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AVALIAÇÃO DE UM SISTEMA DE TELEGERENCIAMENTO EMPREGANDO LUMINÁRIAS LED DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA FERNANDO J. NOGUEIRA, IGOR D. MELO, LUIZ H. GOUVEIA, CRISTIANO G. CASAGRANDE, HENRIQUE A.C. BRAGA E DANILO P. PINTO NIMO - Núcleo de Iluminação Moderna, Universidade Federal de Juiz de Fora 36036-900, Juiz de Fora, MG, Brasil. E-mails: [email protected], [email protected] Abstract The main purpose of this paper is to analyze the performance of LED luminaires and to analyze the remote management inte- grated into them. These luminaires come with a remote monitoring system based on ZigBee protocol, and it allows wireless communication using GSM / GPRS, the most used technology around the world provided by mobile network operators. With photometric tests, electrical and performance analysis of the luminaires in according to the standards, this paper aims to study the operation of the whole system in a pragmatic way and to evaluate the actual performance and the possible positive and desired results on the public lighting system. Keywords LEDs, LED luminaires, Street Lighting, Telemanagement Systems. Resumo Este trabalho tem como objetivo principal a avaliação do desempenho de luminárias LED e o sistema de telegerenciamento integrado a elas. Estas luminárias dispõem de um sistema de monitoramento remoto baseado no protocolo ZigBee, que permite comunica- ção sem fio utilizando os padrões GSM/GPRS, a tecnologia mais utilizada no país fornecida pelas operadoras de telefonia celular. Com testes fotométricos, elétricos e análises de desempenho das luminárias segundo normas vigentes, este trabalho pretende estudar o comporta- mento de todo o sistema de forma pragmática, visando avaliar a real eficiência e os possíveis e almejados resultados positivos sobre o siste- ma de iluminação pública. Palavras-chave Iluminação pública, LEDs, Luminárias LED, Sistemas de Telegerenciamento. 1 Introdução A busca por tecnologias mais eficientes em ter- mos de utilização da energia tem sido motivada por questões de natureza econômica e ambiental, visando o desenvolvimento sustentável. Os sistemas de ilu- minação artificial, em particular, representam um grande potencial de economia de energia elétrica. Estima-se que cerca de 30% de toda a energia elétri- ca gerada no mundo, seja utilizada para a produção de iluminação artificial (POLONSKII, 2008). Portan- to, alternativas que apresentem redução do consumo de energia elétrica em sistemas de iluminação são muito importantes, já que podem produzir significa- tivos impactos econômicos e ambientais. No caso da iluminação pública, tradicionalmente tem-se utilizado lâmpadas de descarga em alta pres- são. Nos últimos 50 anos, essas lâmpadas se mostra- ram como soluções mais eficientes, se comparadas com as lâmpadas incandescentes ou fluorescentes, suas antecessoras. Porém, tanto no caso das lâmpadas que se baseiam na incandescência, como das que se baseiam na descarga elétrica em gases, o processo de produção da luz está associado à elevação da tempe- ratura, o que acaba provocando elevadas taxas de perdas (ŽUKAUSKAS, 2002). O uso dos diodos emissores de luz (ou LEDs, do inglês, lighting emitting diodes) na iluminação tem representado um grande avanço tecnológico nos últimos anos. Diversos estudos recentes apontam para a utilização dos LEDs na iluminação pública (ALMEIDA, 2011; MAGGI 2013; RODRIGUES, 2012). Características como elevada eficácia lumino- sa (até 150 lm/W), longa vida útil (até 100.000 ho- ras), elevada resistência mecânica, alto índice de reprodução de cor (acima de 70%), possibilidade de dimerização da intensidade luminosa e capacidade de emissão de luz branca são fatores que contribuem para a aplicação dessa tecnologia em iluminação pública (RODRIGUES, 2012). Além disso, são dis- positivos que causam menos danos ao meio ambien- te, por não apresentarem gases tóxicos em seu interi- or, como os encontrados em alguns modelos de lâm- padas de descarga. A utilização de luminárias empregando LEDs associada a tecnologias capazes de fazer o telegeren- ciamento de luminárias e componentes ligados à iluminação pública podem representar um grande impacto econômico nesse setor. O funcionamento de um sistema de telegerenci- amento é baseado no controle e gestão a distância dos pontos de luz, sendo possível efetuar o controle do fluxo luminoso das luminárias (reduzindo gastos com consumo de energia), verificar em tempo real a condição de cada ponto de iluminação (consumo, vida útil, pontos apagados) e gerar relatórios infor- mando possíveis problemas de funcionamento e danos sofridos nos componentes do sistema de ilu- minação, agilizando assim os processos de manuten- ção (VAZ, 2010; SECA 2013). Este trabalho trata da avaliação de um sistema de telegerenciamento empregando luminárias LED de iluminação pública. Avaliações elétricas e fotométri- cas serão realizadas segundo recomendações norma- tivas nacionais e internacionais a fim de se verificar o funcionamento do sistema. Além disso, uma avalia- ção econômica será efetuada a fim de verificar qual a economia gerada pela implantação de um sistema de telegerenciamento empregando 150 luminárias LED que irão substituir luminárias com lâmpadas de vapor de sódio em alta pressão no anel viário central da Universidade Federal de Juiz de Fora. Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014 2763

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AVALIAÇÃO DE UM SISTEMA DE TELEGERENCIAMENTO EMPREGANDO LUMINÁRIAS LED

DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA

FERNANDO J. NOGUEIRA, IGOR D. MELO, LUIZ H. GOUVEIA, CRISTIANO G. CASAGRANDE, HENRIQUE A.C.

