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13 ARNILDE MARTA ULER AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM: UM ESTUDO SOBRE A PRODUÇÃO ACADÊMICA DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO (PUCSP, USP, UNICAMP) (2000 2007) Tese apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de Doutor em Educação: Currículo, sob a orientação da Profª. Drª Isabel Franchi Cappelletti. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO SÃO PAULO - 2010

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ARNILDE MARTA ULER

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM:

UM ESTUDO SOBRE A PRODUÇÃO ACADÊMICA DOS

PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

(PUCSP, USP, UNICAMP)

(2000 – 2007)

Tese apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de Doutor em Educação: Currículo, sob a orientação da Profª. Drª Isabel Franchi Cappelletti.

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

SÃO PAULO - 2010

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BANCA EXAMINADORA __________________________________

_____________________________________

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Ao meu querido pai (in Memorian), e a minha querida

mãe pelo incentivo e pela dedicação infinita,

exemplos de amor, luta e garra, que me ensinaram

sempre a ter fé e não desistir jamais.

A meus professores de ontem e hoje, presenças

construtivas em minha trajetória de formação, com

reconhecimento e gratidão.

A DEUS, meu grande guia, que nunca me

abandonou e me concedeu a oportunidade de

concluir mais uma etapa de minha vida.

Muito obrigada!

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos (as) que, de uma forma ou de outra, tornaram possível o presente

trabalho.

À minha querida orientadora, Profª Drª Isabel Franchi Cappelletti, todo meu

agradecimento pela excelência da orientação e dos ensinamentos, pelo privilégio do

convívio com uma pessoa tão especial, por quem tenho profunda admiração.

Obrigada pelo jeito carinhoso e paciente com que sempre me recebeu e me acolheu.

Obrigada por iluminar este caminho.

A Profª Drª Mere Abramowicz, ao Profº Drº Adolfo Ignácio Calderón e a Profª Drª

Dumara Coutinho Sameshima, pelo carinho, pela atenta leitura e valiosa contribuição

para a construção deste trabalho, meu muito obrigada.

Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Educação: Currículo da PUC-

SP, que muito contribuíram para minha formação.

Aos Irmãos Maristas, pelo apoio financeiro e por incentivarem meu estudo.

À minha querida mãe que aos seus oitenta e oito anos continua sendo uma grande

incentivadora e motivadora nos meus estudos.

À minha querida irmã Áurea, pela ajuda na revisão ortográfica e dicas importantes

para enriquecer meu trabalho e a querida irmã Alvina e ao cunhado Laurindo pelo

apoio de sempre.

Ao meu querido sobrinho Rafael pela grande disposição na construção dos gráficos.

Ao querido Alexandre que sempre me auxiliou nas panes e nas programações do

meu computador.

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À querida Priscila e a querida Dora pela ajuda constante nas formatações do meu

trabalho.

À querida Profª Juliana, pela carinhosa ajuda na versão do resumo em Língua

Inglesa.

Ao Ricardo Pedro, sempre disposto em me ajudar a encontrar as teses e

dissertações, objeto desse estudo.

A todos (as) os (as) amigos (as) do Colégio Marista Arquidiocesano de São Paulo

que sempre me motivaram e torceram por mim.

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RESUMO

O objetivo deste estudo foi documentar e compreender a concepção de

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM veiculada na produção acadêmica de Pós-

Graduação em Educação em três universidades: Pontifícia Universidade Católica de

São Paulo – PUC/SP, Universidade de São Paulo – USP e Universidade Estadual

de Campinas – UNICAMP, no período de 2000 a 2007. A exploração da perspectiva

teórica fez-se por meio da seleção de autores cujos estudos vinculam-se à avaliação

da aprendizagem ou à formação docente como: Nóvoa (1991), Luckesi (1993),

Abramowicz (1994), Sousa (1994), Abrecht (1994), Candau (1996(, Freitas (1996),

Demo (1999), Perrenoud (1999), Sacristán (2000), Bonniol (2001), Cappelletti

(2001), Saul (2001), Vial (2001), Imbernón (2002), entre outros. A partir do estudo

do Estado da Arte da produção acadêmica, constituída de teses e dissertações de

mestrado sobre avaliação da aprendizagem (2000-2007) foram selecionados 37

trabalhos sobre avaliação da aprendizagem, produzidos nos programas de Pós-

Graduação em Educação, no período mencionado. Elaborei o resumo de cada um

dos trabalhos encontrados, e em seguida, a análise de cada dissertação e tese a

partir das categorias de análise: avaliação da aprendizagem na progressão

continuada e ciclos, avaliação da aprendizagem nas políticas públicas e avaliação

da aprendizagem nas práticas escolares. Depois dessa análise elaborei um quadro-

síntese - estudo analítico de cada um dos trabalhos adotando como descritores:

identificação, objetivos, abrangência, metodologia e principais contribuições para a

concepção de avaliação da aprendizagem. A pesquisa aponta para o fato de que as

investigações realizadas estão na sua maior parte voltadas ao Ensino Fundamental,

mas já sinalizam preocupações com a avaliação da aprendizagem no Ensino Médio.

Ainda há uma forte tendência da avaliação tradicional em aprendizagem, mas,

existem trabalhos que focalizam uma proposta emancipatória, contínua, formativa. A

pesquisa revelou também a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo –

PUC/SP, no Programa de Pós-Graduação em Educação como aquela que tem maior

número de trabalhos dedicados à avaliação da aprendizagem, fato esse já

identificado no estudo de Sousa (1994).

Palavras-chave: Avaliação da Aprendizagem; Concepção de Avaliação; Estado da

Arte ou Estado do Conhecimento; Educação Básica.

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ABSTRAT

The objective of this study was to document and comprehend the conception

of the LEARNING EVALUATION spread in the academic production of master‟s

degrees in three universities: Pontificia Universidade Católica de São Paulo –

PUC/SP, Universidade de São Paulo – USP and Universidade Estadual de

Campinas – UNICAMP, in the period of 2000 to 2007. The exploration of the

theoretical perspective was made through the selection of authors whose studies

associate to the learning evaluation or to the teacher formation such as: Nóvoa

(1991), Luckesi (1993), Abramowicz (1994), Sousa (1994), Abrecht (1994), Candau

(1996), Freitas (1996), Demo (1999), Perrenoud (1999), Sacristán (2000), Bonniol

(2001), Cappelletti (2001), Saul (2001), Vial (2001), Imbérnon (2002), among others.

From the study of the State-of-art of the academic production, composed by

doctorate thesis and master‟s degree dissertations about learning evaluation (2000-

2007), 37 papers on learning evaluation produced in the post graduation

programmes in education during the mentioned period were selected. I have

elaborated a summary of each one of the found papers and, forthwith, the analysis of

each dissertation and thesis considering the categories of analysis: learning

evaluation in the continuous progression and cycles, learning evaluation in the public

politics and learning evaluation in the scholastic practice. After this analysis, I have

elaborated a synthesis-analytic study chart of each paper adopting as descriptions:

identifying, objective, range, methodology, and the main contributions to the

conception of learning evaluation. This research points to the accomplished

investigations mostly aiming the Elementary School, but already demonstrating

worries about the learning evaluation in the High School. Still, there is a tendency for

the traditional learning evaluation, but also, there are works that point to a

emancipated, continuous, formative proposal. The research has also mentioned

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP, considering its post

graduation programme in Education, as having the highest number of works

dedicated to the learning evaluation, fact already identified in the study of Souza in

1994.

Keywords: Learning Evaluation; assessment conception; State of the Art and State of

Knowledge; Basic Education.

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Relação dos autores das dissertações e teses analisadas

ALMEIDA, Jerusa da Silva Gonçalves. A avaliação da aprendizagem escolar e a

função social da escola. Dissertação de Mestrado, PUC/SP, 2001.

ALAVARSE, Ocimar Munhoz. Ciclos: A escola em (como) questão. Dissertação de

Mestrado, USP, 2002.

ALAVARSE, Ocimar Munhoz. Ciclos ou Séries? : A democratização do ensino em

questão. Tese de Doutorado, 2007.

ALBUQUERQUE, Targélia F. B. de Souza. Pelos caminhos da avaliação: uma

possibilidade de reconstruir a escola numa perspectiva democrática. Tese de

Doutorado, PUC/SP, 2003.

ALVES, Maria Leila. Educação Continuada comprometida com a transformação

social. Tese de Doutorado, UNICAMP, 2000.

AMARAL, Maria Clara Ede. Avaliação da Aprendizagem na escola ciclada de Mato

Grosso: o caso dos relatórios descritivos de avaliação. Dissertação de Mestrado,

UNICAMP, 2006.

ARCAS, Paulo Henrique. Avaliação da Aprendizagem no Regime de Progressão

Continuada – o que os alunos dizem. Dissertação de Mestrado, USP, 2003.

BARROS, Edir A.Carvalho. Avaliação Escolar no Ensino Fundamental: Prática

consciente em Progressão Continuada. Tese de Doutorado, PUC/SP – 2004.

BARROS, Luciana Álvares Paes de. Desenvolvimento do conceito de avaliação na

formação inicial de professores em atividade colaborativa. Dissertação de Mestrado,

USP, 2007.

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BERTAGNA, Regiane Helena. Progressão Continuada: Limites e Possibilidades.

Tese de Doutorado, UNICAMP, 2003.

BIANI, Rosana Prado. A Progressão Continuada rompeu com os mecanismos de

exclusão? Dissertação de Mestrado, UNICAMP, 2007.

CASTRO, Adriano Monteiro de. A avaliação da aprendizagem no contexto da

inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais na escola pública.

Tese de Doutorado, USP, 2007.

CUNHA, Isabela Bilecki da. A postura docente diante dos ciclos de aprendizagem.

Dissertação de Mestrado, USP, 2007.

DAZZANI, Melissa. Uma experiência de avaliação da aprendizagem no ensino

médio: a participação dos alunos na reconstrução de seus conceitos químicos.

Dissertação de Mestrado, USP, 2004.

DELGADO, Adriana Patrício. Um estudo sobre as práticas avaliativas no Regime de

Progressão Continuada: Limites e Possibilidades. Dissertação de Mestrado,

PUC/SP, 2004.

DOMICIO, Magalhães Maciel. A Avaliação no processo ensino-aprendizagem de

Matemática no Ensino Médio; uma abordagem formativa sócio-cognitivista.

Dissertação de Mestrado, UNICAMP, 2003.

FAMBRINI, Valéria. O impacto do ENEM no processo seletivo da PUC/SP.

Dissertação de Mestrado, PUC/SP, 2002.

FELIPE, Jesse Pereira. O ENEM como elemento democratizador do acesso ao

ensino superior público pelos alunos oriundos das camadas populares. Tese de

Doutorado, PUC/SP, 2004.

FREITAS, Dirce Nei de. A avaliação Básica no Brasil: dimensão normativa,

pedagógica e educativa. Tese de Doutorado, USP, 2005.

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GUIRARDI, Maria Márcia Mariani. O sistema de Progressão Avaliada em Santos na

voz dos professores. Dissertação de Mestrado, PUC/SP, 2005.

KNOBLAUCH, Adriane. A avaliação de alunos na implantação da proposta de ciclos

de aprendizagem no Município de Curitiba, à luz da cultura escolar. Dissertação de

Mestrado, PUC/SP, 2003.

LOCCO, Leila de Almeida. Políticas Públicas de Avaliação: O ENEM e a escola de

ensino médio. Tese de Doutorado, PUC/SP, 2005.

LOPES, Anderson. Avaliação em educação matemática a distância: uma experiência

de geometria no ensino médio. Dissertação de Mestrado, PUC/SP, 2004.

MACHADO, Cristiane. Avaliar as escolas estaduais para quê? Uma análise do uso

dos resultados do SARESP 2000. Tese de Doutorado, USP, 2003.

MONIZ, Maria Isabel D‟Andrade Sousa. Ciclos e Avaliação: repercussões da reforma

do ensino da Rede Estadual de São Paulo (1996-2003) na sala de aula. Dissertação

de Mestrado, PUC/SP, 2005.

MURAD, Raissa Rodrigues. Auto-avaliação do parceiro: estratégias para o

desenvolvimento da metacognição e o aperfeiçoamento do processo de ensino-

aprendizagem. Tese de Doutorado, PUC/SP, 2005.

NERI, Cristina Z. Tavares. A concepção de professores do ensino fundamental sobre

avaliação. Dissertação de Mestrado, PUC/SP, 2003.

OLIVEIRA, Roberta. Implantação do Regime de Progressão Continuada: Um estudo

sobre a participação de professores. Dissertação de Mestrado, PUC/SP, 2004.

PESSOA, Regina Célia M. Florindo. O processo avaliativo na Progressão

Continuada: Qual o sentido do erro? Dissertação de Mestrado, UNICAMP – 2007.

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POLICHE, Alessandra Hauk. A Progressão Continuada e suas implicações na

avaliação da aprendizagem. Dissertação de Mestrado, PUC/SP, 2006.

ROJAS, Hugo Los Santos. A avaliação em sala de aula: quais as dificuldades para a

formação do professor do ensino básico? Dissertação de Mestrado, PUC/SP, 2007.

SANTOS, Regina Celli S. de Jesus dos. Avaliação da aprendizagem em sala de

aula: prática dos professores do ensino fundamental. Dissertação de Mestrado,

PUC/SP, 2005.

SILVA, Sheila Roberti Pereira da. Avaliação da aprendizagem no contexto da

organização do ensino por ciclos com Progressão Continuada: um estudo a respeito

das representações de professores do ciclo I do Ensino Fundamental de uma escola

municipal. Tese de Doutorado, USP, 2005.

SMOLE, Kátia Cristina Stocco. Inteligência e Avaliação: da ideia de medida à ideia

de projeto. Tese de Doutorado, USP, 2001.

STEINVASCHER, Andréa. A implantação da Progressão Continuada no Estado de

São Paulo: um caminho para a democratização do ensino? Dissertação de

Mestrado, USP/SP, 2003.

ULER, Arnilde Marta. Avaliação Formativa: um estudo sobre a prática avaliativa dos

professores de 1ª a 4ª série do ensino fundamental de uma escola privada.

Dissertação de Mestrado, PUC/SP, 2005.

ZERAIK, Flavia Geni. A avaliação nas práticas pedagógicas inclusivas: visão de

professores. Dissertação de Mestrado, PUC/SP, 2006.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................................. 13

CAPITULO I . A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR................... 19

1.1 Avaliação da aprendizagem – Pesquisas na década de 80 e 90 ..................................................................................................... 25

1.2 Funções da avaliação da aprendizagem ..................................... 31

1.3 A formação dos professores para uma educação de qualidade ...................................................................................... 44

CAPÍTULO II. METODOLOGIA DA PESQUISA ............................................... 55

2.1 O estado da arte ou estado do conhecimento ............................ 55

2.2 Critérios de seleção das Dissertações e Teses .......................... 59

CAPÍTULO III. A CONSTRUÇÃO DA PESQUISA ........................................... 63

3.1 A Amostra ....................................................................................... 63

3.2 Análise e discussão das pesquisas selecionadas ..................... 67

3.3 Critérios de sistematização e análise das produções acadêmicas.................................................................................... 68

CAPÍTULO IV. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS ................................. 69

4.1 Avaliação da aprendizagem escolar: campo de pesquisa........... 69

4.2 Categoria 1 – Avaliação da aprendizagem na progressão continuada e ciclos ....................................................................... 70

4.3 Categoria 2 – Avaliação da aprendizagem nas políticas públicas .......................................................................................... 91

4.4 Categoria 3 – Avaliação da aprendizagem nas práticas escolares ........................................................................................ 98

4.5 Os sistemas de avaliação presentes nas dissertações e teses pesquisadas .................................................................................... 117

CAPITULO V. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................... 128

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 140

ANEXO 1 .......................................................................................................... 153

ANEXO 2 ......................................................................................................... 191

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INTRODUÇÃO

A certeza da incerteza não nega a solidez da possibilidade cognitiva.

A certeza fundamental: a de que posso saber (...) assim como sei que não

sei o que me faz saber: primeiro, que posso saber melhor o que já sei;

segundo, que posso saber o que ainda não sei; terceiro, que posso produzir

conhecimento ainda não existente (FREIRE, 1987, p. 18).

A avaliação educacional tem despertado grande interesse no campo da

educação. No atual cenário educacional, a avaliação tem sido incorporada como

propulsora de mudanças, distanciando-se de sua função tautológica para aproximar-

se de sua função formativa. Suas implicações sociais, políticas, humanas e éticas

pressupõem avanços na direção de ações que gerem melhorias na aprendizagem,

sem se limitar simplesmente à detecção de uma situação ou condição.

A forma como a avaliação educacional vem sendo operacionalizada denota

que ainda há uma falta de entendimento de sua função real, uma vez que o

processo é usado, acentuadamente, para fins classificatórios e realizado por meio de

instrumentos que privilegiam a memorização, ignorando aspectos importantes da

aprendizagem como a individualidade dos alunos.

Na escola, a avaliação da aprendizagem é objeto de muitas preocupações,

por ser uma prática complexa e um dos momentos mais difíceis do trabalho docente,

pois envolve procedimentos que requerem uma ação conjunta de todos aqueles que,

direta ou indiretamente, estão ligados à atividade educativa.

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Dias Sobrinho (2002) afirma que a avaliação não deve ter um sentido

instrumental e controlador, mas “uma função de reflexão” (p.172), na qual seus

resultados e encaminhamentos devem ser objeto de um profundo trabalho de

interpretação, discussão e crítica envolvendo as partes interessadas, antes da sua

utilização e implementação.

A discussão em torno de uma política educacional estruturada para melhorar

a qualidade do ensino encontra ressonância na literatura produzida sobre o tema no

mundo todo. Isso porque cada vez mais vemos o tema da qualidade da educação

ganhar espaço na sociedade e nas políticas educacionais.

A avaliação da aprendizagem, tal qual vem ocorrendo em grande parte das

escolas, explicita uma prática social, na qual o mérito e o esforço pessoal são

colocados como molas propulsoras do sucesso, reforçando ainda mais a competição

e o individualismo, por meio da valorização dos bem sucedidos.

As concepções e práticas de avaliação têm se sustentado na falácia da

igualdade de oportunidades, da educação como meio de autorrealização, sem

considerar os condicionantes sociais, econômicos, políticos e as próprias condições

de efetivação do processo ensino-aprendizagem dentro da instituição escolar, cujo

símbolo maior é a nota condizente com uma educação bancária e que cumpre,

muitas vezes, uma função meramente burocrática e, frequentemente,

discriminatória.

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Segundo Freire (1987) a concepção humanista, é problematizadora e

libertadora, razão pela qual nega o modelo de educação bancária. Ela se afirma na

realidade concreta, que é permanente e mutável. Essa concepção respeita a

vocação ontológica do homem, que, para Freire, é um ser no e da transformação do

mundo, o qual se orienta para esse objetivo.

A educação problematizadora responde à essência do ser e da sua

consciência, que é a intencionalidade. Ela é a capacidade de admirar o mundo,

estando nele, e ao mesmo tempo, desprendo-se dele, transcendendo-o.

A prática da avaliação é considerada como um desafio, um fenômeno que

merece atenção especial, em função dos múltiplos problemas que emergem do ato

pedagógico, pelos desvios e implicações a que está sujeita, o que resulta em

conflitos, comprometedores da ação educativa.

Em se tratando de questões sobre educação escolar, sejam elas ligadas a

processos relacionados a ensino e aprendizagem, currículo ou qualquer outro tema

relacionado às questões pedagógicas, a avaliação e o processo de avaliar têm

sempre lugar garantido entre as principais preocupações de professores,

pesquisadores e outros profissionais da área educativa.

O conceito de avaliação tem uma amplitude variável de significados possíveis

.No percurso da educação há muitos estudos a seu respeito que se justificam pelo

fato de ser a avaliação um dos componentes mais complexos e relevantes do

processo didático, que repercute diretamente em questões de ensino e

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aprendizagem, de fracasso ou sucesso escolar, de índices que sustentam ou

refutam projetos educativos dos mais diversos procederes e com as mais variadas

finalidades.

O presente trabalho é fruto de estudos e pesquisas que venho realizando nos

últimos dez anos sobre o tema da avaliação da aprendizagem, buscando não só

compreender e analisar criticamente as questões que permeiam as práticas

avaliativas dentro das instituições de ensino, como também apontar possibilidades

que possam contribuir para a efetivação de aprendizagens mais significativas.

Vislumbrando essa temática da avaliação da aprendizagem, surge o interesse

deste trabalho, que vai percorrer a produção acadêmica sobre a concepção de

avaliação da aprendizagem do Programa de Pós-Graduação em Educação em três

Universidades: Universidade Católica de São Paulo - PUCSP, Universidade de São

Paulo - USP e Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP, no período de 2000

a 2007.

A escolha das três Universidades deve-se à relevância que apresentam no

Estado de São Paulo em relação a produções sobre o tema, e autores que se

destacam nas pesquisas focando uma Avaliação da Aprendizagem mais justa, em

favor da compreensão e da libertação.

Na PUCSP a Profª Drª Ana Maria Saul, a Profª Dra. Mere Abramowicz , a

Profª Drª Isabel Franchi Cappelletti, a Profª Clarilza Prado de Sousa. Na USP, a

Profª Dra. Sandra Zákia Lian de Sousa e o Profº Dr. Celso dos S. Vasconcelos. Na

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UNICAMP, o Profº Dr. Luiz Carlos de Freitas e o Prof. Dr. José Dias Sobrinho, que

são reconhecidos como produtores de conhecimento no campo da Avaliação. As

três Universidades são universos de reconhecida credencial nacional e internacional

e abrigam nomes de referência no campo da avaliação.

Em 1999, nasceu o foco deste trabalho: o interesse pela avaliação da

aprendizagem, ao acompanhar professores e alunos no processo de avaliação

formativa implantado na escola onde atuo. Querer aprofundar o estudo teórico foi o

que me levou em 2005 defender a dissertação de mestrado sobre “Avaliação

Formativa: Um estudo sobre a prática avaliativa dos professores de 1ª a 4ª série do

Ensino Fundamental”, realizado nessa mesma escola. A pesquisa possibilitou-me

analisar, a partir da realidade da escola em questão subsidiada pela teoria sobre o

tema, como a avaliação estava sendo concebida e praticada. Contribuiu também

para intensificar minha compreensão sobre a avaliação e despertou-me uma enorme

vontade de continuar a estudar e a investigar as concepções de avaliação da

aprendizagem na produção acadêmica.

Assim, levando-se em consideração a importância da Avaliação da

Aprendizagem, na última década a partir da produção de pesquisadores brasileiros,

optei por elaborar o Estado da Arte da Avaliação da Aprendizagem no período de

2000 a 2007, em Dissertações de Mestrado e Teses de Doutoramento do Programa

de Pós-Graduação em Educação, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

– PUCSP, Universidade de São Paulo - USP e Universidade Estadual de Campinas -

UNICAMP.

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Este estudo foi organizado em cinco capítulos.

No capítulo I abordo um breve histórico sobre a avaliação da aprendizagem

destacando a evolução do pensamento na área de acordo com os mais relevantes

autores.

O capítulo II é composto pela metodologia da pesquisa, a opção pelos

estudos Estados da Arte, explicitando os critérios de seleção das teses de

doutoramento e dissertações de mestrado das três Universidades em questão.

No capítulo III relato a construção da pesquisa, detalhando a amostra da qual

trabalhei os descritores.

No capítulo IV discuti os resultados da análise de cada tese e dissertação

pesquisada sobre as concepções de avaliação da aprendizagem.

No capítulo V fiz as considerações finais. Explicitei os limites e a

complexidade que a avaliação da aprendizagem envolve e promove no ensino

básico, evidenciando possibilidades de práticas avaliativas mais integradoras, a

serviço da aprendizagem dos alunos.

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CAPÍTULO I

A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR

O processo de avaliação só ganha sentido quando analisadas as

situações e circunstâncias que envolvem a aprendizagem dos estudantes.

Momentos de troca e reflexão parecem interromper a sequência das

atividades de ensino, mas dá sentido ao processo de aprendizagem,

principalmente pela autoavaliação. Como processo, a avaliação da

aprendizagem se dá de forma contínua, o que não quer dizer uma sucessão

de provas, mas como atividades de respostas integradas ao processo de

ensino. Um processo de Avaliação Formativa só é possível se o professor

tiver uma atitude de ajuda em relação ao estudante (CAPPELLETTI, 2009).1

A avaliação tem sido largamente utilizada no decorrer da história, seja de

maneira formal, em diferentes instituições, escolares ou informal, na vida cotidiana.

Graças à sua amplitude e às suas concepções variadas, é um tema polêmico, e,

como tal, talvez seja o motivo da diversidade de considerações existentes sobre o

assunto.

Ao tratar da história da avaliação da aprendizagem é imprescindível situá-la

no contexto da prática pedagógica dos jesuítas, tendo em vista que essa pedagogia

serviu de matriz para outras propostas pedagógicas.

A Ratio Studorium dos jesuítas, promulgada em 1559, resultante de mais de

meio século de prática educativa, continha propostas e normas pedagógicas que

objetivavam dar a todas as escolas jesuítas uma configuração comum. Nessa

1 VI Colóquio Luso-Brasileiro sobre questões curriculares.

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“cartilha”, estavam definidos minuciosamente os procedimentos a serem realizados

no processo de julgamento e promoção dos estudantes.

A avaliação da aprendizagem dos jesuítas, como na pedagogia tradicional,

assumiu caráter regulador, formalista, disciplinador, autoritário, e desvinculada do

processo de ensino-aprendizagem. Trata-se de uma aprendizagem de fora para

dentro, diferente do que se percebe a partir do movimento denominado Escola-

Nova, em que se exalta a preocupação com a aprendizagem do educando e

aquisição de hábitos, valorizando a autonomia e a independência. Neste caso, a

avaliação configurou-se como um meio de auxiliar o crescimento do educando,

fazendo parte do processo ensino-aprendizagem, com base em seus objetivos e

exigindo cuidados especiais não só com os processos psicológicos dos alunos, mas

também com os próprios procedimentos de avaliação.

As mudanças no contexto político, social e econômico, por certo, vão

exercendo influências na educação de uma forma geral, e os reflexos dessas

mudanças se materializam na instituição escolar e, mais especificamente, nas

práticas avaliativas, a exemplo do que aconteceu na sociedade contemporânea. A

ênfase nesse período, denominado como tecnicista, estava na eficiência e na

eficácia, visando a modelar comportamentos e a formar educandos capazes de

atenderem às necessidades da sociedade industrial.

Esses preceitos remontam àqueles formulados e desenvolvidos nos Estados

Unidos, onde houve uma crescente preocupação e grande produção de

conhecimento sobre a avaliação a partir dos anos 50.

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Luckesi (1992) ao analisar as características que a avaliação assume nesse

período e atentando para o seu encaminhamento pelo reforço positivo, diz que a

avaliação dos resultados da aprendizagem, no caso, é um instrumento que oferece

dados para a reorientação permanente da aprendizagem. Neste contexto, é

insubstituível como instrumento que subsidia a decisão de modelagem

comportamental, portanto, do disciplinamento por um reforço externo.

Pode-se dizer que, tradicionalmente, a avaliação da aprendizagem prende-se

à comprovação do nível em que o aluno se encontra em relação à aquisição de

conteúdos, ou seja, de quanto do conteúdo conseguiu apropriar-se. Nesse sentido,

pode-se afirmar, portanto, que a ênfase da avaliação recai sobre o aluno, por meio

de verificações periódicas, provas ou testes, de cunho somativo, o que do ponto de

vista pedagógico, configura-se como um mecanismo de controle do aluno através do

seu esforço para atingir os objetivos propostos.

Nessa perspectiva, não há uma preocupação explícita com aqueles que não

conseguem dominar os conteúdos, com a adoção de formas alternativas de

recondução do processo de ensino e, principalmente, de colocar a avaliação a

serviço da aprendizagem. A avaliação figura como medida de rendimento, visando a

atribuir uma nota, o que a caracteriza como mais um procedimento para cumprir as

exigências da instituição de ensino do que uma efetiva preocupação com a formação

do aluno.

A partir da década de 1970, publicações de cunho crítico, relativas à

avaliação começam a surgir, tanto oriundas de educadores brasileiros como

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estrangeiros. A avaliação passa a ser enfocada levando em consideração suas

implicações sociopolíticas, numa perspectiva crítica da educação, o que se pode

perceber também, nas discussões travadas a respeito nos Encontros de Didática e

Prática de Ensino (Endipe), nas reuniões da Associação Nacional de Pesquisa e

Pós-Graduação em Educação (Anped) e nos encontros e seminários específicos

sobre avaliação.

No Brasil, autores como Ludke (1987, 1988, 1989, 1992), Saul (1988),

Depresbiteris (1989), Luckesi (1993), Abramowicz (1994), Lian Sousa (1994) Freitas

(1995, 2002), Cappelletti (2001, 2002), Demo (2002), André e Passos (2001), Sousa

(2003), têm colocado em foco a questão da avaliação da aprendizagem, suas

funções, complexidades, possibilidades e limitações.

O que se verifica no meio acadêmico nacional, principalmente nas três últimas

décadas, é uma inquietação com relação ao papel da avaliação e sua prática na

escola. Entretanto, na maioria das vezes, apesar da literatura e das discussões

presentes, o que se verifica na realidade é uma prática arraigada que não se vincula

à teoria e às discussões mais atuais sobre a questão.

Segundo Barbier (1985), na dificuldade para abordar o problema da própria

natureza da avaliação desenvolveram-se em especial dois tipos de avaliação:

primeiro uma abordagem instrumental no sentido lato, centrada essencialmente nos

métodos e técnicas de avaliação. Em segundo uma abordagem simultaneamente

mais globalizante, mais crítica e mais normativa, preocupando-se com as relações

entre o poder e a avaliação, questionando sobre o que deveria ser uma verdadeira

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avaliação. Referindo-se a essas duas abordagens o autor comenta que elas não são

suficientes para explicar o funcionamento concreto das práticas de avaliação.

De qualquer forma, é extremamente profícuo o fato de pesquisadores e

educadores estarem procurando alternativas e propostas de avaliação da

aprendizagem, adotando uma filosofia de educação para a transformação social e

criando uma perspectiva para melhorar a qualidade da aprendizagem dos alunos.

Abordando a avaliação numa perspectiva crítica, autores estrangeiros como

Pérez (1986), Allal (1986) Perrenoud (1988), Enguita (1989), Rosales (1992), Hadji

(1994), Abrecht (1994), questionam o seu papel na escola dentro do atual modelo

social e discutem as possibilidades que se colocam em relação às práticas

avaliativas.

A avaliação do aluno pelo professor passa por um posicionamento teórico-

filosófico, que reflete a visão de mundo, de conhecimento, de homem que se quer

formar e expressa os objetivos da educação. Sendo assim, se queremos um

processo educativo que forme indivíduos críticos e autônomos, o processo avaliativo

não deve ser um apêndice do processo de formação, mas sim, elemento integrante

da atividade educativa.

Assim, o valor da avaliação está diretamente ligado à contribuição para a

correta utilização dos resultados obtidos em processo e repensar a prática

pedagógica em sala de aula, buscando alternativas com vistas à educação que se

quer alcançar.

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Numa abordagem crítica, a avaliação enfatiza a importância dos processos e

evolui de acordo com as transformações do contexto. Mais do que medir, avaliar

significa entender, analisar, rever e refletir, pois educação e avaliação não podem

ser vistas como processos tecnicistas, desligados de valores.

A dimensão técnica da avaliação não deve inviabilizar o que vem a ser sua

qualidade essencial: o fato de representar uma atividade ética e política, inserida em

um amplo contexto. A preocupação fundamental na sua utilização, numa perspectiva

crítica, deve ser a de garantir ao aluno a compreensão, assimilação e construção de

conhecimentos que lhe possibilitem exercer a sua cidadania.

Abramowicz (2001) defende que a avaliação educacional possui elementos

éticos e políticos, associados a um projeto de reconstrução e transformação social,

servindo de apoio à tomada de decisão e à implementação de políticas

institucionais. Aponta também a necessidade de ressignificar a concepção de

avaliação educacional para a dimensão ética, assim como o cuidado com as

questões advindas de conceitos freireanos para subsidiar o aluno na tomada de

decisões: diálogo, amorosidade/afetividade e criticidade.

Acredito que, para que isso ocorra, a avaliação da aprendizagem coloca-se

como aspecto preponderante, visto ser por meio dela e com ela, nas suas múltiplas

formas (observação, investigação, trabalhos, exercícios, provas, testes etc.), que o

professor terá possibilidade de acompanhar o progresso de seus alunos, refletir

sobre sua prática, redimensionando e reorientando o seu trabalho em sala de aula.

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A avaliação converte-se, assim, em uma possibilidade para o intercâmbio de

idéias, a contrastação de opiniões e o crescimento pessoal de professores e alunos

durante o processo educativo. Avaliar é participar do processo de construção do

conhecimento, interpretando as informações recolhidas, sem reduzir essas

informações a meros instrumentos, mas indo além, caracterizando o processo

avaliativo como abertura ao diálogo e às muitas possibilidades de aprendizagem.

1.1 – Avaliação da Aprendizagem – Pesquisas na década de 80 e 90.

Na perspectiva do estado do conhecimento, Sandra Zákia L. Souza (1994)

realiza o estudo de teses e dissertações realizadas entre 1980 e 1990, propõe-se

fazer a sua caracterização e análise. Em primeiro lugar constata que a temática

continua não sendo privilegiada, uma vez que os 37 estudos identificados entre os

40 indexados representam apenas 1,3% da produção da área da educação no

período. Constata também que os estudos sobre avaliação foram realizados em

apenas treze das trinta e quatro universidades do país, estando concentrados

particularmente em quatro delas: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

(PUCSP), Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUCRJ), Universidade

Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).

Segundo a autora, a avaliação no ensino de 1º Grau teve o maior número dos

estudos realizados nesse período. Quanto ao enfoque, os textos detêm-se,

sobretudo, na caracterização e análise das práticas avaliativas na escola, mas

podem ocupar-se da elaboração de instrumentos ou propostas de avaliação ou,

ainda da análise da literatura ou legislação sobre o tema.

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Aproximadamente 50% dos estudos adotam uma concepção eminentemente

técnica de avaliação, proveniente da matriz positivista. Por outro lado, por volta de

40% das pesquisas restantes problematizam essa visão, recorrendo

predominantemente, para tanto, às teorias crítico-reprodutivistas. Nesses casos

costumam, contudo, dar maior espaço às denúncias sobre as formas escolares de

reprodução das desigualdades sociais do que propriamente às contradições que

explorem elos de sua transformação.

Souza (1994) conclui que os estudos da década de 80 a 90 prestam uma

contribuição relevante à compreensão da maneira como vem sendo realizada a

avaliação nas escolas e apontam a necessidade de consolidar outras formas de

vivenciá-la, incorporando a sua dimensão política. Deixam claro também a

necessidade de romper com o paradigma classificatório em favor de uma avaliação

de um caráter diagnóstico ou da investigação do processo educacional adotando

como alvo a organização escolar e não apenas o aluno, pois é ela, com sua

dinâmica um importante componente do fracasso escolar. Há também indicações

sobre a necessidade de rever os aspectos normativos vigentes sobre a avaliação.

Elba Siqueira Sá Barreto e Regina Pahim Pinto (2001), em sua pesquisa

Avaliação na Educação Básica (1990-1998), privilegiou como fonte de estudo as

revistas de natureza acadêmica, porque nelas está concentrado o maior peso teórico

da produção científica da área. Selecionou nove periódicos de maior expressão

nacional na área, por conterem artigos que abordam expressivamente a questão da

avaliação na educação básica: Cadernos de Pesquisa, Educação e Realidade,

Educação & Sociedade, Em Aberto, Ensaio, Estudos em Avaliação Educacional,

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Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, Revista da Faculdade de Educação da

USP e Tecnologia Educacional. Foi incluída também a série Ideias A pesquisadora

encontrou e resumiu 218 artigos sobre a avaliação no ensino básico, nas revistas

pesquisadas.

Os dados evidenciaram uma grande concentração de artigos em três revistas

analisadas: Estudos em Avaliação Educacional, responsável por 43,5% da produção

sobre o tema, seguida pela revista Ensaio: Avaliação de Políticas Públicas em

Educação com 23%, e Cadernos de Pesquisa, com 12%. Nos três casos trata-se de

periódicos editados por instituições especializadas em avaliação educacional: o

primeiro e o terceiro, pela Fundação Carlos Chagas, que é o que oferece a maior e

mais variada contribuição ao tema, e pela Fundação Cesgranrio, que também

contribuiu de forma expressiva para a compreensão e análise da avaliação escolar.

Barreto (2001) constatou também nesse estudo a predominância de artigos

que se referem a discussão de idéias, concepções, teorias, pressupostos e/ou

metodologias da avaliação sobre as pesquisas realizadas no âmbito restrito da

escola e, também, sobre a avaliação de propostas e programas governamentais.

Isso demonstra, segundo a autora, de um lado, a existência de grande preocupação

dos estudiosos brasileiros com o esclarecimento dos significados da avaliação

educacional no nosso contexto; de outro, indica lacunas na área, sobretudo no que

diz respeito a trabalhos voltados para a realização de intervenções intencionais na

escola por parte dos mais variados agentes educacionais.

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Em sua análise, Barreto (2001) registrou certos impasses e desafios

suscitados pela revisão da literatura sobre a avaliação da aprendizagem na

educação básica. Um deles, a coexistência de discursos paralelos, que,

praticamente, não dialogam entre si, e o outro que se reporta essencialmente à

avaliação qualitativa do ensino, valorizando o processo de aprendizagem e

concentrando-se na avaliação feita no interior da própria escola pelos agentes

educacionais, com a participação dos alunos e da família. O autor aponta também

um terceiro discurso, que está voltado para a avaliação de resultados, valoriza o

produto da aprendizagem, utiliza largamente recursos quantitativos e alta tecnologia,

recorrendo a avaliação externa da escola.

Segundo a autora, o paradigma emergente da avaliação qualitativa não

chegou a ter “densidade teórica própria” (p.64). As abordagens enfatizaram a

avaliação formativa, a avaliação do processo, o caráter diagnóstico da avaliação, a

auto-reflexão do aluno como elemento da avaliação, a consideração não exclusiva

da dimensão cognitiva da avaliação e a interatividade na avaliação. Contudo, o

tratamento dos aspectos metodológicos/procedimentais dessa avaliação foi

identificado como uma lacuna na produção.

A autora conclui ser necessário retomar as funções de regulação e de

emancipação da avaliação sob uma ótica que considere as aspirações educacionais

da população concernentes à questão da qualidade de vida. Para tanto, o exercício

do avaliar deve favorecer o aproveitamento, pelas escolas, do “potencial

redirecionador” (p.65) próprio à avaliação e, também, possibilitar à população

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usuária dos serviços educacionais a apreciação dos resultados do trabalho que a

escola realiza na perspectiva de sua validação social.

Freitas (2003, p.40) ao analisar a avaliação diz que:

a lógica da avaliação não é independente da lógica da escola.

Ao contrário, ela é produto de uma escola que, entre outras

coisas, separou-se da vida, da prática social. Tal separação,

motivada por necessidades sociais de enquadramento da força

de trabalho, trouxe a necessidade de se avaliar artificialmente

na escola aquilo que não se podia mais praticar na vida e

vivenciar. Isso colocou como centro da aprendizagem a

aprovação do professor, e não a capacidade de intervir na

prática social.

Dessa forma, a avaliação é comumente usada como instrumento de

meritocracia, premiando aqueles que se desempenham de acordo com os padrões

de normalidade instituídos pela escola – que por sua vez é instituída pela sociedade

-, e punindo os que não alcançam os resultados esperados.

Preocupada com o desempenho quantitativo dos alunos, mais do que com a

aprendizagem que se desenvolve efetivamente nas escolas, a avaliação assim

concebida e desenvolvida, deixa transparecer um enfoque totalmente voltado para o

produto da educação. Sousa (2003), em uma pesquisa realizada em duas escolas

de ensino fundamental da rede pública do município de São Paulo, observou que

embora houvesse diferenças de recursos físicos, humanos e materiais entre elas,

não houve diferenças quanto à concepção de educação e sobre o papel da

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avaliação. Assim acontece também na grande maioria das escolas brasileiras, nas

quais a avaliação é tradicionalmente vinculada à ação exclusiva do professor no

cotidiano escolar.

Nessa perspectiva reflexiva entende-se avaliação como um pensar e repensar

de uma prática, em função de um processo constante de autocrítica e de formação

de uma cultura avaliativa. A avaliação é um processo de construção da realidade

numa atribuição de sentido às situações, influenciada por elementos contextuais

diversos, pelos valores dos vários intervenientes do processo e orientada para a

relação dialética indivíduo/sociedade/realidade histórica.

A prática da avaliação educacional, portanto, não é um ato isolado e

desprovido de intenções, de finalidades e de ideologias. O cuidado com esse

processo deve priorizar o significado que essas relações têm para o aluno, pois as

relações estabelecidas entre motivos e finalidades em sua realização escolar são de

suma relevância no processo educativo.

Pode-se concluir que a avaliação é um ato muito mais amplo e complexo do

que uma simples aferição de conhecimento, e o modo como é concebida é decisivo

para o papel que o aluno irá desempenhar na sociedade. Se, por um lado, a

avaliação servir apenas para garantir o controle, estará corroborando para a

formação de uma sociedade passiva; por outro lado, se a avaliação favorecer a

criticidade, estará a serviço da formação humana, que valoriza a transformação,

ação participativa, democrática, ética e política. Avaliar é participar do processo de

construção do conhecimento, interpretando as informações, indo além,

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caracterizando o processo avaliativo como abertura às possibilidades de pesquisa,

trabalho coletivo, crescimento profissional tendo como essência do ato educativo, o

diálogo.

É nesse horizonte que devemos constituir nossa prática e a nos desafiar a

cada dia, para que exista uma educação participativa. Somente uma avaliação

formativa é capaz de promover um sujeito histórico, crítico, e criativo, efetivando

assim, uma sociedade democrática capaz de dinamizar a construção da autonomia.

