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Centro Universitário Feevale Programa de Pós-Graduação em Qualidade Ambiental Mestrado em Qualidade Ambiental Mônica Dalla Corte AVALIAÇÃO DO IMPACTO DOS AGROTÓXICOS SOBRE A SAÚDE DE VITICULTORES NA SERRA GAÚCHA: UM ESTUDO DESCRITIVO Novo Hamburgo, 2009

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Centro Universitário Feevale

Programa de Pós-Graduação em Qualidade Ambiental Mestrado em Qualidade Ambiental

Mônica Dalla Corte

AVALIAÇÃO DO IMPACTO DOS

AGROTÓXICOS SOBRE A SAÚDE DE

VITICULTORES NA SERRA GAÚCHA: UM

ESTUDO DESCRITIVO

Novo Hamburgo, 2009

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II

Centro Universitário Feevale Programa de Pós-Graduação em Qualidade Ambiental

Mestrado em Qualidade Ambiental

Mônica Dalla Corte

AVALIAÇÃO DO IMPACTO DOS

AGROTÓXICOS SOBRE A SAÚDE DO

VITICULTOR NA SERRA GAÚCHA: UM

ESTUDO DESCRITIVO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação

em Qualidade Ambiental como requisito para a obtenção

do título de mestre em Qualidade Ambiental

Orientadora: Profª. Drª. Patrícia Grolli Ardenghi

Novo Hamburgo, 2009

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III

DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)

Bibliotecária responsável: Lílian Amorim Pinheiro – CRB 10/1574

Corte, Mônica Dalla Avaliação do impacto dos agrotóxicos sobre a saúde de

viticultores na serra gaúcha: um estudo descritivo / Mônica Dalla Corte. – 2009.

66 f. : il ; 30 cm.

Dissertação (Mestrado em Qualidade Ambiental) – Feevale, Novo Hamburgo-RS, 2009.

Inclui bibliografia. “Orientadora: Profª. Drª. Patrícia Grolli Ardenghi”.

1. Produtos químicos agrícolas. 2. Poluição agrícola. 3. Vinícolas – Rio Grande do Sul. 4. Uva - Cultivo. I. Título.

CDU 631:504

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IV

Centro Universitário Feevale Programa de Pós-Graduação em Qualidade Ambiental

Mestrado em Qualidade Ambiental

Mônica Dalla Corte

AVALIAÇÃO DO IMPACTO DOS

AGROTÓXICOS SOBRE A SAÚDE DO

VITICULTOR NA SERRA GAÚCHA: UM

ESTUDO DESCRITIVO

Dissertação de mestrado aprovada pela banca examinadora em 22 de maio de 2009,

conferindo ao autor o título de mestre em Qualidade Ambiental.

Componentes da Banca Examinadora Profª. Drª. Patrícia Grolli Ardenghi Centro Universitário Feevale (orientadora) Profª. Drª. Adriana Simon Coitinho Centro Universitário Metodista- IPA Prf. Dr. Luciano Basso da Silva Centro Universitário Feevale

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V

Dedico este trabalho a meus pais Oclides e Maria por terem dedicado sua vida pela minha educação. A meu marido Cláudio Roberto por ser a inspiração e estar incansavelmente ao meu lado na trajetória desta vida.

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VI

AGRADECIMENTOS

· À Profª. Drª. Patrícia meus sinceros agradecimentos pela oportunidade, confiança e apoio em todas as etapas e momentos deste trabalho.

· Às amigas Juleides, Marieni e Nadine pelo incentivo e todo apoio durante a trajetória

do curso.

· Aos amigos Tiago, Renata, Lisiane, Ricardo, Cleber, Deise, Nadia por disponibilizarem o seu tempo em prol desta valiosa ajuda.

· À Cooperativa Vinícola Aurora, em especial a Silvana Andreola e Marlene, por

abrirem as portas para realização deste trabalho.

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VII

RESUMO

As mudanças tecnológicas, que ocorreram no mundo durante os últimos séculos, exigiram dos agricultores aumento da produtividade. Desta forma, foi introduzido o uso de agrotóxicos nas lavouras. Estas substâncias têm a finalidade de proteger as culturas contra pragas, doenças e plantas daninhas, porém podem também trazer prejuízos à saúde do trabalhador e ao meio ambiente. O Rio Grande do Sul é o estado responsável por 90% da produção de uva que se destina à fabricação de vinhos no país, sendo a região da Serra Gaúcha a que mais se destaca. Atualmente, o sistema de produção da uva é altamente dependente dos agrotóxicos, pois ocorrem inúmeras perdas na produção devido às pragas. A utilização dos agrotóxicos está amplamente difundida, porém poucos estudos estão sendo realizados para elucidar os efeitos sobre a saúde humana. Este estudo avaliou, através de questionário, o perfil sócio-econômico de 235 de viticultores usuários de agrotóxicos de Bento Gonçalves, Monte Belo do Sul e Santa Tereza, além de dados relacionados à produção rural, o uso de agrotóxicos e morbidades que possam estar ligadas a sua utilização. A pesquisa mostrou que a população apresenta média de idade de 46,42 anos, 60,3% possuem ensino fundamental incompleto e 82,6% é composta trabalhadores do sexo masculino. Os agricultores possuem uma alimentação equilibrada, com o hábito de beber vinho junto às refeições e um baixo índice de fumantes. O trabalho na lavoura inicia com pouca idade e os homens são os grandes responsáveis pelas atividades relacionadas à preparação e aplicação dos agrotóxicos. Todos os produtores entrevistados utilizam algum tipo de agroquímico no cultivo da uva e foram citadas mais de 181 marcas diferentes, com destaque para os fungicidas. O conhecimento para lidar com os pesticidas é herdado de pai para filho e a cooperativa parece exercer um papel educativo sobre os agricultores. Somente 65,53% dos agricultores utilizam o EPI completo, salientando-se que os homens protegem-se mais que as mulheres (χ2=8,097; p=0,004) e 63,83% dos entrevistados já sentiram algum sintoma após a aplicação de defensivos agrícolas, principalmente dores de cabeça. Existe uma relação entre os indivíduos doentes e a utilização correta do EPI (χ2=9,141; p=0,002). Entre a população feminina, 11,1% das mulheres tiveram dificuldade em engravidar e 6% já sofreram de algum aborto espontâneo. Entre os viticultores, 42,1% relataram ter alguma doença, destacando-se a hipertensão (11,5%) e hipercolesterolemia (10,6%). Uma maior conscientização por parte dos agricultores sobre a necessidade de autoproteção e de que os agrotóxicos devem ser utilizados de forma adequada deve ser reafirmada junto a esta população. Visto que uma boa parcela ainda não utiliza os EPIs de forma adequada e grande parte não possui o conhecimento técnico necessário para lidar com agrotóxicos. Alternativas para o controle de pragas como, por exemplo, melhorar a genética dos cultivares, aumentar a eficiência na aplicação dos produtos e utilizar a cobertura plástica devem ser pensadas para minimizar os impactos da aplicação de agroquímicos. Assim, as características ocupacionais dos viticultores da serra gaúcha mostradas neste trabalho poderão contribuir com estudos futuros na prevenção da saúde do trabalhador e preservação do meio ambiente.

.

Palavras-chave: agrotóxicos, poluição ambiental, serra gaúcha, viticultores.

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VIII

ABSTRACT

The worldwide technological changes seen in the past centuries have demanded increased productivity from farmers. In this scenario, agrochemicals were introduced in plantations. These substances are intended to protect crops against plagues, diseases and weeds, though they may also cause harm to the health of workers and to the environment. The state of Rio Grande do Sul, Brazil, accounts for 90% of the grapes harvests used in the production of wines in the country, and the mountainous region of the state is the place where the activity holds a special position. Nowadays, the grape production system is highly dependent on agrochemicals, as a wide array of plagues cause considerable losses to the industry. Agrochemicals are widely used, but few studies are carried out to clarify the consequences of such substances to human health. The present study used a questionnaire to evaluate the socioeconomic profile of 235 vineyard workers who use agrochemicals in the municipalities of Bento Gonçalves, Monte Belo do Sul, and Santa Tereza, in the mountainous region of the state. Also, data related to agricultural production, use of agrochemicals and morbidity were analyzed in connection with the use of the substances. The research shows that the mean age of the population studied was 46.42 years, that 60.3% have finished secondary school, and that 82.6% are males. The workers adopt a balanced diet, have the habit of consuming wine during meals, and few of them are smokers. These individuals start working in plantations at a very young age, and the men are responsible for the activities related to the preparation and application of agrochemicals. All workers interviewed use some kind of agrochemical in their vineyards. Over 181 agrochemical brands are used, most of which are fungicides. The knowledge required to use pesticides is usually passed on from father to son, and the cooperative associations seem to play an educational role in this system. Only 65.53% of the workers use some personal protection equipment, with men being the majority (χ2=8.097; p=0.004), and 63.83% of the interviewees have reported some kind of symptoms after the use of agrochemicals, specially headaches. A correlation was observed between individuals presenting some disease and the correct use of the personal protection equipment (χ2=9.141; p=0.002). As for women, 11.1% have experienced problems to get pregnant and 6% have suffered miscarriage. Among the vineyard workers interviewed, 42.1% reported some disease, specially hypertension (11.5%) and hypercholesterolemia (10.6%). Alternative plague control measures, like improved cultivar genetics, increased efficiency of products as well as the use of plastic covers should be considered to minimize the impacts caused by the use of agrochemicals. Therefore, the occupational characteristics of vineyard workers of the region may contribute to future studies on the prevention of health problems and environment conservation.

Keywords: agrochemicals, environment pollution, mountainous region, vineyard workers.

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IX

RELAÇÃO DE FIGURAS

Figura 1 – Representação dos danos ambientais provocados pelo uso de agrotóxicos e seus instrumentos de regulação que podem servir para apontar políticas públicas que auxiliem na racionalização do uso dos agrotóxicos . ..................................................................................... 7

Figura 2 – Cultivo extensivo da videira no distrito de Tuiuty, em Bento Gonçalves. Período de brotação.. .................................................................................................................................. 16

Figura 3 – Imagem de folha, haste e bagas de videira com sintomas de antracnose ............... 19

Figura 4 – Mapa da localização dos municípios da Serra Gaúcha. Incluídos neste estudo os municípios de Bento Gonçalves, Santa Tereza e Monte Belo do Sul. .................................... 23

Figura 5 – Representação gráfica dos tipos de equipamentos de proteção individual (EPIs) utilizados pelos agricultores quando estão em contato com os agrotóxicos. ........................... 29

Figura 6 – Representação gráfica demonstrando a relação entre a cooperativa e a dose de agrotóxicos utilizada pelos viticultores. Não existe associação entre a associação ou não a uma cooperativa com a utilização da dose preconizada pelo fabricante ................................. 30

Figura 7 – Representação gráfica relacionando a utilização dos EPIs de forma completa conforme o sexo. Existe associação entre a utilização do EPI completo conforme o sexo do agricultor que o utiliza ............................................................................................................. 31

Figura 8 – Representação gráfica da relação entre a utilização de EPIs completo ou não com abortos espontâneos e dificuldade em engravidar na população feminina que participou do estudo. Não foi encontrada associação entre a dificuldade de engravidar e de aborto espontâneo com a utilização de EPI de forma adequada onde respectivamente encontrou-se 32

Figura 9 – Representação gráfica das doenças citadas em maior número pelos viticultores entrevistados. ............................................................................................................................ 33

Figura 10 – Representação gráfica da relação entre as doenças citadas no estudo com a utilização dos EPIs de forma completa ou não nos agricultores pesquisados. Existe associação entre a utilização dos equipamentos de proteção individuais com presença de alguma doença no viticultor da serra gaúcha .................................................................................................... 34

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X

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Dados sobre a produção de uvas na microrregião da Serra Gaúcha que engloba os municípios de Bento Gonçalves, Santa Tereza e Monte Belo do Sul. .................................... 17

Tabela 2 - Características sócio-demográficas dos viticultores. Estudo transversal em Bento Gonçalves, Monte Belo do Sul e Santa Tereza (n= 235). ........................................................ 26

Tabela 3: Atividades laborais desempenhadas pelos agricultores relacionadas ao contato com agrotóxicos e os afazeres desenvolvidos especificamente por homens e mulheres entrevistados neste estudo. ............................................................................................................................. 27

Tabela 4 - Agrotóxicos citados pelos viticultores, aplicados na safra 2008. Dados do percentual de utilização do agrotóxico citado pelo total de agricultores entrevistados, classificação dos agrotóxicos, aplicação no cultivo e a classe toxicológica conforme legislação nacional..................................................................................................................................... 28

Tabela 5: Sintomas que os agricultores relataram sentir após algum contato com agrotóxicos.................................................................................................................................................. 31

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XI

LISTA DE ANEXOS

ANEXO 1 TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ............................ 47

ANEXO 2 Questionário de Saúde Pessoal............................................................................... 49

ANEXO 3 Foto do parreiral com cultivo protegido por cobertura plástica impermeável, a qual aumenta a produtividade e diminui a aplicação de fungicidas. ................................................ 56

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XII

ÍNDICE DE ABREVIATURAS

AChe Acetilcolinesterase eritrocitária AHH Arilhidrocarbonetohidroxilase ANVISA Agência nacional de vigilância sanitária Bche Butirilcolinesterase plasmática CAT Comunicado de acidente de trabalho CIT Centro de informações toxicológicas Cu2SO4 Sulfato de cobre DDT Dicloro-difenil-tricloroetano DL50 Dose letal mg/Kg provoca a morte em 50% dos animais DNA Ácido desoxirribunucleico EBDC Etilenobisditiocarbamatos EPI Equipamento de proteção individual ETU Etilenotioureia FAO Organização das Nações Unidas para agricultura e alimentação IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços ICPEMC Internacional Comission Protection Against Environmental Mutagens and

Carcinogens IS Intervalo de segurança LD 50 Dose letal mediana LMR Limites máximos de resíduos MS Ministério da Saúde PND Plano Nacional de Desenvolvimento POEA Polioxietilenoamina RA Receituário Agronômico SIA Sistema de Informações sobre Agrotóxicos SIH/SUS Sistema de Informações Hospitalares do SUS SINAN Sistema de Informação de Agravos de Notificação Sindag Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola Sinitox Sistema Nacional de Informações Tóxico Farmacológicas SNC Sistema Nervoso Central SUS Sistema Único de Saúde TCAB 3,4,3’,4’-tetracloroazobenzeno TCAOB 3,4,3’,4’-tetracloroazoxibenzeno TPO Tireoideoperoxidase

