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AVALIAÇÃO ESCOLAR DO CURSO NOTURNO: UMA QUESTÃO A REPENSAR
Autora: Neide Tereza Escaliante Otenio1
Orientador: Fábio Antônio Gabriel2
Resumo
O presente artigo é resultado da pesquisa realizada no PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE/2010, aplicada em Colégio do Norte Pioneiro, com o objetivo de repensar a Avaliação como instrumento orientador fundamental para que o professor reconheça as diferenças na capacidade de aprender dos educandos, para poder ajudá-los a superar suas fragilidades e avançar na aprendizagem. Primeiramente refletiu-se sobre a prática avaliativa aplicada principalmente nos alunos do curso noturno. Após analisado os dados coletados através do questionário aplicado para os professores e pedagogos, objetivando perceber qual a concepção de avaliação, quais os instrumentos avaliativos utilizados e quais os critérios estabelecidos, apresentou-se os resultados, bem como as concepções que perpassam os atores envolvidos no processo. Considerando a política educacional da rede Pública do Estado do Paraná, a avaliação requer ainda, um olhar especial para sua verdadeira função e efetivação. Assim sendo, procurou-se construir de forma coletiva, instrumentos que atendam às necessidades de reconstrução do sentido da avaliação e, concomitante a isso a melhoria da qualidade do ensino aprendizagem.
Palavras-chave: avaliação; professores; estratégia; reconstrução e ensino-aprendizagem
1 Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual do Norte do Paraná – Unidade Centro,
Cornélio Procópio. Pós Graduada pela Faculdade do Centro do Paraná em Metodologia e Didática do
Ensino e em Pedagogia Empreendedora com Ênfase na Gestão Escolar (Administração, Supervisão
e Orientação). Professora pedagoga da rede pública estadual; atuante no Colégio Estadual Carlírio
Gomes dos Santos – Ensino Fundamental e Médio- Santa Amélia – NRE Cornélio Procópio.
Participante do PDE 2010/Pedagogia
2 Graduado em Filosofia pela Bagozzi, bacharel em Teologia PUC-PR; especialista em ética e
Filosofia, mestrando em Filosofia na PUC-PR, atua no Colégio Rio Branco em Santo Antonio da
Platina e na UENP – Campus – Jacarezinho /Centro de Ciências Humanas.
Abstract
This article is the result of research conducted in EDUCATIONAL DEVELOPMENT PROGRAM - PDE/2010 applied in, School from the North Pioneer Assessment as an instrument for the teacher to recognize the differences in students' ability to learn in order to help them overcome their weaknesses and progress in learning. First reflected on the evaluation practice applied mainly in the night class students. After analyzing the data collected through the questionnaire administered to teachers and educators, aiming to understand what the concept of evaluation, which evaluation instruments used and the criteria established, the results presented, as well as the concepts that underlie the actors involved in process. Considering the educational policy of the network for the State of Parana, requires further evaluation, a special look for their true function and effectiveness. Therefore, we tried to build a collective way, instruments that meet the needs of rebuilding the sense of evaluation and, concurrent with that to improve the quality of teaching and learning.
Keywords: assessment, teachers; strategy; reconstruction and teaching-learning
Introdução
Este artigo é resultado de uma pesquisa realizada no PROGRAMA DE
DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL (PDE), ofertado pela Secretaria de Estado
da Educação do Estado do Paraná, no período letivo de 2010/2012, como parte
integrante do programa de Formação continuada. Realizou-se um estudo sobre
Avaliação Escolar principalmente do curso noturno, onde os índices de evasão
escolar são alarmantes. Nossos propósitos visaram instrumentalizar os professores
e pedagogos na reflexão em torno das práticas avaliativas aplicadas no cotidiano
escolar, pautadas nas tomadas de decisão em prol do desafio da aprendizagem do
aluno, ampliando a concepção de uma prática avaliativa, voltada para a globalização
pedagógica das ações e como processo transformador do ensino aprendizagem.
