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AVALIAÇÃO DO RISCO DE SUICÍDIO E SUA PREVENÇÃO GUIA PRÁTICO PARA A REDE ASSISTENCIAL BÁSICA SERVIÇOS INDAIATUBA 2018

AVALIAÇÃO DO RISCO DE SUICÍDIO E SUA PREVENÇÃO

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Page 1: AVALIAÇÃO DO RISCO DE SUICÍDIO E SUA PREVENÇÃO

AVALIAÇÃO DO RISCO DE

SUICÍDIO

E SUA PREVENÇÃO

GUIA PRÁTICO PARA A REDE ASSISTENCIAL

BÁSICA SERVIÇOS

INDAIATUBA 2018

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PREFEITO MUNICIPAL DE INDAIATUBA

Nilson Alcides Gaspar

SECRETÁRIA MUNICIPAL DE SAÚDE

Graziela Drigo Bossolan Garcia

COORDENADOR DE SAÚDE MENTAL

Marcos José de Melo Araújo

GRUPO DE TRABALHO PARA AÇÕES DO SETEMBRO AMARELO

Barbara Cristiane Martines Corá

Daniel Mondoni

Erika Tatiane Correa

Giovanni Vendramini Alves

Marcia Acevedo Coutinho

Marina Barbosa

Maria Elídia Picarelli

Milva Talhavini Scolfaro

Mychele Capellini Moris Taguchi

Patrícia Brancaglion

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APRESENTAÇÃO

O Setembro Amarelo é uma campanha brasileira de conscientização da

população a respeito da prevenção do suicídio. As ações realizadas no mês de

Setembro têm o objetivo de alertar a sociedade a respeito da realidade dessa

temática e a respeito do cuidado em saúde mental de modo integral. A

campanha foi iniciada no Brasil pelo CVV (Centro de Valorização da

Vida), CFM (Conselho Federal de Medicina)e ABP (Associação Brasileira de

Psiquiatria) sendo que as primeiras atividades do Setembro Amarelo foram

realizadas em 2015 no município de Brasília/DF. Mundialmente, o IASP –

Associação Internacional para Prevenção do Suicídio -, estimula a divulgação

da causa vinculado ao dia 10 do mesmo mês no qual se comemora o Dia

Mundial de Prevenção do Suicídio. Nesse ínterim, compreendendo a

valorização dessa temática, a Prefeitura Municipal de Indaiatuba, através da

Secretaria Municipal de Saúde e da Comissão de Saúde Mental organizou uma

série de ações de orientação à população e capacitação da rede assistencial

para o Setembro Amarelo de 2018. Essa cartilha representa o trabalho em

função dessa temática, compreendendo como fundamental ação o

aprimoramento da rede assistencial básica de serviços na avaliação e

condução de situações que envolvam o risco de suicídio. Que esse material

possa ser instrumento de avaliação, reflexão e intervenções mais produtivas e

que os encontros para discutir esse material possam ser momentos ricos de

troca de experiências, vivência, aprendizagem e aprimoramento. Aproveitem!

Grupo de trabalho para ações do Setembro Amarelo

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SUMÁRIO

SEÇÃO I

MAGNITUDE DOS COMPORTAMENTOS SUICIDAS

DADOS NACIONAIS (2017)...................................................................06

DADOS MUNICIPAIS (PRIMEIRO SEMESTRE DE 2018)....................10

SEÇÃO II

AVALIAÇÃO

DEPRESSÃO E RISCO DE SUICÍDIO...................................................13

ABORDAGEM DE RISCO DE SUICÍDIO................................................14

INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DE RISCO DE SUICÍDIO.................15

SEÇÃO III

FLUXOGRAMA DE CONDUÇÃO DE SITUAÇÕES QUE ENVOLVAM

RISCO DE SUICÍDIO..............................................................................16

SEÇÃO IV

NOTIFICAÇÃO........................................................................................17

Page 5: AVALIAÇÃO DO RISCO DE SUICÍDIO E SUA PREVENÇÃO

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MAGNITUDE DOS COMPORTAMENTOS SUICIDAS