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XIII

SUMÁRIO

RESUMO ................................................................................................................................VII

ABSTRACT .......................................................................................................................... VIII

RELAÇÃO DE FIGURAS....................................................................................................... IX

LISTA DE TABELAS .............................................................................................................. X

LISTA DE ANEXOS ...............................................................................................................XI

ÍNDICE DE ABREVIATURAS .............................................................................................XII

1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 1

2.OBJETIVOS............................................................................................................................ 3 2.1 OBJETIVO GERAL........................................................................................................ 3 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS: ......................................................................................... 3

3. REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................................. 4 3.1 AGROTÓXICOS............................................................................................................. 4 3.2 MEIO AMBIENTE E VIAS DE CONTAMINAÇÃO ................................................... 5 3.3 SAÚDE HUMANA E INTOXICAÇÕES ....................................................................... 7 3.4 DESAFIOS DO MONITORAMENTO DA EXPOSIÇÃO A AGROTÓXICOS........... 8 3.5 CUSTOS COM A SAÚDE............................................................................................ 10 3.6 TOXICOLOGIA DOS AGROTÓXICOS MAIS UTILIZADOS NA VITICULTURA............................................................................................................................................. 11

3.6.1 Herbicidas: ........................................................................................................... 11 3.6.2 Fungicidas............................................................................................................ 13 3.6.3 Inseticidas ............................................................................................................ 15

3.7 CULTIVO DA UVA ..................................................................................................... 16

4. MATERIAS E MÉTODOS.................................................................................................. 22 4.1 POPULAÇÃO ESTUDADA......................................................................................... 22 4.2 IMPLICAÇÕES ÉTICAS.............................................................................................. 22 4.3 QUESTIONÁRIO.......................................................................................................... 23 4.4 EQUIPE DE COLETA:................................................................................................. 24 4.5 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO ...................................................................................... 24 4.6 ESTATÍSTICA .............................................................................................................. 24

5. RESULTADOS .................................................................................................................... 25 5.1 PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DOS VITICULTORES......................................... 25 5.2 PRODUÇÃO VITÍCOLA E INFRA-ESTRUTURA .................................................... 25 5.3 USO DE AGROTÓXICOS ........................................................................................... 27 5.4 MORBIDADES............................................................................................................. 32

6. DISCUSSÃO........................................................................................................................ 35

7. CONCLUSÃO...................................................................................................................... 40

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 41

ANEXO 1 ................................................................................................................................. 47

ANEXO 2 ................................................................................................................................. 49

ANEXO 3 ................................................................................................................................. 56

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1. INTRODUÇÃO

Atualmente a utilização de agrotóxicos é amplamente difundida, porém poucos

estudos em relação aos efeitos do uso destas substâncias sobre o ambiente e a saúde humana

têm sido realizados. Os viticultores da serra gaúcha representam um grupo de indivíduos

expostos aos agrotóxicos a cada safra. Um dos agrotóxicos mais utilizados é a “calda

bordalesa”, além de outros defensivos e, dependendo de sua composição química, podem

interferir na homeostase dos sistemas biológicos (GIOVANNINI, 1997).

O sistema de produção de uvas é altamente dependente de agrotóxicos. O uso

indiscriminado dos biocidas e a falta de equipamentos de proteção são responsáveis pelas

intoxicações dos trabalhadores rurais (SOUZA, 2007). A absorção dos agrotóxicos se dá pela

via respiratória, dérmica e em menor quantidade pela via oral, tendo como consequência

intoxicações agudas ou crônicas (SILVA et al., 2005; SOUZA, 2007). Ramos et al. (2002),

observaram que, no cultivo de uvas, como a pulverização é realizada para cima, a exposição

dérmica é maior na parte superior do corpo, justificando a preocupação com o uso adequado

dos equipamentos de proteção individual (EPIs). Além dos efeitos agudos, que apresentam

sintomas imediatos, a contaminação crônica com o uso dos pesticidas necessita ser avaliada,

pois seus prejuízos podem atingir níveis celulares que somente serão elucidados com estudos

sucessivos destas populações expostas aos agrotóxicos.

Em um estudo com trabalhadores rurais que tiveram contato a defensivos químicos,

verificou-se que 51% da população apresentavam algum distúrbio respiratório e 15% início de

distúrbio ventilatório obstrutivo e concluiu-se que a alta prevalência de distúrbios

ventilatórios decorre da não-observância do uso dos equipamentos de proteção

(SENHORINHO et al., 2005). Faria et al. (2000) estudaram uma amostra de 1.479

trabalhadores rurais da região serrana do Rio Grande do Sul e constataram que 75% deles

lidavam com agrotóxicos. Destes, 12% já haviam sofrido algum tipo de intoxicação pelos

produtos no decorrer da vida e 36% apresentavam algum tipo de transtorno psiquiátrico

menor.

Fica evidente a necessidade da vitivinicultura adotar padrões modernos de cultivo

onde, além de produtos de alta qualidade, mostre a preocupação com a saúde do trabalhador, a

preservação e o desenvolvimento ambiental, ou seja, uma visão global necessária para a

adequação no mercado atual. Procurando conhecer as condições de trabalho e saúde dos

viticultores, buscou-se elucidar fatores que possam prevenir doenças relacionadas ao contato

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com os pesticidas e ainda levantar sugestões que sejam alternativas para minimizar as

exposições aos agrotóxicos.

É importante ressaltar que, para tomar ações que evitem danos a saúde do trabalhador

rural, faz-se necessário conhecer as condições culturais, socioeconômicas e as características

ocupacionais do cultivo da uva. Somente após o levantamento destas carências, poderemos

efetivar medidas e programas que busquem melhorar a condição de vida e do trabalho da

população rural.

O presente trabalho busca avaliar a qualidade de vida de viticultores da serra gaúcha,

procurando identificar potenciais agravos à saúde dos trabalhadores expostos aos agrotóxicos.

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2.OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Conhecer as condições de trabalho e saúde do viticultor da Serra Gaúcha que ficam expostos a

agrotóxicos.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

- Descrever o perfil socioeconômico do produtor de uva da Serra Gaúcha;

- Conhecer as características ocupacionais do cultivo da uva;

- Descrever a prevalência de patologias entre os viticultores;

- Avaliar os impactos da utilização de agrotóxicos na saúde do manipulador, levando

em conta as características do trabalho rural;

- Criar subsídios à discussão das práticas no emprego de agrotóxicos.

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3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1 AGROTÓXICOS

Mudanças tecnológicas e organizacionais ocorreram no mundo durante o século 20

(RAMOS, 2001). A agricultura que, num primeiro momento foi o meio sustentável de vida

dos agricultores e suas famílias, converteu-se numa atividade orientada para a produção

comercial (SPADOTTO, 2006). O crescimento populacional e o aumento da demanda

energética estimularam os processos de produção agrícola a buscarem tecnologias,

objetivando um aumento da produtividade (SILVA et al., 2005). Entre as principais mudanças

tecnológicas que contribuíram para a alteração do processo agrícola destaca-se a substituição

da mão-de-obra pela mecanização, introdução de agroquímicos e utilização da biotecnologia,

além dos organismos geneticamente modificados (transgênicos) (SILVA et al., 2004)

Atualmente o Brasil ocupa o quarto lugar no ranking dos países consumidores de agrotóxicos,

equivalente a 50% da quantidade consumida na América Latina, o que envolve a quantia de

U$ 10.246 milhões em 2008 (SINDAG, 2007).

A introdução de agrotóxicos organossintéticos no Brasil iniciou em 1943 com as

primeiras amostras de Dicloro-Difenil-Tricloroetano (DDT) (SPADOTTO, 2006), sendo

posteriormente prescrita e regulamentada pela Lei 7.802/89 e Decretos 98.816/90 e

4.074/2002 que, resumidamente, define agrotóxicos como produtos destinados a proteger

culturas agrícolas das pragas, doenças e plantas daninhas, visando elevar sua produtividade

(BRASIL, 2002). Os termos pesticidas, praguicidas, biocidas, fitossanitários, defensivos

agrícolas, venenos e remédios mencionados neste trabalho, pertencem ao mesmo grupo de

substâncias químicas denominados “agrotóxicos”.

Os agrotóxicos são agrupados de acordo com o tipo de praga a ser controlada, como

inseticidas, herbicidas, fungicidas e outros. No rótulo, apresentam uma faixa que, de acordo

com a cor, indica a classe toxicológica, ou seja, o grau de toxicidade contido no mesmo. O de

cor vermelho, por exemplo, é extremamente tóxico (GARRIDO, 2003). A classe toxicológica

reflete a toxicidade aguda e não indica os efeitos da exposição crônica, que teria como

conseqüência, câncer, neuropatias e outros (FARIA et al., 2007). As diferenças individuais e

genéticas dos trabalhadores ou as condições de exposição podem influenciar para a maior, ou

menor, sensibilidade dos indivíduos a intoxicação (FARIA et al.,2004).

Os agrotóxicos vieram para o Brasil na década de 1960-1970 como uma solução

científica para o controle das pragas que atingiam lavouras e rebanhos (SOARES et al., 2005).

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A indústria química reforçou esta visão e passou a legitimar o uso indiscriminado dos

agrotóxicos no meio rural, sem dar nenhuma outra alternativa para os trabalhadores, expondo-

os aos efeitos nocivos destas substâncias (PERES, 2003). A partir de 1975, o Plano Nacional

de Desenvolvimento (PND), estimulou o uso dos agrotóxicos através do financiamento

agrícola, onde uma cota do valor era obrigatoriamente destinada para a aquisição de

agrotóxicos (SILVA et al., 2004). Além disso, a abertura para o comércio internacional desses

produtos foi facilitada disseminando a aplicação de agrotóxicos no Brasil (Manual de

Vigilância da Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos) (BRASIL, 1997).

A América Latina foi a região de maior aumento no uso de agrotóxicos (120%). Entre

1964 e 1991, o consumo de agrotóxicos aumentou consideravelmente (276,2%), em

proporção a área plantada (76%)(MMA). No período entre 1991 a 2000, houve aumento de

400% no consumo de agentes químicos e 7,5% de área plantada (MIRANDA et al., 2007). De

acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola (Sindag), em

2006, o Brasil consumiu U$ 3.919.841,00 em agrotóxicos, sendo 10,4% deste valor no estado

do Rio Grande do Sul.

A agricultura envolve 26% do total dos trabalhadores com mais de 10 anos de idade

no país, aumentando para 30% na região sul. O cultivo familiar abrange cerca de dois terços

desta população, que foi alvo de profundas modificações nas práticas agrícolas e prejuízos à

saúde do trabalhador (FARIA et al., 2000).

Além disso, muitas vezes ocorre a combinação de vários produtos biocidas que devido

à mistura podem alterar o seu comportamento tóxico e não se tem conhecimento dos efeitos

destas associações sobre os organismos (SPADOTTO, 2006). Neste estudo, considera-se o

termo: agricultor, produtor rural, trabalhador rural, comunidade agrícola e viticultor como o

trabalhador que cultiva uva na região da serra gaúcha e está exposto aos defensivos agrícolas.

3.2 MEIO AMBIENTE E VIAS DE CONTAMINAÇÃO

Os agrotóxicos são um dos mais importantes fatores de risco para a saúde da

população, em particular do trabalhador rural, além dos danos causados ao meio ambiente e

do aparecimento de resistência nos organismos alvo (SILVA et al., 2005). Os efeitos de

intoxicações pelos agrotóxicos não estão apenas nos trabalhadores expostos, mas também, na

contaminação do solo, da atmosfera, das águas e alimentos, que colocam em risco a

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população que consome o que é produzido no campo, tendo como consequência à alteração

do funcionamento do ecossistema (Figura 1) (FEHLBERG et al., 2003).

Segundo Moreira, et al. (2002), o impacto direto da contaminação humana por

agrotóxicos ocorre por três vias principais:

a) Via ocupacional: contaminação que ocorre diretamente nos trabalhadores que manipulam

as substâncias. Ocorre tanto no processo de formulação, quanto na utilização e na colheita.

Esta via é responsável por 80% dos casos de intoxicação por agrotóxicos, dada a intensidade e

frequência do contato entre o homem e o produto.

b) Via ambiental: caracteriza-se pela dispersão/distribuição dos agrotóxicos nos diversos

componentes do meio ambiente: contaminação das águas, lençóis freáticos, leitos dos rios,

córregos, lagos e lagunas; contaminação atmosférica, resultante da dispersão de partículas

durante a pulverização; e contaminação do solo. Acredita-se que um maior número de pessoas

ficam expostas através desta via, em relação à via ocupacional, mas o seu impacto é

consideravelmente menor.

c) Via alimentar: caracteriza-se pela ingestão de alimentos contaminados por agrotóxicos. O

impacto desta via é comparativamente menor, pois a concentração dos resíduos que

permanecem nos produtos e o processo de beneficiamento (cozimento, fritura) minimiza este

impacto. Esta via atinge uma ampla parcela da população.

Peixes e crustáceos também sofrem o impacto diminuindo sua biodiversidade e

gerando desequilíbrio. Segundo Peres & Moreira (2003), a contaminação de peixes,

crustáceos, moluscos e outros animais representa uma fonte potencial de contaminação

humana, cujos riscos podem ser ampliados ao longo da cadeia alimentar por meio da

biomagnificação.

A saúde das comunidades pode ser afetada pelos agrotóxicos através de mecanismos

indiretos. A utilização de agrotóxicos pode desencadear a criação de microorganismos mais

resistentes, substituindo espécies inofensivas por outras mais perigosas para o homem

(MOREIRA et al., 2002). Além disto, alguns agrotóxicos podem eliminar os predadores e

seus competidores naturais, ou seja, alguns indivíduos mais resistentes às pragas, não são

totalmente dizimados, restando indivíduos com genótipo mais forte (SOARES, 2007).

Espécies que eram controláveis com as dosagens normais dos agroquímicos necessitam

posteriormente de doses maiores.

Nos trabalhadores rurais os agrotóxicos são absorvidos pelas vias respiratórias,

dérmica, e em menor quantidade pela via oral, podendo causar intoxicações agudas ou

crônicas (SILVA et al. 2005; SOUZA, 2007). Existe um conceito entre as pessoas de que a

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toxicidade oral aguda é o dado mais importante, porém isto não corresponde à realidade, pois

raramente alguém ingere o produto. Na verdade, a pele possui o maior risco à intoxicação

além dos pulmões que apresentam absorção mais rápida (GARRIDO, 2003).

