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CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
MESTRADO EM ODONTOLOGIA
KLÍSSIA ROMERO FELIZARDO
AVALIAÇÃO DO PADRÃO DE EXPRESSÃO DAS PROTEÍNAS SALIVARES LACTOFERRINA E LISOZIMA,
FLUXO SALIVAR, BIOFILME DENTÁRIO E ESTREPTOCOCOS DO GRUPO MUTANS EM CRIANÇAS
COM E SEM CÁRIE DENTÁRIA
Londrina
2009
KLÍSSIA ROMERO FELIZARDO
AVALIAÇÃO DO PADRÃO DE EXPRESSÃO DAS PROTEÍNAS SALIVARES LACTOFERRINA E LISOZIMA,
FLUXO SALIVAR, BIOFILME DENTÁRIO E ESTREPTOCOCOS DO GRUPO MUTANS EM CRIANÇAS
COM E SEM CÁRIE DENTÁRIA
Dissertação apresentada à Universidade Norte do Paraná como parte integrante dos requisitos necessários para obtenção do título de Mestre em Odontologia.
Orientadora: Profa. Dr
a. Flaviana Bombarda de
Andrade Ferreira
Londrina 2009
AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
Dados Internacionais de catalogação-na-publicação Universidade Norte do Paraná
Biblioteca Central
Setor de Tratamento da Informação
Felizardo, Klissia Romero.
f361a Avaliação do padrão de expressão das proteínas salivares lactoferrina e
lisozima, fluxo salivar, biofilme dentário e presença de estreptococos do
grupo mutans em crianças com e sem cárie dentária/ Klissia Romero
Felizardo. Londrina : [s.n], 2009.
xvi; 109p.
Dissertação (Mestrado). Odontologia. Dentística Preventiva e Restauradora.
Universidade Norte do Paraná.
Orientadora: Profª Drª. Flaviana Bombarda de Andrade Ferreira
1- Odontologia - dissertação de mestrado – UNOPAR 2- Lisozima 3-
Lactoferrina 4- Cárie dentária 5- Saliva 6- Eletroforese em gel de
poliacrilamida I- Ferreira, Flaviana Bombarda de Andrade, orient. II-
Universidade Norte do Paraná.
CDU 616.314-089.27/.28
KLÍSSIA ROMERO FELIZARDO
AVALIAÇÃO DO PADRÃO DE EXPRESSÃO DAS
PROTEÍNAS SALIVARES LACTOFERRINA E LISOZIMA, FLUXO SALIVAR, BIOFILME DENTÁRIO E
ESTREPTOCOCOS DO GRUPO MUTANS EM CRIANÇAS COM E SEM CÁRIE DENTÁRIA
Dissertação apresentada à Universidade Norte do Paraná como parte integrante dos requisitos necessários para obtenção do título de Mestre em Odontologia.
COMISSÃO EXAMINADORA
________________________________
Profa. Dra. Flaviana Bombarda de Andrade Ferreira (orientadora)
Universidade Norte do Paraná
_________________________________ Profa. Dra. Cristiane Yumi Koga Ito
Universidade Estadual Paulista
________________________________ Profa. Dra.Leila Maria Cesário Pereira Pinto
Universidade Norte do Paraná
Londrina, 17 de dezembro de 2009.
KLÍSSIA ROMERO FELIZARDO
Filiação Claiton Ferreira Felizardo Sueli Maria Romero Felizardo
Naturalidade Londrina/PR
Nascimento 16 de janeiro de 1978
1996-2000 Graduação em Odontologia pela UNIPAR (Universidade Paranaense) Umuarama/PR
2000-2001 Contratada pela Autarquia Municipal de Saúde de Alvorada do Sul/PR – (PSF)
2001-2002 Curso de Aperfeiçoamento em
Odontologia Estética e Adesiva pela UEL (Universidade Estadual de Londrina/PR)
2002-2004 Curso de Aperfeiçoamento em Odontopediatria
pela (UNESP) Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Araraquara /SP)
2002-2002 Curso de Especialização em Saúde Pública pela
Universidade Estadual Paulista (UNESP) Araraquara/SP
2004-2005 Curso de Aperfeiçoamento em Diagnóstico Bucal
pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP) Araraquara/SP
2005- Indeterminado Contratada pelo Instituto Londrinense de Educação de Surdos (ILES)
2006-2008 Curso de Aperfeiçoamento em Ortodontia e
Ortopedia Facial (NBO- Núcleo Brasileiro de Odontologia) Maringá/PR
2008-2010 Curso de Pós Graduação na área de Dentística,
nível Mestrado, na Universidade Norte do Paraná (UNOPAR/PR)
Dedico...
A DEUS em primeiro lugar, que me permitiu viver este momento. Muito obrigada
por estar sempre ao meu lado tornando-me forte e persistente, em todos os
momentos de minha vida.
Aos meus pais Claiton Ferreria Felizardo e Sueli Maria Romero Felizardo,
pelo apoio incondicional. Por serem meus maiores admiradores, por todo o amor
que sempre me deram e por terem sido meu alicerce. Estou certa de que “não
há nada que cative mais o ser humano do que o bom exemplo” e eu me torno
hoje o que sou, devido ao grande exemplo, apoio e amor de vocês. Vocês
iluminam minha vida, com a certeza de estarem sempre dentro do meu coração
e da minha alma. Amo muito vocês!
Ao meu avô Horácio Antônio Felizardo (In memorian) e à minha tia Venus
Mara Ferreira Felizardo pelo incentivo não só nessa caminhada, mas em toda
a vida. A quem devo gratidão e admiração, pela vossa nobreza, humildade e
generosidade acima de tudo. Hoje não estou, mas estamos concluindo mais
uma jornada. Muito obrigada. Sem vocês não teria alcançado esta vitória.
Aos meus irmãos, Kleber Romero Felizardo, Katia Romero Felizardo,
Claiton Ferreira Felizardo Júnior, Karin Romero Felizardo e Christopher
Romero Felizardo, pelas demonstrações de carinho e felicidade ao
compartilharem comigo minhas conquistas, pelo apoio, pelas palavras sábias
em momentos difíceis e por perceberem a necessidade de mesmo à distância,
sermos um. Vocês completam-me!
Aos meus amados sobrinhos Rodolfo Copel Felizardo e Beatriz Copel
Marzolla, que tornaram meus dias mais felizes com o simples sorriso de
criança. Vocês moram em meu coração!
Aos meus tios, tias, primos, primas, cunhados e cunhadas, por me
incentivarem e fazerem parte da minha vida.
À minha avó Olinda Romero Ochiucci, que mesmo distante está sempre
presente em meus pensamentos. Obrigada, amo você!
AGRADECIMENTOS
Á Universidade Norte do Paraná, UNOPAR, representada pelo chanceler,
Prof. Marco Antônio Laffranchi e pela Reitora, Profa. Elisabeth Bueno
Laffranchi;
À Pró-Reitoria de Pesquisa, e Pós Graduação representada pelo Prof. Dr.
Hélio Hiroshi Suguimoto;
Ao Centro de Ciências Biológica da Saúde representada pelo Prof. Ruy
Moreira da Costa Filho;
À Coordenadoria do Curso de Odontologia, representada pelo Prof. Dr. Luiz
Reynaldo de Figueiredo Walter e Prof. Dr. Fernão Hélio Campos Leite
Junior;
A todos os funcionários da Secretaria, Clínica e Laboratório da Odontologia
da UNOPAR;
À FUNADESP pelo imprescindível apoio financeiro.
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
À minha orientadora Profa. Dra. Flaviana Bombarda de Andrade Ferreira
pela orientação e confiança.
À Profa. Dra. Leila Maria Cesário Pereira Pinto, Profa. Dra. Cristiane Yumi
Koga Ito e Profa. Dra. Regina Célia Poli-Frederico por aceitarem participar da
banca examinadora para avaliação deste trabalho, e em especial à Profa. Dra.
Leila Maria Cesário Pereira Pinto pelo auxílio durante o treinamento Kappa,
que com muita experiência foi verdadeira agregadora de conhecimento.
Ao Prof. Dr. Luiz Reynaldo de Figueiredo Walter, coordenador do curso de
Pós-Graduação, pelo apoio.
Ao Prof. Dr. Rafael Gonçalves Braga e Profa. Dra. Waleska Dias Schwarcz
por permitir que parte deste trabalho fosse desenvolvida no Laboratório de
Ciências e Tecnologia do Leite.
Aos laboratórios que foram palco para a realização desse estudo, mas mais do
que aos espaços às pessoas que por eles zelam. Especial agradecimento ao
técnico do Laboratório de Ciências e Tecnologia do Leite, Jorge Moraes
Donato, pela cooperação e apoio durante o período de convivência.
Aos estimados colegas da Pós-Graduação (Turma 2008-2010), pela
amizade, convívio e por tudo que aprendemos juntos. Os levarei no coração na
certeza do reencontro. Obrigada pelo apoio, pela troca de experiências,
materiais didáticos e oportunidades.
“De tudo ficaram três coisas: A certeza de que estamos começando/ A certeza
de que precisamos continuar e a certeza de que podemos ser interrompidos
antes de terminarmos /É necessário fazermos da interrupção um caminho novo/
Da queda um passo de dança/ Do medo, uma escada/ Do sonho, uma ponte/
Da procura, um encontro”. (Fernando Pessoa)
Aos professores da Pós-Graduação (Mestrado em Odontologia), pelo
aprendizado e exemplo como profissionais. Obrigada pelas tantas
oportunidades e incentivos, por tudo o que me permitiram aprender.
“Ser professor não é apenas ensinar técnicas metodológicas. É viver e ensinar a
viver com coerência e com ética. É ensinar que a beleza e o sucesso da vida
estão na valorização dos que nos rodeiam e na nossa própria valorização. É
ensinar que assim como podemos perdoar, poderemos ser perdoados”. (Alma
Catirse)
À Profa. Dra. Sandra Kiss Moura, ao Prof. Dr. Murilo Baena Lopes, e ao Prof.
Dr. Alcides Gonini Júnior, pelas trocas de idéias, carinho e amizade, que
preencheram vários momentos durante essa jornada. Obrigada pela experiência
compartilhada, caminhos ensinados e momentos de descontração. Grandes
pessoas que jamais serão esquecidas. Meus sinceros agradecimentos!
Às Profas. Dras. Terezinha de Jesus Esteves Barata, Sandra Mara Maciel e
Ana Raquel Benetti, pela disposição e generosidade, em todos os momentos.
Aos alunos de Graduação, pela convivência e bons momentos durante e após
o estágio docência.
Aos alunos de Iniciação Científica de Odontologia da Universidade Norte do
Paraná (UNOPAR), Jair Caetano Oliveira e Marjorie Takei Yoshie, Maria
Júlia Moçato Catarino, Daniele Amaral Magalhães, Raissa Rositto Shimizu
e Ariadne Mazieiro pela importante ajuda nos procedimentos laboratoriais e de
pesquisa de campo. Obrigada a todos vocês!
Aos pais e seus respectivos filhos (as) integrantes da pesquisa pela
confiança e fundamental participação.
“Nem tudo é fácil na vida...Mas, com certeza, nada é impossível.” Cecília Meireles
Sumário
i
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................................... iii
LISTA DE TABELAS ................................................................................................................................ iv
LISTA DE QUADROS ............................................................................................................................... v
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ......................................................................................................... vi
RESUMO ........................................................................................................................................... viii
ABSTRACT .......................................................................................................................................... ix
CCAAPPÍÍTTUULLOO 11 .....................................................................................................................................1
INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................1
CCAAPPÍÍTTUULLOO 22 .....................................................................................................................................3
REVISÃO DE LITERATURA ...............................................................................................................3
2.1 CÁRIE DENTÁRIA..........................................................................................................................3
2.2 SALIVA .......................................................................................................................................4
2.3 PROTEÍNAS SALIVARES ................................................................................................................9
2.3.1 LISOZIMA (LZ) ............................................................................................................................10
2.3.2 LACTOFERRINA (LF) ....................................................................................................................10
2.4 RELAÇÃO DAS PROTEÍNAS SALIVARES (LACTOFERRINA E LISOZIMA) COM O FLUXO SALIVAR E ÍNDICE DE
CÁRIE (CPO-D) ..............................................................................................................................15
2.5 MÉTODOS PARA QUANTIFICAÇÃO DE PROTEÍNAS ...........................................................................17
CCAAPPÍÍTTUULLOO 33 ...................................................................................................................................22
PROPOSIÇÃO ..................................................................................................................................22
CCAAPPÍÍTTUULLOO 44 ...................................................................................................................................23
METODOLOGIA ...............................................................................................................................23
4.1 PROCEDIMENTOS ÉTICOS ...........................................................................................................23
4.2 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL E POPULAÇÃO DO ESTUDO ...........................................................24
4.3 TREINAMENTO E CALIBRAÇÃO DOS EXAMINADORES ......................................................................25
4.4 COLETA DE DADOS ....................................................................................................................26
4.5 COLETA DAS AMOSTRAS ............................................................................................................26
4.6 AVALIAÇÃO DOS NÍVEIS SALIVARES DE ESTREPTOCOCOS DO GRUPO MUTANS (EGM) ......................27
4.7 SIALOMETRIA (FLUXO SALIVAR) ..................................................................................................31
4.8 COLETA PARA QUANTIFICAÇÃO DAS PROTEÍNAS SALIVARES ...........................................................32
4.9 MÉTODO DE ELETROFORESE EM GEL DE POLIACRILAMIDA (SDS-PAGE) PARA QUANTIFICAÇÃO DAS
PROTEÍNAS SALIVARES (LF E LZ) .....................................................................................................35
4.10 AVALIAÇÃO DO ÍNDICE DE PLACA (IHOS) ...................................................................................42
4.11 AVALIAÇÃO DA EXPERIÊNCIA DE CÁRIE (ÍNDICE CPO-D)..............................................................44
CCAAPPÍÍTTUULLOO 55 .................................................................................................................................47
RESULTADOS..................................................................................................................................47
5.1 ANÁLISE DESCRITIVA DA AMOSTRA..............................................................................................47
5.2 ANÁLISE ESTATÍSTICA ................................................................................................................51
CCAAPPÍÍTTUULLOO 66 .................................................................................................................................56
DISCUSSÃO.....................................................................................................................................56
6.1 DISCUSSÃO ..............................................................................................................................56
CCAAPPÍÍTTUULLOO 77 .................................................................................................................................70
CONCLUSÕES .................................................................................................................................70
7.1 CONCLUSÕES ...........................................................................................................................70
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................... 69
APÊNDICES......................................................................................................................................... 76
ANEXOS ............................................................................................................................................. 85
Lista de Figuras
ii
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – PRINCIPAIS FUNÇÕES ATRIBUÍDAS A LACTOFERRINA SEGUNDO WARD, URIBE-LUNA, CONNEELEY
(2002) .......................................................................................................................................11
FIGURA 2 – REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA ESTRUTURA 3D DA LACTOFERRINA BOVINA ........................12
FIGURA 3 – PELÍCULA DE PARAFILM “M” (LABORATORY FILM; AMERICAN NATIONAL CAN. CHICAGO, IL) .......27
FIGURA 4 – COLETA DE AMOSTRAS DE SALIVA COM ESPÁTULA DE MADEIRA ................................................28
FIGURA 5 – IMPRESSÃO DA ESPÁTULA NO ÁGAR MITIS-SALIVARIUS EM AMBOS OS LADOS .............................29
FIGURA 6 – PLACAS DO TIPO RODAC DE 67X15 MM (INLAB-INTERLAB DISTRIBUIDORA DE PRODUTOS
CIENTÍFICOS LTDA, SÃO PAULO/SP) .............................................................................................29
FIGURA 7 – JARRA DE ANAEROBIOSE (PERMUTION, CURITIBA/PR) ............................................................30
FIGURA 8 – CONTADOR DE COLÔNIAS (PHOENIX- CP602) .......................................................................30
FIGURA 9 – EXEMPLOS DE CULTURA DE EGM APÓS INCUBAÇÃO REPRESENTANDO PELO NÚMERO DE COLÔNIAS
BAIXO (A), MÉDIO (B) E ALTO (C) RISCO À CÁRIE, SEGUNDO KÖHLER & BRATTHAL (1979) ...................31
FIGURA 10 – PELÍCULA DE PARAFILME UTILIZADA PARA ESTÍMULO DA SALIVAÇÃO (A) E PROVETA (B) UTILIZADA
PARA A COLETA DA AMOSTRA SALIVAR ...........................................................................................32
FIGURA 11 – COLETA DA SALIVA POR MEIO DE SERINGA PLÁSTICA DESCARTÁVEL (BD, BRASIL, VOLUME DE-3
ML), SENDO AS AMOSTRAS ACONDICIONADAS EM MICROTUBOS ........................................................33
FIGURA 12 – (A) APARELHO LIOFILIZADOR (L 101/LIOBRAS) COM AMOSTRAS DE SALIVA; (B) AMOSTRA DE
SALIVA APÓS CENTRIFUGAÇÃO SENDO LIOFILIZADA DURANTE 48H .....................................................34
FIGURA 13 – AMOSTRAS DE SALIVA COM TAMPÃO DESNATURANTE APÓS FERVURA ....................................34
FIGURA 14 – MOLDAGEM DOS SLOTS APÓS ADIÇÃO DA SOLUÇÃO DE EMPILHAMENTO ..................................37
FIGURA 15 – AMOSTRAS DE SALIVA APLICADAS EM GEL DE POLIACRILAMIDA A 15%, SENDO O PRIMEIRO SLOT
(PRIMEIRA COLUNA DA ESQUERDA PARA A DIREITA) MARCADORES DE PESO MOLECULAR, SLOTS DO MEIO
(SEGUNDA COLUNA À SÉTIMA COLUNA DA ESQUERDA PARA DIREITA) AMOSTRAS DE SALIVA CARIADA E
NÃO CARIADA, E OS DOIS ÚLTIMOS SLOTS (OITAVA E NONA COLUNA DA ESQUERDA PARA A DIREITA)
AMOSTRAS DO PADRÃO DE PESO MOLECULAR DA LZ E LF, RESPECTIVAMENTE ...................................38
FIGURA 16 – GUIA CONECTOR COM O OBJETIVO DE FACILITAR O POSICIONAMENTO CORRETO DA MICRO-
SERINGA, EVITANDO FUROS NOS SLOTS .........................................................................................39
FIGURA 17 – FIXAÇÃO DA CONSTANTE DE VELOCIDADE (V) EM (200 V), E AMPERAGEM (A) EM 23MA ............39
FIGURA 18 – IMAGEM DO GEL DE POLIACRILAMIDA EM A, APÓS ESCANEAMENTO. NA ESQUERDA ESTÃO OS
PESOS MOLECULARES DO MARCADOR E NA DIREITA OS PESOS MOLECULARES DOS PADRÕES DE LISOZIMA
E LACTOFERRINA. EM B E C OBSERVA-SE A IMAGEM APÓS A APLICAÇÃO NO SOFTWARE (L-PIX (H.E) 1D-
L340 (LOCCUS BIOTECNOLOGIA), REFERENTE À LOCALIZAÇÃO DAS BANDAS DAS AMOSTRAS DE SALIVA
DE CRIANÇAS COM DENTES CARIADOS (B) E NÃO CARIADOS (C), EM RELAÇÃO À QUANTIFICAÇÃO DA
PROTEÍNA LF E LZ, DE ACORDO COM A INTENSIDADE E POSICIONAMENTO DOS PIXELS. ........................41
FIGURA 19 – SONDA IPC ....................................................................................................................42
FIGURA 20 – APLICAÇÃO DO CORANTE FUCSINA 2% PARA EVIDENCIAÇÃO DE BIOFILME DENTAL NOS DENTES
21 E 42......................................................................................................................................42
FIGURA 21 – ILUSTRAÇÃO DOS CÓDIGOS DO ÍNDICE DE HIGIENE ORAL SIMPLIFICADO .................................43
FIGURA 22 – INSTRUÇÃO DE HIGIENE ORAL E ESCOVAÇÃO ......................................................................43
FIGURA 23 – SUPERFÍCIE DENTAL SENDO INVESTIGADA COM SONDA EXPLORADORA DE PONTA ROMBA .........44
FIGURA 24 – ESQUEMA REPRESENTATIVO DAS AMOSTRAS DE SALIVA E MARCADORES INSERIDOS NO GEL DE
ELETROFORESE ..........................................................................................................................65
Lista de Tabelas
iii
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – FORMULAÇÕES UTILIZADAS NO PREPARO DO GEL DE SEPARAÇÃO (15%) E GEL DE
EMPILHAMENTO (4%) .................................................................................................. 36
TABELA 2 – CRITÉRIOS UTILIZADOS PARA A DETERMINAÇÃO DE CÁRIE...................................... 45
TABELA 3 – CARACTERÍSTICAS DA AMOSTRA EM RELAÇÃO AO GÊNERO .................................... 47
TABELA 4 – DISTRIBUIÇÃO DA AMOSTRA DE ACORDO COM A EXPERIÊNCIA DE CÁRIE .................. 48
TABELA 5 – DISTRIBUIÇÃO DA AMOSTRA DE ACORDO COM A AVALIAÇÃO DOS NÍVEIS SALIVARES DE
EGM ........................................................................................................................ 48
TABELA 6 – DISTRIBUIÇÃO DA AMOSTRA DE ACORDO COM A AVALIAÇÃO DO FLUXO SALIVAR
(SIALOMETRIA) ........................................................................................................... 49
TABELA 7 – DISTRIBUIÇÃO DE INDIVÍDUOS EM RELAÇÃO À QUANTIDADE DE PLACA BACTERIANA
(IHOS) ..................................................................................................................... 50
TABELA 8 – DISTRIBUIÇÃO DE INDIVÍDUOS EM RELAÇÃO À PRESENÇA OU AUSÊNCIA DE
LACTOFERRINA .......................................................................................................... 50
TABELA 9 – DISTRIBUIÇÃO DE INDIVÍDUOS EM RELAÇÃO À CONCENTRAÇÃO DE LISOZIMA ............ 50
TABELA 10 – VALORES MÉDIOS DO ÍNDICE CPO-D E SEUS COMPONENTES DISTRIBUÍDOS POR
GÊNERO .................................................................................................................... 51
TABELA 11 – VALORES MÉDIOS DO ÍNDICE CPO-D E SEUS COMPONENTES DISTRIBUÍDOS POR
CONTAGEM DE EGM ................................................................................................... 52
TABELA 12 – VALORES MÉDIOS DO ÍNDICE CPO-D E SEUS COMPONENTES DISTRIBUÍDOS PELA
CLASSIFICAÇÃO DO IHOS ............................................................................................ 52
TABELA 13 – VALORES MÉDIOS DO ÍNDICE CPO-D E SEUS COMPONENTES DISTRIBUÍDOS PELA
CLASSIFICAÇÃO DO FLUXO SALIVAR (SIALOMETRIA) ........................................................ 53
TABELA 14 – VALORES MÉDIOS DO ÍNDICE CPO-D E SEUS COMPONENTES DISTRIBUÍDOS PELA
PRESENÇA OU AUSÊNCIA DA PROTEÍNA LF ..................................................................... 53
TABELA 15 – VALORES MÉDIOS DO ÍNDICE CPO-D E SEUS COMPONENTES DISTRIBUÍDOS PELA
CLASSIFICAÇÃO ATRIBUÍDA À CONCENTRAÇÃO DA PROTEÍNA LZ ....................................... 54
TABELA 16 – RESULTADOS OBTIDOS PARA A CORRELAÇÃO DE PEARSON (R) ENTRE O ÍNDICE CPO-
D E SEUS COMPONENTES E DEMAIS VARIÁVEIS .............................................................. 54
TABELA 17 – CORRELAÇÃO ENTRE TODAS AS VARIÁVEIS E A PROTEÍNA LACTOFERRINA.............. 55
Lista de Quadros
v
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 - MÉDIA DE EGM EM UNIDADES FORMADORAS DE COLÔNIAS (UFC) E A
CORRELAÇÃO COM O RISCO DE CÁRIE DENTÁRIA ..................................................... 31
QUADRO 2 - CATEGORIZAÇÃO DO FLUXO SALIVAR ESTIMULADO EM ML/MIN ........................ 32
QUADRO 3 - CÓDIGOS (ESCORES) PARA O ÍNDICE DE PLACA BACTERIANA (ÍNDICE DE HIGIENE
ORAL SIMPLIFICADO – IHOS) ............................................................................... 43
QUADRO 4 – CRITÉRIOS UTILIZADOS PARA O DIAGNÓSTICO DE CÁRIE ............................... 46
Lista de Siglas e Abreviações
vi
LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES
bLf Lactoferrina bovina
CEP Comitê de Ética em Pesquisa CO2 Dióxido de Carbono CPO-D Número de dentes cariados, perdidos e obturados
cm Centímetros cm2 Centímetros ao quadrado
C Escala celsius de temperatura
DDT Dicloro difenil tricloroetano DF Disautonomia familiar
ECC Crianças com cárie precoce EGM Estreptococos do grupo mutans
g Grama (unidade de massa)
H20 Água HIV Vírus da imunodeficiência humana IgA Imunoglobulina tipo A
IgG Imunoglobulina tipo G IgM Imunoglobulina tipo M IHOS Índice de Higiene Oral Simplificado
kDa Kilodalton Lf Lactoferrina LP Lactoperoxidase
LPS Lipopolissacarídeos LZ Lisozima MSB Ágar mitis-salivarius bacitracina
nm Nanômetro mm Mililitro mL/min Mililitro por minuto
mg Miligrama mg/mL Miligrama por mililitro M Molar
mM Milimolar MM Massa molar
Menor
Maior
µL Microlitro µHg Microlitro de mercúrio
OMS Organização Mundial de Saúde p Índice de significância PAGE Eletroforese em gel de poliacrilamida
pH Potencial hidrogeniônico pI Ponto isoelétrico PSA Persulfato de amônio
rpm Rotação por minuto
Lista de Siglas e Abreviações
vi
S. mutans Streptococcus mutans
SDS Dodecil sulfato de sódio
SPSS
Statistical Package for Social Sciences
TEMED Tetra metilenodiamina
tris Tris (hidroximetil) amino-metano tris HCl Solução base tampão de HCl UFC Unidade formadora de colônias
UFC/mL Unidade formadora de colônias por mililitro UNOPAR Universidade Norte do Paraná V Voltagem
v volts W watts de potência
FELIZARDO, Klissia Romero. Avaliação do padrão de expressão das proteínas
salivares lactoferrina e lisozima, fluxo salivar, biofilme dentário e estreptococos do grupo mutans em crianças com e sem cárie dentária. 2009.109 p.
