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MESTRADO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA E HIGIENE
OCUPACIONAIS
Dissertação apresentada para obtenção do grau de Mestre
Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE
CONTAMINANTES QUÍMICOS NO PROCESSO
DE AGLOMERAÇÃO DE CORTIÇA COM
BORRACHA
Ana Patrícia Ferreira Pêgas da Cruz
Orientador: Professora Joana Guedes (Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto)
Coorientador: Eng. Nuno Miguel Leonardo Moreira (Amorim Cork Composites)
Arguente: Professora Paula Machado de Sousa Carneiro (Universidade do Minho)
Presidente do Júri: Professor João Santos Baptista (Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto)
___________________________________ 2018
_____________________________________________________________________________
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Rua Dr. Roberto Frias, s/n 4200-465 Porto PORTUGAL
VoIP/SIP: [email protected] ISN: 3599*654
Telefone: +351 22 508 14 00 Fax: +351 22 508 14 40
URL: http://www.fe.up.pt Correio Eletrónico: [email protected]
II
"The only way to do great work is to love what you do.”
Steve Jobs
IV
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, agradeço aos meus pais e ao meu irmão, por estarem sempre do meu
lado em todos os momentos da minha vida e por sempre me apoiarem em todo o meu percurso.
Sem eles, isto não seria possível. Agradeço ainda a toda a minha restante família por estarem
sempre ao meu lado.
À Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, em particular aos professores do
Mestrado em Engenharia de Segurança e Higiene Ocupacionais, em especial ao professor João
Santos Baptista e à minha orientadora, Joana Guedes, por todos os ensinamentos e pela
oportunidade de realização deste estágio. À minha orientadora, um especial agradecimento por
todo o carinho, disponibilidade e apoio prestados durante a realização do estágio e da dissertação.
A toda a equipa da Amorim Cork Composites por permitirem que este estágio fosse
possível, em especial ao meu orientador, Nuno Moreira, por todo o apoio, paciência, auxílio e
disponibilidade para a resolução de todas as questões que surgiram ao longo do estágio.
À Ana Sousa e à Patrícia Oliveira, agradeço por toda a amizade, carinho e apoio prestados
durante todo o meu percurso.
Aos meus amigos e aos colegas da FCUP e da FEUP, agradeço por me acompanharem
durante todo o meu percurso académico e por o tornarem inesquecível.
A todos um sincero e carinhoso,
Muito obrigada.
VI
RESUMO
O presente estudo com o tema “Avaliação e identificação de contaminantes químicos no
processo de aglomeração de cortiça com borracha” foi realizado na Amorim Cork Composites,
mais especificamente na secção Cork Rubber Materials (CRM), onde é utilizado um enorme
conjunto de produtos químicos que poderão ser prejudiciais à saúde dos colaboradores. Desta
forma, pretendeu-se então investigar o potencial perigo associado aos componentes químicos dessa
secção.
O principal objetivo deste estudo passou pela avaliação e identificação dos componentes
químicos presentes em todo o processo de aglomeração de cortiça com borracha. Os objetivos
específicos dizem respeito à identificação de possíveis contaminantes químicos libertados durante
o processo, à identificação das fases do processo nas quais há libertação de contaminantes
químicos, à descrição de todo o processo, através de estudos anteriormente realizados, de forma a
que se estime previamente quais os contaminantes que se formam durante o sistema, comparando
posteriormente com os valores da monitorização realizada, para futura análise de resultados e
interpretação dos mesmos, à identificação de zonas e pontos críticas(os), à identificação de
colaboradores mais expostos, à compreensão de quais as consequências/efeitos da possível
formação destes contaminantes na saúde dos colaboradores que se encontram expostos e à
definição de estratégias corretivas/preventivas.
Este estudo divide-se em várias etapas, passando por: inventário (produtos químicos,
borrachas, óleos, e respetivas Fichas Dados de Segurança), identificação de trabalhadores mais
expostos e postos de trabalho mais críticos, avaliação da produção do setor do ano de 2017,
consulta aos trabalhadores, monitorização química, obtenção e interpretação de resultados e
definição de medidas corretivas/preventivas.
Os resultados obtidos revelam que nenhum dos valores monitorizados se encontra superior
aos valores-limite de exposição estabelecidos pela NP 1796:2014 e que, na sua maioria, os agentes
devem ser monitorizados até 64 semanas desde a data da presente monitorização. Em relação às
partículas (totais e respiráveis) de duas referências, e analisado o efeito aditivo das mesmas, estas
devem ser monitorizadas até 32 semanas, sabendo que o valor de encontra entre ¼ e ½.
Verificou-se que os agentes que carecem de maior atenção são 1,3-butadieno, Estireno e
N-nitrosaminas e que as fases do processo a priorizar passam por misturadores abertos e fechados
e estufas. Deve ser dada uma especial atenção aos fatores potencialmente condicionantes,
nomeadamente o consumo de tabaco e os postos de trabalho. Os efeitos toxicológicos identificados
nos agentes monitorizados passam por doenças cancerígenas, efeitos no trato respiratório (inferior
e superior) e neuropatias. Deve ser dada uma importante atenção à implementação de medidas de
prevenção e correção, seguindo sempre uma correta ordem hierárquica.
Palavras-chave: Cortiça, borracha, indústria, risco, doença/perigo, químic*, nitrosamina*,
exposição ocupacional, carcinogénico*.
VIII
ABSTRACT
The present study with the theme "Evaluation and identification of chemical contaminants
in the process of cork and rubber agglomeration" was carried out at Amorim Cork Composites,
more specifically in the section of Cork and Rubber Materials (CRM), where a huge set of
chemicals is used, which may be harmful to the health of employees. In this way, it was intended
to investigate the potential hazard associated with the chemical components of this section.
The main objective of this work went through the evaluation and identification of chemical
components presents in the whole process of cork and rubber agglomeration. The specific
objectives are: the identification of possible chemical contaminants released during the process,
the identification of the stages of the process in which the are release of chemical contaminants,
the description of the whole process, through studies previously carried out, in order to estimate
what contaminants are formed during the system, comparing it with the values of the monitoring
carried out for future analysis of results and interpretation thereof, the identification of critical
places and points, the identification of more exposed workers, in order to understand the
consequences/effects of the possible formation of these contaminants on the health of employees
who are exposed and the definition of corrective/preventive strategies.
The study is divided into several stages, passing by: inventory (chemicals, rubbers, oils,
and respective safety data sheets), identification of exposed workers and critical workstation,
sector productivity assessment for the year 2017, chemical monitoring, collection and
interpretation of results and definition of corrective/preventive measures.
It has been found that the agents It has been found that the most demanding agents are 1,3-
butadiene, Styrene and N-nitrosamines and that the prioritized process steps pass through open
and closed mixers and greenhouses. Particular attention should be given to potentially conditioning
factors such as tobacco consumption and workstation. The toxicological effects identified in the
monitored agents are due to cancerous diseases, effects on the respiratory tract (lower and upper)
and neuropathies. Important attention should be given to the implementation of prevention and
correction measures, always following a correct hierarchical order.
Keywords: Cork, rubber, industry, risk, disease/disorder/hazard, chemic*, nitrosamine*,
occupational exposure, carcinogen*.
X
ÍNDICE
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 3
1.1 O Grupo Amorim.............................................................................................................. 5
1.2 Amorim Cork Composites ................................................................................................ 6
1.3 Processo produtivo ........................................................................................................... 7
2 ESTADO DA ARTE .............................................................................................................. 15
2.1 Enquadramento Legal e Normativo ................................................................................ 15
2.1.1 Enquadramento Legal em Estabelecimentos Industriais ........................................... 16
2.1.2 Exposição Química Ocupacional .............................................................................. 17
2.2 Higiene Industrial ........................................................................................................... 19
2.2.1 Tipos e Classes de Contaminantes ............................................................................ 19
2.2.2 Substâncias Cancerígenas ......................................................................................... 20
2.2.3 Vias de Contaminação e Consequências para a Saúde ............................................. 21
2.3 Conhecimento científico ................................................................................................. 22
2.3.1 Indústria da borracha ................................................................................................. 22
2.3.2 Revisão sistemática ................................................................................................... 25
3 OBJETIVOS DA DISSERTAÇÃO........................................................................................ 33
4 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................................... 35
4.1 Metodologia .................................................................................................................... 35
4.1.1 Inventário – Produtos químicos, borrachas, óleos ..................................................... 35
4.1.2 Avaliação processo produtivo ................................................................................... 35
4.1.3 Avaliação da produção do setor no ano de 2017 ....................................................... 36
4.1.4 Consulta aos trabalhadores ........................................................................................ 36
4.1.5 Monitorização química .............................................................................................. 36
4.1.6 Obtenção e interpretação de resultados ..................................................................... 37
4.1.7 Definição de medidas corretivas/preventivas ............................................................ 37
5 RESULTADOS ...................................................................................................................... 41
5.1 Inventário – Produtos químicos, borrachas, óleos .......................................................... 41
5.2 Avaliação do processo produtivo ................................................................................... 41
5.3 Avaliação da produção do setor do ano de 2017 ............................................................ 42
5.4 Consulta aos trabalhadores ............................................................................................. 42
XII
5.5 Monitorização química ................................................................................................... 43
5.6 Fatores potencialmente condicionantes .......................................................................... 45
6 DISCUSSÃO .......................................................................................................................... 47
6.1 Medidas corretivas/preventivas ...................................................................................... 50
6.1.1 Medidas Técnicas ...................................................................................................... 51
6.1.2 Medidas de Formação/Informação............................................................................ 51
6.1.3 Medidas Organizacionais .......................................................................................... 52
6.1.4 Medidas de Vigilância Médica ................................................................................. 52
6.1.5 Medidas de Proteção Coletiva ................................................................................... 53
6.1.6 Medidas de Proteção Individual ................................................................................ 53
7 CONCLUSÕES E PERSPETIVAS FUTURAS .................................................................... 55
7.1 CONCLUSÕES .............................................................................................................. 55
7.2 PERSPETIVAS FUTURAS ........................................................................................... 56
8 BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................... 57
9 ANEXOS .................................................................................................................................. 1
I. Classes de perigo ................................................................................................................. 1
II. Análise de artigos ................................................................................................................ 5
III. Inventário de produtos (CRM) ....................................................................................... 27
IV. Pontos monitorizados nas linhas CR1 e CR2 (Piso 2) ................................................... 29
V. Pontos monitorizados nas linhas CR1 e CR2 (Piso 0) ...................................................... 30
VI. Produção do ano de 2017 (CRM) ................................................................................... 31
VII. Resultados obtidos nas monitorizações .......................................................................... 36
VIII. Fatores potencialmente condicionantes .................................................................... 39
ÍNDICE DE EQUAÇÕES
1. Cálculo do efeito aditivo ........................................................................................................... 44
2. Cálculo da dose ......................................................................................................................... 48
XIV
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1. Logotipo Amorim Cork Composites ................................................................................ 6
Figura 2. Distribuição de processos produtivos pelos diversos turnos. .......................................... 7
Figura 3. Processo de vulcanização da borracha. .......................................................................... 23
Figura 4. PRISMA 2009 Flow Diagram ....................................................................................... 27
Figura 5. Metodologia aplicada para a realização do estudo. ....................................................... 35
Figura 6. Pontos monitorizados nas linhas CR1 e CR2 (Piso 2) ................................................... 29
Figura 7. Pontos monitorizados nas linhas CR1 e CR2 (Piso 0) ................................................... 30
ÍNDICE DE GRÁFICOS
Gráfico 1. Evolução da participação das doenças profissionais, em Portugal (2009-2016) ........... 4
Gráfico 2. Número de Doenças Profissionais certificadas por secção de CAE, em 2016 (%) ....... 4
Gráfico 3. Percentagem de fumadores e não fumadores na CRM. ............................................... 46
Gráfico 4. Antiguidade dos colaboradores no setor CRM (em anos). .......................................... 46
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1. Evolução de Doenças profissionais certificadas, por fator de risco (2009 - 2016). ........ 5
Tabela 2. Tipo de reação do sistema.. ........................................................................................... 24
Tabela 3. Planeamento inicial. ...................................................................................................... 43
Tabela 4. Referências monitorizadas. ........................................................................................... 43
Tabela 5. Planeamento da monitorização. ..................................................................................... 44
Tabela 6. Número de colaboradores por posto de trabalho. .......................................................... 45
Tabela 7. Classes de perigo e respetivos pictograma, descrição e recomendações de prudência ... 1
Tabela 8. Análise dos artigos recolhidos. ........................................................................................ 5
Tabela 9. Produtos químicos e borrachas utilizados na CRM. ...................................................... 27
Tabela 10. Produção do ano de 2017 (CRM). ............................................................................... 31
Tabela 11. Resultados obtidos nas monitorizações. ...................................................................... 36
Tabela 12. Recolha de dados de fatores potencialmente condicionantes. ..................................... 39
XVIII
GLOSSÁRIO
ACC – Amorim Cork Composites
BA – Butiraldeído Anilina
BD – Butadieno
CAE – Classificação das Atividades Económicas
CE – Cenário de Exposição
CR – Cork Rubber
CRM – Cork Rubber Materials
DBTU – Dibutilo Tioureia
DETU – Dietileno Tioureia
DMDTC - Dimetilditiocarbamato
DOP – Di-octil-ftalato
DOTG – Di-o-Tolilguanidina
DPG – Difenil Guanidina
DPTU – Difenilo Tioureia
DPTT – Tetrassulfureto de Dipententametileno Tiurame
ECHA – European Chemicals Agency
EPC – Equipamento de Proteção Coletiva
ETU - Etileno Tioureia
FDS – Ficha de Dados de Segurança
GHS – Globally Harmonized System
GMT – Grain Materials Technology
HMTA - Hexametileno Tetramina
IARC – International Agency for Research on Cancer
IPPD - N-isopropil-n-fenilparapenilenodiamina
IPV – Inibidores de Pré-vulcanização
LHC – Linfocemopoiético
MBS - 2-Morfolino Benzotiazilo Sulfenamida
MBSS – 2-(4-Morfolinil-Ditio-Benzotiazol)
MBT - 2-mercaptobenzothiazole
MBTS - 2-2’-Ditiobis(benzotiazole)
XX
MN - Micronúcleo
MM - Mieloma Múltiplo
MPTD – Dissulfureto de Dimetildifenil Tiurame
NHL - Linfoma “Não Hodgkin”
OTBG - Orto-Tolil Bi-Guanidina
OTOS – N-Oxidietileno Tiocarbamil-N’-Oxidietileno Sulfenamida
PAH - Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos
PBN - Fenil-bnaftilamina
PRISMA - Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analysis
PVI – Inibidores de Pré-vulcanização
REAI – Regime de Exercício da Atividade Industrial
SIR – Sistema da Indústria Responsável
STY – Estireno
SVHC – Substances of Very High Concern
TBSI - N-t-Butil-2-Benzotiazol Sulfenimida
TBzTD – Dissulfureto de Tetrabenzilo Tiurame
TETD – Dissulfureto de Tetra-Etil Tiurame
TTCA - 2-thiothiazolidine-4-carboxylic
TMTD - Tetrametiltiuram dissulfeto
TMTM - Tetrametiltiuram monossulfeto
TMTU – Trimetil Tioureia
UBC - Carcinoma da Bexiga Urotelial
VLE – Valor-limite de exposição
VLE-CD – Valor-limite de exposição – Curta Duração
VLE-CM – Valor-limite de exposição – Concentração Máxima
VLE-MP – Valor-limite de exposição – Média Ponderada
ZBEC – Dibenziletil Ditiocarbamato de Zinco
ZBPD – Dibutilo Ditiofosfato de Zinco
ZDBC – Dibutilo Ditiocarbamato de Zinco
ZDEC – Dietilo Ditiocarbamato de Zinco
ZDMC – Dimetilo Ditiocarbamato de Zinco
ZEPC – Etil Fenil Ditiocarbamato de Zinco
ZIX - Isopropil Xantato de Zinco
ZMBT - 2-Mercaptobenzotiazolato de Zinco
PARTE 1
1 INTRODUÇÃO
A Dissertação do presente projeto realizou-se nas instalações da Amorim Cork Composites,
mais especificamente no setor da aglomeração de cortiça com borracha, e teve como tema
“Avaliação e identificação de contaminantes químicos no processo de aglomeração de cortiça
com borracha”, sendo que a principal questão que se pretende resolver é “Quais os contaminantes
químicos que se formam durante o processo de aglomeração de cortiça com borracha?”,
pretendendo-se que se fique a conhecer mais sobre a exposição à qual os colaboradores daquela
área estão expostos, de forma a que se possa melhorar as condições de segurança e saúde de toda
a área laboral.
O regime jurídico da promoção e prevenção da segurança e da saúde no trabalho (Lei nº
102/2009, de 10 de setembro), de acordo com o previsto no artigo 284º do Código do Trabalho,
atribui ao empregador a obrigação de assegurar ao trabalhador condições de segurança e saúde em
todos os aspetos do seu trabalho.
Em Portugal, a indústria transformadora revela-se como sendo dos setores com mais
sinistralidade e com mais incidência de doenças profissionais. Toda a doença contraída pelo
trabalhador na sequência de uma exposição a um ou mais fatores de risco presentes na atividade
profissional, nas condições de trabalho e/ou nas técnicas usadas durante o trabalho designa-se por
“doença profissional”. O Decreto Regulamentar nº 76/2007, de 17 de julho, publica a “Lista de
Doenças Profissionais”, que integra 5 capítulos distintos: doenças provocadas por agentes
químicos, doenças no aparelho respiratório, doenças cutâneas e outras, doenças provocadas por
agentes físicos, doenças infeciosas e parasitárias1.
Segundo o Relatório de Atividades apresentado à Assembleia da República em relação à
Segurança e Saúde no Trabalho do ano de 2016, o número de doenças profissionais participadas
obrigatoriamente tem vindo a aumentar desde 2012, apesar de ter sofrido uma quebra no ano de
2016, sendo o total de certificações de doenças profissionais de 4.189, tal como se pode verificar
no Gráfico 1.
1 https://www.dgs.pt/saude-ocupacional/doencas-profissionais-e-acidentes-de-trabalho/doencas-profissionais.aspx
(Consultado a 18/01/2018)
4
Gráfico 1. Evolução da participação das doenças profissionais, em Portugal (2009-2016)
Fonte: Departamento de Prevenção e Riscos Profissionais – DPRP (2017)
Em 2016, as doenças profissionais certificadas por CAE, identificam que nas Indústrias
Transformadoras os números correspondem a mais de 50% do total anual, podendo-se isto
comprovar através dos dados do Gráfico 2.
Gráfico 2. Número de Doenças Profissionais certificadas por secção de CAE, em 2016 (%)
Os riscos profissionais são inerentes ao ambiente ou ao processo operacional das diferentes
atividades. Revelam as condições inseguras do trabalho que afetam a saúde, a segurança e o bem-
estar do trabalhador. Os agentes químicos fazem parte dos fatores de risco que podem levar à
origem de doenças profissionais (Tabela 1) e estão presentes no quotidiano dos consumidores e do
1,11 1,54
50,73
0,19 0,78 3,29
10,22
1,99 4,420,31 0,71 0,35 0,64
3,90 1,66 0,97
9,58
0,31 2,890,00 0,00
4,40
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
Nº de doenças profissionais certificadas por CAE, em 2016 (%)
mundo empresarial, cabendo às empresas que utilizam estes produtos garantir a segurança da saúde
humana e proteção do ambiente2.
