADOR & HENRIQUES, 2004).

    O Radical Livre qualquer tomo, molcula ou on que possui um ou mais eltron

    livre na sua orbita externa, o que caracteriza uma grande instabilidade eltrica e capacidade

    reativa, podendo reagir com qualquer composto que esteja prximo, a fim de captar um

    eltron desse composto para sua estabilizao. A maioria desses radicais livres derivada do

    metabolismo do O2 pelo organismo, pois em condies normais inevitvel a produo das

    EROs durante o processo de respirao celular que ocorre nas mitocndrias das clulas, a fim

    de gerar ATP. A mitocndria, que consome mais de 90% de oxignio, a principal fonte de

    espcies reativas de oxignio e de radicais livres (LEE et al, 2002).

    Alm da respirao celular, as EROs tambm podem ser geradas pela ativao dos

    leuccitos, como parte da resposta imune, usadas contra bactrias e fungos invasores do

    organismo, produzindo ao lesiva a estes microrganismos, ou pela oxidao exgena,

    causada pela poluio, fumo, solventes orgnicos, pesticidas e radiaes, por exemplo

    (HALLIWELL, 2001; NISSEN et al, 2001).

    Em concentraes fisiolgicas as EROs tem funes biolgicas definidas, atuando

    como mensageiros secundrios de sinalizao em mecanismos celulares. Entretanto,

    concentraes supra-fisiolgicas devem ser evitadas pelo organismo, considerando que sua

    reatividade traz conseqncias celulares deletrias, causando oxidao de lipdios e protenas,

  • 33

    alteraes no DNA e a modificao nas bases e na modulao da expresso gnica (SIES,

    1991).

    Para se defender da toxidade das EROs, as nossas clulas saudveis apresentam

    mecanismos especfico, que constituem o potencial biolgico antioxidante. A condio

    fisiolgica da clula exige equilbrio entre os sistemas pr-oxidante e antioxidante. O

    desequilbrio do estado estacionrio em favor do sistema pr-oxidante promove injurias

    celulares, sendo a condio denominada de estresse oxidativo (SALVADOR &

    HENRIQUES, 2004).

    O estresse oxidativo pode ser definido como o acumulo intracelular de nveis

    txicos de espcies reativas de oxignio por meio de saturao do sistema antioxidante,

    causando danos moleculares s estruturas celulares, com conseqente alterao funcional e

    prejuzo das funes vitais (DROGE, 2002).

    Da ao das EROs sobre cidos nuclicos, decorrem modificaes estruturais da

    molcula do DNA, implicando alteraes tais como mutaes mutagnicas; sobre

    carboidratos (principalmente em glicosaminoglicanos) so capazes de provocar quebra nas

    cadeias dos carboidratos resultando em alteraes no metabolismo energtico celular e em

    perda do reconhecimento do contato celular, podendo levar a divises celulares no limitadas

    pelo contato de clulas vizinhas; em protenas causam fenmeno conhecido com peroxidao

    protica, responsvel por quebra de cadeias polipeptdicas, perda ou alterao de atividade

    enzimtica, levando em alteraes funcionais e estruturais nas clulas; sobre lipdeos resulta

    em peroxidao lipdica, que principalmente responsveis por alteraes da permeabilidade

    da membrana celular. Desta forma, o resultado do estresse oxidativo , com freqncia, a

    morte celular (AUDDY et al, 2003, DROGE, 2002).

    Dessa forma, o sistema de defesa antioxidante, mesmo presente em baixas

    concentraes em relao ao substrato oxidante, necessrio e capaz de inibir ou retardar as

    taxas de oxidao. Esse sistema antioxidante pode ser no enzimtico ou enzimtico e no se

    tornam radicais livres pela doao de eltrons, pois eles so estveis em ambas as formas

    (SIES, 1991).

    Os antioxidantes enzimticos so compostos pelas seguintes enzimas: superxido-

    dismutase (SOD), catalase e glutationa-peroxidase (GSH-Px). A catalase, que uma enzima

    bastante abundante encontrada no sangue, medula ssea, rim e fgado, tem a funo de reduzir

    o H2O2 em H2O e O2 (HALLIWELL, 2001). A enzima superxido-dismutase acelera a

    dismutao do on superxido O2- em perxido de hidrognio (H2O2) na presena do prton

  • 34

    H+. E o sistema glutationa, atua no combate da reduo do perxido de hidrognio (H2O2),

    convertendo a glutationa reduzida (GSH) em oxidada (GSSG). Essa reao catalisada pela

    enzima glutationa-peroxidase (GSH-Px). A recuperao da glutationa reduzida feita pela

    enzima glutationa-redutase (GSH-Rd) (DROGE, 2002).