Dissertação (Mestrado em Odontologia) Universidade Norte do Paraná,
Londrina, 2009.
RESUMO
São vários os fatores determinantes da cárie dentária, sendo os de
especial importância relacionados à saliva e à colonização dos microrganismos
no biofilme dental. A saliva contém fatores de defesa adquiridos - componentes específicos (anticorpos) e inatos - componentes não específicos, que são proteínas antimicrobianas capazes de inibir a aderência e a viabilidade dos
microrganismos cariogênicos. Foi avaliada a associação entre fatores salivares (fluxo salivar e o perfil eletroforético das proteínas lactoferrina e lisozima), a experiência/atividade de cárie, pelos parâmetros clínicos como os índices de
cárie e de placa (CPO-D e IHOS); além da avaliação dos níveis salivares, através da contagem de estreptococos do grupo mutans (EGM). A amostra foi
constituída de 80 crianças (escolares) aos 12 anos de idade da Rede Estadual
de Ensino de Londrina/PR, e divididas em dois grupos: Grupo 1- indivíduos que apresentavam CPO-D ≥1 e Grupo 2- indivíduos que não apresentavam dentes cariados (CPO-D=0). Os responsáveis pelos escolares assinaram um termo de
consentimento informado, de acordo com as normas do Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade do Norte do Paraná (UNOPAR) e responderam a um questionário acerca da saúde
bucal e sistêmica das crianças. Foi realizado um exame clínico, para diagnosticar a presença ou ausência da doença cárie através de levantamento do Índice CPO-D (número de dentes cariados, perdidos e restaurados) e
avaliação do Índice de placa (biofilme dentário) através do índice de higiene oral simplificado. A taxa do fluxo salivar foi avaliado por meio de coleta de saliva durante 4 minutos e coletado mais 1 mL de amostra de saliva para análise das
proteínas lactoferrina e lisozima, cujo padrão foi estudado por meio da eletroforese em gel de poliacrilamida (SDS-PAGE). Para a avaliação dos níveis salivares de EGM foi realizada a coleta segundo a metodologia da espátula de
KOLHER; BRATTHAL (1979), utilizando o meio seletivo ágar mitis-salivarius, acrescido de sacarose, bacitracina e telurito de potássio. Observou-se que 58,8% das crianças do presente estudo eram cárie-inativas, apesar de 63,3%
possuirem experiência de cárie; não houve relação do fluxo salivar com nenhum dos demais fatores avaliados; o índice CPO-D foi correlacionado com a quantidade de biofilme dentário; dentes cariados foram associados com os níveis salivares de EGM; houve uma tendência da concentração de lisozima se
associar com o CPO-D; a proteína lactoferrina correlacionou-se com o biofilme dentário, CPO-D e dentes restaurados; não houve relação das proteínas
salivares com a contagem de EGM. A quantificação destas proteínas, que possuem potencial antimicrobiano, permitiu observar uma possível associação com os índices de placa e de cárie, favorecendo a uma melhor compreensão do
aspecto biológico e etiológico da cárie dentária.
Palavras-chave: Lisozima; Lactoferrina; Cárie dentária; Saliva; Eletroforese em
gel de poliacrilamida
FELIZARDO, Klissia Romero. Evaluation of the expression pattern of
salivary proteins lactoferrin and lysozyme, salivary flow, dental biofilm and mutans streptococci in children with and without caries. 2009.109 p. Dissertation (Master of Dentistry) University of North Parana, Londrina, 2009.
ABSTRACT
There are several determinants of dental caries, and those of particular importance are related to saliva and the colonization of microorganisms in the
biofilm. The saliva contains protective factors acquired-specific components (antibodies) and innate - non-specific components, which are microbial proteins able to inhibiting the adhesion and viability of cariogenic microorganisms. It was
evaluated the association between salivary factors (salivary flow and electrophoretic pattern of lactoferrin and lysozyme) and experience / caries activity through clinical parameters as indices of caries and plaque (DTMF and SOHI); and evaluation of salivary levels of mutans streptococci. The sample
consisted of 80 children (schoolars) of 12 years old from public schools of Londrina, PR, shared in two groups: Group 1 – children with DMFT ≥1and Group
2 - children who did not show decayed teeth (DMFT=0). The responsible for children signed an informed consent in accordance with the rules of the Ethics in Research Committee Center of Biological Sciences and Health of the University
of North Paraná (UNOPAR) and answered a questionnaire about oral health and systemic children. We conducted a clinical examination for diagnosis of the presence or absence of dental caries by means of the DMF index (number of
decayed, missing and filled/restored teeth) and the evaluation of Plaque Index (dental biofilm) by means of simplified oral hygiene index. The rate of salivary flow was evaluated by collecting saliva samples for 4 minutes and collected more
1 mL of saliva sample for analysis of proteins lactoferrin and lysozyme, whose pattern was studied by means of polyacrylamide gel electrophoresis (SDS-PAGE). To evaluate the salivary levels of mutans streptococci, the spatula
technique of KOLHER; BRATTHAL (1979) was used, spreading at the selective medium mitis-salivarius, added of sucrose, bacitracin and potassium telurite. 58,8% of children of this study were caries-inactive, in spite of 63,3% of them
showing caries experience; there was no relation among salivary flow and any other evaluated factors; the DMFT index was correlated with the amount of dental biofilm; decayed teeth were associated with mutans streptococci salivary
levels; there was a tendency of lysozime concentration association with DMFT; the lactoferrin protein correlated with dental biofilm, DMFT and restored teeth; there was no relation between salivary proteins with mutans streptococci counts.
The quantification of these proteins, which have antimicrobial potential, allowed us to observe a possible association with the biofilm and caries index, promoting a better understanding of biological and etiological aspects of dental caries.
Keywords: Lysozyme; Lactoferrin; Dental caries; Saliva; Polyacrylamide gel
electrophoresis.
CCAAPPÍÍTTUULLOO 11
INTRODUÇÃO
s superfícies da cavidade bucal são constantemente colonizadas por
microrganismos. Esses microrganismos constituem uma microbiota muito
complexa que, por si só, não resulta em doença, visto que eles existem em
equilíbrio com o hospedeiro. Essa microbiota está sob influência de componentes
específicos e não específicos do sistema imunológico secretor, cuja função protetora
é limitar a colonização microbiana das superfícies bucais e prevenir a penetração de
substâncias nocivas nestas superfícies. (THYLSTRUP & FEJERSKOV, 1995).
A saliva contém fatores de defesa adquiridos (componentes específicos-
anticorpos) e componentes não-específicos (inatos), que são proteínas
antimicrobianas, não pertencentes às imunoglobulinas, no caso: lisozima (LZ);
lactoperoxidase (LP); lactoferrina (Lf); componentes antimicrobianos poucos
conhecidos; glicoproteínas com alto peso molecular e outros componentes salivares
que podem atuar como aglutininas bacterianas (LEONE & OPPENHEIM, 2001;
FEJERSKOV, 1998; KIDD & FEJERSKOV,2004; FEJERSKOV & KIDD,2006). A
maioria dessas proteínas pode inibir o metabolismo, aderência ou até mesmo a
viabilidade dos microrganismos cariogênicos in vitro.
A função clínica na boca humana, tanto da lisozima (LZ), quanto da
lactoferrina (Lf) não está bem determinada. Todavia, parece que são importantes
para o controle do crescimento microbiano excessivo dentro da boca, mas não se
sabe o quanto são seletivas contra os microrganismos patogênicos, só se sabe que
os fatores não específicos antimicrobianos da saliva podem reduzir o número de
bactérias suscetíveis na placa ou reduzir a colonização, modificando o metabolismo
bacteriano (OHO, MITOMA, KOGA,2002; FRANCESCA et al.,2004).
A eletroforese desnaturante em gel de poliacrilamida na presença de dodeci l
sulfato de sódio (SDS) é um método unidimensional de separação de proteínas
(ROCHA et al. 2005) muito utilizado para análise do padrão de massas moleculares
AA
Introdução
2
e pesos moleculares (WESTERMEIER, 1997) cuja função é separar e tornar visíveis
as proteínas do fluído salivar de acordo com a sua relação carga/massa molecular,
possibilitando assim a resolução de proteínas em bandas. O seu uso mais comum é
para análise qualitativa de misturas complexas de proteínas (WESTERMEIER,
1997). Schwartz et al.(1995) propuseram o uso da eletroforese em gel de
poliacrilamida (SDS-PAGE) como uma metodologia adequada para avaliar o
conteúdo proteico da saliva.
Os estreptococos do grupo mutans (EGM) desempenham um importante
papel na etiologia da cárie dentária (HAMADA, SLADE, 1980). Possuem um
metabolismo predominantemente fermentativo e podem colonizar todas as
superfícies dentárias, inclusive faces lisas de esmalte onde existe maior dificuldade
de se produzir lesões de cárie dentária (DE LORENZO, 2004). Para Ditterich et al.,
(2004) a infância apresenta fatores de risco característicos, dentre eles a
colonização precoce por EGM, que somada à freqüência de ingestão de sacarose,
pode criar um meio favorável para o crescimento dos EGM. De fato, estudos relatam
que a colonização precoce por EGM constitui o principal fator de risco para a cárie
dentária, conforme relatam Alaluusua e Renkonen (1983) que realizaram um estudo
longitudinal sobre a colonização por EGM e cárie em crianças de dois a quatro anos
e observaram que as crianças que apresentavam EGM na placa aos dois anos de
idade apresentaram ceo-s três vezes maior aos quatro anos. Galavitz et al., (2005)
afirmam que apesar da presença isolada dos EGM não determinar a presença de
cárie, sua detecção na saliva é um bom preditor para o risco à cárie.
Desta forma, este trabalho objetivou avaliar as proteínas salivares lisozima
(LZ) e lactoferrina (Lf) e o seu padrão de expressão em crianças aos 12 anos de
idade, utilizando como método a eletroforese em gel de poliacrilamida (SDS-PAGE),
e correlacionar com o fluxo salivar, os níveis salivares de estreptococos do grupo
mutans e índice de biofilme dentário, em crianças com e sem cárie dentária.
CCAAPPÍÍTTUULLOO 22
REVISÃO DE LITERATURA
2.1 CÁRIE DENTÁRIA
cárie dentária é uma doença infecciosa, de etiologia multifatorial, resultante
de um desequilíbrio entre os processos de desmineralização e
remineralização do esmalte (FEJERSKOV,1998). Tais processos dependem
da “quantidade e da qualidade” do biofilme bacteriano, a quantidade e freqüência do
consumo de açúcar, fluxo e capacidade tampão da saliva e a presença constante de
flúor na superfície dentária (MALTZ, 2000; THYLSTRUP & FEJERSKOV, 1995).
A doença cárie não representa um processo único, mas uma sucessão de
eventos relacionados diretamente ao comportamento do indivíduo, frente aos seus
hábitos alimentares e de higiene bucal, e do nível de acesso aos recursos e apoios
que viabilizam que esses hábitos sejam desenvolvidos (MALTZ, 2000; THYLSTRUP
& FEJERSKOV, 1995).
As lesões cariosas podem aparecer em um indivíduo se os microrganismos
cariogênicos (AJDIC et al. 2002; CONRADS, 2002) e carboidratos fermentáveis
(BURT & PAI, 2001) estiverem presentes em um hospedeiro suscetível durante um
período de tempo na cavidade bucal (FEATHERSTONE, 2004; NARIYAMA et al.,
2004).
Ao longo dos anos, pesquisas revelaram uma multiplicidade de fatores
biológicos ou determinantes que podem influenciar a cariogenicidade do biofilme
(KIDD & FEJERSKOV, 2004). Uma alta exposição a carboidratos fermentáveis pode
modificar a composição do biofilme, favorecendo sua cariogenicidade (CURY et al.,
2000; NOBRE DOS SANTOS et al., 2002).
A cárie dentária é uma das doenças infecciosas mais comuns em seres
humanos e é um problema de saúde pública significante em vários países. Ainda
que a mesma seja prevenível ou passível de controle, e as medidas sejam
relativamente simples, verifica-se que os objetivos de uma melhor saúde bucal em
AA
Revisão de Literatura
4
nível populacional, não são alcançados. Isso porque a prevalência e a incidência
dessa patologia vêm associadas a condições sociais, econômicas, políticas e
educacionais, e não apenas como resultado de interações biológicas na placa
dentária (FEJERSKOV & KIDD, 2006).
2.2 SALIVA
Com relação aos determinantes salivares, a composição da saliva, bem como
sua disponibilidade, parecem ser fatores relevantes na etiopatogênese e progressão
da cárie (THYLSTRUP & FEJERSKOV, 1995).
O principal componente da saliva é a água e representa 99% de sua
constituição. Os componentes sólidos representados por moléculas orgânicas e
inorgânicas encontram-se dissolvidos no constituinte aquoso e varia amplamente de
um indivíduo para outro e no mesmo indivíduo diversas vezes durante o dia
(BOACKLE, SUDDICK, 1984; EDGAR, 1992).
Os componentes inorgânicos da saliva são representados pelo cloreto,
bicarbonato, cloro, fosfato, iodeto, brometo, fluoreto, sódio, potássio e cálcio
(DOUGLAS, 1998). Enquanto que proteínas, enzimas, lipídios, amilase,
imunoglobulinas, lisozima e lactoferrina constituem os constituintes orgânicos
(ERICSON, MAKINEN, 1988).
A saliva pode ser considerada como específica de cada glândula, coletada
diretamente da parótida, submandibular, sublingual e, glândulas salivares menores.
A saliva total representa uma mistura das secreções das glândulas salivares
acrescida de substâncias oriundas do fluído crevicular gengival, secreções
brônquicas ou nasais, células epiteliais descamadas, restos de alimentos,
microrganismos e os produtos de seu metabolismo (KAUFMAN, LAMSTER, 2002;
ERICSON, MAKINEN, 1988; EPSTEIN, SCULLY, 1992; DOUGLAS, 1998).
A coleta da secreção de uma glândula isoladamente pode ser útil na
avaliação da função dessa glândula em particular. Igualmente, a saliva total é
avaliada com o intuito de elucidar alterações sistêmicas (KAUFMAN, LAMSTER,
2002).
Revisão de Literatura
5
A composição e a secreção da saliva parecem influenciar o ambiente
intrabucal, protegendo os tecidos (VAN NIEUW AMERONGEN, BOLSCHER,
VEERMAN, 2004). Um fluxo constante da saliva elimina eficazmente
microrganismos da cavidade bucal e um fluxo reduzido (hipossalivação) leva a uma
proliferação de bactérias, seguida de inflamação gengival (FEJERSKOV, 2004;
ATKINSON, BAUM, 2001; TENOVUO, 2002).
A composição salivar sofre variações em função da velocidade do fluxo salivar, e
este está intimamente relacionado ao tipo, intensidade de duração do estímulo
utilizado na obtenção da amostra. Há também alterações significativas na
composição salivar em diferentes indivíduos e no mesmo indivíduo sob diferentes
circunstâncias (JENKINS, 1978). No entanto, a velocidade do fluxo salivar é
considerada o principal fator que afeta a composição salivar (TENOVUO,
LAGERLÖF, 1995).
Segundo os critérios de KRASSE (1988) os valores de referência para
velocidade do fluxo salivar são:
Velocidade normal do fluxo salivar: 1-3 mL/min.
Velocidade baixa do fluxo salivar: 0,7-0,9 mL/min.
Velocidade muito baixa do fluxo salivar (Hipossalivação): 0,7 mL/min.
A quantidade e a composição da saliva não são constantes e estão
relacionados ao ritmo biológico circadiano. O fluxo salivar atinge seu pico no final da
tarde e é praticamente nulo durante o sono. O ciclo circadiano é fator importante a
ser considerado quando se pretende realizar estudos com a saliva (EDGAR,
O’MULLANE, 1996).
A secreção salivar é menor à noite em relação à secreção diurna. Todavia, a
concentração de proteínas é maior à tarde, enquanto que as concentrações de
eletrólitos, tais como sódio e cloretos são nitidamente maiores pela manhã, enquanto
que o potássio é excretado pela saliva no crepúsculo (DOUGLAS, 1998).
De acordo com o tempo de duração do estímulo pode haver variação no teor
das substâncias da saliva. Caso a estimulação persista por muito tempo, a
concentração das substâncias na saliva tende a diminuir, mas dentre elas, o cálcio e
as proteínas tendem a recuperar-se logo depois de cessado o estímulo
(DOUGLAS,1998).
Revisão de Literatura
6
A qualidade da dieta pode interferir na composição salivar. Indivíduos que
ingerem uma dieta rica em carboidratos, o conteúdo da amilase salivar torna-se mais
alto que naqueles que se alimentam com dieta pobre em glicídios (DOUGLAS,
1998).
O esforço físico contribui destacadamente para modificar a composição
eletrolítica e osmolar, bem como o volume salivar. O esforço muscular diminui o teor
de sódio e cloreto, enquanto aumenta o potássio. Isto ocorre devido à ação da
aldosterona do córtex da supra-renal que excita a reabsorção de sódio (DOUGLAS,
1998). Oliveira et al., 2005 relatam que além da atividade aumentada da alfa-amilase
na saliva total, sua concentração na saliva aumenta progressivamente com a
intensidade do exercício.
