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AVALIAÇÃO DE DIFERENTES INOCULANTES NA COMPOSTAGEM EM BIORREATORES DE BANCADA Paulo Oliveira de Souza Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil, COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Engenharia Civil. Orientadores: Claudio Fernando Mahler Caio de Teves Inácio Rio de Janeiro Julho de 2016

AVALIAÇÃO DE DIFERENTES INOCULANTES NA COMPOSTAGEM … · iii Souza, Paulo Oliveira de Avaliação de diferentes inoculantes na compostagem em biorreatores de bancada. / Paulo Oliveira

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Page 1: AVALIAÇÃO DE DIFERENTES INOCULANTES NA COMPOSTAGEM … · iii Souza, Paulo Oliveira de Avaliação de diferentes inoculantes na compostagem em biorreatores de bancada. / Paulo Oliveira

AVALIAÇÃO DE DIFERENTES INOCULANTES NA COMPOSTAGEM EM

BIORREATORES DE BANCADA

Paulo Oliveira de Souza

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-graduação em Engenharia

Civil, COPPE, da Universidade Federal do

Rio de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de Mestre

em Engenharia Civil.

Orientadores: Claudio Fernando Mahler

Caio de Teves Inácio

Rio de Janeiro

Julho de 2016

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AVALIAÇÃO DE DIFERENTES INOCULANTES NA COMPOSTAGEM EM

BIORREATORES DE BANCADA

Paulo Oliveira de Souza

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO

LUIZ COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA

(COPPE) DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE

DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE

EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA CIVIL.

Examinada por:

________________________________________________

Prof. Claudio Fernando Mahler, D.Sc.

________________________________________________

Dr. Caio de Teves Inácio, D.Sc.

________________________________________________

Prof.ª. Érika Flávia Machado Pinheiro, D.Sc.

________________________________________________

Prof. João Paulo Bassin, Ph.D

________________________________________________

Dr. André Marcelo de Souza, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

JULHO DE 2016

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Souza, Paulo Oliveira de

Avaliação de diferentes inoculantes na compostagem

em biorreatores de bancada. / Paulo Oliveira de Souza. –

Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2016.

XVII, 107 p.: il.; 29,7 cm.

Orientadores: Claudio Fernando Mahler

Caio de Teves Inácio

Dissertação (mestrado) – UFRJ/COPPE/Programa de

Engenharia Civil, 2016.

Referências Bibliográficas: p. 93-106.

1. Compostagem. 2. Inoculantes microbiológicos. 3.

Biorreatores. I. Mahler, Claudio Fernando, et al. II.

Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE, Programa

de Engenharia Civil. III. Título.

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DEDICATÓRIA

Dedico a minha família, em

especial, minha mãe Nilzete Oliveira

de Souza pelo grande afeto e por

sempre acreditar em mim; e ao meu

pai Paulo Murilo de Souza, pela

transmissão de experiência e bons

conselhos.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente à minha família, em especial minha mãe Nilzete Oliveira de Souza pelo

seu grande afeto e dedicação, ao meu pai Paulo Murilo de Souza pela grande

transmissão de experiência, a eles que por muito me guiaram e me apoiaram, e sempre

estiveram ao meu lado em todos os dias da minha vida. Agradeço aos meus familiares

por todas minhas conquistas até o momento e por me concederem a serenidade

necessária para aceitar as coisas que não posso modificar, coragem para modificar as

que posso e sabedoria para distinguir a diferença uma das outras.

À minha namorada Karine Silva pelo seu amor, apoio, dedicação e, principalmente, por

sempre estar ao meu lado nos bons e maus momentos.

Ao meu orientador Prof. Dr. Claudio Mahler, pela confiança em mim depositada,

seriedade, paciência, amizade e conhecimento transmitido durante este trabalho.

Ao meu coorientador Dr. Caio de Teves Inácio pesquisador da Embrapa Solos pela

amizade, transmissão de experiência, profissionalismo, ética profissional, conhecimento

e confiança adquiridos ao longo de mais de 5 anos de trabalho.

Ao Dr. André Marcelo, Analista A da Embrapa Solos, pelo apoio, dedicação, paciência

e, principalmente, pela imensa ajuda com as análises de infravermelho, colaborando

com este trabalho tanto na parte analítica quanto na interpretação dos dados.

À pesquisadora da Embrapa Milho e Sorgo, Drª Christiane Paiva, pelo fornecimento dos

inoculantes e informações que foram de imensa valia para elaboração deste trabalho.

Agradeço à CAPES pelo apoio financeiro concedido através da bolsa de mestrado.

Ao corpo docente do Programa de Engenharia Civil (PEC) da COPPE/UFRJ pela

transmissão de conhecimento e a indispensável capacidade de fomentar a elaboração

desta e de outras dissertações.

A Embrapa Solos pela abertura de espaço que proporcionou o desenvolvimento dos

trabalhos que foram de grande valia na obtenção de experiência, conhecimento

científico e acadêmico.

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Aos funcionários da Embrapa Solos, em especial os pesquisadores Dr. Fabiano Balieiro,

Dr. Ademir Fontana, Dr. Guilherme Donnagema, Dr. Etelvino Novotny e à analista Drª.

Silmara Bianchi pelas dicas, sugestões, instruções e análises que contribuíram para

elaboração deste trabalho.

Aos estagiários Giovanna, Mariana e Henrique por terem me ajudado a implantar e

conduzir o experimento, participando ativamente da elaboração deste trabalho.

Aos funcionários e colegas da COPPE/UFRJ, especialmente, Rayanne, Igor, e Kalina

que, em pouco tempo, tornaram-se verdadeiros amigos, e que me deram força nos

momentos de decisões durante o mestrado.

Aos amigos da UFRRJ, em especial, Walace, Fernando, Lucas Antonio, Guilherme,

Miguel, Danilo, Luiza, Cecílio, Jonas, Raoni, Abílio, Lucas, Carlos Valente e Raquel,

pelo apoio, amizade, conhecimento e boas rodas de prosa sempre que necessário.

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EPÍGRAFE

“Nada na vida deve ser

temido, somente compreendido.

Agora é hora de compreender

mais para temer menos.”

(Marie Curie).

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Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários

para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)

AVALIAÇÃO DE DIFERENTES INOCULANTES NA COMPOSTAGEM EM

BIORREATORES DE BANCADA

Paulo Oliveira de Souza

Julho/2016

Orientadores: Claudio Fernando Mahler

Caio de Teves Inácio

Programa: Engenharia Civil

Foi investigado no presente estudo, por meio de análises elementares (carbono e

nitrogênio total), pH e espectroscópicas (Near Infrared Spectroscopy, NIR e Mid infrared

Spectroscopy, MIR), o efeito de diferentes inoculantes empregados na compostagem de

cama de cavalo. Para a condução do experimento foram utilizados doze biorreatores

aeróbios totalmente automatizados. Seis tratamentos (inoculantes A, B, C, D, Natural e

sem inoculação) foram testados durante quinze dias de compostagem. O processo de

compostagem ocorreu dentro do esperado, porém com alta variação para os parâmetros

temperatura e respirometria. O tratamento que utilizou inoculação natural apresentou

melhor desempenho para os parâmetros C total, relação C/N e perda de massa seca, bem

como pH estabilizado ao fim do processo de compostagem. A técnica MIR-FTIR provou

ser uma excelente ferramenta de monitoramento qualitativo da compostagem. A análise

quimiométrica (Principal Component Analysis, PCA), obtida a partir de dados espectrais

do NIR, demonstrou separação entre os tempos de degradação da compostagem. As

comparações entre os tratamentos (com inoculação vs. sem inoculação e inoculantes

comerciais vs. inoculante natural), por meio da PCA, apresentaram tendência de distinção

entre as amostras. Portanto, a análise quimiométrica demonstrou que pode haver

propriedades espectroscópicas, nos tratamentos que utilizaram inoculação, que diferem do

tratamento controle. A ferramenta NIR-PCA pode ser um valioso método de

monitoramento da compostagem, bem como de separação de produtos (inoculantes)

utilizados durante o processo de compostagem.

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Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)

ASSESSMENT OF SEVERAL INOCULANTS ON COMPOSTING USING BENCH

BIOREACTORS

Paulo Oliveira de Souza

July/2016

Advisors: Claudio Fernando Mahler

Caio de Teves Inácio

Department: Civil Engineering

The aim of this study was to investigate and evaluate through elementary analysis

(total carbon and nitrogen), pH testing, and spectroscopy (Near Infrared Spectroscopy,

NIR e Mid infrared Spectroscopy, MIR) to determine the effects of several inoculants

applied to horse manure composting. In this experiment, twelve fully automated aerobic

bench bioreactors were used. Six treatments (inoculants A, B, C, D, natural inoculant

and no inoculant) were tested during a fifteen days period. The composting process

happened as expected, but a high variation on the temperature and respirometry

variables were observed. The treatment used natural inoculation showed better

performance for total carbon parameters, C/N ratio and loss of dry matter and pH

stabilized at the end of the composting process. The MIR-FTIR spectroscopy has

proven to be a adequate tool to qualitatively evaluate composting. The chemometric

analysis (Principal Component Analysis, PCA) obtained from the NIR spectral data

yielded differences between the composting degradation time. Thus, in the experimental

conditions, the chemometric analysis demonstrated that the spectroscopic properties of

the treatments may differ from each other. The NIR-PCA tool can be a cheap, fast and

useful way to monitor de composting process, as well as the separation of the inoculants

used.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS .................................................................................................. XII LISTA DE TABELAS ............................................................................................... XVI LISTA DE QUADROS ............................................................................................. XVII 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1

1.1 HIPÓTESES ....................................................................................................................... 2 1.2 OBJETIVO ......................................................................................................................... 2

2. REVISÃO DE LITERATURA................................................................................ 3 2.1 RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS (RSU): PROBLEMAS E SOLUÇÕES ...................... 3

2.1.1 Base contextual ......................................................................................................................... 3 2.1.2 Problemas gerados no meio ambiente ...................................................................................... 4 2.1.3 A compostagem como instrumento de gerenciamento ambiental ............................................. 5

2.2 BASE CONCEITUAL DO PROCESSO DE COMPOSTAGEM ....................................... 7 2.2.1 Temperatura ............................................................................................................................. 8 2.2.2 Umidade ................................................................................................................................... 9 2.2.3 Aeração ................................................................................................................................... 10 2.2.4 Relação carbono/nitrogênio (C/N) ......................................................................................... 11 2.2.5 Granulometria dos materiais .................................................................................................. 12 2.2.6 Potencial hidrogeniônico (pH) ............................................................................................... 12 2.2.7 Microrganismos ...................................................................................................................... 14

2.3 MÉTODOS DE COMPOSTAGEM .................................................................................. 15 2.3.1 Sistema de leiras revolvidas (Windrow) ................................................................................. 15 2.3.2 Sistema de leiras estáticas aeradas (Aerated Static Pile) ....................................................... 16 2.3.3 Sistemas fechados ou reatores biológicos (Reactor In-Vessel) .............................................. 16 2.3.4 Leiras estáticas com aeração passiva (Método UFSC) .......................................................... 16 2.3.5 Sistema UTV AG ..................................................................................................................... 19 2.3.6 Sistemas desenvolvidos na COPPE/UFRJ .............................................................................. 20

2.4 COMPOSTAGEM UTILIZANDO BIORREATORES .................................................... 21 2.4.1 Vantagens e desvantagens ...................................................................................................... 21 2.4.2 Aperfeiçoamento dos biorreatores de bancada ...................................................................... 23

2.5 MICRORGANISMOS ACELERADORES NA COMPOSTAGEM ................................ 25 2.5.1 Base conceitual ....................................................................................................................... 25 2.5.2 Estudos relacionados com a utilização de inoculantes .......................................................... 26

2.5.2.1 Utilização em compostagem de pequena escala ................................................................ 27 2.5.2.2 Uso de inoculantes comerciais .......................................................................................... 27 2.5.2.3 Utilização de microrganismos lignocelulolíticos .............................................................. 29 2.5.2.4 Influência na eficiência da compostagem ......................................................................... 31

2.6 ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO ............................................................... 32 2.6.1 Histórico do infravermelho (IV) ............................................................................................. 32 2.6.2 Conceitos Básicos ................................................................................................................... 33 2.6.3 Vantagens e desvantagens ...................................................................................................... 35 2.6.4 Finalidades e aplicações ........................................................................................................ 36

2.7 PREVISÃO DA MATURIDADE E ESTABILIDADE DO COMPOSTO ORGÂNICO.. 36 2.7.1 Conceitos básicos ................................................................................................................... 36 2.7.2 Métodos comumente utilizados ............................................................................................... 38 2.7.3 Emprego da espectroscopia MIR-FTIR .................................................................................. 40 2.7.4 Emprego da espectroscopia NIR e Quimiometria .................................................................. 42

3. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................. 44 3.1 APARATO TECNOLÓGICO .......................................................................................... 44

3.1.1 O Biorreator ........................................................................................................................... 44 3.1.2 Laboratório de biorreatores ................................................................................................... 47

3.1.2.1 Sistema de controle de temperatura .................................................................................. 48 3.1.2.2 Sistema de amostragem de gases ...................................................................................... 49

3.2 EXPERIMENTO EM ESCALA DE BANCADA ............................................................. 50 3.3 PREPARAÇÃO DO SUBSTRATO ................................................................................. 51 3.4 DESCRIÇÃO, ATIVAÇÃO E TAXA DE APLICAÇÃO DOS INOCULANTES ........... 53

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3.4.1 Inoculante A ............................................................................................................................ 54 3.4.1 Inoculante B ............................................................................................................................ 55 3.4.2 Inoculante C ........................................................................................................................... 56 3.4.3 Inoculante D ........................................................................................................................... 56 3.4.4 Inoculante Natural .................................................................................................................. 57

3.5 AMOSTRAGEM, PREPARAÇÃO DAS AMOSTRAS E MEDIÇÕES .......................... 58 3.5.1 Obtenção das amostras ........................................................................................................... 58 3.5.2 Processamento das amostras .................................................................................................. 60 3.5.3 Medição dos parâmetros ........................................................................................................ 61

3.5.3.1 Temperatura ...................................................................................................................... 61 3.5.3.2 Respirometria (O2 e CO2) .................................................................................................. 62

3.6 ANÁLISES QUÍMICAS, PH E ESPECTROSCÓPICAS ................................................. 62 3.6.1 Carbono e nitrogênio total ..................................................................................................... 62 3.6.2 pH ........................................................................................................................................... 63 3.6.3 NIR .......................................................................................................................................... 64 3.6.4 MIR-FTIR ............................................................................................................................... 65

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 66 4.1 TEMPERATURA E RESPIROMETRIA ......................................................................... 66 4.2 PH ...................................................................................................................................... 71 4.3 ANÁLISES ELEMENTARES .......................................................................................... 72

4.3.1 Carbono total .......................................................................................................................... 72 4.3.2 Nitrogênio total ....................................................................................................................... 74 4.3.3 Relação C/N ............................................................................................................................ 76

4.4 PERDA DE MASSA SECA (MS) .................................................................................... 77 4.5 ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO ............................................................... 78

4.5.1 NIR .......................................................................................................................................... 78 4.5.1.1 Avaliação da compostagem por meio da análise de componentes principais (PCA) ........ 80 4.5.1.2 Comparação entre tratamentos (com inoculação vs. sem inoculação) através da PCA ..... 83 4.5.1.3 Comparação entre tratamentos (inoculantes comerciais vs. inoculação natural) através da

PCA......... ........................................................................................................................................ 86 4.5.2 MIR-FTIR ............................................................................................................................... 88

5. CONCLUSÕES ...................................................................................................... 92

6. RECOMENDAÇÕES PARA ESTUDOS FUTUROS......................................... 92 7. REFERÊNCIAS CITADAS .................................................................................. 93

8. ANEXO .................................................................................................................. 106

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Comparação entre as gerações de RSU no Brasil, nos anos de 2013 e 2014. Fonte: ABRELPE

(2014). .......................................................................................................................................................... 3

Figura 2. Destinação dos RSU nos anos de 2013 e 2014. Fonte: ABRELPE (2014). ................................ 5

Figura 3. Demonstração dos setores geradores de resíduos orgânicos com potencial de aproveitamento

pela compostagem termofílica e identificação dos benefícios diretos aos solos agrícolas e ao ambiente.

Adaptado de INÁCIO & MILLER (2009). .................................................................................................. 7

Figura 4. Etapas do processo de compostagem, exemplificando as fases ocorridas. Fonte: D´ALMEIDA

& VILHENA, 2000. ..................................................................................................................................... 8

Figura 5. Evolução e variação típica de temperatura em processos de compostagem. Fonte: Adaptado de

MASON & MILKE (2005) e INÁCIO & MILLER (2009). ........................................................................ 9

Figura 6. Variação do pH em uma pilha de compostagem no decorrer do tempo. Letras A, B, C e D

representam as fases do processo. Fonte: MILETTI (2005). ...................................................................... 14

Figura 7. Esquema demonstrando os sistemas de compostagem (Windrow, Aerated static pile, Reactor

in-vessel). Fonte: Adaptado de KUMAR (2011). ....................................................................................... 17

Figura 8. Método de compostagem por leira estática com aeração passiva, desenvolvido pela UFSC. (a)

Deposição dos resíduos orgânicos. (b) Aplicação das aparas de grama, mantendo as camadas e a estrutura

da leira. (c) Leira pronta: O formato retangular proporciona uma boa aeração. Fonte: INÁCIO, C.T

(2012). ........................................................................................................................................................ 17

Figura 9. Sistema de compostagem UTV AG. Visão da planta de compostagem (a). Membrana

semipermeável cobrindo as leiras de compostagem (b). Ilustração demonstrando os componentes do

sistema (c). Fonte: UTV AG (2015). .......................................................................................................... 19

Figura 10. (a) Composteira desenvolvida a partir de bombonas de 200L. (b) Composteira, bomba elétrica

e boiler anexo. Fonte: CARVALHO (2015) e LIMA JR. (2015). .............................................................. 21

Figura 11. Laboratório de biorreatores aeróbios com controle por diferencial de temperatura da Embrapa

Solos. .......................................................................................................................................................... 24

Figura 12. Esquema demostra os componentes e suas respectivas ligações que fazem parte do sistema de

biorreatores de bancada da Embrapa Solos. As posições dos sensores (S1, S2 e S3) são de suma

importância para o monitoramento e controle de temperatura do Biorreator. ............................................ 25

Figura 13. Principais tipos de vibrações de estiramento e de deformação do carbono e átomos de

hidrogênio. Fonte: Adaptado de TAN (1996); CERETTA et al. (2008). ................................................... 34

Figura 14. Lista de métodos utilizados para avaliar a maturidade e a estabilidade do composto orgânico.

Fonte: Adaptado de EPSTEIN (1997). ....................................................................................................... 39

Figura 15. (a) Fluxômetro, tipo rotâmetro, instalado na entrada de ar dos biorreatores, para controlar a

vazão. (b) Fluxômetro digital instalado na saída de ar, para monitoramento da vazão. ............................. 45

Figura 16. Dimensões das partes que compõem o biorreator de bancada. (a) vaso interno e (b) câmara de

aquecimento. Fonte: Adaptado da elaboração inicial feita pelo Dr. Alberto M. T. Magalhães, em 2010. . 46

Figura 17. Biorreatores de bancada locados no Laboratório de Biorreatores e Bioprocessos da Embrapa

Solos. .......................................................................................................................................................... 47

Figura 18. Esquema representando um dos quatro blocos presentes no Laboratório de Biorreatores e

Bioprocessos da Embrapa Solos. Os componentes dos sistemas de controle de temperatura e amostragem

de gases (O2 e CO2) são abordados. ........................................................................................................... 48

Figura 19. (a) Controlador Microsoll II plus, utilizado tanto para monitorar e controlar a temperatura

como a amostragem dos gases. (b) Software SITRAD, utilizado para gerenciar o sistema de controle por

diferencial de temperatura e amostragens de gases. ................................................................................... 49

Figura 20. (a) Sensores que fazem parte do sistema de amostragem de gases. Seta vermelha, O2, e círculo

vermelho, CO2. (b) Frascos de vidro que compõem o sistema de amostragem de gases, da esquerda para

direita tem-se o dessecador de sílica, o umidificador e o condensador. ..................................................... 49

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Figura 21. O retângulo, em vermelho pontilhado, detalha a caixa multi amostradora de gases equipada

com válvulas solenoides. Cada bloco, de três biorreatores, tem uma caixa multi amostradora.................. 50

Figura 22. Ilustração do experimento utilizando os doze biorreatores por rodada. Os biorreatores

(tratamentos) destacados com o retângulo vermelho foram utilizados para a pesquisa. Os demais foram

descartados, pois não apresentaram bom desempenho. .............................................................................. 51

Figura 23. Característica do resíduo inicial. (a) as setas vermelhas mostram os restos de forrageiras

(alfafa e aveia). (b) o círculo vermelho demostra a maravalha misturada com o esterco animal. .............. 52

Figura 24. Processamento do resíduo obtido de esterco do animal formando grumos(a); (b) quebra dos

grumos para posterior homogeneização; (c) procedimento de homogeneização utilizando uma bombona

de 20 L; (d) aparência do resíduo após o procedimento. ............................................................................ 53

Figura 25. Acondicionamento do material, aproximadamente 1 kg, em sacos plásticos para posterior

inoculação e alocação nos respectivos biorreatores. ................................................................................... 53

Figura 26. Inoculantes utilizados no trabalho. Da esquerda para direita temos inoculante A, B, C, D e

Natural. ....................................................................................................................................................... 54

Figura 27. (a) Volume ativado para posterior utilização. (b) Inoculante preparado para aplicação. ......... 55

Figura 28. (a) Microrganismos enviados pela Embrapa Milho e Sorgo. Os três microrganismos foram

misturados em uma única solução para aplicação. (b) Solução mix preparada para aplicação. ................. 56

Figura 29. Inoculantes preparados para aplicação nos biorreatores (tratamentos). (a) Inoculante C e (b)

Inoculante D. .............................................................................................................................................. 57

Figura 30. Preparação do inoculante natural. (a) Pote de plástico contendo a diluição do composto

orgânico e o extrato obtido aplicado nos tratamentos (b). .......................................................................... 58

Figura 31. Metodologia de amostragem do experimento. (a) e (b) resíduo em processo de compostagem

colocado no saco plástico para homogeneização antes da amostragem. (c) e (d) Amostrador com garras

utilizado para auxiliar na obtenção das amostras. (e) amostras com aproximadamente 3 g dispostas em

cadinhos de alumínio para serem secas. ..................................................................................................... 59

Figura 32. Realização da amostragem. (a) Detalhe da realização da amostragem utilizando o amostrador

com garras, (b) detalhe da obtenção da amostra no interior do vaso interno do biorreator, (c) amostras

sendo alocadas nos cadinhos de alumínio. ................................................................................................. 60

Figura 33. Processamento das amostras no aparelho multiprocessador (a), (b) e (c) amostras processadas

acondicionadas em frascos de cristal, (d) e (e) amostras acondicionadas em frascos de plástico. ............. 61

Figura 34. Gráfico extraído do software SITRAD demonstra o acompanhamento on line da evolução da

temperatura nas primeiras 24 horas do processo de compostagem. As três curvas com cores azul,

vermelha e verde representam os sensores S1, S2 e S3, respectivamente. ................................................. 62

Figura 35. Procedimentos para análise no CHN (a). Detalhe da balança de precisão utilizada para pesar

as amostras, (b) Cápsula de estanho utilizada para introduzir a amostra, (c) pesagem da amostra, (d)

Aparelho utilizado para realização das análises de CHN. .......................................................................... 63

Figura 36. Amostras prontas para leitura do pH. ....................................................................................... 64

Figura 37. Procedimento da leitura NIR. (a) amostras acondicionadas em placas de Petri para realização

da leitura. (b) aparelho utilizado para realizar as leituras. (c) realização da leitura. ................................... 65

Figura 38. Procedimento para análise no MIR-FTIR. (a) Homogeneização da amostra com o KBr, por

meio de um pistilo e gral. (b) Pastilhador devidamente montado pronto para ser levado à prensa

hidráulica. (c) Pastilha fabricada sendo removida do pastilhador. (d) Detalhe da pastilha introduzida em

uma peça do acessório para posterior leitura. (e) Aparelho MIR-FTIR com o acessório modificado,

destinado a leitura em pastilhas. ................................................................................................................. 66

Figura 39. Temperaturas obtidas para cada tratamento utilizado. Perfis referentes aos tratamentos

(inoculantes) A (a), B (b), C (c), D (d), Natural (e) e Sem inoculação (f). Legenda: 1Ra e 2Ra = Primeira

e segunda rodada, respectivamente, do inoculante A; 1Rb e 2Rb = Primeira e segunda rodada,

respectivamente, do inoculante B; 1Rc e 2Rc = Primeira e segunda rodada, respectivamente, do

inoculante C; 1Rd e 2Rd = Primeira e segunda rodada, respectivamente, do inoculante D; 1RNat e 2RNat

= Primeira e segunda rodada, respectivamente, do inoculante natural; 1RSem e 2RSem = Primeira e

segunda rodada, respectivamente, do tratamento sem inoculação. ............................................................. 69

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Figura 40. Consumo de oxigênio obtido em para cada tratamento. Comportamento apresentado pelo

inoculante A (a), B (b), C (c), D (d), Natural (e) e Sem inoculação (f). Legenda: 1Ra e 2Ra = Primeira e

segunda rodada, respectivamente, do inoculante A; 1Rb e 2Rb = Primeira e segunda rodada,

respectivamente, do inoculante B; 1Rc e 2Rc = Primeira e segunda rodada, respectivamente, do

inoculante C; 1Rd e 2Rd = Primeira e segunda rodada, respectivamente, do inoculante D; 1RNat e 2RNat

= Primeira e segunda rodada, respectivamente, do inoculante natural; 1RSem e 2RSem = Primeira e

segunda rodada, respectivamente, do tratamento sem inoculação. ............................................................. 70

Figura 41. Perfil do pH ao longo do processo de compostagem. Legenda: Inoc. A = Inoculante A; Inoc.