    Quanto ao sistema de defesa antioxidante no-enzimticos, os principais so o -

    caroteno (vitamina A), cido ascrbico (vitamina C), -tocoferol (vitamina E), glutationa,

    cido rico, bilirrubina, zinco, cobre e os bioflavonides, derivados de plantas

    (HALLIWELL, 2001).

    O estresse oxidativo tem sido implicado como mediadores de vrias patologias

    tais como doenas cardiovasculares, cncer, artrite reumatide, a distrofia muscular,

    desordens neurolgicas e processos de envelhecimento (NORDBERG & ARNR, 2001). Os

    radicais livres correlacionados com essas doenas atuam, no como agentes etiolgicos e sim

    como fatores que participam diretamente dos mecanismos fisiopatolgicos, os quais

    determinam a continuidade e as complicaes de diversos estados patolgicos (ROVER

    JUNIOR et al., 2001).

    1.6 Estresse Oxidativo e Doenas Neurodegenerativas

    O estresse oxidativo um importante processo que vem sendo relatado na

    patognese de algumas condies que afetam o Sistema Nervoso Central (SNC), contribuindo

    para o desenvolvimento de doenas neurodegenerativas tais como epilepsia, esclerose

    mltipla, demncias e doenas de Alzheimer e de Parkinson (SALVADOR & HENRIQUES,

    2004) que esto entre as doenas neurodegenerativas mais comuns.

    Com a tendncia de aumento do tempo de vida mdio da populao, a prevalncia

    dessas doenas tambm tem aumentado. As causas das desordens neurodegenerativas no

    esto totalmente esclarecidas, e, com exceo da doena de Parkinson, no existem

    tratamentos que alterem significativamente a progresso dessas patologias. As chances de

    apresentar Alzheimer aumentam significativamente aps os 60 anos, com uma prevalncia de

    47% em pacientes com mais de 85 anos (EVANS et al, 1989). Dessa forma, alm da idade as

    disfunes mitocondriais e o estresse oxidativo possuem um papel importante na morte

    neuronal caracterstica dessas doenas (ESPOSITO et al, 2002).

    De fato, isso se torna facilmente compreensvel, visto que o Sistema Nervoso

    Central altamente sensvel ao estresse oxidativo. O crebro altamente dependente de

  • 35

    energia para seu funcionamento normal e a mitocndria a estrutura intracelular responsvel

    pela produo dessa energia. Para a produo eficiente de energia na forma de ATP, a

    mitocndria possui uma alta demanda por oxignio, j que utiliza uma grande quantidade de

    O2 em uma massa de tecido relativamente pequena, o que torna esse tecido altamente

    susceptvel ao das espcies reativas (HALLIWELL, 2001; HALLIWELL &

    GUTTERIDGE, 2000).

    Outros fatores tambm contribuem para essa susceptibilidade como o alto

    contedo lipdico, principalmente de cidos graxos poliinsaturados, os quais servem de

    substratos para a peroxidao lipdica; os altos nveis de ferro presentes no crebro, os quais

    favorecem a lipoperoxidao; o baixo potencial antioxidante, sendo os nveis de catalase

    particularmente baixos em muitas regies cerebrais; e a presena de neurotransmissores auto-

    oxidveis, entre outros fatores (HALLIWELL & GUTTERIDGE, 2000).

    Entre as evidencias que mostram o envolvimento de espcies reativas em doenas

    neurodegenerativas esto o aumento dos parmetros do estresse oxidativo no crebro,

    incluindo nveis aumentado de cido malonildialdedo (MDA), 4-hidroxinonenal (HME) e a

    oxidao protica de grupos carbonil e 3-nitrotirosina, assim como concentraes reduzidas

    de antioxidantes no enzimticas GSH e ascorbato, e das enzimas antioxidantes catalase e

    glutationa peroxidase (GSH-PX) (JENNER & OLANOW, 1996; PERRY et al, 1982).