Tabela 1. Evolução de Doenças profissionais certificadas, por fator de risco (2009 - 2016).
Fonte: Departamento de Prevenção de Riscos Profissionais – DPRP (2017)
FATOR DE RISCO 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
Doenças provocadas por agentes químicos 8 11 9 7 5 3 0 5
Doenças do aparelho respiratório 339 267 278 237 287 241 128 190
Doenças cutâneas 68 52 57 20 32 100 20 113
Doenças infeciosas e parasitárias 33 26 19 17 35 19 12 17
Doenças provocadas por agentes físicos 3060 2904 3670 2416 3190 2809 3565 3850
Outros agentes causadores de doenças 32 35 13 15 11 20 8 14
Total 3508 3260 4033 2697 3549 3172 3725 4189
Na Tabela 1 percebemos que os agentes químicos são um dos fatores que poderá levar à
ocorrência de doenças profissionais. São várias as doenças que se podem desenvolver por
exposição excessiva e descontrolada a diferentes substâncias químicas utilizadas nos processos
industriais, nomeadamente: ulceração cutânea, dermatite de contacto ou traumática, conjuntivite,
síndroma neurológico, perturbações digestivas agudas, osteosclerose, hemoglobinúria, intoxicação
aguda/subaguda/crónica, anemia, leucemia, perturbações gastrointestinais, hepatite tóxica,
cianose, asma brônquica, tumores, perturbações oculares, auditivas e neurológicas, amnésia, entre
muitas outras que se encontram designadas na Lista de Doenças Profissionais3 (Decreto
Regulamentar nº 76/2007, de 17 de julho).
Desta forma, propõe-se a realização do presente projeto de forma a que se possa conhecer
e reduzir os riscos para a saúde associados a agentes químicos neste local de trabalho.
1.1 O Grupo Amorim
O Grupo Amorim é uma das maiores, mais empreendedoras e dinâmicas multinacionais de
origem portuguesa4. A Corticeira Amorim é a maior empresa mundial de produtos de cortiça e a
mais internacional das empresas portuguesas. Lidera todo o setor, contribuindo, como nenhuma
2 http://www1.ipq.pt/PT/Normalizacao/FerramentasPME/Documents/Guia_Quimicos_Web.pdf (consultado a
11/01/2018)
3 https://dre.pt/application/conteudo/636180 (consultado a 11/01/2018)
4 https://www.amorim.com/corticeira-amorim/grupo-amorim/apresentacao/ (consultado a 27/12/2017)
6
outra, para a economia e para a inovação da fileira da cortiça5. Teve origem no negócio da cortiça,
em 1870, percecionando o potencial infinito desta matéria-prima 100% natural. Devido ao seu
enorme crescimento, o Grupo tem apostado na diversificação da sua atuação, através do
investimento em setores e áreas geográficas com elevado potencial de rentabilidade, sendo
destacado em setores como o imobiliário, o financeiro, as telecomunicações e o turismo.
Como produtos finais destacam-se aplicações na indústria vinícola e espirituosos, com as
rolhas dos melhores vinhos, os mais diversos objetos do quotidiano (bancos, candeeiros
individuais, bases para panelas, entre outros), artigos de desporto olímpico, absorventes de óleos
e solventes orgânicos, obras de referência mundial, tendo também contribuições na indústria do
calçado, na construção e infraestruturas, na arquitetura e design, na indústria aeroespacial, nos
transportes e energia e no desporto6.
A Corticeira Amorim, contando com mais de 3500 colaboradores, responsável por 35% da
transformação mundial de cortiça, divide-se em cinco unidades de negócio: Matérias primas
(Amorim Natural Cork), Rolhas (Amorim & Irmãos), Aglomerados Compósitos (Amorim Cork
Composites), Revestimentos (Amorim Revestimentos) e Isolamentos (Amorim Isolamentos).
Atualmente, é uma das empresas portuguesas mais dispersas internacionalmente, operando em
mais de uma centena de países distribuídos pelos cinco continentes.
1.2 Amorim Cork Composites
A Amorim Cork Composites, ACC, é a Unidade de Negócios da Corticeira Amorim
responsável pela produção de aglomerados compósitos e é considerada
a mais tecnológica do universo da Corticeira Amorim7. Referência
internacional na pesquisa, desenvolvimento e produção de novas
soluções de compósitos de cortiça, tem entre os seus principais clientes
algumas das indústrias mais exigentes do mundo em termos de
qualidade8. Atualmente, a ACC conta com uma equipa de cerca de 600
colaboradores dispersos por várias regiões geográficas9. A Amorim
Cork Composites fornece soluções de última geração para o setor dos
transportes, aplicações inovadoras para o setor de construção,
componentes avançados para a indústria aeroespacial e um portfólio
incomparável de produtos de design para casa e escritório, entre muitas outras aplicações.
O presente estudo foi na Amorim Cork Composites, na secção Cork Rubber Materials
(CRM). Esta secção está na Amorim Cork Composites há cerca de 3 anos, encontrando-se
5 https://www.amorim.com/corticeira-amorim/apresentacao/ (consultado a 27/12/2017)
6 https://www.amorim.com/corticeira-amorim/grupo-amorim/apresentacao/ (consultado a 27/12/2017)
7 https://www.amorim.com/unidades-de-negocio/aglomerados-compositos/ (consultado a 27/12/2017) 8 http://www.amorim.com/xms/files/Documentacao/About_cork_Composites_low.pdf (consultado a 27/12/2017)
9 http://www.amorimcorkcomposites.com/pt/sobre-nos/carreiras/ (consultado a 27/12/2017)
Figura 1. Logotipo Amorim
Cork Composites
anteriormente em Corroios (Seixal, Setúbal), sendo por isso muito recente nas novas instalações.
A Figura 1 apresenta o logotipo da empresa.
1.3 Processo produtivo
Na divisão CRM (Cork Rubber Materials) são aglomerados compósitos de cortiça com
borracha, obtendo-se uma massa consistente em forma de bloco (Linha 1 – Cork Rubber 1), em
forma de cilindro (Linha 2 – Cork Rubber 2) ou em forma de folha.
Nesta secção produtiva são então produzidos blocos e cilindros (calandrados e ply-ups). Para
tal, são produzidos outros produtos que se aglomeram por forma a que se obtenha o produto final.
Para a obtenção de blocos e/ou cilindros, são necessários os seguintes produtos: mistura mãe
(pigs), cortiça, produtos químicos e ainda óleos (Di-octil-ftalato e/ou aromático, dependendo da
mistura). Para que se possa obter toda e qualquer massa, é necessária a mistura mãe (pigs), que
contém: borracha, óleos (aromático e/ou DOP) e produtos químicos. A linha das Folhas Curadas
à Espessura, por norma, é apresentada acoplada à linha Cork Rubber 2, sendo que todas as
referências que para lá são encaminhadas são produzidas na linha 2, para posteriormente serem
transformadas.
No que diz respeito aos horários de produção, estes funcionam durante as 24 horas diárias,
sendo divididas em 3 turnos:
• Turno 1: 6h00 – 14h00 (16 operadores);
• Turno 2: 14h00 – 22h00 (13 operadores);
• Turno 3: 22h00 – 6h00 (13 operadores).
A Figura 2 indica a distribuição de processos produtivos pelos diversos turnos:
Figura 2. Distribuição de processos produtivos pelos diversos turnos.
O processo produtivo de ambas as linhas dá-se na vertical, do piso mais superior para o mais
inferior. Chegando ao piso 0, o processo continua em cadeia pelos diversos equipamentos.
CR1Blocos
Turnos 1, 2 e 3
CR2Cilindros
Turno 1
Cilindros calandrados
Ply-up
Turnos 2 e 3
Mistura mãe
FCE’sFolhas Curadas à
Espessura
Turnos 1, 2 e 3
8
Linha 1 – Cork Rubber 1 (CR1)
Piso 5 - Ciclones
No primeiro piso podemos encontrar um conjunto de ciclones no exterior. Estes ciclones são
responsáveis pelo armazenamento temporário de granulado que chega, através de condutas, da
secção GMT (Grain Materials Technology). Cada ciclone armazena granulado de diferente
granulometria e permitem ainda que o material seja filtrado no seu interior. Este local não é
considerado um posto de trabalho, ou seja, não existe aqui nenhum colaborador em permanência
a realizar alguma atividade. Apenas são realizadas manutenções periódicas.
Piso 4 – Mini silos
Neste piso podemos encontrar quatro mini silos, os quais contêm granulado de diferentes
dimensões, tal como os ciclones do piso superior. Estes mini silos fazem o doseamento de
granulado para a balança que se encontra no piso logo abaixo. Tal como o piso dos ciclones, este
local também não é posto de trabalho, sendo apenas frequentado para possíveis manutenções e
verificações de correto funcionamento.
Piso 3 – Balança de granulados e cacifos de produtos químicos
No piso 3 podemos encontrar a balança de granulados, a qual faz a pesagem de granulado
necessário para a massa a realizar, fazendo-a chegar ao piso inferior através de um tapete
transportador. Neste piso é possível encontrar um local de armazenagem temporária de
embalagens de produtos químicos, as quais são utilizadas para a reposição dos cacifos das balanças
dos químicos que são utilizadas no piso 2. Este local, tal como os dois pisos anteriores, também
não é considerado um posto de trabalho, apesar do colaborador se deslocar a este local todos os
dias para efetuar a reposição dos cacifos e uma rápida limpeza da balança sempre que há troca de
granulometrias, de forma a que não haja contaminação por granulados de diferentes tamanhos.
Piso 2 – Abastecimento de produtos no Banbury
Neste local são realizadas diversas tarefas, nomeadamente de alimentação do Banbury
(misturador fechado onde ocorre a mistura de todos os componentes). São então abastecidos os
produtos químicos, o granulado de cortiça (que chega do piso superior), os óleos (DOP e/ou
aromático) e a mistura mãe (que contém a borracha). Neste local encontra-se um colaborador em
permanência que realiza o controlo e o abastecimento de todos os produtos. Com a ajuda de um
computador é possível programar o doseamento de granulado, de produtos químicos e de óleos.
No que diz respeito ao abastecimento dos produtos químicos, é aqui que se localizam as balanças
dos mesmos. O colaborador coloca um saco num recipiente que se encontra na balança. Esta
balança movimenta-se até aos cacifos, ocorrendo então a descarga dos mesmos. Depois disso, volta
à posição inicial e a celha é colocada num tapete transportador para posterior descarga no Banbury.
Em relação ao granulado de cortiça, este é doseado no piso superior e depositado assim que o
colaborador o permitir. No que respeita aos óleos (DOP e/ou aromático), estes são doseados
automaticamente a partir do computador, não havendo qualquer contacto do colaborador com os
mesmos. Neste piso é ainda abastecida a mistura mãe. Depois de todos os produtos estarem
preparados para serem adicionados à mistura, estes são colocados no tapete transportador que faz
a ligação à porta de abastecimento do Banbury, excluindo o granulado e os óleos que são
abastecidos automaticamente pelas respetivas balanças.
Piso 1 – Banbury
Neste piso é possível encontrar o Banbury. Neste equipamento, os materiais introduzidos no
piso superior são triturados pelos rotores existentes no seu interior, sendo misturados entre eles e
submetidos a elevadas temperaturas. Este local não é designado posto de trabalho, sendo que os
colaboradores (essencialmente o que se encontra no comando do Banbury) apenas se deslocam a
este piso para inspeção visual e para limpeza do Banbury.
Piso 0 – Tratamento da mistura final
Quando, no interior do Banbury, os produtos atingem a temperatura necessária e/ou é
alcançado o tempo limite de mistura, a porta de descarga é aberta e toda a massa cai sobre o
primeiro misturador (Misturador Aberto 1 – MAB01). Neste local, inicia-se o processo de
moldação nas calandras de forma a que se possa obter uma massa consistente e homogénea. Depois
de devidamente misturada e de se obter uma massa com uma consistência suficientemente boa
para que se possa efetuar o seu transporte, a mesma é colocada num tapete transportador que a
levará para o próximo misturador (Misturador Aberto 2 – MAB02). Este misturador é o
responsável por tornar a massa o mais homogénea possível. Após a mistura, a massa, agora em
forma de tira, é colocada num tapete transportador, que a
levará até uma guilhotina, por forma a que a massa seja
cortada. Depois de cortada na guilhotina, esta folha é
colocada numa mesa de empilhamento. Quando atingido o
número de folhas pretendido na mesa de empilhamento, a
mesma é transportada até à prensa de corte. Na prensa de
corte, existe um cortante com as dimensões exatas do molde
que será utilizado. Depois de colocada a chapa no devido
lugar, sob a prensa de corte, procede-se então ao corte de todo
o conjunto de folhas. Depois do bloco devidamente pesado,
a chapa que o contém avança para uma mesa elevatória, que
o levará para o local de molde: prensa de molde e desmolde.
Depois de moldado, o bloco segue para a zona das estufas,
onde ocorrerá a vulcanização, por intermediário de um
manípulo que o colocará num carro transportador. Esse carro
transportador faz chegar os moldes às vagonas, que têm
como função transportar os blocos empilhados para o interior das estufas, num total de 35 blocos
por estufa. O tempo do processo de vulcanização e do arrefecimento do bloco dependem do tipo
Figura 3. Blocos
10
de massa em questão. Depois de arrefecido, o bloco é transportado pelas vagonas e pelos carros
transportadores até à Prensa de Molde e Desmolde, desta vez para serem desmoldados. Depois de
desmoldados, estão prontos para serem transportados para o local de armazenamento de produtos
finais (Figura 3).
Linha 2 - Cork Rubber 2 (CR2)
A linha 2 é bastante mais complexa do que a linha 1, subdividindo-se no piso 0 (a partir do
Gumix) em Ply-ups, cilindros calandrados ou mistura mãe. Sendo que apenas é possível a produção
independente destes produtos.
Piso 5 – Ciclones
Neste piso, tal como na linha 1, é onde se pode observar a presença de ciclones, variando
apenas em número. Tal como na linha 1, este local também não é considerado posto de trabalho.
Os colaboradores apenas se deslocam a este local para realizar manutenções.
Piso 4 – Mini silos
Neste piso podemos encontrar oito mini silos, os quais contêm granulado de diferentes
dimensões, tal como os ciclones do piso superior. Estes mini silos fazem o doseamento de
granulado para a balança que se encontra no piso logo abaixo. Tal como o piso dos ciclones, este
local também não é posto de trabalho, sendo apenas frequentado para possíveis manutenções e
verificações de correto funcionamento. Ao contrário da linha 1, existem produtos químicos
presentes nestes silos, que são introduzidos automaticamente no Banbury, assim como o
granulado.
Piso 3 – Balança de granulados e cacifos de produtos químicos
Neste piso, o processo é idêntico ao da linha 1, sendo apenas distinto em relação ao número
de cacifos de produtos químicos existentes neste piso. Todos eles estão associados a um carrinho
transportador no piso 2 que realiza a pesagem dos mesmos para posterior introdução no interior
do Banbury.
Piso 2 – Abastecimento de produtos no Banbury
Neste piso são então controlados e introduzidos todos os componentes das misturas:
granulado, produtos químicos vindos dos silos, produtos químicos provenientes dos cacifos, óleos
(DOP e/ou aromático) bem como borrachas, dependendo sempre daquela que é a mistura final.
Ainda neste local, e dada a necessidade de introdução de borrachas (que não são realizadas na
linha 1 tendo em conta que apenas são utilizadas para a mistura mãe), existe uma guilhotina que
permite o corte das mesmas, tendo sempre em conta o peso necessário para a mistura. Tal como
na linha 1, neste piso da linha 2 também são introduzidos produtos químicos através de um carro
com uma balança incorporada que percorre todos os cacifos de químicos. Neste local existe um
maior número de cacifos, tendo em conta que aqui é produzida a mistura mãe, ao contrário do que
se passa na linha 1. Para além disto, são ainda introduzidos os óleos, o granulado e os produtos
químicos vindos do piso superior. Todos estes produtos são colocados num tapete que se
movimenta em direção à porta de alimentação do Banbury.
Piso 1 – Banbury
Neste piso é possível encontrar-se o Banbury. Este Banbury é idêntico ao da linha 1,
ocorrendo no seu interior o mesmo processo. Este local não é designado posto de trabalho, sendo
que os colaboradores (essencialmente o que se encontra no comando do Banbury) apenas se
deslocam a este piso para inspeção visual e para limpeza do Banbury.
Piso 0 – Tratamento da mistura final
Depois de ser aberta a porta de descarga do Banbury, a mistura cai na câmara de descarga
do Misturador Aberto 5 (Gumix), onde será aberta uma nova porta que fará a descarga para as
calandras do misturador. Aqui o processo é semelhante aos misturadores abertos da linha 1.
• Ply-ups
Depois de passar pelo Gumix, a mistura segue para um tapete transportador que a levará
para um novo misturador. Depois disso, a mistura segue até uma guilhotina, onde será cortada em
folhas e colocada na mesa de empilhamento. Seguidamente é transportada para a prensa de corte,
onde é cortada, desta vez, em forma de círculo (“roda”), à qual é retirada o centro e os restantes
excessos. Após o corte, a massa segue para o local de molde, onde primeiro é empilhada dentro
do cilindro (cada cilindro tem a capacidade para 7 rodas). Antes de ir à estufa, o molde segue para
uma prensa que compacta o produto. Depois de moldado, segue para as estufa, onde ocorrerá a
vulcanização. Para o desmolde, o cilindro é colocado na prensa onde o cilindro foi anteriormente
compactado. Depois disto, segue para a prensa de desmolde. Posteriormente, este é transportado
para a zona de armazenagem.
• Cilindros calandrados
Após a passagem no Gumix, a mistura segue até aos misturadores aberto 7 e 8, cujas
funções são idênticas às dos misturadores anteriormente caracterizados. Depois de passar pelo
último misturador, o produto chega à guilhotina, passando pela mesma e chegando ao enrolador
(núcleo do cilindro), onde será enrolado em forma de rolo até alcançar o diâmetro estabelecido.
Quando esse valor é alcançado, a guilhotina recebe o sinal de que é necessário cortar a folha, sendo
então acionada. Depois de cortada a folha, o rolo segue para uma balança onde é pesado.
Posteriormente, segue para a prensa de molde e desmolde para ser moldado. Depois disso, o molde
segue para as estufas, onde o produto sofrerá a vulcanização. Seguidamente, os moldes regressam
12
à prensa de molde e desmolde, desta vez para serem desmoldados. O manipulador leva o produto,
já sem o molde, para o sacador de núcleos, de forma a que lhe seja retirado o núcleo que se encontra
no interior do cilindro. Quando já se encontra sem núcleo, o cilindro (Figura 4) é transportado para
a zona de armazenagem.
Figura 4. Cilindros Calandrados.
• Mistura mãe
Depois de passar pelo Gumix, a mistura segue para um tapete transportador, onde será
enrolado manualmente em forma de rolo (pig) e cortado dependendo do comprimento da tira que
está programado. Esse comprimento é estabelecido tendo em conta a massa que se pretende.
