172
Instituto de Química / UFBA GPQA Grupo de Pesquisa em Química e Quimiometria UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE QUÍMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA GILDETE CLARINDA DAS VIRGENS SILVA Avaliação Crítica da Qualidade das Águas da Bacia Hidrográfica do Rio Joanes Salvador BA SET 2009

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Instituto de Química / UFBA – GPQA – Grupo de Pesquisa em Química e Quimiometria

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

INSTITUTO DE QUÍMICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA

GILDETE CLARINDA DAS VIRGENS SILVA

Avaliação Crítica da Qualidade das

Águas da Bacia

Hidrográfica do Rio Joanes

Salvador – BA

SET – 2009

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II

GILDETE CLARINDA DAS VIRGENS SILVA

Avaliação Crítica da Qualidade das

Águas da Bacia

Hidrográfica do Rio Joanes

Orientador: Profº Dr. Sergio Luis Costa Ferreira

Co-orientador: Profº Dr. Rennan Geovanny Oliveira Araújo

Salvador/BA

set/2009

Tese apresentada ao Colegiado dos Cursos de Pós-

Graduação em Química como parte dos requisitos

para obtenção de Grau de Doutora em Ciências. Á-

rea de concentração: Química Analítica.

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III

Sistema de Bibliotecas/IQ - UFBA

Silva, Gildete Clarinda das Virgens.

Avaliação crítica da qualidade das águas da bacia hidrográfica do Rio Joanes / Gildete Clarinda das Virgens Silva. - 2010.

170 f.: il. Orientador: Prof. Dr.Sergio Luis Costa Ferreira. Tese (doutorado) - Universidade Federal da Bahia, Instituto de Química, Salvador, 2009.

1. Água - Rio Joanes. 2. Bacias hidrográficas - Rio Joanes. 3. Água - Qualidade - Rio Joanes. 4. Água - Metais pesados- Rio Joanes. 5. Água – Análises- Rio Joanes. 6. Água - Poluição - Rio Joanes. I. Ferreira, Sergio Luis Costa. II. Universidade Federal da Bahia. Instituto de Química. III. Título.

CDD – 628.162 CDU – 543.31

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IV

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Instituto de Química / UFBA – GPQQ – Grupo de Pesquisa em Química e Quimiometria

V

DEDICATÓRIA

A minha mãe Adalgisa (D. Zizi – In Memorian) e meu pai Manoel (Seu Maneca – In Memorian)

A meus filhos Luiz Claudio, Eliana Emília, Luciana Patrícia, ao meu esposo Evilásio

Aos meus irmãos Claudionice (Nice – In Memorian), Manoel, Nilzete,

Janete, Hilda, Elisabete, Dílson Clarindo e Dílson de Jesus

A todos os meus familiares

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VI

AGRADECIMENTOS

A Deus pela minha vida e pela renovação de minhas forças nos momentos difíceis du-

rante a realização deste trabalho.

A meus pais (In Memorian) pela incondicional doação de amor, carinho, proteção e

pelos ensinamentos baseados na honestidade, ética e justiça que nortearam minha ca-

minhada em busca da realização dos meus sonhos.

A meu esposo e filhos pela apoio moral, intelectual e pela participação na digitação e

correções deste trabalho.

A meus irmãos pelo apoio e incentivo constantes em todos os momentos necessitados.

A todos os meus familiares especialmente os meus sobrinhos, primos, primas e cunha-

dos pelo apoio incondicional.

A minha nora Verônica Carvalho pela presença constante e apoio recebido.

Às minhas amigas Heloisa e Terezinha Fernandes pela amizade e pelo apoio recebido.

A meu amigo e orientador, professor Dr. Sergio Luiz Costa Ferreira pela amizade e

incentivo constante na elaboração e realização deste trabalho.

Ao Programa de Pós-Graduação em Química da Universidade Federal da Bahia

A meu co-orientador, professor do Departamento de Química da Universidade Federal

de Sergipe, Dr. Rennan Geovanny Oliveira Araújo pela paciência, pronta disposição

em transmitir os conhecimentos complementares necessários ao desenvolvimento des-

te trabalho, muitas vezes “on line” em virtude de sua residência temporária em outro

Estado.

Ao mestre em Química Daniel Lima pela colaboração recebida.

Ao professor da Universidade Estadual da Bahia-UNEB, Dr. Walter Nei Lopes dos

Santos pelas valiosas informações recebidas na defesa de dissertação de mestrado.

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VII

Aos professores e amigos do Instituto de Química da Universidade Federal da Bahia

especialmente Vera Câncio, Lúcia Marques, Ilma Cirne, Maria das Graças Korn e Ana

Pinto.

Aos funcionários do Instituto de Química da UFBA especialmente Alice, Ana Hilda,

Eliomar, Egídia e Judith, pessoal da biblioteca, por estarem sempre dispostos a ajudar

na disponibilização de material bibliográfico. A Wilson, Zé Carlos (In Memorian),

Bandeira e Reis pela amizade, incentivo e colaboração recebida que muito contribuíram

para o sucesso deste trabalho. A Cristovão e Paulo cuja disposição em colaborar facili-

tou a conclusão desta tese.

A meu grande amigo, mestrando em Química, Giancarlos Souza Santos, pela presença

e colaboração durante todo o período em que foi desenvolvido este trabalho.

Ao colega e amigo, vereador Gilmar Santiago pela preciosa colaboração nos momentos

mais necessários.

Aos diretores da EMBASA, Dr. Abelardo de Oliveira Filho, Dr. Geraldo de Sena Luz,

Dr. Dilemar Oliveira Matos e Dr. Eduardo de Oliveira Araújo pela sensibilidade dis-

pensada na aprovação da Norma que me possibilitou uma maior disponibilidade de

tempo para a conclusão desta tese.

Ao colega, Engenheiro Antônio Fernando Tôrres Vieira (In Memorian) pelo exemplo

de perseverança na busca de novas possibilidades para a melhoria do processo do tra-

tamento da água.

A minha grande amiga Thaiz de Mello Vieira cuja amizade e incentivo serviram de es-

tímulo para superar alguns obstáculos encontrados.

Às colegas da EMBASA do CAB Vera Lopes, Lucia Bugarin, Nivalda Beauclair, Luci-

ene Pimentel, Julia Curvelo, Rita Couto, Lídia pela participação deste processo que

culminou na conclusão deste trabalho.

Aos funcionários do laboratório Central da EMBASA especialmente, Jussara Carvalho,

Sandra Novais, Eliane Lemos, Tânia Bomfim, Júlio Cesar Matogrosso, Luciano Maia,

Luciano Roberto, José Pereira e José Rogério Silva pela preciosa ajuda recebida.

Aos meus colegas do Departamento de Produção de Águas (OMP) especialmente aque-

les que demonstraram o seu apoio e torcida favorável ao êxito deste trabalho.

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VIII

Aos colegas do Coral Água Viva da EMBASA, pelo carinho, amizade e energias rece-

bidas durante a realização deste trabalho.

Ao amigo e colega da EMBASA Marinaldo Evangelista Lima pela importante colabo-

ração na tradução de artigos de inglês para português.

À amiga Annie Everstaen pela valiosa colaboração da elaboração do resumo em fran-

cês.

Ao doutorando em antropologia Antonio Jose Bacelar da Silva pela valiosa colaboração

na elaboração do resumo em inglês.

Á memória de Maria Felipa de Oliveira, heroína negra da Independência da Bahia, cuja

força arquetípica sustentou os alicerces de bases inquebrantáveis que permitiram que

mulheres, negras, de origem pobre, tenham direito à Academia e com ousadia, determi-

nação, busca contínua do conhecimento e do autoconhecimento, pudessem alcançar o

grau de Doutora.

A todos aqueles que de alguma forma participaram desta etapa da minha caminhada.

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IX

“Hoje em dia, o ser humano apenas tem ante si

três grandes problemas que foram ironicamente

provocados por ele próprio: a super povoação, o

desaparecimento dos recursos naturais e a destrui-

ção do meio ambiente. Triunfar sobre estes pro-

blemas visto sermos nós a sua causa deveria ser a

nossa mais profunda motivação”.

Jacques Yves Cousteau (1910-1997)

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X

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Rio Citarum (Indonésia) mais poluído do mundo. 60

Figura 2 – Bacia Hidrográfica do Rio Joanes 64

Figura 3 – Barragens dos Rios Joanes e Ipitanga 66

Figura 4 – Assentamento em área de preservação ambiental 68

Figura 5 – Ocupações irregulares nas margens da barragem do Ipitanga. 72

Figura 6 – Diagrama Unifilar do Rio Joanes 73

Figura 7 – Áreas degradadas (Joanes II) 75

Figura 8 – Presença de plantas aquáticas na barragem do Ipitanga I 76

Figura 9 – Lixo e esgoto causam degradação da barragem do Ipitanga I. 76

Figura 10 – Área reflorestada do Joanes II 78

Figura 11 – Horto Florestal da EMBASA 79

Figura 12 – Representação gráfica das Componentes Principais 82

Figura 13 – Região Metropolitana de Salvador 85

Figura 14 – Gráfico de peso para PC1 versus PC2 das amostras conforme análise

dos parâmetros físico-químicos.

112

Figura 15 – Gráfico de escores para PC1 versus PC2 das amostras conforme análi-

se dos parâmetros físico-químicos.

113

Figura 16 –. Gráfico de peso para PC1 versus PC3 das amostras conforme análise

dos parâmetros físico-químicos.

114

Figura 17 – Gráfico de escores para PC1 versus PC3 das amostras conforme análi-

se dos parâmetros físico-químicos.

Figura 18 - Gráfico da relação percentual DBO/DQO – Degradabilidade da matéria

orgânica

115

117

Figura 19 – Gráfico de peso para PC1 versus PC2 das amostras conforme análise

dos metais e metalóides

122

Figura 20 – Gráfico de escores para PC1 versus PC2 das amostras conforme análi-

se dos metais e metalóides.

123

Figura 21 – Gráfico de peso para PC1 versus PC3 das amostras conforme análise

dos parâmetros físico-químicos - Apêndice 1

124

Figura 22 – Gráfico de escores para PC1 versus PC3 das amostras conforme análi-

se dos metais e metalóides Apêndice 1

125

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XI

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Evolução histórica da administração das águas no Brasil

8

Tabela 2 – Padrão de lançamento de efluentes

14

Tabela 3a – Comparação entre os critérios de qualidade das águas doces estabele-

cidos por diversas instituições governamentais para as diferentes classes de água

doce destinadas ao abastecimento público. Parâmetros físico-químicos

46

Tabela 3b – Comparação entre os critérios de qualidade das águas doces estabele-

cidos por diversas instituições governamentais para as diferentes classes de água

doce destinadas ao abastecimento público - Metais e metalóides

47

Tabela 4 – Denominação do valor guia de diversas instituições governamentais

49

Tabela 5 – Legislação para Água Potável e sua respectiva vigência de algumas

Instituições Governamentais

53

Tabela 6a – Comparação entre os Padrões de Potabilidade de algumas Instituições

Governamentais e as Substâncias Químicas Inorgânicas que representam riscos à

saúde

55

Tabela 6b – Comparação entre os Padrões de Potabilidade de diversas Instituições

Governamentais e os Padrões de Aceitação para Consumo Humano

56

Tabela 7– Classificação da qualidade das Bacias Hidrográficas

59

Tabela 8 – Afluentes do Rio Joanes

65

Tabela 9 – Características das Barragens da Bacia Hidrográfica do Rio Joanes

66

Tabela 10 – Relação das técnicas analíticas e os seus respectivos limites de detec-

ção utilizados na determinação dos parâmetros físico-químicos nas águas da BHRJ

94

Tabela 11 – Garantia da qualidade para os parâmetros físico-químicos condutivi-

dade, cor real, demanda bioquímica de oxigênio, demanda química de oxigênio,

fosfato total, nitrato, nitrito, amônia, oxigênio dissolvido, pH, sólidos totais e tur-

bidez

94

Tabela 12 – Técnicas espectrométricas e seus respectivos limites de detecção,

comprimentos de onda, largura da fenda espectral corrente da lâmpada de catodo

oco (LCO) utilizadas na determinação de metais e metalóides em água

97

Tabela 13 – Resultados dos parâmetros físico-químicos formatados utilizados nas

análises estatísticas

99

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XII

Tabela 14 – Resultados das análises de metais e metalóides formatados utilizados

nas análises estatísticas

104

Tabela 15 – Estatística descritiva das variáveis físico-químicas estudadas dos de-

zenove pontos amostrais da Bacia Hidrográfica do Rio Joanes durante o período

de 2006 a 2007.

108

Tabela 16 – Estatística descritiva dos metais e metalóides estudados dos dezenove

pontos amostrais da Bacia Hidrográfica do Rio Joanes durante o período de 2006 a

2007.

109

Tabela 17 – Variância total e acumulada para as variáveis físico-químicas das três

primeiras componentes principais.

110

Tabela 18 – Valores de peso das variáveis para as três primeiras componentes

principais, conforme análise físico-química do período de 2006 a 2007

111

Tabela 19 – Variâncias total e acumulada das amostras conforme análise de me-

tais e metalóides das seis primeiras componentes principais.

120

Tabela 20 – Valores de peso das variáveis para as seis primeiras componentes

principais conforme análise de metais e metalóides do período de 2006 a 2007

120

Tabela 21 – Resultados físico-químicos das amostras de água bruta da BHRJ do

ano de 2006

141

Tabela 22 – Resultados físico-químicos das amostras de água bruta da BHRJ do

ano de 2006

145

Tabela 23 – Resultados de metais e metalóides das amostras de água bruta da

BHRJ do ano de 2006

148

Tabela 24 – Resultados de metais e metalóides das amostras de água bruta da

BHRJ do ano de 2007

150

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XIII

LISTA DE ABREVIATURAS

ABREVIATURA NOME POR EXTENSO

ABETRE

Associação Brasileira de Empresas de Tratamento, Recupe-

ração e Disposição de Resíduos Especiais

ACPO

Associação de Consciência à Prevenção Ocupacional

APP

Área de Preservação Permanente

BHRJ

Bacia Hidrográfica do Rio Joanes

CEPRAM

Conselho Estadual de Proteção Ambiental

CETESB

Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental

CIA

Centro Industrial de Aratu

CM

Concentração máxima

CONAMA

Conselho do Meio Ambiente.

CVAAS

Espectrometria de absorção atômica com geração de vapor

frio, do inglês Cold vapor atomic absorption spectrometry

DBO

Demanda Bioquímica de Oxigênio

DQO

Demanda Química de Oxigênio

EMBASA

Empresa Baiana de Águas e Saneamento S/A

ETA

Estação de Tratamento de Água

FAAS

Espectrometria de absorção atômica de chama, do inglês

flame atomic absorption spectrometry

FAO

Organização para a Agricultura e a Alimentação, do inglês

Food and Agriculture Organization of the United Nations

GFAAS

Espectrometria de Absorção Atômica com Forno de Grafite,

do Inglês Graphite Furnace Atomic Absorption Spectrometry

HCA

Análise Hierárquica de Conjunto, do inglês Hierarchical

Cluster Analysis

IDT

Ingestão Diária Tolerável

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XIV

IMA

Instituto do Meio Ambiente

INGÁ

Instituto de Gestão das Águas e Clima

LMP

Limite Máximo Permitido

MA

Máximo Aceitável

MCL

Nível Máximo de Contaminante, do inglês Maximum Con-

taminant Level

MCLG

Nível máximo ideal de contaminante, do inglês Maximum

Contaminant Level Goal

MMA

Ministério do Meio Ambiente

MRDL

Nível máximo de desinfetante residual, do inglês Maximum

Residual Disinfectant Level

MRDLG

Nível máximo residual ideal de desinfetante, do inglês Ma-

ximum Residual Disinfectant Level Goal

MS

Ministério da Saúde

MT

Máximo tolerável

NPDWR

Regulamento nacional de padrão primário para água potável,

do inglês National Primary Drinking Water Regulation

NSDWR

Regulamento nacional de padrão secundário água potável, do

inglês National Secondary Drinking Water Regulation

OD

Oxigênio Dissolvido

OMS

Organização Mundial de Saúde

ONU

Organização das Nações Unidas

PCA

Análise de componente principal, do inglês Principal Com-

ponent Analysis

RMS

Região Metropolitana de Salvador

SEARA

Sistema Estadual de Administração de Recursos Ambientais

do Estado da Bahia

SEMARH

Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos

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XV

SFC

Superintendência de Floresta e Unidades de Conservação

SIG

Sistema de Informações Geográficas

SIGAM

Sistema de Gestão Ambiental de Mananciais

SWAT

Ferramenta da Avaliação da Água do Solo do inglês, Soil

Water Assessment Tool

USEPA

Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, do in-

glês, United States Environmental Protection Agency

VG

Valor guia

VMA

Valor máximo aceitável

VMP

Valor máximo permitido

VMR

Valor máximo recomendável

WHO

Organização Mundial da Saúde, do inglês World Health Or-

ganization

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XVI

RESUMO

Neste trabalho buscou-se avaliar a qualidade das águas da Bacia Hidrográfica do Rio Joanes

utilizando os resultados das determinações dos parâmetros físico-químicos: cor, pH, turbi-

dez, sólidos totais dissolvidos, oxigênio dissolvido, DBO, DQO, amônia, nitrito, nitrato,

fósforo e condutividade elétrica e dos metais e metalóides antimônio, arsênio, bário, berílio,

boro, cádmio, chumbo, cobalto, cobre, cromo, ferro, lítio, manganês, mercúrio, níquel, pra-

ta, selênio, vanádio e zinco nas águas brutas desta bacia, durante o monitoramento realizado

pela EMBASA-Empresa Baiana de Águas e Saneamento no período de 2006-2007. Alguns

metais e metalóides como antimônio, arsênio, berílio, boro, níquel, prata e selênio apresen-

taram resultados abaixo dos respectivos limites de detecção não tendo, portanto, nenhuma

variação de valores por isso não foram utilizados nas discussões. A análise multivariada de

dados usando o método da PCA foi utilizada com o objetivo de identificar os fatores deter-

minantes, naturais e antrópicos da qualidade das águas superficiais da bacia supracitada.

Através da PCA verificou-se que as variáveis CE, DBO, DQO, fósforo, sólidos totais, turbi-

dez, OD, Ag, Hg, Mn, V, Cr, Cu e Fe foram as mais importantes para a qualidade destas

águas e estão associadas ao lançamento de esgotos doméstico e industriais nos corpos hídri-

cos, sem tratamento adequado. Ficou evidenciada a interferência antrópica pelos altos níveis

de fósforo e amônia encontrados ao longo da bacia sinalizando a necessidade urgente de

intervenções mais efetivas.

Palavras chaves: Rio Joanes, bacia hidrográfica, qualidade das águas, metais pesados, moni-

toramento, parâmetros físico-químicos.

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XVII

ABSTRACT

This work aimed to evaluate the water of the basin of the Joanes River through the results of

the study of the physiochemical parameters: color, pH, turbidez, dissolved total solids, dis-

solved oxygen, DBO, DQO, ammonia, nitrite, nitrate, electric conductivity and of the met-

als and metalloids antimony, arsenic, barium, beryl, boron, cadmium, lead, cobalt, copper,

chrome, iron, lithium, manganese, mercury, nickel, silver, selenium, vanadium, and zinc, as

determined in the raw waters of this basin in the period of 2006-2007. Some of the metals

and metalloids antimony, arsenic, beryl, boron, nickel, silver, and selenium yield results

below their limits of detection, without variation in values. As a results, they were not in-

cluded in the discussion. Multivariate analysis using PCA was used to identify the determin-

ing natural and anthropogenic factors of the quality of surface waters of the basin. Through

PCA, the study shows that the variables CE, DBO, DQO, phosphor, total solids, turbidez,

OD, Ag, Hg, Mn, V, Cr, Cu e Fe, were the most important factors for the water quality and

these are associated with the release of domestic and industrial sewers in the body of water

without adequate treatment. The anthropogenic interference evidenced by the high match

levels of phosphor and ammonia found along the basin in the study signals an urgent need

for effective interventions.

Keywords: Hydrographic Basin, Joanes River, monitoring, heavy metals, physiochemical

parameters, water quality.

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XVIII

RESUMÉ

Cette étude cherche a évaluer l’eau de bassin du fleuve Joanes à travers les résultats des

paramètres physico-chimiques tels que : couleur, pH, turbidez, solides totaux dissous,

oxygène dissous, DBO, DQO, ammoniaque, nitrite, nitrate ainsi que conductivité électrique

et métaux et métalloïdes tels que : antimoine, arsenic, baryum, béryllium, bore, cadmium,

plomb, cobalt, cuivre, chrome, fer, lithium, manganèse, mercure, nickel, argent, sélénium,

vanadium et zinc trouvés dans les eaux rudes de ce bassin dans le monitoring réalisé par

l’EMBASA pour la période de 2006 a 2007.Quelques métaux et metalloides n’ont pas

presenté des variations du valeur pour ça ils ne furent pas considerés. Il a été prouvé qu'une

interférence antropique par les hauts niveaux d'allumette et d'ammoniaque trouvés au long

du bassin, dans la période étudiée, a signalé une nécessité urgente d'intervenir efficacement.

L'analyse multivariée de données en utilisant la méthode de PCA a été utilisée avec l'objec-

tif d'identifier aux facteurs déterminants, naturels et les antropiques de la qualité des eaux

superficielles du bassin. Au travers du PCA, il s'est vérifié que les variables les plus

importantes pour la qualité de l'eau (CE, DBO, DQO, P, solides totaux, turbidez, OD, Ag,

Hg, Mn, V, Cr, Cu et Fe) du bassin du fleuve Joanes sont associées a l’écoulement d'égouts

domestiques et industriels dans les corps hydriques, sans traitement approprié.

Mots clées: Fleuve Joanes, bassin hydrographique, qualité de l'eau, métaux lourds,

monitoring, paramètres physico-chimiques.

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XIX

INDICE

LISTA DE FIGURAS ----------------------------------------------------------------------------------- X

LISTA DE TABELAS ---------------------------------------------------------------------------------- XI

LISTA DE ABREVIATURAS ---------------------------------------------------------------------- XIII

RESUMO ------------------------------------------------------------------------------------------------ XVI

ABSTRACT ------------------------------------------------------------------------------------------- XVII

RESUMÉ ---------------------------------------------------------------------------------------------- XVIII

1. INTRODUÇÃO ------------------------------------------------------------------------------------- 1

2. OBJETIVOS ------------------------------------------------------------------------------------------ 3

2.1 - Objetivo Geral ------------------------------------------------------------------------------------ 3

2.2 - Objetivos Específicos -------------------------------------------------------------------------- 3

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA --------------------------------------------------------------------- 4

3.1 - Poluição das Águas ---------------------------------------------------------------------------- 4

3.2 – Qualidade das águas -------------------------------------------------------------------------- 6

3.3 – Administração das águas no Brasil ---------------------------------------------------- 7 3.3.1 - Decreto nº. 24.643 - O Código das Águas -------------------------------------------- 8

3.3.2 - Lei 4.771 de 15 de setembro de 1965, que institui o Novo Código Florestal ------------------------------------------------------------------------------------------------- 9

3.3.3 - A Constituição Federal de 1988 ------------------------------------------------------- 10 3.3.4 – Lei nº. 9.433 de 8 de janeiro de 1997 ou Lei das Águas ----------------------- 10

3.3.5 - Lei nº. 9.605 de 12 de fevereiro de 1998 -------------------------------------------- 11 3.3.6 - Lei nº. 9.984 de 17 de julho de 2000 ------------------------------------------------- 11 3.3.7 - Portaria nº. 518 de 25 de março de 2004 ------------------------------------------- 11 3.3.8 - Resolução nº. 357 de 17 de março de 2005 do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA N.º 357/05 -------------------------------------------------------- 12

3.4 – Caracterização química e física da água --------------------------------------------- 15 3.4.1 – Características físicas ------------------------------------------------------------------- 15

3.4.1.1 - Condutividade elétrica -------------------------------------------------------------- 15

3.4.1.2 – Cor -------------------------------------------------------------------------------------- 16

3.4.1.3 – Turbidez -------------------------------------------------------------------------------- 17

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Instituto de Química / UFBA – GPQQ – Grupo de Pesquisa em Química e Quimiometria

XX

3.4.1.4 – Sólidos totais dissolvidos ---------------------------------------------------------- 18

3.4.2 – Características químicas ---------------------------------------------------------------- 18 3.4.2.1 – Série nitrogenada (amônia, nitrito e nitrato) ---------------------------------- 18 3.4.2.2 – Demanda bioquímica de oxigênio – DBO ------------------------------------ 22 3.4.2.3 –Demanda química de oxigênio – DQO -------------------------------------- 23 3.4.2.4 - Fósforo total -------------------------------------------------------------------------- 24

3.4.2.5 - Oxigênio dissolvido ------------------------------------------------------------------ 25 3.4.2.6 – pH --------------------------------------------------------------------------------------- 26 3.4.2.7 – Metais ---------------------------------------------------------------------------------- 27

3.4.2.7.a - Alumínio (Al) ----------------------------------------------------------------- 28 3.4.2.7.b - Antimônio (Sb) --------------------------------------------------------------- 30 3.4.2.7.c - Arsênio (As) ------------------------------------------------------------------ 31

3.4.2.7.d - Bário (Ba) --------------------------------------------------------------------- 31 3.4.2.7.e – Berílio (Be) ------------------------------------------------------------------- 32

3.4.2.7.f – Boro (B) ----------------------------------------------------------------------- 32 3.4.2.7.g - Cádmio (Cd) ------------------------------------------------------------------ 33 3.4.2.7.h - Chumbo (Pb) ----------------------------------------------------------------- 33 3.4.2.7.i - Cobalto (Co) ------------------------------------------------------------------- 34

3.4.2.7.j - Cobre (Cu) --------------------------------------------------------------------- 35 3.4.2.7.l - Cromo (Cr) -------------------------------------------------------------------- 36

3.4.2.7.m -Ferro Total -------------------------------------------------------------------- 36 3.4.2.7.n - Lítio (Li) ----------------------------------------------------------------------- 37 3.4.2.7.o - Manganês (Mn) -------------------------------------------------------------- 38

3.4.2.7.p - Mercúrio (Hg) ---------------------------------------------------------------- 38

3.4.2.7.q – Níquel (Ni) ------------------------------------------------------------------- 39

3.4.2.7.r - Prata (Ag) ---------------------------------------------------------------------- 40 3.4.2.7.s - Selênio (Se) ------------------------------------------------------------------- 40

3.4.2.7.t – Vanádio ------------------------------------------------------------------------ 41 3.4.2.7.u - Zinco( Zn) --------------------------------------------------------------------- 41

3.5 – Critérios de qualidade das águas ------------------------------------------------------- 41 3.5.1 - Padrão de potabilidade ------------------------------------------------------------------ 48

3.6 – Bacias Hidrográficas ------------------------------------------------------------------------ 57 3.6.1 - Bacia Hidrográfica do Rio Joanes ----------------------------------------------------- 62

3.6.1.1 - Uso e ocupação do solo ----------------------------------------------------------- 70 3.6.1.2 - Usos da água ------------------------------------------------------------------------- 74

3.6.1.3 - Atividades impactantes ------------------------------------------------------------- 74

3.7 – Análise Multivariada de dados ----------------------------------------------------------- 80 3.7.1 – Aplicações de análise multivariada de dados no tratamento de dados resultantes de análises de águas. -------------------------------------------------------------- 83

4. MATERIAL E MÉTODOS ----------------------------------------------------------------------- 85

4.1 Área de estudo ----------------------------------------------------------------------------------- 85

4.2 – Coleta de dados ------------------------------------------------------------------------------- 85

4.3 – Análises químicas ---------------------------------------------------------------------------- 88 4.3.1 – Determinação dos parâmetros físico-químicos ----------------------------------- 88

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XXI

4.3.1.1 – Garantia da qualidade para os parâmetros físico-químicos------------- 94

4.3.2 – Determinação de metais e metalóides ---------------------------------------------- 94 4.3.2.1 - Garantia da qualidade dos lotes amostrais para análise dos metais e metalóides ----------------------------------------------------------------------------------------- 96

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ---------------------------------------------------------------- 98

5.1 – Analise de componente principal --------------------------------------------------- 110

5.1.1 – Parâmetros físico-químicos ---------------------------------------------------------- 110 5.1.2 – Metais e metalóides -------------------------------------------------------------------- 120

6. RECOMENDAÇÕES --------------------------------------------------------------------------- 126

7. CONCLUSÃO ------------------------------------------------------------------------------------- 127

8. REFERÊNCIAS ----------------------------------------------------------------------------------- 129

9. ANEXOS ------------------------------------------------------------------------------------------- 140

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1

1. INTRODUÇÃO

A água foi considerada durante muitos séculos como um recurso inesgotável,

sendo utilizada de forma predatória e insustentável. Seu uso inadequado foi intensificado a

partir do século XX com a aceleração do crescimento populacional, quando foi extensa-

mente utilizada pelos diversos ramos de atividades tais como: as domésticas, agrícolas,

industriais, dentre outras.

O volume total de água existente na terra é de 1,44 bilhão de quilômetros cúbi-

cos, sendo assim distribuído: 1,4 bilhão forma os oceanos, 29 milhões estão nas geleiras e

calotas polares, 8,5 milhões no subsolo, 200 mil nos lagos e rios e 3 mil quilômetros cúbi-

cos na atmosfera. Logo, dos 3% de água doce, 2,3% estão armazenados nas geleiras e ca-

lotas polares e somente 0,7% é possível de exploração. Aproximadamente metade da água

subterrânea é considerada inviável para utilização, porque está situada a mais de 800 m de

profundidade. Sua qualidade, entretanto, é naturalmente boa para o consumo geral, graças

ao processo de filtração e às reações biogeoquímicas no subsolo [1]. Contudo a ocupação

desordenada de áreas às margens dos rios e a impermeabilização do solo, fatores conside-

rados determinantes no fluxo de infiltração e na conseqüente modificação do ciclo da á-

gua, trazem como conseqüências a perda de matas ciliares, a erosão progressiva do solo

com o decorrente assoreamento dos cursos d’água, a contaminação das águas superficiais

e subterrâneas e a destruição do habitat natural de inúmeras espécies [2].

A contaminação da água pode contribuir para a degradação do meio ambiente que

por sua vez afeta direta ou indiretamente a saúde, a segurança e o bem-estar da população,

as atividades sociais e econômicas, a fauna e a flora, as condições estéticas e sanitárias do

meio e a qualidade dos recursos ambientais, por isso além de ser um recurso natural é

também considerada como um recurso ambiental

A dinâmica das águas vai além das divisões políticas e administrativas delimitadas

pela sociedade, fazendo com que a bacia hidrográfica, espaço territorial determinado e defi-

nido pelo escoamento delas se configure como recorte geográfico privilegiado para a com-

preensão e o estabelecimento de políticas públicas sobre esse ecossistema. [3].

O Secretário Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Kofi Annan, afir-

mou durante as comemorações do Ano Internacional da Água Doce, em março de 2006,

com o tema “Água e Cultura”, que a água não é só essencial para a vida, é também uma pre-

sença cultural diversificada – uma inspiração para os artistas, objeto de investigação científi-

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ca e elemento indispensável dos ritos de muitas tradições e religiões e que apesar da sua im-

portância e do seu caráter, muitas vezes sagrado, a água continua a ser desperdiçada e de-

gradada em todo o mundo, tanto nas cidades como nas zonas rurais. Dezoito por cento da

população mundial não tem acesso a água potável e 40% não têm acesso a saneamento bási-

co. Todos os dias, 6.000 pessoas, na sua maioria crianças, morrem devido a causas relacio-

nadas com a água [4].

A demanda mundial de água aumenta muito mais rapidamente com o crescimento da

população o que resulta num aumento mais acentuado das agressões ambientais. De acordo

com PINTO FILHO & OLIVEIRA [2], a principal causa da escassez de água nos países lati-

no-americanos, onde são estocados cerca de um quarto de água doce do planeta, é a ausência

de políticas públicas que permitam a adoção de um sistema de coleta, tratamento e distribui-

ção de água para a população local.

Devido à atual qualidade das águas tem sido necessário o uso de processos de trata-

mento cada vez mais sofisticados e onerosos para que as mesmas se adequem aos padrões de

potabilidade exigidos pelos órgãos competentes. É fundamental que as águas destinadas ao

abastecimento público possam ser colocadas em condições adequadas para consumo humano,

que exige aspecto límpido e transparente, livre de odor, gosto ou de qualquer microorganis-

mo ou substância que possam causar danos à saúde.

Na Bahia, a empresa responsável pelo tratamento e fornecimento de água potável é

a EMBASA-Empresa Baiana de Águas e Saneamento S/A, que distribui água tratada para

aproximadamente 8,86 milhões de pessoas em 566 localidades urbanas e 1148 rurais.

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3

2. OBJETIVOS

2.1 - Objetivo Geral

Fazer uma avaliação crítica da qualidade das águas da Bacia Hidrográfica do Rio Joanes

(BHRJ) caracterizada pelos resultados de parâmetros químicos e físicos do período de

2006 a 2007, conforme a Resolução 357/05 do Conselho Nacional do Meio Ambiente

(CONAMA) referente às águas doces da classe 2.

2.2 - Objetivos Específicos

Investigar a qualidade físico-química das águas da Bacia Hidrográfica do Rio

Joanes visando detectar os níveis de poluentes e /ou contaminantes e identificar

suas prováveis causas.

Interpretar os resultados obtidos através do emprego da análise multivariada

de dados.

Verificar se há concordância com a qualidade requerida para as águas doces

da classe 2 destinadas ao abastecimento público após tratamento convencional,

através dos limites permitidos estabelecidos pela Resolução 357/05 do CONA-

MA, com relação aos parâmetros analisados.

Estabelecer uma discussão crítica sobre os valores obtidos comparados com

os valores estabelecidos pela legislação brasileira e algumas legislações mundi-

ais.

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

É crescente a preocupação com as questões ecológicas nos mais diversos setores

da sociedade mundial. No Brasil, a conscientização de empresas e cidadãos relativa às

conseqüências das ações antrópicas sobre o meio ambiente tem aumentado nas últimas

décadas. Grande parte das atividades humanas resulta na geração de resíduos e efluentes,

sólidos, líquidos e gasosos cujo destino final é a atmosfera, os solos e os corpos d’água

naturais e artificiais, continentais, costeiros ou os oceanos.

A degradação dos recursos naturais provoca sensíveis alterações na estrutura e no

funcionamento dos ecossistemas. É importante considerar o meio ambiente como parte

integrante do desenvolvimento sócio-econômico da humanidade, onde a preservação dos

recursos naturais é imprescindível para o bem estar do ser humano. Vale considerar ainda

a importância da análise das intervenções antrópicas, pois são elas que provocam degra-

dações e desequilíbrios ambientais.

3.1 - Poluição das Águas

A palavra poluir, originária do latim poluere, significa sujar. Ecologicamente fa-

lando, a poluição pode ser definida como as alterações nas propriedades físicas, químicas

ou biológicas de um determinado ecossistema que acarreta prejuízos ao desenvolvimento

das populações e desequilíbrios na natureza.

De acordo com a lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981 [5], que dispõe sobre a Po-

lítica Nacional do Meio Ambiente, poluição é definida como a degradação da qualidade

ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente:

prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;

afetem desfavoravelmente a biota;

afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;

lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabeleci-

dos.

FARIAS [6], define a poluição da água como a alteração de sua qualidade natu-

ral pela ação do homem, tornando-a parcial ou totalmente imprópria para o uso a que se

destina. Por qualidade da água entende-se como o conjunto de características físicas,

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químicas e biológicas que a água apresenta em seu estado natural nos rios, lagos, ma-

nanciais, no subsolo ou no mar.

A poluição dos corpos d’água pode ocorrer de duas formas:

Pontual quando é concentrada no espaço, como, por exemplo, descarga de

canalizações de esgotos em um rio; ou

Difusa na qual os poluentes chegam ao corpo d’água distribuídos ao longo de

sua extensão, como é o caso da poluição por fertilizantes e agrotóxicos usa-

dos no cultivo agrícola.

Como principais agentes poluidores da água tem-se [7]:

matéria orgânica biodegradável (esgotos, por exemplo), provocando consu-

mo de oxigênio, mortandade de peixes, etc.;

sólidos em suspensão, acarretando problemas estéticos, depósitos de lodo,

proteção a organismos patogênicos, adsorção de poluentes (estes ficam ade-

ridos à superfície dos sólidos suspensos);

nutrientes, principalmente à base de nitrogênio e fósforo, conduzindo ao

crescimento excessivo de plantas, cuja posterior decomposição irá prejudicar

o balanço de oxigênio do corpo d’água;

patogênicos, provocando o surgimento de diversas enfermidades de veicula-

ção hídrica;

matéria orgânica não biodegradável (pesticidas, detergentes), levando à o-

corrência de maus odores e de condições tóxicas;

metais pesados, também produzindo toxicidade e prejudicando o desenvol-

vimento da vida aquática.

Dentre as principais fontes de poluição hídrica destacam-se:

os efluentes domésticos e

os efluentes industriais.

A poluição industrial é a que mais tem contribuído na degradação dos corpos hí-

dricos devido aos lançamentos de resíduos sólidos e efluentes sem o tratamento adequa-

do, diretamente nos corpos d’água, o que tem favorecido a elevação dos teores de metais

e outros poluentes nas águas e sedimentos dos ambientes aquáticos. A poluição industrial

é conseqüência das matérias-primas e dos processos industriais utilizados, podendo ser

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complexa, devido à natureza, concentração e volume dos resíduos produzidos. A legisla-

ção ambiental tem estabelecido regras para o lançamento de efluentes industriais e a ten-

dência é a existência de um maior controle sobre esses poluentes [8].

Os efluentes domésticos se constituem também, numa importante fonte de polui-

ção para as águas superficiais e subterrâneas e são constituídos primeiramente por maté-

ria orgânica biodegradável, microorganismos (bactérias, vírus, etc.), nutrientes (nitrogê-

nio e fósforo), óleos e graxas, detergentes e metais. As águas que compõem o esgoto

doméstico compreendem as águas utilizadas para higiene pessoal, cozimento e lavagem

de alimentos e utensílios, além da água usada em vasos sanitários [9].

A presença de matéria orgânica em cursos d’água requer uma grande quantidade

de oxigênio (O2) na sua degradação, considerando a baixa capacidade da água em dissol-

ver O2 livre. A conseqüência é a redução de O2 na água em níveis que limitam a vida a-

quática. Ao se lançar efluentes em cursos d’água, deve-se ter em mente a manutenção

adequada de oxigênio. Se esgotos forem lançados sem tratamento, causarão redução das

fontes naturais de O2, com desenvolvimento de condições sépticas no corpo receptor [9].

3.2 – Qualidade das águas

A qualidade da água não é um termo absoluto, pois se caracteriza em função do

uso a que se destina. De acordo com alguns autores [10], os vários processos que contro-

lam a qualidade das águas de um rio fazem parte de um complexo equilíbrio, motivo pelo

qual qualquer alteração na bacia hidrográfica pode acarretar alterações significativas.

Sendo as características físico-químicas das águas indicadoras da “saúde” do ecossistema

terrestre, estas podem ser utilizadas para o controle e monitoramento das atividades de-

senvolvidas na bacia.

A avaliação e o monitoramento da qualidade da água são dois processos distin-

tos, segundo FRACARO [11].

A avaliação da qualidade é um estudo das características físicas, químicas e bio-

lógicas da água, relativas aos efeitos humanos e usos propostos, particularmente aqueles

que afetam a saúde pública, ou seja, verifica-se se a água está apropriada para determina-

dos usos.

O monitoramento é a coleta de informações em locais fixos e em intervalos re-

gulares para obtenção de dados que permitam o conhecimento das condições atuais e da

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evolução, ou seja, é a verificação de tendências na qualidade do meio aquático e a obser-

vação da forma como este é afetado por contaminantes, atividades antrópicas e/ou pro-

cessos de tratamento de efluentes. De acordo com a Resolução CONAMA 357/05, o mo-

nitoramento é a medição ou verificação de parâmetros de qualidade e quantidade de á-

gua, que pode ser contínua ou periódica, utilizada para acompanhamento da condição e

controle da qualidade do corpo d’água [12].

Os padrões de qualidade das águas doce no Brasil foram criados de forma a

identificar e limitar a presença efetiva ou potencial de substâncias ou microorganismos

que possam comprometer essa qualidade, avaliando os impactos sobre a biota,

decorrentes da atividade humana nas diferentes bacias hidrográficas. Embora sejam

inúmeras as espécies químicas potencialmente impactantes sobre a qualidade das águas

e dos efluentes, as legislações ambiental e sanitária comtemplam um número limitado,

onde são considerados os efeitos sabidamente prejudiciais à saúde e ao meio ambiente e

cuja ocorrência é mais provável [13]. Os padrões de qualidade da água além de

regulamentar os níveis de poluentes a serem mantidos num corpo d’água, dependendo

do uso a que ela se destina, constitue a base para definir os níveis de tratamento a serem

adotados na bacia, de modo que os efluentes lançados não alterem as características do

curso d’água receptor [14].