Trataremos aqui da Avaliação da Aprendizagem como um desafio, diante da
abrangência e complexidade de seu campo. O que se quer é destacar os processos
avaliativos que trazem um potencial de fazer acontecer, de direcionar a ação, de
induzir, transformar qualquer que seja a concepção e características presentes na
atividade avaliativa.
Os resultados das avaliações vivenciados no interior da escola nos motivaram
a desenvolver este estudo, assim como o fato de no cotidiano escolar presenciar
professores, equipe pedagógica, direção e pais preocupados com os
encaminhamentos da prática da avaliação da aprendizagem. Outras situações reais
demonstradas na escola apontam que diversas ações transformam a avaliação em
práticas de cunho punitivo, classificatório, ou burocrático; em poucos momentos
cumprindo seu verdadeiro papel como ferramenta para o ensino e aprendizagem
dos educandos.
É importante ressaltar que na escolha do tema foi levado em consideração o
alto índice de evasão escolar e a prática avaliativa utilizada, principalmente no curso
noturno, sendo esta, preocupação constante dos professores e nossa como
pedagoga do Colégio Estadual Carlírio Gomes dos Santos - Ensino Fundamental e
Médio.
O nosso objetivo no Projeto de Implementação Pedagógica foi justamente de
desvelar as causas que interferem na aplicação das práticas avaliativas nos alunos
dos 6º ao 9º ano do ensino fundamental, do curso noturno. Nesse contexto a
oportunidade de observar e vivenciar a objetividade da avaliação na práxis, percebe-
se ainda que muito se enfatiza sobre a dimensão burocrática,e que se realiza a
avaliação porque há uma exigência legal e porque é preciso registrar resultados
caracterizados por notas ou conceitos. Estamos cientes de que a relevância
fundamental da pesquisa está na oportunidade de refletir e analisar as práticas
avaliativas e apontar os possíveis caminhos para uma articulação entre avaliação e
o trabalho pedagógico, tomando como ponto de partida os conselhos de classe, os
processos de avaliação escolar sistematizados nos critérios, nos instrumentos e na
Recuperação de Estudos, oportunizando a reflexão dos docentes sobre a
importância da avaliação no processo de ensino e aprendizagem.
Segundo Luckesi (Jornal do Brasil, 27 de abril de 2000) a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação nº9394/96 abriu as portas para as práticas da avaliação na
escola, nos seus diversos graus. Porém argumenta ser preciso que os gestores
garantam a sua execução. No seu entendimento, avaliar é uma forma de subsidiar a
aprendizagem satisfatória do aluno, por meio de acompanhamento assíduo, visando
o seu desenvolvimento. Nesse sentido, os estudos e discussões sobre Avaliação
Escolar, durante o período de implementação do Projeto, foram pautados nas
seguintes ações: grupos de estudos teóricos ancorados em referências
bibliográficas; oficina sobre critérios e instrumentos de avaliação realizada na
semana pedagógica de julho de 2011; acompanhamento dos conselhos de classe
durante o segundo semestre do ano letivo de 2011; aplicação de entrevista junto aos
professores, equipe pedagógica; reflexões sobre avaliação; critérios e instrumentos
nas reuniões pedagógicas do segundo semestre de julho de 2011 e do primeiro
bimestre de 2012.
1. Avaliação da Aprendizagem: Pressupostos Teóricos.
A avaliação do processo ensino/aprendizagem tem sido uma preocupação
constante dos professores. Em primeiro lugar, porque faz parte do trabalho docente
verificar e julgar o rendimento dos alunos, avaliando os resultados do ensino. Há
pessoas que aprendem mais rapidamente, enquanto outras o fazem de maneira
mais lenta. Há também aquelas que retêm e aplicam melhor o que lhes é
ensinado. Cabe ao professor reconhecer as diferenças na capacidade de aprender
dos alunos, para poder ajudá-los a superar suas dificuldades e avançar na
aprendizagem.
