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AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO IMPLANTADO NUMA EDIFICAÇÃO COMERCIAL Cristiane Mac-Cormick Rodrigues Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil, COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Engenharia Civil. Orientadores: Webe João Mansur Andreia Sofia Carvalho Pereira Rio de Janeiro Setembro de 2010

AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

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Page 1: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO IMPLANTADO

NUMA EDIFICAÇÃO COMERCIAL

Cristiane Mac-Cormick Rodrigues

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-graduação em Engenharia

Civil, COPPE, da Universidade Federal do Rio

de Janeiro, como parte dos requisitos necessários

à obtenção do título de Mestre em Engenharia

Civil.

Orientadores: Webe João Mansur

Andreia Sofia Carvalho Pereira

Rio de Janeiro

Setembro de 2010

Page 2: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO IMPLANTADO

NUMA EDIFICAÇÃO COMERCIAL

Cristiane Mac-Cormick Rodrigues

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO

LUIZ COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA

(COPPE) DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE

DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE

EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA CIVIL.

Examinada por:

________________________________________________Prof. Webe João Mansur, Ph.D.

________________________________________________Prof. José Antonio Fontes Santiago, D. Sc.

________________________________________________Prof. Jules Ghislain Slama, D. Sc.

________________________________________________Prof. Francisco Cláudio Pereira de Barros, D. Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

SETEMBRO DE 2010

iv

Page 3: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Rodrigues, Cristiane Mac-Cormick

Avaliação Acústica de um Estúdio de Gravação

Implantado numa Edificação Comercial/ Cristiane Mac-

Cormick Rodrigues. – Rio de Janeiro: UFRJ/COPPE, 2010.

XXI, 130 p.: il.; 29,7 cm.

Orientadores: Webe Mansur

Andreia Sofia Carvalho Pereira

Dissertação (mestrado) – UFRJ/ COPPE/ Programa de

Engenharia Civil, 2010.

Referências Bibliográficas: p. 118-121.

1. Acústica de Ambientes. 2. Isolamento de Ruídos. 3.

Estúdios de Gravação. I. Mansur, Webe et al. II.

Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE, Programa

de Engenharia Civil. III. Titulo.

iii

Page 4: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

"Dedico este trabalho aos meus pais, que são meus exemplos de vida e minha

inspiração"

" Pedras no caminho? Guardo todas,

um dia vou construir um castelo..."

(Fernando Pessoa)

iv

Page 5: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

AGRADECIMENTOS

Agradeço a minha família por todo o amor, dedicação e apoio ao longo da minha

vida e de toda a caminhada para a conclusão deste trabalho.

Ao meu orientador, Professor Webe João Mansur pela disponibilidade e apoio

ao longo da elaboração desta dissertação.

A minha co-orientadora, Professora Andreia Sofia Carvalho Pereira, que mesmo

estando longe fisicamente, foi de uma importância fundamental para a realização deste

trabalho. Agradeço pelas inúmeras conversas sobre o conteúdo da dissertação, por todo

seu apoio, contribuição, disponibilidade e ensinamentos transmitidos.

A Comissão Nacional de Energia Nuclear, e todas as pessoas da instituição, que

de alguma forma contrubuiram para que eu concluísse com êxito esta etapa de

desenvolvimento pessoal e profissional.

Ao João Abdalla, pelo apoio incondicional, suporte, encorajamento e

principalmente pelo carinho e apoio emocional.

Aos amigos Diego Vivas e Thais Helena Britto, pelo apoio e presença constante

durante a realização deste trabalho, além da disponibilização do estúdio para que eu

pudesse realizar meu estudo.

Enfim, agradeço a todos os amigos que de alguma forma contribuíram para a

realização deste trabalho, sem eles, a caminhada seria muito mais árdua.

v

Page 6: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)

AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO IMPLANTADO

NUMA EDIFICAÇÃO COMERCIAL

Cristiane Mac-Cormick Rodrigues

Setembro/2010

Orientadores: Webe João Mansur

Andreia Sofia Carvalho Pereira

Programa: Engenharia Civil

Cada tipo de edificação precisa atender a alguns requisitos específicos para

garantir a qualidade acústica voltada para sua funcionalidade. Este trabalho tem como

objetivo principal motivar e contribuir para um aumento do conhecimento atual no que

concerne à implantação de estúdios de gravação em espaços comerciais, através de um

estudo de caso que consistiu num pequeno estúdio de gravação, implantado em uma

edificação comercial. A análise da qualidade acústica do ambiente é efetuada

inicialmente através da caracterização do espaço e das soluções construtivas

implementadas com importância para o seu comportamento acústico. São

posteriormente quantificados alguns parâmetros acústicos objetivos especificamente,

tempo de reverberação, ruído de fundo e isolamento aos sons aéreos de divisórias

através da realização de ensaios experimentais. Por último são ainda avaliados

parâmetros acústicos subjetivos, através da aplicação de um questionário dirigido aos

usuários deste espaço sendo eles: ruído exterior, ruído interior, impressão espacial,

vivacidade, clareza, envolvimento, timbre, equilíbrio tímbrico e classificação geral.

vi

Page 7: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)

ACOUSTIC EVALUATION OF A RECORDING STUDIO IN AN IMPLANTED

COMMERCIAL BUILDING

Cristiane Mac-Cormick Rodrigues

September/2010

Advisors: Webe João Mansur

Andreia Sofia Carvalho Pereira.

Department: Civil Engineering

Each type of building must meet specific requirements to ensure proper acoustic

comfort. This study's main objective is to motivate and contribute to an increase in the

current knowledge regarding the acoustic demands for recording studios in commercial

spaces, by analyzing a case study that consisted of a small recording studio, installed in

a commercial building. The analysis of the acoustic quality of the environment is made

through the characterization of the space and of constructive solutions implemented in

what concerns to the importance on the acoustic behavior. Evaluation of objective

parameters such as reverberation time, background noise and airborne sound insulation

of partitions is made by conducting experimental tests. Evaluation of subjective

parameters is also performed by applying a questionnaire to users of this space. These

parameters were: exterior noise, interior noise, spatial impression, liveliness, clarity,

involvement, tone, timbre and balance overall.

vii

Page 8: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

SUMÁRIO

1 - INTRODUÇÃO..................................................................................................... 01

1.1 - Motivação e Objetivo da Pesquisa....................................................................... 01

1.2 - Relevância do Estudo........................................................................................... 03

1.3 - Estrutura da Dissertação....................................................................................... 04

2 – ACÚSTICA DE AMBIENTES.......................................................................... 06

2.1 - Introdução............................................................................................................ 06

2.2 - Propagação do som num espaço fechado............................................................. 07

2.2.1 - Reflexão, Transmissão e Absorção....................................................... 07

2.2.2 - Tipos de Fontes..................................................................................... 08

2.2.3 - Defeitos Acústicos de um espaço fechado............................................ 10

2.2.3.1 - Eco......................................................................................... 10

2.2.3.2 - Eco Flutuante (Flutter Echo)................................................. 10

2.2.4 - Modos Acústicos de Espaços Fechados............................................... 11

2.3 - Parâmetros de Qualidade Acústica...................................................................... 12

2.3.1 - Ruído de Fundo..................................................................................... 12

2.3.2 - Tempo de Reverberação...................................................................... 16

2.3.3 - Outros parâmetros............................................................................... 20

2.3.3.1 - EDT (Early Decay Time)..................................................... 21

2.3.3.2 - RASTI (Room Acoustics or Rapid Speech Transmission In-dex).................................................................................................... 21

2.3.3.3 - Definição – D50...................................................................... 21

2.4 - Materiais e Sistemas Sonoros Absorventes........................................................ 21

viii

Page 9: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

2.4.1 - Materiais porosos ou fibrosos............................................................... 22

2.4.2 - Ressonadores........................................................................................ 23

2.4.3 - Membranas........................................................................................... 25

2.5 - Difusão................................................................................................................ 26

2.5.1 - Efeitos da geometria, tamanho e absorção da sala na difusão sonora.. 28

2.5.2 - Difusores............................................................................................... 28

2.6 - Parâmetros Subjetivos......................................................................................... 30

3 – ISOLAMENTO ACÚSTICO.............................................................................. 32

3.1 - Introdução............................................................................................................ 32

3.2 - Isolamento de ruídos aéreos................................................................................ 34

3.2.1 - Paredes Simples.................................................................................... 35

3.2.2 - Paredes Duplas...................................................................................... 36

3.2.3 - Paredes de alta performance acústica.................................................... 37

3.2.4 - Isolamento de Portas............................................................................. 38

3.2.5 - Isolamento de Janelas........................................................................... 39

3.3 - Isolamento de ruídos de impacto......................................................................... 40

4 – PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS ACÚSTICAS DE ESTÚDIOS............. 42

4.1 - Características Gerais dos Estúdios..................................................................... 42

4.2 - Dimensões dos Estúdios..................................................................................... 45

4.3 - Tempo de Reverberação...................................................................................... 48

4.4 - Materiais absorventes e difusores........................................................................ 51

4.5 - Requisitos para o Ruído de Fundo....................................................................... 57

ix

Page 10: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

4.6 - Isolamento de Ruídos.......................................................................................... 59

4.6.1 - Isolamento de Ruídos Aéreos................................................................ 59

4.6.2 - Isolamento de Ruídos de Impacto......................................................... 64

4.6.3 – Solução “Room Within a Room”......................................................... 64

4.7 - Janela de observação entre a sala técnica e a sala de gravação............................ 65

4.8 - Ruído proveniente dos sistemas de ventilação..................................................... 66

5 – METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS ACÚSTICOS.... 68

5.1 - Caracterização Física do Espaço......................................................................... 68

5.2 - Avaliação de Parâmetros Objetivos..................................................................... 68

5.2.1 - Tempo de Reverberação...................................................................... 71

5.2.2 - Ruído de Fundo.................................................................................... 71

5.2.3 - Isolamento Sonoro.............................................................................. 72

5.3 - Avaliação de Parâmetros Subjetivos................................................................... 76

6 – ANÁLISE COMPARATIVA DOS RESULTADOS OBTIDOS...................... 77

6.1 - Objeto do Estudo................................................................................................. 77

6.2 - Avaliação da Caracterização Física do Estúdio................................................... 80

6.2.1 - Isolamento............................................................................................. 81

6.2.2 - Tipos de Revestimentos........................................................................ 85

6.2.3 - Dimensões do Estúdio.......................................................................... 87

6.2.4 - Sound Lock........................................................................................... 88

6.2.5 - Portas Acústicas.................................................................................... 88

6.2.6 - Janela de observação entre a sala técnica e a sala de gravação............ 89

x

Page 11: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

6.3 - Parâmetros Acústicos Objetivos......................................................................... 90

6.3.1 - Avaliação Tempo de Reverberação..................................................... 90

6.3.1.1 - Sala de Gravação do Estúdio................................................ 90

6.3.1.2 - Sala Técnica.......................................................................... 93

6.3.2 - Avaliação do Ruído de Fundo............................................................. 94

6.3.2.1 - Sala de Gravação do Estúdio................................................ 94

6.3.2.2 - Sala Técnica.......................................................................... 96

6.3.3 - Isolamento Acústico............................................................................ 98

6.3.3.1 - Sala Emissora: Estúdio / Sala Receptora: Sala Técnica........ 98

6.3.3.2 - Sala emissora: Sala Técnica / Sala receptora: Sala vizinha.. 101

6.4 - Avaliação dos Parâmetros Acústicos Subjetivos................................................ 104

6.5 - Estudo de Soluções para melhora da Qualidade Acústica do Estúdio e do Isolamento Acústico..................................................................................................... 111

6.5.1 - Qualidade Acústica.............................................................................. 111

6.5.2 - Recomendações para Melhorias.......................................................... 112

6.5.2.1 - Tempo de Reverberação....................................................... 112

6.5.2.2 - Ruído de Fundo..................................................................... 112

6.5.2.3 - Equilíbrio Tímbrico.............................................................. 113

6.5.2.4 - Isolamento Acústico.............................................................. 113

7 – CONCLUSÕES.................................................................................................... 115

7.1 - Considerações Finais........................................................................................... 115

7.2 - Sugestões para futuras pesquisas......................................................................... 117

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................... 118

xi

Page 12: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

APÊNDICE A............................................................................................................. 122

APÊNDICE B............................................................................................................. 124

APÊNDICE C............................................................................................................. 130

xii

Page 13: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1: Exemplo de absorção, reflexão e transmissão de som incidente em uma

superfície. Fonte: adaptado de MEHTA et al., 1999.........................................................8

Figura 2.2: Curvas de igual sensação sonora (isofônicas) / Superfície de audição. Fonte:

MATEUS, 2008.................................................................................................................9

Figura 2.3: Intervalo de frequência de certos tipos de fonte. Fonte: adaptado de MEHTA

et al., 1999.......................................................................................................................10

Figura 2.4: Curvas NC. Fonte: MEHTA et al., 1999.......................................................14

Figura 2.5: Tempos de reverberação recomendados para diversos tipos de recintos

fechados em função do volume da sala. Fonte: NEPOMUCEMO, 1968........................18

Figura 2.6: Tempo de Reverberação Aparente. Fonte: TADEU, MATEUS, ANTONIO,

GODINHO, MENDES, 2007..........................................................................................19

Figura 2.7: Tempo de Reverberação NBR 12179. . Fonte: ABNT, 1992.......................20

Figura 2.8: Coeficiente de absorção em materiais porosos ou fibrosos. Fonte: TADEU,

MATEUS, ANTONIO, GODINHO, MENDES, 2007...................................................23

Figura 2.9: Exemplo de um Ressonador. Fonte: MOREIRA, 2008................................24

Figura 2.10: Ressonadores de Cavidade. Fonte: MOREIRA, 2008................................25

Figura 2.11: Esquema de funcionamento de uma membrana acústica. Fonte:

MOREIRA, 2008.............................................................................................................26

Figura 2.12: Onda sonora incidente num obstáculo e sua: (a) Reflexão; (b) Absorção e

(c) Difusão. Fonte: Crutchfield, 2008..............................................................................27

Figura 2.13: a) Elemento de um difusor policilíndrico. Fonte: Metha et al, 1999..........29

Figura 2.14: Perfil de um difusor MLS. Fonte: Metha et al, 1999.................................29

Figura 2.15: Exemplo de um difusor unidimensional QRD. Fonte: Metha et al, 1999...29

Figura 2.16: Exemplo de um difusor bidimensional QRD. Fonte: Metha et al, 1999.....29

xiii

Page 14: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Figura 3.1: Transmissão Ruído Aéreo. Fonte: METZEN, 2002.....................................34

Figura 3.2: Curva típica de perda de transmissão para paredes simples. Fonte:

GERGES, 2000................................................................................................................36

Figura 3.3: Exemplo de parede dupla..............................................................................37

Figura 3.4: Exemplo de parede de alta performance acústica.........................................37

Figura 3.5: Curva de exemplo de perda de transmissão de uma porta de madeira. Fonte:

QUIRT, 1985...................................................................................................................38

Figura 3.6: Ruído de impacto sobre piso, entre pavimentos de edifícios. Fonte: www

.ecophon.com.es/templates/Print.asp?id=14204& renderoption=5&CurrFName =/

templates /eco_FDPage1.as.............................................................................................40

Figura 3.7: Pavimento Flutuante em Madeira. Fonte: MATEUS, 2008..........................41

Figura 3.8: Lajes Flutuantes em concreto. Fonte: MATEUS, 2008...............................41

Figura 4.1: Tipos de Estúdios Sonoros. Fonte: adaptado de LONG, 2006....................44

Figura 4.2: Ambientes não paralelos reduzem os efeitos acústicos ocasionados em salas

pequenas, melhor que os ambientes retangulares. Fonte: adaptado de MEHTA et al.,

1999.................................................................................................................................46

Figura 4.3: Tempos de Reverberação recomendados para estúdios de gravação. Fonte:

adaptado de MEHTA et al., 1999....................................................................................48

Figura 4.4: Tempos de Reverberação para Estúdios de 500-1000Hz. Fonte: adaptado de

LONG, 2006....................................................................................................................49

Figura 4.5: Sugestão de Tempos de Reverberação para Salas de Controle. Fonte:

adaptado de LONG, 2006................................................................................................51

Figura 4.6: Exemplo de “bass traps” e seu posicionamento parede/parede/teto. Fonte:

adaptado www.sixstringstudios.com/studioconstruction.html........................................52

Figura 4.7: Vista Superior de Posicionamento de “bass traps”. Fonte: adaptado

www.sevenstring.org/forum/recording-studio/48 ..........................................................53

Figura 4.8: Difusor Policilindrico. Fonte: http://audiolist.cjb.net...................................54

xiv

Page 15: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Figura 4.9: Difusor Piramidal. Fonte: http://audiolist.cjb.net..........................................54

Figura 4.10: Típico layout de um Estúdio de Gravação com 500m². Fonte: adaptado

NEWELL, 2008...............................................................................................................56

Figura 4.11: Típico layout de um Estúdio de Gravação e Sala de Controle, destacando

os itens de absorção. Fonte: adaptado MEHTA et al., 1999...........................................57

Figura 4.12: Estrutura suspensa com apoios antivibratórios. Fonte: MATEUS, 2008...61

Figura 4.13: Apresentação de um “sound lock” em uma sala de controle. Fonte:

adaptado NEWELL, 2008...............................................................................................62

Figura 4.14: Exemplo de composição de porta acústica. Fonte: adaptado NEWELL,

2008.................................................................................................................................63

Figura 4.15: Porta Acústica. Fonte: NEWELL, 2008......................................................63

Figura 4.16: Corte esquemático da solução “room within a room”. Fonte: adaptado

ELSEA, 1996...................................................................................................................64

Figura 4.17: Típica solução de isolamento adotada em estudios. Fonte: adaptado

MEHTA et al., 1999........................................................................................................65

Figura 4.18: Opções de projetos para janela entre estúdio e sala técnica. Fonte:

www.audiolist.org/forum/kb.php?mode=article&k=249................................................66

Figura 5.1: Medidor de Nível de Pressão Sonora............................................................70

Figura 5.2: Amplificador e gerador de sinal que se ligam à fonte sonora......................70

Figura 5.3: Fonte Sonora................................................................................................71

Figura 5.4: Medição do nível médio de pressão sonora..................................................73

Figura 5.5: Curva padrão de referência para sons aéreos de acordo com a ISO 717-1.

Fonte: MATEUS, 2008....................................................................................................75

Figura 5.6: Ajuste a curva de referência. Fonte: MATEUS, 2008.................................76

Figura 6.1: Planta esquemática do 1º pavimento do Edifício Comercial (sem escala)...78

Figura 6.2: Estúdio Centoeum - Planta Baixa 1º pav (sem escala).................................78

xv

Page 16: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Figura 6.3: Estúdio Centoeum – Mezanino (sem escala)................................................79

Figura 6.4: Imagem do interior do Estúdio Centoeum....................................................79

Figura 6.5: Imagem do interior da Sala Técnica do Estúdio Centoeum..........................80

Figura 6.6: Construção de paredes independentes às existentes.....................................82

Figura 6.7: Detalhe do isolamento da janela...................................................................83

Figura 6.8: Detalhes dos elementos de composição do piso. .........................................83

Figura 6.9: Detalhes da colocação dos painéis de madeira de cobertura do estúdio.......84

Figura 6.10: Detalhe da utilização de lã de rocha e isopor..............................................84

Figura 6.11: Laje de cobertura do estúdio.......................................................................85

Figura 6.12: Utilização de materiais absorventes e reflexivos no interior do estúdio de

gravação, incluindo difusores..........................................................................................85

Figura 6.13: Utilização de materiais absorventes e reflexivos no interior da Sala

Técnica.............................................................................................................................86

Figura 6.14: Utilização de ressonador com material absorvente.....................................86

Figura 6.15: Dispositivos para quebra do paralelismo da sala do estúdio.......................87

Figura 6.16: Sound Lock Estúdio Centoeum...................................................................88

Figura 6.17: Detalhe construtivo das portas acústicas.....................................................89

Figura 6.18: Detalhe da janela de observação entre a sala técnica e a sala de

gravação...........................................................................................................................90

Figura 6.19: Tempo de Reverberação obtido através de medições na sala de Gravação vs

recomendação METHA et al. (1999)..........................................................................92

Figura 6.20: Gráfico comparativo entre valores recomendados por LONG (2006) e

valores medidos...............................................................................................................93

Figura 6.21: Gráfico comparativo entre valores de NC e os valores medidos no

estúdio..............................................................................................................................95

xvi

Page 17: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Figura 6.22: Gráfico comparativo entre valores de NC e os valores medidos na sala

técnica..............................................................................................................................97

Figura 6.23: Sala Emissora: Estúdio / Sala Receptora: Sala Técnica..............................99

Figura 6.24: Gráfico DnT,w (norma de referência: ISO 717-1)......................................100

Figura 6.25: Sala emissora: Sala Técnica / Sala receptora: Sala vizinha......................101

Figura 6.26: Gráfico DnT,w (norma de referência: ISO 717-1)......................................103

Figura 6.27: Gráfico com a caracterização da amostra.................................................104

Figura 6.28: Resultados para a pergunta: Ruído Externo: Você consegue ouvir de dentro

do estúdio sons oriundos de fora do recinto, como conversas, barulho de trânsito,

buzinas, etc.?..................................................................................................................105

Figura 6.29: Resultados para a pergunta: Ruído Interno: Ao ouvir sua gravação musical

ou durante os ensaios da banda, você consegue identificar sons provenientes do próprio

local, como barulho de equipamentos de ar condicionado, computadores, etc.?..........105

Figura 6.30: Resultados para a pergunta sobre ruído interno com respostas classificadas

por tipo de músico.........................................................................................................106

Figura 6.31: Resultados para a pergunta: Impressão Espacial: Você considera que a

geometria do estúdio contribui para sua qualidade acústica?........................................107

Figura 6.32: Resultados para a pergunta: Vivacidade: Você diria que em relação a

reverberância do estúdio, a sala lhe parece mais "viva", isto é, bastante reverberante, ou

mais "morta/seca", ou seja, mais absorvente e que reflete pouco som?........................107

Figura 6.33: Resultados para a pergunta: Clareza ou Definição: Ao ouvir sua gravação

musical , você consegue identificar claramente os sons provenientes de seu instrumento

e/ou sua voz, ou tem a impressão de uma massa confusa de som?...............................108

Figura 6.34: Resultados para a pergunta: Clareza ou Definição: Durante os ensaios da

banda, você consegue identificar claramente os sons provenientes de seu instrumento e/

ou sua voz, ou tem a impressão de uma massa confusa de som?...............................108

Figura 6.35: Resultados para a pergunta: Envolvimento: Nos ensaios da banda você tem

a sensação de estar imerso no som, ou rodeado por ele?...............................................109

xvii

Page 18: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Figura 6.36: Resultados para a pergunta: Timbre: Você percebe alguma alteração no

timbre do seu instrumento causado pela acústica da sala?............................................109

Figura 6.37: Resultados para a pergunta: Equilíbrio Tímbrico: Como você classificaria o

equilíbrio tímbrico relativo a frequências graves e agudas do estúdio?........................110

Figura 6.38: Resultados para a pergunta: Classificação Geral: De um modo geral, como

você classificaria a acústica do estúdio?........................................................................110

Figura 6.39: Fotos internas da sala 102 – Consultório Psicológico...............................113

Figura 6.40: Exemplo da possível solução a ser adotada..............................................114

xviii

Page 19: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1: Pressão, Intensidade e Nível de Pressão Sonoro de alguns ruídos. Fonte:

adaptado de MEHTA et al., 1999......................................................................................8

Tabela 2.2: Os valores dos níveis de pressão sonora em função da frequência relativa a

cada curva NC. Fonte: MEHTA et al., 1999...................................................................15

Tabela 2.3: Curvas NC recomendadas e níveis de ruído de fundo equivalentes em

dB(A). Fonte: Isbert, A. - Diseño Acústico de Espacios Arquitectónicos, Edicions UPC,

Universitat Politécnica de Catalunya, Barcelona, 1998..................................................15

Tabela 3.1: Condições de tolerância ao Ruído para caixilhos. Fonte: NBR 10821,

2001.................................................................................................................................40

Tabela 4.1: Dimensões preferências a adotar em compartimentos retangulares pequenos.