Depois de cortado, segue então para uma balança para que o produto esteja dentro dos parâmetros
de massa pretendidos. Posteriormente, a mistura é embalada e colocada numa palete para ser
armazenada e posteriormente utilizada para abastecimento nos Banbury’s (Figura 5).
Figura 5. Mistura mãe.
Folhas Curadas à Espessura
A massa que é trabalhada neste
processo é produzida maioritariamente na
linha 2, ocorrendo o processo até ao Gumix.
Depois disso, é colocada em misturadores
abertos, nos quais a massa tem de ser
trabalhada a frio para que possa atingir a
dureza necessária. Depois de passar pelos
misturadores, a massa é colocada numa
mesa, onde será cortada e posteriormente
pesada. Depois disso, segue para as prensas,
onde se dá a vulcanização. Depois de
retiradas das prensas, poderão já estar totalmente prontas (Figura 6) ou sofrerão uma ligeira
lixagem, de forma a que se retirem os excessos nas laterais e a que as arestas fiquem ligeiramente
arredondadas.
Figura 6. Folhas Curadas à Espessura.
2 ESTADO DA ARTE
2.1 Enquadramento Legal e Normativo
O presente estudo debruçou-se sobre a indústria corticeira, a qual é abrangida pelo Decreto-
Lei nº 209/2008 que estabelece o Regime de Exercício da Atividade Industrial (REAI), com o
objetivo de prevenir os riscos e inconvenientes resultantes da exploração dos estabelecimentos
industriais, visando salvaguardar a saúde pública e dos trabalhadores, a segurança de pessoas e
bens, a higiene e segurança dos locais de trabalho, a qualidade do ambiente e um correto
ordenamento do território, num quadro de desenvolvimento sustentável e de responsabilidade
social das empresas. Este decreto define a Atividade Industrial como sendo “a atividade
económica prevista na Classificação Portuguesa das Atividades Económicas (CAE — rev. 3),
aprovada pelo Decreto-Lei n.º 381/2007, de 14 de novembro, nos termos definidos na secção 1 do
anexo I ao presente decreto-lei, do qual faz parte integrante…”. Através do Anexo I do presente
decreto-lei é possível verificar a Classificação Portuguesa das Classes Económicas (CAE – rev.
3), aprovada pelo Decreto-Lei nº 381/2007, de 14 de novembro, sendo as mesmas apresentadas
por secções, divisões, grupos, classes, subclasses e respetiva designação. No que diz respeito ao
Grupo Amorim e à Amorim Cork Composites, e tendo em conta que dizem respeito à indústria
corticeira, são incluídos na Secção 1 (Atividade Industrial), Secção C (Indústria Transformadora),
Divisão 16 (Indústria da madeira e da cortiça e suas obras, exceto mobiliário; fabricação de obras
de cestaria e de espartaria), Grupo 162, Classe 1621 e Subclasses 16293, 16294, 16295 (Indústria
de preparação da cortiça, Fabricação de rolhas de cortiça e Fabricação de outros produtos de
cortiça, respetivamente)10.
O Decreto-Lei nº 169/2012 cria o Sistema da Indústria Responsável, que regula o exercício
da atividade industrial, a instalação e exploração de zonas empresariais responsáveis, bem como o
processo de acreditação de entidades no âmbito deste Sistema. Os objetivos do SIR (Sistema da
Indústria Responsável) passam por prevenir os riscos e inconvenientes resultantes da exploração
dos estabelecimentos industriais, visando a salvaguarda da saúde pública e a dos trabalhadores, a
segurança de pessoas e bens, a segurança e saúde nos locais de trabalho, a qualidade do ambiente
e um correto ordenamento do território, num quadro de desenvolvimento sustentável e de
responsabilidade social das empresas, e por promover a simplificação e desburocratização dos atos
e procedimentos da Administração Pública necessários à aplicação dos regimes jurídicos referidos
no número anterior, tendo em vista contribuir para dinamização e competitividade da indústria
nacional, num quadro de políticas de desenvolvimento económico sustentável. Este sistema
abrange as atividades industriais correspondentes às atividades económicas (CAE) elencadas no
Anexo I do Decreto-Lei nº 381/2007, de 14 de novembro. Mais tarde, o Decreto-Lei nº 169/2012
foi alterado pelo Decreto-Lei nº 73/2015, de 11 de maio. A Portaria nº 279/2015, de 14 de
setembro, identifica os requisitos formais do formulário e os elementos instrutórios a apresentar
pelo interessado nos procedimentos com vistoria prévia, sem vistoria prévia e de mera
comunicação prévia aplicáveis, respetivamente, à instalação e exploração de estabelecimentos
10 https://dre.pt/pdf1s/2008/10/21000/0758107613.pdf (Consultado a 31/05/2018)
16
industriais dos tipos 1, 2 e 3, e à alteração de estabelecimentos industriais, nos termos previstos no
Sistema da Indústria Responsável (SIR).
2.1.1 Enquadramento Legal em Estabelecimentos Industriais
A Portaria nº 53/71, de 3 de fevereiro, revogada pela Portaria nº 702/80, de 22 de setembro,
que tem por objetivo a prevenção técnica dos riscos profissionais e a higiene nos estabelecimentos
industriais11, faz referência aos diferentes riscos que poderão fazer parte do contexto industrial,
nomeadamente: condições atmosféricas dos locais de trabalho (capítulo II, secção III da Portaria
53/71, de 3 de fevereiro, cujas prescrições mínimas de segurança e saúde para os locais de trabalho
estão designadas no Decreto-Lei nº 347/93, de 1 de outubro), ruído (capítulo II, secção IV da
Portaria 53/71, de 3 de fevereiro, cujas prescrições mínimas de segurança e de saúde em matéria
de exposição dos trabalhadores aos riscos devidos aos agentes físicos (ruído) estão designadas no
Decreto-Lei nº 182/2006, de 6 de setembro), vibrações (capítulo II, secção IV da Portaria 53/71,
de 3 de fevereiro, cujas prescrições mínimas de segurança e saúde respeitantes à exposição dos
trabalhadores aos riscos devidos às vibrações mecânicas estão descritas no Decreto-Lei nº 46/2006,
de 24 de fevereiro), prevenção dos incêndios e proteção contra o fogo12 (capítulo II, secção VI
da Portaria 53/71, de 3 de fevereiro, o Decreto-Lei nº 224/2015, de 9 de outubro procede à primeira
alteração ao Decreto-Lei nº 220/2008, de 12 de novembro, que estabelece o regime jurídico da
segurança contra incêndios em edifícios), substâncias e agentes perigosos ou incómodos
(capítulo VII da Portaria 53/71, de 3 de fevereiro, cujas prescrições mínimas em matéria de
proteção dos trabalhadores contra os riscos para a segurança e saúde devido à exposição a agentes
químicos no trabalhão estão descritas no Decreto-Lei nº 24/2012, de 6 de fevereiro; Regulamento
(CE) nº 1907/2006, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 18 de dezembro, relativo ao registo,
avaliação, autorização e restrição dos produtos químicos (REACH) e que procede à criação da
Agência Europeia dos Produtos Químicos; Decreto-Lei nº 98/2010, de 11 de agosto, que estabelece
o regime a que obedece a classificação, embalagem e rotulagem das substâncias perigosas para a
saúde humana ou para o ambiente); Decreto-Lei nº 220/2012, de 10 de outubro (Classificação,
rotulagem e embalagem de substâncias e mistura); Regulamento (CE) nº 1272/2008 (CRE), de 16
de dezembro de 2008, relativo à classificação, rotulagem e embalagem de substâncias e misturas),
substâncias cancerígenas (capítulo VII, secção I da Portaria 53/71, de 3 de fevereiro, cuja
regulamentação da proteção dos trabalhadores contra os riscos ligados à exposição a agentes
cancerígenos ou mutagénicos durante o trabalho está descrita no Decreto-Lei nº 301/2000, de 18
de novembro), substâncias explosivas e inflamáveis (capítulo VII, secção II da Portaria 53/71,
de 3 de fevereiro, cujas prescrições mínimas destinadas a promover a melhoria da proteção da
segurança e da saúde dos trabalhadores suscetíveis de serem expostos a riscos derivados de
atmosferas explosivas estão descritas no Decreto-Lei nº 236/2003, de 30 de setembro),
equipamento de proteção individual (capítulo IX da Portaria 53/71, de 3 de fevereiro, cujas
11 http://www.act.gov.pt/(pt-PT)/Legislacao/LegislacaoNacional/Paginas/default.aspx (consultado a 11/01/2018) 12 http://www.segurancaonline.com/gca/?id=1506 (consultado a 12/01/2018)
prescrições mínimas de segurança e saúde para a utilização pelos trabalhadores de equipamento
de proteção individual estão descritas no Decreto-Lei nº 348/93, de 1 de outubro).
2.1.2 Exposição Química Ocupacional
Os agentes que podem afetar a saúde dos trabalhadores são de quatro tipos: químicos,
físicos, biológicos e ergonómicos. Neste trabalho serão abordados em detalhe os agentes químicos,
sendo estes o grande propósito da realização deste estudo. Agente químico é qualquer elemento
ou composto químico, isolado ou em mistura, que se apresente no estado natural, ou seja,
produzido, utilizado ou libertado, em consequência de uma atividade laboral. Segundo o Decreto-
Lei nº. 24/2012, de 6 de fevereiro, que consolida as prescrições mínimas em matéria de proteção
dos trabalhadores contra os riscos para a segurança e saúde devido à exposição a agentes químicos
no trabalho, um agente químico perigoso é “qualquer agente químico classificado como
substância ou mistura perigosa de acordo com os critérios estabelecidos na legislação aplicável
sobre classificação, embalagem e rotulagem de substâncias e misturas perigosas, esteja ou não a
substância ou mistura classificada nessa legislação, salvo tratando -se de substâncias ou misturas
que só preencham os critérios de classificação como perigosas para o ambiente; qualquer agente
químico que, embora não preencha os critérios de classificação como perigoso nos termos da
subalínea anterior, possa implicar riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores devido às
suas propriedades físico -químicas ou toxicológicas e à forma como é utilizado ou se apresenta
no local de trabalho, incluindo qualquer agente químico sujeito a um valor limite de exposição
profissional estabelecido no presente diploma;…”.
Toda a perigosidade que se encontra associada a um determinado agente químico pode ser
consultada na respetiva Ficha de Dados de Segurança. As FDS têm como objetivo informar o
utilizador da substância ou mistura, de forma eficaz e completa, sobre a sua perigosidade para a
saúde humana, a segurança no local de trabalho e o ambiente. O fornecedor de uma substância ou
mistura é obrigado a facultar a FDS quando essa mesma substância ou mistura é perigosa, quando
é persistente, bioacumulável e tóxica, quando suscita elevada preocupação ou quando o
destinatário solicita uma FDS. O Regulamento REACH prevê no seu artigo 35º o acesso dos
trabalhadores às informações, facultadas pelas FDS, relativamente às substâncias ou misturas que
os trabalhadores utilizem ou a que possam estar expostos na sua atividade laboral. Este
regulamento surgiu com o objetivo de melhorar o quadro legislativo comunitário em matéria de
substâncias químicas, substituindo cerca de 40 normativos. Adicionalmente, cria a Agência
Europeia dos Produtos Químicos (ECHA – European Chemicals Agency), entidade central
responsável pela gestão dos aspetos técnicos, científicos e administrativos do regulamento, a nível
comunitário, sediada em Helsínquia, na Finlândia13. Em conformidade com o disposto no artigo
31º, nº 6, a ficha de dados de segurança deve conter 16 secções e respetivas subsecções, que são
apresentadas no Anexo I do Regulamento (UE) Nº 453/2010 da Comissão de 20 de maio de 2010.
13 https://www.apambiente.pt/?ref=pf&f_faq_tema=cc0bf46308b6c045d064397a846f2faa#1139 (consultado a
09/05/2018)
18
No que diz respeito às classes de perigo dos contaminantes químicos, no Anexo I é
apresentada a Tabela 7 com os pictogramas atuais e respetivas classes de perigo, descrição e
recomendações de prudência, segundo o Regulamento (CE) nº 1272/2008 (CRE), de 16 de
dezembro de 2008, relativo à classificação, rotulagem e embalagem de substâncias e misturas14.
Este novo sistema de classificação e rotulagem para substâncias e misturas integra a terminologia,
os princípios e os critérios de avaliação do Sistema Mundial Harmonizado de Classificação e
Rotulagem de Produtos Químicos das Nações Unidas (GHS - Globally Harmonized System) e
assegura a coerência entre as regras de classificação e rotulagem aplicáveis à colocação no
mercado e ao transporte de mercadorias perigosas15.
Em relação à normalização implementada e que diz respeito a este tema, as normas aplicadas
passam por:
• NP 1796:2014, na qual são apresentados os valores-limite e índices biológicos de
exposição profissional a agentes químicos. Esta norma define que o valor-limite de
exposição (VLE) é a concentração de agentes químicos à qual se considera que
praticamente todos os trabalhadores possam estar expostos, dia após dia, sem efeitos
adversos para a saúde. Define ainda que o valor-limite de exposição – média ponderada
(VLE-MP) é a concentração média ponderada para um dia de trabalho de 8 h e uma
semana de 40 h, à qual se considera que praticamente todos os trabalhadores possam estar
expostos, dia após dia, sem efeitos adversos para a saúde. Na mesma norma, é ainda
definido o valor-limite de exposição – curta duração (VLE-CD) que representa a
concentração à qual se considera que praticamente todos os trabalhadores possam estar
expostos por curtos períodos de tempo, desde que o valor de VLE-MP não seja excedido e
sem que ocorram efeitos adversos, … No que diz respeito ao valor-limite de exposição –
concentração máxima (VLE-CM), este representa a concentração que nunca deve ser
excedida durante qualquer período da exposição;
• NP EN 482:2015, relativa à exposição nos locais de trabalho e que retrata os requisitos do
desempenho dos procedimentos de medição dos agentes químicos, nomeadamente
relativos à não ambiguidade, seletividade, tempo de ponderação, intervalo de medição e
incerteza expandida para intervalos de medição mínimos especificados;
• NP EN 689:2008, referente às atmosferas dos locais de trabalho, fornecendo orientações
para a apreciação da exposição a agentes químicos em atmosferas de locais de trabalho,
descrevendo uma estratégia para comparar a exposição dos trabalhadores, por inalação,
com valores-limite relevantes para agentes químicos no local de trabalho e para a estratégia
da medição;
• NP EN 14042, relativa às atmosferas dos locais de trabalho, fornecendo uma orientação
para a seleção de procedimentos, bem como para a instalação, utilização e manutenção de
dispositivos para a determinação de concentrações de agentes químicos ou biológicos nas
atmosferas dos locais de trabalho.
14 https://echa.europa.eu/pt/chemicals-in-our-life/clp-pictograms (consultado a 12/01/2018) 15 https://www.apambiente.pt/?ref=pf&f_faq_tema=8989e470e406af0ee761748efa7e3c2c#1114 (consultado a
09/05/2018)
No que diz respeito à atribuição de incapacidades por acidentes de trabalho ou por doenças
profissionais, o Decreto-Lei nº 352/2007, de 23 de outubro, publicou duas tabelas de avaliação de
incapacidades: uma destinada a proteger os trabalhadores no domínio particular da sua atividade
como tal (no âmbito do direito laboral), e outra direcionada para a reparação do dano em direito
civil. O Anexo I diz respeito à Avaliação e Atualização da Tabela Nacional de Incapacidades por
Acidentes de Trabalho e Doenças Profissionais, no qual são ajustadas as percentagens de
incapacidade aplicáveis em determinadas patologias, como resultado de um trabalho técnico-
científico preciso e sério, levado a cabo em obediência não apenas à dinâmica do panorama
médico-legal nacional, mas também por recurso ao cotejo com o preconizado em várias tabelas
europeias. O Anexo II introduz na legislação nacional uma Tabela Nacional para Avaliação de
Incapacidades Permanentes em Direito Civil, que visa a criação de um instrumento adequado de
avaliação neste domínio específico do direito, consubstanciado na aplicação de uma tabela médica
com valor indicativo, destinada à avaliação e pontuação das incapacidades resultantes de
alterações na integridade psicofísica16.
2.2 Higiene Industrial
A Higiene Industrial define-se como a disciplina que antecipa, reconhece, avalia e controla
os riscos para a saúde no ambiente de trabalho com o objetivo de proteger a saúde e bem-estar dos
trabalhadores e salvaguardar a sociedade no geral17. É importante conhecermos qual a composição
do ar que respiramos, nomeadamente quando nos encontramos em ambiente ocupacional, expostos
durante várias horas por dia. Diz-se que o ar está poluído ou contaminado quando contém
substâncias estranhas à sua composição normal, ou mesmo quando se apresenta normal no aspeto
qualitativo, mas possui alterações quantitativas, pela presença de uma ou mais substâncias
componentes em concentrações superiores às normais.
2.2.1 Tipos e Classes de Contaminantes
Os agentes químicos podem existir em suspensão na atmosfera, nos estados sólido (poeiras,
fibras e fumos), líquido (aerossóis e neblinas) e gasoso (gases e vapores). Segundo o tipo de lesão
que originam, podemos distinguir: partículas inertes (não produzem alterações fisiológicas
significativas, embora possam ficar retidas nos pulmões, mas só apresentam problemas em
concentrações muito elevadas), partículas fibrogénicas ou pneumoconióticas (partículas
suscetíveis de provocar reações químicas ao nível dos alvéolos pulmonares, dando origem a
doenças graves), partículas sensibilizantes (podem atuar sobre a pele ou sobre o aparelho
respiratório), partículas tóxicas ou sistémicas (podem causar lesões em um ou mais órgãos
viscerais, de uma forma rápida e em concentrações elevadas ou lentamente em concentrações
16 http://www.inr.pt/bibliopac/diplomas/dl_352_2007.htm (consultado a 31/05/2018) 17 https://ioha.net/faq/ (consultado a 12/01/2018)
20
baixas). Quando aos gases e vapores, estes são subdivididos em: irritantes (têm uma ação química
ou corrosiva, produzindo inflamação dos tecidos com os quais entram em contacto), asfixiantes
simples (são os que, sem interferir nas funções do organismo, podem provocar asfixia, por
reduzirem a concentração de oxigénio no ar), asfixiantes químicos (interferem no processo de
absorção de oxigénio no sangue ou nos tecidos), narcóticos ou neurotóxicos (apresentam uma ação
depressiva sobre o sistema nervoso central, produzindo efeito anestésico, após terem sido
absorvidos pelo sangue) ou tóxicos/sistémicos (os vapores orgânicos são produtos tóxicos
sistémicos e podem causar lesões em vários órgãos).