BRAGA E DANILO P. PINTO

NIMO - Núcleo de Iluminação Moderna, Universidade Federal de Juiz de Fora

36036-900, Juiz de Fora, MG, Brasil.

E-mails: [email protected], [email protected]

Abstract The main purpose of this paper is to analyze the performance of LED luminaires and to analyze the remote management inte-

grated into them. These luminaires come with a remote monitoring system based on ZigBee protocol, and it allows wireless communication

using GSM / GPRS, the most used technology around the world provided by mobile network operators. With photometric tests, electrical

and performance analysis of the luminaires in according to the standards, this paper aims to study the operation of the whole system in a

pragmatic way and to evaluate the actual performance and the possible positive and desired results on the public lighting system.

Keywords LEDs, LED luminaires, Street Lighting, Telemanagement Systems.

Resumo Este trabalho tem como objetivo principal a avaliação do desempenho de luminárias LED e o sistema de telegerenciamento

integrado a elas. Estas luminárias dispõem de um sistema de monitoramento remoto baseado no protocolo ZigBee, que permite comunica-

ção sem fio utilizando os padrões GSM/GPRS, a tecnologia mais utilizada no país fornecida pelas operadoras de telefonia celular. Com

testes fotométricos, elétricos e análises de desempenho das luminárias segundo normas vigentes, este trabalho pretende estudar o comporta-

mento de todo o sistema de forma pragmática, visando avaliar a real eficiência e os possíveis e almejados resultados positivos sobre o siste-

ma de iluminação pública.

Palavras-chave Iluminação pública, LEDs, Luminárias LED, Sistemas de Telegerenciamento.

1 Introdução

A busca por tecnologias mais eficientes em ter-

mos de utilização da energia tem sido motivada por

questões de natureza econômica e ambiental, visando

o desenvolvimento sustentável. Os sistemas de ilu-

minação artificial, em particular, representam um

grande potencial de economia de energia elétrica.

Estima-se que cerca de 30% de toda a energia elétri-

ca gerada no mundo, seja utilizada para a produção

de iluminação artificial (POLONSKII, 2008). Portan-

to, alternativas que apresentem redução do consumo

de energia elétrica em sistemas de iluminação são

muito importantes, já que podem produzir significa-

tivos impactos econômicos e ambientais.

No caso da iluminação pública, tradicionalmente

tem-se utilizado lâmpadas de descarga em alta pres-

são. Nos últimos 50 anos, essas lâmpadas se mostra-

ram como soluções mais eficientes, se comparadas

com as lâmpadas incandescentes ou fluorescentes,

suas antecessoras. Porém, tanto no caso das lâmpadas

que se baseiam na incandescência, como das que se

baseiam na descarga elétrica em gases, o processo de

produção da luz está associado à elevação da tempe-

ratura, o que acaba provocando elevadas taxas de

perdas (ŽUKAUSKAS, 2002).

O uso dos diodos emissores de luz (ou LEDs, do

inglês, lighting emitting diodes) na iluminação tem

representado um grande avanço tecnológico nos

últimos anos. Diversos estudos recentes apontam

para a utilização dos LEDs na iluminação pública

(ALMEIDA, 2011; MAGGI 2013; RODRIGUES,

2012). Características como elevada eficácia lumino-

sa (até 150 lm/W), longa vida útil (até 100.000 ho-

ras), elevada resistência mecânica, alto índice de

reprodução de cor (acima de 70%), possibilidade de

dimerização da intensidade luminosa e capacidade de

emissão de luz branca são fatores que contribuem

para a aplicação dessa tecnologia em iluminação

pública (RODRIGUES, 2012). Além disso, são dis-

positivos que causam menos danos ao meio ambien-

te, por não apresentarem gases tóxicos em seu interi-

or, como os encontrados em alguns modelos de lâm-

padas de descarga.

A utilização de luminárias empregando LEDs

associada a tecnologias capazes de fazer o telegeren-

ciamento de luminárias e componentes ligados à

iluminação pública podem representar um grande

impacto econômico nesse setor.

O funcionamento de um sistema de telegerenci-

amento é baseado no controle e gestão a distância

dos pontos de luz, sendo possível efetuar o controle

do fluxo luminoso das luminárias (reduzindo gastos

com consumo de energia), verificar em tempo real a

condição de cada ponto de iluminação (consumo,

vida útil, pontos apagados) e gerar relatórios infor-

mando possíveis problemas de funcionamento e

danos sofridos nos componentes do sistema de ilu-

minação, agilizando assim os processos de manuten-

ção (VAZ, 2010; SECA 2013).