A mortalidade por suicídio tem aumentado progressivamente, em

números absolutos, embora as variações das taxas de suicídio aumentem ou

diminuam, conforme a região geográfica. Atualmente, registram-se mais de

870.000 óbitos por suicídio em todo o mundo, o que representa 49% de todas

as mortes por causas externas. Infelizmente, não há registros mundiais

equivalentes para as tentativas de suicídio, entretanto, estudos mostram que as

taxas de tentativas de suicídio podem ser de 10 a 40 vezes mais elevadas que

as taxas de suicídio. No geral, o suicídio predomina em homens, numa

proporção aproximada de 3:1. Já a tentativa de suicídio é observada numa

relação inversa, porém observa-se, no entanto, que essas diferenças vêm

diminuindo. No Brasil, em termos de faixa etária, a taxa de suicídio tem

aumentado progressivamente, 21% em um intervalo de 20 anos. As taxas

aumentaram com a idade, principalmente para o sexo masculino. A proporção

de homens que se suicidaram vem sendo maior que a das mulheres, em todas

as faixas etárias. Considerando-se as taxas totais, os homens brasileiros se

suicidaram de duas a quatro vezes mais que as mulheres. Segundo a faixa

etária, as pessoas com mais de 65 anos constituem o estrato com as maiores

taxas de suicídio. O efeito da idade é uma tendência crescente a partir da faixa

dos 45-54 anos, aumentando rapidamente até o estrato dos indivíduos com

mais de 75 anos. O suicídio de indivíduos entre 5-14 anos é uma condição

pouco frequente; entretanto, houve um aumento de 10 vezes na faixa etária de

15-24 anos nos últimos anos (Bertolote, Mello-Santos, Botega, 2010).

Os dados a seguir foram extraídos da cartilha do Ministério da Saúde

sobre a Agenda Estratégica de Prevenção do Suicídio de 2017.

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DADOS NACIONAIS (2017)

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DADOS MUNICIPAIS (PRIMEIRO SEMESTRE DE 2018)

Nos seis primeiros meses de 2018 foram registrados 40 casos de

tentativas de suicídio. A maioria adulta, do sexo feminino e principalmente da

região sul de Indaiatuba como mostram os gráficos a seguir:

Adulto jovem: entre 18 e 24 anos.

60%

40%

Mulheres Homens

Maioria das tentativas de suicídio é entre mulheres

25%

47,5%

20%

7,5%

Menores Adultos Adulto Jovem Idoso

Prevalência por Ciclo Etário

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AVALIAÇÃO

A avaliação global do indivíduo é de fundamental importância para

identificação de sinais do risco de suicídio e para a condução correta da

situação.

A tentativa de suicídio possui as mesmas características

fenomenológicas do suicídio, diferindo apenas quanto ao desfecho, que não é

fatal; desse modo, é necessário diferenciá-la de outros comportamentos

autodestrutivos, nos quais não existe uma intenção de colocar fim à vida,

embora elementos exteriores possam ser comuns a ambos. Deve-se destacar

que um comportamento não é, necessariamente, uma doença; assim, os

comportamentos suicidas não são uma doença, ainda que na maioria estejam

associados a diversos transtornos mentais, dentre os quais os transtornos do

humor (particularmente a depressão), os transtornos por uso de substâncias

2,5%

7,5%

2,5%2,5%2,5%2,5%2,5%2,5%2,5%2,5%2,5%2,5%2,5%

5%

30%

5%

2,5%2,5%2,5%2,5%2,5%2,5%2,5%

5%

Prevalência por bairros de Indaiatuba

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(especialmente a dependência de álcool), as esquizofrenias e os transtornos de

personalidade são os mais frequentes. (Bertolote, Mello-Santos, Botega, 2010).

Determinadas doenças físicas apresentam também significativa

associação com os comportamentos suicidas, como a síndrome de dor crônica,

doenças neurológicas (como a epilepsia, lesões neurológicas medulares e

centrais e sequelas de acidentes vasculares cerebrais), infecção pelo Vírus da

Imunodeficiência Humana (HIV), a síndrome da imunodeficiência adquirida e

certas neoplasias. Assim, todos esses transtornos e doenças representam um

risco potencial para os comportamentos suicidas, entretanto, deve-se ressaltar

que uma doença clínica grave, por si só, não é potencialmente suicida. A

exemplo do que se observa nos dados da população geral, a maioria dos

suicídios dá-se em pessoas que, além de sofrerem de uma doença clínica,

encontram-se sob influência de transtornos psiquiátricos e outros sintomas,

como depressão e agitação, esta última frequentemente em decorrência de

estados confusionais (delirium). Uma história de tentativa de suicídio anterior é

outro fator que aumenta bastante o risco de suicídio.(Bertolote, Mello-Santos,

Botega, 2010).

As três principais funções dos profissionais em relação ao

comportamento suicida são: identificar o risco, proteger o indivíduo e remover

ou tratar os fatores de risco. Nesse sentido, alguns aspectos do estado mental

são fundamentais serem avaliados. A seguir se apresentam algumas questões

e estratégias de avaliação da saúde mental para o potencial risco suicida bem

como instrumentos e orientações na abordagem das situações.

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DEPRESSÃO E RISCO DE SUICÍDIO

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ABORDAGEM DE RISCO DE SUICÍDIO

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INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DE RISCO DE SUICÍDIO

Fonte: Botega, NJ. Crise Suicida: avaliação e manejo. Porto Alegre: Artmed, 2015.