Fonte: Louden M.M. “ Dimensional ratios of rectangular rooms with good distribution

of eigentones” Acustica, vol. 24, 1971, pp. 101-104.......................................................48

Tabela 4.2: Nível de Ruído de Fundo para Estúdios e Salas de Som. Fonte: adaptado

LONG, 2006....................................................................................................................58

Tabela 4.3: Níveis de isolamento para construções destinadas a música. Fonte: adaptado

de LONG, 2006..............................................................................................................60

Tabela 6.1: Tempos de Reverberação medidos em 1/3 de oitavas nas frequências

apresentadas, medidos na sala de gravação.....................................................................91

Tabela 6.2: Tempo de Reverberação medido em 1/3 de oitava na Sala Técnica............93

Tabela 6.3: Ruído de Fundo medidos em 1/3 de oitava, nas frequências apresentadas, na

sala de gravação com aparelhos desligados.....................................................................94

Tabela 6.4: Ruído de Fundo medidos em 1/3 de oitava, nas frequências apresentadas, na

sala de gravação com aparelho split ligado.....................................................................95

Tabela 6.5: Ruído de Fundo medidos em 1/3 de oitava, nas frequências apresentadas, na

sala técnica com aparelhos desligados.............................................................................96

xix

Page 20: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Tabela 6.6: Ruído de Fundo medidos em 1/3 de oitava, nas frequências apresentadas, na

sala técnica com aparelhos desligados.............................................................................97

Tabela 6.7: Avaliação do Desempenho do Isolamento Acústico - Sala Emissora: Estúdio

/ Sala Receptora: Sala Técnica........................................................................................99

Tabela 6.8: Sala Emissora: Estúdio / Sala Receptora: Sala Técnica – Tabela de Cálculo

DnT,w (norma de referência: ISO 717-1)........................................................................100

Tabela 6.9: Avaliação do Desempenho do Isolamento Acústico- Sala emissora: Sala

Técnica / Sala receptora: Sala vizinha...........................................................................102

Tabela 6.10: Tabela de cálculo do DnT,w - Sala emissora: Sala Técnica / Sala receptora:

Sala vizinha (norma de referência: ISO 717-1).............................................................102

xx

Page 21: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS

ABNT - Associação brasileira de normas técnicas

COPPE/UFRJ - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em

Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro

CTS - Classe de Transmissão Sonora

dB - decibéis

dB(A) - decibéis ponderação A

D50 - Definição

EDT - Early Decay Time (Tempo de decaimento inicial)

Hz - Hertz

INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial

ISO - Internacional Organization for Standartization

Leq - Nível de Pressão Sonora Equivalente

NBR – Norma brasileira

NC – Noise Criteria (Critério para ruído)

NPS - Nível de Pressão Sonora

RASTI – Room Acoustics or Rapid Speech Transmission Index (Índice Rápido de

Transmissão da Fala)

RF – Ruído de Fundo

TR - Tempo de Reverberação

xxi

Page 22: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …
Page 23: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Capítulo 1

Introdução

1.1 - Motivação e Objetivo da Pesquisa

A qualidade acústica dos ambientes vem se tornando um aspecto relevante para

um bom desenvolvimento de diversas atividades. No Brasil, a pertinência do tema vem

se revelando pelo crescente interesse que a comunidade científica brasileira tem

demonstrado pelo assunto, através da publicação recente de inúmeros trabalhos

acadêmicos nas diversas áreas da acústica de edificações. Destaca-se ainda a publicação

recente da norma brasileira NBR 15575, em vigor desde 2010, que visa estabelecer para

os edifícios habitacionais de até cinco pavimentos, condições acústicas mínimas de

habitabilidade, além de outros requisitos que são definidos. Este documento revela-se

importante, pois estabelece parâmetros mínimos de desempenho acústico para os

elementos construtivos que até a data não eram avaliados no Brasil. Espera-se então que

esta norma venha a contribuir para uma melhoria do conforto acústica nestes edifícios.

Em paralelo, os usuários dos espaços têm adquirindo nos últimos anos uma

maior consciência sobre este tema, reforçando a necessidade de uma maior qualidade

acústica nas edificações através da reivindicação desta exigência para os espaços. Esta

atitude, além da definição de legislação e normalização, motivará os diversos

intervenientes no ato construtivo a facultarem, progressivamente, melhores condições

acústicas às edificações, contribuindo assim para uma melhoria global na qualidade de

vida nos espaços habitáveis.

Os aspectos abordados são recentes e, embora constituindo um passo para a

melhoria real da qualidade acústica dos espaços, nos dias atuais, no Brasil, observam-se

diversos problemas relativos à falta de preocupação com a acústica, que causam

transtornos em diversos espaços, como em salas de aula, residências, ou mesmo em

espaços comerciais, o que demonstra que muito tem ainda que ser feito ao assunto.

1

Page 24: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

De fato, são muitos os espaços que requerem um estudo cuidadoso da

componente acústica. Entre eles, inclui-se o caso dos estúdios de gravação, objeto de

análise no presente trabalho. Na concepção destes espaços deve-se garantir a qualidade

acústica do ambiente onde são realizadas as gravações, para a qual, em muito,

contribuem os revestimentos aplicados, mas também o desempenho acústico das

soluções construtivas no que se refere ao isolamento a sons aéreos e de impacto. Neste

último aspecto interessa que sons provenientes de outros locais não interfiram nas

gravações, mas também no caso do estúdio se localizar em edifícios ou zonas onde

coexistam outras atividades sensíveis ao ruído, é também fundamental assegurar que a

atividade ali realizada não produza incomodo nos espaços vizinhos. É importante

ressaltar que os equipamentos de gravação têm também um papel muito importante na

garantia da qualidade da gravação. Pelo exposto, compreende-se que a concepção destes

estúdios seja uma atividade complexa.

Devido ao grande avanço tecnológico e preços de equipamentos de gravação

bem mais acessíveis, a quantidade de estúdios no país aumentou consideravelmente.

Esses estúdios foram implantados nos mais diversos locais, indo desde a própria

residência, conhecidos como “home studio”, como em locais predominantemente

comerciais. Entretanto, tem se verificado que nem sempre se tomou o devido cuidado na

criação destes espaços, onde a concepção acústica tem sido feita normalmente sem

critérios específicos para este tipo de atividade. De fato, os grandes investimentos

iniciais, com equipamentos de alta tecnologia, nem sempre propiciaram o sucesso aos

estúdios, pois a acústica que é proporcionada pelo espaço em si é elemento primordial a

este tipo de ambiente.

Verifica-se que não existe normalização suficiente no país, que norteie os

projetistas quanto aos parâmetros e índices que devem ser atendidos para a obtenção da

qualidade acústica necessária a este tipo de espaço. Também não existem normas

brasileiras específicas para desempenho acústico de edifícios comerciais, uma vez que a

implantação de estúdios nestes edifícios é usualmente alvo de reclamação dos usuários

pela questão do incômodo gerado pelo som que vaza do estúdio.

Este trabalho tem como objetivo principal motivar para esta temática e contribuir

para um aumento do conhecimento atual no que concerne à implantação de estúdios de

gravação em espaços comerciais, através do estudo de um pequeno estúdio de gravação,

implantado em uma edificação comercial. O estúdio escolhido como objeto de estudo

2

Page 25: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

foi concebido sem a existência de um projeto acústico específico, elaborado por um

profissional da área, o que põe à prova a qualidade acústica do ambiente. Além disso,

produz uma perturbação acústica significativa numa sala vizinha, uma vez que ele está

localizado em um edifício comercial, onde existem salas com áreas de atuação bem

distintas.

Com o intuito mencionado, é efetuada primeiramente uma compilação dos

requisitos acústicos que estes espaços devem de um modo geral cumprir, de modo a

proporcionar um adequado desempenho acústico. Posteriormente é analisado o estudo

de caso citado, através da caracterização física das soluções acústicas implementadas e

da realização de ensaios experimentais para avaliar alguns parâmetros acústicos

objetivos, especificamente o tempo de reverberação, ruído de fundo e isolamento aos

sons aéreos de divisórias. Foi ainda realizado um questionário dirigido aos usuários

deste espaço de modo a poder quantificar alguns parâmetros acústicos subjetivos, sendo

eles: ruído exterior, ruído interior, impressão espacial, vivacidade, clareza,

envolvimento, timbre, equilíbrio tímbrico e classificação geral. Os resultados destes

questionários são confrontados com as demais caracterizações.

Como objetivos específicos deste trabalho, podem-se citar:

· Analisar comparativamente os resultados obtidos com as especificações encontradas

na bibliografia existente;

· Produzir base técnica para, juntamente com outros estudos, subsidiar a produção de

normalização acústica para edifícios comerciais.

1.2 - Relevância do Estudo

Quanto à relevância do presente estudo, pode-se mencionar que, na literatura

técnica brasileira, há muito pouco a respeito de acústica para estúdios pequenos, ao

mesmo tempo em que existe uma demanda tão grande deste tipo de edificação. Existe

portanto uma realidade muito pouco adequada em se tratando deste tipo de ambiente.

Infelizmente, os próprios projetistas de edificações não dão a devida atenção à

parte acústica, pois raramente encontra-se um projeto específico para esta especialidade,

o que resulta normalmente em ações corretivas posteriores para se atingir a qualidade

3

Page 26: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

acústica esperada, e as soluções encontradas são sempre complexas e de custos

elevados.

Somando se aos fatos descritos, no Brasil a legislação referente à acústica de

edificações é bastante precária e faltam leis federais, estaduais e municipais que

estipulem condições mínimas referente a desempenho acústico de edificações, o que

contribui para o não cumprimento das normas técnicas, que além de serem pouco

eficazes passam a ser meramente ilustrativas.

1.3 - Estrutura da dissertação

O presente trabalho é composto por sete capítulos, estando organizado da

seguinte forma:

Capítulo 1 – Introdução ao trabalho, indicando a motivação e o objetivo da pesquisa

desenvolvida, a relevância do estudo e apresentando a estrutura da dissertação.

Capítulo 2 – Apresenta os conceitos básicos referentes à acústica de ambientes,

apontando os principais parâmetros que são considerados para avaliá-los.

Capítulo 3 – Neste capítulo são abordados os principais aspectos relacionados ao

isolamento acústico.

Capítulo 4 – São abordadas as principais características que devem ser atendidas por

estúdios de gravação, indicando os principais parâmetros que devem ser analisados para

a verificação da qualidade acústica de um estúdio, apresentando algumas soluções

acústicas comumente utilizadas nestes espaços, tendo em conta a sua especificidade.

Capítulo 5 – Descrevem-se as metodologias utilizadas de avaliação dos parâmetros

acústicos utilizados no presente trabalho para o estudo de caso.

Capítulo 6 – Neste capítulo é analisado o estudo de caso sendo efetuada a caracterização

das soluções construtivas adotadas no estúdio relevantes para o seu comportamento

4

Page 27: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

acústico. São ainda apresentados e discutidos diversos parâmetros acústicos obtidos

através de ensaios experimentais e de um questionário respondido pelos usuários. Por

último são apontadas sugestões de possíveis melhoras que podem ser feitas no estúdio,

visando o aspecto da qualidade acústica e do isolamento acústico.

Capítulo 7 – Conclusões gerais do trabalho, e sugestões para futuras pesquisas.

5

Page 28: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Capítulo 2

Acústica de Ambientes

O ambiente acústico interfere de forma significativa no estado sensitivo dos

usuários de um dado ambiente. Este capítulo aborda os conceitos básicos referentes a

acústica de ambientes, apontando os principais parâmetros que são considerados para

avaliá-los.

2.1 - Introdução

Enquanto a acústica arquitetônica estuda como isolar o som, a acústica de

ambientes estuda as condições acústicas de cada sala em si, procurando favorecer a

audibilidade e as condições de conforto acústico no seu interior (NEPOMUCENO,

1968). Embora de um modo geral estas áreas de acústica sejam tratadas de forma

isolada, existe uma forte ligação entre elas. A título de exemplo refere-se que um mau

isolamento de uma sala pode gerar ruído de fundo no interior da mesma, proveniente do

exterior que vai condicionar as condições de audição.

A geometria da sala, volume, e as características de absorção das faces e

materiais que revestem o ambiente têm grande influencia tanto na qualidade do som

quanto no nível sonoro que se estabelece nos vários pontos da sala (MEHTA et al.,

1999).

Existem diversos parâmetros que permitem analisar o comportamento do som no

ambiente, tais como as características físicas da sala, o tempo de reverberação, o ruído

de fundo e os níveis sonoros. A qualidade acústica também pode ser avaliada de forma

subjetiva, como por exemplo, através da aplicação de questionários em usuários e testes

6

Page 29: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

de inteligibilidade. A análise conjunta dos resultados irá caracterizar a qualidade

acústica da sala.

2.2 - Propagação do som num espaço fechado

O som, de acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT

(ABNT, 2000, 1987), é definido como sendo uma forma de energia proveniente de um

corpo emitindo em uma ou mais direções, certos movimentos vibratórios, que se

propagam em meios elásticos e acústicos e que podem ser perceptiveis pelo ouvido

humano.

Cada partícula que compõe o meio de propagação do som desenvolve um

movimento em torno de sua posição de equilíbrio, isto é, a partícula vibrante transmite

seu movimento para a partícula adjacente, que também o transmite para a próxima,

fazendo com que o som se propague em um meio. A propagação das ondas sonoras

pode ser harmoniosa, gerando neste caso um som, ou incômoda, gerando neste caso um

ruído, dependendo esta classificação da análise subjetiva de cada indivíduo (HARRIS,

1998; BERANEK & VÉR, 1992).

A propagação das ondas sonoras em espaços fechados, pode gerar, segundo

BERANEK (1960), certos fenômenos, como reflexão, transmissão, absorção e difusão,

que são influenciados diretamente pelas características da onda e do meio onde ela se

propaga.

2.2.1 - Reflexão, Transmissão e Absorção

Entende-se por reflexão o fenômeno que ocorre quando uma onda sonora

incidente em uma superfície que separa dois meios distintos, retorna a energia ou parte

da energia incidente ao meio de origem. Neste processo existem dois tipos de onda: uma

onda transmitida e outra refletida. Se toda energia incidente for completamente

refletida, o processo é considerado equivalente, isto é, as duas ondas do processo terão

mesma freqüência e amplitude, propagando-se em sentidos contrários. (BIES &

HANSEN, 2002; HASSALL & ZAVERI, 1979). Quando parte da onda sonora

7

Page 30: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

incidente atravessa a superfície que separa os dois meios, tem-se o fenômeno

denominado de transmissão. Quando parte da onda sonora incidente é atenuada ou

distorcida pela superfície ou pelo meio, tem-se o fenômeno da absorção. Tais

fenômenos são representados na Figura 2.1.

Figura 2.1: Exemplo de absorção, reflexão e transmissão de som incidente em uma

superfície. Fonte: adaptado de MEHTA et al., 1999.

2.2.2 - Tipos de Fontes

A maioria dos sons está na faixa de nível de pressão 0 a 120 dB, que equivalem

a amplitudes de pressão sonora de 2x10-5 a 20 Pa. Na Tabela 2.1 são apresentados os

valores de Pressão, Intensidade e Nível de Pressão Sonora de algumas fontes de ruído.

Tabela 2.1: Pressão, Intensidade e Nível de Pressão Sonoro de alguns ruídos. Fonte:

adaptado de MEHTA et al., 1999.

Som refletido

20%

Som incidente

100%

Som absorvido

Som transmitido

30%

Som refletido

20%

Som incidente

100%

Som absorvido

Som transmitido

1%

8

Page 31: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

De acordo com EGAN (1998), uma pessoa jovem e saudável é capaz de ouvir

sons no intervalo de freqüência de aproximadamente 20 a 20.000 Hz e esse intervalo é

dividido em faixas de freqüência, onde as faixas de freqüência padronizadas mais

utilizadas são as bandas de freqüência de 1/1 oitava ou 1/3 de oitava. Sons de alta

freqüência (> 2.000 Hz) incomodam mais que sons de média ou baixa freqüência

porque o ouvido humano é menos sensível para sons de baixa freqüência (ver Figura

2.2).

A faixa de freqüência da voz humana se estende de aproximadamente 100 Hz até

5 KHz, cobrindo cerca de 5 oitavas. Este intervalo de frequência é o geralmente é

avaliado nos problemas de acústica de edificações. Aproximadamente 75% da energia

sonora da fala é composta por vogais, que são os componentes de baixa freqüência da

fala. É o som das vogais que distingue a fala de um indivíduo. As consoantes são os

componentes de alta freqüência da fala. A energia contida nas consoantes é

relativamente pequena, mas são as consoantes que determinam a inteligibilidade da fala

humana. Freqüências abaixo de 500 Hz contribuem insignificantemente para a

inteligibilidade da fala (MEHTA et al., 1999). A música apresenta um espectro de ruído

mais alargado abrangendo a banda de frequência dos 63 Hz e dos 8000Hz. Dependo do

instrumento músical o som poderá ser mais rico em frequências graves ou agudas. A

Figura 2.2 mostra os limites de freqüências para alguns tipos de som.

Figura 2.2: Curvas de igual sensação sonora (isofônicas) / Superfície de audição. Fonte:

MATEUS, 2008.

9

Page 32: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Figura 2.3: Intervalo de frequência de certos tipos de fonte. Fonte: adaptado de MEHTA

et al., 1999.

2.2.3 - Defeitos Acústicos de um espaço fechado

2.2.3.1 - Eco

O eco é uma conseqüência da reflexão sonora. Define-se eco como a repetição

de um som que chega ao ouvido por reflexão 1/15 de segundo ou mais depois do som

direto e que é identificado pelo ouvido como sendo um segundo som. Considerando-se

a velocidade do som em 345 m/s, o objeto que causa essa reflexão no som deve estar a

uma distância do ouvinte (se for este que emite o som) de 23 m ou mais, para que ele

perceba um eco.

2.2.3.2 - Eco Flutuante (Flutter Echo)

É um caso particular das ondas estacionárias. São as repetições rápidas que

podem ser ouvidas, quando, por exemplo, batemos palmas em ambientes fechados.

Ocorre quando existe a sobreposição de ondas refletidas cujos caminhos percorridos se

diferenciem de um número inteiro de comprimentos de onda. Neste caso, haverá

10

Page 33: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

momentos de intensificação do som pelas coincidências das fases, e outros com a

anulação do som pela defasagem da onda. Para uma pessoa, esses aumentos e

diminuições na intensidade sonora produzirá a mesma sensação de um eco.

Sempre que encontrados em uma sala de audição devem ser tratados, quer por

meio de absorção, por métodos geométricos, ou por difusão (NEWELL, 2008).

2.2.4 - Modos Acústicos de Espaços Fechados

Para se caracterizar rigorosamente o campo sonoro que se estabelece em um

recinto fechado, na presença de uma fonte sonora, é uma tarefa difícil, principalmente

no que diz respeito a geometrias irregulares da sala e/ou a grande heterogeneidade das

características de absorção sonora dos materiais de revestimento do espaço.

As frequências de ressonância de espaços fechados são responsáveis pela

determinação da forma da propagação sonora.

O som ao propagar-se no interior de um espaço fechado sofre reflexões

sucessivas. Dependendo da forma e dimensões dos elementos que envolvem a sala, bem

como das condições de contorno das envolventes, pode ocorrer formação de ondas

estacionárias, condicionando fortemente a propagação nas frequências próprias

associadas a estas ondas.

No caso de um compartimento paralelipipedico, as frequências do ar neste

compartimento podem ser obtidas através da expressão (Noise Reduction, Leo Beranek,

MacGraw Hill, 1960, USA.):

f n,m,k=c2 n2

L x2

m2

L y2

k 2

Lz2 , (Hz) (2.1)

em que, n, m e k correspondem à ordem das frequências ao longo das direções x, y e

z; , e são as dimensões do espaço acústico e c corresponde à velocidade do som.

Pela análise desta expressão verifica-se que o número de modos acústicos é

ilimitado, sendo a sua distribuição discreta em frequencia. Observa-se ainda que para

dimensões de compartimentos elevadas, como é o caso de grandes auditórios, os

primeiros modos situam-se em frequências muito baixas.

11

Page 34: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

De um modo geral os primeiros modos acústicos dos compartimentos

encontram-se espaçados entre si, no eixo da frequência condicionando o nível sonoro.

Nas altas frequências estes encontram-se sobrepostos deixando de haver concentrações

discretas de energia uma vez que estes deixam de dominar a resposta. Admitindo que a

existência de modos é inevitável convém selecionar uma relação entre as dimensões da

sala tal que a distribuição dos mesmos em frequência seja o mais uniforme possivel.

Desta forma conseguem-se evitar as concentrações de energia em bandas estreitas de

frequência, responsáveis pelo aparecimento de colorações intensas do som.

Verifica-se ainda que se as dimensões dos compartimentos são pequenas, como

é o caso dos estúdios de gravação musical, as primeiras frequências próprias de vibração

do espaço tendem a surgir para frequências mais elevadas, principalmente acima dos

100Hz.