Este trabalho trata da avaliação de um sistema de

telegerenciamento empregando luminárias LED de

iluminação pública. Avaliações elétricas e fotométri-

cas serão realizadas segundo recomendações norma-

tivas nacionais e internacionais a fim de se verificar o

funcionamento do sistema. Além disso, uma avalia-

ção econômica será efetuada a fim de verificar qual a

economia gerada pela implantação de um sistema de

telegerenciamento empregando 150 luminárias LED

que irão substituir luminárias com lâmpadas de vapor

de sódio em alta pressão no anel viário central da

Universidade Federal de Juiz de Fora.

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2 Sistemas de Telegerenciamento Aplicados em

Iluminação Pública

Os sistemas de telegerenciamento são ferramen-

tas utilizadas com o intuito de gerir, controlar e mo-

nitorar redes de iluminação pública. Esses sistemas

de telecomunicações permitem gerir as luminárias

individualmente ou em grupo, fazendo pleno uso dos

seus parâmetros operacionais (GODOY, 2009). Com

isso, é possível ter acesso à condição de cada ponto

de iluminação, com informações de consumo, tempo

de utilização, ocorrências de defeitos, parâmetros

elétricos de funcionamento, entre outras informações.

Também é possível atuar diretamente no funciona-

mento do ponto de iluminação, efetuando-se o acio-

namento ou desligamento da luminária, e controle do

fluxo luminoso, ajudando na eficiência do sistema de

iluminação (VAZ, 2010).

Os sistemas de telegerenciamento mais aplicados

são aqueles que trabalham através de comunicação

via cabo (ou PLC, do inglês Power Line Comunnica-

tion) e os que trabalham através de comunicação via

rádio frequência (VAZ, 2010). O sistema empregan-

do PLC utiliza os cabos da própria rede elétrica em

que estão ligadas as luminárias para se comunicar

com o centro de controle, utilizando modulações de

onda a uma determinada frequência. Já o sistema

empregando radiofrequência pode fazer a comunica-

ção da luminária com o centro de controle através de

uma rede wireless (sem fio). Ambos têm seus centros

de controle ligados a uma central de monitoramento,

que possui um software que se comunica com os

centros de controle geralmente através de protocolo

TCP/IP ou rede GSM. Sistemas de telegerenciamento

modernos permitem receber informações ou enviar

comandos através de dispositivos pessoais como

celulares, tablets e notebooks (SCHRÉDER 2013).

O uso de uma ou outra tecnologia deve estar as-

sociado à disponibilidade financeira dos responsáveis

pela implantação do sistema, quantidade de pontos

de iluminação, distância entre os pontos, limitações

geográficas (tipo de terreno, relevo, vegetação), faci-

lidade ao acesso à rede elétrica nos pontos de luz,

entre outras características. (SECA, 2013).

A Figura 1 mostra um sistema de telegerencia-

mento da iluminação pública utilizando comunicação

cabeada via PLC e outro utilizando radiofrequência.

Figura 1. Diferença de instalação usando PLC e radiofrequência

(NEVES, 2013).

Lâmpadas de iluminação pública no sistema

convencional são oferecidas com saídas em watts

fixas, podendo produzir na prática níveis de lumino-

sidade incorretos ou sobredimensionados para deter-

minados tipos de ambiente. Isso ocorre devido à

limitação dos valores de potências oferecidos para

determinados tipos de lâmpadas. Uma das caracterís-

ticas mais importantes de um sistema de telegerenci-

amento é o controle do fluxo luminoso emitido pela

fonte luminosa.

Para que o controle da regulação do fluxo lumi-

noso seja efetuado corretamente, deve-se contar com

o suporte de uma tecnologia que possa ser dimerizá-

vel, ou seja, que permita a mudança e controle do

fluxo luminoso sem afetar o seu funcionamento. Este

fato torna os LEDs atraentes para os sistemas de

telegerenciamento, uma vez que já existem no mer-

cado luminárias dessa tecnologia capazes de serem

controladas de forma bem eficiente nesse sentido,

sem serem afetadas no ponto de vista elétrico e foto-

métrico pelos contínuos ajustes no fluxo luminoso

emitido (SCHREDER, 2013).

As principais vantagens da utilização de um sis-

tema de telegestão em iluminação pública empregan-

do LEDs são: elaboração do mapa contendo os pon-

tos de luz distribuídos em determinada região, o que

facilita o monitoramento desses pontos e do sistema

como um todo; possibilidade de dimerização de cada

um dos pontos de iluminação, o que pode diminuir a

poluição luminosa e aumentar a vida útil da luminá-

ria LED, além de possibilitar menor consumo de

energia elétrica em horários de menor tráfego de

veículos e pedestres; melhora nas operações de ma-

nutenção, pelo fato de um ponto com defeito ser

imediatamente identificado; contribuição na previsão

de compras para reposição, uma vez que é possível

fazer um acompanhamento da vida útil de cada ponto

de iluminação; redução nos custos de manutenção,

devido ao fato de não serem mais necessárias equipes

noturnas que buscam pontos de iluminação defeituo-

sos; acesso em tempo real das informações sobre o

funcionamento de cada ponto de iluminação (como

potência, tensão, fator de potência, etc.), entre outras

(SANTOS, 2011).