Dependendo do tamanho das partículas, o seu alcance nas vias respiratórias pode variar,
podendo apresentar diversos efeitos. Estas podem ser: partículas inaláveis (agentes que são
potencialmente perigosos quando se depositam em qualquer região do trato respiratório),
partículas torácicas (agente que são potencialmente perigosos quando se depositam na região dos
canais pulmonares e na zona de trocas gasosas) e partículas respiráveis (agentes potencialmente
perigosos quando se depositam na região das trocas gasosas). Apresentam ainda classes de
perigosidade diferentes, sendo classificados como: explosivos (reagem exotermicamente e com
rápida libertação de gases), inflamáveis (incendeiam-se na presença de uma fonte de ignição),
comburentes (reagem exotermicamente em contacto com substâncias inflamáveis), tóxicos
(potenciam, mesmo em pequena quantidade, afeções agudas ou crónicas), nocivos (potenciam
afeções agudas ou crónicas), corrosivos (exercem, através do contacto, ações destrutivas sobre os
tecidos biológicos), irritantes (provocam reações inflamatórias em contacto com a pele ou
mucosas), sensibilizantes (potenciam reações de hipersensibilização), cancerígenos (provocam, ou
aumentam, a incidência de cancro), mutagénicos (produzem, ou aumentam, defeitos genéticos
hereditários), tóxicos para a reprodução (provocam ou aumentam a frequência de efeitos
prejudiciais não hereditários na progenitura e atentam contra as capacidades reprodutoras),
teratogénicos (provocam defeitos no embrião humano (1º trimestre de desenvolvimento) e
perigosos para o ambiente (produzem dano imediato ou diferido, no meio ambiente).
2.2.2 Substâncias Cancerígenas
A Agência Internacional de Pesquisa sobre o Cancro (IARC) foi criada em 20 de maio de
1965, em Lyon, França. A IARC é a agência especializada em cancro da Organização Mundial de
Saúde e tem como objetivo promover a colaboração internacional na pesquisa do cancro. Esta
agência é interdisciplinar, reunindo habilidades em epidemiologia, ciências laborais e
bioestatística para identificar as causas do cancro, de forma a que possam ser adotadas medidas
preventivas e que a carga de doenças e sofrimento associado seja reduzida. A Agência tem um
interesse particular em realizar pesquisas em países de baixo e médio rendimento, por meio de
parcerias e colaborações com cientistas nessas regiões18. Segundo a IARC, baseada em evidências
científicas para a carcinogenicidade, as substâncias cancerígenas podem ser classificadas em:
18 https://www.iarc.fr/en/about/iarc-history.php (consultado a 1/05/2018)
• Grupo 1 – “Carcinogénico para humanos”: Há evidências suficientes para
concluir que pode causar cancro em humanos. Esta categoria é usada quando há
evidências suficientes de carcinogenicidade em humanos;
• Grupo 2A – “Provavelmente carcinogénico para humanos”: Há fortes
evidências de que pode causar cancro em humanos, mas no momento não é
conclusivo. A circunstância de exposição implica exposições que são
provavelmente carcinogénicas para os seres humanos. Esta categoria é usada
quando há evidência limitada de carcinogenicidade em humanos e evidência
suficiente de carcinogenicidade em animais experimentais;
• Grupo 2B – “Possivelmente carcinogénico para humanos”: Há algumas
evidências de que pode causar cancro em humanos, mas no momento está longe de
ser conclusivo. Esta categoria é utilizada para agentes, misturas e circunstâncias de
exposição para as quais existem evidências limitadas de carcinogenicidade em seres
humanos e evidências menos do que suficientes de carcinogenicidade em animais
experimentais. Também pode ser usada quando há evidência inadequada de
carcinogenicidade em humanos, mas há evidência suficiente de carcinogenicidade
em animais experimentais;
• Grupo 3 – “Não inclassificável em termos de carcinogenicidade em humanos”:
Não há evidências no momento de que cause cancro em humanos. Esta categoria é
usada comumente em agentes, misturas e circunstâncias de exposição para as quais
a evidência de carcinogenicidade é inadequada em humanos e inadequada ou
limitada em animais experimentais. Agentes, misturas e circunstâncias de
exposição que não se enquadram em nenhum outro grupo também são colocados
nesta categoria;
• Grupo 4 – “Provavelmente não é carcinogénico para humanos”: Há fortes
evidências de que não causa cancro em humanos. Esta categoria é usada para
agentes ou misturas para os quais existem evidências que sugerem falta de
carcinogenicidade em humanos e em animais experimentais19.
2.2.3 Vias de Contaminação e Consequências para a Saúde
Os riscos que, normalmente, se encontram associados a agentes químicos são o risco de
explosão e de incêndio, de reação química perigosa e descontrolada, de derrame e de inalação,
ingestão e absorção cutânea e ocular. As principais vias de entrada dos agentes químicos no
organismo são: o aparelho respiratório (através da inalação, que é a via mais comum de
contaminação, em contexto ocupacional), o aparelho digestivo (através da ingestão) e a via cutânea
(por contacto com a pele). Como consequências à exposição a agentes químicos, podem surgir:
cefaleias, náuseas, tonturas, perdas de consciência, irritação e corrosão de tecidos (ocular,
19 http://ec.europa.eu/health/scientific_committees/opinions_layman/en/electromagnetic-fields/glossary/ghi/iarc-
classification.htm (consultado a 1/05/2018)
22
cutânea), cancro, sensibilização cardíaca, asfixia, fibrose e edema pulmonar, reações alérgicas,
lesões no sistema reprodutor, lesões hematológicas, lesões do embrião/feto, afeções do sistema
nervoso central, afeções do sistema imunitário, afeções do sistema endócrino, lesões/irritação do
sistema respiratório superior e inferior, intoxicações agudas ou crónicas20.
Considera-se interessante rever alguns conceitos que atualmente servem para a
classificação de substâncias e preparações de acordo com seus possíveis efeitos sobre a saúde. Em
geral, podemos distinguir: efeitos agudos (ocorrem após um tempo de exposição muito curto, por
exemplo, algumas horas, de forma clara e facilmente reconhecível: asfixia, vómitos e perda de
visão), efeitos crónicos (ocorrem após um longo período de tempo, meses e até muitos anos, que
pode ser repetido por um certo tempo, sendo difícil de reconhecer e relacionar-se com a situação
que os causou). Os efeitos também podem ser classificados como reversíveis e irreversíveis. Se,
após certo tempo, na ausência de exposição, o corpo recupera completamente e atinge o seu estado
normal, os efeitos serão reversíveis. Se, por outro lado, existirem sequelas e não é possível retornar
ao estado normal, serão classificados como irreversíveis.
2.3 Conhecimento científico
2.3.1 Indústria da borracha
Apesar da indústria em questão dizer respeito à indústria corticeira, o processo produtivo
associado a este estudo, em tudo se assemelha ao que acontece na indústria da borracha, desde o
processo mecânico até aos produtos utilizados, tais como as borrachas e os produtos químicos.
A exposição ocupacional na indústria da borracha é muito complexa. É usada uma larga
diversidade de compostos e são formados compostos adicionais em diferentes processos. É
utilizada uma grande variedade de elastómeros naturais e sintéticos bem como aditivos para que
se criem as propriedades necessárias do produto final de borracha. Os produtos químicos utilizados
durante este tipo de processos vão sendo alterados ao longo do tempo e variam muito dependendo
do setor em questão (pneus, produtos gerais de borracha, etc…). Os ingredientes deste tipo de
processo passam por: agentes vulcanizantes (por exemplo, enxofre elementar, dissulfuretos
orgânicos, peróxidos, …), aceleradores de vulcanização (sulfenamidas, tiazoles, guanidinas,
sulfuretos de tiuram, ditiocarbamatos, ditiofosfatos, xantatos, aminas de aldeído, amina isoftalato,
tiazolidina tiona e aceleradores mistos, como por exemplo, isopropilxantato de zinco e etileno
tioureia, …), ativadores de vulcanização (óxido de zinco, óxido de magnésio, óxido de chumbo,
…), retardadores e inibidores da vulcanização (ácido benzoico, ácido salicílico, anidrido ftálico,
N-nitrosodifenilamina (NDPA), N-(ciclohexiltio)ftalimida, …), antidegradantes, antioxidantes
(fenólicos, fosfitos, tioésteres, aminas, …), antiozonantes (parafenilenodiaminas, …), agentes anti
20 http://www.act.gov.pt/(pt-
PT)/crc/PublicacoesElectronicas/Documents/Guia%20para%20micro,%20pequenas%20e%20m%C3%A9dias%20e
mpresas.PDF (consultado a 12/01/2018)
reversíveis (carboxilatos de zinco, derivados de tiofosforilo, agentes de acoplamento de silano,
acelerador de sulfenimida, …), plastificantes (produtos petrolíferos, tais como ceras de petróleo e
óleos minerais, …), agentes peptídicos, agentes de expansão, agentes de ligação e pigmentos
(Holmberg & Sjöström, 1980).
Todos os compostos que são adicionados à mistura têm a sua função e são adicionados em
quantidades inferiores à quantidade de borracha de forma a melhorar as suas propriedades e torná-
la num produto final que possa ser comercializado. Os produtos químicos da borracha são
adicionados para auxiliar o processo, promover a ligação de todos os componentes e fornecer
longevidade ao produto final. No que diz respeito à vulcanização, esta aumenta a resistência e
proporciona a deformação. O processo mais utilizado é por aquecimento com enxofre elementar
(vulcanização). Os aceleradores são classificados como produtos químicos adicionados a um
composto de borracha para aumentar a velocidade de vulcanização e permitir que a mesma
prossiga a baixa temperatura e com maior eficiência. Um acelerador também diminui a quantidade
de enxofre necessária para a vulcanização e, assim, melhora as propriedades envelhecidas dos
vulcanizados de borracha. Os auxiliares de processo, prestam auxílio no fluxo durante as operações
de mistura e calandragem. Os agentes anti degradantes protegem o produto contra calor, oxigénio,
ozono e flexão repetida.
A vulcanização foi relatada pela primeira vez em 1839 e a anilina foi o primeiro composto
orgânico encontrado e que foi capaz de acelerar a reação do enxofre com a borracha natural. Este
processo diz respeito a um método de reticulação das moléculas individuais de borracha que são
uma rede tridimensional de cadeias interconectadas, através de ligações cruzadas (de enxofre), tal
como apresentado na Figura 7.
Figura 7. Processo de vulcanização da borracha.
Fonte: A. Y. Coran, “Vulcanization,” in Science and Technology of Rubber, 2nd ed., Nova Iorque: Academic Press,
1994.
O agente de ligação cruzada mais usado e mais económico é o enxofre, porém, este pode
ser substituído por peróxidos. A utilização do enxofre neste processo permite que o produto final
fique bastante forte e com uma excelente resistência. No caso de se pretender uma melhor
resistência ao calor, deve ser reduzida a quantidade de agente de vulcanização e aumentar a
quantidade de acelerador, de forma a que as reações ocorram rapidamente, sem que se atinjam
elevadas temperaturas, e a que o produto final não fique danificado. A química da vulcanização
24
de enxofre acelerada é muito complexa uma vez que várias reações químicas começam ao mesmo
tempo, cada uma com a sua própria velocidade. A estrutura das ligações cruzadas depende da
natureza da borracha utilizada, da proporção de enxofre para acelerador e da temperatura de
vulcanização. Neste tipo de mecanismo podemos ter presente reações radicais como iónicas, ou
até mesmo ambas (Tabela 2).
Tabela 2. Tipo de reação do sistema.
Fonte: A. Y. Coran, “Vulcanization,” in Science and Technology of Rubber, 2nd ed., Nova Iorque: Academic Press,
1994.
TIPO DE MECANISMO SISTEMA DE CURA
Radical
Borracha Natural + CBS + Enxofre
Borracha Natural + TMTD + Enxofre
Borracha Natural + TMTD
Borracha Natural + Enxofre
Iónico Borracha Natural + TMTD + Enxofre + ZnO + Ácido Esteárico
Borracha Natural + TMTD + ZnO
Mistura (Radical + Iónico) Borracha Natural + CBS + Enxofre + ZnO + Ácido Esteárico
Durante a vulcanização ocorrem três tipos de reações: ligação cruzada, dessulfuração e
degradação.
Se o agente de vulcanização for o peróxido, este requer alguns procedimentos especiais,
nomeadamente uma manipulação com precauções e considerações de composição. O antioxidante
padrão para a reticulação de peróxido é o polimerizado 1,2-diidro-2,2,4-trimetilquinoline
(Antioxidante T.M.Q.). Os compostos amino, mercapto e hidroxi são usados para ligar polímeros
halogenados. No que diz respeito aos aceleradores, estes podem ser classificados como primários
(tiazoles e sulfenamidas) e secundários (guanidinas e ditiocarbamatos). O uso de aceleradores
secundários aumenta substancialmente a velocidade de vulcanização. Os aceleradores mais
comumente utilizados podem passar por: Difenil guanidina (Acel. DPG), 2-2’-
Ditiobis(benzotiazole) (MBTS), N-ciclohexil-2-benzotiazole sulfenamida (CBS),
Tetrametiltiuram monosulfeto (TMTM), Tetrametiltiuram dissulfeto (TMTD).
A temperatura de vulcanização tem um efeito significativo na estrutura de ligações. As
melhores propriedades são obtidas quando o processo é feito na menor temperatura possível,
porém, muitas vezes, a temperatura é aumentada para que o processo seja mais rápido, de forma a
aumentar a produção. Para evitar queimaduras num processo mais rápido e/ou com temperaturas
de processamento e armazenamento prolongado, são adicionados Retardadores ou Inibidores de
Pré-vulcanização (PVI).
2.3.2 Revisão sistemática
Procedimento de Revisão
Na primeira fase da análise, foi realizada uma pesquisa bibliográfica utilizando a
metodologia PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analysis).
A pesquisa bibliográfica foi realizada de setembro a dezembro de 2017, nas bases de dados
Scopus, Web of Science, Current Contents Connect, Science Direct, PubMed e MedLine, no idioma
inglês, abrangendo artigos entre 1998 e 2017 (20 anos).
O ponto de partida de toda a análise consistiu na definição de palavras-chave perante aquela
que é a questão problema, ou seja, perante tudo aquilo que se pretende descobrir e investigar.
Definiram-se então nove palavras-chave e de seguida as mesmas foram divididas em dois grupos
de pesquisa:
• Grupo 1: Indústria (cork, rubber, industry);
• Grupo 2: Aquilo que se pretende descobrir/investigar (risk, disease/disorder/hazard,
chemic*, nitrosamine*, occupational exposure, carcinogen*).
No total, foram realizadas 11 combinações para 11 pesquisas, tendo sido elaboradas frases
nas quais foram incluídas as palavras-chave no título bem como nas palavras-chave e resumo dos
artigos pesquisados (por exemplo: Title (Rubber AND Industry) AND Title-ABS-Key (Disease OR
Disorder OR Hazard AND Risk)). Foram utilizados os operadores booleanos AND e OR de forma
a interligar as palavras-chave selecionadas. Neste estudo foram apenas considerados artigos
publicados e artigos de revisão. Foram excluídos artigos que estavam fora do período temporal
estabelecido (1998 - 2017), com idioma que não fosse o inglês, que não fossem artigos publicados
ou artigos de revisão, que o tipo de fonte não fosse jornais e ainda artigos que, embora fizessem
referência a alguma das palavras-chave ou algum dos temas de interesse, não correspondiam àquilo
que se pretendia, ou seja: indústria do calçado, estudos ambientais, pneus de borracha e estudos
ergonómicos. Os artigos selecionados foram recolhidos através de um software que organiza e
compartilha documentos de pesquisa, denominado EndNote, e organizados em pastas de acordo
com a pesquisa e com a base de dados de origem. Todas as informações foram ainda registadas
num ficheiro Excel.
Análise de Resultados da Revisão Sistemática
Após a realização de todas as pesquisas, obteve-se um total de 943 artigos recolhidos.
Considerando os filtros utilizados para refinar a pesquisa, obteve-se: 452 artigos rejeitados devido
ao período temporal estabelecido, 33 pelo tipo de documento, 8 artigos devido ao tipo de fonte, 37
artigos pelo idioma e 107 artigos fora de tema, num total de 637 rejeitados. Após a aplicação destes
filtros obteve-se um total de 306 artigos selecionados, sendo que 93 correspondiam à base de dados
SCOPUS, 40 à Web of Science, 35 à Current Contents Connect, 8 à Science Direct, 38 à PubMed
e 92 à MedLine. Contudo, entre todos estes artigos, estavam incluídos 253 repetidos, que foram
retirados recorrendo ao gestor de referências EndNote, através da organização dos mesmos por
26
ordem alfabética, obtendo-se então um total de 53 artigos a serem analisados numa nova tabela
que foi criada em Excel.
Para que se pudesse realizar uma seleção mais aprofundada dos artigos, procedeu-se à
obtenção do texto completo dos mesmos, tendo sido recolhidos 29 artigos pelas bases de dados e
os restantes 24 pedidos à Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. Apenas 1 artigo foi
obtido pela faculdade, tendo sido então necessário proceder a uma pesquisa mais aprofundada dos
artigos completos. Os mesmos foram encontrados, posteriormente, graças à base de dados PubMed
(4 artigos) e a outros dois sites (13 artigos). Porém, ficaram em falta 6 artigos que não foram
possíveis de encontrar, tendo sido excluídos da pesquisa.
Para uma análise mais detalhada de cada um desses artigos, os mesmos foram organizados
numa nova tabela em formato Excel, que contemplava para cada artigo as seguintes informações:
Nome do artigo, Componentes do resumo (de forma a saber se o resumo se encontrava completo
e com as informações necessárias e mais relevantes do estudo em questão), Objetivo, Objetos de
estudo, Produtos químicos (se existe referência no artigo e quais), Metodologia, Efeitos/doenças,
Conclusão, Selecionado (Sim ou Não) e Observações (onde se colocou as informações relevantes
sobre a inclusão ou exclusão dos artigos), com o propósito de realizar uma seleção mais
aprofundada dos artigos obtidos da seleção anterior. Esta análise pode ser consultada no Anexo II.
Com a leitura de cada artigo selecionado e com o preenchimento desta última tabela, foi
possível fazer uma melhor seleção dos mesmos, tendo em conta o tipo de informação que foi
contemplada na tabela.
Após o registo de todas as informações suprarreferidas, procedeu-se à seleção dos artigos,
obtendo-se um total de 18 selecionados e 35 excluídos. Para a exclusão dos mesmos, procedeu-se
à seleção de um conjunto de critérios de exclusão, nomeadamente: artigos que não possuíam
resumo ou no qual o resumo não se encontrava completo (com as informações: objetivo,
metodologia, resultados e conclusão), artigos que não faziam referência a produtos químicos ou a
doenças/efeitos e artigos referentes ao sistema reprodutor feminino.
Na Figura 8 é apresentada toda a metodologia seguida para a realização de todo o processo
de pesquisa:
No que diz respeito aos artigos obtidos, o objetivo posterior foi avaliá-los
pormenorizadamente, definindo o tipo de indústria, o local do estudo, a amostra em questão, o
tempo de empregabilidade, a duração do estudo, os contaminantes químicos que cada um retrata,
a metodologia, a dose/concentração, o tempo de exposição, os resultados e discussão, os possíveis
efeitos na saúde e a conclusão. Toda esta avaliação mais aprofundada foi então a base teórica para
a realização deste estudo que fundamentou todos os resultados obtidos. Esta tabela pode ser
consultada no Anexo II (Tabela 8).
