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AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE AUTOMEDICAÇÃO EM ESTUDANTES DO
CURSO DE FARMÁCIA DO NORDESTE MINEIRO
Danilo Ramaciotti Caires - Graduado em Enfermagem – UNEC, Especialista em Enfermagem do Trabalho - FASE
e Graduando em Farmácia - UNEC - Centro Universitário de Caratinga - e-mail - [email protected]
Jorgiane Bolsanello Pignaton - Graduado em Enfermagem - UNEC, Especialista em Saúde Pública com Ênfase em
Saúde da Família - UNEC e Graduando em Farmácia - UNEC - Centro Universitário de Caratinga - e-mail -
Daniel Rodrigues Silva - Graduado em Farmácia – Bioquímica e Doutor em Ciências Farmacêuticas - Coordenador
do curso de Farmácia do Centro Universitário de Caratinga – Campus UNEC de Nanuque – e-mail -
Alan Pereira dos Santos – Graduando em Farmácia – UNEC – Centro Universitário de Caratinga - E-mail -
[email protected] – Campus UNEC de Nanuque
Wanessa Soares Luiz Silva – Especialista em Saúde Mental no Contexto Multiprofissional, graduada em
Enfermagem – e-mail - [email protected]
Resumo: Automedicação consiste em usar algum produto com objetivo de aliviar ou tratar
sintomas e doenças, independente de acompanhamento profissional e facilmente identificado nos
estudante do curso de Farmácia, na tentativa de mensurar o impacto deste consumo, foi realizada
uma pesquisa quantitativa sobre automedicação nos estudantes de 1º, 3º, 5º e 9º período de
Farmácia de um Centro Universitário do nordeste de mineiro, através da analise de dados,
podemos observar que os alunos do 9º são os que mais têm confiança em se automedicar ou
indicar algum medicamento aos amigos e familiares, demonstrando assim que quanto maior
conhecimento teórico e prático sobre medicamento, maior é o índice de auto medicação.
Palavras Chaves: Estudantes, Automedicação, Farmácia.
1. Introdução
A automedicação é uma forma muito usada pela população para cuidar da saúde, consiste
em usar algum produto com objetivo de aliviar ou tratar sintomas e doenças, independente de
acompanhamento profissional. A automedicação pode ser potencialmente prejudicial á saúde do
individuo, pois todo medicamento pode haver feito colaterais prejudicais a saúde, o uso de
medicamentos de venda livre pode levar a um grande número de distúrbios e patologias (ROSSE
et al. 2011).
"É uma prática comum, vivenciada por civilizações de todos os tempos, com
características peculiares a cada época e a cada região". (MENEZEZ et al. 2004).
Medicamentos de venda livre são aqueles que não precisam de prescrição médica para
serem comercializado também chamados de medicamentos insetos de prescrição (MIP), o
problema que muitas vezes esse medicamentos são utilizados indiscriminadamente e podem
provocar reações adversas (KISHI et al. 2010).
O paracetamol é um analgésico-antitérmico de venda livre quimicamente derivado do p-
aminofenol, possui baixa ação anti-inflamatória sistêmica, normalmente comercializado na
forma de cápsulas, drágeas, comprimidos, gotas, xarope, efervescentes e pastilhas; este
2
medicamento possui efeitos hepatotóxico e pode promover uma lesão hepatocelular (LOPES E
MATHEUS; 2012).
O fácil acesso aos MIP torna-os diretamente atrelados à automedicação, prática comum,
devida à dificuldade de atendimento médico (demora na marcação de consultas médicas,
atendimento precário em pronto-socorros, etc.) (DURÃES et al. 2015). "Os medicamentos
ocupam um papel importante nos sistemas sanitários, pois salvam vidas e melhoram a saúde"
(MARIN et al. 2003).
Muitas vezes a população tem acesso ao tratamento, assistência médica, mas isso não
quer dizer melhores condições de saúde ou qualidade de vida, pois prescrições erradas, falha na
dispensação, a automedicação inadequada podem promover um tratamento ineficaz. "No entanto,
é evidente que a possibilidade de receber o tratamento adequado, conforme e quando necessário,
reduz a incidência de agravos à saúde, bem como a mortalidade para muitas doenças" (ARRAIS
et. al. 2005).