O ápice da produção salivar ocorre entre os 6 e 14 anos de idade, declinando
a partir dos 20 até os 60 anos, quando a produção total é cerca de 0,025 a 0,034
mL/min. (TOMASSI, LIMA,2002). Entretanto, na literatura científica, há controvérsias
com relação à interferência da idade em relação ao fluxo salivar, pois vários fatores
secundários, tais como: a utilização de próteses, edentulismo total ou parcial,
tonicidade muscular, uso de medicamentos, doenças inerentes aos pacientes
geriátricos, colaboração do paciente em realizar a coleta da saliva, interferem na
velocidade do fluxo salivar e é imprescindível que sejam considerados quando se
avalia epidemiologicamente a velocidade do fluxo salivar (VISSINK et al.,1988;
PANKHURST et al.,1996; ATKINSON, WU,1994).
O uso de determinados medicamentos como antidepressivos tricíclicos, os
antiparkisonianos, as fenotiazinas, as benzodiazepinas, os anticolinérgicos, os
antihipertensivos, os antihistamínicos, os antipsicóticos e os diuréticos reduzem a
velocidade do fluxo salivar (GARCÍA-POLA et al. 1999).
Uma série de funções é atribuída à saliva. No trato digestório tem importante
papel na fisiologia esofageana, na digestão e na proteção das células gástricas. Na
boca participa efetivamente na mastigação, fala, deglutição, sensibilidade gustativa,
lubrificação dos tecidos, proteção das mucosas contra a invasão de diversas
substâncias, atividade antimicrobiana, antibacteriana, antifúngica e antivirótica, na
maturação pós-eruptiva, e regulação do balanço iônico na remineralização do
esmalte, deposição da película adquirida e limitação da difusão de ácidos
(MANDEL,1987; JORGE,1995).
Revisão de Literatura
7
A saliva humana possui diversas propriedades reológicas (físico-químicas),
dentre estas, apresenta alta viscosidade, baixa solubilidade, elasticidade e
adesividade, devido às características químicas e estruturais das mucinas,
glicoproteínas de alto peso molecular produzidas pelas glândulas sublingual,
submandibular e palatina (RANTONEN, MEURMAN, 1998).
A ação lubrificante da saliva é reflexa da sua viscosidade que facilita os
movimentos linguais e labiais durante a alimentação, além de ser importante na
articulação das palavras. A variação da viscosidade indica alterações na constituição
salivar, particularmente devido à secreção de glicoproteínas salivares (WATERMAN
et al. 1988).
Entre os fatores protetores da saliva, o efeito limpante (“clearance”) do fluxo
salivar é um dos mais importantes. Sua atuação remove microrganismos endógenos,
exógenos e seus produtos para o intestino. Além disso, uma quantidade constante
do fluido garante a presença de fatores antimicrobianos imunológicos e não
imunológicos na boca (TENOVUO, 1998).
Em relação à coleta da saliva, esta pode ser feita de forma estimulada e não
estimulada. A estimulação da produção de saliva pode ser feita de forma mecânica
(goma de mascar, parafina, látex) ou química (ácido cítrico). A estimulação afeta a
quantidade da saliva produzida, portanto, alguns de seus constituintes também são
alterados (MANDEL, 1987). A coleta não estimulada é feita sem estímulos exógenos
e o fluxo salivar pode ser alterado por estímulos olfatórios, exposição à
luminosidade, posição do corpo e ciclo circadiano (KAUFMAN, LAMSTER, 2002).
Existe diferença na composição salivar quando a mesma é estimulada e não
estimulada em relação às diversas glândulas. A glândula parótida contribui com
aproximadamente 10% de o volume salivar quando em saliva total não estimulada.
No entanto, produz parte significante da saliva estimulada. Dessa forma, a saliva
estimulada é quase que totalmente representativa do tipo de secreção produzida
pelas parótidas. Medidas de variação de fluxo das diferentes glândulas mostram que
a submandibular produz o maior fluxo em condição de repouso, porém, quando o
fluxo é estimulado, a parótida é a mais responsiva que a submandibular (JENKINS,
1978).
Durante muito tempo a saliva foi usada como meio de monitorar o risco de
cárie sendo utilizada como meio biológico útil na medida da capacidade tampão e
Revisão de Literatura
8
avaliação microbiológica. Agora, a saliva tem sido objeto de estudos mais
detalhados em relação às suas características funcionais para o diagnóstico de
doenças sistêmicas que afetam a função das glândulas salivares e a composição da
saliva; pelo fato da mesma poder ser facilmente coletada quando comparada à
coleta de sangue (LIMA, 1999; MOURA, 2004).
O valor diagnóstico da saliva vem sendo corroborado por uma série de
estudos que se utilizam desse fluido corporal como meio através do qual se possa
analisar substâncias específicas importantes na elucidação diagnóstica de doenças
(SCHWARTZ, ZHU, SREEBNYL,1995; LAWRENCE, 2002; LÓPEZ et al., 2003;
YARAT et al., 2004).
Determinadas doenças sistêmicas podem comprometer o funcionamento das
glândulas salivares e conseqüentemente a produção de saliva, influenciando tanto
na quantidade de saliva produzida quanto na qualidade desses fluído, uma vez que
pode afetar os constituintes químicos e as propriedades físicas do mesmo. Essas
mudanças podem servir de parâmetro para o diagnóstico de determinadas doenças,
contribuindo assim para que a saliva possa ser considerada válida entre o arsenal
de exames complementares, uma vez que quantidade significativa de bactérias
sobrevive e cresce na saliva (RUDNEY, 2000; PALMER et al. 2001), apesar da
presença de fatores antimicrobianos salivares (TENOVUO, 1998).
Moura et al. (2007) mostraram o valor da saliva como meio de diagnóstico de
doenças orais e sistêmicas, utilizando métodos sialométricos (fluxo salivar) e
sialoquímicos, onde determinadas substâncias podem ser dosadas e assim
contribuir para o diagnóstico de doenças a partir do exame de níveis de elementos
inorgânicos e orgânicos, como dosagens hormonais, pesquisas de agentes
biológicos virais, bacterianos e fúngicos, além de marcadores biológicos úteis no
diagnóstico e prognóstico de doenças. Relataram que a saliva tem sido objeto de
estudo de diversos pesquisadores com o intuito de acrescentar uma possibilidade de
exame complementar.
Dentre as diversas possibilidades de uso da saliva como meio de diagnóstico,
pode-se citar a sua utilização nas medidas de risco de cárie utilizando a mensuração
do fluxo salivar, capacidade tampão, potencial hidrogeniônico (pH) e para contagem
de microorganismos, particularmente o Streptococus mutans, o microrganismo mais
associado com a cárie dentária (HAMADA, SLADE, 1980, DE LORENZO, 2004).
Revisão de Literatura
9
Vários estudos utilizando a sialometria e a sialoquímica de doenças
sistêmicas têm sido realizados. STUCHELL, MANDEL, BAURMASH em (1984)
usaram sialometria e sialoquímica em pacientes portadores da Síndrome de Sjögren
e concluíram que a sialoquímica é um método valioso de diagnóstico da doença,
além de servir para acompanhamento longitudinal dos pacientes. Os portadores da
síndrome apresentaram maior concentração de sódio, cloro, proteínas totais,
imunoglobulina G, imunoglobulina A, lactoferrina (Lf) e albumina, além de menores
concentrações de fosfato e amilase. A velocidade do fluxo salivar apresentou-se
diminuída.
2.3 PROTEÍNAS SALIVARES
As proteínas salivares são formadas basicamente nas células acinares e sua
concentração variam de acordo com o fluxo salivar. Na secreção da glândula
parótida detecta-se um teor de proteínas de 3,3 g/L, na glândula submandibular 1,2
g/L, na glândula sublingual 2,6 g/L. Entre elas são detectadas vários tipos de
proteínas como proteínas séricas (IgG, IgM, IgA), enzimas salivares (amilase,
lisozima, fosfatase ácida, lípase, peroxidase , glicoproteínas, mucoproteínas,
lactoferrina, calicreína e hitadina (DOUGLAS,1998).
Quase todas as proteínas salivares são glicoproteínas, as quais contêm
quantidades variadas de carboidratos ligados ao seu núcleo proteico. São
classificadas de acordo com sua origem celular e posteriormente subclassificadas
com base em suas propriedades biomecânicas (FEJERSKOV, 1998).
A maioria dessas proteínas pode inibir o metabolismo, aderência ou até
mesmo a viabilidade dos microrganismos cariogênicos in vitro. Diferentes dos
anticorpos, esses fatores não específicos não apresentam memória imunológica e
não estão sujeitos a estímulos específicos. Entretanto, vários dos fatores
imunológicos não específicos podem interagir com as imunoglobulinas salivares,
resultando em amplificação mútua de suas respectivas atividades (FEJERSKOV,
1998; BROCK, 2002; VAN NIEUW AMERONGEN, BOLSCHER, VEERMAN, 2004).
Revisão de Literatura
10
2.3.1 LISOZIMA (LZ)
A lisozima (LZ) provém das glândulas salivares maiores e menores, do fluido
do sulco gengival e dos leucócitos salivares. A sua ação antimicrobiana baseia-se
em sua atividade de muramidase (capacidade de hidrolizar a ligação entre o ácido
N-acetil-murâmico e a N-acetilglicosamina na camada peptidoglicana da parede da
célula bacteriana). Além disso, como é uma proteína catiônica, pode ativar as
“autolisinas” bacterianas, que por sua vez também podem destruir os componentes
da parede celular (ARNOLD, BREWEN, GAUTHIER, 1980).
Atkinson et al. (1989); Atkinson et al. (1990); Kirstila et al. (1994); Mandel,
Barr, Turgeon (1992); Tsang & Samaranayake (1999); Yeh et al. (1988) verificaram
aumento na concentração de lisozima em indivíduos infectados por HIV, com
candidíase oral. Vários estudos (KAMAYA, 1970; LASSITER et al. 1987; MARQUIS
et al. 1982; SAMARANAYAKE et al. 2001; TOBGI, SAMARANAYAKE &
MACFARLANE, 1988) demonstraram a atividade antifúngica in vitro da lisozima
diante de espécies de Candida.
2.3.2 LACTOFERRINA (LF)
A lactoferrina (Lf) é uma glicoproteína ligadora de ferro, pertencente à família
da transferrina, presente em várias secreções como o leite, lágrima e saliva (WARD,
URIBE-LUNA, CONNEELEY, 2002). Ela é um monômero de 76 kDa dividida em dois
lobos, interligados por uma alfa hélice, e possui dois sítios de ligação de ferro
(JENSSEN, HANCOCK,2008).
Muitas funções biológicas são atribuídas a lactoferrina (Lf), como a de
modular a resposta imune contra infecções e possuir atividade antimicrobiana. A
atividade antimicrobiana da (Lf) ocorre basicamente por ligar ferro com grande
afinidade, o que acaba tornando esse íon indisponível para um grande número de
espécies bacterianas. Ela exerce sua atividade antimicrobiana através de outros
mecanismos de ação, como por exemplo, através da interação direta entre a (Lf) e
componentes celulares de bactérias (JENSSEN, HANCOCK, 2008).
Recentemente muitas outras funções foram atribuídas a (Lf), tais como
imunomodulação, regulação do crescimento celular, função antitumoral, atividade
Revisão de Literatura
11
antioxidante e antiinflamatória (Figura 1) (WARD, URIBE-LUNA, CONNEELEY,
2002).
Figura 1 – Principais funções atribuídas a lactoferrina segundo Ward, Uribe-Luna, Conneeley (2002)
O leite é a mais abundante fonte de (Lf), sendo que o colostro humano
contém mais de sete g/L desta proteína. A concentração da (Lf) no sangue é
normalmente cerca de 1 μg/mL, embora possa aumentar para mais de 200 μg/mL
durante um processo inflamatório (MASSON, HEREMANS,1971).
O tecido normal humano expressa variada quantidade de lactoferrina (Lf)
(TENG, 2002; LIU et al. 2003) em diferentes órgãos (mucosas, endométrio, epitélio
vaginal, próstata e vesícula seminal), e em diferentes condições fisiológicas
(PANELLA et al. 1991). A maior concentração de lactoferrina é encontrada no
colostro, e em menor quantidade, em fluídos do organismo, como saliva, lágrima,
sêmen, suor, leite e secreções nasais (WARD, CONNEELY, 2004; TENG, 2002;
VAN VEEN et al. 2002).
A estrutura tridimensional da (Lf) foi determinada em 1997 por Moore et al.,
utilizando-se cristalografia por difração de raios-x, como sendo composta por uma
única cadeia polipeptídica de 76 kDa. A molécula possui dois sítios de ligação para o
ferro, sendo a afinidade da (Lf) pelo mesmo 260 vezes maior do que a transferrina,
proteína transportadora de ferro no sangue (BAKER et al. 1994a) (Figura 2).
Revisão de Literatura
12
O lobo N e o lobo C são conectados pela α-hélice mostrada em laranja. Em
vermelho estão destacados os aminoácidos que formam o sítio de ligação para o
ferro.
Figura 2 – Representação esquemática da estrutura 3D da lactoferrina bovina
Apesar de a (Lf) ter a capacidade de ligar vários íons metálicos, tais como
Mn3+, Cu2+, Co3+, Zn2+; nenhum deles liga-se a (Lf) com tanta afinidade quanto o
Fe3+ (BAKER, 1994b). Em sua forma apo, ou seja, sem a ligação de Fe3+, o sítio de
ligação permanece em sua conformação mais aberta, enquanto que a ligação do íon
ferro (forma holo) proporciona uma mudança que leva a uma conformação fechada.
A ligação de ferro leva a proteína a uma conformação fechada o que aumenta
sua rigidez e conseqüentemente a estabilidade frente à desnaturação térmica
(GERSTEIN et al. 1993).
A liberação de íons ferro da (Lf) depende da desestabilização da forma
fechada (holo) e esta desestabilização pode ser causada por abaixamento de pH ou
a utilização de agentes quelantes (BALI, AISEN, 1991).
É importante salientar que as mudanças conformacionais que diferenciam a
forma apo da forma holo devem-se simplesmente a pequenas mudanças
N2
C1
C2
N1
C
N
Revisão de Literatura
13
conformacionais nos domínios da (Lf). Essas mudanças não interferem, por
exemplo, na maior parte da superfície protéica, ou seja, ela não altera o sítio de
ligação de receptores, bactérias, vírus entre outros (ANDERSON et al. 1990;
GERSTEIN et al. 1993).
Proteínas e peptídeos antimicrobianos são sintetizados por uma grande
variedade de organismos com o objetivo de atuarem como a primeira linha de defesa
contra infecções e são encontrados em diversos fluídos corporais. Das mais
abundantes podemos citar a lisozima, colectina e lactoferrina (JENSSEN,
HANCOCK, 2008). A lactoferrina é considerada como uma importante molécula do
sistema de defesa de recém-natos.
Uma das primeiras atividades antimicrobianas descobertas para a lactoferrina
foi sua habilidade em seqüestrar ferro do meio tornando-o indisponível para as
bactérias (BULLEN, ROGERS, LEIGH, 1972; ARNOLD, COLE, MCGHEE, 1977).
Essa descoberta levou-se acreditar, durante muito tempo, que esse era o único
mecanismo de ação antimicrobiana da (Lf).
Diversos estudos demonstravam que a apo-Lf possuía atividade
antimicrobiana e que essa atividade era reduzida quando a (Lf) era saturada por
ferro (ARNOLD, BREWER, GAUTHIER, 1980; YAMAUCHI et al. 1993). Arnold,
Brewer, Gauthier (1980) verificaram o efeito bactericida da (Lf) sobre o
Streptococcus mutans e a hipótese levantada era que a (Lf) estaria interagindo
diretamente com a superfície celular da bactéria.
Experimentos de cristalografia por difração de raios-x da (Lf) mostraram que a
proteína possui regiões catiônicas em sua superfície o que facilita sua interação com
o lipídeo A, que é um componente dos lipopolissacarídeos (LPS) da membrana de
bactérias Gram-negativas. Essa interação ocasiona dano à parede celular
bacteriana, modificando sua permeabilidade, levando a liberação da porção LPS e o
conseqüente colapso da bactéria (APPELMELK et al. 1994; ELISSON et al. 1988).
Devido a esses danos causados pela (Lf) na membrana da bactéria, a (Lf) é
capaz de aumentar o efeito de drogas comerciais como a rifampicina (ELISSON,
GIEHL, LAFORCE, 1988). Outros estudos combinam a (Lf) a terapias padrão contra
infecções bacterianas a fim de diminuir o tempo de recuperação e minimizar os
efeitos colaterais do tratamento pela diminuição da dosagem dos antibióticos (DE
BORTOLI et al., 2007).
Revisão de Literatura
14
Interessante notar que a importância do ferro para o crescimento bacteriano,
combinado com a capacidade de elementos do hospedeiro em seqüestrar esse
ferro, levaram algumas cepas bacterianas a desenvolverem estratégias de anular
esse efeito. Sob condições de privação de ferro, algumas bactérias Gram-negativas
desenvolveram um mecanismo de obter ferro a partir da (Lf) saturada por esse íon.
Esse mecanismo envolve a interação da (Lf) com receptores localizados na
superfície bacteriana (LEWIS et al. 1998).
Além disso, muitos estudos têm mostrado o efeito da (Lf) contra diversos vírus
tais como rotavírus, herpes vírus e HIV. A (Lf) previne a entrada dos vírus na célula
por bloquear os receptores celulares ou pela interação direta com as partículas virais
(HARMSEN et al. 1995; VAN DER STRATE et al. 2001).
Muller et al. (1992) notaram que indivíduos infectados pelo HIV demonstraram
uma redução significativa nas secreções das glândulas salivares, especialmente
secreções da glândula parótida a qual secreta também a lactoferrina, e em paralelo
redução na secreção de imunoglobulinas A (IgA) contribuindo com infecções bucais
freqüentes.
Marder, Barr, Mandel (1985) não encontraram diferenças nas taxas de
proteínas salivares de indivíduos HIV-positivos e saudáveis; já Atkinson et al.(1990)
notaram aumento significativo nas concentrações de lactoferrina secretada em
pacientes HIV positivos.
A Lf inibe Candida albicans, que normalmente está presente em pacientes
portadores de próteses odontológicas (BERKHOUT et al. 2002; LUPETTI et al.
2003). Segundo Samaranayake et al. (2001) afirmam que recentemente alguns
estudos têm demonstrado o efeito antifúngico da lactoferrina sobre Candida, através
do efeito de ligações livres de apolactoferrina, obtidas do colostro humano.
Cole et al. (1976), Lassiter et al. (1987) e Weinberg (1978) afirmaram que a
lactoferrina é um antimicrobiano com efeito bactericida e bacteriostático in vitro,
especialmente sobre Streptococcus mutans.
A (Lf) pode interferir no desenvolvimento do biofilme dental, inibindo a adesão
de S. mutans (OHO, MITOMA, KOGA, 2002) ou modulando a agregação das
bactérias planctônicas na forma de biofilme (FRANCESCA et al. 2004). Achados
como estes podem fornecer subsídios para a importância dessa molécula na
etiopatogênese da cárie dentária (ORSI, 2004; FINE, FURGAN, BEYDOWIN, 2002).
Revisão de Literatura
15
A Lf pode regular diretamente a resposta inflamatória (SINGH, 2002) ligando-
se a endotoxinas, como o lipopolissacarídeo (LPS) (TENG, 2002), mediador central
da resposta inflamatória em infecções bacterianas (VAN VEEN et al. 2002; BROCK,
2002). Estimula a produção de citocinas (VAN VEEN et al. 2002) que é responsável
por coordenar a resposta celular humana, atuando na maturação e ativação de
macrófagos e neutrófilos, podendo sua deficiência causar supressão no sistema
imunológico, e seu excesso, uma exacerbada resposta imune (WARD,
CONNEELY,2004; SON et al.,2002). Os leucócitos polimorfonucleares são ricos em
Lf (PANELLA et al. 1991), que agem como fator de proteção contra diversas
infecções (ORSI, 2004; WARD, CONNEELY, 2004).
2.4 RELAÇÃO DAS PROTEÍNAS SALIVARES (LACTOFERRINA E
LISOZIMA) COM O FLUXO SALIVAR E ÍNDICE DE CÁRIE (CPO-D)
Existem fatores correlacionados à alteração das proteínas salivares no que
diz respeito à secreção salivar (fluxo), e o índice CPO-D (JOHANSSON, LUMIKARI-
LENANDER, SAELLTROM, 1994; ATKINSON, BAUM, 2001; BANDERAS-TARABAY
et al. 2002; SIKORSKA, MIELNIK-BLASZCZAK, KAPEC, 2002; MASS et al. 2002;
DE FARIAS, BEZERRA, 2003; FRANCESCA et al. 2004; JENTSCH et al. 2004;
AZEVEDO et al. 2005; BARDOW et al. 2005; VITORINO et al. 2006; JONASSON et
al. 2007), o que pode interferir na proteção contra cárie, e nas bactérias formadoras
do biofilme dental (PUY, 2006; BANDERAS-TARABAY et al. 2002).
Johansson, Lumikari-Lenander, Saelltrom (1994) estudaram a composição da
saliva de 34 crianças de 8-12 anos de idade, com má nutrição, verificando-se a
correlação encontrada entre quantidade total de proteínas, fluxo salivar e
capacidade tampão. Atkinson, Baum (2001) relataram que pacientes com reduzido
fluxo salivar, estão sujeitos a maiores índices CPO-D e infecções gengivais.
Mass et al. (2002) investigaram condições salivares e cárie em crianças com
disautonomia familiar (DF), onde, um dos sinais clínicos é o fluxo salivar aumentado.
Observaram que as crianças com DF apresentaram maior fluxo salivar, menor
concentração de proteínas totais na saliva, menores números de lactobacilos e
estreptococos do grupo mutans e menos cárie. Já as crianças controle com
Revisão de Literatura
16
experiência de cárie, mostraram as mais altas concentrações de lactobacilos e
estreptococos do grupo mutans, assim como altas concentrações de lisozima.