B = Inoculante B; Inoc. C = Inoculante C; Inoc. D = Inoculante D; Inoc. Nat. = Inoculação Natural; Sem

Inoc. = Sem Inoculação. ............................................................................................................................. 72

Figura 42. Comportamento do C, presente na massa seca, em cada tratamento. (a) Redução do teor ao

longo do processo de compostagem. (b) Porcentagem de redução em função do tempo transcorrido de

compostagem. ............................................................................................................................................. 74

Figura 43. Balanço de massa demostrando as mudanças do nitrogênio obtidas nos tratamentos ao longo

do processo de compostagem. (a) Quantidade de N decaindo, à medida que o processo avança. (b)

Porcentagem de perdas de N contabilizadas ao longo do tempo. ............................................................... 76

Figura 44. Evolução da degradação através da perda de MS ao longo do processo de compostagem. (a)

Tendência de decaimento da MS, à medida que o processo transcorre. (b) Porcentagem de redução de

peso seco durante a compostagem. ............................................................................................................. 78

Figura 45. Apresentação dos espectros obtidos das amostras dos seis tratamentos durante os diferentes

tempos de compostagem (0, 2, 4 e 15 dias). (a) espectros originais sem pré-processamento e com

aplicação da primeira derivada. (b) corte dos espectros retirando a região acima de 7500 cm-1

. ............... 79

Figura 46. Componentes principais (PC1 e PC2) e pesos obtidos a partir dos espectros de NIR dos

tratamentos: sem inoculação e inoculação natural. Escores (A) e pesos (B) dos tratamentos sem

inoculação (a) e com inoculação natural (b). Os números 41 e 45; 42 e 46; 43 e 47; 44 e 48 do tratamento

sem inoculação e 33 e 37; 34 e 38; 35 e 39; 36 e 40 do tratamento com inoculação natural representam,

respectivamente, os tempos 0, 2, 4 e 15 dias de compostagem. ................................................................. 81

Figura 47. Componentes principais (PC1 e PC2) e pesos obtidos a partir dos espectros de NIR dos

tratamentos com inoculantes A e B. Escores (A) e pesos (B) dos tratamentos com inoculantes A (a) e B

(b). Os números 1 e 5; 2 e 6; 3 e 7; 4 e 8 do tratamento com inoculante A e 9 e 13; 10 e 14; 11 e 15; 12 e

16 do tratamento inoculante B representam, respectivamente, os tempos 0, 2, 4 e 15 dias de

compostagem. ............................................................................................................................................. 82

Figura 48. Componentes principais (PC1 e PC2) e pesos obtidos a partir dos espectros de NIR dos

tratamentos com inoculantes C e D. Escores (A) e pesos (B) dos tratamentos com inoculantes C (a) e D

(b). Os números 17 e 21; 18 e 22; 19 e 23; 20 e 24 do tratamento com inoculante C e 25 e 29; 26 e 30; 27

e 31; 28 e 32 do tratamento inoculante D representam, respectivamente, os tempos 0, 2, 4 e 15 dias de

compostagem. ............................................................................................................................................. 82

Figura 49. Componentes principais (PC1 e PC3) e seus respectivos pesos obtidos a partir dos espectros

de NIR. Escores (A) e pesos (B) dos tratamentos com inoculantes natural (a) e A (b) comparados com o

controle. Os escores nas cores azul escuro, verde claro e azul claro representam os tratamentos natural, A

e controle, respectivamente. Os números 1 e 5; 2 e 6; 3 e 7; 4 e 8 e a combinação 9 e 13; 10 e 14; 11 e 15;

12 e 16 representam, respectivamente, os tempos 0, 2, 4 e 15 dias de compostagem. ............................... 84

Figura 50. Componentes principais (PC1 e PC3) e seus respectivos pesos obtidos a partir dos espectros

de NIR. Escores (A) e pesos (B) dos tratamentos com inoculantes B (a) e C (b) comparados com o

controle. Os escores nas cores vermelha, preta e azul claro representam os tratamentos B, C e controle,

respectivamente. Os números 1 e 5; 2 e 6; 3 e 7; 4 e 8 e a combinação 9 e 13; 10 e 14; 11 e 15; 12 e 16

representam, respectivamente, os tempos 0, 2, 4 e 15 dias de compostagem. ............................................ 85

Figura 51. Componentes principais (PC1 e PC3) e seus respectivos pesos obtidos a partir dos espectros

de NIR. Escores (A) e pesos (B) do tratamento com inoculante D comparado com o controle. Os escores

nas cores amarela e azul claro representam os tratamentos D e controle, respectivamente. Os números 1 e

5; 2 e 6; 3 e 7; 4 e 8 e a combinação 9 e 13; 10 e 14; 11 e 15; 12 e 16 representam, respectivamente, os

tempos 0, 2, 4 e 15 dias de compostagem................................................................................................... 85

Figura 52. Componentes principais (PC1 e PC3) e respectivos pesos obtidos a partir dos espectros de

NIR. Escores (A) e pesos (B) dos tratamentos com inoculantes A (a) e B (b) comparados com o

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inoculante natural. Escores nas cores azul escuro, verde claro e vermelho representam os tratamentos

natural, A e B, respectivamente. Os números 1 e 5; 2 e 6; 3 e 7; 4 e 8 e a combinação 9 e 13; 10 e 14; 11 e

15; 12 e 16 representam, respectivamente, os tempos 0, 2, 4 e 15 dias de compostagem. ......................... 87

Figura 53. Componentes principais (PC1 e PC3) e respectivos pesos obtidos a partir dos espectros de

NIR. Escores (A) e pesos (B) dos tratamentos com inoculantes C (a) e D (b) comparados com o

inoculante natural. Escores nas cores azul escuro, preta e amarela representam os tratamentos natural, C e

D, respectivamente. Os números 1 e 5; 2 e 6; 3 e 7; 4 e 8 e a combinação 9 e 13; 10 e 14; 11 e 15; 12 e 16

representam, respectivamente, os tempos 0, 2, 4 e 15 dias de compostagem. ............................................ 88

Figura 54. Espectros MIR-FTIR dos seis tratamentos obtidos nas fases inicial e final da compostagem.

(a) espectros sem pré-tratamento (b) espectros pré-tratados com SNV. ..................................................... 91

Figura 55. Espectros MIR-FTIR dos seis tratamentos obtidos em amostras finais do processo de

compostagem. As setas vermelhas demarcam os picos encontrados para todos os tratamentos. ............... 91

Figura 56. Calibração dos sensores de oxigênio de cada biorreator. As medições estão calibradas,

apresentando pequenas variações entre os biorreatores. ........................................................................... 106

Figura 57. Calibração dos sensores de temperatura dos doze biorreatores. As cores preta, vermelha e azul

representam os sensores S1, S2 e S3, respectivamente. A calibração está dentro do esperado uma vez que

as temperaturas dos sensores S1 e S2 estão variando por igual. O sensor S3 apresenta temperatura inferior

aos demais, isso é esperado, pois o mesmo se encontra na parede externa da câmara de aquecimento onde

a influência do ar condicionado do laboratório é maior. .......................................................................... 107

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Participação dos principais materiais coletados em território nacional, no ano de 2012. --------- 4

Tabela 2. Informações comparativas entre os diferentes métodos de compostagem empregado no

tratamentos dos RSO’s. -------------------------------------------------------------------------------------------------- 18

Tabela 3. Identidade e capacidades enzimáticas de algumas estirpes utilizadas como degradadores

lignocelulósicos. ---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 30

Tabela 4. Atribuições das principais bandas de absorção no infravermelho de grupos presentes na matéria

orgânica. -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 42

Tabela 5. Médias e desvios padrão dos valores de pH dos tratamentos ao longo do processo de

compostagem. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 72

Tabela 6. Médias e desvios padrão do carbono e nitrogênio total seguidos da relação C/N de cada

tratamento por tempo de amostragem. -------------------------------------------------------------------------------- 77

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xvii

LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Tipos de reatores e suas definições. ---------------------------------------------------------------------- 23

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1

1. INTRODUÇÃO

O crescimento da população, urbanização, industrialização e o desenvolvimento

econômico são indicativos e causa do aumento da geração de resíduos. O descarte

inadequado desses resíduos, principalmente os de origem orgânica, resulta em

problemas sanitários e ambientais propiciando o surgimento de um ambiente propício

para parasitas e demais vetores de doenças, além de contaminação das águas, dos solos,

do ar. Uma alternativa para a redução de custos de transporte de resíduos até o local de

aterro sanitário é o investimento em centros de triagem e compostagem de resíduos

orgânicos domésticos (compostagem unifamiliar).

A compostagem é uma técnica de reciclagem do material orgânico que foi

desenvolvida por Sir Albert Howard, no início do século XX, na província Indiana de

Indore. Segundo BARRENA et al. (2014), é uma tecnologia ecológica de suma

importância para a gestão da fração orgânica dos resíduos sólidos orgânicos ou resíduos

biológicos, permitindo a valorização do material. Sua definição pode variar conforme a

abordagem microbiológica, agronômica ou da engenharia ambiental. Porém, todas

ressaltam o caráter aeróbio e termofílico. Portanto, a compostagem é um processo de

biodegradação (termo referente à decomposição por meio dos microrganismos) da

matéria orgânica condicionada pelo oxigênio (INÁCIO et al., 2012).

A compostagem acelerada é um processo onde se utiliza, normalmente,

biorreatores e um conjunto de microrganismos capazes de degradar o material a ser

compostado, num prazo de tempo reduzido em relação ao que seria utilizando somente

os microrganismos originais do material orgânico. Sendo assim, é possível controlar o

processo e proporcionar as condições ótimas para a obtenção de um composto com

qualidade (SANCHUKI, 2011). Atualmente no mercado, tanto nacional como

internacional, há produtos que em sua composição contém esses microrganismos

aceleradores. Diversas empresas utilizam esses produtos no processo para o tratamento

de resíduos sólidos.

O estudo da compostagem em laboratórios, utilizando biorreatores de bancada,

tem a possibilidade de desenvolvimento de várias pesquisas. MASON & MILKE

(2005a) citaram algumas fontes de pesquisa em sua revisão, como a composição dos

gases de saída; o destino de compostos específicos (incluindo os tóxicos); a contagem

da atividade e diversidade microbiana; as formas de preparação e de avaliação do

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2

composto, a dinâmica da degradação do substrato, a variação do pH e da condutividade

elétrica do composto.

A necessidade de infraestrutura na pesquisa para o desenvolvimento da

compostagem é essencial, uma vez que, a Lei 12.305/2010 (Política Nacional de

Resíduos Sólidos) prevê que todos geradores de resíduos sólidos deverão ter seu plano

de gerenciamento de resíduos regulamentado (BRASIL, 2010). As pesquisas com

compostagem podem ser realizadas em leiras, quando realizadas no campo, em grande

escala, ou em laboratórios com o uso de biorreatores, em diferentes escalas.

1.1 HIPÓTESES

A condução da pesquisa e posteriores análises e investigações buscam testar

algumas hipóteses e responder às perguntas listadas abaixo:

Os inoculantes causam alterações no processo de biodegradação, ou seja,

o material orgânico inoculado, no processo de compostagem, ficará

(segundo as análises químicas e espectroscópicas) diferente do não

inoculado?

O uso de inoculantes, do ponto de vista técnico, melhora a qualidade do

produto final e diminui o tempo de compostagem?

Os inoculantes testando tem efeito similar entre si?

Os inoculantes comerciais tem efeito diferente do inoculante natural

(composto orgânico)?

1.2 OBJETIVO

Avaliar as alterações na matéria orgânica via análises espectroscópicas (NIR e

MIR) ocorridas durante a compostagem de cama de cavalo sob a influência da aplicação

de diferentes inoculantes microbiológicos utilizando biorreatores de bancada.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS (RSU): PROBLEMAS E

SOLUÇÕES

2.1.1 Base contextual

A civilização humana atravessa momentos de rápidas e expressivas

transformações com graves reflexos sobre o meio ambiente. O aumento populacional

proporciona maior consumo, gerando, consequentemente, pressões ascendentes sobre o

meio ambiente e recursos naturais. Uma vez que a ascensão do consumo reflete

diretamente na geração de RSU’s. O panorama da ABRELPE (Associação Brasileira de

Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais) relata que a geração total de RSU

no Brasil em 2014 foi de aproximadamente 78,6 milhões de toneladas, o que representa

um aumento de 2,9% de um ano para o outro, índice superior à taxa de crescimento

populacional no país no período, que foi de 0,9%. Os dados de geração anual e per

capita em 2014, comparados com 2013, são apresentados na Figura 1. Dentre os

diversos constituintes do material coletado no RSU, a matéria orgânica merece

destaque, pois ocupa o primeiro lugar, correspondendo aproximadamente 52%, do total

(GUIDONI et al., 2013). A Tabela 1 demonstra a composição dos resíduos sólidos

gerados no Brasil. O aumento na geração de resíduos não ocorreu somente em áreas

urbanas, mas também em áreas rurais. Os dejetos de animais, provenientes dos

confinamentos (aviários, criação suína e bovina), resíduos agrícolas e os oriundos das

atividades agroindustriais são as principais fontes geradoras nas áreas rurais.

Figura 1. Comparação entre as gerações de RSU no Brasil, nos anos de 2013 e 2014. Fonte:

ABRELPE (2014).

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4

Tabela 1. Participação dos principais materiais coletados em território nacional, no ano de 2012.

Material Participação (%) Quantidade (t/ano)

Metais 2,9 1.640.294

Papel, Papelão e Tetra Pak 13,1 7.409.603

Plástico 13,5 7.635.851

Vidro 2,4 1.357.484

Matéria Orgânica 51,4 29.072.794

Outros 16,7 9.445.830

TOTAL 100,0 56.561.856

Fonte: Adaptado de ABRELPE (2012).

As informações sobre a escassez dos recursos naturais e a potencialidade da

poluição antrópica são cada vez mais divulgadas, originando esforços mundiais para

minimizar os problemas gerados no meio ambiente em decorrência da má gestão dos

resíduos gerados. PEIXE & HACK (2014) afirmam que a solução desta problemática

passa mais por uma mudança de atitude do que por desenvolvimento de novas

tecnologias. Por exemplo, recusar produtos notadamente agressivos ao meio ambiente,

repensar os hábitos de consumo, reduzir a produção de resíduos, reutilizar e reciclar, são

hábitos determinantes para minimizar os danos causados ao meio ambiente.

Nesse sentido, cada vez mais se torna essencial a otimização e sustentabilidade

dos recursos produtivos existentes, tanto por conta de sua escassez natural quanto da má

utilização dos mesmos. Portanto, nesse contexto, a Política Nacional dos Resíduos

Sólidos (PNRS) de 2010 versa sobre a gestão integrada e o gerenciamento dos resíduos

sólidos. Assim, atribui-se a responsabilidade aos geradores a elaboração de um Plano de

Gerenciamento dos Resíduos Sólidos, visando o manejo correto destes resíduos, a

destinação final ambientalmente adequada para os resíduos reutilizáveis, recicláveis ou

passíveis de compostagem, bem como, a disposição final dos rejeitos em aterros

sanitários (BRASIL, 2010; PERUCHIN et al., 2013).

2.1.2 Problemas gerados no meio ambiente

A má gestão dos resíduos no país está atrelada com a disposição incorreta,

principalmente, em lixões à céu aberto. Nem todos os municípios destinam seus

resíduos em aterros sanitários, conforme é recomendado pela legislação vigente.

Segundo a ABRELPE (2014), a situação da destinação final dos RSU no Brasil em

2014 manteve-se estável em relação a 2013 (Figura 2). O índice de 58,4%, que se refere

a destinação final adequada, em 2014 permaneceu significativo. Porém, a quantidade de

RSU destinada a locais inadequados totalizou 29.659.170 toneladas no ano. Esta parcela

seguiu para os lixões e aterros controlados, os quais do ponto de vista ambiental, pouco

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se diferenciam dos lixões, pois não possuem o conjunto de sistemas necessários para a

proteção do meio ambiente e da saúde pública.

A grande maioria dos municípios brasileiros não efetua a reciclagem da fração

orgânica dos RSU. A destinação destes resíduos realizada de forma incorreta origina

diversos problemas ambientais como, principalmente, a poluição dos mananciais

hídricos e do solo. No entanto, quando a destinação é realizada em aterros sanitários há

ocupação de uma grande área útil do aterro. O aumento da carga orgânica nos aterros

proporciona maiores produções de gases de efeito estufa (CH4 e CO2), lixiviados e

odores, acarretando numa redução da sua vida útil.

Figura 2. Destinação dos RSU nos anos de 2013 e 2014. Fonte: ABRELPE (2014).

Em áreas rurais também há problemas ambientais ocasionados pela disposição

incorreta dos Resíduos Sólidos Orgânicos (RSO). SEGANFREDO (2007) relata que a

aplicação de dejetos de animais na agricultura é uma importante fonte de nutrientes e

matéria orgânica para o solo. No entanto, certas características desses dejetos e a carga

de aplicação em lavouras têm causado poluição dos recursos hídricos e desequilíbrio de

nutrientes nos solos agrícolas do Brasil.

2.1.3 A compostagem como instrumento de gerenciamento

ambiental

O aumento na geração de resíduos orgânicos é decorrente do crescimento

populacional e urbanização. Os resíduos provenientes da vida urbana e da atividade

agrícola são uma causa significativa de poluição ambiental. Estes resíduos estão sendo

armazenadas em área de aterro ou, na maioria dos casos, dispostos com pouco ou

nenhum controle (KULCU & YALDIZ, 2014). Segundo HARTMANN & AHRING

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(2006), a escassez de terras e a contaminação descontrolada com emissões de gases e

chorume têm feito do aterro, em especial dos produtos orgânicos, não mais uma opção

sustentável. Há problemas determinados pelo custo e tempo do monitoramento

necessários pós-fechamento. Desta forma, é necessário potencializar as técnicas e

tecnologias de aproveitamento desses resíduos orgânicos para amenizar os problemas.

Na atualidade, o aumento populacional gera alta demanda por alimentos. Sendo

assim, cada vez mais há necessidade de novas fontes de nutrientes para a agricultura. A

incorporação de matéria orgânica (MO) nos solos agricultáveis, proveniente de resíduos

gerados na própria propriedade, diminui a emissão de CO2 na atmosfera, além de

auxiliar na retenção de umidade e fornecer macro e micronutrientes às plantas (KIEHL,

2004; YADAV & GARG, 2009 e DORES-SILVA et al., 2013). No entanto, para o seu

uso como fertilizante, o resíduo orgânico deve sofrer tratamento, que pode ser um

processo de fermentação microbiológica ou cura, que irá provocar a decomposição da

MO. Com isso, a MO contida nestes resíduos orgânicos será devolvida ao solo com

certo nível de estabilização, com macro e micronutrientes em uma forma assimilável

pelas plantas e microrganismos presentes no solo, para tanto algum processo químico,

físico ou biológico deve ser utilizado (DORES-SILVA et al., 2013).

A prática da compostagem é uma imitação do processo natural e ajuda a destinar

corretamente os resíduos orgânicos, contribuindo para transformar um problema em

solução. O método é aplicado a resíduos não fluidos, ou seja, RSO provenientes de

diversas fontes e setores (Figura 3). Sua prática tem ganhado relevância como uma

tecnologia ambiental, que pode ser empregada em diferentes escalas e com baixa

exigência de recursos tecnológicos, apropriada para o tratamento de diferentes resíduos

orgânicos (INÁCIO & MILLER, 2009). Segundo LI et al. (2013), a compostagem é um

método aplicado no tratamento dos resíduos orgânicos. O método pode desviar os

resíduos orgânicos dos aterros, mitigar a contaminação das águas subterrâneas e do solo,

reduzir a poluição do ar com a emissão de gases de efeito estufa e gerar produtos úteis

para agricultura (composto orgânico).

Nesse contexto, a compostagem da fração orgânica tem despontado como uma

solução eficiente, eficaz e de baixo custo. Estudos têm sido realizados buscando o

aperfeiçoamento da técnica. O intuito é torná-la cada vez mais difundida e acessível

para que os municípios possam aplicá-la na gestão dos seus RSO. A adoção da

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tecnologia proporciona redução nos gastos públicos, minimização de problemas

ambientais e fomento à agricultura, através da produção do composto orgânico.

Figura 3. Demonstração dos setores geradores de resíduos orgânicos com potencial de

aproveitamento pela compostagem termofílica e identificação dos benefícios diretos aos solos

agrícolas e ao ambiente. Adaptado de INÁCIO & MILLER (2009).

2.2 BASE CONCEITUAL DO PROCESSO DE COMPOSTAGEM

O processo de compostagem é definido por EPSTEIN (1997), como a

biodegradação de resíduos orgânicos de forma controlada ou favorecida em condições

termofílicas e predominantemente aeróbias. Já BERNAL et al. (2009), dizem que a

compostagem é um processo bio-oxidativo de mineralização e humificação parcial da

matéria orgânica, que conduz a um produto final estabilizado, livre de fitotoxicidade e

agentes patogénicos e com certas propriedades húmicas. O processo envolve três fases

distintas (Figura 4), e usa uma microbiota diversificada tais como bactérias, fungos e

actinomicetos (PAN et al., 2012).

Existem, no decorrer do processo de compostagem fatores físico-químicos que

podem limitar o processo aeróbico. A condução bem elaborada desses parâmetros

proporciona uma degradação satisfatória dos materiais orgânicos. Sendo assim, os

microrganismos presentes na massa em decomposição encontram condições favoráveis

para o seu correto desenvolvimento. A seguir, tais fatores serão detalhados.

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Figura 4. Etapas do processo de compostagem, exemplificando as fases ocorridas. Fonte:

D´ALMEIDA & VILHENA, 2000.

2.2.1 Temperatura

A temperatura no processo de compostagem é o principal fator que determinará a

sucessão das populações microbianas e sua representatividade nas fases de degradação

(REBOLLIDO et al., 2008; HECK et al., 2013). A temperatura também pode ser usada

como referencial de indicação da evolução e da qualidade do processo. KULCU &

YALDIZ (2014) descreveram que o calor gerado durante o processo aumenta a

temperatura da pilha de compostagem, assegurando a inativação de microrganismos

patogênicos. No entanto, a eficiência da sanitização depende do tempo de exposição do

material da leira às altas temperaturas e da sua uniformidade (ARTHURSON, 2008;

HECK et al., 2013).

De acordo com ZHANG et al. (2010), a cinética da degradação da matéria

orgânica é o principal motor da mudança de temperatura no processo de compostagem.

Sendo assim, a produção de calor varia com a velocidade da degradação dos materiais

orgânicos. Desta forma, quanto maior o estágio de degradação, maior foi a atuação dos

microrganismos e, consequentemente maior temperatura no processo de compostagem.

O metabolismo microbiano é exotérmico, a biodegradação aeróbica gera calor. Portanto,

a temperatura é dependente da atuação dos microrganismos, e esses por sua vez,

dependem de outros fatores para sua sobrevivência (BRITO, 2013). CHEN et al.

(2002), citado por ZHANG et al. (2010), disseram que a composição da matéria

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orgânica, a temperatura, o oxigênio e a umidade podem afetar a biodegradação.

Contudo, entre estes parâmetros, a temperatura é o fator chave.

Segundo a FAO (2003), o processo de compostagem envolve duas faixas de

temperatura: mesofílica e termofílica. A temperatura ideal para a fase inicial da

compostagem é de 20-45 °C, já na fase posterior, com a atuação dos organismos

termofílicos, a temperatura varia de 50-70 °C. A Figura 5 demonstra a evolução da

temperatura ao longo do processo de compostagem. As altas temperaturas caracterizam

o processo de compostagem, servindo como um sinalizador de atividades microbianas

vigorosas. Os agentes patogênicos são destruídos normalmente a 55 °C e acima,

enquanto que o ponto crítico para a eliminação de sementes de ervas daninhas é de 62

°C. Soluções modernas de compostagem fazem inclusive aproveitamento do calor

gerado para produção de energia através do aquecimento de água (LIMA JR., 2015).

Figura 5. Evolução e variação típica de temperatura em processos de compostagem. Fonte:

Adaptado de MASON & MILKE (2005) e INÁCIO & MILLER (2009).

2.2.2 Umidade

O teor de umidade da massa de resíduos depende das condições físicas iniciais do

material de entrada, do tamanho das partículas e do estágio de decomposição na qual a

leira ou pilha se encontra (MASSUKADO, 2008). BRITO (2013) relata que um teor de

umidade de 50 a 60% é considerado ideal para o processo de compostagem. Já na faixa

de 35-40% a decomposição da matéria orgânica é fortemente reduzida. Valores abaixo

de 30% praticamente interrompem o processo. Níveis superiores à 65% retardam a

decomposição, além de provocar maus odores. Isso ocorre pelo aparecimento de zonas

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de anaerobiose localizadas no interior da pilha em decomposição. Segundo LU et al.,

(2009) um teor de umidade ótimo pode acelerar a inicialização do processo. Todavia,

teores em excesso poderia dificultar o processo de compostagem.

A umidade é necessária para suportar a atividade metabólica dos microrganismos.

Sendo assim, a água é indispensável para o desenvolvimento dos microrganismos e para

a sua manutenção celular, uma vez que permite o transporte de nutrientes para o interior

dos microrganismos (GOMES, 2011). KUMAR (2011) comenta que a umidade garante

o transporte de nutrientes para os microrganismos e que a atividade microbiana é inibida

a valores de umidade inferiores a 30%.