    Na doena de Alzheimer, a mais comum dentre as doenas neurodegenerativas,

    possvel que o estresse oxidativo tenha um papel chave na morte neuronal. Estudos clnicos

    mostraram nveis elevados de peroxidao lipdica e das enzimas catalase, SOD e GSH-Px em

    vrias regies do crebro de pacientes com Alzheimer. Por outro lado, as concentraes

    intracelulares de glutationa (GSH), apresentaram-se diminuda. Nveis altos de nitrotirosina,

    um aminocido oxidado, tm sido encontrados em neurnios de pacientes com Alzheimer

    (SALVADOR & HENRIQUES, 2004).

    Na doena de Parkinson, foram observadas evidncias do aumento do estresse

    oxidativo em autpsias da substncia nigra do crebro, indicando que esse tem papel

    importante na degenerao de neurnios (PARASKEVAS et al, 2003). Levantou-se a

    possibilidade de que um estresse oxidativo induzido pela dopamina possa ser base da

    vulnerabilidade dos neurnios dopaminrgicos na Doena de Parkinson. Na degradao da

    dopamina, ocorre a produo de perxido de hidrognio (H2O2), que na presena de Fe2+,

    abundante nos gnglios da base, pode gerar radicais livres hidroxil (OH-). Caso, os

    mecanismos protetores fossem inadequados, esses radicais livres poderiam levar a

  • 36

    degenerao de neurnios dopaminrgicos (GOODMAN & GILMAN, 1996). J RIOBO e

    colaboradores (2002) propem um papel direto de xido ntrico, e de seu produto,

    peroxinitrito, na fisiopatologia da Doena de Parkinson.

    Assim, devemos salientar que as EROs podem ser causa ou conseqncia de

    doenas humanas associadas ao estresse oxidativo. Por isso, antioxidantes sintticos e naturais

    tem sido recomendados para o alvio dos sinais e sintomas destas doenas e, mesmo, para

    bloquear sua evoluo. No entanto, muito deve ser investigado acerca do benefcio desses

    antioxidantes exgenos, para garantir a dose, a via de administrao e qual o antioxidante

    ideal para cada doena.

    Neste contexto, a biodiversidade brasileira, em particular a flora do Nordeste, tem

    sido amplamente investigada quanto ao seu potencial teraputico nas doenas neurolgicas.

    De fato, os produtos naturais parecem ser uma fonte promissora de substancias com atividade

    antioxidante e pesquisas realizadas nos ltimos anos evidenciam que o enriquecimento dos

    sistemas orgnicos com antioxidantes naturais

    1.7 A famlia Verbenaceae e o gnero Lippia

    As Verbenaceae constituem uma famlia de plantas presentes em praticamente

    todos os ecossistemas terrestres, sendo uma das cinco mais importantes entre as

    eudicotiledneas dos campos rupestres (CASTRO, 2001; LORENZI & MATOS, 2002).

    A famlia Verbenaceae, subfamlia Verbenoideae, apresenta aproximadamente 36

    gneros e 1.305 espcies. Os gneros mais representativos so: Verbena (200 spp.), Lippia

    (150), Citharexylum (70), Stachytarpheta (70), Glandularia (60) e Duranta (30)

    (TRONCOSO, 1974).

    O gnero Lippia, o segundo maior da famlia, foi primeiramente descrito em 1.753

    por Linnaeu (BRANDO, 2003) e rene um grande nmero de espcies. Para TRONCOSO

    (1974) e SALIMENA (2000), o nmero de espcies estimado de 160, estando a maior parte

    no Brasil, no Mxico, no Paraguai e na Argentina, com poucas espcies endmicas na frica.

    O Brasil apresenta a maior diversidade em espcies do gnero Lippia, 111 espcies. Sendo os

    principais centros de diversidade especfica do gnero Lippia localizados na Cadeia do

    Espinhao, em Minas Gerais e na Chapada Diamantina, na Bahia (SALIMENA, 2000).

    Alm de se destacar pela grande diversidade botnica e ampla distribuio este

    gnero vem recebendo importante ateno por apresentar espcies que podem ser utilizadas

  • 37

    para os mais diversos fins. Tradicionalmente, usadas no tratamento de infeces

    gastrintestinais, respiratrias e cutneas.

    Em geral, as espcies do gnero Lippia apresentam na composio qumica de

    seus tecidos, alguns compostos em comuns, encontrados em vrias espcies diferentes, com

    atividades farmacolgicas antimalrica, antiviral e citosttica. Em muitos casos, as partes

    usadas so as folhas e as flores, as quais so comumente preparadas em infuso ou decoco,

    mas tambm utilizadas oralmente ou atravs de emplastos e lavagens para ferimentos

    (LORENZI & MATOS, 2002; PASCUAL et al, 2001).