Discussão de resultados da Revisão Sistemática
Neste tipo de indústria, os trabalhadores encontram-se expostos a grandes quantidades de
poeiras e vapores do processo de fabricação da borracha e da própria vulcanização da mesma.
Muitos agentes de cura, aceleradores, antioxidantes / antiozonantes e retardadores podem possuir
atividade mutagénica e/ou carcinogénica e podem assim contribuir para o risco total de cancro na
Incl
uíd
os
Artigos em Full-text analisados para elegibilidade
(n = 53)
Artigos excluídos (n = 35)
Razões de exclusão: Artigos sem resumo ou
com resumo incompleto, artigos sem referência a produtos químicos ou a doenças/efeitos, artigos
referentes ao sistema reprodutor feminino. Artigos incluídos na
síntese qualitativa (n = 18)
Tri
agem
E
legib
ilid
ad
e
Artigos antes da remoção de duplicados
(n = 306) Artigos duplicados
(n = 253)
Iden
tifi
caçã
o
Artigos identificados através de outras fontes
(n = 0)
Artigos rastreados
(n = 943)
Artigos excluídos (n = 637)
Critérios de exclusão: data, tipo de documento, tipo de fonte, língua e outro tema (indústria do calçado,
estudos ambientais, pneus de borracha, estudos ergonómicos)
Artigos identificados através de bases de dados
(n = 943)
Figura 8. PRISMA 2009 Flow Diagram
28
indústria da borracha. Segundo Gemitha & Sudha (2013), a IARC descreveu que os trabalhadores
da indústria da borracha estão expostos a aminas aromáticas, negro de carbono, hidrocarbonetos
aromáticos policíclicos, nitrosaminas e solventes que são conhecidos por serem genotóxicos.
Outros possíveis contaminantes são também o estireno, os ftalatos e o 1,3-butadieno. Neste caso,
a inalação é a principal via de contaminação, embora os colaboradores possam também estar
sujeitos à exposição dérmica.
Neste tipo de processo, muitos agentes, aceleradores, antioxidantes/antiozonantes e
retardadores, podem possuir atividade mutagénica e/ou carcinogénica e podem, desta forma,
contribuir para o risco de cancro na indústria da borracha. Existe um amplo espectro de cancro
entre os trabalhadores deste tipo de indústria, sendo essas doenças causadas essencialmente pela
ação e interação de muitos produtos químicos carcinogénicos diferentes. Dado este problema, é
importante examinar as propriedades toxicológicas de alguns aditivos de borracha, com referência
especial às propriedades genotóxicas.
Existem evidências epidemiológicas sobre o risco de cancro entre trabalhadores da
indústria da borracha que indicam a presença de um risco generalizado de aumento moderado entre
trabalhadores da borracha para o cancro da faringe, do esófago, do estômago, da próstata, do colo
do útero, da bexiga, da cavidade oral, do lábio, gastrointestinal, da laringe, do fígado, da vesícula
biliar, do pâncreas, do rim, do pulmão e linfo-hematopoiético. Outras doenças que podem surgir
da exposição aos contaminantes químicos da indústria da borracha são neoplasias linfóides
(leucemia linfóide, linfoma “não-Hodgkin” (NHL), linfoma de Hodgkin e Mieloma Múltiplo),
neoplasias mielóides (leucemia mielóide e monocítica, mielofibrose, mielodisplasia, distúrbios
mieloproliferativos e policitemia vera), leucemia linfocítica crónica (LLC), leucemia mielogénica
aguda (LMA), leucemia mielogénica crónica (LMC), bronquite crónica, bronquite aguda e
doenças das vias respiratórias.
Associados à IARC estão muitas das investigações realizadas no âmbito da indústria da
borracha e que já identificaram muitos contaminantes potencialmente cancerígenos. A IARC
classificou as exposições ocupacionais na indústria da borracha como sendo “carcinogénicas para
os humanos” (Grupo 1). Esta conclusão foi baseada em evidências epidemiológicas suficientes
para leucemia, linfoma e cancro da bexiga, pulmão e estômago, enquanto que a evidência foi
considerada limitada para cancro da próstata, esófago e laringe (Bolognesi & Moretto, 2014).
Entre os contaminantes mais relatados na Indústria da borracha como sendo os que
potencialmente apresentarão um maior risco para a saúde, encontram-se o 1,3-butadieno, o
estireno, as N-nitrosaminas e os PAH’s.
1,3-BUTADIENO
O butadieno é utilizado desde 1943 para fabricar borrachas sintéticas e outros polímeros e
copolímeros (Graff et al., 2005). A IARC classificou o butadieno como cancerígeno para os
humanos (Grupo 1), baseada nas evidências suficientes em animais e humanos (Sathiakumar, Brill,
Leader, & Delzell, 2015). Em 2012, a IARC concluiu que existem evidências suficientes que
comprovam que BD causa cancro dos órgãos hematolinfáticos em humanos com base no aumento
do risco de leucemia em estudos epidemiológicos em trabalhadores da indústria da borracha de
estireno-butadieno (SBR) e no aumento do risco de leucemia e linfoma entre trabalhadores da
indústria de monómeros. O Relatório do Programa Nacional de Toxicologia sobre Carcinógenos
(10ª edição), lista também o butadieno como um conhecido carcinógeno em humanos.
Os estudos realizados por Delzell, Macaluso, Sathiakumar e Matthews (2001) e por
Sathiakumar, Brill, Leader e Delzell (2015), revelam a presença de uma exposição-resposta
positiva entre a exposição cumulativa a butadieno e leucemia, o que suporta a interpretação de que
BD causa cancro em humanos. Os resultados deste último estudo de 2015 não suportam uma
associação entre BD e Linfoma “Não Hodgkin” ou Mieloma Múltiplo.
Segundo os estudos de Cavallo et al. (2014) e Graff et al. (2005), o cancro da bexiga e a
leucemia estão positivamente associados à exposição a 1,3-butadieno na indústria da borracha.
ESTIRENO
A IARC classificou o STY como possivelmente cancerígeno para humanos (Grupo 2B)
com base em evidências limitadas em animais experimentais e em evidências inadequadas em
humanos (Sathiakumar et al., 2015). O estudo realizado por Sathiakumar, Brill, Leader e Delzell
(2015), revela que a exposição a estireno também apresenta uma relação positiva com leucemia
mas não existe suporte externo para uma associação entre STY e leucemia. Os resultados deste
estudo não suportam uma associação entre STY e mieloma múltiplo, mas revelam que STY está
associado positivamente a Linfoma “Não Hodgkin” (NHL). Graças aos estudos realizados por
Cavallo et al. (2014) e Graff et al. (2005), foi possível concluir que o cancro da bexiga e a leucemia
estão positivamente associados à exposição a estireno na indústria da borracha.
N- NITROSAMINAS
As nitrosaminas são uma classe de compostos químicos com a fórmula R2N-N=O (de
Vocht et al., 2007). Muitas nitrosaminas são suspeitas de serem carcinogénicas para os seres
humanos, embora ainda não tenham sido estabelecidas causas diretas. Os locais predominantes de
indução de tumores em animais incluem a cavidade oral, o esófago, o estômago, a bexiga e o
cérebro. Na indústria da borracha as maiores concentrações medidas foram durante processo de
vulcanização, devido ao uso extensivo de agentes de vulcanização, como por exemplo dissulfeto
de tetrametiltiuram (TMTD), dietilditiocarbamato de zinco (ZDEC) e
morfolinomercaptobenzotiazol (MBS). Pesquisas revelaram a genotoxicidade e carcinogenicidade
de algumas nitrosaminas voláteis descobertas na indústria da borracha: N-nitrosodimetilamina
(NDMA) e N-nitrosomorfolina (NMor), as mais comumente encontradas na indústria da borracha
(Monarca et al., 2001).
Segundo um estudo realizado por Vlaanderen et al. (2013), um dos postos de trabalho onde
se verificou uma incidência significativa de cancro do pulmão diz respeito ao local de “produção
30
de artigos técnicos de borracha” e que compreende a moagem e construção dos componentes, a
cura e a vulcanização, nos quais os trabalhadores estão expostos aos fumos das borrachas e à
potencial exposição às nitrosaminas (como resultado do processo de vulcanização), podendo-se
assim concluir que as mesmas se formam e libertam durante e após o processo de vulcanização.
Os trabalhadores de vulcanização são o especial grupo de trabalhadores de borracha com uma
extrema complexidade de exposição (Jonsson, Broberg, Axmon, Jonsson, & Littorin, 2007),
devido à reação que ocorre entre as aminas secundárias e os agentes nitrosantes para formar
nitrosaminas.
Num estudo realizado por Jonsson et al. (2009) observaram-se elevados níveis de n-
nitrosaminas no ar na indústria sueca da borracha. As n-nitrosaminas formam-se durante o
processo de vulcanização da borracha. Os aceleradores, necessários para o processo de
vulcanização, são decompostos quando é aplicado calor. Isto dá origem a aminas secundárias livres
que podem reagir com os agentes nitrosantes para formar N-nitrosaminas (L. S. Jonsson et al.,
2009). Os sintomas que se manifestaram após esta exposição às N-nitrosaminas foram: comichão,
ardor nos olhos, hemorragias nasais, ardor e secura na garganta, rouquidão, tosse seca grave,
náuseas e dores de cabeça. Nos estudos com aminas, N-nitrosodimetilamina demonstrou ser um
indutor extremamente potente de tumores, tendo sido expostos 36 ratos a uma concentração
específica de N-nitrosodimetilamina e 13 dos ratos desenvolveram cancro nas vias nasais. Segundo
o estudo realizado por Straif et al. (1998), este afirma que estudos recentes da China sugerem uma
associação entre nitrosaminas e cancro de esófago e, com base em experiências com animais e
estudos epidemiológicos em contextos não ocupacionais, as nitrosaminas são suspeitas de causar
cancro da bexiga.
Os resultados de um estudo realizado por De Vocht et al. (2007) revelaram algumas das
medidas que podem ser utilizadas para eliminar a exposição às nitrosaminas, nomeadamente a
introdução de ‘aminas seguras’21, tendo esta medida reduzido de duas a cinco vezes os níveis
médios de concentração de dois tipos de nitrosaminas (N-nitrosodimetilamina e N-
nitrosomorfilina).
HIDROCARBONETOS AROMÁTICOS POLICÍCLICOS (PAH’S)
Os trabalhadores da indústria da borracha estão em risco de exposição a PAH’s devido ao
uso de óleos extensores e nos vapores de borracha devido à combustão incompleta ou pirólise de
material orgânico. Hidrocarbonetos aromáticos policíclicos é um nome genérico para várias
centenas de compostos diferentes. Um deles é o pireno, que é metabolizado em 1-hidroxipireno
(1-HP), que por sua vez é conjugado em grande parte com glucuronídeo ou sulfato, e excretado na
urina (Jonsson et al., 2008).
Para Cavallo et al. (2014), a exposição a hidrocarbonetos aromáticos policíclicos é um fator
de risco importante para UBC (carcinoma da bexiga urotelial). Segundo os estudos de Cavallo et
al. (2014), o cancro da bexiga foi associado à exposição a PAH’s na indústria da borracha.
21 Podem substituir os produtos que dão origem a aminas secundárias, nomeadamente os aceleradores de vulcanização.
No produto final apresentam o mesmo efeito, mas não revelam constrangimentos na saúde dos colaboradores.
FATORES POTENCIALMENTE CONDICIONANTES
Para além da exposição aos contaminantes químicos presentes nas atmosferas laborais da
indústria da borracha, existem outros fatores de risco que podem condicionar e agravar a exposição
aos mesmos, nomeadamente: o posto de trabalho onde se encontram, a idade dos colaboradores, o
sexo, o consumo de tabaco, o consumo de álcool, os hábitos alimentares, o consumo de drogas e
a duração da empregabilidade.
Cavallo et al. (2014) afirmam que o tabaco é o fator de risco mais comum para UBC
(carcinomas da bexiga urotelial). Segundo o estudo realizado por Cavallo et al. (2014), não foram
identificadas diferenças estatisticamente significativas para fatores de confusão, tais como hábitos
tabágicos, exposição à radiação e consumo de drogas entre os trabalhadores da indústria da
borracha e controlos, enquanto diferenças significativas foram encontradas para idade e hábitos
alimentares. Gemitha & Sudha (2013) avaliaram também as consequências para fumadores e não
fumadores, tendo sido observado um aumento significativo das frequências de micronúcleos nos
trabalhadores expostos, sendo estes resultados idênticos a outros que sugerem uma associação
entre o tabagismo e a exposição ocupacional. Fumar é uma fonte conhecida de exposição aos
hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (Jonsson et al., 2008). Um aumento de níveis de 1-HP
(hidrocarboneto aromático policíclico) em fumadores, em comparação com os não fumadores,
também foi encontrado.
Também a idade e o sexo poderão ser fatores de relevante influência nos resultados e nas
possíveis consequências e exposições a contaminantes químicos da indústria da borracha. Segundo
o estudo realizado por Gemitha & Sudha (2013), no qual foram analisadas diversas variantes,
nomeadamente a idade dos colaboradores e o sexo dos mesmos, os resultados não foram
significativos, não sendo possível uma relação entre a exposição a contaminantes e as suas
possíveis consequências e a idade bem como o sexo dos colaboradores. Apesar de não haver ainda
uma concreta relação entre a possibilidade de influência da idade e sexo dos colaboradores, este
são dois fatores que têm sido alvos de estudo e que poderão realmente influenciar os resultados e
o aparecimento de doenças profissionais.
Segundo o estudo realizado por Gemitha & Sudha (2013), também o hábito do consumo
de álcool influenciou os resultados, tendo aumentado a frequência de micronúcleos nos
trabalhadores expostos.
No que diz respeito à duração da empregabilidade, e observando os resultados obtidos num
estudo realizado por Vlaanderen et al. (2013), os autores afirmam não terem encontrado nenhuma
relação clara com a duração do tempo de empregabilidade e os cancros em questão. Segundo os
resultados, existe uma maior taxa de mortalidade padronizada por cancro do estômago em
colaboradores com duração de empregabilidade compreendida entre os 30 e os 39 anos. Para o
cancro do pulmão, entre 1 e 9 anos de duração. Em relação ao cancro da bexiga, a duração de
empregabilidade compreende-se entre os 20 e os 29 anos. Para o sistema linfático, duração
compreendida entre os 10 e os 19 anos. No que diz respeito a leucemia, a maior taxa de mortalidade
padronizada encontra-se entre os 20 e os 29 anos de duração de empregabilidade. Para cancro do
32
esófago, duração superior a 40 anos de trabalho. Em relação ao cancro da laringe, a maior taxa de
mortalidade padronizada diz respeito de 1 a 9 anos de trabalho, tal como para o cancro da próstata.
Como se pode verificar, nestes casos a duração da empregabilidade não apresenta qualquer
relação, tendo em conta que em todas existe pelo menos uma elevada taxa de mortalidade
padronizada, não sendo possível apresentar uma explicação conclusiva. Em comparação, num
estudo realizado por Delzell et al. (2006) foi revelado um excesso de leucemia mielogénica aguda
em colaboradores cuja duração de empregabilidade era inferior a 20 anos.
Em relação aos postos de trabalho onde os colaboradores se encontram e observando, mais
uma vez, os resultados obtidos por Vlaanderen et al. (2013), os autores observaram uma incidência
significativa de cancro no pulmão em trabalhadores que se encontravam na “preparação de
materiais”. A “preparação de materiais inclui pesagem e mistura, dando origem a quantidades
substanciais de poeira, e a moagem e calandragem, onde os trabalhadores estão principalmente
expostos aos fumos das borrachas. Estes dois postos de trabalho em tudo se assemelham aos postos
de trabalho do Banbury e dos misturadores abertos existentes no local onde o presente estudo se
realiza. Também o estudo realizado por Straif et al. (1998) evidencia que foi verificado um
aumento de mortes nas áreas de trabalho de pesagem e mistura, assemelhando-se então ao posto
de alimentação do misturador fechado.
3 OBJETIVOS DA DISSERTAÇÃO
O presente estudo tem como principal objetivo avaliar e a identificar contaminantes
químicos no processo de aglomeração de cortiça com borracha, de modo a apreciar a exposição
profissional aos químicos libertados durante o processo de fabrico, inferindo sobre o seu nível de
perigosidade.
Como objetivos específicos, podem-se definir:
• Identificar possíveis contaminantes químicos libertados durante o processo;
• Identificar das fases do processo nas quais haverá libertação de contaminantes químicos;
• Conhecer previamente, através de estudos anteriormente realizados, quais os
contaminantes que se formam durante o sistema, comparando posteriormente com os
valores da monitorização realizada, para futura análise de resultados e interpretação dos
mesmos;
• Identificar de zonas/pontos críticos;
• Identificar de colaboradores mais expostos;
• Determinar quais as possíveis consequências/efeitos para a saúde dos colaboradores que se
encontram expostos aos mesmos;
• Definir e implementação de medidas de prevenção/correção.
4 MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 Metodologia
O trabalho desenvolvido foi dividido em diferentes fases (Figura 9), constituídas por
diferentes tarefas, nomeadamente:
Figura 9. Metodologia aplicada para a realização do estudo.
4.1.1 Inventário – Produtos químicos, borrachas, óleos
O objetivo foi realizar um inventário de todos os produtos utilizados durante o processo
produtivo, para que se conhecesse todas a informações sobre os mesmos e que a empresa tem à
disposição. As informações relativas a todos os produtos foram organizadas numa base de dados
para posterior análise (anexo III). No que diz respeito à identificação de produtos, os mesmos
foram recolhidos bem como as respetivas Fichas de Dados de Segurança (FDS), que devem
acompanhar cada um dos produtos. Para cada agente químico identificado, foram tidos em conta
alguns tópicos a avaliar na respetiva Ficha de Dados de Segurança (essencialmente as secções de
identificação da substância, de identificação dos perigos, da informação dos componentes da
substância, das medidas de primeiros socorros e de manuseamento e armazenagem do produto),
para que se pudesse verificar quais as que se encontravam em conformidade com os regulamentos
(CE) nº 1907/2006, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 18 de dezembro (REACH) e (CE)
nº 1272/2008 (CRE), de 16 de dezembro de 2008 (CLP).
4.1.2 Avaliação processo produtivo
Para realizar a apreciação da exposição, foram avaliadas todas as configurações dos
diferentes postos de trabalho bem como o processo produtivo para que se pudesse identificar as
áreas de trabalho, postos mais críticos e operadores mais expostos. Foi considerada a identificação
de tarefas de maior exposição, a identificação de vias de exposição, as rotinas de trabalho/tempos
de exposição, a disposição dos equipamentos no local de trabalho, nomeadamente as fontes de
exposição, locais arejados, presença de sistemas de extração e ventilação e locais de maior
Inventário - Produtos químicos, borrachas, óleos (e respetivas
FDS)
Avaliação do processo produtivo
Avaliação da produção do
setor do ano de 2017
Consulta aos trabalhadores
Monitorização química
Obtenção e interpretação de
resultados
Definição de medidas
corretivas/ preventivas
36
emanação de contaminantes químicos. No que diz respeito aos operadores, foram identificados os
que se encontravam mais expostos em cada tarefa, foram observadas as práticas de trabalho, foi
observada a utilização de equipamentos de proteção individual e foram observados os hábitos
pessoais de higiene.