A fração orgânica dos resíduos sólidos domiciliares no Brasil apresenta,

geralmente, umidade de 55% razão pela qual a compostagem representa uma importante

alternativa de tratamento desses resíduos. Porém, materiais de compostagem com teores

de umidade iniciais altos podem retardar o aumento de temperatura, inibindo o processo

(LUOA et al., 2008).

2.2.3 Aeração

A aeração determina a natureza da decomposição. Nas decomposições aeróbias as

reações são de oxidação, enquanto que nas anaeróbias são de redução (RESSETTI,

2012). A compostagem de resíduos orgânicos é um processo estritamente aeróbico. O ar

deve circular pela massa periodicamente. Se houver pontos onde não há fornecimento

de ar, haverá desenvolvimento de microrganismos anaeróbicos e indesejáveis ao

processo aeróbio. Segundo KULCU & YALDIZ (2014), o esgotamento do oxigênio

dentro da pilha por microrganismos, conduz à formação de condições anaeróbicas.

Essas condições reduzem a taxa de decomposição contribuindo para a formação de

odor.

Para haver produção de energia necessária aos microrganismos que realizam a

decomposição, isto é, oxidação biológica do carbono, componente principal dos

resíduos orgânicos, é essencial que haja oxigênio. Parte dessa energia é utilizada no

metabolismo dos microrganismos e o restante é liberado na forma de calor.

A aeração é necessária para controlar a temperatura, remover o excesso de

umidade e de gás carbônico e fornecer oxigênio para os processos biológicos. Uma

aeração adequada é necessária para manter temperaturas abaixo de 60ºC, garantindo

uma quantidade de O2 suficiente (MILLER, 1992; RESSETTI, 2012). A literatura relata

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11

que a quantidade de oxigênio necessária a um processo eficiente de degradação,

encontra-se na faixa de 15 a 20%, portanto, suprido naturalmente pelo ar atmosférico

(MILLER, 1992; BERNAL et al., 2009; GOMES, 2011; RESSETTI, 2012).

2.2.4 Relação carbono/nitrogênio (C/N)

Entre os parâmetros necessários para que ocorra a compostagem de forma correta

a relação C/N é de fundamental importância, uma vez que estes dois elementos (C e N)

são fontes principais de energia e de formação de proteínas (SANCHUKI, 2011).

O crescimento e a diversificação da colônia microbiológica, na massa de

compostagem, relaciona-se diretamente com a concentração de nutrientes. Estas por sua

vez, fornecem material para a síntese protoplasmática e suprem a energia necessária

para o crescimento celular. Quanto mais diversificado for o material a ser compostado,

tanto mais diversificados serão os nutrientes disponíveis para a população

microbiológica, consequentemente, mais eficiente será o processo de oxidação. Durante

a compostagem metade ou mais de metade do volume da pilha será perdido com a

decomposição dos materiais. O carbono é perdido mais rapidamente que o nitrogênio e,

por isso, a relação C/N diminui durante a compostagem (BRITO, 2013).

Alta relação C/N é geralmente observada em materiais orgânicos de baixo teor de

nitrogênio, tais como: resíduos de cereais (trigo, arroz, sorgo, algodão) e serragem. Os

resíduos agrícolas e urbanos possuem uma ampla faixa de relação C/N. Segundo

KUMAR (2011), tais resíduos podem ser encontrados variando de 30 a 80:1. Os

materiais com maiores relações C/N são degradados com menor velocidade,

aumentando o tempo de compostagem. BUENO et al. (2008) alegam que esse tempo

pode ser reduzido adicionando uma fonte de nitrogênio ou misturando resíduos

orgânicos ricos em nitrogênio uma vez que a alta relação C/N, torna o nitrogênio um

fator limitante para o processo de compostagem (De GUARDIA et al., 2008)

A redução de C-CO2 está associada à diminuição de carbono orgânico durante o

processo de compostagem. A perda de carbono na forma de C-CO2 corresponde a cerca

de 2/3 de todo carbono orgânico presente no resíduo antes da compostagem e o restante

é imobilizado e incorporado ao protoplasma celular. A diminuição do carbono orgânico

tem reflexo direto na relação C/N, uma vez que a decomposição além de eliminar o

carbono na forma C-CO2 libera o nitrogênio em formas orgânicas estáveis (NETO et al.,

2013). Desta forma, a relação C/N tende a reduzir em função do aumento no teor de

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nitrogênio durante o período de compostagem (SARDÁ et al., 2010; NETO et al.,

2013). A redução da relação C/N pode ser tomada como um índice de maturidade do

composto quando combinada com outros parâmetros tais como: temperatura,

respirometria (O2 e CO2) e conteúdo de substâncias húmicas (GOYAL et al., 2005).

Vários estudos realizados com compostagem de RSO têm constatado que a

relação C/N inicial apresenta valores entre 30/1 e 40/1 e valores finais que variam entre

12/1 e 15/1 (BARREIRA et al., 2006; OLIVEIRA et al., 2012; NETO et al., 2013).

KUMAR (2011) afirma que uma razão C/N inicial de 30:1 é mais desejável. Entretanto,

relações entre 25 e 35:1, como relatado por muitos pesquisadores (BUENO et al., 2008;

BERNAL et al., 2009; FIALHO et al., 2010; GUO et al., 2012), promovem uma rápida

e eficiente compostagem.

2.2.5 Granulometria dos materiais

Da mesma forma que a relação C/N, a granulometria (tamanho de partículas) dos

resíduos usados na mistura, define a extensão de superfície disponível para a ação dos

microrganismos e, também, influencia a aeração da leira de compostagem, via

manutenção da porosidade. O tamanho das partículas tem grande importância no

processo de compostagem, governando o movimento de líquidos e gases na leira

(INÁCIO & MILLER, 2009). Quanto menor a partícula, maior é a superfície de contato

que pode ser atacada e digerida pelos microrganismos. Teoricamente, partículas

diminutas têm um somatório de área imenso e receberiam um ataque intenso, em

condições de arejamento corretas, mas na prática da compostagem, granulometria muito

fina traz sérios problemas de aeração, compactação e encharcamento. Quanto maior a

granulometria, mais intensas serão as trocas de ar saturado de gás carbônico dos vazios,

pelo ar atmosférico, trocas essas efetuadas pelos fenômenos de difusão e convecção. A

tendência do ar aquecido é ganhar as partes mais altas da leira sendo os espaços vazios

ocupados pelo ar atmosférico (FRITSCH, 2006).

2.2.6 Potencial hidrogeniônico (pH)

O pH é um importante atributo químico, pois indica o estágio em que se encontra

o processo de compostagem, influenciando ainda, diretamente, na atividade e no

desenvolvimento microbiano. O pH inicial do processo é de natureza ácida, em virtude

de os resíduos orgânicos utilizados como matéria-prima serem de natureza ácida.

INÁCIO & MILLER (2009) relataram que o pH de cada resíduo utilizado na mistura

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para compostagem influencia na dinâmica microbiana, principalmente, na fase inicial da

compostagem. Sendo assim, no início da decomposição o pH tende a cair, devido à

formação de ácidos orgânicos e a incorporação de carbono orgânico ao protoplasma

celular microbiano, o que torna o meio mais ácido em relação ao inicial (VALENTE et

al., 2009). No entanto, com a elevação da temperatura, em poucos dias, estes ácidos são

decompostos até serem completamente oxidados, elevando os valores de pH. A Figura 6

apresenta a variação padrão do pH com o tempo de compostagem.

A compostagem aeróbia é um meio eficaz e produtivo de tratamento dos RSO,

mas o processo envolve uma perda significativa de nitrogênio (GU et al., 2011). O pH,

principalmente o alcalino, no início do processo de compostagem, pode acarretar perdas

de N pela volatilização de amônia. Sendo assim, este parâmetro pode ser considerado

um dos principais fatores relacionados às perdas de N. A dinâmica do N é dependente

da relação C/N e da qualidade do carbono energético disponível. FUKUMOTO et al.

(2011) relataram que as perdas de N podem ocorrer através da volatilização da amônia

(NH3), durante a fase termofílica, caso não existam fontes de carbono disponível

suficiente para a ação microbiana, ou seja, o resíduo disponível para compostagem

possui relação C:N baixa, ou pelo excesso de N. Os mesmos autores relatam que após a

fase termofílica, bactérias desnitrificantes começam a predominar na massa em

decomposição, tornando os compostos nitrogenados em formas gasosas oxidadas, tais

como óxido nitroso (N2O). A redução do pH inicia-se com a hidrólise dos compostos

nitrogenados pelos microrganismos que degradam o N orgânico, levando à formação de

NH+

4, processo conhecido como amonificação (ORRICO JÚNIOR et al., 2010). O pH é

responsável pelo equilíbrio da relação NH+

4/NH3 e quando a amônia é perdida por

volatilização, ocorre a dissociação do íon amônio. O íon é oxidado a nitrato (NO-3), num

processo conhecido como nitrificação, e dois prótons (2H+) são liberados, reduzindo o

pH do meio (MACKENZIE et al., 2006; VALENTE et al., 2009).

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Figura 6. Variação do pH em uma pilha de compostagem no decorrer do tempo. Letras A, B, C

e D representam as fases do processo. Fonte: MILETTI (2005).

2.2.7 Microrganismos

A compostagem é um processo de decomposição realizado por diferentes grupos

de microrganismos responsáveis também pela estabilização e mineralização do material,

estes por sua vez, são normalmente encontrados nos próprios materiais a serem

compostados (MUKHTAR et al., 2004; SANCHUKI, 2011). A microbiota original da

biomassa a ser compostada é determinante na qualidade de degradação e nas

características do composto final. Durante o processo de compostagem ocorre uma

marcante e contínua mudança nas espécies de microrganismos envolvidos (VALENTE

et al., 2009). Segundo INÁCIO & MILLER (2009), a compostagem é marcada pelo

fluxo contínuo de comunidades selecionadas pela mudança constante das condições

ambientais, dentro da leira ou da composteira, que por sua vez são determinadas pelas

atividades anteriores.

A sucessão de microrganismos, no processo de compostagem, depende de vários

fatores que podem influenciar direta ou indiretamente o processo. Diferentes tipos de

microrganismos predominam no processo, conforme as variações de temperatura da

massa compostada, definindo as diferentes etapas do processo (RESSETTI, 2011). De

acordo com STEGER et al. (2007), cada estágio do processo é caracterizado por

diferentes populações de bactérias e fungos. Durante a fase inicial há predominância de

bactérias termofílicas, porém, em baixas concentrações, as mesofílicas também são

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encontradas (DAY & SHAW, 2005; COELHO et al., 2013). Quando a temperatura se

reduz, para valores abaixo de 40ºC, esta população volta a atuar no sistema. Os fungos

encontram-se presentes em todo o processo, sendo inativos acima de 60ºC e

predominam em níveis de água inferiores a 35%. KARNCHANAWONG &

NISSAIKLA (2014) relatam que os actinomicetos, determinado tipo de bactéria

filamentosa, são considerados um terceiro grande grupo. Tais bactérias predominam na

fase final, de estabilização, desempenhando um papel importante no processo. Esses

microrganismos podem degradar as macromoléculas, tais como celulose, hemicelulose,

lignina, e quitina, que são muito importantes para a liberação de nutrientes inorgânicos e

formação de húmus (STEGER et al., 2007; COELHO et al., 2013).

2.3 MÉTODOS DE COMPOSTAGEM

O processo de compostagem admite tecnologias alternativas que variam de

sistemas simples e manuais a até mesmo complexas, altamente tecnificadas, onde há

monitoramento e controle dos parâmetros do processo. Sendo assim, pode ser conduzida

de diversas formas tais com grandes instalações centralizadas com matéria orgânica

recolhida seletivamente, em explorações agrícolas ou agropecuárias e, em pequenas

unidades de caráter familiar, compostagem doméstica (BRITO, 2013).

Conforme os autores FERNANDES et al. (2006), MASSUKADO (2008),

INÁCIO & MILLER (2009) e KUMAR (2011) a tecnologia de compostagem pode ser

separada em três grandes grupos tais como leiras de revolvimento, leiras estáticas

aeradas e reatores biológicos (Figura 7). A Tabela 2 demonstra os métodos e suas

respectivas vantagens e desvantagens.

2.3.1 Sistema de leiras revolvidas (Windrow)

Este sistema é basicamente uma pilha de material de resíduos sujeitos a

decomposição. A simplicidade do método o conduz a um custo relativamente baixo,

comparado aos demais. A forma da leira varia de retangular a trapezoidal ou até mesmo

triangular. Essa variação é dependente das características do processo de compostagem,

dos materiais e equipamentos utilizados. A aeração da massa de compostagem é obtido

via viragem frequente. Em grandes sistemas, leiras são aeradas em intervalos regulares,

revolvendo a massa em decomposição, com auxílio de máquinas. A temperatura da

massa, frequentemente, é usada como um indicador de viragem. Desta forma, o

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revolvimento das leiras é realizado quando uma faixa de temperatura entre 55°C - 60°C

é atingida.

2.3.2 Sistema de leiras estáticas aeradas (Aerated Static Pile)

A mistura a ser decomposta é colocada sobre uma tubulação perfurada que injeta

ou aspira o ar na massa em decomposição. Portanto, não há revolvimento mecânico das

leiras. Segundo KUMAR (2011), neste sistema as pilhas de resíduos orgânicos que são

formadas são, por vezes, cobertas com composto peneirado, para reduzir odores e para

manter uma temperatura elevada no interior da pilha. A aeração é fornecida através de

ventiladores e difusores de ar. Este tipo de método é usualmente empregado para

materiais homogêneos (ex.: lodo de esgoto), não sendo adequado para materiais

heterogêneos (ex.: RSU) (MÜNNICH et al., 2006).

2.3.3 Sistemas fechados ou reatores biológicos (Reactor In-

Vessel)

Este método confina os resíduos orgânicos em estruturas fechadas (ex.: reatores e

containers). O sistema permite o controle de diversos parâmetros (ex.: temperatura,

concentração de oxigênio, odores, etc) do processo de compostagem. INÁCIO &

MILLER (2009) relatam que tais sistemas sofrem menor influência das variações

climáticas, principalmente chuvas e ventos.

2.3.4 Leiras estáticas com aeração passiva (Método UFSC)

INÁCIO & MILLER (2009) apresentaram um método desenvolvido pela

Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) para tratar resíduos de restaurantes

(Figura 8a; b; c). O método baseia-se em leiras retangulares envolvidas por uma camada

de palha seca de aproximadamente 20 cm. Neste sistema os resíduos são depositados

sucessivamente, porém em dias alternados em diferentes leiras. Desta forma, os

microrganismos colonizam a massa de RSO, proporcionando uma compostagem mais

eficiente. Mantendo as condições de montagem da leira, ou seja, a estrutura da leira,

altas temperaturas iniciais surgem evitando a proliferação de vetores indesejáveis. O

sistema funciona de maneira semi estática, ou seja, há somente um revolvimento

superficial em cada leira no momento do aporte de material frescos. Assim, o contato

entre materiais novos e os em degradação é maximizado.

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17

Figura 7. Esquema demonstrando os sistemas de compostagem (Windrow, Aerated static pile,

Reactor in-vessel). Fonte: Adaptado de KUMAR (2011).

Figura 8. Método de compostagem por leira estática com aeração passiva, desenvolvido pela

UFSC. (a) Deposição dos resíduos orgânicos. (b) Aplicação das aparas de grama, mantendo as

camadas e a estrutura da leira. (c) Leira pronta: O formato retangular proporciona uma boa

aeração. Fonte: INÁCIO, C.T (2012).

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Tabela 2. Informações comparativas entre os diferentes métodos de compostagem empregado no tratamentos dos RSO’s.

Método de

compostagem

Leiras estáticas com aeração passiva

(Método UFSC)

Leiras com revolvimento periódico Leiras com aeração forçada Compostagem em reatores

(In-vessel systems)

Vantagens

-Baixo custo de implantação.

-Simplicidade de operação.

-Necessita áreas menores em relação ao método

de leiras revolvidas.

-Não utiliza energia externa.

-Satisfatório controle de odores.

- Minimização da geração de chorume.

-Pouca exigência de máquinas e equipamentos.

-Baixo custo de implantação.

-Simplicidade de operação e uso de

máquinas comuns.

-Menor exigência de acompanhamento técnico especializado em comparação com

outros métodos.

-Flexibilidade de processar grandes volumes de resíduos.

-Produção de composto homogêneo.

-Médio investimento inicial

-Maior controle do processo, temperatura

e aeração.

-Permite menor tempo de compostagem que as leiras revolvidas.

-Melhor controle de odores. Possibilidade

de uso de biofiltros.

-Menor necessidade de área que as leiras

revolvidas.

-Aceleração da fase de degradação ativa (maturação mais prolongada).

-Melhor controle do processo de

compostagem, aeração e temperatura.

-Possibilidade de automação

- Menor demanda por área

-Possibilidade de controlar odores via biofiltros.

-Potencial de recuperar energia térmica

(dependendo do sistema).

-Independência de agentes climáticos.

Desvantagens

-Dependente de operadores bem treinados e com

conhecimento do processo da compostagem.

-Utiliza muito material vegetal de lenta

degradação (ex.: serragem) o que pode ser difícil

de ser conseguido em alguns locais e elevar o custo da operação.

-Montagem das leiras é mais demorada.

-Em alguns casos pode exigir o peneiramento do composto para retirada de materiais de lenta

degradação como a serragem remanescente, por

exemplo.

-Necessita de áreas maiores em relação ao

método de leiras estáticas,

-Necessidade de máquinas para o

revolvimento e maior intensidade de uso,

elevando o custo de manutenção e operação.

-Elevada produção de chorume e difícil

controle de odores.

-A constante movimentação de máquinas fica dificultada em períodos chuvosos

-Custo de implantação com equipamentos

de aeração específicos.

-Utiliza energia externa (elétrica).

-Necessidade de bom dimensionamento

do sistema de aeração e controle dos aeradores.

-Custo com manutenção de

equipamentos, aeradores e tubos perfurados.

-Elevado investimento inicial.

-Maior custo de operação e manutenção com os equipamentos (sistemas mecânicos

especializados)

- Maior produção de chorume na fase de degradação ativa.

-Utiliza energia externa.

-Menor flexibilidade operacional para tratar volumes variáveis de resíduos.

-Risco de erro difícil de ser reparado se o

sistema for mal dimensionado ou a tecnologia proposta for inadequada.

-Tecnologias licenciadas.

Fonte: Adaptado de INÁCIO & MILLER, 2009.

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2.3.5 Sistema UTV AG

É um sistema de compostagem de alta tecnologia desenvolvido pela empresa

alemã UTV Inc. Consiste em um sistema fechado por membranas semi permeáveis onde

o fornecimento de ar é proveniente de ventiladores e dutos de ventilação que distribuem

o ar no interior da massa em decomposição (Figura 9a; b; c). O controle e

monitoramento da aeração é realizado automaticamente por meio de sensores de

oxigênio atrelado a softwares de gerenciamento. A membrana, em conjunto com a

aeração, proporciona um ambiente favorável para o crescimento microbiano. Além

disso, isola a pilha das intempéries climáticas tais como ventos e chuvas, que podem

influenciar o processo de degradação. Em tese, esse sistema reproduz as mesmas

condições proporcionada pelos biorreatores. Entretanto, sua capacidade de tratamento

dos resíduos orgânicos é superior à obtida pelos biorreatores, uma vez que o processo é

realizado em maior escala.

Figura 9. Sistema de compostagem UTV AG. Visão da planta de compostagem (a). Membrana

semipermeável cobrindo as leiras de compostagem (b). Ilustração demonstrando os

componentes do sistema (c). Fonte: UTV AG (2015).

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2.3.6 Sistemas desenvolvidos na COPPE/UFRJ

Pesquisas recentemente desenvolvidas na COPPE/UFRJ apresentaram dois

sistemas de compostagem. CARVALHO (2015) apresentou em seu estudo um sistema

composto por composteiras confeccionadas (Figura 10a) adotando um modelo de

compostagem unifamiliar. Os protótipos foram submetidos a três diferentes condições

(A, B e C) em dois ciclos distintos. Os resíduos orgânicos de pré-preparo alimentar

associados em proporções de 25%, 50% e 75% com resíduos verdes (RV) de poda,

capina e jardinagem foram utilizados. O estudo avaliou os seguintes parâmetros:

temperatura, pH, umidade, pluviometria, matéria orgânica (MO), carbono orgânico total

(COT) e a relação C/N. Os resultados demonstraram que o composto, produzido com o

equipamento, atingiu o estado de maturação. Desta forma, tais resultados aprovam a

viabilidade das composteiras desenvolvida para uma família de até quatro pessoas, em

um período de 60 dias. Já LIMA JR. (2015) estudou equipamentos e técnicas de

compostagem, estratégias de pré-tratamento de resíduos sólidos orgânicos antes da

digestão anaeróbia, com foco no tratamento e aproveitamento energético

descentralizado em pequena escala. O estudo testou composteiras (Figura 10b) com

quatro formas de manejo e seis pré-tratamentos baseados em compostagem e adição de

composto aos resíduos antes da digestão anaeróbia. Os resultados demostraram que, os

aproveitamentos energéticos na compostagem registraram aquecimento de água a 51°C,

após 24h de recirculação, apresentando-se como um recurso energético em potencial.

Sendo assim, o modelo de compostagem proposto é viável ambiental e

economicamente, pois neutraliza emissões e lixiviados gerados em aterros ou em

compostagem industrial, bem como apresenta custo competitivo com os aterros e pode

ser mais barato que a compostagem industrial, embora tal avaliação seja dependente de

questões de escala.

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Figura 10. (a) Composteira desenvolvida a partir de bombonas de 200L. (b) Composteira,

bomba elétrica e boiler anexo. Fonte: CARVALHO (2015) e LIMA JR. (2015).

2.4 COMPOSTAGEM UTILIZANDO BIORREATORES

2.4.1 Vantagens e desvantagens

Na literatura encontramos diversos estudos sobre o processo de compostagem

onde, frequentemente, os autores escolhem trabalhar com o modelo de escala piloto para

a condução de suas investigações (VANDERGHEYNST et al., 1997;

VANDERGHEYNST & LEI, 2000; MASON & MILKE, 2005a, 2005b; MASON,

2009; ZHANG et al., 2010; RESSETTI, 2011; LI et al., 2013; CAMPOS et al., 2014;

KULCU & YALDIZ, 2014; NAKHSHINIEV et al., 2014). Sistemas de compostagem

em grande escala têm sido bem estudados mas, o conhecimento da eficiência do

processo e seus efeitos ambientais, ainda necessitam de pesquisas mais minuciosas

(ERMOLAEV et al., 2014). No entanto, a compostagem em grande escala pode ser

muito onerosa e de difícil controle, limitando a precisão e a repetibilidade (CHALAUX

et al., 1991; MASON & MILKE, 2005a; GOMES, 2011; JANCZAK et al., 2013). Por

outro lado, experimentos conduzidos no laboratório, em menor escala, utilizando

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biorreatores de bancada, permitem a utilização de pequenas quantidades de resíduos e

materiais (SOUZA, 2014). O elevado nível de controle e monitoramento dos fatores

proporcionam uma pesquisa mais apurada, com alto grau de repetibilidade. Além do

eficiente controle e ocupação de menor espaço físico, os biorreatores, em geral, podem

ser totalmente automatizados. Porém, o elevado custo de implantação e manutenção de

biorreatores automatizados ainda é um entrave para sua adoção. Outra desvantagem do

biorreator de bancada é a duração da temperatura, que pode não representar fielmente a

escala de campo. JANCZAK et al. (2013) relataram que pesquisas com compostagem

realizadas em laboratório dispõem de uma relação superfície/volume desfavorável,

acarretando em um rápido arrefecimento, reduzindo a fase termofílica, comparada com

as condições reais. Segundo os autores, esse efeito adverso pode ser eliminado através

da implementação de um isolamento térmico do biorreator.

A compostagem em biorreatores é um sistema que necessita de maior capital,

maiores custos de operação e manutenção dos equipamentos. Contudo, há menor uso de

mão-de-obra, necessidade de área e maior controle da qualidade do resíduo, tornando o

sistema atrativo ao uso (INÁCIO & MILLER, 2009; JANCZAK et al., 2013; SOUZA,

2014). Existem vários tipos de biorreatores, que variam, basicamente, em função do seu

volume e área. O Quadro 1 mostra a classificação dos biorreatores, segundo a revisão de

MANSON & MIKE (2005a). Segundo os mesmos autores, os biorreatores têm sido

empregados para pesquisas quando se pretende avaliar a evolução do processo (taxas de

reação, parâmetros cinéticos, modelagem matemática de dados relacionados), a

biodegradação dos substratos (avaliação da adequação do resíduo em misturas para

conversão em composto, incluindo estudos do efeito de aditivos e inoculantes), as

emissões de gases e odores, o efeito e a biodegradação de produtos tóxicos, o efeito de

compressão do material e a preparação de composto para avaliação agronômica.

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Quadro 1. Tipos de reatores e suas definições.

Tipos Definição

Temperatura constante

(Fixed temperature – FT)

Reator no qual uma desejada temperatura de compostagem é

fixada e mantida por aquecimento externo.

Auto-aquecimento

(Self-heating – SH)

Reator baseado apenas no calor gerado pela atividade

microbiana para manter a temperatura do processo de

compostagem. Não há controle de temperatura, apenas

redução das perdas de calor através do uso de materiais

isolantes.