    Alguns constituintes qumicos presentes em L. alba (Mill.) N. E. Br. tem ao

    sedativa, antiespasmdica e estomquica (GOMES et al, 1993). O extrato aquoso de L.

    sidoides dotado de acentuado efeito antissptico, antiinflamatrio e cicatrizante (PASCUAL

    et al, 2001).

    FERNANDES-FILHO et al (1998) realizaram a preparao e a anlise clnica de

    um anti-sptico bucal base de leo essencial de L. sidoides Cham (alecrim-pimenta). O

    estudo que foi conduzido em 20 voluntrios demonstrou que o anti-sptico bucal base de

    leo essencial de L. sidoides reduziu em 6% a placa bacteriana nos indivduos que fizeram seu

    uso exclusivo por 7 dias, no sendo permitido durante este perodo realizar a escovao ou

    qualquer outro tipo de higienizao bucal.

    O leo essencial de L. sidoides rico em timol e carvacrol, apresentando atividade

    bactericida e fungicida. Em virtude destas propriedades, esse vegetal cultivado em horto de

    plantas medicinais e faz parte do elenco de plantas selecionadas pelo Governo do Estado o

    Cear como fitoterpico. Na Faculdade de Farmcia UFC foi desenvolvido um anti-sptico

    bucal base de leo essencial de L. sidoides (alecrim-pimenta) elaborado pelo setor de

    Farmacotcnica com o objetivo de validar seu uso em programas alternativos na preveno de

    crie dental (BOTELHO, 2005).

    MALLIE & BASTIDE (1995) mostram que o leo essencial de L. multiflora

    Moldenk preparado por hidrodestilao das folhas e caules, apresentou atividade in vitro

    sobre a cultura de Plasmodium falciparum, sendo dessa forma eficaz contra malria. Esse leo

    essencial inibiu o crescimento principalmente no passo trofozota - esquizonte, indicando um

    potencial efeito sobre a primeira diviso nuclear do parasito. Tambm foi mostrado o efeito de

    L. multiflora no tratamento da hipertenso (NOAMESI, 1977) e sua eficcia no combate

    sarna (OLADIMEJI et al, 2000).

  • 38

    A L. dulcis Trevir principalmente usada no tratamento da tosse e bronquite

    (COMPADRE et al, 1986). Alm de suas propriedades medicinais, suas folhas so tambm

    utilizadas na preparao de alimentos e apresenta como componente principal a

    hernandulcina, que um constituinte sesquiterpeno do leo essencial extrado de flores e

    folhas e que tem como caracterstica de ser bem mais doce que a sacarose (KANEDA et al,

    1992; COMPADRE et al, 1986)

    L. citriodora e L. graveolens so utilizadas em preparaes alimentar e tambm

    como estimulador de apetite (PASCUAL, 2001; MORTON, 1981). CAVALCANTI em 2006

    mostrou que o leo essencial da L. gracillis Shauer apresentou atividade tuberculosttica

    sobre treze cepas de Mycobacterium tuberculosis, inclusive quelas que resistentes

    isoniazida.

    Em vrias regies, algumas espcies do gnero Lippia tambm tm sido utilizadas

    como condimento culinrio e na produo de aromatizantes, cosmticos e perfumes.

    Apesar de muitas espcies apresentarem atividades biolgicas comprovadas,

    vrias outras ainda no foram estudadas, sendo provavelmente bastante promissoras para o

    isolamento de novas substncias qumicas com diferentes potenciais farmacolgicos.

    1.8 A espcie Lippia alba (Mill) N. E. Brown e seus quimiotipos

    L. alba (Mill.) N. E. Brown, umas das principais espcies do gnero Lippia, um

    arbusto com at dois metros de altura, bastante rstico e vigoroso, perene, muito ramificado e

    de morfologia varivel (BRAGA et al, 2005; MATOS et al, 2001). So plantas que apresenta

    ramos finos, esbranquiados, arqueados e quebradios. Folhas opostas, elpticas, de largura

    varivel, com bordos serreados e pice agudo. Flores reunidas em inflorescncias

    capituliformes de eixo curto (MATOS, 1998). Podem ser encontradas em solos arenosos e nas

    margens dos rios, audes, lagos e lagoas, em regies com clima tropical e temperado, porm

    preferencialmente em regies de clima tropical (BRAGA et al, 2005).