Figura 1 – Representação dos danos ambientais provocados pelo uso de agrotóxicos e seus instrumentos de regulação que podem servir para apontar políticas públicas que auxiliem na racionalização do uso dos agrotóxicos (Fonte: Soares et al., 2007).

3.3 SAÚDE HUMANA E INTOXICAÇÕES

No Brasil, os dados sobre intoxicações por agrotóxicos não refletem a realidade

devido à dificuldade de acesso às unidades de saúde e ao despreparo das equipes em

relacionar a exposição a agrotóxicos. Foram registrados no Sinitox (Sistema Nacional de

Informações Tóxico-Farmacológicas), entre 1989 e 2003, mil novecentos e noventa e oito

óbitos por intoxicação devido a agroquímicos, sendo que 34,6% na Região Sul do país. Além

disso, observa-se que os agricultores do sexo masculino que preparam e aplicam a “calda”

recebem pouco preparo técnico, pois a aprendizagem é passada de pai para filho, dificultando

a manutenção do conhecimento (SILVA et al., 2005).

O Ministério da Saúde estima que mais de 400.000 pessoas são contaminadas

anualmente por agrotóxicos (BRASIL, 2008). Visto que foram notificadas no país

aproximadamente 8.000 intoxicações em 2002, este número deveria ser multiplicado por 50

que é fator de correção usado para dimensionar os casos não notificados (PERES, 2005).

Intoxicação aguda

Intoxicação crônica

Saúde do trabalhador

rural

Saúde dos consumidores

Saúde humana

Uso de agrotóxicos

Meio ambiente

Biota

Água e solo

Desequilíbrio ecológico

Biomagnificação

Contaminação local e a distância

Contaminação superficial e subterrânea

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Analisando o número de intoxicações por região do país, destacam-se os estados do Rio

Grande do Sul e Mato Grosso do Sul, mas não há o registro de todas as ocorrências O que se

observa, na prática, é o registro somente de casos mais graves (FARIA et al., 2007). Nestes

dois estados podemos encontrar somente um Centro de Informações Toxicológicas (CIT) que

estão localizados na capital dos mesmos.

Os resultados de vários estudos indicam que fatores socioeconômicos como, por

exemplo, o nível de escolaridade, estão fortemente ligados à prevalência das intoxicações

(PERES et al., 2005; FARIA et al., 2007; RIGOTTO, 2003), ou seja, a dificuldade no

processo de comunicação e de perceber os riscos destes agentes químicos aumentam as

chances de intoxicação do trabalhador. Existe então o grande desafio de incorporar à cultura

dos agricultores uma linguagem que traga as informações necessárias de forma clara e segura.

O risco causado por uma substância química para a saúde de um ser vivo depende de

dois fatores: do tipo de exposição e da toxicidade da substância (PERES et al., 2005). No

sistema de Informações sobre Agrotóxicos – SIA mantido pelo Ministério da Agricultura, da

Saúde, do Meio Ambiente, ANVISA e IBAMA, observa-se que herbicidas que possuem em

sua formulação glifosato podem ser registrados com classificações toxicológicas diferentes.

Exemplo disto é o Atanor (classe III) e Roundp, Nortox (Classe IV). Suas formulações são

similares quanto a sua composição, mas apresentam toxicidade diferente.

Faria et al. (2000) estudaram uma amostra de 1.479 trabalhadores rurais da região

serrana do Rio Grande do Sul e constataram que 75% deles lidavam com agrotóxicos. Destes,

12% já haviam sofrido algum tipo de intoxicação pelo produto em algum momento da vida e

36% apresentavam algum tipo de transtorno psiquiátrico menor. Em outro estudo, Senhorinho

et al. (2005), observaram trabalhadores rurais expostos a defensivos químicos e verificou que

51% da população apresentou algum distúrbio respiratório e 15% início de distúrbio

ventilatório obstrutivo, concluíram que a alta prevalência de distúrbios ventilatórios decorre

da não-observância do uso dos equipamentos de proteção. Mesmo com o aumento das

pesquisas sobre os impactos da utilização de agrotóxicos, ainda não se têm informações

seguras sobre o consumo, a diversidade de produtos e a real extensão dos danos causados a

saúde do trabalhador (FARIA et al., 2007).

3.4 DESAFIOS DO MONITORAMENTO DA EXPOSIÇÃO A AGROTÓXICOS

Os agrotóxicos fazem parte de um grupo heterogêneo de compostos que variam tanto

na sua estrutura química quanto nos seus mecanismos tóxicos de ação (SILVA et al., 2005).

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Entre os métodos de quantificação mais resolutivos para medir a concentração da substância

ou metabólitos no sangue, na urina, etc, destaca-se a cromatografia em fase gasosa ou fase

líquida de alta performance (PERES et al., 2005). Os cromatógrafos são equipamentos caros,

necessitam de etapas preliminares de extração, mas podem ser aplicados para todo tipo de

agrotóxico (FARIA et al, 2007). No Brasil, o fator limitante para massificar sua aplicação é

de ordem econômica (PERES et al., 2005). Por ter o custo mais acessível são utilizados, nas

pesquisas e exames de rotina, os indicadores de efeito que sinalizam as consequências e

indiretamente a intensidade da exposição como, por exemplo, as colinesterases e atividade da

enzima Na/K ATPase (PERES et al., 2005).

A legislação trabalhista brasileira através de normas regulamentadoras (NRs), cujo

objetivo é a promoção e preservação da saúde do conjunto dos seus trabalhadores, estabelece

que os trabalhadores rurais devem fazer exames médicos periódicos. Para os inseticidas

organofosforados e carbamatos são exigidas as dosagens de colinesterase plasmáticas e/ou

eritrocitária, sendo utilizado como referência o valor pré-ocupacional (FARIA et al., 2007). É

muito difícil ter este valor, pois, na maioria das vezes, a utilização dos agrotóxicos é contínua

(FARIA et al., 2000). A maior parte dos estudos relacionados à utilização de agroquímicos

analisam a atividade das acetilolinesterases eritrocitária (AChe) e butirilcolinesterase

plasmática (PERES et al., 2005). Além da variabilidade dos valores de referência e de outros

problemas de saúde que alteram as colinesterases, o exame somente será conclusivo quando

feito em no máximo duas semanas após o contato com os agrotóxicos organofosforados

(FARIA et al., 2007). Isto leva a questionamentos sobre a indicação deste exame para

diagnosticar a intoxicação (PERES et al., 2005). O desafio é avaliar grupos químicos que não

alteram as colinesterases, como boa parte dos inseticidas (piretroides), fungicidas

(ditiocarbamatos, sulfato de cobre, captan) e herbicidas (glifosato, paraquat e outros) para os

quais não existem exigências na legislação e os exames disponíveis são de valor bastante

elevado. Além disto, a utilização da mistura de vários tipos de defensivos e até de produtos

proibidos no Brasil, como o caso do arsênico e o carbamato aldicarb (chumbinho), dificulta a

investigação das intoxicações (FARIA et al., 2007).

O objetivo do monitoramento da exposição humana a agentes tóxicos é minimizar o

número de pessoas com problemas clínicos e atenuar a gravidade da intoxicação (PERES et

al., 2005). Uma importante contribuição para os estudos é a informação de exposição a

agrotóxicos. O Receituário Agronômico, implantado em 1980, representou a tentativa de

controlar a comercialização dos defensivos agrícolas e tem como objetivo estimar as

quantidades e tipos de agrotóxicos utilizados no país (FARIA et al., 2007). Este documento

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tem sido criticado por ter se desviado do objetivo principal, tornando-se burocrático e sem

eficácia na orientação ao trabalhador. Desta forma, no Brasil, não temos um banco de dados

sobre a real quantidade de agroquímicos despejados no meio ambiente por cada profissional

da área agrícola, consequência da falta de fiscalização e cumprimento das leis (MOREIRA,

2002).

São poucos os casos de intoxicações a agricultores, causados pelos agroquímicos,

que são registrados nos sistemas de registro disponíveis para notificação como, por exemplo,

o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (SINITOX), Sistema de

Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS), Comunicado de Acidente

de Trabalho (CAT), Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) (PERES et

al., 2005). Na prática, somente são registrados casos agudos e mais graves, ou seja, o sub-

registro é muito grande devido à falta de informação, difícil acesso dos trabalhadores rurais

entre outros motivos (SILVA et al., 2005; PERES et al., 2005; FARIA et al., 2007). Assim,

os casos registrados nestes bancos de dados não correspondem à realidade, sendo necessário

cautela na interpretação dos mesmos. Além disso, a grande lacuna é estudar a exposição

crônica onde a situação multifatorial dificulta relacionar a exposição a agrotóxicos com os

efeitos sobre a saúde a médio e longo prazo (McCAULEY et al., 2006).

Deve-se reconhecer que há limites técnicos que dificultam as avaliações

toxicológicas e ambientais no que se refere às pesquisas relacionadas aos agrotóxicos,

impedindo a análise completa dos riscos ao meio ambiente e ao trabalhador. Entre estes

desafios está a quantificação do volume de pesticidas aplicados no cultivo, as impurezas

presentes nas formulações comercializadas e a toxicidade dos subprodutos formados pela

decomposição destas substâncias (FARIA et al., 2007).

3.5 CUSTOS COM A SAÚDE

Quando florestas são desmatadas, rios e solos são poluídos, trabalhadores e

consumidores são contaminados, os custos das doenças e da qualidade de vida da população

acabam sendo coletivamente absorvidos pela sociedade e pelos sistemas públicos

previdenciários de saúde (SOARES et al., 2007). Segundo Guia de Vigilância Epidemiológica

do Ministério da Saúde (1998), o Sistema Único de Saúde (SUS) despende para o tratamento

aproximadamente R$ 150,00 para cada paciente vítima de intoxicação por agrotóxico. Além

disso, os agrotóxicos são isentos de Imposto sobre a Circulação de Mercadoria e Serviços

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(ICMS) desde 1992, e a União é responsável por cobrir todos os custos referentes ao controle

e reparação dos danos decorrentes da utilização desses agroquímicos.

Quando um produtor agrícola toma a decisão individual sobre a quantidade de

agrotóxicos que será aplicada na sua plantação, faz uma avaliação em relação à produtividade

e ao custo da mesma. Entretanto, pensando na sua produção poderá desprezar os efeitos para a

saúde humana e dos ecossistemas, trazendo assim impactos para o sistema de saúde,

previdenciário e a sociedade como um todo (SOARES et al., 2007). Em um estudo realizado

por Soares et al. (2002), foi analisado o custo-benefício do uso de agrotóxicos em Minas

Gerais, levando em conta o custo dos agrotóxicos, o valor para o tratamento da intoxicação do

trabalhador com internação, compra de medicamentos e dias de abstinência do trabalho.

Concluiu-se que o uso de agrotóxicos e suas consequências para o meio ambiente e a saúde do

trabalhador apontam para a necessidade e a investigação dos reais benefícios do uso dos

mesmos.

3.6 TOXICOLOGIA DOS AGROTÓXICOS MAIS UTILIZADOS NA

VITICULTURA

Todos os compostos com ação praguicida podem ser potencialmente tóxicos, em graus

variáveis, ao homem, organismos vivos e ao ecossistema (OLIVEIRA-SILVA, 2001). Desta

forma, a avaliação toxicológica compreende o estudo toxicológico em animais de laboratório

e em outros sistemas de provas, demonstrando os prováveis efeitos da sua ação sobre a saúde

humana. Os agrotóxicos mais utilizados na viticultura estão relacionados a seguir.

3.6.1 Herbicidas:

3.6.1.1 Glifosato

São compostos que apresentam na estrutura fundamental o aminoácido glicina

(DUKE, 1990). Seu nome químico é N-(fosfonometil) glicina e apresenta-se como um sólido

branco, inodoro e solúvel em água (AMARANTE Jr. et al, 2002). Aproximadamente 50% da

molécula de glifosato é degradada no solo em 28 dias e cerca de 90%, em 90 dias (ANDREA

et al., 2004). O glifosato é considerado de baixa toxicidade aguda em mamíferos

(AMARANTE Jr. et al., 2001). Em ratos a DL50 oral é de 4,870 mg/Kg (BRASIL, 2008).

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Entre os sintomas apresentados na intoxicação, destaca-se que as formulações de glifosato

produzem poucos efeitos tóxicos em contato com a pele e quando ocorre ingestão oral há um

desconforto gástrico (AMARANTE, Jr. et al, 2002). Em animais de laboratório, observou-se

aumento do ritmo da respiração e elevação da temperatura (GARCIA-C., 2008). No homem, a

ingestão de grandes doses pode levar a edema pulmonar, hipotensão e oliguria (AMARANTE

Jr. et al., 2002). Muitas vezes a gravidade do envenenamento com as formulações destes

herbicidas acontece devido a outros componentes presentes nas formulações, como é o caso

do polioxietilenoamina (POEA), utilizado como surfactante (GARCIA-G., 2008).

3.6.1.2 Paraquat

Herbicida da classe dos bipiridílicos com nome químico 1,1’-dimetil-4,4’-dicloreto de

dipiridilo (BRASIL, 2008). Apresenta-se como um sólido branco cristalino, higroscópico e

deliqüescente. O paraquat sofre decomposição fotoquímica e microbiológica que promove a

formação de diversos compostos, como o ácido hidroxi-4-picolínico, a N-formilglicina, o

4,4’-bipiridil, o íon 4-carboxi-1-metilpiridona, oxalato e succinato (SCHMITT et al., 2006).