3.3 – Administração das águas no Brasil

A administração dos recursos hídricos no Brasil teve sua primeira experiência na

década de 30 e estava vinculada à questão agrícola [15]: em 1933, foi criada a Diretoria

de Águas, depois Serviço de Águas, no Ministério da Agricultura. Em seguida, em 1934,

esse serviço foi transferido para a estrutura do Departamento Nacional de Pesquisa Mine-

ral (DNPM), quando é editado o Código de Águas, que sofreu algumas alterações com a

Constituição de 1988. A Tabela 1 apresenta a evolução histórica desta administração até

os dias de hoje.

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8

Tabela 1 – Evolução histórica da administração das águas no Brasil

Ano Evolução

1934 Decreto Federal nº. 24.643 – Código das Águas

1965 Lei nº. 4.771 de 15 de setembro de 1965 que instituiu o Código Florestal

1981 Lei Federal nº. 6.938, de 31 de agosto de 1981 – Criações do Conselho

Nacional do Meio Ambiente - CONAMA.

1988 Nova Constituição Federal

1989 Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis –

IBAMA

1997 Lei nº. 9.433 de 8 de janeiro de 1997 que instituiu a Política Nacional de

Recursos Hídricos

1998 Lei nº. 9.605 de 12 de fevereiro de 1998 que estabelece os crimes ambi-

entais e suas sanções

2000 Agência Nacional das Águas – ANA (autarquia vinculada ao Ministério

do Meio Ambiente)

2003

Resolução nº. 32 de 15 de outubro de 2003 do Conselho Nacional de Re-

cursos Hídricos (CNRH) que institui a Divisão Hidrográfica Nacional em

12 regiões.

2004

Portaria nº. 518 de 25 de março de 2004, do Ministério da Saúde, que

estabelece os procedimentos e responsabilidades relativas ao controle e

vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de

potabilidade.

2005

Resolução CONAMA nº. 357 de 17 de março de 2005, que dispõe sobre

a classificação dos corpos d’água e as diretrizes ambientais para o seu

enquadramento (revogando a Resolução 20/86)

Adaptado de AMORIM, 2006 [16].

3.3.1 - Decreto nº. 24.643 - O Código das Águas

O Código das Águas [17] foi o marco inicial da legalização da gestão dos recursos

hídricos no Brasil. Este Código estabelece alguns aspectos importantes e conceitos atuais

sobre a gestão das águas, como:

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9

A aplicação do princípio de usuário-pagador: no parágrafo 2º do artigo 36, é

definido que "o uso da águas pode ser gratuito ou retribuído";

A necessidade de preservação das condições da água pelo usuário de montan-

te perante os usuários de jusante, colocada no Título III, que regulamenta o

aproveitamento das águas comuns;

O regime de outorga, estabelecido pelo artigo 43, definindo que "as águas

públicas não podem ser derivadas para as aplicações da agricultura, da indús-

tria e da higiene sem a existência de concessão administrativa”;

A definição do uso prioritário da água para o abastecimento público: no arti-

go 36 fica estabelecida a "preferência da derivação para o abastecimento das

populações"; e

A defesa do aproveitamento múltiplo das águas, colocada pelo artigo 51, es-

tabelecendo que "em regulamento administrativo se disporá sobre as condi-

ções de derivação, de modo a conciliarem quanto possível os usos a que as

águas se prestam".

3.3.2 - Lei 4.771 de 15 de setembro de 1965, que institui o Novo Código Florestal

De acordo com o Novo Código Florestal [18] uma área de preservação perma-

nente é aquela protegida nos termos dessa Lei, coberta ou não por vegetação nativa, com

a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológi-

ca, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-

estar das populações humanas.

“Consideram-se de preservação permanente, pelo só efeito desta Lei, as flores-

tas e demais formas de vegetação natural situadas: ao longo dos rios ou de qualquer curso

d'água; ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais (barra-

gens); nas áreas metropolitanas definidas em lei”.

“A supressão de vegetação em área de preservação permanente somente poderá ser

autorizada em caso de utilidade pública ou de interesse social, devidamente caracterizado

com base em procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e lo-

cacional ao empreendimento proposto”.

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“É permitido o acesso de pessoas e animais às áreas de preservação permanente,

para obtenção de água, desde que não exija a supressão e não comprometa a regeneração

e a manutenção em longo prazo da vegetação nativa”.

3.3.3 - A Constituição Federal de 1988

Uma das poucas modificações do Código das Águas realizadas pela Constituição

Federal de 1988 [19], foi a extinção do domínio privado da água, previsto em alguns ca-

sos, e do domínio municipal. A Constituição de 1988 estabelece apenas dois domínios

para os corpos d'água: (1) domínio da União, para rios e lagos que banhem mais de um

estado, ou que sirvam de fronteira entre essas unidades, ou de fronteira entre o Brasil e

países vizinhos, ou deles provenham ou para eles se estendam e (2) domínio estadual, pa-

ra os corpos d'água que se situem exclusivamente em um estado.

3.3.4 – Lei nº. 9.433 de 8 de janeiro de 1997 ou Lei das Águas

A Política Nacional de Recursos Hídricos, prevista na Constituição Federal de

1988 foi estabelecida pela Lei nº. 9.433 de 8 de janeiro de 1997 ou Lei das Águas [20].

Esta lei criou o Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos que integra os

organismos: (1) Conselho Nacional de Recursos Hídricos; (2) Conselhos de Recursos Hí-

dricos dos Estados; (3) Comitês de Bacia hidrográfica; (4) Agências da Água; e (5) órgãos

dos poderes públicos, cujas competências se relacionem com a gestão dos recursos hídri-

cos.

A Política Nacional de Recursos Hídricos, no seu artigo 1º estabelece os seus

princípios básicos: reconhece a água como bem de domínio público, um recurso natural

limitado, dotado de valor econômico; uso prioritário da água para consumo humano e des-

sedentação de animais; o uso múltiplo das águas; a bacia hidrográfica como unidade terri-

torial de planejamento; a gestão descentralizada dos recursos hídricos.

A Constituição Federal de 1988 e as Constituições Estaduais possibilitaram que os

estados elaborassem sua própria legislação sobre recursos hídricos que deve seguir os prin-

cípios da Lei Federal. Nessa legislação, os estados podem detalhar aspectos específicos e

criar seus próprios sistemas de gestão com diferentes estruturas institucionais.

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11

No estado da Bahia essa legislação é representada pela Lei nº. 6.855 [21], criada

em 12 de maio de 1995 que dispõe sobre a Política, o Gerenciamento e o Plano Estadual

de Recursos Hídricos neste estado.

A gestão da água no estado da Bahia é de responsabilidade da Superintendência

de Recursos Hídricos (SRH), atualmente Instituto INGA criada pela Lei nº. 6.812 de 18

de janeiro de 1995 [22], principalmente quanto à administração quantitativa, inclusive

outorga (*). No que se refere à gestão da qualidade, cabe ao Conselho de Proteção ao

Meio Ambiente – CEPRAM [23] e ao Centro de Recursos Ambientais – CRA essa res-

ponsabilidade.

3.3.5 - Lei nº. 9.605 de 12 de fevereiro de 1998

A Lei nº. 9.605 de 12 de fevereiro de 1998 [24] dispõe sobre as sanções penais

e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente.

3.3.6 - Lei nº. 9.984 de 17 de julho de 2000

Esta lei dispõe sobre a criação da Agência Nacional de Águas - ANA [25], au-

tarquia de regime especial, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente que tem como

principal atividade, a implementação do Sistema Nacional de Recursos Hídricos, outorga

e fiscalização do uso de recursos hídricos de domínio da União.

3.3.7 - Portaria nº. 518 de 25 de março de 2004

A Portaria 518/2004 [12], estabelece os procedimentos e responsabilidades rela-

tivos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de

potabilidade, e dá outras providências

As legislações sanitárias e ambientais têm sido cada vez mais rigorosas, estabele-

cendo limites para os contaminantes, tanto na água bruta como na água tratada, embora

os níveis de contaminação dos diversos recursos naturais, notadamente os recursos hídri-

cos, continuem em crescimento acelerado.

(*) “De acordo com a ANA outorga de direito de uso de recursos hídricos é o ato administrativo mediante

o qual o poder público outorgante (União, Estado ou Distrito Federal) faculta ao outorgado (requerente) o

direito de uso de recurso hídrico, por prazo determinado, nos termos e nas condições expressas no respec-

tivo ato administrativo.” [25].

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3.3.8 - Resolução nº. 357 de 17 de março de 2005 do Conselho Nacional do Meio

Ambiente - CONAMA N.º 357/05

A Resolução CONAMA 357/2005 [13], dispõe sobre a classificação dos corpos

de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as con-

dições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. Publicada pelo

Ministério do Meio Ambiente classifica os corpos aquáticos do território nacional

segundo a qualidade requerida para seus usos preponderantes, estabelece limites

máximos de concentração para até 66 classes de substâncias potencialmente prejudiciais,

além de definir limites e/ou condições para outros 10 parâmetros físico-químicos. Além

disso, regulamenta o padrão de lançamento de efluentes líquidos de qualquer fonte

poluidora, direta ou indiretamente, no ambiente aquático, incluindo limites máximos de

concentração admissíveis para até 29 classes de substâncias e definindo limites e/ou

condições para 5 outros parâmetros físico-químicos.

Os padrões de qualidade das águas doce no Brasil foram criados de forma a

identificar e limitar a presença efetiva ou potencial de substâncias ou microorganismos

que possam comprometer essa qualidade, avaliando os impactos sobre a biota,

decorrentes da atividade humana nas diferentes bacias hidrográficas. Embora sejam

inúmeras as espécies químicas potencialmente impactantes sobre a qualidade das águas

e dos efluentes, as legislações ambiental e sanitária comtemplam um número limitado,

onde são considerados os efeitos sabidamente prejudiciais à saúde e ao meio ambiente e

cuja ocorrência é mais provável.

Para realizar o controle da poluição das águas de rios e reservatórios utilizam-se

os padrões de qualidade, que definem os limites de concentração a que cada substância

presente na água deve obedecer. Esses padrões dependem da classificação dos corpos

d’água.

De acordo com a salinidade, os corpos d’água são assim classificados: água do-

ce (salinidade inferior ou igual a 0,5%0), salobra (salinidade superior a 0,5%0 e inferior

a 30%0) e salina (salinidade superior a 30%0). As águas doces, salobras e salinas do Ter-

ritório Brasileiro são classificadas, segundo a qualidade requerida para os seus usos pre-

ponderantes, em treze classes de qualidade, assim distribuídas: Cinco para as águas do-

ces, quatro para as águas salobras e quatro para as salinas. Os cursos de água devem ter o

seu uso prioritário definido por legislação e, a partir daí, com base nos critérios de quali-

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dade da água, são estabelecidos limites para todos os parâmetros que interferem com os

usos a que são destinados [11]. Segundo os seus usos as águas doces sã assim classifica-

das:

I - Classe Especial – Águas destinadas ao abastecimento para consumo huma-

no, após desinfecção; à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas; e à

preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral.

II - Classe 1 – Águas destinadas ao abastecimento doméstico após tratamento

simplificado; à proteção das comunidades aquáticas; à recreação de contato primário (na-

tação, esqui aquático, mergulho); à irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de

frutas que se desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de pe-

lículas; e à criação natural e/ou intensiva (aqüicultura) de espécies destinadas à alimenta-

ção humana.

III - Classe 2 – Águas destinadas ao abastecimento doméstico após tratamento

convencional; à proteção das comunidades aquáticas; à recreação de contato primário

(natação, esqui aquático, mergulho); à irrigação de hortaliças e plantas frutíferas; e à cri-

ação natural e/ou intensiva (aqüicultura) de espécies destinadas à alimentação humana.

IV - Classe 3 – Águas destinadas ao abastecimento doméstico após tratamento

convencional ou avançado; à irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras; à

dessedentação de animais; e aos usos menos exigentes.

V - Classe 4 – Águas destinadas à navegação; e à harmonia paisagística.

As condições e padrões para o lançamento dos efluentes direta ou indiretamente

nos corpos d’água são estabelecidas conforme alguns parâmetros citados abaixo:

pH entre 5 a 9;

Temperatura: inferior a 40ºC, sendo que a variação de temperatura do corpo

receptor não deverá exceder a 3ºC;

Materiais sedimentáveis: até 1 mL/L em teste de 1 hora em cone Imhoff. Para

o lançamento em lagos e lagoas, cuja velocidade de circulação seja praticamente nula, os

materiais sedimentáveis deverão estar virtualmente ausentes;

Regime de lançamento com vazão máxima de até 1,5 vezes a vazão média do

período de atividade diária do agente poluidor;

Ausência de materiais flutuantes.

Limites máximos admissíveis das substâncias constantes na Tabela 2,

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Tabela 2 – Padrões de Lançamento de alguns Efluentes segundo o CONAMA 357/05

(Brasil) e a Norma de Calidad Ambiental y de descarga de Efluentes: Recurso Água

(Equador)

Parâmetro Unidade Brasil Equador

Arsênio total mg/L As 0,5 0,1

Bário total mg/L Ba 5,0 2,0

Boro total mg/L B 5,0 2,0

Cádmio total mg/L Cd 0,2 0,02

Chumbo total mg/L PB 0,5 0,2

Cianeto tota1(**) mg/L CN 1,0 0,1

Cianeto livre (destilável por

ácidos fracos) (*) mg/L CN 0,2 0,1

Cobre dissolvido total mg/L Cu 1,0 1,0

Cromo hexavalente (**) mg/L Cr6+

0,1 0,5

Cromo trivalente (**) mg/L Cr3+

1,0 -

Estanho total mg/L Sn 4,0 5,0

Ferro total mg/L Fe 15 10

Fluoreto total mg/L F 10,0 5,0

Manganês dissolvido mg/L Mn 1,0 2,0

Mercúrio total mg/L Hg 0,01 0, 005

Níquel total mg/L Ni 2,0 2,0

Nitrogênio amoniacal total mg/L N 20,0 10 (NO3- + NO2

-)

Prata total mg/L Ag 0,1 0,1

Selênio total mg/L Se 0,30 0,1

Sulfeto total mg/L S 1,0 0,5

Zinco total mg/L Zn 5,0 5,0

(*) – parâmetro modificado pela Resolução Conama 397/08

Comparando-se a Legislação Brasileira com a Legislação Equatoriana, cujos

padrões de lançamento de alguns efluentes foram inclusos na Tabela 2, verifica-se que

esta última é mais restritiva do que a brasileira, incluindo inclusive parâmetros como a-

lumínio, vanádio e cobalto, não considerados na Resolução CONAMA 357/05, apresen-

tando valores até dez vezes mais rigorosos para alguns elementos. A legislação equatori-

ana foi aqui utilizada por ser o Equador um pais da América do Sul cujos dados aqui fo-

ram mais facilmente encontrados na internet.

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3.4 – Caracterização química e física da água

Os componentes presentes na água podem ser divididos em físicos, químicos e

biológicos. Estes podem ser originários do próprio ambiente ou introduzidos por ativida-

des humanas. Neste estudo serão tratados apenas os parâmetros físicos e químicos.

Para a análise das águas e a correta avaliação dos parâmetros que serão utiliza-

dos neste estudo, a definição dessas propriedades é de importância fundamental, por se-

rem os indicadores de qualidade da água avaliados por condições e padrões específicos,

pois estes parâmetros podem apresentar concentrações superiores às estabelecidas pela

legislação vigente.

3.4.1 – Características físicas

As características físicas são aquelas de apreciação imediata, capazes de levar os

consumidores a questionar a qualidade e a segurança da água, não significando muitas

vezes, um perigo direto para a saúde.

Os parâmetros físicos utilizados neste estudo foram: condutividade elétrica, cor,

sólidos totais dissolvidos e turbidez que são descritos a seguir.

3.4.1.1 - Condutividade elétrica

A condutividade elétrica (CE) é a capacidade que a água possui de conduzir cor-

rente elétrica em função da presença de substâncias dissolvidas que se dissociam em cá-

tions e ânions. A condutividade é diretamente proporcional à concentração dos íons dis-

solvidos na água, às suas cargas e ao seus tamanhos relativos.

Em águas continentais, os íons diretamente responsáveis pelos valores da condutividade

que mais se destacam são: cálcio, magnésio, potássio, sódio, carbonatos, carbonetos, sul-

fatos e cloretos.

A condutividade elétrica fornece uma boa indicação das modificações na com-

posição de uma água, especialmente na sua concentração mineral, mas não fornece ne-

nhuma indicação de quais os íons que estão nela presentes. A condutividade representa

uma medida indireta da concentração de poluentes [26]. È expressa comumente em mi-

croSiemens (μS/cm).

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Na água, o valor da CE pode variar de acordo com a temperatura e a concentra-

ção total de íons nela dissolvidos. Em águas cujos valores de pH estão nas faixas extre-

mas (pH > 9 ou pH< 5), os valores de condutividade devem-se principalmente às altas

concentrações dos íons H+ e o OH

- em solução [6].

As águas naturais apresentam geralmente condutividade elétrica inferior a 100

μS/cm, podendo atingir até 1000 μS/cm em corpos d’água receptores de elevadas cargas

de efluentes domésticos e industriais [7]. O aumento da condutividade elétrica específica

em ambientes lênticos (lagos e represas) é um indicativo indireto da degradação do ma-

nancial, por conta do assoreamento e aumento da evaporação, concentrando sais na água.

3.4.1.2 – Cor

A cor das águas naturais é o resultado, principalmente, da presença de ácidos

húmicos, fúlvicos originados de decomposição de vegetais que ocorre no meio ambiente,

podendo também ser devido à presença de alguns íons metálicos naturais como ferro e

manganês e despejos industriais.

A cor de origem antropogênica pode ser devido aos lançamentos de diversos re-

síduos industriais.

Os compostos orgânicos que conferem cor às águas são provenientes de duas

fontes principais:

maior predominância, da decomposição de matéria orgânica de origem

principalmente vegetal (substâncias húmicas) e do metabolismo de mi-

croorganismos presentes no solo.

atividades tais como descargas de efluentes domésticos ou industriais,

liviação de vias urbanas e solos agriculturáveis.

A cor pode ser:

verdadeira ou real - é a cor presente em uma amostra de água, devido à

presença de substâncias dissolvidas.

aparente - é aquela devido à presença de substâncias dissolvidas e subs-

tâncias em suspensão. A cor aparente inclui a turbidez. Após a centrifu-

gação, elimina-se esta e se obtém a cor verdadeira.

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O valor da cor produzida por 1,0 mg/L de platina em combinação com 0,5mg/L

de cobalto metálico, é considerada como a unidade padrão de cor. A cor é então expressa

como mg Pt/L.

3.4.1.3 – Turbidez

A turbidez na água é causada pela presença de matérias em suspensão, tais como

argila, sílica, matéria orgânica e inorgânica finamente dividida e organismos microscópi-

cos [27]. Estes materiais ocorrem em tamanhos diversos, variando desde as partículas

maiores que se depositam (tamanho superior a 1 μm) até as que permanecem em suspen-

são por muito tempo.

Nas águas naturais, a presença da turbidez provoca a redução de intensidade

dos raios luminosos que penetram no corpo d’água, e com isso reduz a fotossíntese dos

organismos do fitoplâncton e da vegetação enraizada submersa influindo decisivamente

nas características do ecossistema presente. Quando sedimentadas, estas partículas for-

mam bancos de lodo onde a digestão anaeróbia leva à formação de gases tais como me-

tano, gás carbônico, principalmente, nitrogênio gasoso e gás sulfídrico (H2S) de odor

desagradável [7].

A turbidez é utilizada na caracterização de águas brutas e de águas tratadas no

controle de estações de tratamento de águas. A turbidez juntamente com a cor constitu-

em parâmetros operacionais de extrema importância para o controle dos processos de

coagulação-floculação, sedimentação e filtração. Além disso, há outra preocupação com

relação à presença de turbidez nas águas a serem desinfetadas com cloro, pois as partí-

culas grandes podem abrigar microrganismos, protegendo-os contra a ação deste agente

desinfetante. Daí a importância das fases iniciais do tratamento para que a qualidade

biológica da água a ser distribuída possa ser garantida.

A medição da turbidez é feita com o turbidímetro ou nefelômetro que compara o

espalhamento do feixe de luz ao passar pela amostra, com o do feixe de igual intensida-

de, ao passar por uma suspensão padrão. Quanto maior o espalhamento, maior será a tur-

bidez. A unidade mais utilizada é a UNT (ou NTU em inglês) que é unidade nefelométri-

ca de turbidez.

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3.4.1.4 – Sólidos totais dissolvidos

Em saneamento, sólidos nas águas correspondem a toda matéria que permanece

como resíduo, após evaporação, secagem ou calcinação da amostra a uma temperatura

pré-estabelecida durante um tempo fixado.

De acordo com o tamanho das partículas os sólidos podem ser caracterizados

em suspensos e dissolvidos.

Os sólidos totais dissolvidos são constituídos por carbonatos, bicarbonato, clore-

to, sulfato, fosfato possivelmente de cálcio, magnésio e potássio podendo ainda ter pe-

quena quantidade de ferro, manganês dentre outras, ou seja, todas as substâncias presen-

tes na água contribuem para a carga de sólidos [27].

Elevados teores de sais minerais dissolvidos, particularmente de sulfato e clore-

to, estão associados à corrosão em sistemas de distribuição de água, como tubulações e

reservatórios, além de provocarem sabor nas águas [28].

3.4.2 – Características químicas

Os parâmetros químicos são índices de grande importância para a caracterização

da água que devido às suas características pode reagir em maior ou menor grau com qua-

se todas as substâncias. Estes parâmetros podem ser relacionados a valores que permitem

classificar o grau de contaminação, a origem ou ainda a natureza dos principais poluentes

e os efeitos que os mesmos podem produzir na água.

Os parâmetros químicos utilizados neste estudo foram: série nitrogenada (amô-

nia – NH3, nitrito – NO2- e nitrato – NO3

-), demanda bioquímica de oxigênio (DBO),

demanda química de oxigênio (DQO), fósforo total (P), oxigênio dissolvido (OD), pH e

os metais e metalóides: alumínio (Al), antimônio (Sb), arsênio (As), bário (Ba), berílio

(Be), boro (B), cádmio (Cd), chumbo (Pb), cobalto (Co), cobre (Cu), cromo (Cr), ferro

(Fe), lítio (Li), manganês (Mn), níquel (Ni), selênio (Se), prata (Ag), mercúrio (Hg), va-

nádio (V) e zinco (Zn).

3.4.2.1 – Série nitrogenada (amônia, nitrito e nitrato)

O nitrogênio é o elemento mais abundante na atmosfera (o gás N2 compõe apro-

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ximadamente 78% da troposfera). Seus compostos são nutrientes para os processos bio-

lógicos. Estes são considerados como macro nutrientes por ser o nitrogênio, depois do

carbono, o elemento requisitado em maior quantidade pelas células vivas [28].

Na ausência de atividade humana, o nitrogênio é originário principalmente, dos

microorganismos (cianobactérias nas águas e algumas bactérias do solo) que transfor-

mam o nitrogênio gasoso (N2) em amoníaco (NH3) [129.

Na fixação do nitrogênio, as bactérias cianofíceas (algas azuis fixadoras), pre-

sentes nos solos e nos ambientes aquáticos podem converter o nitrogênio em amônia, uti-

lizada pelas plantas ou no íon (NH4+). A produção de amônia também pode ser resultante

do processo da amonificação onde compostos orgânicos ricos em nitrogênio, em forma

de resíduos e corpos de animais, são convertidos em amônia pelas bactérias decomposi-

toras especializadas [29].

Em ambientes anaeróbicos (pobre em oxigênio) como no fundo dos lagos estra-

tificados, o nitrogênio existe em suas formas completamente reduzidas, NH3 e íon amô-

nio, NH4+ [30].

Resultante do processo de degradação da matéria orgânica, a NH3 apresenta di-

ferentes graus de toxicidade a depender da concentração de suas várias formas apresen-

tadas no meio aquoso: na forma de gás incolor NH3, muito volátil, solúvel em água e

possuidora de odor penetrante e característico; na forma orgânica, com capacidade de

dissociação com a H2O, formando NH4+ e até em águas com a presença de cloro reagindo

e formando substâncias tóxicas como as cloraminas [31].

A amônia é um tóxico bastante restritivo à vida dos peixes, sendo que muitas

espécies não suportam concentrações acima de 5 mg/L [31]. Além disso, a amônia pro-

voca consumo de oxigênio dissolvido das águas naturais ao ser oxidada biologicamente,

a chamada DBO de segundo estágio [27]. Por estes motivos, a concentração de nitrogê-

nio amoniacal é importante parâmetro de classificação das águas naturais e normalmente

utilizado na constituição de índices de qualidade das águas.

A concentração de amônia nas águas naturais que normalmente é baixa, não

causa nenhum dano fisiológico aos seres humanos e animais. A presença de amônia na

água significa que esta é pobre em oxigênio dissolvido e que o ambiente deve ter muita

matéria orgânica em decomposição [32].

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A amônia e o íon amônio são oxidados pelas bactérias nitrificantes nitrosomo-

nas se transformando em NO2-. As bactérias nitrificantes nitrobacter por sua vez, oxidam

o NO2- formando-se assim o NO3

-, espécie menos tóxica e menos volátil [31].

No processo de desnitrificação, as bactérias desnitrificantes transformam nitrato

em nitrito e em seguida em N2 que retorna para a atmosfera [31].

Na água, a amônia não ionizada NH3 está em equilíbrio com o íon amônio

NH4+. Este equilíbrio é regido pelo pH e pela temperatura e pode ser representado pela

Equação 1.

NH3 + H2O NH4+

+ OH-

( Equação 1 )

A inorgânica NH4+ torna-se cada vez mais tóxica à medida que aumenta o pH,

sendo ainda pouco ou não volátil, porém menos estável e mais solúvel. Já a amônia orgâ-

nica NH3, que é a forma mais tóxica, embora se formando em baixa concentração, em pH

mais baixo é facilmente volatilizada, porém aumentando sua toxicidade à medida que

aumenta o pH (alcalino), podendo então tornar-se altamente tóxica [32].

A grande maioria dos organismos aquáticos é muito sensível à amônia, porém

para o ser humano é o odor e não a toxicidade, que impõe seu limite para critérios de po-

tabilidade [32].

Em águas doces naturais convencionalmente neutra, (pH próximo de 7,0), a a-

mônia orgânica/NH3, encontra-se numa percentagem de 1% comparada ao NH4+, em

pH 8,0 esse percentual é igual a 5% de NH3; com pH 8,5 igual a 15% e; em pH 9,0 apre-

senta-se na faixa de 36% [20]. Em relação à percentagem de NH4+ (amônia inorgânica),

em meio alcalino, (acima de pH 9,0), a amônia orgânica/ NH3, pode chegar a ser 50 ve-

zes mais tóxica. A amônia orgânica/ NH3, também conhecida como amônia não ionizada,

é mais tóxica devido, provavelmente, a sua capacidade de difusão através da membrana

epitelial dos organismos aquáticos, dificultando mecanismos naturais de eliminação des-

sa substância por esses organismos[10, 32].

O padrão estabelecido pela Resolução CONAMA 357/05 para as classes 1 e 2

das águas doces varia de acordo com os valores do pH, sendo 3,7 mg NH3-N/L para pH

iguais a 7,5; 2 mg NH3-N /L para pHs entre 7,5 a 8,0; 1mg NH3-N /L para pHs entre 8,0

e 8,5 e 0,5 NH3-N/L para pHs maiores do que 8,5 e 13,3 mg/L N para pH ≤ 7,5; 5,6

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mg/L N, para 7,5 < pH ≤ 8,0; 2,2 mg/L N, para 8,0 < pH ≤ 8,5 e 1,0 mg/L N, para pH >

8,5, respectivamente.

O nitrito (NO2)- pode ser proveniente de excesso de amônia nas redes de distri-

buição de água potável quando se utiliza cloraminas como desinfetante ou quando elas se

formam in situ a partir do cloro e da amônia [33]. O nitrito é tóxico para as plantas e a-

presenta toxidez mais elevada que o nitrato sendo que sua tolerância em mananciais não

deve ultrapassar 1,0mg/L, expresso em nitrogênio[34].

O nitrito, quando presente na água de consumo humano, tem um efeito mais rá-

pido e pronunciado do que o nitrato. Se o nitrito for ingerido diretamente, pode ocasionar

metemoglobinemia independente da faixa etária do consumidor.

O nitrito pode ser resultante da oxidação da amônia pelas bactérias nitrosomo-

nas em ambiente aeróbio, conforme Equação 2.

2NH3 + 3O2 2 H+ + 2 NO2

- + 2 H2O + energia ( Equação 2 )

Em ambientes aeróbicos (ricos em oxigênio), como na superfície dos lagos, o

nitrogênio existe na sua forma mais oxidada e mais estável, nitrato/ NO3- [29]. Os deje-

tos humanos e de animais são suas principais fontes. O nitrato pode ser formado a partir

da oxidação do nitrito em condições aeróbias, conforme Equação 3.

2NO2- + O2 2NO3

- + energia ( Equação 3 )

Segundo BAIRD [29], o cultivo intensivo da terra, mesmo sem a aplicação de

fertilizantes ou esterco facilita a oxidação para nitrato do nitrogênio reduzido presente na

matéria orgânica decomposta no solo sob o efeito da aeração e da umidade. O autor a-

crescenta ainda que existem ecossistemas completamente dominados pelos compostos de

nitrogênio.

Sob a forma de NO3-, o nitrogênio tem muita mobilidade nos solos, se acumu-

lando nos lençóis freáticos onde a denitificação não acontece por falta de matéria orgâni-

ca, tornando-se então um poluente das águas [31, 34]

O NO3- normalmente não causa nenhum efeito na água doce, onde usualmente é

o fósforo e não o nitrogênio o nutriente limitante; o aumento da concentração do nitrato

sem o aumento da concentração do fósforo, não leva a um aumento do crescimento das

plantas. Entretanto existem casos onde o nitrogênio é o nutriente limitante, mesmo em

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água doce [29]. O nitrato não é tóxico nas concentrações normalmente encontradas na

água, porém no organismo humano ele pode ser transformado em nitrito conforme Equa-

ção 4.

NO3- + 2 H

+ + 2e- NO2

- + H2O ( Equação 4 )

Considera-se que a toxicidade do nitrato é devido à sua redução a nitrito. Corpos

d'água com excesso de NO3- podem causar metemoglobinemia (ou síndrome do bebê a-

zul). A metemoglobinemia, efeito tóxico mais comumente assinalado pela ingestão de

água contaminada por nitrato, é um estado resultante da oxidação (pelo nitrito) do Fe+2

,

presente na hemoglobina (veículo do oxigênio no sangue dos mamíferos), em Fe +3

. A

metemoglobina é incapaz de fornecer seu oxigênio aos tecidos devido ao valor elevado

de sua constante de dissociação [34].

De acordo com alguns autores [35], o mecanismo bioquímico da oxidação da

hemoglobina pelo nitrito não está ainda bem esclarecido. Segundo eles deve ocorrer a

passagem do nitrito a nitrato com transformação da oxiemoglobina em hidróxido de he-

moglobina e redução da água conforme a Equação 5:

NO2-

+ 2Hb++

.O2 + H2O NO3-

+ 2Hb+++

.OH + O2 ( Equação 5 )

A metemoglobinemia atinge principalmente os bebês, onde o pH estomacal está

na faixa de 5 a 7 e pode ser mortal. Em quase todos os adultos a hemoglobina oxidada é

facilmente reduzida novamente para sua forma transportadora de oxigênio e o nitrito é

rapidamente oxidado para nitrato. Além disso, o nitrato é absorvido, principalmente no

trato digestivo dos adultos antes que possa ser reduzido para nitrito [29]. Não existe uma

relação precisa entre as doses de nitrato e a taxa de metemoglobina no sangue, mas esti-

ma-se que a doença pode aparecer quando as concentrações de nitrato na água de consu-

mo ultrapassa 50 mg/L [31].

3.4.2.2 – Demanda bioquímica de oxigênio – DBO

O aumento da demanda bioquímica de oxigênio (DBO), em um corpo d'água, é

provocado por despejos de origem predominantemente orgânica. A presença de um alto

teor de matéria orgânica pode induzir a completa extinção do oxigênio na água, provo-

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cando o desaparecimento de peixes e de outros organismos. A DBO é definida como a

quantidade de oxigênio necessária para oxidar a matéria orgânica por decomposição mi-

crobiana aeróbia para uma forma inorgânica estável.

A DBO é normalmente considerada como a quantidade de oxigênio consumida

durante um determinado período de tempo, numa temperatura de incubação específica.

Um período de tempo de 5 dias numa temperatura de incubação específica é freqüente-

mente usado e referido como DBO5.

As águas naturais utilizadas para abastecimento público apresentam geralmente

DBO < 5 mg /L de O2. Valores de DBO mais elevados podem ser apresentados em cor-

pos d’água receptores de efluentes domésticos (DBO da ordem de 200 a 300 mg/L) e in-

dustriais ou de águas lixiviadas de criatórios de animais como por exemplo os currais e

as pocilgas [26]. Esse aumento pode indicar o incremento da microflora presente e inter-

ferir no equilíbrio da vida aquática, além de produzir sabores e odores desagradáveis,

bem como obstruir os filtros de areia utilizados nas estações de tratamento de água [36].

Segundo a Resolução CONAMA 357/05, no artigo 10, parágrafo 1º, os limites

de demanda bioquímica de oxigênio (DBO) estabelecidos para as águas doces de classes

2 e 3 poderão ser elevados, caso o estudo da capacidade de autodepuração do corpo re-

ceptor demonstre que as concentrações mínimas de oxigênio dissolvido (OD) previstas

não serão desobedecidas nas condições de vazão de referência, com exceção da zona de

mistura.

3.4.2.3 –Demanda química de oxigênio – DQO

É um indicador de matéria orgânica. Baseia-se na concentração de oxigênio

consumido para oxidar a matéria orgânica, biodegradável ou não, em meio ácido e con-

dições energéticas por ação de um agente químico oxidante forte. No caso de águas o pa-

râmetro torna-se particularmente importante por estimar o potencial poluidor (consumi-

dor de oxigênio), de efluentes domésticos e industriais, assim como estimar o impacto

dos mesmos sobre os ecossistemas aquáticos [37].

Os valores da DQO são expressos em mg O2/L e normalmente são maiores que

os da demanda bioquímica de oxigênio de 5 dias a 20 °C, DBO5,20, sendo o teste realiza-

do num prazo menor. O aumento da concentração de DQO num corpo d'água se deve

principalmente a despejos de origem industrial [38.

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A diferença entre DBO e DQO está no tipo de matéria orgânica estabilizada:

enquanto a DBO se refere exclusivamente à matéria orgânica mineralizada por atividade

dos microorganismos, a DQO engloba também a estabilização da matéria da matéria or-

gânica ocorrida por processos químicos. Assim sendo, o valor da DQO é sempre superior

ao da DBO. Além do mais, a relação entre os valores de DQO e DBO indica a parcela de

matéria orgânica que pode ser estabilizada por via biológica.

3.4.2.4 - Fósforo total

No ambiente aquático, o fósforo pode ser encontrado sob várias formas:

orgânico: solúvel (matéria orgânica dissolvida) ou particulado (biomassa

de microorganismos);

inorgânico: solúvel (sais de fósforo) ou particulado (compostos minerais,

como apatita)

A fração mais significativa no estudo do fósforo é a inorgânica solúvel, que po-

de ser diretamente assimilada para o crescimento de algas e macrófitas. A presença de

fósforo na água está relacionada a processos naturais (dissolução de rochas, carreamento

do solo, decomposição de matéria orgânica, chuva) ou antropogênicos (lançamento de

esgotos, detergentes, fertilizantes, pesticidas) [7]. Alguns efluentes industriais como os

de indústrias de fertilizantes, pesticidas, químicas em geral, conservas alimentícias, aba-

tedouros, frigoríficos e laticínios apresenta fósforo em elevadas concentrações.Águas

drenadas em áreas agrícolas e urbanas podem também provocar a presença de fósforo

em altas concentrações nas águas naturais[39] .

O fósforo é o nutriente mais importante para o crescimento de plantas aquáticas.

Quando esse crescimento é excessivo pode ocorrer o fenômeno chamado de eutrofização

que é um fenômeno natural de envelhecimento dos lagos. Este processo muito lento se

estende por vários anos e é normalmente pouco perceptível na escala de uma geração.

Entretanto pode ser acelerado pelo fornecimento de novas fontes de nutrientes. Por isso,

é também considerado como um problema ambiental atual que se amplia a cada dia, tan-

to em nível continental quanto marinho. Uma grande eutrofização tem como conseqüên-

cia uma redução drástica do número de espécies aquáticas vegetais e animais. Há tam-

bém a degradação da água de tal forma que compromete as suas variadas utilizações,

principalmente a produção da água potável [31]. Nos meses de verão a eutrofização po-

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de ser verificada através da proliferação de algas, que são microorganismos que contêm

clorofila e que produzem seu alimento através da fotossíntese. As algas, segundo GUZ-

ZO [9], são resistentes e de difícil remoção e no seu processo da fotossíntese, cuja pre-

sença luz é indispensável, absorvem CO2 e liberam O2. O oxigênio liberado pelas algas

durante a fotossíntese é benéfico para a maioria das formas de vida do meio aquático. O

nutriente limitador do processo é o fosfato orgânico. A presença de ferro, alumínio, cál-

cio e manganês facilita a precipitação do fosfato.

A Resolução CONAMA 357/05, artigo 10º diz o seguinte: parágrafo 2º - os va-

lores mínimos admissíveis dos parâmetros relativos às formas químicas de nitrogênio e

fósforo, nas condições de vazão de referência, poderão ser alterados em decorrência de

condições naturais, ou quando estudos ambientais específicos, que considerem também a

poluição difusa, comprovem que esses novos limites não acarretarão prejuízos para os

usos previstos no enquadramento do corpo de água; parágrafo 3º - para águas doces de

classes 1 e 2, quando o nitrogênio for fator limitante para eutrofização, nas condições es-

tabelecidas pelo órgão ambiental competente, o valor de nitrogênio total (após oxidação

não deverá ultrapassar 1,27 mg/L para ambientes lóticos e 2,18 mg/L para ambientes lên-

ticos, na vazão de referência.

3.4.2.5 - Oxigênio dissolvido

O oxigênio tem uma baixa solubilidade na água. Sob condições normais de tem-

peratura e pressão sua concentração de saturação na água é de 9,2 mg/L, enquanto no ar é

da ordem de 270 mg/L. O oxigênio dissolvido (OD) é um parâmetro muito importante

como indicativo de poluição e grau de depuração, uma vez que qualquer consumo inde-

vido traz imediatamente repercussões na vida aquática.

As águas superficiais de boa qualidade devem estar saturadas de oxigênio. Se-

gundo FARIAS [6], um rio considerado limpo, em condições normais, apresenta um teor

de OD entre 8 a 10 mg/L.

As variações nos níveis de OD estão relacionadas com os processos físicos,

químicos e biológicos que ocorrem no meio aquático. Sua redução pode ocorrer por ra-

zões naturais como a respiração dos organismos presentes nos ambientes aquáticos, co-

mo também por perdas para a atmosfera, oxidação de íons, na presença de sólidos em

suspensão e de substâncias orgânicas biodegradáveis, como esgoto doméstico, vinhoto e

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certos resíduos industriais [40]. A decomposição da matéria orgânica nos cursos d’água

pode também reduzir o teor de OD, bem como o pH da água, pela liberação de gás car-

bônico e formação de ácido carbônico a partir deste.

A concentração mínima de oxigênio dissolvido necessária para a manutenção

da vida aquática está na faixa entre 2 a 5 mg/L OD, de acordo com a necessidade de cada

organismo. A concentração de OD disponível mínima para a sobrevivência da maioria

dos peixes é de 4 mg/L e de 5 mg/L para trutas e salmões [27]. Portanto a morte de pei-

xes em rios poluídos se deve à ausência de oxigênio e não à presença de substâncias tó-

xicas.

Em ausência de OD (condição de anaerobiose) os compostos químicos são en-

contrados na sua forma reduzida, geralmente solúvel no meio líquido, disponibilizando

as substâncias para assimilação pelos organismos que sobrevivem nessas condições no

meio aquático [6].

3.4.2.6 – pH

O potencial hidrogeniônico (pH) da água representa a intensidade das condições

ácidas ou alcalinas do ambiente aquático. Consiste na concentração de íons H+ nas águas.

É determinado em escala antilogarítmica (-pH= - log10 [H+] ), compreendendo o intervalo

de 0 a 14. Valores de pH inferiores a 7 indicam condições ácidas e superiores, indicam

condições básicas ou alcalinas da água natural.

O pH influi no grau de solubilidade de diversas substâncias, na distribuição das

formas livre e ionizada de diversos compostos químicos, definindo inclusive o potencial

de toxicidade de vários elementos.

As águas naturais de superfícies apresentam pH variando de 6,0 a 8,5, intervalo

adequado para a manutenção da vida aquática, embora a prevalência de matéria orgânica,

manifestada na cor verdadeira , concorra para valores abaixo de 5.

Nas águas naturais as variações de pH são ocasionadas geralmente pelo consumo

e/ou produção de dióxido de carbono (CO2), realizados pelos organismos fotos-

sintetizadores e pelos fenômenos de respiração/fermentação de todos os organis-

mos presentes na massa de água, produzindo ácidos orgânicos fracos [6].

