101
Luís Filipe da Costa Carvalho Licenciado em Administração Pública Acreditação de Métodos de Ensaios de Ruído Ocupacional Estudos Introdutórios de uma Avaliação de Exposição de Trabalhadores Autárquicos ao Ruído durante o Trabalho Relatório Final de Estágio do Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Higiene do Trabalho (2012-13) Orientador: Prof. Doutor José Miquel Cabeças, Faculdade de Ciências e Tecnologia Universidade Nova Lisboa Almada 2013

Avaliação de Exposição de Trabalhadores Autárquicos ao ruído durante o trabalho

Embed Size (px)

Citation preview

Luís Filipe da Costa Carvalho

Licenciado em Administração Pública

Acreditação de Métodos de Ensaios de Ruído Ocupacional

Estudos Introdutórios de uma Avaliação de Exposição de Trabalhadores Autárquicos ao Ruído durante o Trabalho

Relatório Final de Estágio do Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Higiene do

Trabalho (2012-13)

Orientador: Prof. Doutor José Miquel Cabeças, Faculdade de Ciências e Tecnologia – Universidade Nova Lisboa

Almada 2013

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:2/101

Agradecimentos

Este estudo é o resultado de um conjunto de esforços que o tornaram possível e sem os quais

teria sido muito mais difícil chegar ao fim desta etapa, que representa um importante marco na minha

vida pessoal e profissional. Manifesto os meus agradecimentos:

Ao meu orientador, Professor José Miquel Cabeças, agradeço pela forma como me orientou e

sempre motivou para o cumprimento deste objetivo. É de igual modo importante referir, ainda, o meu

agradecimento pela disponibilidade sempre manifestada, apesar do seu horário demasiado preenchido,

assim como pelas críticas, correções e sugestões relevantes feitas durante a orientação deste estudo.

À Eng.ª Silvia Fontes pelo seu apoio fundamental durante a realização do Estágio.

Ao Doutor Norberto Gomes pelo seu contributo na concretização do presente Estágio, sem o

qual também p mesmo não seria possível.

À Dr.ª Alexandra Santos, Técnica Superior de Higiene e Segurança do Trabalho do Serviço de

Saúde Ocupacional da Câmara Municipal de Almada, pela simpatia e disponibilidade no

esclarecimento do funcionamento do sistema de saúde, segurança, bem-estar no trabalho da Câmara

Municipal de Almada (CMA).

Ao Eng.º Sérgio Rebelo pela disponibilidade demostrada na realização do presente estágio.

Aos trabalhadores, encarregados e responsáveis da CMA, que contribuíram para a realização

dos ensaios de Avaliação de Exposição dos trabalhadores ao ruído durante o trabalho.

Aos colegas de curso, e todos os docentes e funcionários da Faculdade Ciências e Tecnologia –

Universidade Nova Lisboa (FCT/UNL), que de alguma forma ajudaram a trilhar o nosso percurso

académico.

E por fim agradeço, em especial, à minha família pelo apoio sempre demonstrado.

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:3/101

Resumo: O presente estudo procurou centrar-se na Acreditação de Métodos de Ensaios de

Ruído Ocupacional, abordei as metodologias necessárias à acreditação de um laboratório de ensaios,

atendendo ao referencial normativo NP EN ISSO/IEC 17025. Tal opção tem em consideração que as

atividades de medição de ruído ocupacional podem ser realizadas pela via de entidade acreditada pelo

Instituto Português de Acreditação (IPAC), conforme o estipulado no n.º8 Art.º 4 (Decreto-Lei n.º

182/2006 de 6 de Setembro de 2006 - Prescrições Mínimas em Materia de Exposição dos

Trabalhadores aos Riscos devidos ao Ruído, 2006), acrescido da pertinência do estudo deste normativo,

uma vez que o Laboratório de Ruído da Câmara Municipal de Almada se encontrar em fase de

preparação da candidatura de acreditação ao Instituto Português de Acreditação (IPAC), descritivo de

Ruído Ambiente ensaios de incomodidade. No desenvolvimento prático do presente estudo caso,

avaliação de exposição de trabalhadores ao ruído durante o trabalho, seguimos a metodologia prevista

no Decreto-lei n.º 182/2006 de 6 Setembro, relativo às prescrições mínimas de segurança e saúde em

matéria de exposição dos trabalhos aos riscos devidos ao ruído e a NP EN ISO 9612 2001, referente à

determinação da exposição ao ruído ocupacional Método de Engenharia (Determinação da Exposição

ao Ruído Profissional: NP EN ISO 9612 2011, 2011). A amostra é constituída por 6 trabalhadores

lubrificadores que exercem funções na Estaço de Serviço e 8 trabalhadores mecânicos a exercerem

funções nas Oficinas de Mecânicas, em ambos os casos afetos ao Serviço de Transportes e Manutenção

(STM) inserida no Departamento de Salubridade, Espaços Verdes e Transportes (DSEVT). O estudo e

análise desta amostra comprovam que o nível de exposição de pessoal, ponderado A, normalizada para

um dia de trabalho de 8h, LEX,8h dos lubrificadores foi de 75, 8 dB (A) e a dos mecânicos 72, 3 dB (A),

e por seu lado, o nível de exposição máximo sonoro de pico, Lp,C,pico, para os lubrificadores foi 112,9

dB(C) e para os mecânicos 103,1 dB(C). Concluindo ainda, que os referidos trabalhadores estão

exposto a um risco nulo de exposição sonora, encontrando-se abaixo dos valores de ação inferiores,

conforme previsto no referido artigo.

Palavras-chave: Ruído, Acreditação, Ocupacional, Laboratório.

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:4/101

Índice

1 Introdução 10

2 Objectivos 12

3 Enquadramento Teórico 13

3.1 Ruído Ocupacional 13

3.1.1 Caracterização de Som/Ruído 13

3.2 Acreditação de Métodos e ou Ensaios de um Laboratório 17

3.2.1 Qualidade 17

3.2.2 Sistema Português da Qualidade 17

3.2.3 Norma 17025 20

3.2.3.1 Organização (Req. 4.1) 20

3.2.3.2 Sistema de Gestão (Req. 4.2) 21

3.2.3.3 Controlo de Documentos (Req. 4.3) 21

3.2.3.4 Análise de Consultas, Propostas e Contratos (Req. 4.4) 22

3.2.3.5 Subcontratação de Ensaios (Req. 4.5) 22

3.2.3.6 Aquisição de Produtos e Serviços (Req. 4.6) 22

3.2.3.7 Serviço ao Cliente (Req. 4.7) 22

3.2.3.8 Reclamações (Req. 4.8) 23

3.2.3.9 Controlo de Trabalho de Ensaio não Conforme (Req. 4.9) 23

3.2.3.10 Melhoria (Req. 4.10) 23

3.2.3.11 Acções Correctivas (Req. 4.11) 23

3.2.3.12 Acções Preventivas (Req. 4.12) 24

3.2.3.13 Controlo de Registos (Req. 4.13) 24

3.2.3.14 Auditorias Internas (Req. 4.14) 25

3.2.3.15 Revisão pela Gestão (Req. 4.15) 25

3.2.3.16 Pessoal (Req. 5.2) 25

3.2.3.17 Pessoal, Instalações e Condições Ambientais (Req. 5.3) 25

3.2.3.18 Métodos de Ensaio (Req. 5.4) 26

3.2.3.19 Equipamento (Req. 5.5) 26

3.2.3.20 Rastreabilidade das Medições (Req. 5.6) 26

3.2.3.21 Amostragem (Req. 5.7) 27

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:5/101

3.2.3.22 Manuseamento dos Itens a Ensaiar (Req. 5.8) 27

3.2.3.23 Garantir a Qualidade dos Resultados de Ensaios e de Calibração (Req. 5.9) 27

3.2.3.24 Apresentação de Resultados (Req. 5.10) 27

3.3 Determinação da Exposição ao Ruído Profissional: NP EN ISO 9612 2011 e

Decreto-Lei n.º 182/2006; 28

3.3.1 Equipamentos 28

3.3.2 Análise do Conteúdo do Trabalho e Seleção Estratégias de Métodos de Medição 29

3.3.2.1 Medição baseada nas tarefas: 31

3.3.2.2 Medição baseada no posto/atividade de trabalho: 33

3.3.2.3 Medição baseada no dia Completo de trabalho 35

3.3.3 Medição 37

3.3.4 Equipamentos e Local de Medição 39

3.3.4.1 Medição baseada nas tarefas: 41

3.3.4.2 Medição baseada no Posto/Actividade de trabalho: 43

3.3.4.3 Medição baseada no dia completo: 44

3.3.5 Tratamento de Erros e Avaliação da Incerteza 45

3.3.6 Cálculo e Apresentação dos Resultados e da Incerteza 45

3.3.7 Seleção de Protetores Auriculares Auditivos 47

4 Metodologia e Operacionalização do Estudo 50

4.1 Metodologia 50

4.2 Caraterização da Amostra 51

4.3 Opções na Metodologia e Tratamento de Dados 53

4.4 Instrumentos 56

5 Caracterização do laboratório do Ruído 57

6 Desenvolvimento do Trabalho 59

7 Resultados 65

7.1 Validação dos Instrumentos Face à Amostra: 65

7.2 Apresentação de Resultados 66

8 Conclusões 67

9 Bibliografia 68

10 Anexos 70

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:6/101

Índice de Figuras

Figura 1: Propagação de uma Onda Sonora (Nunes, 2010)

Figura 2: Representação Gráfica em frequência dos Infra-sons e Ultra-sons (Beaumont, 2010)

Figura 3: Espectro em Bandas de Oitavas (Nunes, 2010)

Figura 4: Curvas Isofónicas (Nunes, 2010)

Figura 5: Hierarquia da estrutura documental (Baptista, 2012)

Figura 6: Exemplo de Marca de Acreditação de Ensaios

Figura 7: Organograma da realização de Ensaios de ruído Ocupacional -Estratégia de Medição baseada na Tarefa

Figura 8: Organograma da realização de Ensaios de ruído Ocupacional -Estratégia de Medição baseada no posto

de Trabalho/actividade de trabalho

Figura 9: Organograma da realização de Ensaios de ruído Ocupacional -Estratégia de Medição baseada no Dia

Completo de Trabalho

Figura 10: Dosímetro (Brüel & Kjaer)

Figura 11: Organograma Fontes de Erro e de Incerteza - Estratégia de Medição baseada no Dia Completo de

Trabalho, na tarefa e posto/atividade de trabalho

Figura 12: Caracterização da Amostra

Figura 13: Foto Compressor

Figura 14: Foto Chave de Impacto Pneumáticas

Figura 15: Foto Máquina de Lavar Carros

Figura 16: Planta da Oficina Mecânica

Figura 17: Sonómetro - BRÜEL & KJAER, Modelo 2260 / 4189 / ZC 0026

Figura 18: Dados do Sonómetro – Ficheiros Excel Estação de Serviço

Figura 19: Quadro III – Quadro da Selecção e protectores auditivos em função da atenuação por bandas de oitava

indicada pelo fabricante (ficheiro excel)

Índice de Tabelas

Tabela 1:Prazos Mínimos para Conservação de Registos

Tabela 2: Duração e Número de Medições e Validação da Amostra (Estratégia baseada na Tarefa)

Tabela 3: Especificações para a Duração Mínima Total das Medições a efectuar num grupo de exposição

homogéneo (com uma dimensão nG)

Tabela 4: Especificações para a Número Mínimo total das medições baseadas no dia Completo de Trabalho

Tabela 5: Atenuações médias d(B) e os desvios Padrão d(B) do protector auricular auditivo Peltor Optime II da

serie 3M, modelo H520A

Tabela 6: Dados das Medições – Ficheiro Excel Mecânica Geral

Tabela 7: Dados das Medições – Ficheiro Excel Estação de Serviço Geral

Tabela 8: Informação dos Trabalhadores – Lubrificadores (ficheiro excel)

Tabela 9: Informação dos Trabalhadores – Mecânicos (ficheiro excel)

Tabela 10: Níveis de Risco (Exposição dos trabalhadores

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:7/101

Índice de Anexos

A. Anexo – Proposta de Projeto Individual

B. Anexo – Proposta Cronograma de Estágio

C. Fluxograma de etapas cronológicas – Realização de Ensaios de Ruído Ocupacional

D. Quadro Individual de avaliação da avaliação da exposição pessoal de cada

trabalhador ao ruído durante o trabalho

E. Folha de Apontamentos – Níveis de Pressão Sonora de Ruído Ocupacional

F. Relatório de Ensaio – Níveis de Pressão Sonora de Ruído Ocupacional

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:8/101

Nomenclatura

ACT – Autoridade para as Condições do Trabalho

CMA – Câmara Municipal de Almada

EA – European Cooperation for Accreditation

EPI`s – Equipamento de Protecção Individual

EIME – Equipamento de Inspecção Medição e Ensaio

EURAMET - European Association of National Metrology Institutes

FCT/UNL – Faculdade Ciências e Tecnologia - Universidade Nova Lisboa

GQ – Gestor da Qualidade

ILAC – International Laboratory Accreditation Cooperation

IBM – International Bussiness Machines Corporation

IPAC – Instituto Português da Acreditação

IPQ – Instituto Português da Qualidade

ISQ – Instituto de Soldadura e Qualidade

ISO/IEC 17000 Avaliação da Conformidade – Vocabulário e Princípios gerais

ACT – Autoridade para as Condições do Trabalho

LNM – Laboratórios Nacionais de Metrologia

OMS – Organização Mundial Saúde

ONA - Organismo Nacional de Acreditação

ONN - Organismo Nacional de Normalização

PT – Procedimento Técnico

RGR - Regulamento Geral do Ruído

RL – Responsável do Laboratório

RT – Responsável Técnico

SGA – Sistema de Gestão Ambiental

SGL – Sistema de Gestão do Laboratório

SGQ – Sistema de Gestão da Qualidade

SPQ – Sistema Português da Qualidade

SST – Segurança e Saúde no Trabalho

SST/CMA – Serviço de Saúde Ocupacional/da Câmara Municipal de Almada

VIM - Vocabulário Internacional de Metrologia

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:9/101

Simbologia

d(B) - decibel

d(B)A – decibel A (com ponderação do filtro A)

sf – desvio padrão associado, para uma banda de frequência de oitava normalizada

Hz - Hertz

i - número da amostra de uma tarefa;

I - número total de amostras de uma tarefa;

K - tipo de ruído

LEX,8h - Nível de pressão pessoal, ponderado A, normalizada para um dia de trabalho de 8h;

LEX,8h, efect - Nível sonoro contínuo equivalente a que fica exposto o trabalhador equipado com protetores

auriculares;

Ln - nível global dB(A);

Lp,A,eqT. - Nível de pressão sonora contínuo equivalente, ponderado A, durante o período T;

Lp,A,eqT,m - Nível de pressão sonora contínuo equivalente, ponderado A, para a tarefa m;

Lp,A,eqT,n - Nível de pressão sonora contínuo equivalente, ponderado A, da amostra n do posto de trabalho;

Lp,A,eqTe – Nível de pressão sonora contínuo equivalente, ponderada A, para a duração efectiva de um dia de

trabalho;

LAeq,Tk - Nível de pressão sonoro contínuo equivalente, ponderada A, de um ruído, num intervalo de tempo Tk

corresponde ao tipo de ruído K a que o trabalhador está sujeito, Tk horas dia;

LAeq,Tk, efect – Nível de sonoro contínuo equivalente a que fica exposto o trabalhador equipado com protectores

auditivos;

Lp,C,pico - Nível de pressão sonora de pico, ponderado C;

m - é o da tarefa;

M - é o número total de tarefas m, que contribuem para o nível de exposição diária ao ruído;

Mf - atenuações médias do protector auditivo, indicas pelo fabricante d(B);

n - representa o número da amostra do posto de trabalho;

N - número total de amostras do posto de trabalho; n

G - número total das amostras do posto de trabalho;

pA(t) - pressão sonora instantânea ponderada A, expressa em pascal, a que está exposto um trabalhador.

p0 - valor de referência; p0 = 2 x 10-5 Pa;

T - tempo de exposição de um trabalhador ao ruído no trabalho (T = t2 – t1)

Te - duração efetiva de um dia de trabalho

Tk - tempo de exposição de um trabalhador ao ruído no trabalho, num determinado tempo;

Tm - é a média aritmética da duração da tarefa m;

T0 - é a duração de referência, T0 = 8h;

Tk – é o tempo de exposição ao ruido k;

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:10/101

1 Introdução

Citando a Constituição da Organização Mundial de Saúde, definindo a saúde como o estado de

completo bem-estar físico, mental e social, não consistindo unicamente na ausência de doença ou de

enfermidade, realçando assim os fatores externos/sociais, muitas vezes descuidados pela própria saúde

ocupacional (Constituição da Organização Mundial da Saúde, 1946). Tal acepção enfatiza a

responsabilização e consciencialização dos diversos agentes sociais, nomeadamente os Estados

membros para o objetivo comum que todos os povos conseguiam atingir o mais elevado nível de saúde

possível. A realização desta meta facilitará aos cidadãos a fruição do seu direito à vida, à liberdade e à

segurança, de acordo com o art.3ª da Resolução n.º 217 A (III) da Assembleia Geral das Nações Unidas

em 10 de Dezembro de 1948, através da Declaração Universal dos Direitos Humanos (Declaração

Universal dos Direitos Humanos - Resolução n.º 217 A(III) de 10 de Dezembro de 1943, 1984)

Fundamentado neste princípio basilar, realçando o bem-estar físico, mental e social dos

indivíduos, agravado negativamente pelo aumento dos fatores de riscos para a segurança e saúde dos

trabalhadores, fruto do desenvolvimento tecnológico resultando no crescimento galopante do mundo

industrial, tendo-se verificado uma proliferação de situações em que os trabalhadores desempenham as

suas atividades profissionais em condições particularmente violentas, insalubres, tóxicas ou perigosas,

muitas vezes realizadas por mulheres grávida e em situação de pós-parto ou por cidadãos menores e

diminuídos.

O ruído ocupacional é dos fatores que vai contribuir para o agravamento das condições de

trabalho, fruto da proliferação das atividades profissionais expondo diariamente um grande número de

trabalhadores a sons desagraveis e indesejáveis que perturbam o ambiente, contribuindo para o mal-

estar e provocando situações de risco para a saúde do ser humano.

A exposição ao ruído pode colocar uma série de riscos para a segurança e saúde dos

trabalhadores, efeitos que podem afetar o ser humano a nível físico, psíquico e social. Esta exposição

ao ruído pode ocasionar diversos efeitos no organismo humano, nomeadamente a surdez profissional

através destruição progressiva, permanente e irreversível do nervo coclear, dando origem a uma das

doenças profissionais mais frequentes na nossa indústria; perda de audição temporária proveniente de

uma diminuição da sensibilidade da audição, que pode ter uma recuperação progressiva a partir do

momento em que cessa a exposição (Decreto-Lei n.º 182/2006 de 6 de Setembro de 2006 - Prescrições

Mínimas em Materia de Exposição dos Trabalhadores aos Riscos devidos ao Ruído, 2006); efeitos

fisiológicos a título exemplificativo temos a contração dos vasos sanguíneos, tensão muscular; stress

relacionado com o ambiente físico e aumento da probabilidade de acidentes, bem como a diminuição

da eficiência da produção e da produtividade do trabalho.

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:11/101

O conceito de ruído ocupacional vai para além da caracterização do som originado por fonte(s)

sonora(s), que se transmitem diretamente pelo ar e indiretamente, por meio de matérias sólidos como,

estruturas, paredes, tetos, pavimentos, etc. (Nunes, 2010).

Este engloba todo o som, desejado ou indesejado, que pode afetar de forma negativa a saúde e

bem-estar dos indivíduos. Sendo que tal incomodidade depende não só da caracterização do som, mas

sim da perceção dada por cada pessoa a esse mesmo som numa determinada situação.

Segundo Fernando Nunes, a sensibilidade ao som e a perceção ao volume de som é uma

característica subjetiva que depende da interpretação dos sons pela nossa mente, não podendo ser

considerada uma propriedade física.

Tendo como base a segurança no trabalho, através da promoção da qualidade do emprego e em

particular pela melhoria sistemática das condições de trabalho, atendendo às preocupações referentes

ao ruído e seus efeitos nocivos, deverá para o efeito se proceder à eliminação ou redução do ruído

excessivo.