Sikorska, Mielnik-Blaszczak, Kapec (2002), relataram que os índices de
lactoferrina apresentaram-se aumentados nos 83 adolescentes avaliados quando
estes possuiam índice CPO-D elevado.
De Farias, Bezerra (2003) analisaram a composição orgânica da saliva de 20
crianças sem cárie e cárie precoce aos 12 anos de idade, sexo feminino e
masculino, submetidos ao teste imunológico e bioquímico. Verificaram que as
crianças com cárie precoce obtiveram aumento nos níveis de proteínas salivares
IgA/IgG, enquanto a atividade amilase, concentração total de proteínas e IgM foram
similares em ambos os grupos.
Jentsch et al. (2004) observaram baixos níveis de dentes cariados
relacionados a um alto fluxo salivar, assim como valores baixos de dentes cariados
estiveram associados à baixa concentração de Lf.
Francesca et al. (2004) dizem haver uma associação significante entre o
índice de superfície cariada e a concentração de lactoferrina salivar sendo que
maiores concentrações de ferro levam à inibição da agregação de S. mutans.
Azevedo et al em 2005 mostraram haver maior atividade de cárie, diante de
um fluxo salivar diminuído. Este resultado pode estar refletindo a importância –
diante do fluxo normal - da maior remoção mecânica de resíduos alimentares e
bactérias potencialmente cariogênicas, assim como a presença aumentada de
componentes salivares protetores, como a lactoferrina e imunoglobulinas.
Bardow et al. (2005) observaram que altas concentrações de fosfato,
proteínas e amilase na saliva dos indivíduos pesquisados mostraram um papel
protetor contra a cárie.
Vitorino et al. (2006) avaliaram a composição salivar em especial as proteínas
salivares e a sua influência na formação do biofilme dentário e possível correlação
com a doença cárie, utilizando uma amostra de 32 indivíduos do sexo masculino, de
acordo com o Índice CPO-D, presença e ausência da doença. O grupo suscetível à
cárie demonstrou quantidade maior das proteínas amilase, lactoferrina e
imunoglobulina A nas suas amostras de saliva.
Revisão de Literatura
17
2.5 MÉTODOS PARA QUANTIFICAÇÃO DE PROTEÍNAS
Existem vários métodos para a quantificação de proteínas, nomeadamente o
método do Biureto, método Bradfort ou BG-250, método “BCA” ou reagente de
Smith, método Lowry, métodos de eletroforese dentre a qual a eletroforese em gel
de poliacrilamida (SDS-PAGE), eletroforese bidimensional (2D-PAGE), entre outros.
O método do biureto se baseia na reação do reativo do biureto, que é
constituído de uma mistura de cobre e hidróxido de sódio com um complexante que
estabiliza o cobre em solução, sendo o tartarato de sódio o recomendado por
(GORNALL, BARDAWILL, DAVID, 1949). O cobre, em meio alcalino, reage com
proteínas formando um complexo quadrado planar com a ligação peptídica. O
produto de reação apresenta duas bandas de absorção espectofotométrica, uma em
270 nm e outra em 540 nm. Apesar da banda na região de 270 nm aumentarem em
seis vezes a sensibilidade do método de biureto (ITZHAKI, GILL, 1964), a banda na
região de 540 nm é a mais utilizada para fins analíticos, porque diversas
substâncias, normalmente presentes na maioria dos meios analisados, absorvem na
região de 270 nm causando muita interferência no método.
Segundo Zaia, Zaia, Lichtig, 1998 em um artigo de revisão relatam que o
método de biureto tem sido aplicado para determinar a concentração de proteínas
totais em diversos meios, sendo eles: soro ou plasma sanguíneo, líquido cérebro
espinhal (líquor), urina, alimentos, saliva, fibrinogênio e tecido animal, além de ser
utilizado em análise por injeção em fluxo, assim como em alguns métodos cinéticos.
O método de Bradfort é uma técnica para a determinação de proteínas totais
que utiliza o corante de “Coomassie brilliant blue” BG-250. Este método é baseado
na interação entre o corante BG-250 e macromoléculas de proteínas que contém
aminoácidos de cadeias laterais básicas ou aromáticas. No pH de reação, a
interação entre a proteína de alto peso molecular e o corante BG-250 provoca o
deslocamento do equilíbrio do corante para a forma aniônica, que absorve a luz
fortemente em 595 nm (COMPTON, JONES, 1985). Tem sido utilizado para
determinação de proteínas totais em diversos meios: plasma ou soro sanguíneo,
líquor, saliva humana, produtos alimentícios e leite humano, de acordo com (ZAIA,
ZAIA, LICHTIG, 1998).
Revisão de Literatura
18
O método BCA ou reagente de Smith baseia-se na reação de cobre (II) com
proteínas, em meio alcalino, produzindo cobre (I) e formando um complexo com o
BCA, que absorve fortemente a luz na região de 560 nm. (SMITH et al. 1985). Tem
sido aplicado na determinação da concentração de proteínas totais em saliva
proteínas celulares, interferons, leite humano e determinação de grupos funcionais,
além de ser recomendado em estudos de comparação de metodologias para a
determinação de proteínas totais em leite humano e células (ZAIA, ZAIA, LICHTIG,
1998).
O método de Lowry ou atualmente conhecido como LOWRY e cols. (1951)
para determinação de proteínas totais, foi originalmente proposto por (WU, 1922),
sendo esta a metodologia mais utilizada para a determinação de proteínas. O
princípio do método baseia-se numa mistura contendo molibdato, tungstato e ácido
fosfórico, (reagente Folin-Ciocalteau), que sofre uma redução quando reage com
proteínas, na presença do catalisador cobre (II), e produz um composto com
absorção máxima de luz em 570 nm. Tem sido utilizado para determinação da
concentração de proteínas totais em diversos meios, sendo eles: líquor, plasma
sanguíneo, saliva humana, tecido animal, plantas, suco biliar, membranas, leite
humano e produtos alimentícios. Devido ao seu extenso uso, o método de LOWRY e
cols. (1951) vem sendo utilizado em diversos tipos de equipamentos automatizados
e estudos comparativos de métodos (ZAIA, ZAIA, LICHTIG, 1998).
De acordo com Jorgenson (1986) a eletroforese constitui a primeira escolha
entre os métodos utilizados para a separação e análise de substâncias protéicas A
eletroforese de proteínas foi realizada pela primeira vez em 1937 por Arne Tiselius,
que idealizou um método denominado de eletroforese livre, a qual consistia na
decomposição do soro sanguíneo em cinco frações protéicas principais. É uma
técnica de separação baseada na migração das moléculas carregadas numa
solução, em função da aplicação de um campo elétrico (ROCHA et al. 2005;
TISELIUS, 1937).
Kinersly (1953) utilizou eletroforese em papel para estudar os componentes
da saliva. Geller, Hames, Rovelstad (1959) utilizando eletroforese em papel, e
comparando a mobilidade das frações separadas com materiais de referência,
relatou para a saliva de parótida humana cinco frações: albumina, alfa-albumina,
Revisão de Literatura
19
beta-globulina, gama-globulina e lisozima. O mesmo trabalho registra para a saliva
humana total as frações albumina, alfa-albumina, beta-globulina e lisozima.
Masson, Carbonara e Heremans (1965) trabalhando com saliva total,
eletroforese em papel, eletroforese em gel de agarose, imunoeletroforese e
cromatografia em dietilamincetil-celulose, comprovaram que as frações separadas
por GELLER, HAMES, ROVELSTAD (1959) eram compostas de diversas frações,
além de confirmar a presença de mucinas salivares, amilases salivares (situadas na
área de globulinas-beta 2) e de lisozima, mostraram a separação de globulinas-alfa
1, globulinas-alfa 2, globulinas-beta 1, globulinas-alfa 2 mucosal e um componente
catódico.
Oberg, Izutisu, Truelove (1982) usando gel de dodecil sulfato sódico de
poliacrilamida, identificou em salivas de parótidas humanas, um total de 23
diferentes frações de natureza protéica. SHIBA, SHIBA, SUZUKI (1985), também em
gel de dodecil sulfato de poliacrilamida, registraram 22 frações protéicas em saliva
total humana.
Schwartz, Zhu, Sreebnyl (1995) propuseram o uso da eletroforese em gel de
poliacrilamida (SDS-PAGE) como uma metodologia adequada para avaliar o
conteúdo proteico da saliva.
Nas últimas décadas, a técnica de eletroforese tem sofrido aperfeiçoamentos
constantes, possibilitando análises mais precisas. O método mais utilizado
denomina-se eletroforese zonal, que utiliza uma matriz sólida em um gel de
poliacrilamida (ROCHA et al. 2005).
A velocidade da migração das proteínas neste suporte depende da força do
campo aplicado, da carga, do tamanho e forma das moléculas, da força iônica, da
viscosidade e temperatura do meio. (ROCHA et al. 2005).
A eletroforese desnaturante em gel de poliacrilamida na presença de
dodecilsulfato de sódio (SDS) é um método unidimensional de separação muito
utilizado para análise de massas moleculares de proteínas oligoméricas, ou seja,
formada por mais de uma cadeia polipeptídea (ROCHA et al. 2005). O método
fornece uma maneira fácil de calcular o número de polipeptídeos em uma amostra, e
assim avaliar a complexidade desta (WESTERMEIER, 1997).
A eletroforese em gel de poliacrilamina tem a capacidade de fornecer
informações sobre os pesos moleculares das proteínas e o padrão de massa
Revisão de Literatura
20
molecular, ou seja, estrutura e organização das subunidades das proteínas. É um
método relativamente simples de usar e altamente reprodutível. O seu uso mais
comum é para análise qualitativa de misturas complexas de proteínas
(WESTERMEIER, 1997).
O elemento chave em um sistema de eletroforese em gel é obviamente, o gel
em si. Ele determina as taxas de migração das proteínas (WESTERMEIER, 1997).
Esse gel é uma matriz constituída de um polímero de acrilamida com ligações
cruzadas de N, N-metil-bis-acrilamida, cuja porosidade da malha pode ser escolhida
(ROCHA et al. 2005), ou seja, os mesmos podem ser moldados em uma variedade
de tamanhos de poros adequados para peneiramento das proteínas. O tamanho dos
poros é determinado pelas condições de polimerização e pode ser alterada, pela
concentração de monômero (WESTERMEIER, 1997). Quanto maior a concentração
de acrilamida, menores serão os poros da malha formada (ROCHA et al. 2005).
Antes de iniciar a eletroforese, as variáveis forma e carga nativa das proteínas
devem ser eliminadas para que a separação dependa apenas de sua massa
molecular. Para isso, as proteínas são misturadas com SDS, um detergente
anfipático, ou seja, possui uma porção polar (cabeça aniônica) e uma parte apolar
(cauda lipofílica) (MENDES, 2006), cuja função é desnaturá-las, convertê-las numa
estrutura linear; a forma nativa é geralmente globular; e conferir-lhes densidade de
carga uniforme.
O SDS tem alta carga negativa e uma cauda hidrofóbica que interage com as
cadeias polipeptídicas numa proporção aproximada de 1,4 g de SDS para cada
grama de proteína, tornando-as negativamente carregadas. Na ausência do SDS, as
proteínas com massas iguais podem migrar diferentemente na malha do gel, devido
ao diferencial de cargas de suas estruturas tridimensionais. Além da adição do SDS,
as proteínas podem ser opcionalmente fervidas na presença de um agente redutor,
como o DDT (ditiotreitol) ou 2-mercaptoetanol que desfazem as pontes de
dissulfetos ajudando a eliminar a estrutura tridimensional dos polipeptídeos (ROCHA
et al. 2005).
Após esse tratamento, as proteínas são aplicadas no topo de um gel de
poliacrilamida e submetidas a uma corrente elétrica, fazendo com que elas migrem
através da malha de acrilamida em direção ao pólo positivo. Dependendo do seu
tamanho, cada proteína se moverá diferentemente. As proteínas menores migrarão
Revisão de Literatura
21
mais rapidamente, enquanto que as maiores terão mais dificuldade em atravessar a
malha do gel, e assim, se moverão mais lentamente (ROCHA et al. 2005).
A mobilidade eletroforética de uma proteína depende da sua carga, tamanho
e forma. O seu ponto isoelétrico depende apenas do seu valor líquido global. Assim,
diversos sistemas de eletroforese foram desenvolvidos para explorar a diferença
entre essas duas propriedades fundamentais das proteínas (WESTERMEIER, 1997),
como no caso da eletroforese bidimensional (2D-PAGE), a qual surgiu em 1975 com
trabalhos de O’FARREL; MACGILLIVRAY et al., KLOSE, onde utilizava-se como
meio de separação das proteínas o seu ponto isoelétrico e a mobilidade
eletroforética.
As proteínas podem levar carga positiva, negativa ou zero, dependendo do
pH do meio ambiente local. Para cada proteína existe um pH específico no qual a
carga líquida é zero. Este pH é chamado de “ponto isoelétrico”, ou (pI) da proteína.
Uma proteína é positivamente carregada em soluções com valores de pH abaixo de
seu (pI), e de carga negativa, quando o pH está acima do seu (pI)
(WESTERMEIER,1997).
Esta dependência do pH na carga afeta as mobilidades de proteínas tanto em
termos de magnitude e direção da migração, o que é explorado na eletroforese em
gel, especialmente na técnica da eletroforese 2D-PAGE (WESTERMEIER,1997).
Apesar da eletroforese em gel de poliacrilamida ser já bastante utilizada, são
poucos os trabalhos na literatura com esta técnica que possuem o intuito de
identificar as proteínas salivares, especialmente correlacionando com os parâmetros
clínicos odontológicos. Para melhor esclarecimento do perfil eletroforético das
proteínas salivares antimicrobianas, julgamos oportuno avaliar pela técnica SDS-
PAGE sua presença e ainda, quantificá-las, buscando elucidar fatores do hospedeiro
envolvidos com a etiologia e desenvolvimento da cárie dentária.
CCAAPPÍÍTTUULLOO 33
PROPOSIÇÃO
ste trabalho pretendeu avaliar a experiência e a atividade de cárie em
crianças aos 12 anos de idade, associando-as com o padrão de expressão
das proteínas salivares lactoferrina e lisozima, através da eletroforese em gel de
poliacrilamida (SDS-PAGE).
Além de investigar a associação do índice CPO-D com os demais fatores:
níveis salivares de estreptococos do grupo mutans (EGM),
fluxo salivar e
presença de biofilme dentário.
EE
CCAAPPÍÍTTUULLOO 44
METODOLOGIA
4.1 PROCEDIMENTOS ÉTICOS
projeto desse estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP)
da Universidade Norte do Paraná (UNOPAR/Londrina) recebendo parecer
favorável à sua execução (Protocolo PT-0319/08 – Apêndice 1), e à
apreciação da diretoria da Escola Estadual de Ensino de Londrina/PR (Maria José B.
Aguilera), sito à Rua Tarcisa Kikuti, 55; bem como o Núcleo Regional de Ensino do
Município de Londrina/PR; requerida a autorização oficial para a realização da
pesquisa.
Além disso, os responsáveis legais pelos escolares participantes deste estudo
foram informados pelos próprios filhos sobre a natureza do trabalho e a necessidade
da obtenção de uma autorização (Apêndice 2) antes da realização de qualquer
procedimento, conforme orientações contidas na Resolução 196 de 10 de outubro
de 1996, do Conselho Nacional de Saúde para pesquisas envolvendo seres
humanos. Foram informados também sobre o preenchimento de um questionário
para investigação de problemas sistêmicos; uso de medicamentos e hábitos de
higiene oral (Apêndice 3).
Após a explicação detalhada da pesquisa a respeito dos riscos e benefícios
dos procedimentos, preenchimento do questionário, bem como os passos das
coletas de amostras, todos os envolvidos levaram para casa as autorizações e o
questionário, sendo os mesmos assinados e preenchidos pelos responsáveis legais,
autorizando, portanto a participação do (a) menor na referida pesquisa.
OO
Metodologia
24
4.2 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL E POPULAÇÃO DO ESTUDO
Este estudo se caracterizou por ser de delineamento transversal exploratório,
do tipo quantitativo, sobre avaliação dos níveis salivares de estreptococos do grupo
mutans (EGM), sialometria (fluxo salivar), quantificação das proteínas salivares pela
técnica de eletroforese em gel de poliacrilamida (SDS-PAGE), experiência de cárie
dentária (CPO-D) e índice de placa (biofilme) bacteriano (IHOS - Índice de Higiene
Oral Simplificado) de Greene Vermillion (1964) em escolares da cidade de
Londrina/PR.
Para a presente investigação foram selecionados escolares na faixa etária de
12 (doze) anos de idade, de ambos os sexos.
Os participantes foram selecionados com base nos seguintes critérios de
inclusão:
1) pacientes cujos responsáveis não relatassem doenças sistêmicas;
2) não ter usado medicação (usuários crônicos de antiinflamatórios e de
antibióticos) que alterem parâmetros salivares até 30 (trinta) dias antes do estudo;
3) não usar aparelho ortodôntico e ortopédico;
4) presença de doença cárie em relação ao número de dentes cariados,
perdidos e obturados e ausência de doença cárie, com o objetivo de constituir dois
grupos de estudo quanto à variável (crianças com presença e ausência de doença
cárie);
5) não ter ingerido alimentos em geral (goma de mascar, balas, frutas ácidas)
duas horas antes da coleta; e
6) não apresentar comportamento que dificultasse as coletas.
Após aprovação do CEP foi realizado um estudo piloto com 8 (oito) escolares
de cada grupo (presença e ausência de doença cárie) para validação da
metodologia proposta, verificando assim questões práticas relacionadas à logística
do estudo, a serem utilizados no protocolo definitivo. Dentre elas analisou-se a
adequação da linguagem dos instrumentos de coleta de dados, a previsão de tempo
a ser utilizada durante a aplicação dos instrumentos e o comportamento das
crianças durante o exame clínico.
Metodologia
25
4.3 TREINAMENTO E CALIBRAÇÃO DOS EXAMINADORES
Os escolares foram examinados no laboratório da própria escola (Maria José
B. Aguilera – Londrina/PR).
Para a coleta dos dados clínicos, participou um examinador (cirurgião-
dentista) e um anotador (acadêmico de iniciação científica) para o exame das
condições bucais baseado na experiência de cárie dentária, segundo critérios
definidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS-WHO,1997), através do índice
CPO-D.
Para a avaliação da presença de biofilme bacteriano (Índice de placa
bacteriana) onde se utilizou o IHOS - Índice de Higiene Oral Simplificado, idealizado
por Greene Vermillion (1964) tiveram como colaboração os mesmos examinadores e
anotadores. Contou-se também com a colaboração de mais um acadêmico para a
avaliação dos níveis salivares de estreptococos do grupo mutans (EGM) e dois
alunos de iniciação científica, para a coleta de saliva e verificação do fluxo salivar
para quantificação das proteínas salivares. Ao final da coleta outro acadêmico
ofereceu instrução de higiene oral e escovação.
O treinamento do examinador envolveu o nivelamento teórico e prático. O
nivelamento teórico foi realizado através do estudo da literatura científica e o prático
através de oficina de calibração. A oficina de calibração foi realizada examinando
crianças na faixa etária do estudo, na clínica odontológica da Unopar durante a
clínica de odontopediatria (graduação) e escolares da escola (Maria José B. Aguilera
– Londrina/PR).
A concordância inter e intra-examinador foi verificada com um grupo de 20
(vinte) crianças, escolhidas aleatoriamente, através da realização de exames em
duplicata, com intervalo de 30 (trinta) minutos entre eles. O teste estatístico Kappa
(Kramer & Feinsteim, 1981) foi utilizado para aferição de concordância. Os
resultados do índice Kappa foram: intra-examinador de 0,857 e inter-examinador de
1,0.
Metodologia
26
4.4 COLETA DE DADOS
Foi aplicado um questionário entregue aos pais/responsáveis legais com o
objetivo de levantar dados retrospectivos relacionados a problemas sistêmicos e uso
de medicamentos (antiinflamatórios e antibióticos) que pudessem vir a alterar
parâmetros salivares (Apêndice 2), sendo o mesmo utilizado como critério de
inclusão. Tal questionário foi entregue aos alunos da 6a série (12 anos) para serem
preenchidos pelos responsáveis. No dia seguinte esses questionários eram
recolhidos, verificado as respostas de acordo com os critérios de inclusão, e a partir
disso os escolares eram selecionados para a pesquisa, sendo então divididos em
dois grupos, cariados e não cariados.
4.5 COLETA DAS AMOSTRAS
Como as amostras foram coletadas no laboratório da escola, dividiu-se o
mesmo em bancadas, totalizando 6 (seis) bancadas.
Cada criança ao chegar teria que segui-las em ordem cronológica de (1 a 6),
sendo:
a) bancada 1,
- coleta para avaliação dos níveis salivares de estreptococos do grupo
mutans (EGM);
b) bancada 2 ,
- sialometria (fluxo salivar);
c) bancada 3,
- coleta para quantificação das proteínas salivares;
d) bancada 4,
- avaliação da experiência de cárie (CPO-D);
e) bancada 5,
- avaliação do índice de placa (IHOS), e
Metodologia
27
f) bancada 6,
- instrução de higiene oral e escovação.
4.6 AVALIAÇÃO DOS NÍVEIS SALIVARES DE ESTREPTOCOCOS DO
GRUPO MUTANS (EGM)
A coleta da saliva, bem como os demais procedimentos clínicos, foi realizada
em dias agendados no período da tarde, uma vez que o ensino médio funcionava
apenas nesse período.
Foi alertado para que os mesmos ficassem em jejum até o momento da coleta
das amostras de saliva, a qual foi iniciada por volta das 14h00min.
A saliva foi estimulada pela mastigação de uma película de Parafilm “M”
(Laboratory Film; American National Can. Chicago, IL) (Figura 3) de
aproximadamente 3x3 cm, durante 1 minuto. Durante a mastigação foi recomendado
às crianças que não engolissem a saliva nem o parafilme.