Pode ocorrer absorção por via respiratória após contato direto com a formulação em

concentração de 5g/L ou superior, podendo ocasionar o aparecimento de sintomas

consideráveis (FERREIRA, 1993). No homem a absorção da dose oral corresponde a 20% da

dose total administrada e a excreção do composto é predominantemente pela bile (ALMEIDA

et al., 2007). Após a absorção, a substância é distribuída uniformemente por todos os tecidos,

concentrando-se especialmente nos rins, fígado, pulmão, baço, pâncreas, cérebro e músculos

(SCHMITT et al., 2006). Estudos indicam que 96% do paraquat é eliminado através da urina

nos três primeiros dias após administração subcutânea (HOUZE et al., 1990). A DL 50 oral

em ratos é de 100 mg/Kg e dérmica 80 mg/Kg (BRASIL, 2008). A sua toxicidade é

aumentada com o uso concomitante com álcool, e achados em autopsia de envenenamento

letal por compostos bipiridílicos revelavam hemorragia pulmonar, edema e áreas espessas

devido à proliferação fibroblástica na parede alveolar e proximidades impedindo a passagem

normal do ar nos alvéolos (HOUZE et al., 1990). O mecanismo de lesão pulmonar parece

estar relacionado ao aumento da peroxidação lipídica onde as membranas celulares

apresentam alta proporção de lipídeos insaturados, promovendo a perda da função e da

integridade (MELCHIORRI et al., 1996). Estudos recentes indicam que paraquat pode

também exercer uma ação deletéria no sistema nervoso central ao atravessar a barreira

hematoencefálica, pela destruição das células gliais. Entre os principais sintomas destacam-se,

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no homem, nos casos de ingestão, queimaduras na boca, náuseas, vômitos, dores abdominais

e diarréia (ALMEIDA et al., 2007). Após alguns dias aparecem transtornos hepáticos, como

icterícia, oligúria e albumenia, bem como transtornos cardíacos e falhas no eletrocardiograma

(HOUZE et al., 1990). O nível urinário é o indicador para o prognóstico de envenenamento,

onde concentrações menores a 1 mg/L indicam provável recuperação (FERREIRA, 1993).

Com doses superiores a 10 mg/L a morte geralmente ocorre nas primeiras 24 hs após a

ingestão (HOUZE et al., 1990). No caso de ingestão, medidas como diurese forçada,

hemodiálise, hemoperfusão e plasmaferese podem ser adotadas (SCHMITT et al., 2006).

3.6.1.3 Diuron

Herbicida derivado da ureia e considerado praticamente atóxico, mas deve-se tomar

cuidado no manuseio devido a contaminantes como o 3,4-diclorofenil em que ocorre a

condensação de duas moléculas 3,4,3’,4’-tetracloroazobenzeno (TCAB) e 3,4,3’,4’-

tetracloroazoxibenzeno (TCAOB) com ação embriotóxica e teratogênica (FERIOLI e

BARBIERI, 1994). Estas duas substâncias são indutoras potentes de

arilhidrocarbonetohidroxilase (AHH), e estão incluídas como substâncias carcinogênicas

(OLIVEIRA Jr., 2002). Outros estudos mostram que o TCAB é mutagênico e potencialmente

carcinogênico, o TCAOB provoca dermatite acniforme em indivíduos ocupacionalmente

expostos e permanece no solo por mais de 15 meses (LARINI, 1999). É facilmente absorvido

pelo trato gastrointestinal e respiratório e a biotransformação ocorre por N-desalquilação e

hidroxilação no anel aromático (FERIOLI e BARBIERI, 1994). Sua DL 50 em ratos é 3.400

mg/Kg (BRASIL, 2008).

3.6.2 Fungicidas

3.6.2.1 Mancozebe

Fungicida da classe dos ditiocarbamatos com nome químico de etileno bis-

ditiocarbamato de manganês ou zinco (KHERA, 1987). As intoxicações geralmente são por

via oral, respiratória e dérmica (FAIT et al, 1994). Os etilenobisditiocarbamatos (EBDC) são

biotransformados com formação de etilenotioureia (ETU) (LIESIVUORI et al., 1994). A

DL50 oral em ratos é de 8.000 mg/Kg (BRASIL, 2008). No homem, a exposição prolongada

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pode provocar insuficiência renal aguda, caracterizada pelo alto nível de creatinina, ureia e

ácido úrico, além de distúrbios no eletroencefalograma (FAIT et al., 1994). O provável

mecanismo da ação dos compostos, em particular a ETU, na indução de hiperplasia e tumores

da tireóide está associado a uma inibição na atividade tireoideoperoxidase (TPO). Esta síntese

tem início com a iodação de resíduos de tirosina na proteína tireoglobulina (KHERA, 1987).

O efeito teratogênico parece estar associado à carência de zinco, necessário ao

desenvolvimento normal do organismo e à diferenciação celular, por fazer parte de diversas

metaloenzimas e como cofator em atividade enzimática (LARINI, 1999). Apesar de

apresentar baixa toxicidade aguda, estes compostos necessitam de cuidados no manuseio

devido à possível presença de produtos de decomposição, como a etilenotioureia (ETU),

formada em condições inadequadas de armazenagem principalmente na presença de umidade

e oxigênio (LIESIVUORI et al., 1994). A meia vida (T1/2) da ETU no solo e em vegetais é de

7 dias, mas no ambiente é de 30 a 60 dias, significando uma produção constante de ETU

(KHERA,1987).

3.6.2.2 Sulfato de Cobre

Fungicida inorgânico cujo nome químico é sulfato cúprico pentahidratado (BRASIL,

2008). A sua ingestão pode causar salivação, náusea, vômitos, dor de estômago, coloração

azul das gengivas e da língua, anemia hemolítica, cólica e diarréia com sangue (LEBRE et al.,

2005). A intoxicação aguda por sais de cobre é rara pois a substância é muito adstringente e

provoca vômitos (BRASIL, 2008). Em casos severos, os rins e o fígado têm o seu

funcionamento comprometido e ocorre excitação do SNC (DASH, 1989). Quando uma

partícula do sulfato de cobre é deixada, acidentalmente, em contato com os olhos causa

inflamação severa no local e necrose e a córnea torna-se opaca (DASH, 1989). A LD 50 oral

em ratos é de 960 mg/Kg e em exposição dérmica é de 7,0 mg/Kg (BRASIL, 2008). A

decomposição térmica do sulfato de cobre produz compostos orgânicos altamente tóxicos

(GIOVANINI, 1997). No meio ambiente, inibe as atividades bacteriológicas em estação de

tratamento de efluentes. Por ser, fungicida e algicida atua na cadeia alimentar dos peixes e

deve ser isolado de água de nascentes dos rios, lagos e mamanciais (GUECHEVA et al.,

2006).

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3.6.2.3 Folpete

Fungicida da classe dos ftalimídicos cujo nome químico é 2-[(triclorometil)tio]-1H-

isoindol-1,3(2H)diona ou N-(triclorometiltio) ftalimida, um sólido cristalino de cor branca,

praticamente insolúvel na água e solúvel nos solventes orgânicos (BRASIL, 2008). Em

contato com a pele provoca dermatite eritematosa e edema das pálpebras. Outros sintomas

incluem hipertensão, depressão da função hepática, anemia e diminuição da atividade das

acetilcolinesterases (LARINI, 1999).

3.6.3 Inseticidas

3.6.3.1 Fentiona

Inseticida organofosforado, cujo nome químico é 0,0-dimetil-0-(3-metil-4-

mercaptofenil) fosforotioato, líquido de cor parda, com leve odor de alho, praticamente

insolúvel em água (55 mg/L) e solúvel na maioria dos solventes orgânicos (BRASIL, 2008).

A absorção dérmica é bastante alta em temperaturas elevadas e concentram-se nos tecidos

adiposos, fígado, rins, glândulas salivares, tireóide, pâncreas, pulmões e paredes do estômago

e intestino e em menor proporção no SNC e músculos (LARINI, 1999). A inibição da

acetilcolinesterase (AChe) é a causa principal de anormalidades da transmissão

neuromuscular, sendo os sinais e sintomas de intoxicação proporcionais ao nível de atividade

da enzima. Desta forma a acetilcolina é impedida de interagir com o sítio esteárico da enzima,

incapacitando a função fisiológica de desdobrar a acetilcolina em colina e ácido acético

(GALLI et al., 2006). A ação letal geralmente está atribuída à função respiratória:

broncoconstrição, secreção pulmonar excessiva, falência dos músculos respiratórios,

depressão do centro respiratório por hipóxia severa ou prolongada (CAVALIERE, 1996). O

prognóstico da provável morte é demonstrado por inconsciência, ausência de reflexos

pupilares, cianose e atividade de acetilcolinesterase de 10 a 30% (GALLI et al., 2006). A DL

50 ratos machos é de 190 mg/Kg (BRASIL, 2008).

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3.7 CULTIVO DA UVA

Entre os cultivos que mais se destacam no Brasil está o da produção de uvas que tem

se mantido crescente nos últimos anos, principalmente no Rio Grande do Sul, Paraná e

Pernambuco. Enquanto os estados de São Paulo e Pernambuco lideram o mercado na

produção de uvas destinadas ao consumo “in natura”, o estado do Rio Grande do Sul é

responsável por 90% da produção vinícola nacional. Em 2006, foram comercializados 267,33

milhões de litros de vinho, 131,32 milhões de litros de suco de uva e 8,76 milhões de litros de

espumante e 35,72 milhões de litros de outros derivados (MELLO, 2007).

Conforme o Censo Agropecuário realizado pelo IBGE (2007), no Brasil foram

produzidos no ano de 2005, 1.232.564 toneladas de uva, sendo que 611.868 toneladas no Rio

Grande do Sul, correspondendo a 49,64% da produção nacional. A microrregião da Serra

Gaúcha que engloba os municípios de Bento Gonçalves, Monte Belo do Sul e Santa Tereza,

destacam-se pela grande produção de uvas e vinhos e por este motivo foi escolhida como o

foco deste estudo.

Figura 2 – Cultivo extensivo da videira no distrito de Tuiuty, em Bento Gonçalves. Período de brotação. (Fonte: Pesquisadora,2008).

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Tabela 1. Dados sobre a produção de uvas na microrregião da Serra Gaúcha que engloba os municípios de Bento Gonçalves, Santa Tereza e Monte Belo do Sul. (Fonte: IBGE, 2007) Cidade População Área

Territorial

(km2)

Quantidade

Produzida

(ton)

Área

Plantada

(hectares)

Rendimento

médio

(Kg/hectare)

Bento Gonçalves 104.423 386 121.800 5.800 21.000

Monte Belo do Sul 2.850 68 35.200 2.200 16.000

Santa Tereza 1.531 72 12.600 700 18.000

Na fruticultura moderna, os produtos além de qualidade devem ser saudáveis, oferecer

segurança alimentar mediante a utilização de tecnologias não-agressivas ao meio ambiente e à

saúde humana, seja do trabalhador ou do consumidor. O mercado exige cada vez mais a

inocuidade do produto, assegurando alimentos de alta qualidade, equilíbrio do ciclo de

nutrientes, a preservação e o desenvolvimento da fertilidade do solo e a diversidade

ambiental, levando em conta a proteção do ambiente e os requisitos sociais (IN nº20)

(BRASIL, 2001). Com a abertura do mercado internacional, o produtor cada vez mais tem

que se adequar às necessidades do mercado externo, que exige comprovação de qualidade das

frutas e derivados. Além do produto final, com o aumento da consciência ecológica, os

consumidores analisam toda a cadeia produtiva antes da aquisição, levando em conta o risco

com o trabalhador e a contaminação do solo e da água, resultados da prática agrícola em

equilíbrio com o meio ambiente (PELINSON, 2002).

Atualmente, o sistema de produção de uvas é altamente dependente do uso de

agrotóxicos. O uso indiscriminado destes pesticidas e a falta do uso de equipamentos de

proteção são responsáveis pelas intoxicações dos trabalhadores rurais (GARRIDO et al.,

2004). Diversas pesquisas feitas com relação ao uso de agrotóxicos, em comunidades

agrícolas, têm, em comum, relatos sobre o descaso com o uso de equipamentos de proteção.

Em regiões produtoras de uvas ocorrem registros de altos índices de exposição dos

trabalhadores durante as pulverizações e com vestimentas inadequadas para a operação

(SOUZA, 2006). Em estudo feito por Scatena et al. (2006), no município de Macedônia, SP,

76% dos agricultores usavam defensivos agrícolas, deste grupo 82% nunca utilizaram

equipamentos de proteção individual (EPIs) na preparação da calda, 5% raramente

observavam o período de reentrada nas áreas de aplicação dos agrotóxicos, 8% usualmente

abasteciam os equipamentos de pulverização em cursos de água, 5% reutilizavam embalagens

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vazias destes produtos, 54% seguiam as orientações do momento da compra, 35% buscavam

orientação técnica de outras pessoas e 11% faziam do seu próprio modo. Constatou-se,

também, que muitos produtores acreditavam ser desnecessário o uso dos EPIs referenciando

nos questionários que “o agrotóxico só faz mal a quem não está acostumado”, “depois de

aplicar é só tomar leite”, “é coisa para homem, mulher não aguenta”.

Ramos et al. (2002), observaram que no cultivo de uvas, como a pulverização é

realizada para cima, a exposição dérmica era maior na parte superior do corpo, onde as áreas

mais afetadas foram as mãos que receberam 46% a 69% da calda que atingiu o corpo do

aplicador, seguido da cabeça e dorso. A tecnologia nesta área consiste em aplicar o agrotóxico

com conhecimento científico que propicie a correta utilização do produto no alvo, em

quantidade necessária, de forma econômica, com o mínimo de contaminação de outras áreas e

com segurança para o trabalhador (RAMOS, 2001).

A maior dificuldade em identificar os efeitos causados pelos agrotóxicos é a

intoxicação crônica, que aparece tanto nos trabalhadores rurais, bem como na população

consumidora, que devido ao longo período de exposição, às vezes em doses baixas, não

demonstra estar relacionada ao agroquímico (SOUZA, 2006). No entanto, estas

responsabilidades não podem ser somente atribuídas aos agricultores. A educação e o

treinamento devem partir desde os engenheiros agrônomos até os operadores de máquinas.

Um estudo realizado no estado de São Paulo mostrou que 85% dos trabalhadores rurais que

aplicam agrotóxicos aprenderam com leigos a manuseá-los, 57% não receberam nenhum tipo

de treinamento formal ou nenhuma orientação fitossanitária, somente 41% receberam alguma

orientação, sendo 14% do técnico da revenda, 13% da cooperativa (RAMOS et al., 1999).

Apesar da falta de informação 72% dos aplicadores são responsáveis pela regulagem do

pulverizador usado na produção e apenas 9% dos casos são regulados por técnico agrônomo

(RAMOS, 2001), refletindo, assim, na qualidade de aplicação dos agroquímicos e explicando

a ineficiência do processo de pulverização. A aplicação eficiente começa atingindo o alvo

biológico corretamente, seja uma planta daninha ou uma bactéria. Qualquer quantidade de

produto que não atinja o alvo é considerada perda, assim faz-se necessário melhorar as

tecnologias para que os procedimentos e equipamentos proporcionem maior proteção ao

ambiente e ao trabalhador (SOUZA, 2007).