Consubstanciada em obrigação legal através da avaliação dos riscos, é obrigatória a adoção de

medidas destinadas a prevenir ou controlar os riscos, a informação, a formação e a participação dos

trabalhadores, o acompanhamento regular dos riscos e das medidas de controlo e vigilância de forma a

prevenir os riscos para a saúde dos trabalhadores, nomeadamente as prescrições mínimas de segurança

e saúde em matéria de exposição dos trabalhadores aos riscos devidos ao ruído (Decreto-Lei n.º

182/2006 de 6 de Setembro de 2006 - Prescrições Mínimas em Materia de Exposição dos

Trabalhadores aos Riscos devidos ao Ruído, 2006)

Pelo exposto anteriormente e uma vez que as medições do ruído podem ser realizadas por

técnicos de higiene e segurança no trabalho com formação específica em métodos e instrumentos de

medição do ruído do trabalho e por entidades acreditadas, de acordo com o parágrafo 8 do Artigo 4.º

(Decreto-Lei n.º 182/2006 de 6 de Setembro de 2006 - Prescrições Mínimas em Materia de Exposição

dos Trabalhadores aos Riscos devidos ao Ruído, 2006) e (Requisitos Específicos de Acreditação -

Laboratórios de Ensaios de Acústica e Vibrações, 2013), o presente trabalho é a súmula do estágio que

realizei no Laboratório de Ruído da Câmara Municipal de Almada, que se encontrar em fase de

preparação da candidatura de acreditação ao Instituto Português da Acreditação (IPAC), no âmbito da

avaliação do cumprimento do critério de incomodidade e do critério de exposição máxima, de acordo

com o definido nas alíneas a) e b), do nº1, do Artigo 13º do Decreto-Lei nº9/2007, de 17 de Janeiro,

registado entre o período de 22 de Julho a 9 de Agosto de 2013.

O estágio, designado ”estágio em contexto real de trabalho” levado a cabo, faz parte da minha

frequência no Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Higiene do Trabalho (2012-13) pela

Faculdade de Ciência e Tecnologia – Universidade Nova de Lisboa.

Com este estágio pretende-se possibilitar a minha aplicação prática dos conteúdos

fundamentais, ministrados durante o referido curso. Este tem como objetivo primário, desenvolver um

estudo caso de forma a contribuir para a definição de um modelo que permita ao Laboratório de Ruído

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:12/101

(LR) acreditar o Método de Ensaio de Ruído Ocupacional - Avaliação de Exposição ao Ruído durante

o Trabalho (Decreto-Lei n.º 182/2006 de 6 de Setembro de 2006 - Prescrições Mínimas em Materia de

Exposição dos Trabalhadores aos Riscos devidos ao Ruído, 2006) ver anexo A, e (Requisitos

Específicos de Acreditação - Laboratórios de Ensaios de Acústica e Vibrações, 2013). Em termos de

estrutura do presente trabalho, inicialmente é realizado o enquadramento teórico, através da revisão da

literatura, no que diz respeito aos constructos em estudo.

Em seguida apresenta-se a metodologia adotada, os instrumentos utilizados e as opções que

foram tomadas em termos de análise estatística dos dados, passando depois à descrição das principais

características da amostra e análise dos dados.

Finalmente apresenta-se as conclusões e os resultados obtidos que irão ser alvo de discussão,

sendo também explicitadas as limitações deste estudo, e formuladas propostas para estudos futuros.

2 Objectivos

O presente relatório traduz o estágio designado “estágio em contexto real de trabalho, realizado no

Laboratório de Ruído da Câmara Municipal de Almada, no âmbito do Curso de Pós-Graduação para

Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho – Faculdade Ciências e Tecnologia

Universidade Nova de Lisboa, no ano lectivo 2012-2013.

O estágio teve como objectivo principal a aplicação prática dos conteúdos fundamentais

ministrados ao longo do referido curso, no quem se refere à área do Ruído Ocupacional.

Concretamente pretendeu-se dotar o Laboratório de Ruído da Câmara Municipal de Almada da

metodologia e procedimentos legais e normativos necessários para a obtenção de uma acreditação junto

do IPAC para realização de ensaios que visam a avaliação da exposição ao ruído dos trabalhadores da

autarquia, tendo em vista o cumprimento do diploma legal que regulamenta as prescrições mínimas de

segurança e Saúde em matéria de exposição aos riscos devidos ao ruído (Decreto-Lei n.º 182/2006 de 6

de Setembro de 2006 - Prescrições Mínimas em Materia de Exposição dos Trabalhadores aos Riscos

devidos ao Ruído, 2006)

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:13/101

3 Enquadramento Teórico

3.1 Ruído Ocupacional

3.1.1 Caracterização de Som/Ruído

A palavra Som deriva da palavra latina “sonu”, que significa tudo que impressiona o ouvido e

de um ponto de vista fisiológico é esta a definição de som. Do ponto de vista físico o som corresponde

à onda longitudinal de compressão e reafacção de um dado meio, provocada pela vibração de um corpo

(Pereira, 2009).

Segundo Fernando Nunes, o som é originado por vibrações da fonte sonora, que se transmite

directamente pelo ar e indirectamente por meio de matérias sólidos como, estruturas, paredes, tetos,

pavimento, etc, e por seu lado Paulo Beaumont faz menção a um fenómeno físico que provoca

sensações próprias do sentido humano da audição (Beaumont, 2010).

Do ponto de vista fisiológico, o som pode ser definido como um fenómeno acústico agradável

ou com significado para o ouvinte, enquanto o ruído representa um fenómeno acústico desagradável /

incomodativo ou sem significado para o ouvinte (Mendes, 2011).

Segundo Fernando Nunes, o som é considerado ruído quando a sensação auditiva que produz

for desagradável ou incomodativa, contudo para a classificação de surdez poderá contribuir qualquer

tipo de som ainda que agradável (Nunes, 2010)

A definição de Ruído depende das capacidades receptivas do ouvido humano, não dependendo

apenas do tipo de som, assim o conceito de ruído é subjectivo, variando de pessoa para pessoa.

Segundo a definição da CEE em 1977, considera-se ruído o conjunto de sons susceptíveis de adquirir

para o homem, um caracter afectivo desagradável e, ou intolerável, devido sobretudo aos incómodos, à

fadiga, à perturbação e não à dor que pode produzir.

De uma forma muita simplista, podemos caracterizar o som, como sendo as variações de

pressão do ar ao longo do tempo, alternadamente positivas e negativas. Sensação provocada no cérebro

devido à captação, pelo sistema auditivo, de alterações de pressão que se propagam no ar (ou noutro

meio elástico), consistindo em ondas de compressão seguidas de dilatação ou refracção (Carvalho,

2007). Seguidamente afigura-se um gráfico representativo da propagação uma onda sonora:

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:14/101

Figura 1: Propagação de uma Onda Sonora (Nunes, 2010)

Tratando-se de um som de perturbação periódica, podemos definir as suas características

próprias, a saber:

A Amplitude correspondendo ao máximo de deslocamento da partícula vibrante em relação à

posição de equilíbrio, comprimento de onda é a distância mínima entre dois pontos idênticos numa

onda (Pereira, 2009).

O Período é o tempo necessário para que a onda percorra uma distância igual a um

comprimento de onda. (Idem).

A Velocidade de Propagação, conforme o nome indica é a velocidade com que a onda se

propaga no meio (Idem).

A Pressão Sonora é a variação da pressão provocada pelas ondas sonoras, em relação a um

valor de referência, a pressão atmosférica, sendo o valor mais importante a ser medido (medida em Pa)

(Mendes, 2011)

Segundo Fernando Nunes, a pressão sonora é a diferença entre o nível da pressão do local e os

valores máximos ou mínimos que as oscilações de pressão atingem, define a amplitude da pressão

sonora que se mede em Newton/m2 ou Pascal (Pa). (Nunes, 2010)

Neste sentido a energia sonora produzida por uma fonte sonora propaga-se originando em cada

ponto uma variação de pressão, dependendo da localização da fonte, das características da envolvente e

da quantidade de energia transmitida para o exterior.

A Potência sonora, medida em Watt, corresponde à energia total (caracterização quantitativa

da fonte sonora) que num segundo atravessa uma esfera imaginária, de raio qualquer, centrada na fonte

(Mendes, 2011). A potência sonora permite avaliar a energia sonora que a fonte produz, sendo

independente da envolvente acústica, característica intrínseca e de valor fixo da fonte sonora.

Quando se refere a potência sonora, deve-se ainda considerar o conceito de Intensidade

Sonora, esta corresponde ao fluxo de energia que atravessa os elementos da superfície numa

determinada direcção, representando a energia que atravessa uma unidade de tempo. A intensidade

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:15/101

acústica de uma onda plana representa a energia que atravessa uma unidade de área, por unidade de

tempo. A intensidade sonora tem a ver com o produto da pressão sonora pela velocidade de

propagação, medida em Watt/m2 (Nunes, 2010)

Quando se pretende um sinal sonoro, sem ter em consideração a pressão sonora, deve-se ter em

consideração ao conceito frequência do som. Segundo Fernando Nunes, define-se a frequência, pela

velocidade com que as variações acontecem ao longo do tempo. (Idem). A frequência representa o

número de oscilações, por segundo, a pressão em relação à pressão atmosférica, sendo igual ao valor

inverso do período da onda sonora, medindo-se em Hertz.

Atendendo que o som é constituído por varias frequências, face o referido, deve-se ter em

consideração o respetivo espectro sonoro, ou seja, o nível de pressão sonora correspondente a cada

frequência. A gama de frequências o som vai desde valores inferiores a 1 Hz, até várias centenas de

kHz, as baixas frequências sonoras produzem os sons graves e as altas frequências os sons agudos,

abaixo da gama de frequência situam-se os infra-sons e acima dela, os ultra-sons.

Figura 2: Representação Gráfica em frequência dos Infra-sons e Ultra-sons (Beaumont, 2010)

A gama audível pelo homem, situa-se entre o intervalo de 20 e os 30kHz, estando dividida em

dez grupos de frequência designados por oitavas, estando por sua vez, subdivididas em três de terço de

oitava. As frequências do centro de cada banda de oitavas, convencionadas são 16 Hz, 31,5 Hz, 63 Hz,

125 Hz, 250 Hz, 500 Hz, 1000 Hz, 2000 Hz, 4000 Hz, 8000 Hz, 16000 Hz, o espectro em bandas de

oitava e o seguinte 37,5-75; 75-150; 150-300; 300-600; 600-1200; 1200-2400; 2400-4800; 4800-9600

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:16/101

Figura 3: Espectro em Bandas de Oitavas (Nunes, 2010)

O ouvido humano não é linearmente sensível à pressão sonora graduada em pascal, a gama audível

(em termos de pressões) varia entre 20mPa e 200.000.000mPa. Segundo a Lei de Weber e Fechner,

“Para que a sensação que o som produz no homem siga uma progressão aritmética é necessário que o

estímulo que se aplica siga uma progressão geométrica”, assim, é utilizada mais frequentemente o

decibel como unidade de medida do som/ruído.

O decibel é definido como sendo duas vezes o logaritmo decimal do quociente de duas medidas

(energéticas), uma das quais se toma como referência definido matematicamente pela seguinte fórmula:

Conforme indicado anteriormente a percepção/sensibilidade humana ao som e subjectiva,

investigações realizadas com o número elevado, de pessoas, submetidas a sons com amplitudes e

frequências diferentes, permitiram concluir que a sensibilidade auditiva varia com a frequência. Estes

estudos permitiram estabelecer curvas de igual sensibilidade auditiva, conforme diagrama seguinte:

Figura 4: Curvas Isofónicas (Nunes, 2010)

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:17/101

3.2 Acreditação de Métodos e ou Ensaios de um Laboratório 3.2.1 Qualidade

O conceito de qualidade não é consensual, este tem diversos significados. Segundo John Edgar

Presidente da I.B.M., a qualidade é ganhar dinheiro através da satisfação dos clientes, está em primeiro

lugar. No mesmo sentido, para Colin Marschall Presidente da British Airways, a qualidade consiste em

colocar o cliente em primeiro lugar. Crosby realça o lado da oferta no que se refere à sua conformidade

com as especificações, ao invés de Juran, cuja definição é baseada no lado da procura, realçando à

adequação ao uso (The Global Voice of Quality, 2013). Goetsch e Davis ressaltam, o período temporal

vigente, onde as circunstâncias do mercado e do meio se encontram em constante mutação, devendo-se

delimitar o conceito a um determinado período de tempo. Nesta perspectiva, a organização é vista

como um sistema vivo adaptativo, atento às características da envolvente oscilante entre a adaptação e

o desajuste (Idem).

De uma forma generalizada, caracterizamos a qualidade como um resultado de um esforço

contínuo para melhorar, sendo um objetivo ou conjunto de requisitos mensuráveis. A American Society

for Quality define qualidade, como sendo a totalidade dos atributos e características de processo que

visam a satisfação das necessidades explicitas e implícitas (Idem).

As organizações como sendo uma entidade social, conscientemente coordenada, gozando de

fronteiras delimitadas, que funciona numa base relativamente contínua, tendo em vista a realização de

objetivos.” (Bilhim, 2008), devem considerar a qualidade para a fidelização de clientes, controlo de

custos, motivação, dos trabalhadores resultando numa vantagem competitiva em relação à concorrência

e consequente maximização dos lucros.

A qualidade é um dos temas de maior importância nas empresas, realidade que as empresas não

podem fugir, sob pena de perderem a sua posição no mercado, é uma vantagem competitiva em relação

à concorrência. (Martins, 2006)

Seguindo de vereda a este princípio basilar, a Norma NP EN ISO/IEC 17025, referente aos

Requisitos gerais de competência para Laboratórios de Ensaio e Calibração, reproduz os princípios

assentes na norma ISO 9001:2000. Esta desenvolve um sistema de gestão de forma a dirigir e controlar

uma organização no que respeita à Qualidade, visando promover a confiança do produto ou serviço, em

conformidade com os requisitos estabelecidos.

Assim, os Sistemas de Gestão da Qualidade são caracterizados pelo conjunto de elementos

interligados, integrados na organização, que trabalham coordenados para estabelecer e alcançar o

cumprimento dos requisitos dos produtos e ou serviços, de forma a satisfazer as necessidades e

expectativas dos clientes. De uma forma preliminar, somos levados a concluir que a implementação de

um sistema de Gestão da Qualidade origina a melhoria do desempenho organizacional, levando ao

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:18/101

aumento da competitividade e produtividade da organização, envolvimento e motivação dos

colaboradores na política da qualidade da organização, culminando num valor acrescentado para a

organização.

Os laboratórios fazendo parte de organizações mais amplas, deverão garantir que possuem

um sistema de gestão da qualidade, nomeadamente no âmbito dos serviços de ensaio e calibração

abrangidos pelo sistema de gestão do(s) respetivo(s) laboratório(s), contudo a conformidade com a

norma ISO 9001, não demostra por si só, a competência do(s) laboratório(s) para produzir dados de

resultados válidos, e pelo seu inverso a conformidade do sistema de gestão da qualidade do(s)

laboratório(s) com a totalidade dos requisitos da ISO 9001. A ISO/IEC 17025, diferencia-se da ISO

9001, uma vez que abrange diversos requisitos de competência técnica não comtemplados na última.

3.2.2 Sistema Português da Qualidade

Segundo José Soares, a qualidade tornou-se numa vantagem competitiva para as organizações,

a qualidade dos produtos/serviços assume-se como uma condição essencial e imprescindível para que,

no mínimo, se sobreviva nas actuais condições de mercado cada vez mais concorrencial (Soares, 2013).

Os Sistemas de Gestão da Qualidade (SGQ), ajudam a uma organização a melhorar

continuamente os níveis de satisfação de seus clientes, atendendo às suas expectativas e necessidades, a

noma NP EN ISO/IEC 17025 desenvolve um sistema de gestão de forma a dirigir e controlar uma

organização no que respeita à Qualidade, visando promover a confiança do produto ou serviço, em

conformidade com os requisitos estabelecidos.

Neste sentido a Normalização é a actividade destinada a estabelecer, face a problemas reais ou

potenciais, disposições para utilização comum e repetida, consiste em particular, na formulação, edição

e implementação de normas. Segundo a NP EN 45020, uma norma é o documento, estabelecido por

consenso e aprovado por um organismo de normalização reconhecido, que define regras, linhas de

orientação ou características para actividades ou seus resultados, destinadas à utilização comum e

repetida, visando atingir um grau óptimo de ordem, num dado contexto.

Os Sistemas de Gestão da Qualidade, estão previstos na normalização nacional e internacional,

a nível interno o Sistema Português da Qualidade surge em 1993, a partir da evolução do

enquadramento em que foi criado o Sistema Nacional de Gestão da Qualidade, dez anos antes

(Decreto-Lei n.º 234/93 - Estabelece o Sistema Português da Qualidade, 1993)

Sistema Português da Qualidade (SPQ), é a estrutura que engloba, de forma integrada, as

entidades que congregam esforços para a dinamização da qualidade em Portugal e que assegura a

coordenação dos três subsistemas: da normalização, da qualificação e da metrologia, com vista ao

desenvolvimento sustentado do País e ao aumento da qualidade de vida da sociedade em geral.

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:19/101

Instituto Português da Qualidade é o órgão gestor do Sistema Português Qualidade, que garante

o planeamento, a dinamização e a avaliação das actividades a desenvolver no âmbito do Sistema

Português Qualidade. O IPQ e a entidade portuguesa responsável pela coordenação, gestão geral e

desenvolvimento do sistema português da qualidade, bem como de outros sistemas de qualificação no

domínio regulamentar, que lhe sejam conferidos por lei.

No âmbito das atribuições do Instituto Português da Qualidade, o subsistema da qualificação

enquadra as actividades da acreditação, da certificação e outras de reconhecimento de competências e

de avaliação da conformidade, no âmbito do Sistema Português da Qualidade.

A Acreditação de acordo com o Decreto-Lei 140/2004, de 8 de Junho, a Acreditação é o

procedimento através do qual o Organismo Nacional de Acreditação reconhece, formalmente, que uma

entidade é competente tecnicamente para efectuar uma determinada função específica, de acordo com

normas internacionais, europeias ou nacionais, baseando-se, complementarmente, nas orientações

emitidas pelos organismos internacionais de acreditação de que Portugal faça parte (Decreto-Lei n.º

140/2004 - Aprova a Reestruturação do Instituto Português da Qualidade, IP, 2004)

A Acreditação diferencia-se da certificação pelo facto de exigir um sistema da qualidade e

requerer a necessária competência técnica para garantir confiança nos resultados e produtos das

actividades acreditadas.

A função de organismo nacional de acreditação foi exercida pelo IPQ desde a sua criação, em

1986, mais recentemente é criado o Instituto Português de Acreditação ao qual é atribuída, em

exclusivo a função de acreditação (Decreto-Lei n.º 125/2004 - Cria o Instituto Português de

Acreditação, I.P., 2004)

De acordo com as atribuições do Instituto Português de Acreditação, cabe ao referido

organismo a função de acreditação dos laboratórios de ensaios de acústica e vibrações, nomeadamente

os ensaios de avaliação dos trabalhadores ao ruído durante o trabalho, de acordo com o método de

ensaios previsto no Decreto-Lei n.º 182/2006 (Decreto-Lei n.º 182/2006 de 6 de Setembro de 2006 -

Prescrições Mínimas em Materia de Exposição dos Trabalhadores aos Riscos devidos ao Ruído, 2006)

De acordo com o n.º 9 Art. 4.º do referido Decreto-lei, a medição do nível de ruído e sempre

realizada por entidade acreditada ou por um técnico(s) superior(es) de higiene e segurança do trabalho

ou por um técnico(s) de higiene e Segurança do trabalho que possua certificado de aptidão profissional

válido e formação especifica em matéria de métodos e instrumentos de mediação do ruído ao no

trabalho (Requisitos Específicos de Acreditação - Laboratórios de Ensaios de Acústica e Vibrações,

2013)

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:20/101

3.2.3 Norma 17025

A norma NP EN ISO/IEC 17025, designada “ Requisitos Gerais de (Competência para

Laboratórios de Ensaio e Calibração”, especifica os requisitos gerais de competência para realizar

ensaios segundo métodos normalizados, não normalizados e/ou desenvolvidos pelo(s) próprio(s)

laboratórios. Conforme já referido anteriormente, destina-se a desenvolver um sistema de gestão para a

qualidade e para as atividades administrativas do laboratório.

A referida norma é aplicável a todos os laboratórios, independentemente da sua dimensão e

diversidade de actividades de ensaio, podendo ainda ser utilizada pelos clientes, entidades

regulamentadoras e organismos de acreditação para confirmar a competência do Laboratório alvo de

acreditação. A presente norma divide os requisitos gerais de competência para laboratórios de ensaio e

calibração, em dois grupos de requisitos: requisitos de gestão e requisitos técnicos. Nos subcapítulos

seguintes, passamos a expor os requisitos da norma NP EN ISO/IEC 17025

3.2.3.1 Organização (Req. 4.1)

O Envolvimento da Gestão de topo é fulcral para a implementação de um SGQ num

laboratório para a obtenção da acreditação, sendo pertinente o seu envolvimento para a definição da

política de qualidade, devendo ainda contribuir para o balanço do funcionamento do sistema. Tal

envolvimento consubstanciará na revisão desse mesmo sistema, podendo originar a definição e

redefinição de planos de acção que exigem compromissos de gestão (Branco, 2010)

Para o efeito, a implementação de um sistema deverá ser procedida de uma análise SWOT do

sistema. Análise do meio externo através das oportunidades e ameaças. Análise do meio interno através

dos pontos fortes e pontos fracos, desta forma a organização poderá fazer as opções estratégicas para

onde pretende ir, sendo um instrumento precioso para desenvolvimento de uma estratégica empresarial,

funcionando como síntese das informações recolhidos dos diagnósticos externos e internos.