    Muito usada como planta medicinal popularmente conhecida como erva-

    cidreira de arbusto, erva-cidreira do campo, alecrim do campo, ch-do-tabuleiro, cidreira

    brava, erva cidreira brasileira, cidr, cidro, falsa melissa, salsa limo entre outros

    (MATOS, 1996; MARTINS et al, 1995; BRAGA, 1976). comumente confundida com a

    verdadeira erva cidreira ou melissa, Melissa officinalis (JULIO et al, 2003), devido

  • 39

    presena de substncia como o citral e o citronelal, os quais conferem o odor ctrico

    caracterstico da planta (PASCUAL et al, 2001).

    Na comunidade cientfica, as diversas sinonmias que so conferidas a Lippia

    alba (Mill.) N. E. Brown tambm causam confuso e segundo a reviso de PASCUAL et al

    (2001), ela pode receber o nome de L. germinata, L. microphylla Griseb, L. germinata H. B.

    K., L. globiflora Kuntze, L. lantanoides Coult, Lantana alba Mill e Phyla germinata H. B. K.

    A L. alba possui um rico potencial farmacolgico que est relacionado ampla

    variao na composio qumica de seu leo essencial. Essa variao leva a classificao

    desta espcie em quimiotipos, que so denominados de acordo com o componente qumico

    majoritrio presente em seus leos essenciais (JULIO et al, 2003; MATOS, 1996; BRAGA,

    1976).

    Alm da variao qumica em seus leos essenciais, os exemplares de diferentes

    quimiotipos de L. alba tambm apresentam variaes morfolgicas, principalmente devido

    sua grande plasticidade fenotpica (CORREA, 1992), ou seja, o ambiente em que a planta se

    encontra pode determinar seu hbito de crescimento, constituio fitoqumica, forma e

    colorao das folhas (TAVARES et al, 2003). Esta variao morfolgica, muitas vezes, leva a

    problemas e complexidades na taxonomia do gnero, gerando dificuldades na correta

    identificao da espcie.

    Estudos da composio qumica do leo essencial da L. alba em diferentes regies

    vem apresentando variaes quantitativa e qualitativa dos constituintes, o que realmente

    comprova a existncia de muitos quimiotipos nesta espcie (CASTRO et al, 2001). No

    entanto, as pesquisas relatam que os principais constituintes da composio qumica do leo

    dessa planta, so os monoterpenides (borneol, cnfora, 1,8-cineol, citronelol, geranial,

    linalol, mirceno, neral, piperetona, sabineno, 2-undecanona) e os sesquiterpenides (a-

    muuroleno, b-cariofileno, b-cubebeno, b-elemeno, gcadieno, alo-aromadendreno, xido de

    cariofileno) (PASCUAL et al, 2001).

    Na Argentina, por exemplo, so conhecidos cinco quimiotipos de L. alba:

    citral/linalol, d-limoneno/lippiona, d-piperitona, citral e piperitona/limoneno+1,8 cineol,

    encontrados em diversas regies com diferentes caractersticas climticas, tipos de solos e

    variado grau de umidade (PINO & ORTEGA, 1996)

    Anlise da composio qumica do leo essencial de L. alba originada de Cuba,

    revelou a presena de quarenta e dois componentes e os principais constituintes encontrados

  • 40

    foram: limoneno (6,5%), carvona (28,95%), piperitenona (6,35%) e b-guaieno (11,53%)

    (PINO & ORTEGA, 1996).

    No Nordeste do Brasil, foi verificada a ocorrncia de quimiotipos que diferenciam

    seus leos essenciais principalmente em relao predominncia de monoterpenos tais como

    citral (55,1%), mirceno (10,5%) e limoneno (1,5%) (JULIO et al, 2003; MATOS, 1996).

    No estado do Par, o estudo dos leos essenciais das partes areas da L. alba

    coletadas em trs municpios, permitiram a diviso desta espcie em trs grupos segundo os

    seus componentes: grupo A, caracterizado por alto teor de 1,8 cineol (34,9%) e carvona

    (31,8%); grupo B, com 32,1% de limoneno e 31,8% de carvona e o grupo C, caracterizado

    com grandes quantidades de geranial (22,5%) e germacreno-D (25,4%) (ZOGHBI et al,

    1998).