No cultivo convencional de uvas viníferas no Rio Grande do Sul, são realizadas por

safra, em média, 14 pulverizações com fungicidas (FREIRE et al., 1992). Destas, 8 a 10 são

realizadas para o controle do míldio na videira (Plasmopara vitícola) (MENDES, 2002).

Verifica-se então que o produtor realiza as pulverizações semanalmente com o intuito de

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garantir a produção, mas sem saber se existe a real necessidade de aplicação dos fungicidas

(CHAVARRIA et al., 2008).

A videira está sujeita a inúmeras pragas, as quais reduzem a qualidade e a quantidade

da produção podendo inviabilizar a cultura (SOUZA et al., 2007). O número de casos de

declínio e morte das videiras vem aumentando nos últimos anos, sendo os principais agentes

causais a pérola-da-terra (Eurhizococcus brasiliensis Hempel), a filoxera (Daktulosphaira

vitifoliae Fitch), as cochonilhas-do-tronco (Hemiberlesia lataniae Signoret, Duplaspidiotus

tesseratus Charmoy e D. fossor Newstead), viroses que causam intumescimento dos ramos e

caneluras do tronco, fusariose (Fusarium oxysporum Schl.f.sp. herbemontis Tochetto), fungos

que causam podridão radicular (Vertillium sp., Rosellinia necatrix Prill., Armillaria mellea e

Phytoplthora sp.), fungos que causam apodrecimento do tronco e ramos (Botryosphaeria sp.,

Eutypa lata, Phomopsis viticola, Stereum sp) (SORIA et al.,2005). Além destes organismos,

causas abióticas podem estar associadas às consequências dos herbicidas ou adubações

desequilibradas (GARRIDO et al., 2004; SORIA, 2005).

Figura 3 – Imagem de folha, haste e bagas de videira com sintomas de antracnose (Fonte: http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/handle/mec/7058, acesso em 20/01/2009)

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Para combater os organismos que prejudicam a produção, o Ministério de Agricultura,

Pecuária e Abastecimento tem uma relação de agrotóxicos registrados para o cultivo da uva,

destacando-se os principais: captana, folpete, ditianona, clorotalonil, difenoconazol,

imibenconazol, tiofanato-metílico, mancozebe, enxofre, iprovalicarbe, propinebe, fenarimol,

triadimenol, pirimetanil, iprodiona, procimidona, calda sufocálcica, calda borbalesa,

hidróxido de cobre, oxicloreto de cobre, enxofre, abamectin, triclorform, fenitrotiom,

paratiom metil, fenitrotiom, fenthion.

Entre os fatores limitantes da produção de uva, o que necessita de maior atenção é,

certamente, o manejo das doenças do cultivo. Tal fato é comprovado pelo grande número de

pulverizações de defensivos que são realizadas anualmente para o controle dos patógenos,

bem como, a quantidade de fungicidas aplicados na cultura (BOTTON et al., 2006). Desta

forma, tanto o agricultor, bem como as pessoas que convivem nos arredores do cultivo podem

ter sua saúde comprometida.

Entre os diversos agroquímicos utilizados na viticultura, destaca-se a aplicação de

fungicidas à base de cobre que há mais de 100 anos é utilizada como parte fundamental dos

tratos fitossanitários, sob forma de calda bordalesa (LUZ et al., 2003). O uso prolongado e em

altas concentrações de fungicidas cúpricos, provocam alterações no meio como, por exemplo,

contaminação do solo, redução da população microbiana e do próprio tecido da videira

(GIOVANNINI, 1997). O cobre é um metal traço essencial, representando o grupo prostético

de enzimas que participam na transferência de elétrons em reações chaves do metabolismo

(SARGENTELLI, 1995). O acúmulo do metal traz prejuízo à função ATPase-Cu (ATP7B), a

qual exporta o cobre para as células via rede trans-Golgi, causando doença de Wilson’s, uma

rara desordem recessiva autossômica, associada com sobrecargas de cobre principalmente no

fígado e cérebro, resultam em degeneração das células (ARCIELLO, 2005). O sulfato de

cobre e o enxofre são os fungicidas admitidos nos sistemas de agricultura biológica. No

entanto, em alguns países como Suíça, Alemanha, a dosagem máxima para este tipo de cultivo

é de 5 Kg/ha/ano, correspondendo a somente duas aplicações de calda bordalesa praticada

atualmente nas culturas do Brasil (GIOVANNINI, 1997).

Em uma pesquisa, Luz, et al. (2003), estudaram o desenvolvimento de aveia preta

(Avena strigosa) em solo tradicional de cultivo de videiras com alto índice de cobre, devido à

intensa aplicação de calda bordalesa ao longo dos anos. Observaram que as plantas cultivadas

em solo com altas taxas de cobre obtiveram menor crescimento em relação a solos ricos em

cobre, mas com maior quantidade de matéria orgânica. Em outro estudo, Guecheva et al.

(2006), avaliaram os danos causados pelo sulfato de cobre em planárias e camundongos

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através do ensaio cometa. Nas planárias, doses maiores de 3-5x10-5M de CuSO4 induziram a

danos no DNA e em doses menores observou-se efeitos significativos no tratamento crônico.

Após 24 h, o dano no DNA persistiu após exposição aguda. Nos camundongos, a dose de

20,72 mg de CuSO4 por Kg de peso corporal induziu ao aumento significativo de dano no

DNA, no ensaio cometa após 24 h. Ocorreu reparo após 48 h, mas considerou-se o potencial

tóxico e genotóxico do sulfato de cobre.

Pesquisas têm mostrado que quando associado acetato cúprico com adriamicina em

Salmonella houve 700% de aumento da mutagenicidade da adriamicina, mostrando que a

associação DNA-droga-metal pode contribuir para a genotoxicidade (STOHS, 1995).

Desta forma, justifica-se estudar os efeitos da exposição dos organismos a estas

substâncias, procurando conhecer as condições de trabalho e enfocando os problemas de

saúde desta população. Devido à utilização intensiva e simultânea de vários tipos de

agrotóxicos, este estudo procura elucidar os métodos de cultivo aplicados na rotina do

trabalhador e assim identificar alterações patológicas em estágio inicial de desenvolvimento e

contribuir para conhecimento do perfil de saúde e qualidade de vida dos viticultores das serra

gaúcha.

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4. MATERIAS E MÉTODOS

4.1 POPULAÇÃO ESTUDADA

Este estudo foi desenvolvido entre os trabalhadores rurais das cidades de Bento

Gonçalves, Monte Belo do Sul e Santa Tereza que fazem parte da Serra Gaúcha, no Rio

Grande do Sul e que cultivam uvas para a produção de vinhos, espumantes, sucos, geléias e

outros derivados. A região é basicamente de colonização italiana e entre as atividades

econômicas destacam-se indústrias de móveis, vinhos e agricultura, com predominância do

cultivo da uva desenvolvido por agricultores familiares.

O município de Bento Gonçalves ocupa uma área de 383Km2 e, conforme o Censo

Demográfico (2007), uma população de 100.643 habitantes. Conforme IBGE, em 2007, a

produção de uvas ocupou 5.800 hectares e totalizou 121.800 toneladas. Na área rural, a cidade

de Bento Gonçalves é dividida em comunidades e entre elas participaram deste estudo as

seguintes: Alcântara, Burati, Busa/Ceará, Eulália, Faria Lemos, Paulina, São Pedro, São

Valentin, Tuiuty e Vale Aurora.

O município de Monte Belo do Sul, com 2.766 habitantes e extensão territorial de

68km2, produziu em 2007, 38.080 toneladas de uva em 2.380 hectares. A cidade de Santa

Tereza, também localizada na Serra Gaúcha, com uma população de 1.815 habitantes,

produziu 11.680 toneladas de uva em 730 hectares.

4.2 IMPLICAÇÕES ÉTICAS

O presente estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética do Centro

Universitário Feevale, parecer nº 2.08.02.07.778. Os participantes foram esclarecidos dos

propósitos e objetivos deste estudo, e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido

(TCLE), concordando com a participação no estudo (Anexo 1).

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Figura 4 – Mapa da localização dos municípios da Serra Gaúcha. Incluídos neste estudo os municípios de Bento Gonçalves, Santa Tereza e Monte Belo do Sul. (Fonte: www.sitedovinhobrasileiro.com.br, acesso 30/12/2008.)

4.3 QUESTIONÁRIO

Os participantes do estudo responderam a um questionário destinado à coleta de dados

gerais para a caracterização da amostra (Anexo 2), baseado no modelo recomendado pela

“Internacional Comission of Protection against Environmental Mutagens and Carcinogens”

(ICPEMC) (CARRANO, 1998), contendo 44 perguntas, sendo 7 abertas e 37 fechadas. A

pesquisa contém questões que podem ser divididas em quatro grupos. O primeiro relacionado

ao perfil sociodemográfico do trabalhador: localidade, idade, escolaridade, estado civil,

número de filhos e hábitos alimentares. O segundo relacionado aos dados da produção rural:

outros cultivos, produção agrícola, jornada de trabalho diário, condição do trabalhador e

atividades desenvolvidas no cultivo. O terceiro associado ao uso de agrotóxicos:

equipamentos de aplicação, orientações de uso, utilização dos EPIs, sintomas após a

aplicação, higiene, tipos de agrotóxicos utilizados, duração e frequência das aplicações. O

quarto, sobre situações referentes a morbidades e fatores ligados a caracteres hereditários:

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doenças, medicamentos utilizados, dificuldade de engravidar, memória, ocorrência de

deficiências nos ascendentes e descentes.

Então, realizou-se um estudo descritivo transversal avaliando as características sócio-

demográficas da população em estudo. O trabalho de campo foi feito entre novembro/2007 e

fev/2008, período da safra na região.

4.4 EQUIPE DE COLETA:

A equipe de 10 pessoas que participou das entrevistas foi treinada durante 8 hs com

discussões sobre o questionário. Foram feitas entrevistas simuladas, e abordado os aspectos

éticos. Os objetivos da pesquisa foram explanados pela autora do trabalho. O modelo de

entrevista foi pré-avaliado com 20 pessoas que não fizeram parte da amostra.

Para a divulgação entre os agricultores, o estudo contou com o apoio entidades ligadas

ao setor, como por exemplo, rádio, jornal, Sindicato Rural, Emater, Cooperativas, entre

outros.

4.5 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO

Participaram do estudo pessoas que possuíam mais de 15 horas semanais em

atividades agrícolas ligadas ao cultivo da uva Durante as visitas às comunidades, o critério de

escolha dos entrevistados foi aleatório, não importando o sexo ou idade. A divulgação do

estudo foi feita por entidades de classe, que convidaram os agricultores a participarem da

pesquisa, sem nenhum tipo de sorteio ou outra forma de escolha dos indivíduos. Foram

excluídos da amostra os participantes que não possuíam relação ao cultivo de uvas.

4.6 ESTATÍSTICA

A análise dos dados foi feita com o uso dos programas SPSS 12.0 e Sphinx Léxica

V.S. Realizou-se a análise descritiva dos principais fatores avaliados, utilizando-se medidas

de tendência central, dispersão e análise de frequência. Para inferência estatística utilizou-se o

teste não paramétrico qui-quadrado ao nível de significância de 5% que se destina a avaliar a

associação entre variáveis qualitativas (nominais ou categóricas).

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5. RESULTADOS

5.1 PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DOS VITICULTORES

Como ponto inicial deste trabalho, foi realizado um estudo descritivo avaliando as

características sociodemográficas da população em estudo. Algumas características

importantes observadas no grupo estudado são apresentadas no quadro 2.

Foram entrevistados 235 trabalhadores rurais, sendo 166 indivíduos pertencentes ao

município de Bento Gonçalves, 43 residentes em Santa Tereza e 26 no município de Monte

Belo do Sul, todos ligados ao cultivo da uva e expostos a agroquímicos na sua preparação e

aplicação. Os dados mostram que, majoritariamente no cultivo da videira, o trabalho é

realizado por homens e sendo uma região de colonização basicamente italiana, todos

participantes pertencem à etnia branca. A média de idade dos pesquisados foi de 46,42 anos

(σ = 13,49) sendo que, os agricultores trabalham no cultivo da uva em média 34,93 anos (σ =

14,94), ou seja, no meio rural as crianças estão envolvidas nas tarefas diárias desde muito

cedo.

Do grupo que participou da pesquisa, 60,3% não completaram o ensino fundamental.

Apenas 3% dos entrevistados possuíam instrução superior ou algum curso técnico. Cerca de

77% dos trabalhadores são casados e em média possuem 2,07 filhos (σ =0,857). Em torno de

86% dos agricultores não possuem o hábito de fumar e 5,1% são ex-fumantes. Quanto à

alimentação, todos comem carne regularmente e 89,8% comem vegetais. Por ser uma região

de colonização italiana, ficou evidenciado na pesquisa que 81,3% dos entrevistados têm o

hábito de beber vinho junto às refeições.

5.2 PRODUÇÃO VITÍCOLA E INFRA-ESTRUTURA

A maioria dos entrevistados (83,8%) é membro da família proprietária do

estabelecimento rural e somente 16,2% são empregados ou arrendatários da propriedade. A

importância econômica da produção de uva é demonstrada quando 81,3% dos trabalhadores

relataram produzir exclusivamente uva, com objetivo comercial. A produção média destes

estabelecimentos gira em torno de 109,67 toneladas de uva por safra (σ=64,36) e a

mecanização da produção está progressivamente aumentando, como foi observado em 65,2%

dos estabelecimentos que não aplicam mais os defensivos de forma manual. A jornada diária

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média de trabalho agrícola na entresafra foi de 8,09 horas (σ =2,04) aumentando no período

de safra para 11,27 horas/dia (σ =2,17).