Figura 3 – Película de Parafilm “M” (Laboratory Film; American National Can. Chicago, IL)
Para que fosse realizada uma coleta da saliva total padronizada foram
utilizados os seguintes requisitos (LIMA, 1999; FRANCO, 2004):
Não ter ingerido nenhum tipo de alimento ou bebida (exceto água)
durante o período de duas horas que antecedia a coleta.
Não ter fumado.
Não ter sido submetido à grande estresse físico antes da coleta.
Metodologia
28
No momento da coleta o paciente deveria sentar-se em posição
relaxada em uma cadeira comum (não odontológica) e de olhos
abertos.
Mastigar o pedaço de parafilme alternando-o entre os lados direito e
esquerdo da boca durante o tempo determinado pelo pesquisador que
fazia o controle do tempo da coleta.
A coleta de amostras de saliva foi realizada antes do intervalo de aulas das
crianças, através de uma espátula de madeira de acordo com o que foi descrito por
KÖHLER & BRATTHAL (1979). O procedimento consiste em cerca de 30 mm da
ponta de uma espátula de madeira de 150x130 mm é introduzida na boca das
crianças e pressionada 10 (dez) vezes (cinco vezes de cada lado) sobre o dorso da
língua (Figura 4). Ao retirar a espátula pediu-se aos participantes da pesquisa que
fechasse os lábios, não encostando os dentes, com a finalidade de reter os
excessos de saliva na espátula.
Figura 4 – Coleta de amostras de saliva com espátula de madeira
Logo após a coleta da saliva, cada lado da espátula foi pressionado em uma
área diferente da superfície de ágar mitis-salivarius acrescido de sacarose (15%) e
bacitracina (0,2 U/mL), segundo GOLD, JORDAN, VAN HOUTE (1973), que é um
meio seletivo para streptococos do grupo mutans (Figura 5). Foi adicionado também
telurito de potássio a 1% (solução de Chapman) que também é um agente inibidor
do crescimento de outros microrganismos que não estreptococos do grupo mutans.
Metodologia
29
Figura 5 – Impressão da espátula no ágar mitis-salivarius em ambos os lados
Foi feita uma solução estoque da bacitracina e do telurito de potássio a 1%,
sendo estes esterilizados por filtração. O ágar autoclavado juntamente com a
sacarose foi resfriado até a temperatura de 45C, quando se adiciona então a
bacitracina e o telurito de potássio. O meio foi distribuído em placas do tipo Rodac
de 67x15 mm (Inlab-Interlab Distribuidora de Produtos Científicos Ltda, São
Paulo/SP), cuja base é quadriculada permitindo a contagem de colônias nas áreas
delimitadas por um quadrado (Figura 6).
Figura 6 – Placas do tipo Rodac de 67x15 mm (Inlab-Interlab Distribuidora de Produtos Científicos Ltda, São Paulo/SP)
Estas placas foram, em seguida, acondicionadas em jarras de anaerobiose
(Permition, Curitiba/PR) com chama de vela para a remoção do oxigênio e produção
de CO2, propício para o crescimento de EGM (Figura 7). O material foi incubado em
estufa a 37C, durante 48 horas.
Metodologia
30
Figura 7 – Jarra de anaerobiose (Permution, Curitiba/PR)
A contagem de colônias cuja morfologia era indicativa de pertencer aos
estreptococos do grupo mutans foi realizada por um único examinador, com o auxílio
de um contador de colônias (Phoenix-CP602) (Figura 8).
Figura 8 – Contador de colônias (Phoenix- CP602)
Foi selecionada para contagem, uma área de aproximadamente 1,5 cm2,
correspondente ao quadriculado das placas Rodac. A área escolhida era a que
apresentava maior quantidade de colônias de EGM. A média das unidades
formadoras de colônias (UFC) das contagens dos quadrados, referente à semeadura
dos dois lados da espátula, foi interpretada com base no critério descrito no Quadro
1, por KÖHLER & BRATTHAL (1979) e visualizada na (Figura 9).
Metodologia
31
Quadro 1 - Média de EGM em unidades formadoras de colônias (UFC) e a correlação com o risco de cárie dentária
Fonte: Köhler & Bratthal (1979)
Figura 9 – Exemplos de cultura de EGM após incubação representando pelo número de colônias baixo (A), médio (B) e alto (C) risco à cárie, segundo Köhler & Bratthal (1979)
4.7 SIALOMETRIA (FLUXO SALIVAR)
A fim de obter a melhor padronização possível das análises salivares, todas
as coletas foram realizadas no período da tarde entre as 14h00min e 16h00min,
seguindo os requisitos para a coleta padronizada da saliva total, citada
anteriormente.
Inicialmente, foi solicitado que a criança mastigasse uma película de Parafilm
“M” (Laboratory Film; American National Can. Chicago, IL) de aproximadamente
3x3cm, por 1 (um) minuto. Durante a mastigação, foi recomendado às crianças que
não engolissem a saliva e nem o Parafilm. Essa primeira porção de saliva foi
descartada. A seguir, foi acionado o cronômetro e solicitado que continuassem
mastigando a película de Parafilm durante três minutos. Os pacientes foram
instruídos a cuspir a saliva em intervalos regulares em uma proveta (Figura 10 A e
Figura 10 B).
C
0-20 UFC, equivalente a 0-104 UFC de EGM por mililitro de saliva, representando
baixo risco de cárie;
21-100 UFC, correspondente a 105-10
6 de EGM por mililitro de saliva, representando
médio risco de cárie;
100 UFC, equivalente a 106
UFC de EGM por mililitro de saliva, representando alto
risco de cárie.
Metodologia
32
Figura 10 – Película de parafilme utilizada para estímulo da salivação (A) e proveta (B) utilizada para a coleta da amostra salivar
Ao término do tempo estabelecido foi mensurado o volume de saliva total
coletado (não incluindo a espuma formada durante a coleta) e calculado o fluxo
salivar estimulado em ml/min. O valor obtido foi categorizado de acordo com Quadro
2:
Quadro 2 - Categorização do fluxo salivar estimulado em ml/min
Fonte: Krasse (1988)
4.8 COLETA PARA QUANTIFICAÇÃO DAS PROTEÍNAS SALIVARES
Foi coletado 1 mL adicional de amostras de saliva total com seringas
descartáveis (BD, Brasil, volume de-3 mL).
Velocidade normal do fluxo salivar: 1-3 mL/min. Velocidade baixa do fluxo salivar: 0,7-0,9 Ml/min.
Velocidade muito baixa do fluxo salivar (Hipossalivação): menor que 0,7 ml/min.
Metodologia
33
As amostras obtidas foram identificadas, acondicionadas em sacos plásticos
individuais e armazenadas em caixa térmica submersas em gelo seco por no
máximo 3 horas; cujo principal objetivo foi a preservação do conteúdo salivar
evitando possível degradação das proteínas por bactérias até o transporte das
amostras ao laboratório da UNOPAR/PR.
No laboratório as amostras salivares foram suspendidas em microtubos tipo
eppendorf de 1,5 mL, onde os mesmos foram pesados em uma balança digital semi-
analítica (Eletronic Balance/ MARK BEL Engineering) para equilíbrio durante a
centrifugação.
Figura 11 – Coleta da saliva por meio de seringa plástica descartável (BD, Brasil, volume de-3 mL), sendo as amostras acondicionadas em microtubos
As amostras pesavam entre 1.7-2.0 gramas. Amostras com menos de 1.7
gramas eram ressuspendidas em água destilada, através de pipetas calibradas
(Transferpette/Brand), atingindo assim a média de peso estabelecido.
Em seguida, essas amostras foram centrifugadas em uma centrífuga
refrigerada (Mikro 22 R/ Hettich Zentrifugen) durante 10 minutos a 4°C, em uma
velocidade de 10.000 rpm, a fim de eliminar debris celulares, evitando que micro-
resíduos sólidos dificultassem a aplicação no gel.
Foi retirado 100 µL de cada amostra, e aliquotadas em eppendorf de 1,5 mL.
Após a centrifugação as amostras foram mantidas em freezer a uma temperatura de
-20°C até o momento da liofilização.
No dia seguinte as amostras foram acondicionadas em grades de isopor, sem
retirá-las do freezer, para em seguida serem liofilizadas. A liofilização ocorreu
Metodologia
34
durante 48h (Liofilizador L 101/LIOBRAS, Brasil) com o intuito de concentrar as
proteínas salivares (Figura 12 (a) e Figura 12 (b)).
Figura 12 – (a) Aparelho Liofilizador (L 101/LIOBRAS) com amostras de saliva; (b) Amostra de saliva após centrifugação sendo liofilizada durante 48h
O ciclo de liofilização varia de acordo com o tipo da amostra e volume, mas
geralmente o processo caminha na velocidade de 1 mm por hora. Durante o
processo, o indicador de vácuo deve permanecer abaixo de 500 µHg, podendo
chegar até 50 µHg ao final do processo.
Após a liofilização, as amostras de saliva liofilizadas foram ressuspendidas
em 30 µL de solução tampão tris-HCl 50mM (pH 7.5), e acrescentado 50 µL da
solução desnaturante de SDS/DDT/azul de bromofenol (50mM). As mesmas foram
fervidas em banho-maria durante 1minuto (Figura 13).
Figura 13 – Amostras de saliva com tampão desnaturante após fervura
A B
Metodologia
35
Amostras de Lf (Lf bovina, Life Extension TM, Ft. Lauderdale, Florida.) e LZ (LZ
extraída de gema de ovo de galinha, USB, EUA) comerciais foram utilizadas como
controle ou padrão no gel de poliacrilamida para posterior quantificação das bandas
produzidas. Foi obtida uma amostra de 15 µL de Lf (solução na concentração de
1,5mg/mL) para 60 µL de tampão de amostra (62,5 mM tris-HCl, 20% glicerol, 2%
SDS, 5% β-mercaptoetanol – pH 6.8 e bromofenol).Para a amostra de LZ, 100 µL da
solução na concentração de 80mg/mL foi adicionada a 100 µL de tampão de
amostra.
Em seguida foi realizada análise pela eletroforese em gel de poliacrilamina –
(SDS/PAGE) na concentração de 15%, utilizando-se como base o método de
Laemmli,1970.
4.9 MÉTODO DE ELETROFORESE EM GEL DE POLIACRILAMIDA
(SDS-PAGE) PARA QUANTIFICAÇÃO DAS PROTEÍNAS SALIVARES
(LF E LZ)
O equipamento de escolha para a eletroforese foi o de sistema vertical (Bio-
Rad/Miniprotean 3 cell/ 600 VDC/13W/USA), peça única para a execução dos géis.
Esse equipamento na maioria das vezes aceita géis pré-fabricados. Tem a vantagem
de que no mesmo equipamento pode-se usar dois géis em uma mesma corrida
eletroforética, estando estes na mesma unidade, pois o equipamento possui 2 (dois)
módulos de suporte (Anexo 1).
Para o preparo das soluções foi utilizada água destilada e base tris (glicina).
O tris Cl foi utilizado para indicar o pH das soluções. O preparo das mesmas está
descrito no (Anexo 2 ).
Em primeiro lugar pegou-se uma placa de vidro (Bio-Rad) retangular longa de
1.0 cm de espessura (placa espaçadora) e acoplou-a em outra placa de vidro (Bio-
Rad) mais curta, fazendo um conjunto. As duas placas (conjunto) foram deslizadas
na moldura de vazamento, mantendo a placa de vidro mais curta virada para frente.
Fecharam-se os bloqueios de pressão (alças laterais) para garantir a união das
placas de vidro (Anexo 3).
Metodologia
36
Com o conjunto de placas de vidro estabilizado no suporte de presilhas, o
passo seguinte foi o preparo do gel de separação e de empilhamento para a corrida
eletroforética.
Tabela 1 – Formulações utilizadas no preparo do gel de separação (15%) e gel de empilhamento (4%)
Soluções Gel de separação
(15%) Gel de Empilhamento
(4%)
A. tris 1.5 M (pH 8.8) 1250 µL
B. tris 0.5 M (pH 6.8)
C. Acrilamida de Amônio Bis (29,2% + 0,8%)
2500 µL
1250 µL 650 µL
D. H20 1180 µL 3050 µL
E. SDS 10% 50 µL 50 µL
F. PSA 10%
G. TEMED 100%
25 µL 5.0 µL
25 µL 10 µL
Fonte: Antunes, 2003
No preparo do gel de separação, o preparo da solução de monômero ocorre
através da combinação de vários reagentes como descritos na tabela 1; exceto PSA
(Persulfato de amônio) e TEMED. Esses dois últimos reagentes devem ser
adicionados nos últimos minutos, pois não podem entrar em contato com o ar,
devido à polimerização que se inicia logo que ambos são adicionados. Portanto, logo
que a mistura foi feita, deve-se injetar a solução na placa de vidro preparada.
As soluções A, C, D, E, F e G, descritos na tabela 1, foram misturadas nas
proporções indicadas. A solução foi cuidadosamente invertida para os moldes de
vidro previamente preparados, até faltar 1,5 cm para completar a placa. Este espaço
foi completado com água destilada para que durante a polimerização não formasse
menisco côncavo no gel. Assim, a polimerização foi realizada formando uma linha
horizontal no mesmo.
Em seguida preparou-se o gel de empilhamento (4%). As soluções B, C, D, E,
F e G, descritas na tabela 1, foram misturadas nas proporções indicadas. As
concentrações das soluções foram obtidas utilizando-se pipetas automáticas. Para a
adição da solução de gel de empilhamento foi retirada a solução de água destilada,
Metodologia
37
precedido de secagem com tiras de papel filtro (Melitta, Brasil), sendo preenchido
todo o espaço com a referente solução; tomando-se o cuidado para evitar a
formação de bolhas. Após a adição da solução, formando uma camada de 1,5cm de
altura, foi colocado um molde de acrílico (pente com 10 dentes de 1.0 cm), de
coloração verde, com o intuito de se modelar os slots (poços) onde foram aplicadas
as amostras (Figura 14).
Figura 14 – Moldagem dos slots após adição da solução de empilhamento
Aguardou-se a polimerização do gel durante 45 minutos à 1h. Neste
momento, retirou-se o pente cuidadosamente, preencheram-se os slots recém
formados com água destilada e retirou-se todo o conjunto do suporte incolor e das
presilhas verdes. A placa de vidro foi acondicionada em um saco plástico umedecido
internamente com água destilada para não desidratar o gel. O mesmo foi refrigerado
por uma noite, continuando a análise no dia seguinte.
As placas de vidro (conjunto) foram acondicionadas no reservatório da cuba
com o vidro especial virado para fora e o vidro comum virado para dentro. Travaram-
se as presilhas de segurança (Anexo 3).
Foi adicionada no reservatório uma quantidade suficiente de tampão de
corrida (Electrode Buffer) já diluído com SDS 10%, como descrito na tabela de
preparação das soluções (Anexo 2). Com o auxílio de uma bagueta, foi adicionado o
tampão no interior das duas placas de vidro até atingir o nível de ambas, até
completar a cuba, para promover o contato dos géis com os eletrodos.
As amostras foram aplicadas dentro de uma capela. Inicialmente aplicou-se 8
µL do padrão de peso molecular com as amostras das proteínas miosina (peso
molecular: 207,3), β-galactosina (peso molecular: 114,3), Albumina (peso molecular:
80), Ovalbumina (peso molecular: 53,0), Anidrase Carbônica (peso molecular: 35,7),
Metodologia
38
Saiber Tríplice (peso molecular: 29), Lisozima (peso molecular: 20) e Apotinina (peso
molecular: 7,1) - (Prestained SDS-PAGE/BioRad, catalog # 161-0318, EUA),sendo
depositadas no primeiro slot (primeira coluna da esquerda para a direita).
As amostras de saliva de crianças com cárie (segundo, terceiro e quarto slot –
20 µL) (da esquerda para a direita), e amostras de saliva de crianças sem cárie
(quinto, sexto e sétimo slot – 20 µL) (da esquerda para a direita) foram inseridas,
ficando os dois últimos slots (oitavo e nono slot) (da esquerda para a direita) para o
padrão de peso molecular da proteína LZ (peso molecular: 20) e Lf (peso molecular:
em torno de 76-80), sendo aplicados (20 µL em cada um dos slots) (Figura 15).
Figura 15 – Amostras de saliva aplicadas em gel de poliacrilamida a 15%, sendo o primeiro slot (primeira coluna da esquerda para a direita) marcadores de peso molecular, slots do meio (segunda coluna à sétima coluna da esquerda para direita) amostras de saliva cariada e não cariada, e os dois últimos slots (oitava e nona coluna da esquerda para a direita) amostras do padrão de peso molecular da LZ e Lf, respectivamente
Levou-se à capela um béquer com água destilada e outro béquer para
descarte dessa água, pois é necessário efetuar a lavagem da micro-seringa
(Hamilton Company/ Reno, Nevada – 100 µL) entre uma amostra e outra, lavando
cinco vezes com água destilada e uma vez com a própria amostra de acordo com a
orientação do fabricante. Evitando desse modo contaminação entre as amostras.
Utilizou-se um guia com o objetivo de padronizar cada amostra de saliva
diretamente no seu slot pré-determinado, facilitando o posicionamento correto da
micro-seringa, evitando assim possíveis furos nos slots (Figura 16).
Metodologia
39
Figura 16 – Guia conector com o objetivo de facilitar o posicionamento correto da micro-seringa, evitando furos nos slots
É importante identificar a placa onde foram aplicadas as amostras,
especificando corretamente cada slot para facilitar o processo de leitura do gel. Em
seguida retirou-se o guia (conector) e colocou-se a tampa conectada nos eletrodos,
encaixando corretamente os plugs nas cores vermelha e preta. Conectou-se a cuba
a uma fonte estabilizadora mantendo-se a 200 V. A amperagem foi fixada em 23mA
(Figura 17). A corrida eletroforética levou em torno de 4h.
Figura 17 – Fixação da constante de velocidade (V) em (200 v), e
amperagem (A) em 23mA
Em um recipiente plástico colocou-se a solução corante (Brillant Blue
Colloidal) e mergulhou a placa. Com a mesma mergulhada, tentou-se “deslocar” os
dois vidros, utilizando uma espátula apropriada, para remoção do gel. Foi verificado
se o corante cobriu totalmente o gel, e o mesmo permaneceu overnight nessa
solução.
Metodologia
40
Recolheu-se o corante em um frasco próprio para descarte, pois o mesmo
pode ser reutilizado inúmeras vezes. Lavou-se o gel em água destilada e deixou o
mesmo em solução descorante até completa descoloração, ocorrendo o
acentuamento da cor das bandas. Esse gel foi identificado e armazenado em água
destilada sob refrigeração, para em seguida serem fotografados e analisados. O
mesmo procedimento ocorreu com todas as amostras de saliva.
A leitura e interpretação dos resultados dos géis de poliacrilamida foram
realizadas utilizando-se o programa LabImage L-PIX (H.E) 1D-L340 (Loccus
Biotecnologia, Brasil).
O programa L-PIX/H.E é um sistema de fotodocumentação e análise digital de
géis de eletroforese em tempo real. Captura a imagem digital gravados
eletronicamente, cuja imagem é impressa na forma de arquivo. Através dessa
imagem impressa, as bandas referentes às amostras de saliva (cariados e não
cariados) são localizadas de acordo com o peso molecular e com a intensidade
(maior grau de conversão dos pixels), verificando desse modo a presença ou
ausência das proteínas Lf e LZ nas amostras de saliva. A quantificação das bandas,
em relação ao volume das mesmas (expressividade) é dada através da calibração
por volume em mg/L, de acordo com o volume inserido nas amostras padrão de Lf e
LZ (Figura 18).
Metodologia
41
Figura 18 – Imagem do gel de poliacrilamida em A, após escaneamento. Na esquerda
estão os pesos moleculares do marcador e na direita os pesos moleculares dos
padrões de lisozima e lactoferrina. Em B e C observa-se a imagem após a aplicação
no software (L-PIX (H.E) 1D-L340 (Loccus Biotecnologia), referente à localização das
bandas das amostras de saliva de crianças com dentes cariados (B) e não cariados
(C), em relação à quantificação da proteína Lf e LZ, de acordo com a intensidade e
posicionamento dos pixels.
CARIADO NÃO CARIADO
Lf (76-80 kDa)
LZ (20 kDa)
202
115 98
51
37
20
A
B C
Metodologia
42
4.10 AVALIAÇÃO DO ÍNDICE DE PLACA (IHOS)
A avaliação da higiene bucal das crianças foi realizada sob luz natural por
um único examinador, através do Índice de Higiene Oral Simplificado (IHOS)1,
sendo utilizados o espelho bucal e a sonda (IPC)2 (Figura 19). Durante o
exame o paciente permanecia sentado em uma cadeira e a examinadora ficou
em pé, posicionada ao lado do examinado.
Figura 19 – Sonda IPC
Fonte: Bassani e Lunardelli, 2006
O índice tem a capacidade de mensurar a presença de placa na superfície
vestibular do dente 54 ou (14), vestibular do dente 61 ou (21), lingual do dente 75 ou
(35) e vestibular do dente 82 ou (42), mediante evidenciação com o corante fucsina
a 2% (Figura 20).
Figura 20 – Aplicação do corante fucsina 2% para evidenciação de biofilme dental nos dentes 21 e 42
1 Somente os dentes totalmente erupcionados (aqueles que tenham atingido a linha oclusal) foram
considerados para análise, bem como a dentição permanente. 2 Sonda leve, preconizada pela OMS. Apresenta uma ponta esférica de 0,5 mm uma faixa preta entre
3,5 e 5,5 mm. e anéis de 8,5 e 11,5 mm.de distância da ponta esférica.
Metodologia
43
Os escores para o índice de placa bacteriana (índice de Higiene Oral
Simplificado – IHOS) variaram de zero a três (GREENE & VERMILLION,1964)
(Quadro 3 – Figura 21); onde cada superfície do dente recebeu um código (Apêndice
4), sendo que o resultado final do IHOS foi dado a partir da soma dos códigos de
cada dente dividida pelo total de dentes examinados.