Em sala que não tem a forma de paralelepípedo, para se determinar os modos

próprios de vibração, é necessário a utilização de métodos de cálculo mais complexos,

por exemplo, através de elementos finitos ou de elementos de contorno.

2.3 - Parâmetros de Qualidade Acústica

2.3.1 - Ruído de Fundo

O ruído pode ser classificado como ruído ambiente quando se trata de um ruído

associado a um certo ambiente em um tempo específico, sendo usualmente composto

pelo som de muitas fontes em diferentes direções, próximas e distantes, incluindo as

fontes sonoras de interesse. O ruído pode ainda ser classificado como ruído de fundo,

quando se refere ao ruído total de todas as fontes que não são a fonte de interesse

(HARRIS, 1998).

O ruído de fundo não deve mascarar o sinal de interesse e pode ter origem

interna ou externa à edificação. A transmissão de ruído externo para o interior dos

ambientes pode ser feita através do ar e da estrutura da edificação. O ruído interno em

salas geralmente é oriundo de ventiladores, ar condicionado e outros equipamentos (e.g.

equipamento informático ou eletrônico).

12

Page 35: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

As principais fontes geradoras do ruído de fundo em edificações são o ruído de

tráfego de veículos e o proveniente de atividades de construção civil. O ruído externo

pode passar para o interior da edificação através de paredes, aberturas, portas e janelas.

Na maioria dos estudos sobre conforto acústico, o ruído de fundo no ambiente é

avaliado pelo nível de pressão sonora equivalente medido em dB(A). Esta é uma

medida global que não fornece informações sobre a distribuição do nível de pressão

sonora por freqüência (GERGES, 2000). Porém, sabe-se que existem diferenças na

percepção do ruído pelo ouvido em freqüências diferentes. Desta forma, a medida do

ruído de fundo em função da freqüência é uma medida importante para conhecer melhor

o comportamento do som no ambiente medido.

Segundo GERGES (2000), após muitas pesquisas foi desenvolvido um critério

que avalia o ruído de fundo de um ambiente, traduzido pelas chamadas curvas NC

(critério de ruído). As curvas NC são conjuntos de níveis de pressão sonora pré-

determinados em função de freqüências em bandas de 1/1 oitava que podem ser

comparados com os níveis de pressão sonora medidos no ambiente. A classificação do

NC de um ambiente é determinada pelo valor que superpõe todos os valores medidos no

ambiente pela curva padrão. A Figura 2.4 mostra o gráfico de curvas NC e os valores

dos níveis de pressão sonora em função da freqüência relativos a cada curva são

apresentados na Tabela 2.2. Através da observação destas curvas, verifica-se que

seguem de forma aproximada à evolução da sensibilidade do ouvido humano em função

da frequência. Para uma determinada curva NC os níveis sonoros máximos permitidos

nas baixas frequências são sempre maiores do que nas altas frequências, uma vez que o

ouvido humano tem uma menor sensibilidade aos sons de baixa frequência. O nível de

ruído de fundo pode-se representar alternativamente através do nível de ruído

equivalente expresso em dB (A), podendo-se verificar que este se encontra cerca de 10

dB acima do valor da curva NC.

13

Page 36: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Figura 2.4: Curvas NC. Fonte: MEHTA et al., 1999.

14

Page 37: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Tabela 2.2: Os valores dos níveis de pressão sonora em função da frequência relativa a

cada curva NC. Fonte: MEHTA et al., 1999

Na Tabela 2.3 encontram-se as curvas NC recomendadas para os alguns tipos de

espaços e a correspondência em nível sonoro equivalente expresso em dB(A).

Tipos de espaços Curva NC recomendada Equivalência em dB (A)

Estúdios de gravação 15 28Salas de concerto e

teatros 15-25 28-38

Salas de conferências/aula 20-30 33-42

Hotéis (quartos individuais) 20-30 33-42

Bibliotecas 30-35 42-46Restaurantes 35-40 46-50

Salas de computadores 35-45 46-55

Tabela 2.3: Curvas NC recomendadas e níveis de ruído de fundo equivalentes em

dB(A). Fonte: Isbert, A. - Diseño Acústico de Espacios Arquitectónicos, Edicions UPC,

Universitat Politécnica de Catalunya, Barcelona, 1998.

15

Page 38: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

A norma brasileira NBR 10152 (1987) – Níveis de ruído para conforto acústico,

fixa os níveis de ruído de fundo compatíveis com o conforto acústico nos seguintes

ambientes: hospitais, escolas, hotéis, residências, auditórios, restaurantes, escritórios,

igrejas e templos e locais para esportes, e utiliza o parâmetro NC para indicar os valores

de nível de ruído de fundo ideais para estes ambientes através de uma tabela, que mostra

também os valores de nível de pressão sonora medidos em dB(A). Níveis superiores aos

estabelecidos pela norma são considerados de desconforto, sem necessariamente

provocar danos à saúde (ABNT, 1987).

2.3.2 - Tempo de Reverberação

Quando um som é gerado dentro de um ambiente escuta-se primeiramente o som

direto e, em seguida, o som refletido pelas superfícies existentes. Ao prolongamento do

som resultante das múltiplas reflexões produzidas pelas superfícies dá se o nome de

reverberação

Define-se como tempo de reverberação o tempo necessário para que, depois de

cessada a fonte, a intensidade do som se reduza de 60 dB. Se as paredes do local forem

muito absorventes (pouco reflexivas), o tempo de reverberação será muito pequeno,

caso contrário ocorrerão muitas reflexões e o tempo de reverberação será grande.

Existe uma relação entre tempo de reverberação e os parâmetros geométricos da

sala. Sabine (1964 apud MEHTA et al. 1999) desenvolveu a equação, denominada de

equação de Sabine indicando que o cálculo do tempo de reverberação (TR) é função

somente de dois parâmetros: a absorção (A) e o volume da sala (V). A absorção da sala

é determinada através do tipo de revestimentos que a compõem e do seus componentes

(e.x: mobiliário, cortinas, tapetes) através de seus respectivos coeficientes de absorção

sonora (α).

nAVTR 16.0= , (s) (2.2)

16

Page 39: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

onde:

V é volume da sala (m³);

An = Σ αn . Sn + Aeq é a área de absorção total na sala (m2);

Aeq é a área de absorção equivalente do mobiliário sem ou com ocupação (m²);

αn é o coeficiente de absorção do material e Sn é a área do material (m²).

A equação de Sabine possui limitações, designadamente quando aplicada a salas

de grandes dimensões e pouco reflexivas, onde a média dos coeficientes de absorção

dos materiais é superior a 0,2. Para essas situações outras equações foram desenvolvidas

e devem ser usadas, como por exemplo, a Equação de Eyring (NEWELL, 2008), dada

por:

TR= 0 .16 V−S ln 1−α

, (s) (2.3)

onde,

V é o volume da sala (m³);

S é a área total das superfícies dos materiais (m²);

e α refere-se à média dos coeficientes de absorção.

A Figura 2.5 mostra os valores de tempo de reverberação ideais em função do

volume e do uso das salas avaliados na freqüência de 500 Hz.

17

Page 40: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Figura 2.5: Tempos de reverberação recomendados para diversos tipos de recintos

fechados em função do volume da sala. Fonte: NEPOMUCEMO, 1968.

Para medir o Tempo de Reverberação em uma sala são utilizados equipamentos

específicos. Primeiramente gera-se um sinal sonoro, que deve ser amplificado até que

preencha toda a sala. Em seguida o sinal é cortado e é medido quanto tempo o som leva

para decair 60 dB.

18

Page 41: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Entretanto, na prática, nem sempre esta redução no nível sonoro de 60 dB pode

ser possível, principalmente nos casos em que o ruído de fundo existente seja elevado.

Nestes casos, considere-se, por exemplo, que o nível sonoro na presença de uma fonte

sonora atinge 90 dB, numa determinada banda de frequências, enquanto que o ruído de

fundo atinge 50 dB. Ao ser desligada a fonte sonora, a redução no nível sonoro limita-se

a 40 dB (90-50). Perante este cenário apenas é possível determinar uma duração

aparente de reverberação, inferior ao tempo de reverberação conforme esquema

representação na Figura 2.6. (TADEU, MATEUS, ANTONIO, GODINHO, MENDES,

2007). O tempo de reverberação obtém-se normalmente extrapolando o valor para 60

dB a partir de um decaimento de 30dB ou mesmo de 20 dB. Nestes casos, o tempo de

reverberação obtido denomina-se de T30 ou T20.

Figura 2.6: Tempo de Reverberação Aparente. Fonte: TADEU, MATEUS, ANTONIO,

GODINHO, MENDES, 2007.

O tempo de reverberação é medido geralmente em função da freqüência em

bandas de 1/1 oitava ou de 1/3 de oitava.

A norma brasileira NBR 12179 de 1992 – Tratamento Acústico em Recintos

Fechados, tem como objetivo fixar os critérios fundamentais para a execução de

tratamentos acústicos em recintos fechados. Este documento apresenta duas fórmulas

para o cálculo do tempo de reverberação: Fórmula de Sabine e Fórmula de Eyring.

Segundo a norma, o tratamento acústico é o modo pelo qual se procura dar aos

ambientes boas condições de clareza e inteligibilidade, de acordo com as atividades

19

Page 42: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

desenvolvidas em cada um deles. E o condicionamento acústico é o modo onde se

procura garantir a boa distribuição do som e também o seu tempo ótimo de reverberação

(ABNT, 1992).

A norma NBR 12179 de 1992 apresenta a Figura 2.7, onde se definem os valores

de tempo ótimo de reverberação recomendados de acordo com o volume do ambiente e

da atividade nele desenvolvida. A indicação na norma que mais se assemelha estúdios

de gravação é o estúdio de rádio para música.

Figura 2.7: Tempo de Reverberação NBR 12179. Fonte: ABNT, 1992.

2.3.3 - Outros parâmetros

Além dos fatores que foram apresentados anteriormente, existem outros

parâmetros que podem auxiliar na determinação da qualidade acústica de ambientes, e

entre eles, podemos destacar:

20

Page 43: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

2.3.3.1 - EDT (Early Decay Time)

O EDT, Early Decay Time, ou tempo de reverberação mais cedo, é caracterizado

como o tempo que a energia sonora leva para decair 10 dB. Este tempo está associado

com a primeira parte do decaimento sonoro (10 dB) após cessada a fonte sonora, mas

também extrapolando para um decaimento de 60 dB. Este parâmetro permite avaliar o

efeito das primeiras reflexões, que são as mais perceptíveis para os ouvintes.

2.3.3.2 - RASTI (Room Acoustics or Rapid Speech Transmission Index)

O parâmetro RASTI, Room Acoustics or Rapid Speech Transmission Index, é

chamado de índice rápido de transmissão e utiliza uma escala que varia de 0 a 100%

(ou de 0 a 1), onde “0” corresponde a uma inteligibilidade nula, enquanto que o valor

“100” corresponde a uma inteligibilidade perfeita, mas na prática, ambas são

inatingíveis. (MATEUS, 2008)

2.3.3.3 - Definição - D50

Definição, que é representada por D50, é o parâmetro determinado pela razão

entre a energia que chega ao receptor nos primeiros 50 milisegundos e a energia total.

Seus valores variam entre 0 a 1 ou pode ser representado em porcentagem de 0 a 100%,

mas de um mode geral, este valor deverá ser superior a 50%. (MATEUS, 2008)

2.4 - Materiais e Sistemas Sonoros Absorventes

Conforme mencionado anteriormente, entende-se por absorção, a propriedade de

alguns materiais em não permitir que o som seja refletido totalmente por uma

superfície. Os materiais de revestimento, absorvem energia sonora em maior ou em

menor quantidade.

A absorção do som é controlada por duas grandezas: a porosidade e a vibração

das massas que vibram em coerência.

Os materiais ou sistemas absorventes sonoros podem ser classificados em:

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Page 44: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

• Materiais porosos ou fibrosos: materiais texturados, onde a absorção de energia é

mais eficiente nas altas frequências (≈ 1600 Hz a 6400 Hz).

• Ressonadores de cavidade: absorvem energia nas frequências médias (≈ 400 Hz e

1600 Hz).

•Membranas ressonantes: a absorção de energia sonora é mais eficiente nas baixas

frequências ( ≈ 100 Hz a 400 Hz).

2.4.1 - Materiais porosos ou fibrosos

De acordo com NEPOMUCENO (1968), os materiais absorventes porosos são

caracterizados pela porosidade e pela resistência específica a vazão por unidade de

comprimento. A queda de pressão que se observa entre duas faces do material poroso é

devida ao fato de ter tal pressão de vencer não só as perdas devidas ao escoamento

como também a reatância de massa do ar no interior dos poros.

Os materiais porosos possuem apenas parte do volume preenchido por matéria

sólida, sendo o restante constituído por pequenas cavidades cheias de ar, com

comunicação entre si e para o exterior, e o ar contido nesses orifícios está submetido a

pequenos movimentos oscilatórios que permite, através do atrito sobre as paredes

sólidas, a transformação de parte da energia sonora em energia térmica.

Normalmente, os materiais absorventes porosos se aplicam como revestimentos

de superfícies uma vez que, além do mecanismo de absorção sonora, ele também atua

como atenuador da onda sonora, através de um processo de interferência entre a onda

incidente na superfície do material e a onda emergente após reflexão na superfície rígida

em que se apóia o material absorvente.

Como se descreveu, estes materiais são constituídos por pequenas câmaras de ar

ou por pequenos poros que comunicam entre si. As ondas sonoras com comprimentos

de onda pequenos (frequências elevadas) penetram nestas pequenas câmaras de ar e

propagam-se nestes interstícios fazendo movimentar o ar que se encontra no seu

interior. Alguns exemplos destes materiais são as lãs minerais (lã de rocha, lã de vidro,

etc.), aglomerados de cortiça, alcatifas e tecidos.

O coeficiente de absorção destes materiais varia com a frequência, conforme

ilustra a Figura 2.8. Verifica-se que aumentando a espessura dos materiais absorventes,

consegue-se uma maior absorção nas baixas e médias frequências.

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Page 45: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Figura 2.8: Coeficiente de absorção em materiais porosos ou fibrosos. Fonte: TADEU,

MATEUS, ANTONIO, GODINHO, MENDES, 2007.

2.4.2 - Ressonadores

Um ressonador é constituído por uma cavidade preenchida por ar ligada ao

ambiente exterior através de um orifício.

O ressonador funciona, quando uma onda sonora ao “entrar” num ressonador,

põe em movimento a massa de ar do orifício do ressonador. Se a frequência do som

incidente for próxima da frequência característica do ressonador, a velocidade e a

amplitude do movimento da massa de ar do gargalo aumentam, provocando vibrações

acentuadas no ressoador as quais, por atrito, acabam por dissipar, parte da energia

sonora incidente.

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Page 46: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Figura 2.9: Exemplo de um Ressonador. Fonte: MOREIRA, 2008.

Na Figura 2.9 está representado um ressonador de cavidade, apresentando seus

principais componentes.

O mais simples ressonador absorvente é o de Helmholtz e é utlizado para atenuar

o som. Neste caso, a frequência correspondente à vibração máxima (frequência de

ressonância) é dada por:

0 ' (Hz)2c Sf

VLπ= , (s) (2.4)

em que S é a área da abertura (m2), 'L refere-se ao comprimento efetivo dessa abertura

(m), V é o volume da cavidade (m3), e c é a velocidade do som (m/s)

Por motivos de desenvolvimento prático, os ressonadores comuns tem a

frequência de ressonância entre 100 e 800Hz, o que permite a obtenção de absorção

para médias frequências. Para se aumentar a absorção dos ressonadores, atenua-se ainda

o movimento do ar nos orifícios, enchendo os mesmo de material poroso. O grau de

absorção do ressonador alcança teoricamente seu máximo quando a resistência à vazão

for da ordem de grandeza da impedância específica do ar e é, nesse caso, teoricamente

100%. Quando ambas as resistências não são iguais, obtém-se o máximo na frequencia

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Page 47: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

de ressonância, mas nesse caso, a absorção é menor que 100%. Por este motivo deve-se

fazer a resistência a vazão sempre grande, porque tem-se, dessa maneira, um fator de

qualidade menor e uma absorção grande dentro de faixa maior de frequências.

(NEPOMUCENO, 1968).

Um painel com aberturas de diferentes dimensões, funciona como um conjunto

de ressoadores de cavidade que absorvem energia sonora em frequências diferentes,

conforme apresentado na Figura 2.10.

Figura 2.10: Ressonadores de Cavidade. Fonte: MOREIRA, 2008.

2.4.3 - Membranas

A Figura 2.11 apresenta um exemplo de membrana acústica, que é constituída

por uma placa flexível separada de uma base de suporte, vertical ou horizontal, através

de apoios.

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Page 48: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Figura 2.11: Esquema de funcionamento de uma membrana acústica. Fonte:

MOREIRA, 2008.

Neste caso, a absorção do som é obtida através da dissipação da energia sonora

no movimento da membrana. O som ao incidir nesta placa provoca o seu movimento

vibratório, dissipando desta forma parte da energia incidente. Parte da energia sonora é,

então, transformada em energia cinética que por sua vez se vai dissipar devido a atritos

internos de deformação e de atrito nos apoios. Existem frequências de excitação para as

quais a placa vibra com mais facilidade. Estas frequências estão associadas aos modos

de vibração próprios do elemento placa-separador. Os modos próprios de vibração de

uma placa dependem da distância entre apoios e da rigidez da própria membrana.

2.5 - Difusão

Tal como já foi abordado anteriormente, a reflexão de uma onda sonora, existe

em maior ou menor amplitude e depende das características dos materiais que

constituem os obstáculos. No entanto, este fenômeno também depende do tipo de

superfície. Para superfícies rígidas, a onda sonora é refletida apenas numa direção e

depende do ângulo de incidência da mesma. No caso de superfícies irregulares, a onda

sonora incidente é refletida em várias direções. Este fenômeno denomina-se por difusão.

Na Figura 2.12 apresentam-se imagens dos vários comportamentos de uma onda

sonora ao incidir num obstáculo.

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Page 49: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Figura 2.12: Onda sonora incidente num obstáculo e sua: (a) Reflexão; (b) Absorção e

(c) Difusão. Fonte: Crutchfield, 2008.

Precisamos da difusão para bem distribuir a energia acústica dentro do recinto de

audição, já que a difusão espalha o som reverberante por toda a sala, proporcionando

melhor controle das reflexões e modos de ressonância, não só impedindo a formação de

ondas estacionárias como também eliminando pontos mortos, que são lugares onde os

componentes do som não aparecem devido a interferências de fase e evitando ecos de

curta duração (“flutter echo”) e o efeito “comb-filter”, que ocorre quando dois sons

iguais são tocados simultaneamente, porém, com atraso de um para o outro. Superfícies

planas podem ser “quebradas” colocando-se difusores nas mesmas. Uma difusividade

aceitável pode ser encontrada usando-se difusores fixos e / ou rotativos.

Quando o som é uniformemente distribuído pela difusão, ele passa a ter a

fidelidade da fonte sonora dispersa por uma área de audição mais ampla, livre de

interferências e com pleno aproveitamento e otimização da potência sonora original.

Não existe um limite definido quanto ao número de difusores a ser utilizado.

Aumentando o número de difusores, a difusividade aumenta proporcionalmente até

aproximar-se de um valor máximo, e permanece constante com o aumento da

quantidade de difusores. O número ótimo de difusores estacionários é aquele em que

esse valor constante é atingido.

Qualquer objeto pode difundir o som, e por isso existem diversos tipos de

difusores.

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Page 50: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

2.5.1 - Efeitos da geometria, tamanho e absorção da sala na difusão sonora

A difusão sonora é função da geometria da sala, e salas retangulares com

paredes paralelas possuem uma pobre difusão. Na verdade, quanto mais a sala sair da

forma retangular e quanto mais irregular forem as superfícies de suas paredes, maior

será a difusão sonora nesta sala.

O tamanho da sala é outro fator que afeta a difusão. A difusão é mais facilmente

obtida em salas grandes do que em pequenas, assim sendo, em espaços pequenos

destinados a estúdios de gravação, é difícil conseguir uma boa difusão sonora, a menos

que sejam usados difusores de som em suas superfícies .

Salas com superfícies muito reflexivas aumentam a difusão sonora. Por outro

lado, quando se promove a absorção de som dentro de uma sala, a difusão diminui.

Mesmo quando apenas uma das superfície da sala é altamente absorvente, como o piso,

por exemplo, é difícil se obter a difusão necessária, a menos que outros meios de

ampliar a difusão sejam incorporados. (METHA et al, 1999)

2.5.2 - Difusores

Quando não se consegue atingir a difusão necessária dentro de uma sala, podem

ser usados difusores sonoros para aumentar a difusão do ambiente. Um difusor de som é

um elemento de superfície que produz reflexão difusa.Toda a superfície reflexiva com

irregularidades de tamanho comparável ao comprimento de onda de som, vai funcionar

como um difusor. Quanto maior as irregularidades e tamanho de sua superfície, melhor

será o difusor.

Assim, um difusor pode ter uma variedade de geometrias e pode ser de

diferentes tipos de materiais, como placas de gesso, madeira compensada, ou painéis de

disco rígido que são comumente usados, mas os metais e materiais de alvenaria também

podem ser utilizados.

Existem vários tipos de elementos difusores, denominados: difusores

policilíndricos (Figura 2.13) e de Schröeder (RPG), podendo estes subdividirem-se em

difusores MLS (Figura 2.14), QRD unidimensionais (Figura 2.15), QRD bidimensionais

(Figura 2.16).

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Page 51: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Figura 2.13: Elemento de um difusor policilíndrico. Fonte: Metha et al, 1999.

Figura 2.14: Perfil de um difusor MLS. Fonte: Metha et al, 1999.

Figura 2.15: Exemplo de um difusor unidimensional QRD. Fonte: Metha et al, 1999.

Figura 2.16: Exemplo de um difusor bidimensional QRD. Fonte: Metha et al, 1999.

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Page 52: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

2.6 - Parâmetros Subjetivos

Segundo NEPOMUCENO (1968), apesar de existirem diversos equipamentos

capazes de medir os parâmetros necessários para a avaliação acústica de um espaço, a

decisão final quanto a qualidade acústica de um ambiente será sempre do ouvido

humano, isto é, do usuário e da sua percepção acústica e seus critérios de julgamento da

qualidade sonora de um instrumento, uma voz ou de um sistema acústico.

Para a avaliação subjetiva, a elaboração de questionário visando avaliar a

percepção acústica dos usuários dos ambientes, é sempre o mais indicado.