    Um estudo fitoqumico feito por MENDES (2001) classificou os exemplares de L.

    alba em oito formas, de acordo com os diferentes locais de coleta: formas 1 e 4 Mato

    Grosso do Sul, forma 2 Rio Grande do Sul, formas 3, 5 e 6 Acre, forma 7 Paran e

    forma 8 Gois. A anlise dos componentes principais dos leos essenciais permitiu o

    agrupamento das formas em quatro grupos distintos: nas formas de 1 e 7 foram encontrados o

    linalol e 1,8 cineol; na forma 2, a cnfora, o xido de cariofileno, o B-mirceno, o

    transcariofileno, o linalol, o cafeno, e o p-cimeno; nas formas 4, 6 e 8, o citral; e nas formas 3

    e 5, o D-limoneno, germacreno-D e a carvona.

    No Cear, foi verificado a ocorrncia de trs quimiotipos de cidreiras, que

    apresentam diferenas quanto composio qumica de seus leos essenciais e de seus

    componentes majoritrios em relao aos teores de citral, carvona, mirceno e limoneno. Os

    quimiotipos receberam as designaes de acordo com os constituintes majoritrios

    encontrados: o quimiotipo I, com teores elevados de mirceno e citral, mais raro no Cear; o

    quimiotipo II, com teores elevados de limoneno e citral e o quimiotipo III, com limoneno e

    carvona e ausncia de citral (MATOS et al, 2001). Diferentes do quimiotipo I, os quimiotipos

    II e III so morfologicamente semelhantes.

    Assim, a variabilidade na constituio qumica dos leos essenciais dever ser

    considerada em futuros estudos, para que se possa determinar que influncia essa

    variabilidade exerce sobre as diferentes atividades farmacolgicas, com o objetivo de

    potencializar determinada atividade e conseqentemente aumentar a eficcia de um

    fitoterpico preparado a partir desta espcie vegetal.

  • 41

    1.9 Aplicaes e propriedades biolgicas da Lippia alba

    A Organizao Mundial de Sade estima que grande parte da populao mundial

    continue a depender de plantas medicinais para os cuidados primrios da sade, sobretudo nas

    regies mais desfavorveis. De fato, o consumo de produtos caseiros base de plantas j

    uma realidade assimilada no s pela indstria farmacutica, mas tambm pelo poder pblico

    (LORENZI & MATOS, 2002; STASI et al, 2002; AKERELE, 1993). Tanto assim, que

    prefeituras de vrios capitais, inclusive de Fortaleza, alm de inmeras cidades do interior, j

    distribuem gratuitamente estes medicamentos populao, nos postos de sade (MATOS,

    1998).

    Segundo MING (1992), uma espcie muito promissora para as indstrias

    farmacutica, de aromas e perfumaria, a Lippia alba. De acordo com a lista de espcies

    elaboradas e publicadas pela Central de Medicamentos (CEME) para o Programa de

    Pesquisas em Plantas Medicinais (PPPM) do Ministrio da Sade, a L. alba dita como uma

    das espcies medicinais mais utilizadas pela populao brasileira (SANTOS & INNECCO,

    2004) e foi includa em projetos como Farmcias Vivas, da Universidade Federal do Cear

    (MATOS, 1998), que visa oferecer sem fins lucrativos, assistncia farmacutica fitoterpica

    s comunidades carentes.

    Preparados a base de L. alba (erva-cidreira) so utilizados na medicina popular

    para o tratamento de diversos males. No Brasil, existem vrios estudos que avaliam o uso de

    plantas medicinais para fins teraputicos, os quais comprovam ser a espcie L. alba bastante

    mencionada pela populao.

    Na cidade de Fortaleza, em um estudo realizado sobre o uso de preparaes

    caseiras de plantas medicinais, BASTOS (2007) mostrou que das 32 espcies utilizadas pelos

    entrevistados, uma das plantas mais citadas para fins medicinais a espcie Lippia alba (erva-

    cidreira) (7,7%). De acordo com esse estudo, suas folhas so usadas na forma de ch para dor

    de barriga, calmante, gripe, febre, dor e diarria.

    De acordo com OLIVEIRA & ARAJO (2007), a erva-cidreira (Lippia alba N. E.

    Brow) foi a segunda (14,6%) espcie de planta mais utilizada pelos idosos na preveno ou

    controle da elevao da presso arterial.