Controle da diferença de

temperatura (Controlled

temperature difference – CTD)

Reator baseado apenas no calor gerado pela atividade

microbiana para manter a temperatura do processo de

compostagem, mas que controla as perdas de calor CRR*

pelo aquecimento das paredes do reator mantendo o

diferencial de temperatura constante.

Controle do fluxo de calor

(Controlled heat flux – CHF)

Reator baseado apenas no calor gerado pela atividade

microbiana para manter a temperatura do processo de

compostagem, mas que controla as perdas de calor CRR*

pelo aquecimento das paredes do reator mantendo o

diferencial de fluxo de calor constante.

*Conjunto de perdas de calor condutivas/convectivas/radiativas. Fonte: BALIEIRO et al. (2010),

adaptado de MASON & MILKE (2005a).

2.4.2 Aperfeiçoamento dos biorreatores de bancada

MAGALHÃES et al. (1993) desenvolveram biorreatores com controle de

temperatura para simulação, em laboratório, do processo aeróbico e termofílico,

decorrentes do manejo de leiras de compostagem. Os autores avaliaram as diferenças

entre os processos (em escala de campo e laboratorial) que podem afetar diretamente as

formas de perdas de calor. Nesse sentido, o sistema de reatores foi aprimorado, para

haver compensação na escala de trabalho.

WALKER et al. (2006a) desenvolveram um biorreator cilíndrico, de 7 L, feito a

partir de PVC de alta temperatura isolado com espuma de célula fechada de elastômero.

O aparelho é totalmente controlado por computador e equipado com sondas e sensores.

O controle de compensação de calor foi realizado mantendo as temperaturas externa e

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24

do núcleo do reator equivalentes. Tal condição é obtida através de uma resistência

enrolada em torno do reator, onde a mesma mantém um aquecimento de no máximo 60

°C.

BALIEIRO et al. (2010) aperfeiçoaram o biorreator devolvido por

MAGALHÃES et al. (1993) para o desenvolvimento do laboratório de biorreatores

(aeróbio com multi-controle de temperatura – AMCT) da Embrapa Solos (Figura 11).

Os biorreatores são totalmente automatizados, monitorados e controlados no local ou

remotamente, através da sua telemetria disponibilizada 24 h.d-1

via internet ou celular.

A Figura 12 ilustra o monitoramento do controle de temperatura, as partes que

compõem o biorreator e os demais componentes do novo sistema desenvolvido pelos

autores citados.

Figura 11. Laboratório de biorreatores aeróbios com controle por diferencial de temperatura da

Embrapa Solos.

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25

Figura 12. Esquema demostra os componentes e suas respectivas ligações que fazem parte do

sistema de biorreatores de bancada da Embrapa Solos. As posições dos sensores (S1, S2 e S3)

são de suma importância para o monitoramento e controle de temperatura do Biorreator.

2.5 MICRORGANISMOS ACELERADORES NA COMPOSTAGEM

2.5.1 Base conceitual

O composto orgânico é o produto final obtido após a biotransformação aeróbia de

resíduos orgânicos. Esse processo ocorre naturalmente, proporcionado pelos

microrganismos presentes nos resíduos e no meio ambiente, o qual pode manter uma

população microbiana ativa durante a compostagem (KARNCHANAWONG &

NISSAIKLA, 2014). No entanto, microrganismos externos podem ser adicionados ao

processo (VARGAS-GARCIA et al., 2005). Como dito anteriormente, os principais

componentes microbiológicos da compostagem são as bactérias e os fungos. Além

disso, os actinomicetos, determinado tipo de bactérias filamentosas, são considerados

um terceiro e maior componente. Esses microrganismos possuem alta capacidade de

degradação de compostos recalcitrantes (KARNCHANAWONG & NISSAIKLA,

2014).

A compostagem acelerada segue os mesmos princípios da convencional, sendo

uma degradação biológica da matéria orgânica realizada por um amplo grupo de

microrganismos. Este método de compostagem possui como característica principal que

é o reduzido tempo para obtenção do composto. Este processo pode levar,

aproximadamente 28 dias, para a obtenção do composto já maturado e estabilizado,

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contra 180 dias na compostagem convencional (SANCHUKI, 2011). Segundo PATLE

et al. (2014), a tecnologia de compostagem rápida envolve a inoculação dos substratos

utilizados na compostagem com culturas de microrganismos degradadores. Os autores

relatam que, para haver eficiência no processo, as condições precisam ser favoráveis,

tais como: umidade adequada, C inicial adequado, quantidades de N suficientes, e

aeração. No entanto, XI et al. (2012) descrevem que o ambiente onde ocorre a

compostagem, tais como a temperatura e composição da matéria orgânica, muda

regularmente no decorrer do processo. Assim, os microrganismos se adaptam a esse

ambiente, mudando de acordo com ele. Portanto, a inoculação pode desempenhar um

papel importante na eficiência de compostagem.

2.5.2 Estudos relacionados com a utilização de inoculantes

Na literatura encontramos diversos estudos relacionados à inoculação de

microrganismos na compostagem. O uso de inoculantes na compostagem para acelerar o

processo natural ou para obter um produto final de melhor qualidade tem sido um

assunto controverso. Por longos anos, de fato, resultados contraditórios têm sido

descrito por diferentes autores (GOLUEKE et al., 1954; RAZVI & KRAMER, 1996;

OHTAKI et al., 1998; XI et al., 2005; VARGAS-GARCIA et al., 2005 e 2007; WEI et

al., 2007; RAUT et al., 2008; NAIR & OKAMITSU, 2010; SANCHUKI, 2011; PAN et

al., 2012; XI et al., 2012; ABDULLAH et al., 2013; FILHO, 2013; JUSOH et al., 2013;

NAKASAKI et al., 2013; NORD, 2013; AWASTHI et al., 2014; PATLE et al., 2014;

KARNCHANAWONG & NISSAIKLA, 2014; WANG et al., 2014a; ZHOU et al.,

2015).

Embora alguns estudos mostrem que a inoculação pode melhorar o processo de

compostagem, outros não apresentam melhoras justificáveis. VARGAS-GARCIA et al.

(2005) descrevem que tal controvérsia não deveria ser uma surpresa, já que há uma alta

complexidade nos eventos biológicos e diversos fatores que influenciam o processo.

Sendo assim, as condições são diferentes em cada situação e, por conseguinte, a

atividade microbiana é muito diferente também. KARNCHANAWONG &

NISSAIKLA (2014) relatam que a atividade dos microrganismos pode variar em

decorrência do tamanho da pilha de compostagem. As pilhas com maiores dimensões

tem tendência de ocorrer, perto do centro, zonas anaeróbicas, por outro lado, as menores

proporcionam rápida perda de calor. Estas variações podem acarretar num retardamento

da decomposição dos materiais orgânicos.

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27

2.5.2.1 Utilização em compostagem de pequena

escala

A maioria dos estudos relatados focam em microrganismos específicos e/ou

sistemas de compostagem em grande escala. No entanto, alguns estudos, encontrados na

literatura, determinaram os efeitos de inoculantes microbianos na compostagem em

pequena escala. RAUT et al. (2008) realizaram uma investigação em laboratório,

utilizando compostadores de 5 Kg. O objetivo do estudo foi descobrir as dinâmicas

microbianas e atividades enzimáticas durante a rápida compostagem de RSU’s. Foi

aplicado inóculo de chrysosporium Phanerochaete e Trichoderma reesei para facilitar a

decomposição dos RSU’s. A eficiência da rápida compostagem foi avaliada por meio

das várias mudanças dos parâmetros físicos, químicos e biológicos. O resultado do

presente inquérito revelou que a degradação dos substratos orgânicos foi rápida (dentro

de 9-12 dias). Os autores relataram que as enzimas selecionadas (amilase, protease,

fosfatase e celulase) forneceram degradações específicas para vários substratos instáveis

contidos nos resíduos orgânicos. NAIR & OKAMITSU (2010) utilizaram

Microrganismos Eficientes, ou Effective Microorganisms (EM) e Trichoderma sp. em

compostagem de resíduos putrescíveis de cozinha. Os autores avaliaram as técnicas do

termo compostagem e vermicompostagem. O estudo mostrou que inoculantes

lignocelulolíticos não são essenciais para acelerar compostagem, em pequena escala, no

tratamento de resíduos orgânicos domésticos. No entanto, a inoculação com EM

aumentou a taxa de reprodução das minhocas. Já o estudo conduzido por ABDULLAH

et al. (2013) determinaram os efeitos da utilização de uma solução de bactérias (Bacillus

sp., Clostridium sp., Pseudomonas sp., Aspergillus sp., Cellulomonas sp., Chaetomium

sp., Penicillium sp. e Trichoderma sp.) como cultura iniciadora na compostagem de

resíduos de alimentos em um sistema de vasos. Esses resíduos consistem de restos

vegetais e de processamento de peixe. Os autores descobriram que não há diferenças

aparentes no composto com adição de cultura de arranque. Portanto, estudos com

compostagem em pequena escala, utilizando inoculantes comerciais mistos, disponíveis

no mercado, são limitados.

2.5.2.2 Uso de inoculantes comerciais

A disponibilidade de espaço, utilizada para a produção de um composto estável,

deve ser equilibrada com quantidade de tempo disponível. O controle e monitoramento

dos parâmetros (físicos, químicos e biológicos), que influenciam e/ou são influenciados

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pelo processo de compostagem, podem acelerar a decomposição dos resíduos, atrelado a

uma boa condução do processo a adição de microrganismos externos que podem

contribuir para uma degradação mais eficiente. Atualmente no mercado, tanto nacional

como internacional, há vários produtos comerciais disponíveis. PATLE et al. (2014)

descrevem que tais inoculantes são geralmente misturas contendo microrganismos,

nutrientes minerais ou formas prontamente disponíveis de carbono e enzimas. Além de

compostos, que balanceiam o pH promovendo o aumento da atividade microbiana

quando o produto está em contato com os resíduos. No entanto, a composição de cada

produto difere de acordo com cada fabricante. Apenas alguns fabricantes revelam a

identidade dos microrganismos presentes nestes produtos. As funções da população

microbiana e as características bioquímicas da maioria destes aditivos comerciais

durante o processo de compostagem ainda não são bem elucidados (SASAKI et al.

2006). Porém, há em seus rótulos, estipulados por seus fabricantes, diversos benefícios,

onde o mais comum é o aumento da taxa de degradação.

Estudos relacionados com a adição de aceleradores de compostagem vêm sendo

pesquisados há bastante tempo. GOLUEKE et al. (1954) estudaram os efeitos de

diferentes inóculos empregados na compostagem de RSU. Os solos do jardim, esterco

de cavalo, material orgânico parcialmente decomposto, e uma preparação comercial de

culturas bacterianas foram testados. Os autores avaliaram parâmetros como temperatura,

umidade, teor de cinzas, C e N orgânico, relação C/N e macronutrientes. Os resultados

do estudo não demonstram diferenças entre o controle e o material inoculado. Desta

forma, os autores concluem que há uma população adequada de bactérias, já existente

no material, capaz de promover eficientemente o processo de compostagem. Sendo

assim, fazem-se supérfluas as adições de inóculos externos.

RAZVI & KRAMER (1996) testaram a eficácia de sete inoculantes comerciais na

compostagem de aparas de grama com restos de madeira. O estudo avaliou a resposta

de cada inoculante frente ao consumo de oxigênio, perda de peso, redução de volume e

sólidos voláteis. Os resultados da pesquisa mostraram que os resíduos orgânicos podem

ser compostados, naturalmente, de forma eficiente, utilizando composto maduro. Porém,

os autores relatam que a quantidade e a variedade de microrganismos, adicionados via

inoculante, podem auxiliar na taxa de degradação dos resíduos.

JUSOH et al. (2013) avaliaram os efeitos da aplicação de microrganismos efetivos

(EM, sigla em inglês) no processo de compostagem de palha de arroz com esterco de

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cabras e resíduos verdes. Desenvolvido no Japão em 1970, pelo Professor Dr. Teruo

Higa, o EM é basicamente uma solução microbiana obtida de um sistema natural ou

orgânico. A pesquisa avaliou os seguintes parâmetros: pH, C org. total, relação C/N e

macro e micronutrientes. Os resultados mostraram que a aplicação de EM aumentou os

teores de macro e micronutrientes. Desta forma, os autores sugerem que a aplicação de

EM é adequada para aprimorar a mineralização do processo de compostagem.

Entretanto, o estudo conduzido por NORD (2013) mostrou resultados contraditórios. Os

autores avaliaram o efeito de um inoculante biológico comercial (Embiotic®) na

qualidade química do composto orgânico produzido a partir de RSU’s. Teores de macro

e micronutriente; pH; C org. e Demanda Química de Oxigênio (DQO) foram avaliados.

Os resultados demonstraram que, para as condições que a pesquisa foi elaborada, o

inoculante testado não alterou os teores de macro e micronutrientes e não acelerou o

processo de compostagem.

2.5.2.3 Utilização de microrganismos

lignocelulolíticos

A matéria orgânica possui compostos prontamente disponíveis que vão ser

imediatamente utilizado pela microbiota. Tais microrganismos estão presentes

naturalmente no meio ambiente e nos resíduos realizando um processo de degradação

satisfatório. Contudo, a matéria orgânica possui também compostos poliméricos

orgânicos. Segundo JURADO et al. (2015) esses compostos necessitam processamento

enzimático antes da sua utilização como fontes de carbono e nitrogênio pelos

microrganismos. Dentre os polímeros comumente encontradas em matérias primas para

a compostagem, as frações lignocelulósicas são as mais recalcitrantes (INSAM & DE

BERTOLDI, 2007). Os mesmos autores também relatam que o número de espécies

microbianas capazes de degradá-las é certamente baixo. A Tabela 3 demostra alguns

microrganismos lignocelulósicos. Desta forma, um desempenho eficiente é geralmente

difícil de alcançar quando se usa uma biomassa lignocelulósica.

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Tabela 3. Identidade e capacidades enzimáticas de algumas estirpes utilizadas como

degradadores lignocelulósicos.

Microrganismos Atividade enzimática

Amy Pec Hem Cel Lig Lip Amm Pro Pho

Bacillus altitudinis BM2 + + + - - + + + +

Alternaria tenuissima FM1385 + + + - - + + + -

Gibellulopsis nigrescens FM1397 + + + + - + + + -

Streptomyces albus BM292 + - + - + + + - +

Bacillus licheniformis BT575 + + + - - - + + -

Bacillus smithii AT907 + - - - + - + - -

Legenda: Amylase (Amy), Pectinase (Pec), Hemicellulase (Hem), Cellulase (Cel), Ligninase (Lig),

Lipase (Lip), Protease (Pro), Ammonifying (Amm) and Phosphatase (Pho). Fonte: Adaptado de JURADO

et al. (2015).

ZHOU et al. (2015) relatam que tal biomassa é de difícil degradação. Segundo os

autores, esta dificuldade pode ser decorrente do alto número de microrganismos que

participam do processo de compostagem, já que os mesmos podem ser afetados por uma

variedade de fatores bioquímicos e físicos. Por conseguinte, houve muitas tentativas de

melhorar o processo de compostagem através da inoculação com microrganismos. Há

estudos que utilizaram microrganismos degradadores específicos, como VARGAS-

GARCIA et al. (2005) que descrevem que microrganismos lignocelulolíticos

apresentam alta capacidade de degradação desse tipo de biomassa. VARGAS-GARCIA

et al. (2007) relatam que a inoculação dos resíduos orgânicos com esses

microrganismos é uma estratégia que pode melhorar as propriedades do produto final.

Em sua pesquisa os autores utilizaram três isolados (Bacillus shackletonni,

Streptomyces thermovulgaris e Ureibacillus thermosphaericus). Os inóculos foram

testados quanto à sua capacidade de aumentar a degradação da lignocelulose. O estudo

demostrou que a celulose obteve maior taxa de degradação quando comparada com a

hemicelulose e lignina. Contudo, os resultados da pesquisa revelam que o sucesso da

inoculação depende das condições em que o processo é realizado, em particular, as

características da matéria prima e do inoculante. PATLE et al. (2014) descrevem em seu

estudo que microrganismos presentes no ambiente quebram, naturalmente, a matéria

orgânica. Entretanto, a inoculação com microrganismos lignocelulósicos e celulósicos

podem acelerar a degradação de compostos recalcitrantes (celulose, hemicelulose,

lignina e quitina), levando a uma rápida degradação dos RSO.

Estudos demostram que a utilização em consórcio apresenta melhores taxas de

degradação. PAN et al. (2012) usaram em sua pesquisa três microrganismos (B. subtilis

B1U/1, B. subtilis D3L/1 e Pseudomonas sp. RAT/5) separadamente e em consórcio.

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Tais microrganismos tem alto potencial hidrolítico, principalmente celulase, amilase e

protease. Segundo os autores todos os isolados foram capazes de decompor

eficientemente todos os substratos testados. Os resultados demostraram que a aplicação

dos inoculantes em consórcio (razão 1:1:1) produziu maior eficiência na degradação

quando comparada com o isolado individual. ZHOU et al. (2015) propôs uma nova

estratégia de compostagem utilizando esterco de gado leiteiro e palha de arroz. No

estudo foram adicionados três diferentes inoculantes, A (Thermoactinomyces sp. GF1 e

GF2); B (Coprinus cinerea e Coprinus comatus) e C (Trichoderma harzianum e

Rhizopus oryzae). Cada inoculante foi adicionado a uma fase distinta da compostagem

(inicial, termofílica e maturação, respectivamente). Os autores concluíram que a adição

dos inoculantes aumentou a temperatura e a degradação de lignocelulose, promovendo

redução da relação C/N e perda de volume.

2.5.2.4 Influência na eficiência da compostagem

OHTAKI et al. (1998) revelaram que inoculações podem aumentar a população

microbiana, melhorar a conversão de orgânicos e reduzir as emissões de gases

odoríferos. XI et al. (2005) relataram que a introdução de inóculo contendo B.

azotofixams, B. megaterium, B. mucilaginosus acelerou a taxa de degradação e

estabilização dos produtos da compostagem. WEI et al. (2007) sugeriram que a

inoculação pode acelerar o processo de maturação da compostagem. Os autores

demostraram que a mistura de inoculante, contendo microrganismos complexos e

lignocelulolíticos, possui uma clara vantagem, na degradação, em comparação com a

inoculação sem mistura desses microrganismos. HE et al. (2007) mostraram que a

inoculação de psicrotróficos pode acelerar rapidamente a temperatura de compostagem.

Já o estudo realizado por GHAFFARI et al. (2011) sugere que a inoculação aumenta a

atividade da enzima celulase, promovendo a biodegradação da matéria orgânica e,

consequentemente, aumentando a eficiência da compostagem. NAKASAKI et al.

(2013) realizaram em seu estudo a avaliação da degradação dos resíduos de alimentos,

provenientes da criação de coelhos. Esses resíduos foram inoculados com a levedura

Pichia RB1 kudriavzevii. Foi observado que o microrganismo inoculado rapidamente

degradou o material orgânico presente. Outra constatação da pesquisa foi que as

bactérias mesofílicas e termofílicas proliferaram mais rápido no composto com a

inoculação da RB1 do que sem a inoculação. Além disso, as populações de Bacillus

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thermoamylovorans, Bacillus foraminis e Bacillus coagulans tornaram-se dominantes

durante as fases termofílicas de ambas as compostagens, com e sem inoculação RB1.

2.6 ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO

2.6.1 Histórico do infravermelho (IV)

A espectroscopia no IV é certamente uma das técnicas analíticas mais importantes

para a química moderna. Sua área de utilização é bastante ampla abrangendo estudos

relacionados com identificação de compostos inorgânicos e orgânicos, controle de

qualidade de produtos diversos, monitoramento de reações, etc (BARBOSA, 2008).

O IV é uma radiação que age em frequências características, que estão além do

campo de visão humana, ou seja, é invisível aos nossos olhos. Ela é obtida em todos os

corpos que liberam calor. O nome é decorrente do fato da radiação estar depois da cor

vermelha no espectro. Sir Isaac Newton, em 1666, demonstrou as cores presentes no

espectro de luz. A experiência se baseava na colocação de um prisma, feito de vidro,

numa posição onde a luz solar incide. O lado oposto a incidência da luz, estava voltada

para uma parede. Ao escurecer o ambiente, a luz incidida no prisma reflete na parede

formando um espectro de cores com as sete tonalidades: violeta, anil, azul, verde,

amarelo, laranja e vermelho (KERDNA, 2015).

Com o passar dos anos outras pesquisas foram realizadas. No entanto, a existência

da radiação IV foi descoberta por Sir Willian Hershel, em 1800. Este brilhante cientista

conduziu um experimento com o objetivo de identificar quais cores do espectro visível

da luz solar continham calor. O experimento consistia na colocação de termômetros de

mercúrio pintados de preto em posições distintas do espectro da luz solar para

observação das temperaturas em cada região do espectro. Nesse tipo de experimento,

observa-se que a temperatura aumenta conforme os termômetros são movidos na

direção do vermelho. Aumenta ainda mais quando os termômetros são movidos além da

parte vermelha do espectro. Os termômetros registram a maior temperatura na região

invisível ao lado do vermelho, isto é, na região do IV (RAGHAVACHAR, 2001; LEITE

& PRADO, 2012). Entretanto, apesar da descoberta de Sir Hershel, poucas pesquisas,

com a radiação IV, foram estudadas por outros cientistas até o final do século XIX. Em

1882, os cientistas Abney e Festing obtiveram o espectro de absorção de mais de 50

compostos. Já W. H. Julius obteve em seu estudo, 20 espectros de compostos orgânicos.

No início do século XX já haviam sido obtidos diversos espectros de substâncias.

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Apesar da dedicação dos cientistas, naquela época, obter um espectro demandava muito

tempo, chegando a gastar até quatro horas para obterem os dados de um único

composto. A partir da década de 1940, equipamentos mais sofisticados e rápidos foram

obtidos levando o estudo da espectroscopia em patamares mais avançados. Atualmente,

equipamentos modernos obtém espectros de IV em apenas alguns segundos

(BARBOSA, 2008).

2.6.2 Conceitos Básicos

Na espectroscopia no IV, são empregados níveis de energia situados entre as

regiões do visível e a de micro-ondas, que permitem distinguir as vibrações moleculares

de diversos grupos funcionais e estruturas. Segundo STEVENSON (1994), citado por

CERETTA et al. (2008), esta técnica, que também é conhecida de espectroscopia

vibracional, viabiliza a análise qualitativa de grupos reativos (ex.: COOH; OH-fenólico;

OH-alcoólico; OH-enólico; C=O; -NH2, entre outros e de componentes estruturais

aromáticos e alifáticos). A espectroscopia no IV se baseia no fato de que os diversos

tipos de ligações químicas e de estruturas moleculares, existentes numa molécula,

absorvem radiação eletromagnética na região do IV, em comprimentos de ondas

característicos e, como consequência, os átomos envolvidos entram em vibração. Dois

tipos fundamentais de vibrações podem ser distinguidos: i) Estiramento, onde os átomos

vibram no mesmo eixo, variando sua distância e ii) Deformação, onde a posição dos

átomos, em vibração, muda em relação ao eixo da ligação (STEVENSON, 1994;

FIALHO, 2007). A Figura 13 ilustra os tipos vibracionais, estiramento e deformação.

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Figura 13. Principais tipos de vibrações de estiramento e de deformação do carbono e átomos

de hidrogênio. Fonte: Adaptado de TAN (1996); CERETTA et al. (2008).

O espectro de IV, usualmente, está relacionado a transmitância, ou absorbância,

em função do comprimento de onda, expresso em cm-1

. A radiação denominada IV

corresponde à região do espectro eletromagnético situada na faixa de número de ondas

entre 14290 e 200 cm-1

. A região que compreende o número de ondas entre 4000-400

cm-1

é mais comumente utilizada na química orgânica, sendo denominada infravermelho

médio (MIR, sigla em inglês). Espectrofotômetros mais modernos dispõem de um

interferômetro não dispersivo. Esses aparelhos são chamados de Espectrofotômetros de

infravermelho com transformada de Fourier (FTIR, sigla em inglês). Tal técnica permite

a análise qualitativa de compostos orgânicos, uma vez que os modos característicos de

vibração de cada grupo provocam o aparecimento de bandas no espectro IV em

frequências específicas. Há também influências ocorridas pela presença de grupos

funcionais próximos (acoplamentos). Assim, um espectro de IV geralmente contém

mais informação do que apenas os valores de posição ou de absorção de alguns picos. O

espectro atua como uma impressão digital de uma dada amostra quando utilizado

integralmente. Do mesmo modo, a espectroscopia MIR é uma excelente ferramenta para

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análise quantitativa, já que as intensidades de absorção das bandas no espectro são

proporcionais à concentração (SOUZA & POPPI, 2012). Outra técnica bastante

utilizada é a espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier por

reflectância difusa (DRIFT, sigla em inglês). Em contrapartida ao método convencional

(transmitância), onde a radiação transpassa a amostra, nesta técnica a radiação é

refletida, e apenas a porção superficial da amostra a absorve (BALMORI, 2012).

Segundo STEVENSON (1994), a DRIFT é uma técnica que diminui a interferência da

água no espectro. Ambas as técnicas têm sido amplamente usadas na caracterização da

matéria orgânica.

A região compreendida pelo número de ondas entre 12800 a 4000 cm-1

é

conhecida como infravermelho próximo (NIR, sigla em inglês). HANSEL et al. (2006)

comentam que a região do NIR é utiliza energia de fóton (hυ), a qual abrange de 2,65 x

10-19

até 7,96 x 10-20

J e corresponde aos comprimentos de onda de 780 até 2.500 nm.