Segue uma breve descrição qualitativa dos principais parâmetros subjetivos para

se avaliar a qualidade acústica de um ambiente:

• Ruído Exterior: É o efeito de sons escutados dentro do local de estudo, mas que são

oriundos de fontes de fora do recinto, como conversas, barulho de trânsito, buzinas, etc.

(MACHADO, 2008).

• Ruído Interior: É o efeito de sons escutados no próprio local, provenientes do próprio

espaço, como o ruído de equipamentos de ar condicionado, computadores, etc.

(MACHADO, 2008).

• Impressão Espacial: É a sensação acústica espacial do ambiente pelo ouvinte, que é

causado pelas reflexões sonoras que o atingem. (IAZZETTAA, et al, 2004).

• Vivacidade: É o efeito de persistência do som no espaço, e que está diretamente

relacionada ao tempo de reverberação da sala. Salas reverberantes são ditas salas

"vivas", e já as salas que apresentam elevado índice de absorção e que refletem pouco

som para o ouvinte são ditas salas "mortas/secas". É uma qualidade relacionada

diretamente ao tempo de reverberação da sala. (IAZZETTAA, et al, 2004).

• Clareza ou Definição: Quando a música tocada numa sala soa bem definida e as notas

musicais são claramente separadas no tempo e distintamente ouvidas, com articulações

sonoras límpidas e precisas, dizemos que a sala apresenta bom grau de clareza e este

30

Page 53: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

grau de definição depende diretamente do tipo de superfícies refletoras do som

existentes na sala em questão.

• Eco: Impressão determinada por reflexões atrasadas do som emitido pela fonte, mas

que podem ser ouvidas claramente. A origem deste fenômeno pode ser a existência de

paredes e tetos com características bastante refletoras.(MACHADO, 2008).

• Envolvimento: refere-se à impressão subjetiva de estar “imerso” ou rodeado pelo

campo acústico. Este envolvimento resulta da maneira como o som reverberante se

distribui no espaço.

• Timbre: O timbre dos instrumentos não deve ser alterado pela sala e uma mesma nota

musical tocada em diferentes instrumentos possui timbres diferentes que são

caracterizados pelo número e pela intensidade dos harmônicos. Quando ocorre alguma

mudança no timbre do instrumento pela interferência acústica da sala, diz-se que a sala

introduz “colorido” ao som. (BISTAFA, 2003).

• Equilíbrio Tímbrico: De acordo com MACHADO (2008), o equilíbrio timbrico e a

relação entre os níveis das frequências graves e agudas do som.

• Classificação Geral: A impressão geral da qualidade acústica do usuário, em relação

ao ambiente.

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Page 54: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Capítulo 3

Isolamento Acústico

O tratamento acústico é o principal item abordado dentro da acústica

arquitetônica, visando sempre proporcionar aos ambientes boas condições de clareza e

inteligibilidade, de acordo com a atividade desenvolvida. Este tratamento abrange o

condicionamento acústico, abordado no capítulo anterior e o isolamento. O

condicionamento acústico trata da distribuição do som no ambiente. Por outro lado, o

isolamento acústico procura garantir o nível sonoro interno ideal num dado espaço,

tendo em conta a finalidade a que se destina, sendo importante a sua análise quando

existem espaços vizinhos onde se produz ruído capaz de condicionar o nivel sonoro no

interior do espaço em causa. Neste capítulo serão abordados os principais aspectos

relacionados ao isolamento acústico.

3.1 - Introdução

O isolamento acústico tem por objetivo impedir que os sons se propaguem de

um lado para o outro de uma divisória, ou no mínimo, que ao se transmitirem percam a

maior parte da sua intensidade. Se é necessária uma redução significativa do ruído entre

dois espaços, as paredes ou pisos que os separa, deverão transmitir apenas uma pequena

fração da energia sonora.

As construções atuais não favorecem a acústica dos ambientes. A utilização, em

larga escala, de estruturas em concreto armado, além de aumentar os ruídos devido à

mecanização do ambiente, os edifícios passaram a constituir verdadeiros conjuntos

monolíticos por onde se propagam com maior facilidade todos os tipos de vibrações.

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Page 55: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Por outro lado, ao serem geralmente de espessura muito reduzidas as espessuras

das paredes, formam uma proteção pouco eficaz contra os ruídos do exterior.

De acordo com seu meio de propagação, o isolamento de ruído pode ser

denominado:

1) Ruído aéreo: quando a fonte de propagação atua diretamente no ar, por exemplo,

vozes e instrumentos musicais;

2) Ruído de impacto: quando a fonte geradora atua diretamente sobre a estrutura, por

exemplo, ruído gerado por bombas de água ou por passos e objetos caindo sobre um

piso (SILVA, 2000).

No Brasil, existem algumas normas relacionadas com o conforto acústico,

principalmente a norma NBR 10151 - Acústica - Avaliação do ruído em áreas

habitadas, visando o conforto da comunidade – Procedimento, de Junho de 2002 e a

NBR 10152 - Níveis de ruído para conforto acústico, de Dezembro de 1987. Estas

normas fornecem um conjunto de parâmetros acústicos e definem requisitos admissíveis

para os diferentes tipos de espaço, definindo um critério de incomodidade e de ruído de

fundo. Entretanto elas não tratam especificamente sobre a determinação de como devem

ser feitas às avaliações de desempenho dos sistemas construtivos em ensaios de campo e

quais são os critérios deverão ser utilizados em termos de isolamento acústico.

Diante desta lacuna que existia na normalização brasileira, foi elaborada a norma

NBR 15575 - Edifícios habitacionais de até cinco pavimentos – Desempenho para

edifícios de até cinco pavimentos, aprovada em Maio de 2008 e que passou a vigorar a

partir do dia 12 de Junho de 2010 (BOLETIM ABNT, 2008), que tem foco

principalmente na funcionalidade da construção, inclusive em relação ao conforto

acústico, abordando aspectos que faltam na NBR 10151 e NBR 10152. Entretanto, estas

normas não são descartadas, e sim citadas para continuarem sendo utilizadas, fazendo

com que as edificações atendam também aos requisitos aí estabelecidos

Na parte referente a medições in situ, a NBR 15575 (2008), não estabelece

padrões próprios, e indica como referência as normas da série ISO 140 (1998) -

Acoustics -- Measurement of sound insulation in buildings and of building elements.

33

Page 56: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

3.2- Isolamento de ruídos aéreos

No momento em que as ondas sonoras atingem uma parede, ocorrem dois

fenômenos distintos: uma parte da energia é refletida e outra parte é armazenada em seu

interior, fazendo com que a parede vibre e se converta em uma fonte de ruído, conforme

ilustra a Figura 3.1. Este ruído é irradiado com a mesma freqüência do som incidente,

porém, seu nível de é mais baixo que o nível do som incidente (MEISSER, 1973).

Figura 3.1: Transmissão Ruído Aéreo. Fonte: METZEN, 2002

A grande influência sobre a capacidade de qualquer estrutura para fornecer

isolamento de som é sua capacidade de amortecimento. O amortecimento é o grau em

que uma onda de propagação dentro de um material ou estrutura é internamente

absorvida, havendo normalmente uma conversão da energia vibratória em calor.

(NEWELL, 2008).

Para se obter um bom planejamento para a eficácia do sistema de isolamento,

deve-se atentar principalmente para os seguintes fatores (AMORIM, LICARIÃO,

2005):

1) Localização e classificação do som: objetiva e física;

2) Os níveis sonoros previsto para o espaço, levando-se em consideração a atividade

que será exercida no ambiente;

3) Custo: utilização de opções técnicas visando reduzir a utilização de materiais

isolantes, que em geral, são mais custosos:

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Page 57: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

a. Determinar o nível de ruído produzido por fontes e dependências,

classificando-os conforme o nível aceitável;

b. A locação: edificações, fontes e cômodos, segundo a função e silêncio

necessários – locais ruidosos e silenciosos devem situar-se o mais distante

possível;

c. A locação de fontes e máquinas que transmitam seus ruídos através da

estrutura devem ficar diretamente acima das fundações (DE MARCO, 1982);

d. Adequar aberturas (portas e janelas) aos interesses do isolamento.

Para isolar a transmissão do som em salas próximas, precisa-se em primeiro

lugar verificar como o som pode ser transportado de uma sala para outra, e ele pode

atravessar via paredes, porosidades da parede e via paredes acopladas.

(NEPOMUCENO, 1968).

A massa de uma parede qualquer está diretamente relacionada com a sua

capacidade de isolamento acústico: quanto menor a massa de uma parede, maior a

probabilidade dela vibrar e conseqüentemente dela transmitir. Então, a situação inversa

também é verdadeira.

Para se definir se um material é acusticamente “duro” ou “mole”, deve se prever

sua resistividade acústica, que é a velocidade do som no material multiplicado por sua

densidade. Se o material tiver a resistividade alta, será considerado “duro” e se tiver a

resistividade baixa, será denominado “mole”.

3.2.1 - Paredes Simples

O nível de isolamento conferido por este tipo de parede é função da massa do

elemento e da freqüência do som que vier a atingir a parede, conforme se observa na

Figura 3.2, que apresenta a curva típica de uma parede simples.

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Page 58: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Figura 3.2: Curva típica de perda de transmissão para paredes simples.

Fonte: GERGES, 2000.

A curva do isolamento sonoro em paredes simples pode ser definida através da

“Lei da Massa” ou “Lei de Berger”. (NEPOMUCENO, 1968)

3.2.2 - Paredes Duplas

O uso de paredes duplas (ver Figura 3.3) é um recurso bastante utilizado para

obtenção de uma performance acústica mais elevada de uma divisória. São geralmente

executadas em alvenaria, com um espaço de ar entre elas, que pode estar vazio mas se

for preenchido com material absorvente, como lã de rocha torna-se mais eficiente.

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Page 59: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Figura 3.3: Exemplo de parede dupla.

O tipo de material, que pode ser alvenaria, gesso, etc, o sistema de montagem e o

tipo de material no interior da caixa-de-ar, a espessura da lâmina de ar, são exemplos de

características que vão determinar a qualidade acústica de uma parede dupla.

3.2.3 - Paredes leves de alta performance acústica

Paredes leves de alta performance acústica, são formadas por duas placas de

gesso, sendo mais largas que paredes simples, medindo aproximadamente entre 12 e 30

cm de espessura, e que possuem duas estruturas de sustentação independentes para cada

uma das placas. Devido a esta estrutura, estas paredes possuem uma menor transmissão

de vibrações entre as placas de gesso. Usadas para dividir duas salas, podem conferir

um isolamento entre 55 a 60 dB. A Figura 3.4 exemplifica uma parede leve de alta

performance.

Figura 3.4: Exemplo de parede de alta performance acústica.

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Page 60: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

3.2.4 - Isolamento de Portas

As portas são geralmente elementos acusticamente fracos e o isolamento de som

fornecido por uma porta, não depende apenas do tipo de porta, mas também do modo

como é instalada. Seus índices de isolamento são menores que os das paredes em que

elas se encontram inseridas. Isto se deve ao fato destes elementos possuirem massas

superficiais menores que as das paredes e, também, devido às frestas que existem entre

as portas e os caixilhos (SILVA, 2000). Como conseqüência, o isolamento final da

parede onde se encontram inseridas diminui relativamente ao que seria conferido pela

parede na ausência da porta.

A curva sólida na Figura 3.5 mostra a perda de transmissão para uma porta de

madeira típica. Mesmo substituindo este painel por uma porta com chumbo, não

aumentaria o seu isolamento, uma vez que o principal problema é a transmissão do som

através de frestas existentes no entorno do perímetro da porta e não o material que a

compõe. (QUIRT, 1985)

Figura 3.5: Curva de exemplo de perda de transmissão de uma porta de madeira.

Fonte: QUIRT, 1985.

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Page 61: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

A curva tracejada na Figura 3.5 mostra o aumento da perda de transmissão,

quando as frestas ao redor do perímetro da porta são seladas. O mergulho perto de 500

Hz é devido à rigidez do painel de madeira maciça. A perda de transmissão para a

maioria das portas se assemelha com esta curva tracejada.

Ainda de acordo com QUIRT (1985), juntas de borracha ou neoprene

comprimido entre a porta e o quadro são bastante eficazes, mas pode aumentar o esforço

necessário para fechar a porta. Os vedantes magnéticos (como aqueles usados para

portas de refrigeradores) funcionam bem com portas de metal.

Para se conseguir desempenho melhor, deve-se utilizar portas com sistema

construtivo e de vedação especiais, denominadas no Brasil de portas acústicas.

3.2.5 - Isolamento de Janelas

A transmissão de som através de janelas é regida pelos mesmos princípios

físicos que afetam as paredes e as medidas de controle de ruído são influenciados pelas

propriedades do vidro e as características dos conjuntos. (QUIRT, 1985)

Por isso, a utilização de vidros duplos nas esquadrias, proporcionam uma

melhoria quanto o isolamento acústico do conjunto.

A norma brasileira NBR 10821 – Caixilho para Edificações, de 2001, orienta os

projetistas sobre os parâmetros de desempenho acústico que devem ser considerados em

relação às condições de tolerância ao ruído (função do uso de um determinado

ambiente) e às condições de exposição ao ruído (função do local de implantação do

edifício). Ela estabelece que o caixilho, de acordo com seu tipo, as condições de uso do

ambiente e as ações sonoras externas, deve ter uma determinada atenuação sonora

definida pela Classe de Transmissão Sonora, CTS, que é um indicador de desempenho

quanto à atenuação sonora. Quanto maior o seu valor, maior a atenuação sonora e,

portanto, menor a quantidade de ruídos ou sons externos que adentram ao ambiente, de

acordo com a Tabela 3.1 apresentada. (ABNT, 2001).

Existem ainda as normas as NBR 10829 e NBR 10830, que se referem a ensaios

de campo para obtenção dos índices acústicos.

39

Page 62: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Tabela 3.1: Condições de tolerância ao Ruído para caixilhos. Fonte: NBR 10821, 2001.

3.3 - Isolamento ruídos de impacto

Outro item que deve ser analisado é o isolamento aos ruídos de impacto, que são

ruídos produzidos por uma excitação mecânica aplicada, em um curto período de

tempo, diretamente na estrutura e que se propaga através desta, causando vibração e

irradiando energia no ambiente receptor . Alguns exemplos de ruído de impacto são:

passos sobre a laje e queda de objetos sobre o piso, conforme ilustrado na Figura 3.6.

Figura 3.6: Ruído de impacto sobre piso, entre pavimentos de edifícios.

Fonte: www.ecophon.com.es/templates/Print.asp?id=14204&

renderoption=5&CurrFName=/templates/eco_FDPage1.as.

40

Page 63: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Existem dentro de um edifício várias fontes geradoras de ruído de impacto, e tais

sons gerados se propagam pela estrutura com muito pouca atenuação, fato que acorre,

devido aos elevados valores de densidade e de velocidade do som nos materiais sólidos

GERGES (2000).

Para os pavimentos geralmente executados em concreto armado, são geralmente

definidas três tipos de soluções para reduzir este tipo de ruído: pavimentos flutuantes

em madeira (ver Figura 3.7), revestimentos de piso flexiveis (vinilicos e linóleos de

base flexivel, revestimentos em aglomerado de cortiça) e lajes flutuantes em concreto

(ver Figura 3.8).

Figura 3.7: Pavimento Flutuante em Madeira. Fonte: MATEUS, 2008.

Figura 3.8: Lajes Flutuantes em concreto. Fonte: MATEUS, 2008.

41

Page 64: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Capítulo 4

Principais Características Acústicas de

Estúdios

O objetivo deste capítulo é apresentar as principais características que devem ser

atendidas por estúdios de gravação, indicando os principais parâmetros acústicos que

devem ser analisados para a verificação da qualidade acústica de um estúdio. São ainda

abordadas algumas soluções acústicas comumente utilizadas nestes espaços, tendo em

conta a sua especificidade.

4.1 - Características Gerais dos Estúdios

Um estúdio ou ateliê é o lugar destinado ao trabalho de pessoas ligadas a arte,

para que elas possam desenvolver sua função. Os estúdios podem ser tanto salas

pequenas, quanto grandes edifícios inteiros, como observamos na indústria fonográfica,

cinematográfica e televisa.

Entre os estúdios destinados a emissões e gravações sonoras, podem-se destacar

basicamente dois tipos: estúdios de radiodifusão, que é a transmissão de ondas de

radiofreqüência para rádio, e estúdios de gravação. Embora existam alguns estúdios

grandes de radiodifusão concebidos para acomodar uma orquestra e uma platéia, a

maioria dos estúdios de rádio são pequenas salas, cujo objetivo principal é a transmissão

de voz e/ou música gravada. Os estúdios de gravação também são, de um modo geral,

pequenos em tamanho, e, seu principal propósito, é a gravação musical, pelo que em sua

42

Page 65: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

concepção, deverão ser observadas as características particulares de cada um deles, de

modo que funcionem de acordo com a sua definição.

Os estúdios de rádio, onde é gerada a programação, são compostos por salas

insonorizadas, onde existem os mixers, ou misturadores que permitem harmonizar as

saídas das salas do estúdio e sala de controle para transmissão em cadeia, se for o caso.

Nas salas do estúdio onde será emitida a mensagem, estão situados os microfones, que

captam os sons emitidos, vozes e eventualmente música ao vivo. Estes são enviados aos

equipamentos de mixagem e editoração, depois aos pré-amplificadores, amplificadores,

moduladores, estágios de potência e finalmente às antenas, para serem irradiados em

forma de ondas eletromagnéticas, capazes de se propagaram pelo espaço a longas

distâncias. Esses estúdios têm características distintas dos estúdios de gravação de

música. Nos estúdios de rádio, a sala de gravação da mensagem é geralmente composta

por revestimentos com características muito absorventes nas médias e altas frequências

para que a componente do som, resultante da voz humana, (que produz um espectro rico

em médias e altas frequências), que atinja o microfone seja quase exclusivamente som

incidente. Estas salas são geralmente revestidas com materiais como espumas, tecidos

ou cortiças.

Os estúdios de gravação são instalações físicas destinadas à gravação de som

que pode ser produzido pela voz e/ou por diversos tipos de instrumentos, produzindo

diversos estilos musicais. Idealmente, o espaço deverá ser projetado de forma a se

obterem as propriedades acústicas desejadas. Diferentes tipos de estúdios se adequam a

gravações de bandas musicais, dublagens e sons para filmes, ou mesmo a gravação de

uma orquestra. À semelhança de um estúdio de radio e um estúdio de gravação típico,

consiste de uma sala, o "estúdio" propriamente dito, onde os instrumentistas e vocalistas

fazem suas execuções; e de uma "sala de controle", onde estão os equipamentos de

gravação e manipulação do som (MEHTA et al., 1999).

O objetivo da gravação e posterior p1ayback é proporcionar uma experiência

que recria a performance original. Algumas performances nunca são ouvidas por uma

platéia em sua forma original e só existem como sinais eletrônicos.

No caso mais simples, o som é gravado através de um microfone e sua única

interação com a sala é durante o monitoramento. Quando existem vários músicos, a

gravação pode ser feita com todos os músicos presentes ao mesmo tempo, ou com

músicos tocando suas partes em estúdios independentes. Quando músicos tocam juntos,

43

Page 66: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

particularmente instrumentos altos como baterias, devem ser isolados em quartos

separados, de modo que os sons não invadam os microfones dos outros. Cantores ou

fontes que necessitam de um ambiente especial, tais como pianos, também podem ser

colocados em espaços separados. Uma grande orquestra sinfônica é gravada em um

salão, utilizando microfones distintos para cada seção, além de um par estéreo sobre a

linha central da sala. (LONG, 2006)

A Figura 4.1 ilustra várias tipologias de espaços destinados a estúdios de

gravação ou radiodifusão, conforme abordado anteriormente.

Figura 4.1: Tipos de Estúdios Sonoros. Fonte: adaptado de LONG, 2006.

44

Page 67: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

De acordo com a literatura existente para estúdios de gravação de música, o

espaço deve ser projetado levando-se em consideração o estilo musical que ali será

gravado. Segundo Cooper (1996), “... Se o objetivo for trabalhar basicamente com

música pop, rock e música com recursos eletroacústicos, isolação é o critério mais

importante, para que instrumentos tocados num mesmo ambiente, ao mesmo tempo,

possam ser gravados em canais separados. No entanto, se o estúdio estiver sendo

montado para gravar instrumentos acústicos, música de câmara, cordas ou metais, então

a ambiência da sala é o principal fator a ser levado em conta, para valorizar o conjunto.

Mas, também, se pode querer as duas coisas e, além disso, ainda poder ensaiar no

estúdio. Neste caso a palavra chave é versatilidade”.

A bibliografia disponível estabelece um conjunto de parâmetros objetivos para o

projeto de estúdios e salas de gravação. O nível de ruído de fundo no interior da sala

(BERANEK, 1971) e o seu tempo de reverberação (BERANEK, 1962; SCHRÖDER,

1965; POLACK, 1992) são os parâmetros comumente apresentados como definidores

da qualidade acústica de um estúdio. A arquitetura da sala de gravação e da sala técnica

também devem ser observados com atenção.

4.2 - Dimensões dos Estúdios

Conforme abordado no Capítulo 2, para que a densidade modal referente a um

compartimento pequeno seja alta, a escolha das dimensões do compartimento de

gravação deve ser efetuada de forma criteriosa. Segundo MEHTA et al. (1999), quando

os comprimentos das ondas sonoras coincidem com as distâncias entre paredes, teto e

chão, geralmente existem freqüências do espectro de áudio que podem produzir "ondas

estacionárias" no ambiente.

Para NEWELL (2008), paredes paralelas devem ser evitadas, dificultando assim

o aparecimento de ondas estacionárias, conforme Figura 4.2.

45

Page 68: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Figura 4.2: Ambientes não paralelos reduzem os efeitos acústicos ocasionados em salas

pequenas, melhor que os ambientes retangulares. Fonte: adaptado de MEHTA et al.,

1999.

As salas de gravação não devem ter distâncias iguais, ou até mesmo múltiplas,

entre paredes e entre piso e teto, tendo em vista que este tipo de dimensionamento

facilita a ocorrência de ondas estacionárias, como visto anteriormente. Além disso, a

maior dimensão do espaço não deve ser mais de quatro vezes maior do que a menor

dimensão. Mas deve-se também evitar ambientes muito pequenos, onde se terá uma

dificuldade muito maior para se corrigir através de tratamento acústico os problemas

ocasionados pelas diversas reflexões ocorridas neste tipo de ambiente. Salas maiores em

geral são mais fáceis de ser tratadas acusticamente.

Na fase de concepção da sala de gravação do estúdio, o ideal é verificar se as

dimensões da sala são viáveis ou se vão conduzir a um comportamento acústico crítico.