Um dos principais motivos por itoxitação medicamentosa é quase sempre relecionado ao
uso de medicamentos sem acompanhemento profissional. "Dessa forma, o uso indiscriminado de
medicamentos tornou-se uma das grandes dificuldades enfrentadas pela saúde no âmbito
mundial"(LESSA, et al. 2008).
Segundo Organização Pan-america de Saúde (2012) e Vieira e Zucchi (2013) "o Brasil
vem sofrendo transformações na área de saúde, aumenta os investimento em atenção básica
como exemplo a implantação das ESF – Estratégia Saúde da Família, garantindo assim um
acesso seguro e gratuito aos medicamentos".
Segundo a Organização Mundial de Saúde - OMS a automedicação se feita de forma
correta, pode ser desejável. A organização define a automedicação responsável como “prática
dos indivíduos em tratar seus próprios sintomas e males menores com medicamentos aprovados
e disponíveis sem a prescrição médica e que são seguros quando usados segundo as instruções” e
a recomenda como forma de desonerar o sistema público de saúde (KISHIR, et al. 2010).
Quando não ocorre a adoção desta prática seguindo os critérios de uso racional de
medicamentos, tanto o paciente quanto a sociedade podem ter prejuízos. Estes podem estar
relacionados ao mascaramento de sintomas de problemas sérios, a seleção de bactérias
resistentes, a procura a hospitais por problemas de segurança dos medicamentos, entre outros
(GALATO et al. 2012).
É válido ressaltar que o conceito da automedicação responsável não deve ser confundido
com auto prescrição, ou seja, utilização de medicação tarjada. O acesso fácil a informações
através da internet, propagandas na TV e outros meios de comunicação sobre medicação, são
alguns dos motivos que levam as pessoas a utilizarem medicação sem acompanhamento
profissional adequado (BAGGIO; FORMAGGIO; 2009).
A automedicação responsável pode representar uma economia ao indivíduo e ao sistema
de saúde como um todo. Se feita de forma inadequada, o indivíduo pode estar sujeito ao risco de
efeitos colaterais, levando a sofrer transtorno mais graves que a doença inicial e o que poderia
gerar economia no inicio acaba levando a um gasto financeiro ainda maior já que medicamento
tomado de forma inadequada pode mascarar sintomas importantes, piorando sua patologia e
podendo levar a um tratamento inadequado (SILVA e RODRIGUES; 2014).
Dados apontam que os medicamentos são responsáveis por 28% dos casos de intoxicação
em seres humanos no Brasil, por isso a importância do paciente procurar uma orientação do
3
Farmacêutico, uma vez que o profissional farmacêutico tem habilidade e formação que lhe
permitem praticar a atenção farmacêutica. A prática da atenção farmacêutica é entendida como o
“a provisão responsável da farmacoterapia com o objetivo de alcançar resultados definidos que
melhorem a qualidade de vida dos pacientes” (BORTOLONETAL; 2007).
Galato et al. ( 2012) “relata em sua pesquisa que esta prática de automedicação é muito
comum, em idosos pode chegar a 80% e na população em geral a 46%. Em trabalhos realizados
com estudantes estes valores foram superiores a 70%”.
Pode-se considerar esse elevado índice de automedicação, devido à introdução de vários
medicamentos de baixo custo através da liberação de patentes, e a dispensação de medicamentos
sem critérios ou supervisão de um farmacêutico, uma vez que medicamentos de venda livre não
são isentos a efeitos adversos e colaterais (ROSSE et al. 2011).
Automedicação: “Uso de medicamento sem a prescrição, orientação e/ ou o
acompanhamento do médico ou dentista.” (Port. n.º3916/98 - Política Nacional de
Medicamentos).
O presente trabalho científico tem como objetivo demonstrar através de pesquisa de
campo que quanto maior o conhecimento adquirido pelos estudantes do curso de Farmácia,
maior será a automedicação.