Em segundo lugar, porque o progresso alcançado pelos alunos reflete a
eficácia do ensino. Ensinar e aprender são dois verbos indissociáveis, duas faces da
mesma moeda. Nesse sentido, pode-se dizer que o rendimento do aluno é uma
espécie de espelho do trabalho desenvolvido em sala de aula. Ao avaliar seus
alunos, o professor está também avaliando seu próprio trabalho. Portanto, a
avaliação está sempre presente, fazendo parte da rotina escolar. Daí ser
responsabilidade do professor aperfeiçoar suas técnicas de avaliação.
Frequentemente a avaliação feita pelo professor se fundamenta na fragmentação do processo ensino/aprendizagem e na classificação das respostas de seus alunos e alunas, a partir de um padrão
predeterminado, relacionando a diferença ao erro e a semelhança ao acerto (ESTEBAN, 2002, p.15).
Concordamos com a autora quando expõe que, as avaliações baseadas no
acerto e erro muitas vezes não revelam se o aluno aprendeu ou não, isto é, não
consegue evidenciar a relação entre o que o professor ensinou e o que o aluno
apropriou-se do conhecimento científico. Esta situação acaba fragilizando o ato de
avaliar, e, este se torna mecânico e burocrático. Para tanto, é necessário que
professor seja competente na elaboração e construção dos instrumentos de
avaliação para levar todos a adquirirem o saber, não eliminando os que não o
adquiriram.
Com a função classificatória, a avaliação constitui-se num instrumento estático e frenador do processo de crescimento; com a função diagnóstica ao contrário ela constitui-se num momento dialético do processo de avançar no desenvolvimento da ação do crescimento para autonomia, do crescimento da competência. Como diagnóstica, ela será um momento dialético do “senso” do estágio em que se está e de sua distância em relação à perspectiva que está colocada como ponto a ser atingido à frente (LUCKESI, 1986, p.47).
Segundo o educador Cipriano Carlos Luckesi (2001, p.93-95), os
instrumentos de classificação e seleção não contribuem para a qualidade do ensino
aprendizagem, nem para o acesso de todos ao sistema de ensino. Na trajetória, que
começou pelo conhecimento técnico dos instrumentos de mediação de
aproveitamento, o educador avançou para o aprofundamento das questões teóricas,
chegando à seguinte definição de avaliação escolar: ”Um juízo de qualidade de
dados relevantes para uma tomada de decisão” (Luckesi, 2001, p.96). Portanto,
segundo essa concepção, não há avaliação se ela não trouxer um diagnóstico que
contribua para melhorar a aprendizagem. Atingindo esse ponto, Luckesi passou a
estudar as implicações políticas da avaliação, suas relações com o planejamento e a
prática de ensino e finalmente, seus aspectos psicológicos. As conclusões do
professor paulista, apontam para a superação de toda uma cultura escolar que ainda
relaciona avaliação com exames e reprovação. “Estamos trilhando um novo
caminho, que precisa de tempo para ser sedimentado”3.
Parafraseando Hoffmann (2003), os estudos em relação à avaliação da
aprendizagem apontam novos rumos teóricos, tendo como diferencial básico o papel
interativo do avaliador no processo, influenciando e sofrendo influências do contexto
avaliado. O que passa a conferir ao educador um comprometimento com o objeto da
avaliação e com a aprendizagem do aluno no processo avaliativo.
O instrumento orientador fundamental para que o professor abandone a
antiga ideia de pensar e utilizar a avaliação como ferramenta de classificação,
seleção, e exclusão social, é transformá-la em uma estratégia de construção coletiva
com professores comprometidos com uma escola de qualidade para todos.