Se as dimensões são viáveis, é necessário então avaliar quais materiais deverão ser

usados, e de que maneira, para que se possa eliminar as imperfeições acústicas que

possivelmente ainda poderão ocorrer. Se são críticas, principalmente quando se

pretende conceber um estúdio numa sala já existente, as dimensões devem ser

redefinidas, e, como geralmente não se pode mudar as paredes de lugar, o ideal é

construir uma nova parede à frente da existente, ou rebaixar o teto.

Existem várias referências a relações entre dimensões que devem ser usadas de

forma a otimizar a densidade modal. A Tabela 4.1 apresenta uma listagem de

proporções recomendadas por Louden M.M.(1971) em função de uma ordem de

qualidade decrescente. De acordo com esta tabela, a relação recomendada é a que

corresponde a adotar os valores 1: 1.9:1.4.

46

Page 69: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Ordem de qualidade

Dimensões preferenciais a serem adotadas

em compartimentos retangulares pequenos

1:X:Y1 1:1.9:1.42 1:1.9:1.33 1:1.5:2.14 1:1.5:2.25 1:1.2:1.56 1:1.4:2.17 1:1.1:1.48 1:1.8:1.49 1:1.6:2.110 1:1.2:1.411 1:1.6:1.212 1:1.6:2.313 1:1.6:2.214 1:1.8:2.315 1:1.1:1.5

Tabela 4.1: Dimensões preferências à adotar em compartimentos retangulares pequenos.

Fonte: Louden M.M. “ Dimensional ratios of rectangular rooms with good distribution

of eigentones” Acustica, vol. 24, 1971, pp. 101-104.

Deve-se ainda nesta análise prévia para a implantação do estúdio, avaliar a parte

de instalação da edificação, principalmente a parte elétrica e sistemas de ar

condicionado, sobretudo se for necessária a construção de paredes extras ou de

rebaixamento de tetos, verificando as possíveis interferências com eletrodutos e dutos

de ar condicionado, garantido a qualidade das soluções acústicas previstas.

47

Page 70: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

4.3 - Tempo de Reverberação

Assim como em outras salas que precisam de qualidade acústica para o

desenvolvimento das atividades a que se destinam, os estúdios devem ter um Tempo de

Reverberação adequado para garantir uma boa qualidade acústica da gravação.

O tempo de reverberação recomendado para estúdios de gravação é menor que o

tempo de reverberação correspondente para um auditório ou salas destinadas a

concertos. Os tempos de reverberação recomendados para estúdios são apresentados na

Figura 4.3. Nesta figura, a área entre as linhas que representam os tempos de

reverberação aconselhados para salas de música (linha superior) e de fala (linha

inferior), apresenta os valores recomendados para estúdios destinados a múltiplos usos

(em que a qualidade da música, e fala são relevantes). Auditórios e salas de concerto,

têm tempos de reverberação normalmente calculados a partir de 125 Hz a 4 kHz,

enquanto os tempos de reverberação para estúdios são calculados a partir de 63 Hz a 8

kHz. (MEHTA et al., 1999).

Figura 4.3: Tempos de Reverberação recomendados para estúdios de gravação.

Fonte: adaptado de MEHTA et al., 1999.

48

Page 71: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

LONG (2006), apresenta um gráfico, conforme Figura 4.4, com tempos de

reverberação recomendados, de acordo com o estilo musical que será gravado.

Entretanto, para pequenos estúdios não há uma recomendação de tempo de reverberação

ideal. Ele apenas recomenda que o gráfico Tempo de Reverberação x Frequência, seja o

mais linear possível.

Figura 4.4: Tempos de Reverberação para Estúdios de 500-1000Hz. Fonte: adaptado de

LONG, 2006.

Para sala de controle, ou técnica, as exigências relativamente à reverberação têm

mudado ao longo do tempo. Até à segunda metade dos anos 50 quando, em termos

musicais, gravava-se, basicamente, orquestras e instrumentos sem amplificação, o

projeto acústico das salas técnicas dos estúdios procurava criar um ambiente parecido

com aquele em que a música seria reproduzida, como uma sala de estar de uma

residência comum. Isso implicava em tempos de reverberação elevados, próximos de

1s. Esta filosofia de projeto é designada de “Live”, uma vez que produz um ambiente

acusticamente “vivo”.

Com o advento do rock e da música pop em todo o mundo, as salas técnicas dos

estúdios tiveram que ser adaptadas para trabalhar com a sonoridade dos novos

instrumentos: guitarra elétrica, contrabaixo elétrico, bateria e órgão elétrico que

49

Page 72: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

produzem elevados níveis sonoros, o que tornou necessário reduzir os tempos de

reverberação a níveis bastante baixos (menores que 0,2s). Os projetos das salas técnicas

limitavam-se a controlar – entenda-se, reduzir bastante – o tempo de reverberação e

algumas anomalias acústicas, como os ecos flutuantes (“flutter-echoe”). Esta filosofia

de projeto, designada de “dead”, posto que resulta num ambiente acusticamente

“apagado”, predominou até ao advento do som estereofônico (2 canais), no início da

segunda metade dos anos 60. A partir daquele momento, quando se passou a valorizar a

imagem estereofônica, ou seja, a divisão dos sons entre dois canais, as interferências

causadas por reflexões sonoras em superfícies e objetos colocados no ambiente da sala

técnica tornaram-se bem mais perceptíveis e, por isso, indesejáveis. Já nos anos 70,

diversos estúdios tentaram se adaptar a uma filosofia de projeto que previa superfícies

altamente reflexivas na frente do técnico e altamente absorventes atrás, com resultados

pouco animadores.

No início dos anos 80, o arquiteto e studio designer americano Don Davis,

juntamente com outros profissionais, desenvolveram a filosofia de projeto conhecida

como LEDE (Live End Dead End), que tinha como objetivo estender o intervalo de

tempo entre o som original e as suas primeiras reflexões, de modo que o cérebro

pudesse distinguir um do outro, e ignorá-las. (PASSERE, BISTAFA 2002).

A Figura 4.5 apresenta os valores recomendados de tempos de reverberação

para salas de controle.

50

Page 73: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Figura 4.5: Sugestão de Tempos de Reverberação para Salas de Controle. Fonte:

adaptado de LONG, 2006.

Esses valores são baseados no estilo de música que será gravado, seja ele

acusticamente “muito vivo” ou “muito apagado”. Salas concebidas para a reprodução ou

transmissão de voz devem estar na linha very dead, “muito apagado”, já ambientes

destinados a música, podem ser um pouco mais reverberantes, ou seja, na linha very

live. (LONG, 2006).

4.4 - Materiais absorventes e difusores

O controle da reverberação num estúdio é conseguido através da aplicação de

revestimentos absorventes ou através de difusão. Quando se pretende ter uma absorção

uniforme em frequência, deverão utilizar-se as diversas soluções construtivas descritas

no Capítulo 2, que permitem absorver o som nas várias bandas de frequência. A

utilização de revestimentos à base de espuma apenas é eficiente nas médias, e

sobretudo, altas frequências, não permitindo controlar as baixas frequências. Tendo em

vista o que foi abordado no capítulo anterior, em estúdios onde se pretendam efetuar

51

Page 74: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

vários tipos de gravação, a adoção de soluções de acústica móvel pode também ser

interessante.

Um dos artifícios que podem ser usados para melhorar as condições acústicas da

sala, são os “bass traps”, conhecidos também como armadilhas de graves, que permitem

a absorção em baixas frequências. O efeito de um bom “bass trap” permite que o som

fique muito mais limpo e claro. Serve perfeitamente para salas de gravação, ensaio,

auditórios e “home theater”.

Para se tornarem bastante eficientes, a melhor indicação é colocá-los na junção

de três superfícies, como parede/parede/teto, conforme ilustrado nas Figuras 4.6 e 4.7

ou parede/parede/piso.

Figura 4.6: Exemplo de “bass traps” e seu posicionamento parede/parede/teto.

Fonte: adaptado www.sixstringstudios.com/studioconstruction.html

52

Page 75: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Figura 4.7: Vista Superior de Posicionamento de “bass traps”.

Fonte: adaptado www.sevenstring.org/forum/recording-studio/48

A difusão em estúdios de gravação ou estúdios de audição pode também ser útil,

contribuindo para uma sensação de espacialidade e envolvimento do som. Quando

existem ecos flutuantes, a aplicação de difusores permite reduzir ou eliminar ecos

repetitivos sem adicionar absorção excessiva. A difusão pode também ajudar os

materiais absorventes a serem mais efetivos, criando um campo reverberante que

assegure que a energia acústica interaja com os materiais absorventes.

Embora existam diferentes filosofias sobre quanta reverberação natural estúdios

de gravação devem ter, todos os profissionais de estúdio concordam que reflexões

periódicas causadas por paredes paralelas devem ser evitadas. Portanto, a difusão é

freqüentemente utilizada para a eliminação destas reflexões.

Exitem diversos tipo de difusores, conforme alguns exemplos ilustrados nas

Figuras 4.8 e 4.9, e não existe um limite pré definido para a quantidade que pode ser

utilizada em uma sala. O tipo mais simples de difusor é constituído por uma ou mais

folhas de compensado colocadas em uma parede com um pequeno ângulo, para evitar

que o som se reflita repetidamente entre as paredes.

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Page 76: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Figura 4.8: Difusor Policilíndrico. Fonte: http://audiolist.cjb.net

Figura 4.9: Difusor Piramidal. Fonte: http://audiolist.cjb.net

Um difusor evita reflexões diretas, e, portanto, produz um som muito mais

aberto, transparente e natural do que uma simples superfície plana ou curva. Além de ter

uma sonoridade menos colorida do que uma parede angular ou curva na sala de

controle, os difusores servem a outro propósito útil em salas de gravação: eles podem

reduzir vazamentos entre os instrumentos sendo gravados ao mesmo tempo. Quando

uma parede angular simplesmente reflete um som - possivelmente em direção a um

54

Page 77: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

microfone designado para pegar um outro instrumento - um difusor espalha o som

através de uma gama muito mais vasta. Portanto, tudo que chegar ao microfone errado

tem seu nível reduzido porque apenas uma pequena parte do som original chegou lá. O

resto foi espalhado para outras partes da sala.

Normalmente em estúdios de gravação, os difusores podem ser colocados nas

costas do baterista, de frente para um naipe de sopros, no teto, acima da cabeça de um

locutor ou cantor, ou cobrindo áreas maiores com espaçamentos.

A Figura 4.10 apresenta um layout hipotético para um estúdio de 500m²,

destacando o posicionamento dos difusores.

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Page 78: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Figura 4.10: Típico layout de um Estúdio de Gravação com 500m².

Fonte: adaptado NEWELL, 2008.

Nas salas técnicas, superfícies difusoras podem ser colocados nas costas do

técnico, ou seja, na parede oposta à dos monitores, chamadas de colunas de som. Na

Figura 4.11 apresenta-se um layout típico de uma sala técnica onde se encontra

identificado a posição das superfícies difusoras (atrás da mesa de controle) e

absorvedoras (junto às colunas de som).

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Page 79: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Figura 4.11: Típico layout de um Estúdio de Gravação e Sala de Controle, destacando

os itens de absorção. Fonte: adaptado MEHTA et al., 1999.

4.5 - Requisitos para o Ruído de Fundo

Um eficiente isolamento acústico contra ruídos indesejáveis no interior do

estúdio de gravação e contra vibrações, são os requisitos fundamentais para que no

interior do estúdio, o nível de ruído de fundo seja baixo e não comprometa a qualidade

acústica das gravações. (MEHTA et al., 1999).

Por outro lado outros equipamentos produzem ruído de fundo no interior dos

estúdios. Nos últimos anos, com os novos sistemas de ar condicionado, juntamente com

o aparecimento de cada vez mais unidades de disco do computador nas salas de

controle, os níveis de ruído de fundo ficaram mais elevados. Níveis de ruído acima de

25 ou 30 dB(A) na sala de gravação ou na sala técnica do estúdio, começam a

sobrepor-se à operação de gravação.

Atualmente, há um grande número de estúdios de gravação, que estão atingindo

proporções alarmantes de ruído de fungo, que tem 50 dB(A) ou mais de ruído de disco

rígido e do sistema de refrigeração na sala de controle. (NEWELL, 2008).

A maioria dos instrumentos musicais foram concebidos para ter volume

suficiente de modo a serem ouvidos claramente sobre o sopro de uma platéia silenciosa,

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Page 80: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

mas se o ruido de fundo em uma sala de gravação for superior a, aproximadamente, 30

dB(A), haverá uma tendência dos microfones absorverem os ruídos externos, com nível

suficiente para degradar a clareza das gravações.

Nas salas técnicas, deve-se esperar um nível de ruído de fundo tão baixo quanto

ao da sala de gravações. Caso contrário, com níveis semelhantes aos produzidos pelos

instrumentos no estúdio, podiam não ser controlados os níveis de ruído de fundo na

gravação, porque tenderiam a ser mascarados pelo maior nível de ruído de fundo na sala

de controle.

LONG (2006) apresenta uma a Tabela 4.2 com valores de referência para se

avaliarem os níveis de ruído de fundo de determinados ambientes.

Embora o valor de NC 10 para estúdios de gravação, não seja formalmente

definido, ele é considerado como sendo de aproximadamente 4 dB abaixo do critério

NC 15, entre 63 Hz e 500 Hz e de 5 dB abaixo do NC 15, a 1000 Hz e acima deste

valor. Note que níveis de ruído de fundo maiores, em salas de prática de música não são

desejáveis, devido ao mascaramento que eles fornecem .

Tipo de Ambiente Níveis de Ruído

Sala de Estar NC 25-30Salas de Pratica de Música NC 30-35Banda / Orquestra / Sala para Coral NC 25-30Pós Produção de Vídeo NC 25-30Sala de Audição / Home Theater NC 20-25Estúdio de Projeção NC 25-30Estágio de Som (Filme) NC 20-25Fase de Montagem NC 20-25Sala Técnica NC 15-20Estúdio de Gravação NC 10-15

Tabela 4.2: Nível de Ruído de Fundo para Estúdios e Salas de Som.

Fonte: adaptado LONG, 2006.

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Page 81: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

4.6 - Isolamento de Ruídos

Como visto anteriormente, um bom isolamento contra ruído e vibrações é um

item bastante importante para o caso de estúdios de gravação, visando controlar os

níveis de ruído de fundo no seu interior. Da mesma forma, o isolamento do estúdio é

essencial para evitar incomodo em compartimentos vizinhos, pelo som que ali é gerado,

sobretudo quando o estúdio se situa em edifícios onde existem outras atividades.

O isolamento proposto pelos elementos construtivos deve ser, por isso, eficaz

nos dois sentidos, isto é, não deve permitir a passagem do ruído proveniente do

ambiente exterior (tráfego, ruído de vizinhança, etc) para dentro do estúdio, bem como

evitar que o som do estúdio seja ouvido no exterior. Em alguns casos, é fácil isolar o

som externo, mas é muito mais complicado conseguir evitar que o som do estúdio vaze

para as edificações ou compartimentos vizinhos. Tal deve-se ao fato dos níveis sonoros

geralmente produzidos no interior dos estúdios de gravação serem significativamente

elevados.

4.6.1 - Isolamento de Ruídos Aéreos

De um modo geral, os elementos separadores, como as paredes ou pavimentos,

isolam o ruído aéreo de forma semelhante nos dois sentidos, uma vez que os métodos

utilizados para estimar o isolamento aos sons aéreos de barreiras, são aplicáveis para a

previsão do isolamento nos dois sentidos.

Os requisitos de isolamento para os elementos construtivos devem ser

estabelecidos através da avaliação prévia dos níveis de ruído provenientes do exterior e

dos níveis de ruído de fundo máximos admissíveis no interior do estúdio. A diferença

entre estes dois níveis permitirá obter o isolamento que será exigido ao elemento

construtivo separador. Por outro lado, quando se pretende isolar o ruído proveniente do

estúdio para o exterior (outros compartimentos), um raciocínio análogo terá que ser

aplicado. Neste caso, será necessário avaliar o ruído produzido no interior do estúdio e

os níveis de ruído de fundo tolerados nos espaços vizinhos.

59

Page 82: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

K. Jepper et al. (1980) elaborou um quadro com valores recomendados para

isolamento acústico entre salas destinadas a música, conforme Tabela 4.3. Nela,

também estão ainda incluídos valores para o ruído de fundo.

Tabela 4.3: Níveis de isolamento para construções destinadas a música. Fonte: adaptado

de LONG, 2006.

Conforme mencionado no Capítulo 3, revestir simplesmente as paredes com

carpete, tecido ou outro material comum absorvente não trará qualquer resultado

prático, quando se pretende obter isolamento aos sons aéreos, pois o som precisa de

"massa" para ser bloqueado. Dessa forma, ainda que eventualmente possa melhorar a

acústica interna, diminuindo reflexões, a camada fina de carpete ou tecido não oferecerá

qualquer resistência à transmissão do som aéreo.

Por isso, devem-se usar materiais pesados e densos, sendo que o nível de

isolamento depende essencialmente da freqüência do som incidente e das características

construtivas da parede (quanto mais densa, maior o isolamento).

Contudo, nem, sempre é possível a utilização de elementos pesados pelo que

outras opções podem também ser utilizadas, nomeadamente soluções leves constituídas

por uma seqüência de camadas constituídas por materiais com resistividade diferente.

(AMORIM, LICARIÃO, 2005). Estas soluções podem ser executadas por exemplo por

60

Page 83: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

várias camadas de gesso cartonado ou aglomerado de madeira e material absorvente.

Estes elementos construtivos podem ainda ser interessantes como soluções de reforço,

quando se pretende aumentar o isolamento de paredes existentes, uma vez que retiram

pouco espaço aos compartimentos existentes. É importante atentar para os detalhes de

fixação das placas de gesso (geralmente devem ser utilizados apoios antivibráticos),

para que não haja um contato direto entre as paredes que permita a transferência

mecânica do som de uma para a outra. Também é preciso eliminar todas as fendas e

quaisquer tipos de frestas, através das quais o som poderá vazar.

O teto e o piso originais do recinto também deverão ser avaliados dentro do

mesmo objetivo de criar barreiras para a transferência do som aéreo. O mesmo princípio

da parede com várias camadas pode ser aplicado ao teto, devidamente adequado às

condições físicas (estrutura suspensa com apoios antivibratórios conforme representado

na Figura 4.12). Uma atenção maior deverá ser dada quanto à vedação de frestas e furos,

uma vez que o teto rebaixado geralmente é usado para a instalação de luminárias,

passagem de cabos e dutos de ar condicionado.

Figura 4.12: Estrutura suspensa com apoios antivibratórios. Fonte: MATEUS, 2008.

61

Page 84: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

As janelas são, geralmente um ponto fraco no isolamento acústico, por isso

devem ser tratadas criteriosamente. No caso de janelas voltadas para o exterior, a

melhor solução é eliminá-las definitivamente, fechando-as com alvenaria. Caso isso não

seja possível, então é necessário transformá-las em janelas especiais, com vidros mais

espessos (preferencialmente duplos) e vedações eficientes, ou mesmo utilizar caixilho

duplo quando se pretendem níveis altos de isolamento.

Uma forma de isolar os estúdios de ruídos exteriores provenientes de portas é

através de uma solução representada na Figura 4.13, designada por “sound lock”. Esta

solução é constituída por um pequeno compartimento que separa dois espaços a isolar,

revestido com material muito absorvente para atenuar o ruído que atravessa estes

espaços. Esta solução reduz os requisitos acústicos exigidos às portas individualmente.

Figura 4.13: Apresentação de um “sound lock” em uma sala de controle. Fonte:

adaptado NEWELL, 2008.

Uma alternativa ao “sound lock” são as portas acústicas. Existem várias no

mercado que permitem obter níveis elevados de isolamento, no entanto, o seu custo é

alto. Além de serem constituídas por materiais que conferem um grau elevado de

isolamento, quando aplicadas devem ficar bem seladas no contorno, para que o

isolamento seja de fato garantido. As Figuras 4.14 e 4.15 apresentam alguns pormenores

construtivos destas portas acústicas.

62

Page 85: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Figura 4.14: Exemplo de composição de porta acústica. Fonte: adaptado NEWELL,

2008.

Figura 4.15: Porta Acústica. Fonte: NEWELL, 2008.

63

Page 86: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

4.6.2 - Isolamento de Ruídos de Impacto

O piso do estúdio pode ainda ser uma parte crítica, pois é nele que ocorrem os

maiores níveis de ruído de impacto, sobretudo, no caso de bateria e percussão (pedal de

bumbo, tambores colocados no chão, etc). Colocar um tapete grosso não resolve esse

tipo de problema, embora possa atenuar o ruído de passos, pois apenas permite reduzir o

ruido nas médias e altas frequências. De fato, estes tipos de instrumentos podem

também produzir ruído de baixa frequência que tem que ser isolado. Além disso, esta

solução não permite introduzir uma melhoria no isolamento aos sons aéreos. Assim, a

solução mais indicada é criar um piso de preferência em concreto, acima do original

(piso flutuante), e isolado deste por meio de algum tipo de suspensão resiliente que seja

eficaz para reduzir também o ruído de baixa frequência (apoios de borracha, por

exemplo).

4.6.3 - Solução “ Room Within a Room”

As Figuras 4.16 e 4.17 combinam todos os aspectos abordados anteriormente

constituindo o sistema geralmente designado “room within a room” adotado em

estúdios de gravação. Esta solução consite na construção de um espaço isolado dentro

de uma sala pré existente. Para tal, não deverá existir qualquer conexão sólida entre as

parede e os elementos estruturais da sala já existente, inclusive com o chão. As paredes

de reforço são apoiadas no piso flutuante e nas laterais através de apoios antivibratórios.

Esta solução permite isolar o compartimento de todos os ruídos e vibrações

provenientes do exterior e vice versa.

Figura 4.16: Corte esquemático da solução “room within a room”. Fonte: adaptado

ELSEA, 1996.

64

Page 87: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Figura 4.17: Típica solução de isolamento adotada em estúdios Fonte: adaptado

MEHTA et al., 1999.

4.7 – Janela de observação entre a sala técnica e a sala de gravação

Em estúdios de gravação, existe uma grande janela que separa a sala de controle

do estúdio projetada para fornecer comunicação visual entre as salas, mantendo um

isolamento acústico elevado. O isolamento final do conjunto irá depender do isolamento

da parede de separação, da janela e da área que cada um destes elementos ocupa. Para

que a janela tenha um isolamento alto, esta deverá possuir vidro duplo, montado de tal

forma que não haja contato direto entre as estruturas de fixação de cada um.