1.2 Funções da avaliação da aprendizagem

Repensar a avaliação, sua prática e suas funções é um caminho possível

para dar um novo rumo ao processo pedagógico. Não se trata, portanto, de negar a

prática avaliativa e muito menos reificá-la, acreditando que a avaliação por si só

resolverá os sérios problemas pelos quais passa o ensino em nosso sistema

educacional. Trata-se de considerá-la como elemento fundamental desse processo,

que pode contribuir, por intermédio de um trabalho coerente e criterioso, para uma

análise crítica sobre o desempenho dos alunos e a conseqüente reflexão do

professor sobre o seu fazer.

Compreendendo a educação como um dos processos de transformação

social, a avaliação passa a ser obrigatoriamente um processo sistemático da gênese

das mudanças. Ao ser encarada dessa maneira, torna-se necessário que se faça

uma clara distinção entre diversos tipos de avaliação de acordo com a função

desempenhada nesse processo.

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Para Sameshima (2004) há certo consenso em relação à classificação da

avaliação segundo sua função: avaliação diagnóstica, avaliação formativa e

avaliação somativa. Rosales , apoiando-se em publicações recentes diz que:

a função diagnóstica da avaliação é considerada por alguns autores,

como fazendo parte da formativa por ser diagnóstica, contínua e de

remediação do cotidiano. Porém, pode também ser estudada como

procedimento para determinar as características da situação inicial de um

determinado processo didático que se quer pôr em marcha e servir de base,

portanto, a decisão sobre a programação ou esboço do mesmo. Também se

atribui à avaliação diagnóstica o propósito de aprofundar o conhecimento

das causas de determinados problemas ao longo do ensino, servindo de

base para decisões relativas à sua recuperação. Neste último caso, a

avaliação diagnóstica torna-se claramente associável à de caráter formativo

(1992, p.36).

Para Bloom (1972) avaliação diagnóstica consiste em identificar no início do

processo ensino-aprendizagem como o aluno se encontra em relação ao assunto a

ser trabalhado, além de descoberta de variáveis que possam interferir na

aprendizagem. Esse tipo de avaliação, segundo o autor, realizada no início do

processo, permite detectar o ponto de partida mais adequado, possibilitando

determinar os pré-requisitos necessários para o alcance dos objetivos formulados, o

nível dos alunos, seus interesses e aptidões.

Por sua vez, a avaliação formativa é utilizada no decorrer do processo, com o

intuito de aperfeiçoá-lo, informando professores e alunos sobre a evolução dos

mesmos.

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A ideia de avaliação formativa corresponde, segundo Hadji (2001), ao modelo

ideal de uma avaliação, tornando-se um elemento determinante da ação educativa;

propondo-se a contribuir tanto para uma evolução do aluno quanto para dizer o que

atualmente ele é, na continuidade da ação pedagógica, sem se constituir em ação

externa de controle. Embora não exista uma teoria unificada, as definições

convergem em certas características essenciais, que podem ser identificadas como

as linhas mestras desta avaliação.

A avaliação formativa é dirigida ao aluno, a quem diz respeito em primeiro

lugar, tornando-o consciente da sua própria aprendizagem, levando-o a implicar-se

cada vez mais nela, não interrompendo, mas fazendo parte da própria aprendizagem

(Cardinet, 1997). A avaliação formativa, que articula a observação à ação, procura

adaptar-se às situações individuais, mostrando-se flexível e aberta à pluralidade e à

diversidade, revelando-se tão interessada pelos processos como pelos resultados,

naquilo que observa e nas informações que procura.

Recentemente o termo avaliação formativa tem sido revisto por inúmeros

educadores e sociólogos, destacando-se Allal (1988), Saul (1988), Abretch (1994),

Abramowicz (1994), Luckesi (1995), Cardinet (1997), Perrenoud (1999), Cappelletti

(1999), Hadji (2001). Esses autores investigam uma concepção de avaliação

formativa que abandona a função de controle externo e coloca-se a serviço da

aprendizagem.

Para Hadji (1994) a característica principal da avaliação formativa é a de ser

integrada na ação da formação e ser incorporada no próprio ato de ensinar. Tem

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como objetivo contribuir para melhorar a aprendizagem dos alunos, informando tanto

o professor como o aluno sobre como esta aprendizagem está ocorrendo. Lembra

(2001, p.132) que para “ que a avaliação se torne formativa, será necessário que os

professores dêem provas, antes de tudo, de coragem. A coragem necessária para

ousar falar, e „julgar‟”.

Cappelletti (2003), ao definir avaliação, chama atenção para a função de

“problematizar uma situação para ressignificá-la” (p. 33).

É interessante lembrar que o caráter formativo da avaliação permite

intervenções ao longo do processo, inflexões no desenvolvimento não só pela

introdução de novos instrumentos e informações, ou por operações de conciliação

de critérios, precisão de princípios e objetivos ou em questões de ajustes técnicos,

...mas também pela implementação de dispositivos que transformam a

realidade ainda em plena ação. Essa qualidade, ou seja, a possibilidade de

transformação durante o processo, é assegurada pela dimensão

participativa e pela organização intersubjetiva que constituem a avaliação

como uma ação fundamentalmente pedagógica (SOBRINHO, 1998, p.68-

69).

As bases teóricas ou modelos pedagógicos que sustentam esta concepção de

avaliação formativa não estão suficientemente claros. Hadji (2001) menciona a

convergência da psicologia cognitiva, da psicologia social e da teoria dos sistemas,

que permitiram, em forma de possibilidade, a existência de uma avaliação formativa

cujo foco não é o controle, mas o desenvolvimento das aprendizagens e da

formação.

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Para o autor, as concepções de avaliação formativa são compostas a partir de

três conceitos-chave: de critério, de diagnóstico e de regulação. Tem por primeiro

objetivo permitir que o aprendente saiba o que se espera dele para que possa se

situar em função disso. Ao desenvolver uma atividade de ensino, o educador deve

deixar claro ao educando os objetivos que este deve atingir e, para isso, o professor

deve dotar a avaliação formativa de critérios que, para além do desempenho

pretendido, permitam a análise da evolução positiva da estruturas e funções do

aprendente.

A avaliação formativa é, em segundo lugar, uma avaliação que se esforça por

fazer um diagnóstico preciso das dificuldades do aluno, a fim de lhe permitir a

compreensão destas e, em função disso, a capacidade de superá-las.

A gestão do erro não é uma tarefa fácil, pois ao ser detectado, ele deve ser

trabalhado de maneira que possa ser superado. Nesse momento, diferentes

estratégias de desenvolvimento de atividades podem ser previstas pelo professor em

função de um maior aproveitamento do aluno. A partir do diagnóstico, podem-se

desenvolver ações que venham a contribuir para superação das dificuldades. Essas

ações devem considerar a relação desempenho e competência.

A avaliação formativa é de fato reguladora. O seu objetivo é o de permitir o

ajuste entre a prática educativa, a natureza das dificuldades constatadas e a

realidade dos progressos registrados. É ela que regula a relação

desempenho/competência, necessária para a conquista pelo aluno dos objetivos a

serem atingidos para que haja aprendizagem.

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A avaliação formativa pretende auxiliar o aluno a aprender usando

tudo o que for possível e viabilizando a comunicação professor-aluno pelo

diálogo. Trabalhar com esse tipo de avaliação significa mudar

consideravelmente as condições de trabalho em sala de aula, as relações

professor-aluno, aluno-aluno, a troca de experiências, o partilhar saberes,

os espaços e os tempos de formação, que são mais qualitativos,

possibilitando a reflexão, a construção de si mesmo e do conhecimento

(ABRAMOWICZ, 2005, p.135).

Abrecht (1994) acredita que o objetivo da avaliação formativa é a tomada de

consciência do próprio processo de aprendizagem pelo aluno, que aos poucos pode

apropriar-se da sua dinâmica de aprendizagem, em vez de ser guiado pelo professor

por meio de um percurso não determinado por ele. Ressalta ainda que há uma

grande diferença entre o percurso “cartografado” pelo professor e do realmente

percorrido pelo aluno, para o qual a avaliação formativa deveria se voltar. Ela

abandona o plano de mero controle dos conhecimentos e aparece como uma forma

de explicação das relações que os alunos estabelecem com o conhecimento.

A avaliação formativa não é uma verificação de conhecimentos. É

antes o interrogar-se sobre um processo de aprendizagem em si mesmo,

sendo útil, principalmente, para levar o aluno a considerar uma trajetória e

não um estado de conhecimentos, dando sentido à sua aprendizagem e

alertando-o, ao mesmo tempo para eventuais lacunas ou falhas de

percurso, levando-o deste modo, a buscar, ou nos casos de menor

autonomia, solicitar os meios para vencer as dificuldades (ABRECHT, 1994,

p. 19).

Não basta, portanto, que a avaliação seja contínua, ou que cumpra com as

etapas de observação, interpretação e adaptação, para que seja formativa. A

avaliação, para ser formativa, deve atuar continuamente no sentido das

aprendizagens e dos objetivos de um projeto pedagógico centrado no aluno. Só na

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medida em que o foco da avaliação formativa passa a ser o aluno e seus processos

de aprendizagem é que ela poderia deixar de ser uma forma de controle externo. O

aluno, em última análise, é o único que pode dar sentido verdadeiro às suas

aprendizagens, e é na busca de um significado para a aprendizagem que a

avaliação formativa encontra sua razão de ser.

“Trabalhar no sentido da avaliação formativa significa não

continuar a tolerar tantas desigualdades, significa munir-se dos meios

para remediar as dificuldades dos alunos mais lentos, mais fracos”

(PERRENOUD, 1999, p.183).

O papel do professor, nessa perspectiva, é o de intervir no sentido de

favorecer as reflexões dos alunos sobre seus processos, sobre os objetivos

propostos, sobre os caminhos a percorrer. O professor, dessa forma, atua no sentido

de garantir que o processo de autorreflexão seja eficaz, e não como regulador

externo.

Ao se centrar nos alunos e em seus processos,essa concepção de avaliação

formativa pressupõe a consideração das diferenças individuais no momento de

avaliar. Necessita também de uma diversificação de instrumentos e práticas

pedagógicas, a fim de servir aos objetivos que ela mesma se propõe.

A idéia de avaliação formativa, compreendida como tomada de consciência

do aluno, pode contribuir para o estabelecimento de práticas pedagógicas mais

abertas ao individual e às diferenças sociais e culturais. Além disso, pode tornar a

educação mais inclusiva deixando de ser instrumento de seleção social. Ela mostra-

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se, portanto, como uma grande possibilidade de mudança, como um caminho no

sentido de uma educação mais humanizadora.

Não basta ser adepto da idéia de uma avaliação formativa. Um

professor deve ainda ter os meios de construir seu próprio sistema de

observação, interpretação e intervenção em função de sua concepção

pessoal de ensino, dos objetivos, do contrato didático, do trabalho escolar.

Propor modelos de ação que exigiriam do agente a renúncia ao que ele é,

ao que ele faz de boa vontade, ao que ele crê justo ou eficaz não pode levar

a uma mudança duradoura das práticas (PERRENOUD, 1999, p. 122).

Ao contrário da função formativa, a função somativa é uma orientação voltada

a avaliar ações ou produtos já realizados. É procedimento largamente utilizado para

cobrar, pedir contas, medir, fiscalizar, hierarquizar. Tem caráter burocrático e

tecnocrático, bastante ao gosto de entidades governamentais interessadas em

mensurar, comparar e classificar cursos e instituições, segundo indicadores objetivos

produtividade e eficiência. Desde que não seja a única e exclusiva orientação, a

somativa é muito importante quando se faz necessário conhecer as informações e

saber em que pontos se encontram os processos de realização de produtos ou

projetos determinados (SOBRINHO, 1996).

Concomitante à idéia de poder que se manifesta na atual sociedade de

diversas maneiras, a avaliação configura-se como uma forma de utilização desse

poder, no nível micro, através de seus usos e abusos na relação pedagógica.

O exercício do poder não é para ser dissimulado em ações, não raro

cínicas, de diálogo e compartilhamento de decisões. O diálogo deve ser um

exercício efetivo e explícito, mas no limite quem tem a responsabilidade e,

portanto, o poder decisório no processo educativo é o educador, e ele deve

usá-lo (realizá-lo) educativamente, o que implica revelar todos os seus

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fundamentos e recursos àqueles que a ele estarão em alguma medida

submetidos (CASALLI, 2007, p. 14).

É, principalmente, por meio da avaliação inadequadamente utilizada que os

professores exercem seu poder de reprovar ou eliminar da escola aqueles alunos

que não foram capazes de alcançar uma nota suficiente para aprovação. Ela é,

portanto, uma ação eminentemente social, produto de determinado tipo de

sociedade, podendo constituir-se em uma arma poderosa contra as pessoas que

lutam para ter acesso e permanecer na escola, ao atender as prerrogativas que lhe

são atribuídas em uma sociedade classista.

Uma visão com relação às funções que a avaliação da aprendizagem pode

assumir na escola é aquela que chegou até nós por intermédio dos trabalhos de

Bourdieu e Passeron (1982, p.154), que assim se posicionam sobre o papel da

avaliação:

é somente com a condição de revelar no exame a função de

dissimulação da eliminação sem exame, que se pode compreender

completamente porque tantos traços de seu funcionamento como processo

patente de seleção obedecem ainda à lógica que rege a eliminação que

esse dissimula... Assim, uma análise das funções do exame que pretende

romper com a sociologia espontânea leva a substituir o estudo puramente

docimológico do exame, que serve ainda às funções ocultas do exame, por

um estudo sistemático dos mecanismos de eliminação, como ponto

privilegiado da apreensão das relações entre o funcionamento do sistema

de ensino e a perpetuação da estrutura da relação de classes.

Para esses autores, os mecanismos de avaliação assumem então, na escola,

a função de reproduzir as relações sociais vigentes no capitalismo, objetivando a sua

perpetuação. Argumentam ainda que o exame serve para “exprimir, inculcar

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sancionar e consagrar valores solidários com a cultura, através de mediações como

a organização do sistema escolar e a estrutura do campo intelectual” (1982, p.155).

Freitas (1995), trabalhando a questão da avaliação, resgata a contribuição de

Bourdieu e Passeron para esse campo de estudo, justificando que, a despeito dessa

contribuição ser insuficiente para elucidar toda a realidade da escola, deve ser

levada em conta e, a partir daí, entende a avaliação como “estudo sistemático dos

mecanismos de eliminação/manutenção”(p.156), mecanismos estes determinados

pela origem social do aluno. Entende ainda que é pela prática da avaliação que a

atual organização do trabalho pedagógico se impõe de forma autoritária,

expressando relações de poder que estão presentes nos elementos constitutivos do

planejamento escolar.

Sordi (1993) acredita que a avaliação pode servir a um determinado projeto

ao mesmo tempo em que inviabiliza outro; pode determinar quais alunos

permanecerão na escola e, em contrapartida, pode eliminar aqueles que não

correspondem aos valores de classe que a permeiam. Assim ela acredita ser

indispensável refletir sobre a questão da avaliação nos cursos de formação, visto

que ela pode assumir um peso muito grande a favor ou contra um segmento. Nesse

sentido, afirma que a avaliação pode assumir papel decisivo no processo ensino-

aprendizagem, pois faz parte do cotidiano dos educadores que, consciente ou

inconscientemente, julgam, emitem juízos de valor, tomam partido nas diferentes

situações por eles vivenciadas.

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Essa mesma autora diz que os docentes buscam formas alternativas para

aperfeiçoar e humanizar a avaliação, mas a ênfase na maioria das vezes ainda

permanece tecnicista, ou seja, voltada basicamente para a busca do melhor

instrumento de ensino sem compreendê-la em um âmbito maior. Por meio de seu

domínio teórico, mostra que em nossa sociedade uma das tendências, ao se

analisar a avaliação, tem sido a de esvaziar seu componente político, discutindo-a

em uma perspectiva técnica, objetiva e, conseqüentemente, neutra. Frente a essa

realidade, a autora nos convoca a seguinte reflexão: “é possível, numa escola

inserida numa sociedade de classes, imaginar a avaliação como uma prática

neutra?” ( SORDI, 1993, p.79). Prossegue suas análises afirmando que a avaliação

é um dos pontos cruciais do processo ensino-aprendizagem; nesse sentido, é

ingênuo supor que, em nossa sociedade, a prática de avaliação permanece imune a

conflitos ideológicos.

Ainda Sordi (1993) aponta indícios de predominância de uma prática

autoritária, em que sempre prevalece o julgamento do docente, sem que, muitas

vezes, os alunos encontrem espaços para a contestação. Muitos docentes, inclusive,

usam a avaliação como uma forma de controle, de disciplinamento. Esse

posicionamento acaba por comprometer o desenvolvimento do estudante, do ponto

de vista humano, gerando impactos, da sobrevivência ao poder vigente. Sendo

assim, nos cursos de formação, torna-se vital reconhecer a dimensão política do ato

de avaliar, bem como, a dimensão política da educação.

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Compreender as relações e implicações que estão por trás das práticas

avaliativas é compreender a ideologia na qual essas práticas se apóiam, na busca

de sua superação.

A avaliação não detecta somente aspectos de desempenho relativos aos

alunos, mas também aqueles que dizem respeito ao professor, ao método

empregado, ao material didático utilizado, enfim, ao clima educativo como um todo,

visto que o primeiro passo para mudar a realidade é tomar consciência de como ela

se estrutura.

Santos (1978) afirma que grande parte da literatura, ao tratar das funções da

avaliação, o faz somente com relação às funções pedagógicas, que ele chama de

explícitas, esquecendo-se das suas funções psicológicas e sociais. Com relação à

função psicológica, ressalta o papel que a avaliação exerce no sentido de estimular

ou não o aluno, de determinar que respostas referentes à aprendizagem ele deverá

manifestar. Do ponto de vista da função social, a avaliação é que irá atestar, quais

são os mais aptos para prosseguir no processo educativo, ou seja, ela opera a

seletividade e reforça as desigualdades sociais, além de controlar atitudes e

manifestações na sala de aula.

... através da avaliação da aprendizagem escolar, especialmente quando

está centrada no processo de qualificação, classificação e promoção do

estudante, desenvolve-se um modo de controle disciplinar, tornando os

educandos submissos e “dóceis”, direta e imediatamente ao professor,

porém indireta e mediatamente a todo um sistema de poder da sociedade

(LUCKESI 1992, p.91).

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Nessa perspectiva pode-se concluir que a educação brasileira herdou e

pratica uma avaliação com características de disciplinamento externo ao aluno e ao

processo de ensino-aprendizagem e de verificação e constatação do conteúdo

assimilado pelo aluno.

Não há preocupação explícita com aqueles que não conseguem dominar os

conteúdos, com a adoção de formas alternativas de recondução do processo de

ensino e, principalmente, de colocar a avaliação a serviço da aprendizagem. Ela

figura como medida do grau de rendimento, visando a atribuir uma nota, o que a

caracteriza como mais um procedimento para cumprir exigências institucionais do

que uma efetiva preocupação com a formação do aluno.

A nota, no meio escolar, é um julgamento de aproveitamento de

estudos, expresso em números; contudo, uma nota dez, por exemplo, não é

garantia de uma qualidade virtuosa. A virtude um dos fins da educação em

valores é construída a partir do sentimento de dever e do dever e nada tem

a ver com notas ou conceitos de rendimento escolar ( GADOTTI, 2003,

p.89).

Assim, o grande desafio na contemporaneidade não é a capacidade de

produzir, armazenar ou transmitir informações, mas sim reconhecer o que é

importante saber e, de fato, utilizar essa informação. Nessa perspectiva, segundo

Penna Firme (1998), a questão crucial é descobrir o que é preciso fazer para criar e

desenvolver avaliações que sejam realmente utilizadas para reduzir incertezas,

melhorar a efetividade e tomar decisões relevantes. Por isso mesmo, a grande meta

da avaliação é a ação. Seu significado maior está em fortalecer o movimento que

leva à transformação, nele intervindo sempre que necessário. A avaliação deve,

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pois, revestir-se de características próprias em sintonia com o contexto social,

político, cultural e educacional onde se realiza.

Nessa concepção de avaliação que representa um enfoque mais amplo com

forte apelo social, característica da década em que vivemos, são levados em

consideração os valores, as preocupações e as percepções dos interessados em

relação ao objeto da avaliação. É com essa abordagem que a avaliação atinge um

patamar de responsabilidade e de participação como facilitadora de um processo de

fortalecimento do seu objeto de atenção. Nesse sentido, ela intervém para reforçar

potencialidades e sucessos, em vez de meramente registrar dificuldades e

fracassos.

Nessa perspectiva, Zabala (1988, p. 103) aponta para o fato de que a

avaliação só tem sentido para a aprendizagem quando os resultados

permitem ao aluno continuar progredindo. E isto só será possível quando a

avaliação dos resultados que se transmite ao aluno for feita com relação a

suas capacidades e ao esforço realizado. Este é provavelmente o único

conhecimento que é preciso saber com justiça, já que é o que permite

promover a auto-estima e a motivação para continuar.

1.3 – A formação dos professores para uma avaliação de

qualidade.

A formação inicial é muito importante, já que o conjunto de

atitudes, valores e funções será submetido a uma série de mudanças

e transformações em consonância com o processo socializador que

ocorre nessa formação inicial. É ali que se geram determinados

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hábitos que incidirão no exercício da profissão

(IMBERNÓN, 2002, p.55).

A expressão “formação de professores”, em sua conceituação, mostra-se

como um fenômeno complexo e amplo. Abrange os processos inicial e contínuo de

formação com a participação deste profissional em diferentes cursos, congressos,

trocas de experiências, momentos de reflexão sobre a prática pedagógica

desenvolvida sobre conteúdos diversos, relacionados à educação e ao contexto

histórico em que a educação está inserida.

É importante compreender que o estudo das teorias, referente à

aprendizagem, ao currículo, ao processo avaliativo, ao desenvolvimento do homem,

exige aprofundamento teórico que a formação inicial não dá conta, e que não seria

possível, pois o desenvolvimento das ciências e a busca de uma educação de

qualidade que atenda às expectativas e mudanças de nossa época, exigem uma

contínua e permanente formação do docente.

Outro ponto de destaque refere-se a alguns problemas existentes em nossa

realidade educacional, como a repetência e a evasão escolar diretamente vinculadas

à avaliação da aprendizagem É certo que a avaliação não é a única causa dessas

dificuldades. A forma como o trabalho pedagógico é organizado nas instituições

escolares e a maneira como se processa o ensino e a formação docente também

influem na evasão e repetência do alunado entre outras causas relativas ao macro-

contexto sócio-político-educacional.

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Entretanto, a avaliação da aprendizagem tem sido um importante instrumento

de exclusão escolar em nosso contexto, pois, não se refere apenas a técnicas

avaliativas, mas principalmente à concepção assumida, tendo como foco medir

conhecimentos, classificar o discente, sancionar o sucesso ou fracasso do aluno,

sem influir fundamentalmente no processo ensino-aprendizagem.

Damásio de Oliveira (2007) verificou em sua pesquisa que o tema “Avaliação

Educacional” raramente tem espaço necessário para a formação de formadores nos

cursos de Pedagogia. Em geral as instituições de ensino estão organizadas em

função de uma concepção tradicional de avaliação e currículo.

Nesse sentido, investir na formação inicial e continuada de professores é

fundamental para o aperfeiçoamento do ato de ensinar e de avaliar. Esses

momentos devem possuir planejamento adequado para que se consolidem como

formação necessária ao trabalho pedagógico que está sendo, ou será, desenvolvido.

Referir-se a planejamento adequado significa mais do que escolher áreas de

conhecimentos, conteúdos e temas a serem trabalhados. A maneira como se dará

essa formação, as prioridades determinadas para cada etapa, as estratégias e os

fins escolhidos são fundamentais para o sucesso ou fracasso da formação.

Entre as necessidades de formação está a formação em avaliação. Formar o

avaliador exige mais do que trabalhar com conteúdos referentes ao ensino e à

aprendizagem. A formação do avaliador deve ocorrer na própria ação de avaliar, ato

complexo que exige habilidades específicas. Implica ter conhecimentos amplos em

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avaliação e domínio das concepções diversas que permeiam as ações avaliativas,

sem desvinculá-las, portanto, do processo ensino-aprendizagem.

Entretanto, a formação inicial do professor volta-se mais aos aspectos

relacionados ao ensino do que à avaliação da aprendizagem. A prática avaliativa

percebida como procedimento contínuo, balizador do processo de ensino fica em

segundo plano. Sem o destaque necessário, pouco ou nada se discute sobre a

avaliação, suas implicações, modalidades (LÜDKE; MEDIANO, 2002).

A formação continuada representa um suporte para a ampliação de

conhecimentos na área educacional e aperfeiçoamento da prática pedagógica em

desenvolvimento. Deve atender as demandas existentes no processo de ensino, dar

sustentação às decisões que precisarão ser tomadas para o avanço dos alunos em

suas aprendizagens e ter como referência o saber docente2

Reconhecer a valorizar o saber docente no processo de formação continuada

é fundamental, já que são estes saberes que embasarão o diálogo do professor com

a prática pedagógica a ser desenvolvida e com os conteúdos que serão trabalhados

por ele nas aulas. Também é a partir desses saberes que o docente apreciará as

propostas de formação, as reformas no ensino, as mudanças curriculares.

Para Calderón & Marim (2009) a formação do professor não se limita a

assimilação de conhecimentos nas instituições formadoras, uma vez que o docente

necessita de um determinado tempo e de oportunidade para aprender sobre a sua

2 Saber docente: refere-se ao aprendizado do professor, adquirido ao longo de sua formação escolar

e na sua experiência como docente. São saberes que brotam da experiência e são por elas validados. (Candau, 1996,p.146).

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área de conhecimento. Torna-se assim uma aprendizagem que vai além da

aquisição de habilidades técnicas e que requer o repensar as antigas idéias

educacionais. Tal aprendizagem deve ser constantemente retomada ao longo de

sua prática docente.

Nóvoa (1995) discute essa dificuldade da qualidade de ensino, considerando

que os modelos de formação inicial e continuada ainda são calcados na dimensão

técnica, formando professores aplicadores de sistemas pedagógicos definidos pelo

Estado. O processo identitário tem reduzido os professores a funcionários do

Estado, prestadores de serviço. Não são consideradas as quatro dimensões

pertinentes ao desenvolvimento profissional dos professores: a pessoa, a profissão,

a escola e a reflexão sobre a prática.

Para ele, manter-se atualizado sobre as novas metodologias de ensino e

desenvolver práticas pedagógicas mais eficientes são alguns dos principais desafios

da profissão de educador. Concluir o magistério ou licenciatura é apenas uma das

etapas ao longo do processo de capacitação que não pode ser interrompido

enquanto houver jovens querendo aprender. O aprender contínuo é essencial na

profissão de professor. Ele deve concentrar-se em dois pilares: a própria pessoa do

professor como agente, e a escola, como lugar de crescimento profissional

permanente.

A formação contínua deve contribuir para a mudança educacional e

para a redefinição d profissão docente. Neste sentido, o espaço pertinente a

formação contínua já não é o professor isolado, mas sim o professor

inserido num corpo profissional e numa organização escolar. Por isso, é

importante ultrapassar a “lógica dos catálogos” (ofertas diversificadas de

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cursos e ações de formação a frequentar pelos professores) e construir

dispositivos de partenariado entre todos os atores implicados no processo

de formação contínua (NÓVOA, 2002, p.38).

Rosales (1992) afirma que a formação permanente acontece no locus do

próprio trabalho cotidiano, de maneira contínua, sem interrupções, uma verdadeira

prática social de educação mobilizadora de todas as possibilidades e de todos os

saberes dos profissionais; sem dicotomia entre vida e trabalho, entre trabalho e

lazer, mantendo-se as interrelações múltiplas no mesmo homem; formação que

consiste em auxiliar profissionais a participarem ativamente do mundo que os cerca,

incorporando tal vivência no conjunto de saberes de sua profissão.

Por isso, a escola é vista como locus privilegiado de formação de professores,

dado que as metodologias formadoras que lá se desenvolvem, no conjunto de seus

agentes, são mais de perto elaboradas, implementadas e analisadas. As formações

inicial e permanente, nas suas mais diversas modalidades e com diferentes agentes

institucionais, devem, portanto, considerar a escola como ponto de referência para a

intervenção formativa.

A defesa da escola como locus de formação pode ser relacionada à proposta

de formação de professores pesquisadores, ou seja, formar professores, que reflitam

criticamente sobre o seu pensar e o seu fazer docente, tornando-se produtores de

conhecimentos que representem mudanças significativas na sua atividade

profissional.

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O reconhecimento de que as escolas de qualquer grau de ensino devem ser

consideradas “locus” de produção de conhecimento, superando a dicotomia

teoria/prática, tem ocupado espaços cada vez maiores nas discussões acadêmicas e

entre os formuladores de políticas de capacitação que já orientam alguns programas

institucionais no novo formato, com o objetivo de melhorar a qualidade de ensino.

Entretanto, para que as escolas possam produzir conhecimentos é necessário

criar espaços de reflexão sistemática, formar grupos de estudos, orientados por

professores competentes e comprometidos, de maneira que, os profissionais que

nela atuam, com formação em diferentes áreas do conhecimento, possam constituir-

se em uma equipe multidisciplinar.

Nóvoa (1991b), analisando os avanços históricos da profissão docente, que

evoluiu para o exercício de tempo inteiro, ou seja, para atividade principal, discute os

problemas atuais dos professores, apontando vários aspectos do trabalho docente,

como o horário, formas de mobilidade, estabilização profissional, organização da

escola, que fazem com que os professores busquem no exterior os estímulos

econômicos, culturais, intelectuais e profissionais que muitas vezes não conseguem

encontrar no interior do ensino.

O autor lembra que os estabelecimentos de ensino continuam a ser vistos

essencialmente como um “agrupamento de salas de aula” descuidando-se toda a

vida escolar para além dos “50 minutos letivos”, Ele acrescenta que inexistem

espaços onde os professores possam trabalhar individualmente ou em grupo. O

autor defende a necessidade de incentivar uma maior identificação pessoal dos

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professores com o local de trabalho e aumentar o seu tempo de presença nas

escolas.

Verifica também que, contrariamente às outras organizações, as escolas

dedicam pouca atenção ao trabalho de pensar o trabalho, ou seja, às tarefas de

concepção, análise, inovação, controle e adaptação. Segundo ele, a explicação para

esse fato reside principalmente na lógica burocrática do sistema de ensino e tem

como consequência uma organização individual do trabalho docente e uma redução

do potencial dos professores e das escolas.

A prática docente, nos seus múltiplos aspectos (técnico-científico, da

formação e vivência da prática profissional, pedagógico e político), requer não só

domínio dos conhecimentos específicos, mas também habilidades para conduzir e

estimular processos de aprendizagem na aula, selecionar e organizar conteúdos,

procedimentos de ensino e avaliação.

Assim, admite-se que a lógica do ensino não deve ser somente pautada sobre

a transmissão e aquisição do conhecimento, seja teórico, seja prático. Deve antes e

acima de tudo, configurar-se em aprendizado, e este, por sua vez, deve promover o

desenvolvimento do espírito crítico imerso na realidade interna e externa própria do

ambiente de formação. Há necessidade de professores inovadores, reflexivos e

críticos, capazes de atuar de maneira integrada junto ao processo de ensino-

aprendizagem, voltado para um aluno com interesses, habilidades representações e

necessidades peculiares.

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Os benefícios do aperfeiçoamento docente em serviço são refletidos na sala

de aula, provocando melhorias na qualidade de ensino, atingindo objetivos do

processo ensino-aprendizagem-avaliação, numa caminhada de reflexão e

conscientização constantes. (ULER, 2005).

É, portanto, no processo de contínuo desenvolvimento profissional do

educador, construído cotidianamente a partir de uma prática pedagógica crítico-

reflexiva, que podemos repensar a profissão do professor e, consequentemente, o

processo de ensino-aprendizagem com vistas à qualidade do trabalho docente e da

educação.

É pela reflexão crítica que o educador conquistará sua autonomia,

construindo a si mesmo por meio de uma atividade em que se faz presente um alto

grau de consciência, num processo teórico-prático, contextualizando-se histórica e

socialmente. Nessa perspectiva, o sentido do expresso é a construção coletiva da

profissionalidade dos professores, para que possam efetivamente emancipar-se,

transformando a realidade em que estão inseridos.

O desafio está em romper com modelos padronizados e em criar sistemas

diferenciados que possam atender ao desenvolvimento profissional de acordo com

suas necessidades específicas, concebendo-se a formação como um trabalho de

reflexão crítica sobre as práticas e de reconstrução permanente de uma identificação

pessoal e profissional, em interação mútua.

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As concepções de formação continuada de professores devem estar

orientadas para a mudança de atitudes desses profissionais, como também de sua

prática, o que exige um trabalho sobre a pessoa do professor, suas representações,

seus contextos de trabalho e o modo como se apropriam deles.

A necessidade permanente de atualização não significa, contudo, que a

formação continuada se construa tão somente por acumulação de cursos. Ela

precisa comportar uma relação essencial e estreita com a dimensão da prática no

cotidiano da escola.

É essencial que o professor conheça as concepções de avaliação, seus

significados e implicações para a prática avaliativa. E, além disso, que reflita na

prática pedagógica desenvolvida e suas consequências na aprendizagem dos

alunos. Portanto a formação docente deve pautar-se num trabalho que relacione a

teoria ao fazer pedagógico.

Outro ponto fundamental refere-se às reflexões sobre avaliação, que devem

ocorrer em sintonia com o ensino-aprendizagem, tendo como foco a relação teoria-

prática e a concepção de avaliação como processo. O professor não deve separar a

avaliação do ensino, mas perceber que ela é um procedimento, uma estratégia de

aprendizagem, parte do ensino, e que o feedback, a interação professor e aluno são

indispensáveis para que a avaliação integre-se ao processo ensino-aprendizagem.

Se o que pretendemos é encontrar caminhos para futuros avanços na prática

da avaliação dos profissionais de ensino, ao planejarmos e organizarmos projetos

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nessa área, ou mesmo para entendê-los e avaliá-los, vários questionamentos devem

necessariamente constituir-se em um pano de fundo de nossas reflexões. Assim fica

mais fácil fugir às possíveis armadilhas que existem em muitas propostas

aparentemente sedutoras, mas que não têm e nunca tiveram a intenção de conduzir

às mudanças enunciadas.

Nesse sentido, a vivência da avaliação nos espaços de formação de

professores deve superar a preocupação com a medida da quantidade do que deve

ser ensinado, e se constituir como um dos elementos do processo ensino-

aprendizagem que visa à concretização de seus objetivos para a garantia da

qualidade da formação. Assim, as práticas avaliativas precisam acontecer de

maneira que se consiga mobilizar o encaminhamento das ações locais, o que

significa dizer que os professores e alunos devem saber interpretar os dados da

avaliação para a melhoria do processo e não simplesmente aplicar instrumentos e

constatar desempenhos.

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CAPÍTULO II.

METODOLOGIA DA PESQUISA

Os estudos do tipo Estado da Arte permitem, num recorte temporal

definido, sistematizar um determinado campo de conhecimento, reconhecer

os principais resultados da investigação, identificar temáticas e abordagens

dominantes e emergentes, bem como lacunas e campos inexplorados

abertos a pesquisas futuras (HADDAD, 2002, p. 9).

2.1 O Estado da Arte ou Estado do Conhecimento

Pretendemos utilizar nesta pesquisa uma abordagem qualitativa que

privilegiará os estudos do tipo Estado da Arte ou Estado do Conhecimento, por se

tratar de um instrumento que busca a compreensão do conhecimento sobre

determinado período de tempo, e, conseqüentemente, sua sistematização e análise.

A construção da trajetória das pesquisas do tipo “Estado da Arte” ou “Estado

do Conhecimento”, tanto no Brasil como em outros países, ganhou espaço no meio

acadêmico, em parceria com organismos governamentais.

O “Estado da Arte” é um tipo de pesquisa bastante recente no Brasil.

Cronologicamente, pode ser contextualizado a partir da década de 1980, quando

passaram a ser realizadas várias pesquisas financiadas pelo Instituto Nacional de

Estudos Pedagógicos (INEP) sobre diferentes temas, na área da educação.

Destacam-se as pesquisas sobre Evasão e Repetência no Ensino de 1º Grau no

Brasil e Pesquisas sobre a Profissionalização do Ensino de 2º Grau no Brasil –

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1971-1982, os estudos sobre a Avaliação da Educação Básica, no período de 1990

a 1998, coordenados por Elba Siqueira de Sá Barreto e Regina Pahim Pinto (2001).

Merecem destaque também as pesquisas apoiadas pela Rede Latino-Americana de

Informação e Documentação em Educação (Reduc), abrangendo Educação e

Trabalho, Livro Didático, Alfabetização e Ensino Supletivo.

Segundo Ferreira (2006), essas pesquisas, definidas como de caráter

bibliográfico, parecem trazer em comum o desafio de mapear e de discutir uma

certa produção acadêmica em diferentes campos do conhecimento, tentando

responder que aspectos e dimensões vêm sendo destacados e privilegiados em

diferentes épocas e lugares, de que formas e em que condições têm sido produzidas

certas dissertações de mestrado, teses publicações em periódicos e comunicações

em anais de congressos e de seminários. Também são reconhecidas por realizarem

uma metodologia de caráter inventariante e descritivo da produção acadêmica e

científica sobre o tema que busca investigar, à luz de categorias e facetas que se

caracterizam como tais em cada trabalho e no conjunto deles, sob os quais o

fenômeno passa a ser analisado.

Podemos afirmar conforme Sá Barreto e Pahim Pinto (2001), André (2002) e

Haddad (2002), que o Estado da Arte ou Estado do Conhecimento procura

compreender o conhecimento elaborado, acumulado, e sistematizado sobre

determinado tema, num período temporal que, além de resgatar, condensa a

produção acadêmica numa área de conhecimento específico.

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O estado da arte caracteriza-se como um levantamento bibliográfico,

sistemático, analítico e crítico da produção acadêmica sobre o tema escolhido, a

partir de categorias que irão subsidiar a análise crítica dessa produção.

Barreto (2001, p.05) justifica a relevância da organização dessas fontes:

Com os avanços da Informática, a seleção de fontes tem podido

contar com os bancos de dados existentes, cuja sistematização regular de

informações possibilita maior abrangência do levantamento; se, de um lado,

eles ampliam o universo contemplado, de outro, armazenam os dados de

forma resumida, o que deve ser levado em conta ao se utilizar tais fontes,

pois nem sempre os resumos disponibilizam as informações básicas

necessárias para análise. O ideal, nesses casos, seria o exame dos textos

originais, ainda que se admita a dificuldade de acesso a eles. Quando não

se dispõe de banco de dados, o próprio processo de elaboração dos

estados do conhecimento tem levado à organização desses bancos.

A organização de pesquisas realizadas em âmbito nacional e a extensão do

espaço geográfico dificultam o acesso a esses dados em tempo real. O volume cada

vez maior de informações sobre determinado conhecimento e a necessidade de

divulgá-lo para a sociedade fazem da opção metodológica Estado da Arte ou Estado

do Conhecimento, para organizar os dados coletados, um dos incentivadores da

pesquisa que:

sustentados e movidos pelo desafio de conhecer o já construído e

produzido para depois buscar o que ainda não foi feito, de dedicar cada vez

mais atenção a um número considerável de pesquisas realizadas de difícil

acesso, de dar conta de determinado saber que se avoluma cada vez mais

rapidamente e de divulgá-lo para a sociedade, todos esses pesquisadores

trazem em comum a opção metodológica, por se constituírem pesquisas de

levantamento e de avaliação do conhecimento sobre determinado tema

(FERREIRA, 2002,p.259).

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De acordo com Serrano (2003) a pesquisa bibliográfica é uma parte da

pesquisa científica que nos permite aprofundar no conteúdo bibliográfico (revisão

bibliográfica) e deve ser considerada, um dos primeiros momentos da pesquisa

científica. Tem por finalidade conhecer as diferentes formas de contribuição científica

que se realizaram sobre determinado assunto ou fenômeno.

Sobre o mesmo tema, afirma Oliveira (1999) que a pesquisa bibliográfica

ainda segundo o autor não deve ser confundida com a pesquisa de documentos,

pois o levantamento bibliográfico é mais amplo do que a pesquisa documental,

embora possa ser realizado simultaneamente. A pesquisa bibliográfica tem por

finalidade conhecer as diferentes formas de contribuição científica que se realizaram

sobre determinado assunto ou fenômeno.

Segundo Andrade Marconi (2000), a pesquisa bibliográfica propicia a análise

de um assunto escrito sob novo enfoque ou abordagem, permitindo chegar a novas

conclusões.

A metodologia utilizada para coletar as informações nesta pesquisa

caracteriza-se como Estado da Arte ou Estado do Conhecimento enquanto

levantamento e análise das concepções sobre avaliação da aprendizagem

produzidas nas dissertações de Mestrado e teses de doutoramento do Programa de

Pós-Graduação em Educação da PUCSP, da UNICAMP e da USP no período de

2000 a 2007.

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É importante considerar que, para a realização da análise da produção do

conhecimento sobre Avaliação da Aprendizagem, é necessário que se definam

objetivos, critérios e categorias. Para Soares (1989) a análise dessas pesquisas,

bem como de outros do mesmo tipo presentes na literatura estrangeira, evidencia

que, embora se definam basicamente como levantamento e avaliação da produção a

respeito de determinado tema, a natureza do levantamento e os critérios de

avaliação dependem das características do objeto de estudo e dos objetivos que, a

partir delas, a pesquisa se propõe atingir.

2.2 Critérios de seleção das Dissertações e Teses

Este estudo, Estado da Arte, apresenta uma análise da produção acadêmica

sobre Avaliação da Aprendizagem no Programa de Pós-Graduação em Educação,

em três grandes Universidades: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo -

PUCSP, Universidade de São Paulo - USP, Universidade Estadual de Campinas -

UNICAMP, no período de 2000 a 2007. O período da escolha é considerado

relevante nesta pesquisa, por considerar uma nova década e diante disso

pressupõe-se que possa ter havido avanços em relação à avaliação da

aprendizagem nos estudos defendidos.