A avaliação no cotidiano escolar tem suas implicações no fracasso e no
sucesso escolar. É fundamental olhar atentamente para pequenas histórias do
nosso cotidiano, refletir sobre elas, contá-las aos outros, compartilhar o espanto e a
admiração, dúvidas, certezas e surpresas... Enxergar o cotidiano como
espaço/tempo plural onde ocorrem interações diversas, onde o eu e o outro com
seus erros e acertos, movidos tanto pelo que “sabem” quanto pelo que não “sabem”
se encontram simplesmente para dar continuidade à teia da vida.
Nesse campo, quando se avalia os conteúdos atitudinais com a mesma
lógica classificatória, o estrago é ainda maior para reversão do quadro de fracasso
escolar, a avaliação tem um papel decisivo, porém ao estar montada em bases
equivocadas, não só deixa de cumprir sua função de ajuda, como também se torna
um estorvo para a mudança. Portanto, é fundamental a reflexão sobre os novos
desafios da avaliação, a fim de avançarmos em direção a uma educação de
qualidade e democrática para todos.
A concepção básica da avaliação em um enfoque libertador é de formulação
bastante simples, a partir da percepção da necessidade de colher dados
3 http://revistaescola.abril.com.br/planejamento-e-avaliacao/avaliacao/cipriano-carlos-luckesi-
424733.shtml
significativos do processo, julgar com base nos referenciais assumidos, como tomar
decisão e agir. São várias as dimensões que só podem ser chamadas de avaliação
quando integradas em um processo complexo. No entanto, em cada uma dessas
instâncias, podemos ter obstáculos, fatores dificultadores que se transforma em
desafios, que exigem enfrentamento do educador para serem superados.
A mudança da avaliação implica em modificações no seu conteúdo, na sua
forma e na sua intencionalidade, bem como nos aspectos com os quais estabelece
relações. Hoffmann distingue o diálogo entre professor e aluno como indicador da
aprendizagem e necessário à reformulação de alternativas de solução para
construção do saber.
A reflexão do professor sobre seus próprios posicionamentos metodológicos
na elaboração de questões e na análise das respostas dos alunos deve ter sempre
um caráter dinâmico. Na avaliação mediadora o professor deve interpretar a prova,
não para saber o que o aluno não sabe, mas para pensar na estratégia pedagógica
que ele deverá utilizar para interagir com esse aluno. Para que isso aconteça, o
desenvolvimento dessa prática avaliativa deverá desvelar a trajetória de vida do
aluno durante a qual ocorrem mudanças em múltiplas dimensões.
Em relação ao processo de aprendizagem toda resposta do aluno é ponto de
partida para novas interrogações ou desafio do professor. Devem-se oportunizar aos
discentes emitir ideias sobre um assunto, para ressaltar as hipóteses em construção,
ou as que já foram elaboradas. São estas atitudes que idealizam de fato um
processo de avaliação contínua e mediadora.
O desafio é propiciar o desenvolvimento humano pleno, a apropriação
crítica, criativa, duradoura e significativa dos saberes e elementos da cultura
necessários para a formação da consciência, do caráter e da cidadania.
Celso Vasconcellos diz que “a mudança na avaliação é fundamental para
que deixe de atrapalhar a prática pedagógica e ajude a qualificá-la”. A avaliação em
hipótese alguma pode ser preconceituosa, excludente, parcial, ou seja, caracteriza-
se pelo seu caráter participativo, inclusivo, formativo imparcial e justo. Deve ser,
além disso, amplamente realizada por diferentes meios e momentos. Sendo a
avaliação um processo, ela deve acontecer de modos diversos, visto que, diversos
são os meios pelos quais os estudantes aprendem. Segundo Jussara Hoffmann, a
avaliação deve ser como um diálogo com o aluno, uma oportunidade para o
crescimento do estudante e do professor. ”Acompanhamento é evolução”. Avaliação
é, em seu sentido multidimensional, uma leitura que se faz da realidade do aluno em
termos afetivos, sociais e epistêmicos.
É preciso conhecer o aluno em todas as suas dimensões de aprendizagem.