O pH é muito influenciado pela quantidade de matéria orgânica a ser de-

composta. Quanto maior a quantidade de matéria orgânica disponível, menor o pH, de-

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vido à produção de ácidos húmicos e fúlvicos na decomposição de material disponível.

As águas do Rio Negro, no Amazonas possuem pH muito baixo, devido ao excesso

desses ácidos em solução. O pH de um corpo d'água também pode variar, depen-

dendo da área de d renagem da baci a . Quanto mais ácido for o solo da bacia, mais

ácidas serão as águas deste corpo d'água [6].

Os valores de pH dos rios brasileiros situam-se na faixa de ácido a neutro. Al-

guns rios da Amazônia brasileira possuem pHs próximos de 3 que é um valor muito

baixo para suportar diversas formas de vida. Rios que cortam áreas pantanosas

(rios de mangue, por exemplo) também têm águas com pH muito baixo, devido à pre-

sença de matéria orgânica em decomposição [6].

O pH pode atingir valores muito altos, chegando a 9 ou até mais, em lagoas

com grande população de algas, nos dias ensolarados. Isso porque no processo da fo-

tossíntese, as algas retiram muito gás carbônico, que é a principal fonte natural de aci-

dez da água. Em alguns lagos africanos o pH pode apresentar valores superiores a 10

em função da composição química de suas águas 10 [7] .

Geralmente um pH muito ácido ou muito alcalino está associado à presença

de despejos industriais [41]. As águas naturais de superfícies apresentam pH variando

de 6,0 a 8,5, intervalo adequado à manutenção da vida aquática, embora a prevalência de

matéria orgânica, manifestada na cor verdadeira , concorra para valores abaixo de 5.

Segundo a Resolução CONAMA 357/05 a faixa de pH para as águas doces de

todas as classes é de 6,0 a 9,0 enquanto a Portaria 518/04 do Ministério da Saúde estabe-

lece valores no intervalo de 6 a 9,5 para o pH da água tratada. Neste último caso este

amplo intervalo visa minimizar as perspectivas de corrosão (para valores muito baixos)

ou incrustação (para valores elevados) nas redes de distribuição.

3.4.2.7 – Metais

Os metais pesados são de grande importância para os ecossistemas aquáticos.

Nestes, participam de vários processos metabólicos, como a precipitação da matéria or-

gânica dissolvida que produz uma melhor aparência da água, resultando assim, numa in-

fluência positiva sobre a produção de fitoplâncton. Alguns deles são essenciais no pro-

cesso da fotossíntese como, por exemplo, Zn, Fe, Cu e Co [42]. Outros elementos como

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Hg, Pb, Cd, Ag, Ni e Sn não têm função biológica conhecida e são geralmente tóxicos a

uma variedade de organismos [41].

Apesar da função, alguns desses elementos apresentam alta toxidade aos orga-

nismos vegetais e animais, quando presentes em grandes concentrações Em determinadas

concentrações são considerados contaminantes químicos nas águas causando danos à sa-

úde, podendo inclusive, inviabilizar os sistemas públicos de água, uma vez que as esta-

ções convencionais de tratamento não os removem eficientemente e os tratamentos espe-

ciais necessários são de custo elevado. Nessas concentrações merecem atenção especial,

pois, por não serem biodegradáveis, permanecem por longos períodos no ambiente prin-

cipalmente nos sedimentos [43].

De acordo com CHAVES [14], treze metais e metalóides tem sido reconheci-

dos como potencialmente perigosos para a vida humana e a biota aquática e incluídos nas

listas de poluentes prioritários (Priority Pululantes List) das agências de controle ambi-

ental do mundo. São eles : As, Sb, Be, Cd, Cr, Cu, Pb, Hg, Ni, Se, Ag, Th e Zn.

Os metais são absorvidos e se acumulam nos invertebrados aquáticos atingindo

concentrações mais elevadas em unidades de peso do que as suas concentrações nas á-

guas do entorno. Após a absorção, que se dá através da difusão facilitada, o excesso do

metal é excretado ou acumulado ligado a proteínas.

A introdução dos metais pesados nos ambientes aquáticos ocorre naturalmente

através de processos geoquímicos, no intemperismo ou por fontes antropogênicas.

[44,45].

Neste estudo foram investigadas as concentrações dos metais: Alumínio(Al), bá-

rio (Ba), berílio (Be), cádmio (Cd), chumbo (Pb), cobalto (Co), cobre (Cu), cromo (Cr),

ferro (Fe), lítio (Li), manganês (Mn), níquel (Ni), prata(Ag), mercúrio (Hg), vanádio (V)

e zinco (Zn) e os metalóides antimônio (Sb), arsênio (As), boro (B), e selênio (Se).

3.4.2.7.a - Alumínio (Al)

O alumínio é o terceiro elemento mais abundante na crosta terrestre( cerca de

8%). É encontrado em certo número de minerais tais como o feldspato e a mica que com

o tempo se decompõe em argila [33].

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O alumínio é principalmente extraído sob a forma de bauxita, um mineral con-

tendo de 40 a 60 por cento de óxido de alumínio (alumina). O alumínio está presente

também no solo, nos tecidos das plantas e dos animais

Os sais de alumínio são utilizados pela indústria farmacêutica como ingredientes

importantes dos antiácidos e dos anti-diarréicos. O alumínio é igualmente muito utilizado

como aditivo alimentar e como componente dos materiais de embalagem de produtos a-

limentícios. Além disso, uma grande quantidade de sais de alumínio (alúmen) é comu-

mente utilizada como floculante no tratamento da água potável [33].

Os estudos realizados com os rios da América do Norte mostraram que o alumí-

nio é encontrado mais freqüentemente nas águas superficiais do que nas águas subterrâ-

neas; somente 9% das águas subterrâneas apresentaram quantidades detectáveis de alu-

mínio(limite de detecção 0,014 mg/L) enquanto 78% das águas superficiais continham

alumínio detectável [33].

A especiação química do alumínio na água potável é de interesse particular, pois

é a forma do alumínio que determina sua mobilidade, sua biodisponibilidade e sua toxi-

cidade. O pH é um dos fatores que determinam a forma do alumínio presente na água. A

solubilidade do alumínio aumenta em pHs menores em razão da formação de Al(OH)2+,

Al(OH)2+

e de Al(H2O)63+

. A forma sob a qual o alumínio está presente na água potável

depende também da fluoretação, pois o fluoreto tem uma grande afinidade com o alumí-

nio, sobretudo em condições ácidas. Nas águas fluoretadas em pHs inferiores a 6,5 pre-

dominam as espécies AlF2+ e AlF3 [33].

Não existe nenhuma prova convincente e sólida indicando que o alumínio na

água potável possa ser a causa de efeitos nocivos ao ser humano; o alumínio não afeta a

aceitabilidade da água potável pelos consumidores e não prejudica os mecanismos de

abastecimento de água de boa qualidade. Por conseqüência, não é estabelecida recomen-

dação em matéria de saúde ou de objetivo estético para o alumínio na água potável [33].

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) é possível estabelecer um

valor guia baseando-se na otimização do processo de coagulação da água potável para

plantas que utilizam coagulantes à base de alumínio. Para grandes instalações de trata-

mento de águas estabeleceu-se 0,1 mg/L ou menos e 0,2 mg/L ou menos para pequenas

instalações [46].

As concentrações de alumínio deveriam ser expressas sob a forma de média

móvel anual de amostras mensais porque as concentrações de alumínio na água potável

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podem variar muito rapidamente com as mudanças de qualidade da água bruta ou com as

mudanças de exploração [33].

Na Portaria 518/04 o alumínio faz parte das substâncias que são padrões de a-

ceitação para consumo humano e sua concentração máxima estabelecida é de 0,2 mg

Al/L.

3.4.2.7.b - Antimônio (Sb)

O antimônio ocorre naturalmente no meio ambiente e pode também ser introdu-

zido através de diversas aplicações do homem.

O antimônio não é um elemento essencial para a vida humana. Sua toxicidade

depende do estado de oxidação em que se encontre. Geralmente as formas corresponden-

tes ao estado de oxidação +3 manifestam maior toxicidade do que as correspondentes no

estado de oxidação +5. O antimônio não é bioacumulativo.

A evolução do antimônio no meio aquático é determinada por vários fatores

dentre eles o pH, o potencial de oxirredução, as interações de sorção e a metilação de o-

rigem biológica. Em meio aquático o antimônio pode se apresentar sob a forma de íon ou

de complexo solúvel. A maior parte do antimônio dissolvido (no estado de oxidação +5)

que poderia ser rejeitada nas águas naturais precipita rapidamente sob a forma de trióxido

de antimônio ou de pentóxido de antimônio e é eliminada por sedimentação [33].

Os compostos de antimônio foram utilizados durante muito tempo como agentes

terapêuticos heméticos para as doenças parasitárias, tais como: schistosomose, leishma-

niose, tripanossomíase e o granuloma ulceroso. Os efeitos secundários da terapia com

antimônio cuja dosagem média pode atingir 1g/dia, durante 10 dias, incluem a miocardia,

a hepatite e a nefrite. Uma intoxicação aguda se caracteriza por dores abdominais, vômi-

tos, diarréia, desidratação, dores musculares, hemoglobinúria, anúria e uremia. Níveis de

antimônio em torno de 30mg/L em uma bebida contaminada provocou náuseas, vômitos

e diarréias em 150 crianças [33].

A concentração máxima aceitável de antimônio na água potável é calculada a

partir da ACT (aporte cotidiano tolerável), cujo valor é de 0,004 mg/L que é inferior ao

limite de dosagem prática. A concentração máxima aceitável provisória de antimônio na

água potável foi estabelecida no limite da dosagem prática que é de 0,006 mg/L [33.

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Dos países da America do Sul aqui estudados, o Brasil é o único que controla o

teor de antimônio na água tratada, estabelecendo um valor máximo permitido de 0,005

mg/L, para as águas doces das classes 1 e 2 e para o padrão de potabilidade da Portaria

518/04.

3.4.2.7.c - Arsênio (As)

As águas de rios e lagos geralmente apresentam teores de arsênio menores do

que 10 µg/L, se não ocorrerem contaminações antropogênicas, tais como fabricação de

agrotóxicos arseniais, fundição e atividades de mineração [47].

O arsênio é um semimetal que pode existir em quatro estados de oxidação: arse-

nato (+5), arsenito (+3), arsina (-3) e o metal (0). As espécies solúveis geralmente ocor-

rem nos estados de oxidação +3 e +5.

Os compostos do arsênio apresentam diferentes toxicidades dependendo da for-

ma química. A toxicidade decresce na seguinte ordem: compostos de As+3

inorgânico >

compostos de As+5

inorgânico > As+3

orgânico > compostos de As+5

orgânico. Em ter-

mos de intensidade o As+3

é cerca de 10 vezes mais tóxico do que a dos compostos de

As+5

[47].

Os sinais e sintomas causados pelo As diferem entre indivíduos, grupos popula-

cionais e áreas geográficas, podendo variar desde lesões de pele, problemas respiratórios,

doenças cardiovasculares e distúrbios neurológicos até vários tipos de câncer (de pele,

pulmão (inalação), próstata, bexiga, rim e fígado) [48,49].

O Arsênio é usado como inseticida, herbicida, fungicida, na indústria da preser-

vação da madeira e em atividades relacionadas com a mineração e com o uso industrial

de certos tipos de vidros, tintas e corantes.

3.4.2.7.d - Bário (Ba)

O bário pode ocorrer naturalmente na água, na forma de carbonatos em algumas

fontes minerais. Decorre principalmente das atividades industriais e da extração da bau-

xita. Não possui efeito cumulativo, sendo que a dose fatal para o homem é considerada

de 550 a 600 mg.

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Os sais de bário são utilizados industrialmente na elaboração de cores, fogos de

artifício, fabricação de vidro, inseticidas, etc. Em geral, ocorre nas águas naturais em

concentrações muito baixas, de 0,7 a 900 µg/L [28].

3.4.2.7.e – Berílio (Be)

O Berílio é um metal muito leve. Devido às suas propriedades como alta resis-

tência e elevada condutividade térmica tem sido usado em muitas aplicações industriais e

militares.

A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos - USEPA [50] conside-

ra um limite máximo de 130 µg/L de Be para prevenir efeitos agudos na biota aquática e

5,3 µg/L para prevenir efeitos crônicos. Com relação à saúde humana, considera tolerá-

vel um valor máximo de 3,7 ng / L em água potável e um pouco mais nos tecidos dos

peixes. A Portaria 518/04 não estabelece nenhum limite para este metal, entretanto a Re-

solução CONAMA 357/05 estabelece, para águas doces destinadas ao abastecimento pú-

blico para as classes 1 e 2, o limite de 0,04mg/L Be. Para a classe 3 esse limite passa

para 0,1mg/L. A legislação brasileira também não estabelece nenhum valor para lançamento

de efluentes.

3.4.2.7.f – Boro (B)

O boro elementar não é significativamente tóxico, não podendo ser classificado

como veneno. Quando em pó muito fino, é duro e abrasivo, podendo causar indiretamen-

te problemas de pele, se esta for esfregada depois de estar em contato com ele.

Parecem ser indispensáveis pequenas quantidades de boro na água para o cres-

cimento das plantas, mas em grandes quantidades é tóxico. A importância do boro para

as plantas tem sido crescente, devido principalmente à expansão da agricultura em áreas

de baixa fertilidade natural e sob condições de alta pluviosidade [51]

A Portaria nº 518/04 do Ministério da Saúde do Brasil não faz referência a este

parâmetro, no entanto, a OMS recomenda valor máximo de 0,5 mg/L para água potável.

A resolução CONAMA 357/05 controla este parâmetro nas águas doces das classes 1 e 2

, destinadas ao abastecimento doméstico estabelecendo um valor limite de 0,5 mg/L. Para

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as águas da classe 3 esse valor passa para 0,75 mg/L B. Para lançamento de efluentes o

valor é 5,0 mg/L.

3.4.2.7.g - Cádmio (Cd)

O cádmio é um elemento que não possui função biológica e é altamente tóxico a

animais e plantas, no entanto os níveis naturalmente encontrados normalmente não cau-

sam toxicidade aguda. O maior risco à saúde do homem provém da sua acumulação nos

rins, onde pode causar disfunção no córtex, em concentrações acima de 200mg/kg de pe-

so fresco. A entrada de cádmio no organismo humano se dá principalmente através dos

alimentos, entretanto o fumo e as exposições ocupacionais aos vapores de óxido de cád-

mio (CdO) são também fontes importantes de contaminação[46].

O cádmio é um dos metais mais preocupantes, principalmente devido a ser fa-

cilmente absorvido pelas plantas, acumulando-se à medida que sobe na cadeia trófica. A

FAO/WHO recomenda que o nível de ingestão máxima tolerada seja 400 a 500 μ-

g/semana o que equivale a aproximadamente 70 μg/dia. Os fumantes acrescentam uma

dose extra de 20 a 35 μg/dia à sua ingestão.

Nas águas naturais, é encontrado em sedimentos de fundo e em partículas em

suspensão. Em águas não poluídas sua concentração é inferior a 1,0 μg/L [43].

O cádmio, em pequenas doses, afeta os órgãos reprodutores de alguns animais.

No homem, provoca irritação gastrintestinal com ocorrência de vômitos, ataca a medula

óssea consequentemente, à redução dos glóbulos vermelhos gerando anemia. Causa hi-

pertensão, doenças cardiovasculares, diminuição da massa óssea, retardo do crescimento

em crianças, prejudica a capacidade excretora dos rins [27]. Um único caso de toxicidade

do cádmio, mundialmente aceito foi a doença Itai-Itai ou Dói-Dói, observada no Japão

em pessoas que se alimentavam de arroz contaminado (conc. entre 0,005 mg/L a 0,18

mg/L) por uma mina de zinco [52].

3.4.2.7.h - Chumbo (Pb)

O chumbo é o metal tóxico mais comum. Por ser um metal mole resistente à

corrosão e tendo um ponto de fusão baixo (327°C) vem sendo bastante utilizado desde a

época do romanos. Por este motivo é um metal bastante presente no meio ambiente [33].

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O chumbo é um metal tóxico cumulativo de efeitos generalizados, sendo mais

acentuadas em fetos, recém nascidos, crianças de seis anos ou menos e mulheres gestan-

tes, que por causa do feto são as mais sensíveis aos efeitos nocivos sobre a saúde. O

chumbo pode atacar gravemente o sistema nervoso central. Os sinais de intoxicação agu-

da são dentre outros, moleza, agitação, irritabilidade, baixa capacidade de atenção, cefa-

léias, tremores musculares, alucinações e perda de memória além de encefalopatias em

adultos com concentrações de chumbo no sangue de 100 a 120 μg/dL e em crianças com

concentrações entre 80 e 100 μg/dL. Sinais de intoxicação crônica (saturnismo) incluem

fadiga, sono, irritabilidade, cefaléia, dores articulares e sintomas gastrointestinais. Os e-

feitos da exposição ao chumbo variam de acordo com o nível e duração da exposição e

com outros fatores [33].

A queima de combustíveis fósseis é uma das suas principais fontes de poluição

além das fontes ambientais de chumbo e seus sais como a ingestão de ar, poeira, alimen-

tos, bebidas e tintas [42]. Em condições naturais apenas traços são encontrados nas águas

(na ordem de 0,01μg/L ou menos) [27].

TOMAZZELI [54], estudando a comparação entre as concentrações de chumbo,

cádmio e mercúrio em seis bacias hidrográficas de São Paulo (Alto Paranapanema, Pei-

xe, Aguapeí, São José dos Dourados, Mogi-Guaçu e Piracicaba) encontrou concentrações

relativamente elevadas de Cd no material particulado do rio Piracicaba. No rio Mogi-

Guaçu, considerado no passado contaminado por Hg (atualmente os níveis foram reduzi-

dos, conforme observação da autora), pode sê-lo agora, em relação ao Cd e ao Pb, devido

ao acúmulo destes metais na biota aquática.

3.4.2.7.i - Cobalto (Co)

O cobalto é um elemento químico essencial à vida do homem. Está presente na

vitamina B12, tem sua utilização principal na indústria metalúrgica para produção de a-

ços com características especiais de dureza e resistência. Na forma de óxidos é utilizado

como catalisador na indústria química e de óleos. Na forma de sais, uma das utilizações é

na indústria de cerâmica, como pigmento [55].

O cobalto, assim como todos os micronutrientes essenciais, apresenta duas zo-

nas de exposição incompatíveis com a vida: tanto a deficiência como o excesso podem

levar à doença ou à morte. Os efeitos tóxicos observados nas exposições a diferentes

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35

compostos de cobalto são mais pronunciados nos pulmões, na forma de asma brônquica e

fibrose [55] .

O cobalto é encontrado na água potável normalmente na faixa entre 0,1 – 5 μ-

g/L. Não é nem parâmetro da qualidade nem de potabilidade das águas.

3.4.2.7.j - Cobre (Cu)

O cobre é considerado um dos elementos essenciais mais importantes para toda

a biota. Em pequenas concentrações participa dos processos metabólicos, catalisando a

assimilação do ferro e seu aproveitamento na síntese da hemoglobina do sangue humano,

facilitando a cura de anemias.

Concentrações normais de cobre nas águas superficiais variam consideravel-

mente, de 0,5 a 1.000 mg/L e na água do mar de 1 a 5 µg/L . A presença de concentra-

ções elevadas de cobre pode eliminar espécies aquáticas sensíveis como as dafneas e

lesmas, importante fonte de elemento para os peixes [47].

Segundo pesquisas efetuadas, é necessária uma concentração de 20 mg/L de co-

bre ou um teor total de 100 mg/L por dia na água para produzirem intoxicações humanas

com lesões no fígado. Concentrações de cobre iguais a 5 mg/L produzem gosto na água

tornando-a impalatável.

O Cobre, aplicado sob a forma de sulfato de cobre CuSO4.5H2O, em dosagens

de 0,5 mg/L é um poderoso algicida no tratamento das águas. Concentrações a partir 0,5

mg/L são extremamente prejudiciais aos peixes; para os microorganismos a toxicidade

começa a partir de concentrações de 1,0 mg/L [27].

A toxicidade hereditária do cobre pode provocar no homem a chamada doença

de Wilson. Os portadores dessa doença não eliminam o excesso de cobre espontanea-

mente, acumulando esse metal logo após o nascimento. Em excesso, ataca o fígado e o

cérebro, provocando hepatite e sintomas neurológicos e psiquiátricos. Os sintomas ge-

ralmente aparecem no fim da adolescência. Os pacientes podem apresentar doença do fí-

gado ou anomalias na função hepática, icterícia, inchaço do abdome, vômito de sangue

ou dor e estômago [43].

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36

3.4.2.7.l - Cromo (Cr)

O cromo é um metal que não é encontrado livre na natureza. Seus estados de o-

xidação mais comuns são: +2,+3 e +6. As formas tri e hexavalentes são as mais estáveis.

Exceto em regiões contendo minério de cromo, as concentrações em águas su-

perficiais e água potável são muito baixas, encontrando-se na faixa de 1 a 10 µg/L [47].

A presença do cromo (VI) advém de indústrias que utilizam processos de cro-

magem de metais, galvanoplastia, indústria de corantes, explosivos, cerâmica, vidro, pa-

pel, etc [26]. Embora nos despejos de curtumes haja predominância da espécie trivalente

Cr (III), dependendo de alguns parâmetros do corpo receptor, acredita-se que a oxidação

do Cr (III) à Cr (VI) possa ser favorecida, colocando em risco a fauna, a flora e a popula-

ção que utilizam essas águas[2].

Grandes quantidades de matéria orgânica presentes na água podem reduzir o

cromo (VI) a cromo (III). O cromo (III) pode ser adsorvido ao material particulado ou

formar complexos polinucleares de baixa solubilidade, permanecendo em suspensão na

forma coloidal e sendo transportado para o oceano ou precipitando-se e tornando-se

parte dos sedimento dos lagos e dos rios [47].

A contaminação por cromo, em ecossistemas fluviais, tem sido cada vez mais

agravada devido à necessidade e uso freqüente de compostos de cromo pelas indústrias

de curtimento de couro (curtumes) [27]. Sua toxicidade depende do estado de oxidação

em que é lançado no efluente. Baixos teores de cromo(III) são necessários ao metabolis-

mo humano e animal, porém existem muitas referências sobre os efeitos cancerígenos da

espécie hexavalente, Cr (VI), e outras sobre a possibilidade das espécies pentavalente Cr

(V), também serem cancerígenas[48]. Acredita-se que um dos fatores que contribui para

a elevada toxicidade do cromo (VI) em relação ao cromo (III), seja a sua grande habili-

dade em penetrar nas células [27].

3.4.2.7.m -Ferro Total

O ferro ao lado do alumínio é o mais importante elemento metálico no ambiente

terrestre. Em abundância, o ferro é o quarto elemento na crosta terrestre e o primeiro en-

tre os metais tóxicos.

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O ferro é um elemento essencial à nutrição. A ingestão de grandes quantidades

tem efeitos tóxicos, mas nada indica que a concentração de ferro comumente observada

nos alimentos e na água potável constitua um perigo para a saúde. Por isso uma concen-

tração máxima aceitável não foi determinada.

O ferro é encontrado principalmente sob a forma de Fe (II) e Fe (III). Ele é en-

contrado geralmente nas águas superficiais sob a forma de sais contendo Fe (III) quando

o pH é superior a 7. Alguns destes sais são insolúveis e são precipitados ou adsorvidos

sobre diferentes superfícies. A concentração de ferro(II) nas águas bem aeradas é rara-

mente elevada. Em meio redutor como em certas águas subterrâneas, certos lagos ou re-

servatórios e em ausência de sulfeto e carbonato, pode-se encontrar Fe (II) solúvel em

concentração elevada. A presença de ferro em fontes naturais de abastecimento de água é

atribuível à decomposição da rocha e de minerais, às águas ácidas de drenagem de minas,

às águas de lixívias de descargas controladas, aos efluentes de esgotos como também aos

rejeitos dos setores industriais que tratam o ferro. O ferro aparece, normalmente, associa-

do com manganês [46].

Em concentrações acima de 0,3 mg/L, o ferro pode manchar roupas e ainda dar

sabor e cor desagradáveis e dureza às águas tornando-as inadequadas ao uso doméstico e

industrial. O ferro pode também estimular a multiplicação de certos microorganismos

que podem formar uma película biológica nas tubulações [27].

Por razões de qualidade estética ou organoléptica o valor fixado para o ferro na

água potável é de ≤ 0,3 mg/L.

3.4.2.7.n - Lítio (Li)

O lítio é usado na medicina há mais de 140 anos como antidepressivo e antir-

reumático. É essencial para o equilíbrio do sistema nervoso entretanto é expulso do orga-

nismo devido ao uso excessivo de elementos como flúor, cloro, bromo e iodo. A essen-

cialidade do lítio no organismo humano ainda não está claramente estabelecida. O lítio é

importante na síntese de neurotransmissores cerebrais. O aumento de lítio na água pode

apresentar menor incidência de doenças cardíacas e aterosclerose e também um menor

número de internações psiquiátricas. A deficiência de lítio também é associada com au-

mento da agressividade. O lítio tem um efeito positivo nos distúrbios do humor. Poucas

pessoas tem níveis adequados de lítio facilitando assim o aparecimento de depressão,

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violência, uso de drogas e suicídio. O lítio pode ser naturalmente encontrado na couve e

na mostarda [56].

3.4.2.7.o - Manganês (Mn)

É o metal de transição mais abundante após o ferro e o titânio. E seus compostos

mais comuns são formados nos estados de oxidação +2,+3 e +7. É um elemento essencial

para o homem e para os animais, estando presente nas células dos organismos vivos [27].

Os sais manganosos (Mn (II), Mn+2

) são solúveis em água, com exceção do car-

bonato e do fosfato que apresenta solubilidade menor. A adição do íon OH- às soluções

contendo Mn+2

resulta na formação de um hidróxido branco gelatinoso Mn(OH)2.

O Mn raramente atinge concentrações de 1,0 mg/L em águas superficiais natu-

rais e, normalmente, está presente em quantidades de 0,2 mg/L ou menos. É muito usado

na indústria do aço, na fabricação de ligas metálicas e baterias e na indústria química em

tintas, vernizes, fogos de artifícios e fertilizantes, entre outros. Sua presença, em quanti-

dades excessivas, é indesejável em mananciais de abastecimento público, pois na forma

iônica pode originar problemas de sabor, odor e coloração (turbidez) na água distribuída,

além de provocar aparecimento de manchas nas roupas lavadas e acúmulo de depósitos

em sistemas de distribuição [27].

3.4.2.7.p - Mercúrio (Hg)

O mercúrio é um elemento tóxico, cumulativo, obtido a partir do cinábrio, que

se encontra em 16º lugar no conjunto dos elementos em abundância na terra. Ocorre em

processos naturais como emanações vulcânicas, intemperismo, ressuspensão de partícu-

las do solo pelo vento entre outros. Suas principais fontes antropogênicas incluem despe-

jos de rejeitos por indústrias de cloro-soda, atividades garimpeiras, emissões devido à

combustão de carvão e derivados do petróleo, aplicações agrícolas, fabrico de praguici-

das (fungicidas e herbicidas), etc [57].

O conhecimento das espécies de mercúrio presentes no ambiente é de grande

importância para se avaliar a sua toxicidade. Os compostos orgânicos como metil, etil e

dimetil mercúrio são altamente tóxicos ao homem. O mercúrio inorgânico, em sua forma

metálica, é praticamente inerte e reage muito pouco com o ambiente.

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O mercúrio em contato com solo se mistura e se fragmenta favorecendo assim a

formação de vapores que são transportados livremente pela atmosfera levando-os a se

condensarem em locais mais frios longe do local original, enquanto a maior parte se in-

filtra no solo atingindo e contaminando o lençol freático e os rios. Em contato com os

microorganismos da terra ou da água se transforma em metil mercúrio tornando-se assim,

mais perigoso, pois nesta forma pode haver absorção pela pele causando os terríveis efei-

tos ao sistema nervoso central, rins e fígado [58]. Os principais órgãos alvo da ação tóxi-

ca do mercúrio são cérebro, pulmão, rim, tubo digestivo e fígado, e por continuidade,

medula óssea e sistema cardiovascular.

Na década de 50 em Minamata, Japão, milhares de pessoas foram contaminadas

ao alimentar-se de peixes e outros pescados contaminados por mercúrio. Mães contami-

nadas pelo consumo de peixes deram luz às crianças defeituosas. Outros casos também

foram registrados como os ocorridos no Iraque, Paquistão, Gana e Guatemala, quando

centenas de famílias morreram após consumir pão caseiro cujas sementes de trigo havi-

am sido tratadas com um fungicida à base de metil e etilmercúrio e a morte da pesquisa-

dora Karen Wetterhahn vítima do contato direto com dimetilmercúrio. Acredita-se que

algumas gotas de dimetilmercúrio tenham caído sobre a luva de látex da pesquisadora e

penetrado em sua pele. composto rapidamente atingiu o sistema nervoso central provo-

cando alterações de ordem neurológica seguidas do coma que a levou à morte [59].

3.4.2.7.q – Níquel (Ni)

O níquel é um dos cinco elementos mais abundantes, vindo depois do ferro, do

oxigênio, do magnésio e do silício. Ocorre naturalmente em vários tipos de rochas e po-

de entrar para o meio ambiente através dos mecanismos de degradação das rochas.

As concentrações de níquel em mananciais abaixo da faixa de 2-10 µg/L. Con-

centrações em torno de 0,2-0,6 µg/L foram encontradas nos oceanos. A maior contribui-

ção para o meio ambiente, pela atividade humana, é a queima de combustíveis fósseis.

Como contribuintes principais são também os processos de mineração e fundição do me-

tal, fusão e modelagem de ligas, indústrias de eletrodeposição e, como fontes secundá-

rias, temos fabricação de alimentos, artigos de panificadoras, refrigerantes e sorvetes a-

romatizados. Doses elevadas de níquel podem causar dermatites nos indivíduos mais

sensíveis e afetar nervos cardíacos e respiratórios [27].

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3.4.2.7.r - Prata (Ag)

A prata é um elemento não essencial. Normalmente existe apenas traços nos te-

cidos dos animais e dos homens. Entretanto, ela se acumula lentamente no corpo ao lon-

go dos anos.

A ingestão de quantidades excessivas de prata pode causar argíria, um estado

caracterizado por uma coloração azul acinzentada da pele, olhos e mucosas. A dosagem

exata de prata que provoca esta doença ainda é desconhecida. A argíria é provocada pela

ingestão, em uma única dose, de 1000 mg de prata (como arsenamina-prata), quantidade

10 vezes menor que a dosagem de prata (como nitrato) que leva à morte [33].

Os alimentos constituem a principal fonte de ingestão de prata para as pessoas

que não são expostas a este elemento em seu trabalho. A dosagem cotidiana ingerida com

alimentos e água é muito inferior aos níveis de concentração que poderiam produzir efei-

tos nocivos. A presença da prata na água potável é negligenciável, exceto se este ele-

mento for utilizado como agente antimicrobiano nas plantas de tratamento de água. De

acordo com a OMS, os dados disponíveis sobre a prata não são adequados para que este

metal seja considerado como parâmetro de potabilidade através do estabelecimento de

valor guia.

3.4.2.7.s - Selênio (Se)

Segundo alguns trabalhos realizados, [33] o selênio é considerado um oligo-

elemento essencial para a nutrição dos animais, admite-se geralmente que é também in-

dispensável ao homem. O papel biológico essencial do selênio para o homem é provado

pela relação direta entre o mal de Keshan, uma miocardiopatia juvenil endêmica de certa

regiões da China e a carência em selênio na dieta alimentar Alguns estudos mostram que

este elemento poderia ter propriedades anti cancerígenas. Os alimentos constituem a

principal fonte de selênio, para as pessoas que não são expostas em seu trabalho, e os e-

feitos tóxicos decorrem com mais freqüência de uma ingestão alimentar excessiva. De-

terminou-se que o limite de toxicidez no homem varia entre 0,5 a 0,7 mg/dia e a ingestão

cotidiana inferiores a 0,02 ou 0,03 mg poderiam causar efeitos nocivos. No Brasil, a con-

centração máxima de selênio permitida é de 0,01 mg/L para as águas doces das classes 1

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e 2 [47]. Nesta concentração, a água potável contribui com um percentual entre 10 a 25

por cento da ingestão total de selênio.

3.4.2.7.t – Vanádio

O vanádio é um elemento metálico presente em rochas fosfáticas (fertilizantes),

petróleo (óleo cru, óleo de xisto) e carvão [33] . Industrialmente o vanádio é usado em li-

gas metálicas, produção de ferramentas de aço, cerâmica, catálise em processos quími-

cos, resistência à corrosão, para tingimento e estamparia.

O vanádio estimula a mineralização dos ossos e dentes e previne a formação de

cáries. O vanádio faz parte de uma enzima tireoideana necessária no processo de organi-

ficação do Iodo, necessário à síntese dos hormônios tireoideanos. Na deficiência de va-

nádio ocorre o aumento da tireóide. O vanádio parece ter também um papel importante

no diabetes.[26]

3.4.2.7.u - Zinco( Zn)

Em águas superficiais, normalmente as concentrações estão na faixa de < 0,001 a

0,10 mg/L. É largamente utilizado na indústria e pode entrar no meio ambiente através de

processos naturais e antropogênicos, entre os quais se destacam a produção de zinco pri-

mário, combustão de madeira, incineração de resíduos, produção de ferro e aço, efluentes

domésticos.

Águas com concentrações de zinco superiores a 5mg/L têm tendência a ser opa-

lescentes, a deixar uma película gordurosa após ebulição e a produzir um gosto indesejá-

vel devido à sua adstringência [34]. O zinco por ser um elemento essencial para o ser

humano, só se torna prejudicial à saúde quando ingerido em concentrações muito altas, o

que é extremamente raro. Neste caso, pode acumular-se em outros tecidos do organismo

humano; isso só ocorre quando as taxas de ingestão diária são elevadas.

3.5 – Critérios de qualidade das águas

Os parâmetros físico-químicos e microbiológicos fornecem dados importantes

para a caracterização e interpretação da qualidade da água. Existem inúmeras substâncias

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presentes na água que não devem ultrapassar os limites máximos permitidos pela legisla-

ção vigente, pois se tornam nocivos ao homem em uso contínuo, assim como para a so-

brevivência dos organismos aquáticos. Esses limites são estabelecidos através dos crité-

rios.

Alguns autores [11] definem “Critérios” como valores estabelecidos cientifica-

mente, que associam concentrações ou níveis de determinados parâmetros a efeitos no

meio ambiente. Um critério científico significa uma quantidade limite fixada para um de-

terminado parâmetro que, se obedecida, (limites máximos ou mínimos, conforme a natu-

reza do constituinte) protegerá os usos desejados para um determinado corpo d’água,

dentro de um grau de segurança. Segundo estes autores “Padrões” são valores-limites es-

tabelecidos por lei para serem atendidos num corpo hídrico destinado a um uso específi-

co. Para estabelecimento dos padrões de qualidade utilizam-se valores determinados pe-

los critérios.

Dessa forma, o padrão de qualidade para garantir um determinado uso deve ser

no mínimo igual ao critério de qualidade para esse uso[59].

A maioria das legislações utilizadas neste estudo apresenta no mínimo três clas-

ses de água destinadas ao consumo humano com exceção das legislações peruana e equa-

toriana que estabelecem apenas duas, conforme descrição abaixo:

Brasil

A legislação brasileira, Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente -

CONAMA 357/05, estabelece 04 classes de água para consumo humano que vai desde

aquela que requer apenas desinfecção (classe especial) até a classe III que requer trata-

mento convencional ou avançado.

Peru

Segundo a legislação peruana (Decreto Lei nº 17752) [60], as águas doces são

enquadradas em 7 classes, conforme a descrição seguinte:

I. Águas de abastecimentos domésticos com simples desinfecção;

II. Águas de abastecimentos domésticos com tratamento equivalente a

processos combinados de mistura e coagulação, sedimentação e cloração, aprovados pelo

Ministério da Saúde do Peru;

III. Águas para regas de vegetais consumidos crus e bebidas de animais;

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43

IV. Águas de zonas recreativas de contato primário( banhos e similares);

V. Águas de pesca de mariscos e bivalves;

VI. Águas de preservação da fauna aquática e pesca recreativa ou comer-

cial.

Neste trabalho foram consideradas apenas as águas destinadas ao abastecimento

doméstico ou seja as águas das classes I e II.

Portugal

A legislação portuguesa, Decreto-Lei n.o 236/98 [61], estabelece a seguinte

classificação para as água doces:

Águas para consumo humano (águas doces superficiais e subterrâneas)

Águas para suporte da vida agrícola (doces e salobras)

Águas balneárias

Águas de rega

As águas superficiais para consumo humano são assim classificadas:

A1 - Águas de abastecimentos domésticos que requerem tratamento físico ou

desinfecção;

A2 - Águas de abastecimentos domésticos que requerem tratamentos físico,

químico e desinfecção;

A3 - Águas de abastecimentos domésticos que requerem tratamentos físico,

químico avançado (ou de afinação) e desinfecção.

Esta legislação estabelece dois valores limites a serem considerados: Valor má-

ximo admissível (VMA), valor de norma que não deverá ser ultrapassado e valor máxi-

mo recomendável (VMR), valor de norma que, de preferência, deve ser respeitado ou

não excedido. Neste trabalho foi utilizado o valor máximo admissível (VMA) por consi-

derá-lo semelhante ao VMP, utilizado no Brasil, embora a legislação portuguesa tenha

fixado o VMR preferencialmente, conforme os itens 1 e 4 do artigo 7º desta norma.

Equador

Segundo a legislação equatoriana referente à Norma da Qualidade Ambiental e

de descarga de Efluentes: Recurso Água (Norma de Calidad Ambiental y de descarga de

Efluentes: Recurso Água) [62] , as águas são classificadas de acordo com o seu uso con-

forme a descrição seguinte:

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44

Consumo humano e uso doméstico.

Preservação da Flora e da Fauna.

Agrícola.

Pecuária.

Recreativo.

Industrial.

Transporte.

Estético

As águas destinadas ao consumo humano e doméstico, segundo a legislação e-

quatoriana, são assim classificadas:

I - Águas que unicamente requerem desinfecção e

II - Águas que unicamente requerem tratamento convencional

Nesta norma são estabelecidos limites máximos permitidos (LMP), seme-

lhante à legislação brasileira que denomina este limite de valor máximo permitido

(VMP).

Venezuela

A legislação venezuelana, referente ao Decreto nº 883 de 18/12/1995 [63],

Normas para a classificação e o controle da qualidade dos corpos de água e descargas ou

efluentes líquidos (Normas para la clasificacion y el control de la calidad de los cuerpos

de agua y vertidos o efluentes líquidos) classifica seus corpos d’água em 7 tipos. O pri-

meiro deles, o Tipo 1 são as águas destinadas ao uso doméstico e ao uso industrial que

requeira água potável sempre que esta forme parte de um produto ou subproduto destina-

do ao consumo humano ou que entre em contato com ele. Este grupo se divide em três

sub-grupos:

Tipo 1A – águas que necessitam apenas de desinfecção;

Tipo 1B– águas que necessitam de tratamentos convencionais de coagulação, flo-

culação, sedimentação, filtração e cloração;

Tipo 1C– águas que necessitam de processos de tratamentos não convencionais.

As Tabelas 3a e 3b apresentam os padrões de qualidade para as águas superfici-

ais de Instituições Governamentais do Peru, Portugal e Equador em comparação com a

Legislação Brasileira –CONAMA 357/05. No caso da Venezuela, para o tipo IC (não

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consta na Tabela 3a ) o único parâmetro legislado é o pH cuja faixa recomendada vai de

3,8 a 10,5.

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46

Tabela 3a–Comparação entre os padrões de qualidade das águas doces estabelecidos por diversas instituições governamentais para as diferen-

tes classes de água doce destinadas ao abastecimento público. Parâmetros físico-químicos

PA

ME

TR

OS

CO

NA

MA

357

/05

BR

AS

IL

NO

RM

A D

E Q

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-

LID

AD

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-

TA

L

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ES

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CA

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A D

E E

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EN

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S

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UA

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DE

CR

ET

O

SU

PR

EM

O

261

-69

-A

PE

RU

DE

CR

ET

O N

º

883

/95

VE

NE

ZU

EL

A

PO

RT

UG

AL

Classe1 Classe2 Classe3 I II I II IA IB IC A1 A2 A3

Condutividade - - - - - - - - - - 1000 1000 1000

Cor real (a) 75 75 20 100 <50 150 - 20(d) 100(d) 200(d)

DBO5 3 5 10 2 2 5 5 - - - 3 5 7

DQO - - - - - - - - - - - - 30

Dureza - - - 500 500 - - 500 500 - - - -

P total 0,1 ** ** - - - - - - - 0,4 0,7 0,7

Nitrato 10 10 10 10 10 10 10 (f) (f) - 50(d,e) 50(d,e) 50(d,e)

Nitrito 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 - - (f) (f) - - - -

Amônia 0,5 *** *** 1,0 1,0 - - - - - 0,05 0,5 4

OD ≥ 6,0 ≥ 5,0 ≥ 4,0 ≥ 85 (b) ≥ 85 (b) ≥ 3 ≥3 >4,0 >4,0 ≥ 70 (c) ≥ 50 (c) ≥ 30 (c)

pH 6,0 a 9,0 6,0 a 9,0 6,0 a 9,0 6,0-9,0 6,0-9,0 - - 6,0-8,5 6,0-8,5 3,8-10,5 6,5-8,5 5,5-9,0 5,5-9,0

Sólidos totais 500 500 500 500 1000 - - 1500 1500 25 - -

Turbidez 40 100 100 10 100 - - <25 <250 - - -

(a) Nível de cor natural do corpo d’água; (b) No Equador o valor do OD (oxigênio dissolvido) pode ser expresso em percentual de saturação que deve ser ≥ 85 e não menor do que 6 mg/L O2 ; (c) em Portugal o valor é expresso em

percentual de saturação, conforme tabela 2a; (d) unidade em mg/L NO3 ; (e) Os limites podem ser excedidos em caso de condições geográficas ou meteorológicas excepcionais; (f) neste país é estabelecido um valor máximo de 10 mg N/L para a soma das concentrações de nitrato e nitrito.