4.1.3 Avaliação da produção do setor no ano de 2017
Sabendo que o setor em questão produz centenas de referências diferentes, optou-se por
realizar uma monitorização a massas que os colaboradores pudessem estar mais tempo expostos e
num maior número de vezes, tendo em conta que não seria exequível realizar a mesma para todas
as referências produzidas. Para isso, foi requisitado o registo de produção anual referente ao ano
de 2017, para que se percebesse quais as massas produzidas em maior quantidade, tendo em conta
o número de blocos, cilindros e folhas. Depois disto, foram realçadas as 10 massas mais produzidas
(quantidades de blocos, cilindros ou folhas) em 2017 e avaliadas tendo em conta a percentagem a
que correspondia a respetiva produção em relação ao valor total produzido durante o ano, tendo
sido selecionadas 4 dessas massas para a realização da monitorização.
4.1.4 Consulta aos trabalhadores
Para além da prévia análise da produção do ano de 2017, foi também feita uma abordagem
junto dos colaboradores mais expostos, de forma a que se percebesse quais as referências que lhes
causavam maior incómodo, nomeadamente em relação à quantidade de gases e vapores emanados
ou até mesmo possíveis irritações das vias respiratórias, ou dermatoses, que se poderiam verificar.
Esta abordagem foi realizada de forma informal, não apresentando um questionário específico.
Apenas para que os colaboradores expressassem a sua opinião.
4.1.5 Monitorização química
Depois de selecionadas as referências a monitorizar, foram avaliados os produtos
utilizados, analisando as Fichas de Dados de Segurança de cada um para que se percebesse que
perigosidades é que os mesmos apresentavam e desta forma fazer uma seleção dos agentes a
monitorizar. Foi feito o contacto com a empresa prestadora de serviços, A. Ramalhão –
Consultoria, Gestão e Serviços Lda, tendo a monitorização ocorrido num período de três dias
(14/05/2018 a 16/05/2018), contemplando medições nos três turnos. Dependendo do contaminante
a monitorizar, foram realizadas várias técnicas de análise, nomeadamente: Gravimetria,
Cromatografia gasosa com deteção de ionização de chama, Espectrometria de emissão ótica com
acoplamento de plasma induzido, Cromatografia gasosa por detetor seletivo de massa e
Cromatografia gasosa com detetor de Fósforo-Azoto.
4.1.6 Obtenção e interpretação de resultados
Depois de realizada a monitorização foi necessário interpretar os dados recolhidos. Neste
momento, os dados obtidos foram avaliados tendo em conta a NP 1796:2014 que estabelece os
valores-limite de exposição (VLE) a utilizar no âmbito da aplicação de estratégias de apreciação
do risco associado à exposição a agentes químicos nos locais de trabalho. Foi ainda necessário
realizar cálculos de efeito aditivo devido a agentes que apresentavam os mesmos efeitos
toxicológicos e aos quais os colaboradores estavam expostos em simultâneo.
4.1.7 Definição de medidas corretivas/preventivas
De forma a melhorar as condições de trabalho e a diminuir a exposição aos agentes
químicos, foram estudadas algumas medidas corretivas/preventivas. Durante todo este processo
de consideração para implementação de medidas corretivas/preventivas, deve-se sempre ter em
consideração todo o processo de controlo, seguindo sempre uma ordem hierárquica:
1º MEDIDAS TÉCNICAS
Promover a armazenagem, manuseamento e separação dos agentes químicos
incompatíveis. Assegurar que os equipamentos de trabalho e os sistemas de proteção aos
trabalhadores satisfazem as disposições legais sobre segurança e saúde relativas à sua conceção,
fabrico e comercialização. Organizar programas de inspeção e manutenção preventiva para todos
os equipamentos de trabalho, cumprimento das regras de segurança na manipulação de agentes
químicos, colocação de sinalização de segurança nos locais de trabalho, disponibilizar meios
apropriados de recolha, armazenagem e eliminação de resíduos, entre outras.
2º MEDIDAS DE INFORMAÇÃO/FORMAÇÃO
O empregador deve informar o colaborador sobre os procedimentos a seguir em caso de
acidente/incidente grave resultante da manipulação de agentes químicos, sobre os agentes
químicos perigosos presentes no local de trabalho, a sua identificação, os riscos para a segurança
e saúde, os valores limite de exposição e sobre as FDS referentes a cada produto químico existente
na área de trabalho. Os colaboradores devem receber formação sobre os procedimentos e as boas
práticas de segurança a adotar para minimizar a exposição, sobre as medidas de emergência que
38
dizem respeito aos produtos químicos perigosos e sobre a utilização de equipamentos e vestuário
de proteção.
3º MEDIDAS ORGANIZACIONAIS
Devem ser implementadas medidas sobre a organização do trabalho, nomeadamente: a
promoção da avaliação periódica dos riscos profissionais, a avaliação da qualidade do ar interior
e a concentração de agentes químicos no ar ambiente, a organização e gestão das FDS dos agentes
químicos presentes na empresa, a redução do número de trabalhadores expostos, da duração e do
grau de exposição (promover a rotatividade dos trabalhadores, reduzir o tempo de execução de
tarefas, introduzir pausas nas tarefas e introduzir alterações nos processos de trabalho e medidas
técnicas de controlo).
4º MEDIDAS DE VIGILÂNCIA MÉDICA
Devem ser realizadas, com alguma regularidade, medidas de vigilância da saúde dos
trabalhadores em atividades com exposição a agentes químicos. Esta vigilância deve contemplar
o rastreio de efeitos precoces e reversíveis.
5º MEDIDAS DE PROTEÇÃO COLETIVA (EPC)
São equipamentos de contenção que possibilitam a proteção do trabalhador e as demais
pessoas numa determinada área. Devem estar instalados em locais bem sinalizados e de fácil
acesso. São utilizados, portanto, para minimizar a exposição dos trabalhadores aos riscos e, em
caso de acidente, reduzir as suas consequências. Todos os trabalhadores devem estar treinados
para a utilização de equipamentos de proteção coletiva. A extração localizada é um exemplo de
EPC’s. Quando as medidas de proteção coletiva não forem suficientes para garantir a proteção
contra os riscos de acidente e/ou doenças profissionais, devem-se utilizar os equipamentos de
proteção individual, que protegem individualmente os trabalhadores.
6º MEDIDAS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI)
Este deve ser o último conjunto de medidas a serem implementadas e devem contemplar o
fornecimento de equipamentos de proteção individual, referentes à exposição a agentes químicos,
aos colaboradores que estejam expostos aos mesmos. Os EPI devem ser substituídos sempre que
as suas características protetoras deixarem de ser asseguradas e deve-se assegurar que os mesmos
são guardados em locais apropriados. Devem ainda ser implementadas regras de higienização22.
22 http://www.act.gov.pt/(pt-
PT)/crc/PublicacoesElectronicas/Documents/Guia%20para%20micro,%20pequenas%20e%20m%C3%A9dias%20e
mpresas.PDF (Consultado a 19/05/2018)
40
PARTE 2
5 RESULTADOS
Neste capítulo serão apresentados todos os resultados obtidos tendo em conta toda todo o
procedimento da metodologia apresentada.
5.1 Inventário – Produtos químicos, borrachas, óleos
Foi realizado um inventário de todos os produtos existentes na secção Cork Rubber
Materials, obtendo-se 91 produtos químicos e 20 borrachas, listados na Tabela 9 (Anexo III). Após
a realização desta listagem, foram analisadas todas as Fichas de Dados de Segurança de todos os
produtos (químicos e borrachas) existentes na plataforma de gestão de documentos da Amorim
Cork Composites e nas pastas de armazenamento de FDS. Esta análise permitiu que se entendesse
o estado das FDS que a empresa possuía, se se encontravam atualizadas ou não, e por outro lado,
perceber a perigosidade dos produtos presentes nesta secção, bem como outros tópicos
anteriormente referidos.
No total, foram analisadas 222 Fichas de Dados de Segurança, sabendo que cada produto
possuía mais do que um fornecedor. Algumas FDS analisadas encontravam-se desatualizadas e
outras inexistentes. Tendo em conta a análise destas Fichas de Dados Segurança, 12 FDS
identificaram 7 produtos como sendo inflamáveis (GHS02), 3 FDS identificaram 2 produtos como
sendo comburentes (GHS03), 5 FDS identificaram 5 produtos como sendo corrosivos (GHS05), 1
FDS identificou um produto como sendo de tóxicos (GHS06), 66 FDS identificaram 21 produtos
como sendo nocivos (GHS07), 9 FDS identificaram 4 produtos como sendo perigosos para a saúde
(GHS08), 59 FDS identificaram 15 produtos como sendo Perigosos para o ambiente (GHS09).
Depois esta análise, e após se ter verificado que a grande maioria das Fichas de Dados de
Segurança se encontrava desatualizada ou inexistente, foi solicitada uma listagem dos atuais
fornecedores, bem como respetivos contactos, de todos os produtos da Cork Rubber Materials
para que se pudesse contactar com os mesmos de forma a requisitar as Fichas de Dados de
Segurança dos produtos que atualmente são fornecidos à ACC.
Das FDS atualizadas, foram identificados 5 produtos inflamáveis, 3 produtos corrosivos, 2
produtos tóxicos, 18 produtos nocivos, 8 produtos apresentam perigos para a saúde e 12 produtos
são potencialmente perigosos para o ambiente. Foi então possível perceber que um total de 22
produtos apresentam perigosidade que pode afetar a saúde dos colaboradores (GHS05, GHS06,
GHS07 e GHS08), sendo que alguns apresentam múltiplos pictogramas. Todos estes produtos
foram tomados em atenção para o estudo em causa.
5.2 Avaliação do processo produtivo
Depois da abordagem das fichas, procedeu-se à análise do processo produtivo para que
fossem selecionados locais prioritários para a apreciação da exposição, tendo sempre em
consideração se são pontos de libertação de gases e vapores e se os colaboradores estão expostos
42
a produtos químicos ou a reações que ocorrem no interior de determinados equipamentos. Na linha
2 foi destacado o posto de trabalho de abastecimento do Banbury, sabendo então que os
colaboradores que aqui operam estão expostos aos produtos químicos quando os preparam para
abastecer na mistura e estão expostos também a todos os gases e vapores que são emanados do
interior do Banbury devido ao movimento de abertura e fecho da porta de alimentação do mesmo
(Figura 10 – Anexo IV). O mesmo acontece no Banbury da linha 1, tendo sido este um posto de
trabalho também priorizado (Figura 10 – Anexo IV). No piso 0 foram também destacados alguns
pontos para avaliação, nomeadamente na zona das estufas tendo em conta que os produtos são
submetidos a elevadas temperaturas e no interior das mesmas ocorre o processo de vulcanização
constituído por uma série de reações químicas (Figura 11 – Anexo V). Na linha 2 foi destacado o
misturador aberto 5 por ser o que se segue à porta de descarga dos materiais que se encontram no
interior do Banbury (Figura 11 - Anexo V). Os colaboradores que se encontram nestes postos estão
expostos aos gases libertados das reações que ocorrem no interior do Banbury devido à existência
porta de descarga dos materiais que são encaminhados para o misturador aberto 5. O mesmo
acontece no caso do misturador aberto 1, tendo sido este um posto de trabalho também selecionado
para avaliação (Figura 11 – Anexo V). A localização destes postos de trabalho pode ser consultada
no Anexo V.
5.3 Avaliação da produção do setor do ano de 2017
No Anexo VI é possível verificar a Tabela 10 que representa a produção do ano de 2017
referente à secção Cork Rubber Materials, na qual são apresentados o nome da referência, o
número de blocos/cilindros/folhas e a percentagem a que a respetiva produção corresponde no total
anual. As 10 massas mais produzidas no ano de 2017 correspondem a 43285
blocos/cilindros/folhas produzidos na sua totalidade, o que equivale a cerca de 61,38% da
produção total das linhas CR1 e CR2 (incluindo FCE’s), o que representa a grande maioria da
produção das mesmas.
5.4 Consulta aos trabalhadores
Após o diálogo com os trabalhadores, explicando aos mesmos o que se pretendia com este
estudo, as massas reportadas pelos mesmos passaram na sua maioria por AF, C e BU. Porém,
foram ainda referidas outras, tais como: AU/DR (versões distintas), massas do grupo
L/O/Q/R/W/Y/BI//BZ/DS//DV/DY e do grupo A/B/C/F/S/AG/AS/AT/BF/DD/DH e ainda as
referências BL, AC, X. Referiram ainda que as massas com sílica lhes causavam algum incómodo.
5.5 Monitorização química
Tendo em conta a tabela de produção de 2017 e as massas reportadas pelos colaboradores,
fez-se o planeamento inicial, tal como apresentado na Tabela 3:
Tabela 3. Planeamento inicial.
PLANEAMENTO INICIAL
DESIGNAÇÃO QTDD (B/C/F) %
A + B (DIFERENTES VERSÕES) 15775 22,37
C 6127 8,69
F 3210 4,55
AF 366 0,52
TOTAL 25478 36,13
As massas primeiramente selecionadas são as que se encontram na Tabela 3,
correspondendo à produção total de 25478 blocos/cilindros/folhas, o que equivale a cerca de 36%
da produção total do ano de 2017.
No momento do planeamento em conjunto com a área CRM, surgiram algumas
dificuldades no que diz respeito às massas que se pretendiam monitorizar inicialmente (que seriam
aquelas que em 2017 apresentaram uma produção considerável, comprovando assim que
possivelmente seriam as massas às quais os colaboradores se encontravam mais expostos) e que
não eram compatíveis com o planeamento semanal. Em conjunto com a área foram redefinidas as
massas de forma a que fosse concordante com o planeamento e que ao mesmo tempo
apresentassem uma produção em 2017 que fosse considerável. Foram então selecionadas 5
referências, apresentadas na Tabela 4:
Tabela 4. Referências monitorizadas.
REFERÊNCIAS MONITORIZADAS
DESIGNAÇÃO QTDD (B/C/F) %
E 4470 6,34
I 2013 2,85
W 776 1,10
BA 198 0,28
K 1155 1,64
X 748 1,06
TOTAL 9360 13,27
A seleção das massas a monitorizar corresponde a 9360 blocos/cilindros/folhas produzidos
em 2017, o que equivale a cerca de 13% da produção total do ano em questão.
44
Após a conclusão de toda a planificação em conjunto com a área, foi então realizado o
plano apresentado na Tabela 5:
Tabela 5. Planeamento da monitorização.
REFª CONTAMINANTE TIPO DE
AMOSTRADOR
LOCAL DE
AMOST.
T
(MIN) MISTURA DIA TURNO
E
1,3-butadieno + Alumínio Pessoal Misturador
Aberto 1 50 M. Final 14/05/2018 1
Partículas Respiráveis +
Partículas Totais Pessoal Banbury 1 80 - 90 M. Mãe 14/05/2018 1
N-Nitrosaminas Estático Estufa 4 400 Estufas 15/05/2018 1
I DEHP + 1,3-butadieno Pessoal Misturador
Aberto 1 240 M. Final 15/05/2018 3
W +
BA
Partículas Respiráveis +
Partículas Totais Pessoal Banbury 2 80 - 90 M. Mãe 16/05/2018 2
K
Alumínio + 1,3-butadieno Pessoal Misturador
Aberto 1 50 M. Final 16/05/2018 2
PAH’s Pessoal Misturador
Aberto 1 15 - 30 M. Final 16/05/2018 2
Partículas Respiráveis +
Partículas Totais Pessoal Banbury 2 80 - 90 M. Mãe 15/05/2018 2
X
Partículas Respiráveis +
Partículas Totais Pessoal Banbury 2 80 - 90 M. Mãe 15/05/2018 3
1,3-butadieno + PAH’s Pessoal Misturador
Aberto 5 50 M. Final 16/05/2018 1
N-Nitrosaminas Estático Estufa 4 400 Estufas 16/05/2018 2
A técnica de análise utilizada para partículas totais bem como partículas respiráveis foi a
gravimetria, para 1,3-butadieno e Ftalato de di-2-etil-hexilo (DEHP) foi cromatografia gasosa com
deteção de ionização de chama, para alumínio foi espectrometria de emissão ótica com
acoplamento de plasma induzido para PAH’s foi cromatografia gasosa por detetor seletivo de
massa e para N-nitrosaminas foi cromatografia gasosa com detetor de fósforo-azoto.
Os resultados obtidos nas monitorizações podem ser consultados na Tabela 11, no Anexo
VII. Para a interpretação de resultados, recorreu-se à Norma Portuguesa 1796:2014 que contempla
os valores-limite de exposição profissional a agentes químicos. Perante os resultados obtidos,
podemos observar que nenhum dos valores excede o VLE tabelado. Esta norma define ainda
Valores-limite de exposição para misturas de agentes (Anexo E da NP 1796:2014). Este conceito
aplica-se quando, simultaneamente e sequencialmente, os colaboradores estão expostos a uma
mistura que possui agentes químicos que apresentam o mesmo efeito toxicológico. Nestas
situações, eles não devem ser avaliados individualmente, mas sim como um efeito combinado. Os
efeitos toxicológicos podem ser consultados na coluna “Base do VLE” presente no Quadro dos
VLE da mesma norma. Neste caso, esta situação aplica-se às Partículas Totais e Partículas
Respiráveis das referências E, W + BA, K e X, que apresentam o mesmo efeito na saúde (asma e
efeitos na função pulmonar). O efeito aditivo é calculado através da fórmula da Equação 1:
𝐶(1)
𝑉𝐿𝐸 (1)+
𝐶(2)
𝑉𝐿𝐸 (2)+ ⋯ +
𝐶(𝑛)
𝑉𝐿𝐸 (𝑛)> 1 1. Cálculo do efeito
aditivo
Onde C (n) é a concentração atmosférica encontrada para o agente n e VLE (n) é o valor-
limite de exposição correspondente ao agente n. O VLE é excedido se o valor obtido for superior
a 1.
Segundo o Anexo F da NP EN 689:2008, se a apreciação da exposição profissional mostrar
que a exposição é inferior ao VLE, devem ser realizadas monitorizações periódicas subsequentes,
se necessário, em intervalos apropriados para assegurar que a situação se mantém. Esse intervalo
é de 64 semanas se a concentração do agente monitorizado não exceder ¼ do valor limite, 32
semanas se a concentração estiver entre ¼ e ½ do VLE e 16 semanas se a concentração exceder ½
do valor-limite, mas não exceder o próprio VLE. Tendo por base este anexo, verificou-se que para
a maioria dos agentes, a medição periódica seguinte pode ser realizada até às 64 semanas seguintes
desde a data da monitorização. No caso das partículas respiráveis e totais das referências E e X
(calculadas através do efeito aditivo), a próxima monitorização deverá ser feita até às 32 semanas
seguintes desde a data da monitorização.
5.6 Fatores potencialmente condicionantes
Para além da monitorização, foi realizado um estudo sobre alguns fatores que poderão levar
a que os colaboradores que se encontram expostos aos agentes químicos tenham maior
probabilidade de contração de doenças profissionais. Os dados podem ser consultados no Anexo
VIII.