    Um levantamento sobre as plantas medicinais cultivadas e usadas pelos idosos na

    Estratgia Sade da Famlia Santo Antnio do Municpio de Pedras de Fogo Paraba (PB)

    indicou as 10 plantas medicinais mais usadas. A erva-cidreira foi a terceira planta mais citada

  • 42

    dentre os nove (45%) dos 20 entrevistados que usavam plantas para fins teraputicos. Eram

    usadas as folhas frescas, aps decoco, para dor de barriga, dor, gases, hipertenso, ou como

    calmante (SILVA et al, 2008)

    Quanto ao rgo da planta utilizada e o modo de preparo como fonte teraputica

    dessa espcie, destacam-se as folhas e as razes sob a forma de infuso, decoco, macerao,

    compressas, banhos ou extratos alcolicos (JULIO et al, 2003).

    Popularmente, suas folhas so empregadas como infuso ou decoco no

    tratamento de doenas gstricas, diarria, febre, asma, tosse e tranqilizantes ou calmantes

    (TAVARES et al, 2005; JULIO et al, 2003 MATOS, 1996). Tambm podem ser usadas na

    forma de compressas para combater hemorridas, macerada para uso local contra dor de

    dentes, e em forma de banhos, como febrfuga (CORREA, 1992).

    Seu uso tambm relatado em casos de resfriado (STASI et al, 2002), no combate

    a hipertenso (GAZOLA et al, 2004; STASI et al, 2002), como sedativo (STASI et al, 2002),

    analgsico (VALE et al, 2002), em distrbios hepticos, gripe, bronquite, sfilis (BRAGA et

    al, 2005), no tratamento de dores de cabea (DUARTE et al, 2005) e para malria

    (VIGNERON et al, 2005). Algumas pesquisas confirmam o potencial farmacolgico da

    espcie Lippia alba, o que podem explicar, pelo menos em parte, alguns de seus usos

    teraputicos na medicina popular, o que tambm leva ao interesse de estudos, visando o

    isolamento de compostos responsveis por tais atividades.

    CORRE (1992) comprovou a atividade analgsica, espasmoltica, antibacteriana e

    peitoral a partir de suas folhas, sem que nenhum efeito txico tenha sido verificado em

    animais tratados com extratos das plantas. Misturas de leos essenciais obtidas das folhas e

    flores, com cremes biolgicos, comprovaram ser excelente para o tratamento de peles

    envelhecidas e secas, contribuindo para a coeso da clula da pele e promovendo a formao

    de uma barreira que regula a perda de umidade transepidrmica (ELDER et al, 1997).

    PASCUAL et al, 2001 demonstraram a atividade antiulcerognica em ratos

    tratados por via oral com infuso das folhas de L. alba. A infuso foi efetiva na preveno da

    ulcerao induzida por indometacina e, na dose testada, no causou leso gstrica, nem

    modificou o pH gstrico e a acidez total.

    VALE (1999) realizou um estudo comparativo entre os leos essenciais dos trs

    quimiotipos de L. alba e conclui que seus leos essenciais apresentaram atividade analgsica,

    ansioltica, depressor central, relaxante muscular e diminuidoras da temperatura retal. Dentre

    os componentes qumicos dos leos essenciais, o citral, mirceno e limoneno parecem atuar de

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    maneira sinrgica, sendo responsveis pelos principais efeitos desses leos. J em 2002, esses

    mesmos autores estudando as substncias citral, mirceno e limoneno isoladamente,

    demonstraram seu efeito sedativo e miorrelaxante, porm essas substncias no apresentaram

    ao ansioltica, indicando que esta atividade deve ser de responsabilidade de outros

    componentes do leo essencial da planta.

    Quanto a atividade antioxidante in vitro, o leo essencial obtido por

    hidrodestilao exibiu um efeito similar vitamina E e ao 2-(ter-butil)-4-methoxifenol

    (BHA), pelo mtodo da oxidao do cido linolico em compostos carbonlicos

    (STASHENKO et al, 2004).

    Em relao atividade antimicrobiana, o leo essencial extrado de toda a planta

    foi testado em bactrias de interesse clnico por ALEA (1997). O leo essencial apresentou

    atividade principalmente sobre bactrias Gram-positivas com Concentrao Inibitria Mnima

    (CIM) variando entre 0,3 e 0,63 mg/mL. De todas as bactrias testadas apenas a Pseudomona

    aeruginosa mostrou-se resistente s diferentes concentraes testadas, enquanto a espcie

    Gram-positiva Staphylococcus aureus teve seu crescimento inibido pela a menor dose do

    agente antibacteriano testada.