Um espectrômetro de NIR possui os componentes ópticos semelhantes a um

equipamento de UV-Vis (i.e., fonte, filtros, amostrador e detector) e opera em vários

modos de medida como transmitância, transflectância e reflectância difusa. BARBOSA,

(2008) relata que esta região tem recebido bastante atenção nos últimos anos, em

particular com relação as análises qualitativas de amostras com matrizes complexas.

2.6.3 Vantagens e desvantagens

O uso das referidas técnicas espectroscópicas trazem diversas vantagens,

destacando-se a redução no tempo das análises e a ampliação da capacidade de

identificar ou caracterizar estruturas complexas (LOPES & FASCIO, 2004). A

espectroscopia MIR possui a vantagem de elucidar estruturas orgânicas e inorgânicas

devido ao fato de possibilitar a identificação de grupos funcionais. Por outro lado, a

espectroscopia NIR emprega possui como vantagens o emprego integral do espectro

como sendo uma impressão digital da amostra. Ambas requerem preparo mínimo da

amostra a ser analisada e no caso da espectroscopia NIR, não há necessidade de

utilização de reagentes químicos. Além das vantagens mencionadas HIGASHIKAWA

et al., (2014) relatam que o espectroscopia MIR-FTIR permite verificar a maturidade de

substratos, preparados por compostos, produzidos utilizando diferentes tipos de resíduos

e processos de compostagem.

A espectroscopia no IV, apresentam algumas desvantagens, tais como, dificuldade

de se interpretar os espectros, principalmente na região do NIR, necessitando utilização

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de métodos quimiométricos para modelar os dados e quantificar as propriedades de

interesse (NUNES, 2008). Entretanto, se a espectroscopia de NIR não é viável para a

elucidação de estruturas, a sua aplicação em conjunto com a quimiometria faz dela uma

grande ferramenta analítica utilizada em diversos ramos da ciência e da indústria

(PASQUINI, 2003; HANSEL et al., 2006). HUANG et al. (2008) afirmam que o NIR é

uma técnica de previsão eficaz principalmente para a rápida determinação de

constituintes em alimentos, rações, produtos farmacêuticos e outras commodities.

2.6.4 Finalidades e aplicações

Na atualidade os métodos espectroscópicos são utilizados em diversos ramos e/ou

finalidades cientificas. LEITE & PRADO (2012) relatam algumas dessas finalidades

ex.: identificar substâncias presentes na cena de um crime; determinar a concentração de

substâncias em alimentos e medicamentos, melhor compreender as propriedades

microscópicas responsáveis por características macroscópicas, procurar e descobrir

elementos e substâncias que constituem a matéria de estrelas e planetas, estudar e

identificar substâncias presentes em diversos resíduos orgânicos, entre outras.

CANELLAS & SANTOS (2005) relataram que as técnicas de espectroscopia de IV

apresentam grande potencial para avaliar mudanças moleculares ocorridas nos materiais

orgânicos provocados por diferentes eventos, tais como, processos pedogenéticos e de

manejo dos solos ou transformações durante processos de compostagem ou

vermicompostagem.

Diversas pesquisas já foram conduzidas utilizando as técnicas espectroscópicas de

IV para avaliar e caracterizar o estado de humificação da MO no solo (FERREIRA,

2008; SANTOS et al., 2010; BAZONI et al., 2013; SATO et al., 2013), composto

orgânico (FIALHO, 2007; MEISSL et al., 2008; FIALHO et al., 2010; MAIA et al.,

2012; CAMPOS et al., 2014), fertilizantes orgânicos (WANG et al., 2014b) e

vermicomposto (BALMORI, 2012).

2.7 PREVISÃO DA MATURIDADE E ESTABILIDADE DO

COMPOSTO ORGÂNICO

2.7.1 Conceitos básicos

A compostagem é um dos meios mais eficientes no tratamento de RSO,

principalmente para uso agrícola e unifamiliar. Compostos orgânicos são produtos

valiosos dos quais podem ser utilizados como fontes de matéria orgânica em solos

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37

agrícolas e jardins. DELL’ABATE et al. (2000) comenta que o uso do composto na

agricultura é uma das práticas para a gestão sustentável dos solos e também contribui

para reciclar resíduos orgânicos. Esses compostos podem ser aplicados como o

fertilizante ou condicionador do solo (BERTRAN et al., 2004, ZENG et al., 2007).

Porém, MAKNI et al. (2010) salienta que a utilização de resíduos orgânicos de qualquer

natureza para correção do solo exige um tratamento adequado. O processo de

compostagem elimina, ou pelo menos reduz, quaisquer compostos que possam ter

efeitos prejudiciais sobre as propriedades do solo. Entretanto, o composto deve estar

maturado e estabilizado, ou seja, possuindo boas caraterísticas químicas, físicas e

biológicas para aplicação no solo. BERNAL et al. (2009) afirmam que a qualidade do

composto está intimamente relacionada com a sua estabilidade e maturidade e que não

pode ser estabelecida pela avaliação de um único parâmetro.

A maturidade e a estabilidade do composto são termos utilizados frequentemente

na literatura, e estes foram comumente abordados como sinônimos. Entretanto, tais

termos não são sinônimos e diversas vezes causam confusão na sua correta

interpretação. BENITO et al. (2003) relatam que ambos são comumente utilizados para

definir o grau de decomposição da MO durante o processo de compostagem, mas são

conceitualmente diferentes. EPSTEIN (1997) define ambos os termos como:

“Estabilidade é um estágio de decomposição da matéria orgânica em função da

atividade biológica. ”

“Maturidade é uma condição organo-química do composto que indica a presença ou

ausência de ácidos orgânicos fitotóxicos.”

Segundo HAUG (1993), o termo “estabilização” refere-se a oxidação da MO ou a

sua conversão a uma forma mais estável (húmus). Os substratos são oxidados por

microrganismos, onde uma parte da energia libertada é capturada e utilizada na síntese

de novos materiais celulares. Quando os microrganismos morrem, o material celular

torna-se alimento para outros microrganismos. Sendo assim, uma subsequente

transformação em CO2, H2O e material celular ocorre.

Atualmente, estudos têm demonstrado que a aplicação de RSO, in natura, ou seja,

sem compostagem, ou composto imaturo, pode levar a imobilização de nutrientes

(CAMBARDELLA et al., 2003; RAJ & ANTIL, 2011), inibição da germinação de

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38

sementes, destruição da raíz, suprimento do crescimento da planta, e uma diminuição da

concentração de oxigênio (TANG et al., 2011; WANG et al., 2014b).

2.7.2 Métodos comumente utilizados

A avaliação do composto orgânicos é de suma importância, uma vez que sua

aplicação no ambiente, fora dos padrões de qualidade, pode acarretar em problemas

ambientais. Na literatura encontram-se diversos métodos utilizados para gerar os

parâmetros aplicados na avaliação da maturidade e estabilidade do composto orgânico

(Figura 14). Porém, o uso de um único parâmetro, como indicador de maturidade, é

insuficiente (DELL’ABATE et al., 2000; BERNAL et al., 2009). Sendo assim, o

cruzamento de vários parâmetros é geralmente requerido, ou seja, a avaliação do grau

de maturação deve ser feita por meio de um conjunto de parâmetros (VERGNOUX et

al., 2009). HIGASHIKAWA et al. (2014) expõem que não há consenso sobre quais

parâmetros podem ser usados para medir maturidade do composto, tal como refletido

pela grande variedade de parâmetros e índices sugeridos por diferentes autores.

Em 2002, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos da América

(USDA, sigla em inglês), em conjunto com a Fundação de Educação e Conselho de

Pesquisa da Compostagem (CCREF, sigla em inglês), publicaram o “Test Methods for

the Examination of Composting and Compost” – TMECC (THOMPSON, 2002). O

documento fornece informações detalhadas dos procedimentos adotados na indústria de

compostagem. Tais protocolos são utilizados para verificar as condições química, física

e biológica do processo de compostagem, as matérias-primas comumente utilizadas e o

composto. O TMECC aborda diversos métodos e seus respectivos parâmetros (ex.:

temperatura, pH, relação C/N, cor, odor, teor MO, carbono e nitrogênio orgânico,

respirometria (CO2 e O2), teor de ácidos voláteis, entre outros) utilizados para avaliar os

níveis de maturidade e estabilidade do composto.

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39

Figura 14. Lista de métodos utilizados para avaliar a maturidade e a estabilidade do composto

orgânico. Fonte: Adaptado de EPSTEIN (1997).

Vários parâmetros, obtidos por diversos métodos (químicos, bioquímicos e físico-

químicos) são encontrados na bibliografia. BENITO et al. (2003) monitoraram

diferentes parâmetros da compostagem de resíduos de poda, folhas e aparas de grama. A

maturação do composto foi acompanhada por um declínio nas concentrações de N-

NH4+, C solúvel em água e aumento na concentração de NO3

-. Tais resultados ficaram

de acordo com a atividade biológica, medida pela respirometria (CO2) e atividade da

desidrogenase (DH-ase) durante o processo. Os autores concluíram que a evolução CO2

e a atividade DH-ase podem ser utilizadas como bons indicadores da maturidade do

composto. No entanto, nem a capacidade de troca catiônica, nem o índice de

germinação mostraram uma tendência clara durante o tempo de compostagem. Sendo

assim, tais parâmetros não são adequados para avaliar a dinâmica do processo.

RAJ & ANTIL (2011) obtiveram parâmetros químicos, físicos e biológicos para

avaliar a maturidade e estabilidade do composto preparado a partir da mistura de

diferentes tipos de resíduos agrícolas e agroindustriais. A pesquisa analisou os seguintes

parâmetros: perda de MO; razão C/N; relação ácidos húmicos/ácido fúlvico; índice de

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humificação e índice de germinação. Os parâmetros analisados demonstraram ótimos

valores de correlação, indicando boa estabilidade do composto.

GUO et al. (2012) avaliaram os efeitos da taxa de aeração, relação C/N e teor de

umidade sobre a estabilidade e maturidade do composto. Esterco de suínos e restos

vegetais foram os resíduos utilizados. Três diferentes taxas de aeração (0,24; 0,48; 0,72

L kg-1

de matéria seca min-1

), razão C/N (15, 18, 21), e teores de umidade (65%, 70%,

75%) foram testadas. Os resultados demostraram que o teor de oxigênio e as perdas de

N aumentaram com o acréscimo da taxa de aeração. O composto com menor relação

C/N inicial foi significativamente diferente dos demais tratamentos, tendo um menor

índice de germinação (53-66%). Os autores concluíram que a taxa de aeração foi o

principal fator que influenciou na estabilidade do composto, enquanto que a relação C/N

contribuiu para a maturidade. Entretanto, a umidade não apresentou efeito significante

sobre a qualidade do composto.

NAKHSHINIEV et al. (2014) testaram a influência do tratamento hidrotérmico

na melhora da estabilidade e maturidade do composto (oriundo de 6 semanas de

compostagem e com aplicação do tratamento hidrotérmico) foi considerado estável e

adequado para aplicação em campo. O produto apresentou os seguintes parâmetros: pH

de 8,4; razão C/N de 12,5; atividade microbiana menor que 8,05 mg CO2 g -1

MO d- 1

,

conteúdo N-NH4+ de 93.75 mg kg

-1 matéria seca e grau de germinação maior que 83%.

2.7.3 Emprego da espectroscopia MIR-FTIR

Com surgimento de novas tecnologias e a crescente preocupação ambiental,

principalmente com a geração de resíduos químicos, outros métodos foram propostos.

Além disso, algumas técnicas tradicionais dão informações pobres, outras são

imprecisas ou ineficientes e muitas são demoradas e onerosas. HUANG et al. (2008)

afirmam que os métodos tradicionais utilizados são trabalhosos, exigem enormes

quantidades de reagentes, mão-de-obra qualificada e equipamentos analíticos caros.

Consequentemente, um método mais conveniente e fiável é necessário, que proporcione

uma boa gestão e rastreabilidade do processo de compostagem, bem como considere os

diferentes requisitos exigidos pela legislação para compostagem (GALVEZ-SOLA et

al., 2010).

Diversos métodos, e.g., calorimétricos (análises termogravimétricas e diferença

térmica, TGA/DTA, sigla em inglês), espectroscópicos (RMN e infravermelho);

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41

cromatográficos, entre outros são apresentados por VERGNOUX et al., 2009; OFOSU-

BUDU et al., 2010; ALBRECHT et al., 2011, dentre os quais, a espectroscopia de IV

demonstra possuir um excelente potencial de avaliação dos índices de degradação.

TANDY et al. (2010) afirmam que a espectroscopia de IV têm o potencial de

economizar tempo e dinheiro, já que elimina as necessidades de usar produto químico e

analisar cada propriedade individualmente. A espectroscopia MIR-FTIR é uma valiosa

ferramenta para estudar a composição química da matéria orgânica dos resíduos e

compostos orgânicos. A análise do espectro permite monitorar a transformação da

matéria orgânica durante a compostagem, tornando-se uma técnica que permite a

avaliação da maturidade do composto (JOURAIPHY et al., 2005; SMIDT & MEISSL,

2007; HIGASHIKAWA et al., 2014). No espectro de IV são observadas diversas

bandas que podem ser atribuídas a grupos funcionais característicos, presentes nas

diferentes fases de degradação. A Tabela 4 apresenta alguns grupos funcionais da MO e

seus respectivos números de ondas.

Vários estudos utilizando MIR-FTIR na previsão da qualidade do composto, são

encontrados na literatura. MAKNI et al. (2010) utilizaram MIR-FTIR para estudar as

mudanças envolvidas no processo de compostagem e avaliaram a maturidade do

produto final. Os dados mostraram significativas mudanças na intensidade dos picos de

2926-2855 cm-1

. Essa variação pode ser atribuída a uma significativa biodegradação de

carboidratos e lipídios, que por sua vez, indica perda de estrutura alifática. Em

contraste, houve aumento na intensidade das bandas 1590-1650 cm-1

e 1030-1070 cm-1

atribuídas para C=C em grupos aromáticos, polissacarídeos. Os autores concluíram que

o aumento de estruturas aromáticas e a degradação de estruturas alifáticas e alcoólicas,

no decorrer do tempo, indica estabilização do composto final.

CAMPOS et al. (2014) monitoraram e caracterizaram o composto obtido de RSO

por análises espectroscópicas. Os resultados demostraram redução na intensidade de

absorção da banda 2928-2930 cm-1

(relacionada ao estiramento do C alifático

assimétrico) e aumento na banda de 1630-1652 cm-1

(correspondente ao estiramento

C=O, C=C aromático, COO- assimétrico e deformação N-H da amida primária) em

função do tempo. Portanto, houve enriquecimento de estruturas contendo insaturação de

carbono-carbono e uma degradação das estruturas alifáticas. Tais resultados indicam

aumento na humificação e diminuição de carboidratos e proteínas.

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42

Tabela 4. Atribuições das principais bandas de absorção no infravermelho de grupos presentes

na matéria orgânica.

Número de ondas (cm-1

) Atribuições 3386 - 3412 Estiramento O-H e N-H

2928 - 2930 Estiramento C alifático assimétrico

2750 - 2850 Estiramento H de CHO (aldeído)

1705 - 1716 Estiramento C=O de COOH e cetona.

1630 - 1652 Estiramento C=O de amida primaria, estiramento C=C aromático e

estiramento COO- assimétrico.

1517 - 1590 Deformação N-H e estiramento C=N

1400 - 1450 Estiramento C-O de OH fenólico, deformação OH, deformação C-H

de CH2 e CH3, estiramento COO- assimétrico.

1200 - 1280 Estiramento C-O e deformação OH de COOH, estiramento C-O

(ésteres, aromático, fenólico).

1010 - 1135 Estiramento C-O de polissacarídeos.

1031 Estiramento Si-O (impurezas inorgânicas).

Fonte: Adaptado de STEVENSON (1994); TAN (1996); MIKKI et al. (1997); MAKNI et al.

(2010); CAMPOS et al. (2014).

2.7.4 Emprego da espectroscopia NIR e Quimiometria

O NIR é uma técnica amplamente utilizada em setores como agricultura,

alimentos, medicamentos, têxteis, cosméticos e produção de polímeros (ALBRECHT et

al., 2011). Os espectros NIR possuem bandas largas e sobrepostas que dificultam sua

interpretação de forma univariada. Deste modo, torna-se necessário a utilização de

análise multivariada, atrelada à técnica, para a extração de informações adicionais

(JOURAIPHY et al., 2005; SMIDT & MEISSL, 2007; HIGASHIKAWA et al., 2014).

SOUZA et al. (2013) propõe que a espectroscopia NIR e a quimiometria convivam em

simbiose. A quimiometria é uma ferramenta valiosa para retirar as informações contidas

nos espectros permitindo a identificação e a quantificação de diversos parâmetros em

diferentes matrizes. A aplicação de ferramentas matemáticas, ex.: Análise de

Componentes Principais (PCA, sigla em inglês) e Quadrado Parcial Mínimo (PLS, sigla

em inglês), principalmente, auxiliam na interpretação dos espectros de IV.

A PCA é a base para diversos métodos de reconhecimento de padrões,

classificação e calibração multivariada. Normalmente, a PCA é utilizada com o objetivo

de visualizar a estrutura dos dados, encontrar similaridades entre amostras, detectar

amostras anômalas (outliers), reduzir a dimensionalidade do conjunto de dados,

classificar e agrupar objetos (SOUZA & POPPI, 2012). O cálculo dos componentes

principais é a partir de combinações lineares das variáveis originais seguindo o critério

de variância máxima. Os componentes são encontrados durante a calibração, um por

um, e cada componente principal da matriz, representa a variação sistemática do

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conjunto de dados. As características comuns de todas as variáveis são modeladas em

um ou vários componentes principais da matriz para os quais as contagens não são

significativamente diferentes de acordo com as espécies. Os componentes são

calculados em ordem decrescente de importância. Desta forma, em alguns casos, as

informações relevantes ficam contidas nos dois ou três primeiros componentes

principais, i.e., PC1, PC2 e PC3. (MILLAR et al., 1996; BARROS NETO et al., 2006;

VERGNOUX et al., 2009).

O NIR, atrelado à análise multivariada, foi usado para calibrar vários parâmetros

biológico e químico durante o processo de compostagem, como C e N total, C/N,

enxofre, potássio, pH, teor de ácido húmico (AH), ácido fúlvico (AF), relação AH/AF,

respiração e atividades enzimáticas (ALBRECHT et al., 2008, 2011; VERGNOUX et

al., 2009; GALVEZ-SOLA et al., 2010; SORIANO-DISLA et al., 2010). A literatura

demostra que é possível avaliar alguns parâmetros da qualidade do composto

combinando a espectroscopia NIR com análise multivariada.

ALBRECHT et al. (2008) avaliaram a eficiência da espectroscopia NIR na

previsão das transformações da MO ocorridas no processo de compostagem. Foram

estudados seis estágios de compostagem: 8, 20, 35, 75, 135 e 180 dias. A maturação do

composto foi avaliada através de mudanças na relação C/N. Os modelos de calibração

utilizando dados espectrais, valores de C, N, C/N e tempo de compostagem foram

construídos por meio de PLS. A PCA mostrou que há mudanças nas propriedades

espectroscópicas da MO durante o processo. Os resultados mostraram a eficácia do NIR

para prever mudanças químicas na transformação de matéria orgânica durante o

processo de compostagem.

VERGNOUX et al. (2009) acompanharam a evolução de algumas propriedades

do composto através da espectroscopia NIR. Previsões aceitáveis foram encontradas

para a umidade, temperatura, pH, C e N org., relação C/N, N total, mas os valores de

erro eram demasiadamente elevados. A PCA mostrou que diferentes estágios de

compostagem podem ser identificados a partir de dados espectrais, sem necessidade de

análise química. Sendo assim, a maturidade do composto pode ser avaliada por meio da

técnica PCA aplicada à espectros NIR.

SORIANO-DISLA et al. (2010) estudaram o potencial da espectroscopia NIR

para prever parâmetros de estabilidade em composto e lodo de esgoto. Nas amostras de

composto, boas previsões foram obtidas para a acumulação de CO2, após 8 dias.

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Previsões moderadas foram encontradas para o carbono solúvel em água e teor de

cinzas. A análise dos dois primeiros componentes principais, PC1 e PC2, que

representam 93,9% e 3,8% da variância explicada, respectivamente, demonstrou

elevada diversidade espectral. Uma clara separação entre as amostras de composto e

lodo de esgoto foi observada. O estudo demonstrou o potencial da espectroscopia NIR

em prever certos parâmetros relacionados com a estabilidade do composto e lodo de

esgoto.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 APARATO TECNOLÓGICO

3.1.1 O Biorreator

O biorreator possui corpo cilíndrico em polipropileno (PP) preto e possui cerca de

3,0 L de volume útil, 40 cm de altura e 20 cm de largura externas. Duas partes compõe

o biorreator: o vaso principal interno (Figura 16a) e a câmara de aquecimento (Figura

16b), com tampas independentes. O vaso interno (h = 30 cm e = 16 cm) é vestido

pela câmara de aquecimento (h = 40 cm = 20 cm) para a montagem do conjunto. O

vaso interno possui relação área volume (A:V) de aproximadamente 38:1. A câmara de

aquecimento tem parede dupla de 1,0 polegadas de espessura, recheada com material

isolante (lã-de-rocha). Dentro da câmara há uma resistência elétrica flexível em silicone

(150W, 220V e 6 m de comprimento) embutida em espiral à parede interna. O

equipamento possui três sensores de temperatura revestidos em aço inoxidável

(Termistor NTC Rollerbag

), em posições específicas, S1, S2 e S3 ligados a um

controlador de diferencial de temperatura (Microsol II plus v.3 FullGauge

). As tampas

possuem engates rápidos para ligação das mangueiras de poliuretano para entrada de ar

(aeração forçada, 8 mm) e exaustão (6 mm). Os biorreatores têm um sistema de aeração

forçada, mantida por um compressor CJ 25 APV 250 L, Chiaperini Industrial.

Fluxômetros tipo rotâmetros (ASA®, Itália), como demostrado pela Figura 15a,

controlaram o fluxo em 150 mL.min-1

com variação de ± 5 mL.min-1

. Este fluxo de ar,

foi monitorado por um fluxômetro digital (OMEGA®), apresentado na Figura 15b.

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Figura 15. (a) Fluxômetro, tipo rotâmetro, instalado na entrada de ar dos biorreatores, para

controlar a vazão. (b) Fluxômetro digital instalado na saída de ar, para monitoramento da vazão.

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(b) (a)

Figura 16. Dimensões das partes que compõem o biorreator de bancada. (a) vaso interno e (b)

câmara de aquecimento. Fonte: Adaptado da elaboração inicial feita pelo Dr. Alberto M. T.

Magalhães, em 2010.

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47

3.1.2 Laboratório de biorreatores

O laboratório de Biorreatores e Bioprocessos da Embrapa Solos está localizado no

bairro do Jardim Botânico, Rio de Janeiro – RJ. O sistema é composto por doze

biorreatores de bancada (Figura 17) onde os mesmos foram utilizados para simular o

processo de compostagem. Cada biorreator possui um sistema de controle de

temperatura. Já o sistema que monitora os gases respirométricos (O2 e CO2) está

dividido em 4 blocos. A Figura 18 ilustra um bloco, onde os componentes dos sistemas

(controle de temperatura e amostragem de gases) são apresentados. A visualização dos

dados, configuração do sistema e gerenciamento do laboratório foram feitas via

software (SITRAD FullGauge

) localmente ou via internet 24 h.d-1

.

Figura 17. Biorreatores de bancada locados no Laboratório de Biorreatores e Bioprocessos da

Embrapa Solos.

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Figura 18. Esquema representando um dos quatro blocos presentes no Laboratório de

Biorreatores e Bioprocessos da Embrapa Solos. Os componentes dos sistemas de controle de

temperatura e amostragem de gases (O2 e CO2) são abordados.

3.1.2.1 Sistema de controle de temperatura

Este método foi desenvolvido por MAGALHÃES et al. (1993) e aperfeiçoado por

BALIEIRO et al. (2010). O controlador Microsol®

II plus (Figura 19a) e o software

SITRAD® (Figura 19b), citados anteriormente, fazem parte do sistema. Ambos, além de

controlarem e monitorarem as temperaturas, também são utilizados para programar as

amostragens de gases (O2 e CO2). O controle de temperatura empregado é o CDT

(controle por diferencial de temperatura) onde a perda de calor condutivo, favorecida

pela alta relação superfície/volume, é compensada pelo aquecimento da parede da

câmara de aquecimento com o acionamento controlado da resistência elétrica

(MAGALHÃES et al., 1993; MASON & MILKE, 2005a, 2005b). O sistema CDT

permite reproduzir, em escala laboratorial, temperaturas termofílicas típicas dos

processos de compostagem em escala de campo (full-scale). Mesmo utilizando uma

pequena quantidade de material orgânico, isto é, 1,0 kg material fresco.

O acionamento da resistência elétrica ocorre quando a temperatura da parede do

vaso principal fica menor que a temperatura do centro do material em compostagem

(processo biológico termofílico). Desta forma, não há indução de calor à massa, mas

apenas a redução do diferencial axial de temperatura interna e consequentemente a

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49

redução do fluxo de calor condutivo (perda por condução). O sistema também controla a

temperatura máxima dentro do biorreator, pois quando a temperatura interna ultrapassar

65°C o sistema CDT é desligado.

Figura 19. (a) Controlador Microsoll II plus, utilizado tanto para monitorar e controlar a

temperatura como a amostragem dos gases. (b) Software SITRAD, utilizado para gerenciar o

sistema de controle por diferencial de temperatura e amostragens de gases.