2. Referencial
2.1 Pricipais classes de medicamentos envolvidos na automedicação
Pesquisa realizado com idosos por Sá et al. (2007) realizado na cidade de Salgueiro-
Pernabunco, conclui-se que os medicamentos mais utilizados na automedicação foram os
antipiréticos, seguidos dos analgésicos. As pricipais causas que levaram a utilização desses
fármacos foram febre, dores.
Galato et al. (2012) "obteve os seguintes resultados em sua pesquisa realizada com
estudantes universitários 90,4% dos entrevistados alegaram que o motivo que levou a
automedicação foi dores em geral e o Paracetamol e a Dipirona foram o medicamento mais
utilizado".
Outra pesquisa realizada com estudantes da área de saúde no sudeste da Bahia apontou os
seguintes resultados 98,1% do entrevistando já realizou algum tipo de automedicação,
evidenciando uma alta prevalência nessa prática e em outra univesidade em Santa Catariana
constatou que 96,5% já realizou essa prática, e no sul de Minas gerais 93,11% se automedicaram.
(SILVA e RODRIGUES, 2014)
Imagem 1: Grupo de fármacos alopáticos/homeopáticos mais comumente utilizados na
automedicação.
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Fonte: LOPES, 2014
Na pesquisa de Lopes 2014 realizada em Teresina-Pi nos estudantes universitarios foi
evidenciasdo que os medicamentos vinculados no processo de automedicação prevalecem os
analgésicos (95,71%), antiinflamatórios (85,36%), antibióticos 973,93%) medicamentos para
resfriados (72,14%), xaropes (63,93%), descongestionantes (49,29%) e relazantes musculares
(36,43%) e tópicos para a pele (32,50%) conforme desmotrado na imagem 1
E uma pesquisa realizada por Silva e Rodrigues (2014) observa-se que os medicamentos
mais utilizados foram os analgésicos e antitérmicos (19,4%), Anti-finclamatórios (17,8%),
Medicamentos para resfriados/gripes (15,7%), decongestionantes nasais (8,4%), atibioticos
98,3%), antialérgicos (8,3%), Gotas otológicas (3,1%), Corticóides nasais ( 2,2%), Cortidcoides
sistêmicos (2%), antiasmáticos (0,7%) e outros (1,4%).
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3. Procedimentos Metodológicos
A pesquisa foi realizada no período de 20 de Janeiro a 31 de março de 2017 com os
estudantes do curso de Farmácia de um Centro Universitário do Nordeste Mineiro. Informações
obtidas apontou que o curso de Farmácia possui um total de 195 (cento e noventa e cinco) alunos
matriculados, e a pesquisa entrevistou um total de 131 (cento e trinta e um) acadêmicos, o que
reflete em uma amostra 77% em relação a população total. Foi realizada uma pesquisa
bibliográfica atualizada em principais bases de dados sobre o tema proposto.
A metodologia para levantamento dos dados foi por aplicação de questionário
quantitativo (anexo I) no campus institucional. Foram realizadas as pergunta a seguir: (1)
Assinatura do termo de consentimento; (2) Qual período você está cursando Farmácia; (3) Você
já se automedicou; (4) Qual ou quais categoria (s) de medicamento você mais utilizar sem
prescrição medica; (5) Qual ou quais influencia levou à prática da automedicação; (6) O
conhecimento adquirido no decorrer do curso de Farmácia sobre medicamento como risco,
indicações, interações medicamentosas, te estimulou a realizar a automedicação; (7) Você se
sente preparado ou tem conhecimento para se automedicar ou indicar algum tipo de
medicamento a algum amigo ou familiar. Após coleta dos dados, procedeu-se o tratamento e
escrita do presente trabalho.
4. Resultado e discussões
Tabela I: Distribuição dos alunos por período do curso de Farmácia, e se já se realizou
automedicação.