Fazer essa leitura mais ampla de sua realidade, para poder de fato promover
melhores oportunidades, adequadas à personalidade de cada um, no sentido de seu
avanço. A observação do professor só é de cunho avaliativo quando estiver focada
no pensamento do aluno, no interesse deste pelo assunto, nos meios de resolver o
problema que lhe é proposto. Sendo assim, essa observação pode-se dizer
“intencionalmente avaliativa” e articulada ao processo educativo.
Observamos o quanto o aluno sente-se valorizado e motivado quando faz
parte da regulação da atividade e o quanto essa avaliação faz diferença em função
das necessidades de aprendizagem. Percebemos também que quando ocorre esse
trabalho relacionando o saber, faz-se uma ponte entre a sala de aula e a realidade
do aluno. Villas Boas (2002,p.121-122) evidencia que:
Quanto ao envolvimento do aluno na avaliação, abre-se a oportunidade de eles se tornarem parceiros dessa importante atividade. Com o cuidadoso acompanhamento dos professores eles são convidados a participar dos critérios de avaliação do seu trabalho e a aplicá-los. Isso lhes possibilita compreender onde estão em termos de aprendizagem e o que deles é esperado.
A atribuição de notas está atrelada ao sistema tradicional de avaliação
classificatória. Muitas escolas percebem que precisam ultrapassar essa prática, mas
não tem segurança teórica para fazer essa mudança. Definem seus rumos ao sabor
dos pais, das famílias, porque não tem fundamentação teórica necessária para
defender seus princípios. Não podemos concordar com a abordagem do processo
avaliativo que trata de um julgamento de valor que classifica o ser humano histórico
em padrões de referências análogos ao modelo de classificação social.
Prepondera-se, que a avaliação seja apenas um meio para diagnosticar as
necessidades e as dificuldades, bem como os desvios da caminhada escolar, de
maneira que remeta ao repensar pedagógico, articulando novas ações em favor da
construção do conhecimento e à formação do cidadão.
Avaliar pressupõe compreender os fundamentos que embasam esta
complexa ação, na maioria das vezes exercida de forma alienada, e, compreender
ainda, que a avaliação está para além dos muros da escola.
São muitas as razões que concorrem para a falta de sucesso, que se
localiza muito mais no âmbito da escola e do sistema de ensino do que propriamente
no âmbito do aluno. Mas é este que acaba recebendo o rótulo do fracasso.
Não se pode, portanto, imputar à avaliação a responsabilidade pelo fracasso
escolar, mas não se pode também isentá-la inteiramente dessa responsabilidade,
pois ela representa um conjunto de mecanismos através dos quais se sanciona o
sucesso ou insucesso do aluno. Já avançamos bastante, mas ainda não
conseguimos, entretanto, desenvolver um conjunto de recursos avaliativos
correspondentes a essa percepção do papel da escola, pois continuamos presos a
soluções orientadas muito mais na direção do acerto técnico do que do sociológico.
Isto é, cuidamos de elaborar boas provas e testes e atentamos pouco para os efeitos
do uso destes instrumentos sobre o desempenho dos alunos.
Sendo assim, o conjunto de professores e o Conselho de Classe, em sua
função precípua podem dentro de uma estrutura flexível buscar meios para
satisfazer ás necessidades e aos estilos diferentes de cada aluno em seu percurso
de desempenho individual.
É oportuno trazer essas ideias para a reflexão dos nossos professores,
justamente quando a educação básica sofre uma expansão considerável, com a
consequente diversificação de seu alunado, cujas necessidades continuam a
construir desafios para uma escola pensada e para uma parcela de alunos. Estes
que trazem uma história de desempenho sofrível, por razões de ordem sociológica,
que escapam ao alcance da escola.
Outro aspecto que merece destaque no cenário atual, chamada cultura da
avaliação é o que se refere ao professor, em uma época em que se discutem
amplamente as questões ligadas a profissionalização do professor, torna-se
imprescindível que ele se autoavalie e submeta também às avaliações externas,
cujos critérios devem ser pautados na valorização da carreira e do status do
profissional do magistério.