A principal desvantagem é que a implantação da

telegestão aumentaria ainda mais o custo de um sis-

tema a LEDs, que já é elevado devido ao custo das

luminárias. Porém, se todo o sistema for projetado de

acordo com os requisitos previstos nas normas vigen-

tes, a economia proveniente do menor consumo de

energia e da menor necessidade de manutenção pode

amortizar o investimento ao menos dentro da vida

útil das luminárias LED (BRAGA, 2013).

3 Luminárias LED de Iluminação Pública

A estrutura simplificada de uma luminária LED

aplicada nos sistemas de iluminação pública é com-

posta basicamente por quatro partes, como pode ser

visto na Figura 2: LEDs, estrutura óptica, carcaça

(com dissipador) e driver.

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Dissipação

LEDs ÓpticaDriverCarcaça

Rede

Figura 2. Estrutura simplificada de uma luminária LED de

iluminação pública

Os LEDs mais aplicados em iluminação são os

PC-LEDs (Phosphor converted LEDs), que se divi-

dem em dois grupos: LEDs de alto brilho, utilizados

em dispositivos de baixa potência (correntes nomi-

nais típicas de 20 mA) e os de alta potência, utiliza-

dos em dispositivos de elevada potência (correntes

nominais típicas de 300 mA até 1,5 A), sendo estes

últimos os mais utilizados (RODRIGUES, 2011).

Devido ao pequeno ângulo de abertura do feixe

luminoso emitido pelos LEDs, as luminárias são

dotadas de estruturas ópticas compostas por lentes,

colimadores e refletores, que são responsáveis por

melhorar a distribuição luminosa do LED.

O dissipador de calor geralmente compõe a es-

trutura da carcaça. A estrutura de dissipação de calor

é responsável por fazer a transferência de calor gera-

do pela junção dos LEDs para o ambiente de forma

rápida e eficiente, para não prejudicar a vida útil do

LED.

O driver é o dispositivo eletrônico responsável

por adequar o nível da corrente de alimentação nos

LEDs. Além de prover o correto funcionamento dos

LEDs, o driver também pode incorporar uma série de

outras funcionalidades (como dimerização, teleco-

municação, etc.) de forma a adequar a luminária a

um sistema de telegerenciamento.

4 Sistema Avaliado

A Owlet é uma empresa alemã sediada em

Mainz, que desenvolve um sistema de redução de

fluxo luminoso com recurso a ZigBee, em parceria

com a empresa de iluminação Schréder.

O sistema se assenta numa tipologia em estrela,

no qual a rede é self-healing. Isso quer dizer que a

rede de comunicações tem a capacidade regenerativa

de encontrar o caminho mais eficaz para a comunica-

ção entre os nós que a integram e que a falência de

um nó não influencia no comportamento normal dos

nós restantes. O sistema desenvolvido pressupõe a

existência de um concentrador e gestor da rede

ZigBee, que é designado por SeCo (Segment Con-

troller), e de equipamentos terminais de controle

individualizado para cada ponto de iluminação. De

acordo com a especificidade do ponto de luz opta-se

por equipamentos distintos: CoCo (Column Control-

ler) para controlar dois pontos de luz instalados na

mesma coluna, ou LuCo (Luminaire Controller) para

controlar pontos de luz isolados (SCHRÉDER, 2013).

Pelo LuCo, os parâmetros de corrente, tensão e

potência são continuamente monitorados e registra-

dos. Além disso, para o caso de falha nos comandos

de liga e desliga enviados pelo servidor da central de

telegerenciamento, o LuCo possui um relógio astro-

nômico interno, capaz de ligar a luminária após o pôr

do sol e desligar a luminária após o nascer do sol.

O controlador de circuito avaliado, nomeado de

SeCo pode administrar até 150 CoCos e LuCos. Ele

coleta os dados através do sistema ZigBee e transmi-

te através da Internet ao servidor de rede. A conexão

com a Internet é feita através da rede GPRS ou 3G,

possibilitando enviar e receber dados e comandos

através de dispositivos remotos.

O servidor do Nightshift é baseado na lógica de

sistemas abertos. A partir do servidor de rede e da

página do sistema a monitoração do sistema é possí-

vel acompanhar a localização dos pontos de luz em

mapas geográficos, imprimir relatórios, configurar o

sistema, criar curvas pré-programadas de dimeriza-

ção das luminárias, enviar comandos de liga e desli-

ga, verificar o funcionamento de cada luminária ou

de um grupo de luminárias e seus principais compo-

nentes, entre outras funções. Toda informação rece-

bida é armazenada em uma base de dados MySQL,

que é um sistema de gerenciamento de banco de

dados bastante popular no mundo.

A luminária LED avaliada juntamente com o sis-

tema de telegerenciamento é da linha Akila da em-

presa Schréder. Sua concepção visa atender à ilumi-

nação de vias públicas e área de pedestres, possuindo

144 LEDs dispostos em três módulos com 48 LEDs

cada. Possui potência nominal de entrada de 230

watts e fluxo luminoso inicial de 25.600 lumens,

sendo uma opção para lâmpadas de vapor de sódio

em alta pressão de 250/400 watts na iluminação de

grandes ruas, avenidas e estradas. Dentre algumas

outras características da luminária, destacam-se a

possibilidade de dimerizá-la de 0% até 100% e a vida

útil de 60.000 horas, considerando uma degradação

de 10% do fluxo luminoso inicial. O controle de cada

luminária é efetuado por seu respectivo LuCo em

conjunto com o driver dimerizável Philips Xitanium

LEDINTA 0530C, que engloba características de

regulação da corrente de alimentação dos LEDs,

sendo possível efetuar o controle de fluxo luminoso

da luminária.