Após a realização da pesquisa on-line nas bibliotecas das três universidades

referente à Avaliação da Aprendizagem, fiz um levantamento no banco de

dissertações e teses da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível

Superior (CAPES) para averiguação das mesmas e fundamentar melhor minha

pesquisa. Na busca das dissertações e teses pesquisei várias categorias: avaliação

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da aprendizagem, avaliação de políticas públicas na Educação Básica, avaliação

formativa, avaliação na progressão continuada, avaliação dos ciclos de

aprendizagem, prática avaliativas em educação.

A etapa seguinte do trabalho foi a organização e sistematização dos dados.

Os resumos selecionados foram aqueles disponibilizados no cadastro on-line nas

bibliotecas das referidas universidades. Tendo o resumo com os dados das

dissertações e teses em mãos, parti para as bibliotecas em busca de maiores

informações. Para isso, manuseei cada uma delas em busca de mais detalhes que

me ajudaram para uma melhor análise, pois os resumos disponíveis não possuem

todos os elementos elucidativos do estudo. É um dado a ser revisto pelos

estudiosos/pesquisadores dos Programas de Pós- Graduação em Educação, pois,

partindo do pressuposto de que os resumos dessas produções são o marco inicial

de leitura dos pesquisadores na seleção de referenciais bibliográficos, eles devem

apontar de forma sucinta, clara e precisa todos os dados da pesquisa, conforme cita

Severino (2002). A falta de dados de alguns desses resumos se constitui em um

entrave, pois se em um ou mais resumos faltam dados, e se esses dados constituem

aspectos significativos da construção de uma pesquisa, os estudos sobre Estado da

Arte ou Estado do Conhecimento ficam bastante prejudicados.

As diretrizes emanadas de órgãos de fomento à pesquisa, como a

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), apontam

maior rapidez, orientando os programas de mestrado e doutoramento a exigirem de

seus discentes a conclusão desses cursos em menor prazo. Nesse aspecto, os

resumos das dissertações de mestrado e teses no contexto das pesquisas,

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constituem-se no principal texto, inicialmente, lido por um possível leitor. Daí a

importância desses resumos serem escritos de maneira clara ao leitor, pois assim,

ele terá a dimensão correta do que lê.

Severino adverte para o seguinte:

O resumo em questão consiste na apresentação concisa do conteúdo

de um trabalho de cunho científico (livro, artigo, dissertação, tese etc.) e tem

por finalidade específica de passar ao leitor uma idéia completa do teor do

documento analisado, fornecendo, além dos dados bibliográficos do

documento, todas as informações necessárias para que o leitor/pesquisador

possa fazer uma primeira avaliação do texto analisado e dar-se conta de

suas eventuais contribuições, justificando a consulta do texto integral (2002,

p.173).

Após a seleção das dissertações de mestrado e teses fiz a leitura dos

trabalhos, que foram a fonte para elaboração dos estudos realizados desta

pesquisa. A defesa da construção desses estudos é a visibilidade que eles

oportunizam para a compreensão das concepções sobre avaliação da

aprendizagem, presentes nos estudos acadêmicos.

O exame do material e a elaboração deste Estado da Arte ou Estado do

Conhecimento contemplou a compreensão da natureza dos estudos, explicitando as

concepções sobre avaliação da aprendizagem.

Vale ressaltar que segundo Soares (2000) uma compreensão do estado do

conhecimento sobre um tema em determinado momento, são necessárias no

processo de evolução da ciência, a fim de que se ordene periodicamente o conjunto

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de informações e resultados já obtidos, ordenação que permita a indicação de

integração de diferentes perspectivas, a identificação de duplicações ou

contradições e a determinação de lacunas ou vieses.

Pesquisas sobre o Estado da Arte ou Estado do Conhecimento estão sempre

inconclusas, uma vez que não podem nem devem ter término, considerando-se o

movimento ininterrupto da ciência, que vai se construindo ao longo do tempo,

privilegiando ora um aspecto, ora outro, em constante movimento.

De acordo com Haddad (2002) a análise em pesquisa do Estado da Arte ou

Estado do Conhecimento produzido em determinado espaço temporal deve

considerar o processo de construção de conhecimento sobre determinado tema,

identificando-se as contribuições, reconhecendo os principais resultados da

investigação, identificando temáticas e abordagens dominantes e emergentes, bem

como lacunas e campos inexplorados abertos à pesquisa futura.

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CAPÍTULO III

A CONSTRUÇÃO DA PESQUISA

“Estudar a avaliação é entrar na análise de toda

pedagogia que se pratica” (SACRISTÁN, 2000, p.295).

3.1 A AMOSTRA

Para a amostra da minha pesquisa selecionei 37 Dissertações de Mestrado e Teses

de Doutoramento sobre o tema Avaliação da Aprendizagem das três Universidades

pesquisadas USP/SP, UNICAMP/SP, PUCSP, do Programa em Educação.

O mapeamento inicial das produções acadêmicas – Teses de Doutoramento e

Dissertações de Mestrado – pode ser observado no gráfico e tabelas a seguir, que

informam: número de teses e dissertações consideradas na pesquisa e distribuição no

tempo dessa produção.

O gráfico um representa a produção acadêmica sobre avaliação da aprendizagem

na Educação Básica nos anos 2000 a 2007. O levantamento da pesquisa deu-se em

primeiro lugar via on-line nas bibliotecas das três universidades citadas acima, em

segundo lugar no Banco de Teses da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de

Nível Superior - CAPES e em terceiro lugar na busca de cada tese e dissertação nas

referidas bibliotecas.

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Tabela 1 - A tabela um representa o total de teses e dissertações encontradas em

cada uma das Universidades pesquisadas, conforme pesquisa feita pelo Banco de

Teses da CAPES no período de 2000 a 2007 sobre o tema avaliação da

aprendizagem no Ensino Básico.

Distribuição das pesquisas por Universidade

Universidade Tese de doutorado Dissertação de Mestrado

Total

PUCSP 05 14 19

USP 06 06 12

UNICAMP 02 04 06

Tabela 2 - A tabela dois é uma amostra do que encontrei na pesquisa realizada

pelo Banco de Teses e Dissertações da CAPES, sobre o tema Avaliação da

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Aprendizagem na Educação Básica de 2000 a 2007 de todas as Universidades

Brasileiras.

Universidade Mestrado Doutorado Total

Universidade Católica de São Paulo - PUC 14 05 19

Universidade de São Paulo - USP 06 06 12

Universidade Est. De Campinas - UNICAMP 04 02 06

UNESP 07 00 07

Universidade Católica D.Bosco 01 00 01

Universidade Católica de Goiás 01 00 01

Universidade Católica de Santos 03 00 03

Universidade Católica do Paraná 02 00 02

Universidade Católica de Petrópolis 03 00 03

Universidade Católica de Campinas 02 00 02

Universidade Católica de Brasília 05 00 05

Universidade de Brasília 06 00 06

Universidade Oeste Paulista 03 00 03

Universidade Vale do Itajaí 04 00 04

Universidade Estadual de Londrina 12 00 12

Universidade Federal de Uberlândia 04 00 04

Universidade Federal da Bahia 01 01 02

Universidade Federal do Ceará 06 02 08

Universidade Federal Juiz de Fora 02 00 02

Universidade Federal Rio Grande do Sul 02 00 02

Universidade Federal de Pernambuco 02 00 02

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Universidade Federal Rio Grande do Norte 02 01 03

Universidade Federal do Paraná 02 00 02

Universidade Federal de Santa Catarina 02 00 02

Universidade Federal de Minas Gerais 04 00 04

Universidade Federal Fluminense 02 00 02

Universidade Federal do Piauí 04 00 04

Universidade Federal São Carlos 03 00 03

Universidade Federal de Mato Grosso 07 00 07

Universidade Nove de Julho 02 00 02

Universidade Vale do Rio dos Sinos 02 00 02

Universidade Federal Rio de Janeiro 00 01 01

Universidade Federal do Pará 01 00 01

Universidade Federal do Espírito Santo 01 00 01

Universidade Federal do Maranhão 01 00 01

Universidade Federal do Amazonas 01 00 01

Centro Universitário Moura Lacerda 01 00 01

Universidade Braz Cubas 01 00 01

Universidade Paulista 01 00 01

Universidade São Francisco 01 00 01

Universidade de Sorocaba 01 00 01

Universidade Regional NO. do Estado do RGS 01 00 01

Universidade São Marcos 01 00 01

Universidade de Passo Fundo 01 00 01

Universidade Metodista de Piracicaba 01 00 01

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Universidade Metodista de São Paulo 01 00 01

Universidade de Uberaba 01 00 01

Total Geral 133 19 154

Das Universidades brasileiras pesquisadas merecem destaque pela produção

acadêmica sobre o tema Avaliação da Aprendizagem na Educação Básica a UNESP

com sete dissertações de mestrado, a Universidade Estadual de Londrina com doze

dissertações de mestrado; a Universidade Federal do Ceará com oito trabalhos,

sendo duas teses, seis dissertações de mestrado; a Universidade de Mato Grosso

com sete dissertações de mestrado; a Universidade de Brasília com seis

dissertações de mestrado e a Universidade Católica de Brasília com cinco

dissertações de mestrado. Fiz apenas um destaque. Essas universidades não foram

contempladas na minha pesquisa como análise da produção do conhecimento.

3.2 Análise e discussão das pesquisas selecionadas

Este estado do conhecimento apresenta uma análise da produção acadêmica

sobre Avaliação da Aprendizagem, no período de 2000 a 2007, com o intuito de

contribuir para uma visão mais abrangente e esclarecedora desse campo de estudos

no Brasil, nos programas de Pós-Graduação das três Universidades em questão:

Universidade de São Paulo - USP, Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP

e Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUCSP.

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3.3 Critérios de sistematização e análise das produções acadêmicas

A partir da seleção dos resumos, que se encontram em anexo, (anexo 2),

pertinentes ao tema avaliação da aprendizagem da Educação Básica, foram organizados

os estudos analíticos (anexo 1), em que a questão da identificação, do objetivo, da

abrangência e principais contribuições sobre a concepção de avaliação da aprendizagem

foram considerados de suma importância para a pesquisa.

A construção desses estudos foi pautada nas leituras e sínteses das produções

científicas acadêmicas. Os Estudos analíticos tiveram um recorte de análise focado nos

seguintes itens:

Identificação: nome do autor, título da pesquisa, Universidade que foi defendida e

orientador.

Objetivos: refere-se ao que o pesquisador se propôs a aprofundar, a investigar.

Abrangência: amplitude geográfica das pesquisas e também ao nível de ensino que o

conteúdo das pesquisas analisadas contemplou.

Metodologia: abordagem utilizada nas pesquisas.

Principais contribuições: questões teóricas e sociais relevantes, tais como informações,

questões, críticas e sugestões trazidas pelo autor.

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CAPÍTULO IV

ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

“Toda análise é por si só uma crítica. Não é

nada congelada. É um dado histórico e a história

é jamais repetitiva” (MILTON SANTOS, 1998).

Para análise e discussão dos resultados, os dados coletados foram organizados

em categorias que reúnem os temas sobre avaliação da aprendizagem na Educação

Básica, encontradas nas dissertações de mestrado e teses selecionadas para este

estudo.

4.1 A Avaliação da aprendizagem: Campo de pesquisa

Para a compreensão de como a temática vem sendo tratada nas diferentes

pesquisas realizadas elaborei as seguintes categorias que apareceram nas dissertações

e teses analisadas:

Avaliação da aprendizagem na Progressão Continuada e nos Ciclos -

avaliações de políticas públicas na área, propostas de governo.

Avaliação da aprendizagem de Políticas Públicas – aferição padronizada do

rendimento escolar dos alunos, nos âmbitos nacional ou estadual de ensino.

Avaliação da Aprendizagem nas Práticas Escolares – apreciações sobre

propostas curriculares que repercutem na avaliação.

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As categorias estão representadas no gráfico no gráfico a seguir:

Gráfico 2 – Distribuição das teses e dissertações

segundo as categorias de análise

45%

14%

41%

Progressão continuada e ciclos

Políticas públicas

Práticas escolares

4.2 Categoria 1 – Avaliação da aprendizagem na Progressão

Continuada e Ciclos.

Ciclos de formação, progressão continuada, avaliação, promoção automática,

reforço, programas de aceleração, são alguns vocábulos introduzidos no cotidiano

da escola nos últimos anos.

Os ciclos e a progressão continuada dizem respeito a como se organizam os

tempos e os espaços da escola. A idéia neste caso, é reorganizar a escola juntando

séries, retirando da avaliação o poder de reter o aluno intra-séries de um “ciclo” e

introduzindo inovações pedagógicas como forma de compensar os efeitos das

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diferenças socioeconômicas, em uma tentativa de permitir ritmos diferenciados em

espaços maiores de tempo.

Na rede estadual de São Paulo, os ciclos e a progressão continuada foram

adotados ao mesmo tempo, o que favoreceu a associação dos dois como sendo

equivalentes. Os ciclos e progressão continuada referem-se a realidades diferentes

e são apresentados separadamente na Lei de Diretrizes e Bases, de 1996.

Bertagna (2003) ao examinar a progressão continuada no Estado de São

Paulo nos aponta que a progressão continuada foi instituída no Estado de São Paulo

pelo Conselho Estadual de Educação (CEE, Deliberação nº 9/97) e adotada pela

Secretaria de Estado da Educação (SEE), a partir de 1998, na forma de ciclos para

o ensino fundamental, regular ou supletivo. A progressão continuada permite uma

nova forma de organização escolar, conseqüentemente uma outra concepção de

avaliação. A denominação progressão continuada foi adotada, como enfatizam

diversos textos oficiais, porque extrapola a compreensão da aprovação automática

no sentido apenas de implementação de uma norma administrativa, mas contempla

o aspecto pedagógico, a crença de que toda criança é capaz de aprender. Então

sempre ocorrerá progresso de aprendizagem mesmo que em níveis diferentes.

Atrelada a essa concepção está o respeito ao ritmo de aprendizagem dos alunos.

A adoção do Regime de Progressão Continuada busca romper com o sistema

de seriação, introduzindo modelos mais humanistas, democráticos e formativos.

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De acordo com Abramowicz (2007) uma organização em ciclos, com

progressão continuada não pode prescindir de uma avaliação cuidadosa da

aprendizagem e uma avaliação com intenção formativa, parece responder de forma

adequada à necessidade hoje colocada de favorecer a continuidade das

aprendizagens dos alunos ao longo dos ciclos. Evidencia-se também como uma

forma de lidar com a diversidade do alunado agora que se faz necessário colocar em

prática, ações que os auxiliem efetivamente, não contando apenas com o passar do

tempo para a superação das dificuldades.

Na perspectiva da Progressão Continuada, a avaliação deve ser um processo

contínuo e não pontual, que tem por objetivo diagnosticar tanto os progressos dos

alunos, como as dificuldades e defasagens, e assim, a partir de uma reflexão

conjunta entre professores e alunos sobre os resultados obtidos buscar novos

caminhos e intervenções para que a aprendizagem aconteça.

Entre os trabalhos que compõem essa categoria encontram-se: Alavarse

(2002), Arcas (2003), Bertagna (2003), Knoblauch (2003), Steinvascher (2003)

,Barros (2004), Delgado (2004), Oliveira (2004), Moniz (2005), Guirardi (2005),

Pereira da Silva (2005), Poliche (2006), Amaral (2006), Biani (2007), Florindo

Pessoa (2007), Cunha (2007), Alavarse (2007).

Dos dezessete trabalhos que compõem essa categoria onze referem-se à

Progressão Continuada, um trabalho reporta-se a Progressão Avaliada implantado

no município de Santos SP e seis referem-se à Proposta dos Ciclos de

Aprendizagem.

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Alavarse (2002), em sua dissertação de mestrado defendida na Faculdade de

Educação da Universidade de São Paulo, abordou a questão dos ciclos. Seu

problema de pesquisa consistiu buscar quais são os pressupostos, fundamentos e

implicações, que sustentam a organização do ensino fundamental em ciclos.

Em seu trabalho optou por uma abordagem qualitativa, por meio de

investigação documental que permitisse extrair concepções de ciclos, com especial

ênfase da administração Municipal de São Paulo, no período de 1989 a 1992.

Como resultado de seu estudo, o autor considera que a escola precisa ser

pensada em conjunto e ser apreendida como questão. Caracteriza a seriação como

forma de organização a ser superada pelos ciclos e, destaca a dimensão político-

cultural da escola, aborda a concepção de ciclos, a tomada em seus delineamentos

históricos, relacionando-a com temas correlatos, tais como progressão continuada,

promoção automática, currículo e avaliação. A pesquisa indica que propostas de

ciclos devem ser pensadas não como experiências localizadas mas, como

iniciativas capazes de dar sentido e significação para a escolarização de milhões de

alunos, imperativo da democracia e tarefa de políticas públicas. Afirma que a

posição dos docentes em relação à proposta foi o reflexo do impacto das mudanças

sobre a antiga estrutura seriada já vivenciada por eles.

O trabalho de Arcas (2003) defendido na Universidade de São Paulo, aborda

o tema da avaliação da aprendizagem. O objetivo da pesquisa foi investigar que

significados a avaliação tem assumido para os alunos uma vez que, após a

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implantação do regime de progressão continuada, no Estado de São Paulo, ela não

tem a função de servir à decisão de promoção ou retenção dos alunos.

Neste trabalho foi realizado o levantamento da literatura sobre o tema da

avaliação, o estudo da legislação federal e estadual e dos documentos oficiais

relativos ao assunto. Para investigar o que dizem os alunos, realizou-se uma

pesquisa qualitativa, entre os anos de 2001 e 2002, em uma escola de ensino

fundamental, localizada na cidade de São Paulo.

Dentre as conclusões da pesquisa pode-se apreender duas indicações

bastante relevantes para a discussão sobre o significado da avaliação.

Primeiramente, apesar das vigências da progressão continuada no ensino

fundamental, a possibilidade de reprovação não desapareceu, continuou existindo

através do SARESP e limite de faltas. Outra questão é que a difusão da idéia de que

os alunos haviam se desinteressado pelos estudos devido à implantação da

progressão continuada, gerando uma desvalorização da escola, não pode ser

identificada neste caso. Ao contrário, nas falas dos alunos entrevistados, eles

apontaram a escola como a principal forma de ascensão social, de melhoria de suas

vidas, demonstrando que a falta de escolaridade e de conhecimento acarretam uma

vida sofrida, de desemprego e de péssimas condições.

As informações obtidas com os professores permitiram observar que muitos

adotam o discurso oficial contido nos documentos emanados da SEE/SP, relativo ao

conceito de avaliação no regime de progressão continuada. Entretanto, a

assimilação desse discurso não significa necessariamente uma mudança na prática

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avaliativa, muito menos, uma compreensão clara do que seja o regime de

progressão continuada.

Permanece a idéia de que a não aprendizagem é responsabilidade do aluno,

que não estuda, não se interessa; e da família, que não dá o apoio necessário.

Assim, a afirmação feita pelos professores de que a avaliação deve ser contínua e

considerar todo o processo de ensino e aprendizagem é negada, quando se

identifica, em suas falas e também nas falas dos alunos, que apenas os alunos

continuam sendo o foco da avaliação.

A avaliação diagnóstica e contínua, presente na fala dos professores, se

traduz na fala dos alunos, no aumento do número de instrumentos de avaliação que

vêm sendo utilizados e na atribuição de valor a todas as ações realizadas pelo aluno

em sala de aula, com ênfase ao aspecto comportamental e disciplinar. Apesar da

função diagnóstica atribuída à avaliação, tanto nos documentos oficiais como nos

documentos da escola e nas respostas dadas pelos professores, o que as respostas

dos alunos demonstraram foi que esse diagnóstico apresenta-se mais como uma

constatação do rendimento escolar, do que como indicador para futuras ações por

parte do professor e da escola.

Outro aspecto a ressaltar é que a avaliação contínua não se efetiva na

prática. A avaliação contínua caracteriza-se muito mais como atribuição de notas a

todas as atividades desenvolvidas, ao comportamento e a disciplina, do que a uma

análise cotidiana do processo de ensino e aprendizagem, que serviria como

referencial para as ações que o professor deve desenvolver.

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Outra constatação bastante importante está em afirmar que não há como

mudar apenas a avaliação, é necessário mudar a função da escola, seu papel para

as crianças e jovens da classe trabalhadora, que dela tanto necessitam. É preciso

pôr a escola a serviço de quem a utiliza, tornando-a instrumento de transformação

da sociedade e não de sua reprodução.

Bertagna (2003) fez seu doutoramento na Faculdade de Educação da

Universidade Estadual de Campinas. Em seu estudo procurou discutir o regime de

Progressão Continuada, implantado pela Secretaria da Educação de São Paulo em

1998. Em sua pesquisa fez um levantamento de textos oficiais, examinou

documentos da escola, fez observações diretas em uma turma de cada ano escolar

do Ciclo (1º, 2º, 3º, 4º), observações diretas das reuniões HTPC na escola, nos

conselhos de classe, reuniões de pais e mestres, de atividades do reforço escolar,

de eventos e comemorações. Fez também entrevista com as professoras

observadas, com a diretora, a coordenadora e com todos os alunos das turmas

observadas.

O estudo de Bertagna (2003) demonstrou a presença da seletividade escolar,

principalmente através da avaliação informal, intensificando no sistema escolar (por

meio da “exclusão branda” e “eliminação adiada”) as desigualdades escolares e,

conseqüentemente, as desigualdades sociais. O trabalho chama a atenção para as

formas alternativas que a seletividade e a exclusão assumem quando se bloqueiam

avaliações formais.

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Knoblauch (2003), em sua dissertação de mestrado defendida na Faculdade

de Educação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, buscou desvendar

até que ponto a lógica seriada foi superada e quais os problemas que a escola

sentiu para implantar a proposta, especialmente no que se referiu ao processo

avaliativo no Município de Curitiba. Em sua pesquisa optou pela abordagem

qualitativa, por meio de entrevista semiestruturada e observação em sala de aula.

Por meio desse estudo, Knoblauch (2003) concluiu que a partir da

implantação da proposta de Ciclos a escola mostrou tentativas de organização

diferenciada da organização seriada, o que pode ser verificado em aspectos de

organização interna da escola e do processo avaliativo dos alunos. Ainda há a

permanência de elementos da lógica seriada, os quais podem ser exemplificados

com a busca da homogeneidade para a organização das atividades de recuperação

e com a permanência do ensino simultâneo, resultando no atendimento às crianças

com dificuldades fora da sala de aula. Aparece a utilização bastante burocratizada

das novas formas de registro da avaliação.

No entanto, foi possível perceber também um trabalho mais processual com

os alunos tendo em vista o nível de aprendizagem da maioria da turma e não mais

obediência a uma lista rígida de conteúdos a serem trabalhados em cada série.

Segundo a pesquisadora, a escola mostrou-se criativa ao elaborar uma turma

experimental, uma estratégia de recuperação bastante diferenciada das estratégias

anteriores. Desta forma, a escola operou com sua cultura escolar, aliando elementos

de tradição e inovação, ao construir respostas frente à implantação da proposta de

Ciclos da Aprendizagem.

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Steinvascher (2003) em sua dissertação de mestrado defendida na

Universidade de São Paulo (USP), procurou investigar a implantação da progressão

continuada no Estado de São Paulo, buscando apreender possibilidades e limites

desta política.

Seu trabalho foi organizado em duas etapas: a primeira consistiu na coleta,

organização e análise da legislação e dos documentos da Secretaria da Educação e

do Conselho Estadual de Educação referentes à progressão continuada, a segunda

etapa, por meio dos mesmos procedimentos, referiu-se às publicações de sindicatos

e associações de profissionais da educação abrangendo entidades representativas

de professores.

A autora conclui que com a implantação da progressão continuada,

organizando o ensino fundamental em dois ciclos, pressupõe uma nova concepção

da trajetória escolar, tocando em aspectos fundamentais da organização:

fragmentação curricular, mecanismo de aprovação/reprovação, papel da avaliação

da aprendizagem, relação entre os envolvidos no processo educacional, e gestão

escolar. Acredita que esta política tem o potencial de estabelecer um movimento de

repensar a escola, questionando sua finalidade, podendo, assim, fortalecer o

compromisso entre educadores, alunos e pais, com a aprendizagem de todos.

Em seu estudo Steinvascher evidenciou grande polêmica em torno da

organização do ensino através da progressão continuada no Estado de São Paulo,

ao mesmo tempo em que potencialmente é uma medida de democratização do

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ensino; sua implantação pode apenas alterar os índices educacionais, dissimulando

o fracasso escolar e mantendo a escola o papel de selecionar os alunos.

Barros (2004) em sua pesquisa defendida na Universidade de São Paulo –

USP, teve como objetivo analisar o que os professores revelam sobre seu

entendimento da avaliação escolar, a partir do que expressam sobre a progressão

continuada e sobre os ciclos escolares e de suas reações naturais diante da

possibilidade de aprovar ou reprovar seus alunos, nas escolas públicas do Rio de

Janeiro.

Para a realização de sua pesquisa, Barros, fez uso de questionário

intencionalmente elaborado, com seis blocos de questões, abertas e fechadas. Os

professores e diretores de diversos municípios foram convidados a participar

espontaneamente da pesquisa por meio de uma carta entregue a todos eles. Houve

retorno de 52 questionários dos 80 contatados

Barros, em sua tese concluiu que o Estado deve orientar a prática da

avaliação continuada, oferecendo as condições às escolas, conforme dados

previstos pelas avaliações externas. Concluiu também que a função da avaliação

escolar na perspectiva de inclusão é ainda pouco entendida nas escolas públicas do

Estado do Rio de Janeiro. Falta formação continuada dos professores em serviço.

Delgado (2004) em sua dissertação de Mestrado defendida na Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo – PUCSP, relatou a pesquisa realizada em uma

escola pública estadual, no município de São Paulo, após seis anos de implantação

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do regime de progressão continuada com proposta de ciclos. Teve como objetivo

investigar as práticas avaliativas desenvolvidas pela escola e pelos professores, com

o foco nas relações que a avaliação estabelece, direta ou indiretamente, com as

condições de trabalho oferecida aos docentes, com as demais práticas educativas

da escola e, sobretudo, com as culturas escolar, docente e discente. A pesquisadora

optou pela abordagem qualitativa, fez uso de observação, análise de documentos da

escola e entrevista com o corpo docente, coordenação e direção.

A pesquisadora por meio dos dados observados, coletados e analisados pôde

concluir que permanece fortemente, a lógica da seriação marcada por currículos

organizados em disciplinas estanques, menções com juízo de valor e como

mecanismo de seleção; o desejo pelo retorno da reprovação atrelado ao ideal da

homogeneidade e os professores despreparados e desacreditados das intenções

das reformas públicas. Destacou que houve algumas mudanças nas práticas

educativas e avaliativas, porém, não suficientes para alterar concepções e hábitos

instituídos na escola, mantendo-se o processo classificatório, seletivo e

homogeneizador.

Oliveira (2004) em sua dissertação de mestrado, defendida na Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo – PUCSP, investigou como se deu o processo

que teve a participação dos professores na implantação da progressão continuada.

A pesquisadora optou por uma pesquisa de abordagem qualitativa, utilizando

análise de documentos e entrevista semiestruturada com o objetivo de ouvir um

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órgão central, no caso, a Secretaria Municipal de Educação, e os professores do

ensino fundamental da rede de uma cidade da grande São Paulo.

Oliveira (2004) verificou que os professores participaram com sugestões para

a implantação dos ciclos e da progressão continuada durante todo o processo e que

a obrigatoriedade de participar dos encontros não diminuiu o interesse pelo assunto.

Uma proposta levada para a escola com a participação dos professores, o resultado

é bem mais compensador.

Moniz (2005) em sua dissertação de mestrado defendida na Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP, pesquisou sobre os ciclos e

avaliação, suas repercussões da reforma da rede estadual de São Paulo na sala de

aula, no período de 1996 a 2003. Teve como objetivo analisar qual deveria ser a

função da avaliação na progressão continuada, suas características e contribuições

para a continuidade das aprendizagens ao longo de um ciclo. A pesquisadora

optou, em sua pesquisa, por uma abordagem qualitativa, fez uso de observações de

aula, entrevista semiestruturada e análise documental.

Moniz (2005) , constatou que nas práticas cotidianas, a identidade dos ciclos

é pouco clara e os ciclos são definidos por aspectos como a abrangência etária,

organização do espaço físico ou seja escolas diferentes para cada ciclo. O trabalho

pedagógico não sofreu alterações proporcionalmente profundas diante da amplitude

da mudança. O fato de existirem crianças não alfabetizadas em salas de quarta

série, parece não constituir um “problema” que mobilize a escola na busca de

soluções. Esse dado de realidade é atribuído a características pessoais dos alunos

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(dificuldades de aprendizagem, pouco esforço, famílias desestruturadas, problemas

de saúde). Há reforço e recuperação para os alunos com dificuldade.

Guirardi (2005) defendeu sua dissertação de mestrado na Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo – PUCSP. Em seu estudo procurou analisar

como o sistema de Progressão Avaliada, implantado no município de Santos de

2002 a 2004, após quatro anos de Progressão Continuada, de 1998 a 2001, na voz

dos professores do Ensino Fundamental, no regular diurno.

A autora optou por uma abordagem qualitativa, utilizou-se de entrevista

individual, seguindo um roteiro de perguntas organizadas na forma semiestruturada

e análise documental. Os resultados obtidos pela autora evidenciaram que a grande

parcela de professores concorda com o sistema de Progressão Avaliada. A maioria

dos entrevistados apresenta uma prática subsidiada por uma visão formativa. Muitos

deles ainda apresentam preocupação que os identificam com uma prática mais

tradicional de medida, revelam certa contradição em suas concepções.

Pereira da Silva (2005) defendeu sua tese na Universidade de São Paulo –

USP. Sua pesquisa trata-se de campo educacional, de tipo etnográfico, analisou o

significado das representações a respeito da avaliação da aprendizagem de

professoras do ciclo I do ensino fundamental de uma escola municipal na proposta

de ciclos com progressão continuada.

Pereira da Silva (2005) identificou nas representações das professoras,

algumas interpretações do significado da avaliação que não se coaduna com a

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lógica do ensino por ciclos com progressão continuada. Permanecem nas práticas

das professoras elementos que caracterizam a lógica da seriação, estando o

significado da avaliação vinculado a um modelo de regulação da aprendizagem

retroativo. Não são valorizadas outras formas de regulação como prevê uma

abordagem formativa de avaliação. As representações das professoras sugerem um

superdimensionamento de uma das finalidades da avaliação, qual seja, a de

prestação de contas. Foram identificados sinais de ruptura na avaliação da

alfabetização, que coloca a professora do primeiro ano do ciclo como portadora de

uma concepção mais elaborada a respeito de linguagem e do papel do erro na

construção e avaliação da escrita.

Poliche (2006) defendeu sua dissertação de mestrado na Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo – PUCSP. Em seu tema, a progressão

continuada e suas implicações na avaliação da aprendizagem, investigou até que

ponto a lógica seriada foi superada e quais os problemas que a escola sente para

implantar a proposta, especialmente no que se refere ao processo avaliativo.

Para sua investigação, a autora optou pela abordagem qualitativa utilizando-

se de entrevista semiestruturada. Os sujeitos entrevistados foram professores de

História da rede Pública Paulista do Ensino Fundamental Ciclo II.

O resultado que a autora chegou foi de uma série de críticas feitas ao sistema

de Progressão Continuada sobre o autoritarismo da SEESP na implantação do

projeto e a ausência de orientações sobre o novo sistema educacional. Os

professores conheceram o novo sistema por meio da Legislação, isto é, da

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Resolução da SEESP, Indicações e Resoluções do CEE. A interpretação dessa

documentação ficou a cargo dos Diretores e Coordenadores Pedagógicos das

escolas. Os pais e alunos também não foram devidamente orientados, recebendo

informações eventuais. As consequências dessas leituras foram distorções geradas

na prática pedagógica cotidiana.

Segundo a autora, a relação ao processo de avaliação da aprendizagem

acaba sendo uma decorrência da ausência de orientações e de formação

continuada. Os professores entrevistados, não têm clareza quanto ao papel da

avaliação no regime de Progressão Continuada, pois ainda entendem a avaliação

como um instrumento de mensuração de aprendizagem, aplicada com o único

objetivo: determinar aprovação ou retenção.

Amaral (2006) defendeu sua dissertação de mestrado na Universidade

Estadual de Campinas – UNICAMP. Em seu trabalho, procurou desvendar qual a

viabilidade do modelo de avaliação adotado pela proposta da Escola Ciclada de

Mato Grosso.

Em seu estudo optou pela pesquisa qualitativa, teve como coleta de dados

questionários, entrevistas e análise de conteúdo dos relatórios. O estudo de caso

abrangeu duas escolas da rede estadual.

A pesquisadora concluiu que o uso de relatórios descritivos na Escola Ciclada

de Mato Grosso esbarra em dificuldades operacionais, apresenta contradições de

informações e revelou que a avaliação informal permanece influenciando os juízos

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de valor emitidos pelo professor mesmo em uma escola organizada dentro dos

princípios dos ciclos de formação.

O trabalho de Biani (2007), defendido na Universidade Estadual de Campinas

– UNICAMP, abordou a análise da seletividade, do fracasso escolar e a exclusão

após a implantação da progressão continuada na rede pública estadual de São

Paulo. A progressão continuada rompeu com mecanismos de exclusão? Em sua

pesquisa utilizou-se da abordagem qualitativa e sua metodologia foi o estudo de

caso. Além do levantamento bibliográfico e do estudo dos documentos oficiais sobre

Progressão Continuada a fim de caracterizá-la enquanto proposta do governo

estadual, a pesquisadora fez o acompanhamento por um ano letivo, em escola da

rede Estadual de Campinas, em duas classes de 4ª série. Os dados foram obtidos

por meio dos documentos escolares dos alunos, sujeitos da pesquisa, fichas de

matrícula, lista “piloto” com nome dos alunos, classes às quais pertenciam, listas das

classes de recuperação, observações do cotidiano escolar, aulas, reuniões de pais,

recreios, reforço, sala das professoras e entrevistas gravadas com os alunos e as

professoras.

Como resultado de seu estudo, Biani (2007) conclui que, da forma como se

concretizou, a Progressão Continuada não rompeu com mecanismos e processos de

seleção, fracasso e exclusão, e levou a escola a manter o seu caráter seletivo e

excludente. A exclusão antes exterior à escola, pelo não ingresso, repetência e

evasão, acontece agora, com a criança na escola pela pouca qualidade da

aprendizagem. Os mecanismos de exclusão estão intimamente ligados aos

processos avaliativos e intensificaram, dentro da escola, a produção das

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desigualdades o que, numa análise, contribui com a manutenção das desigualdades

sociais.

A autora afirma também que a implantação da proposta criou condições

objetivas para que as discussões sobre as finalidades da educação, a função social

da escola, a organização e a cultura escolar, as práticas pedagógicas e a qualidade

na educação ganhassem novas dimensões de análise o que poderá contribuir

historicamente para a superação da escola seletiva e a construção da escola para

todas as crianças.

Florindo Pessoa (2007) pela Universidade Estadual de Campinas –

UNICAMP, buscou compreender qual o sentido do erro no processo avaliativo na

Progressão Continuada. Sua contextualização passa por três níveis de discussão: o

do processo de avaliação da aprendizagem no contexto da Progressão Continuada;

o conceito de erro que emerge no cotidiano da sala de aula, e a sistemática adotada

pela professora da sala de aula observada, no que se refere à correção dos alunos.

Sua metodologia foi desenvolvida por meio de uma abordagem qualitativa. Os dados

foram coletados por meio de observação direta em sala de aula, a relação

estabelecida com os alunos e com o conhecimento, as práticas avaliativas da

professora, bem como observar como ocorre o processo de correção dos erros dos

alunos por parte da professora. Além da coleta de dados houve entrevista individual

semiestruturada com a professora da sala observada. Houve também participação

em reuniões HTPC registradas sistematicamente ao longo do segundo semestre de

2005 e primeiro semestre de 2006 e análise documental.

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Através desse estudo, a autora chegou à conclusão de que a avaliação e

concepção do erro apontam na direção de uma avaliação que se volta para a

simples constatação do erro. Não há diagnóstico do erro, nem a preocupação de

suas causas para tomar decisões que reorientem o processo de aprendizagem do

aluno. O erro é visto como falha de memória, de atenção. As práticas de ensino dão

ênfase à memorização pontual de conteúdos. Exercícios repetitivos, ditados,

exercícios de fixação são as práticas constantes em sala de aula. A pesquisa

constatou também a presença de professora distante dos alunos, ameaçadora, e

que os culpa pelos erros cometidos.

Cunha (2007), em seu trabalho defendido na Universidade de São Paulo –

USP, procurou investigar a postura docente diante dos ciclos de aprendizagem. Seu

estudo buscou revelar a postura dos docentes a partir de suas práticas e das

reflexões que fazem sobre seu trabalho, inserido num contexto de ciclos. Para a

realização de sua pesquisa optou por uma abordagem qualitativa, por meio de

estudo de caso em uma escola da rede pública municipal de São Paulo. O trabalho

de campo realizou-se por meio de observação participante, análise documental e de

entrevistas semiestruturadas com sete professoras do primeiro ciclo do Ensino

Fundamental.

Como resultado de seu estudo, Cunha (2007) verificou que os docentes, a

despeito de serem em geral contrários à proposta dos ciclos, têm, ao longo dos

anos, mudado sua postura em relação aos alunos diante das novas realidades

criadas pelos ciclos, reconstruindo suas práticas como forma de adaptar antigas

concepções de ensino à estrutura que foi gerada. Segundo a autora essas

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mudanças partem da necessidade de atender os alunos com dificuldades de

aprendizagem, incluídos no sistema de ensino a partir da implantação do regime de

ciclos. A análise da pesquisa revela que as condições de trabalho não têm

contemplado demandas importantes como a formação docente, a participação da

comunidade escolar, a articulação do trabalho coletivo e a criação de instrumentos

de apoio aos alunos nos diferentes anos do ensino fundamental.

Para Cunha (2007), a maior contribuição deste estudo parece sera

constatação de um grande potencial transformador nos docentes que faz com que,

mesmo em um contexto pouco satisfatório, se mostrem empenhados e

comprometidos com o ensino de melhor qualidade.

Alavarse (2007) defendeu sua na Universidade de São Paulo - USP. Em seu

trabalho analisou as controvérsias sobre a organização do trabalho escolar em ciclos

ou séries face aos desafios da democratização da escola e do estabelecimento de

um novo patamar de escolarização, no quadro de suas teorizações e de iniciativas

de redes públicas de ensino.

A pesquisa delineou-se pelo rastreamento e levantamento de fontes, no Brasil

e no exterior, abarcando estudos e pesquisas bem como documentos de

implantação, implementação e justificativas de iniciativas particulares, elaboradas

por gestores públicos de redes de ensino.

De acordo com Alavarse (2007), as informações analisadas não permitiram

afirmar a ocorrência de alterações profundas na realidade educacional como

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decorrência dos ciclos, e também não se estabeleceu uma contraposição curricular

tão radical ao paradigma da seriação, como aludiam seus formuladores. Também

não há indícios que confirmem a suposição, defendida pelos que contestam estas

iniciativas e alimentam a intensa polêmica que circunscreve os ciclos, de que sua

adoção estaria produzindo uma queda na qualidade do ensino.

Alavarse (2007) concluiu que a adoção de ciclos em várias redes e em escala

bastante avantajada não levou à ruína da escola, por outro lado não representou o

atingimento de patamares há mais de uma década prognosticados, mesmo naquelas

escolas de redes cujos dirigentes sustentavam que a proposta era a de inclusão,

social e cognitiva.

Expressivamente as pesquisas que investigaram a Progressão Continuada,

concluíram que a falta de orientação na época de sua implantação, o

desconhecimento dos princípios básicos da Progressão Continuada, a interpretação

errônea da concepção de ciclos de aprendizagem, a falta de formação dos

professores não fez acontecer a Avaliação na Progressão Continuada e sim a

aprovação automática.

É importante destacar que a implantação dos ciclos e a Progressão

Continuada, ainda com o argumento de que tenha passado por um processo

democrático de discussão e participação dos docentes, parece até hoje despertar

entre estes a sensação de que foi mais uma reforma política instalada “de cima para

baixo”. Isso revela que de fato os professores não se apropriam efetivamente da

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proposta, o que pode ser explicitado por outro fator: a falta de investimento no que

tange à reflexão sobre o trabalho docente em ciclos.

Pode-se afirmar que a necessidade de investimento em espaços de

discussões e de estudo sobre os Ciclos e a Progressão Continuada deve ser

aprofundando nos cursos iniciais de formação docente e também garantir que todos

os professores em exercício tenham sua formação contínua garantida, criando

condições necessárias para um diálogo maior entre os objetivos e encaminhamentos

de trabalho dos Ciclos e Progressão Continuada e as vivências dos profissionais.

Cortella (2005) destaca que os princípios que orientam a Progressão

Continuada devem ser retomados para que haja os ajustes no sistema. Trabalhar no

sistema de Progressão Continuada exige do docente um novo olhar sobre a

educação e a renovação da prática pedagógica, em que o desenvolvimento global

do educando é o foco principal da atividade escolar.

A Progressão Continuada é, enquanto proposta, um avanço pedagógico

significativo, pois busca aumentar a qualidade do que é ensinado nas escolas e

diminuir a exclusão social, eliminando a repetência inútil. Entender os princípios da

Progressão Continuada é entender o papel do educador, contribuir para a formação

global do educando, despertando o sentido do ser cidadão, para que ele seja o

agente transformador do futuro.

Acredito que a implantação do regime de progressão continuada e dos ciclos

só alcançará seus objetivos quando se estabelecerem novas atitudes e novas

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competências no cenário educacional envolvendo todos os atores da educação

(alunos, professores, pais, gestores, funcionários, etc.). É com a cooperação de

todos que podemos contribuir para apontar novos caminhos na discussão da

avaliação da aprendizagem, buscando superar desigualdades e injustiças.

4.3 Categoria 2 – Avaliação da aprendizagem nas políticas

públicas.