Para a categorização dos dados, as médias obtidas entre 0 e 1
corresponderam à higiene bucal satisfatória; de 1,1 a 2 regular; e de 2,1 a 3
deficiente (PINTO, 2003). Após este procedimento foi realizada a instrução de
higiene oral e escovação (Figura 22). Foi distribuído um kit de higiene contendo uma
escova dental e um creme dental para cada participante da pesquisa.
Quadro 3 - Códigos (escores) para o índice de placa bacteriana (Índice de Higiene Oral Simplificado – IHOS)
Fonte: Greene & Vermillion, 1964
Fonte:< http://www.whocollab.od.mah.se/index.html >
Figura 21 – Ilustração dos códigos do Índice de Higiene Oral Simplificado
Figura 22 – Instrução de Higiene Oral e escovação
0 - Não há induto; 1 - induto cobrindo até 1/3 da superfície ou mancha extrínseca; 2 - induto cobrindo mais de 1/3 até 2/3 da superfície do dente; 3 - induto cobrindo mais de 2/3 da superfície do dente.
Metodologia
44
4.11 AVALIAÇÃO DA EXPERIÊNCIA DE CÁRIE (ÍNDICE CPO-D)
As crianças foram examinadas no laboratório da escola, sob iluminação
natural. Utilizou-se apenas uma cadeira para ser feito a avaliação, onde cada criança
ficava com a cabeça apoiada para trás. Os dentes foram secos com uma gaze e o
exame visual conduzido com o auxílio de um espelho plano. Em caso de dúvida, a
superfície foi investigada com sonda exploradora de ponta romba (Figura 23).
Figura 23 – Superfície dental sendo investigada com sonda exploradora de ponta romba
Os critérios de diagnóstico de cárie foram considerados com base na
Organização Mundial da Saúde (OMS-WHO,1997) (Quadro 4) para determinar o
índice CPO-D (número de dentes permanentes cariados, perdidos ou obturados).
Os dados foram anotados em uma ficha clínica individual (Apêndice 5)
composta por um odontograma com códigos propostos pela (OMS-
WHO,1997),sendo este uma adaptação dos métodos básicos recomendados pela
(OMS-WHO,1999) de acordo com a tabela abaixo (Tabela 2).
Metodologia
45
Tabela 2 – Critérios utilizados para a determinação de cárie
CODIFICAÇÃO
PARA COROA DE DENTES CONDIÇÃO / ESTADO
0 Hígido 1 Cariado
1A Cárie evidente 1B Cárie incipiente 1C Cárie duvidosa 2 Restaurada, com cárie 3 Restaurada, sem cárie 4 Ausente, devido à cárie 5 Ausente, por outros motivos 6 Suporte para prótese, coroa protética 7 Traumatismo (fratura) 8 Selante de fissura 9 Permanente não erupcionado
Fonte: OMS,1999
Para a análise da atividade de cárie, os resultados foram categorizados em
dois grupos: Grupo 1 - indivíduos que apresentavam dentes cariados (CPO-D ≥1) e
Grupo 2 - indivíduos que não apresentavam dentes cariados (CPO-D=0). Em relação
à experiência de cárie, os voluntários do Grupo 1 foram subdivididos em indivíduos
que apresentavam dentes cariados (com lesão ativa), indivíduos que apresentavam
dentes restaurados sem cárie, e indivíduos que apresentavam dentes restaurados
com cárie.
Foram considerados cariados somente os dentes que apresentavam
cavitação (cárie ativa); os dentes selados e as lesões de manchas brancas foram
considerados hígidos, de acordo com a OMS/WHO.
Metodologia
46
Quadro 4 – Critérios utilizados para o diagnóstico de cárie
Fonte: OMS-WHO, 1997 sendo este modificado em relação à lesão de mancha branca e selante de fissura, sendo considerados como coroa hígida, de acordo com a OMS/WHO, 1999.
0 – Coroa hígida: esmalte de cor normal, sem evidência de lesões de cárie tratadas ou não; sulcos e fissuras pigmentados pela aplicação de saforide, na ausência de cavidade. Coroa cariada 1 A- Cárie evidente: coroa com lesão evidente, evidência clínica de cavitação 1 B- Cárie incipiente: quando existe mancha branca, opaca, rugosa e crivo 1 C- Cárie duvidosa: quando a lesão é de interpretação duvidosa entre um defeito de estrutura e uma lesão cariosa 2 - Coroa restaurada, com cárie: coroa com restauração permanente, apresentando lesão cariosa em um ou mais pontos da coroa; dente com restauração provisória (à base de ZOE, Ionômero), mas também cariado 3 - Coroa restaurada, sem cárie: dente com material restaurador permanente (Ionômero, resina, amálgama) sem a presença de lesão cariosa em ponto algum da coroa
4 - Ausente, devido à cárie
5 - Ausente, por outros motivos (traumatismo, esfoliação fisiológica, agenesia, etc.)
6 - Suporte para prótese
7 - Traumatismo: fratura
8 - Selante de fissura: dentes nos quais foi colocado um selante de fissuras na superfície oclusal; ou para os dentes nos quais a fissura oclusal foi amplamente aumentada por uma broca esférica ou “em chama de vela”, com aplicação de resina composta. Caso um dente com selante esteja cariado, ele deveria ser codificado como 1.
Cárie ativa: pigmentação clara Cárie inativa: pigmentação escurecida
CCAAPPÍÍTTUULLOO 55
Resultados
5.1 Análise Descritiva da Amostra
as 80 crianças examinadas, foram adotados como fatores clínicos de análise
o índice de placa (biofilme bacteriano) (IHOS) e o índice de cárie CPO-D. Os
fatores salivares avaliados foram o fluxo salivar, os níveis salivares de
estreptococos do grupo mutans (EGM) através do número de unidades formadoras de
colônias (UFCs) e os níveis das proteínas lactoferrina e lisozima, obtidos através da
coleta de saliva. Todas as crianças tinham 12 anos de idade.
As faixas de valores agrupados em cada variável foram estabelecidas pela
literatura, nos índices pré-determinados, com exceção da proteína lisozima,
estabelecido neste trabalho.
O gênero está expresso na tabela 3, onde observa-se 28 (35%) pacientes do
sexo masculino e 52 (65%) do sexo feminino. Observou-se uma maior percentagem
para o gênero feminino.
Tabela 3 – Características da amostra em relação ao gênero
Variável Freqüência (%)
Gênero da criança Masc 28 (35)
52 (65) Fem
Total 80 (100)
A avaliação das condições bucais baseada na experiência de cárie dentária,
segundo critérios da (OMS/WHO,1997), foi realizada através do Índice CPO-D. No
presente estudo foi observada a média para o CPO-D= 2,09, sendo, de um modo geral,
o índice composto por um dente cariado e um dente restaurado.
NN
Análise Estatística e Descritiva dos Resultados 48
Foi realizada a divisão da população de estudo em dois grupos: Grupo 1-
indivíduos que apresentavam experiência de cárie (CPO-D ≥1) e Grupo 2- indivíduos
que não apresentavam experiência de cárie (CPO-D=0). Os voluntários do Grupo 1
abrangeram os indivíduos que apresentavam dentes cariados (com lesão ativa),
indivíduos que apresentavam dentes restaurados com cárie (lesão ativa), e indivíduos
que apresentavam dentes restaurados sem cárie (tabela 4).
Outra análise separou os grupos em A e B, através da atividade de cárie, onde o
grupo A incluiu os indivíduos cárie-ativos (dentes cariados e restaurados com cárie) e
grupo B incluindo os cárie-inativos (dentes hígidos e restaurados) (tabela 4).
Tabela 4 – Distribuição da amostra de acordo com a experiência de cárie
Cárie Freqüência (%)
Experiência de cárie Sim (grupo 1) Não (grupo 2)
53 (63,3) 27 (33,8)
Atividade de cárie Ativo (grupo A) Inativo (grupo B)
33 (41,3) 47 (58,8)
Tabela 5 – Distribuição da amostra de acordo com a avaliação dos níveis salivares de EGM
UFCs Número de UFCs Freqüência (%)
Amostra
Total
0 – 20
21 – 100
> 100
16 (20,0)
43 (53,8)
21 (26,3)
80 (100,0)
A avaliação dos níveis salivares de EGM classificou os escolares em alto (> 100
UFC/mL), médio (21-100 UFC/mL) e baixo (0-20 UFC/mL) risco à cárie através da
contagem de estreptococos do grupo mutans. Na população estudada, encontrou-se
em 53,8% dos voluntários média contagem de EGM e os demais apresentaram, 20% e
26,3%, respectivamente, baixa e alta contagem de EGM (tabela 5).
Análise Estatística e Descritiva dos Resultados 49
O fluxo salivar (sialometria) foi classificado em muito baixo (< 0,7 mL/min), baixo
(0,7-0,9 mL/min) e normal (1-2,9 mL/min). Foi encontrado fluxo salivar baixo e muito
baixo em apenas 12,5% e 2,5% da amostra, respectivamente. A grande maioria dos
voluntários apresentou fluxo salivar normal (48,8%) e 29 crianças (36,3%)
apresentaram hiper-salivação (> 3 mL/min) (tabela 6).
Tabela 6 – Distribuição da amostra de acordo com a avaliação do fluxo salivar (sialometria)
Quantidade de
Fluxo
Resultado do
índice (mL/min)
Freqüência (%)
Fluxo < 0,7
0,7-0,9
1-2,9
>3
2 (2,5)
10 (12,5)
39 (48,8)
29 (36,3)
Total 80 (100,0)
Quanto ao índice de higiene oral simplificado (IHOS), a higiene dos voluntários
foi classificada em satisfatória (0 - 1), regular (1,1 - 2), deficiente (2,1 - 3). De acordo
com a pesquisa foi verificado que 48,8% dos escolares tinham uma higiene regular,
26,3% possuiam boa e 25% apresentaram uma higiene ruim. Nenhum dos
participantes mostrou higiene muito ruim, ou maior que 3 (tabela 7).
Com relação às proteínas salivares, a Lf esteve ausente na saliva de 44
voluntários e presente em 36 participantes do estudo (tabela 8). A LZ esteve presente
em todos os participantes em diferentes concentrações, estando presente em
concentrações menores que 81,55 mg/mL em 24 voluntários, 28 voluntários
apresentaram concentrações entre 81,56 mg/mL a 91,55 mg/mL, e 28 voluntários
apresentaram concentrações maiores que 91,56 mg/mL (tabela 9).
Análise Estatística e Descritiva dos Resultados 50
Tabela 7 – Distribuição de indivíduos em relação à quantidade de placa bacteriana (IHOS)
Quantidade de
placa bacteriana
Resultado do
índice
Freqüência (%)
IHOS
Total
0 – 1,0
1,1 – 2,0
2,1 – 3,0
21 (26,3)
39 (48,8)
20 ( 25,0)
80 (100,0)
Tabela 8 – Distribuição de indivíduos em relação à presença ou ausência de lactoferrina
Lf Freqüência (%)
Presente
Ausente
Total
44 (55)
36 (45)
80 (100)
Tabela 9 – Distribuição de indivíduos em relação à concentração de lisozima
LZ Concentração Freqüência (%)
LZ
Total
<81,55 mg/mL
81,56-91,55 mg/mL
>91,56 mg/mL
24 (30,0)
28 (35,0)
28 (35,0)
80 (100,0)
Análise Estatística e Descritiva dos Resultados 51
5.2 Análise estatística
Uma vez realizada a coleta dos dados, os mesmos foram codificados para todas
as variáveis e categorias estudadas, possibilitando a elaboração de um banco de
dados, no programa Statistical Package for Social Sciences 15.0 (SPSS, Londres,
Reino Unido), assumindo nível de significância de 5% (p0,05) para os testes
aplicados. Foi considerada como variável dependente a experiência e atividade de
cárie, medidas pelo índice CPO-D e seus componentes. Utilizou-se inicialmente a
comparação dos grupos de crianças com cárie e sem cárie e suas diferenças em
relação às demais variáveis, através do teste de variância, Kruskall-Wallis (para
avaliação entre dois grupos) e Mann-Whithney (em avaliação para mais de dois
grupos). Foram utilizados escores para contagem de estreptococos do grupo mutans
(EGM), fluxo salivar, índice de placa (IHOS) e quantificação das proteínas (LZ e Lf).
Para se avaliar a experiência de cárie quanto ao gênero, os indivíduos de CPO-
D=0 foram comparados com todos os demais indivíduos de CPO-D≥1 ( indivíduos com
dentes cariados, dentes restaurados sem cárie e dentes restaurados com cárie). O
teste de Mann-Whithney não mostrou diferença entre os grupos para o gênero dos
pacientes (p=0,399). O CPO-D médio foi de 2,43 para o gênero masculino, e 1,9 para o
gênero feminino, sendo o componente restaurado o mais expressivo (tabela 10).
Tabela 10 – Valores médios do índice CPO-D e seus componentes distribuídos por gênero
Sexo
(Gênero)
CPO-D
Componente
cariado
Componente
restaurado
cariado
Componente
restaurado
Masculino
Feminino
2,43
1,90
0,57
0,77
0,04
0,00
1,39
1,08
*p= 0,399
Análise Estatística e Descritiva dos Resultados 52
O teste de KrusKall-Wallis não identificou diferença estatisticamente significante
entre o índice CPO-D médio (p=0,496), ou seus componentes de dentes restaurados e
cariados (p=0,245), ou dentes apenas restaurados (p=0,900) e a contagem de EGM.
Entretanto, constataram-se maiores contagens de EGM no componente do índice
CPO-D dentes cariados (lesão ativa) estatisticamente significantes (p=0,031) (tabela
11).
Tabela 11 – Valores médios do índice CPO-D e seus componentes distribuídos por
contagem de EGM
EGM
(Número de
UFCs)
CPO-D
Componente
cariado
Componente
restaurado
cariado
Componente
restaurado
0 – 20
21 – 100
> 100
2,25
1,93
2,29
0,44
0,56
1,19*
0,00
0,00
0,05
1,63
1,12
1,00
*p=0,031
Não se observou diferença estatística quanto ao índice de placa (IHOS) para o
índice CPO-D (p=0,178) a partir do teste de Kruskall-Wallis, nem para os seus
componentes de dentes cariados (p=0,412), restaurados e cariados (p=0,591), ou
apenas restaurados (p=0,101) (tabela 12).
Tabela 12 – Valores médios do índice CPO-D e seus componentes distribuídos pela classificação do IHOS
IHOS
Resultado do
índice
CPO-D
Componente
cariado
Componente
restaurado
cariado
Componente
restaurado
0 – 1
1,1 – 2
2,1-3
1,71
1,72
3,20
0,67
0,54
1,05
0,00
0,03
0,00
0,86
1,03
1,85
Análise Estatística e Descritiva dos Resultados 53
O teste de Kruskall-Wallis tampouco identificou diferença significante entre o
fluxo salivar para o índice CPO-D (p=0,946), e seus componentes de dentes cariados
(p=0,852), restaurados e cariados (p=0,789), ou apenas restaurados (p=0,894) (tabela
13).
Tabela 13 – Valores médios do índice CPO-D e seus componentes distribuídos pela
classificação do fluxo salivar (sialometria)
Fluxo Salivar
Resultado do
índice
CPO-D
Componente
cariado
Componente
restaurado
cariado
Componente
restaurado
< 0,7
0,7-0,9
1-2,9
>3
2,00
2,50
2,18
1,83
1,00
0,90
0,62
0,72
0,00
0,00
0,03
0,00
1,00
1,50
1,36
0,86
Com relação à presença das proteínas salivares, o teste de Mann-Whithney não
identificou diferença significante entre a concentração de Lf na saliva e o índice CPO-D
(p=0,057). Não houve diferença também para os seus componentes dentes cariados
(p=0,169), e restaurados e cariados (p=0,269). Entretanto, foi constatado uma maior
expressividade desta enzima nas crianças com maisdentes restaurados (p=0,016)
(tabela 14).
Tabela 14 – Valores médios do índice CPO-D e seus componentes distribuídos pela
presença ou ausência da proteína Lf
Lf
(Presença
ou ausência)
CPO-D
Componente
cariado
Componente
restaurado
cariado
Componente
restaurado
Presença
Ausência
2,75
1,55
0,83
0,59
0,03
0,00
1,75*
0,73
*p=0,016
Análise Estatística e Descritiva dos Resultados 54
Com relação à concentração de LZ na saliva da amostra, o teste de Kruskall-
Wallis não identificou diferença para o índice CPO-D (p=0,382), nem para seus
componentes de dentes cariados (p=0,324), restaurados e cariados (p=0,395) e
apenas restaurados (p=0,594) (tabela 15).
Tabela 15 – Valores médios do índice CPO-D e seus componentes distribuídos pela
classificação atribuída à concentração da proteína LZ
LZ
concentração
CPO-D
Componente
cariado
Componente
restaurado
cariado
Componente
restaurado
<81,55 mg/mL
81,56-91,55
mg/mL
>91,56 mg/mL
2,79
1,96
1,61
0,96
0,64
0,54
0,00
0,00
0,04
1,58
1,18
0,86
O teste de Pearson foi empregado para confirmar possíveis correlações entre os
dados (tabela 16).
Tabela 16 – Resultados obtidos para a correlação de Pearson (r) entre o índice CPO-D e
seus componentes e demais variáveis
Variáveis CPO-D
Componente
cariado
Componente
restaurado
cariado
Componente
restaurado
EGM - Número de UFCs
IHOS
Fluxo salivar
Lf
LZ
-
0,359(**)
-
0,245(*)
-
0,288(**)
0,244(*)
-
-
-
-
-
-
-
-
-
0,349(**)
-
0,297(**)
-
(**) Correlação de significância de 0,01
(*) Correlação de significância de 0,05
Análise Estatística e Descritiva dos Resultados 55
Por meio do teste de Pearson foi possível observar correlação positiva entre o
índice CPO-D e, índice de placa (IHOS) e CPO-D e a presença da proteína Lf.
Para o componente cariado, obteve-se correlação positiva para contagem de
EGM e placa (IHOS). Já para o elemento restaurado, houve correlação positiva com a
proteína Lf e placa (IHOS).
Avaliando-se as demais variáveis entre si, observou-se a correlação positiva
entre o índice IHOS e a concentração da proteína lactoferrina pelo teste de Pearson
(coeficiente =0,287, p=0,01), resultados expressos na (tabela 17).
Tabela 17 – Correlação entre todas as variáveis e a proteína lactoferrina
Variáveis Lf
CPO-D
CPO-D cariado
CPO-D restaurado cariado
CPO-D restaurado
EGM - Número de UFCs
IHOS
Fluxo salivar
LZ
0,245(*)
-
-
0,297(**)
-
0,287(**)
-
-
(**) Correlação de significância de 0,01
(*) Correlação de significância de 0,05
CCAAPPÍÍTTUULLOO 66
Discussão
6.1 DISCUSSÃO
cárie dentária é uma doença infecciosa, de etiologia multifatorial, resultante
de um desequilíbrio entre os processos de desmineralização e
remineralização do esmalte (FEJERSKOV,1998), processos estes que
dependem do fluxo e capacidade tampão da saliva, “quantidade e qualidade do biofilme
bacteriano” e quantidade e freqüência do consumo de açúcar (MALTZ,2000;
THYLSTRUP & FEJERSKOV,1995).
Além de tais fatores, é de suma importância verificar a relação da composição e
secreção da saliva, bem como sua disponibilidade, uma vez que de acordo com
Thylstrup, Fejerskov (1995), parecem ser fatores relevantes na etiopatogênese e
progressão da cárie influenciando desse modo o ambiente intrabucal (VAN NIEUW
AMERONGEN, BOLSCHER, VEEMAN,2004).
Todas as estruturas presentes na cavidade bucal são banhadas pela saliva,
que é o produto de secreção das glândulas salivares maiores – parótidas,
submandibulares e sublinguais -; menores e do fluido crevicular. Sua composição é
feita, basicamente de água (99%), matéria orgânica e inorgânica. Contêm ainda,
bactérias, células epiteliais descamadas e resíduos alimentares presentes na cavidade
bucal. A saliva desempenha importantes funções na manutenção da saúde bucal,
destacando-se a digestão, lubrificação dos tecidos duros e moles da cavidade bucal,
diluição das substâncias introduzidas na boca e subseqüente remoção, neutralização e
tamponamento dos ácidos dos alimentos ou produzidos pela placa bacteriana,
saturação em relação aos constituintes dos dentes, o que possibilita interferir no
processo de desmineralização, remineralização e efeito antimicrobiano (EDGAR,1992).
Entre os fatores protetores da saliva, o efeito limpante (“clearance”) do fluxo
salivar é um dos mais importantes. Sua atuação remove microrganismos endógenos,
AA
Discussão 57
exógenos e seus produtos para o intestino. Além disso, uma quantidade constante do
fluído garante a presença de fatores antimicrobianos imunológicos e não imunológicos
na boca (TENOVUO,1998).
Sabe-se de acordo com (Thylstrup & Fejerskov,1995) que as superfícies da
cavidade bucal são constantemente colonizadas por microrganismos. Esses
microrganismos constituem uma microbiota muito complexa que, por si só, não resulta
em doença, visto que eles existem em equilíbrio com o hospedeiro. Como essa
microbiota está sob influência de componentes específicos e não específicos do
sistema imunológico secretor, ou seja, proteínas antimicrobianas, (LEONE,
OPPENHEIM,2001; FEJERSKOV,1998; KIDD & FEJERSKOV,2004; FEJERSKOV &
KIDD,2006, TENOVUO,1998) a principal função de tais proteínas é a de limitar a
colonização microbiana das superfícies bucais e prevenir a penetração de substâncias
nocivas nestas superfícies, evitando-se assim danos aos tecidos subjacentes.
Van Nieuw Amerongen, Bolscher, Veeman (2004) relacionam como proteínas
salivares antimicrobianas a lisozima, lactoferrina, lactoperoxidase, aglutininas, mucina,
histatina, cistatina e imunoglobulinas (anticorpos específicos), dando ênfase especial
às quatro primeiras.