A configuração simplificada do sistema avaliado

pode ser vista na Figura 3.

Figura 3. Sistema de telegerenciamento completo Owlet

Nightshift (SCHRÉDER, 2013).

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5 Avaliação das Características Elétricas

A luminária LED Akila PSSG144LNW5096 foi

submetida a testes em laboratório para avaliar seu

desempenho quando o fluxo luminoso é variado de

100% até 10 %. Para isso foram analisados (alimen-

tando a luminária em uma tensão nominal de 220V)

os seguintes parâmetros:

Corrente de entrada;

Potência de entrada;

Fator de potência;

Taxa de distorção harmônica da corrente de en-

trada (THDi).

O arranjo montado para efetuar os ensaios de de-

sempenho elétrico é mostrado na Figura 4. A alimen-

tação da luminária foi feita pela fonte de baixa dis-

torção harmônica TENMA 7276-25, os parâmetros

de potência de entrada, fator de potência e corrente

de entrada foram obtidos através do Wattímetro de

precisão YOKOGAWA WT-230, enquanto a visuali-

zação das formas de onda de tensão e corrente de

entrada, obtenção da taxa de distorção harmônica da

corrente de entrada e a amplitude das correntes har-

mônicas de entrada foram obtidas através do Osci-

loscópio TEKTRONICS DPO 3014.

Os resultados de fator de potência foram avalia-

dos seguindo a resolução 414 da ANEEL (ANEEL,

2010), ou seja, deve ser maior ou igual 0,92. A quan-

tidade de correntes harmônicas geradas para cada

nível de dimerização foi comparada com as exigên-

cias da norma IEC 61000-3-2 Classe C (IEC, 2005).

Estes resultados são mostrados na tabela 1.

Figura 4. Equipamentos utilizados nos ensaios de características

elétricas da luminária LED avaliada.

Tabela 1. Dados de desempenho elétrico da luminária LED Akila.

Fluxo

luminoso

(%)

Pin (W) Iin (A) Vin (V) FP THD (%)

100 237,3 1,105 220 0,975 8,04

90 234,4 1,095 220 0,974 8,38

80 218 1,033 220 0,971 8,29

70 205 0,963 220 0,969 8,86

60 171,7 0,816 220 0,958 24,3

50 140,6 0,678 220 0,941 34,2

40 110,7 0,548 220 0,921 36,3

30 80,9 0,424 220 0,867 58,1

20 49,9 0,333 220 0,678 145

10 28,8 0,291 220 0,453 222

É possível observar que a luminária LED avalia-

da, para atender o fator de potência exigido pela

ANEEL, não pode ter o fluxo luminoso controlado

abaixo de 40%, uma vez que o fator de potência fica

abaixo do limite permitido. Em 30 % percebe-se um

valor (0,867) bem abaixo da exigência mínima, além

de uma taxa de distorção harmônica de 58,1%.

Os gráficos das figuras 5 a 7 mostram as formas

de onda de tensão e corrente de entrada para um

controle de fluxo luminoso de 100%, 50% e 10%

respectivamente. Percebe-se que em 10 % a forma de

onda da corrente de entrada está bastante distorcida,

ficando bem diferente da aproximação senoidal espe-

rada. Nessas circunstâncias, a taxa de distorção har-

mônica é extremamente elevada e o fator de potência

muito reduzido.

Outro ensaio feito em laboratório foi a avaliação

das amplitudes das correntes harmônicas de entrada

em relação à corrente fundamental, com a luminária

acionada em 100%, 50% e 10% do fluxo luminoso

mostrado na Tabela 2. Pode ser notado que à medida

que o fluxo luminoso diminui, aumenta-se a interfe-

rência das correntes harmônicas, sendo notável em

10 % do fluxo luminoso que a terceira harmônica

possui 56 % da amplitude da fundamental, valor bem

acima do previsto na norma IEC 61000-3-2 Classe C,

que limita a amplitude dos harmônicos da corrente de

entrada para componentes de iluminação.

Figura 5. Tensão (azul) e corrente (vermelho) de entrada para

100% do fluxo luminoso.

Figura 6. Tensão (azul) e corrente (vermelho) de entrada para 50%

do fluxo luminoso.

Figura 7. Tensão (azul) e corrente (vermelho) de entrada para 10%

do fluxo luminoso.

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Tabela 2. Amplitude das correntes harmônicas da luminária LED

para diferentes níveis de controle de fluxo luminoso.