    Um screening de 68 plantas foi realizado para verificao de atividade

    antimicrobiana sobre trs bactrias Gram-positivas (Staphylococcus aureus, Streptococcus

    pyogenes e Streptococcus pneumoniae) que causam infeces respiratrias. Dessas 68 plantas,

    usadas na Guatemala no tratamento de doenas respiratrias, destacaram-se as espcies Lippia

    alba e Lippia dulcis pela elevada atividade antibacteriana. A L. alba inibiu principalmente o

    crescimento do S. aureus e S. pneumoniae e moderadamente o S. pyogenes (CACERES,

    1991).

    Quanto sua ao antifngica de L. alba, utilizando-se o mtodo de microdiluio

    em caldo, o leo essencial e o extrato hidroalcolico obtido por macerao inibiram

    moderadamente o crescimento da Candida albicans e da C. krusei, quando nas CIM de 0,6

    g/mL e 125 g/mL, respectivamente. No entanto, somente o extrato hidroalcolico

    apresentou atividade inibitria sobre C. parapsiolisis (100 g/mL) (HOLTEZ et al, 2002).

    Em relao ao seu efeito antiviral, a frao butanlica e acetato de etila,

    provenientes da extrao lquido-lquido do macerado etanlico da L.alba, apresentou ao

    contra o vrus Herpes simples tipo 1 resistente ao aciclovir e contra o vrus da plio tipo 2,

    respectivamente. O screening fitoqumico realizado com o macerado etanlico detectou a

    presena de compostos fenlicos e flavonides (ANDREGHETTI-FROHNER et al, 2005)

  • 44

    Ensaios da atividade citotxica da espcie L.alba tambm foram alvos de

    pesquisas. COSTA e colaboradores (2004) avaliaram o efeito citotxico de extratos brutos e

    concluram que o extrato etanlico da folha mostrou maior citotoxidade frente s clulas HEp-

    2 e o extrato clorofrmio das razes teve um efeito maior para as clulas NCl-H292. Essas

    clulas foram obtidas de carcinoma epidermide de laringe e mucoepidermide de pulmo de

    humano, respectivamente.

    O uso adequado da espcie Lippia alba sugere ser muito promissor e seu

    extensivo uso emprico vem despertando o interesse de pesquisadores em estabelecer

    explicaes cientficas para tais atividades farmacolgicas, o que tem resultado na

    confirmao dessas atividades, bem como na deteco de outras propriedades importantes.

    1.10 Plantas medicinais: a importncia e necessidade de estudos multidisciplinares

    sabido que o Brasil, pais de maior biodiversidade do planeta, possui uma

    imensa flora medicinal nativa ainda desconhecida ou pouco estudada. Tambm se sabe que

    apesar de nossas condies privilegiadas de biodiversidade, utilizamos, e muito, as plantas

    medicinais exticas (LORENZI & MATOS, 2002). Isso torna mais do que necessrio que se

    invista em pesquisas em nossa flora nativa, pois o Brasil um enorme potencial nesse campo.

    fundamental que a comunidade mdica bem como outros profissionais da rea

    da sade ligados s universidades atente para esse potencial, para que possamos lanar mo

    dele. um momento de voltarmos nossos esforos para construir um conhecimento mdico

    baseado em nossos valores e adequado s nossas necessidades, em vez de ficarmos atrelados a

    um modelo cientfico exclusivamente internacional. Para tanto devemos valorizar, estudar,

    validar e utilizar terapeuticamente nossas espcies, antes que outros o faam.

    No Brasil, as plantas medicinais da flora nativa so consumidas com pouca ou

    nenhuma comprovao de suas propriedades farmacolgicas, propagadas por usurios ou

    comerciantes. Muitas vezes, entretanto, as supostas propriedades farmacolgicas anunciadas

    no possuem validade cientfica, por no terem sido investigadas, ou por no terem tido suas

    aes farmacolgicas comprovadas em testes cientficos pr-clnicos ou clnicos (SOUZA et

    al, 2004).

    Comparada com as dos medicamentos usados nos tratamentos convencionais, a

    toxicidade de plantas medicinais e fitoterpicos pode parecer trivial. comum ouvir de

    pessoas referirem o uso de preparados a base de plantas por meio de expresses