3.1.2.2 Sistema de amostragem de gases

A atividade biológica dentro de cada câmara de reação foi monitorada por método

respirométrico empregando sensores (in-line). Foram utilizados sensores de zircônia

para O2 e de infravermelho para CO2 ambos fabricados pela empresa SST Sensing,

Scotland (Figura 20a). A amostragem dos gases de exaustão foi feita por um multi

amostrador equipado com válvulas solenoides (Figura 21). O laboratório possui quatro

blocos de amostragem. Em cada bloco há um conjunto de sensores utilizados para

analisar três biorreatores como foi apresentado anteriormente na Figura 14. O ar de

entrada foi umidificado antes da entrada em cada câmara e o ar de saída foi seco em um

condensador e um filtro de sílica gel antes do sensoriamento dos gases (Figura 20b).

Figura 20. (a) Sensores que fazem parte do sistema de amostragem de gases. Seta vermelha, O2,

e círculo vermelho, CO2. (b) Frascos de vidro que compõem o sistema de amostragem de gases,

da esquerda para direita tem-se o dessecador de sílica, o umidificador e o condensador.

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50

Figura 21. O retângulo, em vermelho pontilhado, detalha a caixa multi amostradora de gases

equipada com válvulas solenoides. Cada bloco, de três biorreatores, tem uma caixa multi

amostradora.

3.2 EXPERIMENTO EM ESCALA DE BANCADA

Os seis tratamentos (quatro inoculantes comerciais, uma inoculação natural e um

sem inoculação) foram utilizados. Os inoculantes comerciais utilizados no experimento

são de produção nacional (dois inoculantes, A e B) e internacional (dois inoculantes, C e

D). A inoculação natural foi realizada com composto orgânico e o tratamento sem

inoculação não utilizou nenhum produto. A disposição dos tratamentos foi realizada de

forma aleatória. O objetivo inicial do experimento era realizar três rodadas, blocos (1, 2

e 3), onde os doze biorreatores do laboratório eram utilizados em cada uma. Contudo,

por virtude de problemas técnicos, a terceira rodada não pode ser realizada. Duas

tentativas foram feitas, mas em ambas, os biorreatores não aqueceram até atingir a

temperatura termofílica, i.e., acima de 45ºC. Portanto, o trabalho se baseou em somente

dois blocos contendo seis biorreatores (tratamentos) em cada um. Os dados dos demais

biorreatores que não apresentaram bom desempenho foram descartados. A Figura 22

exemplifica de forma simples a montagem do experimento. Ao todo, foram duas

repetições para cada tratamento avaliado.

O tempo para realização de cada rodada foi de 15 (quinze) dias. Este tempo foi

adotado baseando-se em pesquisas anteriores realizadas no laboratório, utilizando os

mesmos equipamentos (BALIEIRO et al., 2010; INÁCIO et al., 2015). Neste período é

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51

possível investigar as fases termofílica e mesofílica do processo de compostagem.

Portanto, contém as principais fases, importantes para a pesquisa, ou seja, onde a

maioria das reações de interesse ocorrem. O tempo reduzido, comparando com a

compostagem em escala de campo é uma característica dos experimentos conduzidos

com biorreatores. Tal fenômeno é obtido em virtude do alto controle e monitoramento

dos parâmetros que influenciam e são influenciados durante o processo de

compostagem, utilizando biorreatores. Isso ocorre devido ao alto controle e

monitoramento dos fatores que influenciam e são influenciados no processo.

Figura 22. Ilustração do experimento utilizando os doze biorreatores por rodada. Os

biorreatores (tratamentos) destacados com o retângulo vermelho foram utilizados para a

pesquisa. Os demais foram descartados, pois não apresentaram bom desempenho.

3.3 PREPARAÇÃO DO SUBSTRATO

A cama de cavalo utilizada no experimento foi obtida no Jockey Club Brasileiro,

localizado no bairro da Gávea, Rio de Janeiro - RJ. O resíduo foi coletado às 7:00 h dos

dias 17 agosto (primeira rodada) e 21 setembro (segunda rodada). Os funcionários do

estabelecimento limpam as baias dos animais, diariamente, a rigor, no horário citado.

Logo, pode se dizer que o resíduo obtido é fresco. Os dejetos dos animais se misturam

com as sobras das forrageiras (alfafa e aveia), utilizadas na alimentação dos animais

(Figura 23a). A mistura ainda contém maravalha (Figura 23b), uma palha comum nos

estábulos, utilizada para forrar a cama dos animais. A mistura possui quantidade de

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material estruturante (palha e restos de forrageiras) superior à de esterco. Portanto,

houve a necessidade de redução do excesso desses resíduos, para que a quantidade de

esterco fosse maior. As fezes do cavalo, em sua forma natural, formam grumos (Figura

24a). Sendo assim, para uma boa homogeneização, houve a necessidade de quebra

desses grumos, como demostrado pela Figura 24b. A adoção dos procedimentos citados

contribui para a formação de uma mistura bastante uniforme. O material foi

homogeneizado com o auxílio de uma bombona (Figura 24c), onde a mesma foi

revirada diversas vezes para homogeneizar a mistura. A Figura 24d demonstra o aspecto

do material após o procedimento de homogeneização. O material homogeneizado foi

acondicionado em sacos plásticos de aproximadamente 1 kg para posterior inoculação

(Figura 25).

Figura 23. Característica do resíduo inicial. (a) as setas vermelhas mostram os restos de

forrageiras (alfafa e aveia). (b) o círculo vermelho demostra a maravalha misturada com o

esterco animal.

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53

Figura 24. Processamento do resíduo obtido de esterco do animal formando grumos(a); (b)

quebra dos grumos para posterior homogeneização; (c) procedimento de homogeneização

utilizando uma bombona de 20 L; (d) aparência do resíduo após o procedimento.

Figura 25. Acondicionamento do material, aproximadamente 1 kg, em sacos plásticos para

posterior inoculação e alocação nos respectivos biorreatores.

3.4 DESCRIÇÃO, ATIVAÇÃO E TAXA DE APLICAÇÃO DOS

INOCULANTES

Para a segunda rodada (bloco) a mesma quantidade de inoculante foi preparada.

Em cada bloco temos duas repetições por tratamento, doze biorreatores (considerando o

experimento completo, sem descarte). Sendo assim, a quantidade produzida de cada

inoculante, foi destinada para aplicação em duas repetições, por tratamento, para cada

rodada (bloco). A Figura 26 apresenta os cinco inoculantes, quatro comerciais e um

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natural, utilizados no trabalho. A aplicação da solução diluída, contendo o inoculante,

foi realizada de maneira uniforme. A aplicação ocorreu dentro do saco plástico

contendo o resíduo, era aplicado uma parte e em seguida homogeneizava-se, sacudindo

o saco plástico. O procedimento foi feito até a total aplicação do inoculante no resíduo.

Após a inoculação a umidade foi ajustada em torno de 60% (ideal para compostagem

segundo BERNAL et al., 2009), uma vez que a cama de cavalo continha, em média,

56% de umidade. A descrição, ativação e taxa de aplicação dos produtos (inoculantes

comerciais) estão de acordo com as informações estipuladas pelos fabricantes e são

apresentadas a seguir.

Figura 26. Inoculantes utilizados no trabalho. Da esquerda para direita temos inoculante A, B,

C, D e Natural.

3.4.1 Inoculante A

É um produto biológico que atua na aceleração e na decomposição dos RSOs. Os

microrganismos presentes em sua fórmula (não elucidados) otimizam a flora microbiana

do processo de compostagem. A atuação de uma microbiota mais eficiente proporciona

uma melhor degradação. As taxas de revolvimento e a geração de odores são reduzidas

com a utilização desse produto, permitindo uma estabilização do composto em menor

tempo. Foram preparados 200 mL do produto ativado (Figura 27a) utilizando as

seguintes proporções: 20 mL do produto concentrado, 20 g açúcar mascavo diluídos e

160 mL água deionizada. A ativação ficou pronta em 7 dias e neste período, foi

observado a formação de gases. Toda vez que o recipiente estava estufado, abriu-se a

tampa para a saída do gás fechando-a em seguida. A taxa de aplicação estipulada varia

de 20 a 40 L da solução ativada, diluídos em água deionizada, para cada tonelada de

resíduo. Os biorreatores têm 3 L de volume útil, comportando um peso de 1 kg,

aproximadamente. Portanto, para a aplicação nos biorreatores, 120 mL de solução (80

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mL de solução ativada diluída para 40 mL de água deionizada) foram preparados. Deste

volume preparado, 60 mL foram aplicadas em cada tratamento (Figura 27b).

Figura 27. (a) Volume ativado para posterior utilização. (b) Inoculante preparado para

aplicação.

3.4.1 Inoculante B

O produto foi desenvolvido pela Embrapa Milho e Sorgo, localizada em Sete

Lagoas – MG. Em sua composição possui microrganismos, bactérias (B70 e B30) e

fungos, previamente selecionados (Figura 28a). Cada bactéria possui concentração de

1,0 x 109

UFC mL-1

, já o fungo, como teve dificuldade de crescimento, possui 1,3

x 108 UFC mL

-1. Os microrganismos otimizam a degradação da matéria orgânica. O

produto foi fornecido na dosagem correta de aplicação por tratamento. Uma solução

mix (40 mL de cada microrganismo) foi produzida originando 120 mL de solução.

Desta, 60 mL foram aplicados (Figura 28b) nos tratamentos que utilizaram essa

inoculação.

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Figura 28. (a) Microrganismos enviados pela Embrapa Milho e Sorgo. Os três microrganismos

foram misturados em uma única solução para aplicação. (b) Solução mix preparada para

aplicação.

3.4.2 Inoculante C

O inoculante C é um produto natural que atua na maximização da degradação dos

RSO’s e em sua composição há cerca de 1,06 x 108

UFC mL-1

. Os microrganismos

presentes no produto competem com outros nocivos à saúde humana, tais como a

salmonela. O inoculante reduz os compostos orgânicos, geradores de odores, que atraem

insetos e roedores, além de ser rico em ácidos húmicos que são condicionadores do solo.

Uma parte do produto para vinte partes de água deionizada é a recomendação de

aplicação. Ao todo, 120 mL de solução foram preparados para a aplicação nos

biorreatores. Para produzir esse volume utilizou-se a seguinte proporção: 6 mL do

produto concentrado para 114 mL de água deionizada. A solução ficou em repouso por

30 min antes de ser aplicado 60 mL no resíduo que utilizou o referido inoculante

(Figura 29a).

3.4.3 Inoculante D

É uma mistura de microrganismos, micro e macronutrientes e um sistema especial

de enzimas. A fórmula age de forma sinérgica acelerando a degradação dos resíduos

orgânicos. O Produto contém 1,25 x 108

UFC mL-1

, altamente ativos, que predizem o

rápido surgimento de forma estáveis da matéria reduzindo o tempo de degradação dos

RSOs. As recomendações sugerem a diluição de três onças (3 oz) para cada galão (1

gal), i.e., 90 mL do produto para 3,785 L de água destilada. Portanto, com base nos

referidos dados realizou-se o cálculo proporcional. Foram diluídos 3 mL do produto

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concentrado em 117 mL de água destilada obtendo 120 mL de solução. Aplicou-se 60

mL da solução obtida em cada repetição do tratamento que utilizou o inoculante (Figura

29b).

Figura 29. Inoculantes preparados para aplicação nos biorreatores (tratamentos). (a) Inoculante

C e (b) Inoculante D.

3.4.4 Inoculante Natural

No processo de compostagem, há microrganismos que atuam na degradação da

matéria orgânica. A maior quantidade é encontrada na fase termofílica, onde a taxa de

decomposição é maior. Nesta fase, tanto o consumo de O2, quanto a liberação CO2 e a

temperatura atingem seus ápices. Portanto, devido às características citadas, o composto

utilizado para inoculação natural foi adquirido nesta fase. O composto utilizado foi

obtido no Rancho São Francisco de Paula, uma propriedade de produção de hortaliças

orgânicas, localizada no município de Teresópolis, região serrana do estado do Rio de

Janeiro. A amostragem do composto transcorreu de forma aleatória na leira que se

encontrava com maior temperatura (>55ºC). Para se obter a amostra composta, cinco

pontos da leira foram amostrados, coletando em cada ponto um quilo (1Kg) de

composto. Após a homogeneização da amostra composta 250 g foram obtidos

acondicionados em um pote de plástico, com volume útil de 1 L (Figura 30a).

Acrescentou-se 500 mL de água destilada para realizar a diluição, obtendo uma

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proporção de 1:2, i.e., 1 g de composto para 2 mL de água destilada. A solução foi

agitada em uma mesa agitadora à 180 RPM, por 20 minutos. Após esse procedimento o

conteúdo do pote foi passado em uma peneira para aquisição do extrato. Ao todo, 120

mL foram obtidos, tal volume foi dividido em 60 mL, para aplicação em cada repetição

do tratamento que utilizou esse inoculante (Figura 30b).

Figura 30. Preparação do inoculante natural. (a) Pote de plástico contendo a diluição do

composto orgânico e o extrato obtido aplicado nos tratamentos (b).

3.5 AMOSTRAGEM, PREPARAÇÃO DAS AMOSTRAS E

MEDIÇÕES

3.5.1 Obtenção das amostras

Durante a compostagem, houve a realização de amostragens para

acompanhamento do processo e posterior análise. Foram realizados quarto tempos de

coleta de amostras ao longo do processo de compostagem, que totalizou 15 dias, para

cada rodada. Sendo assim, as coletas foram efetivadas nos tempos 0, 2, 4 e 15 dias. O

número de amostragens bem como o período de compostagem para cada rodada foi

baseado em pesquisas anteriores (BALIEIRO et al., 2010; INÁCIO et al., 2015)

realizadas no laboratório. Para as análises espectroscópicas e químicas (C e N), foram

obtidas quatro amostras de 3g cada, por biorreator, por tempo de amostragem. Para as

análises de pH, foi retirada uma amostra de 5g, por biorreator, por tempo de

amostragem. Logo, excluindo os biorreatores defeituosos, totalizou-se 96 amostras (por

rodada) para as análises químicas e espectroscópicas (6 tratamentos, 4 tempos de

amostragem e 4 amostras por tratamento). Para o pH foram obtidas 24 amostras por

rodada (6 tratamentos, 4 tempos de amostragem e 1 amostra por tratamento). Em todo o

experimento, totalizou-se 240 amostras (192 para análises químicas e espectroscópicas e

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48 para pH). Antes de realizar as amostragens, o resíduo era retirado do biorreator e

alocado em um saco plástico para ser homogeneizado (Figura 31a e 31b). Após tal

procedimento, o resíduo foi recolocado no biorreator e a amostragem foi realizada. Essa

etapa é de suma importância, já que era padronizada as amostras, homogeneizando o

material, além de melhorar a distribuição de ar dentro do biorreator, uma vez que tal

metodologia reduz a compactação no interior do mesmo. As amostras foram retiradas

com o auxílio de um amostrador com garras (Figura 31c e 31d). O aludido instrumento

é específico, tem capacidade de amostrar aproximadamente 3g de material a cada

amostragem (Figura 31e). Cadinhos de alumínio foram utilizados para alocar as

amostras para posterior secagem (Figura 31e e 32c). A demonstração da amostragem

está apresentada na Figura 32a e 32b.

Figura 31. Metodologia de amostragem do experimento. (a) e (b) resíduo em processo de

compostagem colocado no saco plástico para homogeneização antes da amostragem. (c) e (d)

Amostrador com garras utilizado para auxiliar na obtenção das amostras. (e) amostras com

aproximadamente 3 g dispostas em cadinhos de alumínio para serem secas.

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Figura 32. Realização da amostragem. (a) Detalhe da realização da amostragem utilizando o

amostrador com garras, (b) detalhe da obtenção da amostra no interior do vaso interno do

biorreator, (c) amostras sendo alocadas nos cadinhos de alumínio.

3.5.2 Processamento das amostras

As amostras destinadas as análises químicas e espectroscópicas obtidas no

experimento foram secas em estufa de circulação de ar à 65ºC. Após secagem foram

processadas em um aparelho multiprocessador (Foto 18a) e acondicionadas em frascos

de cristal de 15 mL (Figura 33b e 33c). As amostras destinadas a análise do pH foram

acondicionadas em frascos de plástico de 60 mL (Figura 33d e 33e) e armazenadas no

freezer para serem analisadas no dia seguinte.

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Figura 33. Processamento das amostras no aparelho multiprocessador (a), (b) e (c) amostras

processadas acondicionadas em frascos de cristal, (d) e (e) amostras acondicionadas em frascos

de plástico.

3.5.3 Medição dos parâmetros

Todos os sensores (temperatura e O2) foram calibrados uma semana antes do

experimento. As Figuras e Gráficos que comprovam as calibrações são apresentados em

anexo.

3.5.3.1 Temperatura

O software SITRAD monitora e armazena os dados de temperatura de todos os

biorreatores pertencentes ao laboratório. As temperaturas foram mensuradas a cada seis

segundos durante todo o experimento. Os dados de temperatura foram armazenados no

próprio software. O programa também possibilita o acompanhamento on line da

evolução da temperatura através da visualização de gráficos (Figura 34). Ao fim do

experimento, os dados foram gerenciados para elaboração de gráficos de temperatura

utilizando o software estatístico Origin Pro

9.0 (Origin Lab, USA).

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62

Figura 34. Gráfico extraído do software SITRAD demonstra o acompanhamento on line da

evolução da temperatura nas primeiras 24 horas do processo de compostagem. As três curvas

com cores azul, vermelha e verde representam os sensores S1, S2 e S3, respectivamente.

3.5.3.2 Respirometria (O2 e CO2)

A programação das amostragens foi realizada usando a agenda do Software

SITRAD. A obtenção dos dados respirométricos ocorreu de duas em duas horas, sempre

em horários pares, durante todo processo de compostagem. A amostragem foi feita em

blocos, sendo 15 minutos o tempo de amostragem para cada biorreator. O sistema

amostrou o primeiro biorreator de cada bloco simultaneamente e, após o término do

tempo programado o segundo biorreator era amostrado e depois o terceiro. Todos os

dados da respirometria (O2 e CO2) e fluxo de ar foram armazenados em um Datalogger

(CAMPBELL®

). Os gráficos de respirometria foram elaborados utilizando o software

estatístico Origin Pro

9.0 (Origin Lab, USA).

3.6 ANÁLISES QUÍMICAS, pH E ESPECTROSCÓPICAS

Todas as análises foram feitas nos Laboratórios de Água, Solo e Planta (LASP) da

Embrapa Solos.

3.6.1 Carbono e nitrogênio total

Para esta análise foram utilizadas 192 amostras, após o processamento e secagem,

as mesmas foram pesadas em uma balança de precisão, modelo AD 6, (Perkin Elmer,

Norwalk, CT, USA) apresentado na Figura 35a. As amostras foram pesadas em cápsulas

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de estanho (Figura 35b). Dois miligramas de cada amostra foram pesadas (Figura 35c).

As cápsulas foram fechadas com auxílio de pinças. As amostras foram aquecidas em

uma câmara de combustão em temperatura de aproximadamente 975°C. Os gases foram

detectados por um sensor de termo condutividade e convertidos em porcentagem de

carbono, nitrogênio e oxigênio, em um analisador automático modelo PE 2400 Series II

CHNS/O (Perkin Elmer, Norwalk, CT, USA). A Figura 35d demostra o equipamento

utilizado.

Figura 35. Procedimentos para análise no CHN (a). Detalhe da balança de precisão utilizada

para pesar as amostras, (b) Cápsula de estanho utilizada para introduzir a amostra, (c) pesagem

da amostra, (d) Aparelho utilizado para realização das análises de CHN.

3.6.2 pH

A realização da análise do pH foi baseada na metodologia empregada por

SUNDBERG et al. (2004) adaptada por SOUZA (2014). A metodologia utiliza 3g da

amostra, diluída em água destilada na proporção de 1:5 (3g amostra para 15 mL água

destilada). As amostras diluídas foram armazenadas em tubos Falcon (Figura 36) e

depois agitada em uma mesa agitadora à 180 RPM por 20 minutos. Após agitação o pH

foi medido utilizando um aparelho Orion- Analyser.

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64

Figura 36. Amostras prontas para leitura do pH.

3.6.3 NIR

Para esta análise foram utilizadas 48 amostras, ou seja, uma amostra de cada

tempo de amostragem (0d, 2d, 4d e 15d) para cada tratamento (A, B, C, D, Inoculação

Natural e Sem Inoculação) nas duas rodadas (1R e 2R). As amostras, secas (105º C por

8h) e processadas, foram alocadas em placas de Petri (40 mm de diâmetro) específicas

para a análise (Figura 37a). As leituras foram obtidas em um espectrofotômetro FT-NIR

Spectrum 100 N (Perkin Elmer, Norwalk, CT, USA) com acessório para obtenção de

espectros de refletância difusa. As amostras foram lidas na faixa espectral de 10000 a

4000 cm-1

com resolução de 4 cm-1

. Cada espectro foi obtido com uma média de 64

varreduras. As Figura 37b e 37c apresentam o aparelho utilizado e o procedimento de

leitura, respectivamente. Os espectros foram cortados na região de 7500 a 4000 cm-1

. O

método de pré-processamento, utilizando primeira derivada, foi aplicado ao conjunto de

espectros. Segundo SOUZA et al. (2013) tal método remove flutuações aditivas e

multiplicativas relacionadas aos parâmetros físicos das amostras, como por exemplo,

diferenças de tamanho de partícula. O pré-processamento e todo tratamento

quimiométrico foi realizado utilizando o Software Matlab

versão 8.4 (2014).

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Figura 37. Procedimento da leitura NIR. (a) amostras acondicionadas em placas de Petri para

realização da leitura. (b) aparelho utilizado para realizar as leituras. (c) realização da leitura.

3.6.4 MIR-FTIR

Nesta análise foram utilizadas as mesmas amostras empregadas nas leituras de

NIR. Entretanto, como esta análise requer a preparação de Pastilhas de KBr, utilizamos

somente dois tempos de amostragem (0d inicial e 15d final). Sendo assim, foram

analisadas 24 amostras (6 tratamentos, 2 tempos e 2 rodadas). A fabricação das pastilhas

requer amostras mais finas e homogêneas. Desta forma, todas as amostras foram

processadas utilizando um Pistilo e Almofariz (Gral) de Ágata. Após o processamento,

2 mg de amostra para 200 mg de KBr, aproximadamente, foram homogeneizadas

(Figura 38a). O KBr é um sal utilizado em análises de FTIR. Este material não interfere

na análise, pois não apresentam bandas de absorção na região pretendida. A mistura foi

posta em um pastilhador, e em seguida aplicou-se, por meio de uma prensa hidráulica,

uma pressão referente a 10 toneladas (Figura 38b). Esta alta pressão funde os cristais de

sal com a amostra formando uma pastilha de, aproximadamente, 10 mm de diâmetro e 1

a 2 mm de espessura (Figura 38c). As pastilhas foram colocadas em um assessório

específico para realizar as leituras (Figura 38d). As leituras foram realizadas em um

espectrofotômetro FT-IR/FT-FIR Spectrum 400 (Perkin Elmer, Norwalk, CT, USA),

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apresentado pela Figura 38e. Os espectros foram obtidos na faixa espectral de 4000 a

400 cm-1

com resolução de 4 cm-1

e 32 varreduras por espectro. O método de pré-

processamento denominado transformação padrão normal de variação (SNV - Standard

Normal Variate), foi aplicado ao conjunto de espectros. Amenizando as flutuações

sistemáticas geradas devido ao espalhamento de luz, comuns em varreduras espectrais

por refletância difusa, onde a radiação é incidida diretamente na amostra (RINNAN et

al., 2009). O pré-processamento foi realizado utilizando o Software Matlab

versão 8.4

(2014).

Figura 38. Procedimento para análise no MIR-FTIR. (a) Homogeneização da amostra com o

KBr, por meio de um pistilo e gral. (b) Pastilhador devidamente montado pronto para ser levado

à prensa hidráulica. (c) Pastilha fabricada sendo removida do pastilhador. (d) Detalhe da

pastilha introduzida em uma peça do acessório para posterior leitura. (e) Aparelho MIR-FTIR

com o acessório modificado, destinado a leitura em pastilhas.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 TEMPERATURA E RESPIROMETRIA

A temperatura é um indicativo da evolução do processo de compostagem. As

alterações neste parâmetro são cruciais para descrever a atividade microbiana ao longo

de todo o processo e alcançar a estabilidade do material orgânico (BOULTER et al.,

2000; JURADO et al., 2014). O aumento da temperatura é decorrente da atividade

biológica, que quebram moléculas simples tais como carboidratos, proteínas e

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polissacarídeos presentes no substrato (EL FELS et al., 2014). A Figura 39 apresenta os

perfis da temperatura e respirometria para todos os tratamentos testados durante o

processo de compostagem. Com relação ao inoculante A, o consumo de O2 foi intenso

nas primeiras horas do processo (Figura 40a) que foram acompanhados por altas

temperaturas (Figura 39a), com picos variando em torno de 66ºC. Assim como ocorreu

para o inoculante A, o consumo de oxigênio também foi intenso (Figura 40b), na fase

inicial da compostagem, quando foi utilizado o inoculante B. Entretanto, as

temperaturas não acompanharam a respirometria diferindo entre as duas rodadas (Figura

40b). Na literatura existem estudos, com uso de biorreatores para simular o processo de

compostagem, onde os autores alcançaram temperaturas semelhantes.