Amplitude das Correntes Harmônica

Harmônicas 100% do

fluxo

50% do

fluxo

10% do

fluxo

1(fundamental) 100% 100% 100%

3 6,76% 25,40% 56,60%

5 2,92% 1,47% 32,70%

7 1,85% 2,16% 20,60%

9 1,32% 0,53% 92%

11 1% 0,94% 38,40%

13 0,70% 2,56% 40%

15 0,70% 0,91% 23%

17 0,60% 0,69% 21%

19 0,70% 2,66% 19,5

Os gráficos mostrados nas Figuras 8 a 10 mos-

tram as amplitudes dos harmônicos da corrente de

entrada medidos nos três casos anteriores (10%, 50%

e 100% do fluxo luminoso) em comparação com os

limites estabelecidos pela norma IEC 61.000-3-2

(Classe C). Nesse caso, é possível observar que

quando a luminária avaliada é acionada com 10% do

seu fluxo luminoso, ela não cumpre os requisitos

mínimos previstos pela norma.

Figura 8. Avaliação das correntes harmônicas com a luminária

acionada com 100% do fluxo luminoso.

Figura 9. Avaliação das correntes harmônicas com a luminária

acionada com 50% do fluxo luminoso.

Figura 10. Avaliação das correntes harmônicas com a luminária

acionada com 10% do fluxo luminoso.

6 Avaliação das Características Fotométricas

Segundo a norma de iluminação pública NBR

5101 (ABNT, 2012), a classificação do anel viário

central da Universidade Federal de Juiz de Fora

(UFJF) é V3 (via urbana de interligação entre bairros

com tráfego médio de veículos e tráfego elevado de

pedestres). Logo, deve possuir uma iluminância

média mínima de 15 lux, um fator de uniformidade

mínimo de 0,2 e uma luminância média mínima de

1,00 cd/m2.

As avaliações fotométricas foram efetuadas a

partir de medições práticas na via em questão. Foram

feitas medições de iluminância média, uniformidade

e luminância média utilizando a malha de inspeção

apresentada na norma de iluminação pública NBR

5101. A via em estudo possui 7 m de largura e poste-

amento em disposição unilateral com distância média

entre os postes de 35 m, sendo que a altura de insta-

lação das luminárias foi de 10 m. No caso em que

duas luminárias foram instaladas, as medições foram

realizadas entre o vão dos postes, como mostrado na

Figura 11.

As medições foram feitas com os níveis de fluxo

luminoso das luminárias ajustados em 100%, 80%,

60%, 40% e 20%. As iluminâncias foram obtidas

com o luxímetro de precisão Optronik Digilux 9500

e as luminâncias com o luminancímetro LS-100 da

Konica Minolta. A uniformidade é a relação entre a

iluminância mínima e a iluminância média. Os resul-

tados dessas medições são mostrados na Tabela 3.

Para os resultados mostrados na Tabela 3, perce-

be-se que para o caso do anel viário central da UFJF,

a luminária deve ter seu fluxo luminoso ajustado

acima de 20% para atender os requisitos mínimos de

iluminância média e luminância média, previstos na

norma de iluminação pública NBR 5101.

35,0 m

Luminária

LEDLuminária

LED

Figura 11: Malha de inspeção de iluminância e luminância

segundo NBR5101.

Tabela 3. Resultados de ensaio fotométrico realizado.

Fluxo

Luminoso

(%)

Iluminância

Mínima

(lux)

Iluminância

Média

(lux)

Uniformidade

Luminância

Média

(cd/m2)

100 19 37,67 0,50 2,65

80 17,5 34,25 0,51 2,45

60 15,2 30,25 0,50 2,00

40 10,5 20,39 0,51 1,39

20 4,5 8,85 0,51 0,59

7,0

m

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Para os casos em que as luminárias tiveram o

fluxo luminoso ajustado em 100%, 60% e 20%, fo-

ram gerados os gráficos de iluminância ponto a ponto

na via em questão, mostrados nas Figuras 12 a 14. As

setas em negrito representam a localização dos postes

com as luminárias. Nesse caso, é possível observar

para o nível de fluxo luminoso ajustado em 20%, que

a luminosidade na parte central do vão entre os pos-

tes fica prejudicada, o que pode ser percebido devido

aos afundamentos mostrados no gráfico de iluminân-

cia ponto a ponto da Figura 12.

Portanto, nas possibilidades de se aplicar um sis-

tema de telegerenciamento para controlar o fluxo

luminoso das luminárias LEDs, a partir de comandos

dados a distância, pode-se notar nas análises dos

resultados elétricos e fotométricos efetuados, que as

normas são atendidas até certo ponto. A Tabela 4

mostra para quais níveis de fluxo luminoso as nor-

mas NBR 5101, IEC 61.000-2-3 Classe C e resolu-

ção 414 da ANEEL são ou não atendidas, de acordo

com os resultados obtidos.

Figura 12. Resultados obtidos para iluminâncias (Lux) ponto a

ponto para 20% do fluxo luminoso Unidade no plano em metros.

Figura 13. Resultados obtidos para iluminâncias (Lux) ponto a

ponto para 60% do fluxo luminoso. Unidade no plano em metros.

Figura 14. Resultados obtidos para iluminâncias (Lux) ponto a

ponto para 100% do fluxo luminoso. Unidade no plano em metros.

Tabela 4. Normas atendidas pela Luminária LED para diferentes

níveis de variação de fluxo luminoso.