A partir da década de oitenta, tanto liberais quanto conservadores apresentam

críticas profundas à escola. Para os neoconservadores, a escola não educa

convenientemente. Para os neoliberais, a escola não prepara adequadamente para

a competição e a pública não permite liberdade de escolha dos pais. É, pois, na

avaliação que se vislumbra a solução para as críticas à educação, mais uma vez

conciliando-se interesses. Se por um lado a avaliação permite um Estado forte,

regulador e controlador da educação, por outro favorece a abertura da escola ao

mercado, viabilizando a liberdade de escolha por meio de rankings.

No Brasil, o tema avaliação, especialmente a institucional externa realizada

pelo Estado, toma corpo, a partir da década de noventa. Para a busca e

compreensão da relevância da avaliação no contexto educacional, necessário se faz

estabelecer correlações existentes entre educação, política e avaliação. Avaliar é,

antes de tudo, uma atividade política afetada por forças políticas e, por extensão,

gera resultados e consequências políticas.

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De acordo com Giroux (1997) a avaliação deve ser entendida como um

processo contínuo de construção/problematização/ressignificação/reconstrução, que

busque superar as barreiras que tendem a transformar as escolas em instituições

que visem educar para que elas se adaptem a essas estruturas sociais, em vez de

criticamente interrogá-las.

Esta categoria de Avaliação da Aprendizagem de Políticas Públicas é

composta pelos trabalhos dos seguintes autores: Fambrini (2002), Machado (2003),

Felipe (2004), Freitas (2005), Locco (2005).

Das pesquisas que fazem parte dessa categoria três referem-se ao ENEM,

uma reporta-se a Avaliação da Educação Básica no Brasil – SAEB e uma refere-se

ao SARESP.

Fambrini (2002) em sua pesquisa defendida na Pontifícia Universidade

Católica de São Paulo – PUCSP, analisou o impacto do ENEM no Processo Seletivo

da PUC-SP. Buscou compreender qual a contribuição oferecida pelo Exame

Nacional de Ensino Médio ENEM/2001 para que o estudante da rede pública de

ensino médio brasileiro ingressasse em cursos considerados de média e alta

procura na PUCSP pelo Processo Seletivo.

A pesquisadora em sua metodologia utilizou-se da aplicação das provas do

Processo Seletivo Unificado da PUCSP de 2002. Coletou os dados através da ficha

de inscrição e selecionou 5.177 candidatos inscritos da rede pública de ensino.

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Segundo a pesquisadora evidenciou-se uma ineficiência do ENEM no

processo seletivo unificado da PUCSP/2002, quanto ao impacto que este exame

pode oferecer para facilitar o acesso dos estudantes oriundos da rede pública de

Ensino Médio aos cursos/turnos/instituições considerados de média e alta procura.

Fambrini (2002) constatou também que a realização do ENEM em quase nada altera

os resultados obtidos pelos estudantes.

Machado (2003) em sua pesquisa defendida da Universidade de São Paulo –

USP, analisou o uso dos resultados do SARESP 2000. Para que as escolas são

avaliadas e como esses resultados estão sendo apropriados, interpretados e

utilizados pelas Diretorias de Ensino? Que propostas de ações políticas estão sendo

subsidiadas pelos resultados do SARESP? Essas propostas melhoram a qualidade

de ensino e o que significa qualidade de ensino para as Diretorias?

Para a realização de sua pesquisa Machado (2003) fez uso de análise

documental de documentos oficiais. Analisou 88 relatórios de Avaliação do SARESP

elaborados pelas Diretorias de Ensino existentes à época, buscando identificar quais

as propostas de ações políticas foram subsidiadas pelos resultados do SARESP e

qual o potencial dessas ações melhorarem a qualidade de ensino.

Em sua pesquisa Machado (2003) concluiu que, embora o SARESP tenha

possibilidade de ser um instrumento para direcionar ações e políticas visando

construir a qualidade do ensino nas escolas públicas estaduais, por estar alicerçado

nos testes de rendimento dos alunos, tem sido utilizado muito mais para dar

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visibilidade a esses resultados por escolas, estabelecendo um ranking que gera a

comparação entre elas.

A autora ainda conclui que esta política faz parte de um movimento mundial

de reformas educativas que buscam qualificar o ensino público com a criação de

mecanismos que objetivam a competição entre as escolas. Ao fazer essa opção,

segundo Machado, essa política deixa de possibilitar que as escolas e as Diretorias

de Ensino possam refletir sobre as condições nas quais os rendimentos dos alunos

são alcançados e propor iniciativas, ações e alternativas que viabilizem a construção

de uma escola pública de qualidade.

Felipe (2004) em sua tese defendida na Pontifícia Universidade Católica de

São Paulo – PUCSP, investigou o Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM – que

teve como objetivo avaliar a performance individual dos alunos no fim do ensino

médio, verificando o desenvolvimento de suas habilidades e competências.

Procurou verificar se o ENEM provoca algum impacto nos processos seletivos

desenvolvidos pela USP, UNESP e UNICAMP, especificamente para alunos

provenientes de escolas públicas de Ensino Médio.

O autor apresentou um estudo histórico e comparativo do desenvolvimento

dos sistemas educacionais na Inglaterra, Espanha e Portugal. Enfatizou a discussão

da noção do quase mercado de educação e como sua implementação tem

constituído um dos elementos estruturantes da transformação do papel do Estado no

suprimento e na administração de educação nos países citados nos anos 80 e 90.

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A análise qualitativa feita permitiu ao autor concluir que os resultados obtidos

pelos alunos no ENEM oferecem um ganho inexpressivo na pontuação da

classificação final de acesso às três universidades pesquisadas: USP, UNESP,

UNICAMP.

O autor comprovou em sua tese, que apesar do discurso oficial, o ENEM não

é a alternativa democratizante do acesso ao ensino superior, pelo menos no que diz

respeito às três universidades públicas paulistas: USP, UNESP, UNICAMP. O

Estudo mostrou através de análises dos índices de aproveitamento das notas do

ENEM nos vestibulares das três universidades, que a ajuda aos alunos provenientes

de escolas públicas é mínimo. Em alguns casos, o ENEM favorece ainda mais os

alunos das escolas privadas de ensino médio.

Freitas (2005) em sua tese defendida na Universidade de São Paulo – USP,

buscou em seu tema (a avaliação da educação básica no Brasil) dimensão

normativa, pedagógica e educativa, pesquisar como a avaliação em larga escala

emergiu, firmou-se e operou enquanto ação educativa estatal, na regulação da

educação básica brasileira.

Para a realização de sua pesquisa, a autora optou pela pesquisa qualitativa,

com a abordagem da análise documental, orientada por princípios no método

dialético. As principais fontes utilizadas foram publicações oficiais, trabalhos sobre o

tema avaliação educacional publicados por agentes estatais e seus interlocutores de

organismos internacionais. As fontes bibliográficas selecionadas abarcaram livros,

dissertações, teses, artigos e trabalhos publicados em anais de eventos.

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Freitas (2005) conclui seu estudo verificando que o interesse pela avaliação

em larga escala, impulsionado pelas experiências de aferição externa do rendimento

dos alunos e pelos estudos de desempenho do ensino nos anos 1980, culminou na

articulação de “medida-avaliação-informação” educacional. Constatou que, no Brasil

a avaliação em larga escala surgiu como estratégia de governo da educação básica,

resultante da ação política institucional e administrativa do Estado Central. Verificou

também que a avaliação em larga escala se firmou com a produção de normas e,

principalmente, com a execução de iniciativas de regulação avaliativa. Constatou

também que o Estado-Avaliador operou (e opera) uma ação educativa (formativa)

por meio de um conjunto de medidas pedagógicas, encontrando nestas, um veio de

sua própria consolidação e aperfeiçoamento. A interpretação dos dados levou a

concluir que a regulação avaliativa vincula-se a projetos hegemônicos na sociedade

e que as perspectivas de aprimoramento do Estado-Avaliador, no Brasil, não

prescindem da avaliação dos princípios educativos que o dirigem e da pedagogia

que empreende.

Locco (2005), em sua tese defendida na Pontifícia Universidade Católica de

São Paulo – PUCSP, abordou as políticas públicas de avaliação: o ENEM e a escola

de ensino médio. Como essas políticas são percebidas pelos alunos, professores e

gestores da escola pública do Estado do Paraná.

Em seu trabalho, a autora optou por uma pesquisa qualitativa, interpretativa.

O caminho metodológico para a análise, considerou a problematização como ponto

de partida, após a etapa do registro. A coleta de dados foi realizada por meio de

questionários semiestruturados. Os alunos sujeitos da pesquisa foram selecionados

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os que cursavam o 3º ano do Ensino Médio e os professores foram os que

lecionavam nessa série, e equipe técnica.

O estudo revelou que o ENEM falhou quanto a sua finalidade de democratizar

o acesso ao Ensino Superior, nas Instituições Públicas. O estudo revelou também

que ocorreram dificuldades de acesso ao próprio ENEM. O ENEM como alternativa

para o processo seletivo de ingresso no pós-médio e no mercado de trabalho, não

alcançou a repercussão esperada. No primeiro caso, por não ter a mesma

concorrência que o vestibular e, no segundo, por ter ele, suas próprias formas de

seleção.

Pelo resultado das pesquisas nessa categoria, é importante ressaltar que a

implantação de sistemas de avaliação pautados somente nos resultados obtidos

pelos alunos não contribui para a construção de uma escola/instituição de qualidade

para todos. Os processos de avaliação externa padronizados tanto na esfera federal

como na estadual, concebidos como forma de controle de qualidade do ensino

superior, médio e fundamental constituem-se em exemplos de uma dinâmica

hegemônica adotada pelas administrações neoliberais.

Penso que um sistema de supervisão responsável e eficiente não pode se

resumir a processos de avaliação externa padronizados como tem ocorrido,

concebidos como mecanismo único para assegurar a melhoria da qualidade da

educação básica. A ideia de democratização do ensino, deve estar pautada na

construção de mecanismos que possibilitem uma educação de qualidade para todos

os estudantes.

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4.4 Categoria 3 – Avaliação da aprendizagem nas práticas

escolares.

A avaliação da aprendizagem, ao se referir aos objetivos da escola e do

ensino e constituir o trabalho pedagógico, pode contribuir para tornar visível o que a

educação concebida tenta ocultar por intermédio da normalização do seu fazer. Para

isso, não pode ser concebida como simples instrumento de cobrança, de verificação

ou constatação de não aprendizagens, ou seja, apenas como verificação e

constatação dos desempenhos. Ela precisa ser trabalhada na perspectiva do

estímulo ao raciocínio dos alunos, para favorecer a autonomia moral e intelectual,

da capacidade de compreender o meio em que vive, de fazer escolhas e de saber

que as escolhas revelam nosso compromisso político-social.

Mudar a prática da avaliação nas escolas, na direção de uma avaliação

crítico-transformadora, requer que se trabalhe na conquista do sonho com uma

escola democrática.

A avaliação da aprendizagem não deve se restringir àquilo que é

memorizado, verbalizado e escrito, desencadeando a necessidade de construir

formas diferentes de avaliar os diferentes conteúdos. A avaliação formativa, em sua

dimensão mais qualitativa, centraliza-se no aluno, integra-se no cotidiano e

transfigura o ambiente da sala de aula em um lugar em que a aprendizagem é o foco

principal e todos os participantes interagem para aprender, com o protagonismo dos

alunos (ABRAMOWICZ, 2005).

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Estão reunidas nesta categoria dissertações e teses cujos autores focalizam

avaliações das práticas escolares em escolas do ensino básico.

Esta categoria é composta pelos trabalhos dos seguintes autores: Alves

(2000), Almeida (2001), Smole (2001), Néri (2003), Albuquerque (2003), Maciel

(2003), Dazzani (2004), Lopes (2004), Murad (2005), Santos (2005), Uler (2005),

Zeraik (2006), Barros (2007), Rojas (2007), Castro (2007)

Dos quinze trabalhos apresentados nessa categoria, quatro trabalhos

abordam a avaliação da aprendizagem no Ensino Médio, entre eles um refere-se à

avaliação em Educação a Distância (EAD), dois referem-se a avaliação da

aprendizagem no contexto da inclusão de alunos com necessidades educacionais

especiais na escola pública, um trabalho contempla a análise de periódicos

relacionados a avaliação educacional e oito trabalhos referem-se a avaliação da

aprendizagem no Ensino Fundamental.

Alves (2000) em sua tese defendida na Universidade Estadual de Campinas –

UNICAMP, teve como objetivo tematizar a educação continuada, partindo do

pressuposto de que os processos de educação continuada podem favorecer a

democratização do ensino tendo com referência as demandas postas pelo

neoliberalismo à educação. Para isso procurou investigar qual a natureza dos

componentes presentes em processos de educação continuada que têm como

objetivo desencadear e alavancar o trabalho educacional coletivo, comprometido,

engajado e transformador e a que categoria pertencem.

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Em seu estudo optou pela pesquisa qualitativa utilizando-se da entrevista

semiestruturada e análise de três projetos implantados nas antigas Delegacias de

Ensino em 1987 pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo que são:

Projeto Alfabetização Teoria e Prática, Projeto Construindo o Sucesso na Escola e

Projeto da Escola Cidadã. Realizou entrevistas com quatro educadores que foram

discutidas questões relacionadas à política e à educação e alguns aspectos ligados

à temática da educação continuada.

Em seu trabalho fazem-se presentes as vozes político-acadêmica, político-

institucional, político-sindical e político parlamentar, que, a partir de posições críticas

sobre os caminhos e descaminhos da educação, centram sua análise no

desenvolvimento profissional de educadores por meio de processos de educação

continuada, reconhecendo obstáculos e apontando perspectivas. São as vozes da

sociedade civil e da sociedade política organizada, que, tendo a realidade como

ponto de partida e de chegada, nem por isso deixam de enunciar os sonhos e as

utopias dos que acreditam que são os homens que constroem a sua história.

Almeida (2001), em sua dissertação de mestrado defendida na Universidade

de São Paulo - USP, abordou a avaliação da aprendizagem escolar e a função

social da escola. Seu problema foi de investigar como tem sido apresentado o

conceito de avaliação da aprendizagem escolar, em artigos e periódicos

especializados e, como tal conceito é relacionado à função social da escola. Em sua

metodologia a autora baseou-se na Teoria Crítica da Sociedade. Justifica-se pelo

fato de que formação e educação surgem como uma das preocupações centrais da

teoria. Foram selecionados 29 artigos que apresentam temas relacionados com a

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avaliação educacional e por tratar mais especificamente da avaliação na ação

pedagógica, concentrados no período de 1982 a 1988.

Como resultado de seu estudo, Almeida (2001) concluiu que o conceito de

avaliação da aprendizagem e o papel da escola na formação do sujeito crítico

aparecem como temas instigantes e, ao mesmo tempo, reveladores de uma série de

questões diretamente relacionadas à finalidade da ação educativa. Considera-se

necessário retomar alguns dos conceitos da avaliação da aprendizagem,

apresentados nos artigos selecionados, a fim de trazer à tona questões internas

importantes acerca da relação existente entre o conceito de avaliação e a função

social da escola. A redução do conceito da aprendizagem escolar é reduzido ao

domínio cognitivo e, consequentemente da avaliação escolar à aferição de medida.

Smole (2001), em sua tese defendida na Universidade de São Paulo - USP,

investigou as relações entre concepções de inteligência e a avaliação escolar, com o

intuito de desvendar as possíveis implicações educacionais daí decorrentes,

especialmente no referente ao projeto de formação do aluno e na constituição de um

sujeito com autonomia para realizar seus projetos pessoais.

A pesquisa deu-se a partir da análise crítica da avaliação praticada na escola

significativamente influenciada pela medição e pela busca da objetividade, para

relacioná-la com uma visão distorcida do aluno sobre sua inteligência, sobre o valor

do conhecimento escolar e com a perda, no aluno, da vontade por aprender.

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Smole (2001), considera que a avaliação é um elemento articulador do

processo de ensino e aprendizagem desempenhando papel central na formação do

aluno, e que a perspectiva da classificação presente na avaliação pode ser

superada se a escola aproximar a avaliação da perspectiva de projeto. A autora

tomou por base a Teoria da Inteligência Criadora, de José Antonio Marina. O

trabalho examinou a forma da avaliação na escola, propondo ações que auxiliem a

transformação da prática e apresenta como conclusão que é possível organizar um

caminho para a avaliação, que seja viável de ser desenvolvido e utilizado na prática

escolar. A proposta é conceber a avaliação como um elemento intrinsecamente

associado ao projeto educativo e mediador das propostas pessoais dos atores do

processo de ensinar e aprender.

Néri (2003) em sua dissertação de mestrado defendida na Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo – PUCSP, investigou e analisou a concepção

de avaliação da aprendizagem dos professores do Ensino Fundamental de 1ª a 4ª

série da escola pesquisada.

Em sua pesquisa optou pela abordagem qualitativa. Utilizou a entrevista

semiestruturada e fez uso da análise documental. Participaram, da entrevista 12

professoras que trabalhavam com crianças de 1ª a 4ª série do Ensino Fundamental.

Néri (2003) chegou à conclusão de que as concepções do grupo oscilaram

muito entre uma epistemologia positivista e dialética emancipatória. Grande parte

das professoras entrevistadas retrata a avaliação da aprendizagem como função de

fornecer um “feedback” para o professor. A gestão do tempo – tempo do aluno e o

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tempo dos programas, compartimentaliza o espaço disponível para a aprendizagem

de forma rígida e inflexível. A concepção de aprendizagem expressa por vários

professores ainda remete como um bem a ser transmitido, exposto, passado pelo

professor. Concluiu ainda que todos os professores entrevistados encontram na

avaliação um retorno, um feedback para a melhoria de sua atuação em sala de aula.

Os documentos da escola revelam a opção por um trabalho qualitativo em avaliação.

Albuquerque (2003) em sua tese defendida na Pontifícia Universidade

Católica de São Paulo – PUCSP, investigou se é possível fazer rupturas com os

modos tradicionais e/ou tecnoburocráticos de conceber e praticar a avaliação,

ressignificando-a numa perspectiva emancipadora em direção à construção coletiva

do projeto político pedagógico da escola. Se a avaliação educacional pode se

construir como uma estratégia de gestão da qualidade da escola, do currículo, das

práticas de sala de aula e ainda se há possibilidade de se reconstruir a escola numa

perspectiva democrática.

Em seu trabalho a autora optou pela pesquisa etnográfica, e em seguida

caracterizando-se como pesquisa-ação. A pesquisa aconteceu em uma escola de

Ensino Fundamental na cidade de Curitiba, estado do Paraná. Durante dois anos

consecutivos, a investigação foi desvelando o movimento da avaliação na tessitura

curricular, demonstrando como uma reflexão crítica – coletiva – do currículo e da

avaliação abre caminhos para a criação de um novo conhecimento solidariedade –

emancipação.

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Em sua pesquisa Albuquerque (2003) concluiu que na medida em que as

relações sociais/pedagógicas vão se tornando mais abertas ao diálogo, concretiza-

se como realidade na escola esta função moduladora da avaliação e passa a ser

questionada e transformada, em especial, pela problematização desses

condicionamentos institucionais/sociais. A pesquisa comprovou também que o poder

não está exclusivamente nas mãos do professor nem o poder é gerado nas mãos

deste a diversidade da escola. A tese demonstrou que pelos caminhos da avaliação,

a escola como organização aprende a se reconstruir democrática, fundamentada

numa ética comunitária, em que o diálogo crítico é o elo mais forte de ligação

pedagógica entre escola: educadores, educandos e as famílias, reafirmando o

compromisso com a formação plena do ser humano – significado real de sua

existência.

O trabalho de Maciel (2003) defendido na Universidade Estadual de

Campinas – UNICAMP, investigou que contribuições a avaliação praticada pelos

professores de Matemática do Ensino Médio, de uma escola pública de São Luis do

Maranhão, tem oferecido para o seu ensino e a aprendizagem de Matemática para

os seus alunos.

Maciel (2003) optou por uma abordagem qualitativa, por meio de estudo de

caso. Para tanto, realizou entrevistas semiestruturadas, questionários abertos e

observações da prática de avaliação em sala de aula, na modalidade observação

participante e análise de instrumentos de avaliação e documentos da escola. Os

sujeitos da pesquisa foram três professores, um de cada série do Ensino Médio e

seus alunos.

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Por meio deste estudo, Maciel concluiu que a avaliação praticada pelos

professores sujeitos da pesquisa, cuja escola não oferece condições ideais para

uma avaliação formativa, presta-se mais ao jogo institucional, ou social, que lhes é

imposto pelo sistema de ensino, do que ao jogo pedagógico mais coerente com a

avaliação formativa. Assim, pouco contribui para o processo ensino-aprendizagem

de Matemática.

Dazzani (2004), em sua pesquisa defendida na Universidade de São Paulo –

USP, buscou compreender o que fazem e o que pensam alguns professores de

Química do Ensino Médio de São Paulo a respeito da avaliação e da recuperação da

aprendizagem dos seus alunos.

Para a realização de sua pesquisa Dazzani (2004) num primeiro momento fez

uso da pesquisa qualitativa por meio de entrevista semiestruturada. Foram

entrevistados sete professores em nove escolas de São Paulo, sendo três de escola

pública e seis de escolas particulares. Num segundo momento fez uso da pesquisa

qualitativa na vertente análise de conteúdo. Os participantes desse estudo foram

120 alunos do 1º e 2º anos do Ensino Médio de uma escola particular. A pesquisa foi

desenvolvida em três etapas. Na primeira etapa foram aplicadas provas, uma na

forma dissertativa e outra na forma de testes. Na segunda etapa quem não

conseguiu a nota teve outra oportunidade para recuperação, fazer outra prova com

cinco questões dissertativas. Na terceira etapa foram dadas duas aulas de 50

minutos para o aluno rever seus conceitos de química e em seguida cada aluno

respondeu a um questionário que deveria ser preenchido durante a questão de cada

questão.

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Em seu trabalho Dazzani (2004), concluiu que a maioria dos professores

entrevistados alega possuir autonomia no que diz respeito ao processo de avaliação

e de recuperação da aprendizagem de seus alunos, mesmo assim, nota-se uma

grande insatisfação em relação aos resultados obtidos.

Conforme a pesquisadora, o processo de avaliação e recuperação,

desenvolvidos na pesquisa, no segundo momento, mostrou-se muito mais eficiente

do que os modelos anteriormente empregados na escola. A aprendizagem deu-se

de forma mais significativa e os estudantes puderam reformular os conceitos de

química que ainda apresentavam dificuldades. Percebeu-se um melhor

desenvolvimento do método com os alunos do 1º ano do Ensino Médio. Os alunos

do 2º ano do Ensino Médio apresentaram uma resistência maior em relação às aulas

de recuperação que exigia sua participação, visto que já estavam acostumados com

as prática avaliativas adotadas anteriormente. Notou-se que as oportunidades de

aprendizagem cooperativa que o método oferece facilitaram o processo de

reformulação dos conceitos químicos e que a autoavaliação favoreceu uma postura

crítica diante de seu próprio aprendizado. O processo avaliativo adotado permitiu o

desenvolvimento de uma nova atitude dos alunos do processo de aprendizagem. Os

alunos se mostraram mais conscientes para recuperar seus conhecimentos.

Lopes (2004) em sua dissertação de mestrado defendida na Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo – PUCSP, discute a viabilidade da

implementação de processos avaliativos em ambientes virtuais, suportado por

ferramentas de comunicação interativas. Em sua pesquisa buscou responder a

seguinte questão: ao se disponibilizar um curso, totalmente à distância, utilizando

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recursos digitais e abordando um tema matemático específico, qual processo

avaliativo permite revelar o desempenho de cada aluno?

Em seu estudo o pesquisador concluiu que o processo avaliativo do curso deu

ênfase à avaliação formativa, contínua e abrangente, adotando mecanismos

auxiliares, como a autoavaliação e o rastreamento da interação e da colaboração

praticada pelos alunos.

As análises mostraram que as atividades caracterizadas como verdadeiras

situações-problema, no sentido de uma efetiva problematização, levam os alunos à

busca de informações, sugestões ou contribuições dos demais participantes, numa

perspectiva de um trabalho colaborativo. Quanto ao modelo avaliativo proposto, os

resultados obtidos apontam para sua viabilidade, condicionada ao intenso

comprometimento e atuação do professor-formador.

Murad (2005) em sua tese defendida na Pontifícia Universidade Católica de

São Paulo – PUCSP, procurou verificar se a autoavaliação e/ou a avaliação de

parceiro são instrumentos eficazes para a construção e desenvolvimento da

metacognição, e o aperfeiçoamento do processo de ensino e aprendizagem.

Em seu trabalho Murad (2005), optou pela abordagem da pesquisa

qualitativa, tendo caráter descritivoanalítico. Os sujeitos da pesquisa foram vinte e

quatro duplas no total de quarenta e oito alunos da sexta série do Ensino

Fundamental e sua professora de Matemática. O que importava no caso da

avaliação do parceiro era o efeito que a avaliação de outra pessoa pode provocar no

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próprio avaliador. As atividades de autoavaliação do próprio desempenho ou o do

parceiro envolviam tanto conteúdo como habilidades.

Os resultados obtidos na pesquisa de Murad (2005) forneceram alguns dados

e, conseqüentemente, algumas pistas sobre a eficácia da autoavaliação e avaliação

de parceiro como ferramenta a ser utilizada no desenvolvimento da metacognição,

com o intuito de promover um real, ativo e significativo envolvimento de alunos e

professores no processo ensino e aprendizagem. O primeiro aspecto a destacar foi

que os alunos de sexta série do Ensino Fundamental são capazes de desenvolver a

metacognição, quando se envolvem em situação na qual devem se avaliar ou avaliar

seus parceiros, porém não garantem melhor desempenho em suas aprendizagens.

Essa afirmação se baseia em dois fatores, segundo a autora: a) nem todos os

alunos que utilizam a metacognição atingem o nível das habilidades metacognitivas

necessárias para regular suas aprendizagens; b) mesmo os alunos que se propõem

a fazer regulações para melhorar seu desempenho e/ou suas aprendizagens, nem

sempre as realizam.

Tendo em vista os resultados, obtidos a pesquisadora acredita que ainda há

muito que conhecer sobre a metacognição em situação escolar e seus benefícios na

e para a aprendizagem. Alunos e professores precisam tomar consciência de que

aprender é planejar, implementar, gerenciar e avaliar o próprio processo de

aprendizagem.

Santos (2005) em sua dissertação de mestrado defendida na Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo – PUCSP, teve como tema Avaliação da

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Aprendizagem em Sala de Aula: prática dos professores do Ensino Fundamental.

Seu objetivo foi o de compreender como os professores estão avaliando seus

alunos, quais os meios que são utilizados bem como analisar as concepções que

têm sobre avaliação.

A pesquisadora optou pela abordagem da pesquisa qualitativa. Os dados

foram coletados junto aos professores, em uma escola pública estadual, por meio da

aplicação de um questionário com dezenove questões divididas em duas partes,

questões abertas e questões fechadas e entrevistas individuais. Foram participantes

da pesquisa quinze professores.

Como resultado de seu estudo, Santos (2005) aponta para uma valorização

da avaliação pelos professores integrantes da pesquisa. A avaliação é utilizada com

frequência, não só para acompanhar o processo de aprendizagem de seus alunos,

mas também, como reguladora de seus trabalhos. Outro dado importante que

apareceu no resultado da pesquisa foi a valorização dada por alguns professores

aos cursos de formação continuada que foram fator importante nas mudanças de

suas concepções de avaliação e de suas práticas.

O trabalho de Uler (2005) defendido na Pontifícia Universidade Católica de

São Paulo – PUCSP, abordou a prática de avaliação dos professores de uma

escola privada em São Paulo. Teve como objetivo investigar qual a concepção de

avaliação formativa dos professores de 1ª a 4ª série do Ensino Fundamental dessa

escola.

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Uler (2005) optou, em sua pesquisa, por uma abordagem qualitativa, por meio

de entrevista semiestruturada e análise documental. Foram entrevistadas doze

professores que estavam na escola desde a implantação da avaliação formativa, ou

seja, desde 1999.

Por meio desse estudo, Uler (2005) concluiu que as professoras entrevistadas

acreditam na avaliação formativa encontram na avaliação um retorno constante,

veem na recuperação mais um momento de ajuda e de aprendizagem para o aluno.

Referem-se ao erro como uma oportunidade de aprendizagem.

Em seus documentos a instituição pesquisada apresentou a proposta de uma

aprendizagem totalizadora, voltada para a formação integral e para a diversidade de

maneira desafiadora, investindo em processos e não em produtos que vêm ao

encontro das entrevistadas.

A pesquisadora ressaltou também que de fato a escola propicia espaço e

tempo aos professores para a caminhada na construção da proposta educacional

voltada para a formação continuada.

Entretanto, a pesquisa revelou que há necessidade de articulação com a

filosofia da instituição de ensino que reafirma uma perspectiva formativa da prática

da avaliação da aprendizagem. Mas, para que essas conquistas e avanços

expressos pelas entrevistadas se consolidem, é fundamental uma reflexão e revisão

por parte da instituição, dos pontos apresentados que impedem o avanço da

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proposta, sobretudo o número de alunos em sala de aula e o excesso de conteúdo a

ser ministrado aos alunos.

A pesquisa de Zeraik (2006) defendida na Pontifícia Universidade Católica de

São Paulo – PUCSP, investigou através do relato de professores, as atividades

desenvolvidas em classe, particularmente o modo de avaliar seus alunos, com foco

nos alunos com deficiência, verificando se práticas inclusivas estão corretas na sala

de aula,

A autora, em sua pesquisa, optou por uma abordagem qualitativa por meio de

entrevistas e análise documental envolvendo dados da Secretaria Estadual de

Educação e da Diretoria de Ensino Centro-Oeste, referentes ao número de

professores, alunos, classes especiais, salas de recursos, alunos em inclusão e

habilitações dos professores das classes especiais.

Os resultados revelaram que, em termos de legislação, normas e instruções,

a Educação Inclusiva pode sentir-se amparada e protegida. Quantos às práticas

inclusivas, bem como quanto à proposta de inclusão dos alunos com deficiência, são

desejáveis e possíveis, porém muitos fatores, físicos, pedagógicos, materiais e

humanos, ainda faltam para torná-las concreta e enriquecedora.

A pesquisadora conclui que teremos uma escola verdadeiramente inclusiva,

quanto maior for nossa capacidade de entender que a avaliação deve ser melhorada

com práticas educativas da qual ela faz parte. Não tem sentido trabalhar

especificamente a avaliação, sem que as práticas estejam pautadas no

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112

reconhecimento das diferenças e na intervenção sobre as condições de

aprendizagem, para que todos possam aprender.

O trabalho de Barros (2007), que foi defendido na Universidade de São Paulo

– USP, teve como objetivo investigar como se desenvolve o conceito de avaliação

na formação de professores em atividade colaborativa.

A autora utilizou a pesquisa colaborativa para o desenvolvimento de seu

trabalho. Para o levantamento de dados, além da participação da pesquisadora

como observadora e colaboradora no projeto durante três semestres consecutivos,

foram gravadas as discussões coletivas de avaliação das ações dos estagiários e

dos alunos de 1ª a 4ª séries. A transcrição das fitas, as observações realizadas pela

pesquisadora in loco, os relatórios produzidos pelos estagiários ao final de cada

semestre e os questionários respondidos compuseram as fontes que foram

analisadas a partir dos pressupostos teóricos da Teoria da Atividade e dos conceitos

de professor reflexivo e de avaliação, levantados pela pesquisadora em estudo

bibliográfico.

Em seu trabalho a pesquisadora chegou à conclusão de que durante todo o

processo de ensino e aprendizagem vivenciado no Clube da Matemática, a

avaliação das atividades pedagógicas, realizadas de forma coletiva, apresentou

indícios sobre os processos formativos no que se refere à escolha dos conteúdos

matemáticos trabalhos para a elaboração de atividades orientadoras de ensino,

revelando um modo de formar-se do estagiário na ação de ensinar. Barros (2007)

pôde concluir que a avaliação é uma prática presente no processo ensino-

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aprendizagem que ocorre no espaço de formação inicial. O conceito de avaliação é

formado pelos futuros professores por meio da avaliação reflexiva de todas as ações

realizadas colaborativamente.

Rojas (2007), em sua pesquisa defendida na Pontifícia Universidade Católica

de São Paulo - PUCSP, buscou compreender a partir da fala dos professores como

as diferentes perspectivas avaliativas ou modelos avaliativos presentes na reflexão

acadêmica influenciaram o professor, se é que influenciaram, quais as dificuldades

para a formação do professor do ensino básico, os desafios enfrentados pelos

professores na realização da avaliação de seus alunos e o que pode estar

impedindo as mudanças nas práticas avaliativas.

Em sua pesquisa Rojas (2007) utilizou o procedimento de pesquisa chamado

“bola de neve” ou cadeia, cujo propósito é identificar casos/sujeitos que são ricos em

informação, ou seja busca-se um sujeito significativo, capaz de oferecer informações

relevantes para os fins da pesquisa que, depois de entrevistado, sugere outro

indivíduo, e assim sucessivamente até a saturação das informações.

Foram realizadas entrevistas com doze professores de escolas particulares da

cidade de São Paulo, de diferentes áreas disciplinares e que mais envolvimento têm

demonstrado, em suas respectivas escolas, com mudanças nas práticas avaliativas.

Em sua análise o pesquisador chegou à conclusão de que fica patente a

presença nas práticas pedagógicas dos sujeitos da pesquisa de algumas

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preocupações, de algumas práticas e das intenções associadas aos discursos que

põem seu foco no desenvolvimento da avaliação formativa.

O pesquisador pôde avaliar pela análise dos dados que muitas são as

dificuldades, passando por falta de tempo e de conhecimento para elaboração de

instrumentos ou de materiais que deem conta de averiguar o nível dos saberes dos

alunos e suas dificuldades; as incompreensões que vêm de todos os lados, dos

alunos, das famílias, dos colegas de trabalho, da coordenação e mesmo da direção.

O volume de trabalho inviabiliza maior aproximação dos alunos que mais

necessidade têm da atuação do professor; desconhecimento de várias ordens sobre

aspectos teóricos e práticos da avaliação que permitam auxiliar o trabalho de

melhorar a aprendizagem dos alunos.

Castro (2007), em sua tese defendida na Universidade de São Paulo - USP

teve como foco analisar os procedimentos de avaliação adotados por professores

dos anos iniciais do ensino fundamental de uma escola pública da cidade de São

Paulo, com alunos com necessidades educacionais especiais em suas turmas.

Optou pela pesquisa qualitativa, por meio de entrevistas e análise de conteúdo.

Castro (2007) em sua pesquisa chegou à conclusão de que de uma maneira

geral, os consensos e conflitos existentes quanto à avaliação dos alunos com

necessidades educacionais especiais retomam, em grande parte, os fatores

intervenientes que dificultam a implementação de uma avaliação formativa para a

sala de aula como um todo. Esses fatores parecem originar-se de concepções de

ensino e aprendizagem mais tradicionais, que permanecem na escola, sobre as

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quais as professores sentem-se pressionadas a construir práticas pedagógicas

supostamente adequadas a um paradigma vigente de atenção à diversidade. As

evidências encontradas na pesquisa permitiram alguns direcionamentos para a

formação continuada, demandando atenção prioritária da escola na organização de

espaços e tempos para o compartilhamento de experiências e planejamento

colaborativo dos procedimentos de avaliação.

Analisando esta Categoria da Avaliação Escolar – Práticas Pedagógicas pude

verificar que a avaliação escolar constitui um assunto de extrema importância e

necessidade para o ensino e para a vida das pessoas. Das teses e dissertações

analisadas nesta categoria oito mostraram a avaliação como um processo em

construção avançando para uma avaliação formativa, emancipatória, mas para

quatro, a avaliação ainda é uma das áreas que mais desencadeiam conflitos nos

docentes. O que pude perceber é que em todas há um grande avanço na teoria,

com boas discussões com os autores que defendem e lutam para uma avaliação

contínua, emancipatória o que anima para o avanço nessa área.

A avaliação da aprendizagem mesmo definida como uma das tarefas do papel

do professor, corresponde à atividade pedagógica que ainda em muitos casos os

docentes encontram dificuldades para avaliar, que menos gostam de fazer,

manifestam insegurança e inclusive reconhecem que ainda preferem as provas

tradicionais, pois se sentem mais seguros. Por essas pesquisas ainda se percebe,

nos cursos de formação, um descuido ou certa desarticulação no tratamento do

fenômeno avaliativo na organização do trabalho pedagógico. Muitas vezes, a

abordagem da temática reduz-se ao estudo superficial de conceitos de avaliação

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escolar sem a preocupação com uma análise sociológica, política e pedagógica que

possibilita a construção de uma concepção de avaliação qualitativa e democrática

para além da limitada visão que se fixa nas medidas e nos registros numéricos

fechados e precisos.

Nesse sentido, a vivência da avaliação nos espaços de formação de

professores deve superar a preocupação com a medida da quantidade do que deve

ser ensinado, e se constituir como um dos elementos do processo ensino-

aprendizagem que visa à concretização de seus objetivos para a garantia da

qualidade da formação. Assim, as práticas avaliativas precisam acontecer de

maneira que se consiga mobilizar o encaminhamento das ações locais, o que

significa dizer que professores e alunos devem saber interpretar os dados da

avaliação para melhoria do processo e não simplesmente escolher os instrumentos

ou constatar desempenhos.

A avaliação escolar está relacionada a uma ação de comunicação, de

produção de informações sobre o sujeito avaliado e que se tornará pública. Por isso

o cuidado sugerido por Hadji (2001), para que, antes de formar e externar uma

opinião final sobre o aluno, possamos levar um tempo pensando sobre ele,

analisando cuidadosamente seus desempenhos no processo de ensino e

aprendizagem.

Modificar esse quadro implica focarmos nosso olhar avaliador sobre o aluno

e em diferentes ângulos, percebendo os progressos realizados, por pequenos que

possam parecer e encontrar algumas pistas para o que ainda não foi conseguido.

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Implica também a escola repensar seus tempos organizados rigidamente em meses,

bimestres, séries.

Dessa forma, o que passa a ter sentido na avaliação escolar é a possibilidade

constante de reflexão sobre o projeto pedagógico, suas metas e suas possibilidades.

Assim, avaliar implica recolher, descrever, analisar e explicitar o processo de ensino

e aprendizagem. Uma ação reguladora e refletida em função de um presente e de

um futuro, tanto em sentido pedagógico, quanto individual. Uma ação mediada pelo

valor que é atribuído a uma aprendizagem que seja relevante para a formação do

ser humano, em sua dignidade ética.

O desenvolvimento de uma reflexão coletiva sobre o trabalho escolar, na ação

e sobre a ação, ousando construir uma nova escola, constitui um caminho promissor

em direção a tornar realidade a avaliação que se coloque a serviço da concretização

do direito de todos a educação escolar.

4.5 Os sistemas de avaliação presentes nas dissertações e teses

pesquisadas.

O processo de avaliação do resultado escolar dos alunos e alunas

está profundamente marcado pela necessidade de criação de uma nova

cultura sobre avaliação, que ultrapasse os limites da técnica e incorpore em

sua dinâmica a dimensão ética (ESTEBAN, 2000, p.8).

Nas categorias analisadas aparecem os seguintes sistemas na Avaliação de

Políticas Públicas: O ENEM, o SARESP, o SAEB e o Sistema de Progressão

Continuada e Ciclos de Aprendizagem e outras práticas escolares.

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Aplicado desde 1998, o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) é um dos

exames criados pelo Ministério da Educação e do Desporto (MEC), integrando as

políticas públicas de avaliação, para todos os níveis de ensino médio do país, “com o

objetivo fundamental de avaliar o desempenho do aluno ao término da escolaridade

básica, para aferir o desenvolvimento de competências fundamentais ao exercício

pleno da cidadania” (Documento Básico, 2000); vincula-se à nova LDB, aos

Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio e às demais avaliações

educacionais propostas pelo Governo federal.

O ENEM tem como finalidade avaliar o ensino médio fornecendo para a

sociedade parâmetros sobre a qualidade de formação que os jovens estão

recebendo nessa fase de escolarização. O ENEM, na condição de Exame Nacional,

propô-se a certificar competências e habilidades. O fato é duplamente novo,

enquanto modelo pedagógico de avaliação e, também, por tratar-se de avaliação

externa. Isso ocorre na forma de Boletim Individual de Resultados, que é o mesmo

instrumento utilizado pelo Provão, o qual avalia com base nos diferentes

saberes,das distintas áreas do conhecimento, envolvidos em cada um dos cursos de

graduação.

É importante situar o ENEM no conjunto das políticas públicas de avaliação.

Sua implantação em 1998, completa a tríade de macro-políticas de avaliação do

recém-construído sistema nacional de avaliação brasileiro, sob orientação neoliberal

e que coloca a avaliação na centralidade das políticas nacionais e internacionais.

Foi, portanto, no governo Fernando Henrique Cardoso, na sua 1ª gestão 1995/1998,

que se implantou o sistema nacional de avaliação.

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Depois de completar dez anos em 2008, o ENEM passou por algumas

reformulações. O Novo ENEM agregou novas funcionalidades em 2009. Além de ser

usado nos processos seletivos de Instituições de Ensino Superior e servir como

critério de distribuição de bolsas do Programa Universidade para todos (ProUni), o

Novo ENEM vai possibilitar que estudantes obtenham certificação no ensino médio.

A partir de 2010 o novo Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) passará a

ser obrigatório para todos os alunos que concluírem o Ensino Médio em escola

pública. De acordo com o Ministro da Educação, Fernando Haddad, a vantagem

para o sistema educacional da obrigatoriedade do ENEM para a rede pública, está

no fato de ele funcionar como um norteador para o que deve ser ensinado nas

escolas.

O processo todo do ENEM é bastante positivo. O cuidado que se deve ter é o

ENEM obrigatório se transformar apenas num grande ranking de escolas, que é o

que já está acontecendo, sem realmente representar a melhoria da qualidade de

ensino.

O Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo –

SARESP teve sua implantação iniciada em 1996 pela Secretaria do Estado de São

Paulo – SEE/SP, como parte de uma trajetória iniciada em 1992, em que, segundo

documentos oficiais, procurava-se construir uma política de avaliação de sua rede de

ensino. Teve seu nome alterado para Avaliação Nacional da Educação Básica –

ANEB em 2005.