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FLUXOGRAMA DE CONDUÇÃO DE SITUAÇÕES QUE ENVOLVAM RISCO

DE SUICÍDIO

AVALIAÇÃO E MANEJO DOS PACIENTES COM RISCO DE SUICÍDIO

Telefones Importantes

CAPS II: (19) 3885-3955 CAPS Ad: (19) 3816-7878 CAPS IJ: (19) 3835-5020

UPA: (19) 39352770 Pronto Atendimento HAOC: (19) 38018217

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NOTIFICAÇÃO

Embora haja registros locais e nacionais razoavelmente confiáveis

quanto aos óbitos por suicídio, inexistem registros sistemáticos das tentativas

de suicídio. A falta desse importante dado é um óbice para um melhor

conhecimento da situação e das características dos sujeitos, bem como para o

planejamento de serviços.(Bertolote, Mello-Santos, Botega, 2010).

Desse modo a Notificação de Violências Autoinfligidas mostra-se

fundamental na elucidação de dados que possam direcionar as práticas dos

serviços assistenciais, acompanhar os índices mediante as ações dirigidas com

vistas à cobertura de ações efetivas e à diminuição do índice numérico o que

caracterizaria intervenções pertinentes e eficazes.

De acordo com a Portaria GM/MS Nº 1.271/2014, os casos de tentativa

de suicídio e violência sexual passam a ser de notificação imediata no âmbito

municipal, e deve seguir o fluxo de compartilhamento entre as esferas de

gestão do SUS estabelecido pela SVS/MS.

A notificação imediata de violência sexual e tentativa de suicídio deve

ocorrer conforme estabelecido no Art. 4º da Portaria GM/MS Nº 1.271/2014. A

notificação compulsória imediata deve ser realizada pelo profissional de

saúde ou responsável pelo serviço assistencial que prestar o primeiro

atendimento ao paciente, em até 24 (vinte e quatro) horas após o

atendimento, pelo meio mais rápido disponível.

Justifica-se a inclusão da tentativa de suicídio na lista de agravos de

notificação imediata pelo município, considerando a importância de tomada

rápida de decisão, como o encaminhamento e vinculação do paciente aos

serviços de atenção psicossocial, de modo a prevenir que um caso de

tentativa de suicídio se concretize.

É imprescindível articular a notificação do caso à vigilância

epidemiológica do município, imediatamente após o seu conhecimento, seja

via ficha de notificação imediata da tentativa de suicídio, e-mail ou telefone

(com envio posterior da ficha de notificação) com o encaminhamento da

pessoa para a rede de atenção à saúde. Isso inclui acionamento da rede de

vigilância, prevenção e assistência, encaminhamento do paciente a um

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serviço de saúde mental, com adoção de medidas terapêuticas adequadas ao

caso.

Componentes do Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Bertolote JM, Mello-Santos C, Botega NJ. Detecção do risco de suicídio nos

serviços de emergência psiquiátrica. RevBrasPsiquiatr 2010; 32 Suppl 2:87-95.

2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de

Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis e Promoção da Saúde. Viva:

Instrutivo de notificação de violência interpessoal e autoprovocada. 2. Ed. –

Brasília, 2016.

3. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de

Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis e Promoção da

Saúde.Notificação de violências interpessoais e autoprovocadas. Brasília,

2017.

4. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção a Saúde, Departamento de

Ações Programáticas Estratégicas. Agenda de Ações Estratégicas para a

Vigilância e Prevenção do Suicídio e Promoção da Saúde no Brasil: 2017 a

2020. Brasília, 2017.

5. Brasil. Ministério da Saúde. Ministério da Saúde lança Agenda Estratégica de

Prevenção do Suicídio.Brasília, 2017.

6. Brasil. Ministério da Saúde. Notificação de Violência Interpessoal/ Autoprovocada – Portaria

GM/MS nº 1271/2014 e SINAN versão 5.0. Disponível em:

http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/acidentes-e-violencias/notificacao-de-

violencia-interpessoal. Acesso em: 06 ago 2018.

7. Botega, NJ. Crise Suicida: avaliação e manejo. Ed – Capítulo 6: Avaliação,

Roteiro para Avaliação do Risco de Suicídio (página 160).Porto Alegre: Artmed,

2015.

8. Quevedo, J; Carvalho, A.F. Carvalho. Emergências Psiquiátricas. Capítulo 8 –

Risco de Suicídio (página 172, Figura 8.2). 3. Ed. Artmed, 2014.

9. Rio de Janeiro. Prefeitura Municipal. Secretaria Municipal de Saúde. Coleção

Guia de Referência Rápida, Avaliação do Risco de Suicídio e sua Prevenção.

Versão Profissional, Série F. 1. Ed. Comunicação e Educação em Saúde, 2016.

10. Rio de Janeiro. Prefeitura Municipal. Secretaria Municipal de Saúde. Coleção

Guia de Referência Rápida, Depressão – Tratamento e acompanhamento de

adultos (incluindo pessoas portadoras de doenças crônicas). Versão

Profissional, Série F. 1. Ed. Comunicação e Educação em Saúde, 2016.