65

Page 88: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Exemplos de projetos da janela é dado na Figura 4.18. A construção de vidro

duplo é preferida devido ao seu desempenho em baixa frequência. As bordas da

cavidade entre os painéis são revestidas com espuma de neoprene ou placas de fibra de

vidro, envolto em um pano, para permitir a absorção de borda (desta forma são

eliminadas as ressonâncias que ocorrem na caixa de ar responsáveis por quebras no

isolamento nas altas freqüências). Cada painel deve ser apoiado em separado em seu

próprio sistema de cravação e laje isolada. Os vidros das janelas deverão ser angulares,

mas nem tanto por razões de acústica, mas para reduzir a reflexão da luz e melhorar a

visualização dos monitores.

Figura 4.18: Opções de projetos para janela entre estúdio e sala técnica. Fonte:

www.audiolist.org/forum/kb.php?mode=article&k=249

4.8 - Ruído proveniente dos sistemas de ventilação

Além da preocupação com o isolamento do ruído ambiente externo, é preciso

avaliar também o ruído que será produzido pelo sistema de ar condicionado a ser

instalado no estúdio. Além do ruído junto à máquina, deve-se levar em conta ainda a

possível transferência desse ruído através do duto de ar e também por transmissão

mecânica, pela vibração da estrutura dos dutos e contato desta com as paredes e teto do

estúdio. Para reduzir o ruído que se propaga ao longo do duto de ar pode-se revesti-lo

66

Page 89: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

internamento com material absorvedor ou ainda aplicar atenuadores acústicos nas

condutas. Para evitar a transferência da vibração da máquina pelo duto, é comum fazer

um desacoplamento mecânico do mesmo, seccionando-o e unindo as partes com uma

peça flexível. Tais providências em geral causam perda de eficiência da máquina, o que

deve ser também considerado.

67

Page 90: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Capítulo 5

Metodologias de avaliação de parâmetros

acústicos

A qualidade acústica do estúdio objeto de pesquisa foi avaliada através da

análise conjunta das soluções construtivas e revestimentos, parâmetros objetivos e

subjetivos. Neste capítulo descrevem-se as metodologias utilizadas na caracterização

acústica do estúdio.

5.1 - Caracterização Física do Espaço

A caracterização física do espaço inclui o levantamento das soluções

construtivas do ambiente. Primeiramente, foi realizado um levantamento minucioso do

espaço para a determinação das dimensões da sala.

Foi depois elaborado um relatório fotográfico detalhado buscando identificar

todos os dispositivos utilizados para, de alguma forma, interferir na acústica do espaço,

assim como todo o tipo de revestimentos aplicados, nomeadamente os materiais que

compõem as superfícies das paredes, tetos e pisos do estúdio e sala técnica. Incluiu-se

ainda nesta etapa, o levantamento dos equipamentos aí existentes.

5.2 - Avaliação de Parâmetros Objetivos

Os parâmetros objetivos utilizados neste trabalho vão de acordo com o que foi

apresentado no Capítulo 4 e são: o tempo de reverberação, o ruído de fundo e o

68

Page 91: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

desempenho quanto ao isolamento sonoro do ruído aéreo garantido pelas paredes

internas.

Os parâmetros tempo de reverberação, ruído de fundo e isolamento sonoro do

ruído áereo de paredes internas, foram medidos no local, tomando como base os

procedimentos descritos nas seguintes normas: norma ISO 140-4 (1998) – Acoustics --

Measurement of sound insulation in buildings and of building elements -- Part 4: Field

measurements of airborne sound insulation between rooms; norma ISO 717-1 (1996) -

Acoustics -- Rating of sound insulation in buildings and of building elements -- Part 1:

Airborne sound insulation e norma ISO 354 (2003) - Acoustics -- Measurement of

sound absorption in a reverberation room.

A norma ISO 140-4 (1998) apresenta os procedimentos e quais parâmetros

devem ser medidos, in situ, para avaliar o desempenho do isolamento sonoro de paredes

internas entre dois compartimentos. Após a medição dos parâmetros descritos

anteriormente, a ISO 717-1 (1996) apresenta os procedimentos para a obtenção do valor

único do isolamento sonoro, denominado diferença padronizada de nível ponderada,

DnT,w. Para a medição do tempo de reverberação foi utilizado o procedimento descrito na

norma ISO 354 (2003).

Foram utilizadas normas internacionais como padrão para os procedimentos de

medição, tendo em vista que, conforme exposto no Capítulo 3, não existem normas

nacionais que especifiquem tais procedimentos.

As medições no estúdio foram realizadas com os equipamentos da empresa

Sillentium Engenharia, que possuem certificados de calibração com prazos de validade

em vigor, emitidos pela empresa GROM-LAB: Laboratório de Calibração e Ensaios, a

qual está integrada à Rede Brasileira de Calibração e devidamente credenciada pelo

INMETRO.

Os equipamentos utilizados, que estão representados nas Figura 5.1, Figura 5.2 e

Figura 5.3, foram: medidor de nível de pressão sonora (Fabricante: Svantek; Modelo:

Svan 949; Data da Calibração: 12/11/2008); calibrador acústico (Fabricante: Brüel &

Kjaer, Modelo: 4230, Data da Calibração: 12/11/2008); fonte sonora com amplificador

e gerador de sinal (Fabricante: Brüel & Kjaer; Modelo: 4205).

69

Page 92: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Figura 5.1: Medidor de Nível de Pressão Sonora.

Figura 5.2: Amplificador e gerador de sinal que se ligam à fonte sonora.

70

Page 93: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Figura 5.3: Fonte Sonora.

5.2.1 - Tempo de Reverberação

Para a medição dos tempos de reverberação necessários neste estudo, foram

utilizados os procedimentos descritos na norma ISO 354 (2003). Esta norma descreve o

procedimento de medição da absorção sonora em ambiente reverberante, e determina

que as medições devem ser feitas em terças de oitava, na faixa de frequência de 100 Hz

a 5.000Hz. É medido o tempo requerido para o decaimento do nível de pressão sonora

em 60dB, depois de cessada a fonte sonora.

Ainda de acordo com a norma citada, ISO 354 (2003), os registros devem ser

armazenados em pelo menos três posições de microfones, com dois decaimentos por

posição. Este microfone deve estar a pelo menos um metro de distância da superfície

testada, um metro das demais superfícies do ambiente e dois metros da fonte sonora.

5.2.2 - Ruído de Fundo

Neste trabalho em particular, o nível de ruído de fundo será medido

primeiramente com todos os equipamentos das salas desligados, e em seguida, com os

equipamentos, como condicionadores de ar e computadores, ligados. Com esta

71

Page 94: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

avaliação pretende-se fazer um comparativo quanto à utilização de tais equipamentos

em gravações realizadas no estúdio.

De acordo com a ISO 140-4 (1998), deve-se ainda medir o nível de ruído de

fundo para assegurar que as medições realizadas no compartimento receptor não

estejam sendo alteradas por outros ruídos provenientes ou do exterior, ou do próprio

interior do compartimento alvo do estudo, como redes elétricas.

5.2.3 - Isolamento Sonoro

Para a realização das medições em campo do isolamento sonoro de paredes

internas de edificações, a NBR 15575 refere dois métodos distintos, que são o método

de engenharia e o método simplificado de campo. O que diferencia os dois métodos, é

que o método de engenharia indica os procedimentos necessários para a realização da

medição e o método simplificado de campo permite realizar uma estimativa do

isolamento sonoro, em condições específicas, quando há dificuldades de se medir o

tempo de reverberação, seja por falta de equipamento adequado, seja por elevado ruído

de fundo (NETO, 2009).

Neste trabalho as medições foram realizadas através do método de engenharia,

tendo em vista que é mais rigoroso e tecnicamente mais completo.

Segundo a norma ISO 140-4 (1998), para que se possa avaliar o isolamento

quanto ao ruído aéreo entre compartimentos, é necessário que se faça à medição dos

seguintes parâmetros:

•Nível médio de pressão sonora num compartimento, L i: deverá ser feita a medição

na sala de emissão, que será denominado de L1, e na sala receptora, denominado L2,

conforme apresentado na Figura 5.4.

72

Page 95: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Figura 5.4: Medição do nível médio de pressão sonora.

•Tempo de Reverberação, T : deverá ser feita a medição do tempo de reverberação na sala

receptora, que será denominado de T2.

•Nível de Ruído de Fundo, RF : deverá ser medido o nível de ruído de fundo, visando

garantir que as medições realizadas na sala receptora não foram afetadas por outros ruídos,

externos ou internos, que não fizessem parte do estudo. Após a medição do nível de ruído

de fundo, será calculado o L2 Corrigido que corresponde ao nível de pressão sonora na sala

receptora com correção para ruído de fundo. O ideal, é que o nível de ruído de fundo esteja

acima de 10 dB abaixo do nível do sinal, combinado com o ruído de fundo. Mas como

nem sempre esta situação ocorre, para se efetuar a correção do ruído de fundo, de acordo

com a norma, deve-se seguir as seguintes regras:

Se a diferença entre os níveis do sinal e do ruído de fundo for menor ou igual a

6 dB, em qualquer faixa de freqüência, deve-se utilizar a correção de 1,3 dB.

Se a diferença dos níveis do sinal e do ruído de fundo for menor que 10 dB e

maior que 6 dB, a correção deve ser efetuada através da seguinte equação:

L = 10log (10Lsb/10 – 10Lb/10) (5.1)

73

Page 96: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Onde:

L – é o nível do sinal corrigido, em dB;

Lsb – é o nível do sinal e do ruído de fundo associados, em dB;

Lb – é o nível do ruído de fundo, em dB.

Durante os ensaios foi utilizada uma fonte sonora em duas posições distintas

conforme especifica a ISO 140-4 (1998). A medição dos níveis sonoros nos dois

compartimentos foi efetuada com um microfone localizado em cinco posições por cada

posição de fonte, sendo no total registradas dez medições. Além disso, foram

respeitadas as distâncias mínimas de separação dos microfones, em virtude do tamanho

reduzido dos espaços em estudo, que neste caso foram: 0,5m entre a posição do

microfone e os limites da sala ou difusores; 1,0m entre a posição do microfone e a fonte

sonora.

Finalizada a etapa de medição dos parâmetros acima referidos, a norma ISO

140-4 (1998) define que sejam calculados os seguintes parâmetros:

•Diferença de Nível, D : é a diferença, em dB, dos níveis médios de pressão sonora obtidos

na sala emissora e na sala receptora, por uma ou mais fontes sonoras situadas dentro de uma

delas:

D = L1 - L2 (5.2)

Onde:

L1 - É o nível médio de pressão sonora na sala emissora

L2 - É o nível médio de pressão sonora na sala receptora corrigido do ruído de

fundo

•Diferença Padronizada de Nível, D nT: é a diferença dos níveis médios de pressão sonora

obtidos na sala emissora e na sala receptora, por uma ou mais fontes sonoras situadas dentro

de uma delas, em dB, corrigidos em função do tempo de reverberação da sala receptora:

DnT = D + 10 log (T/T0) (5.3)

74

Page 97: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Onde:

D - É a diferença de níveis, em dB;

T - É o tempo de reverberação da sala receptora, em segundos;

T0 - É o tempo de reverberação de referência, sendo utilizado para edifícios

habitacionais o valor T0 = 0,5s.

Após a obtenção dos parâmetros descritos anteriormente, através do

procedimento referenciado na ISO 717-1 (1996), é obtido o valor único do isolamento

sonoro, denominado diferença padronizada de nível ponderada (DnT,w). Este índice é

determinado através da comparação entre a curva do espectro de freqüências do

coeficiente avaliado, DnT, e uma curva padrão com valores de referência estabelecidos

pela norma, conforme demonstrado pela Figura 5.5.

Figura 5.5: Curva padrão de referência para sons aéreos de acordo com a ISO 717-1.

Fonte: MATEUS, 2008.

Primeiramente faz-se o ajuste da curva de referência à curva resultante da

medição até se cumprir a seguinte condição: o valor médio dos desvios desfavoráveis,

calculado através da divisão da soma dos desvios desfavoráveis, pelo número total de

bandas, deverá ser o maior possível, sem ultrapassar 2 dB. Refira-se que um desvio é

considerado desfavorável se o valor da curva de referência se encontrar acima do valor

da curva referente á medição. Terminado o ajuste, conforme ilustrado na Figura 5.6,

75

Page 98: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

obtém-se o número único DnT,w, que consiste no valor da curva de referência na

freqüência de 500 Hz.

Figura 5.6: Ajuste a curva de referência. Fonte: MATEUS, 2008.

5.3 - Avaliação de Parâmetros Subjetivos

Para a avaliação dos parâmetros subjetivos, foi elaborado um questionário

visando obter a percepção acústica dos músicos usuários do estúdio.

Foram escolhidos para o questionário os parâmetros apresentados no Capítulo 2,

que são: ruído exterior, ruído interior, impressão espacial, vivacidade, clareza ou

definição, eco, envolvimento, timbre, equilíbrio tímbrico, classificação geral.

Para cada parâmetro, foi utilizada uma escala apropriada variando a classificação

de pouco/baixo a muito/elevado.

O questionário foi distribuído para todos os usuários, que identificavam qual

instrumento que tocavam, ou se eram vocalistas. O questionário encontra-se no

Apêndice A.

76

Page 99: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Capítulo 6

Estudo de Caso

Neste capítulo efetua-se a descrição do estudo de caso, que inclui a avaliação das

características físicas do estúdio, a análise dos parâmetros acústicos resultantes das

medições realizadas e dos resultados do questionário de aferimento dos parâmetros

subjetivos. Sempre que possível é efetuada a avaliação acústica do espaço de acordo

com as recomendações estabelecidas nas normas brasileiras e outras indicações

referenciadas em publicações nacionais e internacionais consultadas, que constam no

Capítulo 4.

6.1 - Objeto do Estudo

O estúdio analisado está implantando em uma sala dentro de um prédio

comercial no bairro da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.

O prédio comercial foi construído em 2006 e possui diversas salas, que são

ocupadas para as mais diversas finalidades, como consultórios médicos e escritórios.

O Estúdio Centoeum foi implantando em 2008, e ocupa uma sala com pé direito

duplo no andar térreo do edifício, mais especificamente a sala de número 101, conforme

apresentado no desenho esquemático do primeiro pavimento, ilustrado na Figura 6.1.

77

Page 100: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Figura 6.1: Planta esquemática do 1º pavimento do Edifício Comercial (sem escala).

Internamente, a sala 101 ocupada pelo Estúdio Centoeum, é dividida conforme

apresentado nas Figuras 6.2 e 6.3, onde no primeiro andar fica o estúdio de gravação e a

sala técnica e no mezanino encontra-se uma sala de estar para os músicos se reunirem

antes das gravações, o escritório administrativo do estúdio, copa, banheiro e depósito.

Figura 6.2: Estúdio Centoeum - Planta Baixa 1º pav (sem escala).

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Page 101: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Figura 6.3: Estúdio Centoeum – Mezanino (sem escala)

Atualmente, o Estúdio Centoeum conta com instrumentos e equipamentos

modernos de alta tecnologia, conforme se pode observar nas Figuras 6.4 e 6.5 referentes

a imagens do interior do estúdio e sala técnica.

Figura 6.4: Imagem do interior do Estúdio Centoeum

79

Page 102: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Figura 6.5: Imagem do interior da Sala Técnica do Estúdio Centoeum

Por suas dimensões, o estúdio em questão pode ser considerado um estúdio

pequeno, sendo aí gravada principalmente música popular brasileira (MPB) e rock.

Durante as visitas efetuadas ao estúdio foi possível, através de conversas com os

usuários, perceber que existem alguns problemas acústicos relacionados com o espaço,

especialmente no que diz respeito à parte do ruído de fundo causado pelo equipamento

de ar condicionado durante as gravações, reverberação insuficiente em alguns casos,

como em gravações só de voz, que é posteriormente corrigida através de meios

informáticos e ao incômodo causado na sala 102, vizinha ao estúdio, que será alvo do

estudo neste trabalho, referente ao fraco desempenho acústico do isolamento ao ruído

aéreo da parede divisória destas unidades. Deste modo, na avaliação experimental das

condições acústicas do espaço procurou-se quantificar alguns destes itens.

6.2 - Caracterização Física do Estúdio

O estúdio objeto de estudo não teve nenhum tipo de projeto para sua construção,

embora tenha sido executado com a ajuda de um profissional não qualificado, mas com

experiência em construções com estas características e especificidade. Esta é uma

80

Page 103: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

realidade comum neste tipo de construção no Brasil, pois os poucos profissionais

qualificados em acústica, normalmente cobram valores muito altos para a elaboração de

projetos específicos, ficando seu trabalho restrito a grandes empresas, ou grandes

estúdios. Apesar disso, pôde-se observar o cumprimento de vários requisitos que são

garantia de uma boa qualidade acústica deste tipo de ambiente.

6.2.1 - Isolamento

Na construção do estúdio, foram registradas algumas etapas que evidenciam a

preocupação, principalmente no que diz respeito ao isolamento das salas de gravação e

técnica. A Figura 6.6, por exemplo, apresenta a fase de construção de uma parede

complementar à parede já existente, formando assim uma parede dupla. Segundo alguns

autores, para que esta composição apresente resultados mais eficientes, as paredes

construídas devem ser de materiais distintos, com massa e rigidez diferentes, garantindo

assim que elas não possuam a mesma freqüência crítica, o que resultaria na vibração em

uníssono das paredes, que acabariam produzindo ressonância, causando uma baixa

perda de transmissão ao conjunto. (BATISTA, 1998; GERGES, 2000; MEISSER,

1973). O que pode ser observado no estúdio é exatamente este processo, uma vez que a

parede existente é de tijolo cerâmico comum, revestido com uma fina camada de gesso,

e a parede que foi construída na frente, foi feita em bloco de concreto. Observe-se ainda

na Figura 6.6 que nas paredes as juntas horizontais e verticais foram adequadamente

preenchidas com argamassa, o que garante igualmente um isolamento final melhorado.

Esta solução foi observada na parede exterior e na divisória com a recepção do edifício,

possibilitando reforçar o isolamento destas paredes por forma a garantir que não haja

influência do ruído exterior durante as gravações. Da mesma maneira, também será

minimizado o incômodo eventual do ruído gerado pelo estúdio nos espaços contíguos.

Após esta etapa, foram fixados nas paredes construídas painéis de madeira, conforme se

pode verificar na Figura 6.6, que foram preenchidos por lã de rocha, fechados com outro

painel de madeira e posteriormente foram aplicados os revestimentos. Para garantir uma

maior eficácia, estes painéis deveriam ficar desligados da parede de apoio, através de

apoios antivibratórios e apoiados num piso flutuante para criar uma solução “room

within a room”, conforme abordado no Capítulo 4.

81

Page 104: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Figura 6.6: Construção de paredes independentes às existentes.

Numa fachada, as janelas constituem de um modo geral um ponto fraco no

isolamento, não bastando apenas reforçar o isolamento da parte opaca. Neste caso, na

frente da janela original da parede de fachada da edificação que se encontra dentro da

sala de gravação, foram colocados três painéis de vidro de 10 mm de espessura,

distanciados de aproximadamente de 7 a 11 cm, não havendo contato direto entre a

estrutura de fixação de cada um, e nem com a janela original, conforme apresentado na

Figura 6.7. A cavidade entre os painéis foi vedada ao longo da sua periferia com

espuma de neoprene. Além disso, no interior da caixa de ar, ao longo do perímetro da

abertura foi colocado material absorvente, de forma a eliminar ressonâncias aí geradas

que produzem quebras no isolamento. Os vidros não são paralelos, o que confere uma

melhoria no isolamento, pois reduz as quebras no isolamento associadas as frequências

de ressonância na caixa de ar. A solução adotada revela –se adequada, conferindo um

isolamento melhor da fachada.

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Page 105: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Figura 6.7: Detalhe do isolamento da janela.

No piso do estúdio, foram igualmente implementadas algumas medidas

conducentes à melhoria do isolamento conferido por este elemento construtivo.

Conforme se pode observar pela Figura 6.8, foi utilizado uma solução composta por um

painel de madeira com espessura de aproximadamente 2cm, apoiado sobre apoios

flexíveis em borracha em contato com o contra piso existente. Acima desse painel é que

foi instalado o piso definitivo do estúdio que é um piso de madeira flutuante, muito

utilizado no Brasil em diversos tipos de construção. Apesar desta solução introduzir

alguma eficácia acústica, a execução de uma laje em concreto flutuante sobre apoios de

borracha seria mais eficaz para esta situação para reduzir a transmissão de ruído de

baixa frequência. A solução adotada deveria evitar a conexão sólida com as paredes de

blocos no contorno, para garantir a execução do sistema “room within a room”.

Figura 6.8: Detalhes dos elementos de composição do piso.

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Page 106: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Quanto ao teto, foi utilizada uma solução constituída por painéis de madeira com

caixa de ar, preenchidos com lã de rocha, que se encontram apoiados nas paredes de

blocos, conforme se ilustra nas Figuras 6.9 e 6.10. Sobre essa composição foi colocado

isopor, que não seria o material mais adequado em termos de acústica, pois ele não

oferece uma absorção sonora favorável. Acima deste conjunto, conforme apresentado na

Figura 6.11, foi construída a laje de cobertura do estúdio, ou seja, a laje de piso do

mezanino. Para garantir a execução do sistema room within a room deveria ter sido feito

um teto falso com apoios antivibratórios.

Figura 6.9: Detalhes da colocação dos painéis de madeira de cobertura do estúdio.

Figura 6.10: Detalhe da utilização de lã de rocha e isopor.

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Page 107: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Figura 6.11: Laje de cobertura do estúdio

6.2.2 - Tipos de Revestimentos

As Figuras 6.12 e 6.13 apresentam imagens do interior da sala de gravação e da

sala técnica, mostrando a utilização de materiais reflexivos e materiais absorventes. Na

sala de gravação a parede dos fundos, uma parte de uma das paredes laterais e o teto,

são revestidos em tecido e representam cerca de 57% da área total de superfície deste

ambiente. O restante é revestido em material reflexivo, no caso em estudo, painéis lisos

de madeira, aplicados no chão e nas paredes. Já na sala técnica, a utilização de

revestimentos com material absorvente, no caso tecido, representa 72% da área total de

superfície deste ambiente, e encontram-se em parte da parede que contém o visor para a

sala de gravação, na parede do fundo, nos cantos entre as paredes laterais e no teto,

sendo as demais áreas revestidas em painéis lisos de madeira. A Figura 6.12 mostra

ainda a utilização de difusores em uma das paredes da sala de gravação. Um difusor,

conforme visto no Capítulo 4, evita reflexões diretas, e, portanto, produz um som muito

mais aberto, transparente e natural do que uma simples superfície plana.