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Segundo documentos oficiais da Secretaria Estadual de Educação (SEE), o

Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar (SARESP) tem como objetivos

principais verificar o rendimento escolar dos alunos nos diferentes componentes

curriculares; identificar os fatores que interferem nesse rendimento; fornecer ao

sistema de ensino, às equipes escolares, às equipes pedagógicas das Diretorias de

Ensino (DES) e às escolas informações que possam nortear programas de

capacitação de professores; reorientar a partir dos resultados obtidos a proposta

pedagógica da escola; articular os resultados obtidos com o planejamento escolar;

estabelecer metas para o projeto de cada escola, principalmente no que se refere à

correção do fluxo escolar; estabelecer, nas várias instâncias da SEE, competência

institucional na área de avaliação; criar e manter informações entre a SEE, as

demais redes de ensino e as escolas para subsidiar a gestão educacional;

estabelecer uma cultura avaliativa no Estado de São Paulo, e promover reflexões

sobre a qualidade de ensino e encontrar alternativas para melhorá-la, redirecionando

as políticas públicas na área educacional.

È fundamental que os resultados do SARESP sejam apropriados como

evidências sobre onde estão os principais problemas de cada escola e Diretoria, o

que se deve mudar, e quais são as ações pedagógicas necessárias para fazer com

que os alunos aprendam mais.

É fundamental também a análise conjunta, tanto nas escolas como nas

Diretorias de Ensino, dos fatores e variáveis que podem estar associados aos

resultados de cada aluno, escola e Diretoria. Caso contrário, temos um sistema com

o potencial de ser uma avaliação do sistema, mas que é utilizado somente como

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assessment (verificação do desempenho), ou seja, enfatizando apenas as

pontuações em detrimento da reflexão do contexto nas quais elas foram geradas.

Ao classificar as escolas em boas e, conseqüentemente fazendo das outras

as más, o SARESP deixa de ser um instrumento a serviço da melhoria da qualidade,

tornando-se um mecanismo de comparação entre as escolas e controle dos

resultados pelos órgãos centrais.

Considero extremamente importantes os sistemas de avaliação para a busca

da melhoria da qualidade da educação pública para todos os alunos e que, para

realizar este objetivo, sua implantação deve estar pautada na construção de

instrumentos avaliativos que permitam analisar as características e os valores

culturais da comunidade escolar, a organização do trabalho pedagógico nas escolas

e os investimentos financeiros destinados à educação. Para que uma avaliação de

sistema, assim como o SARESP, possa contribuir com a perspectiva de um ensino

público de qualidade, ela não deve ser vista somente como resultado, mas sim como

processo.

O Regime de Progressão Continuada, implantado em São Paulo no ano de

1998 tem como fundamento principal a organização curricular em ciclos de estudos,

garantindo a contínua aprendizagem do aluno, ao longo do período determinado na

lei3, buscando a diminuição da evasão escolar e da repetência. Tal sistema é

amparado na Lei de Diretrizes e Bases da Educação, nº 9695/96 que permite a

flexibilização do sistema de ensino em ciclos de estudos.

3 No caso paulista, os ciclos têm duração de quatro anos.

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A proposta de organização curricular em ciclos de estudos não é exatamente

uma novidade na educação brasileira, segundo Mainardes (2002). As primeiras

discussões acerca de temas como os ciclos e promoção automática remontam ao

final da década de 50 e naquela época já causavam polêmicas. Mainardes (2007)

nos diz que o Projeto Ciclos de Aprendizagem em São Paulo pode ser considerado

a semente de uma visão mais ampla, abrangente e radical da organização da

escolaridade em ciclos que se fortaleceu nos anos 1990. De acordo com Alavarse

(2002), a implantação desse projeto foi influenciado pelas discussões sobre a

reforma do sistema educacional francês, iniciada em 1989. Segundo ele,, um dos

principais documentos da reforma francesa circulou entre os formuladores da

proposta dos ciclos e alguns trechos foram incorporados na exposição de motivos do

Regimento Comum das escolas de São Paulo, em 1991.

As primeiras propostas de Promoção Automática surgiram como alternativas

para a diminuição da evasão escolar e da repetência, eliminando a retenção,

especialmente nas séries iniciais de alfabetização e adequando os currículos às

necessidades dos alunos.

A implantação desse sistema feita ao longo dos anos 60 e 70, nos estados de

São Paulo, Santa Catarina e Rio de Janeiro mostraram-se ineficientes. Estudos

feitos comprovaram que houve queda na qualidade do ensino, pois, na prática, a

Promoção Automática se restringiu à simples eliminação da reprovação e da

avaliação, sem a incorporação das medidas pedagógicas complementares.

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Para que houvesse sucesso na implantação da proposta, autores como

Almeida Junior (1957) e Leite (1959) apontavam medidas pedagógicas

complementares: trabalho pedagógico diversificado, critérios, objetivos,

aperfeiçoamento docente e revisão curricular.

Em meados dos anos 80 é que surgem as propostas de organização da

escolaridade em ciclos, especialmente nas séries iniciais do Ensino Fundamental

configurando-se mais claramente, os chamados Ciclos Básicos de Alfabetização.

Destacamos as propostas de São Paulo em 1984, Minas Gerais em 1985, Paraná e

Goiás em 1988, pois abriram espaço para o debate sobre o sistema de ciclos nas

demais séries do Ensino Fundamental. Nos anos 90 retomaram-se os estudos sobre

a Promoção Automática que fundamentada sobre novas bases configura a

Progressão Continuada.

Com a intenção de propiciar a construção de novos significados para os

tempos e espaços escolares, os ciclos têm como uma de suas primícias a

organização do trabalho de forma a integrar e possibilitar a participação da

comunidade escolar. Isso se dá por meio da elaboração coletiva do projeto político

pedagógico da escola, compartilhando ideias e efetivando ações. É de importância,

para tanto, a criação de condições para superar a segmentação herdada do regime

seriado, a qual determina que professores, individualmente, se responsabilizem pela

aprendizagem dos alunos. O ciclo é uma proposta de reordenação escolar mais

ampla, que pressupõe uma nova compreensão do currículo e, portanto, da seleção e

ordenação dos conhecimentos, dos processos de ensino e aprendizagem, uso dos

tempos, espaços e materiais e, finalmente, da avaliação.

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O Sistema de Progressão Continuada busca diminuir os elevados níveis de

repetência e de evasão escolar, uma vez que pretende respeitar o ritmo de

aprendizagem do aluno, fazendo-o progredir de um ano para o outro, rompendo com

a ideia de que todos devem aprender da mesma forma, a mesma coisa e ao mesmo

tempo.

Com esse sistema a avaliação adquire maior importância, pois é com ela que

o professor poderá detectar os pontos fracos e as defasagens, bem como os

progressos e avanços dos alunos, buscando em última análise sua própria

emancipação. Assim, o sistema de Progressão Continuada exige uma série de

transformações profundas no centro do processo educativo, aumentando a

responsabilidade tanto de quem ensina como de quem aprende, com o cuidado para

não inverter sua lógica transformando o sistema em simples promoção automática,

ou seja, o aluno segue seus estudos de um ano para outro sem uma avaliação

consistente.

Das pesquisas analisadas, percebe-se que houve pouco avanço na forma de

avaliar no Sistema de Progressão Continuada e dos Ciclos. Podem-se verificar

algumas posições resistentes em relação ao que tem sido proposto. A avaliação

ainda continua sendo pontual, a grande maioria dos educadores ainda é contrária à

proposta, ainda há elementos da lógica seriada. Fica evidente nas pesquisas

analisadas que da forma que o Sistema de Progressão Continuada foi implantado,

vindo de cima para baixo, com a ausência de orientações e sem a formação do

professor, a consequência é o desconhecimento por parte dos professores, dos

princípios básicos do Regime de Progressão Continuada, gerando distorções como

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ausência de avaliação e promoção automática dos alunos e não havendo mudanças

na prática avaliativa do professor.

Não podemos responsabilizar unicamente o professor por esses problemas. A

avaliação formativa é uma prática que exige conhecimento e estudo, ação coletiva e

integrada dos profissionais que atuam na escola. Sabemos que a maioria dos

docentes não foi preparada para atuar nessa direção.

É bom ressaltar que há também um movimento de mudança de postura por

parte de alguns profissionais da educação diante das novas realidades criadas pelos

ciclos e pela Progressão Continuada refletida em seus entendimentos e ações como

discussões sobre as finalidades da educação, a função social da escola, a

organização e a cultura escolar, as práticas pedagógicas. No entanto, há muito

ainda a ser feito, visto que a prática docente, apesar do esforço desses profissionais,

é cheia de contradições e inconstâncias. Constata-se um grande potencial

transformador nos docentes que faz com que, mesmo em um contexto pouco

satisfatório, se mostrem empenhados e comprometidos com o ensino.

Vasconcellos (1999) considera como aspectos importantes na implantação dos

ciclos e da Progressão Continuada, a participação do professor na formulação das

propostas e os investimentos na formação, atualização e condições de trabalho. De

acordo com Demo (1998), Firme (1994), Oliveira (1998) e Freitas (2003), a

interferência competente do professor para recuperar o aluno pressupõe a

necessidade de investir na aprendizagem docente por meio de oportunidades de

capacitação, voltadas à reconstrução do conhecimento, que resultem em inovação

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na escola e em impacto na aprendizagem dos alunos, valorizando os profissionais

da educação, inclusive, com melhores salários e com financiamento de pesquisas.

Há, portanto, a necessidade de um compromisso efetivo por parte dos gestores para

garantir com lições adequadas de formação profissional e de trabalho.

O fato é que o universo escolar gira em torno da avaliação e se organiza em

função dela, o que ocasiona atividades automatizadas, ou, em outras palavras,

anula a possibilidade de se refletir e de se perceberem os jogos de relações de

poder, implicados no ato de avaliar. Cabe ao professor instigar uma aprendizagem

dialógica, prazerosa e significativa, para que o educando seja personagem desta

história que se constrói a cada dia.

A avaliação é uma prática social orientada, sobretudo para produzir

questionamentos e compreender efeitos pedagógicos, políticos, sociais,

econômicos do fenômeno educativo, e não simplesmente uma operação de

medida e muito menos de um exercício autocrático de discriminação e

comparação (SOBRINHO, 2003, p.177).

É importante considerar a avaliação como um processo pedagógico, que,

principalmente no contexto educacional, torna-se processo permanente que não se

esgota nos limites do tempo de uma simples coleta de informações, de um dado

projeto ou na redação dos relatórios de avaliação. É um processo formativo que

busca conhecer o passado, corrigir o presente, planejar o futuro, que deseja

compreender as dificuldades e equívocos e potencializar as condições para

construir, com melhor qualidade os agentes, a instituição e os contextos.

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É recomendável que a avaliação atue como instrumento crítico e poderoso,

contra a transformação das instituições em empresas de mercado, que se coloque a

serviço da melhoria da qualidade de ensino, além da criação de espaços de debates

e de prática da cidadania.

É nesse viés que devemos construir nossa prática e a nos desafiar a cada dia,

pois, para que exista educação, é preciso que haja construção e participação. A

avaliação formativa é capaz de promover o sujeito histórico e crítico e dinamizar a

construção da autonomia.

Nesse sentido, o caminho da avaliação seria o de garantir um questionamento

reconstrutivo no professor e no aluno. Somente construindo uma visão geral das

questões pedagógicas e da avaliação como instrumento de formação é que se terá a

instrumentação essencial da competência de se confrontar e vencer desafios.

Havendo ainda um caminho a percorrer para uma nova cultura do papel da

avaliação, cito Pereira e Souza (2004, p. 5):

Enfim, precisamos romper com a cultura da seletividade e da

exclusão, atenuar posturas avaliativas classificatórias e evoluir para

abordagem de ensino, de aprendizagem e de avaliação mais compatíveis

com as necessidades dos alunos, procurando construir a escola mais

democrática e acessível a todos, comprometida com a transformação da

realidade.

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Capítulo V

CONSIDERAÇÕES FINAIS

“O que me faz esperançoso não é tanto a certeza do

achado, mas mover-me na busca” (FREIRE, 1995, p.87).

O caminho percorrido nesta investigação possibilitou uma análise sobre a

avaliação da aprendizagem no âmbito das pesquisas realizadas nesse campo nos

programas de pós-graduação em Educação em três universidades: Universidade

Estadual de Campinas – UNICAMP, Universidade de São Paulo – USP e Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo – PUCSP, no período de 2000 a 2007.

Trabalhei com trinta e sete pesquisas que investigaram a Avaliação da

Aprendizagem na Educação Básica, concluídas no período em estudo. Realizei o

resumo de cada produção acadêmica e em seguida fiz suas respectivas análises,

numa perspectiva descritiva analítica, denominada estudos analíticos.

As investigações realizadas encontram-se, na sua maior parte, voltadas ao

Ensino Fundamental, mas já revelam preocupações com a avaliação da

aprendizagem no Ensino Médio e contemplam diferentes perspectivas: enfoque

teórico, práticas de avaliação, procedimentos de avaliação da aprendizagem, análise

de legislação sobre avaliação da aprendizagem, avaliação da aprendizagem na

progressão continuada e ciclos e avaliação de políticas públicas, entre elas o ENEM,

o SARESP, o SAEB.

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Das teses e dissertações analisadas dezessete investigaram a progressão

continuada e ciclos e progressão avaliada. Das que investigaram a progressão

continuada e ciclos, dez 4 concluíram que não houve a efetivação das mudanças

propostas por essas reformas e que permanece uma cultura positivista arraigada por

décadas, prevalecendo o processo classificatório, seletivo e de exclusão escolar.

O que as investigações demonstraram foi uma série de críticas ao sistema,

em especial, a forma autoritária como a Secretaria Estadual do Estado de São Paulo

- SEESP agiu na implantação do projeto e a ausência de orientações sobre o novo

sistema educacional. A consequência dessa forma de implementação ignorou o

desconhecimento por parte dos professores acarretando resistência muito forte na

mudança de atitude diante da avaliação em processo, agora necessária, preferindo

continuar com uma visão tecnicista visando somente uma avaliação de resultados.

Essa visão tecnicista de avaliação também foi verificada na pesquisa de

Sousa (1994), que detectou aproximadamente 50% dos estudos analisados na

concepção técnicista de avaliação, proveniente da matriz positivista. Sousa (1994)

também verificou a necessidade de romper com o paradigma classificatório em favor

de uma avaliação de caráter diagnóstico e/ou da investigação do processo

educacional, adotando como alvo a organização escolar e não apenas o aluno, pois

a dinâmica da organização escolar também é responsável pelo fracasso escolar.

4 Steinvascher (2003), Knoblauch (2003), Bertagna (2003), Arcas (2003), Delgado (2004), Silva

(2005), Poliche (2006), Amaral (2006), Pessoa (2007), Alavarse (2007)

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130

As outras sete pesquisas que investigaram a avaliação continuada e ciclos5

foram mais positivas em relação à questão em pauta. As reflexões produzidas nessa

direção concluíram que o sistema é bom, tem uma visão formativa de avaliação e

que há um movimento significativo de aceitação por parte dos professores. Percebe-

se que só é possível uma mudança significativa de avaliação quando os professores

acreditam e estão engajados na proposta. Apenas, Alavarse (2002) contemplou a

análise da literatura e da legislação sobre a concepção dos ciclos presentes em

documentos. Indicou que as propostas por ciclos devem ser pensadas como

iniciativas capazes de dar sentido e significância para a formação dos alunos.

Das dezessete pesquisas sobre a temática, ciclos e progressão continuada,

foi possível constatar que apenas sete evoluem para a interação teoria/prática.

A categoria Avaliação na Progressão Continuada e Ciclos, formuladas e/ou

implantadas pelo Estado, não foi mencionada por Sousa (1994). Isso se deve, ao

fato dessas políticas serem implantadas na década de 90. Barreto (2001) já acena

para isso quando apresenta um único trabalho nessa perspectiva de Progressão

Continuada com o título: “Avaliação da aprendizagem na progressão continuada:

bases para construção de uma nova escola” de Oliveira, Zilma de Moraes (1998). A

autora discute o caráter inovador da progressão continuada, que conduz os

professores a analisar suas concepções sobre o papel e as finalidades do ensino

fundamental na sociedade brasileira contemporânea e o processo de aprendizagem

de seus alunos.

5 Barros (2004), Oliveira (2004), Moniz (2005), Guirardi (2005), Biani (2007), Cunha (2007)

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131

Na categoria avaliação de políticas públicas, encontrei cinco trabalhos. Três

direcionados ao Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM, um direcionado ao

Sistema de Avaliação Educacional do Ensino Básico - SAEB e um direcionado ao

Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo – SARESP.

O ENEM, por ser uma política pública de avaliação implantada no ano de 1998, não

consta na pesquisa de Sousa (1994) e Barreto (2001).

As três pesquisas direcionadas ao ENEM,6 concluíram em suas investigações

que os resultados obtidos pelos alunos no ENEM oferecem um ganho inexpressivo

na pontuação da classificação final de acesso às universidades, não facilita a

conquista de vagas em cursos com maior procura.

Freitas (2005) que abordou o tema SAEB - Avaliação da Educação Básica do

Brasil, concluiu que no Brasil a avaliação em larga escala surgiu como estratégia de

governo da educação básica resultante da ação política, institucional e

administrativa do Estado Central.

O trabalho direcionado ao SARESP – Sistema de Avaliação do Rendimento

Escolar - Machado (2003) constatou que a concepção dessa avaliação não está

pautada no princípio de servir para uma reflexão coletiva não aponta caminhos para

a construção de uma escola pública que se comprometa com a qualidade da

aprendizagem de todos os seus alunos. Serve sim como mecanismo de

classificação e comparação entre escolas.

6 Fambrini (2002), Felipe (2004) e Locco ((2005)

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As pesquisas relacionadas às políticas públicas de avaliação permitem

concluir que a regulação avaliativa vincula-se a projetos hegemônicos da sociedade.

Barreto (2001) também registra que os estudos mais sistematizados no país pelos

próprios sistemas de aferição – SAEB e SARESP – parecem encerrar-se em si

mesmos, sem que haja um esforço maior de articulação com os demais estudos

sobre a escola e o rendimento escolar. Desse modo, não se evidencia uma reflexão

acumulada, e sim dificuldades de se estabelecer mecanismos de divulgação que

garantam a assimilação das informações e possibilitem a utilização efetiva da

análise dos resultados.

Quanto aos estudos que tratam da Avaliação da Aprendizagem nas práticas

escolares encontrei quinze trabalhos. Dez,7 apontaram para uma caminhada em

busca da avaliação formativa, emancipatória, participativa. Entretanto, Maciel (2003)

e Rojas (2007) concluíram que a avaliação ainda se presta ao jogo institucional, ou

social, que lhes é imposto pelo sistema de ensino, contribuindo pouco para o

processo ensino-aprendizagem-avaliação. Zeraik (2006) e Castro (2007), analisaram

a práticas inclusivas de avaliação, concluíram que a proposta é desejável e possível,

porém faltam políticas públicas consistentes, realistas e eficazes para garantir uma

educação de qualidade ao aluno com deficiência. Apontaram também que há falta

de formação continuada para que professores possam atuar na direção desejada.

Por sua vez, Almeida (2001) que analisou artigos em periódicos sobre

avaliação educacional concluiu que é possível uma compreensão mais clara dos

conceitos de avaliação no âmbito da educação escolar.

7 Alves (2000), Smole (2001), Néri (2003), Albuquerque (2003), Dazzani (2004), Lopes (2004), Murad

(2005), Santos (2005),Uler (2005),Barros (2007)

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As teses e dissertações analisadas mostram a avaliação da aprendizagem

como uma área complexa e desafiadora para os docentes. No geral, ainda se

percebe, tanto nos cursos de formação, como nos programas de formação

continuada, um descuido no tratamento da avaliação como gênese do

desenvolvimento do trabalho pedagógico.

Essa constatação é corroborada por Barreto (2001) em sua pesquisa quando

registra que poucos artigos articulam avaliação com qualificação e formação

docente. A formação do professor sobre o tema é insuficiente e faltam critérios

claros para orientar o próprio processo de formação.

Para haver mudanças significativas na avaliação da aprendizagem é preciso

um trabalho efetivo junto aos professores com formação continuada em serviço,

caso contrário não haverá mudanças. Uma boa formação teórica com a explicitação

de seus fundamentos pode desenvolver, no docente, a capacidade de enxergar os

nexos entre a sala de aula e a sociedade, de se indignar com a naturalização das

injustiças e desigualdades sociais e de compreender que as concepções/ações

seletivas e classificatórias tendem à perpetuação de paradigmas dominantes que

favorecem a exclusão.

Mais do que o conhecimento dos conteúdos próprios para a formação de seus

alunos e do exercício de algumas habilidades, o profissional da educação precisa

dominar a teoria pedagógica e seus fundamentos; ter clareza da lógica de

funcionamento da sociedade em que a escola se encontra inserida; ter consciência e

autonomia para superar constantemente a defasagem do seu capital cultural e dos

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seus alunos; compreender que os objetivos educacionais e de aprendizagem devem

orientar a avaliação, a definição do conteúdo e da metodologia de trabalho.

Outro resultado complementar a esta pesquisa relaciona-se ao número de

teses e dissertações por universidade. Considerando as Universidades que têm

maior número de trabalhos dedicados à avaliação da aprendizagem, destaca-se a

PUCSP com dezenove trabalhos, 51,4% da produção, uma constatação já

evidenciada na pesquisa Estado do Conhecimento realizada por Sousa (1994). Em

seguida a Universidade de São Paulo com doze trabalhos, 32,4%, e, por fim, a

UNICAMP com seis (6) trabalhos, 16,2%. Tal realidade é representada no gráfico

abaixo.

Gráfico 3 - Pesquisas por Universidade - Programa Pós-

Graduação em Educação

19; 51,4%

12; 32,4%

6; 16,2%

PUC /S P

US P

UNIC AMP

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Quanto aos orientadores das teses de doutoramento e dissertações de

mestrado pesquisadas, destacam-se: Sousa (USP) e Cappelletti (PUCSP) com seis

orientações; Junqueira Marin (PUCSP) com três; Abramowicz (PUCSP) e Freitas

(UNICAMP) com duas, todas relacionadas ao tema avaliação da aprendizagem.

Esses docentes em suas publicações têm como foco, entre outras questões, a

necessidade de ressignificar a concepção de avaliação educacional para a

dimensão ética. Apresentam novos modelos avaliativos dentro de uma abordagem

qualitativa de avaliação, com forte apelo social.

0

1

2

3

4

5

6

Gráfico 4 - Orientadores e número de Orientações

Orientações 6 6 3 2 2

Sousa (USP)Cappelletti

(PUC/SP)

Marin

(PUC/SP)

Abramowicz

(PUC/SP)

Freitas

(UNICAMP)

Barreto (2001) também verificou um número considerável de autores que

discutem sobre o tema há pelo menos duas décadas, sugerindo que o campo de

estudos está em processo de consolidação. Entre os artigos que se ocuparam mais

dos referenciais teóricos ou pressupostos da avaliação, da avaliação das práticas

escolares ou dos aspectos institucionais da escola, há um grande número de textos

que se reporta à dimensão qualitativa de avaliação.

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Em relação ao paradigma de avaliação qualitativa (BARRETO 2001), o que

vem à tona é, sobretudo, a afirmação de certos pressupostos. No caso da avaliação

de resultados, como também é chamada a avaliação de sistemas, observa-se o

recurso, a metodologia e os procedimentos altamente sofisticados, bem como o seu

avanço nas redes de ensino. O modelo tem base na vertente econômica que coloca

como centro das reformas educacionais a mudança no estilo de gestão da escola e

propõe mudanças profundas na lógica de operar do setor público.

Pude constatar na pesquisa realizada que os autores de teses e dissertações

pesquisadas se utilizaram de autores nacionais e estrangeiros, que significam

movimentos importantes nos paradigmas de avaliação, trazendo reflexões para seus

aspectos de continuidade, formalidade e emancipação. Já Sousa (1994) em sua

análise dos referenciais teóricos explorados pelos pesquisadores evidenciou que a

quase totalidade expressou uma concepção tecnicista de avaliação, calcada em

pressupostos positivistas. Barreto (2001) por sua vez verificou que a maioria dos

artigos ocupou-se dos referenciais teóricos relativos à avaliação qualitativa de

avaliação.

Entre as três pesquisas do Estado do Conhecimento, Sousa (1994), Barreto

(2001) e Uler (2010), houve um bom espaço de tempo. Nesse espaço e tempo os

dados evidenciaram que houve um pequeno avanço em relação à prática da

avaliação nas escolas. Das teses e dissertações por mim analisadas, boa parte

situa-se na dimensão qualitativa da avaliação, mas é preocupante verificar que,

ainda aparece uma prática tradicional em avaliação, prevalecendo a influência do

pensamento positivista.

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Nas teses e dissertações por mim analisadas a literatura educacional

referente a avaliação da aprendizagem esteve sempre presente. Apesar da grande

produção teórica sobre o tema avaliação da aprendizagem de autores nacionais e

internacionais, constatei que a mudança nas práticas escolares ainda está longe de

ser desejável. O tratamento tradicional da avaliação ainda prevalece no interior de

muitas escolas, voltado só para os resultados finais e não para o processo. Vendo

esse cenário faço algumas indagações: O que acontece no meio educacional, com

tantas teorias, discussões, novos modelos avaliativos, sendo que a prática continua

nos modelos tecnicistas? Será falta de vontade? Comodismo? Falta de formação?

Políticas que vêm sem orientação, sem discussão a serem implantadas?

Ficou evidente que a preocupação dominante na pesquisa realizada foi a de

indicar perspectivas em direção a uma avaliação como processo de investigação,

reflexão e transformação da realidade educacional e trazer elementos para avançar

no conhecimento em relação à avaliação da aprendizagem no contexto escolar,

revelando ainda, significados dessa prática para professores, alunos e outros

profissionais da educação.

É fundamental ressaltar que considero extremamente importante o sistema de

avaliação para melhoria da qualidade da educação. Isso se concretizará quando

houver políticas educacionais direcionadas para a formação do professor,

conscientização por parte de todos os profissionais da educação, formação

continuada em serviço, que consiste em agrupar os educadores para discutirem

suas práticas descobrindo os fundamentos em que se baseiam num constante

movimento de ação-reflexão-ação. Esse pode ser um caminho possível, para mudar

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a prática avaliativa que visa o crescimento e o desenvolvimento do aluno na

perspectiva de uma educação democrática.

Só com a participação e empenho de todos os profissionais da educação e

em especial dos produtores de políticas públicas conseguiremos mudar o cenário da

avaliação da aprendizagem em nossas escolas. Uma prática de avaliação educativa

que tenha o poder de induzir outras práticas, que desacomode, desencadeie

mudanças no conjunto das práticas do currículo escolar.

Pensar e fazer avaliação exige decisão sobre procedimentos que, incidindo

sobre o processo ensino-aprendizagem, adquirem significado quando conseguem

corrigir e melhorar a prática educativa.

A avaliação implica um encontro com outros, com pessoas, e se

concretiza em um projeto de melhoramento que sirva para potencializar os

professores por meio do diálogo e da reflexão de sua prática. Entendida

assim, não é uma simples metodologia, mas uma filosofia que define

aspectos essenciais que se apóiam em uma teoria do sujeito, da escola, da

sociedade, dos valores e do conhecimento (SOBRINHO, 2003; p.172).

Não deixo de reconhecer que iniciativas para o enfrentamento da cultura

escolar, classificatória e seletiva, que está introjetada no meio educacional, vêm

sendo tomadas por parte de muitos profissionais da educação, em direção à

construção de uma nova organização do trabalho escolar conforme foi revelado nas

teses e dissertações da minha pesquisa. Os estudos teóricos presentes nas teses e

dissertações abordam a avaliação da aprendizagem em defesa de uma avaliação

formativa, como instrumento privilegiado de regulação contínua.

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Espero com esta pesquisa, provocar a reflexão sobre os fundamentos, as

práticas, concepções, e políticas públicas, contribuindo para a construção de

conhecimentos e procedimentos no campo da avaliação da aprendizagem nas

nossas escolas.

É fundamental que se articule a discussão sobre avaliação da aprendizagem

com a avaliação institucional. Construir projetos de avaliação, no diálogo e na

negociação sobre o projeto educacional, envolvendo todos os integrantes da escola

é um desafio necessário que deve estar presente para a reflexão coletiva sobre o

trabalho escolar, ousando assim construir uma nova escola, e tornar realidade a

avaliação que se coloca a serviço da aprendizagem e com direito de todos à

educação escolar.

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_______________. Avaliação de Docentes e do Ensino. Brasília, DF: UNESCO,

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investigação educativa. IN: SACRISTAN, J.G. & GOMEZ, A.P. Comprrender e

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da mudança pedagógica. In: Estrela & Nóvoa. Avaliação em Educação: Novas

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ROSALES, C. Avaliar é Refletir sobre o Ensino. Portugal: Edições ASA, 1992.

(Coleção Práticas Pedagógicas)

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Artmed Editora, 2000.

SAMESHIMA, D.C.T. Avaliação Institucional: Uma análise da Produção do

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SANTOS, Wlademir dos. Mensuração e avaliação: significado, funções e diretrizes.

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SANTOS, Wlademir dos. Desvelando a retórica do provão.In: Cappelletti I.F.

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graduação. In: Almeida, F.J. Avaliação em debate: experiências no Brasil e na

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SERRANO, P. S. Metodologia do Ensino e da Pesquisa Jurídica. Barueri, SP:

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SEVERINO, A.J.. Educação, sujeito e história. São Paulo: Olho d‟Água, 2001.

SILVA, TOMAZ. T. Documentos de Identidade: Uma introdução às teorias do

currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.

SISTEMA de Avaliação do Rendimento Escolar: Conhecendo os resultados da

Avaliação, Vol. I,II,III,IV.SEE. São Paulo, FDE, 1998.

SOARES, M.B. Alfabetização no Brasil: o estado do conhecimento. Brasília:

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SOBRINHO, J.D. Funcionamento e modos sociais da Avaliação Institucional. Revista

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SORDI, M.R.L. Repensando a prática de avaliação no ensino de enfermagem. Tese

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SOUZA, S. Z. L. Revisando a teoria da avaliação da Aprendizagem. In: Souza, C.P.

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da pesquisa no Brasil no período de 1980 a 1990. Tese de Doutorado. São Paulo:

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ULER, A. M.. Avaliação Formativa: Um estudo sobre a prática avaliativa dos

professores de 1ª a 4ª série do Ensino Fundamental de uma escola privada.

Dissertação de Mestrado. São Paulo: PUC, 2005.

VASCONCELLOS, C. Avaliação da Aprendizagem: Práticas de Mudança – por uma

práxis transformadora.São Paulo: Libertad, 2000.

ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.

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ANEXO 1

Estudos Analíticos

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Estudo Analítico 01

Categoria: Avaliação da Aprendizagem na Progressão Continuada e Ciclos.

1. Identificação:

Autor: Ocimar Munhoz Alavarse Dissertação de Mestrado Título: Ciclos: A escola em (como) questão. Universidade onde foi defendida: USP - 2002 Orientadora: Profª Drª Sandra Maria Zákia Lian Sousa.

2. Objetivos:

Explorar as concepções de ciclos presentes em documentos – legais e oficiais - , na literatura e em iniciativas de organização do ensino fundamental em ciclos, com suas diferenciações e tensões, analisando-as, identificando seus pressupostos, fundamentos, condições de implementação, implicações, e seu potencial para a democratização do ensino, visando produzir um incremento do conhecimento sobre ciclos.

3. Abrangência:

Redes públicas municipais de São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre.

4. Metodologia:

Efetuou um levantamento das concepções de ciclos presentes na literatura, em documentos legais e oficiais de natureza variada, com destaque para a LDB, os PCN‟s, e as manifestações do CEE-SP e do CNE.

5. Principais contribuições:

O estudo indicou que as propostas por ciclos devem ser pensadas não como experiências localizadas, mas, sim, como iniciativas capazes de dar sentido e significância para a escolarização de milhões de alunos, imperativo da democracia e tarefa para políticas públicas.

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Estudo Analítico 02

Categoria: Avaliação da Aprendizagem na Progressão Continuada e Ciclos.

1. Identificação:

Autor: Paulo Henrique Arcas Dissertação de Mestrado Título: Avaliação da Aprendizagem no Regime de Progressão Continuada – O que os alunos dizem. Universidade onde foi defendida: USP - 2003 Orientadora: Profª Drª Sandra Maria Zákia Lian Sousa.

2. Objetivos:

Investigar que significados a avaliação tem assumido para os alunos uma vez que, após a implantação do regime de progressão continuada, no Estado de São Paulo, ela não tem a função de servir à decisão de promoção ou retenção dos alunos.

3. Abrangência:

Estado de São Paulo. Uma escola da rede pública de Ensino Fundamental

4. Metodologia:

Metodologia qualitativa por meio de entrevista semi-estruturada.

5. Principais contribuições:

Apesar das vigências da progressão continuada no ensino fundamental, a possibilidade de reprovação não desapareceu, continuou existindo através do SARESP e do limite de faltas. A difusão da idéia de que os alunos haviam se desinteressado pelos estudos devido à implantação da progressão continuada, gerando uma desvalorização da escola, não pode ser identificada. Os alunos entrevistados apontaram a escola como a principal forma de ascenção social e de melhoria de suas vidas.

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Estudo Analítico 03

Categoria: Avaliação da Aprendizagem na Progressão Continuada e Ciclos.

1. Identificação:

Autor: Regiane Helena Bertagna Tese de doutorado Título: Progressão Continuada: limites e possibilidades Universidade onde foi defendida: UNICAMP - 2003 Orientador: Profº Drº Luiz Carlos de Freitas

2. Objetivos:

Entender como o regime de progressão continuada estava sendo desenvolvido no Estado de São Paulo, nos termos da proposta pelo governo responsável.

3. Abrangência:

Em uma escola estadual de ensino fundamental em Campinas que atendia ao ciclo

I – Ensino Fundamental

4. Metodologia:

Metodologia qualitativa. A pesquisadora utilizou-se de observações diretas, entrevista semi-estruturada com as professoras, com a Diretora e com a Coordenadora e análise documental.

5. Principais contribuições:

A partir da análise dos dados, demonstrou-se a presença da seletividade escolar, principalmente através da avaliação informal, intensificando no sistema escolar (por meio da “exclusão branda” e “eliminação adiada”) as desigualdades escolares e, conseqüentemente, as desigualdades sociais.

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Estudo Analítico 04

Categoria: Avaliação da Aprendizagem no Regime de Progressão Continuada

e dos Ciclos

1. Identificação:

Autor: Adriane Knoblauch Dissertação de Mestrado Título: A avaliação de alunos na implantação da proposta de ciclos de aprendizagem no município de Curitiba, à luz da cultura escolar. Universidade onde foi defendida: PUCSP - 2003 Orientadora: Profª Drª Alda Junqueira Marin

2. Objetivos:

Verificar até que ponto a lógica seriada foi sendo superada e quais os problemas que a escola sente para implantar a proposta, especialmente no que se refere à alteração no processo avaliativo.

3. Abrangência:

Escola pública na periferia de Curitiba estado do Paraná. Ensino Fundamental

4. Metodologia: A pesquisadora optou pela pesquisa qualitativa. Utilizou-se da observação e de entrevistas semi-estruturadas com as professoras.

5. Principais contribuições:

A pesquisadora concluiu que ainda há a permanência de elementos da lógica seriada, os quais podem ser exemplificados com a busca da homogeneidade para a organização das atividades de recuperação e com a permanência do ensino simultâneo, resultando no atendimento às crianças com dificuldades fora da sala de aula. A pesquisadora percebeu, ainda, uma utilização bastante burocratizada das novas formas de registro da avaliação. Foi possível também perceber um trabalho mais processual com os alunos tendo em vista o nível de aprendizagem da maioria da turma e não mais, a obediência a uma lista rígida de conteúdos a serem trabalhados em cada série.A escola mostrou-se criativa ao elaborar a turma experimental, uma estratégia de recuperação bastante diferenciada das estratégias anteriores.

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Estudo Analítico 05

Categoria: Avaliação da Aprendizagem na Progressão Continuada e Ciclos.

1. Identificação:

Autor: Andréa Steinvascher Dissertação de Mestrado Título: A implantação da Progressão Continuada no Estado de São Paulo: um caminho para a democratização do ensino? Universidade onde foi defendida: USP – 2003

Orientadora: Profª Drª Sandra Maria Zákia Lian Sousa.

2. Objetivos:

Avaliar a implantação da progressão continuada no Estado de São Paulo, buscando apreender possibilidades e limites desta política.

3. Abrangência:

São Paulo. Diretoria de Ensino da capital do Estado de São Paulo.

4. Metodologia:

Metodologia qualitativa. Foram analisados documentos da Secretaria da Educação e do Conselho Estadual de Educação sobre a progressão continuada e outras medidas como manifestações dos sindicatos e associações de profissionais da educação da rede pública paulista.

5. Principais contribuições:

Esta medida pressupõe uma nova concepção da trajetória escolar, tocando em aspectos fundamentais da organização: fragmentação curricular, mecanismo de aprovação/reprovação, papel da avaliação da aprendizagem, relações entre os envolvidos no processo educacional e gestão escolar.

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Estudo Analítico 06

Categoria: Avaliação da Aprendizagem na progressão continuada e nos ciclos

1. Identificação:

Autor: Edir Azeredo Carvalho Barros Tese de doutorado Título: Avaliação escolar no ensino fundamental: prática consciente em progressão continuada Universidade onde foi defendida: PUCSP - 2004 Orientadora: Profª Drª Maria Laura Franco

2. Objetivos:

Refletir sobre a prática da avaliação escolar e sua vinculação com a progressão continuada e o sistema de ciclos, verificando a compreensão do tema por parte de professores e diretores de escolas públicas de ensino fundamental, no estado do Rio de Janeiro.

3. Abrangência:

Escolas públicas do Estado do Rio de Janeiro – Ensino Fundamental

4. Metodologia:

A pesquisadora utilizou-se de questionários, entrevistas informais e observações das escolas.

5. Principais contribuições: A pesquisadora constatou que os professores e diretores estão comprometidos com as relações escolares, percebendo a avaliação escolar como uma prática norteadora dos destinos dos alunos, tantas vezes anulados, especificamente pelo desconhecimento da existência de um continuum da aprendizagem. A interpretação da pesquisadora mostrou a suposição de existência nas escolas estaduais, de pelo menos três grupos entre os professores e diretores do Estado do Rio de Janeiro, que parecem manifestar diferentemente, em suas práticas, o entendimento do que é avaliação escolar e aprendizagem. A situação percebida permitiu constatar a existência de grupos de professores que estão em processo de crescimento quanto ao entendimento da avaliação escolar: uns adotam práticas de avaliação tradicional, outros, práticas de avaliação tradicional e continuada, talvez num estágio de entendimento em avaliação escolar; e um terceiro, prática de avaliação continuada.

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Estudo Analítico 07

Categoria: Avaliação da Aprendizagem no Regime de Progressão Continuada

e dos Ciclos

1. Identificação:

Autor: Adriana Patrício Delgado Dissertação de Mestrado Título: Implantação do Regime de Progressão Continuada: um estudo sobre a participação de professores. Universidade onde foi defendida: PUCSP - 2004 Orientadora: Profª Drª Alda Junqueira Marin

2. Objetivos:

Investigar as práticas avaliativas desenvolvidas pela escola e pelos professores, com o foco nas relações que a avaliação estabelece, direta ou indiretamente, com as condições de trabalho oferecida aos docentes, com as demais práticas educativas da escola e, sobretudo, com as culturas escolares, docente e discente.

3. Abrangência:

Uma escola pública estadual localizada no município de São Paulo. Ensino Fundamental

4. Metodologia: Os dados da pesquisa foram coletados pela observação direta de duas turmas do Ciclo I, seguida de análise de alguns documentos da escola e das entrevistas com o corpo docente, coordenação e direção.

5. Principais contribuições:

Foi possível concluir que permanece fortemente, a lógica da seriação marcada por currículos organizados em disciplinas estanques, menções com juízos de valor e como mecanismo de seleção; o desejo pelo retorno da reprovação atrelado ao ideal da homogeneidade e os professores despreparados e desacreditados das intenções das reformas públicas. Por outro lado, destaca-se que houve algumas mudanças nas práticas educativas e avaliativas, porém, estas não foram suficientes para alterar concepções e hábitos instituídos em uma escola cuja função social, historicamente, tem sido a de selecionar e promover o “avanço” de alguns alunos em detrimento de outros, tendo como maior aliada, a avaliação da aprendizagem. A pesquisadora chegou a conclusão que, embora os professores tivessem alterado algumas práticas periféricas, se manteve o processo classificatório, seletivo e homogeneizador.

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Estudo Analítico 08

Categoria: Avaliação da Aprendizagem no Regime de Progressão Continuada

e dos Ciclos

1. Identificação:

Autor: Roberta de Oliveira Dissertação de Mestrado Título: Implantação do Regime de Progressão Continuada: um estudo sobre a participação de professores. Universidade onde foi defendida: PUCSP - 2004 Orientadora: Profª Drª Alda Junqueira Marin

2. Objetivos:

Investigar como se deu um processo que pretendeu ter a participação dos professores na implantação de uma política pública, a progressão continuada.

3. Abrangência:

Secretaria Municipal de Educação e uma escola de uma cidade da grande São Paulo. Ensino Fundamental

4. Metodologia:

A pesquisadora optou pela pesquisa qualitativa, utilizou-se de da análise de documentos e entrevistas semi-estruturadas.

5. Principais contribuições:

A análise dos dados foi feita a partir de cinco chaves de análise: organização dos horários e locais, práticas das reuniões, processo de discussão, elaboração de fichas avaliativas e avaliação de processo, que puderam ser cortejadas entre si. Foi possível verificar que os professores participaram com sugestões para a implantação dos ciclos e da progressão continuada e que a obrigatoriedade de participar dos encontros não diminuiu o interesse pelo assunto.