Vários autores observaram efeito antibacteriano destas enzimas (Cole et al.,
1976, Weinberg, 1978, Lassiter et al.,1987, Arnold, Cole, Mcghee,1980, Jenssen,
Hancick,2008). Podem interferir no desenvolvimento do biofilme dental, inibindo a
adesão de S. mutans (OHO, MITOMA, KOGA,2002) ou modulando a agregação das
bactérias planctônicas na forma de biofilme (SINGH et al., 2002, FRANCESCA et
al.,2004). Outros estudos mostram efeitos antivirais (MULLER et al.,1992; HARMSEN
et al.,1995; VAN DER STRATE et al.,2001) e antifúngicos (SAMARANAYAKE et al.
2001; BERKHOUT et al.,2002; LUPETTI et al.,2003). Achados como estes podem
fornecer subsídios para a importância destas na etiopatogênese da cárie dentária
(ORSI,2004; FINE, FURGAN, BEYDOWIN,2002).
Foi devido a tais informações que se pretendeu avaliar uma possível associação
entre experiência e atividade de cárie, quantidade de biofilme dentário, contagem de
esteptococos do grupo mutans, fluxo salivar e padrão de expressão das proteínas
salivares especificamente (Lf e LZ) em amostras de saliva de pacientes com cárie e
sem cárie; uma vez que todos esses fatores interagem-se entre si.
Discussão 58
Nos últimos 10 anos houve um avanço exponencial a respeito de testes
salivares, como método de diagnóstico descrevendo o uso da saliva total a fim de
monitorar doenças sistêmicas e bucais (STREKFUS, BIGLER,2002), reforçando relatos
de (KAUFMAN, LAMSTER,2002).
Também corroboram Dawes (1993); Lima (1999) e Moura (2004), que
consideram que as propriedades biológicas da saliva estão relacionadas à mistura de
fluídos orais e seus conteúdos, motivo pelo qual se tem incrementado o uso da saliva
total nas pesquisas representando assim um meio confiável para se avaliar a
composição da microbiota bucal.
Dentre as diversas possibilidades de uso da saliva como meio de diagnóstico,
pode-se citar a sua utilização nas medidas de risco de cárie utilizando a mensuração
do fluxo salivar, capacidade tampão, potencial hidrogeniônico (pH) e para contagem de
microrganismos, particularmente o Streptococus mutans ( DAWES,1993, DEZAN et al.,
2002, SEGURA et al., 2006, BOTELHO et al., 2007).
A facilidade de coleta da saliva, bem como o fato de oferecer menor risco de
contaminação para o operador quando do manuseio da mesma, representam aspectos
importantes para subsidiar a escolha da mesma como meio de diagnóstico. Aliado a
isso, os estudos realizados comparando resultados dos testes salivares com outros
métodos de credibilidade científica comprovada, como dosagens sanguíneas de
substâncias, têm tornado o método confiável e, portanto com sua aplicabilidade
validada (MOURA,2004).
Levando em consideração os relatos mencionados; utilizamos para a referente
pesquisa, o uso da saliva total como meio de diagnóstico. Para que fosse realizada
uma coleta da saliva total padronizada foram utilizados os requisitos de LIMA (1999) e
FRANCO (2004), como não ter ingerido nenhum tipo de alimento ou bebida (exceto
água) durante o período de duas horas que antecedia a coleta; não ter fumado; não ter
sido submetido à grande estresse físico antes da coleta; no momento da coleta o
paciente deveria sentar-se em posição relaxada em uma cadeira comum (não
odontológica) e de olhos abertos e mastigar o pedaço de parafilme alternando-o entre
os lados direito e esquerdo da boca durante o tempo determinado pelo pesquisador
que fazia o controle do tempo da coleta, sendo esta realizada no período da tarde.
Discussão 59
Uma vez que a lisozima provêm das glândulas salivares maiores e menores, do
fluído do sulco gengival e dos leucócitos salivares (ARNOLD, COLE, MCGHEE,1980) e
a lactoferrina pelas células serosas das glândulas salivares maiores e menores
(WARD, URIBE-LUNA, CONNEELEY,2002), favoreceu ainda mais a confirmação da
escolha do uso de saliva total na referente pesquisa.
A coleta da saliva pode ser feita de forma estimulada e não estimulada. A forma
estimulada pode ser realizada de maneira mecânica (goma de mascar, parafina, látex)
ou através de produtos químicos (ácido cítrico). A forma não estimulada é aquela que
não possui estímulos exógenos, onde o fluxo salivar pode ser alterado apenas por
estímulos olfatórios, exposição à luminosidade, posicionamento do corpo e ciclo
circadiano (KAUFMAN, LAMSTER,2002).
Existem diferenças na composição salivar entre as diversas glândulas quando
relacionadas ao tipo de estímulo utilizado, conforme mencionado por JENKINS (1978).
O mesmo relata que a glândula parótida contribui com aproximadamente 10%
do volume salivar quando em saliva total não estimulada. No entanto produz parte
significante da saliva estimulada. Dessa forma, a saliva estimulada é quase que
totalmente representativa do tipo de secreção produzida pelas parótidas. Medidas de
variação de fluxo das diferentes glândulas mostram que a submandibular produz maior
fluxo em condição de repouso, porém quando o fluxo é estimulado a parótida é a mais
responsiva que a submandibular (JENKINS,1978).
De acordo com Whelton (1996) a composição média da saliva não estimulada é
formada por 99,4% de água e 0,6% de componentes sólidos, enquanto a saliva
estimulada é composta por 99,5% de água e 0,5% de elementos sólidos. Seus
constituintes variam de acordo com o fluxo, natureza da estimulação, duração,
composição do plasma, à hora do dia na qual as amostras são coletadas
(NEWBRUM,1988). De qualquer forma, a diferença percentual entre ambas é muito
discreta e provavelmente exerceu pouca influência nos resultados do presente estudo.
A composição salivar sofre variações em função da velocidade do fluxo salivar, e
este está intimamente relacionado ao tipo, intensidade de duração do estímulo utilizado
na obtenção da amostra. Há também alterações significativas na composição salivar
em diferentes indivíduos e no mesmo indivíduo sob diferentes circunstâncias
Discussão 60
(JENKINS,1978). No entanto, a velocidade do fluxo salivar é considerada o principal
fator que afeta a composição salivar (TENOVUO, LAGERLÖF,1995).
Entre os fatores que afetam a velocidade do fluxo, intensidade e composição
pode-se citar o ciclo circadiano. O fluxo salivar atinge seu pico no final da tarde e é
praticamente nulo durante o sono. (EDGAR, O’MULLANE,1996). A secreção salivar é
menor à noite em relação à secreção diurna. Todavia, a concentração de proteínas é
maior à tarde (DOUGLAS,1998), o que pode ter favorecido a detecção das proteínas
avaliadas neste estudo. Buscando a padronização, as coletas foram feitas neste
período da tarde em um intervalo de duas a três horas, de maneira semelhante para os
grupos com cárie e sem cárie.
Além do ciclo circadiano, o tempo de duração do estímulo também afeta o teor
das substâncias da saliva. Caso a estimulação persista por muito tempo, a
concentração das substâncias na saliva tendem a diminuir (DOUGLAS,1998). O tempo
de estimulação utilizado neste estudo foi de um minuto.
O esforço físico contribui destacadamente para modificar a composição
eletrolítica e osmolar, bem como o volume salivar (DOUGLAS,1998), para tal, as
coletas foram realizadas antes do intervalo de aulas das crianças. Oliveira et al., 2005
relatam que além da atividade aumentada da alfa-amilase na saliva total de suas
amostras, a concentração da mesma na saliva aumenta progressivamente com a
intensidade do exercício.
Idade e sexo são fatores que também alteram o volume da saliva. O ápice da
produção salivar ocorre entre os 6 e 14 anos de idade, declinando a partir dos 20 até
os 60 anos, quando a produção total é cerca de 0,025 a 0,034 mL/min. (TOMASSI,
LIMA,2002). Banderas-Tarabay et al. (2002) encontraram um fluxo médio de 0,397
mL/min em 120 pacientes saudáveis de 17 a 24 anos. Entretanto, na literatura
científica, há controvérsias com relação à interferência da idade em relação ao fluxo
salivar, pois vários fatores secundários, tais como: a utilização de próteses,
edentulismo total ou parcial, tonicidade muscular, uso de medicamentos, doenças
inerentes aos pacientes geriátricos, colaboração do paciente em realizar a coleta da
saliva, interferem na velocidade do fluxo salivar e é imprescindível que sejam
considerados quando se avalia epidemiologicamente a velocidade do fluxo salivar
(VISSINK et al.,1988; PANKHURST et al.,1996; ATKINSON e WU,1994). Neste estudo,
Discussão 61
o fluxo médio foi de 2,58 mL em 3 minutos, ou 0,861 mL/min, para crianças com 12
anos de idade, concordando com as observações anteriores.
Utilizando-se ainda como base o estudo de Banderas-Tarabay et al. (2002) que
avaliaram o fluxo salivar e a concentração de proteínas na saliva total humana não
estimulada, verificaram que as mulheres apresentaram uma menor velocidade do fluxo
salivar e uma maior concentração de proteínas totais. Dezan et al. (2002) encontraram
uma tendência para fluxo aumentado nos bebês do sexo femino. Neste estudo, 65% da
população eram de meninas e não houve associação do sexo com fluxo salivar ou com
a concentração de proteínas salivares.
Determinadas doenças sistêmicas também podem comprometer o
funcionamento das glândulas salivares e conseqüentemente a produção de saliva,
influenciando tanto na quantidade de saliva produzida quanto na qualidade desses
fluídos. Uma vez que pode afetar os constituintes químicos e as propriedades físicas do
mesmo (RUDNEY,2000; PALMER et al.,2001).
O uso de determinados medicamentos como antidepressivos tricíclicos, os
antiparkisonianos, as fenotiazinas, as benzodiazepinas, os anticolinérgicos, os
antihipertensivos, os antihistamínicos, os antipsicóticos e os diuréticos reduzem a
velocidade do fluxo salivar (GARCÍA-POLA et al.,1999).
No caso do uso de medicamentos, foi aplicado um questionário entregue aos
pais/responsáveis legais com o objetivo de levantar dados retrospectivos à cerca de
problemas sistêmicos e uso de medicamentos (antiinflamatórios e antibióticos) que
pudessem vir a alterar o fluxo salivar, sendo estes casos não incluidos neste estudo.
Existem vários métodos para a quantificação de proteínas, nomeadamente o
método de Biureto, método Lowry, método Bradfort ou BG-250, método “BCA” ou
reagente de Smith, métodos de eletroforese dentre as quais a eletroforese em gel de
poliacrilamida (SDS-PAGE) e eletroforese bidimensional (2D-PAGE). Muitos métodos,
ao longo dos anos têm sido propostos, mas não existe uma metodologia considerada
de uso universal para todos os meios (ZAIA, ZAIA, LICHTIG,1998).
O método de Biureto, apesar de ser rápido, utilizar reagentes de baixo custo e
não apresentar grande variação da absorvidade específica para diferentes proteínas,
não é muito sensível, colocando-o em desvantagem. O método de Lowry apresenta
uma grande sensibilidade para proteínas, porém possui algumas desvantagens tais
Discussão 62
como: estar sujeito a muitos interferentes, apresentar longo tempo de análise, possuir
absortividade específica altamente variável para diferentes proteínas (ZAIA, ZAIA,
LICHTIG,1998).
Apesar do método de Bradfort ou BG-250 ser mais rápido, sensível e estar
sujeito a um número bem menor de interferências que o método de Lowry, o mesmo
apresenta algumas desvantagens tais como: variação da absortividade específica para
diferentes proteínas, devido à sua baixa solubilidade, ou baixo peso molecular das
mesmas, e fornecimento de resultados nem sempre reprodutíveis devido ao grau de
pureza do corante BG-250. O método “BCA” ou reagente de Smith tem a vantagem de
ser mais simples no preparo dos reagentes, sensível e relativamente rápido, porém
possui algumas desvantagens como a dependência da temperatura de incubação das
amostras, a variação da absortividade específica para diferentes proteínas e a variação
da absorbância com o tempo (ZAIA, ZAIA, LICHTIG,1998).
A eletroforese desnaturante em gel de poliacrilamida na presença de
dodecilsulfato de sódio (SDS) é um método unidimensional de separação muito
utilizado para análise de massas moleculares de proteínas oligoméricas, ou seja,
formada por mais de uma cadeia polipeptídea (ROCHA et al.,2005). O método fornece
uma maneira fácil de calcular o número de polipeptídeos em uma amostra, e assim
avaliar a complexidade desta (WESTERMEIER,1997).
Tem a capacidade de fornecer informações sobre os pesos moleculares das
proteínas e o padrão de massa molecular, ou seja, estrutura e organização das
subunidades das proteínas. É um método relativamente simples de usar e altamente
reprodutível. O seu uso mais comum é para análise qualitativa de misturas complexas
de proteínas (WESTERMEIER, 1997).
A eletroforese bidimensional (2D-PAGE), surgiu em 1975 com trabalhos de
O’FARREL; MACGILLIVRAY et al., KLOSE, onde utiliza-se como meio de separação
das proteínas o seu ponto isoelétrico e a mobilidade eletroforética (ROCHA et
al.,2005). Apesar de engenhosa a metodologia 2D-PAGE é muito trabalhosa,
demorada, difícil de ser reproduzida em diferentes laboratórios e depende da
habilidade do pesquisador para obtenção de resultados consistentes (PANDEY &
MANN,2000). Proteínas com pesos moleculares muito altos ou muito baixos não são
bem separadas nas eletroforeses 2D. Proteínas altamente hidrofóbicas e alcalinas
Discussão 63
também necessitam de métodos específicos de preparação das amostras (extração,
precipitação e solubilização). (GÖRG et al.,2000; HERBERT et al.,2001).
Como as bandas protéicas tendem a se sobrepor, os métodos unidimensionais
de separação como a eletroforese em gel de poliacrilamida (SDS-PAGE), podem
separar um número relativamente pequeno de proteínas (geralmente menos de 50). A
eletroforese bidimensional, ao combinar dois processos distintos de separação, pode
ser usada para separar mais de 1000 proteínas em um único gel, e o resultado final
consiste em um gel com diversos discos (spots) dispersos, cada um correspondendo a
uma proteína particular. O poder de separação é tão grande que duas proteínas que
diferem em apenas um aminoácido carregado podem ser prontamente distinguida
(ROCHA, et al.,2005).
Escolheu-se para este trabalho a metodologia de eletroforese em gel de
poliacrilamida (SDS-PAGE) uma vez que a intenção do estudo foi verificar a presença
de proteínas salivares específicas (Lf e LZ), assim como a lactoperoxidase, nas
amostras de saliva coletada, e não a presença de todas as proteínas salivares,
possuindo então um número relativamente pequeno de proteínas para separação das
bandas.
As amostras de saliva foram liofilizadas com a intenção de desnaturar o meio e
concentrar as proteínas presentes na saliva. Como padronização foi realizada um teste
piloto com a saliva de um único voluntário, onde a mesma era liofilizada e não
liofilizada. Além disso, as amostras de saliva foram preparadas com solução
desnaturante e tampão tris-HCl, em concentrações variadas. A partir disso foi verificada
a expressividade das bandas no gel, de acordo com o melhor processamento das
amostras.
A lisozima é uma proteína catiônica de peso molecular (20 kDa), a sua ação
antimicrobiana baseia-se em sua atividade de muramidase, além de ativar as
“autolisinas” bacterianas, que por sua vez também podem destruir os componentes da
parede celular (ARNOLD, BREWEN, GAUTHIER,1980).
A lactoferrina é uma glicoproteína de (76 kDa) ligadora de ferro, pertencente à
família da transferrina (WARD, URIBE-LUNA; CONNEELEY,2002). Muitas funções
biológicas são atribuídas a lactoferrina (Lf), como a de modular a resposta imune contra
infecções e possuir atividade antimicrobiana. A atividade antimicrobiana da Lf ocorre
Discussão 64
basicamente por ligar ferro com grande afinidade, o que acaba tornando esse íon
indisponível para um grande número de espécies bacterianas. Ela exerce sua atividade
antimicrobiana através de outros mecanismos de ação, como por exemplo, através da
interação direta entre a Lf e componentes celulares de bactérias (JENSSEN;
HANCOCK,2008). Recentemente muitas outras funções foram atribuídas a Lf, tais
como imunomodulação, regulação do crescimento celular, função antitumoral, atividade
antioxidante e antiinflamatório (WARD, URIBE-LUNA, CONNEELEY,2002).
Baker, Baker (2004); Lampreave et al. (1990); Gasymov et al. (1999); Zakharova
et al. (2000); Ward, Conneely (2004); Conte et al. (1999) relatam que a lactoferrina é
uma glicoproteína composta por uma única cadeia polipeptídica de peso molecular de
80 kDa. Moore et al.,1997 verificaram através de cristalografia por difração de raio-x a
estrutura tridimensional da Lf, como tendo um peso molecular de 76 kDa, o mesmo
peso molecular citado por (JENSSEN, HANCOCK,2008).
Nesta pesquisa, foram encontradas variações nos géis em relação ao peso
molecular tanto para a proteína Lf em torno de 78 a 107 kDa e para a proteína LZ em
torno de 18 a 24 kDa, respectivamente. Para a proteína LZ utilizou-se como referência
o padrão de peso molecular universal da BioRad (Prestained SDS-PAGE/BioRad,
catalog #161-0318, EUA) na qual referenciava como peso molecular da LZ de 20 kDa.
Para a Lf foi confeccionado um padrão de referência, utilizando-se a concentração de
1.5 mg/mL. Acredita-se que essa variação possa ter sido causada devido a oscilações
decorrentes da rede elétrica, uma vez que a fonte estabilizadora foi estabilizada
mantendo-se uma voltagem em 200 V e a amperagem fixada em 23mA.
Quanto ao número amostral das crianças a serem avaliadas, recorreu-se a
literatura científica. Schwartz, Zhu, Sreebnyl (1995) realizaram pesquisa para
observação do perfil eletroforético das proteínas salivares de 20 indivíduos. Sikorska,
Mielnik-Blaszczak, Kapec (2002) utilizaram amostras de 83 escolares para avaliação de
proteínas salivares correlacionando-as com cárie. Já Dezan et al. (2002) avaliaram
parâmetros salivares de 94 bebês. Jentsch et al. (2004) avaliaram 28 amostras de
saliva de adultos jovens quanto ao fluxo salivar, pH e capacidade tampão, lisozima,
lactoferrina, peroxidase, tiocianato, imunoglobulina A e proteínas totais correlacionando
com o índice CPO-D, e Jonasson et al. (2007) avaliaram proteínas de saliva de 38
Discussão 65
crianças de 12 anos de idade. Diante destes estudos, optou-se pela realização da
pesquisa em 80 escolares no presente estudo.
Sabe-se que entre os dentistas existe uma grande variação sobre o diagnóstico
final de um dente com cárie. A fim de minimizar esse problema na pesquisa
odontológica, é essencial que o pesquisador determine primeiramente os critérios de
diagnóstico de cárie. A lesão de cárie deve ser óbvia o suficiente para não deixar
dúvidas quanto a sua presença. A OMS e outros órgãos oficiais de diferentes países
determinaram que para ser caracterizada a presença de cárie tem que haver, sem
dúvida, cavidade (OMS-WHO,1999). Desta forma, lesões brancas foram consideradas
como dentes hígidos na avaliação do índice CPO-D, assim como selantes de fissuras,
e o examinador submeteu-se a um treinamento e posterior calibração para obtenção do
índice Kappa, como descrito na metodologia.
Foi estipulado que em cada gel da eletroforese constassem três amostras de
saliva de crianças com cárie ativa (grupo A) e três amostras de crianças sem cárie
(podendo haver dentes restaurados sem cárie) (grupo B). Assim, em um mesmo gel,
com a mesma variação elétrica de corrida poderiam ser comparadas as duas diferentes
situações, imaginando que as concentrações das proteínas variassem (Figura 24).
Figura 24 – Esquema representativo das amostras de saliva e marcadores inseridos no gel de eletroforese
Os dentes restaurados sem cárie foram incluidos no grupo dos cárie-inativos,
supondo que onde houvesse cárie em evolução – ativa – poderíamos encontrar maior
número de EGM, em franco metabolismo de carboidratos, assim como maior
MAR
CAD
OR
S
EM
C
ÁRI
E
S
EM
C
ÁRI
E
S
EM
C
ÁRI
E
COM
CÁRIE
CO
M
CÁ
RIE
CO
M
CÁ
RIE
PA
DRÃ
O
LZ
PA
DRÃ
O
Lf
Discussão 66
concentração das proteínas salivares protetoras ou antimicrobianas. Desse modo,
cárie-ativos compôs o grupo A e cárie-inativos, o grupo B. Das 80 crianças, 58,8%
estavam no grupo B, cárie-inativas.
Por outro lado, separou-se as crianças em grupos 1 e 2, sendo o grupo 1 com
experiência de cárie, e aqui eram incluidos os dentes restaurados também, pois estas
crianças poderiam não ter cavidade de cárie ativas, mas já tinham passado por uma
experiência prévia da doença, remediada por uma restauração. O grupo 2 incluiam os
dentes sem experiência de cárie, ou seja, somente os dentes hígidos. Das 80 crianças,
63,3% estavam no grupo 1, ou seja, com experiência de cárie, atual ou prévia.
Os resultados estatísticos nos mostraram em ambas as classificações,
associação do componente do índice CPO-D dente cariado com maiores contagens de
EGM pelo teste de KrusKall-Wallis (tabela 11) e correlação de Pearson (tabela 16),
corroborando a literatura, que classifica a presença aumentada da referida bactéria
como fator indicador de risco à cárie (HAMADA, SLADE,1980; ALALUUSUA,
RENKONEN,1983; DE LORENZO,2004; DITTERICH et al.,2004; GALAVITZ et al.,
2005; SEGURA et al.,2006; BOTELHO et al.,2007). Mass et al. (2002) encontraram
associação entre menor número de EGM e lactobacilos e alto fluxo salivar, assim como
maior número de bactérias cariogênicas com maiores níveis de lisozima em crianças
com cárie.