De uma forma genérica, o Laboratório deve definir como o laboratório do ruído se encontra

organizado, nomeadamente: personalidade jurídica, nome, morada, tipo de organização, descrição das

instalações. Deverá ainda neste requisito definir o pessoal técnico e de gestão com autoridade e meios

necessários ao desempenho das suas funções, livre de pressões internas/externas, dispor de um

procedimento que garanta a protecção da informação confidencial e dos direitos de propriedade dos

clientes, definir a organização e estrutura de gestão do laboratório (especificar a responsabilidade, a

autoridade e as inter-relações de todas as pessoas que gerem, executam ou verificam qualquer trabalho

que possa afectar a qualidade dos ensaios e/ou calibrações), nomear o gestor técnico e o gestor da

qualidade e seus substitutos, estabelecer a forma de comunicação no laboratório (Idem).

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:21/101

3.2.3.2 Sistema de Gestão (Req. 4.2)

O laboratório deve estabelecer, implementar e manter um sistema de gestão adequado ao

âmbito das actividades que desenvolve, neste sentido deverá documentar os seus programas,

procedimentos e instruções para garantir a qualidade dos resultados dos ensaios e/ou calibrações. O

SGQ deve prever ainda uma declaração de política da qualidade, conjunto das grandes linhas de

orientação estabelecidas pela Administração da organização, para todos os processos relevantes para a

qualidade. Segundo o Instituto Português da Qualidade “A declaração de política da qualidade deverá

ser concisa e inclui o requisito de que os ensaios e/ou calibrações sejam sempre executados de acordo

com os métodos estabelecidos e com os requisitos dos clientes”.

A estrutura documental hierarquizada generalista de um sistema de gestão apresenta o seguinte

aspecto.

Figura 5: Hierarquia da estrutura documental (Baptista, 2012)

3.2.3.3 Controlo de Documentos (Req. 4.3)

O procedimento de elaboração e controlo de documentos, deve garantir que a documentação

aprovada seja distribuída, controlada e que esteja sempre actualizada. Este procedimento deve ser

extensível, tanto aos documentos internos (Manual da Qualidade; Procedimentos; Instruções;

Impressos), como para os documentos externos (Normas; Legislação; Especificações).

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:22/101

3.2.3.4 Análise de Consultas, Propostas e Contratos (Req. 4.4)

Neste requisito, o Laboratório deve ser capaz de verificar a capacidade e recursos para efectuar

os ensaios requeridos, cumprir os prazos, devendo ainda garantir que qualquer diferença entre a

consulta ou a proposta e o contrato devem ser resolvidas antes de se iniciar qualquer trabalho.

3.2.3.5 Subcontratação de Ensaios (Req. 4.5)

Em casos em que seja necessário promover a subcontratação de ensaios, o laboratório deve

informar o cliente por escrito de tal facto. O laboratório é responsável perante o cliente pelo trabalho

efectuado pelo subcontratado, por seu lado o Laboratório subcontratado deve ser competente e essa

competência deve ser evidenciada.

3.2.3.6 Aquisição de Produtos e Serviços (Req. 4.6)

Com este requisito pretende-se garantir que o laboratório tenha um procedimento para a

selecção e compra dos produtos e serviços que utiliza, que influenciam a qualidade dos ensaios e

calibrações, devendo ser definida a metodologia para compra, recepção e armazenamento de reagentes

e produtos consumíveis de laboratório relevantes para ensaios e calibrações.

Ao nível dos materiais e serviços relevantes para a qualidade dos ensaios deve-se definir os

procedimentos para a sua selecção e compra, recepção e armazenamento e sua inspecção para

verificação da conformidade face as normas e métodos de ensaio.

No que se refere aos fornecedores de materiais e de serviços relevantes devem ser qualificados

e avaliados, quanto a antiguidade, amostra iniciais, informações, auditorias, qualidade, preço e prazo de

entrega do material ou serviço.

3.2.3.7 Serviço ao Cliente (Req. 4.7)

O serviço ao cliente deve atender às solicitações dos cliente, nomeadamente esclarecer e

informar o cliente sobre o âmbito de acreditação e contratação, permitir o acesso ao laboratório quando

aplicável. Disponibilizar ao cliente os registos e instruções para colheita de amostra e devolução dessas

mesmas amostras, quando aplicável.

Desta forma, o laboratório deve valorizar a existência de uma boa relação com os seus

clientes, estando sempre disponível para prestar esclarecimentos relacionados com os seus pedidos.

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:23/101

3.2.3.8 Reclamações (Req. 4.8)

O laboratório deve ter um procedimento para tratamento de reclamações que lhe sejam

apresentadas por clientes ou por terceiros, nomeadamente registo de reclamações, investigar as origens

das reclamações, promover a implementação de acções correctivas, devendo sempre dar resposta ao

cliente.

3.2.3.9 Controlo de Trabalho de Ensaio não Conforme (Req. 4.9)

O Laboratório deve ter procedimentos para controlo de trabalhos não conformes, sempre que

qualquer aspecto do seu trabalho de ensaio e/ou calibração, ou os respectivos resultados, não esteja

conforme com os seus próprios procedimentos, ou com os requisitos acordados com o cliente

(situações de anomalia detectadas no âmbito das actividades do Laboratório).

Neste sentido, o laboratório deve avaliar o trabalho não conforme, promovendo acções

correctivas para evitar a recorrência, devendo informar o cliente quando aplicável.

3.2.3.10 Melhoria (Req. 4.10)

Neste requisito deve ter em consideração a prossecução de melhorar continuamente a eficácia

do SGQ, através das seguintes fontes de informação: política da qualidade, objectivos da qualidade,

resultados de auditorias internas e externas, acções corretivas e preventivas, bem como o resultado da

revisão pela gestão.

Dando resposta ao presente requisito o Laboratório deve definir os indicadores mensuráveis e

metas a atingir, que permitam a monitorização sistemática da evolução do cumprimento dos objectivos

do Sistema da Qualidade. Definindo ainda programas de acções de melhoria a implementar.

3.2.3.11 Acções Correctivas (Req. 4.11)

As acções correctivas destinam-se a eliminar as causas de uma não conformidade detectada, de

modo a evitar a sua recorrência. Estas acções surgem na sequência da identificação de trabalho não

conforme, ou desvios relativos às políticas e procedimentos estabelecidos no SGQ ou nas operações

técnicas, atendendo ao controlo de registos internos de reclamações ou auditorias internas ou externas.

Depois de determinadas as causas que originaram o problema são definidas e implementadas as

acções correctivas apropriadas à dimensão do problema e aos riscos decorrentes, devendo ainda o

laboratório acompanhar os resultados dessas mesmas acções correctivas a fim de garantir as mesmas

são eficazes.

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:24/101

3.2.3.12 Acções Preventivas (Req. 4.12)

Por seu lado as acções preventivas surgem da identificação das melhorais necessárias e as

fontes potenciais de não-conformidades, estas destinam-se a eliminar as causas de uma não

conformidade detectada, de modo a evitar a sua recorrência. Segundo o Guia para a Aplicação da NP

EN ISO/IEC17025, “Consideram-se como acções preventivas aquelas que se destinam a evitar o

aparecimento de não conformidades ou que promovam a melhoria”.

Depois de identificadas as oportunidades de melhoria são definidas e implementadas as acções

preventivas, devendo ainda o laboratório acompanhar os planos de acção de ocorrência de tais não-

conformidades, resultando em oportunidades de melhoria.

3.2.3.13 Controlo de Registos (Req. 4.13)

O Laboratório deve estabelecer e manter procedimentos para identificação, recolha, indexação,

acesso, arquivo, armazenamento, manutenção e eliminação dos registos técnicos e da qualidade, estes

constituem a evidência de que foram cumpridos os requisitos do Sistema da Qualidade. O Laboratório

deve ter procedimentos para controlo de registos através da definição dos registos a criar, tempo e local

de arquivo, devendo ainda promover a sua preservação, acessibilidade e organização. Os prazos

mínimos para conservação de registos aconselhados pelo Guia para a Aplicação da NP EN

ISO/IEC17025, a saber:

Tabela 1:Prazos Mínimos para Conservação de Registos

PRAZOS MÍNIMOS PARA CONSERVAÇÃO DE REGISTOS

Registos Prazo mínimo

Dados originais e derivados

dos ensaios/calibrações

Até ao final do terceiro ano civil seguinte ao da realização do ensaio/calibração

Cópias dos relatórios

certificados emitidos

Até ao final do terceiro ano civil seguinte ao da sua substituição ou

realização (o maior dos dois prazos)

Registos da qualidade e

técnicos

Conservados durante a vida útil do equipamento – para evidenciar

a conformidade do equipamento durante o período de actividade

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:25/101

3.2.3.14 Auditorias Internas (Req. 4.14)

O Laboratório deve realizar auditorias internas periódicas às suas actividades e procedimentos,

de forma a verificar se as suas operações continuam a satisfazer os requisitos de gestão da norma.

Desta forma a auditoria deve ser encarada como ferramenta de gestão, promovendo a sua melhoria

continua através da detecção e correcção das suas deficiências. O Guia para a Aplicação da NP EN

ISO/IEC17025, recomenda que o ciclo de auditoria interna seja completado em intervalos de 12 meses

(Guia para Aplicação da NP EN ISO/IEC, 2010)

3.2.3.15 Revisão pela Gestão (Req. 4.15)

O Procedimento para a revisão periódica do sistema da Qualidade pela gestão, tem por intuito

avaliar o funcionamento do sistema da qualidade, identificando as suas oportunidades de melhoria. O

Guia para a Aplicação da NP EN ISO/IEC17025, recomenda que as revisões pela gestão tenham uma

periodicidade mínima anual (Idem).

São muitos factores que determinam a exactidão e fiabilidade dos ensaios realizados, tais

como, factores humanos, equipamentos, rastreabilidade das medições, métodos de ensaio.

Seguidamente expor os requisitos técnicos da norma NP EN ISO/IEC 17025.

3.2.3.16 Pessoal (Req. 5.2)

De forma a garantir a competência de todos os elementos do seu quadro de pessoal que

trabalha com equipamentos específicos, realiza ensaios e/ou calibrações, avalia resultados e assina os

relatórios de ensaios e certificados de calibrações, deve-se definir as qualificações mínimas exigíveis

para os diferentes cargos/postos de trabalho/funções do laboratório, nomeadamente a escolaridade e

formação, experiência e ou competência demonstrada, certificação quando aplicável.

Periodicamente, o laboratório deve identificar as necessidades de formação e providenciar

formação ao pessoal do laboratório, adequada às tarefas actuais e previsíveis do laboratório,

promovendo ainda a avaliação de eficácia da formação.

3.2.3.17 Pessoal, Instalações e Condições Ambientais (Req. 5.3)

O Laboratório deve assegurar que as instalações e as condições atmosféricas utilizadas pelo

laboratório não invalidem os resultados ou afectem a qualidade requerida de qualquer medição

(Branco, 2010).

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:26/101

3.2.3.18 Métodos de Ensaio (Req. 5.4)

O Laboratório deverá utilizar métodos de ensaio e/ou calibração e validação, adequadas para a

realização dos ensaios dentro do seu âmbito de actividade, indo de encontro às necessidades dos

clientes e de acordo com a legislação em vigor.

De uma forma abrangente podemos tipificar os métodos em: Métodos normalizados

(correspondendo aos métodos publicados sob a forma de normas ou noutros documentos reconhecidos

internacionalmente pela comunidade cientifica), Métodos não normalizados (métodos normalizados

que o laboratório modifica parcialmente de modo a tornar compatíveis com a sua estrutura) e Métodos

desenvolvidos pelo laboratório (desenvolvidos pelo próprio laboratório ou adaptados de publicações

sem grande aceitação internacional).

3.2.3.19 Equipamento (Req. 5.5)

O laboratório deve dispor de todo o equipamento para a amostragem, medição e ensaio

necessários à correcta execução dos ensaios e/ou calibrações, o equipamento utilizado para a realização

de ensaios, medições complementares e padrões de referencia. O Laboratório deve estabelecer e manter

procedimentos para a manutenção, manuseamento, armazenamento, transporte, verificação

(procedimento que inclui uma análise e emissão de um certificado de verificação e que confirma se o

instrumento de medição satisfaz os requisitos regulamentares) e calibração (conjunto de operações que

estabelecem em condições especificadas, a relação entre os valores da grandeza com incertezas de

medição provenientes de padrões e as indicações correspondentes com incertezas de medição

associadas) do equipamento (Vocabulário Internacional de Metrologia - Conceitos Fundamentais e

Gerais e Termos Associados, 2012)

3.2.3.20 Rastreabilidade das Medições (Req. 5.6)

A rastreabilidade das medições e realiza-se através de certificados de calibração dos

equipamentos, emitidos por laboratórios externos, que possam demonstrar competência, capacidade de

medição (Branco, 2010)

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:27/101

3.2.3.21 Amostragem (Req. 5.7)

O laboratório deve ter procedimentos para o registo dos dados e operações relacionados com a

amostragem (procedimento definido pelo qual é recolhida uma parte de uma substância material ou

produto que proporcione uma amostra representativa do todo para ensaio), que façam parte dos ensaios

e/ou calibrações realizadas.

A responsabilidade pela amostragem deve ser explicitada no Relatórios de Ensaios, ao nível

do Laboratório, este é responsável pelo procedimento para realiar amostragens, plano de amostragem,

registos de dados relacionados com as operações de amostragem, vulgo folha de apontamentos, quando

aplicável.

3.2.3.22 Manuseamento dos Itens a Ensaiar (Req. 5.8)

O laboratório deve ter procedimentos para o transporte, recepção, manuseamento, protecção,

armazenamento, conservação e /ou eliminação de itens a ensaiar e/ou calibrar.

3.2.3.23 Garantir a Qualidade dos Resultados de Ensaios e de Calibração (Req. 5.9)

De forma a garantir a validade dos ensaios realizados, o laboratório deve desenvolver

periodicamente um conjunto de acções de controlo da qualidade para monitorizar e validar os

resultados dos ensaios e calibrações realizados, incluindo a participação em ensaios interlaboratoriais.

Deve estar definido para cada método quais os controlos a efectuar, sua periodicidade e os critérios

para aceitação/rejeição dos resultados.

3.2.3.24 Apresentação de Resultados (Req. 5.10)

A apresentação dos resultados de cada ensaio e ou calibração realizados pelo laboratório deve

ter uma forma exacta, clara, inequívoca e objectiva, de acordo com as instruções específicas de cada

método de ensaio e/ou calibração. Na apresentação do relatório de ensaio acreditado é obrigatório o uso

da marca de acreditação (Branco, 2010)

Figura 6: Exemplo de Marca de Acreditação de Ensaios

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:28/101

3.3 Determinação da Exposição ao Ruído Profissional: NP EN ISO 9612 2011 e

Decreto-Lei n.º 182/2006;

A norma NP EN ISO 9612 2011 estabelece uma abordagem faseada para a determinação da

exposição ao ruído ocupacional a partir de medições dos níveis de pressão sonora. De uma forma

genérica, a referida norma especifica o método de engenharia para os ensaios de ruido ocupacional e o

correspondente cálculo do nível de exposição pessoal ao ruído.

O procedimento prevê a existência de um conjunto de fases, a desenvolver na realização de

ensaios de ruído ocupacional: análise do conteúdo de trabalho; seleção da estratégica de medição,

sendo que a presente norma especificada três estratégicas de medição (mediação baseada em tarefas;

mediação baseada nos postos de trabalho e medição do dia completo de trabalho); medições,

tratamento de erros e avaliação da incerteza, cálculos e apresentação de resultados. Apresenta ainda

orientações para a seleção dos postos de trabalho e objetivos de estudo, fornecendo ainda uma folha

informativa para medir o cálculo dos resultados das medições incertezas associadas.

O Decreto-Lei n.º 182/2006 relativo às prescrições mínimas de segurança e saúde no trabalho,

em matéria de exposição dos trabalhadores aos riscos devidos ao ruído, transpõe para a ordem interna a

diretiva n.º 2003/10/CE. O referido diploma legal define os valores limites de exposição e valores de

ação, legisla a obrigatoriedade de avaliar as atividades suscetíveis de apresentar risco de exposição ao

ruído, dá a indicação das metodologias e instrumentos para determinação da exposição do trabalhador,

prevê a apresentação de medidas para a redução da exposição e de proteção individual dos

trabalhadores, vigilância médica destes e informação, formação e consulta dos trabalhadores neste

âmbito (Mendes, 2011).

Seguidamente, descreve-se os requisitos mencionados na norma EN ISO 9612 2011, fazendo a

triangulação com o conteúdo do Decreto-Lei n.º 182/2006, de forma a desenvolver um método de

ensaio de Ruído Ocupacional - Avaliação de Exposição ao Ruído, durante o Trabalho, de acordo com

as obrigatoriedades legais e requisitos técnicos.

3.3.1 Equipamentos

Na realização de ensaios podem ser utilizados sonómetros integrados, cumprindo os requisitos

definidos para a classe de exatidão 1 ou 2, definidas na IEC 61672-1:2002, preferencialmente

equipamentos de classe de exatidão 1 e dosímetros que satisfaçam os requisitos da IEC 61252.

(Requisitos 5.1 – sonómetros e dosímetros), (Determinação da Exposição ao Ruído Profissional: NP

EN ISO 9612 2011, 2011)

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:29/101

Em concordância com o n.º 1 do anexo II do Decreto- lei n.º 182/2006, legislando que os

instrumentos de medição devem dispor das características temporais necessárias em função do tipo de

ruído a medir e das ponderações em frequência A e C e cumprir, no mínimo, os requisitos equivalentes

aos da classe de exactidão 2, de acordo com a normalização internacional, sendo preferível a utilização

de sonómetros da classe 1, para maior exatidão das medições (Decreto-Lei n.º 182/2006 de 6 de

Setembro de 2006 - Prescrições Mínimas em Materia de Exposição dos Trabalhadores aos Riscos

devidos ao Ruído, 2006)

De acordo com os requisitos específicos de acreditação do IPAC, recomenda ao nível da

frequência/periocidade mínima da avaliação metrológica (calibração e ensaio) inicial do sonómetro, os

filtros de banda de oitava e terço de oitava, sendo que o sonómetro é objecto de verificação metrológica

legal anual, sendo que o dosímetro carece de uma calibração anual (Requisitos Específicos de

Acreditação - Laboratórios de Ensaios de Acústica e Vibrações, 2013)

3.3.2 Análise do Conteúdo do Trabalho e Seleção Estratégias de Métodos de Medição

A selecção da estratégia de medição é influenciada por vários fatores, nomeadamente,

finalidade das medições, complexidade da situação de trabalho analisada (dando enfâse à produção, ao

processo, à organização, aos trabalhadores è as atividades, número de trabalhadores envolvidos e a

duração efectiva do dia de trabalho) e tempo disponível para medição e volume da informação objecto

de análise (Req. 7 e 8), (Determinação da Exposição ao Ruído Profissional: NP EN ISO 9612 2011,

2011)

O n.º 2 do Art.4.º do Decreto-Lei n.º 182/2006 prevê que os métodos e equipamentos adotados

devem ter em consideração às condições existentes, a saber, características do ruído a medir e duração

da exposição, os fatores ambientais e às características dos equipamentos (Decreto-Lei n.º 182/2006 de

6 de Setembro de 2006 - Prescrições Mínimas em Materia de Exposição dos Trabalhadores aos Riscos

devidos ao Ruído, 2006)

O artigo subsequente do referido diploma prevê que o empregador deverá proceder à avaliação

de riscos nas atividades suscetíveis de apresentar riscos de exposição ao ruído. Sou de opinião que tais

aspetos deverão ser tidos em conta durante todo processo de avaliação de riscos, nomeadamente ao

nível da análise do conteúdo de trabalho, na seleção das estratégicas de ação, nas medições a efetuar e

plasmada na informação a incluir no relatório, entre outras. A título exemplificativo temos o nível, a

natureza e a duração da exposição, os valores limite de exposição de ação (Idem), os efeitos sobre a

segurança e a saúde dos trabalhadores sensíveis aos riscos a que estão expostos, os efeitos indiretos

resultantes de interações entre o ruído e as substâncias ototóxicas presentes no local, os sinais sonoros

necessários à redução de riscos de acidente, as informações prestadas pelo fabricante do equipamento

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:30/101

de trabalho, o prolongamento da exposição dos trabalhadores ao ruído e disponibilidade de protetores

auditivo.

Assim, a seleção da estratégia de medição deverá ser obrigatoriamente antecedida da análise do

conteúdo de trabalho alvo de medição, devendo obter toda a informação necessária para descrever

todas as atividades da empresa e postos de trabalho em análise, definir os grupos de exposição

homogénea ao ruido, determinar o(s) dia(s) nominais, para cada trabalhador ou grupo de trabalho,

identificar os possíveis eventos de ruído significativos, estabelecer o plano de medição. (Req. 7.1),

(Determinação da Exposição ao Ruído Profissional: NP EN ISO 9612 2011, 2011).

No desenvolvimento do presente trabalho e dando resposta ao presente requisito no que se

refere à análise do conteúdo do trabalho foi elaborado o modelo plano de medição. A título

exemplificativo apresentamos em anexo o Plano de Medição, elaborado para a Estação de Serviço, de

acordo com o Anexo D.

