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Avaliação de História (Ufscar-SP – adaptada) Amadou Hampâté Bâ foi um dos primeiros intelectuais africanos a se dedicar às tradições orais africanas (contos, relatos, fábulas, mitos e lendas). Sua afirmação ´´ na África, cada ancião que morre é uma biblioteca que se queima´´ costuma ser usada para afirmar a importância da história oral como forma de investigação histórica. Leia o trecho a seguir acerca do tema: “É pois nas sociedades orais que não apenas a função da memória é muito mais desenvolvida, mas também a ligação entre o homem e a Palavra é mais forte. Lá onde não existe a escrita, o homem está ligado à palavra que profere. Está comprometido por ela. Ele é a palavra e a palavra encerra um testemunho duplo daquilo que ele é [...] nas tradições africanas – pelo menos nas que conheço e que dizem respeito a toda região de savana do sul do Saara -, a palavra falada se empossava, além de um valor moral fundamental, de um caráter sagrado vinculado à sua origem divina e às forças ocultas nela depositadas. Agente mágico por excelência, grande valor de ´forças etéreas´, não era utilizada sem prudência. Inúmero fatores – religiosos, mágicos ou sociais – concorrem, por conseguinte, para preservar a fidelidade da transmissão oral [...].” HAMÂTÉ BÂ, A. A tradição viva. In: Ki-Zerbo, J. (org.). HIstória geral da Africa, 1982, p. 184. a) A pré-História costuma ser definida como o caompo de estudos da humanidade, desde seu surgimento até o aparecimento da escrita no Egito e na Mesopotâmia, cerca de 3000 a 2000 a.C. Essa concepção, elaborada no século XIX, apresenta alguns problemas. Como a escrita não surgiu em todos os lugares ao mesmo tempo, essa divisão acaba sendo muito arbitrária. Mas o problema considerado mais grave por diversos pré-historiadores é o ato de considerar apenas a escrita como fator determinante de quem se situa na história. Povos que não escrevem não teriam História? Viveriam ainda na Pré-História? b) Com base na interpretação do texto apresentado, escreva por que é possível escrever a história das sociedades orais. Avaliação de História Ufscar-SP – adaptada) Amadou Hampâté Bâ foi um dos primeiros intelectuais africanos a se dedicar às tradições orais africanas (contos, relatos, fábulas, mitos e lendas). Sua afirmação ´´ na África, cada ancião que morre é uma biblioteca que se queima´´ costuma ser usada para afirmar a importância da história oral como forma de investigação histórica. Leia o trecho a seguir acerca do tema: “É pois nas sociedades orais que não apenas a função da memória é muito mais desenvolvida, mas também a ligação entre o homem e a Palavra é mais forte. Lá onde não existe a escrita, o homem está ligado à palavra que profere. Está comprometido por ela. Ele é a palavra e a palavra encerra um testemunho duplo daquilo que ele é [...] nas tradições africanas – pelo menos nas que conheço e que dizem respeito a toda região de savana do sul do Saara -, a palavra falada se empossava, além de um valor moral fundamental, de um caráter sagrado vinculado à sua origem divina e às forças ocultas nela depositadas. Agente mágico por excelência, grande valor de

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(Ufscar-SP – adaptada) Amadou Hampâté Bâ foi um dos primeiros intelectuais africanos a se dedicar às tradições orais africanas (contos, relatos, fábulas, mitos e lendas). Sua afirmação ´´ na África, cada ancião que morre é uma biblioteca que se queima´´ costuma ser usada para afirmar a importância da história oral como forma de investigação histórica. Leia o trecho a seguir acerca do tema:

“É pois nas sociedades orais que não apenas a função da memória é muito mais desenvolvida, mas também a ligação entre o homem e a Palavra é mais forte. Lá onde não existe a escrita, o homem está ligado à palavra que profere. Está comprometido por ela. Ele é a palavra e a palavra encerra um testemunho duplo daquilo que ele é [...] nas tradições africanas – pelo menos nas que conheço e que dizem respeito a toda região de savana do sul do Saara -, a palavra falada se empossava, além de um valor moral fundamental, de um caráter sagrado vinculado à sua origem divina e às forças ocultas nela depositadas. Agente mágico por excelência, grande valor de ´forças etéreas´, não era utilizada sem prudência. Inúmero fatores – religiosos, mágicos ou sociais – concorrem, por conseguinte, para preservar a fidelidade da transmissão oral [...].”

HAMÂTÉ BÂ, A. A tradição viva. In: Ki-Zerbo, J. (org.). HIstória geral da Africa, 1982, p. 184.

a) A pré-História costuma ser definida como o caompo de estudos da humanidade, desde seu surgimento até o aparecimento da escrita no Egito e na Mesopotâmia, cerca de 3000 a 2000 a.C. Essa concepção, elaborada no século XIX, apresenta alguns problemas. Como a escrita não surgiu em todos os lugares ao mesmo tempo, essa divisão acaba sendo muito arbitrária. Mas o problema considerado mais grave por diversos pré-historiadores é o ato de considerar apenas a escrita como fator determinante de quem se situa na história. Povos que não escrevem não teriam História? Viveriam ainda na Pré-História?

b) Com base na interpretação do texto apresentado, escreva por que é possível escrever a história das sociedades orais.

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Ufscar-SP – adaptada) Amadou Hampâté Bâ foi um dos primeiros intelectuais africanos a se dedicar às tradições orais africanas (contos, relatos, fábulas, mitos e lendas). Sua afirmação ´´ na África, cada ancião que morre é uma biblioteca que se queima´´ costuma ser usada para afirmar a importância da história oral como forma de investigação histórica. Leia o trecho a seguir acerca do tema:

“É pois nas sociedades orais que não apenas a função da memória é muito mais desenvolvida, mas também a ligação entre o homem e a Palavra é mais forte. Lá onde não existe a escrita, o homem está ligado à palavra que profere. Está comprometido por ela. Ele é a palavra e a palavra encerra um testemunho duplo daquilo que ele é [...] nas tradições africanas – pelo menos nas que conheço e que dizem respeito a toda região de savana do sul do Saara -, a palavra falada se empossava, além de um valor moral fundamental, de um caráter sagrado vinculado à sua origem divina e às forças ocultas nela depositadas. Agente mágico por excelência, grande valor de ´forças etéreas´, não era utilizada sem prudência. Inúmero fatores – religiosos, mágicos ou sociais – concorrem, por conseguinte, para preservar a fidelidade da transmissão oral [...].”

HAMÂTÉ BÂ, A. A tradição viva. In: Ki-Zerbo, J. (org.). HIstória geral da Africa, 1982, p. 184.

c) A pré-História costuma ser definida como o caompo de estudos da humanidade, desde seu surgimento até o aparecimento da escrita no Egito e na Mesopotâmia, cerca de 3000 a 2000 a.C. Essa concepção, elaborada no século XIX, apresenta alguns problemas. Como a escrita não surgiu em todos os lugares ao mesmo tempo, essa divisão acaba sendo muito arbitrária. Mas o problema considerado mais grave por diversos pré-historiadores é o ato de considerar apenas a escrita como fator determinante de quem se situa na história. Povos que não escrevem não teriam História? Viveriam ainda na Pré-História?

d) Com base na interpretação do texto apresentado, escreva por que é possível escrever a história das sociedades orais.