O professor continua sendo junto com a escola, a figura central no processo
ensino/aprendizagem, a despeito da inegável contribuição trazida pelo
desenvolvimento tecnológico, que não pode ser desconhecida, mas não chega a
abalar a centralidade do papel do professor.
O exercício da avaliação pode ser um poderoso auxiliar para esclarecer o
significado e as implicações dessa missão, não só para o professor, mas para todos
os setores da sociedade necessariamente nela envolvidos.
Sendo assim, a avaliação deve ser emancipadora, o que implica em garantir o
acesso ao conhecimento por parte do aluno e avaliá-lo durante todo esse processo
de apropriação do saber.
Neste contexto e, considerando a política educacional pública implementada
nas escolas da rede estadual de ensino do Paraná, acreditamos que a avaliação e a
recuperação de estudos exijam ainda, um olhar especial para sua verdadeira
efetivação.
Contudo a escola convive, ainda, com um grande impasse entre a prática
desejável e a realizada, pois enfrenta uma rotina pesada de cobranças externas e
internas, além de contar com a alta rotatividade de professores. Propiciar momentos
de estudos com os professores dentro do ambiente escolar é uma das atividades
primordiais. A finalidade desses estudos deve ser o desenvolvimento e
aperfeiçoamento dos professores e equipes pedagógicas em suas habilidades em
avaliar, renovando conhecimentos, repensando sua prática avaliativa e buscando
novas metodologias de trabalho voltadas para as necessidades da comunidade
escolar.
2- Sínteses dos Resultados
A todo o momento nos deparamos, no ambiente escolar, com instrumentos
avaliativos que não priorizam o ato de avaliar em sua essência pedagógica. Ao
contrário, traduzem verificações, aferições, enfim medidas, que subsidiam
posteriores seleções entre os alunos. Reportando-nos à escola que é alvo desta
pesquisa, foi possível constatar que entre os educadores há um consenso acerca do
modelo teórico de avaliação, que ela deve ser diagnóstica, contínua, num processo
que vise à promoção da aprendizagem.
. Os resultados revelaram conceitos atualizados sobre avaliação,
possivelmente são frutos dos cursos de formação continuada sobre o assunto.
Porém, divergem quanto à concepção de recuperação de estudos. Para alguns é
uma segunda chance, um auxílio que tem como meta principal recuperar a nota,
enquanto para outros faz parte do processo de ensino e aprendizagem.
Segundo Luckesi (2006) a prática educacional brasileira opera na quase
totalidade das vezes com verificação e não com avaliação da aprendizagem. De
acordo com o autor, os professores na aferição do aproveitamento escolar, realizam
a medida do aproveitamento escolar, a transformação da medida em nota ou
conceito. Utilizam os resultados da avaliação apenas para fazer o seu livro de
registro de classe ou para oferecer uma oportunidade de melhorar a nota ou
conceito, se o aluno tirou nota baixa, para lhe dar uma nova nota, está praticando
verificação e não avaliação.
A aferição é utilizada apenas para aprovar ou reprovar os alunos. O ato de
verificar encerra-se com a obtenção dos dados, não implicando ações novas ou
intervenções para melhorar a qualidade do ensino e aprendizagem.
Durante o processo de pesquisa foi observado que um dos problemas que
envolviam a avaliação era a dificuldade em distinguir os critérios e os instrumentos
de avaliação e a forma de concepção e registro da recuperação de estudos. Nesse
sentido, foi elaborado um material de apoio aos professores e equipe pedagógica e
providenciamos um oficineiro para trabalhar sobre os critérios e instrumentos de
avaliação em parceria com a UENP de Jacarezinho.
Nossa implementação aconteceu durante os momentos das reuniões
pedagógicas, das atividades das semanas pedagógicas do início do ano letivo e do
segundo semestre, objetivando assegurar legalmente e pedagogicamente o
processo de retomada de estudos.