Não houve associação do fluxo salivar com o índice CPO-D ou com a
concentração das proteínas salivares. A maioria das crianças desta população (85,1%)
possuia fluxo salivar normal ou aumentado, portanto, seria difícil haver uma correlação
com a quantidade de cárie, uma vez que a literatura relata maior índice CPO-D com
fluxo salivar reduzido (JOHANSSON et al.,1994; ATKINSON, BAUM,2001; MASS et al.,
2002;BANDERAS-TARABAY et al.,2002;SIKORSKA, MIELNIK-BLASZCZAK,
KAPEC,2002; DE FARIAS, BEZERRA,2003; JENTSCH et al.,2004; FEJERSKOV,2004;
AZEVEDO et al.,2005;BARDOW et al.,2005;VITORINO et al.,2006;JONASSON et
al.,2007). Se a maioria da população possuia um bom fluxo, também ficou inviável
detectar associação de muito ou pouco fluxo com a concentração de proteínas
salivares.
Graças a sua praticidade e rapidez de execução, o IHOS – índice de higiene oral
simplificado - é um instrumento de mensuração utilizado em todo o mundo. Foi criado
Discussão 67
com base na estreita relação entre o cuidado individual com a saúde bucal e a
incidência de doença periodontal (BASSANI, LUNARDELLLI,2006; BOTs et al.,2006;
GREENE & VERMILLION,1964;PANDEY & PANDEY,2005). Tem sido também
correlacionado com a experiência de cárie em alguns estudos (SEGURA et al.,2006;
BOTELHO et al.,2007).
Neste estudo não houve associação do índice de higiene oral com o CPO-D ou
seus componentes pelo teste de Kruskall-Wallis (tabela 12), no entanto, foi observada
fraca correlação pelo teste de Pearson entre IHOS e CPO-D, componente cariado e
restaurado (tabela 16). Houve também fraca correlação entre IHOS e a expressão da
proteína lactoferrina.
Esta última observação de correlação entre IHOS e lactoferrina denota que
provavelmente a produção da enzima deva ser estimulada frente ao aumento do
contingente bacteriano, estando esta desempenhando seu papel protetor. Não
encontramos relatos na literatura a respeito desta associação.
A enzima amilase foi encontrada como tendo associação com alto CPO-D
(Vitorino et al.,2006) e com pouca perda mineral dentária por Bardow et al.(2005).
Farias; Bezerra (2003) não encontraram associação da enzima amilase e concentração
total de proteínas salivares com cáries precoces da infância em 20 crianças de 12 a 47
meses de idade. Banderas-Tarabay et al.(2002) também não encontraram relação
desta proteína com o índice CPO-D. Foi observado no presente estudo em todos os
géis, alta expressão da amilase, tanto para crianças cárie-ativas como inativas, no
entanto, não nos detivemos na sua quantificação por não se tratar de uma enzima
antimicrobiana, segundo VAN NIEUW AMERONGEN, BOLSCHER, VEERMAN,(2004).
Apesar da enzima lactoperoxidase não ser escopo inicial deste trabalho, foi
incluida na análise dos resultados, uma vez que é uma enzima antimicrobiana (VAN
NIEUW AMERONGEN, BOLSCHER, VEERMAN,2004) e apareciam picos de sua
presença nos gráficos gerados pelo programa Lpix. Não foi usado um padrão especial
da proteína pura lactoperoxidase nos géis de poliacrilamida e a intensidade de suas
bandas foi comparada com o padrão de peso molecular e com os padrões das
proteínas puras lactoferrina e lisozima. Entretanto, não houve associação da presença
ou quantidade da lactoperoxidase com nenhum dos outros fatores avaliados, fluxo
salivar, níveis salivares de EGM, experiência e atividade de cárie.
Discussão 68
A proteína lisozima não foi associada nem correlacionada com o índice CPO-D,
IHOS, fluxo salivar ou contagem de EGM. Sabe-se que ela exerce um efeito
antimicrobiano considerável, maior que da lactoferrina e está em quantidade bem mais
abundante na saliva (concentração em torno de 41,74 a 93,86 mg/L) enquanto que a
lactoferrina demonstrou concentração de 2,95 a 10,49 mg/L. Apenas 3 crianças (3,8%)
da amostra possuiam níveis não detectáveis de lisozima em suas salivas nesta
metodologia, porém não houve diferença estatística de concentração entre as crianças
com cárie e sem cárie. Ao observar a tabela 15, os valores de CPO-D e de seus
componentes diminuiam a medida que aumentava a concentração de lisozima, ou
seja, eram inversamente proporcionais inferindo que a lisozima também possa estar
desempenhando seu efeito protetor antimicrobiano. Não houve diferença estatística,
mas há de se considerar que por ser mais abundante na cavidade bucal, essa enzima
tenha o seu papel de importância.
Mass et al.(2002) observaram na sua pesquisa associação entre maiores
concentrações de lisozima e a presença de cárie dentária, em concordância com a
tendência de resultados apresentados neste estudo.
Outro ponto com relação à lisozima é que por sua maior expressão nos géis em
relação à lactoferrina e lactoperoxidase, e quase a totalidade da população
apresentando-a, foi feita a opção de categorizar a quantidade de lisozima presente nas
salivas das crianças durante o teste estatístico (tabela 9 e 15). A estratificação foi
baseada no número de crianças nos três grupos separados pela concentração da
proteína. Como relatado por Banderas-Tarabay et al.(2002) as análises das moléculas
salivares são normalmente feitas como apenas presentes ou ausentes. No teste
estatístico foram testadas a lisozima estratificada e também a presença ou ausência
apenas, sem contudo, detectar significância estatística da presença da lisozima com
quaquer outra variável.
A lactoferrina mostrou associação positiva significante com os dentes
restaurados pelo teste de Kruskall-Wallis. Pela correlação de Pearson houve
significância estatística tanto para dentes restaurados como para o CPO-D geral
(tabela 16), apesar dos valores do coeficiente do teste não serem muito elevados.
Também encontraram associação da quantidade de lactoferrina com o índice CPO-D.
Vitorino et al.(2006) e, Azevedo (2005), observar a relação do risco/atividade de cárie
Discussão 69
com a presença de polimorfismo no gene da lactoferrina. Sikorska, Mielnik-Blaszczak,
Kapec (2002) observaram relação significante entre os níveis de lactoferrina pelo teste
ELISA e o índice CPO-D em 83 crianças de 15 anos de idade, resultados próximos ao
do presente estudo, apesar da diferença metodológica.
Johansson et al.(1994) investigaram proteínas totais, imunoglobulinas,
lactoferrina, lisozima e outras proteínas salivares em crianças (8 a 12 anos) com e sem
má-nutrição, observando valores diminuídos de lactoferrina e IgA no grupo estudo,
salientando que a deficiência nutricional pode afetar a capacidade de resposta
imunológica do indivíduo.
Interessante observar no presente estudo, que a lactoferrina foi a única proteína
salivar associada com o CPO-D e também com o índice de placa aumentados,
demonstrando sua importância no combate à etiologia - placa bacteriana – da cárie
dentária. Diante do fato de que estreptococos do grupo mutans são os principais
microrganismos associados com essa doença, porém não exclusivos, ou seja, existem
outras espécies fortemente ligadas à etiologia dessa doença, enfatiza-se o caráter não
específico desta proteína salivar, aumentando seus níveis não apenas na presença de
EGM, mas também do biofilme dentário como um todo. Concordando com os achados
de Johansson et al.(1994); Sikorska, Mielnik-Blaszczak, Kapec (2002); Azevedo (2005)
e Vitorino et al.(2006), a presença da lactoferrina parece estar associada com a
presença da cárie dentária, o que pode contribuir para um maior conhecimento dos
aspectos etiológicos da doença.
CCAAPPÍÍTTUULLOO 77
Conclusões
7.1 CONCLUSÕES
partir dos resultados obtidos, podemos concluir que:
apesar de 63,3% das crianças do presente estudo possuirem experiência
de cárie; 58,8% eram cárie-inativas;
a maioria das crianças apresentou fluxo salivar normal, não havendo
relação deste fator com o CPO-D;
o índice CPO-D foi correlacionado com a quantidade de biofilme dentário,
assim como seus componentes, dentes cariados e restaurados;
os dentes cariados foram correlacionados positivamente com os níveis
salivares de estreptococos do grupo mutans;
as proteínas salivares não foram relacionadas com a quantidade de
estreptococos do grupo mutans, no entanto, houve correlação positiva
entre biofilme dentário e a proteína lactoferrina;
apesar de 45% das crianças não possuírema proteína lactoferrina
detectada nos géis de poliacrilamida, quando presentes, foram
correlacionadas com maior CPO-D e seu componente dentes
restaurados.
AA
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APÊNDICE
Apêndices 80
Apêndice 1 - Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da
Universidade Norte do Paraná (UNOPAR/Londrina) Protocolo PT-0319/08.
Apêndices 81
Apêndice 2 - Modelo da carta informativa entregue aos pais/responsáveis
legais juntamente com o Termo de consentimento livre e esclarecido
PROJETO: AVALIAÇÃO DO PADRÃO DE EXPRESSÃO DAS PROTEÍNAS SALIVARES LACTOFERRINA E LISOZIMA E PRESENÇA DE ESTREPTOCOCOS DO GRUPO MUTANS EM CRIANÇAS COM E SEM CÁRIE DENTÁRIA
CARTA DE INFORMAÇÃO AO PACIENTE
A presente pesquisa visa avaliar as proteínas salivares mais abundantes em crianças com e sem cárie aos 12 anos de idade. Serão realizados:
o exame clínico da boca para verificar as condições de seus dentes,
o avaliação da salivação (fluxo salivar),
o utilização de corantes nos dentes para medição do grau de higiene bucal (índice de placa bacteriana),
o coleta de saliva para verificação das proteínas salivares presentes.
Todos os procedimentos descritos já foram amplamente utilizados em pesquisas científicas. Não haverá gastos adicionais, e os pesquisadores garantem não haver riscos ou desconforto de qualquer natureza para os participantes, além de responderem pelo caráter confidencial das informações. Os dados serão divulgados e os pesquisadores comprometem-se a fornecer aos entrevistados todas as informações obtidas durante a pesquisa.
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
O paciente incluído no estudo tem a liberdade de recusar-se a participar ou de retirar seu consentimento em qualquer fase da pesquisa, sem penalização alguma e sem prejuízo ao seu cuidado (Res. CNS 196/96 – item IV.1f) e receberá uma cópia do termo de Consentimento Livre e Esclarecido na íntegra por ela assinado (Item IV., 2d).
Pelo presente instrumento que atende às exigências legais, o(a) Sr.(a)
_____________________________________________________________, portador da célula de identidade n
o_________________________, responsável pelo escolar
_____________________________________________________________, após a leitura minuciosa da CARTA DE INFORMAÇÃO AO PACIENTE, devidamente explicada pelo(s) profissional (is), ficando ciente do procedimento a ser realizado, não restando quaisquer dúvidas a respeito do explicado, firma seu CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO, concordando em participar da pesquisa proposta. Fica claro que todo trabalho realizado se torna informação confidencial e será guardado por força do sigilo profissional.
Por estarem em acordo, assinam o presente termo. Londrina, ____de _______________de 2008. ______________________________________ Assinatura do paciente (Responsável)
__________________________________ ________________________________________ Klissia Romero Felizardo – pesquisadora Flaviana Bombarda A. Ferreira – pesquisadora
Apêndices 82
Apêndice 3 - Modelo do questionário entregue aos pais/responsáveis legais com o objetivo de levantar dados retrospectivos relacionados a problemas
sistêmicos e uso de medicamentos (antiinflamatórios e antibióticos, além de avaliar hábitos de higiene oral e dieta.
PROJETO: AVALIAÇÃO DO PADRÃO DE EXPRESSÃO DAS PROTEÍNAS SALIVARES LACTOFERRINA E LISOZIMA E PRESENÇA DE ESTREPTOCOCOS
DO GRUPO MUTANS EM CRIANÇAS COM E SEM CÁRIE DENTÁRIA
I – DADOS PESSOAIS
Nome completo da criança:________________________________________ .Sexo - 1.( ) M. 2.( ) F. Data de Nascimento _____________ Idade _________anos. Endereço __________________________________________________________Telefone________________. Nome da mãe:___________________________________________________Idade: ____anos. Escolaridade da mãe: ( )1º. Grau incompleto ( )1º. Grau Completo ( ) 2º. Grau incompleto ( )2º. Grau completo ( )3º. Grau Nome do pai:___________________________________________________Idade: ____anos. Escolaridade do pai: ( )1º. Grau incompleto ( )1º. Grau Completo ( )2º. Grau incompleto ( )2º. Grau completo ( ) 3º. Grau Profissão do pai: ________________________ Profissão da mãe: __________________________. II – HISTÓRIA MÉDICA DA CRIANÇA
1. Como classifica a saúde de seu filho ( ) ótima ( ) boa ( ) regular ( ) ruim ( ) muito ruim 2. Qual o problema de saúde que seu filho apresentou mais freqüentemente? ( ) 1. Infecção viral (virose) ( ) 2. Otite ( ) 3. Infecção urinária ( ) 4. Alteração dermatológica ( ) 5. Problemas respiratórios ( ) 6. Anemias ( ) 7. Convulsões ( ) 8. Outros: ____________________ 3. Com que freqüência tomou antibióticos (Amoxicilina) ( )nenhuma vez ( ) 1 vez ( ) 2 vezes ( )a cada 3 meses ( )a cada dois meses ( )todos os meses ( )mais de uma vez ao mês 4. Já ficou hospitalizado? ( )nenhuma vez ( )1 vez ( )2 vezes ( )3 vezes ( )mais de 3 vezes 5. Faz uso regular de algum medicamento? ( ) 1. Não ( ) 2. Sim Especificar_________________________________ 6. Tomou antibiótico nos últimos 2 meses? ( ) 1. Não ( ) 2. Sim Especificar_________________________________ 7. Tomou antiinflamatório nos últimos 2 meses? ( ) 1. Não ( ) 2. Sim Especificar_________________________________
Apêndices 83
III – SAÚDE BUCAL
8. Seu filho já foi ao dentista? ( ) 1. Não. ( ) 2. Sim. 9. Qual é a freqüência que vai ao dentista? ( ) 1. Regularmente a cada 6 meses ( ) 2. Uma vez por ano ( ) 3. Somente quando apresenta algum problema odontológico
10. Quantas vezes seu filho ingere açucar (chocolate, bolacha recheada, bala) por dia, fora das refeições?
( ) 1. Nenhuma vez
( ) 2. Até 3 vezes.
( ) 3. Mais de três vezes
11. Quantas vezes seu filho ingere salgadinhos, pão, lanchinhos, por dia, fora das refeições?
( ) 1. Nenhuma vez
( ) 2. Até 3 vezes.
( ) 3. Mais de três vezes
12. Atualmente, quantas vezes por dia seu filho(a) limpa os dentes? ( ) 1. Não limpa. ( ) 2. Uma vez. ( ) 3. Duas vezes. ( ) 4. Três vezes. ( ) 5. Outros. Especificar: ______________________________________________ 13. Seu filho utiliza o fio dental? ( ) 1. Não ( ) 2. Sim. 14. Seu filho utiliza dentifrício (creme dental) nas escovações? ( ) 1. Não ( ) 2. Sim
Apêndices 84
Apêndice 4 - Ficha clínica individual com os escores para o índice de placa bacteriana (sub-índice do índice de Higiene Oral Simplificado – IHOS) (GREENE & VERMILLION, 1964).
AVALIAÇÃO DE ÍNDICE DE HIGIENE ORAL
Apêndices 85
31 32 33 34 3 5 3 6 3 7 3 8 71 72 73 74 7 5
55 54 53 52 51
18 17 16 15 14 13 12 11
61 62 63 64 65 21 22 23 24 25 26 27 28
48 47 46 45 44 43 42 41
85 84 83 82 81
Apêndice 5 - Ficha clínica individual composta por um odontograma para
avaliação do Índice de cárie (CPO-D)
Examinadora: ..........................................……………………… Data: ........................ Paciente: ……………..................................................................
AVALIAÇÃO DE CÁRIE
ANEXOS
Anexos 87
Anexo 1 - Equipamento de escolha para a eletroforese em gel de
poliacrilamida. Sistema vertical (Bio-Rad/Miniprotean 3 cell/ 600 VDC/13W/USA),peça única para a execução dos géis.
Anexos 88
Anexo 2 - Tabelas de soluções utilizadas no preparo do gel de poliacrilamida.
Preparo das soluções para o gel de poliacrilamida: Solução tampão gel
SOLUÇÃO TAMPÃO GEL - (1,5 M TRIS HCl, pH 8.8 -200mL)
Foi dissolvido 36,3 g de TRIS (base) em 150 mL de água destilada. Em seguida adicionado HCl até obter um pH em torno de 8.8. Avolumou-se para 200 mL em proveta com água destilada. A solução foi armazenada a 4°C.
Fonte: Antunes, 2003
Preparo das soluções para o gel de poliacrilamida: Solução de estoque
Foi dissolvido 60 g de acrilamida (C3H5NO), e 1.6 g de bis acrilamida (C7H10N202) em 150 mL de água destilada, sendo o volume final de 200 mL, o mesmo avolumado em uma proveta. A solução foi filtrada em filtro de papel e armazenada a 4°C em frasco protegido da luz. A acrilamida é um produto neurotóxico e explosivo, assim devem ser manuseados com máscara e luva, evitando seu
aquecimento (máximo 70C). Nunca deve ser descartada na pia ou lixo comum. Tempo máximo de
uso: 3 meses.
Fonte: Antunes, 2003 Preparo das soluções para o gel de poliacrilamida: Gel de empilhamento
Foi dissolvido 3.0 g de TRIS (base) em 40 mL de água destilada. Adicionado HCl até atingir pH 6.8 e completado o volume para 50 mL. A solução foi mantida em temperatura de 4°C.
Fonte: Antunes, 2003 Preparo das soluções para o gel de poliacrilamida: Solução de SDS (10%)
SOLUÇÃO DE SDS (Sodium dodecyl sulfate) – (10%)
Foi dissolvido 10 g de SDS em 70 mL de água destilada. Depois completado o volume para 100 mL e armazenado em temperatura ambiente.
Fonte: Antunes, 2003
Preparo das soluções para o gel de poliacrilamida: Tampão de corrida (sem SDS)
SOLUÇÃO DE ESTOQUE DE ACRILAMIDA 30% e BIS-ACRILAMIDA 0,8% (200 mL)
STACKING GEL (Gel de empilhamento) – (0.5 M TRIS/Cl, pH 6.8 – 50 mL)
Anexos 89
TAMPÃO DE CORRIDA – (0.025 M TRIS, 0,192 M glicina, pH 8.3) – sem SDS
Solução estoque (10 x) – Foi dissolvido 30,28 g de TRIS (base) e 144,13 g de glicina em 500 mL de água destilada. Foi completado o volume para 1000 mL. Não se ajusta o pH, a diluição é feita na hora de usar, sendo: 1 parte de tampão (10 mL de SDS-10%) + 9 partes (100 mL de tampão de corrida sem SDS) e avoluma-se com água destilada até completar 1000 mL.
Fonte: Antunes, 2003 Preparo das soluções para o gel de poliacrilamida: Tampão de amostra
Foi acrescentado 3,4 mL de água destilada, 1,0 mL de 0,5 M TRIS-HCl pH 6.8 (Stacking gel buffer), 1,6 mL de solução de SDS (10%), 0,4 mL de β-mercaptoetanol, 1 pitada de azul de bromofenol (1 g). Volume total 8,0 mL. Esse tampão pode ser armazenado à temperatura ambiente. Diluiu-se a amostra no tampão de amostra na proporção de 1:4. Aquece a 95°C por 4 minutos. A amostra, depois de preparada foi armazenada em congelador.
Fonte: Antunes, 2003
Preparo das soluções para o gel de poliacrilamida: TEMED
TEMED (N, N, N’, N’ TETRA METHYLETHYLENEDIAMINE) – 50 Ml
(BioRad Laboratories)- Catalog 161-0801
Foi aliquotada a solução em eppendorf de 1,5 mL.
Fonte: Antunes, 2003
Preparo das soluções para o gel de poliacrilamida: Solução Descorante
SOLUÇÃO DESCORANTE (10% ácido acético, 30% metanol)
Misturou-se 100 mL de ácido acético em 300 mL de metanol, avolumando com água destilada (600 mL). Usa-se para descoloração rápida do gel.
Fonte: Antunes, 2003
TAMPÃO DE AMOSTRA – TAMPÃO REDUTOR COM SDS
(62,5mM TRIS HCl, 20% SDS, 5% β-mercaptoetanol – pH 6.8 e bromofenol)
Anexos 90
Preparo das soluções para o gel de poliacrilamida: Solução Corante
Foi dissolvido o Coomassie Blue e o sulfato de amônia em ácido acético. Depois completado com água destilada para o volume desejado. Os géis devem ser corados no mínimo por 24h e descorados em água destilada (várias lavagens) ou solução descorante.
Fonte: Antunes, 2003
Preparo das soluções para o gel de poliacrilamida: Solução de Persulfato de Amônio (PSA-10%)
SOLUÇÃO DE PERSULFATO DE AMôNIO (PSA) – 10%
Foi dissolvido 1 g de PSA em 10 mL de água destilada, e usada imediatamente. O restante foi congelado em eppendorfs. Descongelar e logo em seguida usar a solução.
Fonte: Antunes, 2003
SOLUÇÃO CORANTE (0,025% Coomassie Blue R-250, 40% Metanol, 7% ácido acético)
Anexos 91
Anexo 3 - Descrição da montagem das partes para o preparo do gel de
poliacrilamida.