Unidades dos parâmetros: (OD) mg/L O2, (CE) mS/cm, (Dureza) mg/L CaCO3 (Cor real) mg Pt/L, (DBO) mg/L O2 (DQO) mg/L O2, (Fósforo) mg/LP-PO4, (Nitrato)mg/L N-NO3, (Nitrito)mg/L N-NO2 , (Amônia)mg/L N-NH3,

(sólidos totais dissolvidos- STD) mg/L, (Turbidez) UNT. (**) No Brasil a concentração de fósforo total deverá ser : ≤ 0,030 mg/L, em ambientes lóticos ou ≤ 0,050 mg/L, em ambientes lênticos. (***) A concentração de amônia é função do pH e deverá ser : 3,7mg/L N, para pH ≤7,5; 2,0 mg/L N, para 7,5 < pH ≤ 8,0; 1,0 mg/L N, para 8,0 < pH ≤8,5; 0,5 mg/L N, para pH > 8,5

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47

Tabela 3 b– Comparação entre os padrões de qualidade das águas doces estabelecidos por diversas instituições governamentais para as diferentes

classes de água doce destinadas ao abastecimento público- Parâmetros metais e metalóides PARÂMETROS

CONAMA 357/05 / BRASIL

EQUADOR

PERU

VENEZUELA (a)

PORTUGAL

Classe1 Classe2 Classe3 I II I II IA IB A1 A2 A3

Alumínio (mg/L) 0,1 0,1 0,2 0,1 0,2 - - 0,2 0,2 - - -

Antimônio (mg/L) 0,005 0,005 N.L. - - - - - - - - -

Arsênio (mg/L) 0,01 0,01 0,033 0,05 0,05 0,1 0,1 0,05 0,05 0,05 0,05 0,1

Bário (mg/L) 0,7 0,7 1,0 1,0 1,0 - - 1,0 1,0 0,1 1,0 1,0

Berílio (mg/L) 0,04 0,04 0,1 0,1 0,1 - - - - - - -

Boro (mg/L) 0,5 0,5 0,75 0,75 0,75 - - - - 1,0 1,0 1,0

Cádmio total (mg/L) 0,001 0,001 0,01 0,001 0,001 0,01 0,01 0,01 0,01 1,0 1,0 1,0

Chumbo total (mg/L) 0,01 0,01 0,033 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05

Cobalto (mg/L) 0,05 0,05 0,2 0,2 0,2 - - - - -

Cobre total (mg/L) 0,009 0,009 0,013 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 0,02 (b) 0,05(b) 1,0(b)

Cromo total (mg/L) 0,05 0,05 0,05 0,05 (Cr+6) 0,05 (Cr+6) 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05

Ferro total (mg/L) 0,3 0,3 5,0 0,3 1,0 - - 1,0 1,0 0,1 1,0 1,0

Lítio (mg/L) 2,5 2,5 2,5 2,5 2,5 - - - - - - -

Manganês (mg/L) 0,1 0,1 0,5 0,1 0,1 - - 0,1 0,1 0,05 0,1 1,0

Mercúrio (mg/L) 0,0002 0,0002 0,0002 0,001 0,001 0,002 0,002 0,01 0,01 0,001 0,001 0,001

Níquel (mg/L) 0,025 0,025 0,025 0,025 0,025 0,002 0,002 - - -

Prata (mg/L) 0,01 0,05 0,05 0,05 0,05 - - 0,05 0,05 - - -

Selênio (mg/L) 0,01 0,05 0,05 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01

Vanádio (mg/L) 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 - - - - - - -

Zinco total (mg/L) 0,18 0,18 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 3,0 5,0 5,0

(a) Não foi encontrado na norma da Venezuela nenhum dado para o tipo de água IC, sua qualidade é controlada apenas pela faixa de pH que deverá ser entre 3,8 a 10,5.; (b) Os limites podem ser excedidos em caso de condições geográficas ou meteorológicas excepcionais; N.L – Não legislado ; Os espaços vazios significam que não foram encontrados nas respectivas legislações dados relativos aos parâmetros em questão. Nome

de algumas legislações internacionais: Equador- Norma de qualidade ambiental e de descarga de efluentes; Peru Decreto Supremo nº 261-69-A ; Venezuela - Decreto nº 883 de 11/10/1995; Portugal - Decreto lei nº

236/98.

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48

3.5.1 - Padrão de potabilidade

A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera água potável aquela que

apresenta aspecto límpido e transparente, isenta de gosto e cheiro objetável e que não

contem nenhum tipo de microorganismo que possa causar doença ou qualquer outra

substância com concentrações capazes de trazer prejuízos à saúde[59]. Segundo a

Portaria 518/04, além disso a água potável deve ser produzida e distribuída de forma

que não implique em risco à saúde humana .

Os valores limites para contaminantes diversos nos corpos hídricos assumem ca-

ráter de recomendação. Para aqueles contaminantes considerados potencialmente perigo-

sos para a saúde são recomendados os Valores Guias (VG). A OMS define valor guia

como o valor da concentração de um componente que não oferece um risco significativo

para a saúde do consumidor se este beber a água durante toda sua vida . Segundo a OMS,

os valores-guia para as substâncias químicas estão relacionados de acordo com a catego-

ria de sua fonte de geração [64]:

ocorrência natural;

fontes industriais e assentamentos humanos;

utilizados na agricultura;

utilizados no tratamento da água ou devido a materiais que entram em contato

com a água;

utilizados na água em programas de saúde pública e

toxinas de cianobactérias.

Para as substâncias potencialmente tóxicas e substâncias carcinogênicas não ge-

notóxicas, o VG é estabelecido com base na estimativa da ingestão diária tolerável (IDT)

que é quantidade estimada de uma substância presente na água potável que se pode inge-

rir diariamente, ao longo de toda a vida, sem risco considerável à saúde. Para as substân-

cias ou compostos carcinogênicos genotóxicos, o VG é determinado utilizando um mo-

delo matemático, com base no qual se estima o risco adicional de câncer de 10-5

(um ca-

so adicional de câncer por cada 100.000 pessoas que consomem água contendo uma

substância em concentração equivalente ao VG, durante 70 anos). Assume-se que os va-

lores guias devem ser ao mesmo tempo, práticos e aplicáveis, além de proporcionar a

proteção da saúde pública. Desta forma, não são fixados VG que correspondam a con-

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49

centrações inferiores aos limites detectáveis nas condições habituais de laboratório; além

disso, eles só são recomendados quando se tem acesso às técnicas de controle (tratamen-

to da água por exemplo) que permitam eliminar o contaminante ou reduzir sua concen-

tração ao nível desejado [64]. A qualidade definida nos valores guia para a qualidade da

água potável é a adequada para o consumo humano e para todos os usos domésticos habi-

tuais, incluindo a pessoal. Para finalidades especiais como diálise renal, sem dúvida al-

guma uma melhor qualidade é requerida. Quando o valor guia é ultrapassado, deve-se en-

tender que é necessário:

Investigar a causa visando tomar medidas corretivas;

Solicitar a intervenção das autoridades responsáveis da saúde pública.

A denominação dos valores guias é diferente em cada país, conforme mostra a

Tabela 4:

Tabela 4 – Denominação do valor guia de diversas Instituições Governamentais

País Denominação do Valor Guia

Argentina Concentração máxima (só p/ contaminantes) (CM)

Brasil Valor máximo permitido (VMP)

Chile

Limite máximo (concentração limite de substâncias nocivas (LM)

Máximo aceitável / máximo tolerável (contaminantes químicos)

(MA/MT)

Limite máximo aceitável (contaminantes radioativos) (LMA)

Colômbia Valor admissível (VA)

México Limite permissível (LP)

Peru Limite (L)

Estados Unidos

Nível máximo de contaminante (MCL)

Nível máximo ideal de contaminante (MCLG)

Nível máximo de desinfetante residual (MRDL)

Nível máximo ideal de desinfetante residual (MRDLG)

Espanha Valor Paramétrico (nível máximo ou mínimo fixado para cada um dos

parâmetros a controlar)

Portugal

Valor máximo recomendado (VMR) - valor de norma de qualidade que

não deverá ser ultrapassado

Valor máximo admissível (VMA) - valor de norma de qualidade que, de

preferência, deve ser respeitado ou não excedido.

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50

Canadá

Valor máximo permitido – VMP (p/ substâncias que, reconhecida ou

potencialmente, podem causar efeitos adversos à saúde)

Valor máximo permitido provisório – VMPP (substâncias c/ Insuficiên-

cia de evidências toxicológicas)

No Brasil, os padrões de Potabilidade são definidos pelo Ministério da Saúde

através da Portaria nº 518 de 26 de março de 2004. Esses padrões, salvo raras exce-

ções, são valores máximos permitidos (VMP) de concentração para uma série de subs-

tâncias e componentes presentes na água. Na definição dos parâmetros a compor os pa-

drões de potabilidade da água e de seus respectivos valores máximos permitidos (VMPs),

são considerados os seguintes aspectos:

O potencial tóxico das substâncias químicas que podem estar presentes na

água (naturalmente ou decorrentes de atividades);

A análise das evidências epidemiológicas dos riscos de saúde associados às

diversas substâncias, tomando por base as informações da OMS e USEPA;

As possibilidades analíticas de determinação das substâncias em amostras

de água;

A intensidade de uso das substâncias químicas no País (uso industrial, agrí-

cola e no tratamento da água).

Nos EUA os padrões de Potabilidade, de abrangência nacional, são estabeleci-

dos pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos - United States Environ-

mental Protection Agency - USEPA sendo dividido em duas categorias [65]:

Padrão Primário (Norma primaria para água potável - National Primary

Drinking Water Regulation – NPDWR): padrão mandatório para sistemas

públicos de abastecimento de água, na forma de valores máximos permiti-

dos (VMP) estabelecidos para contaminantes específicos, que podem causar

efeitos adversos à saúde e que, reconhecida ou potencialmente, podem estar

presentes na água.

Padrão Secundário (Norma secundária para água potável - National Se-

condary Drinking Water Regulation – NSDWR): recomendações, não man-

datórias, relativas a substâncias que podem provocar efeitos de natureza es-

tética (ex.: cor, sabor e odor) ou cosmética (ex.: efeitos na pele ou dentá-

rios).

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51

O estabelecimento de um padrão para um determinado contaminante obedece a

um processo que leva em consideração os seguintes aspectos:

Ocorrência no ambiente

Fatores de exposição e de riscos à saúde da população em geral e de gru-

pos vulneráveis

Disponibilidade de métodos analíticos de detecção

Factibilidade técnica de atendimento

Impactos econômicos e de saúde pública da regulamentação

No Canadá, os estabelecimentos dos padrões de potabilidade são de responsabi-

lidade da Direção de Saúde Ambiental do Saúde Canadá - Environmental Health Direc-

torate of Health Canadá e também obedece a um processo, baseado no conceito de ge-

renciamento de riscos, incluindo as seguintes etapas [66]:

Identificação de riscos;

Análise de riscos;

Avaliação;

Aprovação;

Divulgação e

Publicação.

Na Argentina a legislação nacional está incluída no Código Alimentar Argenti-

no (Código Alimentario Argentino), prescrevendo apenas parâmetros de potabilidade.

Nesse país cada província possui suas próprias normas, e, além disso, existem normas in-

cluídas em contratos de concessão de serviços, que não necessariamente coincidem com

as normas da província [67].

No Chile a legislação para a qualidade da água para consumo humano, de cará-

ter nacional, do Instituto de Normalización, NCh 409/1.Of2005 (que substitui a NCh

409/1.Of84) [68], é dividida em 2 partes. A primeira, NCh 409/1, estabelece os requisitos

físicos, químicos, radioativos e bacteriológicos que deve cumprir a água potável proveni-

ente de qualquer sistema de abastecimento. A segunda parte é a NCh 409/2 que estabele-

ce os requisitos de amostragem.

A exigência mais comum das legislações de controle de qualidade da água, se-

gundo alguns autores [69] é a especificação de planos de amostragem, seguida das exi-

gências de práticas operacionais de tratamento e distribuição de água, embora a aborda-

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52

gem de cada tópico pelas legislações seja extremamente variada, em termos de amplitude

de exigências. Além disto, entre os países latino-americanos apresentados, apenas o Bra-

sil aborda todos os tópicos em uma única legislação de potabilidade da água que são:

Planos de amostragem;

Práticas operacionais de tratamento de água;

Práticas operacionais de distribuição de água;

Prestação de informações aos órgãos de vigilância e

Prestação de Informações ao público

A Tabela 5 apresenta as Instituições e Legislações de Potabilidade da água de al-

gumas Instituições Governamentais. Com exceção de Portugal e Colômbia, todos os de-

mais países fizeram revisão recente de suas legislações, sendo que no Canadá a última

revisão foi em 2008.

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53

Tabela 5. Legislação para Água Potável e sua respectiva vigência de algumas Instituições Governamentais

País Legislação Data da atualização Instituição responsável pela legislação Referência

Argentina

Codigo Alimentario Argentino (cap. XII) 2007

Ministério da Saúde [67]

Brasil

Portaria 518 2004 Ministério da Saúde do Brasil [50]

Canadá Guidelines for Canadian Drinking Water Quality. 2008 Health Canada. Elaborado pelo Federal-Provincial-

Territorial Committee on Drinking Water

www.sc-

hc.gc.ca

[65]

Chile

Nch 409/1 2005 INN: Instituto Nacional de Normalização [68]

Colômbia Decreto 475 de 1998 1998 Ministério da Proteção Social/ Ministério de Ambiente /

Superintendência de Serviços Públicos.

[70]

Espanha Real Decreto 140 2003

Ministerio de Sanidad y Consumo.

[71]

EUA National Primary Drinking Water Standards 2003 United States Environmental Protection Agency – USEPA

[66]

Peru Decreto Ley Nº 17752- modificado pelo De-

creto Supremo Nº 003-2003-AS 2003

Ministerio de Salud

[60]

Portugal

Decreto-Lei n.o 236

1998 Ministério do Ambiente [61]

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54

A Tabela 6-a apresenta os padrões de potabilidade de algumas Instituições Go-

vernamentais referentes às substâncias químicas inorgânicas que representam riscos à sa-

úde. Observa-se nesta Tabela que os VMPs para o nitrito são, para algumas instituições

(OMS, Argentina e Espanha), bem menores do que aquele estabelecido pela Portaria

518/04, embora muitos países a exemplo do Peru , Venezuela e Portugal não estabeleçam

nenhum VMP para este parâmetro na água bruta destinada ao abastecimento público. En-

quanto no Brasil o VMP é de 1,0 mg N/L (equivalente a 3,2 mg NO2

-/L), em Portugal por

exemplo, esse valor é 0,5 mg NO2-

equivalente a 0,31 mg N/L . A OMS estabelece o

VMP de 0,2 mg NO2- /L, para as águas doces da classe 2. Valores igualmente baixos e in-

feriores ao da Portaria 518/04 são estabelecidos para nitrito pelas legislações da Espanha e

da Argentina. Para o nitrato, esse controle entretanto é muito intenso em diversos países,

tendo inclusive normas exclusivas para esse parâmetro como é o caso da França, Portugal

e outros. Geralmente a poluição por nitrato nestes países está associada ao uso intensivo

de fertilizantes na agricultura.

A Tabela 6-b apresenta os padrões de potabilidade de diversas Instituições Go-

vernamentais referentes aos padrões de aceitação para consumo humano. O padrão de a-

ceitação para consumo humano no Brasil é estabelecido com base em critérios estéticos e

organolépticos e este deverá estar em conformidade com a Tabela 6-b. Algumas das subs-

tâncias listadas nesta tabela também representam ricos à saúde, porém em concentrações

acima daquelas suficientes para provocar rejeição ao consumo [12].

O controle da qualidade da água, baseado única e exclusivamente em análises

laboratoriais ainda que freqüentes, não constitui garantia absoluta da potabilidade. Tão

importantes quanto o controle laboratorial são: a) adoção de boas práticas em todas as par-

tes constituintes e nas etapas do abastecimento de água e b) vigilância epidemiológica e a

associação entre agravos à saúde e situações de vulnerabilidade no abastecimento de água

[7].

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Tabela 6-a. Comparação entre os Padrões de Potabilidade de algumas Instituições Governamentais - Substâncias Químicas Inorgânicas que

representam riscos à saúde

PARÂMETRO (mg/L) BRASIL OMS CANADÁ EUA ARGENTINA CHILE MÉXICO ESPANHA PORTUGAL

Antimônio 0,005 0,02 0,006 0,006 - - - 0,005 0,005

Arsênio 0,01 0,01(p) 0,010 0,05 0,05 0,01 0,025 0,01 0,05

Bário 0,7 0,7 1,0 2,0 - - 0,7 - 0,1

Berílio - - - 0,04 - - - - -

Boro - 0,5 5,0 - - - - 1,0 1,0

Cádmio 0,005 0,003 0,005 0,005 0,005 0,01 0,005 0,005 0,005

Chumbo 0,01 0,01 0,01 0,015 0,05 0,05 0,01 0,025 0,05

Cianeto 0,07 0,07 0,2 0,1 0,07 0,05 0,07 - -

Cobre 2,0 2,0 ≤1,0 1,3 1,0 2,0 2,0 2,0 0,001

Cromo 0,05 0,05(p) 0,05 0,1 0,05 0,05 0,05 0,05 0,05

Fluoreto 0,6 – 0,8 1,5 1,5 4,0 0,6 - 1,7 1,5 1,5 1,5 0,7 – 1,5

Mercúrio 0,001 0,006(d) 0,001 0,002 0,001 0,001 0,001 0,001 0,001

Molibidênio - 0,07 - - - - - - -

Níquel - 0,07 - - - - - 0,02 0,05

Nitrato (NO3- – N) 10 50 (a) 45(a) 10 45(a) 50(a) 10 50(a) 50(a)

Nitrito (NO2- – N) 1,0 0,2 (b, c) 3,2(b) 1,0 0,1( b) 3,0( b) 1,0 0,1( b) 0,5( b)

Prata - - - - 0,005 - - - 0,01

Selênio 0,01 0,01 0,01 0,05 - 0,01 - 0,01 0,01

Tálio - - - 0,002 - - - - -

Urânio - 0,015 0,02 - - - - - -

(a) mg/L NO3-; (b) mg/L NO2

- ; (c) valor de 3,0 mg/L NO2 para curto tempo de exposição; d – mercúrio inorgânico; p- provisório; Os espaços vazios significam que não foram encontrados nas respectiva legislações

dados relativos aos parâmetros em questão.

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Tabela 6-b. Comparação entre os Padrões de Potabilidade de diversas Instituições Governamentais - Padrões de Aceitação para Consumo Hu-

mano

(a) No Canadá e nos Estados Unidos os valores de 0,1mg/L Al e de 0,05 mg/L Al são recomendados para as respectivas plantas de tratamento convencional e menor do que 0,2mg/L Al para outros tipos de sistemas de tratamento ; (b) mg/L NH4

+ ; (c) mg/L NH3 ; S.T.D. – Sólidos Totais dissolvidos; S.O.E – Sem odores estranhos; Os espaços vazios significam que não foram encontrados nas respectivas legisla-

ções dados relativos aos parâmetros em questão.

PARÂMETRO

BRASIL

(VMP)

OMS

CANADÁ

ESTADOS

UNIDOS

ARGENTI-

NA

CHILE MÉXICO

ESPANHA

PORTUGAL

(VMA)

Alumínio( mg/L Al) 0,2 0,2 0,1-0,2 (a) 0,05-0,2 (a) 0,2 - 0,2 0,2 0,2

Amônia ( mg/L NH3 ) 1,5 - - - 0,28 (b) 0,25 1,5(c) 0,5 -

Cloreto ( mg/L Cl ) 250 250 250 250 350 250 - 250 250

Cor aparente ( mg

PT/L ) 15 15 ≤15 15 5 20 20 15 20

Dureza ( mg/L CaCO3) 500 500 - - 400 - 500 500

Ferro ( mg/L Fe) 0,3 0,3 0,3 0,3 0,3 0,3 0,3 0,2 -

Manganês ( mg/L Mn) 0,1 0,4 0,05 0,05 0,1 0,10 0,15 0,05 -

Odor Não Objetável Não Objetável Inofensivo - S.O.E - - - -

Gosto Não Objetável Não Objetável Inofensivo - - - - - -

pH 6 - 9,5 6,5 – 9,2 6,5 - 8,5 6,5 – 8,5 6,5 - 8,5 6 – 9,5 6,5 – 8,5

Sódio ( mg/L Na) 200 - 200 - - - - 200 -

S.T.D ( mg/L STD) 1.000 1000 500 500 1500 1500 1000 - 1500

Sulfato ( mg/L SO4--) 250 500 500 - - - - - -

Turbidez (NTU) 5 5 1 5,0 3 5 5 1 4

Zinco (mg/L) 5 3 ≤5,0 5 5 3,0 5

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57

Analisando a Tabela 6-a, observa-se que os valores máximos permitidos de ar-

sênio é maior para os países Estados Unidos, Argentina, Portugal e México, sendo este úl-

timo, o mais restritivo dos três. Nesse parâmetro o Brasil, Canadá, Chile e Espanha estão

de acordo com o que recomenda a OMS que estabelece o valor de 0,01 mg As/L.

O valor máximo permitido de chumbo de 0,01 mg/L recomendado pela OMS, é

cinco vezes maior na Argentina, Peru, Chile e México. Segundo MELLA [72], a explica-

ção para estes valores é o fato de que nesses países o sistema de canalização é na sua maio-

ria, constituído por chumbo e não foi ainda substituído por PVC, como nos países mais de-

senvolvidos. No seu trabalho, apesar de ter sido publicado em 2008, o autor inclui o Brasil,

considerando-o com um VMP para o chumbo de 0,05 mg/L, quando na verdade este valor

é 0,01mg/L, igual ao recomendado pela OMS. A Legislação brasileira é a que mais se as-

semelha com a da OMS com relação aos valores guia dos parâmetros estudados.

Pelos valores dos parâmetros apresentados nas Tabelas 6-a e 6-b observa-se que

a legislação brasileira, Resolução CONAMA 357/05 é mais restritiva do que a de alguns

países como Equador, Venezuela, Peru e Portugal, com relação a diversos parâmetros es-

tudados. Com relação ao parâmetro mercúrio por exemplo, cujo valor do CONAMA é de

0,2 µg/L, chega a ser cerca de 50 vezes maior na legislação venezuelana que é de 10 µg/L.

Com relação ao chumbo, em todas as legislações das instituições governamentais supraci-

tadas (Equador, Venezuela, Peru e Portugal) o limite é cinco vezes maior do que na Reso-

lução CONAMA 357/05 para as águas doces da classe 2. No Brasil o VMP é de 10 µg/L,

enquanto nos demais países é de 50 µg/L.

3.6 – Bacias Hidrográficas

Do ponto de vista geográfico, entende-se por bacia hidrográfica ou bacia de dre-

nagem, o conjunto de superfícies que através de canais tributários drenam água de chuva,

sedimentos e substâncias dissolvidas para um canal principal cuja vazão converge numa

única saída (foz do canal principal, outro rio, lago ou mar) [72].

Para LIMA [36] uma bacia hidrográfica compreende toda a área de captação na-

tural da água da chuva que proporciona escoamento superficial para o canal principal e

seus tributários. Ainda segundo o autor, qualquer ponto da superfície faz parte de uma ba-

cia hidrográfica. Desde os menores vales até as grandes bacias do mundo, sempre existe

uma discreta área de terreno que capta a água da chuva, perde água por evaporação, e pro-

duz o restante como deflúvio ou escoamento superficial.

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BALDISSERA [74] define a bacia hidrográfica como uma área topográfica,

drenada por um curso d’água ou um sistema conectado de cursos d’ água de forma que to-

da vazão efluente seja descarregada através de uma única saída. O limite superior de uma

bacia hidrográfica é o divisor de águas ou divisor topográfico, e o limite inferior é a saída

da bacia ou confluência.

Segundo GUZZO [9], a Bacia Hidrográfica é um sistema complexo cuja esta-

bilidade depende do fluxo de nutrientes entre os seres vivos e o meio ambiente e da intera-

ção com as variações climáticas.

De acordo com ESTEVES [41], o ambiente aquático apresenta características

que lhe conferem peculiaridades como:

A alta capacidade para solubilização de compostos orgânicos e inor-

gânicos possibilitando aos organismos autotróficos (autótrofos) a ab-

sorção de nutrientes;

Gradientes verticais e horizontais com distribuição desigual de luz,

nutrientes, temperatura, oxigênio dissolvido e gás carbônico, trazendo

conseqüências na distribuição dos organismos;

Baixo teor de sais dissolvidos, fazendo com que os organismos se a-

daptem para que seja mantido o equilíbrio osmótico entre o meio e

seus líquidos internos;

Altas densidade e viscosidade fazendo com que os organismos so-

fram adaptações morfológicas e físicas para redução de resistência do

meio à sua locomoção.

De acordo com TOMAZELLI [54], a qualidade de uma bacia hidrográfica está

intimamente ligada à preservação e manutenção da biodiversidade do seu entorno, esta é

gerada e preservada pelas interações entre o ambiente físico, processos biogeoquímicos

e ações antrópicas.

ESTEVES [41] estabelece o metabolismo dos ecossistemas aquáticos (estudo da

sua estrutura e funcionamento), como sendo o principal objetivo das pesquisas limnoló-

gicas que é o estudo ecológico das massas d’água continentais, compreendendo três e-

tapas:

Produção – é aquela utilizada pelos organismos que sintetizam a matéria or-

gânica do CO2, sais minerais e energia solar;

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Consumo – é a energia obtida por organismos a partir da matéria orgânica

sintetizada pelos produtores primários;

Decomposição – é a redução da matéria orgânica, realizada por bactérias e

fungos, até a mineralização total com a formação de H2O e CO2.

Tabela 7 apresenta a classificação das bacias hidrográficas brasileiras, baseada

na avaliação da qualidade da água, de acordo com seus usos preponderantes. Observa-

se que os níveis aceitáveis de poluição vão até a classificação moderadamente com-

prometida, onde os corpos de água apresentam condições de qualidade de água com-

patíveis com os limites para a classe 3 das águas doces e a classe 2 das águas salinas e

salobras.

Tabela 7- Classificação da qualidade das Bacias Hidrográficas

Fonte: CPRH / Pernambuco – Agência Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos/2000

CLASSIFICAÇÃO DESCRIÇÃO

Não comprometida

Enquadram-se nesta categoria, os corpos de água que apresentam condições de

qualidade compatíveis com os limites estabelecidos para a classe especial das

águas doces, salinas e salobras e classe 1 das águas doces (Resolução CONAMA

n° 357/05). Estes corpos d’água apresentam qualidade ótima, com níveis despre-

zíveis de poluição.

Pouco comprometida

Enquadram-se nesta categoria, os corpos de água que apresentam condições de

qualidade compatíveis com os limites estabelecidos para a classe 2 das águas

doces e a classe 1 das águas salinas e salobras (Resolução CONAMA n° 357/05).

Estes corpos d’água apresentam qualidade boa, com níveis baixos de poluição.

Moderadamente

comprometida

Enquadram-se nesta categoria, os corpos de água que apresentam condições de

qualidade compatíveis com os limites para a classe 3 das águas doces e a classe

2 das águas salinas e salobras (Resolução CONAMA n° 357/05). Estes corpos

d’água apresentam qualidade regular, com níveis aceitáveis de poluição.

Poluída

Enquadram-se nesta categoria, os corpos de água que apresentam condições de

qualidade compatíveis com os limites estabelecidos para a classe 4 das águas

doces e a classe 3 das águas salinas e salobras (Resolução CONAMA n°

357/05). Estes corpos d’água apresentam qualidade ruim, com poluição acima

dos limites aceitáveis.

Muito poluída

Enquadram-se nesta categoria, os corpos de água que não se enquadram em ne-

nhuma das classes acima estabelecidas. Estes corpos d’água apresentam quali-

dade péssima, com poluição muito elevada.

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A organização ambientalista A Conservação da Natureza (The Nature Conservancy,

TNC), fundada em Washington em 1951, lançou em 2005 um programa para a conservação

de grandes rios do mundo, através do programa denominado “Aliança dos Grandes Rios”. O

Programa, que envolve os países Brasil, China e Estados Unidos, três grandes potências

hídricas de água doce, visa recuperar e conservar três grandes bacias hidrográficas: a do Rio

Alto Mississipi, nos Estados Unidos; a dos Rios Alto Paraná e Paraguai, no Brasil; e a do Rio

Alto Yang Tsé, na China. Trata-se de um programa para orientar as estratégias de conserva-

ção desses grandes rios e transformar a maneira como se protege os suprimentos de água em

bacias hidrográficas importantes. No seu conjunto, as três bacias fornecem água doce para

aproximadamente 600 milhões de pessoas nos três Continentes [75].

Apesar de iniciativas como esta, diversos rios do mundo (mais de 50%) já estão poluí-

dos ou em vias de serem exauridos devido ao desperdício e à má-gestão dos recursos hídricos

nas bacias fluviais. Entre os rios que correm mais perigo estão o Amarillo, na China, o Colo-

rado, nos Estados Unidos, o Nilo, no Egito e o Volga, na Rússia. O Rio Citarum, na Indonésia

(Figura 1), devido ao recebimento de efluentes de mais de 500 indústrias (produtos químicos

tóxicos) e esgotos domésticos sem nenhum tipo de tratamento, é considerado o rio mais

poluído do Mundo [76]. Apesar da grande poluição, suas águas são utilizadas para os diversos fins,

inclusive para beber.

Figura 1 - Rio Citarum (Walungan Citarum, em sudanês)

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No Brasil, um levantamento feito pela ABETRE - Associação Brasileira de Empresas

de Tratamento, Recuperação e Disposição de Resíduos Especiais, em 2002, mostrou que dos

2,9 milhões de toneladas de resíduos industriais perigosos gerados anualmente, apenas 28%

que corresponde a 850 mil toneladas recebem tratamento adequado. Os 72% restantes são

depositados indevidamente em lixões ou descartados em cursos d'água sem sofrer nenhum

tipo de tratamento [2].

Segundo o relatório da Organização Não Governamental Defensoria da Água “O Esta-

do Real das Águas no Brasil” 2003-2004, a contaminação das águas no Brasil aumentou

cinco vezes mais nos últimos dez anos, e aponta 20 mil áreas contaminadas no país. O mesmo

relatório prevê escassez de água nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro e

Belo Horizonte uma vez que já se encontram dentro das áreas consideradas contaminadas. Na

região sul, a contaminação é crescente devido ao crescimento industrial, enquanto no Nordes-

te, a escassez da água também está intrinsecamente ligada à contaminação, uma vez que a

qualidade da água consumida pela população continua não apresentando segurança na saúde

[77].

É fundamental para a proteção dos mananciais ter o adequado conhecimento da bacia

hidrográfica a montante da captação de água, incluindo fatores físicos, bióticos e socioeco-

nômicos; aspectos relacionados à geologia, ao relevo, ao solo, à vegetação, à fauna e às ativi-

dades humanas aí desenvolvidas. Para tanto, é essencial que se realizem periodicamente

diagnósticos de uso e ocupação do solo e inspeções sanitárias nas bacias contribuintes aos

mananciais [6].

De acordo com GUIMARÃES [78], a situação das águas brasileiras, embora ainda

confortáveis, alcança níveis críticos quanto à manutenção de alguns ecossistemas. Os rios

próximos às cidades estão contaminados por resíduos industriais e domésticos, enquanto as

atividades de agropecuária e mineração com mercúrio trazem conseqüências diretas e indire-

tas ao meio ambiente e suas populações.

Para PEDRÃO [79], ao se comparar com outros países, inclusive com a maioria da-

queles latino-americanos que lhe são limítrofes, o Brasil representa uma experiência histori-

camente sem paralelo em matéria de recursos hídricos, com um horizonte de perspectivas que

devem ser revistas, dada a velocidade com que os recursos hídricos têm sido explorados.

O controle da poluição da água é necessário para assegurar e manter níveis de quali-

dade compatíveis com sua utilização. Assim o manejo adequado dos ecossistemas hídricos é

uma das prioridades na gestão dos ecossistemas e controle ambiental, por ser a água um fator

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de importância primária para o desenvolvimento de atividades produtivas e para a qualidade

de vida de um povo [80].

Para MENDES [1], um elemento fundamental para a avaliação dos recursos hídricos

do ponto de vista qualitativo, é o conhecimento das cargas poluentes que são geradas nas

bacias hidrográficas, que traduzem as pressões que se exercem sobre as massas de água em

resultado das diferentes atividades socioeconômicas que existem no território.

Outro aspecto importante é o acompanhamento da tendência da evolução da qua-

lidade da água ao longo do tempo possibilitando a identificação de medidas preventivas

bem como a eficiência de algumas medidas adotadas.

Considerando a bacia hidrográfica, existe a necessidade de se estabelecerem metodo-

logias que permitam o monitoramento sistemático da qualidade da água para a posterior

caracterização do seu estado, através de uma análise correta dos dados recolhidos, para que as

atuais e futuras pressões possam ser identificadas e compreendidas [81].

3.6.1 - Bacia Hidrográfica do Rio Joanes

O estado da Bahia está dividido em 13 bacias principais, que são: Bacia Hidrográfica

do Rio São Francisco; Bacia Hidrográfica do Rio Vaza Barris; Bacia Hidrográfica do Rio

Itapicuru; Bacia Hidrográfica do Rio Real; Bacia Hidrográfica do Rio Paraguaçu; Bacia

Hidrográfica do Rio Inhambupe; Bacias Hidrográficas do Recôncavo Norte; Bacias Hidrográ-

ficas do Recôncavo Sul; Bacia Hidrográfica do Rio de Contas; Bacia Hidrográfica do Rio

Pardo; Bacia Hidrográfica do Leste; Bacia Hidrográfica do Rio Jequitinhonha; Bacias Hidro-

gráficas do Extremo.

As Bacias Hidrográficas do Recôncavo Norte englobam as sub-bacias: dos Rios

Joanes e Ipitanga; do Rio Jacuípe; do Rio Subaé; do Rio São Paulo; do Rio Imbassaí; do Rio

Pojuca; do Rio Sauípe e do Rio Subaúma.

As agressões ambientais como despejo de esgotos domésticos e resíduos industriais;

aterramento de nascentes; extração predatória de areia, arenoso e argila; destruição das matas

ciliares; ocupação desordenada do solo, entre outras, são ações sofridas corriqueiramente

pelos rios pertencentes a essas bacias.

A Bacia Hidrográfica do Rio Joanes está localizada nos setores N e NE da porção

central da Região Metropolitana de Salvador (RMS) entre as coordenadas geográficas 12º 30’

e 12º 55’, latitude Sul e 38º 07' 3'' a 38º 39' 25,5'' longitude Oeste. Limita-se a norte e leste

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com a Bacia Hidrográfica do Rio Jacuípe, ao sul e sudoeste com as bacias hidrográficas da

área urbana da cidade de Salvador e a sudeste com o Oceano Atlântico[82].

As principais nascentes do Rio Joanes encontram-se situadas no município de São

Francisco do Conde nos seguintes pontos: fazenda Campinas, a 2,5 km da sede municipal de

São Francisco do Conde, nas imediações da Fazenda Ma rapé, limite entre São Francisco do

Conde e Candeias; na fazenda Gurgainho e na fazenda Cinco Rios, situadas em São Francisco

do Conde [83]. No trecho próximo aos pontos de nascente encontram-se atividades de explo-

ração petrolífera: gás e óleo bruto pela Petrobrás, além de atividades de criação de gado

bovino e bubalinos.

O Rio Joanes deságua no Oceano Atlântico, na praia de Buraquinho, na divisa entre

os municípios de Lauro de Freitas e Camaçari, possuindo, no estuário, uma extensão de apro-

ximadamente seis quilômetros.

O clima é tropical úmido, com índice pluviométrico superior a 1.800mm/ano e a

umidade relativa do ar em torno de 80%. A direção predominante dos ventos é para o qua-

drante leste (E), com variações para sudeste (SE) e nordeste (NE). O período chuvoso corres-

ponde às estações do outono e do inverno[82].

Os municípios que compõem a Bacia Hidrográfica do Rio Joanes são: Lauro de

Freitas, Camaçari, Simões Filho, São Sebastião do Passé, São Francisco do Conde, Candeias,

Salvador e Dias D’Ávila ( Figura 2). Os municípios de Camaçari, Lauro de Freitas e Simões

Filho têm suas sedes dentro dos limites da bacia.

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Figura 2 - Bacia Hidrográfica do Rio Joanes Fonte – CRA ( 2000)

O Rio Joanes drena uma área de aproximadamente 1.200 km2 , seus cursos d’água têm

uma extensão total de cerca de 250 km, possui uma vazão média da ordem de 11 m3/s e a

vazão regularizada atinge 6,4 m3/s [83].

Na Tabela 8 estão apresentados os afluentes do Rio Joanes, tanto da margem esquer-

da como da margem direita. Dentre os principais afluentes formadores da bacia destacam-se

os Rios Jacarecanga e Ipitanga Além desses, a bacia recebe outras contribuições que também

têm importância tanto no regime hidráulico quanto na qualidade das águas do Rio Joanes,

oriundas de arroios afluentes de menor porte.

O Rio Ipitanga, principal afluente do Rio Joanes, é utilizado para abastecimento

público dos Municípios de Salvador, Simões Filho e indústrias do CIA Sul, através dos bar-

ramentos: Ipitanga I, II e III.

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Tabela 8 - Afluentes do Rio Joanes

O Rio Joanes e seus afluentes foram enquadrados como classe 2 e classe 7, segundo a

Resolução do Conselho Estadual de Proteção Ambiental - CEPRAM nº 1.101/95 [84] , de

acordo com os padrões de qualidade estabelecidos na Resolução vigente , atualmente CO-

NAMA 357/05. O Rio Joanes e seus afluentes pertencem à classe 2 (águas doces) desde a

nascente até o Condomínio do Rio das Pedras. A partir deste trecho até a sua foz (zona estua-

rina) pertencem à classe 1 das águas salobras. O Rio Ipitanga e seus afluentes pertencem à

classe 2 até a confluência com o Rio Joanes.

A bacia hidrográfica do rio Joanes (BHRJ) possui cinco barragens (Tabela 9): (1) I-

pitanga I, construída em 1936, para regularizar as águas do Rio Ipitanga e posteriormente

para complementar a produção de água potável de Salvador e Lauro de Freitas; (2) Joanes I,

em 1955, destinada ao abastecimento de Salvador e Lauro de Freitas; (3) Joanes II, em 1971

para o abastecimento do Pólo Petroquímico; (4) Ipitanga II, no mesmo ano para fornecer água

bruta e/ou tratada para as indústrias do Centro Industrial de Aratu - CIA e (5) Ipitanga III para

acumulação e transposição do Rio Joanes no período de estiagem que as reverte para Ipitanga

I e II.

À Direita A Esquerda

Ipitanga Rio Uberaba

Rio São Francisco Rio Lamarão

Rio Boneçu Rio Sucuricanga

Rio Petecada Rio Camaçari ou Bandeira

Rio Jacarecanga Rio Piaçabeira

Rio Muriqueira Riacho Parafuso

Rio Itamboatá Córrego Cantagalo

Rio Jaíba

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Tabela 9 – Características das Barragens da Bacia Hidrográfica do Rio Joanes

Barragens Ipitanga

I

Ipitanga

II

Ipitanga

III

Joanes

I

Joanes

II

Ano de conclusão 1936 1971 1972 1955 1971

Área de drenagem (Km2) 50,2 31,1 8,6 578,4 376,5

Área da bacia hidráulica

(Km2)

1,1 2,2 0,8 6,96 13,0

Volume útil (m3 x 10

6) 3,9 4,6 4,4 15,0 86,4

Demanda (m3) 0,78 01 0 3,3 1,4

Adaptado de OLIVEIRA, 1999 [82]

A Figura 3 mostra as imagens recentes das barragens do Joanes I, Joanes II, Ipitanga I e

Ipitanga II.

a) Joanes I b) Joanes II

c) Ipitanga I d) Ipitanga II

Figura 3 – Barragens dos Rios Joanes e Ipitanga

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É ainda um grande desafio a descoberta de soluções seguras que garantam a pro-

dução de água potável a partir de mananciais de superfície uma 0vez que vários compostos

naturais industrialmente produzidos e, até mesmo gerados durante o próprio tratamento da

água, podem vir a manifestar-se em concentrações potencialmente perigosas para a saúde

[1].