Os dados recolhidos permitiram perceber que existe um total de 42 trabalhadores do sexo
masculino na área e que a média de idades é de cerca de 29 anos. Tendo em conta os postos de
trabalho, verificamos que os misturadores abertos correspondem ao posto que requer maior
número de colaboradores, correspondendo a um dos equipamentos que existe em maior número,
sendo necessários um total de 13 colaboradores. Logo a seguir aos misturadores abertos, o posto
com maior número de colaboradores expostos corresponde aos Banbury’s, sendo necessários um
total de 9 colaboradores. Estes dados apresentam-se designados na Tabela 6:
Tabela 6. Número de colaboradores por posto de trabalho.
POSTO DE TRABALHO
MISTURADOR ABERTO 13
BANBURY 9
TEAM LEADER 6
PRENSA DE MOLDE 5
PRENSA DE CORTE 4
46
FCE’s 3
GERAL 2
TOTAL 42
No que diz respeito ao consumo de tabaco, podemos verificar que 26 trabalhadores são
consumidores, correspondendo este valor a cerca de 62% dos colaboradores totais (Gráfico 3):
Gráfico 3. Percentagem de fumadores e não fumadores na CRM.
Para o estudo em questão foi também importante perceber a antiguidade de cada
colaborador no setor em questão (Gráfico 4):
Gráfico 4. Antiguidade dos colaboradores no setor CRM (em anos).
62%
38%
CONSUMO DE TABACOFUMADORES
NÃO FUMADORES
21%
5%
74%
ANTIGUIDADE NO SETOR (ANOS)
1 ANO
2 ANOS
3 ANOS
6 DISCUSSÃO
Perante os resultados obtidos verificamos que nenhum dos valores excede o valor-limite
de exposição, porém, foram encontrados alguns agentes químicos da indústria da borracha, ainda
que em reduzidas quantidades, que podem acarretar perigos para a saúde e despoletar o
desenvolvimento de doenças profissionais, nomeadamente o 1,3-butadieno e o estireno, tal como
comprovado, por exemplo, nos estudos de Delzell, Macaluso, Sathiakumar, Matthews (2001),
referente ao butadieno, e de Sathiakumar, Brill, Leader e Delzell (2015), em relação ao estireno.
Segundo o estudo realizado por Sathiakumar et al (2015), cerca de 86,8% dos
colaboradores de uma fábrica de borracha sintética na América do Norte contraiu leucemia quando
expostos a uma dose média de 379,5 ppm/ano de 1,3-butadieno (médias de 66 anos de idade e 34
anos trabalhados), 80,9% contraiu Linfoma “Não-Hodgkin” quando expostos a uma dose média
de 236,5 ppm/ano (médias de 69 anos de idade e 37 anos trabalhados) e 70,8% contraiu Mieloma
Múltiplo quando expostos a 359,6 ppm/ano (médias de 71 anos de idade e 37 anos trabalhados).
No estudo realizado por Graff et al (2005), na indústria de borracha sintética, cerca de 88% da
população contraiu um tipo de leucemia para uma dose mediana de cerca de 185 ppm/ano de 1,3-
butadieno (médias de 61 anos de idade e 17 anos trabalhados), 81% contraiu NHL para uma dose
de cerca de 139 ppm/ano (médias de 64 anos de idade e 21 anos trabalhados), 85% para MM com
cerca de 123 ppm/ano (médias de 66 anos de idade e 19 anos trabalhados) e 46% contraiu a Doença
de Hodgkin quando expostos a 55 ppm/ano (médias de 53 anos de idade e 14 anos trabalhados).
Em relação ao estudo realizado por Delzell, Macaluso, Sathiakumar & Matthews (2001), no
mesmo tipo de indústria dos estudos anteriores, desenvolveram-se vários tipos de leucemia em
cerca de 88% dos colaboradores expostos para um valor mediano de dose de cerca de 209,3
ppm/ano (médias de 61 anos de idade e 17,2 anos trabalhados). Já no estudo realizado por Cheng,
Sathiakumar, Graff, Matthews & Delzell (2007), cerca de 71,4% da população contraiu leucemia
quando expostos a um valor médio de dose de 396,8 ppm/ano (médias de 63,5 anos de idade e
29,5 anos trabalhados). Em relação ao estudo realizado por Nalini Sathiakumar, Brill & Delzell
(2009) para uma dose média de 292,0 ppm/ano de 1,3-butadieno, cerca de 78,8% dos expostos
contraíram cancro do pulmão (médias de 67,2 anos de idade e 17 anos trabalhados).
No caso do estireno, no estudo realizado por Sathiakumar et al (2015), 91,2% dos
colaboradores expostos a estireno contraiu leucemia a uma dose média de 64,3 ppm/ano (médias
de 66 anos de idade e 34 anos trabalhados), 88,8% contraiu Linfoma “Não-Hodgkin” a uma dose
média de 43 ppm/ano (médias de 69 anos de idade e 37 anos trabalhados), e 77,1% contraiu
Mieloma Múltiplo a uma dose de 89,9 ppm/ano (médias de 71 anos de idade e 37 anos
trabalhados). Em relação ao estudo realizado por Graff et al (2005) sobre a indústria de borracha
sintética, verificou-se que para uma dose mediana de 32 ppm/ano, cerca de 91% dos colaboradores
expostos contraíram leucemia (médias de 61 anos de idade e 17 anos trabalhados), 90% contraiu
NHL para uma dose mediana de 30 ppm/ano (médias de 64 anos de idade e 21 anos trabalhados),
85% contraiu MM quando expostos a uma dose mediana de 15 ppm/ano (médias de 66 anos de
idade e 19 anos trabalhados) e 54% contraiu Doença de Hodgkin para uma concentração mediana
de 6 ppm/ano (médias de 53 anos de idade e 14 anos trabalhados). Os resultados obtidos no estudo
de Delzell, Macaluso, Sathiakumar & Matthews (2001), revelam que para uma concentração
48
mediana de 36,6 ppm/ano de estireno, 92% dos colaboradores contraiu leucemia (médias de 61
anos de idade e 17,2 anos trabalhados). No estudo realizado por Nalini Sathiakumar, Brill &
Delzell (2009) verificou-se que para um valor de dose média de 56,4 ppm/ano de estireno, cerca
de 85,8% dos colaboradores contraiu cancro do pulmão (médias de 67,2 anos de idade e 17 anos
trabalhados).
Tendo em conta os valores anteriormente mencionados, e para que se pudesse realizar uma
comparação com os resultados obtidos, foi calculada a dose para os valores de 1,3-butadieno e
estireno, utilizando a Equação 2:
𝐷𝑜𝑠𝑒 = 𝑡 × 𝐶 2. Cálculo da dose
Os valores de dose obtidos para 1,3-butadieno correspondem a 83,95 ppm/ano para a
referência E, 87,60 ppm/ano para a referência K e 8,40 ppm/ano para a referência X. Foi detetado
estireno numa das monitorizações de PAH’s e o valor de dose obtido corresponde a 40,15 ppm/ano.
Estes valores são relativamente reduzidos em comparação com os valores obtidos nos estudos
anteriormente apresentados e estes valores de dose são estimados para uma produção diária destas
referências para um ano, o que não se verifica, tendo em conta que o planeamento é sempre
distinto, não sendo estas massas produzidas todos os dias. Por outro lado, são produzidas
referências que poderão ser similares. Em relação aos estudos anteriormente apresentados, a
incidência de doenças recai sobre idades mais avançadas (entre os 53 e os 71 anos de idade) e
sobre um número considerável de anos trabalhados (entre 14 e 37 anos trabalhados, o que não se
verifica neste caso tendo em conta que temos uma população jovem (média de 29 anos) e um
máximo de 3 anos trabalhados, sabendo que este setor se encontrou na unidade de Corroios até
2015, ano em que foi deslocado para Mozelos (Santa Maria da Feira).
No que diz respeito aos resultados de N-nitrosaminas, estes podem ser verificados no
Anexo VII. Relativamente a este agente, não estão definidos valores limite de exposição. Em
relação a N-nitrosodimetilamina, os efeitos toxicológicos associados passam por cancro do fígado
e do rim e lesão hepática. Para este agente, foi verificada a existência de valores limite de exposição
em alguns países, sendo que as concentrações obtidas foram inferiores ao valor mais exigente
apresentado pela Alemanha (0,000075 mg/m3)23. Este agente deve ser avaliado segundo um efeito
combinado (efeito aditivo), no entanto, e sabendo que não se encontra nenhum VLE definido, o
mesmo não foi calculado.
As nitrosaminas são formadas pela reação de aminas secundárias com agentes nitrosantes
do tipo NOx:
23 https://www.dguv.de/en/index.jsp (consultado a 13/06/2018)
AMINAS SECUNDÁRIAS + AGENTES NITROSANTES + CALOR = N-NITROSAMINAS
As aminas secundárias surgem dos ingredientes pertencentes à família dos aceleradores de
vulcanização e dos dadores de enxofre, que contém o grupo amina secundária na sua constituição.
Como aceleradores de vulcanização temos as aminas (BA, HMTA), os tiazóis (MBT, MBTS e
ZMBT), as sulfenamidas (MBS, DIBS e OTOS), as sulfenimidas (TBSI), os tiureias (ETU, DETU,
DBTU, DPTU e TMTU), os xantatos (ZIX), as guanidinas (DPG, DOTG e OTBG), os tiurames
(TMTM, TMTD, TETD, MPTD, DPTT), os ditiocarbamatos (ZDMC, ZDEC, ZDBC, ZSMC,
ZEPC, ZMPC, TDEC, ZBEC) e os ditiofosfatos (ZBPD). A família dos dadores de enxofre é a
fonte de enxofre que vai estabelecer as ligações químicas entre as cadeiras macromoleculares e
atua também como agente de vulcanização, melhorando as propriedades dos vulcanizados. Como
exemplos de dadores de enxofre geradores de nitrosaminas temos o DTMD e o MBSS.
São vários os tipos de nitrosaminas formadas na indústria da borracha, sendo dominantes
as seguintes: N-nitrosodimetilamina (Grupo 2A), N-nitrosodietilamina (Grupo 2A), N-
nitrosodipropilamina (Grupo 2B), N-nitrosodi-isopropilamina, N-nitrosodibutilamina (Grupo 2B),
N-nitrosopiperidina (Grupo 2B), N-nitrosomorfolina (Grupo 2B), N-nitrosopirrolidina (Grupo
2B), N-nitrosometilfenilamina, N-nitrosoetilfenilamina24. Alguns tipos de N-nitrosaminas estão
classificados, segundo a IARC, como pertencentes aos Grupos 2A e 2B, apresentando também
alguns sintomas associados, nomeadamente: comichão, ardor nos olhos, hemorragias nasais, ardor
na garganta e secura, rouquidão, tosse seca grave, náuseas e dores de cabeça (Lena S. Jonsson et
al., 2009). Em relação ao local onde se realizou a monitorização das N-nitrosaminas (estufas), o
mesmo não constitui um posto de trabalho, e desta forma a exposição é muito reduzida, não sendo,
portanto, possível concluir se existe algum tipo de sintoma associado a este local e ao fenómeno
de formação deste agente. No entanto, foram realizados levantamentos de sintomas dos
colaboradores que estão associados às tarefas realizadas na zona das estufas. Num total de 6
colaboradores, verificou-se que 4 não apresentam sintomas (2 fumadores e 2 não fumadores).
Apenas um referiu que já sentiu irritação ocular, sendo esse colaborador fumador. Um dos
colaboradores referiu que tem algumas irritações dérmicas. Perante estes sintomas, verifica-se que
a irritação ocular é um dos sintomas que se assemelha aos que são referidos por Lena S. Jonsson
et al. (2009), devendo ser dada atenção a este relato, apesar de poder não estar associado à
exposição química ocupacional.
No que diz respeito aos fatores potencialmente condicionantes, foram recolhidos alguns
dados, nomeadamente no que diz respeito à distribuição dos colaboradores pelos postos de
trabalho, o sexo, a idade, o consumo de tabaco e a duração de empregabilidade no setor em questão.
Em relação aos postos de trabalho onde os colaboradores se encontram, verificamos que
os que requerem maior afluência de trabalhadores são os postos dos misturadores abertos (porque
existe um número considerável destes misturadores no processo), com um total de 13
colaboradores, e os misturadores fechados (Banbury’s), com um total de 9 colaboradores expostos.
Vlaanderen et al (2013) observou, durante a realização dos seus estudos, que existe uma incidência
significativa de cancro no pulmão em trabalhadores que se encontravam na “preparação de
materiais”, processo esse que inclui a pesagem e mistura, a moagem e a calandragem. Este
processo descrito pelo autor em tudo se assemelha às tarefas que são realizadas nos misturadores
24 https://ctborracha.com/?page_id=13318 (Consultado a 3/06/2018)
50
abertos e fechados, estando estes 22 colaboradores em postos de trabalho onde existe uma
quantidade considerável de agentes químicos libertados, sejam eles poeiras ou gases e vapores
libertados após a mistura dos diferentes produtos.
Também o sexo e a idade são dois fatores relevantes. Neste estudo, a média de idades ronda
os 29 anos e os colaboradores, na sua totalidade, são do sexo masculino. Estes fatores têm sido
alvos de estudo, porém ainda não existem estudos concretos que comprovem que estes são fatores
que realmente podem influenciar na contração de doenças profissionais. Apesar disto, idades mais
avançadas estão mais associadas a um maior número de mortes por doenças profissionais.
No que toca ao consumo de tabaco, neste setor, cerca de 62% dos colaboradores são
fumadores. Os resultados obtidos por Gemitha & Sudha (2013) são idênticos a outros que sugerem
uma associação entre o tabagismo e a exposição ocupacional, podendo estes 26 colaboradores estar
mais suscetíveis à contração de doenças profissionais. No que diz respeito aos colaboradores que
são fumadores, não fará sentido, neste caso, realizar um estudo sobre os sintomas que se possam
fazer sentir nos mesmos, tendo em conta que poderão estar associados ao próprio consumo de
tabaco. No que diz respeito aos sintomas por parte dos colaboradores não fumadores, na sua
maioria não são apresentados sintomas, num total de 10 colaboradores. Alguns referiram alguns
sintomas, nomeadamente: enjoos (1), sangramento pelo nariz (1), irritação ocular (2), irritação
dérmica (2), dificuldades em respirar (2) e garganta irritada (1). Apesar de se fazerem sentir estes
efeitos, os mesmos poderão não estar diretamente associados à exposição química ocupacional que
se faz sentir no setor, podendo estar outros fatores associados à origem dos mesmos, o que não
invalida de se ter em conta e em atenção os relatos dados por parte dos colaboradores.
Em relação ao tempo de empregabilidade, a maioria dos colaboradores trabalha há cerca
de 3 anos no setor, sendo que este é o tempo máximo, tendo em conta que o setor em questão se
encontrava na unidade de Corroios até 2015, ano no qual foi movido para a Amorim Cork
Composites. Segundo os estudos realizados no que diz respeito a este tema, cada doença apresenta
um intervalo no qual é mais relevante, não sendo possível comparar com este caso em específico
tendo em conta que o tempo de empregabilidade é muito reduzido. Porém, segundo Vlaanderen et
al. (2013), existe uma maior taxa de mortalidade por cancro do pulmão em colaboradores com
duração de empregabilidade compreendida entre 1 e 9 anos.
6.1 Medidas corretivas/preventivas
Após uma análise dos postos de trabalhado, dos colaboradores que se encontram expostos,
dos produtos utilizados e processo produtivo, percebeu-se que algumas situações podem ser
críticas e podem revelar-se efeitos e consequências na saúde dos trabalhadores. A proposta ao se
implementar um sistema efetivo de controlo da exposição a agentes químicos no ambiente de
trabalho é encontrar a redução máxima da exposição e, consequentemente, do risco. Deve ser
implementado um conjunto de medidas preventivas e de boas práticas para prevenir efeitos
nocivos sobre a segurança e a saúde decorrentes da exposição a agentes químicos, atuando sobre
as estruturas, ao nível técnico, sobre a organização do trabalho, sobre as medidas de proteção
individual e sobre as medidas de informação/formação. Assim sendo, procedeu-se à sugestão de
algumas medidas de prevenção e correção aplicáveis aos postos de trabalho, mas também ao
processo produtivo bem como aos próprios colaboradores, que são sugeridas neste tópico.
6.1.1 Medidas Técnicas
Em relação às medidas técnicas, sugerem-se alterações no Banbury 1. O objetivo é atuar
na zona de alimentação do mesmo, tendo em conta que é por essa zona que são libertadas as
poeiras. Desta forma, o que se pretende é a colocação de uma cortina de PVC na envolvente da
abertura do Banbury 1, de forma a impossibilitar a fuga de poeiras e vapores para a zona de
permanência dos colaboradores. Na zona superior, colocação de um suporte de forma a colocar as
cortinas no mesmo. A zona inferior das cortinas de PVC não deve ficar mais baixa do que o nível
de abertura da porta quando a mesma se encontrar aberta (se possível, à mesma altura), não
impedindo assim a descarga dos materiais através do tapete transportador. Possibilitar a colocação
da cortina de PVC na zona superior do Banbury, para possíveis intervenções. Se possível, sobrepor
ligeiramente as cortinas entre elas (cerca de 5 cm), de forma a que a fuga de produtos químicos
seja o mais reduzida possível. Esta medida irá reduzir a projeção de gases e vapores e por outro
lado aumentar a eficiência dos mecanismos de extração localizada.
Em relação ao Banbury 2, o objetivo é replicar a situação do Banbury 1, atuando na zona
de alimentação do misturador fechado. Desta forma, o que se pretende é o prolongamento da
cortina de PVC na abertura do Banbury 2 (já existe uma cortina de PVC que cobre cerca de 1/3 da
boca de alimentação do misturador), de forma a impossibilitar a fuga de poeiras e vapores para a
zona de permanência dos colaboradores.
6.1.2 Medidas de Formação/Informação
De forma a que todos os colaboradores estejam devidamente informados sobre os produtos
aos quais se encontram expostos, devem ser desenvolvidas ações de formação aos mesmos, nas
quais devem ser dados a conhecer tópicos relativos à exposição química ocupacional: Explicação
do contexto das Fichas de Dados de Segurança, Pictogramas de perigo, Palavras-sinal,
Advertências de perigo, Recomendações de prudência, Produtos químicos mais críticos do posto
de trabalho, dar a conhecer todos os riscos inerentes aos postos de trabalho e o modo de controlar
esses riscos, dar a conhecer alguns dos efeitos da contaminação por agentes químicos, seja por
inalação, por contacto com a pele ou por ingestão (por exemplo: irritações, queimaduras, doenças
profissionais, entre outros), correto manuseamento de produtos químicos, como atuar em caso de
contaminação por algum agente químico (como utilizar corretamente os kits de contenção de
derrames, lava-olhos, etc…), como utilizar corretamente os equipamentos de proteção individual,
entre outros tópicos de relevante importância.
52
Sugere-se ainda a colocação de uma caixa para a colocação das FDS. Com esta medida o
que se pretende é que os colaboradores tenham todas as Fichas de Dados de Segurança, referentes
aos produtos aos quais se encontram expostos, disponíveis no posto de trabalho, de forma a que,
sempre que surgir uma dúvida em relação a algum produto, possam resolver a mesma de forma
rápida e autónoma. Estas caixas devem ser colocadas em locais específicos, em pontos de
armazenamento de produtos químicos e de forma a facilitar o acesso às mesmas.