Os grupos de exposição homogénea ao ruído, também designado por grupo de exposição

similar ao ruído (Estados Unidos da America), são constituídos por trabalhadores que têm a mesma

atividade, sendo por isso expectável que a exposição ao ruído destes grupos seja similar ao longo do

dia de trabalho. Na identificação e definição de grupos de exposição homogénea ao ruído poderá

atender-se de acordo com a designação do posto de trabalho, às funções desempenhas, da área de

trabalho correspondente ou respetiva profissão (Req. 7.2), (Idem). Independentemente da definição

do(s) grupo(s) de trabalho, a sua constituição deve ser verificada, consultados os trabalhadores e

supervisores alvo de estudo e subsequentemente, avaliados os resultados das medições. Caso a

contribuição da amostragem para a incerteza c1u1, seja superior a 3,5 dB, dever-se-á modificar o grupo

de exposição homogénea ou aumentar o número de medições de modo a reduzir a incerteza (Req.

10.4), (Idem).

A determinação do(s) dia(s) nominais, para cada trabalhador do grupo de trabalho inclui os

períodos de pausa e as pausas, devendo o Laboratório obter toda a informação necessária para

descrever as tarefas (conteúdo e duração) e a sua variação; principais fontes de ruído e áreas ruidosas

de trabalho de trabalho, equacionar os padrões de trabalho e eventuais eventos ruidosos significativos,

número e duração das pausas, reuniões, etc. O dia nominal corresponde ao dia de trabalho selecionado

que servirá de base para a determinação da exposição ao ruído, (Req. 3.3), (Idem).

De realçar que as medições devem ser planeadas de forma a garantirem que todos os eventos

ruidosos significativos são considerados, de modo a ter uma visão geral e um conhecimento de todos os

fatores que possam influenciar a exposição ao ruído. No desenvolvimento do estudo caso Avaliação de

Exposição de Trabalhadores Autárquicos ao ruído, durante o Trabalho, criamos uma lista de controlo

de forma a garantir que os eventos ruidosos significativos são detetados no decorre da análise do posto

de trabalho. (ver anexo C) Durante a definição do(s) dia(s) nominal para cada trabalhador ou grupo

deve-se consultar os trabalhadores e a gestão da empresa. Nos casos em que não se possa definir a

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:31/101

exposição diária típica, o dia nominal pode ser definido a partir da análise das situações de trabalho

durante vários dias. (Req. 7.3), (Idem).

Depois da análise do conteúdo do trabalho, passamos a uma segunda etapa, onde se vai

selecionar a estratégia de mediação. Conforme mencionado anteriormente, esta é influenciada por

vários fatores, a norma NP EN ISO 9612 2011, prevê três estratégias de medição para determinação da

exposição ocupacional ao ruído, nomeadamente mediação baseada na tarefa; medição baseada no posto

de trabalho e medição baseada no dia de trabalho completo. Nos subcapítulos seguintes, abordamos as

referidas estratégicas de mediação, procedendo a sua explanação no que se refere á sua

conceptualização, àelaboração do plano de medição correspondente à realização das medições, de

acordo com o fluxograma de etapas cronológicas de ensaios de realização de ensaios de ruído

ocupacional. (Ver anexo A)

3.3.2.1 Medição baseada nas tarefas:

Neste âmbito, a terminologia tarefa corresponde a uma parte distinta da atividade profissional

do trabalhador (Req. 3.5), (Idem). Na estratégica de medição baseada na tarefa, o trabalho

desenvolvido ao longo do dia é analisado e dividido em número de tarefas representativas, procedendo-

se à medição dos níveis de pressão sonora da cada uma delas. Deverá evidênciar claramente as tarefas

que produzem níveis de ruído elevados (garantindo assim que todas as contribuições relevantes de

ruído sejam comtempladas no período de medição) e de forma à minimização do tempo necessário para

ser obtido um determinado valor para a incerteza de medição, sendo importante identificar as fontes

sonoras e as tarefas que contribuem para um valor de nível de pressão sonora de pico mais elevado.

Nos casos em que um número elevado de trabalhadores exercem atividades idênticas e em ambientes

acústicos idênticos, a utilização desta estratégica reduz significativamente o tempo de medição da

exposição ao ruído. (Req. 9.1 e 9.2), (Idem).

Esta estratégia é recomendada para as atividades profissionais em que a posição de trabalho é

fixa ou sendo um posto de trabalho móvel deverá corresponder a um número reduzido de tarefas.

Seguidamente apresenta-se o organograma da realização de ensaios de ruído ocupacional, baseada nas

tarefas.

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:32/101

Figura 7: Organograma da realização de Ensaios de ruído Ocupacional -Estratégia de Medição baseada na Tarefa

Medição baseada

na Tarefa

Posição de

trabalho fixa

Posto de

trabalho

Móvel

Simples

ou Tarefa

Única

Complexa

ou

múltiplas

tarefas

Número

reduzido

de tarefas

Padrão de

trabalho

previsível

Número

reduzido

de tarefas

ou padrão

de trabalho

complexo

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:33/101

3.3.2.2 Medição baseada no posto/atividade de trabalho:

Neste âmbito, a terminologia posto de trabalho corresponde à actividade profissional geral que

é realizada por um trabalhador, composto por todas as tarefas desempenhadas pelo trabalhador, durante

todo o dia de trabalho ou turno (Req. 3.6), (Idem).

Ao contrário da estratégia baseada nas tarefas, a medição baseada no posto/actividade de

trabalho não fornecem necessariamente qualquer informação sobre a contribuição relativa das diversas

tarefas constitutivas da actividade alvo de exposição diária ao ruído, não considerando as tarefas

desempenhadas no posto de trabalho. A título exemplificativo temos as seguintes tarefas de polimento,

desbaste e soldadura afecta aos profissionais de serralharia.

Recorrentemente utilizada quando se verifica a existência de padrões de atividade laboral, ou

quando não seja prático a descrição das tarefas e a sua análise detalhada, resultando na diminuição do

trabalho em análise. A contrapor a selecção e utilização desta estratégia de medição surge o dispêndio

de um grande período tempo na realização das medições, de forma a minimizar o grau de incerteza dos

resultados obtidos. (Anexo B) (Idem).

Esta estratégia é recomendada para as atividades profissionais em que a posição de trabalho

poderá ser fixa ou móvel, diferenciando-se das restantes, pela existência de múltiplas tarefas com

duração não especificada e ou sem tarefas atribuídas. Seguidamente apresenta-se o organograma da

realização de ensaios de ruído ocupacional, baseada no posto/actividade de trabalho.

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:34/101

Figura 8: Organograma da realização de Ensaios de ruído Ocupacional -Estratégia de Medição baseada no posto

de Trabalho/actividade de trabalho

Medição baseada no

posto/atividade de

trabalho

Posição de

trabalho fixa

Posto de

trabalho

móvel

Posição de

trabalho fixo

ou móvel

Complexa

ou

múltiplas

tarefas

Número

reduzido

de tarefas

Número

elevado de

tarefas ou

padrão de

trabalho

complexo

Padrão de

trabalho

previsível

Padrão de

trabalho

imprevisível

Sem

tarefas

atribuídas

Múltiplas

tarefas com

duração não

especificada

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:35/101

3.3.2.3 Medição baseada no dia Completo de trabalho

Por último, temos a estratégia de mediação baseada no dia completo de trabalho, onde a

quantificação a quantificação da exposição laboral ao ruído é medido continuamente ao longo de todo

o dia de trabalho, devendo abranger todas as contribuições de ruído. (Req. 11), (Idem)

Nesta estratégia é usual utilizar ensaios de mediação através de medidor pessoal de exposição

sonora, designado por dosímetro ou equipamentos similares. As medições devem ser representativas

das situações de trabalho relevante, caso não seja possível medir durante todo o dia de trabalho,

deverão abranger todos os períodos significativos de exposição ao ruído.

Esta estratégia é recomendada para os atividades profissionais em que a posição de trabalho é

móvel, em situações de padrões de exposição dos trabalhadores ao ruído desconhecidas, imprevisíveis

ou complexas. Sendo assim vantajosa em situações de padrões de atividade típicos e tarefas de difícil

descrição. (Anexo B), (Idem). Seguidamente apresenta-se o organograma da realização de ensaios de

ruído ocupacional, baseada no dia completo de trabalho.

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:36/101

Figura 9: Organograma da realização de Ensaios de ruído Ocupacional -Estratégia de Medição baseada no Dia

Completo de Trabalho

Medição baseada do

dia Completo

Posição de

trabalho fixa Posto de

trabalho fixo e

móvel

Posto de

trabalho

móvel

Complexa

ou

múltiplas

tarefas

Padrão de

trabalho

previsível

Padrão de

trabalho

imprevisíve

l

Número

reduzido

de tarefas

Número

elevado de

tarefas ou

padrão de

trabalho

complexo

Múltiplas

tarefas com

duração não

especificada

Sem

tarefas

atribuídas

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:37/101

3.3.3 Medição

A medição propriamente dita, corresponde aos trabalhos de medição dos níveis de pressão

sonora, através da quantificação do nível de exposição pessoal ao ruido. Vulgarmente designado de

trabalho de campo, este vai atender as medidas de base a medir, nomeadamente o Lp,A,eqT. e o Lp,C,pico,

quando seja pertinente e atendendo à estratégia medição utilizada.

O Lp,A,eqT. é determinado por dez vezes o logaritmo, de base 10, da razão entre o tempo médio

do quadrado da pressão sonora, ponderada A,pA, durante um determinado intervalo de tempo T

(começando em t1e terminando em t2), e o quadrado do valor da pressão sonora da referência, p0,

expresso em decibéis. (Req. 3.1), (Idem).

O Lp,A,eqT, nível de pressão sonoro contínuo equivalente encontra-se definido na alínea f) do

artigo 2.º (Decreto-Lei n.º 182/2006 de 6 de Setembro de 2006 - Prescrições Mínimas em Materia de

Exposição dos Trabalhadores aos Riscos devidos ao Ruído, 2006), definindo T como sendo o tempo de

exposição de um trabalhador ao ruído no trabalho (T = t2 – t1) e pA(t)), a pressão sonora instantânea

ponderada A, expressa em pascal, a que está exposto um trabalhador.

O nível de sonoro contínuo equivalente, por si só, representa um nível sonoro constante,

equivalente aos vários tipos de ruído durante o mesmo intervalo de tempo de exposição, este pode

aplicar-se a vários intervalos de tempo pré-definidos (Nunes, 2010).

O Lp,C,pico, é o valor máximo da pressão sonora instantânea a que o trabalhador está exposto,

definido matematicamente, pelo cálculo de dez vezes o logaritmo, de base 10, da razão entre o

quadrado do pico da pressão sonoro, ponderada C, PC,pico, e o quadrado de um valor de referência, p0,

expresso em decibéis (Req. 3.4), (Determinação da Exposição ao Ruído Profissional: NP EN ISO

9612 2011, 2011)

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:38/101

Ao nível das medidas de base a medir o Decreto-Lei n.º 182/2006 prevê que os instrumentos de

medição devem permitir quantificar o nível de pressão sonora contínuo equivalente, Lp,A,eqT., ou o nível

de exposição pessoal diária ao ruído, LEX,8h, e o nível de pressão sonora de pico, Lp,C,pico, (alínea b) do

n.º 4 do Anexo II (Decreto-Lei n.º 182/2006 de 6 de Setembro de 2006 - Prescrições Mínimas em

Materia de Exposição dos Trabalhadores aos Riscos devidos ao Ruído, 2006)

Para o cálculo da exposição pessoal diária ao ruído, devem ser consideradas as exposições

parciais, que correspondem aos diferentes locais onde este permanece e levam em consideração o

tempo de permanência. Assim, num local de nível sonoro Lp,A,eq, onde o trabalhador está T horas, a

exposição parcial diária é de:

Em que: LAeq,Tk, é o nível sonoro contínuo equivalente, ponderada A, de um ruído, num

intervalo de tempo Tk corresponde ao tipo de ruído K a que o trabalhador está sujeito Tk horas dia. O

valor de tempo de ocupação individual, T, foi obtido através de informações dadas pelos responsáveis e

pelos trabalhadores, de acordo com o n.º 6 do anexo II (Idem).

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:39/101

3.3.4 Equipamentos e Local de Medição

Na realização das medições e conforme exposto em capítulos anteriores podem ser utilizados

como instrumentos de medição: sonómetros integrados e dosímetros. O sonómetro deverá ser colocado

num determinado número de posições ou segurado manualmente enquanto o técnico de ruído segue um

trabalhador com mobilidade, por sua vez o dosímetro é colocado acessoriamente ao trabalhador objeto

de avaliação à exposição ao ruído.

O sonómetro é um equipamento de medição constituído essencialmente por um microfone,

amplificadores e um mostrador com um indicador de ponteiro ou digital (Nunes, 2010), normalmente

utilização para mediar a exposição ao ruído ocupacional de tarefas mais simples ou múltiplas em

postos de trabalho fixos.

Os níveis medidos pelo sonómetro integrador devem ser representativos do nível de pressão

sonora no ouvido do trabalhador e o seu posicionamento localizado preferencialmente num plano

central à cabeça do trabalhador (em linha com os olhos e com o eixo paralelo à visão do trabalhador),

duramente a execução normal do trabalho ou da tarefa. Caso seja possível, o sonómetro deve ser

colocado ou mantido a uma distância entre 0,1 e 0,4m de entrada do canal auditivo externo e, do lado

do ouvido mais exposto, nos restantes casos em que não seja possível manter a referida distância é

aconselhável a utilização de um dosímetro ou outro equipamento de medição. Quando não seja

possível definir de uma forma precisa a posição da cabeça do trabalhador, colocar o sonómetro entre

1,75 m mais ou menos 0,075 m acima do nível do solo no caso de trabalhadores de pé e 0,80 m mais ou

menos 0,05 m acima do ponto médio do plano sentado.

A utilização do dosímetro é vantajosa quando se realiza uma avaliação de exposição ao ruído

de trabalhadores com grande mobilidade e medições de longa duração, a sua utilização tem por base a

sua colocação no vestuário, no ombro, no colarinho ou no capacete, respeitando a distância de entre

0,10 e 0,30m em frente à orelha mais exposta. (alíneas b) e c) do n.º 1 do Anexo I (Idem).

A norma NP EN ISO 9612 2011 refere que o microfone deve ser posicionado na parte superior

do ombro, a uma distância de pelo menos 0,1 m da entrada do canal auditivo, do lado do ouvido mais

exposto e a, aproximadamente, 0,04 acima do ombro, sendo que a sua colocação não deve perturbar o

normal desempenho dos trabalhadores e influenciar os resultados das medições devido a impactos

mecânicos ou devido ao vestuário do trabalhador. (Req. 12.3), (Determinação da Exposição ao Ruído

Profissional: NP EN ISO 9612 2011, 2011)

Figura 10: Dosímetro (Brüel & Kjaer)

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:40/101

No que se refere ao posicionamento dos equipamentos de medição, o Decreto-Lei supra citado

refere que as medições, sempre que possível, devem ser realizadas na ausência do(s) trabalho(s) com a

colocação do microfone na posição em que se situa a orelha mais exposta. Quando a presença do

trabalhador for necessária, o microfone deve ser colocado a uma distância entre 0,1 m e 0,3 m em

frente à orelha mais exposta do trabalhador. (alíneas a) e b) do n.º 1 do Anexo I (Decreto-Lei n.º

182/2006 de 6 de Setembro de 2006 - Prescrições Mínimas em Materia de Exposição dos

Trabalhadores aos Riscos devidos ao Ruído, 2006)

Atendendo ao facto de se poder verificar variações significativas do nível de pressão sonora

fruto de pequenas alterações da posição do microfone, a direção de referência do microfone deve ser,

se possível, a do máximo ruído, determinado por um varrimento angular do microfone em torno da

posição da medição.

Tais variações do nível de pressão sonora, observadas durante o movimento do microfone,

deverão ser tratadas como variáveis ao longo do tempo e ponderadas em conformidade. Assim, os

dados de ruído e as avaliações da incerteza poderão ser obtidas pela divisão da medição total em três

períodos ou, preferencialmente seis períodos de igual duração (Req. 12.4), (Determinação da

Exposição ao Ruído Profissional: NP EN ISO 9612 2011, 2011)

Durante a realização das medições, deve-se proceder ao rastreio do sistema de medição através

da calibração acústica de todo equipamento, nomeadamente antes de cada serie de medições e no início

e fim de cada série de medições diária. Quando se verifiquem diferenças superiores 0,5 dB(A), entre os

valores de frequência obtidos no inicio da série de medição, as medições dessa série serão consideradas

invalidas (Req. 12.2), (Idem).

Segunda a legislação portuguesa, o intervalo de tempo de medição escolhidodeverá ser

possível obter os níveis de exposição sonora ou níveis sonoros contínuos equivalentes, ponderados A,

estabilizados a mais ou menos 0,5 dB (A). (alíneas c) do n.º 4 do Anexo I do (Decreto-Lei n.º

182/2006 de 6 de Setembro de 2006 - Prescrições Mínimas em Materia de Exposição dos

Trabalhadores aos Riscos devidos ao Ruído, 2006)

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:41/101

3.3.4.1 Medição baseada nas tarefas:

Na estratégica de medição baseada na tarefa, a duração das medições devem ser

suficientemente longas, de forma a representarem o nível de pressão sonora contínuo equivalente,

médio de cada tarefa. Devem ser registadas e incluídas no relatório final os acontecimentos desviantes

às condições de operação e de trabalho, deverão ainda ser feitas pelo menos três medições por cada

tarefa.

Nos casos em que a tarefa assua um carater cíclico, cada medição deverá abranger a duração de

pelo menos, três ciclos, se a duração desses mesmos três ciclos for inferior a 5 min, cada mediação

deverá ser de pelo menos 5 minutos. No caso de o ruído apresentar uma flutuação aleatória da tarefa, a

duração de cada medição deve ser suficientemente longa que permita a que o Lp,A,eqT,m seja

representativo de toda a tarefa (Req. 9.3), (Determinação da Exposição ao Ruído Profissional: NP EN

ISO 9612 2011, 2011)

Nos casos em que a medição tenha uma duração inferior a 5 min, a duração de cada mediação

deve ser igual à duração da própria tarefa, nas tarefas de maior duração a medição deverá ser de pelo

menos, 5 minutos, podendo contudo ser reduzido o tempo de medição se o nível de pressão sonora for

constante ou apresente um caracter repetitivo ou ainda se for considerado como um contributo menor

para a exposição geral ao ruído.

Tabela 2: Duração e Número de Medições e Validação da Amostra (Estratégia baseada na Tarefa)

Estratégia

Baseada na

Tarefa

Tarefas: Carater Geral Se o nível de pressão sonora

das tarefas for: Constante, ou

apresente um caracter

Repetitivo, ou Contributo

Menor p/ Exposição do ruído.

Tarefas: Cíclicas

Tarefas:

Aleatórias

< 5 min > 5 min > 5 min > 5 min

Duração de

Medições

Duração da

própria tarefa

Pelo menos

5 min Poderá ser < 5 min Pelo menos 5 min

Representativo da

tarefa

Número de

Medições 3 Medições 3 Medições

3 Medições (cada

medição deverá

abrangendo 3 ciclos)

3 Medições

Validação da

Amostra ≤ 3 d(B) resultado das três medições

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:42/101

Nos casos em que os resultados das três tarefas tenham, entre si, uma diferença igual ou 3

dB(A), deva-se aumentar o numero das medições através da realização da realização de três, ou mais,

medições adicionais da tarefa, ou subdividir a tarefa e repetir as medições podendo ainda aumentar a

duração para cada medição (Req. 9.3), (Idem).

Nesta estratégia de medição a determinação do nível de exposição diária ao ruído, ponderada

A, designado LEX,8h poderá ser efectuado através da duração de cada uma das tarefas ou a partir da

contribuição, em termos de ruído, da cada uma das tarefas. No primeiro caso, a partir do Lp,A,eqT,m e da

duração de cada uma das tarefas, definida matematicamente pela seguinte fórmula: (Req. 9.5), (Idem).

Onde o Lp,A,eqT,m, nível de pressão sonora contínuo equivalente, ponderada A, para a tarefa m, a

partir de I medições individuais, Lp,A,eqT,mi, (durante uma tarefa de duração Tm) de acordo com a

seguinte fórmula:

O cálculo LEX,8h a partir da contribuição, em termos de ruído, de cada uma das tarefas é

definido matematicamente pela seguinte fórmula:

Onde o LEX,8h,m corresponde ao nível de pressão sonora contínuo equivalente, ponderada A,

para a tarefa m e que contribui para o nível de exposição diária ao ruído.

Perante a utilização desta estratégia a partir da contribuição, em termos de ruído, de cada uma

das tarefas, os técnicos responsáveis pela realização dos ensaios, devem primeiramente calcular o nível

de ruído de cada tarefa, Lp,A,eqT,m, a partir dos valores obtidos por Lp,A,eqT,mi. Seguidamente, realiza-se o

cálculo da contribuição para o nível de exposição diária ponderada A, LEX,8h,m, terminado com o

cálculo do nível de exposição diária ao ruído, ponderada A LEX,8h.