O número de parâmetros no controle da qualidade das águas de consumo tem au-

mentado cada vez mais devido ao rápido crescimento da população, urbanização, industria-

lização e intensificação da produção agrícola em paralelo ao uso de defensivos agrícolas.

Os constituintes em solução são classificados de acordo com a abundância relativa

em: maiores, quando os teores são superiores a 5 mg/L; menores, quando as concentrações

ficam entre 5 e 0,01 mg/L; e traços ou micro poluentes, quando os teores são inferiores a

0,01 mg/L. O aprimoramento das técnicas analíticas fez com que o número regular de micro

contaminantes, identificados e quantificados na água, evoluísse significativamente durante

as duas últimas décadas. Nesse contexto cresce a importância dos parâmetros denominados

de micro poluentes orgânicos e metais tóxicos. Esses elementos ou compostos podem causar

efeitos danosos à saúde em teores muito baixos, da ordem de microgramas por litro (μg/L) e

até nanogramas por litro (ng/L). Os efeitos adversos dos micro poluentes podem resultar de

condições agudas (curto tempo de exposição a doses elevadas) ou crônicas (longo tempo de

exposição a doses muito baixas); podem ser tóxicos (afetando seriamente funções biológicas

ou provocando a morte); carcinogênicos (induzindo o crescimento descontrolado de células,

vindo a provocar tumores malignos); mutagênicos (causando alterações hereditárias do ma-

terial genético das células); teratogênicos (causando deformações congênitas não hereditá-

rias) [1].

Segundo alguns autores[1], as medidas de controle a serem estabelecidas para a

proteção dos mananciais de abastecimento devem ter em conta a caracterização de riscos e

na bacia hidrográfica podem incluir, entre outros, os elementos abaixo:

Proibições e limitações aos usos do solo;

Registro de produtos químicos utilizados na bacia hidrográfica;

Especificações de proteção especial para indústrias químicas;

Mistura / desestratificação de represas para reduzir o crescimento de cia-

nobactérias ou para reduzir a zona anóxica do hipolímio e a solubilização

de ferro e manganês dos sedimentos;

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Controle das atividades humanas dentro das fronteiras da bacia hidrográfi-

ca;

Controle das descargas de águas residuais;

Aplicação de normas regulamentares ambientais para o licenciamento de

atividades poluentes;

Fiscalização regular na bacia hidrográfica;

Proteção de nascentes;

Interceptação de escoamentos superficiais e

Prevenção de atividades poluidoras clandestinas.

O índice de ocupação urbana nas margens das bacias hidráulicas Joanes principal-

mente I e II têm aumentado rapidamente e os estágios sucessórios de vegetação encontram-

se seriamente comprometidos pelas inúmeras agressões que vêm sofrendo pelo surgimento

de invasões, loteamentos legalizados ou clandestinos, sítios, granjas, chácaras, etc [85].

Figura 4 – Assentamento em área de preservação ambiental

A Figura 4 apresenta um caso de assentamento em área de preservação ambiental,

contrariando o Código Florestal [18]. Segundo este Código, em seu artigo 2º, as florestas e

demais formas de vegetação natural serão consideradas de preservação permanentes quando

situadas: (a) ao longo dos rios ou de qualquer curso de água desde o seu nível mais alto em

faixa marginal (largura mínima de: 30 m cursos de água de até 10m; 50m para os cursos de

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água de até 10 a 50m; e 100m para os cursos de água de até 50 a 200m); (b) ao redor das

lagoas, lagos ou reservatórios naturais ou artificiais (barragens) e (c) nas nascentes ainda

que intermitentes e nos chamados olhos de água qualquer que seja a sua situação topográfi-

ca, num mínimo de 50 metros em volta das mesmas.

O monitoramento dos mananciais do Joanes deve ser realizado de forma rotineira e o

controle da qualidade das águas de distribuição deve ser feito a partir do manancial de su-

primento do Sistema de Abastecimento de Água, uma vez que na Bacia Hidrográfica do Rio

Joanes desenvolvem-se atividades urbanas, industriais e agrícolas que geram impurezas

sólidas, líquidas e gasosas cujo veículo natural de escoamento é a água que drena das ver-

tentes da bacia para os reservatórios que terão suas características físicas, químicas e bioló-

gicas substancialmente modificadas [85].

Segundo os resultados divulgados pelo INGA (Instituto de Gestão de Águas e Cli-

ma) em janeiro de 2009, referente ao Programa Monitora, inserido no Programa Água para

Todos, na Bacia dos Rios Joanes – Ipitanga, a maioria dos pontos apresentaram IQA com

qualidade regular, ruim e péssima. Foi observado nesta bacia, um aporte significativo de

nutrientes (fósforo, nitrogênio e matéria orgânica - COT e DQO) e de coliformes termotole-

rantes. Observou-se ainda os impactos da carga orgânica proveniente da contribuição do

esgoto das cidades de Lauro de Freitas, Simões Filho, Camaçari, Feira de Santana, Terra

Nova e Santo Amaro da Purificação, que refletiram nas altas concentrações de coliformes

termotolerantes nas águas da RPGA (Regiões de planejamento de gestão das águas) do Re-

côncavo Norte e Inhambupe. Os resultados analíticos das amostras coletadas na RPGA do

Recôncavo Norte e Inhambupe permitiram avaliar a qualidade das águas com base na análi-

se dos resultados dos parâmetros físico-químicos, nutrientes, biológicos, orgânicos e metais

[86]. Dentro do Programa “Água para Todos” estão sendo realizadas obras para a ampliação

do sistema de esgotamento sanitário de Camaçari que contribuirá para a despoluição do rio

Joanes. Outro municípios tais como Dias D’Ávila, São Francisco do Conde, Lauro de Frei-

tas, Simões Filho e Candeias terão também ampliação dos seus sistemas de esgotamento

sanitário através do referido programa [87].

Um programa informatizado de gestão ambiental georreferenciado, com o apoio de

imagens de satélites que reunirá informações sobre os parâmetros de qualidade da água,

fontes de poluição, ocupações e atividades econômicas na Área de Preservação Permanente

- APP (Sistema de Gestão Ambiental de Mananciais – SIGAM) será desenvolvido pela

EMBASA em parceria com a Fundação Politécnica da UFBA. O primeiro manancial a ser

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monitorado pelo programa denominado Sistema de Gestão Ambiental de Mananciais – Si-

gam, será a Barragem do Joanes I, situada entre os municípios de Camaçari e Simões Filho

cujo sistema associado ao Rio Ipitanga é responsável por 40% do abastecimento de Salva-

dor. O programa, primeiramente aplicado na Barragem do Joanes I, será estendido a todos

os mananciais da EMBASA possibilitando assim uma gestão mais efetiva dos mananciais,

pois terá um histórico com atualizações constantes relativas a qualquer fator monitorado

por esta Empresa[87].

OLIVEIRA [82], desenvolveu uma pesquisa propondo uma metodologia para avali-

ar as alterações nas características hidrossedimentológicas de bacias hidrográficas e suas

repercussões na zona costeira, decorrentes da ocupação antrópica. A pesquisa, que teve co-

mo foco a bacia hidrográfica do Rio Joanes, propôs a utilização do modelo SWAT (Soil

Water Assessment Tool), modelo matemático associado a um SIG (Sistema de Informações

Geográficas), projetado para trabalhar com dados referenciados por coordenadas espaciais

ou geográficas que permite não apenas uma melhora na precisão dos resultados, mas tam-

bém uma aplicação mais rápida e eficiente do modelo, tornando possível a análise sistemáti-

ca de bacias hidrográficas. Dentre as conclusões, a autora verificou que o desmatamento da

vegetação original, constituída de mata atlântica que foi gradativamente substituída por ou-

tras de coberturas diversas bem como o aumento de áreas urbanizadas e a exploração de

materiais para construção civil contribuíram bastante para o aumento da perda de solo da

bacia estudada. De acordo com a autora, entre os anos de 1983 a 1996 o aumento da perda

de solo foi de 17%. A autora constatou também uma redução das vazões líquidas na foz do

Rio Joanes, em função principalmente das derivações de água nos reservatórios das barra-

gens construídas para abastecimento humano e industrial e um aumento da produção sólida

na foz, em função do desmatamento para a exploração agropecuária de materiais para cons-

trução civil e urbanização da faixa costeira. Oliveira ressalta o perigo do comprometimento

da fauna e da flora provocado pelo assoreamento do rio caso a ocupação da faixa costeira

não seja acompanhada de um ordenamento de uso do solo.

3.6.1.1 - Uso e ocupação do solo

De acordo com o IMA (Instituto do Meio Ambiente) o uso e ocupação do solo estão

representados pelos itens abaixo:

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Exploração petrolífera - realizada pela Petrobrás explorando gás e óleo bruto no trecho

próximo aos pontos de nascente.

Pastagem - são realizadas atividades de pecuária (criação de gado bovino e bubalino), no

trecho próximo aos pontos de nascente.

Parques Industriais – Aí estão instalados Centro Industrial de Aratu (CIA) e Pólo Petro-

químico de Camaçari.

Área de Preservação Ambiental - APA/Joanes Ipitanga (Decreto Estadual n.º.596 de 05 de

junho de 1999).

Áreas submetidas a processo de urbanização – presença de favelas, loteamentos e con-

domínios.

Exploração Mineral - pedreiras e lavras de cascalhos, caulim e arenoso.

Dutovias e Ferrovias - distribuídas em diversos trechos da bacia e alguns ramais que reali-

zam transporte de cargas com substâncias químicas, inclusive perigosas, destacando-se as

seguintes ligações dutoviárias: Pólo Petroquímico de Camaçari ligado ao Porto de Aratu;

Refinaria Landulfo Alves ligada ao Terminal Marítimo de Madre Deus; Gasoduto Copene

ligada à Cotegipe; Oleodutos e Gasoduto de São Francisco do Conde/Dom João ligados à

Refinaria Landulfo Alves; Gasodutos da Bahiagás com seguintes ramais: Pólo Petroquímico

ligado à Fábrica da Millenium; Pólo Petroquímico ligado à Dias D’Ávila; Pólo Petroquími-

co ligado a Salvador (Iguatemi e Itaigara, trecho inicial).

Reflorestamento - anel florestal do CIA e Pólo Petroquímico de Camaçari.

Na Figura 5 observa-se o estado de degradação na barragem do Ipitanga I provoca-

da por ocupações irregulares. Estudos vêm demonstrando que a ocupação do solo através da

urbanização e as áreas cultivadas são fontes dos elementos Ni, Cr, Cu, Fe, Al, Mn, Ca, Mg,

K e Zn em sistemas fluviais. Já os elementos Mn, Zn e Cu são provenientes, principalmente,

de fertilizantes [88].

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Figura 5 - Ocupações irregulares nas margens da barragem do Ipitanga I Fonte : Jornal da EMBASA, mar/2009

As diversas atividades industriais encontradas na área da BHRJ podem resultar na

formação de esgotos domésticos e industriais ricos em Al e PO4, DQO, DBO, amônia, Cu,

As, Zn, PB, dentre outros.

A Figuras 6 apresenta o diagrama unifilar do Rio Joanes onde são encontrados os

pontos de amostragem utilizados pelo IMA para o monitoramento desta bacia. Este diagra-

ma é datado do ano 2000, entretanto foi aqui considerado devido a inexistência de outro

mais atual. Considerando a data em que foi construído é possível que tenha havido alguma

alteração . Isto poderá ser confirmado a partir da execução do projeto Sigam que será de-

senvolvido pela em EMBASA em parceria com a Fundação Politécnica da UFBA. Nesta

oportunidade serão identificadas as ocupações assentadas na área da bacia supracitada.

O relatório emitido pelo IMA em 2001 destaca como principais fontes de poluição o

lançamento de efluentes industriais, o lançamento de esgotos domésticos sem tratamento

prévio (esgotos “in natura”) e outros resíduos de origem industrial.

Os relatórios referentes às Campanhas desenvolvidas pelo INGA em 2008 e 2009 a-

firmam a mesma coisa, mostrando inclusive o aumento dessas contaminações.

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Figura 6 - Diagrama Unifilar do Rio Joanes Adaptado do IMA – Instituto do Meio Ambiente, 2000

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74

3.6.1.2 - Usos da água

As águas da Bacia do rio Joanes são utilizadas para diversas finalidades como [82]:

Abastecimento Doméstico - É o uso mais nobre da água, não só a água para beber, essenci-

al à manutenção da vida, mas a água de beber que é utilizada também para higiene pessoal,

preparação de alimentos, limpeza de área, lavagem de roupas e utensílios, rega de jardins,

entre outros usos. A BHRJ abastece parte da cidade do Salvador, bem como Candeias, Lau-

ro de Freitas, Simões Filho, Dias D’Ávila, Madre Deus e São Francisco do Conde.

Represamento das águas - Através dos Barramentos: Joanes I (abastecimento de Salvador

e Lauro de Freitas) e Joanes II (abastecimento do Pólo Petroquímico e CIA Norte), e Ipitan-

ga I (regularizar as águas do rio Ipitanga, complementar a produção de água potável de Sal-

vador e Lauro de Freitas), Ipitanga II (fornecimento de água bruta e/ou tratada às indústrias

do CIA) e Ipitanga III (acumulação e transposição das águas do rio Joanes no período de

estiagem e que as reverte para Ipitanga I e II). Essas barragens basicamente são utilizadas

para reforçar o sistema de abastecimento de Salvador, além de fornecer água para os demais

municípios da RMS.

Abastecimento Industrial: Através das barragens do Ipitanga II e Joanes II são abastecidos

o CIA – Centro Industrial de Aratu e o Pólo Petroquímico de Camaçari.

Dessedentação de Animais: Este uso requer algumas exigências quanto à qualidade da

água, sem maior preocupação quanto aos aspectos estéticos. Bovinos e búfalos utilizam-se

desta água, no entorno dos pontos de nascente.

Recreação e Lazer: Em decorrência do processo de urbanização, estas atividades apresen-

tam significado social e econômico. Utilizam-se o trecho estuarino até a sua desembocadura

situada na praia de Buraquinho.

Pesca: Este uso requer exigências na qualidade da água para alimentação e proteção. Esta

atividade é desenvolvida em alguns trechos, principalmente na zona estuarina e clandesti-

namente ao longo dos espelhos d’ águas das represas Joanes I e II, Ipitanga I, II e III.

3.6.1.3 - Atividades impactantes

Atividades como extração ou lavra de substâncias minerais utilizadas na construção

civil; transporte de cargas perigosas através de ferrovias, dutovias e rodovias com eventuais

acidentes são alguns exemplos de atividades que causam impacto na BHRJ.

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A ausência da mata ciliar em alguns trechos próximos de áreas urbanizadas e em

processo de favelização, sobretudo em alguns locais dos municípios de Simões Filho, Ca-

maçari e Lauro de Freitas, vem provocando a erosão das margens e conseqüente assorea-

mento da calha fluvial, contribuindo para o aumento da turbidez, alterando a qualidade das

águas dos rios desta bacia (Figura 7). As matas ciliares são representadas pelo conjunto de

árvores, arbustos e outras espécies vegetais situados nas margens dos rios e têm a função de:

(a) proteger a barranca dos rios contra os desmoronamentos; (b) conservar a temperatura da

água; (c) produzir alimentos para os peixes e animais silvestres; e (e) como conseqüência o

equilíbrio do ecossistema

Figura 7 - Áreas degradadas (Joanes II)

De acordo com BACELLAR [88], a mata ciliar exerce um alto poder depurativo

pois a vegetação que a compõe é comprovadamente eficiente para reter o nitrato de origem

antrópica e, assim, evitar a contaminação dos rios. Segundo o pesquisador, o ambiente re-

dutor comumente encontrado nos solos sob a mata ciliar favorece a denitrificação das águas

dos fluxos subterrâneos e subsuperficiais que descem encosta abaixo. Por tal razão, têm-se

empregado matas ciliares para controle da contaminação por nitrato em zonas rurais. Na

denitrificação o nitrato é reduzido a nitrogênio (N2) que vai para a atmosfera. O excesso de

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compostos nitrogenado e fosfatados decorrentes de atividades antrópicas, bem como as altas

temperaturas dos corpos aquáticos (na Bahia é, em média, acima de 25 ºC) são condições

que favorecem o processo de eutrofização dos ambientes aquáticos.

As Figuras 8 e 9 mostram a degradação do Ipitanga I provocada pelo acúmulo de

lixo e lançamento de esgoto doméstico.

Figura 8- Presença de plantas aquáticas evidenciando processo de eutrofização

na barragem do Ipitanga I. Fonte : Jornal da EMBASA, março de 2009

Figura 9 – Lixo e esgoto causam degradação da barragem do Ipitanga I

Fonte: Jornal da EMBASA, março de 2009

Na avaliação da qualidade das águas da BHRJ realizada pelo CRA em 2001[83],

chegou-se à seguinte conclusão:

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Os afluentes do Rio Joanes que apresentam maior comprometimento da qualidade

de suas águas são os rios:

Lamarão (devido à presença de Ferro e Cobre), Jacarecanga (devido à presença de

Fluoretos e aos valores altos de DBO), e o Bandeira e Piaçabeira por conta dos valo-

res altos de DBO e de Coliforme Fecais e dos valores baixos de OD.

No curso d’água do Rio Joanes as condições de qualidade da água melhoram em

conseqüência do maior volume de água desse rio e das represas das barragens Joanes

I e Joanes II.

No caso dos afluentes do Rio Ipitanga tem-se o Rio Cururipe em condições péssimas

(Concentração de Resíduo Total, Demanda Bioquímica de Oxigênio e Coliformes

Fecais altos e de Oxigênio Dissolvido baixo) que refletem na qualidade do curso

principal do rio Ipitanga.

Segundo o Relatório do IMA[83] , os altos valores encontrados para cobre, chumbo

e alumínio podem estar associados às atividades de processamento de minério de cobre e

emissões atmosféricas da atividade de beneficiamento de alumínio, realizadas à montante

dos pontos de coleta da amostra de água.

Em 2008, nas quatro Campanhas realizadas pelo INGA, observou-se que a maioria

dos pontos da Bacia Hidrográfica do Recôncavo Norte com IQA classificado como de qua-

lidade “regular” e “ruim” ocorreu na Bacia dos Rios Joanes e Ipitanga, tendo inclusive, um

ponto de qualidade “péssima”. Nesta bacia, a qualidade das águas dos afluentes também foi

comprometida, notadamente em relação aos resultados dos parâmetros biológicos e de nu-

trientes.

Estes diagnósticos mostram a necessidade de soluções imediatas para conter as prá-

ticas de degradação ambiental, principalmente em áreas de mananciais, visando evitar a

perda de reservatórios, como já ocorreu em Salvador com o reservatório de Mata Escura,

com as represas do Prata e Cachoeirinha e, mais recentemente, com a bacia do Cobre. A-

través do monitoramento de 60 pontos nos mananciais da RMS, a EMBASA vem procuran-

do prevenir a degradação desses mananciais e detectar os problemas para busca de soluções.

O programa de monitoramento de mananciais da EMBASA implantou novas redes de moni-

toramento nas represas Joanes I e II, Ipitanga I, II e III e Pedra do Cavalo [86].

Dentro das ações ambientais realizadas pela EMBASA está o reflorestamento e re-

composição de matas ciliares em áreas de mananciais. A Figura 10 abaixo mostra a efetiva-

ção desta ação na área do Joanes II.

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Figura 10 – Área reflorestada do Joanes II

Para facilitar este processo e reduzir custos a EMBASA construiu em 2004, um Hor-

to Florestal (Figura 11) facilitando assim as ações de recomposição das matas ciliares dos

seus mananciais utilizados para abastecimento público. Situado em Candeias na área da

ETA Principal, o horto possui capacidade para abrigar cerca de 1770 mudas. As mudas aí

abrigadas têm sido utilizadas na recomposição não só de áreas de mananciais como também

outras áreas que necessitam de recuperação florestal. Para obtenção de melhores resultados

a EMBASA firmou um convênio de colaboração técnica com a SEMARH/SFC (Secretaria

de Meio Ambiente e Recursos Hídricos/ Superintendência de Floresta e Unidades de Con-

servação). Essa parceria trará benefícios através do conhecimento técnico específico dos

funcionários da SEMARH/SFC favorecendo assim a ampliação e melhoria do Projeto do

Horto.

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Figura 11 – Horto Florestal - EMBASA

Para BACELLAR [88], o desmatamento tende a aumentar o volume de água dispo-

nível nas bacias hidrográficas, elevando os fluxos anuais dos rios. No desmatamento não

controlado há um aumento do volume de água que atinge o perfil do solo onde a água é reti-

da, favorecendo a lixiviação e uma maior exportação de elementos químicos para os rios. O

autor observou um ligeiro aumento da turbidez, condutividade, nitratos, potássio, cálcio,

magnésio e ferro na água de rio até um ano após o corte de uma plantação de eucaliptos.

A concentração de elementos químicos dissolvidos nas águas dos rios de bacias to-

talmente florestadas é normalmente baixa, especialmente na fase inicial de sucessão vegetal,

quando a perda de elementos químicos por lixiviação é mínima, devido à grande adsorção

dos mesmos pelas raízes [89].

São muitas as variáveis que podem interferir na qualidade de uma água. As ações

inadequadas desenvolvidas no entorno das bacias hidrográficas comprometem a qualidade

das águas exigindo o uso de produtos químicos diversos e técnicas cada vez mais sofistica-

das para tornar essas águas adequadas para o consumo humano. Aliado a isso os avanços

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tecnológicos tem proporcionado aos laboratórios de pesquisa o uso de equipamentos cada

0vez mais sofisticados que permitem a obtenção de um maior número de resultados e análi-

ses simultâneas de um maior número de amostras. Entretanto analisar um grande número de

resultados por análise univariada ficou cada vez mais difícil. Para facilitar essa avaliação

surgiu a análise multivariada, que caracteriza a quimiometria [90,91,92], permitindo que se

possa extrair um maior número de informações de um experimento que envolve um grande

número de variáveis em menor tempo.

3.7 – Análise Multivariada de dados

A consideração isolada de uma única informação a respeito de amostras com alto

grau de semelhança dificilmente leva a resultados satisfatórios. Entretanto se todas as in-

formações forem consideradas simultaneamente, provavelmente será possível caracterizar

conjuntos de amostras. Diante de uma gama de informações os processos computacionais

vêm sendo cada vez mais utilizados de forma a utilizar, simultaneamente todas as informa-

ções adquiridas através dos métodos denominados multivariados.

A estatística multivariada consiste em um conjunto de métodos aplicados em situ-

ações onde várias variáveis são medidas simultaneamente em cada elemento amostral.

Uma observação multivariada de dimensão p, ou p-variada, é um vetor:

X = (X1, X2, X3,......, Xp)t

Em que t= transposto e cujas coordenadas X1 a Xp são variáveis aleatórias oriun-

das de várias medidas de um mesmo elemento amostral. Assim, uma matriz de observa-

ções p-variadas, ou matriz de dados, é uma tabela X: n x p. Dessa forma, n medidas em p

variáveis podem ser dispostas da seguinte forma:

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81

Em que X é a matriz que contém todas as observações de todas as variáveis. Quanto

maior o número de variáveis, mais complexa é a análise através de técnicas univariadas

[93]. Os dados originais, na forma de matriz, são expressos por X= (xi,j), em que i = 1...n

amostragens e j = 1...p variáveis .

A Quimiometria segundo alguns pesquisadores [94], é uma disciplina química que

emprega métodos matemáticos e estatísticos para planejar ou selecionar experimentos de

forma otimizada e para fornecer o máximo de informação química com a análise dos dados

obtidos.

Os métodos quimiométricos são usados para identificar as semelhanças e diferenças

em diferentes tipos de amostras agrupá-las e classificá-las. Estes métodos estão divididos

em dois grupos: métodos supervisionados e os não supervisionados. Nos métodos supervi-

sionados, cada amostra analisada provém de uma classe pré-estabelecida e esta informação

é utilizada durante a construção dos modelos. Os métodos supervisionados não requerem

nenhum conhecimento prévio a respeito da classificação das amostras, elas são agrupadas

naturalmente com base nos dados experimentais em questão.

Quando o interesse é verificar como as amostras se relacionam entre si, ou seja, o

quanto estas são semelhantes segundo as variáveis utilizadas, destacam-se dois métodos que

podem ser utilizados: a análise de agrupamento hierárquico (HCA) e a análise de compo-

nentes principais (PCA).

A análise de componentes principais, PCA (do inglês, Principal Component Analy-

sis) é um método classificatório não supervisionado, destinado a produzir grupos ou agru-

pamentos de amostras semelhantes, segundo suas características (variáveis). O agrupamento

das amostras define a estrutura dos dados através de gráficos de escores (scores) e pesos

(loadings), cujos eixos são componentes principais (PCs) nos quais os dados são projetados

(Figura 12).

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82

V1

Figura 12 – Representação gráfica das Componentes Principais

Os escores que são as coordenadas dos objetos no sistema de eixos definido pela

componentes principais, fornecem a composição das PCs em relação às amostras, enquanto

os pesos ou loadings, que são os cossenos dos ângulos que as componentes principais for-

mam com o eixo das variáveis, influenciam essa composição em relação às variáveis .Como

as PCs são ortogonais, é possível examinar as relações entre amostras e variáveis através

dos gráficos dos escores e dos pesos. O estudo conjunto de escores e pesos ainda permite

estimar a influência de cada variável em cada amostra. [95]

A PCA, para dados bidimensionais, é uma ferramenta quimiométrica bastante difun-

dida e utilizada para diminuir a dimensão dos dados originais.[95] Desta forma, uma gama

infinita de informações pode ser organizada em uma matriz de dados X formada por N li-

nhas e M colunas. As linhas podem ser, por exemplo, amostras de água de diferentes locais

ou diferentes tratamentos, e as colunas (variáveis) podem ser características físico-químicas

ou até mesmo concentrações de espécies químicas [96].

Na aplicação da técnica da PCA, a primeira etapa é transformar a matriz de dados

originais em uma matriz de correlação [R] (p x p), para p igual número de parâmetros de

qualidade de água utilizados. A matriz de correlação tem como principal objetivo eliminar

os problemas de unidade e escalas diferenciadas em que as variáveis são medidas.

A análise de agrupamento hierárquico, HCA (do inglês Hierarchical Cluster Analy-

sis) é um processo hierárquico no qual cada etapa da matriz de dados é reduzida em uma

dimensão, pela reunião de pares semelhantes, até a reunião de todos os pontos em um único

grupo. O objetivo da HCA é exibir os dados em um espaço bidimensional de maneira a en-

fatizar os seus agrupamentos e padrões naturais. A distância entre os pontos (amostras ou

variáveis) reflete a similaridade de suas propriedades, portanto quanto mais próximos esti-

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83

verem os pontos no espaço amostral, mais similares são eles [97]. Os resultados são apre-

sentados na forma de dendogramas, os quais agrupam amostras ou variáveis em função da

similaridade [98].

3.7.1 – Aplicações de análise multivariada de dados no tratamento de dados resultantes

de análises de águas.

BISINOTI e colaboradores [99] empregaram a análise multivariada utilizando a

técnica da PCA num estudo realizado na Bacia Hidrográfica da Cidade de Londrina, Paraná

no período de fevereiro de 1997 a fevereiro de 1998 . Neste estudo os autores avaliaram a

influência dos metais Ca, Cd, Cr, Cu, Fe, Mg, Mn, Ni, Pb e Zn no sistema aquático da refe-

rida Bacia encontrando os seguintes níveis em mg/L, para os referidos metais: Ca (< 0,03 –

9,49); Cd x 10 (0,03 – 0,10); Cu x 10 (0,54 – 4,13); Fe x 10(< 0, 0 – 125); Mg x 10 (<0,03

– 10,4); Mn(<0,56 – 8,65); Ni x 10 (<0,42 – 6,64); Pbx10 (<20) e Zn x10 (<25 – 55) . A-

través da análise de componentes principais os autores chegaram à conclusão que houve

aumento da concentração dos metais ao longo da rede hidrográfica, que a presença sistemá-

tica dos metais Cu, Zn e Cd é originária dos processos de urbanização e industrialização e

que a presença também constante dos metais Mn, Mg, Fe e Pb proveniente, provavelmente,

do solo.

ANDRADE e colaboradores [90] empregaram a PCA para identificar os fatores de-

terminantes, naturais e antrópicos, da qualidade das águas superficiais na bacia do Alto Aca-

raú, Ceará. As amostras foram coletadas trimestralmente no período de fev/2003 a

mar/2004. Foram analisados os parâmetros pH, temperatura, cor, turbidez, nitrato, amônia

total, amônia livre, amônia ionizada, sódio, cloretos, potássio, sulfato, dureza, cálcio, mag-

nésio, alcalinidade total, alcalinidade do bicarbonato, condutividade elétrica, sólidos sus-

pensos, oxigênio dissolvido, demanda bioquímica de oxigênio, fósforo total, ortofosfato

solúvel, clorofila “A”, coliformes totais e coliformes termotolerantes. Através da PCA fo-

ram selecionadas as variáveis que explicavam o maior percentual da variância total dos da-

dos. As três primeiras componentes principais explicaram 88% da variância total. A primei-

ra (PC1) representou um componente mineral; a segunda (PC2), um componente de nutrien-

tes e a terceira (PC3), um componente de escoamento superficial das áreas agrícolas e cli-

ma. A rotação dos fatores mostrou que os parâmetros indicadores da qualidade das águas da

Bacia do Alto Acaraú estão relacionados com a ação natural (solubilidade dos sais), ação

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84

antrópica (nutrientes e transporte de sedimentos; poluição difusa gerada nos núcleos urba-

nos e em atividades agropecuárias).

BRITO e colaboradores [100], realizaram um estudo para identificar as variáveis de

maior significância na qualidade das águas da bacia hidrográfica do Salitre e classificar as

fontes hídricas segundo suas características. Nesse estudo foram analisados os parâmetros:

temperatura (T), pH, condutividade elétrica (CE), sólidos dissolvidos totais (SDT), oxigênio

dissolvido (OD), amônio (NH4+-N), cálcio (Ca

2+), magnésio (Mg

2+), sódio (Na

+), potássio

(K+), carbonato (CO3

2-), bicarbonato (HCO3

-), cloreto (Cl

-), sulfato (SO4

2-) e ferro (Fe

2+). A

dureza total (DT) e a relação de adsorção de sódio (RAS) foram determinadas a partir dos

dados de alguns parâmetros.

NONATO e colaboradores [101], realizaram o monitoramento da qualidade da água

no curso superior do Rio das Velhas, um tributário principal da bacia de São Francisco situ-

ada no estado de Minas Gerais. A análise componente principal identificou quatro compo-

nentes principais que explicam 80% da variabilidade dos dados. Entre os principais parâme-

tros estão presentes variáveis que caracterizam impacto causado pelo lançamento de esgoto

sanitário, como nitrogênio amoniacal, nitratos, nitritos, fósforo, estreptococos, coliformes

fecais, DBO e DQO. Esta observação permitiu aos pesquisadores concluir que o principal

impacto causado no Alto Curso do Rio das Velhas é atribuído à falta de saneamento básico.

Segundo os autores outros parâmetros característicos de efluentes de mineração, sólidos em

suspensão, turbidez, Fe total, estão entre os mais importantes, evidenciando o impacto am-

biental causado por essa atividade na região .

Avaliar as alterações na qualidade da água do Rio de Tibagi em função das atividades

urbanas e industriais na região de Ponta Grossa no estado do Paraná, foi o objetivo de

ZIMMERMANN e colaboradores [102]. O estudo envolveu o monitoramento dos parâme-

tros físico-químicos e microbiológicos do corpo da água, que foram avaliados por análise de

componentes principais. As coletas das amostras foram realizadas mensalmente no período

de outubro de 2005 a setembro de 2006, em 3 pontos de amostragem: rio acima, a jusante

do distrito industrial e rio abaixo da cidade de Ponta Grossa. A análise de componentes

principais mostrou o efeito das fontes pontuais associadas com a atividade industrial, que

contribuem para o aumento da concentração total de nitrogênio amoniacal e da redução do

oxigênio dissolvido na região estudada.

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4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Área de estudo

A área em estudo, apresentada na Figura 13 abrange os municípios de Camaçari, São

Francisco do Conde, Candeias, Dias D’Ávila, Simões Filho, São Sebastião do Passé, Lauro

de Freitas além de Salvador.

Figura 13 – Região Metropolitana de Salvador

Fonte: www.sei.ba.gov.br

4.2 – Coleta de dados

Os dados utilizados neste estudo foram fornecidos pelo Laboratório Central da Em-

presa Baiana de Águas e Saneamento S/A-EMBASA, certificado pela ISO 9001:2000 desde

novembro de 2000. A coleta das amostras foi realizada pelos coletores deste Laboratório,

obedecendo ao que recomenda a Resolução CONAMA 357/05 para mananciais da classe 2

de água doce destinada ao abastecimento público. As coletas e estocagem das amostras fo-

ram realizadas de acordo com a determinação do parâmetro requerido, baseando-se no que

recomenda o SMEWW (Standard Methods for the Examination of Water and Wasterwater –

Métodos Padrões para Análise de Águas e Efluentes) [103], conforme descrito abaixo:

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Amônia

Amostras coletadas em frascos plásticos contendo ácido sulfúrico, para preservação a pH

menor do que 2 e mantidas refrigeradas a cerca de 4ºC. As amostras foram analisadas dentro

do prazo máximo de 28 dias após a realização da coleta.

Nitrito e nitrato

Amostras coletadas em vials âmbar de 40 mL com tampa e septo (podendo ser em frasco

transparente de boca rosqueável de 150 mL). Amostras foram preservadas a 4ºC e

analisadas dentro do prazo máximo de 48 horas após a realização da coleta.

Condutividade

Em frascos plásticos sem preservação. As determinações de condutividade foram realizadas

dentro do prazo máximo de 28 dias após a realização da coleta.

Cor

Amostras coletadas em frascos plásticos ou de vidro sem preservação. As amostras foram

analisadas dentro do prazo máximo de 42 dias após a realização da coleta.

DBO

Em vasilhame de vidro ou plástico sem preservação. Volume necessário, mínimo de 1 litro.

As amostras foram analisadas dentro do prazo máximo de 24 horas após a realização da

coleta.

DQO

Amostras coletadas em frascos plásticos e preservadas com ácido sulfúrico a pH menor do

que 2 e refrigeradas a cerca de 4ºC. As amostras foram analisadas dentro do prazo máximo

de 8 dias após a realização da coleta.

Fósforo Total

Amostras coletadas em vasilhame plástico (podendo ser também de vidro), preservadas com

Ácido Sulfúrico a pH<2. Volume mínimo necessário de 500 mL. As amostras foram anali-

sadas dentro do prazo máximo de 28 dias após a realização da coleta.

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OD

Amostras coletadas em frascos de OD, conforme procedimento próprio de preservação

(fixação do oxigênio).Amostras foram reservadas sem refrigeração e foram analisadas

dentro do prazo máximo de 24 horas após a realização da coleta.

pH

Amostras coletadas em vasilhame plástico, completamente cheios, sem preservação. As

amostras foram analisadas dentro do prazo máximo de 24 horas após a realização da coleta.

Sólidos totais dissolvidos

Amostras coletadas em vasilhame plástico (podendo também ser de vidro) e refrigeradas a

cerca de 4 ºC sendo analisadas no prazo máximo de 7 dias após a realização da coleta.

Metais e metalóides

Conforme recomenda o método 3010-B do SMEWW[103], antes da coleta deve-se estabe-

lecer que fração deverá ser analisada ( metal dissolvido, suspenso, total ou extraível no

ácido). Isto determinará, em parte, se a amostra será acidificada com ou sem filtração e o

tipo de digestão exigido. Diversos erros podem ser introduzidos durante a amostragem e

estocagem devido à contaminação do recipiente utilizado na amostragem, perda de metais

por adsorção e/ou precipitação no recipiente da amostra causado por falha na acidificação

da amostra. Embora os recipientes de quartzo ou teflon sejam os mais recomendados, devi-

do ao custo podem ser substituídos por recipientes de polipropileno ou polietileno linear

com tampa de polietileno. Recipientes de vidro borosilicato também podem ser utilizados

para evitar amolecimento dos recipientes de vidro utilizados na amostragem de metais na

faixa de micrograma por litro. Neste trabalho foram utilizados recipientes de vidro borosili-

cato.

As amostras foram preservadas com ácido nítrico até pH<2 e estocadas em refrige-

rador a 4 ºC para evitar variação de volume devido a evaporação. As amostras para determi-

nação de mercúrio foram preservadas com 2mL de uma solução de K2Cr2O7 a 20% (pre-

parada em ácido nítrico 1+1) . As amostras para determinação de metais dissolvidos foram

filtradas antes da preservação.

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88

4.3 – Análises químicas

As amostras foram analisadas pelos técnicos do laboratório central da EMBASA, de

acordo com os procedimentos recomendados pelo SMEWW [103], cujos resultados foram

registrados em planilhas, em forma de matriz bidimensional para posterior interpretação.

Para facilitar a interpretação dos resultados foram produzidas duas matrizes, uma com os

resultados físico-químicos e a outra com os resultados de metais e metalóides. Os resultados

acima referidos deram origens às planilhas que se encontram no capítulo 5 deste trabalho,

Resultados e Discussão.

4.3.1 – Determinação dos parâmetros físico-químicos

Os parâmetros físico-químicos foram determinados conforme descrição a seguir:

Amônia – A amônia foi determinada pelo método do íon seletivo que se baseia

no seguinte princípio. O Eletrodo de Amônia usa uma membrana hidrofóbica

permeável a gases, que separa a amostra da solução interna do eletrodo de clore-

to de amônio. A amônia dissolvida, nas formas de NH3 aq e NH4+, é convertida a

NH3 aq pela elevação do pH para valores acima de 11 com uma base forte. A

NH3 aq se difunde através da membrana e muda o pH da solução interna que é

detectado pelo eletrodo de pH. O nível fixo de cloreto na solução interna é de-

tectado pelo eletrodo íon seletivo de cloreto que serve como um eletrodo de re-

ferência. As medidas foram realizadas utilizando-se o pHmetro Íon Seletivo da

HANNA, modelo HI 4212.

Condutividade - A condutividade elétrica foi determinada por condutimetria

utilizando o condutivímetro da marca ORION, modelo 150.

Cor real ou verdadeira - Empregou-se a técnica espectrofotométrica numa cé-

lula de fluxo de caminho ótico de 25 mm, no comprimento de onda de 455 nm,

utilizando o espectrofotômetro da HACH modelo DR 2010

Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) - DBO foi determinada através da

técnica eletrométrica conforme descrição a seguir. A amostra previamente cli-

matizada á temperatura de 20 ± 3 ºC é transferida para o frasco de DBO calibra-

do onde se determina o oxigênio dissolvido pela técnica eletrométrica. O frasco

tampado e isento de bolhas é incubado a 20 ± 1 ºC durante 5 dias no escuro.

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Nesta temperatura a matéria orgânica presente é consumida pelos organismos

aeróbicos utilizando o oxigênio em seu metabolismo. Após o período de incu-

bação, a amostra é retirada da estufa incubadora e é feita uma nova determina-

ção de oxigênio dissolvido. As amostras pobres em organismos aeróbicos como

alguns mananciais e águas tratadas, deverão ser submetidas ao processo de se-

meio. Neste processo são introduzidas nas amostras bactérias provenientes do

semeio, que preferencialmente deve ser o efluente de uma lagoa aeróbica, que é

pobre em matéria orgânica biodegradável mas rica nestes organismos. Algumas

amostras, dependendo da concentração de matéria orgânica biodegradável pre-

sente, podem necessitar de diluição para que o consumo de oxigênio (diferença

entre o OD final e o OD inicial ) fique na faixa aceitável que é de 40 a 70 % do

OD inicialmente determinado. A técnica Eletrométrica de medição de OD é ba-

seada em sua propriedade oxidante: Uma membrana semipermeável permite a

passagem apenas do oxigênio, que reage com o ânodo da Probe (parte dourada)

deixando dois elétrons. A corrente elétrica formada é proporcional à concentra-

ção de oxigênio, cuja referência de calibração é a espuma úmida, na qual se ga-

rante a saturação do oxigênio na temperatura e pressão atmosférica da análise. A

incubação é efetuada no escuro, para evitar a formação de oxigênio por fotossín-

tese. A temperatura e o tempo de incubação são parâmetros definidos interna-

cionalmente por consenso.

Demanda Química de Oxigênio (DQO) - A DQO foi determinada pela técnica

colorimétrica conforme descrição a seguir. A matéria orgânica presente na a-

mostra reage com dicromato (Cr2O7-2

), à quente, gerando o cromo trivalen-

te(Cr+3

) na presença de altas concentrações de ácido sulfúrico e de íons prata.