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Estudo Analítico 09 Categoria: Avaliação da Aprendizagem na Progressão Continuada e nos

Ciclos

1. Identificação:

Autor: Maria Isabel D´Ándrade de Sousa Moniz Dissertação de Mestrado Título: Ciclos e Avaliação: repercussões da reforma do ensino da Rede Estadual de São Paulo (1996-2003) na sala de aula. Universidade onde foi defendida: PUCSP - 2005 Orientadora: Profª Drª Mere Abramowicz

2. Objetivos:

Investigar se em decorrência das inovações introduzidas pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo a partir de 1996, existem hoje evidências de uma avaliação mais adequada à organização da escolaridade por ciclos.

3. Abrangência:

Uma escola da rede Estadual de Ensino de São Paulo. Ensino Fundamental

4. Metodologia: A pesquisadora optou pela pesquisa qualitativa a partir de observações em sala de aula, entrevistas e análise de documentos.

5. Principais contribuições:

Os resultados revelaram que nas práticas cotidianas concretas o trabalho pedagógico não sofreu alterações proporcionais à amplitude da mudança para uma organização por ciclos. Se por um lado encontraram professores engajados em uma avaliação contínua, que contempla uma ampla gama de atividades avaliativas, por outro contatou-se que o conjunto das práticas favorece pouco o acolhimento da diversidade no interior das salas de aula e, impede que a avaliação complete seu ciclo, com o oferecimento de ajudas ajustadas às necessidade dos alunos. A pesquisadora verificou que as mudanças em sala de aula não são uma consequência natural e direta das inovações introduzidas pelos órgãos públicos. Entretanto, existem brechas para a ação na defesa de possibilidades de mudanças no cotidiano de salas de aula, numa direção mais democrática e inclusiva, através do trabalho em equipe, desenvolvido em torno de um projeto educacional que dê sentido aos esforços coletivos e aos projetos pessoais de cada um daqueles que vivem o cotidiano escolar.

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Estudo Analítico 10

Categoria: Avaliação da Aprendizagem na Progressão Continuada e nos

Ciclos

1. Identificação:

Autor: Maria Márcia Mariani Guirardi Dissertação de Mestrado Título. O sistema de Progresão Avaliada em Santos na voz dos professores Universidade onde foi defendida: PUCSP - 2005 Orientadora: Profª Drª Isabel Franchi Cappelletti

2. Objetivos:

Investigar qual é a avaliação que os professores do Ensino Fundamental da Rede Pública Municipal de Santos/SP fazem dos Sistema de Progressão Avaliada, implantado no município.

3. Abrangência:

Escolas do Ensino Fundamental dos ciclos I e II, de diferentes regiões do município de Santos.

4. Metodologia:

A pesquisadora inicialmente fez o levantamento da literatura sobre o tema avaliação e sua abrangência, sobre progressão, legislação federal, estadual, municipal e documentos oficiais relativos ao assunto. Para a investigação optou pela pesquisa qualitativa envolvendo vinte e cinco professores da Rede Municipal. Utilizou a entrevista semi-estruturada.

5. Principais contribuições:

Os resultados obtidos evidenciaram a grande parcela de professores que concorda com o sistema de Progressão Avaliada e outra que discorda. A análise das respostas mostrou que a maioria dos professores entrevistados apresenta uma prática subsidiada por uma visão formativa. Esses indícios de prática formativa aparecem no relato de suas ações, embora muitos deles ainda apresentem preocupações que os identificam com uma prática mais tradicional de medida, o que revela certa contradição em suas concepções. Há entre os professores um consenso: a avaliação deve estar a serviço da aprendizagem.

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Estudo Analítico 11 Categoria: Avaliação da Aprendizagem na Progressão Continuada e Ciclos.

1. Identificação:

Autor: Sheila Roberti Pereira da Silva Tese de doutorado Título: Avaliação da aprendizagem no contexto da organização do ensino por ciclos com progressão continuada: um estudo a respeito das representações de professores do ciclo I do ensino fundamental de uma escola municipal. Universidade onde foi defendida: USP/SP – 2005 Orientadora: Profª Drª Sonia Teresinha de Sousa Penin

2. Objetivos:

Interpretar as representações das professoras a respeito da avaliação no contexto da organização do ensino em ciclos de aprendizagem com progressão continuada, indicando suas origens e desvendando as condições por meio das quais determinadas representações se formam.

3. Abrangência:

São Paulo. Escola da Rede Municipal de Ensino Fundamental de São José dos Campos.

4. Metodologia:

Pesquisa de tipo etnográfica, de caráter interpretativo. A pesquisadora colheu os dados por meio de observações das práticas de quatro professoras do ensino fundamental, em sala de aula, e por meio de entrevistas gravadas, desencadeadas a partir da descrição feita pelas professoras a respeito de sua prática de avaliação.

5. Principais contribuições:

Permanecem nas práticas das professoras elementos que caracterizam a lógica da seriação. Não são valorizadas outras formas de regulação como prevê uma abordagem formativa de avaliação. O modelo de gestão adotado na escola privilegia uma concepção de avaliação descritiva, quantitativa, somativa e por norma.

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Estudo Analítico 12

Categoria: Avaliação da Aprendizagem na Progressão Continuada e nos

Ciclos

1. Identificação:

Autor: Alessandra Hauk Poliche Dissertação de Mestrado Título: A progressão continuada e suas implicações na avaliação da aprendizagem Universidade onde foi defendida: PUCSP - 2006 Orientadora: Profª Drª Isabel Franchi Cappelletti

2. Objetivos:

Estudar o Regime de Progressão Continuada e suas implicações no processo ensino/aprendizagem, em especial no sistema de avaliação.

3. Abrangência:

São Paulo. Duas Diretorias de Ensino da Capital (DE) – Sul e Note 2. As Diretorias de Ensino foram escolhidas pela pesquisadora ter maior acesso aos professores e por consequência maior receptividade. Ensino Fundamental

4. Metodologia:

Abordagem qualitativa como método de investigação, por meio de entrevistas semi-estruturadas e análise de discurso dos sujeitos para obter o maior conjunto de dados empíricos possíveis acerca do tema estudado.

5. Principais contribuições:

Os resultados revelaram uma série de críticas feitas ao sistema de Progressão Continuada, gerando distorções como ausência de avaliação e promoção automática dos alunos. A intenção da pesquisa foi de contribuir para o debate sobre o sistema de Progressão Continuada, a fim de que se possa garantir a melhoria da qualidade de ensino.

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Estudo Analítico 13

Categoria: Avaliação da Aprendizagem na Progressão Continuada e Ciclos.

1. Identificação:

Autor: Maria Clara Ede Amaral Dissertação de Mestrado Título: Avaliação da aprendizagem na escola ciclada de Mato Grosso: o caso dos relatórios descritivos de avaliação. Universidade onde foi defendida: UNICAMP - 2006 Orientadora: Profº Drº Luiz Carlos de Freitas

2. Objetivos:

Investigar as dificuldades dos professores para produzir e elaborar os relatórios; desvendar o que é viável e o que inviável em se manter os relatórios como avaliação; analisar como são produzidos os relatórios e sua função no cotidiano escolar; analisar as temáticas abordadas nos relatórios, recorrência de temas, tendências, padronizações e repetições.

3. Abrangência:

Município de Cáceres – MT. Em duas escolas da rede estadual de ensino – Ensino Fundamental

4. Metodologia:

Metodologia qualitativa. A pesquisadora utilizou-se de entrevista semi-estruturada, de questionários e análise dos relatórios descritivos.

5. Principais contribuições:

A pesquisadora concluiu que o uso de relatórios esbarra em dificuldades operacionais, apresenta contradições de informações e revelou que a avaliação informal permanece influenciando os juízos de valor emitidos pelo professor, mesmo em uma escola organizada dentro dos princípios dos ciclos de formação.

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Estudo Analítico 14

Categoria: Avaliação da Aprendizagem na Progressão Continuada e Ciclos.

1. Identificação:

Autor: Regina Célia Montefusco Florindo Pessoa Dissertação de Mestrado Título: O processo avaliativo na progressão continuada: qual o sentido do erro?. Universidade onde foi defendida: UNICAMP - 2007 Orientadora: Profª Drª Maria Márcia Sigrist Malavasi

2. Objetivos:

Compreender a função do erro no cotidiano da sala de aula, levando em conta a perspectiva do processo avaliativo que se insere na prática pedagógica no contexto da progressão continuada.

3. Abrangência:

Uma escola Regional da Zona Norte de São Paulo – Ensino Fundamental

4. Metodologia:

Metodologia qualitativa. Os dados foram coletados por meio de observação direta em sala de aula e análise documental.

5. Principais contribuições:

A partir da análise dos dados, evidenciaram-se os tratamentos sentenciosos dados aos erros dos alunos que os inscrevem no âmbito do ser. Em geral, o erro era observado como um indicador do mau desempenho do aluno, do seu mau comportamento, sem jamais ser utilizado para o redimensionamento do processo ensino e aprendizagem. O que permeava a correção dos erros era percebido como o sintoma visível do fracasso do aluno e este, portanto, considerado como culpado e responsável pelos erros cometidos.

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Estudo Analítico 15

Categoria: Avaliação da Aprendizagem na Progressão Continuada e Ciclos.

1.Identificação:

Autor: Rosana Prado Biani Dissertação de Mestrado Título: A progressão continuada rompeu com os mecanismos de exclusão? Universidade onde foi defendida: UNICAMP - 2007 Orientadora: Profª Drª Maria Márcia Sigrist Malavasi

2. Objetivos:

Elucidar como ficou a questão da seletividade, do fracasso escolar e, conseqüentemente, da exclusão após a implantação da proposta da progressão continuada.

1. Abrangência: Uma escola da Rede Estadual de Ensino Fundamental de Campinas – Ensino Fundamental

2. Metodologia:

Metodologia qualitativa. A pesquisadora optou pelo estudo de caso. Realizou entrevistas com os alunos e com duas professoras e fez uso de análise documental.

3. Principais contribuições:

Em sua pesquisa a autora pode afirmar que a implementação da proposta criou condições objetivas para que as discussões sobre as finalidades da educação, a função social da escola, a organização e a cultura escolar, as práticas pedagógicas e a qualidade na educação ganhassem novas dimensões de análise o que poderá contribuir historicamente para a superação da escola seletiva e a construção da escola para todas as crianças.

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Estudo Analítico 16

Categoria: Avaliação da Aprendizagem na Progressão Continuada e Ciclos.

1.Identificação:

Autor: Isabela Bilecki da Cunha Dissertação de Mestrado Título: A postura docente diante dos ciclos de aprendizagem Universidade onde foi defendida: USP - 2007 Orientadora: Profª Drª Elba Siqueira de Sá Barretto.

1. Objetivos:

Revelar a postura dos docentes a partir de suas práticas e das reflexões que fazem sobre seu trabalho, inserido num contexto de ciclos.

2. Abrangência:

Uma escola da rede pública municipal de São Paulo – Ensino Fundamental

3. Metodologia:

A pesquisadora realizou um estudo de caso em uma escola pública municipal de São Paulo. O trabalho de campo deu-se por meio de observação participante, análise documental e de entrevista semi-estruturada com sete professoras do primeiro ciclo do ensino fundamental.

4. Principais contribuições:

A pesquisadora verificou que os docentes, em geral apesar de serem contrários a proposta de ciclos mudaram ao longo dos anos a postura em relação aos alunos diante das novas realidades criadas pelos ciclos, reconstruindo suas práticas como forma de adaptar antigas concepções de ensino à estrutura que foi gerada. Essas mudanças partem da necessidade de atender os alunos com dificuldades de aprendizagem, incluídos no sistema de ensino a partir da implantação do regime de ciclos. A análise revela que as condições de trabalho não têm contemplado demandas importantes como a formação docente, a participação da comunidade escolar, a articulação do trabalho coletivo e a criação de instrumentos de apoio aos alunos nos diferentes anos de ensino fundamental.

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Estudo Analítico 17

Categoria: Avaliação da Aprendizagem na Progressão Continuada e Ciclos.

1. Identificação:

Autor: Ocimar Munhoz Alavarse Tese de doutorado Título: Ciclos ou séries?: A democratização do ensino em questão. Universidade onde foi defendida: USP - 2007 Orientadora: Profª Drª Sandra Maria Zákia Lian Sousa.

2. Objetivos:

Analisar as controvérsias sobre a organização do trabalho escolar em ciclos ou séries face aos desafios da democratização da escola e do estabelecimento de um novo patamar de escolarização, no quadro de suas teorizações e de iniciativas de quatro redes públicas de ensino.

3. Abrangência:

São Paulo, estado e município, Belo Horizonte e Porto Alegre.

4. Metodologia:

A pesquisa delimitou-se pelo rastreamento e levantamento de fontes, no Brasil e no exterior, abarcando estudos e pesquisas, bem como documentos de implantação, implementação e justificativas de iniciativas particulares, elaborados por gestores públicos de redes de ensino..

5. Principais contribuições:

A adoção de ciclos em várias redes e em escala bastante avantajada não levou à ruína da escola, por outro lado não representou o atingimento de patamares há mais de uma década prognosticados, mesmo naquelas escolas de rede cujos dirigentes sustentavam que a proposta era a de inclusão social e cognitiva.

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Estudo Analítico 18

Categoria: Avaliação da Aprendizagem de Políticas Públicas

1. Identificação:

Autor: Valéria Fambrini Dissertação de Mestrado Título: O impacto do ENEM no processo seletivo da PUC/SP Universidade onde foi defendida: PUCSP - 2002 Orientadora: Profª Drª Isabel Franchi Cappelletti

2. Objetivos:

Verificar se o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) provoca algum impacto no processo seletivo unificado da PUC/SP 2002, especialmente para estudantes oriundos do ensino médio, da rede pública de ensino brasileiro.

3. Abrangência:

Alunos de escolas públicas do ensino médio brasileiro – Processo Seletivo Unificado na PUC/SP – 2002 – Ensino Médio

4. Metodologia:

A pesquisadora selecionou os candidatos oriundos da rede pública de ensino para a realização da pesquisa os que fizeram inscrição para participar do Processo Seletivo Unificado PUC/SP em 2002.

5. Principais contribuições:

A análise qualitativa realizada permitiu concluir que os resultados obtidos pelos estudantes no ENEM oferecem um ganho inexpressivo na pontuação final, o que, não facilita a conquista de vagas em cursos com maior procura. As discussões encaminhadas ao longo do trabalho evidenciam a complexidade dos problemas educacionais no Brasil que em muito superam os limites impostos pela realização de exames oficiais.

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Estudo Analítico 19

Categoria: Avaliação da Aprendizagem de Políticas Públicas.

1. Identificação:

Autor: Cristiane Machado Tese de doutorado Título: Avaliar as escolas estaduais para quê? Uma análise do uso dos resultados do SARESP 2000. Universidade onde foi defendida: USP - 2003 Orientadora: Profª Drª Sandra Maria Zákia Lian Sousa.

2. Objetivos:

Investigar como as Diretrizes de Ensino da Secretaria Estadual da Educação de São Paulo têm se apropriado dos resultados obtidos com o SARESP e qual o potencial das ações propostas a partir dos resultados da avaliação, de produzir melhorias na qualidade da educação pública.

3. Abrangência:

Estado de São Paulo. Escolas Públicas do Ensino Básico do Estado de São Paulo.

4. Metodologia:

Metodologia qualitativa. Análise a partir dos resultados da avaliação, sistematizadas no Relatório de Avaliação do SARESP- 88 relatórios no total, consultas a documentos, resoluções, decretos, textos produzidos pela Secretaria Estadual da Educação.

5. Principais contribuições:

A concepção do SARESP não está pautada no princípio de servir como um instrumento direcionador de uma reflexão coletiva que possibilite apontar caminhos para a construção de uma escola pública que se comprometa com a qualidade da aprendizagem de todos os seus alunos, mas sim, na possibilidade de servir como mecanismo de classificação e comparação entre as escolas.

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Estudo Analítico 20

Categoria: Avaliação da Aprendizagem de políticas públicas

1. Identificação:

Autor: Jesse Pereira Felipe Tese de doutorado Título: O ENEM como elemento democratizador do acesso ao ensino superior público pelos alunos oriundos das camadas populares. Universidade onde foi defendida: PUCSP - 2004 Orientadora: Profª Drª Ana Maria Saul

2. Objetivos:

Verificar se o ENEM provoca algum impacto nos processos seletivos desenvolvidos pela USP, UNESP e UNICAMP, especificamente para alunos provenientes de escolas públicas de Ensino Médio.

3. Abrangência: São Paulo nos municípios de: Caieiras, Franco da Rocha e Francisco Morato, em escolas de ensino médio.

4. Metodologia:

Pesquisa empírica. Técnica qualitativa, não diretiva “Grupo Focal”. Participaram 42 sujeitos, que haviam participado do ENEM em 2003. 28 do sexo feminino e 14 do sexo masculino. Os grupos variaram de 7 a 12 participantes. Cada sessão durou em médio 80 min. As conversas foram gravadas.

5. Principais contribuições:

- O ENEM não é um instrumento que ajuda os alunos da escola pública de ensino médio a entrar nas Universidades Públicas em São Paulo.

- O ENEM favorece ainda mais os alunos das escolas privadas de ensino médio.

Possibilidades alternativas para uma efetiva democratização, de acesso ao ensino superior: argumentos a favor da cota para alunos provenientes da escola pública e as cotas para negros.

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Estudo Analítico 21

Categoria: Avaliação da Aprendizagem de Políticas Públicas.

1. Identificação:

Autor: Dirce Nei Teixeira de Freitas Tese de doutorado Título: A avaliação básica no Brasil: dimensão normativa, pedagógica e educativa. Universidade onde foi defendida: USP - 2005 Orientadora: Profª Drª Sandra Maria Zákia Lian Sousa.

2. Objetivos:

Explicitar a dimensão normativa, pedagógica e educativa da regulação estatal, pela via da avaliação, no período de 1988-2002.

3. Abrangência:

O Estado Brasileiro – Ensino Básico

4. Metodologia:

Realizou-se investigação da natureza qualitativa e orientada por princípios dialéticos, utilizando de um corpus documental que foi submetido a exame com enfoque da análise de conteúdo

5. Principais contribuições:

A legitimidade do poder estatal não seja negada na atuação de sua burocracia e na prevalência de projetos estratégicos que sejam excludentes; que a indispensabilidade do Estado-educador não conduza a situações em que seja minorada a atuação efetiva de um Estado provedor do direito à educação de todos, sem exceções e sem soluções precárias;que as intervenções estatais destinadas a qualificar a educação básica se qualifiquem em termos de pertinência e efetividade social e de práticas democráticas emancipatórias e republicanas; que a avaliação dos princípios educativos que dirigem o Estado-avaliador e da pedagogia que este empreende seja a prioridade na busca de seu aprimoramento.

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Estudo Analítico 22

Categoria: Avaliação da Aprendizagem de políticas públicas

1. Identificação:

Autor: Leila de Almeida Locco Tese de doutorado Título: Políticas públicas de Avaliação: O ENEM e a escola de ensino médio. Universidade onde foi defendida: PUCSP - 2005 Orientadora: Profª Drª Isabel Franchi Cappelletti

2. Objetivos:

Analisar, com um olhar crítico-reflexivo, a política do ENEM na educação básica, dando vez e voz aos professores, gestores e alunos da escola, bem como posicionar o ENEM no conjunto das políticas públicas de avaliação, verificando o alcance de suas finalidades.

3. Abrangência:

Estado do Paraná, Município de Curitiba em duas escolas públicas da rede estadual. Ensino Médio.

4. Metodologia:

Abordagem qualitativa como perspectiva teórico-metodológica. A pesquisa foi realizada no 2º semestre de 2003, após a realização do ENEM, no final de agosto, estendendo-se até o início de 2004. A coleta de dados foi realizada por meio de questionários semi-estruturados. Participaram da pesquisa os alunos que estavam cursando a 3ª série do ensino médio, professores que lecionaram nessa série e a equipe técnica.

5. Principais contribuições:

O estudo contribuiu para o dimensionamento das repercussões do ENEM na educação básica, considerando a voz dos professores, gestores e alunos da escola pública do ensino médio e o contraponto entre o discurso oficial e a prática pedagógica.Em suas conclusões a autora apontou as mais importantes, finalidades que não previstas, portanto, repercussões da política estudada: a de preparação para o vestibular e avaliação do Ensino Médio, da Escola, do Sistema e do Currículo. A finalidade da auto-avaliação que não se efetivou, a articulação com o Ensino Médio, que trazia no seu bojo compromisso de democratização do acesso ao Ensino Superior nas Instituições Superiores Públicas, não se concretizaram, reveladas nas vozes dos alunos.

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Estudo Analítico 23 Categoria: Avaliação da Aprendizagem nas Práticas escolares

4. Identificação:

Autor: Maria Leila Alves Tese de doutorado Título: Educação Continuada comprometida com a transformação social Universidade onde foi defendida: UNICAMP - 2000 Orientadora: Profª Drª Cecília Azevedo Lima Collares

2. Objetivos:

Entender a natureza dos componentes presentes em processos de educação continuada que têm como objetivo desencadear e alavancar o trabalho educacional coletivo, comprometido, engajado e transformador.

3. Abrangência:

Rede pública do Estado de São Paulo. – Ensino Básico

4. Metodologia:

Metodologia qualitativa utilizando-se de entrevista semi-estruturada e análise de três projetos desenvolvidos na rede pública do Estado de São Paulo. Projeto Alfabetização Teoria e prática, Projeto construindo o Sucesso na Escola e Projeto da Escola Cidadã.

5. Principais contribuições:

Em seu trabalho fazem-se presentes as vozes político-acadêmica, político- institucional, político-sindical e político parlamentar, que a partir de posições críticas sobre os caminhos e descaminhos da educação, centram sua análise no desenvolvimento profissional de educadores através de processos de educação continuada, reconhecendo obstáculos e apontando perspectivas. São as vozes da sociedade civil e da sociedade política organizada, que tendo a realidade como ponto de partida e de chegada, nem por isso deixam de enunciar os sonhos e as utopias dos que acreditam que são os homens que constroem a sua história.

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Estudo Analítico 24 Categoria: Avaliação da Aprendizagem nas Práticas Escolares.

1. Identificação:

Autor: Jerusa da Silva Gonçalves Almeida Dissertação de Mestrado Título: A avaliação da aprendizagem escolar e a função da escola. Universidade onde foi defendida: PUCSP - 2001 Orientadora: Profº Drº Odair Sass

2. Objetivos:

Analisar a perspectiva teórica, a relação existente entre formação, função social da escola e prática avaliativa da aprendizagem.

3. Abrangência:

Leitura de resumos, títulos de 53 artigos em periódicos que apresentam temas

relacionados com a avaliação educacional.

4. Metodologia:

Foram selecionados e analisados 29 artigos, concentrados no período de 1982 a 1998.

5. Principais contribuições:

A leitura e análise de artigos em periódicos especializados sobre avaliação educacional, somados à reflexão concernentes aos conceitos de formação, adaptação e emancipação, tornam possível uma compreensão mais clara dos efeitos desses conceitos no âmbito da educação escolar.

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Estudo Analítico 25

Categoria: Avaliação da Aprendizagem nas Práticas Escolares.

6. Identificação:

Autor: Kátia Cristina Stocco Smole Tese de doutorado Título: Inteligência e Avaliação: da ideia de medida a idéia de projeto Universidade onde foi defendida: USP - 2001 Orientadora: Profº Drº Nilson José Machado

7. Objetivos:

Investigar as relações entre as concepções de inteligência e a avaliação escolar, com o intuito de desvendar as possíveis implicações educacionais daí decorrentes, especialmente no que se referiu ao projeto de formação do aluno e na constituição de um sujeito com autonomia para realizar seus projetos pessoais.

8. Abrangência:

Estado de São Paulo. Escolas Públicas do Ensino Básico do Estado de São Paulo.

9. Metodologia:

Como ponto de partida a autora buscou referenciais teóricos para trazer parâmetros conceituais para a pesquisa.O segundo passo foi por meio de relatos de professores e de alunos da ed. Infantil até a oitava série de escolas públicas e particulares.Foi feita a análise e a interpretação dos relatos obtidos junto aos professores e alunos.

10. Principais contribuições:

A partir dos estudos que foram realizados compreende-se que, embora a concepção de inteligência não seja o único fator que determina a avaliação escolar, ela interfere diretamente no modo como a escola e os professores avaliam a aprendizagem dos alunos, na organização das ações avaliativas e nos usos dos resultados obtidos por meio da avaliação.O que passa a ter sentido na avaliação escolar é a possibilidade constante de reflexão sobre o projeto pedagógico, suas metas, suas possibilidades e a localização de cada aluno, suas aprendizagens e necessidades em relação às metas do projeto. Avaliar implica em recolher, descrever, analisar e explicar o processo de ensino e aprendizagem.

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Estudo Analítico 26

Categoria: Avaliação da Aprendizagem nas Práticas Escolares

1. Identificação:

Autor: Cristina Zukowsky Tavares Neri Dissertação de Mestrado Título: A concepção de professores do ensino fundamental sobre avaliação. Universidade onde foi defendida: PUCSP - 2003 Orientadora: Profª Drª Isabel Franchi Cappelletti

2. Objetivos:

Analisar a concepção de avaliação da aprendizagem dos professores de 1ª a 4ª série do Ensino Fundamental.

3. Abrangência:

Uma escola particular numa cidade da Grande São Paulo. Ensino Fundamental

4. Metodologia:

A autoras optou pela pesquisa qualitativa, por meio da observação, entrevista semi-estruturada e análise documental.

5. Principais contribuições:

A pesquisadora concluiu que as concepções oscilam entre epistemologia positivista e dialética emancipatória. Grande parte dos professores entrevistados retrata a avaliação da aprendizagem como a função de fornecer um “feedback” para o professor. A gestão do tempo – tempo do aluno – e o tempo dos programas, compartimentaliza o espaço disponível para a aprendizagem de forma rígida e inflexível. A concepção de aprendizagem expressada por vários professores ainda remete como um bem a ser transmitido, exposto, passado pelo professor. Todos os professores encontram na avaliação um feedback para a melhoria de sua atuação em classe. Os documentos da escola revelam a opção realizada por um trabalho qualitatitvo em avaliação.

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Estudo Analítico 27

Categoria: Avaliação da Aprendizagem nas Práticas Escolares

1. Identificação:

Autor: Targélia Ferreira Bezerra de Souza Albuquerque Tese de doutorado Título: Pelos caminhos da avaliação: uma possibilidade de reconstruir a escola numa perspectiva democrática Universidade onde foi defendida: PUCSP - 2003 Orientadora: Profª Drª Mere Abramowicz

2. Objetivos:

Verificar se é possível fazer rupturas com os modos tradicionais e/ou tecnoburocráticos de conceber e praticar a avaliação, ressignificando-a numa perspectiva emancipatória em direção à construção coletiva do projeto político pedagógico da escola. Entender a avaliação educacional como uma estratégia de gestão da qualidade da escola, do currículo e das práticas da sala de aula. As possibilidades de se reconstruir a escola numa perspectiva democrática.

3. Abrangência:

Curitiba – Escola de Rede Pública do Ensino Fundamental

4. Metodologia:

Metodologia etnográfica caracterizando-se como pesquisa-ação.

5. Principais contribuições:

A pesquisa demonstrou que, a escola como organização aprende a se reconstruir democrática, fundamentada numa ética comunitária, em que o diálogo crítico é o elo mais forte de ligação pedagógica entre escola: educadores, educandos e as famílias, reafirmando o compromisso com a formação plena do ser humano – significado real da sua existência.

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Estudo Analítico 28 Categoria: Avaliação da Aprendizagem nas Práticas Escolares

1. Identificação:

Autor: Domício Magalhães Maciel Tese de doutorado Título: A avaliação no processo ensino-aprendizagem de Matemática, no ensino médio: uma abordagem sócio-cognitivista. Universidade onde foi defendida: UNICAMP - 2003 Orientadora: Profª Drª Anna Regina Lanner de Moura

2. Objetivos:

Contribuir para reflexão sobre a avaliação no processo ensino-aprendizagem na área da Matemática no Ensino Médio.

3. Abrangência:

Uma escola pública de São Luis do Maranhão – Ensino Médio

4. Metodologia:

Metodologia qualitativa. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas e questionários abertos, desenvolvidos com professores e alunos. Foram feitas também observações da prática da avaliação em sala de aula, na modalidade observação participante.

5. Principais contribuições:

O pesquisador concluiu que a avaliação praticada pelos professores sujeitos da pesquisa, cuja escola não oferece condições ideais para uma avaliação formativa, presta-se mais ao jogo institucional ou social, que lhes é imposto pelo sistema de ensino, que ao jogo pedagógico mais coerente com a avaliação formativa. Assim, pouco contribui para o processo ensino-aprendizagem da Matemática.

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Estudo Analítico 29

Categoria: Avaliação da Aprendizagem nas Práticas Escolares.

1. Identificação:

Autor: Melissa Dazzani Dissertação de Mestrado Título: Uma experiência de avaliação da aprendizagem no ensino médio: a participação dos alunos na reconstrução de seus conceitos químicos. Universidade onde foi defendida: USP - 2004 Orientadora: Profª Drª Maria Eunice Ribeiro Marcondes

2. Objetivos:

Desenvolver, aplicar e analisar uma nova metodologia de avaliação e recuperação da aprendizagem, em que o aluno do Ensino Médio tem a oportunidade de rever seus conceitos e trabalhar com seus erros, visando recuperar sua aprendizagem.

3. Abrangência:

Duas unidades de uma mesma escola particular. Uma localizada na cidade metropolitana de São Paulo e a outra na região metropolitana de Campinas – Ensino Médio

4. Metodologia:

Metodologia qualitativa. Aplicação de um questionário e entrevista.

5. Principais contribuições:

Os resultados obtidos indicaram que cerca de 60% dos alunos do 1º ano conseguiram recuperar seus conceitos, contra cerca de 30% do 2º ano. Em ambas as séries, os alunos mostraram um grande envolvimento com as atividades realizadas. O processo de avaliação e de recuperação da aprendizagem desenvolvido no trabalho mostrou-se mais eficiente do que os métodos adotados. A aprendizagem deu-se de forma mais significativa e estudantes foram reformular os conceitos de química que ainda apresentavam dificuldades.

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Estudo Analítico 30

Categoria: Avaliação da Aprendizagem nas Práticas Escolares

1. Identificação:

Autor: Anderson Lopes Dissertação de Mestrado Título: Avaliação em Educação Matemática a distância: uma experiência de geometria no ensino médio. Universidade onde foi defendida: PUCSP - 2004 Orientadora: Profª Drª Ana Paula Jahn

2. Objetivos:

Investigar o processo avaliativo que permite revelar o desempenho de cada aluno utilizando recursos digitais e abordando um tema matemático específico.

3. Abrangência:

Escolas particulares de São Paulo (3), abordando o tema Geometria na plataforma TelEduc – Ensino Médio

4. Metodologia:

O pesquisador optou por estruturar atividades numa metodologia de resolução de problemas com o auxílio do Cabri-Géomètre. Optou ainda por utilizar uma estratégia de aprendizagem baseada no trabalho colaborativo.

5. Principais contribuições:

As análises mostraram que atividades caracterizadas como verdadeiras situações-problema, no sentido de uma efetiva problematização, levam os alunos à busca de informações, sugestões ou contribuições dos demais participantes, numa perspectiva de um trabalho colaborativo. Quanto ao modelo avaliativo proposto, os resultados apontam para sua viabilidade, condicionada ao intenso comprometimento e atuação do professor-formador.

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Estudo Analítico 31

Categoria: Avaliação da Aprendizagem nas Práticas Escolares

6. Identificação:

Autor: Raissa Rodrigues Murad Tese de doutorado Título: Autoavaliação e avaliação do parceiro: estratégias para o desenvolvimento da metacognição e o aperfeiçoamento do processo de ensino-aprendizagem. Universidade onde foi defendida: PUCSP - 2005 Orientadora: Profª Drª Claudia Leme Ferreira Davis

7. Objetivos:

Verificar se a autoavaliação e/ou avaliação do parceiro são instrumentos eficazes para a construção e desenvolvimento da metacognição, algo tido como central para a melhoria do processo de ensino-aprendizagem.

8. Abrangência:

Escola particular em São Luis do Maranhão – Ensino Fundamental

9. Metodologia:

A pesquisadora optou pela pesquisa qualitativa. Teve um caráter descritivo-analítico. Foram 24 sujeitos envolvidos na aula de Matemática e sua professora.Além disso a professora foi entrevistada para dar sua opinião e impressões e foram ouvidas as opiniões dos alunos.

10. Principais contribuições:

A pesquisadora concluiu que os alunos quando colocados em situação na qual devem realizar uma autoavaliação ou avaliação do parceiro passam a fazer uso da metacognição, aprimorando-a na medida em que vão exercitando. Com isso, torna-se possível perceber quais são os aspectos positivos e negativos de si e do outro, promovendo, em alguns casos, a regulação da conduta, no sentido de aprimorar o processo de aprendizagem.

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Estudo Analítico 32

Categoria: Avaliação da Aprendizagem nas Práticas Escolares

1. Identificação:

Autor: Regina Celli S. de Jesus dos Santos Dissertação de Mestrado Título: Avaliação da aprendizagem em sala de aula: prática dos professores do ensino fundamental. Universidade onde foi defendida: PUCSP - 2005 Orientadora: Profª Drª Bernadete Angelina Gatti

2. Objetivos:

Verificar como os professores avaliam seus alunos e quais os meios que são utilizados bem como analisar concepções que têm sobre avaliação.

3. Abrangência:

Escola pública Estadual de Educação Básica, na cidade de Taubaté – São Paulo. Ensino Fundamental

4. Metodologia:

A pesquisadora optou pela pesquisa qualitativa, por meio de questionário com questões fechadas e questões abertas e também entrevistas para aprofundamento das questões.

5. Principais contribuições:

Os resultados da pesquisa encontrados apontam para uma valorização da avaliação pelos professores integrantes da pesquisa. A avaliação é utilizada com freqüência, não só para acompanhar o processo de aprendizagem de seus alunos, mas também como reguladora de seus trabalhos. Outro dado encontrado é a valorização dada por alguns professores aos cursos de formação continuada que foram fator importante nas mudanças de suas concepções de avaliação e de suas práticas.

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Estudo Analítico 33

Categoria: Avaliação da Aprendizagem nas Práticas Escolares

1. Identificação:

Autor: Arnilde Marta Uler Dissertação de Mestrado Título. Avaliação Formativa: um estudo sobre a prática avaliativa dos professores de 1ª a 4ª série do ensino fundamental de uma escola privada. Universidade onde foi defendida: PUCSP - 2005 Orientadora: Profª Drª Isabel Franchi Cappelletti

2. Objetivos:

Investigar a concepção da avaliação formativa de professoras de 1ª a 4ª série do Ensino Fundamental de uma escola provada da cidade de São Paulo.

3. Abrangência:

Escola particular do bairro da Vila Mariana na cidade de São Paulo. Ensino Fundamental.

4. Metodologia:

A pesquisadora optou pela pesquisa qualitativa, por meio de entrevistas semi-estruturadas e análise documental.

5. Principais contribuições:

O resultado da pesquisa constatou que as professoras entrevistadas acreditam na avaliação formativa, encontram na avaliação um retorno constante, vêem na recuperação mais um momento de ajuda e de aprendizagem para o aluno. Referem-se ao erro como oportunidade de aprendizagem. As professoras demonstraram preocupação quanto ao tempo e conteúdo e ao número de alunos em sala de aula.

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Estudo Analítico 34

Categoria: Avaliação da Aprendizagem nas Práticas Escolares

1. Identificação:

Autor: Flavia Geni Zeraik Dissertação de Mestrado Título: A avaliação nas práticas pedagógicas inclusivas: visão de professores. Universidade onde foi defendida: PUCSP - 2006 Orientadora: Profª Drª Mitsuko Makino Antunes

2. Objetivos:

Investigar como professores de classes regulares que recebem alunos com deficiência concebem e realizam a avaliação destes educandos.

3. Abrangência:

Escola Estadual Dr. Edmundo de Carvalho, localizada no Bairro da Vila Romana, região da Lapa, capital do Estado de São Paulo – Ensino Fundamental.

4. Metodologia:

Abordagem qualitativa. A pesquisa foi realizada com quatro professoras. Foram realizadas entrevistas com as professoras e também a observação de uma atividade de recuperação oferecida a alguns alunos tidos com alguma deficiência. A pesquisadora coletou dados também por meio de análise documental, envolvendo dados da Secretaria Estadual de Educação e da Diretoria de Ensino Centro – Oeste.

5. Principais contribuições:

Os resultados revelaram que, em termos de legislação, normas e instruções, a Educação Inclusiva pode sentir-se amparada e protegida. Quanto às práticas inclusivas, bem como, quanto à proposta de inclusão dos alunos com deficiência, são desejáveis e possíveis, porém muitos fatores, físicos, pedagógicos, materiais e humanos, ainda faltam para torná-las concretas e enriquecedoras. Para as professoras faltam políticas públicas consistentes, realistas e eficazes que garantam educação de qualidade ao aluno com deficiência; no entanto, contamos com gestores e professores que utilizam de experiência e boa vontade para garantir ao menos àqueles alunos com deficiência que tiveram o acesso, sua permanência na escola.

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Estudo Analítico 35

Categoria: Avaliação da Aprendizagem de Práticas Escolares.

1. Identificação:

Autor: Luciana Álvares Paes de Barros Dissertação de Mestrado Título: Desenvolvimento do conceito de avaliação na formação inicial de professores em atividade colaborativa. Universidade onde foi defendida: USP - 2007 Orientadora: Profº Drº Manoel Oriosvaldo de Moura.

2. Objetivos:

Investigar como se desenvolve o conceito de avaliação na formação de professores em atividade colaborativa.

3. Abrangência:

Clube de Matemática – Faculdade de Educação da USP – Ensino Fundamental

4. Metodologia:

Observação durante três semestres consecutivos e gravações das discussões coletivas de avaliação das ações dos estagiários do curso de Pedagogia e dos alunos de 1ª a 4ª séries do ensino fundamental da Escola de Aplicação da USP.

5. Principais contribuições:

A pesquisadora concluiu que a avaliação é uma prática presente no processo ensino-aprendizagem que ocorre nesse espaço de formação inicial. O conceito de avaliação é formado pelos futuros professores por meio da avaliação reflexiva de todas as ações realizadas colaborativamente.

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Estudo Analítico 36

Categoria: Avaliação da Aprendizagem nas Práticas Escolares

1. Identificação:

Autor: Hugo Los Santos Rojas Dissertação de Mestrado Título: A avaliação em sala de aula: quais dificuldades para a formação do professor do ensino básico. Universidade onde foi defendida: PUC/SP - 2007 Orientadora: Profª Drª Laurinda Ramalho de Almeida

2. Objetivos:

Identificar as deficiências na formação inicial e continuada do professor quanto à avaliação e o insucesso das atividades para auxiliá-lo na mudança das práticas avaliativas.

3. Abrangência:

Escolas particulares da cidade São Paulo - Ensino Médio.

4. Metodologia:

Abordagem qualitativa. A pesquisa foi realizada com doze professores. O pesquisador usou de entrevistas semi – estruturadas e adotou o procedimento chamado “bola de neve” ou cadeia. Participaram da pesquisa doze professores de diferentes áreas de conhecimento, considerados pelos diretores e/ou coordenadores de suas escolas como muito envolvidos no processo de aprendizagem sobre avaliação.

5. Principais contribuições:

Com base na análise das falas dos sujeitos e nas teorias apresentadas, o pesquisador verificou que as dificuldades são de várias ordens: a falta de formação inicial para as questões avaliativas, a formação do professor, a falta de material adequado para o estudo das diferentes abordagens, e questões ligadas à estruturação do trabalho docente – número de alunos, o papel da instituição escolar, o grupo de professores em sua interrelações.

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Estudo Analítico 37

Categoria: Avaliação da Aprendizagem nas Práticas Escolares.

5. Identificação:

Autor: Adriano Monteiro de Castro Tese de doutorado Título: A avaliação da aprendizagem no contexto da inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais na escola pública. Universidade onde foi defendida: USP - 2007 Orientadora: Profª Drª Roseli C. Rocha de C. Baumel

6. Objetivos:

Analisar os procedimentos de avaliação adotados por professores dos anos iniciais do ensino fundamental de uma escola pública da cidade de São Paulo com alunos com necessidades especiais em suas turmas..

7. Abrangência:

Estado de São Paulo. Escolas Públicas do Ensino Básico do Estado de São Paulo – Ensino Fundamental

8. Metodologia:

Metodologia qualitativa. A pesquisadora utilizou-se de entrevista semi-estruturada com as professoras seguida de análise de conteúdo.

9. Principais contribuições:

A pesquisadora concluiu que de uma maneira geral que os conflitos existentes quanto à avaliação dos alunos com necessidades educacionais especiais retomam, em grande parte, os fatores intervenientes que dificultam a implementação de uma avaliação formativa. Esses fatores parecem originar-se de concepções de ensino e aprendizagem mais tradicionais, que permanecem na escola, sobre as quais as professoras sentem-se pressionadas a construir práticas pedagógicas supostamente adequadas e um paradigma vigente de atenção à diversidade. As evidências encontradas direcionam para a formação continuada, demandando atenção especial na organização de espaços e tempos para o compartilhamento de experiências e planejamento colaborativo dos procedimentos de avaliação.

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ANEXO 2 Resumos

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CICLOS: A ESCOLA EM (COMO) QUESTÃO

OCIMAR MUNHOZ ALAVARSE

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – 2002

ORIENTADORA: PROFª. DRª. SANDRA MARIA ZÁKIA LIAN SOUSA

RESUMO

Diante de iniciativas de organização do Ensino Fundamental em ciclos,

em contraste com a seriação, verificadas sobretudo nas duas última décadas,

este trabalho, tendo por objeto os ciclos, efetuou um dimensionamento inicial

dessas iniciativas e um levantamento das concepções de ciclos presentes na

literatura, em documentos legais e oficiais de natureza variada, com destaque

para a LDB, os PCN‟s, e as manifestações do CEE-SP e do CNE, constatando

uma grande diferenciação nesta temática. Resgata, ainda, contribuições de

algumas iniciativas de redes públicas municipais, particularmente de São

Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre, sendo que a proposta de ciclos da rede

paulistana, implementada em 1992, é apresentada em maior profundidade.