Período
Quant. de alunos
Já se automedicou
SIM NÃO
Primeiro 31 23,67% 83,87% 16,12%
Terceiro 33 25,19% 100% 0,00%
Quinto 34 25,95% 100% 0,00%
Nono 33 25,19% 100% 0,00%
Total 131 100%
Fonte: Os autores (2017)
A tabela 1 apresenta resultados bem balanceados entre os períodos do curso de farmácia.
Observa-se que apenas 16,12 % dos alunos do 1º período de Farmácia declarou que nunca
realizou nenhum tipo de automedicação, ao contrário dos outros períodos que 100% dos alunos
declaram que já realizou algum tipo de automedicação.
Pesquisas apontam que há uma alta a taxa de automedicação entre universitários de
diferentes cursos da área de saúde, levando em consideração que estes futuramente, serão os
principais responsáveis por conscientizar a população sobre os riscos da automedicação, torna-se
preocupante tal achado (SILVA e RODRIGUES; 2014).
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Tabela II: Qual ou quais categoria (s) de medicamento você mais utiliza sem prescrição
médica
Medicamentos Utilizados Nº %
Antibiótico 10 6,06
Analgésico 80 48,48
Anti-inflamatório 52 31,52
Corticóides 04 2,42
Outros 19 11,52
Total *165 100
Fonte: Os autores (2017)
*Houve mais de uma resposta por acadêmico = 131
Dos 131 estudantes entrevistados, constatou-se que muitos utilizaram mais de um tipo de
medicamento, colocando em risco sua saúde e aumentando o risco de interação medicamentosa.
Sendo os analgésicos os mais utilizados por estes estudantes
Arrais (2016) constatou em sua pesquisa que a automedicação limita-se a tratar doenças
agudas autolimitadas, como problemas no estômago ou intestino, febre, dor, gripe, resfriado ou
rinite alérgica, náusea e vômito, entre outros, e na maioria das vezes com produtos isentos de
prescrição.
Os anti-inflamatórios não-esteróides (AINE’s) constituem uma das classes de fármacos
mais difundidas em todo mundo, utilizados no tratamento da dor aguda e crônica decorrente de
processo inflamatório. Possuem ação anti-inflamatória, analgésica e antipirética por inibição da
síntese de prostaglandinas mediante ao bloqueio da ciclooxigenase1 (COX-1) e ciclooxigenase2
(COX-2), criando subgrupos de AINE seletivos e não seletivos para COX-2. (SILVA et al. 2014)
"Toda via, as cicloxigenases expressam ações distintas. As propriedades farmacológicas
dos AINE’s decorrem principalmente da ação inibitória sobre a COX-2, enquanto as reações
adversas são resultantes da inibição da COX-1" (SILVA et al. 2014).
"São múltiplos os riscos evidenciados à utilização exacerbada de AINE: riscos
cerebrovasculares, renais, hepáticos, cardiovasculares e trombóticos, gastrintestinais,
gestacionais e fetais". (SILVA et al. 2014)
Os AINE’s são os agentes tópicos mais utilizados na prática clínica. Seu mecanismo de
ação consiste na inibição da enzima ciclo-oxigenase tipo 1 e tipo 2 com consequente redução da
síntese de prostaglandinas e da sensibilização de terminações nervosas nos tecidos periféricos,
sítio comum de dor e inflamação. Sua utilização sistêmica está associada a importantes efeitos
colaterais hepáticos, cardiovasculares, gastrointestinais e renais (FLORES et al. 2012)
Segundo Queiroz et al. (2013) o paracetamol e a dipirona são os analgésicos mais
utilizados, no Brasil. Geralmente os analgésicos baseia na inibição da síntese de prostaglandinas,
responsáveis pela dor leve e moderada, pela vasodilatação e pelo aumento da permeabilidade
vascular. Apesar de ser um medicamento de venda livre a dipirona por exemplo, tem seu uso
restrito nos EUA e em vários países da Europa, pela possibilidade de causar agranulocitose,
complicações, anemia aplástica e anafilaxia.