A participação foi relativamente satisfatória, considerando o envolvimento da
maioria dos professores presentes e até mesmo de vários professores do primeiro
ao quinto ano, que contribuíram nos debates e reflexões.
As práticas avaliativas utilizadas pelos professores foram desveladas
gradativamente, de acordo com a apresentação dos dados coletados. Contudo há
necessidade de maior aprofundamento sobre o assunto, pois sabe-se que as
discussões que envolvem o tema avaliação requer uma contínua reflexão por todos
os envolvidos no processo educativo.
CONCLUSÃO:
Iniciamos nossas considerações afirmando que os objetivos propostos foram
atingidos e que as atividades foram tomando forma e sendo incorporadas por grande
parte dos agentes envolvidos no processo. A avaliação é um importante instrumento
no processo de aprendizagem, norteia as decisões da prática educativa, dando
suporte para as intervenções pedagógicas por parte do professor pedagogo e dos
docentes em sua prática. Ressaltamos que a avaliação é constante em nossa vida,
porém em se tratando de educação é vista com maior intencionalidade. No ponto de
vista pedagógico, o processo avaliativo implica em critérios minuciosos de respaldo
para que ocorra de fato a avaliação sistematizada, isto é, diagnosticar para
identificar o ponto frágil do aluno e reformular o percurso possibilitando a
apropriação do conhecimento.
Nesse sentido, a avaliação, torna-se um desafio a ser superado, tendo que
assumir uma dimensão humana, ligada ao intelecto e ao emocional e, portanto o
professor deve buscar as mais diversas formas de avaliar o educando como um
todo, sem ter uma preocupação centrada apenas nas estatísticas, levando a uma
realização profissional do educador por acompanhar o desenvolvimento intelectual
do seu educando.
Contudo, é importante ressaltar que percebemos o interesse dos
professores em saber como trabalhar com os critérios, instrumentos e registros de
avaliação corretamente, demonstrando preocupação diante das questões legais.
Salientamos que a opção de trabalhar com grupos de estudos foi com a
intenção de que precisávamos de muita leitura e discussões diante da complexidade
da avaliação e sua relação com a atribuição da nota. É evidente que não
conseguimos atingir 100% dos professores, inclusive os desinteressados que
geralmente apresentam problemas, mas estes continuam sendo o nosso desafio.
É importante destacar que o GTR- Grupo de Trabalho em Rede nos
proporcionou uma valiosa contribuição, na condição de Tutora aprendemos muito e
pudemos diagnosticar os problemas e discutir sobre as possíveis soluções.
Resta-nos a partir de agora encarar os desafios, confiante de que com muita
dedicação poderemos colher bons frutos, desenvolver uma nova postura avaliativa,
reconstruir a concepção e a prática da avaliação e romper com a cultura da
memorização, classificação, seleção e exclusão, na busca de novos meios para
contribuir no processo de ensino e aprendizagem.
“A avaliação é um processo natural, que nos permite ter consciência do que
fazemos, da qualidade do que fazemos e das consequências que acarretam
nossas ações.”
Juan Manuel A. Mendez.
REFERÊNCIAS:
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MIZUKAMI.Maria da Graça Nicoletti. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo. EPU,1986.
PERRENOUD.P. Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens –entre duas lógicas.Porto Alegre:Artimed,1999.
SANT’ANNA.Ilza Martins. Por Que Avaliar? Como Avaliar? Critérios e Instrumentos. 6.ed. Petrópolis,RJ.Vozes,2000.
SAUL,Ana Maria. Avaliação Emancipatória: desafio à teoria e a prática de avaliação e reformulação de currículo. 8.ed. São Paulo: Cortez,2010.
VASCONCELLOS. Celso dos Santos. Concepção dialética-libertadora do processo de avaliação escolar. 13ed. São Paulo: Libertad;2000. Cadernos Pedagógicos do Libertad, v.3.