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:43/101

3.3.4.2 Medição baseada no Posto/Actividade de trabalho:

A estratégica de medição baseada no posto/ actividade de trabalho necessita de

elevados tempos de medição, esta estratégia de medição consiste em retirar amostras aleatórias

da exposição ao ruído de postos/actividades de trabalho, através da medição do Lp,A,eqT.. A

quando do planeamento desta estratégia de medição deverão ser identificados os grupos de

exposição homogénea ao ruído, de acordo com a designação do posto de trabalho, as funções

desempenhadas, da área de trabalho correspondente ou à respectiva profissão (Req. 7.2)

(Idem).

A constituição de cada grupo de exposição homogénea deverá atender à duração

mínima cumulativa, a ser distribuída por todo o grupo de exposição homogénea indexada ao

número de trabalhadores no grupo delineado, conforme quadro o seguinte: (Req. 10.2), (Idem)

Tabela 3: Especificações para a Duração Mínima Total das Medições a efectuar num grupo de exposição

homogéneo (com uma dimensão nG)

Estratégia Baseada no Posto/Atividade Trabalho

N.º de trabalhadores no Grupo

de Exposição Homogénea nG

N.º de trabalhadores no Grupo de

Exposição Homogénea

nG ≤ 5 5 h

5< nG ≤ 15 5h + ( nG – 5) x0,5h

15< nG ≤ 40 10h + ( n

G – 15) x0,25h

nG > 40 17 h ou dividir o grupo

O plano de medição deverá contemplar pelo menos cinco amostras de forma a que a duração

cumulativa cumpra ou exceda a duração mínima mencionada a tabela anterior.

Caso a contribuição da amostragem para a incerteza c1u1, seja superior a 3,5 dB, dever-se-á

modificar o grupo de exposição homogénea ou aumentar o número de medições de modo a reduzir a

incerteza (Req. 10.4), (Idem).

Nesta estratégia de medição, o cálculo do nível de pressão sonora equivalente, ponderada A,

Lp,A,eqTe, para a duração efectiva do dia de trabalho, Te é dado pela fórmula:

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:44/101

O cálculo do nível de pressão sonora contínuo equivalente, ponderada A, LEX,8h, de um

determinado de grupo de trabalhadores de exposição homogénea é definido matematicamente pela

seguinte fórmula:

3.3.4.3 Medição baseada no dia completo:

Na medição baseada no dia completo de trabalho deve garantir que todas as contribuições

(padrões de exposição dos trabalhadores ao ruído) mais importantes estão comtempladas, sendo

aconselhável a utilização de um medidor pessoal de exposição sonora, tipo dosímetro nas medições de

longa duração.

Caso não seja possível efetuar as medições durante todo o dia de trabalho, as medições deverão

ser feitas durante o maior período possível do dia. Para o efeito devem ser feitas três medições de dias

completos do Lp,A,eqT.

Nos casos em que os resultados das três medições tenham, entre si, uma diferença igual ou 3

dB(A), deve-se aumentar o numero das medições através da realização de pelo menos mais duas

medições de dias completos de trabalho (Req. 10.4), (Idem)

Tabela 4: Especificações para a Número Mínimo total das medições baseadas no dia Completo de Trabalho

Nesta estratégia de medição, o cálculo do nível de pressão sonora equivalente, ponderada A,

Lp,A,eqTe, é dado pela fórmula:

O cálculo do nível de pressão sonora contínuo equivalente, ponderada A, LEX,8h, é definido

matematicamente pela seguinte fórmula:

Estratégia Baseada no Dia Completo de Trabalho

Número de Medições Pelo menos 3 Medições

Validação da Amostra ≤ 3 d(B) resultado das três medições

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:45/101

3.3.5 Tratamento de Erros e Avaliação da Incerteza

Neste subcapítulo, abordamos as fontes de erro e de incerteza que podem influenciar o

resultado das medições. De mencionar: as variações no trabalho diário, as condições de funcionamento,

a incerteza da amostragem (estas dependem da complexidade da situação do trabalho), os

equipamentos de medição e calibração (dependente da posição do microfone e a classe de exactidão

dos equipamentos de medição e calibrador utilizados), a posição do microfone, as falsas contribuições,

a ausência ou deficiente análise do conteúdo do trabalho, contribuições de fontes de ruído atípicas, as

quais deverão ser identificadas durante a análise do conteúdo de trabalho, etc.

As fontes de erro associadas à deficiente à ausência ou deficiente análise do conteúdo do

trabalho, deverão ser minimizadas através da adopção de boas práticas. De formas a reduzir os erros

devidos a impactos mecânicos no microfone, durante a realização dos ensaios, os técnicos deverão

garantir que o microfone ou o protector de vento, não sejam tocados ou atingidos. Deverão, evitar a

realização de medições em locais com correntes de grande fluxo de ar, ou utilizar para o efeito

protetores de vento nos microfones com um diâmetro mínimo de 60 mm nos sonómetros que sejam

utilizados na mão do operador.

Assim e de uma forma generalista, as contribuições de ruído relevantes devem ser identificas a

quando da análise do conteúdo do trabalho e da realização das medições, podendo originar a rejeição

ou correcção das medições. Caso se detete que as fontes de erro sejam significativas, estas devem ser

excluídas da medição, desde que tal procedimento seja indicado no relatório final, devendo incluir,

ainda, no relatório final o valor da incerteza associada à medição da exposição ocupacional (Req. 13),

(Idem).

3.3.6 Cálculo e Apresentação dos Resultados e da Incerteza

No desenvolvimento dos cálculos e apresentação dos resultados e da incerteza deve-se calcular

o nível de pressão pessoal, ponderado A, normalizada para um dia de trabalho de 8h, LEX,8h, conforme

capítulo anteriores e atendendo às estratégias de medição utilizadas na realização dos ensaios.

O LEX,8h encontra-se definido na alínea b) do artigo 2.º do (Decreto-Lei n.º 182/2006 de 6 de

Setembro de 2006 - Prescrições Mínimas em Materia de Exposição dos Trabalhadores aos Riscos

devidos ao Ruído, 2006), sendo calculado para um período normal de trabalho diário de oito horas (To)

T0 = 8h,, que abrange todos os ruídos presentes no local de trabalho, incluindo o ruído impulsivo,

expresso em dB (A), dado pela expressão:

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:46/101

No caso da realização dos ensaios terem em conta a atenuação proporcionada pelos protetores

auditivos, expressa em dB(A), definido matematicamente pela fórmula seguinte, de acordo com a

alínea c) do art. 2.º (Idem).

A determinação da incerteza associada à medição da exposição ocupacional ao ruído deve ser

incluída no resultado final do ensaio. A incerteza da medição é o parâmetro associado ao resultado de

medição que caracteriza a dispersão de valores que podem ser razoavelmente atribuídos à mensurada

(Quintã, 2012)

A determinação da incerteza associada à medição da exposição ocupacional ao ruído tem com

intuito evitar que as fontes de erro (contribuições indesejáveis ver subcapítulo: d) Tratamento de Erros

e Avaliação da Incerteza) para o nível de exposição sonora estejam presente no resultado final.

Seguidamente, apresentam-se as fontes de incerteza consideradas na determinação da incerteza

expandida do nível sonoro contínuo equivalente, ou nível de exposição sonora, normalizada para um

dia de 8 horas.

Figura 11: Organograma Fontes de Erro e de Incerteza - Estratégia de Medição baseada no Dia Completo de

Trabalho, na tarefa e posto/atividade de trabalho

Amostragem do nível sonoro

da tarefa

Estimativa da duração da

tarefa

Amostragem do nível sonoro

da função

Equipamento

Localização do microfone

Medição baseada

na tarefa

Medição baseada

no posto/atividade

de trabalho

Medição baseada

no dia completo

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:47/101

No referido esquema não se encontram previstas as fontes de incerteza referentes a falsas

contribuições, à ausência ou deficiente análise do conteúdo de trabalho e às contribuições de fontes

atípicas, uma vez que assume-se que estas são insignificantes, ou estão incluídas na amostragem do

nível sonoro. No caso de se verificar a existência de outas fontes de significativas de incerteza não

previstas, a sua contribuição deverá ser incluída no cálculo da incerteza combinada.

De salientar que os valores de LEX,8h devem ser apresentados juntamente com a incerteza de

medição calculada, ambos com resolução decimal. A comparação com os valores limite ou níveis de

acção deve ser feita com recurso à soma dos valores LEX,8h e incerteza de medição U, arredondada à

unidade (Requisitos Específicos de Acreditação - Laboratórios de Ensaios de Acústica e Vibrações,

2013)

3.3.7 Seleção de Protetores Auriculares Auditivos

Ao nível da utilização de Equipamentos de Protecção Individual (EPI`s), existem dois grandes

tipos de protectores auditivos: os abafadores (fazendo a cobertura de todo o pavimento auditivo) e os

tampões auriculares de inserção no canal auditivo externo. Os EPI`s, podem ainda ser classificados em

activos (incorporando dispositivos electrónicos que regulam a atenuação em função do espectro e/ou

do nível de pressão sonora) ou passivos (atenuação é conferida apenas de forma mecânica), atendendo

a forma de atenuação (Mendes, 2011).

Os protectores auditivos são equipamentos de protecção individual, que reduzem a propagação

do ruído desde a fonte sonora até ao ouvido médio, procurando evitar dessa forma um dano na audição

(Idem).

Protector auditivo proporciona a atenuação adequada quando um trabalhador com este

Protector, correctamente colocado fica sujeito a um nível de exposição pessoal diária efectiva inferior

aos valores limite e, se for tecnicamente possível, abaixo dos valores de acção inferiores

Nas situações em que os riscos resultantes da exposição ao ruído não possam ser evitados por

outros meios, devendo ser preferencialmente aplicadas medidas que protejam o colectivo de trabalho, o

empregador deve disponibilizar aos trabalhadores equipamentos de protecção individual no trabalho

que obedeçam à legislação aplicável.

Para a selecção de protectores auditivos, em função da atenuação por bandas de oitava, de

acordo com o método previsto, no anexo V (Decreto-Lei n.º 182/2006 de 6 de Setembro de 2006 -

Prescrições Mínimas em Materia de Exposição dos Trabalhadores aos Riscos devidos ao Ruído, 2006).

No método de Bandas de oitava (ver subcapítulo a) Caracterização de Som/Ruído, 4) Ruído

Ocupacional, Capitulo III) é calculado as atenuações médias Mf e dos desvios padrões associados sf,

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:48/101

para cada uma das bandas de frequência de oitava normalizadas. Para cada banda de oitava é calcular o

nível global, de acordo com a fórmula seguinte:

Face o existente e atendendo às situações em que os riscos resultantes da exposição ao ruído

não possam ser evitados por outros meios, devendo-se preferencialmente aplicadas medidas que

protejam o colectivo de trabalho, o empregador deve disponibilizar aos trabalhadores equipamentos de

protecção individual no trabalho que obedeçam à legislação aplicável

Para a selecção de protectores auditivos, em função da atenuação por bandas de oitava, em

função do método previsto, no anexo V, do Decreto-Lei n.º 182/2006 (Idem). No método de Bandas de

oitava (ver subcapítulo a) Caracterização de Som/Ruído, 4) Ruído Ocupacional, Capitulo III) é

calculado as atenuações médias Mf e dos desvios padrões associados sf, para cada uma das bandas de

frequência de oitava normalizadas. Para cada banda de oitava é calcular o nível global, de acordo com

a fórmula seguinte:

Depois de calcular os níveis globais, calcula-se o nível de sonoro contínuo equivalente a que

fica exposto o trabalhador equipado com protectores auditivos, de cada ruído k, de acordo com a

fórmula seguinte, de acordo com a alínea c) n.º1 do anexo V (Idem).

O cálculo do nível sonoro contínuo equivalente a que fica o trabalhador equipado com

protectores auriculares, designado pela expressão LEX,8h, efect é definido matematicamente pela seguinte

formula, de acordo com a alínea d) n.º1 do anexo V (Idem).

No âmbito do estudo dos protectores auriculares auditivos dos trabalhadores abrangidos pelo

presente estudo, desenvolvemos o Método Bandas de Oitavas. Neste sentido e após contacto com

Serviço de Saúde Ocupacional da Câmara Municipal de Almada, fomos informados da existência de

um único modelo de protector auricular para os trabalhadores expostos ao ruído durante o trabalho.

Assim encontra-se prevista nesta organização a utilização do protector auricular Peltor Optime

II da serie 3M, desenvolvido para ambientes ruidosos onde níveis de ruido são particularmente

dominados por frequências médias baixas (Catálogo Peltrol X - Portugal Produtos de Protecção

Individual e do Ambiente (3M), 2013)

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:49/101

Seguidamente apresentemos as atenuações médias d(B) e os desvios Padrão d(B) do protector

auricular auditivo Peltor Optime II da serie 3M, modelo H520A, conforme especificações técnicas:

Tabela 5: Atenuações médias d(B) e os desvios Padrão d(B) do protector auricular auditivo Peltor Optime II da

serie 3M, modelo H520A

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:50/101

4 Metodologia e Operacionalização do Estudo

4.1 Metodologia

Para a realização do presente estudo, abordamos as metodologias necessárias à acreditação de

um laboratório de ensaios, atendendo ao referencial normativo NP EN ISSO/IEC 17025. Tal opção tem

em consideração que as atividades de medição de ruído ocupacional podem ser realizadas pela via de

entidade acreditada pelo Instituto Português de Acreditação (IPAC), conforme o estipulado no n.º8

Art.º 4 (Decreto-Lei n.º 182/2006 de 6 de Setembro de 2006 - Prescrições Mínimas em Materia de

Exposição dos Trabalhadores aos Riscos devidos ao Ruído, 2006), acrescido da pertinência do estudo

deste normativo, uma vez que o Laboratório de Ruído da Câmara Municipal de Almada se encontrar

em fase de preparação da candidatura de acreditação ao Instituto Português de Acreditação (IPAC).

No desenvolvimento prático do presente estudo caso, avaliação de exposição de trabalhadores

ao ruído durante o trabalho, seguimos a metodologia prevista no Decreto-lei n.º 182/2006 de 6

Setembro, relativo às prescrições mínimas de segurança e saúde em matéria de exposição dos trabalhos

aos riscos devidos ao ruído e a NP EN ISO 9612 2001, relativa à determinação da exposição ao ruído

ocupacional Método de Engenharia (Determinação da Exposição ao Ruído Profissional: NP EN ISO

9612 2011, 2011)

Perante os objectivos propostos, inicialmente contactamos com os colaboradores da

organização em estudo de forma. Seguidamente promovemos a caracterização dos postos de trabalho e

aquisição dos dados necessários à prossecução dos objectivos, por fim realizamos a análise e

tratamento estatístico da informação recolhida.

De realçar que os dados do presente relatório e a restante documentação desenvolvida no

âmbito do referido estágio foi unicamente tratada pelas pessoas ligadas a ele (estagiário e respetivos

orientadores), não havendo qualquer possibilidade de quebra da confidencialidade. A informação

desenvolvida e suas conclusões são apresentadas sob a forma de estatísticas gerais e globais,

garantindo sempre o anonimato dos intervenientes nos ensaios, seguindo tal vereda, este compromisso

deontológico.

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:51/101

4.2 Caraterização da Amostra

Na definição da amostra considerou-se apenas trabalhadores da Administração Local

Autárquica, mais concretamente trabalhadores da Câmara Municipal de Almada, para o efeito

analisamos as atividades susceptíveis de apresentar riscos de exposição ao ruído.

Após análise do conteúdo de trabalho destes colaboradores e coadjuvados pelas Técnicas de

Segurança e Higiene do Serviço de Saúde Ocupacional, afetas a este organismo, optamos pela medição

dos níveis de ruído a alguns trabalhadores que exercem funções no Parque Municipal de Materiais e

Oficinas de Vale Figueira Parque, sito na Rua de Vale Figueira, n.º 30, na Sobreda (edifício adquiridos

pela Câmara Municipal de Almada, resultante da adaptação feita aos pavilhões da Expo 98).

Assim, atendendo que estamos perante um estudo académico, tendo como objetivo principal

possibilitar a aplicação prática dos conteúdos fundamentais ministrados no Curso de Pós-Graduação

para Técnico Superior de Higiene do Trabalho (2012-13) e executar ensaios de Ruído Ocupacional

cumprindo a Legislação, desenvolvemos uma amostra de conveniência.

A amostra é constituída por 6 lubrificadores que exercem funções na Estaço de Serviço e 8

mecânicos a exercerem funções nas Oficinas de Mecânicas, em ambos os casos afetos ao Serviço de

Transportes e Manutenção (STM) inserida no Departamento de Salubridade, Espaços Verdes e

Transportes (DSEVT).

Figura 12: Caracterização da Amostra

A amostra é constituída por 43 % de lubrificadores e 57% de mecânicos (Gráfico 5).

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:52/101

De uma forma muito simplista podemos definir lubrificadores, os trabalhadores que exercem

funções de manutenção e lubrificação do parque automóvel pertencente à Câmara Municipal de

Almada (CMA), segundo informação prestada pelo Chefe do Serviço de Transportes e Manutenção,

Eng.º Hugo Mestre, a duração diária de cada tarefa não pode ser determinada a partir da descrição do

trabalho, salientando que as condições de exposição ao trabalho são idênticas para as várias tarefas.

A estação de serviço é composta por 6 trabalhadores lubrificadores, cuja duração efectiva do

dia de trabalho é 07h00 e o horário de trabalho é das 06h30 às 13h30 e das 13h30 às 20h30 (existem

quatro lubrificadores têm a modalidade de trabalho por jornada continua) e das 08h00 até 16h00

(modalidade de trabalho horário fixo, está prevista para dois trabalhadores lubrificadores).

De acordo com informação prestada pelo Serviço de Saúde Ocupacional da Câmara Municipal

de Almada (SSO/CMA) está prevista utilização de protetores auriculares pelos lubrificadores durante a

utilização de operações com máquinas e equipamentos mecânicos.

Os mecânicos exercem funções gerais de manutenção preventiva, na reparação e,

ocasionalmente, na modificação de maquinas motores e outros equipamentos., profissionais

especializados na manutenção de automóveis.

Segundo informação prestada pelo Sr. Augusto na qualidade de encarregado da oficina

mecânica da CMA, a duração diária das tarefas exercidas pelos mecânicos não pode ser determinada a

partir da descrição do trabalho, salientando que as condições de exposição ao trabalho são idênticas

para as várias tarefas.

A oficina mecânica é composta por 8 mecânicos, cuja duração efectiva do dia de trabalho é

07h00 e o horário de trabalho é das 08h00 até 16h00 (modalidade de trabalho horário fixo, está prevista

para dois lubrificadores).

Segundo o Serviço de Saúde Ocupacional da Câmara Municipal de Almada (SSO/CMA) está

prevista utilização de protectores auriculares Peltor Optime II da serie 3M pelos mecânicos durante a

utilização de operações com máquinas e equipamentos mecânicos, conforme folha informativa dos 20

anos de Saúde Ocupacional em Almada (Campanha Equipamentos de Proteção Individual na

CMA/DPSSBET-SSO e Comissão e Subcomissão SSBET CMA, 2009)

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:53/101

4.3 Opções na Metodologia e Tratamento de Dados

Durante a realização do presente trabalho, de forma a avaliação de exposição de trabalhadores

autárquicos ao ruído durante o trabalho, tentamos seguir os requisitos mencionados na norma NP EN

ISO 9612 2011 e os requisitos mencionados na norma NP EN ISO/IEC 17025.

Atendendo ao facto da finalidade dos ensaios levados a cabo foi determinar a exposição ao

ruído ocupacional dos lubrificadores e mecânicos, afectos ao Serviço de Transportes e Manutenção

(STM) inserida no Departamento de Salubridade, Espaços Verdes e Transportes (DSEVT), a partir de

medições dos níveis de pressão sonora e atendendo ao tempo disponível de medição e volume da

informação objecto de análise, investigamos primeiramente o conteúdo de trabalho destes

trabalhadores.

Atendendo à caracterização da amostra mencionada no subcapítulo anterior, e dando resposta

ao presente requisito no que se refere à análise do conteúdo do trabalho foi elaborado o modelo plano

de medição para a Estação de Serviço e Oficina Mecânica, de acordo com o Plano de medição apenso

no Anexo D.

O grupo dos lubrificadores e o grupo dos mecânicos foram classificados como sendo grupos de

exposição homogénea ao ruído, uma vez que, são constituídos por trabalhadores que têm a mesma

atividade, sendo por isso expectável que a exposição ao ruído destes grupos seja similar ao longo do

dia de trabalho.

A estratégia de medição adoptada para estes dois grupos de trabalhadores foi a estratégia

baseada nos postos/actividade de trabalho, recomendada para as atividades profissionais em que a

posição de trabalho poderá ser fixa ou móvel, diferenciando-se das restantes, pela existência de

múltiplas tarefas com duração não especificada e, ou sem tarefas atribuídas.