Figura 6.12: Utilização de materiais absorventes e reflexivos no interior do estúdio de gravação, incluindo difusores.

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Page 108: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Figura 6.13: Utilização de materiais absorventes e reflexivos no interior da Sala

Técnica.

Outro artifício que foi utilizado pelo estúdio foi uma solução que consiste no uso

combinado de ressonadores com um material absorvente, que neste caso foi tecido,

conforme se ilustra na Figura 6.14. De acordo com o apresentado no Capítulo 3, este

sistema permite introduzir absorção nas médias frequências através do uso de

ressonadores e nas altas frequências através do uso de tecido. Esta solução foi aplicada

numa área de parede relativamente reduzida.

Não foi observado o uso de dispositivos conhecidos como armadilhas de graves

(“bass trap”), que melhoram as condições acústicas da sala, pois permitem a absorção

sonora em baixas frequências.

Figura 6.14: Utilização de ressonador com material absorvente.

86

Page 109: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

6.2.3 - Forma e dimensões do Estúdio

Podemos observar na Figura 6.15, que foram implantados alguns dispositivos na

sala, como cantos cortados, tetos com rebaixo nas laterais, elementos construídos na

diagonal, rodapés largos, etc., buscando quebrar o paralelismo do ambiente, uma vez

que, conforme abordado no Capítulo 4, todos os profissionais de estúdio concordam que

reflexões periódicas causadas por paredes paralelas devem ser evitadas.

Figura 6.15: Dispositivos para quebra do paralelismo da sala do estúdio

Quanto às dimensões do estúdio, conforme podemos verificar na Figura 6.2, ele

atende as recomendações indicadas na bibliografia, pois não tem distâncias iguais, nem

mesmo múltiplas, entre paredes e entre piso e teto, dificultando assim a ocorrência de

ondas estacionárias.

A proporção das dimensões do estúdio é de 1:1.9:1.1, o que de acordo com a

Tabela 4.1 (vd. Capítulo 4) que é indicativa de dimensões preferenciais a adotar em

compartimentos retangulares pequenos, já que se encontra entre a primeira e a segunda

colocação desta tabela.

87

Page 110: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

6.2.4 - Sound Lock

No Estúdio Centoeum foi utilizada uma solução do tipo “sound lock”, conforme

pode ser verificado na planta do estúdio na Figura 6.2. Esta solução permite efetuar a

recepção do estúdio da sala de gravação. Ele apresenta dimensões bem pequenas e é

revestido de carpete, material bastante absorvente, conforme exposto na Figura 6.16.

Este espaço foi construído exatamente como o referenciado na bibliografia (vd.

Capítulo 4).

Figura 6.16: Sound Lock Estúdio Centoeum

Conforme visto anteriormente, esta solução é utilizada para atenuar o ruído que

atravessa dois espaços, além de reduzir os requisitos acústicos exigidos às portas

individualmente.

6.2.5 - Portas Acústicas

São três as portas acústicas do Estúdio Centoeum: a porta de entrada da sala

técnica, a porta de entrada para o “sound lock” e a porta de saída do “sound lock” para a

sala de gravação. As portas foram revestidas no próprio estúdio com tecido por um lado

e carpete do outro, conforme apresentado na Figura 6.17. No meio foi utilizada lã de

rocha para o isolamento. Para vedação, foi utilizado um sistema de encaixe, que permite

o perfeito isolamento do sistema.

88

Page 111: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Figura 6.17: Detalhe construtivo das portas acústicas

6.2.6 - Janela de observação entre a sala técnica e a sala de gravação

A janela que permite a comunicação visual entre a sala técnica e a sala de

gravação é composta por três painéis de vidro de 10 mm de espessura, distanciados de

aproximadamente de 7 a 11 cm, não havendo contato direto entre a estrutura de fixação

de cada um.

A cavidade entre os painéis foi vedada ao longo da sua periferia com espuma de

neoprene. Além disso no interior da caixa de ar, ao longo do perímetro da abertura foi

colocado material absorvente por forma a eliminar ressonâncias aí geradas que

produzem quebras no isolamento. Esses vidros ainda são angulares, mas conforme

exposto no Capítulo 4, esse procedimento melhora a visualização dos monitores, pois

reduz as reflexões da luz em cima destes equipamentos. Além disso, juntamente com o

tecido colocado na caixa de ar, também ajuda a atenuar as quebras no isolamento

associadas as frequências de ressonância na caixa de ar. A Figura 6.18 apresenta o

detalhe da janela de observação entre a sala técnica e a sala de gravação.

89

Page 112: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Figura 6.18: Detalhe da janela de observação entre a sala técnica e a sala de gravação.

6.3 - Parâmetros Acústicos Objetivos

Nesta seção são apresentados os parâmetros acústicos objetivos obtidos através

de medições realizadas no local, de acordo com os procedimentos descritos no capítulo

anterior. Foram avaliados os seguintes parâmetros: tempo de reverberação da sala de

gravação e sala técnica; ruído de fundo na sala de gravação e sala técnica e isolamento

aos sons aéreos entre a sala de gravação e a sala técnica e entre a sala técnica e a sala

vizinha que já não faz parte do estúdio (sala sl. 102).

6.3.1 - Avaliação Tempo de Reverberação

6.3.1.1 - Sala de Gravação do Estúdio

Para a medição do tempo de reverberação na sala de gravação do estúdio foi

utilizado o método do ruído interrompido, de acordo com o procedimento descrito no

capítulo anterior. Durante os ensaios, inicialmente foi gerado um ruído rosa e, em

seguida, mediu-se o tempo que este levou para cair cerca de 20 ou 30 dB. Estes valores

90

Page 113: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

foram depois multiplicados por 2 ou por 3, automaticamente pelo software do aparelho

de medição, para que fossem obtidos os tempos de reverberação. Para cada ponto de

medição foram feitas três leituras e posteriormente calculada a média geométrica,

conforme preconiza a norma ISO 354.

A partir dos gráficos que se encontram no Apêndice B, foi elaborada a Tabela

6.1, que apresenta um resumo com os Tempos de Reverberação que foram medidos na

sala de gravação do estúdio, de 100 Hz a 4 kHz.

Tabela 6.1: Tempos de Reverberação medidos em 1/3 de oitavas nas frequências

apresentadas, medidos na sala de gravação.

Segundo a bibliografia apresentada no Capítulo 4, MEHTA et al. (1999),

apresenta um gráfico (vd. Figura 4.3) com o tempo de reverberação recomendado para

estúdios de gravação. De acordo com o volume do espaço, que no caso do objeto de

estudo é aproximadamente 31m³, os limites inferiores (voz) e superior (música) para

tempo de reverberação recomendados por MEHTA et al. (1999) encontram-se

representados na Figura 6.19 definindo a área hachurada. Nesta figura estão também

apresentados os valores medidos na sala de gravação do Estúdio Centoeum e a média

destes valores.

91

Page 114: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Figura 6.19: Tempo de Reverberação obtido através de medições na sala de

Gravação vs recomendação METHA et al. (1999).

Como se pode observar na Figura 6.19 acima, os valores medidos no estúdio não

estão dentro dos valores recomendados por METHA et al. (1999). Entretanto, LONG

(2006), não recomenda valores específicos de tempo de reverberação para estúdios

pequenos, apenas refere que para este tipo de espaço, o gráfico de Tempo de

Reverberação x Frequência deve ser o mais linear possível, e podemos observar que

entre 400Hz e 4KHz os valores medidos no estúdio são bem próximos, tornando o

gráfico linear neste intervalo. Observe-se que a forma da curva do tempo de

reverberação que foi obtida na sala reflete os revestimentos que foram aplicados no

ambiente. Existe na sala de gravação uma quantidade significativa de tecido que

introduz absorção nas altas frequências, por isso se obtêm os tempos de reverberação

baixos nestas frequências. Por outro lado, entre as frequências de 100Hz e 315Hz,

obtiveram-se valores mais altos pois nestas frequências soluções do tipo ressonador que

seriam eficazes, têm na sala aplicação pontual.

92

Page 115: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

6.3.1.2 - Sala Técnica

Para a medição dos tempos de reverberação da sala técnica, entre 100 Hz e 4

kHz, em 1/3 de oitava, foi utilizado o mesmo procedimento descrito para a sala de

gravação. A Tabela 6.2 apresenta os resultados das medições.

Tabela 6.2: Tempo de Reverberação medido em 1/3 de oitava na Sala Técnica.

Para salas técnicas, a bibliografia destaca principalmente os tempos de

reverberação associados à sensação acústica da sala, podendo variar de “muito viva” a

“muito apagada”, de acordo com o volume da sala. (LONG, 2006).

O volume da sala técnica do estúdio é aproximadamente 18 m3 e a Figura 6.20

apresenta o gráfico comparativo entre os valores medidos e os valores sugeridos por

LONG (2006) para salas técnicas com este volume.

Figura 6.20: Gráfico comparativo entre valores recomendados por LONG (2006) e valores medidos.

93

Page 116: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Conforme exposto na Figura 6.20, a sala técnica do Estúdio Centoeum possui

tempo de reverberação mais próximos a ambientes com percepção acústica média, isto

é, entre salas muito vivas e muito apagadas. Conforme abordado no Capítulo 4, segundo

PASSERI, BISTAFA (2002), a partir dos anos 80 os profissionais de estúdio

desenvolveram a filosofia de projeto conhecida como LEDE (Live End Dead End), que

tinha como objetivo estender o intervalo de tempo entre o som original e as suas

primeiras reflexões, de modo que o cérebro pudesse distinguir um do outro, e ignorá-

las.

6.3.2 - Avaliação do Ruído de Fundo

6.3.2.1 - Sala de Gravação do Estúdio

O ruído de fundo, conforme apresentado no Capítulo 2, será todo o ruído que

chega aos microfones, na posição do receptor, que não seja o ruído em análise.

No caso do estúdio, o ruído de fundo foi medido em duas condições distintas: a

primeira com todos os equipamentos da sala de gravação desligados, tendo sido obtidos

os valores apresentados na Tabela 6.3.

Tabela 6.3: Ruído de Fundo medidos em 1/3 de oitava, nas frequências apresentadas, na

sala de gravação com aparelhos desligados.

Resultados abaixo de 10 dB estão além da faixa de medição do aparelho,

podendo apresentar desvios superiores a 0,1 dB. Tais resultados deverão ser

considerados apenas como orientativos e não quantitativos, e por isso aparecem valores

negativos na Tabela 6.3.

94

Page 117: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Após esta medição, foi ligado o condicionador de ar, que é um split, único

equipamento, além dos instrumentos, que funciona na sala durante as gravações e os

valores do ruído de fundo encontrados são apresentados na Tabela 6.4.

Tabela 6.4: Ruído de Fundo medidos em 1/3 de oitava, nas frequências apresentadas, na

sala de gravação com aparelho split ligado.

Conforme apresentado no Capítulo 2, o nível para conforto acústico de um

ambiente deverá ser analisado de acordo com o nível de pressão sonora medido em dB

(A) ou pela classificação do NC. Os níveis medidos nas Tabelas 6.3 e 6.4 acima,

representam o ruído de fundo do ambiente, e a partir destes valores foi possível fazer a

classificação do NC para as duas situações descritas, conforme apresentado na Figura

6.21, que apresenta os valores medidos no gráfico das curvas NC.

Figura 6.21: Gráfico comparativo entre valores de NC e os valores medidos no estúdio.

95

Page 118: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Para estúdios de gravação o valor de NC recomendado é de 10-15, o que é

atendido pelo Estúdio Centoeum com o condicionador de ar desligado,com exceção da

frequência dos 2000Hz, conforme se observa na Figura 6.21. Já com o split ligado, se

pode observar que em altas freqüências, principalmente entre 1000Hz e 2000Hz que

estão no intervalo de freqüências relativas à fala, os níveis de ruído de fundo

(corresponde à classificação NC35) ficam acima dos valores recomendados, e como

visto anteriormente, níveis acima começam a sobrepor-se à operação de gravação.

Segundo o proprietário do Estúdio, quando são feitas gravações, principalmente de voz

e violão (que produzem níveis sonoros não muito altos), o split permanece sempre

desligado.

Observa-se aqui que devem ser tomados alguns cuidados na escolha de

equipamentos que serão utilizados dentro de uma sala de gravação, principalmente

quando se trata de condicionadores de ar e sempre que possível deve-se optar por

aqueles menos ruidosos, para que o ruído de fundo não se torne elevado e prejudicial.

6.3.2.2 - Sala Técnica

Na sala técnica, os valores de ruído de fundo também foram medidos nas

mesmas condições da sala de gravação. Inicialmente com os equipamentos desligados e

em seguida com equipamentos ligados, que neste caso são computadores e o split.

Na primeira situação, os valores obtidos são apresentados na Tabela 6.5 abaixo:

Tabela 6.5: Ruído de Fundo medidos em 1/3 de oitava, nas frequências apresentadas, na

sala técnica com aparelhos desligados.

Já com os equipamentos ligados, o ruído de fundo apresentou os valores

indicados na Tabela 6.6, abaixo:

96

Page 119: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Tabela 6.6: Ruído de Fundo medidos em 1/3 de oitava, nas frequências apresentadas, na

sala técnica com aparelhos desligados.

Através da Figura 6.22 que apresenta os valores descritos acima no gráfico das

curvas NC, foi possível classificar a sala técnica como NC entre 25 com equipamentos

desligados e NC 35 com equipamentos ligados.

Figura 6.22: Gráfico comparativo entre valores de NC e os valores medidos na sala

técnica.

Para salas técnicas, na mesma Tabela 4.2 apresentada por LONG (2006), que se

encontra no Capítulo 4, os valores de NC vão de 15-20. Pela Figura 6.22, podemos

observar que com os equipamentos desligados a sala técnica, embora não atenda aos

valores recomendados por LONG (2006), na frequência dos 2000 Hz, nas restantes

frequências está dentro do recomendado. Entretanto com equipamentos ligados,

observamos o mesmo ocorrido com a sala de gravação, que apresenta valores acima dos

97

Page 120: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

recomendados (classificação correspondente a NC 35). Como abordado nos capítulos

anteriores, nas salas técnicas, deve-se esperar um nível de ruído de fundo tão baixo

quanto ao da sala de gravações. Caso contrário, com níveis semelhantes aos produzidos

pelos instrumentos no estúdio, podia não se conseguir controlar os níveis de ruído na

gravação, porque tenderiam a ser mascarados pelo maior nível de ruído de fundo na sala

de técnica. Entretanto, de acordo com o proprietário do estúdio, ele consegue controlar

por meios digitais as interferências causadas por ruídos de fundo.

6.3.3 - Isolamento Acústico

Foram realizadas duas situações distintas de medição para avaliação do

desempenho do isolamento acústico do estúdio: a primeira teve a sala de gravação do

estúdio como sala emissora e a sala técnica como espaço receptor e em seguida,

utilizou-se a sala técnica como emissora, e a sala vizinha à sala técnica, que não faz

parte do complexo do estúdio, como espaço receptor, a fim de avaliar o isolamento

sonoro da parede divisória entre as salas do prédio comercial.

6.3.3.1 - Sala Emissora: Estúdio / Sala Receptora: Sala Técnica

Primeiramente, conforme exposto na Figura 6.23, mediu-se o nível de pressão

sonora do estúdio, L1, que no caso é o ambiente emissor. O tempo de medição, como se

tratava de microfone móvel, foi superior a 30s, conforme especifica a norma. Em

seguida, com a fonte ainda no estúdio, mediu-se o nível de pressão sonora da sala

técnica, L2, que é a sala receptora.

98

Page 121: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Figura 6.23: Sala Emissora: Estúdio / Sala Receptora: Sala Técnica.

Após estas medições, foram utilizados os demais valores medidos anteriormente

(tempo de reverberação e nível de ruído de fundo na sala técnica) , que são exigidos

pela ISO 140-4, para a avaliação do desempenho acústico. Os valores destes parâmetros

estão apresentados na Tabela 6.7.

A parede divisória entre estes dois ambientes é composta de uma alvenaria dupla

em blocos de concreto de vedação de 115 mm mais o visor, composto por três painéis

de vidro de 10 mm de espessura, distanciados de aproximadamente de 7 a 11 cm.

Tabela 6.7: Avaliação do Desempenho do Isolamento Acústico - Sala Emissora: Estúdio

/ Sala Receptora: Sala Técnica.

99

Page 122: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

De acordo com a ISO 717-1, foi calculado o valor único do isolamento sonoro,

denominado diferença padronizada de nível ponderada, DnT,w.

A Tabela 6.8 apresenta os valores encontrados e a Figura 6.24 apresenta o

gráfico do DnT,w.

Tabela 6.8: Sala Emissora: Estúdio / Sala Receptora: Sala Técnica – Tabela de Cálculo

DnT,w (norma de referência: ISO 717-1).

Figura 6.24: Gráfico DnT,w (norma de referência: ISO 717-1).

100

Page 123: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

O valor único do isolamento sonoro, DnT,w, encontrado está abaixo do esperado,

tendo em vista que o estúdio é capaz de produzir até 110dB em uma gravação (valores

obtidos pelo proprietário utilizando os meios digitais do estúdio). Estes resultado revela

que existe transmissão do som para a sala técnica que pode influenciar os níveis sonoros

aí gerados. Para as gravações estes níveis sonoros não serão prejudiciais já que o técnico

de som faz o tratamento do som com auxílio de fones. No entanto, estes níveis poderão

causar incômodo no consultório vizinho.

6.3.3.2 - Sala emissora: Sala Técnica / Sala receptora: Sala vizinha

Após a medição das salas pertencentes ao estúdio, foram feitas as medições

utilizando a sala técnica do estúdio como sala emissora e a sala vizinha, como sendo a

sala receptora, conforme se esquematiza na Figura 6.25.

Figura 6.25: Sala emissora: Sala Técnica / Sala receptora: Sala vizinha.

A parede que separa estas duas unidades comerciais, de acordo com as

informações obtidas pelos proprietários, é de alvenaria cerâmica de vedação, revestida

com gesso nas duas faces.

Os valores dos vários parâmetros necessários para a avaliação do desempenho

acústico de acordo com a ISO 140-4, conforme apresentado no Capítulo 5 estão

apresentados na Tabela 6.9.

101

Page 124: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Tabela 6.9: Avaliação do Desempenho do Isolamento Acústico- Sala emissora: Sala

Técnica / Sala receptora: Sala vizinha.

De acordo com a ISO 717-1, foi calculado o valor único do isolamento sonoro,

DnT,w, entre a parede da sala técnica (sl. 101) e da sala vizinha (sl. 102).

A Tabela 6.10 apresenta os valores encontrados e a Figura 6.26 apresenta o

ajuste gráfico efetuado para obter o índice DnT,w.

Tabela 6.10: Tabela de cálculo do DnT,w - Sala emissora: Sala Técnica / Sala receptora: Sala vizinha (norma de referência: ISO 717-1).

102

Page 125: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Figura 6.26: Gráfico DnT,w (norma de referência: ISO 717-1).

Conforme abordado anteriormente, não existe norma brasileira que determine

um valor específico de DnT,w para edifícios comerciais. Entretanto o valor encontrado

entre a parede que separa a sala técnica (sl.101) do consultório da sala vizinha (sl. 102),

possui DnT,w de 35 dB, que é considerado um valor baixo para isolamento em uma

habitação, de acordo com a norma brasileira NBR 15575 (2010), ainda mais para este

tipo de situação, onde a parede divisória divide um estúdio, que produz valores altos de

ruído, e entre um consultório de psicologia, que precisa de privacidade. Pode-se indicar

de um modo estimativo que se na sala técnica se gera cerca de 80 dB, no consultório

poderá gerar-se 40dB, que já é indicativo de incômodo, sobretudo porque neste espaço o

único som gerado é o de vozes. Na realidade em algumas frequências (sobretudo nas

baixas, onde as paredes isolam menos), o valor de 40 dB deverá ser ultrapassado de

forma significativa.

103

Page 126: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

6.4 - Avaliação dos Parâmetros Acústicos Subjetivos

Nesta seção são analisados os parâmetros subjetivos avaliados a partir de um

questionário respondido pelos usuários, conforme apresentado no Apêndice A. Os

parâmetros avaliados foram: ruído exterior, ruído interior, impressão espacial,

vivacidade, clareza ou definição, eco, envolvimento, timbre, equilíbrio tímbrico e

classificação geral. O questionário dos usuários do estúdio foi dividido de maneira a se

investigar a percepção acústica dos músicos. Foram respondidos no total 35

questionários. As respostas dos músicos frente às perguntas têm indicações bastante

parecidas com o que foi observado na avaliação objetiva.

A Figura 6.27 apresenta um gráfico com a caracterização da amostra por tipo de

atuação dos músicos.

Figura 6.27: Gráfico com a caracterização da amostra.

A Figura 6.28 mostra que 100% dos usuários avaliaram o ruído externo como

não perceptível dentro do estúdio.

104

Page 127: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Figura 6.28: Resultados para a pergunta: Ruído Externo: Você consegue ouvir de dentro

do estúdio sons oriundos de fora do recinto, como conversas, barulho de trânsito,

buzinas, etc.?

A Figura 6.29 revela que 40% dos músicos conseguem identificar fortemente

sons provenientes do próprio local, e dentro destes 40%, que 90% representam

vocalistas e/ou músicos que tocam violão (ver Figura 6.30).

Figura 6.29: Resultados para a pergunta: Ruído Interno: Ao ouvir sua gravação musical

ou durante os ensaios da banda, você consegue identificar sons provenientes do próprio

local, como barulho de equipamentos de ar condicionado, computadores, etc.?

105

Page 128: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Figura 6.30: Resultados para a pergunta sobre ruído interno com respostas classificadas

por tipo de músico.

Através da analise dos resultados apresentados na Figuras 6.29 e 6.30, se pode

perceber o problema já evidenciado na avaliação objetiva proveniente ao ruído de

fundo, tanto na sala de gravação quanto na técnica, devido aos equipamentos ligados,

principalmente os condicionadores de ar, do tipo split.

Quanto à avaliação sobre impressão espacial do estúdio, os músicos

apresentaram resultados variando entre suficiente e extremamente, distribuídos

conforme apresentado na Figura 6.31. Estes resultados mostram que de um modo geral,

os músicos acreditam que a geometria do estúdio contribui de forma positiva para sua

qualidade acústica da sala.

106

Page 129: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Figura 6.31: Resultados para a pergunta: Impressão Espacial: Você considera que a

geometria do estúdio contribui para sua qualidade acústica?