VANDERGHEYNST & LEI (2000), DESALEGN et al. (2008) e KULCU & YALDIZ

(2014) obtiveram temperaturas inferiores à 60ºC, utilizando reatores de 30; 7,5 e 127L,

respectivamente. Para ambos os inoculantes (A e B) houve um reaquecimento, após a

segunda amostragem (2 dias). Uma possível explicação está relacionada ao

procedimento de amostragem, já que os resíduos eram retirados do biorreator e

homogeneizado. Desta forma, pode ter proporcionado uma melhora na aeração

refletindo na atividade biológica, pois os microrganismos que estavam inativos podem

ter voltado a atuar na massa em decomposição. HU et al. (2011) e

KARNCHANAWONG & NISSAIKLA (2014) trabalhando com compostadores de 60 e

200L, respectivamente, relataram picos de reaquecimento durante o processo de

compostagem. Os autores do segundo estudo atribuíram tal pico a um efeito da aeração,

proporcionando uma reativação da microbiota.

As Figuras (39c e 40c) e (39d e 40d) exibem os aspectos das temperaturas e dos

referidos consumos de O2 para os inoculantes C e D, respectivamente, durante o

processo de compostagem. A respirometria se manteve intensa nos dois primeiros dias

do processo de compostagem para ambos inoculantes (Figura 40c e 40d). Com relação

às temperaturas, em ambos os casos, foram obtidos picos acima de 60ºC (Figura 39c e

39d). Entretanto, para o inoculante C, houve diferenças entre os picos obtidos nas duas

rodadas, onde os valores máximos foram de 67ºC e 61ºC, respectivamente (Figura 39c).

BERNAL et al. (2009) relatam que temperaturas superiores a 63ºC promoveram uma

rápida diminuição da atividade microbiana, sendo a faixa de 52-60ºC mais favorável

para a decomposição (MILLER, 1992). Tanto para o inoculante C quanto para o D, a

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68

partir do terceiro dia do processo de degradação, a temperatura estabilizou-se com o

ambiente.

As Figuras (39e e 40e) e (39f e 40f) demostram as feições das temperaturas e

respirometria, consumo de O2, para os tratamentos com inoculação natural e sem

inoculação, respectivamente, durante o processo de compostagem. O consumo de O2 do

tratamento que utilizou a inoculação natural diferiu entre as duas rodadas (Figura 40e).

Tal ocorrência refletiu nas temperaturas, pois os picos máximos foram diferentes,

obtendo valores de 67ºC e 53ºC, respectivamente (Figura 39e). Contudo, pode-se

observar que em uma das rodadas a temperatura permaneceu por mais tempo (4 dias) a

níveis termofílicos, i.e., acima de 45ºC. Segundo BERNAL et al., (2009) para haver

sanitização, i.e., eliminação de agentes patogênicos da massa em decomposição, a

temperatura necessita atingir valores acima de 55ºC. Desta forma, apesar de obter

temperaturas termofílicas, o limite de sanitização foi atingido somente em uma rodada

da inoculação natural. Essa diferença no aquecimento pode ser decorrente do biorreator

utilizado, todavia não se sabe ao certo o porquê do ocorrido. Com relação ao tratamento

sem inoculação, o consumo de oxigênio se manteve intenso na fase inicial do processo.

Porém, a duração da atividade biológica foi diferente entre as rodadas, já que o tempo

de estabilização variou de três a sete dias (Figura 40f). As temperaturas foram similares

para ambas as rodadas, alcançando picos entre 67ºC e 68ºC, respectivamente (Figura

39f) e após a amostragem aos dois dias de processo um leve reaquecimento é

observado.

Analisando os seis tratamentos e suas respectivas rodadas observa-se que em

todos casos o processo de compostagem ocorreu como esperado, porém com alta

variação. NAKASAKI et al., (2013) e ZHOU et al., (2015) trabalhando com reatores de

28 e 45L, respectivamente, e inoculantes microbiológicos também obtiveram variações,

principalmente com as temperaturas. Picos termofílicos (>60ºC), com exceção dos

tratamentos que utilizaram o inoculante B e inoculação natural, foram atingidos. O

consumo de O2 foi intenso, principalmente na fase inicial do processo. Este

comportamento demostra que houve atividade microbiológica aeróbia, e

consequentemente degradação da MO.

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69

Figura 39. Temperaturas obtidas para cada tratamento utilizado. Perfis referentes aos tratamentos (inoculantes) A (a), B (b), C (c), D (d), Natural (e) e Sem

inoculação (f). Legenda: 1Ra e 2Ra = Primeira e segunda rodada, respectivamente, do inoculante A; 1Rb e 2Rb = Primeira e segunda rodada,

respectivamente, do inoculante B; 1Rc e 2Rc = Primeira e segunda rodada, respectivamente, do inoculante C; 1Rd e 2Rd = Primeira e segunda rodada,

respectivamente, do inoculante D; 1RNat e 2RNat = Primeira e segunda rodada, respectivamente, do inoculante natural; 1RSem e 2RSem = Primeira e

segunda rodada, respectivamente, do tratamento sem inoculação.

(a)

(b)

(c)

(d)

(e)

(f)

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70

Figura 40. Consumo de oxigênio obtido em para cada tratamento. Comportamento apresentado pelo inoculante A (a), B (b), C (c), D (d), Natural (e) e

Sem inoculação (f). Legenda: 1Ra e 2Ra = Primeira e segunda rodada, respectivamente, do inoculante A; 1Rb e 2Rb = Primeira e segunda rodada,

respectivamente, do inoculante B; 1Rc e 2Rc = Primeira e segunda rodada, respectivamente, do inoculante C; 1Rd e 2Rd = Primeira e segunda rodada,

respectivamente, do inoculante D; 1RNat e 2RNat = Primeira e segunda rodada, respectivamente, do inoculante natural; 1RSem e 2RSem = Primeira e

segunda rodada, respectivamente, do tratamento sem inoculação.

(b)

(a) (c)

(d) (f)

(e)

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71

4.2 pH

O gráfico exibido pela Figura 42 apresenta a variação do pH em cada tratamento

durante o processo de compostagem. Pode-se notar um comportamento similar entre os

tratamentos. No entanto, há uma leve diferença entre o tratamento que utilizou o

inoculante B e os demais ao fim do processo de compostagem. Os valores médios e os

desvios padrão do pH de cada tratamento, por tempo de amostragem, estão apresentados

na Tabela 5. Analisando o coeficiente de variação, calculado a partir dos dados por

tempo de compostagem, independente dos tratamentos, observa-se que durante o

processo, a variação foi relativamente baixa. O pH inicial dos tratamentos estava na

faixa de 7,20-7,55 aumentado à medida que o processo transcorria.

O aumento do pH pode ser explicado pela degradação de compostos orgânicos,

tais como proteínas e aminoácidos, o que resulta na produção de NH3 (CACERES et al.,

2006; NAIR & OKAMITSU, 2010). TIQUIA & TAM (2000) relatam que a amônia

reage com H2O formando NH4+ e OH

- acarretando em um aumento do pH. O valor

máximo de 8,56 foi encontrado para o tratamento com inoculação natural, após quatro

dias de processo, i.e., no fim da fase termofílica (Tabela 5). Segundo LIAO et al.

(1996), a compostagem ocorre de forma mais eficiente quando há temperaturas

termofílicas e pH de aproximadamente 8,0. Após a fase termofílica, os valores tiveram

uma ligeira redução e tal decaimento pode ser derivado da remoção de NH4-N, como

descrito por HU et al. (2011). Segundo BERNAL et al. (2009), o pH é um fator muito

relevante no controle das perdas de N, principalmente pela volatilização de amônia, que

particularmente, pode ser elevada quando há valores de pH >7,5. O pH influencia no

equilíbrio NH4+/NH3 e quando a amônia é perdida por volatilização o íon NH4

+ é

dissociado. A oxidação do íon NH4+ à nitrato libera 2H

+ reduzindo o pH do meio

(MACKENZIE et al., 2006; VALENTE et al., 2009).

Desta forma, pode-se dizer que os valores de pH aumentaram progressivamente

ao longo dos primeiros dias e diminuíram lentamente, mas de forma constante após esse

ponto, permanecendo relativamente estáveis com valores entre 7,70 e 8,36. Resultados

similares foram encontrados por KALAMDHAD & KAZMI (2009). Segundo TMECC

(THOMPSON, 2002), o pH é um parâmetro utilizado para indicar a estabilidade e a

fitotoxicidade do composto. Entretanto, alguns estudos relatam que o pH pode não ser

um bom indicador de maturidade (WONG et al., 2011; BERNAL et al., 2009).

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72

Figura 41. Perfil do pH ao longo do processo de compostagem. Legenda: Inoc. A = Inoculante

A; Inoc. B = Inoculante B; Inoc. C = Inoculante C; Inoc. D = Inoculante D; Inoc. Nat. =

Inoculação Natural; Sem Inoc. = Sem Inoculação.

Tabela 5. Médias e desvios padrão dos valores de pH dos tratamentos ao longo do processo de

compostagem.

Tratamentos

Tempo Inoc. A Inoc. B Inoc. C Inoc. D Inoc. Nat. Sem Inoc. CV (%)

0 Dia 7,20±0,00 7,35±0,05 7,35±0,05 7,40±0,10 7,55±0,15 7,35±0,05 1,53

2 Dias 8,37±0,23 8,35±0,06 8,49±0,22 8,43±0,27 8,54±0,17 8,36±0,04 0,92

4 Dias 8,41±0,01 8,57±0,03 8,49±0,02 8,35±0,15 8,56±0,04 8,48±0,03 0,99

15 Dias 8,36±0,15 7,70±0,03 8,09±0,31 8,13±0,27 8,33±0,18 8,02±0,28 2,94

Legenda: Inoc. A = Inoculante A; Inoc. B = Inoculante B; Inoc. C = Inoculante C; Inoc. D = Inoculante

D; Inoc. Nat. = Inoculação Natural; Sem Inoc. = Sem Inoculação e CV = Coeficiente de Variação.

4.3 ANÁLISES ELEMENTARES

4.3.1 Carbono total

A Tabela 6 apresenta os valores médios de carbono total (CT) durante o processo

de compostagem para todos os tratamentos. O CT, independente do tratamento, variou

de 412,0–396,8 g kg-1

e 396,5–377,9 g kg-1

para amostragem inicial (0 dia) e final (15

dias), respectivamente. A maravalha e os restos de forragens (alimento animal)

presentes na cama de cavalo contribuíram no aumento do teor de CT nas amostras.

Segundo BERNAL et al., (2009) esses agentes de volume possuem altos teores de C, no

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73

qual compensam os baixos valores geralmente encontrados nos estercos de animais.

Resultados semelhantes foram encontrados por outros autores que trabalharam com

esterco de cavalo misturados com resíduos de fábrica de azeite (MAKNI et al., 2010);

cama de cavalo (WONG et al., 2011) e esterco de cavalo puro (BEKIARIS et al., 2015).

Para todos os tratamentos, ao fim do processo de compostagem, houve uma ligeira

tendência de redução do CT. Sendo a maior, de 8,3%, encontrada para o tratamento sem

inoculação, seguidas de 5,4; 4,8; 4,8; 4,2 e 3,8% para os tratamentos com inoculação

natural, inoculante B, inoculante C, inoculante A e inoculante D, respectivamente. O

cálculo de balanço de massa de carbono, i.e., a quantidade do elemento presente na

matéria seca (MS), ao longo do processo de compostagem é apresentado pela Figura 43.

Durante o processo, as perdas de C são evidentes à medida que o tempo transcorre

(Figura 43a). O tratamento inoculação natural foi o que obteve maior decaimento, ao

fim do processo, aproximadamente 69,74 gC MS-1

, correspondente a 48,76%. As

demais reduções foram na ordem de 39,78; 32,37; 32,07; 30,16 e 29,43% para os

tratamentos sem inoculação, inoculante C, inoculante A, inoculante B e inoculante D,

respectivamente (Figura 43b). Tais resultados são semelhantes aos encontrados por

DESALEGN et al. (2008) onde trabalharam com esterco de cavalo puro e misturado

com resíduos biológicos em diferentes proporções.

As diferentes reduções ocorridas nos tratamentos, principalmente os que

utilizaram inoculação natural e sem inoculação, estão ligadas à atividade biológica.

Analisando visualmente os dados respirométricos, apresentados pelas Figuras 40e e 40f,

pode-se observar que as maiores reduções de C ocorreram nos tratamentos que

obtiveram maior consumo de O2. Por conseguinte, tais decaimentos, demonstrados tanto

pelo CT quanto pelo balanço de C, são decorrentes da decomposição da MO promovida

pelos microrganismos. Uma vez que o C é utilizado como fonte de energia pelos

microrganismos, sendo absorvido e transformado em CO2 durante o processo de

metabolismo das células (DIAZ et al., 1993; JUSOH et al., 2013). Na fase ativa, i.e.,

termofílica, a atividade biológica é mais intensa, logo as reduções são maiores neste

período.

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74

Figura 42. Comportamento do C, presente na massa seca, em cada tratamento. (a) Redução do

teor ao longo do processo de compostagem. (b) Porcentagem de redução em função do tempo

transcorrido de compostagem.

4.3.2 Nitrogênio total

O teor nitrogênio total (NT) ao longo do processo de compostagem, para todos os

tratamentos avaliados é apresentado na Tabela 6. Os valores iniciais, para todos os

tratamentos, variaram em torno de 14,5–16,1 g kg-1

. O menor valor (11,4 g.kg-1

) foi

observado no aos quarto dia de processo, utilizando o inoculante B. Já o maior valor

(17,6 g kg-1

) foi obtido ao fim do processo de compostagem para o tratamento sem

inoculação. Valores similares foram encontrados por WONG et al. (2011); MAKNI et

al. (2010); BEKIARIS et al. (2015) que trabalharam com resíduos semelhantes ao

presente estudo. Analisando o comportamento ao fim do processo, nota-se que houve

incremento para todos os tratamentos, com exceção do tratamento que utilizou o

inoculante A. Tais acréscimos foram na ordem de 13,8; 9,2; 7,4 e 1,3% para o

inoculante B, sem inoculação, inoculação natural e inoculante C, respectivamente. No

entanto, para os inoculante A e D houve decréscimo na ordem de 15,3 e 8,2%,

respectivamente. O aumento do conteúdo de NT pode ser atribuído a perda de massa

seca ao longo do processo, indicada pela perda de C orgânico (PAREDES et al., 1996;

TIQUIA & TAN, 2000; OGUNWANDE et al., 2008; WONG et al., 2011; JUSOH et

al., 2013). A decomposição da MO aumenta a concentração dos elementos minerais.

Logo, o aumento do teor NT durante a compostagem, geralmente, é proveniente de um

efeito de concentração.

Visando melhor investigação do comportamento do N foi realizado o cálculo do

balanço de massa, apresentado pela Figura 44. Durante o processo de compostagem a

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75

quantidade de N presente na massa seca (MS) apresentou tendência de decaimento

(Figura 44a). Esta redução ocorre devido às perdas de N, principalmente, durante a fase

inicial do processo de compostagem (IRANZO et al., 2004; WONG et al., 2011). A

Figura 44b apresenta as perdas ocorridas em cada tratamento ao longo do processo. A

maior perda (41,85%) ocorreu no tratamento que utilizou a inoculação natural. As

demais perdas foram na ordem de 39,93; 36,35; 32,66; 32,65 e 32,24% para inoculante

A, inoculante B, sem inoculação, inoculante D e inoculante C, respectivamente. As

perdas podem ser decorrentes da volatilização de amônia durante a compostagem.

Segundo BERNAL et al. (2009) se as perdas de N, através da volatilização de amônia,

ocorrerem a uma taxa superior à degradação da MO, o resultado é um decaimento da

concentração do NT. Tal fato pode explicar o decaimento do NT encontrado para os

tratamentos que utilizaram os inoculantes A e D. WONG et al. (2011) trabalhando com

cama de cavalo obtiveram resultados semelhantes. Vários estudos atribuem o aumento

das perdas de N, via volatilização de NH3, a altas temperaturas, umidade, aeração e

pH>7,5 (BERNAL et al., 2009; VALENTE et al., 2009; REN et al., 2010a; NORD,

2013). Durante a fase de maturação da compostagem podem ocorrer perdas de N via

emissões de N2O e N2. INÁCIO & MILLER (2009), relatam que a falta de C disponível

e consequentemente, mineralização do N pela ação microbiana, nitrito e nitrato podem

ser desnitrificados, em uma ação de redução bioquímica formado os gases (N2O e N2)

perdidos para a atmosfera.

No presente estudo, as altas temperaturas (>65°C) e aeração podem ter

contribuído para as perdas de N. INÁCIO et al. (2015) estudaram as perdas de N

utilizando os mesmos biorreatores do presente estudo. Os autores variaram o fluxo de ar

(150 e 50 mLmin-1

) nas fases termofílica e de maturação, respectivamente. Os

resultados demostraram que as perdas de N, via volatilização de amônia, foram maiores

quando as temperaturas termofílicas e o alto fluxo de ar são utilizados. Portanto, essa

combinação pode influenciar na retirada da amônia, e consequentemente aumentar as

perdas de N.

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76

Figura 43. Balanço de massa demostrando as mudanças do nitrogênio obtidas nos tratamentos

ao longo do processo de compostagem. (a) Quantidade de N decaindo, à medida que o processo

avança. (b) Porcentagem de perdas de N contabilizadas ao longo do tempo.

4.3.3 Relação C/N

A relação C/N é uma das principais propriedades que descreve o processo de

compostagem. A evolução da relação C/N nos tratamentos ao longo do tempo é

apresentada pela Tabela 6. Os valores variaram de 25,32 à 27,72 e de 21,53 à 29,21 para

os tempos inicial (0 dia) e final (15 dias), respectivamente. Embora apresentem valores

iniciais baixos os mesmos se encontram dentro da faixa inicial adequada (25–35)

descrita para compostagem (BERNAL et al., 2009; VALENTE et al., 2009). Já para os

valores finais, os tratamentos Inoc. A e Inoc. D ficaram fora do padrão descrito pelo

TMECC (THOMPSON, 2002). Tal padronização requer uma relação C/N ≤ 25 para

enquadrar o composto final como maturado. Porém, segundo REN et al. (2010b) tal

parâmetro não deve ser usado como um indicador absoluto de maturidade devido à larga

variação dos materiais iniciais.

A relação aumentou durante a fase termofílica (0 a 4 dias) e diminuiu ao fim do

processo para todos os tratamentos, exceto para os inoculantes A e D. No entanto,

segundo NAKHSHINIEV et al. (2014), devido à alta perda dos componentes de

carbono, uma tendência de redução, geralmente, é esperada. Os baixos valores iniciais

podem tem contribuído para as perdas de N durante o processo. REN et al. (2010a)

afirmam que uma baixa relação C/N pode aumentar as perdas de N, via volatilização de

NH3, principalmente durante a fase termofílica. Desta forma, o acréscimo da relação

C/N na fase termofílica e ao fim do processo (Inoc. A e D) pode ter sido causado pela

perda de N. REN et al. (2010b) e JIANG et al. (2015) também obtiveram em seus

estudos aumentos na relação C/N provenientes das perdas de N.

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77

Tabela 6. Médias e desvios padrão do carbono e nitrogênio total seguidos da relação C/N de

cada tratamento por tempo de amostragem.

C Total (g Kg-1) N Total (g Kg-1) C/N

Tratamentos 0

Dia

2

Dias

4

Dias

15

Dias

0

Dia

2

Dias

4

Dias

15

Dias

0

Dia

2

Dias

4

Dias

15

Dias

Inoc. A 402,9

±1,97a

386,2

±1,31

398,7

±1,52

386,0

±2,70

15,3

±0,17

13,7

±0,07

12,4

±0,10

13,0

±0,14

26,36 28,93 32,12 29,21

Inoc. B 396,8 ±2,82

378,9 ±1,36

390,2 ±1,14

377,9 ±1,81

14,5 ±0,08

12,0 ±0,08

11,4 ±0,13

16,6 ±0,15

27,29 31,64 34,31 22,88

Inoc. C 402,6

±0,90

386,2

±2,31

381,3

±1,14

383,2

±0,69

15,9

±0,16

13,6

±0,13

14,6

±0,14

16,1

±0,15

25,32 28,48 26,67 23,98

Inoc. D 412,0

±1,14

396,3

±1,27

402,0

±0,63

396,5

±1,44

14,9

±0,12

13,2

±0,09

14,6

±0,09

13,6

±0,26

27,72 29,99 29,18 29,05

Inoc. Nat. 405,0 ±0,39

390,5 ±1,27

381,3 ±0,89

383,2 ±1,42

15,8 ±0,15

14,5 ±0,09

15,0 ±0,17

16,9 ±0,20

25,70 26,93 25,46 22,64

Sem Inoc. 412,0

±0,89

385,8

±1,00

392,8

±0,57

377,9

±1,16

16,1

±0,21

14,8

±0,18

14,6

±0,20

17,5

±0,14

25,63 26,04 26,92 21,53

Legenda: Inoc. A = Inoculante A; Inoc. B = Inoculante B; Inoc. C = Inoculante C; Inoc. D = Inoculante

D; Inoc. Nat. = Inoculação Natural; Sem Inoc. = Sem Inoculação; a

Desvio Padrão (%).

4.4 PERDA DE MASSA SECA (MS)

A perda de MS decaiu para todos os tratamentos durante o processo de

compostagem (Figura 45a). A porcentagem de peso seco (PS) perdido variou de 26,66–

45,85% (Figura 45b), sendo a maior perda encontrada para o tratamento com inoculação

natural e a menor para o inoculante D. Perdas análogas foram encontradas por

KITHOME et al., (1999); OGUNWANDE et al., (2008); WONG et al., (2011). A

redução de massa seca durante a compostagem é esperada. O consumo de substâncias

facilmente biodegradáveis pela microbiota é o principal agente de redução. RAJ &

ANTIL (2011) relatam que perdas superiores à 42% podem ser utilizadas como um

indicador de maturidade do composto.

Os gráficos apresentados na Figura 45 demostram, visualmente, que os

tratamentos que utilizaram inoculantes comerciais tiveram desempenhos similares, isto

é, houve pouca variação entre os tratamentos com relação as perdas de MS e PS. No

entanto, os tratamentos sem inoculação e, principalmente, inoculação natural foram

visivelmente diferentes dos comerciais. As temperaturas dos tratamentos sem

inoculação e inoculação natural permaneceram por mais tempo na faixa mais favorável

para atividade microbiana. STENTIFORD & de BERTOLDI (2010) relatam que

temperaturas entre 45 e 55°C maximizam as taxas de biodegradação, i.e., maiores taxas

de degradação da MO podem ser esperadas dentro da faixa citada. FALHO et al. (2010)

afirmam que para uma máxima decomposição dos resíduos orgânicos a temperatura

deve permanecer entre valores de 50 à 60º C. A atividade biológica é reduzida em

temperaturas acima de 63º C (BERNAL et al., 2009). Outros autores tais como

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78

JURADO et al. (2014) e JOURAIPHY et al. (2005) também reiteram que a temperatura

afeta diretamente na taxa de degradação MO. Sendo assim, pode-se dizer que a alta

temperatura obtida nos tratamentos que utilizaram inoculantes comerciais podem ter

afetado o desempenho da atividade biológica, influenciando na degradação e,

consequentemente, na redução de peso seco.

Figura 44. Evolução da degradação através da perda de MS ao longo do processo de

compostagem. (a) Tendência de decaimento da MS, à medida que o processo transcorre. (b)

Porcentagem de redução de peso seco durante a compostagem.

4.5 ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO

4.5.1 NIR

A Figura 46 apresenta o conjunto de espectros obtidos das amostras dos

tratamentos, que é apresentado de duas formas: i) sem processamento e ii) com

aplicação da primeira derivada. Os espectros originais (Figura 46a) foram cortados na

região de interesse (4000-7500 cm−1

), apresentado na Figura 46b. O procedimento foi

adotado para uma melhor análise dos espectros, uma vez que a região final dos

espectros não apresenta muita informação. Observando os espectros sem processamento

nota-se dois picos proeminentes ocorrido, aproximadamente, nas regiões de 7.000 cm−1

e 5.000 cm−1

. A aplicação da primeira derivada possibilitou uma melhor visualização

dos picos presentes nos espectros. Observa-se a presença de picos na região de 4756

cm−1

; nota-se também diversos picos de alta e baixa intensidade variando de 4100-4500

cm−1

e 5400-5900 cm−1

, respectivamente. As regiões de 7.000 cm−1

e 5.000 cm−1

estão

relacionadas com estiramento do O-H no primeiro sobreton e combinação de

estiramento e deformação do O-H, respectivamente. O aparecimento dessas bandas é

atribuído à água (UENO et al., 2008; XING et al., 2008; VERGNOUX et al., 2009;

GALVEZ-SOLA et al., 2010; CABASSI et al., 2015). Estas bandas, geralmente, estão

presente em materiais orgânicos, mas sua utilização para quantificar moléculas é rara,

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79

exceto para água (MEISSL et al., 2008). Os picos de baixa intensidade estão

relacionados ao estiramento simétrico e assimétrico C–H no segundo sobreton

referentes às vibrações de grupos metileno (5776 e 5659 cm-1

); estiramento O–H e

deformação C–O (5494 cm-1

) são referentes a molécula de celulose (MEISSL et al.,

2008). Já os picos de alta intensidade (4387; 4322 e 4252 cm-1

) relacionados a

combinação de vibrações de estiramento assimétrica e simétrica CH2 (ALBRECHT et

al., 2009) refletem o colapso do esqueleto de muitas biomoléculas (MEISSL et al.,

2008).

Alguns estudos atribuem a combinação de bandas (4360–4224 cm-1

) e sobretons

(6105–5385 cm-1

) para avaliar a evolução da decomposição e humificação. Essas

bandas correspondem a diferentes estágios de decomposição dos compostos orgânicos

(MEISSL et al., 2008). A sobreposição de bandas, comuns nos espectros de IV

próximo, derivado das muitas informações tais como, força de ligação, composição

química, etc., interferem na avaliação dos espectros (WANG et al., 2014b). A análise

multivariada, por meio da PCA, foi aplicada aos dados espectrais para obter possíveis

respostas das propriedades químicas dos compostos orgânicos.