Durante a constituição de cada grupo de exposição homogénea teve-se em atenção à duração

mínima cumulativa, a ser distribuída por todo o grupo de exposição homogénea indexada ao número de

trabalhadores no grupo delineado, conforme quadro mencionado no subcapítulo (Mediação Baseada no

Posto/Atividade de Trabalho), do capítulo 3.º (Req.10.2), (Determinação da Exposição ao Ruído

Profissional: NP EN ISO 9612 2011, 2011)

Assim a duração mínima total das medições para o grupo dos lubrificadores (6 pessoas) é de

5,30 h, sendo necessário um mínimo de cinco amostras de níveis de ruído, com a mesma duração. A

partir destas especificações, foi planeado efectuar seis medições com uma duração de 1 hora. A

duração mínima total das medições para o grupo dos mecânicos (8 pessoas) é de 6,50h, sendo

necessário um mínimo de cinco amostras de níveis de ruído, com a mesma duração. A partir destas

especificações, foi planeado efectuar sete medições com uma duração de 1 hora.

Durante a realização dos ensaios de ruído ocupacional, foi necessário fazer uma revisão aos

planos de medição, uma vez que um grande número de funcionários (lubrificadores/mecânicos) se

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:54/101

encontrarem de férias durante o período de Agosto, tendo-se reprogramado o agendamento das

referidas medições para o mês de Setembro.

De salientar ainda que alteração das datas de medição para o mês de Setembro, originou a

diminuição do prazo para elaboração do presente relatório de ensaio, face o exposto promoveu-se à

diminuição os tempos de medição de cada amostra. Assim foi planeado efectuar seis medições com

uma duração de 00h10, para o grupo dos lubrificadores, da mesma forma foi planeado efectuar sete

medições com uma duração de 00h10, para o grupo dos mecânicos.

Foi ainda planeada a realização de medições às fontes de ruído predominantes nestes locais de

trabalho, de acordo com a informação prestada pelos trabalhadores alvo de avaliação, nomeadamente a

dois compressores, chave de impacto pneumática e máquina de lavar carros (alta pressão), todos

localizados na estação de serviço e a rectificadora (ferramenta de mão) localizada na oficina mecânica,

medições tiveram a duração de 00h02, por cada fonte.

A realização destas medições teve como intuito avaliar a exposição ao ruído ocupacional dos

trabalhadores em relação ao nível de pressão sonora pico, não obstante se ter optado

metodologicamente pela estratégia de medição baseada nos postos/actividades de trabalho.

Figura 13: Foto Compressor Figura 14: Foto Chave de Impacto Pneumáticas

Figura 15: Foto Máquina de Lavar Carros Figura 16: Foto Bancada com ferramentas de Mão

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:55/101

Os locais de medição foram previamente delineados no plano de medição, encontrando-se

localizados junto dos postos de trabalho ou das fontes de ruído predominantes, conforme Plano de

Medição Estação de Serviço e plantas da Estação de Serviço e Oficina Mecânica. De uma maneira

geral, as medições foram efetuadas nos locais potencialmente afetados pelas atividades ruidosas em

estudo, onde se aplicam os requisitos legais.

A colocação do sonómetro durante a realização dos ensaios teve em atenção a posição da

cabeça do trabalhador, colocado entre 1,75 m mais ou menos 0,075 m acima do nível do solo no caso

de trabalhadores de pé e 0,80 m mais ou menos 0,05 m acima do ponto médio do plano sentado, acordo

com o Req. 12.3 (Determinação da Exposição ao Ruído Profissional: NP EN ISO 9612 2011, 2011)

Figura 15: Planta da Estação de Serviço Figura 16: Planta da Oficina Mecânica

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:56/101

4.4 Instrumentos

Durante a realização dos ensaios, foram utilizados os equipamentos necessários para a

amostragem, medição e ensaio (Sonómetro) e respetivo software de tratamento de dados (Noise

Explorer). Assim e dando resposta os requisitos 5.1; 5.2 e 5.3 da norma NP EN ISO 9612 2001,

utilizamos na medição um sonómetro de classe de exatidão 1, da marca Brúel & Kjaer modelo 2260,

número de série n.º 2412363 (em concordância com o n.º 1 do anexo II do Decreto-lei n.º 182/2006 de

6 Setembro), englobando um pré-amplificador e um calibrador modelo 4231, devidamente verificados

e calibrados.

De salientar que a calibração é o conjunto de operações que estabelecem, sob condições

especificadas, a relação entre os valores indicados por um instrumento de medição ou sistema de

medição, valores representados por uma medida materializada ou um material de referência, e os

valores correspondentes das grandezas estabelecidas por padrões, enquanto a verificação é o conjunto

de operações realizadas para avaliar o desempenho de um equipamento face ao uso pretendido,

verificação intermédia dos erros face ao critério de aceitação no intervalo entre calibrações/verificações

Figura 17: Sonómetro - BRÜEL & KJAER, Modelo 2260 / 4189 / ZC 0026

Durante a realização dos ensaios de avaliação da exposição dos trabalhadores ao ruído durante

o trabalho, o sonómetro supra citado foi configurado, atendendo aos parâmetros de medição

necessários a realização desses mesmos ensaios. Após selecção da tecla Setuo de Medição

(configuração dos Parametros), seguindo-se a opção Set-up Menu e Measurement Parameters,

procedeu-se a seguinte configuração: Range: 29,9-109.9 d(B), Bandwidth: 1/1-Oct., Peaks Over:

140d(B), Broad-band Start: Fast, Spectrum Meas.: Fast, Broad-band Meas.: A&L, Broad-band Stat.:

A, Spectrum Meas.: A.

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:57/101

5 Caracterização do laboratório do Ruído

O presente estágio, designado “estágio em contexto real de trabalho”, foi realizado no

Laboratório de Ruído da CMA, inserido na Divisão de Fiscalização Municipal, localizada na Rua

Cândido Capilé, n.º 9, 2800-043, em Almada.

Este estágio pretendeu permitir-me a aplicação prática dos conteúdos fundamentais,

ministrados durante o Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Higiene do Trabalho (2012-

13) e desenvolver um estudo caso de forma a contribuir para a definição de um modelo que permita ao

Laboratório de Ruído (LR) acreditar o método de ensaio de Ruído Ocupacional - Avaliação de

Exposição ao Ruído durante o Trabalho

A Câmara Municipal de Almada é um organismo da Administração do Estado, designada de

Administração Autónoma, sendo uma entidade que prossegue interesses próprios da pessoa que a

constitui e que define autonomamente e com independência a sua orientação e actividades. No âmbito

da administração autónoma, a CMA pertence á Administração local, a qual é constituída pelas

autarquias locais, cuja competência dos órgãos e serviços, restringe-se também ao território da

respectiva autarquia local e às meterias estabelecidas por lei, nos termos do n.º Art. 237.º (Constituição

da República Portuguesa - Sétima Revisão Constitucional, 2005)

Segundo a Constituição da Republica Portuguesa, as Autarquia locais podem ser definidas

como pessoas colectivas territoriais dotadas de órgãos representativos que visam a prossecução das

populações respectivas, sendo que as autarquias são formadas pelas freguesias, municípios e regiões

administrativas de acordo com o n.º 2 do Art.235.º (Idem).

A Câmara Municipal de Almada iniciou os primeiros ensaios acústicos ao nível das instalações

municipais no âmbito da segurança no trabalho, e mais tarde, através da partilha de recursos entre dois

serviços (Serviço de Saúde Ocupacional e Departamento de Ambiente). Os ensaios realizam-se no

exterior como resposta às necessidades comprovadas dos munícipes em matéria de comodidade

acústica (Fontes, 2013).

Com a evolução do processo legislativo, nomeadamente com a entrada em vigor do novo

Regulamento Geral do Ruído (RGR) em 1 de fevereiro de 2007, tendo por objectivo estabelecer o

regime de prevenção e controlo da poluição sonora, visando a salvaguarda da saúde humana e o bem-

estar das populações, surge a necessidade de aquisição de equipamentos sonoro que respeitasse as

normas vigentes, e formação de profissionais e assegurou-se a componente de fiscalização de ruído

sobre actividades ruidosas permanentes licenciáveis.

Desta forma, foram criados os recursos necessários a dar resposta às reclamações de ruído de

actividades ruidosas permanentes, através da avaliação do cumprimento do critério de incomodidade e

do critério de exposição máxima, de acordo com o definido nas alíneas a) e b), do nº1, do Artigo 13º do

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:58/101

D.L nº9/2007, de 17 de Janeiro (aprova o Regulamento Geral de Ruído), (Decreto-Lei n.º 9/2007 de 17

de Janeiro de 2007 - Regulamento Geral de Ruído, 2007).

Mais recentemente o LR iniciou o desenvolvimento e implementação de um Sistema de Gestão

de acordo com a norma NP EN ISO/IEC 17025, com vista a acreditação do ensaio de ruído ambiental –

avaliação do critério de incomodidade (Fontes, 2013).

No âmbito do Quadro Normativo Nacional da Prevenção de Riscos Profissionais, em matéria

de Segurança e Higiene no Trabalho a Câmara Municipal de Almada desenvolveu ao longo percurso na

qualificação das condições de trabalho dos seus colaboradores.

Este percurso com mais de vinte anos, iniciou-se com a criação e funcionamento da Comissão

e Subcomissões de Saúde, Segurança e Bem-Estar no Trabalho da CMA e SMAS, mesmos antes da

existência de legislação recomendada legal para a sua constituição (Exposição 20 Anos de Saúde,

Segurança, Bem-estar no Trabalho - Almada 1991-2011, 2011)

A organização do Serviço de Saúde Ocupacional foi proposta pela Sr.ª Presidente da Câmara

Municipal de Almada em 1987, sendo pela sua mão que o Município integra no seu projecto politico e

de gestão, as dimensões social e de saúde internas, que viriam a resultar no Serviço de Saúde

Ocupacional da Câmara Municipal de Almada e Serviços Municipalizados de Água e Saneamento

(SSO CMA/SMAS), (Idem).

Do ponto de vista documental, a história do SSO CMA/SMAS começa quando a Câmara

assume a criação dos Serviços Sociais dos Trabalhadores da Câmara Municipal e dos Serviços

Municipalizados, sendo a sua implementação prevista para o plano de Actividades e Orçamento de

1988.

Desde a sua criação foram vários os programas e acções dirigidas à prevenção de riscos

profissionais e promoção da saúde no trabalhado dos trabalhadores do município. Seguidamente e a

titulo exemplificativo apresentamos alguns destes programas e acções, a saber: criação da unidade

integrada e autónoma, Programa de Ginástica da Pausa local dos Trabalhadores dos Serviços técnicos,

caracterização de atitudes e comportamentos dos trabalhadores face à SIDA, Programa de rastreio,

Vigilância de doenças da próstata, perturbações Músculo-Esqueléticas nas actividades profissionais do

edifício sede dos SMAs, Elaboração, implementação e desenvolvimento do Plano de Contingência

Contra a Gripe A , campanha “A hipertensão Arterial não se sente. Mede-se. Passe a palavra e mesa a

sua”, entre outros (Idem).

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:59/101

6 Desenvolvimento do Trabalho

Durante a realização das medições, foram registos todos os dados relevantes para o ensaio,

nomeadamente: identificação do cliente em estudo, n.º de ensaio, local da medição, locais e as posições

de medição e do trabalhador, a data e hora e duração de cada conjunto de medições e calibrações, as

fontes sonoras presentes em cada ponto e determinantes para o nível sonoro medido; os níveis de

pressão sonora contínuo equivalente, ponderado A, os níveis de pressão sonora de pico, ponderado C e

a menção do técnico que realizou as medições. A titulo exemplificativo apresentamos em anexo a

folhas de apontamentos da Estação de Serviço, conforme Anexo F.

Os dados obtidos pelo sonómetro (as medições realizadas nos locais de trabalho foram

guardadas nos ficheiros Est. Serviço e Mecânicos criados para p efeito), foram importados para o

software Noise Explorer, tendo-se seleccionado os parâmetros que pretendíamos analisar, a saber: Start

Time, End time, Elapsed Time, Overload (%), LAeq (dB), LCpeak (dB), LAeq 63Hz (dB), LAeq

125Hz (dB), LAeq 250Hz (dB), LAeq 500Hz (dB), LAeq 1kHz (dB), LAeq 2kHz (dB), LAeq 4kHz

(dB), LAeq 8kHz (dB).

Posteriormente, foram exportados todos os de cada medição para Excel, através da opção

Export to Spreadsheet, os nomes dos ficheiros foram gravados de acordo com a designação das fontes

de ruído em estudo, a saber: Estação de Serviço Geral, Chave de Impacto, Compressor, Máquina de

Lavar Carros, Mecânica Geral e Rectificadora. Seguidamente reuniram-se os dados técnicos do

sonómetro de acordo com os locais das medições a avaliar, nomeadamente estação de Serviço e

Oficina Mecânica, conforme folha de excel com a designação dados do Sonómetro.

Figura 18: Dados do Sonómetro – Ficheiros Excel Estação de Serviço

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:60/101

No passo seguinte, realizou-se a integração dos dados das medições, de forma a calcular o

nível de pressão sonora equivalente, ponderada A e os níveis de pressão sonora de pico, ponderado C,

para o nível sonoro global dos locais de trabalhos em estudo e para as fontes de ruído predominantes. A

título exemplificativo, apresentamos os dados das folhas de Excel com a designação Dados das

Medições, referente ao nível sonoro global da Estação de Serviço e Oficina Mecânica.

Tabela 6: Dados das Medições – Ficheiro Excel Mecânica Geral

Tabela 7: Dados das Medições – Ficheiro Excel Estação de Serviço Geral

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:61/101

Depois da integração dos dados das medições, preencheu-se a folha de excel referente à

informação dos trabalhadores com os dados da recolha de informação facultada pela

empresa/Instituição, de mencionar, nomes dos trabalhadores, zona de trabalho, profissão, número de

beneficiário, sistema de segurança social, sexo, data de admissão e nascimento.

A informação constante deste último documento foi apresentada sob a forma de estatísticas

gerais e globais, sendo omissa quando aos dados pessoas dos intervenientes, desta forma pretendeu-se,

garantir o anonimato dos intervenientes nos ensaios.

Seguidamente, apresentamos os dados das folhas de Excel com a designação Informação da

Amostra, referente aos dados pessoas dos trabalhadores e o nível sonoro global da Estação de Serviço e

Oficina Mecânica.

Tabela 8: Informação dos Trabalhadores – Lubrificadores (ficheiro excel)

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:62/101

Tabela 9: Informação dos Trabalhadores – Mecânicos (ficheiro excel)

Após a introdução dos dados, o ficheiro determina automaticamente a exposição dos

trabalhadores para os níveis de pressão pessoal, ponderado A, normalizada para um dia de trabalho de

8h (LEX,8h) e para os níveis de pressão sonora de pico, ponderado C, (Lp,C,pico), de acordo com os valores

limites de exposição e valores de acção, definidos no Art. 3.º (Decreto-Lei n.º 182/2006 de 6 de

Setembro de 2006 - Prescrições Mínimas em Materia de Exposição dos Trabalhadores aos Riscos

devidos ao Ruído, 2006) e atendendo a seguinte tipologia de risco.

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:63/101

Nivel de Risco:

Risco Nulo

Risco Reduzido

Risco Considerável

Risco Alto

Nivel de Risco:

Risco Nulo

Risco Reduzido

Risco Considerável

Risco Alto

Descrição:

Valores de Lcpico inferiores 135 d(B)C

Valores de Lcpico superior ou igual a 135,0 dB(C) e

inferior a 137,0 dB(C)

Descrição:

Valores de LEx,8H superior ou igual a 80,0 dB(A) e

inferior a 85,0 dB(A)

Valores de LEx,8H superior ou igual a 85,0 dB(A) e

inferior a 87,0 dB(A)

Valores de LEx,8H superiores ou iguais a 87,0 dB(A)

Valores de Lcpico superiores ou iguais a 140,0 dB(C)

Valores de LEX,8h inferiores 80 d(B)A

Valores de Lcpico superior ou igual a 137,0 dB(C) e

inferior a 140,0 dB(C)

Tabela 10: Níveis de Risco (Exposição dos trabalhadores)

No âmbito do estudo dos protectores auriculares auditivos dos trabalhadores abrangidos pelo

presente estudo e conforme já mencionado nos capítulos anteriores, consideramos para o efeito o

Método Bandas de oitavas.

Face o exposto, e de forma a verificar se o protector auricular Peltor Optime II da série 3M,

utilizado pelo conjunto dos trabalhadores camarários que necessitam de protector auricular durante o

exercício das suas funções, conforme folha informativa dos 20 anos de Saúde Ocupacional em Almada:

Campanha Equipamentos de protecção Individual na CMA/ DPSSBET-SSO e Comissão e

Subcomissão SSBET CMA / Almada, 2009, é o mais indicado, de forma a não provocar a protecção

insuficiente ou excessiva

Para avaliar o referido protector auditivo, em função da atenuação por bandas de oitava, em

função do método previsto, no anexo V, (Decreto-Lei n.º 182/2006 de 6 de Setembro de 2006 -

Prescrições Mínimas em Materia de Exposição dos Trabalhadores aos Riscos devidos ao Ruído, 2006),

calculou-se o nível de sonoro contínuo equivalente a que ficam expostos os lubrificadores e os

mecânicos, equipados com o referido protector auditivo (LAeq,Tk, efect).

A titulo exemplificativo apresentamos a folha de excel com a designação Quadro III, referente

ao quadro de selecção de protectores auditivos em função da atenuação por bandas de oitava indicada

pelo fabricante para os mecânicos.

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:64/101

Figura 19: Quadro III – Quadro da Selecção e protectores auditivos em função da atenuação por bandas de oitava

indicada pelo fabricante (ficheiro excel)

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:65/101

7 Resultados

7.1 Validação dos Instrumentos Face à Amostra:

De forma a garantir a validação dos instrumentos face à amostra, procedeu-se a verificação do

Equipamento de Inspecção, Medição e Ensaio, tendo sido utilizado um processo de

calibração/verificação do equipamento, dando assim cumprimento ao Req. 5.6, da norma NP EN

ISO/IEC 17025, que exige a rastreabilidade das medições através de certificados de calibração dos

equipamentos, emitidos por laboratórios externos, que demonstrem ter competência.

Neste sentido, o Sonómetro, Microfone e Pré-amplificador da marca BRÜEL & KJAER,

modelo 2260 / 4189 / ZC 0026, foram calibrados e verificados a 8 de Julho do corrente ano, pelo

Instituto de Soldadura e Qualidade, conforme certificado de calibração CACV 780 / 13 e relatório de

verificação n.º 245,70 / 13,386, encontrado-se o equipamento apto e sem restrições. O Calibrador do

referido equipamento foi calibrado na mesma data, encontrando-se ele, também, apto e sem restrições.

Também se procedeu à verificação do Equipamento de Inspecção, Medição e Ensaio, mediante

a calibração do sonómetro antes e depois de cada série de medições, dando assim cumprimento ao

referido supra citado, e ao requisito. 12.2 (Determinação da Exposição ao Ruído Profissional: NP EN

ISO 9612 2011, 2011)

Para o efeito foi realizado o rastreio do sistema de medição através da calibração acústica do

equipamento, antes de cada série de medições e no início e fim de cada série de medições, verificando-

se se existiam diferenças superiores 0,5 dB(A), entre os valores de frequência obtidos no início da série

de medição.

Assim e de acordo com os dados recolhidos na folha de apontamentos com a designação:

Níveis de Pressão Sonora de Ruído Ocupacional, apensa em anexo, nenhuma das calibrações obteve

diferenças superiores 0,5 dB(A), entre os valores de frequência obtidos no início da série de medição,

dando assim cumprimento à alíneas c) do n.º 4 do Anexo I (Decreto-Lei n.º 182/2006 de 6 de

Setembro de 2006 - Prescrições Mínimas em Materia de Exposição dos Trabalhadores aos Riscos

devidos ao Ruído, 2006)

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:66/101

7.2 Apresentação de Resultados

De acordo com o Req. 15 norma NP EN ISO 9612 2011, o relatório final das medições de

exposição ao ruído deve o relatório incluir dados referentes à analise do conteúdo do trabalho,

informações gerais (nome do cliente, identificação dos trabalhadores, nome da empresa, objetivo de

avaliação ereferência à presente norma), descrição dos equipamentos, resultados das medições

(data/hora, descrição do trabalho, descrição das fontes de ruído, posição e orientação do(s)

microfone(s), número de medições e duração de cada medição).

Segundo a norma NP EN ISO/IEC 17025, os relatórios de ensaio devem incluir no mínimo a

seguinte informação, a menos que o laboratório tenha razões válidas para não o fazer: titulo, nome e a

morada do laboratório, identificação inequívoca do relatório de ensaio, referência ao plano e aos

procedimentos de amostragem, os resultados do ensaio, o(s) nome(s), função(ões) e assinatura(s) ou

identificação equivalente, da(s) pessoa(s) que autoriza(m) o relatório de ensaio.

Mais refere que os relatórios de ensaio podem ainda incluir, sempre que tal seja necessário para

a interpretação dos resultados do ensaio, desvios, adições ou exclusões ao método de ensaio,

informação complementar, quando se aplique, uma declaração sobre a incerteza de medição estimada,

entre outros elementos.