Tabela 2 - Características sócio-demográficas dos viticultores. Estudo transversal em Bento Gonçalves, Monte Belo do Sul e Santa Tereza (n= 235). Variáveis

Localidade (indivíduos)

Bento Gonçalves

Monte Belo do Sul

Santa Tereza

166 indivíduos

26 indivíduos

43 indivíduos

Idade (média) 46,42 anos

Sexo (%)

Homens

Mulheres

194 (82,6 %)

41 (17,4 %)

Grupo étnico (%)

Brancos

235 (100 %)

Estado civil

Casado

Solteiro

Outros

181 (77%)

49 (20,9%)

5 (2,1%)

Nível educacional (%) 142 ensino fundamental incompleto (60,3%)

38 ensino fundamental completo (16,2%)

10 ensino médio incompleto (4,3%)

38 ensino médio completo (16,2%)

7 superior ou outros (3%)

Número de filhos (média) 2,07

Em relação às atividades agrícolas desenvolvidas pelos entrevistados, que estão

relacionadas ao contato com os agrotóxicos, destaca-se que 83,4% dos entrevistados lavam as

embalagens dos agroquímicos, 83% preparam a calda e 77,9% aplicam os defensivos na

videira, conforme Tabela 3, e 30,21% exercem todas as atividades relacionadas a agrotóxicos.

Na pesquisa foi considerada a preparação da calda como a retirada dos agrotóxicos das

embalagens e sua preparação no tanque ou aplicador. A atividade citada como mistura da

calda refere-se à movimentação constante, com um misturador manual, da calda diretamente

no tanque para que os sólidos não se depositem ao fundo. A calda é distribuída pela extensão

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do parreiral através de mangueiras que saem do tanque de mistura com a calda já preparada

até o ponto de aplicação. Muitas vezes devido a grande área do parreiral estas mangueiras

precisam ser trocadas de posição exigindo o manuseio do agricultor.

Tabela 3: Atividades laborais desempenhadas pelos agricultores relacionadas ao contato com agrotóxicos e os afazeres desenvolvidos especificamente por homens e mulheres entrevistados neste estudo.

Atividades Geral (n=235)

Homens (n=194)

Mulheres (n=41)

Lava embalagens 196 (83,4%) 173 (89,2%) 23 (56,1%)

Prepara a calda 195 (83%) 173 (89,2%) 22 (53,7%)

Aplica agrotóxicos 183 (77,9%) 170 (87,6%) 13 (31,7%)

Mistura a calda 180 (76,6%) 162 (83,5%) 18 (43,9%)

Transporta os agrotóxicos 179 (76,2%) 165 (85,1%) 14 (34,1%)

Lava as roupas e EPIs 159 (67,7%) 123 (63,4%) 36 (87,8%)

Movimenta mangueiras 133 (56,6%) 106 (54,6%) 27 (65,9%)

Outros 10 (4,3%) 9 (4,6%) 1 (2,4%)

5.3 USO DE AGROTÓXICOS

Na amostra estudada, todos participantes relataram fazer uso de algum tipo de

agrotóxico. Mais de 181 marcas comerciais de diferentes agrotóxicos foram citadas na

pesquisa e utilizadas regularmente no cultivo da uva, sendo 39 de herbicidas, 83 formulações

de fungicidas e 59 inseticidas. A maior parte dos agricultores entrevistados (83,4%) faz uso

dos pesticidas uma vez por semana e o tempo médio para aplicar os defensivos agrícolas na

extensão de todo o parreiral foi de 15,28 horas (σ=8,50), sendo que os agricultores

entrevistados trabalham na lavoura em média 34,93 anos (σ =14,94).

Em relação a quem ensinou aos entrevistados o manuseio com os agrotóxicos,

constatou-se 52,3% aprenderam com alguém da família, 37% obtiveram as informações com

o engenheiro agrônomo, 28,1% a cooperativa os orientou, 22,6% o técnico da revenda, e os

que não responderam ou relataram ter aprendido de outra forma, totalizaram 6,4% dos

entrevistados.

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Observa-se que, na maioria das vezes, ocorre a aplicação simultânea de mais de um

defensivo, dificultando a identificação do causador dos sintomas ou da intoxicação. Entre os

entrevistados 87,2% relataram utilizar mancozebe como fungicida, seguido de 81,7% que

usam sulfato de cobre, 78,3% tiofanato metilico, 56,6% de folpete. O herbicida mais utilizado

foi o glifosato referido por 94% dos agricultores, seguido do paraquat citado por 57,4% dos

participantes. Entre os inseticidas, a maior ocorrência foi da fentiona (43,4%) e abamectina

(26%), sendo que 23% dos entrevistados relataram não utilizar inseticidas no cultivo (quadro

4).

Dos agricultores entrevistados, 73,5% dizem utilizar a dosagem de agroquímico

indicada pelo fabricante do produto e 21,7% relatam utilizar dosagem superior ao indicado.

Em relação a autoproteção, 79,6% dos entrevistados utilizam roupas impermeáveis durante a

aplicação. A utilização da máscara de proteção aparece em 91,9% dos casos, botas 89,8%,

capacete 88,1%, luvas 87,2%, macacão 68,5%, destacando-se que os óculos foram citados por

somente 4,3% dos entrevistados, conforme figura 5. Somente dois participantes não utilizam

nenhum tipo de EPI.

Tabela 4 - Agrotóxicos citados pelos viticultores, aplicados na safra 2008. Dados do percentual de utilização do agrotóxico citado pelo total de agricultores entrevistados, classificação dos agrotóxicos, aplicação no cultivo e a classe toxicológica conforme legislação nacional. Substância n Percentual

(%)

Classificação Tipo de Agrotóxico Classe Toxicológica

Mancozebe 205 87,2% Alquilenobis

ditiocarbamato Fungicida III

sulfato de cobre 192 81,7%

Inorganico Fungicida IV

tiofanato metilico 184 78,3%

Benzimidazol precursor Fungicida IV

Folpete 133 56,6%

Dicarboximida Fungicida IV

Propinebe 101 43,0% Alquilenobis

ditiocarbamato Fungicida II

Ditianona 91 38,7%

Quinona Fungicida II

oxicloreto de cobre 79 33,6%

Inorganico Fungicida IV

Tebuconazol 79 33,6%

Triazol Fungicida III

iprovalicarbe+propinebe 77 32,8%

Carbamato+alquilenobis Fungicida III

Glifosato 221 94,0% Derivados da Glicina Herbicida III

Paraquat 135 57,4% Bipiridilos Herbicida II

diuron+Parquat 29 12,3% Uréias+Bipiridilos Herbicida II

Fentiona 102 43,4% Piretroide Inseticida II

Abamectina 61 26,0% Avermectina Inseticida III

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A classificação toxicológica dos agrotóxicos e expressa em valores da dose média letal

(DL 50), por via oral, representada em miligrama do produto tóxico por quilograma de peso

vivo. Em função a sua DL50 os produtos são classificados da seguinte forma: Classe

Toxicológica I: Extremamente Tóxico; Classe Toxicológica II: muito tóxico; Classe

Toxicológica III: moderadamente tóxico; Classe Toxicológica IV: pouco tóxico.

Tipos de EPIs utilizados citados pelos agricultores

91,9 89,8 88,1 87,2

68,5

4,3

0102030405060708090

100

máscara botas capacete luvas macacão óculos

Per

cen

tual

(%

)

Figura 5 – Representação gráfica dos tipos de equipamentos de proteção individual (EPIs) utilizados pelos agricultores quando estão em contato com os agrotóxicos.

Na pesquisa classificou-se como EPI completo a utilização de roupa impermeável,

uso de botas de borracha, máscara, luvas, capacete. Não foi considerada a utilização de

óculos, pois o capacete já possui a proteção para os olhos. Entre os 65,5% da amostra que

utilizam EPI completo, 17,5% concluíram o ensino fundamental, 57,8% ensino fundamental

incompleto e 16,9% ensino médio completo e entre os que não utilizam o EPI completo, 65%

possuíam o ensino fundamental incompleto e 13,8% ensino fundamental completo. Os dados

foram submetidos ao teste estatístico para avaliar a relação entre a utilização de EPI completo

e o nível de escolaridade da população estudada e demonstrou que não houve associação entre

o grau de instrução e os cuidados com a autoproteção dos agricultores entrevistados

(χ2=3,114; p=0,682).

Entre os participantes do estudo, 77,9% possuem alguma ligação com cooperativa.

Entre os cooperativados, 75,3% utilizam a dose recomendada pelo fabricante, 20,8% usam

dose maior, 2,8% usam dose menor e 1,1% não sabe. Entre os não-cooperativados, 67,30%

utilizam a dose recomendada e 25% usam uma dose maior, 7,7% relatam usar dose menor.

Conforme figura 6, aparentemente, os associados parecem utilizar mais adequadamente os

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defensivos, mas não houve associação entre a dose recomendada pelo fabricante e a ligação a

uma cooperativa (χ2=3,714; p=0,294). Em contrapartida, ficou claro que existe relação entre o

sexo e a autoproteção, onde foi observado que a população masculina utiliza, em maior

número, o EPI completo (69,6%). Entre as mulheres, este número baixa para 46,3%,

mostrando um fator negativo para o sexo feminino em relação ao uso dos EPIs (Figura 7)

(χ2=8,097; p=0,004).

Relação entre associação ou não a cooperativa e a dose utilizada de agrotóxicos

75,3

20,8

2,8

67,3

25

7,7

010

2030

4050

6070

8090

100

usa dose ideal usa dose maior usa dose menor

Per

cen

tual

( %

)

cooperativados não cooperativados

Figura 6 – Representação gráfica demonstrando a relação entre a cooperativa e a dose de agrotóxicos utilizada pelos viticultores. Não existe associação entre a associação ou não a uma cooperativa com a utilização da dose preconizada pelo fabricante (χ2=3,714; p=0,294).

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31

Representação gráfica da utilização de EPI completo conforme o sexo

46,3

69,6*

0

20

40

60

80

100

Homens Mulheres

Per

cen

tual

de

uso

de

EP

I co

mp

leto

(%)

Figura 7 – Representação gráfica relacionando a utilização dos EPIs de forma completa conforme o sexo. Existe associação entre a utilização do EPI completo conforme o sexo do agricultor que o utiliza (χ2=8,097; *p=0,004).

Dos viticultores participantes da pesquisa, 24,3% interrompem a aplicação dos

produtos para beber água, o que justificam ser necessário, devido às altas temperaturas do

ambiente e do uso do EPI. Após a aplicação dos defensivos agrícolas e retirada dos EPIs,

98,7% dos viticultores lavam suas mãos e 97,4% sempre tomam banho.

Na tabela 5, observamos os sintomas que participantes relataram sentir após a

aplicação dos agrotóxicos: 34,5% apresentaram dor de cabeça, 23% cansaço excessivo, 15,3%

tonturas, 14,9% dor de estômago, 12,8% náuseas e 11,9% fraqueza, 8,1% visão turva e

36,17% nunca tiveram algum sintoma após aplicação ou contato com agroquímicos.

Tabela 5: Sintomas que os agricultores relataram sentir após algum contato com agrotóxicos Sintomas Percentual (%)

Dor de Cabeça 34,5%

Cansaço excessivo 23%

Tonturas 15,3%

Dor de estômago 14,9%

Náuseas 12,8%

Fraqueza 11,9%

Visão turva 8,1%

Sem sintomas 36,17%

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5.4 MORBIDADES

Os agricultores foram questionados sobre dificuldades em o casal ter filhos e

observou-se que 11,1% destes não engravidaram com facilidade. Esta pergunta foi uma

pergunta subjetiva baseada na percepção do entrevistado e não foram utilizados parâmetros

comparativos para obtenção das respostas. Ainda, 6% dos entrevistados sofreram com aborto

espontâneo e 3,4% dos entrevistados têm algum de seus filhos que nasceu com algum tipo de

deficiência (relatadas abaixo). Observou-se que nas agricultoras que utilizaram o EPI

completo não houve nenhuma ocorrência de aborto e o índice de dificuldade em engravidar

ficou em 10,52%. Entre as que não utilizam EPI completo 4,5% tiveram aborto espontâneo e

a dificuldade em engravidar foi de 18,18% conforme figura 8. Mas não foi encontrada

associação entre a utilização do EPI com a dificuldade de engravidar bem como com o aborto

espontâneo (χ2=0,478; p=0,406 e χ2=0,885; p=0,537). Além disso, observou-se a ocorrência

de 16,2% de agricultores que possuíam algum caso de deficiência em sua família, como por

exemplo, irmão, pai, primo, ou sobrinho. Entre as deficiências mais encontradas destaca-se, a

Síndrome de Down (3,8%), a surdez (1,7%), a paralisia cerebral (1,7%) e a deficiência física e

mental (2,1%).

Representação gráfica da relação entre a utilização de EPI e a incidência de aborto espontâneo e dificuldade de engravidar nas mulheres que

participaram do estudo

10,5218,18

04,5

0

10

20

30

40

50

EPI completo EPI não completo

Per

cen

tuai

s (%

)

dific. Engravidar

aborto

Figura 8 – Representação gráfica da relação entre a utilização de EPIs completo ou não com abortos espontâneos e dificuldade em engravidar na população feminina que participou do estudo. Não foi encontrada associação entre a dificuldade de engravidar e de aborto espontâneo com a utilização de EPI de forma adequada onde respectivamente encontrou-se χ2=0,478; p=0,406 e χ2=0,885; p=0,537.

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Representação gráfica das principais doenças citadas pelos viticultores

11,5 10,6

3,8 3,4

0

10

20

30

40

hiper

coles

tero

lemia

gastr

ite

Per

cen

tuai

s (%

)

Figura 9 – Representação gráfica das doenças citadas em maior número pelos viticultores entrevistados.

Sobre o estado geral de saúde, 42,1% dos agricultores participantes possuem alguma

doença, aparecendo em maior número a hipertensão (11,5%), hipercolesterolemia (10,6%),

depressão (3,8%), gastrite (3,4%) (Figura 9). Também foram questionados sobre a saúde de

seus familiares (avós e pais) e foi relatada uma alta incidência de câncer (37,4%), hipertensão

(35,3%), diabetes (34%), hipercolesterolemia (20,9%). Observou-se que 35,06% dos

agricultores que utilizam o EPI completo e 55,55% dos que não utilizam EPI completo

apresentaram alguma doença, mostrando uma relação significativa entre estas variáveis

(χ2=9,141; p=0,002), representada graficamente pela figura 10. Quando os participantes foram

questionados sobre sua percepção de memória, somente 39,6% relataram considerar sua

memória boa e 43,4% relataram como razoável. Em relação à memória, a questão foi

subjetiva, avaliando somente a percepção do entrevistado e não relacionando com sua faixa

etária.