7
Mota et al. (2010) descreve que os antimicrobianos são substâncias naturais
(antibióticos) ou sintéticas (quimioterápicos) que agem sobre microorganismos inibindo o seu
crescimento ou causando a sua destruição. É a segunda classe de droga mais utilizada sendo
responsável por 20 a 50% das despesas hospitalares. É prescrita em larga escala em atendimentos
ambulatoriais e também como automedicação. Esta ampla utilização de antimicrobianos pode
afetar de forma significativa não somente a microbiota do paciente que o utiliza, mas também a
ecologia microbiana dos outros pacientes.
O uso inadequado de antimicrobianos é descrito há vários anos. Mota et al. apud
Scheckler e Bennet, em 1970, observaram que 62% das indicações de antimicrobianos eram
feitas a pacientes sem infecção. Mota et al. apud Kunin concluiu em artigo publicado em 1973
que 50% das prescrições de antimicrobianos não tinham indicação. Mota et al. apud Jogerst e
Dippe, em 1981, classificaram como inadequadas 59% das prescrições antimicrobianas.
Com a aprovação da RDC nº 44/2010, que controla a dispensação de antimicrobianos,
contribui para a diminuição do consumo irracional de antibiótico (BRITO et al. 2012), outros
fatores que pode ter contribuído para aumento do consumo de anti-inflamatórios é que a
população se automedica baseando-se em propagadas, experiência de amigos e parentes, e a
indicação sem conhecimento técnico dos balconistas das drogarias (SILVA e RIBAS, 2016).
Tabela III – Qual ou quais influência (s) levaram à prática da automedicação
Medicamentos
Utilizados
1º Período 3º Período 5º Período 9º Período
Nº % Nº % Nº % Nº %
Farmacêutico ou
funcionário da farmácia 09 25,00 14 40,00 10 22,22 12 24,49
Autoconhecimento 10 27,78 12 34,29 19 42,22 24 48,98
Amigos, familiares 13 36,11 03 08,57 11 24,44 07 14,29
Propaganda 01 02,77 03 08,57 03 06,67 01 02,04
Prescrições antigas 03 08,33 03 08,57 02 04,45 05 10,20
Total *36 100 *35 100 *45 100 49 100
Fonte: Os autores (2017)
*Houve mais de uma resposta por acadêmico =1º P 31 alunos, 2º P 33 alunos, 5º P 34 alunos e 9º
P 33 alunos
P = período
Observamos que nas turmas iniciais eles sofreram mais influência de amigos, balconistas
da Farmácia, já o 9º período onde se pressupões que são alunos com maior nível de
conhecimento o que mais influenciou foi o “Autoconhecimento”.
"Pesquisas demostram que automedicação não estar associado com classe econômica, já
que os medicamentos mais consumidos são de baixo custo e de fácil acessos e não necessita de
prescrição médica" (CONNASS, 2003).
8
Um dos principais motivos para automedicação é a autoconfiança, já que durante o curso
de graduação o aluno adquiriu vasto conhecimento teórico e prático sobre medicação a, sendo
isso um fator determinante para automedicação (ROSSE et al. 2011).
Segundo a ANVISA, 2007 os laboratórios aproveitam-se da tendência da automedicação
para investir em propagadas, e acabam criando uma necessidade de utilização de medicamentos,
como exemplo os polivitamínicos, que são anunciados como imprescindíveis para realização das
atividades cotidianas, sendo que tais medicamentos só devem ser utilizados caso haja algum
deficiência de vitaminas no organismo.
Existe uma grande parcela da população que tem dificuldade de acesso aos serviços de
saúde. Por isso, utilizam medicamentos por conta própria, sem a indicação de um profissional
habilitado (ANVISA 2007).
Segundo Rosse et al. (2011), a tendência de armazenamento de medicamentos em casa
revela uma das formas de automedicação, já que muitos familiares acabam compartilhando
medicação e até prescrição médica levando assim risco grande de efeitos colaterais relacionado
aos medicamentos.
De acordo com a ANVISA (2007) os medicamentos mais utilizados são antibióticos,
medicamentos para emagrecer, vitaminas e analgésicos. Pesquisa desenvolvida por Cerqueira et
al. (2005), aponta que os analgésicos são os mais utilizados de forma indiscriminada.