No anexo F (Relatório de Ensaio – Níveis de Pressão Sonora de Ruído Ocupacional),

apresentamos os resultados do ensaio de Avaliação de Exposição de Trabalhadores Autárquicos ao

Ruído durante o Trabalho, mais concretamente os Lubrificadores e Mecânicos, levada a cabo nas

instalações do Parque Municipal de Materiais e Oficinas de Vale Figueira Parque, sob a forma de

relatório de ensaio.

O referido relatório de Medição de Níveis de Pressão Sonora – Ruído Ocupacional, apresenta-

se estruturado da seguinte forma: Capa de Relatório, Introdução (Capítulo I), Legislação Aplicável

(Capítulo II), Definições/Critérios Aplicáveis (Capítulo III), Equipamento Utilizado (Capítulo IV),

Descrição do Ensaio (Capítulo V), Análise de Protetores Auriculares Auditivos (Capítulo VI),

Resultados dos Ensaios (Capítulo VII), Interpretação dos Resultados (Capítulo VIII), Conclusões

(Capítulo IX), Anexos (Capítulo X).

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:67/101

8 Conclusões

O presente trabalho teve como objetivo primário, desenvolver um estudo caso de forma a

contribuir para a definição de um modelo que permita ao Laboratório de Ruído (LR) acreditar o

método de ensaio de Ruído Ocupacional - Avaliação de Exposição ao Ruído durante o Trabalho

(Decreto-Lei n.º 182/2006 de 6 de Setembro de 2006 - Prescrições Mínimas em Materia de Exposição

dos Trabalhadores aos Riscos devidos ao Ruído, 2006) ver anexo A, e (Requisitos Específicos de

Acreditação - Laboratórios de Ensaios de Acústica e Vibrações, 2013).

Durante a realização do presente trabalho, de forma a avaliar a exposição de trabalhadores

autárquicos ao ruído durante o trabalho, seguimos os requisitos mencionados na norma NP EN ISO

9612 2011 e os requisitos mencionados na norma NP EN ISO/IEC 17025.

Este estudo permite propor um modelo que os 6 trabalhadores lubrificadores e os 8

trabalhadores mecânicos que exercem funções, respetivamente, na Estaço de Serviço e nas Oficinas de

Mecânicas não ultrapassam os Valores de ação superiores, expressos no ponto 1 do artigo 3º do

Decreto-Lei nº 182/2006.

O estudo e análise desta amostra comprovam que o nível de exposição de pessoal, ponderado

A, normalizada para um dia de trabalho de 8h, LEX,8h dos lubrificadores foi de 75, 8 dB (A) e a dos

mecânicos 72, 3 dB (A), e por seu lado, o nível de exposição máximo sonoro de pico, Lp,C,pico, para os

lubrificadores foi 112,9 dB(C) e para os mecânicos 103,1 dB(C).

Concluindo ainda, que os referidos trabalhadores estão exposto a um risco nulo de exposição

sonora, encontrando-se abaixo dos valores de ação inferiores, conforme previsto no referido artigo.

Mas muito mais que relações estatísticas e seus resultados, será importante, realçar, que

Acreditação dos Métodos de Ensaio e/ou Calibração de um Laboratório, fomenta a qualidade de vida

de todos nós ao assegurar que os produtos e serviços que consumimos e usamos são avaliados por

entidades competentes, contribui activamente para um melhor desempenho económico do país, sendo

ainda um factor de racionalização e modernização da Administração Pública. (Branco, 2010)

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:68/101

9 Bibliografia Constituição da Organização Mundial da Saúde. (1946). Nova Iorque: Nações Unidas -

Organização Mundial de Sáude.

Declaração Universal dos Direitos Humanos - Resolução n.º 217 A(III) de 10 de Dezembro de

1943. (1984). Organização Mundial Saúde - Assembleia Geral das Nações Unidas.

Decreto-Lei n.º 234/93 - Estabelece o Sistema Português da Qualidade. (1993). Diário da

República.

Decreto-Lei n.º 125/2004 - Cria o Instituto Português de Acreditação, I.P. (2004). Diário da

República.

Decreto-Lei n.º 140/2004 - Aprova a Reestruturação do Instituto Português da Qualidade, IP.

(2004). Diário da República.

Constituição da República Portuguesa - Sétima Revisão Constitucional. (2005). Diário da

República.

Decreto-Lei n.º 182/2006 de 6 de Setembro de 2006 - Prescrições Mínimas em Materia de

Exposição dos Trabalhadores aos Riscos devidos ao Ruído. (2006). Diário da

República.

Decreto-Lei n.º 9/2007 de 17 de Janeiro de 2007 - Regulamento Geral de Ruído. (2007).

Diário da República.

Campanha Equipamentos de Proteção Individual na CMA/DPSSBET-SSO e Comissão e

Subcomissão SSBET CMA. (2009). Almada.

Guia para Aplicação da NP EN ISO/IEC. (2010). Instituto Português de Acreditação.

Determinação da Exposição ao Ruído Profissional: NP EN ISO 9612 2011. (2011). Instituto

Português da Qualidade.

Exposição 20 Anos de Saúde, Segurança, Bem-estar no Trabalho - Almada 1991-2011.

(2011). Almada: IMACX.

Vocabulário Internacional de Metrologia - Conceitos Fundamentais e Gerais e Termos

Associados. (2012). Instituto Português da Qualidade.

Catálogo Peltrol X - Portugal Produtos de Protecção Individual e do Ambiente (3M). (2013).

Lisboa.

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:69/101

Requisitos Específicos de Acreditação - Laboratórios de Ensaios de Acústica e Vibrações.

(2013). Almada: Instituto Português de Acreditação.

The Global Voice of Quality. (3 de Julho de 2013). Obtido em 3 de Julho de 2013, de

http://asq.org/index.aspx

Assembleia. (2005). Constituição da República Portuguesa - Lei Concitutcional n.º 1/2005 de

12 de Agosto de 2005. Sétima Revisão Constitucional: Diário da Republica .

Baptista, R. (2012). Ação de Formação Norma NP EN ISO/IEC 17025 - Introdução e

Requisitos de Gestão. Almada: Instituto da Soldadura e Qualidade.

Beaumont, P. (2010). Dispositivos sobre Ruído Postos de Trabalho (Estudos Pós-Graduados

em Segurança e Higiene do Trabalho). Almada: Faculdade Ciências e Tecnologia -

Universidade Nova Lisboa.

Bilhim, A. J. (2008). Teoria Organizacional, Estruturas e Pessoas (6 ed.). Lisboa: Instituto

Superior Ciências Sociais e Politicas.

Branco, S. P. (2010). Acreditação de Métodos de Ensaios e/ou Calibração de um Laboratório.

Universidade de Aveiro.

Carvalho, A. (2007). Acústica Ambiental e de Edificios. Porto: Faculdade de Engenharia da

Universidade do Porto.

Fontes, S. (2013). Manual da Qualidade - Sistema de Gestão de Qualidade do Laboratório de

Ruído, CMA. Almada: Laboratório de Ruído, Câmara Municipal de Almada.

Martins, J. M. (2006). Temas e Problemas de Ciências do Trabalho. Lisboa: Instituto Superior

de Ciências Sociais e Politicas.

Mendes, A. F. (2011). Dissertação: Ruído Ocupacional em Ambiente Industrial. Porto:

Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.

Nunes, F. M. (2010). Segurança e Higiene do Trabalho - Manual Técnico. Amadora: Edições

Gustave Eiffel.

Pereira, A. S. (2009). Avaliação da Exposição dos Trabalhadores ao Ruído (Análise de

Casos). Minho: Universidade do Minho- Escola de Ciências.

Quintã, A. C. (2012). Acreditação de um Laboratório de Ensaios. Aveiro: Universidade

Aveiro.

Soares, J. M. (2013). Dispositivos de Inovação e Gestão da Qualidade. Lisb

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:70/101

Formando

Título do Projecto

Código CAE da

Empresa

Supervisor na

Empresa

Metodologia a

aplicar

Equipamento de

medição a utilizar

Valor potencial para

a empresa

O presente trabalho é uma mais-valia para a C.M.A., dado que permitirá eventualmente alargar o âmbito

de incidência L.R., cumprindo com requisitos legislativos e melhorar a imagem do serviço público que é cada

vez mais exigente. Desenvolver e dotar o(s) colaborador(es) do L.R. de competências necessárias à

realização de métodos de ensaio de Ruído Ocupacional.

O presente estágio é composto, por três fases. Numa primeira fase propõe-se a caracterização do Sistema

de Gestão da Qualidade do Laboratório de Ruído da Câmara Municipal de Almada, de acordo com a

NORMA NP EN ISO/IEC 17025: 2005. Seguindo-se a análise da importância inerente à acreditação do

Laboratório. Ainda nesta fase deverá adaptar-se o S.G.Q., atendendo ao método de ensaios de Ruído

Ocupacional.

Numa segunda fase promover a preparação dos ensaios, antecedida da avaliação das atividades

susceptíveis de apresentar riscos de exposição ao ruído. Seguindo-se a quantificação do nível de ruído e

validação dos resultados.

Concluindo com a elaboração do Relatório de Ruído, seguida da avaliação do impacto do nível de ruído na

produtividade/ acidentes / doenças e identificação das medidas de controlo adequadas;

De 22 de Julho a 9 de Agosto de 2013

Duração 120 Horas

Fases de realização

do estágio na

empresa

Datas para

realização do

estágio

A comissão técnico-pedagógica

Objectivos gerais

do Projecto

Câmara Municipal de Almada - C.A.E. n.º 84113 - Administração Local

Engª. Sílvia Fontes na qualidade de Responsável Técnica do L.R.

Possibilitar a aplicação prática dos conteúdos fundamentais ministrados no Curso de Pós-Graduação para

T.S. de Segurança e Higiene do Trabalho – F.C.T.- U.N.T. Ilustrar e contribuir para a implementação de

um sistema de gestão de Laboratório (S.G.Q.); Contribuir para a definição de um modelo que permita ao

Laboratório de Ruído (L.R.) acreditar o método de ensaio de Ruído Ocupacional; Executar ensaios de Ruído

Ocupacional cumprindo a Legislação, Normas e procedimentos/instruções técnicas supervisionados pelo

Orientador/R.T. Emitir os resultados dos ensaios, e consequente avaliação do nível de ruído na

produtividade/acidentes/doenças dos colaborador(es).

No presente estágio utilizaremos os métodos adequados para a realização de ensaios de ruído ocupacional,

dando enfase à utilização de métodos normalizados (Decreto-Lei n.º 182/2006, de 6 de Setembro norma

ISO 9612:2009 – Acoustics – Determination of

occupational noise exposure – Engineering method)

Equipamento necessário para a amostragem, medição e ensaio (Sonómetro) e respectivo software (Noise

Explorer)

Luís Filipe da Costa Carvalho

Acreditação de Métodos de Ensaios de Ruído Ocupacional - Avaliação de Exposição ao Ruído durante o

Trabalho (Decreto-Lei n.º 182/2006, de 6 de Setembro);

10 ANEXOS

G. Anexo – Proposta de Projeto Individual

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:71/101

Hr

22-Jul 8 S

23-Jul 8 T

24-Jul 8 Q

25-Jul 8 Q

26-Jul 8 S

27-Jul S

28-Jul D

29-Jul 8 S

30-Jul 8 T31-Jul 8Q

01-Ago 8Q

02-Ago 8 S

03-Ago S

04-Ago D

05-Ago 8 S

06-Ago 8 T

07-Ago 8 Q

08-Ago 8 Q

09-Ago 8 S

Desemvolver

Tarefas a Desenvolver

Requisitos Gerais (S.G.Q.)

S. Gestão Qualidade

Obs.

Elaboração Proc./Instruções

Técnicos (S.G.Q.)

Quantificação do

Nível de Ruído

Elaboração Relatório de

Estágio

Elaboração de Relatório de

Ruído

D.F.M. - L.R.

Período 09:00 - 18:00

Validação de Resultados D.F.M. - L.R.

Localização

A definir (instalações

C.M.A.)

Preparação de ensaios

Realização de Ensaios

(medição)

D.F.M. - L.R.

D.F.M. - L.R.

H. Anexo – Proposta Cronograma de Estágio

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:72/101

I. Fluxograma de etapas cronológicas – Realização de Ensaios de Ruído Ocupacional

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:73/101

J. Quadro Individual de avaliação da avaliação da exposição pessoal de cada

trabalhador ao ruído durante o trabalho

Quadro Individual: Primeira Página

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:74/101

Quadro Individual: Segunda Página

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:75/101

Quadro Individual: Terceira Página

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:76/101

K. Folha de Apontamentos – Níveis de Pressão Sonora de Ruído Ocupacional

Folha de Apontamentos: Primeira Página

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:77/101

Folha de Apontamentos: Segunda Página

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:78/101

L. Relatório de Ensaio – Níveis de Pressão Sonora de Ruído Ocupacional

Faculdade de Ciências e Tecnologia UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA

RELATÓRIO DE ENSAIO

Nº: 01/2013

DATA DO RELATÓRIO: 04/09/2013

TOTAL DE PÁGINAS: 06 + ANEXO I E II

Medição de Níveis de Pressão Sonora – Ruído Ocupacional

Avaliação de Exposição de Trabalhadores Autárquicos ao Ruído durante o Trabalho

Parque Municipal de Materiais e Oficinas de Vale Figueira Parque

CLIENTE: Câmara Municipal de Almada

DATA DA REALIZAÇÃO DAS MEDIÇÕES: 23 e 27 de Agosto e 11 de Setembro de 2013

DATA DA EMISSÃO DO RELATÓRIO: 11 de Setembro de 2013

ELABORADO: Luís Filipe da Costa Carvalho

APROVADO:

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:79/101

Universidade Nova Lisboa

Faculdade de Ciência e Tecnologia

Relatório de Ensaio

Nº: 01/2013

DATA: 08/07/2013

Exposição Pessoal Diária ao Ruído Durante o Trabalho

Ensaios de Ruído Ocupacional

Câmara Municipal de Almada

Parque Municipal de Materiais e Oficinas de Vale Figueira Parque

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:80/101

Universidade Nova Lisboa

Faculdade de Ciência e Tecnologia

Relatório de Ensaio

Nº: 01/2013

DATA: 08/07/2013

Índice

I – Introdução

II – Legislação Aplicável

III – Definições/Critérios Aplicáveis

IV – Equipamento Utilizado

V – Descrição do Ensaio

VI – Análise de Protectores Auriculares Auditivos

VII – Resultados do Ensaio

VIII – Interpretação dos Resultados

IX – Conclusões

X – Anexos

Índice de Figuras

Figura 1: Planta da Estação de Serviço

Figura 2: Planta da Oficina Mecânica

Figura 3: Foto Oficina Mecânica

Figura 4: Foto Estação de Serviço

Figura 5: Nível de Frequência - Mecânica Gera

Figura 6 – Nível de Frequência - Mecânica Geral

Figura 7: LAeq,TK e Lcpico – Mecânica Geral e Estação de Serviço Geral

Figura 8: Lcpico – Fontes de Ruído Predominantes

Índice de Tabelas

Tabela 1: Níveis de Riscos para as variáveis L.Ex,8h e Lcpico

Tabela 2: Atenuações médias d(B) e os desvios Padrão d(B) do protector auricular auditivo Peltor

Optime II da serie 3M, modelo H520A

Tabela 3: Dados das Medições – Estação de Serviço Geral

Tabela 4: Dados por Bandas de Oitava – Estação de Serviço Geral

Tabela 5: Dados das Medições – Mecânica Geral

Tabela 6: Dados por Bandas de Oitava – Mecânica Geral

Tabela 7: Dados do LAeq,TK e LCpico – Mecânica Geral e Estação de Serviço Geral

Tabela 8: Dados do LCpico – Fontes de Ruído Predominantes

Tabela 9: Dados do LEX,8h e Lp,C,pico,– Mecânicos da Oficina Mecânica

Tabela 10: Dados do LEX,8h e Lp,C,pico,– Lubrificadores da Estação de Serviço

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:81/101

Universidade Nova Lisboa

Faculdade de Ciência e Tecnologia

Relatório de Ensaio

Nº: 01/2013

DATA: 08/07/2013

I – Introdução

O ruído é um som indesejado, cuja intensidade é medida em decibéis (dB). A escala

de decibéis é logarítmica, de modo que um aumento no nível de som de três decibéis

representa um aumento da intensidade de ruído para o dobro.

A sensibilidade do ouvido humano em relação a diferentes frequências também varia;

por conseguinte, o volume ou intensidade do ruído são normalmente medidos em decibéis

com ponderação A (dB(A)).

A intensidade do ruído não constitui o único factor que determina a sua perigosidade,

sendo que, a duração da exposição é também muito importante. Para considerar este factor,

são empregues níveis médios de som ponderados em função da sua duração. No caso do

ruído no trabalho, esta duração é geralmente de um dia de trabalho de oito horas.

Atendendo ao exposto e de acordo com o disposto no Decreto-Lei n.º 182/2006 de 6

de Setembro, realizamos, um estudo da exposição pessoal ao ruído durante o mês de

Agosto e Setembro de 2013, nas instalações da Câmara Municipal de Almada.

Atendendo ao exposto e de acordo com o disposto no Decreto-Lei n.º 182/2006 de 6

de Setembro, realizamos um estudo da exposição pessoal ao ruído durante o mês de Agosto

e Setembro de 2013, nas instalações da Câmara Municipal de Almada.

O presente relatório de ruído decorre de um estudo académico de avaliação da

exposição ao ruído durante o trabalho nas instalações da Câmara Municipal de Almada, sita

nas no Parque Municipal de Materiais e Oficinas de Vale Figueira Parque - Serviços de

Transportes e Manutenção (DTM) e Divisão de Manutenção e Logística (DML).

Este estudo insere-se no âmbito do estágio, designado ”estágio em contexto real de

trabalho”, levado a cabo pelo Sr Luís Carvalho na vertente Ruído Ocupacional, nas

instalações da Divisão de Fiscalização – Laboratório de Ruído, sito na Rua Cândido Capilé

n.º 9, Almada, fazendo parte da sua frequência no Curso de Pós-Graduação para T.S. de

Segurança e Higiene do Trabalho pela Faculdade de Ciência e Tecnologia – Universidade

Nova de Lisboa. Com o referido estágio pretendia-se a sua aplicação prática dos conteúdos

fundamentais ministrados durante o referido curso.

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:82/101

Universidade Nova Lisboa

Faculdade de Ciência e Tecnologia

Relatório de Ensaio

Nº: 01/2013

DATA: 08/07/2013

Assim e segundo os procedimentos definidos no presente relatório, atendendo ao

quadro normativo previsto no Decreto-Lei n.º 182/2006, foram efectuadas medições de ruído

em postos de trabalho, para a determinação dos respectivos níveis de exposição, conforme o

definido nos artigos 4.º e 5.º do referido Decreto-Lei.

Tabela 1: Níveis de Riscos para as variáveis L.Ex,8h e Lcpico

II – Legislação Aplicável

A legislação em vigor estabelece que as organizações/empresas tomem medidas

para prevenir os riscos profissionais devidos ao ruído.

Em 2003, foi aprovada a Directiva 2003/10/CE do Parlamento Europeu e do Conselho

relativa às prescrições mínimas de segurança e de saúde em matéria de exposição dos

trabalhadores aos riscos devidos aos agentes físicos (ruído).

O Decreto-Lei n.º 182/2006 de 5 de Setembro de 2006 transportou para a ordem

jurídica nacional a referida diretiva, que aplicável em todas as actividades do sector privado,

cooperativo e social, da administração pública central, regional e local, dos institutos públicos

e das demais pessoas colectivas e de direito público, bem como a trabalhadores de contra

própria.

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:83/101

Universidade Nova Lisboa

Faculdade de Ciência e Tecnologia

Relatório de Ensaio

Nº: 01/2013

DATA: 08/07/2013

III – Definições/Critérios Aplicáveis

Nível de pressão Sonora contínuo equivalente, ponderado A, durante o período T,

Lp,A,eqT. é determinado por dez vezes o logaritmo, de base 10, da razão entre o tempo médio

do quadrado da pressão sonora, ponderada A,pA, durante um determinado intervalo de

tempo T (começando em t1e terminando em t2), e o quadrado do valor da pressão sonora da

referência, p0, expresso em decibéis. (Req. 3.1) (NP9612/2011, 2011).

O Lp,A,eqT, nível de pressão sonoro contínuo equivalente encontra-se definido na alínea

f) do artigo 2.º (Decreto-Lei n.º 182/2006 de 6 de Setembro de 2006 - Prescrições Mínimas

em Materia de Exposição dos Trabalhadores aos Riscos devidos ao Ruído, 2006),definindo T

como sendo o tempo de exposição de um trabalhador ao ruído no trabalho (T = t2 – t1) e pA(t),

a pressão sonora instantânea ponderada A, expressa em pascal, a que está exposto um

trabalhador.

Nível Máximo Sonoro de Pico, Lp,C,pico - é o valor máximo da pressão sonora

instantânea a que o trabalhador está exposto, definido matematicamente, pelo cálculo de dez

vezes o logaritmo, de base 10, da razão entre o quadrado do pico da pressão sonoro,

ponderada C, PC,pico, e o quadrado de um valor de referência, p0, expresso em decibéis.