A Figura 6.32 apresenta que cerca de 57% dos músicos avaliam a reverberação

do estúdio como boa, 40% aceitável e apenas cerca de 3% avaliaram o estúdio com

pouca reverberação. Estes valores estão em concordância com o que foi verificado na

avaliação objetiva dos tempos de reverberação que foram medidos no estúdio.

Figura 6.32: Resultados para a pergunta: Vivacidade: Você diria que em relação a

reverberância do estúdio, a sala lhe parece mais "viva", isto é, bastante reverberante, ou

mais "morta/seca", ou seja, mais absorvente e que reflete pouco som?

107

Page 130: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Em relação à Clareza, os músicos avaliaram que conseguem ouvir sua gravação

musical bastante ou extremamente claro, conseguindo identificar os sons provenientes

de seu instrumento e/ou sua voz, conforme ilustrado pelo gráfico da Figura 6.33.

Figura 6.33: Resultados para a pergunta: Clareza ou Definição: Ao ouvir sua gravação

musical , você consegue identificar claramente os sons provenientes de seu instrumento

e/ou sua voz, ou tem a impressão de uma massa confusa de som?

A Clareza durante os ensaios foi avaliada por cerca de 51% dos músicos como

boa. A Figura 6.34 apresenta os resultados obtidos pelos questionários para este quesito,

que de uma maneira geral foi bastante positivo.

Figura 6.34: Resultados para a pergunta: Clareza ou Definição: Durante os

ensaios da banda, você consegue identificar claramente os sons provenientes de seu

instrumento e/ou sua voz, ou tem a impressão de uma massa confusa de som?

108

Page 131: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Referente à impressão subjetiva de estar “imerso” ou rodeado pelo campo

acústico, a Figura 6.35 apresenta que cerca de 83% dos músicos avaliaram ter bastante a

sensação de estar “imerso” no som, enquanto 17% avaliaram como aceitável. Este

parâmetro esta diretamente relacionado ao tempo de reverberação, uma vez que este

envolvimento resulta da maneira como o som reverberante se distribui no espaço.

Figura 6.35: Resultados para a pergunta: Envolvimento: Nos ensaios da banda você tem

a sensação de estar imerso no som, ou rodeado por ele?

Conforme apresentado no Capítulo 2, o timbre dos instrumentos não deve ser

alterado pela sala. Cerca de 77% dos músicos disseram que percebem muito pouca

alteração no timbre dos seus instrumentos durante ensaios, enquanto 14% percebem

pouco e os demais nem percebem. A Figura 6.36 apresenta o gráfico destes resultados.

Figura 6.36: Resultados para a pergunta: Timbre: Você percebe alguma alteração no

timbre do seu instrumento causado pela acústica da sala?

109

Page 132: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

A relação entre os níveis das frequências graves e agudas do som foi avaliada

por 43% dos músicos como equilibrada. Entretanto, conforme apresenta a Figura 6.37, a

maioria avaliou o estúdio como muito grave, o que mostra que o estúdio deve prever a

utilização de dispositivos, como por exemplo “bass traps”, para melhorar este

parâmetro.

Figura 6.37: Resultados para a pergunta: Equilíbrio Tímbrico: Como você classificaria o

equilíbrio tímbrico relativo a frequências graves e agudas do estúdio?

Finalizando a série de perguntas em relação à acústica do estúdio, foi feita uma

pergunta sobre a impressão geral da qualidade acústica do ambiente, onde o estúdio

obteve uma avaliação bastante positiva, conforme apresentado na Figura 6.38.

Figura 6.38: Resultados para a pergunta: Classificação Geral: De um modo geral, como

você classificaria a acústica do estúdio?

110

Page 133: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

6.5 - Estudo de Soluções para melhora da Qualidade Acústica do Estúdio e do

Isolamento Acústico

Nesta seção serão apresentadas sugestões de possíveis melhoras que podem ser

feitas no estúdio, visando o aspecto da qualidade acústica e do isolamento acústico,

demonstrando os benefícios esperados após a implantação das melhorias.

6.5.1 - Qualidade Acústica

Conforme demonstrado anteriormente, alguns dos principais fatores que

determinam a qualidade acústica de um ambiente estão sendo atendidos pelo Estúdio

Centoeum, como por exemplo às características físicas das salas de gravação e técnica.

O tempo de reverberação, que apesar de não estar dentro do valor recomendado

por METHA et al. (1999), atende ao que foi recomendado por LONG (2006), mas no

teste subjetivo os usuários também apontaram este item como mediando, podendo então

ser tomadas algumas mudanças no estúdio, buscando melhorar o tempo de reverberação

das salas.

Outro fator que foi evidenciado após a avaliação apresentada no capítulo

anterior, foi à questão do ruído de fundo que deve ser observada de maneira mais

rigorosa, pois como foi constatado, para gravações principalmente de voz e violão no

estúdio, o condicionador de ar, split, deve permanecer desligado, pois causa uma

interferência significativa nas gravações, e dependendo do intervalo de tempo

necessário para estes tipos de gravação, o ambiente pode se tornar desconfortável,

devido à falta de climatização do ambiente.

Apesar da avaliação objetiva não ter detectado, uma vez que não foram avaliadas

frequências abaixo dos 100Hz, a avaliação subjetiva demonstrou que para alguns

músicos, o ambiente não apresentou um equilíbrio tímbrico, ficando classificado como

muito grave.

Outro parâmetro que pode ser observado como deficiente após a avaliação

apresentada no capítulo anterior, foi o desempenho do isolamento acústico entre a sala

do estúdio e o consultório psicológico, que é a sala vizinha.

111

Page 134: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

6.5.2 - Recomendações para Melhorias

6.5.2.1 - Tempo de Reverberação

Apesar do tempo de reverberação do estúdio ter apresentado valores

satisfatórios, para que ele atinja os valores recomendados tanto por METHA et al.

(1999), quanto por LONG (2006), o ideal seria ter os valores medidos, principalmente a

partir de 400Hz, fossem acrescidos cerca de 0,1 a 0,2 segundos. Para isto, a solução

mais prática poderia ser a troca de alguns revestimentos em tecido, principalmente de

pequenos panos, para o revestimento mais reflexivo, em lâminas de madeira, igual as já

existentes no estúdio ou introduzindo soluções do tipo ressonador para equilibrar as

frequências entre os 100Hz e os 315 Hz

Poderia também ser revista a quantidade de difusores existentes, pois

diminuindo a quantidade, também se pode atingir os níveis desejados.

6.5.2.2 - Ruído de Fundo

Conforme exposto no Capítulo 4, o ideal é que o sistema de condicionamento de

ar dos estúdios seja um equipamento central, externo as salas de gravação e técnica, e

que seja distribuído para estes ambiente através de dutos, revestidos internamente com

material absorvedor ou ainda aplicar atenuadores acústicos nos condutores. Para evitar a

transferência da vibração da máquina pelo duto, deve-se fazer um desacoplamento

mecânico do mesmo, seccionando-o e unindo as partes com uma peça flexível, mas

sempre avaliando a perda de eficiência da máquina causada por tais soluções. Deve-se

buscar um equilíbrio entre tais providências.

No caso do estúdio objeto do estudo, tal solução demandaria um custo muito

alto, além de grandes transtornos, por se tratar de uma obra de grandes interferências,

tendo que quebrar e refazer rebaixos e revestimentos existentes. Sendo assim, a melhor

a solução seria a busca de condicionadores de ar interno, tipo split mesmo, mas com

menores índices de ruídos, ou seja, mais silenciosos. Já existem diversos modelos no

mercado, mais modernos do que os existentes tanto na sala de gravação, tanto na sala

técnica, o que diminuiria os níveis de ruído de fundo e, principalmente na sala de

112

Page 135: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

gravação, que proporcionariam uma melhora nas condições climáticas na gravação de

voz e violão, pois poderiam permanecer ligados dentro do recinto durante a gravação.

6.5.2.3 - Equilíbrio Tímbrico

Para se atenuar o efeito dos graves no estúdio, o ideal seria a utilização de os

“bass traps”, conhecidos também como armadilhas de graves, que permitem a absorção

em baixas frequências. O efeito de um bom “bass trap” é ótimo e o som fica muito mais

limpo e claro.

Para se tornarem bastante eficientes, a melhor indicação é colocá-los na junção

de três superfícies, como parede/parede/teto, o que poderia ser utilizado no estúdio

objeto do estudo.

6.5.2.4 - Isolamento Acústico

Conforme avaliado no capítulo anterior, o isolamento acústico proporcionado

pela parede divisória entre a sala técnica do estúdio, sl.101 e a sala do consultório

vizinha, sl. 102, não apresenta um bom desempenho.

Cabe ressaltar, que o principal problema vivenciado por estas duas unidades

comerciais, é o baixo desempenho acústico oferecido pela parede original da edificação,

divisória destes dois ambientes.

O estúdio foi realizado tendo em conta parte significativa das recomendações

sugeridas pela bibliografia para poder aumentar o isolamento do ambiente, entretanto,

nem com este tratamento, o desempenho acústico consegue atingir níveis satisfatórios.

Figura 6.39: Fotos internas da sala 102 – Consultório Psicológico

113

Page 136: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

A proprietária da sala, apresentou inclusive a preocupação em relação à acústica

de sua própria sala, pois segundo ela, a recepcionista também consegue ouvir

claramente as suas consultas.

Para esta sala, o ideal para que não haja uma perda grande de espaço, uma vez

que a proprietária necessita da sala com as dimensões atuais, seria a colocação na

parede que faz divisa com o estúdio, de duas placas de gesso, podendo ser do tipo gesso

acartonado (drywall), com um espaço entre elas de aproximadamente 15cm, e adicionar

uma camada de pelo menos 5cm de lã mineral de vidro entre elas.

Se as duas placas forem de espessuras diferentes, isso também ajuda. E se deve

tomar um cuidado especial para que não haja nenhuma fresta na estrutura, pois qualquer

vazamento de ar entre os cômodos implicará na perda do isolamento. A Figura 6.40

apresenta um exemplo da solução descrita.

Figura 6.40: Exemplo da possível solução a ser adotada.

Com esta solução se deve obter uma melhora significativa na acústica da sala,

além de uma melhora no desempenho acústico entre o estúdio e o consultório.

Caixa de ar, com apoio antivibratil de parede do tipoCDM-ISO-QR (1 por montante a meia altura). Caso o montantepossa funcionar fixo apenas ao piso e ao tecto falso, poderáevitar-se este apoio, ficando uma pequena caixa de ar, entre aparede e o montante (cerca de 5 a 10 mm, eventualmentepreenchidos com banda flexível autoadesiva)

Painéis semi-rígidos de lã de rochacom cerca de 5 cm de espessura edensidade de 70 kg/m3

Montante de 48mm (ou 70 mm)

Parede deseparação

2 placas de gesso cartonado (13+13mm)

114

Page 137: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Capítulo 7

Conclusões

Este trabalho objetivou aprofundar a temática da qualidade acústica de pequenos

estúdios de gravação musical. Para isto foi analisada a qualidade acústica de um estúdio

de gravações implantado numa edificação comercial. Foi efetuado um trabalho

exaustivo de levantamento das soluções implementadas tanto no que concerne à

acústica do ambientes, quanto a analise do isolamento.

Pode se perceber quais os aspectos que favorecem a qualidade acústica destes

ambientes e quais as dificuldades associadas à instalação de um estúdio num espaço

comercial.

7.1 - Considerações Finais

Durante este trabalho se pode observar que no Brasil não existem muitos

profissionais com as especializações necessárias para a execução de projetos acústicos

específicos para estúdios, o que acaba se tornando um dos maiores desafios enfrentados

por quem deseja construir um estúdio ou home-studio. Por isso muitas vezes estes

ambientes, principalmente no caso de pequenos estúdios, são construídos por

profissionais que seguem sua própria experiência para executá-los, o que nem sempre é

suficiente, já que estes profissionais desconhecem os princípios da acústica específica

para este tipo de ambiente.

Mesmo quando são elaborados projetos acústicos, não existe nenhum guia que

oriente arquitetos e engenheiros de como fazer os projetos de estúdios, isto em face de

pouca literatura em língua portuguesa e do enfoque pouco prático das publicações

115

Page 138: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

estrangeiras. Em geral estes projetistas são sempre associados a alto custo, o que faz

com seu trabalho fique restrito a grandes obras, de grandes estúdios.

O Estúdio Centoeum, que foi o objeto de estudo deste trabalho, é exemplo desta

realidade, e para realizar a avaliação acústica do espaço, foi efetuada uma caracterização

física exaustiva do ambiente, foram feitas avaliações de parâmetros objetivos e foi ainda

realizada uma avaliação de parâmetros subjetivos.

A avaliação dos parâmetros objetivos realizada através de medições in situ no

estúdio, permitiu obter os principais parâmetros apresentados pela bibliografia, que

foram: o tempo de reverberação, o ruído de fundo e o desempenho do isolamento

acústico entre a parede divisória da sala de gravação e da sala técnica do estúdio e da

parede entre a sala técnica e a vizinha, que é um consultório de psicologia.

Através da análise destes parâmetros, se pode observar que estes foram

atendidos parcialmente pelo estúdio.

Pela caracterização física do espaço, se pode perceber que na fase de construção

foram executados diversos procedimentos recomendados pela bibliografia. A geometria

do espaço e a escolha dos revestimentos também foram de acordo com as

recomendações bibliográficas.

Mas apesar de todos os cuidados que foram observados para a construção do

estúdio, eles não foram suficientes para garantir o tempo de reverberação ideal tanto

para a sala de gravação, quanto para a sala técnica, conforme foi observado pelos

resultados e comparativos apresentados, e para este parâmetro houve algumas

recomendações para a melhora deste fator.

O ruído de fundo também não foi satisfatoriamente atendido, principalmente

quando os equipamentos condicionadores de ar estavam ligados dentro dos ambientes.

O desempenho do isolamento acústico da parede divisória entre o estúdio e o

consultório também se apresentou insuficiente. Este fato deve-se principalmente em

face da precariedade de normas brasileiras quanto ao desempenho de edificações,

principalmente comerciais. Como não existem pré requisitos determinados, as

construtoras tendem a utilizar materiais com qualidade cada vez mais baixa, visando

cada vez mais os lucros, e esquecendo a prioridade, que são os consumidores.

A única norma brasileira, ABNT NBR 15575-4 “Edifícios habitacionais de até

cinco pavimentos – Desempenho – Parte 4: Sistemas de vedações verticais externas e

internas” (2010), que avalia o desempenho de edificações, constituiu um grande passo

116

Page 139: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

para a melhoria da qualidade acústica do parque habitacional no Brasil, no entanto, se

restringe à área habitacional, não incluindo prédios comerciais.

A avaliação de parâmetros subjetivos foi realizada através da aplicação de

questionário entregue aos músicos usuários do estúdio. Os resultados dos questionários,

estiveram em concordância com a avaliação objetiva do espaço. De uma forma geral o

estúdio foi avaliado como tendo uma boa acústica .

7.2 - Sugestões para trabalhos futuros

Ainda existem poucas pesquisas sobre estúdios de gravação de dimensões

reduzidas no Brasil O estudo realizado sugere que seria interessante avaliar a qualidade

acústica destes ambientes usando outros parâmetros como EDT (Early Decay Time),

índice RASTI, definição (D50) e confrontar os resultados com a opinião dos usuários. A

análise de outros estúdios seria igualmente interessante de forma a obter informação que

possibilite completar as especificações técnicas existentes para estes espaços. A

realização de guias técnicos que ajudem no desenvolvimento de um projeto acústico

desta natureza revela-se importante para a realidade brasileira.

Esta pesquisa pode ser aprofundada incorporando melhor avaliação dos

parâmetros escolhidos.

Além disso, deve se estender à pesquisa, buscando a obtenção de mais

informações para munir o mercado precário quanto ao desenvolvimento de projetos

acústicos.

Somado a estes itens, pode-se destacar a necessidade de reunir informação que

permita a elaboração de Normas técnicas brasileiras referentes à parte acústica,

inclusive em edificações comerciais, que possuem salas com atividades tão distintas e

coladas umas às outras, tornando a convivência entre vizinhos um verdadeiro problema.

117

Page 140: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

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121

Page 144: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Apêndice A

____________________________________________________________

Questionário

APRESENTAÇÃO

Prezado Músico,

Meu nome é Cristiane Mac-Cormick, sou engenheira civil e mestranda na área de acústica pela COPPE/UFRJ e estou desenvolvendo um estudo sobre a qualidade acústica do Estúdio Centoeum. Gostaria de contar com a sua colaboração, respondendo este questionário, que servirá de embasamento para minha dissertação de mestrado, assim como fornecerá base de dados para que o estúdio busque sempre atender a suas expectativas. Desde já agradeço. Cordiais saudações.

Nome:________________________________________________ Data:___/___/____

Sua função na banda:____________________________________

Instruções: Para responder o questionário, marque um X na alternativa que mais lhe for conveniente.

1) Ruído Externo: Você consegue ouvir de dentro do estúdio sons oriundos de fora do recinto, como conversas, barulho de trânsito, buzinas, etc.?

Não perceptível

Muito fraco Fraco Aceitável Forte Bastante

forteExtremamente

forte

2) Ruído Interno: Ao ouvir sua gravação musical ou durante os ensaios da banda, você consegue identificar sons provenientes do próprio local, como barulho de equipamentos de ar condicionado, computadores, etc.?

Não perceptível

Muito fraco Fraco Aceitável Forte Bastante

forteExtremamente

forte

3) Impressão Espacial: Você considera que a geometria do estúdio contribui para sua qualidade acústica?

Não detectado Muito pouco Pouco Suficiente Bastante Extremamente

4) Vivacidade: Você diria que em relação a reverberância do estúdio, a sala lhe parece mais "viva", isto é, bastante reverberante, ou mais "morta/seca", ou seja, mais absorvente e que reflete pouco som?

Totalmente “seco”

Muito pouco reverberante

Pouco reverberante

ReverberânciaAceitável

Boa Reverberância

Bastan-te “viva”

Extrema-mente “viva”

122

Page 145: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

5) Clareza ou Definição: Ao ouvir sua gravação musical , você consegue identificar claramente os sons provenientes de seu instrumento e/ou sua voz, ou tem a impressão de uma massa confusa de som?

Nada claro

Muito pouco claro Pouco claro Clareza

Aceitável Clareza

boaClareza

bastante boaExtremamente

claro

6) Clareza ou Definição: Durante os ensaios da banda, você consegue identificar claramente os sons provenientes de seu instrumento e/ou sua voz, ou tem a impressão de uma massa confusa de som?

Nada claro

Muito pouco claro Pouco claro Clareza

Aceitável Clareza

boaClareza

bastante boaExtremamente

claro

7) Envolvimento: Nos ensaios da banda você tem a sensação de estar imerso no som, ou rodeado por ele?

Nem um pouco Muito pouco Pouco Aceitável Bastante Extremamente

8) Timbre: Você percebe alguma alteração no timbre do seu instrumento causado pela acústica da sala?

Nem um pouco Muito pouco Pouco Aceitável Bastante Extremamente

9) Equilíbrio Tímbrico: Como você classificaria o equilíbrio tímbrico relativo a frequências graves e agudas do estúdio?

Excessivamente Grave Muito Grave Equilibrado Muito Agudo Excessivamente Agudo

10) Classificação Geral: De um modo geral, como você classificaria a acústica do estúdio?

Muito Ruim Ruim Mediana Suficiente Boa Muito Boa Excelente

Caso queira fazer mais algum comentário, utilize as linhas abaixo:

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

123

Page 146: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Apêndice B

____________________________________________________________

Gráficos TR Estúdio – Sala de Gravação

O software utilizado durante as medições gerou os gráficos, apresentados nas figuras

abaixo. Os gráficos são apresentados por frequências.

Figura B.1: Gráfico da Representação do tempo de decaimento do ruído na Sala do

Estúdio para 1/3 oitava e 100 Hz de frequência.

Figura B.2: Gráfico da Representação do tempo de decaimento do ruído na Sala do

Estúdio para 1/3 oitava e 125 Hz de frequência.

124

Page 147: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Figura B.3: Gráfico da Representação do tempo de decaimento do ruído na Sala do

Estúdio para 1/3 oitava e 160 Hz de frequência.

Figura B.4: Gráfico da Representação do tempo de decaimento do ruído na Sala do

Estúdio para 1/3 oitava e 200 Hz de frequência.

Figura B.5: Gráfico da Representação do tempo de decaimento do ruído na Sala do

Estúdio para 1/3 oitava e 250 Hz de frequência.

125

Page 148: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Figura B.6: Gráfico da Representação do tempo de decaimento do ruído na Sala do

Estúdio para 1/3 oitava e 315Hz de frequência.

Figura B.7: Gráfico da Representação do tempo de decaimento do ruído na Sala do

Estúdio para 1/3 oitava e 400Hz de frequência.

Figura B.8: Gráfico da Representação do tempo de decaimento do ruído na Sala do

Estúdio para 1/3 oitava e 500Hz de frequência.

126

Page 149: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Figura B.9: Gráfico da Representação do tempo de decaimento do ruído na Sala do

Estúdio para 1/3 oitava e 630Hz de frequência.

Figura B.10: Gráfico da Representação do tempo de decaimento do ruído na Sala do

Estúdio para 1/3 oitava e 800Hz de frequência.

Figura B.11: Gráfico da Representação do tempo de decaimento do ruído na Sala do

Estúdio para 1/3 oitava e 1KHz de frequência.

127

Page 150: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Figura B.12: Gráfico da Representação do tempo de decaimento do ruído na Sala do

Estúdio para 1/3 oitava e 1,25KHz de frequência.

Figura B.13: Gráfico da Representação do tempo de decaimento do ruído na Sala do

Estúdio para 1/3 oitava e 1,6KHz de frequência.

Figura B.14: Gráfico da Representação do tempo de decaimento do ruído na Sala do

Estúdio para 1/3 oitava e 2KHz de frequência.

128

Page 151: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Figura B.15: Gráfico da Representação do tempo de decaimento do ruído na Sala do

Estúdio para 1/3 oitava e 2,5KHz de frequência.

Figura B.16: Gráfico da Representação do tempo de decaimento do ruído na Sala do

Estúdio para 1/3 oitava e 3,15KHz de frequência.

Figura B.17: Gráfico da Representação do tempo de decaimento do ruído na Sala do

Estúdio para 1/3 oitava e 4KHz de frequência.

129

Page 152: AVALIAÇÃO ACÚSTICA DE UM ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO …

Apêndice C

____________________________________________________________

Gráficos RF Estúdio – Sala de Gravação

O software utilizado durante as medições gerou o gráfico apresentado na figura abaixo.

O gráfico é apresentado por frequências.

Figura C.1: Gráfico da Representação do Ruído de Fundo na Sala do Estúdio para 1/3

oitava.

130