Tabela IV - O conhecimento adquirido no decorrer do curso de Farmácia sobre
medicamentos como riscos, indicações, interações medicamentosas, te estimulou a realizar
a automedicação
Período SIM NÃO
Quant. % Quant. %
Primeiro 5 16,12 26 83,87
Terceiro 6 18,18 27 81,81
Quinto 11 32,35 23 67,64
Nono 24 72,72 9 27,27
Fonte: Os autores (2017)
De acordo Tomasi (2007), “a automedicação é um procedimento caracterizado
fundamentalmente pela iniciativa de um doente, ou de seu responsável, em obter ou produzir e
utilizar um produto que acredita lhe trará benefícios no tratamento de doenças ou alívio de
sintomas”. A automedicação inadequada, tal como a prescrição errônea, pode ter como
consequência efeitos indesejáveis, enfermidades iatrogênicas e mascaramento de doenças
evolutivas, representando, portanto, um problema a ser prevenido. É evidente que o risco dessa
prática está correlacionado com o grau de instrução e informação dos usuários sobre
medicamentos, bem como com a acessibilidade dos mesmos ao sistema de saúde.
Tabela V - Você se sente preparado ou tem conhecimento para se automedicar ou
indicar algum tipo de medicamento a algum amigo ou familiar
9
Período SIM NÃO
Quant. % Quant. %
Primeiro 07 22,58 24 70,96
Terceiro 19 57,57 14 42,42
Quinto 12 35,29 22 64,70
Nono 28 84,84 05 15,15
Fonte: Os autores (2017)
Silva et al. (2012) relaciona essa prática a fatores de autoconfiança, devido ao
conhecimento teórico e prático adquiro durante a graduação, ou simplesmente o fácil acesso ao
medicamento. “O risco dessa prática está correlacionado com o grau de instrução e informação
dos usuários sobre medicamentos, bem como com a acessibilidade dos mesmos ao sistema de
saúde” (GALATO et al 2012).
Segundo Galato (2012), muitas das vezes a prática de automedicação demostra resultados
favoráveis, mas outras vezes podem trazer prejuízo à saúde. O risco a dessa prática está
relacionado com o grau de instrução e informação dos usuários sobre medicamentos, bem como
a acessibilidade dos mesmos ao sistema de saúde.
Lembrando que esses estudantes ainda encontram-se no 9º periodo de farmácia, faltando
assim aproximadamente 01 ano para concluirem seu curso de graduação, apenas após concluirem
e estarem devidamente habilitado no Conselho de Farmácia, que poderam realizar pescrição
farmacêutica. “O farmacêutico poderá realizar a prescrição de medicamentos e outros produtos
com finalidade terapêutica, cuja dispensação não exija prescrição médica" (CRF, 2013).
Resolução Nº586/13, art. 3 define-se a prescrição farmacêutica como ato pelo qual o
farmacêutico seleciona e documenta terapias farmacológicas e não farmacológicas, e outras
intervenções relativas ao cuidado à saúde do paciente, visando à promoção, proteção e
recuperação da saúde, e à prevenção de doenças e de outros problemas de saúde (CRF 2013)
É fato que, em vários sistemas de saúde, profissionais não médicos estão autorizados a
prescrever medicamentos. É assim que surge o novo modelo de prescrição como prática
multiprofissional. Esta prática tem modos específicos para cada profissão e é efetivada de acordo
com as necessidades de cuidado do paciente, e com as responsabilidades e limites de atuação de
cada profissional. Isso favorece o acesso e aumenta o controle sobre os gastos, reduzindo, assim,
os custos com a provisão de farmacoterapia racional, além de propiciar a obtenção de melhores
resultados terapêuticos (CRF, 2003).
Segundo o Conselho Regional de Farmácia - CRF (2013) a literatura internacional
demonstra benefícios da prescrição por farmacêuticos segundo diferentes modelos, realizada
tanto de forma independente ou em colaboração com outros profissionais da equipe de saúde. O
farmacêutico, neste último caso, prescreve medicamentos definidos em programas de saúde no
âmbito dos sistemas públicos, em rotinas de instituições ou conforme protocolos clínicos e
diretrizes terapêuticas pré-estabelecidos.