Fluxo Luminoso

(%)

Norma IEC

61000-3-2

Resolução 414

ANEEL NBR 5101

100 Ok Ok Ok

80 Ok Ok Ok

60 Ok Ok Ok

40 Ok Ok Ok

20 Não atende Não atende Não atende

Sabendo que para o nível de fluxo luminoso

ajustado em 30%, o fator de potência fica abaixo de

0,92, para que a luminária em questão possa ser ins-

talada atendendo as normas vigentes para o tipo de

via em questão apresenta na UFJF, recomenda-se que

o fluxo luminoso mínimo seja de 40%.

7 Dificuldades encontradas durante a Avaliação

do Sistema de Telegerenciamento

Deve ser admitido que em toda nova transição

de sistemas que envolvam novas tecnologias há pro-

blemas relacionados ao uso ou manuseio de equipa-

mentos e softwares. Esta seção tem como objetivo

discutir alguns dos problemas encontrados durante o

período de dezembro de 2013 a fevereiro de 2014,

enquanto os equipamentos foram monitorados no

Campus da UFJF.

O problema mais comum foi o não acendimento

das luminárias em alguns dias, quando estas foram

programadas automaticamente para acender após o

por do sol. Nesse caso, observou-se que o relógio

astronômico do controlador da luminária não estava

funcionando adequadamente, sendo necessário mui-

tas vezes enviar comandos manuais para as luminá-

rias ligarem no período noturno.

O segundo problema mais notado foi o não rece-

bimento dos comandos enviados pela interface do

computador. Algumas vezes os comandos não che-

gavam ou demoravam vários minutos para chegar, e

nem sempre o mesmo comando chegava para todas

as luminárias, sendo necessário o reenvio. Tais pro-

blemas podem ser justificados pela instabilidade e

problemas de cobertura da rede 3G no local em que

as luminárias foram instaladas. Além disso, a própria

arborização da universidade pode ter prejudicado a

comunicação entre as luminárias, justificando o fato

de algumas receberem os comandos e outras não.

Por fim, citam-se as limitações impostas ao uso

da interface que permite o acesso à gestão das lumi-

nárias. Muitas das possibilidades não puderam ser

testadas, como a impressão de relatórios mensais

contendo histórico de consumo de energia, e o acom-

panhamento deste consumo. Outras funcionalidades

como GPS integrado ao sistema e informação sobre

possíveis defeitos nas luminárias foram mantidos,

mas nem sempre foram condizentes com a realidade,

indicando falta de comunicação enquanto a comuni-

cação estava perfeita ou luminária danificada en-

quanto estava em pleno funcionamento.

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8 Cálculo de retorno de investimento

A UFJF pretende implantar o sistema de telege-

renciamento em todo o Campus, principalmente no

anel viário central, onde o tráfego de veículos e pe-

destres é maior.

Pretende-se deixar as luminárias ajustadas em

100% do fluxo luminoso das 18:00h horas às 00:00h

(horário de maior movimento no campus), e a partir

de meia noite até as 06:00h da manhã do dia seguin-

te, reduzir o fluxo luminoso das luminárias para 40

%. Esse valor atende aos requisitos mínimos previs-

tos nas normas NBR 5101 e IEC 61000-3-2 e na

resolução 414 da ANEEL para a via em questão.

Um sistema contendo 150 luminárias LED Akila

de 230 W tem um consumo mensal (30 dias), consi-

derando um funcionamento de 6 horas diárias, de

6.210 kWh.

Considerando a tarifa horo-sazonal verde (valo-

res referentes a dezembro de 2013) adotada pela

Universidade Federal de Juiz de Fora, e sabendo que

as luminárias trabalham 50% do tempo em horário de

ponta (18:00h as 21:00h) e 50% do tempo fora do

horário de ponta (21:00h as 0:00h), isto implica em

um gasto mensal na conta de energia elétrica de (1):

GSLmês100 = CSL100 • (0,50Thp + 0,50 Tfhp ) + (TD • PI) (1)

Onde:

GSLmês100: Gasto mensal do sistema LED com

fluxo luminoso ajustado em 100%;

CSL100: Consumo sistema LED com fluxo lumino-

so ajustado em 100% (MWh);

TD: Tarifa de demanda, incluso os encargos

(16.346,00 R$/MWh);

Thp: Tarifa do horário de ponta, incluso os encar-

gos (1.479,00 R$/MWh);

Tfhp:Tarifa fora do horário de ponta, incluso os

encargos (182,56 R$/MWh);

PI: Potência instalada do sistema em questão,

número total de luminárias x potência da luminá-

ria (MW).

Portanto, o gasto mensal com a luminária LED

funcionando com 100% do fluxo luminoso na condi-

ção descrita anteriormente é de R$ 5.723,08.

Se as 150 luminárias LED Akila forem ajustadas

para funcionar com 40% do fluxo luminoso (por

volta de 110W), seu consumo mensal (30 dias), para

um funcionamento de 6 horas diárias será de

2.970,00 kWh.

Considerando novamente a tarifa horo-sazonal

verde adotada pela Universidade Federal de Juiz de

Fora, e sabendo que as luminárias LED funcionam

100% do tempo no horário fora de ponta (0:00h as

6:00h) ajustadas em 40% do fluxo luminoso, isto

implica em um gasto mensal na conta de energia de

(2):

GSL_mês40 = CSL40 • ( Tfhp ) + (TD • PI) (2)

Onde:

GSL_mês40: Gasto mensal do sistema LED com

fluxo luminoso ajustado em 40%;

CSL40: Consumo do sistema LED com fluxo lumi-

noso ajustado em 40% (MWh).