Figura 45. Apresentação dos espectros obtidos das amostras dos seis tratamentos durante os

diferentes tempos de compostagem (0, 2, 4 e 15 dias). (a) espectros originais sem pré-

processamento e com aplicação da primeira derivada. (b) corte dos espectros retirando a região

acima de 7500 cm-1

.

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80

4.5.1.1 Avaliação da compostagem por meio da análise de

componentes principais (PCA)

As Figuras 47, 48 e 49 apresentam as PCA’s e as respectivas bandas que pesam na

separação das amostras obtidas dos seis tratamentos durante os diferentes tempos de

compostagem. Para todos os tratamentos apresentados, os dois primeiros componentes

principais (PC1 e PC2) explicam 100% da variância espectral total. A PC1 é a mais

significativa, representando 98% da variância espectral. No entanto, são os 2%

restantes, representados pela PC2, que separam as amostras. O gráfico de escores das

PCA’s de todos os tratamentos apresentou uma tendência de diferenciação entre as

amostras. Dois grupos correspondentes as amostras iniciais (0 dia) e as demais (2, 4 e

15 dias) foram separados. Isto é, uma nítida separação, ao longo da PC2, é observada

entre os tempos de compostagem. Os escores com loadings positivos, acima da linha de

base, representam as amostras iniciais, já os negativos, abaixo da linha de base,

representam as demais amostras. A separação representa uma distribuição cronológica

(antes vs. depois da compostagem) das amostras obtidas ao longo da compostagem. Na

literatura há resultados semelhantes, i.e., estudos que obtiveram separações cronológicas

para diferentes estágios da compostagem utilizando NIR e PCA (ALBRECHT et al.,

2008 e 2009; VERGNOUX et al., 2009). Não houve separação entre os outros tempos

de compostagem (2, 4 e 15 dias), sendo difícil distinguir uma tendência entre eles na

matriz de dados. As linhas de base que separam as amostras, iniciais das demais, são

determinadas por meio de variações nas bandas presentes nos espectros. Ou seja, a

presença de certos picos e/ou intensidades de absorção diferentes são cruciais para

separação. Os pesos foram similares para todos os tratamentos, i.e., os picos que

separaram as amostras são os mesmos. As bandas relevantes para as amostras iniciais

são 4252-4402 cm-1

, 5200 cm-1

e 5776 cm-1

. No entanto, as regiões de 4000-4170 cm-1

,

4700-4850 cm-1

, 5600-5700 cm-1

são importantes para as demais amostras. Apesar de

haver dois picos (7.000 e 5.000 cm−1

) de alta intensidade referentes à água nos

espectros, os mesmos não foram relevantes para separação.

Os picos encontrados nas amostras iniciais representam bandas de absorção de

celulose (4273 cm-1

e 5700 cm-1

); estiramento C–H e deformação CH2 (4310 cm-1

) e

absorção de lignina (5200 cm-1

). Já para as demais amostras as bandas encontradas

representam vibrações de estiramento C–H (4150 cm-1

); absorção de carboidratos (4167

cm-1

); torção N-H e deformação N-H2 relacionados às proteínas (4756 cm-1

);

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81

estiramento do C–H alifático no segundo sobreton (5660 cm-1

); estiramento simétrico e

assimétrico do C–H referentes às vibrações de grupos metileno (5776 cm-1

). Todos os

picos foram distinguidos com base na literatura (BEN-DOR et al., 1997; SUEHARA &

YANO, 2004; MEISSL et al., 2008; ALBRECHT et al., 2008 e 2009; VERGNOUX et

al., 2009; McWHIRT et al., 2012). Durante o processo de compostagem várias

alterações químicas ocorrem no substrato, tais como oxidação parcial de grupos

carboxílicos; mineralização dos carboidratos e aumento de grupos aromáticos. Portanto,

de acordo com as PCA’s, as propriedades espectroscópicas das amostras mudaram com

o respectivo estágio de transformação da MO, durante o processo de compostagem.

Segundo ALBRECHT et al. (2009) o estágio de maturação pode ser considerado

porque, sinteticamente, parâmetros químicos e biológicos são previstos utilizando toda a

informação espectral NIR mesmo se as informações espectrais dos componentes

orgânicos não são claras. Sendo assim, o presente estudo corrobora com os resultados

obtidos por outros autores (BEN-DOR et al., 1997; ALBRECHT et al., 2008 e 2009;

VERGNOUX et al., 2009) e reforça a afirmação de que a estratégia NIR-PCA torna

possível a distinção entre as fases da compostagem (inicial e final) com base em

mudanças espectrais.

Figura 46. Componentes principais (PC1 e PC2) e pesos obtidos a partir dos espectros de NIR

dos tratamentos: sem inoculação e inoculação natural. Escores (A) e pesos (B) dos tratamentos

sem inoculação (a) e com inoculação natural (b). Os números 41 e 45; 42 e 46; 43 e 47; 44 e 48

do tratamento sem inoculação e 33 e 37; 34 e 38; 35 e 39; 36 e 40 do tratamento com inoculação

natural representam, respectivamente, os tempos 0, 2, 4 e 15 dias de compostagem.

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82

Figura 47. Componentes principais (PC1 e PC2) e pesos obtidos a partir dos espectros de NIR

dos tratamentos com inoculantes A e B. Escores (A) e pesos (B) dos tratamentos com

inoculantes A (a) e B (b). Os números 1 e 5; 2 e 6; 3 e 7; 4 e 8 do tratamento com inoculante A

e 9 e 13; 10 e 14; 11 e 15; 12 e 16 do tratamento inoculante B representam, respectivamente, os

tempos 0, 2, 4 e 15 dias de compostagem.

Figura 48. Componentes principais (PC1 e PC2) e pesos obtidos a partir dos espectros de NIR

dos tratamentos com inoculantes C e D. Escores (A) e pesos (B) dos tratamentos com

inoculantes C (a) e D (b). Os números 17 e 21; 18 e 22; 19 e 23; 20 e 24 do tratamento com

inoculante C e 25 e 29; 26 e 30; 27 e 31; 28 e 32 do tratamento inoculante D representam,

respectivamente, os tempos 0, 2, 4 e 15 dias de compostagem.

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83

4.5.1.2 Comparação entre tratamentos (com inoculação

vs. sem inoculação) através da PCA

As PCA’s foram geradas com bases nos espectros NIR obtidos dos tratamentos ao

longo do processo de compostagem. Os tratamentos que utilizaram inoculação foram

comparados com o que não utilizou inoculação (controle). A matriz de dados espectrais

utilizado para determinar cada PCA foi composta por 16 amostras (8 com inoculação e

8 sem inoculação). O gráfico de escores gerado pelos dois primeiros componentes

principais (PC1 e PC2) não foi satisfatório, uma vez que não houve separação entre

amostras. Portanto, adotamos outro gráfico determinado através da PC1 e PC3 onde

explicam, aproximadamente, 98% da variância espectral total em todas as PCA’s

avaliadas. Os pesos apresentam diversos picos que foram importantes para separação

dos tratamentos (Figuras 50 (a, b), 51 (a, b) e 52). Nota-se que picos presentes nas

regiões em torno de 4000-4170; 4500 e 4900 cm-1

são estritamente responsáveis pela

separação dos tratamentos com inoculação, enquanto que 4250-4350; 4700 e 5200 cm-1

pesam para separar o tratamento controle. As bandas em volta de 4000-4170 cm-1

compreendem absorção carboidratos (4167 cm-1

), vibrações de estiramento C–H (4150

cm-1

) e absorção de aminoácidos e proteínas (4132 cm-1

). Em adição, as de 4500 cm-1

e

4900 cm-1

abrangem absorção de lignina e vibrações de estiramento C=O e N–H

relacionados às proteínas, respectivamente. Regiões ao redor de 4250-4350 cm-1

são

referentes à absorção de celulose (4273 cm-1

) e vibrações de estiramento C–H e

deformação CH2 (4310 cm-1

). Picos encontrados em 4700 e 5200 cm-1

representam,

respectivamente, torção N-H e deformação N-H2 relacionados às proteínas e absorção

de lignina. As regiões descritas foram caracterizadas com base na literatura (BEN-DOR

et al., 1997; SUEHARA & YANO, 2004; MEISSL et al., 2008; ALBRECHT et al.,

2008 e 2009; VERGNOUX et al., 2009; McWHIRT et al., 2012).

As Figuras 50, 51 e 52 apresentam as PCA’s, bem como seus respectivos pesos,

utilizados na comparação entre os tratamentos com inoculantes (natural, A, B, C e D) e

sem inoculação. Em geral, escores positivos foram alcançados para os tratamentos com

inoculação, enquanto que negativos foram observados para o tratamento sem

inoculação. Para os inoculantes A, B e C houve uma forte tendência de distinção das

amostras em relação ao tratamento controle (Figuras 50b, 51a e 51b). Apesar de não

haver separação total, quase todas as amostras foram distinguidas do tratamento sem

inoculação. Os resultados apresentaram separação parcial entre as amostras dos

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inoculantes (natural e D) e as do tratamento sem inoculação, uma vez que, pelo menos

uma rodada foi diferida (Figuras 50a e 52). Assim, pode-se dizer que os inoculantes,

segundo a PCA, não diferiram totalmente do tratamento sem inoculação, isto é, não

houve uma separação entre todas as amostras. Porém, uma nítida tendência de formação

de grupos distintos foi observada. As regiões do NIR referentes às substâncias

recalcitrantes como celulose e lignina ocorreram com maior frequência no tratamento

que não utilizou inoculação. Tal fato pode ter contribuído para a distinção dos

tratamentos. Estas moléculas são de difícil degradação (INSAM & DE BERTOLDI,

2007) e sua presença pode indicar atuações microbiológicas diferentes (JURADO et al.,

2014) entre os tratamentos. Entretanto, análises de caracterização da microbiota devem

ser feitas para sanar esta hipótese. Vários estudos relatam que a inoculação com

microrganismos externos pode indicar uma potencial estratégia de degradação de

materiais lignocelulósicos promovendo melhores propriedades do produto final

(VARGAS-GARCIA et al., 2005 e 2007; JURADO et al., 2014 e 2015). Portanto, nas

condições do experimento, a análise quimiométrica demonstrou que podem haver

propriedades espectroscópicas nos tratamentos que utilizaram inoculação que diferem

do tratamento controle.

Figura 49. Componentes principais (PC1 e PC3) e seus respectivos pesos obtidos a partir dos

espectros de NIR. Escores (A) e pesos (B) dos tratamentos com inoculantes natural (a) e A (b)

comparados com o controle. Os escores nas cores azul escuro, verde claro e azul claro

representam os tratamentos natural, A e controle, respectivamente. Os números 1 e 5; 2 e 6; 3 e

7; 4 e 8 e a combinação 9 e 13; 10 e 14; 11 e 15; 12 e 16 representam, respectivamente, os

tempos 0, 2, 4 e 15 dias de compostagem.

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85

Figura 50. Componentes principais (PC1 e PC3) e seus respectivos pesos obtidos a partir dos

espectros de NIR. Escores (A) e pesos (B) dos tratamentos com inoculantes B (a) e C (b)

comparados com o controle. Os escores nas cores vermelha, preta e azul claro representam os

tratamentos B, C e controle, respectivamente. Os números 1 e 5; 2 e 6; 3 e 7; 4 e 8 e a

combinação 9 e 13; 10 e 14; 11 e 15; 12 e 16 representam, respectivamente, os tempos 0, 2, 4 e

15 dias de compostagem.

Figura 51. Componentes principais (PC1 e PC3) e seus respectivos pesos obtidos a partir dos

espectros de NIR. Escores (A) e pesos (B) do tratamento com inoculante D comparado com o

controle. Os escores nas cores amarela e azul claro representam os tratamentos D e controle,

respectivamente. Os números 1 e 5; 2 e 6; 3 e 7; 4 e 8 e a combinação 9 e 13; 10 e 14; 11 e 15;

12 e 16 representam, respectivamente, os tempos 0, 2, 4 e 15 dias de compostagem.

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86

4.5.1.3 Comparação entre tratamentos (inoculantes

comerciais vs. inoculação natural) através da PCA.

As PCA’s foram geradas a partir dos dados espectrais obtidos dos tratamentos ao

longo do processo de compostagem. Os tratamentos que utilizaram inoculantes

comerciais foram comparados com o que utilizou inoculação natural. As PCA’s e suas

respectivas bandas que separam as amostras dos tratamentos avaliados durante os

diferentes tempos de compostagem são apresentadas pelas Figuras 53 e 54. Os dois

primeiros componentes principais (PC1 e PC2), como ocorreu no tópico anterior, não

obtiveram bons resultados, por conseguinte, um novo mapa fatorial, composto pela PC1

e PC3, foi avaliado. Deste modo, em torno 98% da variância espectral total foi

explicado pelas duas PC’s, sendo a PC1 mais significativa. Os pesos apresentam picos

com intensidades e/ou regiões de absorção diferentes para cada PCA comparativa. Os

picos em torno das regiões compreendidas por 4000-4170; 4300-4600; 4800-4900 e

5200-5500 cm-1

são determinantes para separação dos inoculantes comerciais em

relação ao inoculante natural (Figuras 53 e 54 (a, b)). Tanto os escores quanto os pesos,

em geral, tiveram valores negativos para os tratamentos com inoculantes comerciais,

permanecendo abaixo da linha base (Figuras 53 e 54). Embora não exista separação

total, as amostras dos inoculantes A e C tiveram uma forte tendência de diferenciação

(62,5% das amostras) em relação ao inoculante natural, isto é, formaram-se grupos

distintos separados pela linha base da PCA (Figuras 53 e 54a). No entanto, para os

inoculantes B e D esta tendência foi fraca, apresentando uma separação parcial, uma vez

que pelo menos uma rodada diferiu, segundo a PCA, do tratamento com inoculação

natural (Figuras 53 e 54b).

Analisando os pesos nota-se que picos similares foram encontrados para os

inoculantes A e B, contudo com intensidades de absorção diferentes (Figura 53 (a, b)).

Dentre estes podem-se destacar regiões de absorção de aminoácidos (4132 cm-1

),

carboidratos (4167 cm-1

) e proteínas (4900 cm-1

), descritos por ALBRECHT et al.

(2008); McWHIRT et al. (2012) e ALBRECHT et al. (2009), respectivamente. Um pico

agudo, referente à absorção de lignina (5200 cm-1

), reportado por ALBRECHT et al.

(2008), foi encontrado para o inoculante natural. Por conseguinte, a presença de

moléculas de fácil degradação (aminoácidos, proteínas e carboidratos) podem ter

contribuído para separação dos inoculantes (A e B), já que a banda de lignina (molécula

recalcitrante) foi determinante para o inoculante natural. Entretanto, para os inoculantes

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87

C e D ocorreu o inverso, onde o pico referente a lignina foi influente para separação

destes tratamentos em relação ao inoculante natural. Foi observada uma forte banda em

torno de 7000 cm-1

, relacionada a absorção de água, na comparação dos inoculantes A e

D em relação ao natural. Talvez, o aparecimento dessa banda seja devido a secagem

insuficiente, ou as amostras podem ter contraído umidade no decorrer das análises.

MALLEY et al. (2005) citado por VERGNOUX et al. (2009) relatam que as bandas de

água podem interferir na determinação de constituintes orgânicos. Sendo assim, o

aparecimento desta banda nas PCA’s pode ter influenciado de forma indesejada a

separação das amostras. Todavia, a utilização de espectros NIR conjugado com a PCA

provou ser uma ferramenta importante no acompanhamento do processo de

compostagem, bem como na comparação de inoculantes.

Figura 52. Componentes principais (PC1 e PC3) e respectivos pesos obtidos a partir dos

espectros de NIR. Escores (A) e pesos (B) dos tratamentos com inoculantes A (a) e B (b)

comparados com o inoculante natural. Escores nas cores azul escuro, verde claro e vermelho

representam os tratamentos natural, A e B, respectivamente. Os números 1 e 5; 2 e 6; 3 e 7; 4 e

8 e a combinação 9 e 13; 10 e 14; 11 e 15; 12 e 16 representam, respectivamente, os tempos 0,

2, 4 e 15 dias de compostagem.

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88

Figura 53. Componentes principais (PC1 e PC3) e respectivos pesos obtidos a partir dos

espectros de NIR. Escores (A) e pesos (B) dos tratamentos com inoculantes C (a) e D (b)

comparados com o inoculante natural. Escores nas cores azul escuro, preta e amarela

representam os tratamentos natural, C e D, respectivamente. Os números 1 e 5; 2 e 6; 3 e 7; 4 e

8 e a combinação 9 e 13; 10 e 14; 11 e 15; 12 e 16 representam, respectivamente, os tempos 0,

2, 4 e 15 dias de compostagem.

4.5.2 MIR-FTIR

Os espectros dos seis tratamentos durante as fases inicial (0 dia) e final (15 dias)

do processo de compostagem são demostrados pela Figura 55a. A aplicação do pré-

processamento com SNV reduziu os efeitos indesejados do espalhamento de luz

proporcionando uma melhor visualização dos picos (Figura 55b). Os espectros mostram

áreas semelhantes de absorbância. No entanto, são observadas diferenças na intensidade

de certas bandas. A interpretação dos espectros foi baseada em diversos estudos, em

especial SMIDT & MEISSL, (2007); INÁCIO et al. (2010); MAKNI et al. (2010);

TANDY et al. (2010); CAMPOS et al. (2014); EL FELS et al. (2014); BEKIARIS et al.

(2015); NADIA et al. (2015). As principais bandas de absorbância consideradas no

estudo para possíveis caracterizações químicas são apresentadas na Figura 56.

Uma grande banda é localizada em torno 3417 cm-1

que está relacionada com

vibrações de hidrogênio dos grupos OH (álcoois, fenóis e ácidos carboxílicos) e também

de N–H (aminas e amidas). Bandas próximas de 2919 cm-1

e 2851 cm-1

são concebidas

às vibrações de estiramento simétrico e assimétrico do CH2 e CH3, respectivamente,

característicos de grupos alifáticos (ácidos graxos e outras estruturas lipídicas de cadeia

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89

longa). A região de 1734 cm-1

é característica das vibrações de estiramento C=O,

pertencentes à grupos de carbonilas tais como aldeídos, acetonas e ésteres. O pico

pronunciado na região de 1647 cm-1

é devido as vibrações C=C presentes em estruturas

aromáticas ou C=O de amidas primárias. A Região de 1511 cm-1

é atribuída à lignina e

a lignocelulose. Já a banda de 1540 cm-1

está relacionada com vibrações de estiramento

C=N e deformação N–H correspondes a amidas II. A região entre 1410-1450 cm-1

pode

ser caracterizada com uma mistura de bandas correspondentes as vibrações de

deformação O–H e estiramento C–O de grupos fenólicos (1424 cm-1

), estiramento

simétrico de grupos COO- (1435 cm

-1), torção C–H de compostos alifáticos (1452 cm

-1).

Vibrações de estiramento simétrico C–O e deformação O–H (ambos de grupos COOH)

estão associadas ao pico encontrado na região de 1259 cm-1

. A região em torno de 1035

cm-1

é devida as vibrações de estiramento C–O de carboidratos e polissacarídeos. O pico

em torno de 875 cm-1

é caracterizado pelas vibrações de estiramento C–O–C referentes

a celulose amorfa.

Analisando os espectros finais dos seis tratamentos (Figura 56) identifica-se

ligeiras mudanças na intensidade de algumas bandas. Foi observado reduções na

intensidade dos picos localizados nas regiões 2919 cm-1

e 2851 cm-1

em todos os

tratamentos, exceto para o inoculante B, quando comparado com o tratamento sem

inoculação. Tais decaimentos podem ser atribuídos a biodegradação de lipídios e

carboidratos indicando perdas de estruturas alifáticas (MAKNI et al., 2010). A pequena

redução apresentada pelo Inoc. B, quando comparada com as demais, indica uma

biodegradação pouco consistente. O decaimento dessas bandas fornece informações

sobre a oxidação microbiana de cadeias de carbono alifático e compostos peptídicos (EL

FELS et al., 2014) relacionadas com a biodegradação. Em paralelo, uma redução no

pico, localizado na região de 1734 cm-1

foi observada em todos os tratamentos, exceto

para o inoculante B. Em geral, esta banda reduz nos primeiros dias de compostagem,

presumindo que tal fato é atribuído a degradação inicial de estruturas complexas

(NADIA et al., 2015). Entretanto, para os picos 1647 cm-1

houve incremento na

intensidade de absorção, sendo o maior obtido pelo tratamento sem inoculação. Tal

fenômeno indica um decaimento de carboidratos e proteínas acarretando em aumento do

grau de humificação (CAMPOS et al., 2014). Segundo DROUSSI et al. (2009) o

incremento da razão C aromático/C alifático é considerado um indicador do grau de

humificação da MO em condições naturais de biodegradação. O pico encontrado na

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90

região 1511 cm-1

, atribuído à lignina, indica presença de material fibroso (maravalha) no

substrato. No entanto, não foi observado modificações consideráveis nesta banda.

SMIDT & MEISSL (2007) relatam que a intensidade desta banda é bastante

influenciada pelo comportamento de componentes da madeira presentes no substrato.

Portanto, os autores não recomendam a utilização desta banda para avaliar o processo de

compostagem. Picos reduzidos foram observados para dois tratamentos (sem inoculação

e inoculante A) na região de 1452 cm-1

. Porém, em 1424 cm-1

os picos foram mais

intensos. Estes resultados indicam progresso da humificação, já que a redução de

cadeias alifáticas (1452 cm-1

) refletem formações de instaurações (C=C) e estruturas

aromáticas (EL FELS et al., 2014). Os tratamentos sem inoculação e inoculante D

obtiveram picos acentuados na banda 1259 cm-1

. Em particular, o aumento e diminuição

da banda 1259 cm-1

indicam a liberação de compostos orgânicos de baixo peso

molecular provenientes da degradação de macromoléculas (SMIDT & MEISSL, 2007).

A redução na intensidade da banda 1035 cm-1

indica que carboidratos e polissacarídeos

foram degradados originando estruturas aromáticas durante o tempo de compostagem.

HU et al. (2011) afirmam que reduções de carboidratos e polissacarídeos indicam

humificação do composto.

Os resultados dos espectros MIR-FTIR apresentaram reduções e incrementos na

intensidade de absorção de bandas características da biodegradação corroborando que a

espectroscopia MIR-FTIR pode ser uma excelente ferramenta para avaliar

qualitativamente a compostagem.

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91

Figura 54. Espectros MIR-FTIR dos seis tratamentos obtidos nas fases inicial e final da

compostagem. (a) espectros sem pré-tratamento (b) espectros pré-tratados com SNV.

Figura 55. Espectros MIR-FTIR dos seis tratamentos obtidos em amostras finais do

processo de compostagem. As setas vermelhas demarcam os picos encontrados para

todos os tratamentos.

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92

5. CONCLUSÕES

A compostagem ocorreu na faixa termofílica esperada, demonstrando a

adequabilidade do aparato experimental.

O tratamento que utilizou inoculação natural apresentou, ao fim do processo de

compostagem, maiores perdas de massa seca e C total, bem como menor relação C/N e

pH dentro do recomendado pela literatura para classificar o composto orgânico como

estabilizado e maturado.

A espectroscopia MIR-FTIR demonstra que para todos os tratamentos estruturas

alifáticas são degradadas enquanto grupos aromáticos são formados durante a

compostagem. O decaimento desses grupos funcionais indica que os microrganismos

quebraram os esqueletos de C para satisfazer as suas necessidades energéticas. Tais

resultados são corroborados pelas reduções de C e perda de massa seca indicando

incremento da humificação. Porém, nas condições do experimento, as mudanças não

foram expressivas ao ponto de afirmar qual inoculante (comercial ou natural) obteve

melhor desempenho.

Os espectros NIR atrelado à PCA podem apontar diferentes estágios de

degradação da compostagem, bem como separar produtos (inoculantes) utilizados

durante o processo. Deste modo, a ferramenta NIR-PCA pode ser um método eficiente

para o monitoramento do processo de compostagem.

6. RECOMENDAÇÕES PARA ESTUDOS FUTUROS

Estudar a eficiência da degradação quando o controle de temperatura dos

biorreatores é regulado em no máximo 60°C.

Estudo teórico e prático para saber o nível de aeração introduzido nos

biorreatores que menos influencia na perda de nitrogênio, via volatilização

de amônia.

Avaliar e identificar os microrganismos, presentes na massa em

decomposição, oriundos dos inoculantes e do ambiente que foram

utilizados no experimento.

Comparar os dados espectroscópicos (NIR e MIR-FTIR, leitura em

pastilha de KBr) com o MIR-FTIR, leitura direta, através de análises

quimiométricas.

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93

7. REFERÊNCIAS CITADAS

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8. ANEXO

Figuras 57 e 58, apresentadas abaixo, demostram a calibração dos sensores de

oxigênio e temperatura antes da realização das rodadas que compõem o experimento.

Figura 56. Calibração dos sensores de oxigênio de cada biorreator. As medições estão

calibradas, apresentando pequenas variações entre os biorreatores.

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Figura 57. Calibração dos sensores de temperatura dos doze biorreatores. As cores preta,

vermelha e azul representam os sensores S1, S2 e S3, respectivamente. A calibração está dentro

do esperado uma vez que as temperaturas dos sensores S1 e S2 estão variando por igual. O

sensor S3 apresenta temperatura inferior aos demais, isso é esperado, pois o mesmo se encontra

na parede externa da câmara de aquecimento onde a influência do ar condicionado do

laboratório é maior.

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