“As pessoas com mais conhecimentos, sejam adquiridos em sala de aula ou pelas
experiências da vida, sentem-se mais confiantes para se automedicarem”. (SILVA e
RODRIGUES 2014).
10
5. Considerações Finais
Após tratamento dos dados da pesquisa pode-se constatar que na medida em que
aumentou conhecimento sobre medicamentos, riscos, interações, indicações, o estudante
demostrou mais confiança em se automedicar ou indicar algum medicamento a um amigo ou
parente, como observado na Tabela V no qual os alunos 9º período de Farmácia 84,84 % se sente
preparado para se automedicar ou indicar algum tipo de medicamento contra 15,15 % que não se
sentem preparados ao contrário dos alunos do 1º período que 22,58 % apenas se sentem
preparados contra 70,96 % que não, demonstrando que automedicação está diretamente ligada ao
nível de conhecimento adquirido pelo estudante de farmácia durante o seu curso de graduação.
Mesmo que automedicação possa fazer parte do autocuidado é importante avaliar se estar sendo
feito de forma adequada e racional respeitando a posologia, horário e selecionar alternativas
terapêuticas seguras, que possa ser adquirido sem prescrição médica os MIP’s.
Diante dos fatos torna-se necessário uma conscientização dos estudantes do curso
referido para que este se conscientize a cada dia em relação a automedicação responsável.
6. Referências
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Medicamentos | Capítulo 3 – 2007.
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7. Anexo I
Termo de Compromisso Livre e Esclarecido
Você está sendo convidado (a) a participar de uma pesquisa para Trabalho de conclusão de curso
de farmácia e para publicação de um artigo cientifico. O objetivo é elabora uma pesquisa sobre
automedicação nos estudante de graduação do curso de Farmácia de um determinado Centro
Universitário de Caratinga. Sua participação é completamente voluntaria, não existindo nenhuma
forma de remuneração para sua participação. Se você concorda em participar do trabalho, basta
apenas responder um questionário padronizado que se encontra a seguir, sobre informações obre
“Automedicação”. Assim peço sua colaboração de ser o mais fidedigno possível em suas
respostas. Os resultados serão utilizados para elaboração do trabalho de conclusão de Curso TCC
e para publicação de um artigo científico. Todos os questionários utilizados na pesquisa ficarão
sob a guarda do pesquisador responsável. Se você tiver qualquer dúvida em relação a pesquisa,
poderá contatar o Estudante Danilo Ramaciotti Caires, por e-mail [email protected] ou
Prof. Orientador Dr. Daniel Rodrigues Silva, por e-mail [email protected]
( ) Concordo ( )Não concordo Data: ____/____/2017
Questionário
1. Assinatura (Preenche somente com as iniciais do seu nome. Exemplo Danilo Ramaciotti
Caires = DRC)
____________________________
2. Qual período você está cursando Farmácia?
( ) 1º período ( ) 3ª período ( )5ª período ( ) 9º período
3. Você já se automedicou?
( ) Sim ( ) Não
4. Qual ou quais categoria (s) de medicamento você mais utilizar sem prescrição
medica?
( ) Antibiótico ( ) Analgésicos ( ) Anti-inflamatórios ( ) Corticoides
( ) Outros
5. Qual ou quais influencia levou à prática da automedicação?
( ) Farmacêutico ou funcionário da farmácia ( ) Autoconhecimento
( )Amigos, familiares ( )Propagada ( )Prescrição antigas
6. O conhecimento adquirido no decorrer do curso de Farmácia sobre medicamento
como riscos, indicações, interações medicamentosas, te estimulou a realizar a
automedicação?
( ) Sim ( ) Não
7. Você se sente preparado ou tem conhecimento para se automedicar ou indicar
algum tipo de medicamento a algum amigo ou familiar?
( ) Sim ( ) Não