Assim, o gasto mensal com a luminária LED

funcionando com fluxo luminoso ajustado em 40% é

de R$ 1.106,14.

O gasto mensal do sistema empregando LEDs é

a soma dos gastos entre os dois modos de funciona-

mento da luminária, logo, o gasto mensal total será

de R$ 6.829,22.

Por outro lado, se for considerado que o sistema

atual possui 150 luminárias com lâmpadas de vapor

de sódio em alta pressão de 400 W, seu consumo

mensal (30 dias), considerando 48 W de perda para o

reator e funcionamento de 12 horas diárias, será de

24.192 kWh.

Em termos financeiros, considerando a tarifa ho-

ro-sazonal verde adotada pela Universidade Federal

de Juiz de Fora, e sabendo que as luminárias traba-

lham 25% do tempo em horário de ponta, isso impli-

ca em um gasto mensal na conta de energia elétrica

de (3):

GSS_mês= CSS • (0,25Thp + 0,75 Tfhp ) + (TD • PI) (3)

Onde:

GSS_mês: Gasto mensal do sistema empregando

lâmpadas de vapor de sódio;

CSS: Consumo mensal do sistema empregando

lâmpadas de vapor de sódio (MWh).

Portanto, o gasto mensal com o sistema empre-

gando lâmpadas de vapor de sódio em alta pressão de

400W é de R$ 12.821,30.

Segundo o fabricante, o custo de cada uma das

luminárias LED Akila é de R$ 4.200,00 (cotação

efetuada em janeiro de 2014) e o custo do sistema de

telegestão da Owlet é de R$ 12.000,00 para cada

conjunto de 150 luminárias. Já o LuCo presente em

cada luminária tem custo de R$ 1.333,00. Assim, o

custo de implantação do sistema de telegerenciamen-

to proposto é de aproximadamente 830 mil reais.

Considerando que a luminária LED não sofrerá

defeitos durante toda sua vida útil (60 mil horas), a

economia anual e o payback simplificado do sistema

podem ser expressos por (4) e (5):

_ _12

Anual SS mês SL mêsEc G G

(4)

( )

Anual

Custo de implantaçãoPayback anos

Ec

(5)

Portanto, a economia anual do sistema de ilumi-

nação empregando luminárias LED telegerenciadas

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comparado ao atual sistema empregando lâmpadas

de vapor de sódio em ata pressão de 400 W é de

R$71.904,96, resultando em um payback de aproxi-

madamente 11 anos, dentro da vida útil das luminá-

rias, que é de 60.000 horas ou 13 anos e 4 meses.

9 Conclusão

Caso o sistema de telegerenciamento do Owlet

seja instalado no anel viário da UFJF, apenas obede-

cerá à norma NBR 5101 se a luminária de 230 W

proposta tiver seu fluxo luminoso ajustado acima de

40%, garantindo a iluminância mínima de 15 lux na

via. Além disso, em valores abaixo de 30% do fluxo,

a luminária avaliada não obedece à resolução 414 da

ANEEL, possuindo valores de fator de potência

inferiores a 0,92. Sendo assim, o sistema deve sem-

pre operar em valores acima de 40% do fluxo lumi-

noso.

Deve-se optar por um sistema wireless sabendo

que possíveis interferências poderão ocorrer caso a

arborização da universidade atrapalhe a comunicação

entre as luminárias, além disso, uma avaliação sobre

a cobertura da rede 3G na área em que o sistema vai

ser instalado deve ser feita de forma a se evitar pro-

blemas de comunicação com as luminárias.

A economia anual causada pela implantação do

sistema de telegerenciamento depende do nível de

dimerização que a luminária será ajustada. Para o

caso da UFJF, em que há a pretensão de se usar a

luminária com 100% do fluxo luminoso até meia

noite, e a partir de então regular o fluxo luminoso

para 40%, é possível perceber que o payback calcu-

lado (11 anos) estará dentro do período de vida útil

da luminária (60 mil horas ou 13 anos e 10 meses

para um funcionamento de 12 horas diárias).

O sistema de telegerenciamento já é uma reali-

dade em vários países e tem grande chance de se

estabelecer no Brasil, diante da busca por novas

tecnologias existentes, visando economizar com

iluminação pública e ao mesmo tempo atrair turistas

e investidores nas cidades que mostrem interesse

pelo embelezamento de seu território. Os desafios

encontrados pelo país em se adequar a essa nova

tecnologia podem ser diversos e merecem ser estuda-

dos amplamente, analisando principalmente o modo

de instalação (usando PLC ou radiofrequência) para

cada parte do vasto território brasileiro, levando em

consideração a diversidade de relevo, clima e vegeta-

ção do país.

Agradecimentos

Os autores desse trabalho gostariam de agrade-

cer a empresa Schréder, por ter disponibilizado as

luminárias LED e o sistema de telegerenciamento

avaliados nesse trabalho.

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