Todos os compostos orgânicos e espécies inorgânicas oxidáveis com exceção de

alguns compostos orgânicos aromáticos e da pridina, são oxidados devido ao

meio racional ser fortemente oxidante forte. O íon cloreto (Cl-), interferência

mais importante na análise, é oxidado pelo dicromato provocando erros positi-

vos. Além deste efeito, o cloreto precipita o íon prata, inibindo a sua ação cata-

lisadora. Concentrações de cloreto até 2000mg/L são eliminadas pela presença

de sais de mercúrio. Estudos indicam que cerca de 90 % da DQO reage nos 15

primeiros minutos da digestão, fato que pode ser útil no caso da necessidade de

estimativas rápidas do valor de DQO. A determinação da DQO é colorimétrica,

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90

aproveitando as propriedades óticas dos íons envolvidos no processo, Cr+6

e

Cr+3

. Em faixas altas de DQO a formação do íon cromo trivalente (Cr+3

) é atra-

vés da intensificação da sua cor esverdeada. Como a absortividade molar do íon

cromo trivalente é menor do que a do íon hexavalente, este sistema não se pres-

ta para a determinação de DQO em faixas muito baixas, devido à baixa sensibi-

lidade gerada. Utiliza-se nesta faixa, a redução da concentração do íon como

hexavalente e consequentemente esmaecimento da coloração amarela. A leitura

é feita contra um branco (que corresponde a digestão de água destilada) no

comprimento de onda 420 nm, nos métodos da HACH no DR 2000 ou DR

2500. Sendo impossível determinar uma expressão estequiométrica para a maté-

ria orgânica presente na amostra, devido à variedade de compostos e a diversi-

dade de proporções entre eles, a DQO é expressa na forma de mg DQO/ L que

equivale a mg O2/ L Esta expressão é útil pois torna comparáveis os resultados

de DQO e DBO de uma amostra, revelando informações importantes sobre a

proporção entre matéria orgânica biodegradável e não-biodegradável presentes

na amostra.

Fósforo total – O fósforo foi determinado pela técnica espectrofotométrica

utilizando o espectrofotômetro da HACH, modelo DR 2500, conforme descri-

ção a seguir. A amostra foi submetida a uma hidrólise à quente em meio forte-

mente ácido, onde todas as espécies inorgânicas de fósforo são transformadas

em ortofosfato. No processo de digestão, a mistura do ácido nítrico com o ácido

sulfúrico à quente, gera uma substância extremamente oxidante conhecida como

sulfato de nitrônio, onde o elemento oxidante é o (NO2+

). Nas condições da di-

gestão, todo o fósforo presente na forma de fósforo orgânico e fósforo inorgâni-

co hidrolizável são convertidos a ortofosfato. As etapas acima determinam

quais frações do fósforo presente na amostras estarão disponíveis para o proces-

so de complexação, descrito nos passos seguintes. Após o ajuste do pH, a adi-

ção do molibdato de amônio provoca a formação do ácido fosfomolibídico que

é reduzido com cloreto estanhoso a um oligômero intensamente colorido cha-

mado azul de molibdênio, cuja intensidade respeita a Lei de Beer (absorvância

diretamente proporcional à concentração).

Nitrato e nitrito - O nitrato e nitrito foram determinados pela técnica de cro-

matografia de íons utilizando o cromatógrafo da METROHM modelo 761

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compact IC. A cromatografia de íons é uma técnica de separação na qual a fase

estacionária é constituída de resinas de troca iônica. Estas resinas contém pe-

quenos íons livres que facilmente trocam de lugar com outros íons pequenos de

igual carga, presentes na solução que banha a resina.

OD - O oxigênio dissolvido foi determinado por titulometria usando o método

de Winkler. Dentre as diversas modificações aplicáveis ao método, foi utiliza-

do o da modificação azida, conforme descrição a seguir.Uma pequena quanti-

dade de azida de sódio (NaN3) é introduzida na amostra de água para eliminar

a interferência de nitrito, muito comum em águas brutas. Por se tratar de um

gás dissolvido, esta análise deve ser executada em campo ou através da fixação

química do oxigênio. Para esta fixação um frasco de DBO com tampa esmeri-

lhada é completamente cheio com a amostra, de modo a evitar as bolhas de ar,

cuja presença provoca erros grosseiros na análise. Adiciona-se à amostra solu-

ção de sulfato manganoso (MnSO4) e de reagente iodeto alcalino azida, que

contem na sua formulação iodeto de potássio (KI), Hidróxido de Sódio (Na-

OH) e Azida de Sódio (NaN3). Neste momento, ocorre a formação de um pre-

cipitado floculoso, que é o hidróxido de manganoso Mn(OH)2. O oxigênio

dissolvido presente oxida o hidróxido manganoso, de coloração esbranquiçada,

formando o hidróxido mangânico, de coloração marrom. A coloração do preci-

pitado pode variar de branco a marrom, conforme a concentração de oxigênio

dissolvido presente na amostra. Nesta etapa do processo, o oxigênio dissolvido

na amostra está quimicamente fixado ao precipitado, portanto, a concentração

de oxigênio no líquido sobrenadante é virtualmente zero. A presença de bolhas

de ar, cuja concentração de oxigênio é de 210.000 ppm (21 %) provocaria a

dissolução deste gás no sobrenadante, alimentando o processo de oxidação do

hidróxido manganoso a hidróxido mangânico e a fixação de química deste oxi-

gênio presente na bolha, provocando erros positivos grosseiros na análise. No

laboratório, acrescenta-se ácido sulfúrico concentrado, que promove a dissolu-

ção do precipitado e a liberação do íon mangânico livre, que por sua vez, reage

com o iodeto livre, formando iodo. Vale ressaltar que íon Mn+2

funciona como

catalisador do processo e que a quantidade de iodo formado equivale estequi-

ometricamente à quantidade de oxigênio dissolvido presente na amostra. Na ti-

tulação, o tiossulfato de sódio (NA2S2O3) reduz o iodo a iodeto, formando o

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íon tetrationato (S4O6-2) . Utiliza-se como indicador o amido solúvel, que for-

ma um complexo com o iodo de coloração azul intensa. Ao longo da titulação,

o iodo livre complexa-se com o iodeto presente formando o íon triiodeto, que

também forma complexos de coloração azulada com o amido. Porisso o amido

não deve ser adicionado no início da titulação. A virada da titulação é caracte-

rizada pela mudança da cor azul para o incolor.

pH - O pH foi determinado por eletrometria utilizando o pHmetro da Policon-

trol, modelo pH 250. A determinação do pH é a medida da variação do potencial

em um eletrodo de vidro com a variação da atividade hidrogeniônica da solução

em que ele está mergulhado, usando um eletrodo de referência. O eletrodo de pH

pertence ao grupo de eletrodos de membrana sólida, sendo o melhor dos ele-

trodos seletivos e é sensível aos íons hidrogênio. O mais importante eletrodo

sensível ao pH é o eletrodo de vidro. Esse dispositivo se baseia no fato de que

membranas delgadas de certas variedades de vidro são sensíveis aos íons-

hidrogenio. Se duas soluções estiverem separadas por essa membrana, aparece-

rá uma diferença de potencial entre suas duas superfícies, que é, no caso, pro-

porcional ao logaritmo da razão das atividades do íon-hidrogênio das duas so-

luções. A composição dos eletrodos de vidro usados para medir o pH corres-

ponde a silicatos com modificadores iônicos. A natureza do vidro usado para a

construção dos eletrodos é um fator muito importante. Existem dois grandes ti-

pos: Membrana T: Na2O - CaO - SiO2 (22:6: 72)% ; Membrana U: Li2O -

Cs2O2 - BaO - La2O3 - SiO2 (28:2: 4:3: 63)%. Os modificadores iônicos retar-

dam a hidrólise do silicato. Quando se afunda o eletrodo em água, na capa su-

perficial existe um processo de intercâmbio iônico entre o H+ da dissolução

externa e o Na+ ou Li

+ da membrana. A atividade da água na dissolução tem

um papel muito importante na resposta do pH na membrana de vidro. Por isso,

todos os eletrodos de vidro devem ser acondicionados durante um tempo na

água, tampão diluído ou KCl, formando-se um gel sobre a membrana. Com es-

ta capa sobre a membrana diminuem os erros quando o pH é medido em solu-

ções de força iônica muito alta, ou quando solventes não aquosos estão presen-

tes.

Sólidos totais dissolvidos - Os sólidos totais dissolvidos foram determinados

pela técnica condutimétrica utilizando o condutivímetro ORION, modelo 150.

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Apesar da maioria dos condutivímetros disponíveis comercialmente disporem

de função que permite a medição de sólidos dissolvidos (SD), em amostras de

baixa salinidade como as águas tratadas por exemplo, esta função pode apre-

sentar erros pois compara a condutividade obtida com um padrão de conduti-

vidade normalmente composto de uma solução de cloreto de potássio(KCl).

Devido à diferença de mobilidade e tamanho existentes entre os diversos â-

nions e cátions, soluções iônicas de diferentes cátions ou ânions embora de

mesma concentração têm condutividades diferentes como por exemplo uma

solução de 100 mg/L de sulfato de sódio tema uma condutividade diferente de

uma solução de 100 mg/L de cloreto de potássio, embora ambas as soluções

possuam 100 mg/L de sólidos dissolvidos. Sendo assim a determinação de SD

pela técnica condutométrica necessita da produção de um padrão cuja compo-

sição seja uma mistura de sais que simule a condição de distribuição dos diver-

sos ânions e cátions presentes em águas naturais. Este padrão é conhecido

como Padrão 442, o qual possui em sua composição sulfato de sódio

(Na2SO4), bicarbonato de sódio (NaHCO3) e cloreto de sódio (NaCl) na pro-

porção 4/4/2. Os demais ânions e cátions não possuem concentrações suficien-

temente altas a ponto de causarem alterações significativas na concentração

dos sólidos dissolvidos.

Turbidez - A turbidez foi determinada pelo método nefelométrico utilizando o

turbidímetro da HACH modelo 2100M. O método nefelométrico é baseado na

comparação da intensidade da luz dispersa pela amostra sob condições defini-

das, com a intensidade da luz dispersa por uma suspensão padrão de referência

nas mesmas condições. Quanto mais elevada for a intensidade da luz dispersa,

mais elevada será a turbidez. O polímero formazina é usado como suspensão

de referência de padrão primário. A turbidez da concentração especificada da

suspensão de formazina é de 4000 NTU (unidade nefelométrica de turbidez).

A Tabela 10 apresenta as técnicas e os limites de detecção dos métodos utilizados

na determinação dos parâmetros físico-químicos estudados na água da bacia do Rio Joanes.

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Tabela 10 – Relação das técnicas analíticas e os seus respectivos limites de detecção utili-

zados na determinação dos parâmetros físico-químicos nas águas da BHRJ.

4.3.1.1 – Garantia da qualidade para os parâmetros físico-químicos

No laboratório Central da EMBASA a garantia da qualidade para os testes físico-

químicos é realizada conforme o exposto na Tabela 11 .

Tabela 11 - Garantia da qualidade para os parâmetros físico-químicos

4.3.2 – Determinação de metais e metalóides

Na determinação dos metais e metalóides algumas amostras foram analisadas dire-

tamente, outras precisaram ser submetidas a tratamentos preliminares para solubilizar o ma-

PARÂMETROS TÉCNICA ANALÍTICA LIMITE DE DETECÇÃO

Condutividade Condutimétrica 0,1µS/cm

Cor Espectrofotométrica 1 mg Pt/L

DBO5 Eletrométrica 1 mg O2/L

DQO Espectrofotométrica 5 mg O2/L

Fósforo Total Espectrofotométrica 0,009 mg P- PO4-/L

Nitrato Cromatografia de íons 0,01 mg N-NO3-/L

Nitrito Cromatografia de íons 0,005 mg N-NO2-/L

Amônia Íon seletivo de amônia 0,1 mg N-NH3/L

Oxigênio Dissolvido Titulométrica 0,1 mg/L O2/L

pH Eletrométrica 0,01 unidade de pH

Sólidos Totais Condutométrica 100 mg/L

Turbidez Nefelométrica 0,001 UNT

PARÂMETROS GARANTIA DA QUALIDADE DA ANÁLISE

Condutividade Ensaio em replicatas/medida da constante da célula

Cor Ensaio em replicatas

DBO Valor do padrão da glicose

DQO Checagem de padrões

Fósforo Total Padrões e amostras fortificadas

Nitrato Checagem de padrões

Nitrito Checagem de padrões

Amônia Amostra fortificada/slope do eletrodo

Oxigênio Dissolvido Padronização do tiossulfato

pH Ensaio em replicatas

Sólidos Totais Checagem de padrões e amostras fortificadas

Turbidez Verificação diária da calibração do turbidímetro

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terial em suspensão e digerir matéria orgânica. O material em suspensão pode entupir os

nebulizadores, sistema gerador de vapor frio e danificar os fornos. Amostras isentas de cor e

turbidez (1 NTU), sem odor e uma única fase poderão ser analisadas diretamente.

Cabe ressaltar que dentre todos os procedimentos analíticos, a etapa de pré-

tratamento das amostras é a mais crítica. Em geral, é nessa etapa que se cometem mais erros

e que se gasta mais tempo. Por isso, os passos de um procedimento de pré-tratamento de

amostra deverão ser sempre realizados cuidadosamente

Para reduzir a interferência da matéria orgânica e converter o metal para a forma

apropriada para ser determinado (geralmente metal livre) por espectrometria de absorção

atômica é necessário o uso de um método de digestão da amostra apropriado capaz de for-

necer uma recuperação completa e consistente compatível o método analítico e o metal que

está sendo analisado.

Amostras para a determinação da maioria dos elementos, com exceção do As, Hg e

Se, foram submetidas, quando necessário, à digestão ácida com ácido nítrico. O nitrato é

uma espécie aceitável tanto para espectrometria de absorção atômica de chama( FAAS)

quanto para espectrometria de absorção atômica com atomização eletrotérmica em forno de

grafite (GF AAS).

Os elementos Al, Sb, As, Ba, Be, B, Cd, Pb, Cr, Se e V foram determinados por

GF AAS. As amostras para a determinação de As e Se foram submetidas à digestão ácida

com ácido nítrico e peróxido de hidrogênio.

Para a determinação do Hg utilizou-se a técnica de espectrometria de absorção a-

tômica com vapor à frio (CV AAS) após digestão ácida com os ácido nítrico e sulfúrico. Os

demais elementos, Ag, Co, Cu, Fe, Li, Mn, Ni e Zn foram determinados por FAAS.

Os parâmetros analíticos seguiram as orientações gerais do SMEWW[103], no que

tange à sensibilidade, limites de detecção e precisão e as recomendações do fabricante do

instrumento, quanto aos parâmetros analíticos. Tais parâmetros foram definidos através de

estudos específicos. Para estas determinações foram utilizados dois espectrômetros: um de

absorção atômica com chama, modelo SpectrAA220, corretor de deutério e outro de absor-

ção atômica com atomizacão eletrotérmica com forno de grafite, modelo SpectrAA Zeeman

220, com corretor de fundo Zeeman.

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4.3.2.1 - Garantia da qualidade dos lotes amostrais para análise dos metais e metalói-

des

Nos programas de análises de rotina do laboratório Central da EMBASA as amos-

tras são agrupadas em lotes 40 amostras e acrescidas aos mesmos os brancos, padrões, a-

mostras fortificadas e duplicatas. Dessa forma os resultados garantirão a qualidade do lote.

A garantia da qualidade desses lotes amostrais para análise de metais e metalóides foi base-

ada nos seguintes itens:

Branco

É inserido em cada lote amostral para cada elemento determinado, a fim de verificar

a pureza das vidrarias e ambientes em relação ao analito de interesse. É uma amostra que

não contém o analito mas, é submetida ao procedimento de análise.

Padrão de checagem

É inserido no lote a cada 20 (vinte) amostras como controle, a fim de verificar se a

variabilidade da resposta do sistema em relação àquela obtida no momento de construção da

curva de calibração, respeitando a faixa de erro admissível.

Amostra fortificada

Deve ser inserida no lote a cada 20 (vinte) amostras para verificar a exatidão da res-

posta cujo resultado deverá estar entre 80% e 120% de recuperação.

Duplicatas

São frações semelhantes de uma mesma amostra analisadas nas mesmas condi-

ções (espaço, tempo, analista e instrumentos), a fim de verificar a precisão (repetitividade)

do sistema.

As condições para realização das análises de metais e metalóides constam na Ta-

bela 12 onde são apresentadas as técnicas espectrométricas e seus respectivos limites de

detecção, comprimentos de onda, largura da fenda espectral e corrente da lâmpada de cato-

do oco (LCO).

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Tabela 12 - Técnicas espectrométricas atômicas e seus respectivos limites de detecção, comprimentos de onda, largura da fenda espectral

corrente da lâmpada de catodo oco (LCO) utilizadas na determinação de metais e metalóides em água.

Parâmetros

Técnica analítica

Limite de

Detecção

Comprimento

de onda (nm)

Largura da fenda

(nm)

Corrente da LCO

(mA)

Alumínio (Al) GF AAS 4 µg/L Al 257,4 0,5 10,0

Antimônio (Sb) GF AAS 4 µg/L Sb 217,6 0,2 10,0

Arsênio (As) GF AAS 2 µg/L As 193,7 0,5 10,0

Bário (Ba) GF AAS 38 µg/L Ba 350,1 0,5 20,0

Berílio (Be) GF AAS 0,2 µg/L Be 234,9 1,0 5,0

Boro (B) GF AAS 0,05 mg/L B 249,8 0,2 20,0

Cádmio (Cd) GF AAS 0,06 µg/ LCD 228,8 0,5 4,0

Chumbo total GF AAS 5 µg/L PB 283,3 0,5 10,0

Cobalto (Co) FAAS 0,03 mg/ LCo 240,7 0,2 7,0

Cobre total GF AAS 4,0 µg /L Cu 327,4 0,5 4,0

Cromo (Cr) GF AAS 0,08µg/L Cr 429 0,2 7,0

Ferro total (Fe) FAAS 8µg/L Fe 248,3 0,2 5,0

Lítio (Li) FAAS 0,001mg/L Li 670,8 1,0 5,0

Manganês (Mn) FAAS 20µg/L Mn 279,5 0,2 5,0

Mercúrio (Hg) CV AAS 0,05µg/L Hg 253,7 0,5R 4,0

Níquel (Ni) FAAS 0,02mg/L Ni 232 0,2 4,0

Prata (Ag) F AAS 0,07 µg/L Ag 328,1 0,5 4,0

Selênio (Se) GF AAS 4 µg/L Se 196 1,0 10,0

Vanádio (V) GF AAS 0,3µg/L V 318,5 0,2 20,0

Zinco total (Zn) FAAS 3µg/L Zn 213,9 1,0 5,0

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

As Tabelas 13 e 14 apresentam os resultados dos parâmetros físico-químicos e de

metais e metalóides para as águas da Bacia Hidrográfica do Rio Joanes coletadas durante o

período 2006 – 2007, formatados para uso nas análises estatísticas. Os dados originais dos

parâmetros físico-químicos deram origem a uma matriz de 178 linhas correspondentes às

amostras e 12 colunas correspondentes aos parâmetros físico-químicos, enquanto os resul-

tados dos metais e metalóides produziram uma matriz de 64 linhas, as amostras e 14 colu-

nas, os metais e metalóides (Anexos A,B,C e D). Foram removidos os resultados de As,

Be, Sb, Ag, Ni e Se por apresentarem variância nula. As duas matrizes foram utilizadas no

tratamento estatístico. Nas linhas destas matrizes foram colocados os pontos de coletas de

acordo com a seqüência das mesmas e nas colunas, os parâmetros em estudo.

Na Tabela 13 estão os resultados de doze parâmetros físico-químicos ( cor, pH, tur-

bidez, DBO, DQO, amônia, nitrito, nitrato, OD, sólidos totais dissolvidos, fósforo e condu-

tividade) das águas brutas do período de 2006-2007 dos dezenove pontos de coleta desta

bacia, selecionados de forma que representassem a Bacia Hidrográfica do Rio Joanes na sua

totalidade. Na Tabela 14 estão os resultados dos parâmetros metais e metalóides.

Na aplicação de uma análise multivariada qualquer não pode haver lacunas no con-

junto de dados. Assim, foram removidas algumas amostras, resultando os conjuntos de da-

dos acima citados com 106 amostras e 12 variáveis para os parâmetros físico-químicos e 64

amostras e 14 variáveis para os metais e metalóides. Foram removidos também alguns me-

tais e metalóides cujas variância apresentaram valores nulos. Os conjuntos de dados foram

separados por não fazerem parte do mesmo calendário de coletas.

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99

Tabela 13 – Resultados dos parâmetros físico-químicos formatados utilizados nas análises estatísticas

Amostra Amostra

Amônia

mg N/L

CE

µS/cm

Cor

Real

DBO

mg O2/L

DQO

mg O2/L

Fósf. Total

mg P/L

Nitrato

mg N/L

Nitrito

mg N/L

OD

mg O2/L pH

STD

mg/L

Turbidez NTU

RJ-01-08/03/07 J-1 0,14 81,6 23 1,0 6,2 0,053 0,21 0,005 5,14 6,61 100 10

RJ-01-01/04/07 J-2 0,17 102 17 3,69 13,1 0,029 0,5 0,005 4,08 7 100 12

RJ-01-26/10/07 J-3 0,14 91,6 38 1 12,1 0,026 3,19 0,005 4,57 6,7 100 19

RJ-02-10/02/06 J-4 0,44 47,6 38 1,52 17,7 0,172 0,01 0,005 5,92 5,9 100 23

RJ-02-08/03/07 J-5 0,11 53,2 18 2,1 13,9 0,027 0,01 0,005 4,11 5,63 100 11

RJ-02-01/04/07 J-6 0,18 51 19 4,83 27,6 0,134 0,01 0,005 3,14 6,71 100 13

RJ-02-26/10/07 J-7 0,1 67,6 15 1,2 16,5 0,046 0,26 0,005 3,99 5,67 100 5,5

RJ-03-08/03/07 J-8 0,18 79,5 42 1 10,1 0,014 1,2 0,005 7,09 6,73 100 12

RJ-03-01/04/07 J-9 0,13 102 38 2,18 14,2 0,061 0,01 0,005 5,33 6,71 100 9,5

RJ-03-26/10/07 J-10 0,34 87,2 21 1,2 10,6 0,106 0,39 0,005 5,84 7,04 100 4,7

RJ-05-01/04/07 J-11 17,3 480 27 1,89 82 0,988 0,01 0,005 1,05 7 317 25

RJ-05-26/10/07 J-12 12,7 424 25 10,6 28,2 0,091 0,19 0,005 0,88 6,84 282 26

RJ-06-10/02/06 J-13 0,1 95,5 50 2,1 23 0,192 0,01 0,015 3,43 6,73 100 25

RJ-06-08/03/07 J-14 1,6 93,4 25 2 13,6 0,06 0,055 0,037 3,59 6,49 100 12

RJ-06-07/06/07 J-15 0,15 98 18 5,41 22,4 0,16 0,48 10 7,39 7,53 100 11

RJ-06-28/06/07 J-16 1,09 97,1 42 2,85 0 0,122 0,38 0,005 5,03 6,74 100 11

RJ-06-20/07/07 J-17 0,83 93 20 4,1 18,4 0,061 0,3 0,023 5,65 6,86 100 9

RJ-06-27/07/07 J-18 0,38 97,8 17 4,6 33,2 0,109 0,45 0,025 6,37 6,98 100 18

RJ-06-08/09/07 J-19 0,31 96 20 6 28,3 0,033 0,4 0,005 8,68 9,08 100 25

RJ-06-26/10/07 J-20 0,44 198 25 11,3 40,7 0,373 0,01 0,005 5,35 7,26 100 91

RJ-06-07/11/07 J-21 0,86 96,6 8 4,2 15,7 0,079 0,37 0,005 5,16 6,66 100 14

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100

Continuação da Tabela 13

RJ-07-10/02/06 J-22 0,49 93,5 63 1,54 19,9 0,112 0,01 0,18 3,53 6,77 100 30

RJ-07-08/03/07 J-23 3,2 95,9 19 4 19,5 0,02 0,39 0,044 4,72 6,92 100 12

RJ-07-01/04/07 J-24 0,1 181 13 7,18 24,5 0,105 0,01 0,005 0,1 8,1 109 6,1

RJ-07-26/04/07 J-25 0,1 193 19 11,7 41,3 0,208 0,01 0,005 4,28 9,49 176 71

RJ-07-30/10/07 J-26 0,16 211 31 1 38,1 0,291 5,14 0,005 11,38 9,89 201 94

RJ-08-10/02/06 J-27 0,003 100 27 1,84 17,7 0,17 0,01 0,005 4,21 6,6 100 8,5

RJ-08-01/04/07 J-28 0,11 99,6 11 3,87 10,2 0,031 0,01 0,005 7,11 7,14 100 4,3

RJ-08-26/10/07 J-29 0,003 86,2 4 1 5,8 0,029 0,01 0,005 6,32 7 100 6,6

RJ-11-10/09/06 J-30 0,003 69,5 17 1 7,1 0,101 0,01 0,005 4,36 6,4 100 51

RJ-11-19/06/07 J-31 0,07 55,7 11 1,02 6,3 0,009 0,25 0,005 4,21 5,87 100 6,3

RJ-11-12/10/07 J-32 0,003 91,2 113 2,4 24,2 0,018 0,19 0,005 2,07 6,31 100 31

RJ-12-10/09/06 J-33 0,003 73 47 1,1 9,4 0,032 0,01 0,005 6,03 6,7 100 18

RJI-02-19/06/07 J-34 0,003 70,7 34 1 29,9 0,049 0,21 0,005 5,32 6,41 100 13

RJ-12-12/10/07 J-35 0,003 76,4 80 2,1 12,1 0,009 0,29 0,005 5,35 6,16 100 18

RJ-12-01/11/07 J-36 0,13 77,3 43 4,84 8,6 0,051 0,01 0,005 5,23 7,05 100 50

RJ-13-10/09/06 J-37 0,003 115 51 1,03 14,2 0,106 0,01 0,005 4,83 6,67 68,4 19

RJ-13-19/06/07 J-38 0,003 98,1 76 1,58 31,1 0,087 0,27 0,005 4,85 6,81 100 37

RJ-03-12/10/07 J-39 0,003 66,9 535 3,5 22,6 0,009 0,01 0,005 0,1 6,03 100 70

RJI-03-01/11/07 J-40 0,16 87,9 56 2,58 15,4 0,134 0,01 0,005 2,4 6,62 100 15

RJ-14-12/10/07 J-41 0,13 88,9 30 2,8 17,1 0,009 0,22 0,005 5,53 6,37 100 26

RI-14-01/11/07 J-42 0,14 87,6 17 4,25 14,8 0,06 0,01 0,005 5,65 6,6 100 8,8

RJ-15-10/09/06 J-43 0,74 237 72 3,03 31,3 0,412 0,01 0,005 1,25 6,58 142 16

RJ-15-19/06/07 J-44 1,48 226 63 5,3 31,8 0,314 0,01 0,005 0,74 6,32 151

15

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101

Continuação da Tabela 13

RJ-15-12/10/07 J-45 8,16 648 142 9,7 32,3 0,799 0,01 0,005 0,1 6,47 526

32

RJ-16-10/09/06 J-46 0,003 199 38 2,24 18,6 0,087 0,01 0,006 5,92 7,07 117

14

RJ-16-19/06/07 J-47 0,04 99,2 33 1,83 19 0,065 0,01 0,005 4,01 6,72 138

32

RJ-16-12/10/07 J-48 0,33 86,7 30 3 23,7 0,047 0,33 0,005 3,61 6,55 100

49

RJ-16-01/11/07 J-49 1,81 313 26 10,9 31,9 0,108 0,01 0,005 3,03 7,08 198

95

RJ-17-10/09/06 J-50 6 281 68 5,83 32,6 1 0,01 0,005 1,35 6,54 178

32

RJ-17-19/06/07 J-51 6,86 272 49 3,24 28,5 2,35 0,01 0,005 1,61 6,39 231

68

RJ-17-12/10/07 J-52 1,75 294 261 7,9 29,1 2,41 0,22 0,005 0,26 5,92 423

240

RJ-17-01/11/07 J-53 3,55 239 60 5,52 27,5 2,934 0,01 0,005 0,1 6,28 159

39

RJ-18-10/09/06 J-54 0,26 103 44 1,21 7,9 0,009 0,01 0,005 6,24 6,86 100

6,7

RJ-18-22/09/06 J-55 0,003 85,9 52 6,42 19,9 0,009 0,01 0,006 6,34 7 100

8,4

RJ-18-07/10/06 J-56 0,11 82,3 63 1,23 12,7 0,1 0,01 0,011 5,43 6,43 100

34

RJ-18-14/12/06 J-57 0,13 96,6 15 1,84 21,5 0,043 0,01 0,005 7,01 7,44 100

2,2

RJ-18-24/01/07 J-58 0,21 94,8 10 1 17 0,014 0,01 0,005 5,54 7 100

2,7

RJ-18-19/06/07 J-59 0,19 91,1 56 1,07 16,2 0,055 0,29 0,005 5,2 6,58 100

12

RJ-18-13/08/07 J-60 0,1 87,6 38 1,3 0 0,019 0,33 0,005 6,16 6,64 100

5

RJ-18-09/10/07 J-61 0,13 84,2 32 1 10,6 0,019 0,23 0,005 5,45 7,54 100

5,7

RJ-18-10/10/07 J-62 3,4 91,1 18 1 21,7 0,033 0,24 0,005 6,91 6,85 100

2

RJ-18-12/10/06 J-63 0,003 75,7 12 1,6 12 0,025 0,01 0,005 6,58 6,93 100

2,3

RJ-18-01/11/07 J-64 0,25 92,6 12 2 14,7 0,086 0,01 0,005 7,01 7,18 100

3,2

RJ-18-26/11/07 J-65 0,003 85 11 1 13,1 0,009 0,01 0,005 6,13 7,1 100

1,4

RJ-08-27/12/07 J-66 0,04 84 9 1 15,6 0,074 0,01 0,005 6,81 7,05 100

1,9

RI-11-09/11/06 I-1 0,2 167 11 1,74 13,4 0,1 0,01 0,009 5,92 7,2 100 2,5

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Instituto de Química / UFBA – GPQQ – Grupo de Pesquisa em Química e Quimiometria

102

Continuação da Tabela 13

RI-11-12/11/06 I-2 0,17 166 8 2,19 14,9 0,144 0,01 0,005 6,59 7,19 100 3,2

RI-11-19/03/07 I-4 0,003 177 6 1,9 15,6 0,082 3,91 0,005 7,4 7,38 STD 7

RI-11-31/07/07 I-5 0,11 102 9 1,6 9,5 0,039 0,5 0,005 6,32 7,15 100 4,3

RI-11-11/12/07 I-6 0,003 197 6 1,6 13,8 0,074 0,01 0,005 6,55 7,16 126 2,8

RI-12-09/11/06 I-7 0,45 187 8 1 5 0,012 0,01 0,006 5,4 6,55 100 1,2

RI-12-12/11/06 I-8 0,34 171 8 1,55 8,6 0,115 0,01 0,005 5,86 6,33 100 1,2

RI-13-09/11/06 I-09 0,77 211 10 2,01 7 0,02 0,01 0,082 5,3 7 115 3,6

RI-13-12/11/06 I-10 0,24 229 13 2,42 15,2 0,164 0,01 0,005 4,08 6,8 127 1,9

RI-13-19/03/06 I-11 0,25 219 8 2,56 18,5 0,068 0,01 0,005 1,67 6,66 123 12

RI-13-31/07/07 I-12 1,71 237 9 2,1 15,1 0,038 0,03 0,005 6,32 7,17 82,7 14

RI-13-11/12/07 I-13 0,29 294 8 1,5 18,7 0,052 0,82 0,005 3,99 6,69 188 8,2

RI-14-09/11/06 I-14 0,37 236 13 1,5 5,9 0,028 0,01 0,052 2,39 6,77 132 2,7

RI-14-12/11/06 I-15 3,31 308 16 4,13 12,1 0,527 0,01 0,062 2,3 6,59 171 3,2

RI-14-19/03/07 I-16 1,56 385 23 7,85 18,8 0,529 0,19 0,005 3,23 7 217 4,4

RI-14-31/07/07 I-17 5,25 267 26 1,6 11,3 0,555 0,91 0,084 2,21 6,74 178 4,5

RI-14-11/12/07 I-18 2,2 378 10 1,7 15 0,802 0,43 0,005 4,85 6,72 240 3,8

RI-15-12/11/06 I-19 0,18 156 10 1,56 10,2 0,088 0,01 0,005 6,64 7,42 100 1,9

RI-15-11/12/07 I-20 0,36 191 5 1,4 12,5 0,047 0,01 0,005 7,16 7,22 125 2,4

RI-16-12/11/06 I-21 0,11 155 9 1,82 14,7 0,085 0,01 0,005 6,64 7,36 100 3,2

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103

Continuação da Tabela 13

RI-16-31/07/07 I-22 0,8 100 7 2,1 39,6 0,043 0,4 0,005 4,31 7,01 100 3

RI-17-09/11/06 I-23 0,16 155 14 1,08 7,3 0,015 0,01 0,005 6,13 7,13 100 4,4

RI-17-12/11/06 I-24 0,15 155 8 1,83 10,4 0,021 0,01 0,005 6,64 7,5 100 1,3

RI-17-19/03/07 I-25 0,47 166 7 1,83 14,6 0,016 0,18 0,005 9,07 7,3 100 4,5

RI-17-31/07/07 I-26 0,68 98,6 6 1,6 6,8 0,065 0,35 0,005 3,65 6,79 100 3,9

RI-17-11/12/07 I-27 0,33 190 4 1,1 5 0,048 0,21 0,005 6,87 7,16 124 2,5

RI-21-11/06/06 I-28 0,31 186 9 2,68 16,5 0,082 0,01 0,006 6,44 7,08 105 3,2

RI-21-02/05/06 I-29 1,16 236 11 3,32 14,4 0,097 0,01 0,007 5,86 7,15 129 15

RI-21-06/04/07 I-30 0,62 240 16 3,68 15,3 0,096 0,78 10 2,61 7,02 164 4,3

RI-21-10/05/07 I-31 0,23 244 14 1 22,2 0,109 0,46 0,005 2,09 6,81 162 6

RI-21-11/12/07 I-32 0,48 263 12 2,7 22,9 0,112 0,31 0,005 3,21 6,72 170 2,9

RI-22-11/06/06 I-33 0,27 191 9 2 17,9 0,099 0,01 0,016 8,31 7,58 104 4,4

RI-22-02/05/07 I-34 0,73 228 7 2,73 15,9 0,239 0,01 0,008 4,97 7,13 119 6,2

RI-22-06/04/07 I-35 0,45 241 14 3,28 12,1 0,095 0,9 10 5,21 6,94 161 4,6

RI-22-10/05/07 I-36 1,25 239 12 2,1 17,4 0,057 0,36 0,005 8,41 7,28 158 4,8

RI-22-11/12/07 I-37 0,33 256 11 2,4 15,7 0,09 0,05 0,005 5,35 7,22 166 3,1

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104

Tabela 14 – Resultados das análises de metais e metalóides formatados utilizados nas análises estatísticas

Amostra Amostra

Al

B Ba Cd Cr Cu Fe Li Pb Ag Hg Mn V Zn

µg/L

RJ-01-01/12/06 J-1 16,7 0,10 38,0 0,06 0,08 4 430,3 1 5,0 0,07 0,10 65,0 0,4 6,0

RJ-04-01/12/06 J-2 53,5 1,00 53,7 0,31 4,95 4 568,6 2 5,0 0,07 0,25 122,0 4,5 38,7

RJ-05-01/12/06 J-3 13,3 0,71 60,2 0,06 1,59 4 364,4 1 5,3 0,07 0,19 285,0 1,4 3,0

RJ-05-26/10/07 J-4 72,5 0,31 38,0 0,27 1,17 4 172,4 1 17,1 0,07 0,13 893,0 1,6 7,85

RJ-06-01/12/06 J-5 14,0 0,05 38,0 0,06 0,7 4 61,45 1 5,0 0,07 0,30 40,7 6,8 3,0

RJ-06-02/06/07 J-6 246,0 0,05 38,9 0,08 4,46 4 205,1 1 5,0 0,09 0,15 96,4 5,7 3,0

RJ-07-02/06/06 J-7 195,0 0,08 38,0 0,06 0,74 4 56,83 1 21,8 0,07 0,05 54,3 3,0 3,0

RJ-07-26/10/07 J-8 54,1 0,09 96,0 0,13 2,25 4 189,20 2 135,0 0,09 0,14 107,0 1,1 4,1

RJ-08-01/12/06 J-9 12,5 0,05 38,0 0,06 0,74 4 56,83 1 21,8 0,07 0,05 22,1 0,3 6,4

RJ-08-02/06/06 J-10 38,8 0,08 38,0 0,06 0,25 4 56,51 2 5,0 0,07 0,12 701,0 1,1 9,3

RJ-11-01/12/06 J-11 119 0,05 78,7 0,08 1,02 4 443,7 1 5,0 0,07 0,08 56,7 0,3 6,2

RJ-12-30/05/06 J-12 239 0,05 73,2 0,06 5,89 4 262,3 2 0,3 0,07 0,05 20,0 0,6 3,0

RJ-12-01/12/06 J-13 25 0,29 38,0 0,08 0,08 4 1182 1 7,2 0,07 0,28 122,0 0,3 24

RJ-12-19/06/07 J-14 15 0,06 38,0 0,06 0,08 8 159,0 1 0,3 0,07 0,05 67,7 0,8 3,0

RJ-12-10/12/07 J-15 30 0,17 38,0 0,11 2,76 4 409,3 1 23,5 0,30 0,13 371,0 0,4 3,0

RJ-13-30/05/06 J-16 104,0 0,05 45,8 0,06 2,12 1000 128,7 3 13,0 0,07 0,33 49,6 2,6 19,2

RJ-13-01/12/06 J-17 248,0 0,27 8 0,06 1,64 4 1708,0 1 0,3 0,22 0,09 142,0 0,3 29,9

RJ-15-01/12/06 J-18 30,6 0,28 38,2 0,06 0,08 4 2761,0 1 11,2 0,07 0,16 262,0 6,1 6,90

RJ-15-19/06/07 J-19 151,0 0,05 38,0 0,06 0,17 6000 2458,0 3 0,3 0,07 0,10 346,0 4,7 33,1

RJ-15-10/12/07 J-20 43,5 0,05 38,0 0,44 2,23 4 1648,0 1 215,0 0,07 0,05 194,0 0,3 3,0

RJ-16-30/05/06 J-21 161,0 0,37 43,5 0,11 1,26 4 411,2 3 0,3 0,07 0,17 366,0 1,9 27,2

RJ-16-01/12/06 J-22 90,0 0,17 67,8 0,06 2,21 4 396,8 1 21,5 0,07 0,35 516,0 4,2 11,1

RJ-16-19/06/06 J-23 31,0 0,05 38,0 0,06 1,09 7000 161,4 4 8,5 0,07 0,18 401,0 5,8 3,0

RJ-16-10/12/07 J-24 35,7 0,05 38,0 0,10 2,89 4 194,2 1 0,3 0,80 0,17 557,0 13 41,1

RJ-17-30/05/06 J-25 365 0,48 38,0 0,11 1,50 2000 134,5 4 11,5 0,07 0,05 284,0 1,8 3,0

RJ-17-19/06/06 J-26 73,5 0,09 43,9 0,13 0,08 8000 224,2 4 5,0 0,07 0,20 27,4 0,5 39,8

RJ-17-10/12/06 J-27 92,1 0,08 38,0 0,85 15,10 2670 233,7 5 92,4 0,07 0,21 131,0 0,7 3,0

RJ-18-19/06/07 J-28 375 0,05 38,0 0,12 0,33 4 227,1 1 11,0 0,07 0,37 20,0 1,3 36,7

RJ-18-10/09/07 J-29 311 0,07 99,0 0,06 0,37 8000 498,8 3 0,3 0,07 0,17 20,0 0,3 4,8

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105

Continuação da Tabela 14

RI-11-08/05/06 I-1 50,3 0,05 65,2 0,76 0,08 4 325,2 1 0,3 0,07 0,05 74,8 0,3 3,0

RI-11-11/12/06 I-2 35,8 0,49 44,2 0,16 0,08 4 76,5 4 6,6 0,07 0,05 37,1 0,3 8,10

RI-11-09/04/07 I-3 22,7 1,14 38,0 0,19 0,61 4 82,7 1 5,0 0,07 0,09 63,0 0,3 6,50

RI-11-12/11/07 I-4 81,0 0,23 38,0 0,07 1,62 4 77,7 4 7,1 0,17 0,05 22,5 0,3 3,0

RI-12-08/05/06 I-5 25,1 0,05 38,0 0,06 0,58 4 127,4 1 0,3 0,07 0,13 38,7 0,3 3,0

RI-12-11/12/06 I-6 14,0 0,50 38,0 0,32 0,08 4 151,7 4 8,1 0,07 0,05 47,2 0,3 7,4

RI-12-09/04/76 I-7 21,9 0,05 38,0 0,08 0,18 4 104,4 1 0,3 0,07 0,15 79,4 0,3 7,3

RI-12-12/11/07 I-8 61,9 0,30 143 0,09 0,30 4 149,3 5 5,9 0,07 0,16 78,8 0,3 3,0

RI-13-08/05/06 I-9 40,2 0,05 38,0 0,45 1,37 4 142,8 1 90,9 0,07 0,05 76,3 0,3 49,9

RI-13-11/12/06 I-10 32,8 0,36 38,0 0,06 0,08 4 130,7 2 8,2 0,07 0,05 110,0 0,3 11,4

RI-13-09/04/07 I-11 6,8 0,38 38,0 0,08 0,23 4 80,5 1 0,3 0,02 0,16 193,0 0,3 9,5

RI-13-12/11/07 I-12 9,6 0,31 38,0 0,41 0,08 4 191,3 4 5,9 0,07 0,05 85,7 0,3 3,0

RI-14-08/05/06 I-14 30,8 0,05 38,0 0,06 0,50 4 255,7 1 10,8 0,07 0,13 38,2 0,3 11,3

RI-14-11/12/06 I-15 46,0 0,93 98,4 0,08 0,11 4 120,2 3 0,3 0,07 0,05 90,3 0,3 21,3

RI-14-09/04/07 I-16 25,9 0,31 38,0 0,06 0,31 4 114,3 1 5,0 0,13 0,05 85,9 0,3 34,2

RI-14-12/11/07 I-17 77,2 0,22 38,0 0,06 0,61 4 242,9 5 634,0 0,07 0,10 58,1 1,5 3,0

RI-15-08/05/06 I-18 26,2 0,05 38,0 0,06 0,08 4 80,2 1 0,3 0,07 0,05 20,0 0,3 15,7

RI-15-11/12/06 I-19 36,5 1,00 59,3 0,22 0,08 4 25,7 2 22,2 0,07 0,05 111,0 0,3 9,90

RI-15-09/04/07 I-20 24,9 0,38 38,0 0,06 0,67 2000 21,1 1 0,3 0,07 0,11 22,8 0,3 13,6

RI-15-12/11/07 I-21 25,7 0,30 81,2 0,06 1,19 4 38,3 7 93,1 0,07 0,05 20,0 1,6 3,0

RI-16-08/05/06 I-22 36,9 0,05 38,0 0,16 2,68 4 61,7 1 0,3 0,07 0,18 23,9 0,3 10,9

RI-16-11/12/06 I-23 45,2 0,15 48,8 0,06 0,08 4 19,8 4 8,8 0,07 0,05 33,4 5,5 9,70

RI-16-09/04/07 I-24 19,7 0,34 38,0 0,06 0,22 4 23,8 1 0,3 0,07 0,16 20,0 1,8 12,9

RI-17-08/05/06 I-25 130,0 0,49 38,0 0,78 0,37 4 99,7 1 0,3 0,07 0,05 20,0 0,3 3,0

RI-17-11/12/06 I-26 65,8 1,04 39,6 0,73 0,08 4 34,7 4 15,5 0,07 0,23 20,0 1,0 9,4

RI-17-09/04/07 I-27 32,6 0,50 38,0 0,06 0,20 4 31,1 2 0,3 0,07 0,11 20,0 0,5 10,5

RI-17-12/11/07 I-28 7,8 0,22 38,0 0,06 1,13 4 16,0 6 0,3 0,07 0,05 20,0 0,3 3,0

RI-21-19/06/06 I-29 29,8 0,19 38,0 0,09 0,63 4 150,9 5 0,3 0,07 0,14 57,4 0,7 21,6

RI-21-06/11/06 I-30 58,0 0,05 116 0,06 0,08 4 22,5 1 0,3 0,07 0,20 20,0 0,3 44,8

RI-21-05/10/07 I-31 13,5 0,05 220 0,13 1,05 4 173,4 3 9,5 0,07 0,05 54,3 0,8 3,0

RI-21-10/01/08 I-32 9,8 0,07 116 0,06 1,32 4 93,9 1 0,3 0,07 0,15 74,8 0,3 3,0

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106

Continuação da Tabela 14

RI-22-19/06/06 I-33 130,0 0,05 38,0 0,74 1,05 4 203,1 5 0,3 0,07 0,05 69,1 0,7 17,7

RI-22-05/10/07 I-34 46,0 0,31 52,6 0,12 0,33 4 119,2 2 0,3 0,07 0,11 33,0 0,3 4,9

RI-22-10/10/07 I-35 10,5 0,31 64,6 0,07 1,94 4 45,8 1 0,3 0,43 0,05 22,3 0,3 3,0

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107

Os dados das variáveis físico-químicas e dos metais e metalóides utilizados nas aná-

lises estatísticas, tais como média, mediana, mínimo, máximo e desvio padrão dos dezenove

pontos amostrais da Bacia Hidrográfica do Rio Joanes encontram-se nas Tabelas 15 e 16.