Os anti-hipertensivos (12,3%) são os medicamentos prescritos pelo médico que

aparecem com maior frequência entre os entrevistados. Além disso, um alto índice de

automedicação foi observado. Os agricultores relataram utilizam analgésicos ou

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antiinflamatórios sem orientação médica (49,83%), demonstrando que o trabalho pesado e

com extensa carga horária traz dor e o cansaço ao agricultor.

Representação gráfica da relação entre a utilização de EPIs com as doenças citadas pelos

agricultores

35,06

55,55*

0102030405060708090

100

Utiliza EPIcompleto

Não utiliza EPIcompleto

Per

cen

tual

de

pre

sen

ça d

e al

gu

ma

do

ença

s(%

)

Figura 10 – Representação gráfica da relação entre as doenças citadas no estudo com a utilização dos EPIs de forma completa ou não nos agricultores pesquisados. Existe associação entre a utilização dos equipamentos de proteção individuais com presença de alguma doença no viticultor da serra gaúcha (χ2=9,141; *p=0,002).

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6. DISCUSSÃO

Neste estudo estabeleceu-se o perfil do trabalho e saúde do viticultor da serra

gaúcha, predominantemente de propriedade rural familiar, buscando relacionar o uso de

agrotóxicos com possíveis morbidades encontradas na população de viticultores. Na estrutura

produtiva, a mão de obra contratada é bastante rara, pois 83,8% dos entrevistados são

proprietários do estabelecimento. Sabe-se que na época da colheita são contratados

funcionários temporários que não foram incluídos nesta pesquisa. A longa jornada de

trabalho, principalmente no período da safra, e o uso intensivo de agrotóxicos caracterizam as

atividades do viticultor da serra gaúcha.

As informações contidas nesta pesquisa são uma forma de traçar um panorama da

região estudada em relação à utilização de agrotóxicos, tipos químicos, frequência de

aplicação e mecanismos de proteção. Neste tipo de estudo, há dificuldades em caracterizar o

uso dos agroquímicos, por isso usou-se uma lista com os nomes comerciais para melhorar a

qualidade das informações.

A idade média da população pesquisada é de 46,42 anos, bastante elevada se

comparada a um estudo realizado em Nova Friburgo/RJ (MOREIRA et al., 2002), onde a

idade média dos agricultores foi de 34,9 anos.

No presente estudo, a maior parte da população (60,3%) não concluiu o ensino

fundamental, sendo este dado consistente com o estudo realizado por Faria et al.(2000), onde

demonstrou que na região da serra do Rio Grande do Sul, os agricultores estudaram em média

4,8 anos. A dificuldade de ampliação do grau de escolaridade no meio rural deve-se às escolas

não oferecerem o ensino mais avançado, sendo necessário migrar para centros urbanos os

alunos que quiserem concluir seus estudos.

A maioria dos estudos (RAMOS et al, 1999; FARIA et al., 2000; FARIA et al,

2004) considera a escolaridade como um indicador social de efeito protetor contra as

intoxicações. O baixo grau de instrução dificulta a leitura e compreensão das recomendações

de segurança. Em contra-partida, analisando desta forma, os agricultores seriam responsáveis

pelos impactos negativos do uso de agrotóxicos. Os fabricantes de agrotóxicos seriam

inocentados, mesmo sabendo que dão ênfase em suas vendas aos resultados agronômicos e

não acentuam, com uma linguagem simples, as conseqüências do uso de pesticidas para a

saúde do trabalhador e do meio ambiente.

O índice de fumantes na população é bastante baixo, somente 9,9% fumam,

influenciando positivamente nos cuidados com a saúde. A alimentação é bastante equilibrada

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incluindo fibras e proteínas. Beber vinho junto às refeições é um hábito cultural que não

parece influenciar negativamente sobre a saúde. A incidência de exposições que o agricultor

se submete por safra é outro fator bastante interessante. Como o período de pulverização dura

em média 6 meses por ano e a frequência de aplicação é semanal, são feitas em torno de 26

aplicações de pesticidas ao ano. Considerando que o tempo médio de trabalho no cultivo da

videira é de 35 anos, é possível estimar que o agricultor aplica 910 vezes agroquímicos ao

longo de sua vida, levando-se em conta somente o cultivo da uva.

Segundo Titi et al. (1995) “a produção integrada é um sistema de exploração agrária

que produz alimentos e outros produtos de alta qualidade mediante o uso dos recursos naturais

e de mecanismos reguladores para minimizar o uso de insumos, contaminantes e para

assegurar uma produção agrária sustentável”. O cultivo exclusivo da uva (81,3%), na serra

gaúcha, não condiz com a tendência do desenvolvimento agrário. A diversificação e

integração com outros cultivos pode ser positiva, principalmente em época de crise econômica

onde o valor por quilo de uva é bastante baixo.

A longa jornada de trabalho que chega a 11,27 h/dia na safra, mostra o quanto árduo

é o trabalho rural, similar ao estudo realizado em Antonio Prado (FARIA et al., 2000). Este

dado é muito importante, pois se deve considerar que quanto maior a jornada de trabalho

agrícola maior a exposição aos agrotóxicos. Em relação às atividades desenvolvidas pelos

viticultores, nota-se que os homens, por serem proprietários dos estabelecimentos, são

responsáveis por inúmeras tarefas (polivalentes) aumentando o tempo de contato com os

agrotóxicos.

Semelhantes a outros estudos (FARIA et al., 2004; FEHLBERG et al.2001;

QUANDT et al., 2006) constatou-se que o uso de agrotóxicos é intensivo. A multiplicidade de

agentes químicos utilizados e a aplicação simultânea dos defensivos apontam uma lacuna nas

pesquisas sobre os impactos dos agrotóxicos no ambiente e na saúde do trabalhador.

Entretanto, a identificação dos agroquímicos utilizados, a freqüência de aplicação e o tempo

de exposição podem não ser suficientes para entender a complexidade da exposição. Por

exemplo, fungicidas à base de cobre, amplamente utilizados, são considerados entre os

produtores como inócuos a saúde humana e ao meio ambiente, e desconsideram seu alto poder

oxidante e contaminante de solos e águas. O herbicida paraquat, que em seu mecanismo de

ação aumenta a peroxidação lipídica e possui alta toxicidade na presença de álcool, é

consumido por um grande número dos viticultores deste estudo. O diuron pode ter ação

carcinogênica. O mesmo acontecendo com o mancozebe, pois os produtos de sua

biotransformação produzem substâncias teratogênicas.

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Em relação à autoproteção, 34,47 % dos entrevistados não utilizam o EPI completo,

índice menor que o encontrado no estudo feito no município de Cachoeiras de Macau (RJ)

(CASTRO et al., 2005) onde 82,5% dos agricultores não utilizavam o EPI completo, sendo

um dado muito positivo para a população de viticultores analisada.

Conforme os dados mostrados neste estudo, os trabalhadores do sexo masculino

estão diretamente ligados à preparação e aplicação da calda e as mulheres pela movimentação

das mangueiras e lavagem das roupas, EPIs e embalagens utilizadas na aplicação, o que não

diminui o risco de contaminação. Entre os viticultores o conhecimento de como lidar com os

agrotóxicos ainda é passado de pai para filho, corroborando com o estudo de Ramos et

al.(1999).

Observou-se ainda que a utilização do EPI é seguida com maior rigidez pela

população masculina, pois na agricultura os homens são responsáveis pelas tarefas que estão

diretamente ligadas à aplicação dos agrotóxicos e as mulheres são responsáveis por outros

afazeres cuja exposição é indireta. O estudo mostrou que as mulheres que utilizam o EPI

completo têm menos dificuldade de engravidar e menor número de abortos espontâneos das

que não utilizam o EPI de forma adequada, mas este dado não apresentou significância

estatística. Este dado aponta para a necessidade de estudos específicos aprofundados na

população feminina rural levantando questões referentes à reprodução humana. Como o

estudo feito por Fehlberg et al.(2003) indicando que 20% das mulheres agricultoras no Vale

do São Lourenço tiveram abortos espontâneos e 13% abortaram mais de uma vez.

Os dados obtidos neste trabalho concordam com o estudo de Castro et al. (2005),

quanto aos sintomas relatados após a aplicação dos agrotóxicos. Em ambos estudos os

sintomas mais mencionados pelos agricultores foram: dor de cabeça, cansaço excessivo,

tonturas, náuseas e visão turva. A associação entre a incidência de doenças e o uso do EPI

completo é um achado de bastante relevância e é consistente com a pesquisa de Faria et al.

(2004), devendo ser usado como alvo para ações preventivas.

Novos estudos mais aprofundados e com metodologias diferenciadas, para poder

avaliar com maior riqueza de detalhes a vida no meio rural e o ambiente do viticultor devem

ser prioridade. E para tanto, abordagens multidisciplinares que levantem dados, como

morbidades crônicas, intoxicações agudas relacionadas à utilização de pesticidas devem ser

adotadas para avaliar os efeitos nocivos dos agrotóxicos sobre a saúde humana e o meio

ambiente. Para tal, governo, as organizações não-governamentais e a sociedade devem

incentivar as pesquisas sobre a vulnerabilidade das populações rurais e os consumidores de

seus produtos expostos aos agrotóxicos. As entidades voltadas para a saúde do trabalhador

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podem levar em conta os resultados deste estudo para o planejamento de suas atividades,

visando novas formas de comunicação e educação do produtor rural. Ainda, incentivar novos

modelos de cultivo que reduzam a exposição química e que melhorem a qualidade de vida do

viticultor.

Ações para evitar os danos à saúde do trabalhador vão, além de capacitá-lo para

utilização dos agrotóxicos, oferecer alternativas para o controle de pragas que possam manter

a produção da lavoura, melhorar a genética dos cultivares de videira para aumentar a

produtividade e a qualidade dos produtos derivados da uva. Pensar em plantas resistentes às

doenças e pragas que facilitem a produção orgânica, diminuindo a aplicação de agroquímicos

minimizaria a necessidade de insumos, gerando produtos mais competitivos no mercado

globalizado. Outras alternativas ao cultivo que diminuam a incidência e severidade das

doenças da uva, como por exemplo, a cobertura plástica impermeável (Anexo 3), permitem

diminuir o número de pulverizações de fungicidas e também minimizam custos ao agricultor.

Há um alto grau de ineficiência no processo de pulverização dos agroquímicos no

cultivo da uva, pois pouca quantidade atinge o alvo biológico desejado. Além disto, na

maioria das vezes, as aplicações são feitas como prevenção sem existir a ocorrência da praga

no cultivar. Estudos que incluam a biota, a água e o solo são necessários para investigar qual é

a real dimensão dos prejuízos causados na região pesquisada após tantos anos de

pulverizações. Para isto se concretizar, faz-se necessário a parceria com instituições,

cooperativas que possuam programas quantitativos de controle do uso de agrotóxicos.

Entidades do setor, assumindo seu papel educativo, podem também contribuir com

campanhas de esclarecimento dos impactos negativos dos agrotóxicos sobre os agricultores e

para que a população busque alimentos mais saudáveis.

Se os agroquímicos sofressem incidência de impostos, estes valores poderiam ser

aplicados para melhorar as tecnologias na sua utilização e controle dos mesmos (impostos

ambientais). Caso os agrotóxicos provocassem lesões crônicas, tal como álcool e cigarro, os

impostos beneficiariam os trabalhadores lesados, inválidos e familiares de trabalhadores

mortos.

Ainda, investigar os danos sofridos à saúde do trabalhador rural através de pesquisas

que incluam biomarcadores de danos e reparos de DNA, marcadores de mudanças na

expressão dos genes e estresse oxidativo podem contribuir para elucidar este complexo

contexto.

Com a globalização dos mercados, a sociedade exige “boas práticas agrícolas de

controle”, mas estas devem associar estabilidade ecológica, econômica e social. Para tal,

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sociedade, governo e organizações devem se unir para garantir a qualidade de vida do

trabalhador rural e efetivar as medidas necessárias para conhecimento, uso e manejo corretos

dos agroquímicos que assegurem o ambiente, a população consumidora dos produtos

provenientes da lavoura.

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7. CONCLUSÃO

Uma maior conscientização por parte dos agricultores sobre a necessidade de

autoproteção e de que os agrotóxicos devem ser utilizados de forma adequada deve ser

reafirmada junto a esta população, visto que uma boa parcela ainda não utiliza os EPIs de

forma adequada e grande parte não possui o conhecimento técnico necessário para lidar com

agrotóxicos. Neste estudo, verificou-se que os meios de proteção interferem na prevenção da

saúde, pois minimizam a presença de doenças no viticultor. Alternativas para o controle de

pragas, bem como a educação continuada, poderão prevenir danos a saúde do trabalhador e ao

meio ambiente.

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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANEXO 1

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

O projeto de pesquisa intitulado “Efeitos da exposição ocupacional de agrotóxicos em viticultores da

Serra Gaúcha sobre níveis de malondialdeído e alterações de DNA” será desenvolvido no Centro Universitário

Feevale fazendo parte da dissertação de mestrado em Qualidade Ambiental da aluna Mônica Dalla Corte.

Sabe-se que a exposição a agrotóxicos através da inalação, contato através da pele ou ingestão pode

alterar o funcionamento do corpo humano e causar alguns danos à saúde. A utlização de equipamentos de

proteção (EPIs) são importantes para diminuir os danos à saúde. Caso os equipamentos de proteção não sejam

eficientes, o uso de agrotóxicos poderá alterar as células, através de sua composição química, produzindo

compostos que podem ser medidos no sangue.

Este estudo tem por objetivos:

Avaliar as substâncias no sangue de viticultores da Serra Gaúcha antes e após a exposição aos

agrotóxicos e comparar com o sangue de pessoas que não trabalham com a vitivinicultura.

Relacionar a presença ou ausência de substâncias no sangue com o uso de EPIs e a saúde do

trabalhador.

Os participantes da pesquisa serão avaliados através de um questionário, visando a caracterização da

amostra e determinação dos agrotóxicos mais utilizados. Após os voluntários serão convidados a doar 10ml de

sangue para realização de exames de sangue, sendo a primeira coleta no período da safra e a segunda na entre-

safra. Os voluntários receberão as recomendações para a coleta de sangue. Tais procedimentos não envolvem

qualquer risco a saúde para os voluntários, apresentam somente o desconforto da picada para retirada do sangue

e eventualmente o aparecimento de um hematoma que desaparecerá em no máximo dois dias.