Esta dissertação situa-se dentro das preocupações com o fracasso escolar,

persistente no Brasil sob vários critérios, para que se possa dar conseqüência

à democratização do ensino. Reconhece também a existência de uma crise da

escola, expressa em questionamentos de seus valores e finalidades.

Considera-se que esse quadro de negação de direitos e de impasses coloca,

portanto, a escola em questão.

Aponta-se que uma saída histórica nessa situação não comporta

medidas paliativas de curto alcance ou limitadas a poucos aspectos do

complexo fenômeno escolar, mas que, sem abstrair os determinantes de sua

existência, a escola precisa ser pensada de conjunto, ser apreendida como

questão. Caracteriza a seriação como forma de organização a ser superada

pelos ciclos e, destacada a dimensão político-cultural da escola, aborda a

concepção de ciclos, tomada em seus delineamentos históricos, relacionando-a

com temas correlatos tais como progressão continuada, promoção automática,

currículo e avaliação. Indica-se que propostas de ciclos devem ser pensadas

não como experiências localizadas mas, sim, como iniciativas capazes de dar

sentido e significância para a escolarização de milhões de alunos, imperativo

da democracia e tarefa para políticas públicas.

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AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM NO REGIME DE PROGRESSÃO

CONTINUADA – O QUE OS ALUNOS DIZEM.

PAULO HENRIQUE ÁRCAS

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – 2003

ORIENTADOR: PROFª. DRª. SANDRA MARIA ZÁKIA LIAN SOUSA

RESUMO

O trabalho aborda o tema da avaliação da aprendizagem. O objetivo da

pesquisa foi investigar que significados a avaliação tem assumido para os

alunos uma vez que, após a implantação do regime de progressão continuada,

no Estado de São Paulo, ela não tem a função de servir à decisão de

promoção ou retenção dos alunos.

Inicialmente foi realizado o levantamento da literatura sobre o tema da

avaliação, o estudo da legislação federal e estadual e dos documentos oficiais

relativos ao assunto. Para investigar o que dizem os alunos, realizou-se uma

pesquisa qualitativa, entre os anos de 2001 e 2002, em uma escola de ensino

fundamental, localizada na cidade de São Paulo.

O estudo amparou-se nos trabalhos sobre avaliação da aprendizagem,

realizados por Abramowicz, Camargo, Hoffmann, Lima, Luckesi, Saul, Sousa,

Vasconcellos e em pesquisas que discutem a progressão continuada,

desenvolviodas por Paro e Bertagna, e outros.

Dentre as conclusões da pesquisa pode-se apreender duas indicações

bastante relevantes para a discussão sobre o significado da avaliação.

Primeiramente, apesar das vigências da progressão continuada no ensino

fundamental, a possibilidade de reprovação não desapareceu, continuou

existindo através do SARESP e do limite de faltas. Outra questão é que a

difusão da idéia de que os alunos haviam se desinteressado pelos estudos

devido à implantação da progressão continuada, gerando uma desvalorização

da escola, não pode ser identificada neste caso. Ao contrário, nas falas dos

alunos entrevistados, eles apontaram a escola como a principal forma de

ascenção social, de melhoria de suas vidas, demonstrando que a falta de

escolaridade e de conhecimento acarretam uma vida sofrida, de desemprego e

de péssimas condições.

Outra constatação bastante importante está em afirmar que não há

como mudar apenas a avaliação, é necessário mudar a função da escola, seu

papel para as crianças e jovens da classe trabalhadora, que dela tanto

necessitam. É preciso pôr a escola a serviço de quem a utiliza, tornando-a

instrumento de transformação da sociedade e não da sua reprodução.

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194

PROGRESSÃO CONTINUADA: LIMITES E POSSIBILIDADES

REGIANE HELENA BERTAGNA

TESE DE DOUTORADO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – 2003

ORIENTADOR: PROF. DR. LUIZ CARLOS DE FREITAS

RESUMO

Este trabalho discute o Regime de Progressão Continuada, implantado

pela Secretaria do Estado da Educação de São Paulo (1998), atingindo toda

rede estadual de ensino, tendo em vista a problemática da seletividade escolar

e como foco da pesquisa, a questão da avaliação escolar.

Foi realizado um levantamento sobre o tema, caracterizando o que se

entende por Regime de Progressão Continuada a partir dos documentos

oficiais da Secretaria do Estado da Educação de São Paulo, e foi feito um ano

de acompanhamento (2000) da implantação desta nova proposta em uma

escola da rede estadual de Campinas – São Paulo. Nesta escola foram

coletados dados sobre a sua estrutura/organização e realizado o

acompanhamento de quatro turmas escolares de um mesmo ciclo de

aprendizagem, sendo uma turma de cada ano escolar, do 1º ao 4º ano do ciclo

I, registrando através de observações o cotidiano destes professores

responsáveis pelas turmas escolhidas e seus alunos, além dos momentos

coletivos da escola: horário de trabalho pedagógico coletivo, reuniões de pais e

mestres, conselhos de classe/série, eventos – e das medidas de recuperação e

reforço de aprendizagem dos alunos das turmas observadas. Num outro

momento, foram realizadas entrevistas com a diretora, a coordenadora e os

professores responsáveis pelas turmas observadas e com todos os alunos

destas turmas, perfazendo um total de 07 profissionais da educação e 124

alunos.

A partir da análise dos dados, demonstrou-se a presença da seletividade

escolar, principalmente através da avaliação informal, intensificando no sistema

escolar (por meio da “exclusão branda” e “eliminação adiada”) as

desigualdades escolares e, conseqüentemente, as desigualdades sociais.

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A AVALIAÇÃO DE ALUNOS NA IMPLANTAÇÃO DA PROPOSTA DE

CICLOS DE APRENDIZAGEM NO MUNICÍPIO DE CURITIBA, À LUZ DA

CULTURA ESCOLAR.

ADRIANE KNOBLAUCH

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO – 2003

ORIENTADORA: PROFª. DRª. ALDA JUNQUEIRA MARIN

RESUMO

A dissertação de mestrado relata a pesquisa realizada em uma escola

pública municipal do Município de Curitiba que implantou a proposta de Ciclos

de Aprendizagem.

O objetivo central foi verificar até que ponto a lógica seriada foi sendo

superada e quais os problemas que a escola sente para implantar a proposta,

especialmente no que se refere à alteração no processo avaliativo. A primeira

hipótese foi construída a partir dos estudos sobre cultura escolar, os quais

afirmam que a escola não recebe passivamente o conteúdo de uma reforma e

nem fica completamente alheia a ele, mas o interpreta, de acordo com sua

cultura escolar, de modo que o conteúdo de uma reforma pode produzir

alterações na dinâmica escolar, embora possam não ser, necessariamente, a

mudança esperada pelos gestores da reforma em questão. A segunda hipótese

foi construída tendo em vista os estudos sobre avaliação e cultura docente, os

quais afirmam que não há mudanças significativas no processo avaliativo sem

uma profunda revisão dos professores nos seus critérios de avaliação, de

forma que a lógica ainda se faz bastante presente no cotidiano escolar.

Os dados foram coletados a partir da observação de quatro turmas entre

o final de 2001 e meados de 2002, das entrevistas com as perspectivas

professoras e com a equipe pedagógica e administrativa da escola e da análise

do registro da avaliação elaborado pelas professoras em comparação com o

desempenho dos alunos em uma atividade elaborada para esse fim.

Em seu trabalho a pesquisadora concluiu que ainda há a permanência

de elementos da lógica seriada, os quais podem ser exemplificados com a

busca da homogeneidade para a organização das atividades de recuperação e

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com a permanência do ensino simultâneo, resultando no atendimento às

crianças com dificuldades fora da sala de aula. Percebeu-se, ainda, uma

utilização bastante burocratizada das novas formas de registro da avaliação.

No entanto, foi possível perceber também um trabalho mais processual com os

alunos tendo em vista o nível de aprendizagem da maioria da turma e não

mais, a obediência a uma lista rígida de conteúdos a serem trabalhados em

cada série. A escola também se mostrou criativa ao elaborar a turma

experimental, uma estratégia de recuperação bastante diferenciada das

estratégias anteriores. Desta forma, a escola operou com sua cultura escolar,

aliando elementos de tradição e inovação, ao construir respostas frente à

implantação da proposta de Ciclos de Aprendizagem.

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A IMPLANTAÇÃO DA PROGRESSÃO CONTINUADA NO ESTADO DE SÃO

PAULO: UM CAMINHO PARA A DEMOCRATIZAÇÃO DO ENSINO?

ANDREA STEINVASCHER

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - 2003

ORIENTADORA: PROFª. DRª. SANDRA ZÁKIA LIAN DE SOUSA

RESUMO

A pesquisa teve por objetivo avaliar a implantação da progressão

continuada no Estado de São Paulo, buscando apreender possibilidades e

limites desta política. Para esta investigação a pesquisadora analisou

documentos da Secretaria da Educação e do Conselho Estadual de Educação

sobre a progressão continuada e outras medidas a ela relacionadas, assim

como manifestações dos sindicatos e associações de profissionais da

educação da rede pública paulista: APEOESP – Sindicato dos Professores do

Ensino Oficial do Estado de São Paulo, UDEMO – Sindicato de Especialistas

de EDUCAÇÃO DO Magistério Oficial do Estado de São Paulo, APASE –

Sindicato de Supervisores do Magistério do Estado de São Paulo e CPP –

Centro do Professorado Paulista.

No Brasil, a reestruturação do ensino através da progressão continuada

tem se caracterizado como uma tendência nacional, principalmente após a

promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/96,

sendo implementada de diferentes formas, em diversas redes estaduais e

municipais de ensino. Esta política tem referências em propostas já delineadas

nos anos 20 e discutidas, com maior profundidade, na década de 50. A rede

pública do Estado de São Paulo vivenciou sua primeira sua primeira

experiência de reestruturação do ensino em 1968, quando o primário foi

organizado em dois níveis. Em 1984, implantou-se o ciclo básico de

alfabetização, envolvendo os dois primeiros anos de escolarização, e em 1998,

a progressão continuada foi instituída, organizando o ensino fundamental em

dois ciclos.

Esta medida pressupõe uma nova concepção da trajetória escolar,

tocando em aspectos fundamentais da organização: fragmentação curricular,

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mecanismo de aprovação/reprovação, papel da avaliação da aprendizagem,

relações entre os envolvidos no processo educacional e gestão escolar. A

pesquisadora acredita que esta política tem o potencial de estabelecer um

movimento de repensar a escola, questionando sua finalidade, podendo, assim,

fortalecer o compromisso entre educadores, alunos e pais, com a

aprendizagem de todos.

Evidencia-se grande polêmica em torno da organização do ensino

através da progressão continuada no Estado de São Paulo, visto que, ao

mesmo tempo em que potencialmente é uma medida de democratização do

ensino; sua implantação pode apenas alterar os índices educacionais,

dissimulando o fracasso escolar e mantendo à escola o papel de selecionar os

alunos.

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AVALIAÇÃO ESCOLAR NO ENSINO FUNDAMENTAL: PRÁTICA

CONSCIENTE EM PROGRESSÃO CONTINUADA

EDIR AZEREDO CARVALHO BARROS

TESE DE DOUTORADO

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO – 2004

ORIENTADORA: PROFª. DRª. MARIA LAURA P. B. FRANCO

RESUMO

Este estudo destinou-se a refletir sobre a prática da avaliação escolar e

sua vinculação com a Progressão Continuada e o Sistema de Ciclos, visando

verificar a compreensão do tema por parte de professores e diretores de

escolas públicas de Ensino Fundamental, no Estado do Rio de Janeiro.

O estudo no âmbito da escola pública estadual focalizou o tema

avaliação escolar, para permitir o entendimento de conceitos gerais e das

dimensões humana, pedagógica e política que explicam a Avaliação

Continuada e o Sistema de Ciclos, fazendo referências ao Projeto Político

Pedagógico como instrumento da Avaliação Continuada.

Em busca do objetivo declarado, a autora seguiu uma linha descritiva e

considerou as observações feitas oralmente e por escrito pelos professores e

diretores das escolas que fizeram parte da pesquisa realizada em 2002.

A análise dos resultados, bem como novas observações e entrevistas

nas escolas feitas em 2004, permitiram o entendimento do que os professores

e diretores declararam sobre a avaliação escolar. Foi possível identificar

contradições nas respostas e nas justificativas às questões já explicitadas, que

permitem acreditar na evidência de haver o desconhecimento do significado da

avaliação escolar no seu sentido de inclusão social, por um grupo de

professores e diretores. No entanto, a pesquisadora constatou que os

professores e diretores estão comprometidos com as relações escolares,

percebendo a avaliação escolar como uma prática norteadora dos destinos dos

alunos, tantas vezes anulados, especificamente pelo desconhecimento da

existência de um continuum da aprendizagem.

A pesquisa mostrou, na interpretação da pesquisadora, a suposição de

existência, nas escolas estaduais, de pelo menos três grupos entre os

professores e diretores do Estado do Rio de Janeiro, que parecem manifestar

diferentemente, em suas práticas, o entendimento do que é avaliação escolar e

aprendizagem.

A situação percebida permitiu constatar a existência de grupos de

professores que estão em processo de crescimento quanto ao entendimento da

avaliação escolar: uns adotam práticas de avaliação tradicional; outros, práticas

de avaliação tradicional e continuada, talvez num estágio intermediário de

entendimento em avaliação escolar; e um terceiro, prática de avaliação

continuada.

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UM ESTUDO SOBRE AS PRÁTICAS AVALIATIVAS NO REGIME DE

PROGRESSÃO CONTINUADA: LIMITES E POSSIBILIDADES

ADRIANA PATRICIO DELGADO

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO - 2004

ORIENTADORA: PROFª. DRª. ALDA JUNQUEIRA MARIN

RESUMO

Esta dissertação relatou a pesquisa realizada em uma escola pública

estadual, localizada no município de São Paulo, após seis anos de implantação

do regime de progressão continuada com proposta de ciclos.

O objetivo foi o de investigar as práticas avaliativas desenvolvidas pela

escola e pelos professores, com o foco nas relações que a avaliação

estabelece, direta ou indiretamente, com as condições de trabalho oferecida

aos docentes, com as demais práticas educativas da escola e, sobretudo, com

as culturas escolares, docente e discente.

Os dados da pesquisa foram coletados pela observação de duas turmas

de Ciclo I, respectivamente 3º e 4º anos, durante 2003, seguida de análise de

alguns documentos da escola e das entrevistas com o corpo docente ,

coordenação e direção. A pesquisa teve como elemento norteador duas chaves

de análise, que foram: as práticas avaliativas desenvolvidas pela e para a

escola e as práticas avaliativas das professoras observadas e entrevistadas.

Para uma melhor compreensão das observações e análises realizadas aliados

à teoria utilizou-se como referenciais teóricos dentre outros autores, Bordieu,

Dubet e Perrenoud.

Por meio dos dados observados e coletados e das análises realizadas

aliados à teoria, foi possível concluir que permanece ainda fortemente, a lógica

da seriação marcada por currículos organizados em disciplinas estanques,

menções com juízos de valor e como mecanismo de seleção;o desejo pelo

retorno da reprovação atrelado ao ideal da homogeneidade e os professores

despreparados e desacreditados das intenções das reformas públicas. Por

outro lado, destaca-se que houve algumas mudanças nas práticas educativas e

avaliativas, porém, estas não foram suficientes para alterar concepções e

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hábitos instituídos em uma escola, cuja função social, historicamente, tem sido

a de selecionar e promover o “avanço” de alguns alunos em detrimento de

outros, tendo como maior aliada, para tal, a avaliação da aprendizagem.

Foi possível observar também, a permanência da lógica seriada, em

consonância com a avaliação de caráter classificatório e os limites e

possibilidade existentes para a implantação efetiva da progressão continuada e

dos ciclos, a partir de análises sobre o confronto existente entre o cotidiano

escolar como o discurso oficial.

Em virtude as inúmeras críticas que são direcionadas à progressão

continuada, as hipóteses seguiram na direção de comprovar que a não

efetivação das mudanças propostas por essas reformas se deve à

permanência de uma cultura arraigada por décadas, atrelada a deficientes

condições de trabalho e falta de apoio aos docentes, e pela formação docente

inadequada frente à essas mudanças. O pesquisador chegou a conclusão que,

embora os professores tivessem alterado algumas práticas periféricas, se

manteve o processo classificatório, seletivo e homogeneizador.

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202

IMPLANTAÇÃO DO REGIME DE PROGRESSÃO CONTINUADA: UM

ESTUDO SOBRE A PARTICIPAÇÃO DE PROFESSORES.

ROBERTA DE OLIVEIRA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO - 2004

ORIENTADORA: PROFª. DRª. ALDA JUNQUEIRA MARIN

RESUMO

Há décadas, a educação de modo geral vem passando por reformas que

pretendem adequá-las às exigências de uma nova sociedade. Diversos

estudos têm apontado que muitas dessas reformas partiram dos órgãos

centrais com quase nenhuma discussão envolvendo aqueles que teriam a

tarefa de implementá-las. Mesmo com discursos de democracia e participação,

na maioria dos casos os profissionais de educação – que nesta pesquisa são

os professores – continuam à margem das decisões, dificultando, assim, as

devidas adequações que fazem parte da realidade em que vivem.

Além disso, diversos estudos sobre as propostas de reformas apontam

que estas não respeitam a cultura e as aspirações da comunidade escolar e,

por isso, acabam sofrendo modificações face à idéia original quando se analisa

o que vem sendo praticado na escola.

O pesquisador neste trabalho se dedicou à tentativa de investigar como

se deu um processo que pretendeu ter a participação dos professores na

implantação de uma política pública, neste caso a progressão continuada.

Buscou sistematizar as práticas existentes no processo de discussão

desse tema no período de janeiro de 1999 a dezembro de 2000. Consistiu

numa pesquisa de abordagem qualitativa, utilizou-se da análise de documentos

e entrevistas semiestruturadas, com o objetivo de ouvir os reformadores e os

reformados, como denominou Gimeno Sacristán, ou seja, um órgão central, no

caso,Secretaria Municipal de Educação e os professores do ensino

fundamental da rede de uma cidade da Grande São Paulo.

A análise dos dados foi feita a partir de cinco chaves de análise:

organização dos horários e locais, práticas das reuniões, processo de

discussão, elaboração de fichas avaliativas e avaliação do processo, que

puderem ser cortejadas entre si. Contou com referenciais teóricos trazidos por

Pérez Gómez sobre a cultura da escola, com as contribuições de Hargreaves

quanto aos conceitos de colaboração espontânea, colegialidade artificial e

balcanização do ensino e Silva quanto a necessidade de se ampliar o conceito

de participação.

Ao pesquisar quais foram as práticas utilizadas durante o processo de

discussão foi possível verificar que os professores participaram com sugestões

para a implantação dos ciclos e da progressão continuada e que a

obrigatoriedade de participar dos encontros não diminuiu o interesse pelo

assunto.

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CICLOS E AVALIAÇÃO: REPERCUSSÕES DA REFORMA DO ENSINO DA

REDE ESTADUAL DE SÃO PAULO (1996-2003) NA SALA DE AULA

MARIA ISABEL D’ANDRADE DE SOUSA MONIZ

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO – 2005

ORIENTADORA: PROFª. DRª. MERE ABRAMOWICZ

RESUMO

Este trabalho analisou as repercussões das reformas do ensino

empreendidas a partir da segunda metade da década de 90, no cotidiano de

quartas séries do Ensino Fundamental de uma escola da rede estadual de São

Paulo. A partir de observações de aula, entrevistas e análise de documentos, a

pesquisadora buscou evidências de ajustes na prática pedagógica relacionados

à organização da escolaridade em ciclos, especialmente no que se refere à

avaliação.

Neste trabalho foi analisada a implantação dos ciclos no estado de São

Paulo em relação a outras experiências e a autora defendeu a adequação da

avaliação formativa para assegurar a continuidade do processo de

aprendizagem ao longo de um ou mais ciclos. Através de uma avaliação de

caráter formativo, os eventuais percalços na aprendizagem poderiam ser

identificados e receber atenção, não sendo relegada ao tempo a sua

superação. Nas práticas cotidianas concretas a pesquisadora observou que o

trabalho pedagógico não sofreu alterações proporcionais à amplitude da

mudança para uma organização por ciclos. Se, por um lado, encontraram

professores engajados em uma avaliação contínua, que contempla uma ampla

gama de atividades avaliativas, por outro foi constatado que o conjunto das

práticas favorece pouco o acolhimento da diversidade no interior das salas de

aula e, por conseqüência, impede que a avaliação complete seu ciclo, com o

oferecimento de ajudas ajustadas às necessidades dos alunos. A pesquisadora

verificou que as mudanças em sala de aula não são uma conseqüência natural

e direta das inovações introduzidas pelos órgãos públicos. Entretanto, existem

brechas para a ação na defesa de possibilidades de mudanças no cotidiano de

salas de aula, numa direção mais democrática e inclusiva, através do

fortalecimento do trabalho de equipe, desenvolvido em torno de um projeto

educacional que dê sentido aos esforços coletivos e aos projetos pessoais de

cada um daqueles que vive o cotidiano escolar.

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204

O SISTEMA DE PROGRESSÃO AVALIADA EM SANTOS NA VOZ DOS

PROFESSORES.

MARIA MÁRCIA MARIANI GUIRARDI

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO – 2005

ORIENTADORA: PROFª. DRª. ISABEL FRANCHI CAPPELLETTI

RESUMO

Este trabalho teve como objetivo investigar qual é a avaliação que os

professores do Ensino Fundamental da Rede Pública Municipal de Santos?SP

fazem do sistema de Progressão Avaliada, implantado no município. Com

novas perspectivas, a autora discutiu a questão proposta a fim de oferecer

subsídios para a revisão do processo público de avaliação municipal.

A pesquisadora inicialmente fez o levantamento da literatura sobre o

tema avaliação e sua abrangência, sobre progressão, legislação federal,

estadual, municipal e documentos oficiais relativos ao assunto. Para a

realização da investigação optou pela pesquisa qualitativa, envolvendo vinte e

cinco professores da Rede Municipal.

A pesquisa permitiu que se detectasse a visão dos professores sobre a

Progressão Avaliada implantada nos anos de 2002 a 2004. Os entrevistados

pertencem a diferentes escolas do Ensino Fundamental dos Ciclos I e II, de

diferentes regiões do município. O estudo amparou-se nos trabalhos sobre

avaliação realizados por Abramowicz, Abrechet, Afonso Janela, Cappelletti,

Hadji, Luckesi, Perrenoud, Sacristã e outros teóricos, e em pesquisas que

discutem a Progressão Continuada.

Os resultados obtidos evidenciaram a grande parcela de professores

que concorda com o sistema de Progressão Avaliada e outra que discorda. A

análise das respostas mostrou que a maioria dos professores entrevistados

apresenta uma prática subsidiada por uma visão formativa. Esses indícios de

prática formativa aparecem no relato de suas ações, embora muitos deles

ainda apresentem preocupações que os identificam com uma prática mais

tradicional de medida, o que revela certa contradição em suas concepções. Há

entre os professores um consenso: a avaliação deve estar a serviço da

aprendizagem.

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205

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM NO CONTEXTO DA ORGANIZAÇÃO DO

ENSINO POR CICLOS COM PROGRESSÃO CONTINUADA: UM ESTUDO A

RESPEITO DAS REPRESENTAÇÕES DE PROFESSORES DO CICLO I DO

ENSINO FUNDAMENTAL DE UMA ESCOLA MUNICIPAL.

SHEILA ROBERTI PEREIRA DA SILVA

TESE DE DOUTORADO

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – 2005

ORIENTADORA: PROFª. DRª. SONIA TERESINHA DE SOUSA PENIN

RESUMO

O trabalho tratou de uma pesquisa de campo educacional, de tipo

etnográfico, analisando o significado das representações a respeito de

avaliação da aprendizagem de professoras do ciclo I do ensino fundamental de

uma escola municipal, sob o contexto da organização escolar por ciclos com

progressão continuada.

A análise apoiou-se na teoria das representações de Henri Lefebvre, nos

estudos a respeito do cotidiano escolar de Sonia Penin, em fundamentos da

linguagem em uma perspectiva sócio-histórica defendida por Mikhall Bakhtin e

Eni Puccinelli Orlandi e no conceito de avaliação formativa apoiado em estudos

de Paul Black & Dylan Wiliam e de Philippe Perrenoud. Os dados foram obtidos

por meio de observação interpretativa das práticas das professoras e por meio

de entrevistas, conforme metodologia de Fredericck Erickson.

O estudo permitiu identificar, nas representações das professoras,

algumas interpretações do significado da avaliação que não se coadunam com

a lógica do ensino por ciclo com progressão continuada. Permanecem nas

práticas das professoras elementos que caracterizam a lógica da seriação,

estando o significado da avaliação vinculado a um modelo de regulação da

aprendizagem retroativo. O apoio pedagógico caracteriza-se, então, pelo

caráter de remediação. Não são valorizadas outrs formas de regulação

(interativa, pro-ativa) como prevê uma abordagem formativa de avaliação. As

representações das professoras sugerem um superdimensionamento de uma

das finalidades da avaliação, qual seja, a de prestação de contas. É forte a

influência da teoria do patrimônio cultural, tendo sido identificado um processo

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206

de substituição de sentidos “do porquê a criança não aprende” que desloca a

explicação de fatores pedagógicos e institucionais para causas ligadas à

família e a atributos pessoais.

Considerando o contexto da pesquisa, a superação de determinadas

representações que não se coadunam com alógica do ensino por ciclos,

encontra-se dificultada pelo modelo de gestão adotado na escola, que privilegia

uma concepção de avaliação descritiva, quantitativa, somativa e por norma. A

par dessas representações foram identificados sinais de ruptura na avaliação

da alfabetização, que coloca a professora do primeiro ano do ciclo como

portadora de uma concepção mais elaborada a respeito de linguagem e do

papel do erro na construção e avaliação da escrita.

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207

A PROGRESSÃO CONTINUADA E SUAS IMPLICAÇÕES NA AVALIAÇÃO

DA APRENDIZAGEM

ALESSANDRA HAUK POLICHE

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO – 2006

ORIENTADORA: PROFª. DRª. ISABEL FRANCHI CAPPELLETTI

RESUMO

Esta pesquisa estudou o Regime de Progressão Continuada, implantado

em São Paulo no ano de 1998, e as implicações desse novo sistema na

avaliação da aprendizagem.

O trabalho apresenta um histórico dos pressupostos do regime de

Progressão Continuada e faz uma breve distinção do sistema de Promoção

Automática que vigorava em meados dos anos 60. A pesquisadora discutiu

também os conceitos teóricos do sistema, embasados por autores respeitados

nos meios educacionais que consideram o sistema de ciclos como uma

inovação. Além disso, demonstrou a importância da avaliação formativa para o

sucesso desse sistema educacional.

A pesquisadora utilizou a abordagem qualitativa como método de

investigação, por meio de entrevistas semiestruturadase análise de discurso

dos sujeitos para obter o maior conjunto de dados empíricos possíveis acerca

do tema estudado.

O resultado foi uma série de críticas feitas ao sistema de Progressão

Continuada: o autoritarismo da SEESP na implantação do projeto e a ausência

de orientações sobre o novo sistema educacional. A conseqüência é o

desconhecimento por parte dos professores, dos princípios básicos do Regime

de Progressão Continuada, gerando distorções como ausência de avaliação e

promoção automática dos alunos. A intenção dessa pesquisa foi de contribuir

para o debate sobre o sistema de Progressão Continuada, a fim de que se

possa garantir a melhoria da qualidade de ensino.

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208

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM NA ESCOLA CICLADA DE MATO

GROSSO: O CASO DOS RELATÓRIOS DESCRITIVOS DE AVALIAÇÃO.

MARIA CLARA EDE AMARAL

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – 2006

ORIENTADOR: PROF. DR. LUIZ CARLOS DE FREITAS

RESUMO

O estudo é uma pesquisa de cunho qualitativo, que tem por finalidade

desvendar qual a viabilidade do modelo de avaliação adotado pela proposta da

Escola Ciclada de Mato Grosso. A mudança na organização do Ensino

Fundamental adotada em várias redes de ensino no Brasil, no caso do Mato

Grosso, abole o uso de notas e boletins, para avaliar, passa a realizar a

avaliação de maneira diagnóstica, reflexiva e processual, baseada na

observação do cotidiano dos alunos, e registrada de forma descritiva pelos

professores. O objeto de análise são os relatórios descritivos de avaliação,

produzidos no ano letivo de 2003 pelos professores das escolas selecionadas.

Os objetivos de estudo foram: investigar as dificuldades dos professores para

produzir e elaborar os relatórios; desvendar o que é viável e o que é inviável

em se manter os relatórios como avaliação; analisar como são produzidos os

relatórios e sua função no cotidiano escolar; analisar as temáticas abordadas

nos relatórios, recorrência de temas, tendências, padronizações e repetições.

A coleta de dados se desenvolveu no município de Cáceres/MT, entre os

meses de fevereiro e julho de 2004. O estudo de caso abrangeu duas escolas

da rede estadual, denominadas aqui Escola “A” e Escola “B”, e teve como

instrumentos de coleta de dados questionários, entrevistas e análise de

conteúdo dos relatórios. A população pesquisada se compõe de professores

dos 1º e 2º ciclos do ensino fundamental. A análise dos dados mostrou que o

uso dos relatórios descritivos na Escola Ciclada de Mato Grosso esbarra em

dificuldades operacionais, apresenta contradições de informações e revelou

que a avaliação informal permanece influenciando os juízos de valor emitidos

pelo professor mesmo em uma escola organizada dentro dos princípios dos

ciclos de formação.

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O PROCESSO AVALIATIVO NA PROGRESSÃO CONTINUADA: QUAL O

SENTIDO DO ERRO?

REGINA CÉLIA MONTEFUSCO FLORINDO PESSOA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – 2007

ORIENTADORA: PROFª. DRª. MARIA MÁRCIA SIGRIST MALAVASI

RESUMO

A pesquisa buscou entender o papel do erro, com ênfase na avaliação

da aprendizagem. Por se tratar de uma reflexão sobre o erro no processo

avaliativo, sua contextualização passa a ser constituída a partir de três níveis

de discussão: o do processo de avaliação da aprendizagem no contexto da

Progressão Continuada: o conceito de erro que emerge no cotidiano da sala de

aula, e a sistemática adotada pela professora da sala de aula observada, no

que se refere à correção dos erros dos alunos.

A pesquisa se deu em uma escola pública do Estado de São Paulo,

registrando através de observações o cotidiano de uma professora e seus

alunos. Num outro momento, foram realizadas entrevistas com a professora e

análises dos documentos oficiais da Secretaria de Educação do Estado de São

Paulo, referentes à implantação da Progressão Continuada. A partir da análise

dos dados, evidenciaram-se os tratamentos sentenciosos dados aos erros dos

alunos que os inscrevem no âmbito do ser. Em geral, o erro era observado

como um indicador do mau desempenho do aluno, do seu mau

comportamento, sem jamais ser utilizado para o redimensionamento do

processo ensino e aprendizagem. O que permeava a correção dos erros era

percebido como o sintoma visível do fracasso do aluno e este, portanto,

considerado como culpado e responsável pelos erros cometidos.

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210

A PROGRESSÃO CONTINUADA ROMPEU COM OS MECANISMOS DE

EXCLUSÃO?

ROSANA PRADO BIANI

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – 2007

ORIENTADORA: PROFª. DRª. MARIA MÁRCIA SIGRIST MALAVASI

RESUMO

Este trabalho analisou a seletividade, o fracasso escolar e a exclusão

após a implantação da Progressão Continuada na rede escolar pública

estadual de São Paulo. A pesquisa situa-se na perspectiva do materialismo

histórico dialético, sua abordagem é qualitativa e sua metodologia é o estudo

de caso. Além do levantamento bibliográfico e do estudo dos documentos

oficiais sobre a Progressão Continuada a fim de caracterizá-la enquanto

proposta do governo estadual de Campinas foi feito o acompanhamento, por

um ano letivo, em escola da rede estadual de Campinas, em dias classes de 4ª

série com o objetivo de observar como se concretizou a proposta na prática

escolar cotidiana. Os dados foram obtidos por meio dos documentos escolares

dos alunos-sujeitos da pesquisa – fichas de matrícula, listas “piloto” (com

nomes dos alunos, classes às quais pertenciam, listas das classes de

recuperação paralela e de férias), espelhos de classe (com notas bimestrais

em cada disciplina), das observações do cotidiano escolar – aulas, reuniões de

pais, recreios, reforço, sala das professoras e das entrevistas gravadas com os

alunos e as professoras.

A análise dos dados permitiu afirmar que: 1) da forma como se

concretizou, a Progressão Continuada não rompeu com mecanismos e

processos de seleção, fracasso e exclusão, levando a escola a manter o seu

caráter seletivo e excludente; 2) a exclusão, antes exterior à escola – pelo não

ingresso, repetência e evasão- acontece agora, com a criança na escola – pela

pouca qualidade da aprendizagem; 3) os mecanismos de exclusão estão

intimamente ligados aos processos avaliativos e intensificaram, dentro da

escola, a produção das desigualdades o que, , numa análise, contribui com a

manutenção das desigualdades sociais.

No entanto, pode-se afirmar que a implementação da proposta criou

condições objetivas para que as discussões sobre as finalidades da educação,

a função social da escola, a organização e a cultura escolar, as práticas

pedagógicas e a qualidade na educação ganhassem novas dimensões de

análise o que poderá contribuir historicamente para a superação da escola

seletiva e a construção da escola para todas as crianças.

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A POSTURA DOCENTE DIANTE DOS CICLOS DE APRENDIZAGEM

ISABELA BILECKI DA CUNHA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – 2007

ORIENTADORA: PROFª. DRª. ELBA SIQUEIRA DE SÁ BARRETTO

RESUMO

A partir de análise de pesquisas sobre as propostas de ciclos e

progressão continuada no Brasil, foi realizado um estudo de caso em uma

escola da rede pública municipal de São Paulo ao longo do ano letivo de 2006.

Segundo a revisão de estudos, a postura dos docentes se mostra um dos

aspectos vitais para a implementação de medidas de não repetência em

diferentes redes de ensino. Para os estudiosos, a discordância em relação aos

ciclos, manifesta por grande parte dos professores, fez com que estes

mantivessem práticas caracterizadas pelo regime seriado. Isso constituiria um

complicador para a efetivação de propostas que visam essencialmente a

flexibilização dos tempos e espaços escolares, como forma de superar o

fracasso escolar de alunos da rede pública.

O objetivo da pesquisa foi de revelar a postura dos docentes a partir de

suas práticas e das reflexões que fazem sobre seu trabalho, inserido num

contexto de ciclos. O trabalho de campo realizou-se por meio de observação

participante, análise documental e de entrevista semiestruturadacom sete

professoras do primeiro ciclo do ensino fundamental. A pesquisa abordou

aspectos da prática docente como o planejamento curricular, a avaliação dos

alunos, as relações de poder na escola, o trabalho coletivo, a formação

docente e os projetos implementados na rede de ensino no ano da realização

do trabalho de campo.

A pesquisadora verificou que os docentes, a despeito de serem em geral

contrários à proposta de ciclos, têm, ao longo dos anos, mudado a postura em

relação aos alunos diante das novas realidades criadas pelos ciclos,

reconstruindo suas práticas como forma de adaptar antigas concepções de

ensino à estrutura que foi gerada. Essas mudanças partem da necessidade de

atender os alunos com dificuldades de aprendizagem, incluídos no sistema de

ensino a partir da implantação do regime de ciclos. A análise revela que as

condições de trabalho não têm contemplado demandas importantes como a

formação docente, a participação da comunidade escolar, a articulação do

trabalho coletivo e a criação de instrumentos de apoio da comunidade escolar,

a articulação do trabalho coletivo e a criação de instrumentos de apoio aos

alunos nos diferentes anos do ensino fundamental.

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CICLOS OU SÉRIES?: A DEMOCRATIZAÇÃO DO ENSINO EM QUESTÃO.

OCIMAR MUNHOZALAVARSE

TESE DE DOUTORADO

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – 2007

ORIENTADOR: PROFª DRª SANDRA MARIA ZÁKIA LIAN SOUSA

RESUMO

Este estudo analisou as controvérsias sobre a organização do trabalho

escolar em ciclos ou séries em face aos desafios da democratização da escola

e do estabelecimento de um novo patamar de escolarização, no quadro de

suas teorizações e de iniciativas de redes públicas de ensino. Tem como

objetivo a proposta de organização do ensino fundamental em ciclos, como a

alternativa à organização do trabalho escolar seriado, investigado a partir da

literatura identificada no Brasil e no exterior e de iniciativas de implantação

desta proposta desencadeadas em quatro redes públicas: São Paulo, estado e

município, Belo Horizonte e Porto Alegre.

No que tange à literatura, o intuito foi localizar fundamentos históricos e

problematizações da seriação, bem como tentativas de formulações

alternativas que atendessem ao desafio de democratizar a escola básica.

Quanto às iniciativas, a preocupação voltou-se para destacar suas

propriedades na implantação, supondo ser possível identificar, nas formulações

originais, traços que permitam compreender aspectos de seu desenvolvimento

ulterior, principalmente seu potencial de contribuir com o processo de

democratização da escola. Transcorridos quinze anos desde a primeira dessas

iniciativas de adoção dos ciclos em todo o ensino fundamental e à luz de

contribuições teóricas e resultados de investigações acadêmicas, procurou-se

por evidências, nestas propostas e iniciativas, de democratização do ensino

fundamental, considerando tanto suas formulações quanto resultados de

desempenho de alunos.

As informações analisadas não permitiram afirmar a ocorrência de

alterações profundas na realidade educacional como decorrência dos ciclos,

particularmente não se tendo estabelecido uma contraposição curricular tão

radical ao paradigma da seriação, como aludiam seus formuladores. Não há

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213

indícios que confirmem a suposição, defendida pelos que contestam estas

iniciativas e alimentam a intensa polêmica que circunscreve os ciclos, de que

sua adoção estaria produzindo uma queda na qualidade do ensino. Para tal

afirmação tomou-se como referência o desempenho acadêmico dos alunos,

registrados em levantamentos e tratamentos de dados do Censo Escolar do

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP)

e resultados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) e da Prova

Brasil. O pesquisador concluiu que a adoção de ciclos em várias redes e em

escala bastante avantajada não levou à ruína da escola, por outro lado não

representou o atingimento de patamares há mais de uma década

prognosticados, mesmo naquelas escolas de redes cujos dirigentes

sustentavam que a proposta era a de inclusão, social e cognitiva.

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214

O IMPACTO DO ENEM NO PROCESSO SELETIVO DA PUC-SP

VALÉRIA FAMBRINI

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO – 2002

ORIENTADORA: PROFª. DRª. ISABEL FRANCHI CAPPELLETTI

RESUMO

A pesquisa teve como objetivo verificar se o ENEM (Exame Nacional do

Ensino Médio) provoca algum impacto no Processo Seletivo Unificado da PUC-

SP 2002, especialmente para os estudantes oriundos do ensino médio, na rede

pública de ensino brasileiro, e que concorreram ao preenchimento das vagas

nos cursos que apresentam uma demanda superior a três candidatos por vaga,

considerados com maior procura.

As políticas públicas de avaliação no Brasil abrangem exames para

todos os níveis de ensino e o ENEM, implantado em 1997, realizado

anualmente, desde 1998, pretende constituir-se numa possibilidade de diminuir

a auto-exclusão de candidatos ao vestibular conforme foi divulgado pela mídia.

A pesquisadora levou em consideração nesta discussão um dos

objetivos do ENEM que parece ser a estruturação de uma avaliação da

educação básica que sirva como modalidade alternativa ou complementar aos

exames de acesso ao ensino superior brasileiro.

A análise qualitativa realizada permitiu concluir que os resultados obtidos

pelos estudantes no ENEM oferecem um ganho inexpressivo na pontuação

final, o que não facilita a conquista de vagas, em cursos com maior procura.

As discussões encaminhadas ao longo do trabalho evidenciam a

complexidade dos problemas educacionais no Brasil que em muito superam os

limites impostos pela realização de exames oficiais.

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AVALIAR AS ESCOLAS ESTADUAIS PARA QUÊ?

UMA ANÁLISE DO USO DOS RESULTADOS DO SARESP 2000

CRISTIANE MACHADO

TESE DE DOUTORADO

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – 2003

ORIENTADORA:PROFª DRª SANDRA MARIA ZÁKIA LIAN SOUSA

RESUMO

O objetivo desta tese foi de investigar como as Diretrizes de Ensino da

Secretaria Estadual da Educação de São Paulo têm se apropriado dos

resultados obtidos como o SARESP e qual o potencial das ações propostas, a

partir dos resultados da avaliação, de produzir melhorias na qualidade da

educação pública.

A análise foi focada nos Relatórios de Avaliação do SARESP produzidos

pelas Diretorias no final da aferição da avaliação de 2000. Foram 88

documentos analisados de um total de 89 Diretrizes existentes à época.

A maioria desses relatórios se mostrou com propostas de ação que,

geralmente, já vinham sendo realizadas pelas Diretorias e sem evidências

avaliativas que as justificassem, sinalizando que os resultados obtidos com o

SARESP não estão sendo utilizados, pelas Diretorias, em todo potencial que

eles possuem de apontar caminhos para ações que serão desenvolvidas, e que

deveriam ser, a priori, resultantes de análises realizadas por elas.

Na análise dos relatórios a sensação da desconexão entre os conteúdos

que eram apresentados e as evidências avaliativas com o SARESP

incomodava profundamente, embora não havia clareza dessa percepção. A

leitura de um relatório que, comentando os relatórios das escolas, afirmava

“percebemos que as ações propostas são muito genéricas e nem sempre

direcionadas aos problemas e dificuldades identificados no SARESP”,

possibilitou reconhecer esse sentimento.