Pela Tabela 15 pode-se observar que a maioria dos parâmetros físico-químicos

violou a Resolução CONAMA 357/05, sendo o caso mais crítico o do fósforo que apresen-

tou média ( 0,195 mg P/L), mediana (0,074 mg P/L) e valor máximo (2,934 mg P/L) todos

acima dos limites permitidos pela referida Legislação que é de 0,030 mgP/L para ambientes

lênticos.

Na Tabela 16 também pode ser observado que houve desobediência a esta Resolu-

ção, ficando os casos mais críticos para o manganês e chumbo onde essa violação atingiu

um percentual de 31% e 28%, respectivamente das amostras analisadas.

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108

Tabela 15 – Estatística descritiva das variáveis físico-químicas estudadas dos dezenove pontos amostrais da Bacia Hidrográfica do Rio Joanes

durante o período de 2006 a 2007.

Pa

râm

etro

/ U

nid

ad

e

de

am

ost

ras

Mín

imo

xim

o

Med

ian

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Méd

ia

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Pa

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Lim

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ção

à m

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- 9

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Lim

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de

con

fia

nça

em r

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ção

à m

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+9

5%

CO

NA

MA

35

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5

Ág

ua

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Cla

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2

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os

fora

da

Leg

isla

ção

CO

NA

MA

35

7/0

5

(%

)

AMÔNIA (mg/LNH3-N) 106,000 0,003 17,300 0,220 0,988 2,417 0,523 1,454

pH≤ 7,5 – 3,7 mg N/L

-

7,5 < pH ≤ 8,0 – 2,0 mg

N/L

8,0 < pH ≤8,5 - 2,0 mg N/L

pH>8,5 – 0,5 mg N/L

CE (µS/cm) 106 47,600 648,000 102,500 161,646 99,773 142,431 180,861 N/L -

COR REAL (mg Pt/L) 106 4,000 535,000 17,000 32,726 59,043 21,355 44,097 75 5,66

DBO (mg/L O2) 106 1,000 11,700 2,000 2,872 2,372 2,415 3,329 <5,0 12,26

DQO (mg/L O2) 106 0,000 82,000 15,600 17,937 10,681 15,880 19,994 N/L -

FÓSFORO TOTAL (mg/L-P) 106 0,009 2,934 0,074 0,195 0,449 0,109 0,282 0,030 73,58

NITRATO(mg/L-NO3-N) 106 0,010 5,140 0,010 0,311 0,789 0,159 0,463 10 0

NITRITO (mg/L-NO2-N) 106 0,005 10,000 0,005 0,293 1,665 -0,027 0,614 1,0 2,83

OD (mg/L O2) 106 0,100 11,380 5,325 4,888 2,160 4,472 5,304 ≥ 5,0 41,51

pH 106 5,630 9,890 6,855 6,903 0,617 6,784 7,021 6,0-9,0 8,49

STD ( mg/L) 106 68,400 526,000 100,000 128,272 64,288 115,891 140,653 500 0,94

TURBIDEZ (NTU) 106 1,200 240,000 8,450 17,972 29,478 12,295 23,649 100 0,94

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109

Tabela 16 - Estatística descritiva dos metais e metalóides estudados dos dezenove pontos amostrais da Bacia Hidrográfica do Rio Joanes du-

rante o período de 2006 a 2007.

Par

âmet

ros

de

Am

ost

ras

Mín

imo

Máx

imo

Med

ian

a

Méd

ia

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95

%

Lim

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+95

%

CO

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35

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5

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ua

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2

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/L

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ult

ado

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a

Leg

isla

ção

CO

NA

MA

35

7/0

5 (

%)

Al 64 6,77 375,00 36,70 72,21 84,78 51,03 93,38 100 20,31

B 64 0,05 1,14 0,16 0,25 0,28 0,19 0,32 500 0

Ba 64 8,00 220,00 38,00 52,71 31,88 44,75 60,67 700 0

Cd 64 0,06 0,85 0,08 0,17 0,21 0,12 0,22 1,0 0

Cr 64 0,08 15,10 0,61 1,22 2,14 0,68 1,75 50 0

Cu 64 4,00 8000,00 4,00 576,53 1816,40 122,81 1030,26 9 14,06

Fe 64 8,00 2761,00 146,05 303,84 525,74 172,51 435,16 300 21,88

Li 64 1,00 7,00 1,00 2,00 2,00 1,84 2,63 2500 0

Pb 64 0,30 634,00 5,00 24,93 85,13 3,66 46,19 10 28,13

Ag 64 0,02 0,80 0,07 0,10 0,11 0,07 0,12 10 0

Hg 64 0,05 0,37 0,11 0,13 0,08 0,11 0,15 0,2 12,5

Mn 64 20,00 893,00 65,00 129,86 174,10 86,01 173,70 100 31,25

V 64 0,30 13,00 0,35 1,46 2,25 0,90 2,03 100 0

Zn 64 3,00 49,90 7,10 12,08 12,44 8,97 15,18 180 0

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110

5.1 – Analise de componente principal

A análise de componentes principais foi utilizada neste estudo por ser uma técnica

de redução de dimensionalidade que permite projetar o máximo de informação no menor

número possível de dimensões não correlacionadas. Na primeira etapa da análise, os dados

foram formatados de forma a se adequarem ao exigido pelos programas computacionais

empregados na análise estatística, no caso o Programa STATISTICA 6.0.

5.1.1 – Parâmetros físico-químicos

No processamento dos resultados três componentes principais (PC1, PC2 e PC3)

foram selecionadas e explicaram 62,47% da variabilidade de toda a informação original.

Estas componentes podem ser utilizadas para verificar semelhanças ou diferenças dentro do

conjunto amostral avaliado.

As percentagens total e acumulada de cada PC podem ser vistas na Tabela 17. A

primeira componente principal, PC1, explica 35,73 % dos dados físico-químicos enquanto a

PC2 e PC3 explicam, respectivamente 15,13 % e 11,61%.

Tabela 17 - Variância total e acumulada para as variáveis físico-químicas das três primei-

ras componentes principais selecionadas

PC – componente principal, do inglês Principal Component.

Os valores de pesos das variáveis para as três primeiras componentes principais, con-

forme análise físico-química, são apresentados na Tabela 18. Vê-se que as variáveis que

mais comprometem a qualidade das águas da BHRJ são aquelas que apresentaram os maiores

valores de pesos, que são: Amônia, CE, DBO, DQO, fósforo total, OD, STD, nitrato, pH e

cor. Dentre elas a mais significativa é o STD com peso igual a 0,87.

PC Variância Total (%) Variância Total Acumulada

(%)

1 35,73 35,73

2 15,13 50,86

3 11,61 62,47

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111

Tabela 18 – Valores de peso das variáveis para as três primeiras componentes principais,

conforme análise físico-química do período de 2006 a 2007

A Figura 14 mostra a representação gráfica (gráfico de peso) do conjunto de amostras

da BHRJ, conforme a análise físico-química. Sendo 12 o número de variáveis, cada amostra

pode ser imaginada, em termos geométricos, como um ponto localizado num sistema de 12

dimensões. A PCA visa projetar o máximo da informação contida neste espaço multidimensi-

onal num espaço de mínima dimensão, permitindo assim por observação dos gráficos produ-

zidos na análise, detectar padrões de associação entre amostras ou variáveis. Neste caso, o

máximo da informação original foi projetado para um espaço de 03 dimensões.

VARIÁVEIS PC 1 PC2 PC3

Amônia -0,73 0,15 0,44

CE -0,75 0,33 0,38

Cor real -0,41 -0,49 -0,55

DBO -0,65 0,19 -0,16

DQO -0,67 0,30 -0,08

Fósforo total -0,72 -0,11 -0,09

Nitrato 0,10 0,57 -0,39

Nitrito 0,01 0,22 0,04

OD 0,70 0,47 -0,15

pH 0,14 0,83 -0,22

STD -0,87 0,16 0,11

Turbidez -0,61 -0,07 -0,69

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112

Amônia

CE

Cor real

DBO

DQO

Fósforo total

Nitrato

Nitito

OD

pH

STD

Turbidez

-1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0

PC 1 : 35,73%

-1,0

-0,5

0,0

0,5

1,0

PC

2 :

15

,13

%

Figura 14 - Gráfico de peso para PC1 versus PC2 das amostras conforme resultados dos

parâmetros físico-químicos

Na Figura 14, as duas primeiras componentes principais PC1(35,73%) e PC2

(15,13%) juntas representam 50,86% de toda a informação. A primeira componente princi-

pal, PC1 mostra a influência dos parâmetros turbidez, fósforo, DBO, DQO, sólidos totais,

condutividade elétrica e amônia com pesos negativos e OD com peso positivo. A posição

das variáveis em quadrantes opostos significa que as mesmas estão anticorrelacionadas, daí

os sinais contrários. A segunda componente principal PC2, mostra as influências positivas

da amônia, CE, DBO, DQO, nitrato, nitrito, OD, pH e STD e as influências negativas da

cor, fósforo e turbidez. Numa análise rápida destas componentes pode-se dizer que, em

relação à PC1, as amostras mais à esquerda possuem valores mais altos dos parâmetros com

pesos negativos e vice-versa. Com relação à PC2 pode-se dizer que as amostras mais acima

possuem valores mais baixos dos parâmetros com pesos negativos e vice-versa.

Na Figura 15, onde se vê a representação gráfica dos escores para PC1 versus PC2,

observa-se uma grande concentração de amostras evidenciando um comportamento seme-

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113

lhante entre elas e algumas amostras mais isoladas, significando que algum fator provocou o

comportamento atípico de algumas delas.

J-1J-2

J-3

J-4J-5

J-6

J-7

J-8J-9

J-10

J-11

J-12

J-13J-14

J-15

J-17J-18

J-19

J-20

J-21J-22

J-23J-24

J-25

J-26

J-27

J-28J-29

J-30J-31J-32

J-33J-34J-35

J-36J-37

J-38

J-39

J-40J-41J-42

J-43J-44

J-45J-46

J-47J-48

J-49

J-50J-51

J-52

J-53

J-54J-55

J-56

J-57J-58

J-59J-60

J-61J-62J-63

J-64J-65J-66I-1I-2I-3

I-4

I-5I-6

I-7I-8

I-9

I-10I-11I-12I-13

I-14

I-15I-16

I-17I-18

I-19I-20

I-21 I-22I-23I-24I-25I-26I-27I-28

I-29

I-30I-31I-32I-33

I-34I-35

I-36

I-37

I-38I-39I-40

-14 -12 -10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6

PC 1: 35,73%

-10

-8

-6

-4

-2

0

2

4

6

8

10

12

PC

2:

15,1

3%

Figura 15 - Gráfico de escores para PC1 versus PC2 das amostras conforme análise

dos parâmetros físico-químicos

Esse comportamento diferenciado foi encontrado com maior freqüência entre as amos-

tras do ano de 2007, conforme Tabela 13 De acordo com a Figura 15 as amostras J-21,

J-49, J-50, J-25, J-12, J-51, J-53, J-50, J-11, J-45 e J-52 apresentaram não conformidades

com relação a alguns parâmetros aqui estudados. Todas elas são representadas principal-

mente pela PC1 pois encontram-se à esquerda desta componente e são influenciadas pelos

parâmetros turbidez, fósforo, DBO, DQO, sólidos totais, condutividade elétrica e amônia

(valores altos ) e OD (valores baixos). As amostras J-26 e J-39 são representadas pela PC2 e

são influenciadas principalmente, pelos parâmetros nitrato e pH sendo este último com mui-

to mais intensidade, conforme mostra a Figura 14. Todas as amostras supracitadas excede-

ram os limites estabelecidos pela Resolução CONAMA 357/05.

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114

A terceira componente principal PC3, que representa 11,61% de toda a informação o-

riginal, mostra, na Figura 16 (gráfico dos pesos para a PC1 versus PC3), as influências

positivas dos parâmetros STD, CE, nitrito e amônia e as influências negativas dos parâme-

tros cor, DBO, DQO, fósforo total, nitrato, OD, pH e turbidez. As maiores influências são

exercidas pelos parâmetros cor e turbidez.

Amônia CE

Cor real

DBO DQO Fósforo total

Nit rato

Nit ito

OD pH

ST D

T urbidez

-1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0

PC 1 : 35,73%

-1,0

-0,5

0,0

0,5

1,0

PC

3 :

11,6

1%

Figura 16 - Gráfico de peso para PC1 versus PC3 das amostras conforme resultados

dos parâmetros físico-químicos

Analisando a Figura 17, que mostra o gráfico dos escores para a primeira e terceira

componentes principais, PC1 e PC3, respectivamente, vê-se que, pela PC3, as amostras J-

26, J-39 e J-52 são influenciadas negativamente pelos parâmetros cor real e turbidez. De

acordo com a posição dos pontos que as representam nesta figura, as referidas amostras

possuem valores mais altos de cor e de turbidez em relação as demais amostras.

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115

J-1J-2

J-3

J-4J-5

J-6

J-7

J-8J-9J-10

J-11

J-12

J-13

J-14

J-15J-17

J-18

J-19J-20

J-21J-22

J-23J-24

J-25

J-26

J-27J-28J-29

J-30

J-31

J-32J-33J-34

J-35J-36

J-37

J-38

J-39

J-40J-41J-42J-43J-44

J-45

J-46J-47

J-48J-49

J-50J-51

J-52

J-53 J-54J-55J-56

J-57J-58

J-59J-60J-61

J-62J-63J-64J-65J-66I-1I-2I-3

I-4

I-5I-6

I-7I-8

I-9

I-10I-11I-12I-13I-14 I-15I-16

I-17I-18

I-19I-20I-21

I-22I-23I-24I-25

I-26I-27I-28I-29I-30I-31I-32I-33I-34I-35

I-36I-37I-38I-39I-40

-14 -12 -10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6

PC 1: 35,73%

-10

-8

-6

-4

-2

0

2

4

6

8P

C 3

: 11,6

1%

Figura 17 - Gráfico de escores para PC1 versus PC3 das amostras conforme análise dos

parâmetros físico-químicos

Amostras com valores acima dos limites estabelecidos pelo CONAMA 357/05 para os

parâmetros Amônia, CE, DBO, DQO, fósforo total, OD, STD, nitrato, pH e cor foram tam-

bém encontradas pelo IMA(CRA) [83 ] e pelo INGA [104,105]. Esta última instituição

vem divulgando resultados da qualidade das água das bacias hidrográficas do Estado da

Bahia através do Programa Monitora que realiza Campanhas desde 2008, em geral 4 cam-

panhas anuais.

Com relação aos resultados dos parâmetros físico-químicos pode-se tirar as seguintes

conclusões:

Amônia -Teor elevado de amônia encontrado em algumas amostras de água da BHRJ pode

indicar que a mesma é pobre em oxigênio e que o ambiente tem muita matéria em decompo-

sição. O limite deste parâmetro na água é função do pH, sendo 3,7mg/L N, para pH ≤7,5;

2,0 mg/L N, para 7,5 < pH ≤ 8,0; 1,0 mg/L N, para 8,0 < pH ≤8,5; 0,5 mg/L N, para pH >

8,5. Nesta pesquisa os teores de amônia em alguns momentos, atingiram valores muito ele-

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116

vados , chegando até ao valor de 17,3 mg/L N. A concentração máxima de amônia permiti-

do pela legislação do CONAMA 357/05 é de 3,7 mg/L para valores de pH menores do que

7,5. Este parâmetro foi selecionado pela PC1, apresentando o segundo maior peso, confor-

me Tabela 19.

Condutividade elétrica (CE) - A condutividade elétrica não é um parâmetro controlado

pela Resolução CONAMA 357/05, entretanto, valores elevados, encontrados em ambiente

lênticos (lagos e represas) é um indicativo indireto da degradação do manancial. Este parâ-

metro também é responsável pela qualidade da água da bacia em estudo pois foi selecionado

pela PC1. Para este parâmetro foram encontrados valores médio e máximo iguais a 175,5

µS/cm e 748 µS/cm, respectivamente, conforme Tabela 16.

Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) - Através da DBO pode-se ter uma idéia da

concentração da matéria orgânica biodegradável presente no meio aquático. Neste trabalho a

DBO apresentou valor máximo de 33,80 mgO2/L, concordando com o IMA que em 2001

encontrou resultados altos de DBO (47 mgO2/L). A DBO foi selecionada pela PC1 como

um dos principais parâmetros responsáveis pela qualidade da água da bacia do Joanes.

Demanda Química de Oxigênio (DQO) - A DQO também permite estima a concentração

da matéria orgânica biodegradável e não biodegradável de um corpo aquático. O aumento

da DQO num corpo d’água se deve , principalmente a despejos de origem industrial. A

DQO teve papel importante na qualidade das águas da BHRJ no período de 2006 – 2007

pois foi selecionada na primeira componente, PC1. Embora não seja um parâmetro legisla-

do, seu aumento pode indicar contaminação por efluente de origem. A relação DBO/DQO

esteve, na maioria das vezes entre 10% a 230% ( Figura 18) indicando que a presença de

matéria orgânica biodegradável estava também nesta faixa.

Nitrato - Apesar de ser selecionado pela PC2, o nitrato apresentou os valores dentro dos

limites da legislação. O maior valor encontrado foi 5,14 mg/L N. Concentrações de nitrato

acima de 5,0 mg/LN demonstra condições sanitárias inadequadas uma vez que a principal

fonte de nitrato são dejetos de homem e de animais. O limite estabelecido pelo CONAMA

357/05 é de 10,0 mg/L N.

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117

Figura 18 – Gráfico da relação percentual DBO/DQO - Degradabilidade da matéria

orgânica

pH - O pH, por definir o caráter ácido, neutro ou básico da água, é um parâmetro muito

importante uma vez que os organismos aquáticos estão adaptados às condições de neutrali-

dade. A concentração de íons H+ e OH- é fortemente influenciada por sais, ácidos e bases pre-

sentes no meio. O tipo de solo que a água percorre e também o tipo de poluição química da á-

gua, além da qualidade do ambiente, também influenciam a concentração desses íons e alteram

os valores de pH. Variações bruscas do pH da água podem causar danos irreversíveis aos

seres nela presentes. O pH foi selecionado pela PC2 como um dos parâmetros responsáveis

pela qualidade das águas da bacia em estudo. Foram observados valores de pH fora da fai-

xa de 6,0 – 9,0, estabelecida pela Legislação CONAMA 357/05. Valores elevados de pH

em sistemas hídricos podem estar associados à proliferação de vegetais em geral pois, neste

caso há aumento da fotossíntese a qual reduz o consumo de gás carbônico aumentando con-

sequentemente o valor do pH. Valores baixos de pH podem estar ligados à qualidade do solo e

também à vegetação existente que, por decomposição da matéria orgânica, pode diminuir o pH

da água pela liberação de gás carbônico e pela formação do ácido carbônico a partir dele além

da produção de ácidos húmicos e fúlvicos resultante da decomposição da matéria orgânica

disponível. Valores de pH fora da faixa também foram registrado pelo INGA nas suas cam-

panhas em 2008 e 2009. Valores muito alto e muito baixo de pH geralmente estão associa-

dos a despejos industriais.

Cor - A relação entre a cor acentuada e o risco sanitário nas águas coradas é pouco fre-

qüente. O maior problema da coloração na água em geral, é o estético uma vez que causa

um efeito repulsivo aos consumidores. A Resolução CONAMA 357/05 estabelece um limi-

te de 75 mgPt/L para as águas doces da classe 2 destinadas ao consumo humano. No perío-

0

10

20

30

40

50

60

J-1

J-6

J-1

1

J-1

6

J-2

1

J-2

6

J-3

1

J-3

6

J-4

1

J-4

6

J-5

1

J-5

6

J-6

2

I-2

I-7

I-1

2

I-1

7

I-2

2

I-2

7

I-3

2

I-3

7

% D

BO

/DQ

O

Amostras analisadas

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118

do estudado este parâmetro foi ultrapassado poucas vezes apresentando valores médio e

máximo de 32,2 mg Pt/L e 535 mg Pt/L, respectivamente. A cor foi selecionada pela PC3

como um dos parâmetros responsáveis pela qualidade das águas na BHRJ no anos de 2006

e 2007.

Turbidez - A Resolução CONAMA estabelece, para as águas doces da classe 2 um valor

limite igual ou inferior a 100 NTU para este parâmetro. A turbidez foi selecionada pela PC1

e PC3 como parâmetro importante na qualidade das águas da bacia em estudo.

Sólidos totais dissolvidos ( STD) - Quase todos os resultados encontrados para os sólidos

totais dissolvidos estiveram conforme recomenda a Resolução CONAMA 357/05. Os valo-

res médio e máximo encontrados foram 129,3 mg/L e 526 mg/L, ambos menores do que o

limite máximo de confiança, conforme mostra a Tabela 15. Embora o IMA em 2001 tenha

encontrado valores muito altos de STD (5880 mg/L), neste trabalho o valor máximo foi de

526mg/L, já anteriormente citado, entretanto, na determinação deste parâmetro variações

nos resultados foram encontradas de forma que o mesmo foi considerado pela PC1 como o

parâmetro de maior peso ou seja com resultados mais atípicos, embora estes resultados não

tenham violado a Resolução CONAMA 357/05.

Oxigênio Dissolvido (OD) - O oxigênio dissolvido é o parâmetro mais importante para a

caracterização dos efeitos da poluição por despejos orgânicos. Os níveis de oxigênio dissol-

vido indicam a capacidade de um corpo d’água natural em manter a vida aquática. A manu-

tenção dos processos naturais de autodepuração em sistemas aquáticos e estações de esgoto

depende essencialmente de uma quantidade adequada de oxigênio dissolvido nesses meios.

Pela Resolução CONAMA 357/05 o valor estabelecido para o oxigênio dissolvido para as

águas doces da classe 2 é superior a 5 mg O2/L. O valor médio de oxigênio dissolvido en-

contrados nesta pesquisa (Tabela 15), foi de 5,06mg O2/L. Entretanto, apresentou valores

abaixo do limite mínimo estabelecido pelo CONAMA 357/05 em mais de 40% das amostras

analisadas. Este parâmetro foi também selecionado pela PC1 como um dos principais res-

ponsáveis pela qualidade das águas do Joanes no período estudado. Resultados baixos de

OD foram encontrados pelo INGA durante as campanhas realizadas em 2008 e 3009. Dos

treze pontos analisados na Campanha de 2008, apenas três estiveram dentro dos limites

estabelecidos pela Legislação CONAMA 357/05. Valores muito baixos de OD foram encon-

trados ainda em 2009 na segunda Campanha do INGA, onde de treze pontos analisados,

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119

onze estavam não conformes. A diminuição da concentração de oxigênio, em meio aquático

é conseqüência de processos tais como: perdas para a atmosfera, respiração dos organismos,

mineralização da matéria orgânica e oxidação de íons [7]. Foram encontrados também, va-

lores de OD acima dos valores de saturação. É interessante observar que, por meio da ativi-

dade de fotossíntese, podem ser obtidas temporariamente, concentrações de oxigênio superi-

ores ao valor de saturação[7]. O aumento da concentração de oxigênio, em meio aquático

ocorre, fundamentalmente, por meio de dois fenômenos: aeração atmosférica e atividade

fotossintética das plantas aquáticas. Em rios a fonte principal de oxigênio é a atmosfera, de-

vido a existência de turbulência em suas águas, no caso de lagos há a dominância da fotos-

síntese, em decorrência do maior crescimento de microalgas e plantas aquáticas.

Fósforo total - O fósforo foi o parâmetro mais crítico desta pesquisa. Apresentou média

(0,22 mgP/L), mediana (0,07 mgP/L) e valor máximo (3,38 mgP/L) todos acima dos limites

permitidos pela legislação (Tabela 15). Em águas naturais que não foram submetidas a pro-

cessos de poluição, a quantidade de fósforo total varia de 0,005 mg/L a 0,020 mg/L. No

monitoramento realizado pelo IMA em 2000 e 2001 foram encontrados altos valores de

fósforo (valor máximo de 4,97 mg P/L). GONÇALVES [106] também encontrou altos

valores de fósforo nas águas superficiais da Bacia Hidrográfica do Arroio Lino, Nova Bo-

êmia – Agudo, Rio Grande do Sul. O autor relacionou esses altos valores à alta disponibili-

dade desse elemento no solo, resultante do seu extenso uso como fertilizante. O fósforo é

um dos principais nutrientes estimulantes do processo de eutrofização dos corpos d’água. A

Resolução CONAMA estabelece o limite de 0,025 mg/L para este parâmetro logo, estas

condições caracterizam um ambiente aquático eutrofizado. A presença de compostos nitro-

genados e fosfatados associados a altas temperaturas dos corpos aquáticos, são condições

favoráveis ao processo de eutrofização dos ambientes aquáticos provocando mudanças na

qualidade da água dentre elas a redução do oxigênio dissolvido e da biodiversidade, a morte

excessiva de peixes e o aumento da incidência de florações de algas e cianobactérias. Em

mananciais da abastecimento público este microorganismos (cianobactérias) podem produ-

zir e liberar para o meio líquido toxinas (cianotoxinas) que podem afetar a saúde humana,

tanto pela ingestão de água como por contato em atividades de recreação no ambiente, ou

ainda pelo consumo de pescado contaminado, embora a principal via de intoxicação seja

pelo consumo oral da água sem um tratamento adequado para remoção dessas toxinas.

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120

5.1.2 – Metais e metalóides

Do processamento dos resultados foram selecionadas seis componente principais que

juntas, explicaram 63,38% da variabilidade dos dados originais. Foram recusados deste pro-

cessamento os elementos As, Be, Sb, Ag, Ni e Se por apresentarem variâncias nula em seus

resultados.

A Tabela 19 apresenta as variâncias total e acumulada das amostras conforme a análi-

se de metais e metalóides.

Tabela 19 - Variâncias total e acumulada das amostras conforme análise de metais e meta-

lóides das seis primeiras componentes principais selecionadas

A Tabela 20, que mostra os valores de peso das variáveis para as seis primeiras compo-

nentes principais, destaca a Ag, Hg, Mn, V, Al, Cr, Cu, Li, Cd, B e Fe como variáveis mais

significativas para a definição da qualidade da água. Observa-se que os valores de pesos das

variáveis nas diversas PCs pouco variaram ficando entre os valores (em módulo) de 0,52 a

0,59 com exceção do vanádio cujo peso foi de 0,76.

Tabela 20 – Valores de peso das variáveis para as seis primeiras componentes principais

conforme análise de metais e metalóides do período de 2006 a 2007

PC % Variância total % Variância total acu-

mulada

1 17,14 17,14

2 11,82 28,96

3 10,13 39,09

4 8,84 47,92

5 8,09 56,01

6 7,37 63,38

PC 1 PC 2 PC 3 PC 4 PC 5 PC 6

Al -0,28 0,52 0,29 -0,17 -0,03 -0,22

B 0,27 -0,17 -0,25 -0,52 -0,07 0,54

Ba 0,27 0,01 0,27 0,46 -0,47 0,05

Cd 0,22 0,41 -0,54 -0,43 -0,08 -0,07

Cr -0,19 0,55 -0,51 0,04 -0,31 -0,33

Cu -0,28 0,56 0,45 0,05 0,01 0,31

Fe -0,44 0,14 0,17 -0,17 0,59 -0,05

Li 0,31 0,59 -0,08 0,24 -0,04 0,58

Pb 0,14 0,32 -0,26 0,33 0,49 -0,00

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121

O vanádio (V) apesar de ser a variável mais significativa (peso igual a -0,76) não

apresentou nenhum valor acima do que estabelece a Resolução CONAMA 357/05 em todas

as amostras analisadas. O mesmo aconteceu com o lítio (Li), selecionado pela PC2, que

embora com valor de peso igual a 0,59, apresentou todos os resultados dentro dos limites

estabelecidos pela Legislação acima referida.

O gráfico de peso das variáveis, conforme a análise dos metais e metalóides, pode

ser visto na Figura 19. Neste caso, cada amostra pode ser imaginada, em termos geométri-

cos, como um ponto localizado num sistema de 14 dimensões considerando 14 o número de

variáveis. A PCA aqui aplicada projetou o máximo da informação (63,38%) num espaço

com seis (6) dimensões, reduzindo assim a dimensionalidade original dos dados.

Ag -0,54 -0,29 -0,42 0,29 -0,15 0,14

Hg -0,52 0,15 0,16 -0,19 -0,38 -0,10

Mn -0,59 -0,08 -0,25 0,09 0,16 0,14

V -0,76 -0,04 -0,21 0,25 -0,06 0,22

Zn -0,48 -0,07 0,19 -0,39 -0,15 0,23

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122

Al

B

Ba

Cd

Cr Cu

Fe

Li

Pb

Ag

Hg

Mn V Zn

-1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0

PC 1 : 17,14%

-1,0

-0,5

0,0

0,5

1,0

PC

2 :

11,8

2%

Figura 19 - Gráfico de peso para PC1 versus PC2 das amostras conforme análise dos

metais e metalóides

Observa-se na Figura 19 , as influências positivas dos parâmetros Li, Cd, Pb, Ba e B

e as influências negativas do Al, Cu,Cr,Hg,Fe, Mn,Ag,V e Zn, pela PC1.As maiores influ-

ências são exercidas pelos metais Ag, Fe, Hg, Mn, Zn e V,sendo este último com o maior

valor de peso (0,76). Pela PC2, observa-se as influências negativas de V, Mn, Zn, Ag e B. e

as positivas de Ba, Fe, Hg, Pb, Cd, Li, Cr e Cu, destacando-se como principais o: Al, Cr,

Cu e Li.

A representação gráfica dos escores para a PC1 versus PC2 encontra-se na Figura 20

onde se observa as amostras J-19 e J-24 de comportamento atípico pela PC1 e J-27 pela

PC2. As amostras J-19 e J-24 são influenciadas negativamente, principalmente pelos metais

Ag, Hg, Mn e V enquanto a amostra J-27 o é positivamente, principalmente, pelos metais

Al, Cr, Cu e Li, pela PC2. Pela posição dos pontos que representam estas amostras, J-19 e

J-24 possuem as maiores concentrações Ag, Hg, Mn e V, por outro lado a amostra J-27

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123

possui as maiores concentrações de Al, Cr, Cu e Li. Observa-se, nesta figura que, com raras

exceções, as amostras tiveram comportamento uniforme durante o período 2006-2007 com

relação aos teores de metais e metalóides. Apenas três amostras apresentaram comporta-

mento atípico, J-19 , J-24 e J-27.

J-1

J-2

J-3J-4J-5

J-6

J-7J-8

J-9J-10J-11

J-12

J-13J-14

J-15

J-16

J-17

J-18

J-19

J-20

J-21J-22

J-23

J-24

J-25J-26

J-27

J-28

J-29

I-1I-2

I-4

I-5

I-6

I-7

I-8

I-9I-10

I-11I-12

I-14

I-15 I-16I-17

I-18

i-19 I-20I-21

I-22

I-23I-24

I-25

I-26I-27

I-28

I-29I-30

I-31

I-32I-33

I-34

I-35

I-36

-10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6

PC1: 17,14%

-6

-4

-2

0

2

4

6

8

10

PC

2:

11

,82

%

Figura 20 – Gráfico de escores para PC1 versus PC2 das amostras conforme

análise dos metais e metalóides.

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124

Al

B

Ba

Cd Cr

Cu

Fe

Li

Pb

Ag

Hg

Mn V

Zn

-1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0

PC 1 : 17,14%

-1,0

-0,5

0,0

0,5

1,0P

C 3

: 1

0,1

3%

Figura 21 - Gráfico de peso para PC1 versus PC3 das amostras conforme análise dos

parâmetros físico-químicos

A Figura 21 mostra que, pela PC3, os parâmetros mais significativos foram os metais

Cr , Cd e Cu. Observa-se que o Cu está em posição contrária ao Cr e Cd significando que es-

tas variáveis estão anticorrelacionadas. Os valores dos pesos, apresentados pelas variáveis,

mostram que os metais e metalóides não influenciaram significativamente na qualidade das

águas da BHRJ no período estudado.

Na Figura 22 observam-se cinco amostras em destaque: J-26, J-27 e J-29 pela PC3.

As amostras J-19 e J-24 tiveram maior influência do metal Cu cujos valores excederam os

VMPs estabelecidos pela referida Legislação para as águas doces da classe 2. A amostra J-27

também foi influenciada pelo Cu (concentração máxima acima do VMP) e pelos metais Cr e

Cd que embora aumentados ainda estiveram dentro dos limites da legislação vigente. As a-

mostras J-24 e J-29 também sofreram influência dos metais Cd e Cr mas sem ultrapassar os

limites do CONAMA 357/05. Metais como Cu, Pb e Zn são constituintes de despejos domés-

ticos. Segundo NUNES [107], uma contribuição de 50-80 % destes metais podem ser prove-

nientes dos esgotos urbanos.

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125

J-1

J-2

J-3

J-4

J-5J-6

J-7

J-8J-9

J-10

J-11

J-12

J-13

J-14

J-15

J-16J-17J-18

J-19

J-20

J-21J-22

J-23

J-24

J-25

J-26

J-27

J-28

J-29

I-1

I-2

I-4I-5

I-6

I-7

I-8I-9

I-10I-11I-12

I-14

I-15I-16I-17

I-18

i-19

I-20

I-21

I-22I-23I-24I-25

I-26I-27

I-28I-29

I-30

I-31

I-32I-33

I-34

I-35

I-36

-10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6

PC 1: 17,14%

-7

-6

-5

-4

-3

-2

-1

0

1

2

3

4

5

6

PC

3:

10,1

3%

Figura 22 – Gráfico de escores para PC1 versus PC3 das amostras conforme

análise dos metais e metalóides.

As Figuras 20 e 22 mostram que houve um comportamento bastante homogêneo

entre as amostras , significando que os metais e metalóides não interferiram significativa-

mente na qualidade da água no período estudado, apesar das violações ocorridas provocadas

por :Al, Cr, Hg, Pb, Zn, Cd e Cu.

Os últimos resultados divulgados pelo INGA na segunda campanha de 2009 mostra-

ram que houve violação dos padrões de referência apenas para os metais ferro e manganês.

Comparando com os resultados encontrados em 2006 e 2007, vê-se que houve uma redução

da contaminação em relação aos metais e metalóides nas águas desta bacia., uma vez que no

ano de 2009 apenas os dois metais supracitados violaram os padrões de referência.

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126

6. RECOMENDAÇÕES

Considerando a necessidade de garantir a qualidade das águas da Bacia Hidrográfica

do Rio Joanes, recomenda-se :

Fazer levantamento dos resultados físico-químicos, biológicos, de

metais, metalóides e orgânicos da BHRJ das amostras de águas brutas

disponíveis no banco de dados da Embasa de um período de mais ou

menos 10 anos.

Aplicar análise exploratória multivariada utilizando os dados levanta-

dos para o conhecimento das condições atuais e da evolução da qua-

lidade ambiental do ecossistema.

Avaliar as condições da bacia, identificando as causas dos impactos

ocorridos.

Estudar a possibilidade de reduzir o número de pontos de coleta a

partir da avaliação realizada, com o objetivo de minimizando custos

com análises desnecessárias.

Estender esse trabalho para as demais bacias hidrográficas utilizadas

pela EMBASA.

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

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XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

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127

7. CONCLUSÃO

A presente pesquisa realizada na Bacia Hidrográfica do Rio Joanes nos anos de 2006

e 2007 permitiu as seguintes observações:

Com relação às características estéticas da água avaliadas neste trabalho através

da cor, turbidez e sólidos totais dissolvidos, observou-se a violação da Resolução

CONAMA 357/05 destas variáveis no período de 2006-2007.

Verificou-se a ocorrência de autodepuração ao longo do rio com a redução da

DBO, da DQO e do fósforo e o aumento da concentração do OD, entretanto,

com relação ao fósforo e amônia, observou-se a extrapolação dos respectivos

valores máximos permitidos (VMP) desses parâmetros, estabelecidos pelo CO-

NAMA 357/05, contribuindo para o processo de eutrofização do rio nos trechos

atingidos. Foi observado que a relação percentual DBO DQO entre 10% e 30%,

nas maiorias das amostras analisadas mostrou que a matéria orgânica biodegra-

dável estava também na faixa acima referida

Ao longo da bacia diversos parâmetros estão em desacordo com a Resolução

CONAMA 357/05 para as águas doces da classe 2 em função das atividades an-

trópicas aí desenvolvidas e da falta de uma fiscalização mais efetiva por parte

dos órgãos ambientais. Considerando os limites estabelecidos pela Resolução do

Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA 357/05), para um rio de clas-

se 2, verificou-se que o Al, Cu, Hg e Mn extrapolou os valores máximos permi-

tidos (VMP) desta legislação ao longo da Bacia Hidrográfica do Rio Joanes po-

dendo indicar interferências antrópicas. Altos níveis de concentração destes po-

luentes podem prejudicar a vida aquática e o homem através do contato primário

ou pela cadeia alimentar.

A análise exploratória utilizando as técnicas da PCA mostrou que os metais e

metalóides apesar das violações registradas, não interferiram na qualidade das

águas da BHRJ no período de 2006 e 2007.