(Req. 3.4), (Determinação da Exposição ao Ruído Profissional: NP EN ISO 9612 2011,

2011)

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:84/101

Universidade Nova Lisboa

Faculdade de Ciência e Tecnologia

Relatório de Ensaio

Nº: 01/2013

DATA: 08/07/2013

Nível de pressão pessoal, ponderado A, normalizada para um dia de trabalho de 8h,

LEX,8h - definido na alínea b) do artigo 2.º (Decreto-Lei n.º 182/2006 de 6 de Setembro de

2006 - Prescrições Mínimas em Materia de Exposição dos Trabalhadores aos Riscos devidos

ao Ruído, 2006),sendo calculado para um período normal de trabalho diário de oito horas (To)

T0 = 8h, que abrange todos os ruídos presentes no local de trabalho, incluindo o ruído

impulsivo, expresso em dB (A), dado pela expressão.

T0 - é a duração de referência, T0 = 8h;

Te - duração efetiva de um dia de trabalho

Para o cálculo da exposição pessoal diária ao ruído devem ser consideradas as

exposições parciais, que correspondem aos diferentes locais onde este permanece e levam

em consideração o tempo de permanência. Assim num local de nível sonoro Lp,A,eq, onde o

trabalhador está T horas a exposição parcial diária é de:

Em que: LAeq,Tk, é o nível sonoro continuo equivalente, ponderada A, de um ruído,

num intervalo de tempo Tk corresponde ao tipo de ruído K a que o trabalhador está sujeito

Tk horas dia. O valor de tempo de ocupação individual, T, foi obtido através de informações

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:85/101

dadas pelos responsáveis e pelos trabalhadores. De acordo com o n.º 6 do anexo II do

Decreto-Lei n.º 182/2006 de 5 de Setembro de 2006)

Universidade Nova Lisboa

Faculdade de Ciência e Tecnologia

Relatório de Ensaio

Nº: 01/2013

DATA: 08/07/2013

IV – Equipamento Utilizado

Durante a realização dos ensaios, foi utilizado o sonómetro de classe de exatidão 1,

da marca Brúel & Kjaer modelo 2260, número de série n.º 2412363 (em concordância com o

n.º 1 do anexo II do Decreto-lei n.º 182/2006 de 6 Setembro), englobando um pré-

amplificador e um calibrador modelo 4231, devidamente verificados e calibrados.

O Sonómetro, Microfone e Pré-amplificador da marca BRÜEL & KJAER, modelo 2260

/ 4189 / ZC 0026, foram calibrados e verificados a 8 de Julho do corrente ano, pelo Instituto

de Soldadura e Qualidade, conforme certificado de calibração CACV 780 / 13 e relatório de

verificação n.º 245,70 / 13,386, encontrado o equipamento apto e sem restrições. O

Calibrador do referido equipamento foi calibrado na mesma data, encontrado também ele

apto e sem restrições. Ao nível do tratamento dos dados obtidos na medição, foi utilizado o

software informático Noise Explorer.

V – Descrição do Ensaio

Durante a realização do presente trabalho, de forma à avaliação da exposição de

trabalhadores autárquicos ao ruído durante o trabalho, tentamos seguir os requisitos

mencionados na norma NP EN ISO 9612 2011 e os requisitos mencionados na norma NP EN

ISO/IEC 17025.

Atendendo ao facto da finalidade dos ensaios levados a cabo ser determinar a

exposição ao ruído ocupacional dos lubrificadores e mecânicos, afectos ao Serviço de

Transportes e Manutenção (STM) inserida no Departamento de Salubridade, Espaços

Verdes e Transportes (DSEVT), a partir de medições dos níveis de pressão sonora e

atendendo ao tempo disponível de medição e volume da informação objecto de análise,

investigamos primeiramente o conteúdo de trabalho destes trabalhadores. A amostra é

constituída por 6 lubrificadores que exercem funções na Estaço de Serviço e 8 mecânicos a

exercerem funções nas Oficinas de Mecânicas.

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:86/101

Universidade Nova Lisboa

Faculdade de Ciência e Tecnologia

Relatório de Ensaio

Nº: 01/2013

DATA: 08/07/2013

O grupo dos lubrificadores e o grupo dos mecânicos foram classificados como sendo

grupos de exposição homogénea ao ruído, uma vez que, são constituídos por trabalhadores

que têm a mesma atividade, sendo por isso expectável que a exposição ao ruído destes

grupos seja similar ao longo do dia de trabalho.

A estratégia de medição adoptada para estes dois grupos de trabalhadores foi a

estratégia baseada nos postos/actividade de trabalho, recomendada para as atividades

profissionais em que a posição de trabalho poderá ser fixa ou móvel, diferenciando-se das

restantes, pela existência de múltiplas tarefas com duração não especificada e, ou sem

tarefas atribuídas.

Durante a constituição de cada grupo de exposição homogénea teve-se em atenção à

duração mínima cumulativa, a ser distribuída por todo o grupo de exposição homogénea

indexada ao número de trabalhadores no grupo delineado.

Assim a duração mínima total das medições para o grupo dos lubrificadores (6

pessoas) é de 5,30 h, sendo necessário um mínimo de cinco amostras de níveis de ruído,

com a mesma duração. A partir destas especificações, foi planeado efectuar seis medições

com uma duração de 1 hora. A duração mínima total das medições para o grupo dos

mecânicos (8 pessoas) é de 6,50h, sendo necessário um mínimo de cinco amostras de

níveis de ruído, com a mesma duração. A partir destas especificações, foi planeado efectuar

sete medições com uma duração de 1 hora.

Foram recolhidos valores respeitantes ao LAeq, MáxLpico, e análise em

frequência, banda de oitavas, em cada grupo de exposição homogénea ao ruído. Os

valores foram recolhidos tendo em conta o tempo representativo da actividade desenvolvida

por cada grupo de exposição homogénea, para assegurar a estabilização do Leq.

Durante as medições do Leq foram utilizados os filtros de ponderação “A”, pelo que

os valores finais são apresentados em dB(A).Todos os demais procedimentos estão

conforme a NP EN ISSO 9612, de 2011 e a metodologia é a indicada no Decreto-Lei n.º

182/2006;

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:87/101

Universidade Nova Lisboa

Faculdade de Ciência e Tecnologia

Relatório de Ensaio

Nº: 01/2013

DATA: 08/07/2013

VI – Análise de Protectores Auriculares Auditivos

Na análise de protectores auditivos, em função da atenuação por bandas de oitava,

de acordo com o método previsto, no anexo V, (Decreto-Lei n.º 182/2006 de 6 de Setembro

de 2006 - Prescrições Mínimas em Materia de Exposição dos Trabalhadores aos Riscos

devidos ao Ruído, 2006). No método de Bandas de oitava é calculado as atenuações médias

Mf e dos desvios padrões associados sf, para cada uma das bandas de frequência de oitava

normalizadas. Para cada banda de oitava é calculado o nível global, de acordo com a

fórmula seguinte:

Depois de calculados os níveis globais, calcula-se o nível de sonoro contínuo

equivalente a que fica exposto o trabalhador equipado com protectores auditivos, de cada

ruído k, de acordo com a fórmula seguinte, de acordo com a alínea c) n.º1 do anexo V

(D.L.n.º182/2006, 2006).

O cálculo do nível sonoro contínuo equivalente a que fica o trabalhador equipado com

protectores auriculares, designado pela expressão LEX,8h, efect é definido matematicamente

pela seguinte fórmula, de acordo com a alínea d) n.º1 do anexo V (Decreto-Lei n.º 182/2006

de 6 de Setembro de 2006 - Prescrições Mínimas em Materia de Exposição dos

Trabalhadores aos Riscos devidos ao Ruído, 2006)

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:88/101

Universidade Nova Lisboa

Faculdade de Ciência e Tecnologia

Relatório de Ensaio

Nº: 01/2013

DATA: 08/07/2013

No âmbito do estudo dos protectores auriculares auditivos dos trabalhadores

abrangidos pelo presente estudo, desenvolvemos o Método Bandas de Oitavas. Neste

sentido e após contacto com Serviço de Saúde Ocupacional da Câmara Municipal de

Almada, fomos informados da existência de um único modelo de protector auricular para os

trabalhadores expostos ao ruído durante o trabalho.

Assim encontra-se prevista nesta organização a utilização do protector auricular

Peltor Optime II da serie 3M, desenvolvido para ambientes ruidosos onde os níveis de ruido

são particularmente dominados por frequências médias baixas. (Catálogo Peltor X_Portugal-

3M Produtos de Proteção Individual e do Ambiente). Seguidamente, apresentemos as

atenuações médias d(B) e os desvios Padrão d(B) do protector auricular auditivo Peltor

Optime II da serie 3M, modelo H520A, conforme especificações técnicas:

Tabela 2: Atenuações médias d(B) e os desvios Padrão d(B) do protector auricular auditivo Peltor Optime II da serie 3M, modelo H520A

Os locais de medição foram previamente delineados no plano de medição,

encontrando-se localizados junto dos postos de trabalho ou das fontes de ruído

predominantes, conforme Plano de Medição Estação de Serviço e plantas da Estação de

Serviço e Oficina Mecânica. De uma maneira geral, as medições foram efetuadas nos locais

potencialmente afetados pelas atividades ruidosas em estudo, onde se aplicam os requisitos

legais, conforme as fotos. Seguidamente, apresentamos as Plantas dos locais onde se

realizaram as medições.

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:89/101

Universidade Nova Lisboa

Faculdade de Ciência e Tecnologia

Relatório de Ensaio

Nº: 01/2013

DATA: 08/07/2013

Figura 1: Planta da Estação de Serviço Figura 2: Planta da Oficina Mecânica

Figura 3: Foto Oficina Mecânica Figura 4: Foto Estação de Serviço

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:90/101

2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

63Hz 41,26 46,2 45,09 44,88 44,22 42,19 0 0 0 0 44,29

125Hz 51,48 45,57 54,53 50,07 49,58 45,99 0 0 0 0 50,62

250Hz 56,8 50,03 59,51 54,29 58,15 51,4 0 0 0 0 56,25

500Hz 67,76 54,75 64,11 58,79 63,68 55,85 0 0 0 0 63,12

1KHz 73,73 57,33 66,05 60,99 64,07 59,41 0 0 0 0 67,38

2KHz 75,02 59,7 67,07 61,55 63,42 57,46 0 0 0 0 68,45

4KHz 75,54 55,56 66,43 61,92 60,5 53,48 0 0 0 0 68,60

8KHz 69,95 50,46 63,61 59,16 53,41 47,41 0 0 0 0 63,49

112,93

LAeq (dB) 80,44 63,86 73,01 68,03 69,67 63,65 0

0 0 0 0102,91

00 0

112,93 112,93 106,94 100,63 108,49

Tempo (min.) 10 min. 10 min. 10 min. 10 min.

75,80

10 min. 10 min. n/a n/a n/a n/a

Medições

Lcpeak (dB)

DefinitivoN.º de Medição

Universidade Nova Lisboa

Faculdade de Ciência e Tecnologia

Relatório de Ensaio

Nº: 01/2013

DATA: 08/07/2013

VII – Resultados do Ensaio

A avaliação da exposição dos trabalhadores ao ruído foi efectuada nos postos de

trabalho em análise onde foi identificado o risco. Continuamente, apresentam-se os

resultados obtidos correspondentes às medições efectuadas, seguindo-se os respectivos

gráficos para uma melhor visualização.

Tabela 3: Dados das Medições – Estação de Serviço Geral

Para todos os pontos de medida foram efectuados estudos por bandas de frequência

(bandas de oitava), tendo sido obtidos os resultados expressos na tabela seguinte:

Tabela 4: Dados por Bandas de Oitava – Estação de Serviço Geral

P. Medição Local/Máquina : 63Hz 125Hz 250Hz 500Hz 1KHz 2KHz 4KHz 8KHz

1 Estação de Serviço - Geral 44,29 50,62 56,25 63,12 67,38 68,45 68,60 63,49

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:91/101

2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

63Hz 39,05 32,47 40,47 30,21 34,4 44,1 0 0 0 0 39,25

125Hz 44,66 38,22 50,63 45,04 46,56 47,93 0 0 0 0 46,85

250Hz 51,89 45,82 54,49 53,69 52,15 51,99 0 0 0 0 52,35

500Hz 56,66 52,37 59,94 59,86 57,02 57,68 0 0 0 0 57,88

1KHz 58,47 52,2 64,35 57,68 58,19 60,65 0 0 0 0 60,00

2KHz 60,7 51,38 65,23 57,46 57,3 59,61 0 0 0 0 60,45

4KHz 62,9 48,35 62,6 59,65 56,15 54,01 0 0 0 0 59,56

8KHz 53,42 41,77 56,34 55,69 49,14 43,24 0 0 0 0 52,78

DefinitivoN.º de Medição

Medições

Lcpeak (dB)

72,29

10 min. 10 min. n/a n/a n/a n/aTempo (min.) 10 min. 10 min. 10 min. 10 min.

0 0

101,89 100,53 102,49 100,93 97,22 0 0 0 0103,08

0

103,08

LAeq (dB) 66,71 57,87 69,91 65,72 63,84 65,06 0

P. Medição Local/Máquina : 63Hz 125Hz 250Hz 500Hz 1KHz 2KHz 4KHz 8KHz

1 Mecânica - Geral 39,25 46,85 52,35 57,88 60,00 60,45 59,56 52,78

Universidade Nova Lisboa

Faculdade de Ciência e Tecnologia

Relatório de Ensaio

Nº: 01/2013

DATA: 08/07/2013

Tabela 5: Dados das Medições – Mecânica Geral

Tabela 6: Dados por Bandas de Oitava – Mecânica Geral

Figura 5 – Nível de Frequência - Mecânica Geral

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:92/101

P. Medição Local/Máquina : LAeq,Tk LCpico

1 Estação de Serviço - Geral 75,8 112,9

2 Mecânica - Geral 72,3 103,1

Universidade Nova Lisboa

Faculdade de Ciência e Tecnologia

Relatório de Ensaio

Nº: 01/2013

DATA: 08/07/2013

Figura 6 – Nível de Frequência - Mecânica Geral

Tabela 7: Dados do LAeq,TK e LCpico – Mecânica Geral e Estação de Serviço Geral

Figura 7: LAeq,TK e Lcpico – Mecânica Geral e Estação de Serviço Geral

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:93/101

P. Medição Local/Máquina : LCpico

1 Estação de Serviço - Geral 112,9

2 Chave de Impacto Pneumáticas 107,9

3 Máquina de lavar carros (alta pressão) 105,7

4 Dois compressores 102,1

1 Mecânica - Geral 46,9

2 Rectificadora 46,1

Universidade Nova Lisboa

Faculdade de Ciência e Tecnologia

Relatório de Ensaio

Nº: 01/2013

DATA: 08/07/2013

A presente avaliação da exposição dos trabalhadores ao ruído teve, ainda em

consideração as fontes de ruído predominantes nestes locais de trabalho, de acordo com a

informação prestada pelos trabalhadores alvo de avaliação, nomeadamente a dois

compressores, chave de impacto pneumática e máquina de lavar carros (alta pressão), todos

localizados na estação de serviço e a rectificadora (ferramenta de mão) localizada na oficina

mecânica.

A realização destas medições teve como intuito avaliar a exposição ao ruído

ocupacional dos trabalhadores em relação ao nível de pressão sonora pico, não obstante se

ter optado metodologicamente pela estratégia de medição baseada nos postos/actividades

de trabalho.

Seguidamente, apresentam-se os resultados obtidos correspondentes às medições

efectuadas, seguindo-se os respectivos gráficos para uma melhor visualização.

Tabela 8: Dados do LCpico – Fontes de Ruído Predominantes

Figura 8: Lcpico – Fontes de Ruído Predominantes

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:94/101

Nomes Nº LEX,8h Sexo Lcpico LEX,8h efect=Exposição Lex,8hExposição LcpicoNº Zona de Trabalho Profissão N.º Beneficiário

M1 1 72,3 N/A 103,1 0,0 Risco Nulo Risco Nulo 1 Oficina Macânica Mecânico N/A

M2 2 72,3 N/A 103,1 0,0 Risco Nulo Risco Nulo 2 Oficina Macânica Mecânico N/A

M3 3 72,3 N/A 103,1 0,0 Risco Nulo Risco Nulo 3 Oficina Macânica Mecânico N/A

M4 4 72,3 N/A 103,1 0,0 Risco Nulo Risco Nulo 4 Oficina Macânica Mecânico N/A

M5 5 72,3 N/A 103,1 0,0 Risco Nulo Risco Nulo 5 Oficina Macânica Mecânico N/A

M6 6 72,3 N/A 103,1 0,0 Risco Nulo Risco Nulo 6 Oficina Macânica Mecânico N/A

Nomes Nº LEX,8h Sexo Lcpico LEX,8h efect=Exposição Lex,8hExposição LcpicoNº Zona de Trabalho Profissão N.º Beneficiário

L1 (Coordenador) 1 75,8 N/A 112,9 0,0 Risco Nulo Risco Nulo 1 Estação Serviço Lubrificador N/A

L2 2 75,8 N/A 112,9 0,0 Risco Nulo Risco Nulo 2 Estação Serviço Lubrificador N/A

L3 3 75,8 N/A 112,9 0,0 Risco Nulo Risco Nulo 3 Estação Serviço Lubrificador N/A

L4 4 75,8 N/A 112,9 0,0 Risco Nulo Risco Nulo 4 Estação Serviço Lubrificador N/A

L5 5 75,8 N/A 112,9 0,0 Risco Nulo Risco Nulo 5 Estação Serviço Lubrificador N/A

L6 6 75,8 N/A 112,9 0,0 Risco Nulo Risco Nulo 6 Estação Serviço Lubrificador N/A

Universidade Nova Lisboa

Faculdade de Ciência e Tecnologia

Relatório de Ensaio

Nº: 01/2013

DATA: 08/07/2013

VIII – Interpretação dos Resultados

O Quadro seguinte corresponde ao resumo dos valores obtidos, referentes ao nível

de exposição de pessoal, ponderado A, normalizada para um dia de trabalho de 8h, LEX,8h e

o nível de exposição máximo sonoro de pico, Lp,C,pico, para os lubrificadores e mecânico.

Tabela 9: Dados do LEX,8h e Lp,C,pico,– Mecânicos da Oficina Mecânica

Tabela 10: Dados do LEX,8h e Lp,C,pico,– Lubrificadores da Estação de Serviço

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:95/101

Universidade Nova Lisboa

Faculdade de Ciência e Tecnologia

Relatório de Ensaio

Nº: 01/2013

DATA: 08/07/2013

IX – Conclusões

Da análise aos resultados obtidos, verifica-se que os 6 lubrificadores e os 8

mecânicos que exercem funções, respetivamente, na Estaço de Serviço e nas Oficinas de

Mecânicas não ultrapassam os Valores de ação superiores, expressos no ponto 1 do artigo

3º do Decreto-Lei nº 182/2006.

O nível de exposição de pessoal, ponderado A, normalizada para um dia de trabalho

de 8h, LEX,8h dos lubrificadores foi de 75, 8 dB (A) e a dos mecânicos 72, 3 dB (A), e por seu

lado, o nível de exposição máximo sonoro de pico, Lp,C,pico, para os lubrificadores foi 112,9

dB(C) e para os mecânicos 103,1 dB(C).

Face o exposto, sou de parecer que os referidos trabalhadores estão exposto a um

risco nulo de exposição sonora, encontrando-se abaixo dos valores de ação inferiores,

conforme previsto no referido artigo.

Não obstante tal situação, alerta-se para a necessidade de manter atualizada a

avaliação de riscos efetuada, sendo que, sempre que seja atingido ou excedido o valor de

ação superior, a periodicidade mínima da avaliação de riscos é de um ano.

Luís Carvalho

_____________________________________________________

Técnico de Segurança e Higiene no Trabalho

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:96/101

X – Anexos

Figura 1 – Quadros individuais de avaliação da Exposição pessoal diária de cada trabalhador ao ruído durante o trabalho – Mecânicos (folha 1)

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:97/101

Figura 2 – Quadros individuais de avaliação da Exposição pessoal diária de cada trabalhador ao ruído durante o trabalho – Mecânicos (folha 2)

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:98/101

Figura 3 – Quadro da Selecção e protectores auditivos em função da atenuação por bandas de oitava indicada pelo fabricante, modelo H520A

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:99/101

Figura 4 – Quadros individuais de avaliação da Exposição pessoal diária de cada trabalhador ao ruído durante o trabalho – Lubrificadores (folha 1)

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:100/101

Figura 5 – Quadros individuais de avaliação da Exposição pessoal diária de cada trabalhador ao ruído durante o trabalho – Lubrificadores (folha 2)

Universidade Nova de Lisboa

Faculdade de Ciências e Tecnologia

Curso de Pós-Graduação para Técnico Superior de Segurança e Higiene do Trabalho 2012/13

Carvalho, Luís Pagina:101/101

Quadro 6 – Quadro da Selecção e protectores auditivos em função da atenuação por bandas de oitava indicada pelo fabricante, modelo H520A,