Na pesquisa fica o reconhecimento no SARESP seu potencial de

possibilitar dois focos de análise: porém a investigação dos relatórios permitiu

evidenciar qua as Diretrizes de Ensino utilizam o SARESP, pelas análises nos

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216

documentos, como assessment, ou seja, um teste para verificar os rendimentos

dos alunos.

Ao utilizar os dados do SARESP com esses objetivos constatou-se que

a concepção dessa avaliação não está pautada no princípio de servir como um

instrumento direcionador de uma reflexão coletiva que possibilite apontar

caminhos para a construção de uma escola pública que se comprometa com a

qualidade da aprendizagem de todos os seus alunos, mas sim na possibilidade

de servir como mecanismo de classificação e comparação entre as escolas.

A implantação de sistemas de avaliação como assessment, que enfatiza

as notas e os resultados dos alunos e escolas, antes de ter a possibilidade de

intervenção na qualidade do ensino, tem o objetivo de servir como

accountability, ou seja, “responsabilização” e “prestação de contas” do serviço

público educacional. Ao utilizao o SARESP como assessment a Secretaria

atribui a este sistema de avaliação também o papel accountability que, ao

mesmo tempo, permite a responsabilização das escolas e alunos pelos seus

resultados e a prestação de contas sobre os investimentos na área da

educação.

Nesta direção, pode-se afirmar que a Secretaria, entre criar uma política

de avaliação de sistema pautada no princípio de possibilitar uma reflexão sobre

o processo ensino-aprendizagem ou classificar e comparar o desempenho das

escolas, teve como intenção esta última, estimulando a competição entre elas.

A Secretaria de Educação precisa buscar construir, em alguns aspectos,

outra organização pedagógica e administrativa para poder propor soluções às

dificuldades encontradas no desenvolvimento do trabalho pedagógico que os

documentos relatam.

A questão da progressão continuada, independente dos

comportamentos agregados a ela, como a resistência, a incompreensão, etc,

necessita ser avaliada, para ser discutida e trabalhada com as escolas nos

relatórios das Diretorias e também nos das escolas, uma vez que são elas que

subsidiam os primeiros, sinaliza para algo que não vai bem e que os órgãos

gestores centrais precisam, urgentemente, dar uma resposta política.

Para que uma avaliação de sistema, assim como o SARESP, possa

contribuir com a perspectiva de um ensino público de qualidade, ela não deve

ser vista somente como resultado, mas sim como processo.

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O ENEM COMO ELEMENTO DEMOCRATIZADOR DO ACESSO AO ENSINO

SUPERIOR PÚBLICO PELOS ALUNOS ORIUNDOS DAS CAMADAS

POPULARES

JESSE PEREIRA FELIPE

TESE DE DOUTORADO

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO - 2004

ORIENTADORA: PROFª. DRª. ANA MARIA SAUL

RESUMO

Criado pelo Ministério da Educação e Cultura – MEC – em 1997, o

Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM – é um exame voluntário e tem

como objetivo avaliar a performance individual dos alunos no fim do ensino

médio, verificando o desenvolvimento de suas habilidades e competências. De

acordo com o MEC, o ENEM , no entanto, tem se tornado uma referência para

guiar as escolhas futuras, seja em relação à continuidade prosseguimento dos

estudos, seja para a entrada no mercado de trabalho. O ENEM tem se tornado,

ainda de acordo com o MEC, uma alternativa ao processo de seleção para a

admissão às Instituições de Estudo Superior juntamente com o tradicional

vestibular e, mesmo em alguns casos, substituindo-o.

O objetivo da pesquisa foi verificar se o ENEM provoca algum impacto

nos processos seletivos desenvolvidos pela USP, UNESP e UNICAMP,

especificamente para alunos provenientes de escolas públicas de Ensino

Médio.

O autor apresenta um estudo histórico e comparativo do

desenvolvimento dos sistemas educacionais na Inglaterra, Espanha e Portugal.

Enfatiza a discussão da noção do quase-mercado na educação e como sua

implementação tem constituído um dos elementos estruturantes da

transformação do papel do Estado no suprimento e na administração de

educação nos países citados nos anos 80 e 90.

Relacionado a isso, o autor apresenta, comparativamente, uma análise

dos fatos que têm sido dominantemente presentes na concepção e condução

dos sistemas de ensino e na avaliação (verificação) institucional de educação

no Brasil, do qual o ENEM faz parte. A partir daí, apresenta uma discussão

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sobre a gênese do ENEM na (re)configuração de um Estado que considera a

competitividade como maior parâmetro para melhorar a qualidade educacional.

O autor apresenta numa outra vertente de análise, uma breve discussão

sobre a condição desse Exame que, embora se dizendo uma forma dos alunos

auto-avaliarem suas competências e habilidades, tem seus resultados

verificados pelo Estado.

A análise qualitativa feita permitiu concluir que os resultados obtidos pelos

alunos no ENEM oferecem um ganho inexpressivo na pontuação da

classificação final de acesso às três universidades pesquisadas – USP,

UNESP, UNICAMP.

De acordo com os estudos realizados nesta pesquisa, o ENEM não tem

sido um instrumento que ajuda os alunos da escola pública de ensino médio a

entrar nas Universidades Públicas em São Paulo.

O autor apresenta algumas propostas do atual governo relacionadas

com a adoção de um sistema de cotas para alunos negros, e também para

alunos provenientes de escolas públicas de ensino médio.

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A AVALIAÇÃO BÁSICA NO BRASIL: DIMENSÃO NORMATIVA,

PEDAGÓGICA E EDUCATIVA

DIRCE NEI TEIXEIRA DE FREITAS

TESE DE DOUTORADO

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – 2005

ORIENTADORA: PROFª. DRª. SANDRA MARIA ZÁKIA LIAN SOUSA

RESUMO

A pesquisa abordou o tema avaliação da educação básica no Brasil ao

procurar resposta para a pergunta: como a avaliação em larga escala emergiu,

firmou-se e operou enquanto ação educativa estatal, na regulação da educação

básica brasileira? O objetivo do estudo foi explicitar a dimensão normativa,

pedagógica e educativa da regulação estatal pela via da avaliação, no período

de 1988-2002. Para tanto, realizou-se investigação da natureza qualitativa e

orientada por princípios dialéticos, utilizando-se de um corpus documental que

foi submetido a exame com enfoque da análise de conteúdo.

Buscou-se, principalmente em Antonio Gramsci, Bob Jessop e Ralph

Miliband, os conceitos e as noções que referenciaram a investigação, as

análises e as interpretações. Num primeiro momento investigou-se o processo

de emergência da avaliação como questão de interesse para o governo da

educação básica, analisando-se o tratamento dado, no período de 1930-1988,

ao tema “avaliação educacional” na pesquisa em educação, na legislação e no

planejamento educacional. Verificou-se que o interesse pela avaliação em larga

escala, impulsionado pelas experiências da aferição externa do rendimento dos

alunos e pelos estudos de desempenho do ensino nos anos 1980, culminou na

articulação de “medida-avaliação-informação” educacional. Constatou-se que

no Brasil, a avaliação em larga escala surgiu como estratégia de governo da

educação básica resultante da ação política, institucional e administrativa do

Estado central. Num segundo momento investigou-se o processo que gerou a

força normativa do complexo de “medida-avaliação-informação”, considerando-

se primeiro as medidas jurídico-legais e político administrativas do Estado

central na implementação desse complexo no período 1988-2002 e, a seguir,

as estratégias (discursiva, publicitária, de aliança, de negociação e de

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220

aproximações) de agentes estatais e seus interlocutores. Verificou-se que a

avaliação em larga escala se firmou com a produção de normas e,

principalmente, com a execução de iniciativas de regulação avaliativa. Tiveram

importante papel nesse processo alguns agentes estatais e os indivíduos que

se qualificaram para a interlocução com o INEP e o MEC. Finalmente, foram

investigadas as dimensões pedagógica e educativa da atuação estatal, sendo

esta considerada na perspectiva do movimento de centralização-

internacionalização da regulação educacional. Constatou-se que o Estado-

avaliador operou (e opera) uma ação educativa (formativa) por meio de um

conjunto de medidas pedagógicas, encontrando nestas um veio de sua própria

consolidação e aperfeiçoamento. A interpretação dos dados levou a concluir

que a regulação avaliativa vincula-se a projetos hegemônicos na sociedade e

que as perspectivas de aprimoramento do Estado-avaliador, no Brasil, não

prescindem da avaliação dos princípios educativos que o dirigem e da

pedagogia que empreende.

A pesquisadora entende ser importante declarar que reconhece tanto a

legitimidade e a indispensabilidade do Estado-educador para qualificar a

educação básica brasileira, como, também, a possibilidade de que o Estado-

avaliador se constitua uma mediação profícua para tanto. Mas vê, como

condicionantes necessários: que a legitimidade do poder estatal não seja

negada na atuação de sua burocracia e na prevalência de projetos estratégicos

que sejam excludentes; que a indispensabilidade do Estado-educador não

conduza a situações em que seja minorada a atuação efetiva de um Estado

provedor do direito à educação de todos, sem exceções e sem soluções

precárias; que as intervenções estatais destinadas a qualificar a educação

básica se qualifiquem em termos de pertinência e efetividade social e de

práticas democráticas emancipadoras e republicanas; que a avaliação dos

princípios educativos que dirigem o Estado-avaliador e da pedagogia que este

empreende seja a prioridade na busca de seu aprimoramento.

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POLÍTICAS PÚBLICAS DE AVALIAÇÃO: O ENEM E A ESCOLA DE ENSINO

MÉDIO

LEILA DE ALMEIDA DE LOCCO

TESE DE DOUTORADO

PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO – 2005

ORIENTADORA: PROª. DRª. ISABEL FRANCHIO CAPPELLETTI

RESUMO

A Política Pública de Avaliação Nacional, o ENEM, Exame Nacional do

Ensino Médio, em escolas públicas do Estado do Paraná foi o tema abordado

neste trabalho. A questão central que norteou o estudo foi se o ENEM como

política pública de avaliação está trazendo repercussões para a escola pública

de ensino médio.

Os objetivos propostos possibilitaram analisar, com um olhar crítico-

reflexivo, a política do ENEM na educação básica, dando vez e voz aos

professores, gestores e alunos da escola, bem como posicionar o ENEM no

conjunto das políticas públicas de avaliação, verificando o alcance de suas

finalidades.

A opção pela pesquisa de abordagem qualitativa como perspectiva

teórico-metodológica, justificou-se em razão da natureza da temática e dos

compromissos do pesquisador com um estudo propositivo. O trabalho de

campo, junto a duas escolas públicas estaduais, na cidade de Curitiba,

realizou-se durante os anos de 2003/2004. A estratégia de pesquisa adotada

possibilitou o aprofundamento de estudos, no nível escolar que, até então, tem

sido pouco explorado como lócus de estudo na área de políticas públicas.

Questionários semiestruturadosforam os procedimentos de pesquisa utilizados

para a coleta de dados e, assim, resgatar o movimento das políticas públicas,

respaldando o processo de análise. O cenário contemporâneo das políticas de

avaliação situa e contextualiza a temática estudada. Buscou-se o significado da

avaliação educacional, sua posição no conjunto das políticas públicas de

avaliação nacional e internacional, com vistas a caracterizar o estado avaliador

no Brasil. Estudou-se o ENEM como uma das políticas do Sistema Nacional de

Avaliação resgatando sua trajetória histórica, suas bases legais, sua relação

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com o currículo, sua articulação com o Ensino Superior e, finalmente, sua

operacionalização no Estado do Paraná.

A práxis da pesquisa, respaldada na opção metodológica qualitativa,

tratou das unidades de pesquisa, dos sujeitos, dos procedimentos, da coleta de

dados, da sua organização, análise e interpretação. A análise da política do

ENEM, a partir do discurso oficial e da prática pedagógica foi a estratégia

utilizada para desmistificar esta política como portadora de uma perspectiva

democrática.

As considerações finais apresentam as contribuições do estudo para o

dimensionamento das repercussões do ENEM na educação básica,

considerando a voz dos professores, gestores e alunos da escola pública do

Ensino Médio e o contraponto entre o discurso oficial e a prática pedagógica.

Propõe-se, finalmente, dadas as contribuições deste estudo, o desafio ao

pensar e agir dos educadores diante da política pública de avaliação – o

ENEM.

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EDUCAÇÃO CONTINUADA COMPROMETIDA COM A TRANSFORMAÇÃO

SOCIAL.

MARIA LEILA ALVES

TESE DE DOUTORADO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – 2000

ORIENTADORA: PROFª. DRª. CECÍLIA AZEVEDO LIMA COLLARES

RESUMO

O estudo tem por objetivo tematizar a educação continuada. Partindo do

pressuposto de que os processos de educação continuada podem favorecer a

democratização do ensino e tendo como referência as demandas postas pelo

neoliberalismo à educação, percebeu-se que, mais do que nunca, faz sentido

explorar as relações contraditórias que se estabelecem entre educação e

sociedade. Essa constatação levou à retomada das teses reprodutivistas para

uma reeleitura das possibilidades e limites da educação no contexto neoliberal.

E nessa direção, em busca de caminhos férteis e conseqüentes para explorar

as potencialidades da educação continuada, entendida como uma estratégia

privilegiada para a transformação da escola, procurou-se analisar três projetos

desenvolvidos na rede pública do Estado de São Paulo que tiveram como

objetivo desencadear e alavancar um trabalho educacional coletivo,

comprometido, engajado e transformador. Fazendo uso de algumas categorias

dialéticas – instituinte/instituído, relação teoria/prática, tempo/espaço de

construção, ruptura/continuidade e rejeição/sedução – que favorecem a

identificação da natureza de suas ações e de seus compromissos com a

transformação social, chegou-se a um referencial teórico/metodológico que

permite a elaboração de outros projetos que se pretendam transformadores. O

estudo incorpora ainda a manifestação das vozes político-acadêmica, político-

institucional, político-sindical e político-parlamentar que expressam as

perspectivas para a educação continuada dos profissionais de ensino deste

Estado.

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A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR E A FUNÇÃO SOCIAL DA

ESCOLA.

JERUSA DA SILVA GONÇALVES ALMEIDA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO – 2001

ORIENTADOR: PROF. DR. ODAIR SASS

RESUMO

A pesquisa analisou de uma perspectiva teórica, a relação existente

entre formação, função social da escola e prática avaliativa da aprendizagem

escolar. Utilizou como referencial teórico de análise a Teoria Crítica da

Sociedade. Os fins da formação e da educação, especialmente na visão de

Theodor W.Adorno, possibilitam reflexões mais amplas acerca da relação

existente entre a educação escolar (formação educacional) e a avaliação

educacional (escolar). Lida com a hipótese de que a redução do conceito de

aprendizagem escolar ao domínio cognitivo e da avaliação à aferição escolar

dos resultados, obtida nesse domínio (rendimento escolar), está em

consonância com a principal função ideológica da escola, qual seja, a de

ocultar o papel que desempenha na formação do indivíduo reflexivo e

autoconsciente.

A leitura e análise de artigos em periódicos especializados sobre

avaliação educacional, somadados às reflexões concernentes aos conceitos de

formação, adaptação e emancipação, tornam possível uma compreensão mais

clara dos efeitos desses conceitos no âmbito da educação escolar.

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INTELIGÊNCIA E AVALIAÇÃO: DA IDEIA DE MEDIDA A IDEIA DE

PROJETO.

KÁTIA CRISTINA STOCCO SMOLE

TESE DE DOUTORADO

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – 2001

ORIENTADOR: PROF. DR. NILSON JOSÉ MACHADO

RESUMO

Este trabalho investigou as relações entre as concepções de inteligência

e a avaliação escolar, com o intuito de desvendar as possíveis implicações

educacionais daí decorrentes, especialmente no referente ao projeto de

formação do aluno e na constituição de um sujeito com autonomia para realizar

seus projetos pessoais.

A pesquisa deu-se a partir da análise crítica da avaliação praticada na

escola significativamente influenciada pela medição e pela busca de

objetividade, para relacioná-la com uma visão distorcida do aluno sobre sua

inteligência, sobre o valor do conhecimento escolar e com a perda, no aluno,

da vontade por aprender. Tem como hipóteses que nenhuma modificação na

concepção de avaliação, como medida, será realizada sem que ao mesmo

tempo haja uma alteração na concepção de inteligência ligada à medida, para

uma concepção de criação, de projeto. Considera que a avaliação é um

elemento articulador do processo de ensino e aprendizagem desempenhando

papel central na formação do aluno, e que a perspectiva da classificação

presente na avaliação pode ser superada se a escola aproximar a avaliação da

perspectiva de projeto.

Tomando por base a Teoria da Inteligência Criadora de José Antonio

Marina, o trabalho examina a forma da avaliação na escola, propondo ações

que auxiliem a transformação da prática e apresenta como conclusão que é

possível organizar um caminho para a avaliação, que seja viável de ser

desenvolvido e utilizado na prática escolar. A proposta é conceber a avaliação

como um elemento intrinsecamente associado ao projeto educativo e mediador

dos projetos pessoais dos atores do processo de ensinar e aprender.

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A partir dos estudos que foram realizados neste trabalho compreende-se

que, embora a concepção de inteligência não seja o único fator que determina

a avaliação escolar, ela interfere diretamente no modo como a escola e os

professores avaliam a aprendizagem dos alunos, na organização das ações

avaliativas e nos usos dos resultados obtidos por meio da avaliação.

Desta forma, dentro da concepção e usos mais conhecidos na escola, a

avaliação ainda é tributária de uma concepção psicométrica da inteligência e

encarada como a medida da diferença entre o que o aluno produz e o que o

professor ensinou durante um certo período de tempo. É preciso ultrapassar

esse modelo de avaliação de modo a evitar que as distorções apontadas

permaneçam, e mesmo impedir que ocorram, o que não se consegue por meio

de listas de objetivos pré-estabelecidos, por um sistema de avaliação que

procure ser cada vez mais técnico, que tenha como preocupação encontrar a

melhor forma de atribuir uma nota ao aluno.

Quando pensamos nas implicações educacionais trazidas pela Teoria da

Inteligência Criadora, temos uma perspectiva de superação da idéia de medida,

pois podemos entrever uma avaliação que prioriza não a verificação do

domínio pontual das informações, mas que busca contribuir para a aquisição

de conhecimentos e competências que possam ser mobilizados na realização

de projetos.

Sob esse ponto de vista, a avaliação serve para aconselhar, informar,

indicar mudanças, funcionando em uma lógica cooperativa, que faz do diálogo

uma prática e funcionando como uma lente que permite uma visão cada vez

mais detalhada sobre o processo de ensinar e aprender. Dessa forma, o que

passa a ter sentido na avaliação escolar é a possibilidade constante de reflexão

sobre o projeto pedagógico, suas metas, suas possibilidades e a localização de

cada aluno, suas aprendizagens e necessidades em relação às metas do

projeto. Assim, avaliar implica em recolher, descrever, analisar e explicar o

processo de ensino e aprendizagem. Uma ação regulada e refletida em função

de um presente e de um futuro esboçado pelo projeto, tanto em sentido

pedagógico, quanto individual. Uma ação mediada pelo valor que é atribuído a

uma aprendizagem que seja relevante a formação do ser humano, em sua

dignidade e ética.

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A CONCEPÇÃO DE PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL SOBRE

AVALIAÇÃO.

CRISTINA ZUKOWSKY TAVARES NERI

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO – 2003

ORIENTADORA: PROFª. DRª. ISABEL FRANCHI CAPPELLETTI

RESUMO

A pesquisadora em seu trabalho procurou analisar a concepção de

avaliação da aprendizagem dos professores de 1ª a 4ª série do ensino

fundamental da escola pesquisada.

Em sua pesquisa optou pela abordagem qualitativa. Utilizou a entrevista

semiestruturadae a análise documental. Participaram da entrevista doze

professoras do ensino fundamental.

A autora concluiu que as concepções oscilam entre epitemologia

positivista e dialética emancipatória. Grande parte dos professores

entrevistados retrata a avaliação da aprendizagem como a unção de fornecer

um “feedback” para o professor. A gestão do tempo – tempo do aluno e o

tempo dos programas, compartimentaliza o espaço disponível para a

aprendizagem de forma rígida e inflexível. A concepção de aprendizagem

expressada por vários professores ainda remete como um bem a ser

transmitido, exposto, passado pelo professor. Todos os professores encontram

na avaliação um feedback para a melhoria de sua atuação em classe. Os

documentos da escola revelam a opção realizada por um trabalho qualitativo

em avaliação.

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PELOS CAMINHOS DA AVALIAÇÃO: UMA POSSIBILIDADE DE

RECONSTRUIR A ESCOLA NUMA PERSPECTIVA DEMOCRÁTICA

TARGÉLIA FEREIRA BEZERRA DE SOUZA ALBUQUERQUE

TESE DE DOUTORADO

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO – 2003

ORIENTADORA: PROFª. DRª. MERE ABRAMOWICZ

RESUMO

A presente pesquisa ao assumir que a avaliação é uma prática social,

portanto, é política, se vincula ao projeto de escola, explicitando seus

compromissos com as lutas pela democratização da sociedade: digna, fraterna

e justa. Ela demonstra que, quando a escola decide problematizar (mexer na) a

avaliação, trabalhando coletivamente com educadores e educandos, fazendo

um chamamento às famílias para participarem do processo de reconstrução de

sua proposta avaliativa, recria, fundamentalmente, o seu projeto pedagógico,

consolidando o diálogo crítico e as relações democráticas na escola.

Ao colocar os pés no chão de uma escola de Ensino Fundamental da

cidade de Curitiba-PR, durante dois anos consecutivos, desenvolvendo

inicialmente uma metodologia etnográfica e em seguida, caracterizando-se

como pesquisa-ação, a investigação desvelou o movimento da avaliação na

tessitura curricular, demonstrando como uma reflexão crítica – coletiva – do

currículo e da avaliação abre caminhos para a criação de um novo

conhecimento solidariedade-emancipação. A pesquisa convoca a ética (em

Dussel e Freire, especialmente) para o centro dos debates sobre a qualidade

da escola e da avaliação educacional/escolar, anunciando princípios

norteadores da avaliação à luz do pensamento freireano.

Compreendendo a avaliação numa perspectiva de totalidade social e

cultural, discute a questão da avaliação como estratégia de Gestão

Educacional, adentrando nas relações entre Estado – Mercado – Educação e

Avaliação, problematizando a função reguladora da avaliação e anunciando

uma perspectiva emancipadora. Comprova que ética e avaliação são fortes

elos pedagógicos em defesa da plena existência humana, da vida na escola,

da escola promotora da melhor qualidade social. Pelos Caminhos da Avaliação,

a escola vai passo-a-passo se conhecendo melhor e fazendo a sua autocrítica,

promovendo rupturas na ritualização avaliativa; democratizando saberes,

espaços e fazeres e investindo nas condições objetivas necessárias à

concretização de uma avaliação emancipadora.

A pesquisa demonstrou que, a escola como organização aprende a se

reconstruir democrática, fundamentada numa ética comunitária, em que o

diálogo crítico é o elo mais forte de ligação pedagógica entre escola:

educadores, educandos e as famílias, reafirmando o compromisso com a

formação plena do ser humano – significado real da sua existência.

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A AVALIAÇÃO NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM DE

MATEMÁTICA, NO ENSINO MÉDIO; UMA ABORDAGEM FORMATIVA

SÓCIO-COGNITIVISTA

DOMICIO MAGALHÃES MACIEL

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – 2003

ORIENTADORA: PROFª. DRª. ANNA REGINA LANNER DE MOURA

RESUMO

Este estudo teve como objetivo contribuir para reflexão sobre a

avaliação no processo ensino-aprendizagem na área da Matemática, no ensino

médio. Foi feita uma revisão da literatura que trata da avaliação, nos seus

aspectos histórico, sócio-cognitivo, filosófico e metodológico com o fim de dar à

prática avaliativa do professor um referencial crítico e prático no contexto da

nossa atual escola, que se deseja ser comprometida com as aprendizagens de

Matemática dos alunos. Aprofundou-se a avaliação formativa com o fim de lhe

dar uma abordagem sócio-cognitivista.

Pesquisas da Educação Matemática apontam para a avaliação

formativa quando os atores sugerem instrumentos de avaliação como

possibilidades de aprendizagem da Matemática, estimulando o uso da

metacognição e dando ênfase à avaliação de resolução de problemas e

comunicação matemática, num ambiente de cooperação. Para fazer uma

correlação entre teorias existentes e a prática avaliativa em Matemática, na

escola de ensino médio, foi feita uma pesquisa de campo, no período de um

semestre, na modalidade de estudo de caso qualitativo. Para a construção do

material empírico, foram realizadas entrevistas semiestruturadase

questionários abertos, desenvolvidos com professores e alunos, sendo um

professor por série e uma classe por professor. Além desses instrumentos,

foram feitas observações da prática de avaliação em sala de aula, na

modalidade observação participante.

Com essa pesquisa chegou-se a conclusão que a avaliação praticada

pelos professores sujeitos da pesquisa, cuja escola não oferece condições

ideais para uma avaliação formativa, presta-se mais ao jogo institucional ou

social, que lhes é imposto pelo sistema de ensino, que ao jogo pedagógico

mais coerente com a avaliação formativa. Assim, pouco contribui para o

processo ensino-aprendizagem da Matemática.

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UMA EXPERIÊNCIA DE AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM NO ENSINO

MÉDIO: A PARTICIPAÇÃO DOS ALUNOS NA RECONSTRUÇÃO DE SEUS

CONCEITOS QUÍMICOS.

MELISSA DAZZANI

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – 2004

ORIENTADORA: PROFª DRª MARIA EUNICE R. MARCONDES

RESUMO

Os alunos do Ensino Médio são submetidos a uma série de atividades

durante todo o ano letivo, incluindo as provas, que são utilizadas para a

avaliação da aprendizagem. Ao final de cada bimestre, uma nota é atribuída

pelo professor e os alunos que não obtém o desempenho esperado são

submetidos a uma nova prova para tentar recuperar essa nota.

Freqüentemente, o processo de avaliação e de recuperação tem como principal

objetivo recuperar a nota do aluno e não os seus conhecimentos. A melhoria da

nota

O trabalho foi realizado com alunos do 1º ano do Ensino Médio de duas

escolas localizadas na região metropolitana de São Paulo. Nesse processo, o

aluno participa ativamente de seu aprendizado e toma consciência de seus

erros e de suas dificuldades. O método proposto consiste no desenvolvimento

de quatro etapas. A primeira tem como objetivo fazer o aluno perceber suas

dificuldades. Na segunda etapa, o aluno recebe orientações de estudo do

professor e é submetido a uma nova avaliação. Na terceira etapa, o aluno

participa ativamente de seu aprendizado, discutindo conceitos de química. Na

quarta etapa, procurou-se verificar a eficiência desse processo de avaliação e

de recuperação da aprendizagem através da apresentação de questões para o

aluno resolver um mês após a atividade.

Os resultados obtidos indicaram que cerca de 60% dos alunos do 1º ano

conseguiram recuperar seus conceitos, contra cerca de 30% do 2º ano. A

maior eficiência para os alunos do 1º ano pode ser explicada por não estarem

acostumados com os processos convencionais de recuperação da escola, que

visam somente a melhoria das notas. Em ambas as séries, os alunos

mostraram um grande envolvimento com as atividades realizadas. O processo

de avaliação e de recuperação da aprendizagem desenvolvido neste trabalho

mostrou-se mais eficiente do que os métodos anteriores adotados. A

aprendizagem deu-se de forma mais significativa e estudantes puderam

reformular os conceitos de química que ainda apresentavam dificuldades.

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AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA A DISTÂNCIA: UMA

EXPERIÊNCIA DE GEOMETRIA NO ENSINO MÉDIO.

ANDERSON LOPES

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO - 2004

ORIENTADORA: PROFª. DRª. ANA PAULA JAHN

RESUMO

Esta pesquisa insere-se na temática relativa à avaliação em Educação a

Distância (EAD). Nesse contexto, o estudo abordado discutiu a viabilidade da

implementação de processos avaliativos em ambientes virtuais, suportado por

ferramentas de comunicação interativas. Em particular, o pesquisador buscou

responder a seguinte questão: ao se disponibilizar um curso, totalmente à

distância, utilizando recursos digitais e abordando um tema matemático

específico, qual processo avaliativo permite revelar o desempenho de cada

aluno? Para tanto, foi concebido e implementado um curso para alunos do

Ensino Médio, envolvendo três escolas particulares do Estado de São Paulo

abordando o tema de Geometria. O referido curso assentuou-se na plataforma

TelEduc e integrou o ambiente Cabri-Géomètre.

O processo avaliativo concebido nesse curso deu ênfase à avaliação

formativa, contínua e abrangente, adotando mecanismos auxiliares, como a

auto-avaliação e o rastreamento da interação e da colaboração praticada pelos

alunos.

Para situar esta proposta, o pesquisador utilizou os fundamentos

teóricos de BLOOM (1985), recorrendo à pesquisa de TAROUCO (2000) e

foram apresentados os níveis do modelo de KIRPATRICK (1994), para os

quais discutiu a pertinência no contexto em que foi inserido.

Atentos às condições e especificidades do curso, as análise mostram que

atividades caracterizadas como verdadeiras situações-problema, no sentido de

uma efetiva problematização, levam os alunos à busca de informações,

sugestões ou contribuições dos demais participantes, numa perspectiva de um

trabalho colaborativo. Quanto ao modelo avaliativo proposto, os resultados

apontam para sua viabilidade, condicionada ao intenso comprometimento e

atuação do professor-formador.

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AUTOAVALIAÇÃO E AVALIAÇÃO DO PARCEIRO: ESTRATÉGIAS PARA O

DESENVOLVIMENTO DA METACOGNIÇÃO E O APERFEIÇOAMENTO DO

PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM.

RAISSA RODRIGUES MURAD

TESE DE DOUTORADO

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO – 2005

ORIENTADORA: PROFª. DRª. CLAUDIA LEME FERREIRA DAVIS

RESUMO

O objetivo da pesquisa foi verificar se a autoavaliação e/ou a avaliação

do parceiro são instrumentos eficazes para a construção e desenvolvimento da

metacognição, algo tido como central para a melhoria do processo de ensino-

aprendizagem.

A pesquisa foi desenvolvida em uma escola particular muito bem

conceituada, localizada em São Luis do Maranhão. Os sujeitos da pesquisa

foram 24 alunos da 6ª série do Ensino Fundamental e sua professora de

matemática. Os alunos ora deveriam fazer autoavaliação do próprio

desempenho em uma determinada tarefa, ora avaliar seu parceiro, o qual

poderia ser do mesmo sexo ou do sexo oposto.

A coleta de dados envolveu, ainda, as opiniões dos alunos sobre como

foi realizar esse tipo de atividade e as apreciações da professora a respeito

dessa proposta. Para a análise dos resultados foram construídas cinco

categorias de uso da metacognição, tendo se encontrado que os alunos,

quando colocados em situação na qual devem realizar uma autoavaliação ou

avaliação do parceiro passam a fazer uso da metacognição, aprimorando-a na

medida em que a vão exercitando. Com isso, torna-se possível perceber quais

são os aspectos positivos e negativos de si e do outro, promovendo, em alguns

caos, a regulação da conduta, no sentido de aprimorar o processo de

aprendizagem.

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AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM EM SALA DE AULA: PRÁTICA DOS

PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL

REGINA CELLI SCHWENCK DE JESUS DOS SANTOS

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO – 2005

ORIENTADORA: PROFª. DRª. BERNADETE ANGELINA GATTI

RESUMO

O estudo focaliza a avaliação em sala de aula, na perspectiva de

professores de 5ª a 8ª série (ciclo II) do Ensino Fundamental. O objetivo da

pesquisa foi de verificar como esses professores avaliam seus alunos, quais os

meios que são utilizados bem como analisar concepções que têm sobre

avaliação.

Os dados foram coletados junto aos professores, em uma escola pública

estadual, através da aplicação de um questionário e entrevistas individuais,

analisados numa abordagem qualitativa. Para análise e interpretação dos

dados foram transformadas todas as questões em categorias e nenhuma das

respostas ao questionário, ou as entrevistas foram descartadas; na medida que

se identificavam, as respostas foram agrupadas e os dados do questionário e

entrevistas foram cruzados.

Os resultados encontrados apontam para uma valorização da avaliação

pelos professores integrantes desse trabalho. A avaliação é utilizada com

freqüência, não só para acompanhar o processo de aprendizagem de seus

alunos, mas também como reguladora de seus trabalhos. Outro dado

encontrado é a valorização dada por alguns professores aos cursos de

formação continuada que foram fator importante nas mudanças de suas

concepções de avaliação e de suas práticas.

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AVALIAÇÃO FORMATIVA: UM ESTUDO SOBRE A PRÁTICA AVALIATIVA

DOS PROFESSORES DE 1ª A 4ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL DE

UMA ESCOLA PRIVADA.

ARNILDE MARTA ULER

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO – 2005

ORIENTADORA: PROFª. DRª. ISABEL FRANCHI CAPPELLETTI

RESUMO

Neste estudo a pesquisadora investigou a concepção da avaliação

formativa de professoras de 1ª a 4ª série do Ensino Fundamental de uma

escola privada da cidade de São Paulo.

Para explorar a perspectiva teórica referente à avaliação da

aprendizagem, a pesquisadora fez uma seleção de autores, cujas propostas

têm sido mais freqüentemente veiculadas aos meios educacionais. Com a

análise dessas propostas, evidenciou-se como tendência a valorização da

avaliação formativa, que oferece uma grande ajuda no processo ensino-

aprendizagem, uma vez que permite detectar falhas e determinar exatamente

os pontos específicos que devem ser modificados para se obter uma melhoria

nesse processo.

Em seu trabalho a autora optou pela pesquisa qualitativa, por meio de

entrevistas e análise documental, forneceram elementos que, contrapostos à

teoria, culminaram com um posicionamento crítico frente à temática da

avaliação da aprendizagem, apontando algumas pistas possíveis de

encaminhamento para uma avaliação formativa.

A pesquisa constatou que as professoras entrevistadas acreditam na

avaliação formativa, encontram na avaliação um retorno constante, vêem na

recuperação mais um momento de ajuda e de aprendizagem para o aluno.

Referem-se ao erro como oportunidade de aprendizagem. As professoras

demonstraram preocupação quanto ao tempo e conteúdo e ao número de

alunos em sala de aula.

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A AVALIAÇÃO NAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INCLUSIVAS: VISÃO DE

PROFESSORES

FLAVIA GENI ZERAIK

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO - 2006

ORIENTADORA: PROFª. DRª. MITSUKO MAKINO ANTUNES

RESUMO

A pesquisadora investigou, através do relato de professores, as

atividades desenvolvidas em classe, particularmente o modo de avaliar seus

alunos, com foco nos alunos com deficiência, verificando se práticas inclusivas

ocorrem na sala de aula.

Para isso a autora acredita que a avaliação deve considerar a

especificidade dos alunos e ocorrer durante todo o processo de ensino-

aprendizagem, sendo, para os professores, um instrumento importante de

diagnóstico dos avanços e dificuldades, bem como, de sua própria prática

docente, sendo assim o indicador para a transformação desejada.

A coleta de dados foi realizada entre o segundo semestre de 2005 e o

primeiro semestre de 2006, na primeira fase por meio de análise documental,

envolvendo dados da Secretaria Estadual de Educação e da Diretoria de

Ensino Centro-Oeste referentes ao número de professores, alunos, classes

especiais, salas de recursos, alunos em inclusão e habilitações dos

professores das classes especiais. Na etapa seguinte foram realizadas

entrevistas com quatro professoras das séries iniciais do Ensino Fundamental

com experiência no trabalho com alunos com deficiência.

Os dados obtidos foram organizados em temas, considerando os

objetivos da pesquisa. Os resultados revelaram que, em termos de legislação,

normas e instruções, a Educação Inclusiva pode sentir-se amparada e

protegida. Quanto às práticas inclusivas, bem como quanto à proposta de

inclusão dos alunos com deficiência, são desejáveis e possíveis, porém muitos

fatores, físicos, pedagógicos, materiais e humanos, ainda faltam para torná-las

concretas e enriquecedoras.

Para as professoras faltam políticas públicas consistentes, realistas e

eficazes que garantam educação de qualidade ao aluno com deficiência; no

entanto, contamos com gestores e professores que utilizam de experiência e

boa vontade para garantir ao menos àqueles alunos com deficiência que

tiveram o acesso, sua permanência na escola.

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DESENVOLVIMENTO DO CONCEITO DE AVALIAÇÃO NA FORMAÇÃO

INICIAL DE PROFESSORES EM ATIVIDADE COLABORATIVA.

LUCIANA ÁLVARES PAES DE BARROS

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – 2007

ORIENTADOR: PROF. DR. MANOEL ORIOSVALDO DE MOURA

RESUMO

A presente dissertação é resultado de uma pesquisa colaborativa no

Clube de Matemática, projeto de estágio oferecido pela Faculdade de

Educação da USP aos alunos do curso de Pedagogia e Licenciaturas desta

universidade, com o objetivo de investigar como se desenvolve o conceito de

avaliação na formação de professores em atividade colaborativa. Este trabalho

apresenta um estudo sobre a formação inicial de professores no contexto da

Educação Superior, a avaliação no contexto da Educação Básica e a Teoria da

Atividade norteadora das atividades orientadoras de ensino desenvolvidas

nesse espaço de formação.

Para o levantamento de dados, além da participação da pesquisadora

como observadora e colaboradora no projeto durante três semestres

consecutivos, foram gravadas as discussões coletivas de avaliação das ações

dos estagiários e dos alunos de 1ª a 4ª séries do Ensino Fundamental da

Escola de Aplicação da USP também envolvidos no projeto. A transcrição das

fitas, as observações realizadas pela pesquisadora in loco, os relatórios

produzidos pelos estagiários ao final de cada semestre e os questionários

respondidos por eles compuseram as fontes que foram realizadas a partir dos

pressupostos teóricos da Teoria da Atividade e dos conceitos de professor

reflexivo e de avaliação levantados pela pesquisadora em estudo bibliográfico.

Durante todo o processo de ensino e aprendizagem vivenciado no Clube de

Matemática, a avaliação das atividades pedagógicas, realizadas de forma

coletiva, apresentou indícios sobre os processos formativos no que se refere à

escolha dos conteúdos matemáticos trabalhados para a elaboração de

atividades orientadoras de ensino, revelando um modo de formar-se do

estagiário na ação de ensinar. A pesquisadora pode concluir que a avaliação é

uma prática presente no processo ensino-aprendizagem que ocorre nesse

espaço de formação inicial. O conceito de avaliação é formado pelos futuros

professores por meio da avaliação reflexiva de todas as ações realizadas

colaborativamente.

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A AVALIAÇÃO EM SALA DE AULA: QUAIS AS DIFICULDADES PARA A

FORMAÇÃO DO PROFESSOR DO ENSINO BÁSICO?

HUGO LOS SANTOS ROJAS

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO – 2007

ORIENTADORA: PROFª. DRª. LAURINDA RAMALHO DE ALMEIDA

RESUMO

As concepções e as práticas dos professores de Ensino Básico,

referentes à avaliação de sala de aula, têm sido objeto de crítica há muitos

anos, por parte de inúmeros pesquisadores educacionais. Ao serem

observadas, porém, as condições que são oferecidas aos professores para a

aprendizagem do complexo procedimento da avaliação, vê-se que sua

formação inicial não a contempla, que há poucas oportunidades consistentes

de formação continuada sobre a temática, que os críticos que vêm escrevendo

sobre ela mais têm denunciado seus problemas do que têm oferecido soluções

realistas, e que as abordagens disponíveis aos professores sobre o que deva

ser a avaliação não são concordes entre si nem estão completamente

estruturadas para a imediata aplicação em sala de aula. Diante desse quadro,

este estudo teve por finalidade investigar quais as dificuldades na formação do

professor para a avaliação que realiza de seus alunos (também conhecida

como avaliação de sala de aula, pedagógica ou do rendimento do aluno).

Tendo por base um amplo panorama das abordagens avaliativas,

presentes no discurso educacional brasileiro, norte-americano e europeu, bem

como pesquisas sobre a formação de professores que tratam das dificuldades

enfrentadas pelo professor para sua formação, inicial ou continuada, foram

realizadas entrevistas com doze professores de escolas particulares da cidade

de São Paulo, de diferentes áreas disciplinares, considerados pelos diretores

e/ou coordenadores de suas escolas como muito envolvidos no processo de

aprendizagem sobre avaliação.

Com base na análise das falas dos sujeitos e nas teorias apresentadas,

verificou-se que as dificuldades são de várias ordens: a falta de formação inicial

para as questões avaliativas, a formação do professor, a falta de material

adequado para o estudo das diferentes abordagens, e questões ligadas à

estruturação do trabalho docente – número de alunos, o papel da instituição

escolar, o grupo de professores em suas interrelações.

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A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM NO CONTEXTO DA INCLUSÃO DE

ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS NA ESCOLA

PÚBLICA.

ADRIANO MONTEIRO DE CASTRO

TESE DE DOUTORADO

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – 2007

ORIENTADOR: PROFª DRª ROSELI C. ROCHA DE C. BAUMEL

RESUMO

A pesquisa de natureza qualitativa, teve como foco analisar os

procedimentos de avaliação adotados por professores dos anos iniciais do

ensino fundamental de uma escola pública da cidade de São Paulo com alunos

com necessidades especiais em suas turmas.

Os procedimentos metodológicos consistiram na realização de

entrevistas com as professoras seguida de análise de conteúdo. O tratamento

de dados apontou, de uma maneira geral, que os consensos e conflitos

existentes quanto à avaliação dos alunos com necessidades educacionais

especiais retomam, em grande parte, os fatores intervenientes que dificultam a

implementação de uma avaliação formativa para a sala como um todo. Esses

fatores parecem originar-se de concepções de ensino e aprendizagem mais

tradicionais, que permanecem na escola, sobre as quais as professoras

sentem-se pressionadas a construir práticas pedagógicas supostamente

adequadas a um paradigma vigente de atenção à diversidade. As evidências

encontradas pelo estudo permitiram alguns direcionamentos para a formação

continuada, demandando atenção prioritária da escola na organização de

espaços e tempos para o compartilhamento de experiências e planejamento

colaborativo dos procedimentos de avaliação.

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