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128

Utilizando a técnica da PCA foram selecionados os parâmetros físico-químicos

turbidez, fósforo, DBO, DQO, sólidos totais, condutividade elétrica e amônia

como os mais importantes para a qualidade da água da bacia do Rio Joanes no

período estudado. Verificou-se ainda que no ano de 2007 os efeitos da poluição

foram mais acentuados. Estes efeitos dependem dentre outros, da precipitação,

da capacidade de autodepuração do rio e da quantidade de lançamento das fontes

poluidoras.

A aplicação da PCA atingiu o seu objetivo reduzindo a dimensionalidade dos

dados originais tanto dos parâmetros físico-químicos quanto dos metais e meta-

lóides.

Baseando-se nos resultados apresentados conclui-se que alguns trechos da bacia

Hidrográfica do Rio Joanes apresentaram problemas sérios de contaminação

por esgotos domésticos e industriais, significando que as águas desta bacia são

impróprias para consumo humano sem o tratamento adequado dessas águas.

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129

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140

9. ANEXOS

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141

ANEXO A- Tabela 21 – Resultados Físico-químicos das amostras de água bruta da BHRJ do ano de 2006

Amostra AMÔNIA

(mg NH3/L)

COND

(umho/cm)

COR

REAL(mg

Pt/L)

DBO

mg/L)

DQO

(mg/L)

FÓSFORO TOT

(mg P/L)

NITRITP

(mg NO2-N/L)

OD

(mg /L) pH TURB (NTU)

RJ-01-10/02/06 0,100 90,3 34,0 1,00 17,8 0,076 0,005 3,90 6,66 12

RJ-01-07/03/06 0,140 61,9 23,0 1,00 10,2 0,100 0,005 6,56 5,64 92

RJ-01-01/04/06 0,003 118 1,42 11,0 0,100 0,005 4,47 6,81 13

RJ-01-04/04/06 0,140 165 30,0 1,00 13,8 0,100 0,005 3,97 6,55 16

RJ-02-10/02/06 0,440 47,6 38,0 1,52 17,7 0,172 0,005 5,92 5,90 23

RJ-02-07/03/06 0,100 26,2 23,0 1,18 16,8 0,009 0,014 6,56 5,64 92

RJ-02-01/04/06 0,100 60,6 23,0 1,37 22,0 0,009 0,005 4,88 6,00 20

RJ-02-04/04/06 0,370 76,0 15,0 1,37 19,6 0,009 0,005 5,09 6,29 15

RJ-03-10/02/06 0,100 83,8 53,0 1,24 17,3 0,110 0,005 6,24 6,79 16

RJ-03-07/03/06 0,130 70,8 38,0 1,00 13,8 0,009 0,005 6,27 6,49 40

RJ-03-01/04/06 0,380 117 0,0 1,00 14,0 0,009 0,005 5,82 6,96 14

RJ-03-04/04/06 0,100 118 13,0 1,04 11,5 0,009 0,005 6,94 6,98 7,5

RJ-04-01/04/06 35,700 592 1,02 48,0 2,96 0,005 0,16 7,39 41

RJ-04-08/04/06 25,500 505 122 36,0 3,38 0,005 0,10 7,15 38

RJ-05-10/02/06 0,440 398 33,0 11,3 88,5 0,68 0,005 1,51 7,13 35

RJ-05-07/03/06 3,900 236 14,0 4,82 16,1 0,18 0,072 9,19 6,78 37

RJ-05-01/04/06 18,800 573 28,2 49,0 1,85 0,005 1,14 7,27 45

RJ-05-04/04/06 16,400 555 24,0 3,14 50,5 1,25 0,013 3,58 6,96 37

RJ-06-10/02/06 0,100 95,5 50,0 2,10 23,0 0,192 0,015 3,43 6,73 25

RJ-06-07/03/06 0,330 81,3 36,0 1,26 16,8 0,11 0,006 5,09 6,54 61

RJ-06-01/04/06 0,650 221 28,0 1,00 49,0 0,27 0,061 10,6 9,21 43

RJ-06-04/04/06 2,560 231 28,0 1,00 68,5 0,77 0,097 11,0 8,6 66

RJ-06-08/04/06 0,550 90,8 53,0 5,06 18,5 0,075 0,060 4,82 6,85 17

RJ-07-10/02/06 0,490 93,5 63,0 1,54 19,9 0,112 0,18 3,53 6,77 30

RJ-07-07/03/06 0,150 77,3 44,0 1,23 15,0 0,14 0,005 5,99 6,30 61

RJ-07-01/04/06 1,080 229 33,8 46,0 0,21 0,005 1,04 7,13 14

RJ-08-10/02/06 0,003 100 27,0 1,84 17,7 0,17 0,005 4,21 6,60 8,5

RJ-08-07/03/06 0,120 82,2 1,22 6,5 0,009 0,005 3,53 6,43 27

RJ-08-04/04/06 0,003 115 12 1,28 5,8 0,009 0,005 7,41 7,18 4,9

RJ-08-01/04/06 0,003 110 1,58 8,0 0,009 0,005 8,11 7,39 4

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142

Continuação da Tabela 21

RJ-11-24/04/06 0,100 65,9 24,0 1,00 40,2 0,063 0,005 5,32 6,00 76

RJ-11-01/09/06 0,590 85,7 0,0 1,55 15,0 0,009 0,005 1,77 6,18 29

RJ-11-10/09/06 0,003 69,5 17,0 1,00 7,1 0,101 0,005 4,36 6,40 51

RJ-11-07/10/06 0,140 87 54,0 1,00 15,6 0,084 0,007 5,80 6,31 30

RJ-12-24/04/06 0,250 87,9 58,0 1,22 35,7 0,031 0,005 5,49 6,10 70

RJ-12-01/09/06 0,390 86,2 1,16 10,0 0,11 0,005 4,99 6,79 13

RJ-12-10/09/06 0,003 73 47,0 1,10 9,4 0,032 0,005 6,03 6,70 18

RJ-12-07/10/06 0,003 65,8 27,0 1,00 12,0 0,055 0,009 6,07 6,71 18

RJ-13-24/04/06 0,450 152 80,0 1,51 42,4 0,025 0,023 4,57 6,43

RJ-13-01/09/06 0,310 91,8 58,0 1,06 11,0 0,13 0,005 1,66 6,40 22

RJ-13-10/09/06 0,003 115 51,0 1,03 14,2 0,106 0,005 4,83 6,67 19

RJ-13-07/10/06 0,003 58 18,0 1,00 7,5 0,069 0,005 4,42 6,24 34

RJ-14-24/04/06 0,550 94,7 28,0 1,72 21,5 0,085 0,018 6,73 5,98 87

RJ-14-01/09/06 0,200 91,9 1,74 16,0 0,009 0,005 5,72 6,64 16

RJ-15-24/04/06 1,270 386 88,0 3,21 42,3 0,03 0,010 4,95 6,74 59

RJ-15-01/09/06 5,420 651 1,00 43,0 0,160 0,011 6,24 6,95 27

RJ-15-10/09/06 0,740 237 72,0 3,03 31,3 0,412 0,005 1,25 6,58 16

RJ-15-07/10/06 0,570 158 37,0 3,99 20,0 0,283 0,031 1,54 8,69 24

RJ-16-24/04/06 2,600 237 75,0 2,39 37,0 0,257 0,065 2,81 6,69 42

RJ-16-01/09/06 0,130 255 0,0 2,10 18,0 0,100 0,005 5,40 7,25 16

RJ-16-10/09/06 0,003 199 38,0 2,24 18,6 0,087 0,006 5,92 7,07 14

RJ-16-07/10/06 0,003 101 39,0 1,09 17,0 0,068 0,005 6,34 6,62 14

RJ-17-24/04/06 17,00 634 9,0 1,00 13,9 0,045 0,007 4,06 4,28 62

RJ-17-01/09/06 1,100 301 9,30 41,0 0,700 0,005 0,10 6,10 48

RJ-17-10/09/06 6,000 281 68,0 5,83 32,6 1,000 0,005 1,35 6,54 32

RJ-17-07/10/06 2,190 176 31,0 3,27 17,4 0,230 0,039 2,56 6,39 12

RJ-18-04/04/06 0,003 115 12,0 1,28 5,8 0,03 0,005 7,41 7,18 4,9

RJ-18-01/09/06 0,003 116 1,22 15,0 0,009 0,005 6,60 7,3 2,2

RJ-18-02/09/06 0,003 128 11,0 1,00 10,1 0,009 0,005 6,57 7,23 3,4

RJ-18-10/09/06 0,260 103 44,0 1,21 7,9 0,009 0,005 6,24 6,86 6,7

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143

Continuação da Tabela 21

RJ-18-22/09/06 0,003 85,9 52,0 6,42 19,9 0,009 0,006 6,34 7,0 8,4

RJ-18-07/10/06 0,110 82,3 63,0 1,23 12,7 0,100 0,011 5,43 6,43 34

RJ-18-14/12/06 0,130 96,6 15,0 1,84 21,5 0,043 0,005 7,01 7,44 2,2

RI-11-23/01/06 0,003 171 9,0 1,03 0,009 0,005 7,72 7,52 3,7

RI-11-05/08/06 0,980 216 24,0 1,88 14,0 0,120 0,019 5,65 7,03 11

RI-11-09/11/06 0,200 167 11,0 1,74 13,4 0,100 0,009 5,92 7,2 2,5

RI-11-12/11/06 0,170 166 8,0 2,19 14,9 0,144 0,005 6,59 7,19 3,2

RI-11-03/03/08 0,300 237 14,0 3,90 26,1 0,045 0,005 5,79 5,76 27

RI-12-23/01/06 0,910 224 1,19 0,011 0,007 2,50 6,36 6,3

RI-12-05/08/06 0,150 98,6 11,0 1,00 5,1 0,006 0,005 5,10 6,27 2,3

RI-12-09/11/06 0,450 187 8,0 1,00 5,0 0,012 0,006 5,40 6,55 1,2

RI-12-12/11/06 0,340 171 8,0 1,55 8,6 0,115 0,005 5,86 6,33 1,2

RI-13-23/01/06 17,90 748 0,0 4,04 1,320 0,018 2,24 7,15 6,8

RI-13-05/08/06 0,940 100 12,0 2,30 8,8 0,150 0,019 6,87 6,69 23

RI-13-09/11/06 0,770 211 10,0 2,01 7,0 0,020 0,082 5,30 7 3,6

RI-13-12/11/06 0,240 229 13,0 2,42 15,2 0,164 0,005 4,08 6,8 1,9

RI-14-23/01/06 0,550 342 1,68 0,009 0,022 5,11 7,13 5,4

RI-14-05/08/06 2,460 210 18,0 1,49 9,6 0,042 0,144 5,21 6,71 7,6

RI-14-09/11/06 0,370 236 13,0 1,50 5,9 0,028 0,052 2,39 6,77 2,7

RI-14-12/11/06 3,310 308 16,0 4,13 12,1 0,527 0,062 2,30 6,59 3,2

RI-15-23/01/06 0,240 176 1,08 43,0 0,009 0,005 7,36 7,89 2,3

RI-15-05/08/06 0,200 187 7,0 1,22 8,9 0,009 0,03 6,76 7,06 4,8

RI-15-12/11/06 0,180 156 10,0 1,56 10,2 0,088 0,005 6,64 7,42 1,9

RI-16-05/08/06 0,420 190 7,0 1,04 8,1 0,027 0,033 5,79 6,76 8,3

RI-16-12/11/06 0,110 155 9,0 1,82 14,7 0,085 0,005 6,64 7,36 3,2

RI-17-23/01/06 0,003 175 1,05 0,110 0,005 8,14 7,38 3,1

RI-17-05/08/06 0,710 195 9,0 1,09 11,6 0,011 0,034 5,57 7,01 12

RI-17-09/11/06 0,160 155 14,0 1,08 7,3 0,015 0,005 6,13 7,13 4,4

RI-17-12/11/06 0,150 155 8,0 1,83 10,4 0,021 0,005 6,64 7,5 1,3

RI-21-19/06/06 0,740 153 24,0 1,76 10,9 0,066 0,023 5,95 6,54 8,6

RI-21-08/03/06 0,310 173 13,0 1,56 11,6 0,083 0,017 4,61 6,97 2,7

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144

Continuação da Tabela 21

RI-21-02/05/06 1,160 236 11,0 3,32 14,4 0,097 0,007 5,86 7,15 15

RI-22-19/06/06 0,910 202 28,0 1,08 7,6 0,036 0,039 3,38 6,71 13

RI-22-08/03/06 0,370 178 16,0 1,09 9,6 0,100 0,069 2,77 6,67 4,9

RI-22-11/06/06 0,270 191 9,0 2,00 17,9 0,099 0,016 8,31 7,58 4,4

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145

ANEXO B - Tabela 22 – Resultados físico-químicos das amostras de água bruta da BHRJ do ano de 2006

Amostra

AMÔNIA

(mg

NH3/L)

COND

(umho/cm)

COR

REAL

(mg Pt/L)

DBO

(mg/L)

DQO

(mg/L)

FÓSFORO

TOT.

(mg P/L)

NITRATO

(mg NO3-

N/L)

NITRITO

(mg NO2-

N/L)

OD

mg O2/L) pH

SOL

TOT

(mg/L)

TURB

(NTU)

RJ-01-08/03/07 0,140 81,6 23 1,00 6,2 0,053 0,21 0,005 5,14 6,61 57 10

RJ-01-01/04/07 0,170 102 17,0 3,69 13,1 0,029 0,50 0,005 4,08 7,00 55,2 12

RJ-01-26/10/07 0,140 91,6 38 1,00 12,1 0,026 3,19 0,005 4,57 6,70 64,9 19

RJ-02-08/03/07 0,110 53,2 18 2,10 13,9 0,027 0,01 0,005 4,11 5,63 95,3 11

RJ-02-01/04/07 0,180 51,0 19 4,83 27,6 0,134 0,01 0,005 3,14 6,71 59,6 13

RJ-02-26/10/07 0,100 67,6 15 1,20 16,5 0,046 0,26 0,005 3,99 5,67 54,0 5,5

RJ-03-08/03/07 0,180 79,5 42 1,00 10,1 0,014 1,2 0,005 7,09 6,73 63,0 12

RJ-03-01/04/07 0,130 102 38 2,18 14,2 0,061 0,01 0,005 5,33 6,71 55,0 9,5

RJ-03-26/10/07 0,340 87,2 21 1,20 10,6 0,106 0,39 0,005 5,84 7,04 55,3 4,7

RJ-05-01/04/07 17,300 480 27 1,89 82,0 0,988 0,01 0,005 1,05 7,00 317 25

RJ-05-26/10/07 12,700 424 25 10,6 28,2 0,091 0,19 0,005 0,88 6,84 282 26

RJ-06-05/02/07 2,160 8,76 23,9 0,023 0,024 0,01 6,78 7,34 35

RJ-06-01/03/07 0,630 8,43 74,0 0,025 0,01 0,005 7,84 9,16 33

RJ-06-08/03/07 1,600 93,4 25 2,00 13,6 0,06 0,055 0,037 3,59 6,49 83 12

RJ-06-06/04/07 0,230 3,45 17,0 0,059 0,31 0,01 3,34 6,31 31

RJ-06-11/05/07 0,600 6,56 0,212 0,31 0,01 11,05 8,9

RJ-06-24/05/07 0,170 8,15 39,7 0,121 0,36 0,01 17,73 36

RJ-06-31/05/07 0,450 2,85 19,8 0,102 0,026 0,005 3,65 6,51 21

RJ-06-07/06/07 0,150 98 18 5,41 22,4 0,16 0,48 0,01 7,39 7,53 69,3 11

RJ-06-28/06/07 1,090 97,1 42 2,85 0,122 0,38 0,005 5,03 6,74 0,1 11

RJ-06-20/07/07 0,830 93 20 4,10 18,4 0,061 0,3 0,023 5,65 6,86 67,8 9,0

RJ-06-27/07/07 0,380 97,8 17 4,60 33,2 0,109 0,45 0,025 6,37 6,98 62 18

RJ-06-08/09/07 0,310 96 20 6,00 28,3 0,033 0,4 0,005 8,68 9,08 88,9 25

RJ-06-26/10/07 0,440 198 25 11,3 40,7 0,373 0,01 0,005 5,35 7,26 22 91

RJ-06-07/11/07 0,860 96,6 8,0 4,20 15,7 0,079 0,37 0,005 5,16 6,66 75,6 14

RJ-07-08/03/07 3,200 95,9 19 4,00 19,5 0,02 0,39 0,044 4,72 6,92 84,5 12

RJ-07-01/04/07 0,100 181 13 7,18 24,5 0,105 0,01 0,005 0,10 8,1 109 6,1

RJ-07-26/10/07 0,100 193 19 11,7 41,3 0,208 0,01 0,005 4,28 9,49 176 71

RJ-07-30/10/07 0,160 211 31 1,0 38,1 0,291 5,14 0,005 11,38 9,89 201 94

RJ-08-01/04/07 0,110 99,6 11 3,87 10,2 0,031 0,01 0,005 7,11 7,14 52,6 4,3

RJ-08-26/10/07 0,003 86,2 4,0 1,00 5,8 0,029 0,01 0,005 6,32 7 58,3 6,6

RJ-11-19/06/07 0,070 55,7 11,0 1,02 6,3 0,009 0,25 0,005 4,21 5,87 37,5 6,3

RJ-11-12/10/07 0,003 91,2 113 2,40 24,2 0,018 0,19 0,005 2,07 6,31 67,6 31

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146

Continuação da Tabela 22 RJ-12-19/06/07 0,003 70,7 34 1,00 29,9 0,049 0,21 0,005 5,32 6,41 53,3 13

RJ-12-12/10/07 0,003 76,4 80 2,10 12,1 0,009 0,29 0,005 5,35 6,16 54,3 18

RJ-12-01/11/07 0,130 77,3 43 4,84 8,6 0,051 0,01 0,005 5,23 7,05 43 50

RJ-13-19/06/07 0,003 98,1 76 1,58 31,1 0,087 0,27 0,005 4,85 6,81 68,7 37

RJ-13-12/10/07 0,003 66,9 535 3,50 22,6 0,009 0,01 0,005 0,10 6,03 58,4 70

RJ-13-01/11/07 0,16 87,9 56 2,58 15,4 0,134 0,01 0,005 2,40 6,62 49,8 15

RJ-14-12/10/07 0,13 88,9 30 2,80 17,1 0,009 0,22 0,005 5,53 6,37 79,7 26

RJ-14-01/11/07 0,14 87,6 17 4,25 14,8 0,060 0,01 0,005 5,65 6,6 57,5 8,8

RJ-15-19/06/07 1,48 226 63 5,30 31,8 0,314 0,01 0,005 0,74 6,32 151 15

RJ-15-12/10/07 8,16 648 142 9,70 32,3 0,799 0,01 0,005 0,10 6,47 526 32

RJ-16-19/06/07 0,04 99,2 33 1,83 19,0 0,065 0,01 0,005 4,01 6,72 138 32

RJ-16-12/10/07 0,33 86,7 30 3,00 23,7 0,047 0,33 0,005 3,61 6,55 77,4 49

RJ-16-01/11/07 1,81 313 26 10,9 31,9 0,108 0,01 0,005 3,03 7,08 198 95

RJ-17-19/06/07 6,86 272 49 3,24 28,5 2,350 0,01 0,005 1,61 6,39 231 68

RJ-17-12/10/07 1,75 294 261 7,90 29,1 2,410 0,22 0,005 0,26 5,92 423 240

RJ-17-01/11/07 3,55 239 60 5,52 27,5 2,934 0,01 0,005 0,10 6,28 159 39

RJ-18-24/01/07 0,210 94,8 10 1,00 17,0 0,014 0,01 0,005 5,54 7,0 55,5 2,7

RJ-18-19/06/07 0,190 91,1 56 1,07 16,2 0,055 0,29 0,005 5,20 6,58 62,3 12

RJ-18-13/08/07 0,100 87,6 38 1,30 0 0,019 0,33 0,005 6,16 6,64 55,6 5

RJ-18-09/10/07 0,130 84,2 32 1,00 10,6 0,019 0,23 0,005 5,45 7,54 100 5,7

RJ-18-10/10/07 3,400 91,1 18 1,00 21,7 0,033 0,24 0,005 6,91 6,85 100 2

RJ-18-12/10/06 0,003 75,7 12 1,60 12,0 0,025 0,01 0,005 6,58 6,93 48,0 2,3

RJ-18-01/11/07 0,250 92,6 12 2,00 14,7 0,086 0,01 0,005 7,01 7,18 46,1 3,2

RJ-18-26/11/07 0,003 85,0 11 1,00 13,1 0,009 0,01 0,005 6,13 7,1 55,9 1,4

RJ-18-27/12/07 0,040 84,0 9 1,00 15,6 0,074 0,01 0,005 6,81 7,05 61,1 1,9

RI-11-19/03/07 0,003 177 6 1,90 15,6 0,082 3,91 0,005 7,40 7,38 101 7

RI-11-31/07/07 0,11 102 9 1,60 9,5 0,039 0,5 0,005 6,32 7,15 69,7 4,3

RI-11-11/12/07 0,003 197 6 1,60 13,8 0,074 0,01 0,005 6,55 7,16 126 2,8

RI-12-19/03/07 0,53 189 11 1,16 9,5 0,051 0,39 0,005 2,92 6,39 99,8 3,1

RI-12-31/07/07 1,02 92,1 7 1,00 9,7 0,027 0,44 0,005 6,42 6,47 62,1 1,2

RI-12-11/12/07 0,29 209 9 1,00 6,5 0,011 0,46 0,005 3,99 6,29 133 2,7

RI-13-19/03/06 0,25 219 8 2,56 18,5 0,068 0,01 0,005 1,67 6,66 123 12

RI-13-31/07/07 1,71 237 9 2,10 15,1 0,038 0,03 0,005 6,32 7,17 82,7 14

RI-13-11/12/07 0,29 294 8 1,50 18,7 0,052 0,82 0,005 3,99 6,69 188 8,2

RI-14-19/03/07 1,56 385 23 7,85 18,8 0,529 0,19 0,005 3,23 7 217 4,4

RI-14-31/07/07 5,25 267 26 1,60 11,3 0,555 0,91 0,084 2,21 6,74 178 4,5

RI-14-11/12/07 2,20 378 10 1,70 15,0 0,802 0,43 0,005 4,85 6,72 240 3,8

RI-15-11/12/07 0,36 191 5 1,40 12,5 0,047 0,01 0,005 7,16 7,22 125 2,4

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147

Continuação da Tabela 22 RI-17-19/03/07 0,47 166 7 1,83 14,6 0,016 0,18 0,005 9,07 7,3 91 4,5

RI-17-31/07/07 0,68 98,6 6 1,60 6,8 0,065 0,35 0,005 3,65 6,79 71,4 3,9

RI-17-11/12/07 0,33 190 4 1,10 5,0 0,048 0,21 0,005 6,87 7,16 124 2,5

RI-21-06/04/07 0,62 240 16 3,68 15,3 0,096 0,78 0,01 2,61 7,02 164 4,3

RI-21-10/05/07 0,23 244 14 1,00 22,2 0,109 0,46 0,005 2,09 6,81 162 6

RI-21-11/12/07 0,48 263 12 2,70 22,9 0,112 0,31 0,005 3,21 6,72 170 2,9

RI-22-02/05/07 0,73 228 7 2,73 15,9 0,239 0,01 0,008 4,97 7,13 119 6,2

RI-22-06/04/07 0,45 241 14 3,28 12,1 0,095 0,90 0,01 5,21 6,94 161 4,6

RI-22-10/05/07 1,25 239 12 2,10 17,4 0,057 0,36 0,005 8,41 7,28 158 4,8

RI-22-11/12/07 0,33 256 11 2,40 15,7 0,090 0,05 0,005 5,35 7,22 166 3,1

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148

ANEXO C- Tabela 23 – Resultados de metais e metalóides das amostras de água bruta da BHRJ do ano de 2006

Amostra

Al

(µg/L)

B

(mg/L)

Ba

(µg/L)

Cd

(µg/L)

Co

(mg/L)

Cr

(µg/L)

Cu dis.

(µg/L)

Fe dis.

(µg/L) Li(mg/L)

Pb

(µg/L)

Hg

(µg/L)

Mn

(µg/L)

V

(µg/L)

Zn

(µg/L)

RJ-01-04/01/06 4,0 0,05 38,0 0,06 0,03 0,33 4,0 8,0 0,007 5,0 0,37 169,0 0,3 13,7

RJ-01-04/04/06 19,0 0,05 38,0 0,06 0,03 0,08 4,0 284,6 0,001 5,0 0,25 28,4 3,5 3,0

RJ-01-01/12/06 16,7 0,10 38,0 0,06 0,03 0,08 4,0 430,3 0,001 5,0 0,10 65,0 0,4 6,0

RJ-02-04/01/06 4,0 0,05 38,0 0,19 0,04 0,08 4,0 8,0 0,005 12,9 0,05 35,2 0,3 96,4

RJ-02-04/04/06 4,0 0,05 38,0 0,00 0,03 0,00 4,0 175,2 0,00 5,0 0,28 25,7 6,3 3,0

RJ-02-01/12/06 14,0 0,05 38,0 0,06 0,03 0,08 4,0 335,3 0,001 5,7 0,16 20,0 0,4 9,5

RJ-03-04/01/06 4,0 0,18 73,8 0,36 0,05 0,74 4,0 8,0 0,017 12,4 0,18 103,0 0,5 107

RJ-03-04/04/06 82,0 0,00 38,0 0,06 0,03 0,08 1000 58,09 0,001 5,0 0,15 102,0 1,0 25,9

RJ-03-01/12/06 36,5 0,84 38,0 0,06 0,03 0,08 4,0 568,8 0,001 5,0 0,13 24,0 1,9 3,0

RJ-04-04/01/06 4,0 0,09 73,6 0,07 0,06 0,8 4,0 8,0 0,012 7,9 0,19 99,8 1,6 217,0

RJ-04-01/12/06 53,5 1,00 53,7 0,31 0,03 4,95 4,0 568,6 0,002 5,0 0,25 122,0 4,5 38,7

RJ-05-04/01/06 4,0 0,05 95,4 0,21 0,07 2,45 4,0 8,0 0,012 27,1 0,27 725,0 2,1 131,0

RJ-05-04/04/06 26,9 0,00 38,0 0,06 0,03 0,08 4,0 149,4 0,001 5,0 0,38 927,0 0,3 15,2

RJ-05-01/12/06 13,3 0,71 60,2 0,06 0,03 1,59 4,0 364,4 0,001 5,3 0,19 285,0 1,4 3,0

RJ-06-04/01/06 4,0 0,05 38,0 0,19 0,06 0,54 4,0 8,0 0,008 14,0 0,20 127,0 2,3 6,0

RJ-06-04/04/06 379,0 0,00 38,0 0,06 0,06 0,54 1000 182,8 0,001 5,0 0,32 102,0 4,6 21,9

RJ-06-01/12/06 14,0 0,05 38,0 0,06 0,03 0,7 4,0 61,45 0,001 5,0 0,30 40,7 6,8 3,0

RJ-07-04/01/06 4,0 0,06 38,0 0,06 0,05 0,19 4,0 8,0 0,004 6,2 0,40 205,0 0,3 167,0

RJ-07-01/12/06 11,9 0,73 38,0 0,46 0,03 0,74 4,0 56,83 0,001 21,8 0,27 72,7 1,6 21,3

RJ-08-04/01/06 4,0 0,05 38,0 0,13 0,04 0,08 4,0 8,0 0,005 5,0 0,19 51,5 3,2 5,8

RJ-08-04/04/06 9,52 0,00 38,0 0,06 0,03 0,08 4,0 97,41 0,001 5,0 0,41 444,0 43,0 44,4

RJ-08-01/12/06 12,5 0,05 38,0 0,06 0,03 0,74 4,0 56,83 0,001 21,8 0,05 22,1 0,3 6,4

RJ-11-30/05/06 2,00 40,6 38,0 4,0 0,03 0,08 413,8 8,0 6,2 5,0 187,0 0,02 12,9

RJ-11-01/12/06 2,00 78,7 38,0 4,0 1,02 0,08 443,7 8,0 5,0 5,0 56,7 0,02 6,2

RJ-12-30/05/06 239 0,05 73,2 0,06 0,03 5,89 4,0 262,3 0,002 5,0 0,05 20,0 0,6 3,0

RJ-12-01/12/06 25 0,29 38,0 0,08 0,03 0,08 4,0 1182 0,001 7,2 0,28 122,0 0,3 24

RJ-13-30/05/06 104,0 0,05 45,8 0,06 0,03 2,12 1000 128,7 0,003 13,0 0,33 49,6 2,6 19,2

RJ-13-01/12/06 248,0 0,27 38,0 0,06 0,03 1,64 4,0 1708,0 0,001 5,0 0,09 142,0 0,3 29,9

RJ-14-30/05/06 4,0 38,0 0,06 0,03 0,08 4,0 8,0 0,01 5,0 0,18 136,0 1,9 12,1

RJ-14-01/12/06 40,2 0,37 38,0 0,06 0,03 1,17 4,0 145,6 0,001 6,0 0,10 1120,0 0,9 9,1

RJ-15-30/05/06 226,0 0,37 38,0 0,08 0,03 1,48 4,0 474,7 0,002 34,3 0,18 136 1,9 12,1

RJ-15-01/12/06 30,6 0,28 38,2 0,06 0,03 0,08 4,0 2761,0 0,001 11,2 0,16 262,0 6,1 6,90

RJ-16-30/05/06 161,0 0,37 43,5 0,11 0,03 1,26 4,0 411,2 0,003 5,0 0,17 366,0 1,9 27,2

RJ-16-01/12/06 90,0 0,17 67,8 0,06 0,03 2,21 4,0 396,8 0,001 21,5 0,35 516,0 4,2 11,1

RJ-17-01/12/06 62,1 0,21 38,0 0,13 0,03 2,58 4,0 925,9 0,001 29,0 339,0

RJ-17-10/12/06 92,1 0,08 38,0 0,85 0,03 15,10 2,670 233,7 0,005 92,4 0,21 131,0 0,7 3,0

RJ-18-01/12/06 64,2 0,21 38,0 0,13 0,03 0,08 8000 838,8 0,001 8,4 0,20 40,4 1,2 127,0

RI-11-08/05/06 50,3 0,05 65,2 0,76 0,03 0,08 4,0 325,2 0,001 5 0,05 74,8 0,3 3,0

RI- 11-11/12/06 35,8 0,49 44,2 0,16 0,03 0,08 4,0 76,5 0,004 6,6 0,05 37,1 0,3 8,10

RI-12-08/05/06 25,1 0,05 38,0 0,06 0,03 0,58 4,0 127,4 0,001 5,0 0,13 38,7 0,3 3,0

RI-12-11/12/06 14,0 0,50 38,0 0,32 0,03 0,08 4,0 151,7 0,004 8,1 0,05 47,2 0,3 7,4

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149

Continuação da Tabela 23

RI-13-08/05/06 40,2 0,05 38,0 0,45 0,03 1,37 4,0 142,8 0,001 90,9 0,05 76,3 0,3 49,9

RI-13-11/12/06 32,8 0,36 38,0 0,06 0,03 0,08 4,0 130,7 0,002 8,2 0,05 110,0 0,3 11,4

RI-14-08/05/06 30,8 0,05 38,0 0,06 0,03 0,50 4,0 255,7 0,001 10,8 0,13 38,2 0,3 11,3

RI-14-11/12/06 46,0 0,93 98,4 0,08 0,03 0,11 4,0 120,2 0,003 5,0 0,05 90,3 0,3 21,3

RI-15-08/05/06 26,2 0,05 38,0 0,06 0,03 0,08 4,0 80,2 0,001 5,0 0,05 20,0 0,3 15,7

RI-15-11/12/06 36,5 1,00 59,3 0,22 0,03 0,08 4,0 25,7 0,002 22,2 0,05 111,0 0,3 9,90

RI-16-08/05/06 36,9 0,05 38,0 0,16 0,03 2,68 4,0 61,7 0,001 5,0 0,18 23,9 0,3 10,9

RI-16-11/12/06 45,2 0,15 48,8 0,06 0,03 0,08 4,0 19,8 0,004 8,8 0,05 33,4 5,5 9,70

RI-17-08/05/06 130,0 0,49 38,0 0,78 0,03 0,37 4,0 99,7 0,001 5,0 0,05 20,0 0,3 3,0

RI-17-11/12/06 65,8 1,04 39,6 0,73 0,03 0,08 4,0 34,7 0,004 15,5 0,23 20,0 1,0 9,4

RI-21-19/06/06 29,8 0,19 38,0 0,09 0,03 0,63 4,0 150,9 0,005 5,0 0,14 57,4 0,7 21,6

RI-21-06/11/06 58,0 0,05 116 0,06 0,03 0,08 4,0 22,5 0,001 5,0 0,20 20,0 0,3 44,8

RI-22-19/06/06 130,0 0,05 38,0 0,74 0,03 1,05 4,0 203,1 0,005 5,0 0,05 69,1 0,7 17,7

RI-22-06/11/06 34,7 0,05 71,7 0,57 0,03 0,08 4,0 8,0 0,002 5,0 0,17 0,3 3,0

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Instituto de Química / UFBA – GPQQ – Grupo de Pesquisa em Química e Quimiometria

150

ANEXO D - Tabela 24 – Resultados de metais e metalóides das amostras de água bruta da BHRJ do ano de 2007

Amostra

Al

(µg/L)

B

(mg/L)

Ba

(µg/L)

Cd

(µg/L)

Co

(mg/L)

Cr

(µg/L)

Cu dis.

(µg/L)

Fe dis.

(µg/L)

Li

(mg/L)

Pb

(µg/L)

Ag

(µg/L)

Hg

(µg/L)

Mn

(µg/L)

Ni

(mg/L)

Se

(µg/L)

V

(µg/L)

Zn

(µg/L)

RJ-01-02/06/07 190,0 0,05 38,0 0,08 0,03 2,54 4,0 312,1 0,001 16,5 0,07 0,25 28,4 0,02 4,0 3,5 3,0

RJ-01-26/10/07 22,5 0,05 38,0 0,07 0,03 0,80 4,0 430,1 0,009 15,7

RJ-02-02/06/07 127,0 0,18 38,6 0,06 0,03 2,47 4,0 189,0 0,001 11,4 0,07 0,28 25,7 0,02 4,0 6,3 3,0

RJ-02-26/10/07 6,5 0,05 95,1 0,16 0,03 0,93 4,0 216,6 0,009 8,1 0,07 2,05 20,0 0,02 4,0 0,3 3,0

RJ-03-02/06/07 325 0,40 51,0 0,08 0,03 1,57 4,0 376,9 0,001 18,4 0,07 0,14 27,6 0,02 4,0 0,7 5,7

RJ-03-26/10/07 87,0 0,21 38,0 0,06 0,03 1,42 4,0 210,7 0,005 5,0 0,07 0,05 20,0 0,02 4,0 0,3 3,0

RJ-05-02/06/07 42,4 0,05 38,0 0,06 0,03 1,17 4,0 172,4 0,001 17,1 0,07 0,19 285 0,02 4,0 1,4 3,0

RJ-05-26/10/07 0,31 38,0 0,27 0,03 1,17 4,0 172,4 0,001 17,1 0,07 0,13 893,0 0,02 4,0 1,6 7,85

RJ-06-02/06/07 246,0 0,05 38,9 0,08 0,03 4,46 4,0 205,1 0,001 5,0 0,09 0,15 96,4 0,02 4,0 5,7 3,0

RJ-06-26/10/07 6,5 0,05 95,1 0,16 0,03 3,5 4,0 113,1 0,008 5,0 0,07 0,05 20,0 0,02 4,0 0,3 3,0

RJ-07-26/10/07 54,1 0,09 96,0 0,13 0,03 2,25 4,0 189,20 0,002 135,0 0,09 0,14 107,0 0,02 4,0 1,1 4,1

RJ-07-30/10/07 87,0 0,19 106,0 0,07 0,04 2,57 4,0 118,00 0,003 0,3

RJ-08-26/10/07 6,0 0,05 38,0 0,06 0,03 0,91 4,0 62,65 0,009 7,3

RJ-11-19/06/07 7,4 0,05 38,0 0,06 0,03 0,16 4,0 103,8 0,001 13,5 0,07 0,05 22,1 0,02 4,0 0,3 6,40

RJ-11-26/10/07 7,37 0,05 38,0 0,06 0,03 0,16 4,0 103,8 0,001 13,5 0,07 0,16 109,0 0,02 4,0 0,3 3,0

RJ-11-10/12/07 15,9 0,17 38,0 0,06 0,03 3,79 4,0 544,8 0,001 9,4

RJ-12-19/06/07 15,2 0,06 38,0 0,06 0,03 0,08 8000 159,0 0,001 0,3 0,07 0,05 67,7 0,02 4,0 0,8 3,0

RJ-12-10/12/07 30 0,17 38,0 0,11 0,03 2,76 4,0 409,3 0,001 23,5 0,30 0,13 371,0 0,02 4,0 0,4 3,0

RJ-13-19/06/07 288 0,05 38,0 0,06 0,03 0,10 8000 582,1 0,002 0,3 0,07 0,05 67,7 0,02 4,0 0,8 3,0

RJ-13-10/12/07 4,0 0,05 194 0,19 0,03 2,75 4,0 4142 0,001 339,0 0,07 0,05 20,0 0,02 4,0 0,3 3,0

RJ- 14-10/12/07 15,5 0,05 38,0 0,18 0,07 0,05 545,0 0,02 4,0 0,3 3,0

RJ-15-19/06/07 151,0 0,05 38,0 0,06 0,03 0,17 6000 2458,0 0,003 0,3 0,07 0,10 346,0 0,02 4,0 4,7 33,1

RJ-15-10/12/07 43,5 0,05 38,0 0,44 0,03 2,23 4,0 1648,0 0,001 215,0 0,07 0,05 194,0 0,03 4,0 0,3 3,0

RJ-16-10/12/07 35,7 0,05 38,0 0,10 0,03 2,89 4,0 194,2 0,001 0,3 0,80 0,17 557,0 0,02 4,0 13 41,1

RJ-18-19/06/07 375 0,05 38,0 0,12 0,03 0,33 4,0 227,1 0,001 11,0 0,07 0,37 20,0 0,02 4,0 1,3 36,7

RI - 11-09/04/07 22,7 1,14 38,0 0,19 0,03 0,61 4,0 82,7 0,001 5,0 0,07 0,09 63,0 0,02 4,0 0,3 6,50

RI-11-12/11/07 81,0 0,23 38,0 0,07 0,03 1,62 4,0 77,7 0,004 7,1 0,17 0,05 22,5 0,02 4,0 0,3 3,0

RI-12-12/11/07 61,9 0,30 143 0,09 0,04 0,30 4,0 149,3 0,005 5,9 0,07 0,16 78,8 0,02 4,0 0,3 3,0

RI-13-09/04/07 6,8 0,38 38,0 0,08 0,03 0,23 4,0 80,5 0,001 0,3 0,07 0,16 193,0 0,02 4,0 0,3 9,5

RI-13-12/11/07 9,6 0,31 38,0 0,41 0,04 0,08 4,0 191,3 0,004 5,9 0,07 0,05 85,7 0,02 4,0 0,3 3,0

RI-14-09/04/07 25,9 0,31 38,0 0,06 0,03 0,31 4,0 114,3 0,001 5,0 0,13 0,05 85,9 0,02 4,0 0,3 34,2

RI-14-12/11/07 77,2 0,22 38,0 0,06 0,04 0,61 4,0 242,9 0,005 634,0 0,07 0,10 58,1 0,02 4,0 1,5 3,0

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Instituto de Química / UFBA – GPQQ – Grupo de Pesquisa em Química e Quimiometria

151

Continuação da Tabela 24

RI-15-09/04/07 24,9 0,38 38,0 0,06 0,03 0,67 2000 21,1 0,001 0,3 0,07 0,11 22,8 0,02 4,0 0,3 13,6

RI-15-12/11/07 25,7 0,30 81,2 0,06 0,04 1,19 4,0 38,3 0,007 93,1 0,07 0,05 20,0 0,02 4,0 1,6 3,0

RI -16-09/04/07 19,7 0,34 38,0 0,06 0,03 0,22 4,0 23,8 0,001 0,3 0,07 0,16 20,0 0,02 4,0 1,8 12,9

RI-17-09/04/07 32,6 0,50 38,0 0,06 0,03 0,20 4,0 31,1 0,002 0,3 0,07 0,11 20,0 0,02 4,0 0,5 10,5

RI-17-12/11/07 7,8 0,22 38,0 0,06 0,04 1,13 4,0 16,0 0,006 0,3 0,07 0,05 20,0 0,02 4,0 0,3 3,0

RI-21-05/10/07 13,5 0,05 220 0,13 0,03 1,05 4,0 173,4 0,003 9,5 0,07 0,05 54,3 0,02 4,0 0,8 3,0

RI-22-05/10/07 46,0 0,31 52,6 0,12 0,03 0,33 4,0 119,2 0,002 0,3 0,07 0,11 33,0 0,02 4,0 0,3 4,9

RI -22-05/10/07 46,0 0,31 52,6 0,12 0,03 0,33 4,0 119,2 0,002 0,3 0,07 0,11 33,0 0,02 4,0 0,3 4,9