Eu, ..................................................................................................... fui informado (a) dos objetivos

desta pesquisa de forma clara e detalhada. Recebi as informações sobre cada procedimento no qual estarei

envolvido, do desconforto ou riscos previstos tanto quanto dos benefícios esperados.

Todas as minhas dúvidas foram respondidas com clareza e sei que poderei solicitar novos

esclarecimentos a qualquer momento. Além disto, sei que novas informações e os resultados obtidos deste

estudo me serão fornecidas através de palestra na comunidade onde resido e que terei liberdade de retirar meu

consentimento de participação na pesquisa sem necessidade de aviso a pesquisadora. Estou ciente que com a

participação como voluntário neste projeto não terei nenhum gasto adicional em relação às coletas.

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O profissional Dr/Dra............................................................................

.................................................................................. certificou-me de que as informações pessoais por mim

fornecidas terão caráter confidencial e somente os dados da pesquisa poderão ser publicados.

Assinatura do voluntário:....................................................................

Assinatura do pesquisador...................................................................

Prof. Dra. Patrícia Grolli Ardenghi

Telefone para contato: Mônica (54) 91294891

Este termo será assinado em duas vias ficando uma com o voluntário.

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ANEXO 2

Questionário de Saúde Pessoal

(De acordo com o modelo recomendado por: International Commission for Protection against Environmental Mutagens and Carcinogens (ICPEMC) Mutation Research, v 204, p. 379-406, 1988)

Este questionário, assim como o estudo a ele relacionado deve ser de seu interesse. A

participação é espontânea e contará destas informações gerais sobre saúde, dieta e atividades

relacionadas ao seu trabalho, além de uma coleta de células da boca para estudo citogenético.

O estudo consiste em uma avaliação de mutações nos cromossomos de cada participante.

Mutações cromossômicas ocorrem normalmente nas células de todas as pessoas em nível

bastante baixo, porém quando em níveis mais elevados podem estar relacionadas com

algumas doenças.

Trabalhadores em atividade de risco (radiologia, quimioterapia, uso de químicos e

agrotóxicos, por exemplo), se não seguirem normas adequadas de segurança, podem aumentar

a freqüência de mutações cromossômicas em suas células. Este estudo poderá servir como

sinal de alerta para prevenir e melhorar as condições de segurança. Caso não se encontre

diferença entre os trabalhadores de atividade de risco e outros de atividades diversas,

poderemos concluir que os itens de segurança são efetivos nesse aspecto ou que as

substâncias utilizadas no seu trabalho não são mutagênicas. Isto servirá de estímulo para

continuar tomando cuidados com a vida no local de trabalho.

Leia e responda cuidadosamente as seguintes questões, na impossibilidade de ler,

solicite auxílio à pesquisadora. A informação dada por você não será associada com o seu

nome, sendo conhecida apenas pelos pesquisadores associados a este estudo. As respostas

deste questionário poderão ter influência direta na interpretação de nossos resultados, por isso,

contamos com a sua cooperação em fornecer as informações corretas.

Obrigado pelo seu interesse.

Para ser preenchido pelo pesquisador: Código nº

Essa folha será destacada das demais do questionário e arquivada. Apenas o número

e do código será usado como identificação nas próximas páginas.

Nome:________________________________________________

Endereço: _____________________________________________

Zona: ( )urbana ( )rural___________________________________

Data:

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Código/n°:

HISTORICO PESSOAL: 1. Qual é a sua idade? 2. Sexo: ( 1 ) Masculino ( 2 )Feminino 3. A qual grupo étnico você pertence: ( 1 ) 1.Branco ( 2 ) Negro ( 3 )Asiático ( 4 ) Indígena ( 5 ) outro 4. Qual é o seu estado civil? ( 1 )Casado ( 2 )Solteiro ( 3 )Separado ( 4 ) Divorciado ( 5 ) Viúvo ( 6 ) outro 5. Já tiveram algum tipo de dificuldade em tentar engravidar? ( 1 ) sim ( 2 ) não 6. O casal já sofreu algum aborto espontâneo? ( 1 ) sim ( 2 ) não 7. Você tem filhos? ( 1 ) não (ir p/ perg. 9) ( 2) sim. Quantos? 8. Seus filhos nasceram com algum tipo de deficiência? ( 1 )sim, qual deficiência? ( 2 ) não 9. Grau de escolaridade: ( 1 ) 1° grau completo ( 2 ) 1° grau incompleto. Qual série?___________ ( 3 ) 2° grau completo ( 4 ) 2º grau incompleto. Qual série? __________ ( 5 ) 3° grau completo ( 6 ) outros

HISTÓRIA OCUPACIONAL

10. Condição do Trabalhador: ( 1 ) Empregado ( 2 ) Proprietário ( 3) Outro: _______________ 11. Há quantos anos você trabalha na agricultura? 12. Você trabalha com outro cultivo além da uva? ( 1 ) sim. Qual? ( 2 ) não

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13. Qual a produção em Kg de uva do parreiral que você trabalha? 14. Quantas horas diárias você costuma trabalhar na agricultura: Na safra: Fora da safra:

EXPOSIÇÃO AOS AGROTÓXICOS

15. Que tipo de trabalho você faz que envolva agrotóxicos? (Múltipla Escolha) ( 1 ) aplicação de agrotóxicos ( 2 ) preparação dos agrotóxicos para aplicação ( 3 ) movimenta as mangueiras durante a aplicação ( 4 ) mistura a calda para aplicação ( 5 ) lavagem de embalagens ( 6 ) lava as roupas utilizadas na aplicação ( 7 ) transporta os produtos para o preparo da calda ( 8 ) outros ______________________ Se não aplica e nem prepara ir para perg. 22 16. Quem lhe ensinou a aplicar os agrotóxicos: ( 1 ) o técnico da revenda ( 2 ) alguém da família ( 3 ) o engenheiro agrônomo ( 4 ) a cooperativa ( 5 ) ninguém ( 6 ) outro:___________________ 17. Quantas horas você leva para fazer uma aplicação de agrotóxico na extensão de todo parreiral? 18. Com relação à dose de agrotóxico utilizada: ( 1 ) utiliza a recomendada pelo fabricante ( 2 ) maior ( 3 ) menor ( 4 ) não sabe 19 . Quais as marcas ou produtos herbicidas que você utiliza? (Múltipla Escolha)

Agrisato 480CS ( 1 )

Glifosato 480 Agr ( 2 )

Gramoxone 200 ( 3 )

Radar ( 4 )

Surflan 750 ( 5 )

Direct ( 6 )

Glifosato Nortox ( 7 )

Herbipak ( 8 )

Roundup Orig ( 9 )

Touchdow ( 10 )

Diuromex ( 11 )

Gliz 480CS ( 12 )

Herburon 500BR ( 13 )

Roundup WG ( 14 )

Diuron Nortox ( 15 )

Gliz BR ( 16 )

Linurex Agricur 500 ( 17 )

Rustler ( 18 )

Finale ( 19 ) Gramocil ( 20 ) Polaris ( 21 ) Stinger ( 22 ) Outros:________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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_______________________________________________________________________________________________ 20. Quais os fungicidas que você utiliza no seu parreiral? (Múltipla Escolha)

Amistar ( 1 )

Censor ( 2 )

CurzateM+Zn ( 3 )

Galben-M ( 4 )

Manzate 800 ( 5 )

Rovral ( 6 )

Academic ( 7 )

Cercobin 700 ( 8 )

Daconil 500 ( 9 )

Garant ( 10 )

Manzate GrDa ( 11 )

Rubigan 120 CE ( 12 )

Afugan Ce ( 13 )

Cerconil PM ( 14 )

Dacostar 750 ( 15 )

Garra 450WP ( 16 )

Metiltiofan ( 17 )

Score ( 18 )

Aliette ( 19 )

Cerconil SC ( 20 )

Delan ( 21 )

Harpon GD ( 22 )

Midas BR ( 23 )

Sialex 500 ( 24 )

Antracol 700P ( 25 )

Comet ( 26 )

Dithane WP ( 27 )

Hokko Cupra 5 ( 28 )

Morestan BR ( 29 )

Stimo WP ( 30 )

Bayleton BR ( 31 )

Contact ( 32 )

Dithiobin 780P ( 33 )

Isatalonil ( 34 )

Mythos ( 35 )

Stroby SC ( 36 )

Bravonil 500 ( 37 )

Cupravit Azul ( 38 )

Domark 100Ec ( 39 )

Kocide WDG ( 40 )

Orthocide 500 ( 41 )

Sulfato de Cobre ( 42 )

Bravonil 750 ( 43 )

Cuprogarb 500 ( 44 )

Elite ( 45 )

Kumulus DF ( 46 )

Persist SC ( 47 )

Sumilex 500 WP ( 48 )

Cabrio Top ( 49 )

Cuprozeb ( 50 )

Equation ( 51 )

Manage 150 ( 52 )

Positron Duo ( 53 )

Systhane PM ( 54 )

Captan 500 ( 55 )

Curathane ( 56 )

Folicur Pm ( 57 )

Mancozeb Sipc ( 58 )

Reconil ( 59 )

Caramba 90 ( 60 )

Curzate BR ( 61 )

Folpan Agricur ( 62 )

Maneb 800 ( 63 )

Ridomil Gold ( 64 )

Outros:________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 21. Qual os inseticidas que você usa? (Múltipla Escolha)

Abamex ( 1 )

Iharol ( 2 )

Premier ( 3 )

Triona ( 4 )

Actara 10 GR ( 5 )

Lebaycid Ec ( 6 )

Sumithion 500 CE ( 7 )

Vertimec 18CE ( 8 )

Bravik 600Ce ( 9 )

Lebaycid 500 ( 10 )

Talstar 100EC ( 11 )

Dipterex ( 12 )

Marshal 400 SC ( 13 )

Tiger 100EC ( 14 )

Outros:________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 22. Com que freqüência você entra em contato direto com esses produtos? ( 1 ) 1 vez por semana ( 2 ) 1 vez a cada 15 dias ( 3 ) 1 vez por mês ( 4 ) 1 vez por ano ( 5 ) todos os dias ( 6 ) Outra: _________________ 23. Durante a realização de suas tarefas você costuma: ( 1 ) beber ( 2 ) comer ( 3 ) fumar ( 4 ) nenhuma alternativa 24. O último contato com agrotóxicos foi a quanto tempo? Com qual produto?

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25. Quais dos equipamentos abaixo relacionados que você sempre utiliza quando entra em contato com os agrotóxicos? (Múltipla Escolha) ( 1 ) macacão ( 6 ) tênis ( 11 ) boné ( 14 ) luvas ( 2 ) calça cumprida ( 7 ) botas ( 12 ) chapéu ( 15 ) máscara ( 3 ) short ( 8 ) sapato ( 13 ) sem nada na cabeça ( 16 ) óculos ( 4 ) camiseta/camisa ( 9 ) chinelo ( 17 ) lenço no rosto ( 5 ) vestido/ saia (10 ) descalço ( 18 ) Outros:_____________________ Observações feitas: ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 26. A roupa é impermeável? ( 1 ) sim ( 2 ) não 27. Você costuma lavar as mãos após ter contato com os agrotóxicos? ( 1 ) sempre ( 2 ) nunca ( 3 ) às vezes 28. Você costuma tomar banho logo após contato com agrotóxicos? ( 1 ) sempre ( 2 ) nunca ( 3 ) às vezes 29. Você já apresentou algum dos sintomas listados abaixo após contato com agrotóxicos: (Múltipla Escolha) ( 1 ) tontura ( 5 ) tremores ( 8 ) insônia ( 11 ) náuseas (enjôos) ( 2 ) dor de cabeça ( 6 ) cansaço excessivo ( 9 ) fraqueza ( 12 ) visão turva ( 3 ) dor de coluna ( 7 ) dor de estômago ( 10 ) falta de ar ( 13 ) pressão alta ( 4 ) reação alérgica (14 ) outros sintomas:_____________________________________________________________ 30. Com que tipo de máquina/equipamento agrícola você aplica os agrotóxicos na sua lavoura? (Múltipla Escolha) ( 1 ) manual ( 2 ) trator ( 3 ) outro:_____________ HISTÓRIA DE FUMO: 31. Possui o hábito de fumar? ( 1 ) fumante. Quanto tempo? ( 2 ) ex-fumante Quanto tempo parou de fumar? ( 3 ) não fumante ( ir para perg. 33)

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32. O que você fuma/fumou: ( 1 ) cigarro Quantas carteira por dia? ( 2 ) palheiro ( 3 ) charuto ( 4 ) cachimbo

MEDICAMENTOS E DOENÇAS

33. Possui alguma doença? ( 1 ) não ( 2 ) sim. Qual(is)?

34. Existe histórico familiar de alguma doença? (Múltipla Escolha) ( 1 ) câncer ( 2 ) diabetes ( 3 ) hipertensão ( 4 ) doença pulmonar ( 5 ) doença cardíaca ( 6 ) colesterol alto ( 7 ) outra. Qual?______________________ 35. Você considera sua memória: ( 1 ) muito boa ( 2 ) boa ( 3 )razoável ( 4 ) ruim ( 5 ) muito ruim 36. Você toma algum medicamento prescrito pelo médico (comprimidos para pressão, insulina, tranqüilizantes, outros)? ( 1 ) não ( 2 ) sim. Quais? 37. Você toma algum medicamento não prescrito por médico (por exemplo, aspirina, anti-ácidos, sedativos)? ( 1 ) não ( 2 ) sim. Quais? Com que freqüência?

DIETA:

38. Você come vegetais? ( 1 ) sim ( 2 ) não ( 3 ) às vezes 39. Você come carne? ( 1 ) não ( 2 ) sim, com que freqüência:_______________________ 40. Você bebe café? ( 1 ) não ( 2 ) sim, quantos por dia:__________________________ 41. Você toma chimarrão? ( 1 ) sim ( 2 ) não ( 3 ) às vezes 42. Você faz o uso de bebidas alcoólicas? ( 1 )não (ir p/ perg. 44) ( 2 ) sim. Com que freqüência?

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43. Que tipo de bebida você prefere?

HISTÓRIA GENÉTICA:

44. Você tem conhecimento de algum defeito de nascimento ou doença hereditária que tenha afetado seus familiares? ( ) não ( )sim, Qual?__________ Qual parentesco? __________ Observações:________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

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ANEXO 3

Foto do parreiral com cultivo protegido por cobertura plástica impermeável, a qual aumenta a produtividade e diminui a aplicação de fungicidas.

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