6.1.3 Medidas Organizacionais
Neste ponto o que se pretende é uma verificação da disponibilização dos trabalhadores
pelos postos de trabalho, de forma a que se reduza ao máximo os trabalhadores nas áreas e nos
pontos mais críticos e mais suscetíveis de libertação de contaminantes químicos, de maneira a que
se proteja ao máximo todos os colaboradores. Neste ponto, e caso não seja possível a redução de
trabalhadores nas áreas mais expostas, sugere-se que haja rotatividade dos trabalhadores, de forma
a que os mesmos estejam o menor tempo possível em áreas com possível libertação de
contaminantes.
Sugere-se ainda uma revisão àquela que é a composição das massas produzidas, de forma
que se substitua componentes que são suscetíveis de dar origem a contaminantes ou que se reduza
as quantidades dos mesmos. As N-nitrosaminas devem ser um ponto prioritário tendo em conta
que as consequências e os efeitos das mesmas são de elevada gravidade. As aminas ou derivados
de aminas que não produzem nitrosaminas ou produzem nitrosaminas não cancerígenas, são as
chamadas aminas seguras (“safe amines”) (Alam, Mandal, Roy, & Debnath, 2014). No que diz
respeito a este contaminante, devem ser substituídos os aceleradores. Como exemplo temos:
• Sulfenamidas: MBS pode ser substituída por sulfenamidas do tipo CHBS ou TBBS; CBS
pode ser substituída por NOBS (N-oxidietil benzotiazil sulfenamida);
• Tiurames: podem ser substituídos por ZBEC (Dibenzilo ditiocarbamato de zinco),
ditiofosfatos, por uma combinação de aceleradores básicos e por TBzTD (Dissulfureto de
tetrabenzilo tiurame;
• Ditiocarbamatos: podem ser substituídos por ZBEC (Dibenzilo ditiocarbamato de zinco.
Outra medida igualmente aplicável poderá ser a adição de inibidores ou desativadores de
óxidos nitrosos, que impedem a formação de nitrosaminas. Alguns exemplos são agentes
fenólicos, que possuem um efeito de reduzir a formação de nitrosaminas, e as aminas derivadas da
ureia, que possuem um efeito destrutivo sobre os óxidos nitrosantes.
6.1.4 Medidas de Vigilância Médica
Devem ser realizados, com alguma regularidade, de forma contínua e em função das
exigências do trabalho e dos fatores de risco, iniciativas de vigilância médica para deteção
atempada de situações de alteração da saúde dos colaboradores. Este é um ponto importante na
deteção precoce de sinais e sintomas de doenças relacionadas com o trabalho, na limitação ou
controlo da progressão de alguma doença e das suas consequências ou complicações, na
diminuição da (re)incidência de alguma doença e na readaptação/reintegração de um trabalhador
com incapacidade25.
6.1.5 Medidas de Proteção Coletiva
Sugere-se um melhoramento das condições de ventilação por diluição, fornecendo assim
ar fresco e limpo vindo do exterior para a área laboral, diluindo assim possíveis contaminantes que
se encontrem dispersos no ar, o que vai reduzir a concentração dos mesmos. Colocação de pontos
de ventilação por diluição próximo dos pontos de libertação de contaminantes (Banbury’s,
abastecimento de cacifos, misturadores abertos e estufas), de forma a que este sistema possa
facilmente diluir os mesmos. Sugere-se ainda um melhoramento das condições de extração
localizada. Estes mecanismos são utilizados para captar contaminantes existentes na atmosfera dos
locais de trabalho, preferencialmente junto aos pontos de geração ou libertação dos mesmos. Nos
pontos nos quais se considera que há maior libertação de contaminantes (Banbury’s, abastecimento
de cacifos, misturadores abertos e estufas) existem sistemas de ventilação localizada, porém não
apresentam uma relevante eficácia, pelo que se sugere um melhoramento da mesma.
De forma a eliminar as poeiras nos locais da sua formação, devem ser tomadas medidas de
limpeza frequente sobre as partículas depositadas nos equipamentos e nos pavimentos, devido ao
facto de poderem entrar em suspensão com muita facilidade, pela sua diminuta dimensão. Deve
ser organizado um correto serviço de limpeza com meios de ação adequados (aspiradores
industriais, limpeza a húmido, etc…), evitando assim a utilização de ar comprimido, tendo em
conta que o mesmo pode acarretar graves perigos para a saúde, nomeadamente devido à inalação
das partículas que ficam em suspensão.
Como forma de atuação rápida no caso da ocorrência de uma possível contaminação na
área de trabalho, sugere-se a colocação de um chuveiro de emergência (se possível, que inclua
lava-olhos) no piso de alimentação dos Banbury’s, tendo em conta que os colaboradores que lá se
encontram são os que mais se encontram expostos aos produtos químicos e à possibilidade de
ocorrência de uma situação que requer a utilização de um sistema deste tipo.
6.1.6 Medidas de Proteção Individual
As medidas de proteção individual referem-se à disponibilização de equipamentos de
proteção individual. Neste caso, todos os colaboradores da Cork Rubber Materials possuem os
25 https://www.dgs.pt/saude-ocupacional/organizacao-de-servicos-de-saude-do-trabalho/requisitos-de-organizacao-e-
funcionamento/atividades/vigilancia-da-saude.aspx (consultado a 3/05/2018)
54
mesmos, nomeadamente: calçado de segurança, fardamento, chapéu de segurança, luvas, óculos,
proteção auditiva, máscaras de proteção contra poeiras e máscaras de proteção contra agentes
químicos, não sendo neste momento necessária uma alteração referente a este ponto. Neste ponto,
devem ser promovidas ações de sensibilização para o uso dos equipamentos em momentos e locais
apropriados e para a correta utilização dos mesmos.
7 CONCLUSÕES E PERSPETIVAS FUTURAS
7.1 CONCLUSÕES
No que diz respeito à indústria da borracha, o que se verifica é que realmente existe uma
grande preocupação sobre a exposição química ocupacional, sendo possível verificar em todos os
estudos que já foram realizados e os que atualmente se realizam, sendo este tipo de temática um
foco na empresa tendo em conta a vasta quantidade de produtos químicos que é utilizada na
mesma.
Com este estudo foi possível verificar e identificar que existem agentes contaminantes que
carecem de um maior cuidado e que estão diretamente associados a este tipo de indústria,
nomeadamente 1,3-butadieno, estireno e N-nitrosaminas, tendo sido aquelas mais tidas em atenção
durante todo este processo de apreciação química ocupacional.
Em relação à identificação das fases de processo que devem ser mais prioritárias no que
diz respeito a esta temática e de forma a que sejam realizados testes nestes locais, salientam-se os
misturadores fechados e as estufas, sabendo então que os produtos químicos são abastecidos no
interior destes equipamentos, são submetidos a altas temperaturas e reagem entre si. De salientar
também os misturadores abertos que se seguem imediatamente após a descarga dos materiais do
interior dos misturadores fechados (misturadores abertos 1 e 5). Nestes postos de trabalho os
colaboradores encontram-se totalmente expostos aos produtos que são descarregados do interior
dos Banbury’s e que reagiram quimicamente entre eles quando misturados e submetidos a altas
temperaturas. Como consequência, os colaboradores que se encontram nestas áreas encontram-se
então mais expostos por estas razões.
Os efeitos na saúde que se encontram associados aos agentes químicos identificados
dependem muito do tipo de contaminante em questão. Em relação aos resultados obtidos nesta
monitorização, os efeitos toxicológicos passam muito por doenças cancerígenas, doenças no trato
respiratório (superior ou inferior) e neuropatias.
Em relação aos fatores potencialmente influenciáveis no que diz respeito ao aumento da
probabilidade de contração de doenças profissionais, deve ser dada uma importante atenção à
população fumadora e à população que se encontra em postos de trabalho de maior exposição aos
agentes químicos.
No que diz respeito à implementação de medidas corretivas/preventivas, deve ser dada uma
importante atenção à implementação das mesmas e seguindo sempre uma ordem devidamente
hierarquizada, iniciando sempre a implementação pelas medidas técnicas e terminando nas
medidas de proteção individual.
Na fase de planeamento de toda a monitorização foram sentidos alguns constrangimentos,
principalmente no que diz respeito à seleção das referências a monitorizar, tendo em conta que
aquelas que foram monitorizadas não correspondem àquelas que inicialmente se planeava. Não foi
possível realizar o estudo de outra forma porque não era viável a área produzir as referências
apenas para que a monitorização fosse realizada, estando aqui alguns custos associados.
56
7.2 PERSPETIVAS FUTURAS
Com o desenvolvimento deste estudo tornou-se claro que existe um elevado risco de cancro
associado a este tipo de processo, nomeadamente no que diz respeito à indústria da borracha. Posto
isto, sugere-se que no futuro sejam feitas monitorizações mais pormenorizadas e que as mesmas
incluam referências que sejam relevantes no ponto de vista de produção, ou seja, que representem
uma percentagem considerável da produção total da área.
No momento do planeamento das monitorizações é importante ter sempre em consideração
a comunicação com os operadores e a escuta das suas opiniões, tentando perceber quais os seus
constrangimentos, dificuldades e limitações na realização de algumas tarefas e em alguns postos
de trabalho no que diz respeito à segurança e saúde dos próprios, tendo em conta que são eles que
se encontram expostos durante as 8 horas de trabalho diárias.
Sugere-se ainda que nas futuras monitorizações seja incluído o Estireno (STY), tendo em
conta que, pelos estudos apresentados anteriormente, pode apresentar também graves riscos para
a saúde. No que diz respeito a este agente bem como ao 1,3-butadieno, sugere-se que as próximas
monitorizações dos mesmos sejam realizadas no misturador aberto 5 aquando da produção da
mistura-mãe, sabendo que neste tipo de produto são utilizadas primeiramente as borrachas e
percebendo que estes dois agentes são parte da composição da maioria das borrachas utilizadas
neste setor.
O ideal, nestes casos, seria desenvolver todas as equações de balanço, através do
conhecimento aprofundado de todo o processo, e realizar uma posterior relação com os resultados
obtidos de monitorizações realizadas, focando naquilo que seria o ideal e que reduziria os custos.
Para este tipo de abordagem sobre a contaminação química ocupacional e tendo em conta
as diversas medidas de prevenção que são referidas anteriormente, a criação de uma base de dados
para o registo de valores obtidos das monitorizações, de sintomas, de medidas sugeridas e
implementadas, de custos associados, entre outros fatores que possam ser relevantes, pode ajudar
na análise deste tipo de abordagem, nomeadamente para que se perceba mais facilmente quais as
medidas mais vantajosas, menos custosas e que apresentam melhores resultados, diminuindo assim
a exposição química ocupacional. Desta forma, toda esta análise seria mais intuitiva.
8 BIBLIOGRAFIA
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exercício da atividade industrial, a instalação e exploração de zonas empresariais responsáveis,
bem como o processo de acreditação de entidades no âmbito deste Sistema;
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proteção dos trabalhadores contra os riscos para a segurança e a saúde devido à exposição a agentes
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2009;
Decreto-Lei nº 352/2007, de 23 de outubro, aprova a nova Tabela Nacional de Incapacidades por
Acidentes de Trabalho e Doenças Profissionais;
Decreto-Lei nº 381/2007, de 14 de novembro, aprova a Classificação Portuguesa das Actividades
Económicas, Revisão 3;
58
Decreto-Lei nº 73/2015, de 11 de maio, Procede à primeira alteração ao Sistema da Indústria
Responsável, aprovado em anexo ao Decreto-Lei n.º 169/2012, de 1 de agosto;
Decreto-Lei nº 98/2010, de 11 de agosto, estabelece o regime a que obedecem a classificação,
embalagem e rotulagem das substâncias perigosas para a saúde humana ou para o ambiente, com
vista à sua colocação no mercado;
Delzell, E., Macaluso, M., Sathiakumar, N., & Matthews, R. (2001). Leukemia and exposure to
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Miguel, A.S., 2014 - Manual de Higiene e Segurança do Trabalho, 13ª Edição, 2014;
Monarca, S., Feretti, D., Zanardini, A., Moretti, M., Villarini, M., Spiegelhalder, B., . . . Lebbolo,
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Norma Portuguesa (NP) 1796:2014 - “Valores limite de exposição profissional a agentes
químicos.”, Instituto Português da Qualidade (IPQ);
Norma Portuguesa (NP) EN 14042/2015 – “Atmosferas dos locais de trabalho – Guia para a
aplicação e utilização de procedimentos para a apreciação da exposição a agentes químicos e
biológicos”, Instituto Português da Qualidade;
Norma Portuguesa (NP) EN 482/2015 – “Exposição nos locais de trabalho – Requisitos gerais do
desempenho dos procedimentos de medição dos agentes químicos”, Instituto Português da
Qualidade;
Norma Portuguesa (NP) EN 689/2008 – “Atmosferas dos locais de trabalho: Guia para a
apreciação da exposição por inalação a agentes químicos por comparação com valores limite e
estratégia de medição”, Instituto Português da Qualidade;
Portaria nº 302/2013, de 16 de outubro, identifica os requisitos formais do formulário e os
elementos instrutórios que devem acompanhar os procedimentos de autorização prévia, de
comunicação prévia com prazo e de mera comunicação respeitantes à instalação, exploração e
alteração de estabelecimentos industriais;
Portaria nº 53/71, de 3 de fevereiro, aprova o Regulamento Geral de Segurança e Higiene do
Trabalho nos Estabelecimentos Industriais;
Regulamento (CE) nº 1272/2008 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 16 de dezembro,
relativo à classificação, rotulagem e embalagem de substâncias e misturas;
Regulamento (CE) nº 1907/2006 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 18 de dezembro de
2006, relativo ao registo, avaliação, autorização e restrição dos produtos químicos (REACH), que
cria a Agência Europeia dos Produtos Químicos;
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Sathiakumar, N., Brill, I., & Delzell, E. (2009). 1,3-butadiene, styrene and lung cancer among
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Sathiakumar, N., Brill, I., Leader, M., & Delzell, E. (2015). 1,3-Butadiene, styrene and
lymphohematopoietic cancer among male synthetic rubber industry workers - Preliminary
exposure-response analyses. Chemico-Biological Interactions, 241, 40-49.
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Sorahan, T., Hamilton, L., & Jackson, J. R. (2000). A further cohort study of workers employed
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60
control measures implemented over a nine-year period. Annals of Occupational Hygiene, 44(5),
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Vlaanderen, J., Taeger, D., Wellman, J., Keil, U., Schuz, J., & Straif, K. (2013). Extended cancer
mortality follow-up of a German rubber industry cohort. Journal of occupational and
environmental medicine, 55(8), 966-972. doi:10.1097/JOM.0b013e31829540f4.
9 ANEXOS
I. Classes de perigo
Tabela 7. Classes de perigo e respetivos pictograma, descrição e recomendações de prudência
PICTOGRAMA CLASSE DE PERIGO DESCRIÇÃO RECOMENDAÇÕES DE PRUDÊNCIA
PERIGOS FÍSICOS
Gás sob pressão
Contém gás sob pressão; Risco de explosão sob a ação do calor; contém gás
refrigerado; pode provocar queimaduras ou lesões criogénicas.
Manter ao abrigo da luz solar; usar luvas de proteção contra o frio/escudo facial/proteção ocular; consulte
imediatamente um médico.
Explosivo
Explosivo instável; Perigo de explosão em massa; Perigo grave de projeções; Perigo
de incêndio, sopro ou projeções; Perigo de explosão em massa em caso de incêndio.
Pedir instruções específicas antes da utilização; Não manuseie o produto antes de ter lido e percebido todas
as precauções de segurança; manter afastado do calor/faísca/chama aberta/superfícies quentes; Não
fumar; usar luvas de proteção/vestuário de proteção/proteção ocular/proteção facial; usar o
equipamento de proteção individual exigido; Risco de explosão em caso de incêndio.
Comburente Pode provocar ou agravar incêndios; comburente; Risco de incêndio ou de
explosão; muito comburente.
Manter afastado do calor/faísca/chama aberta/superfícies quentes; Não fumar; usar luvas de
proteção/vestuário de proteção/proteção ocular/proteção facial; enxaguar imediatamente com muita água a roupa e a pele contaminadas antes de se
despir.
2
Inflamável
Gás extremamente inflamável; Gás inflamável; Aerossol extremamente
inflamável; Aerossol inflamável; líquido e vapor facilmente inflamáveis; líquido e
vapor inflamáveis; sólido inflamável.
Não pulverizar sobre chama aberta ou outra fonte de ignição; manter afastado do calor/faísca/chama
aberta/superfícies quentes; Não fumar; manter o recipiente bem fechado; conservar em ambiente fresco;
manter ao abrigo da luz solar.
PERIGOS PARA A SAÚDE
Corrosivo Pode ser corrosivo para os metais; provoca
queimaduras na pele e lesões oculares graves.
Não respirar as poeiras/ fumos/ gases/ névoas/ vapores/ aerossóis; lavar cuidadosamente após
manuseamento; usar luvas de proteção/vestuário de proteção/proteção ocular/proteção facial; armazenar
em local fechado à chave Conservar unicamente no recipiente de origem.
Tóxico (nocivo)
Pode provocar irritação das vias respiratórias; pode provocar sonolência ou
vertigens; pode provocar uma reação alérgica cutânea; provoca irritação ocular grave; provoca irritação cutânea; nocivo por ingestão; nocivo em contacto com a
pele; nocivo por inalação. Prejudica a saúde pública e o ambiente ao
destruir o ozono na alta atmosfera
Evitar respirar as poeiras/ fumos/ gases/ névoas/ vapores/ aerossóis; Utilizar apenas ao ar livre ou em locais bem ventilados; Em caso de inalação: retirar a
vítima para uma zona ao ar livre e mantê-la em repouso numa posição que não dificulte a respiração; Em caso de ingestão: contacte imediatamente um Centro de Informação Antivenenos ou um médico em caso de indisposição; Usar luvas de proteção/vestuário de
proteção/proteção ocular/proteção facial; Se entrar em contacto com a pele: lavar com sabonete e água
abundantes; Se entrar em contacto com os olhos: enxaguar cuidadosamente com água durante vários
minutos; Se usar lentes de contacto, retire-as, se tal lhe for possível; Continuar a enxaguar; Não comer, beber
ou fumar durante a utilização deste produto.
Toxicidade aguda
Mortal por ingestão; mortal em contacto com a pele; mortal por inalação; tóxico por ingestão; tóxico em contacto com a pele;
tóxico por inalação.
Lavar cuidadosamente após manuseamento; Não comer, beber ou fumar durante a utilização deste
produto; Em caso de ingestão: contacte imediatamente um Centro de Informação Antivenenos ou um médico; Enxaguar a boca; Armazenar em recipiente fechado;
Não pode entrar em contacto com os olhos, a pele ou a roupa; Usar luvas de proteção/vestuário de
proteção/proteção ocular/proteção facial; Se entrar em contacto com a pele: lavar suavemente com sabonete e água abundantes; Despir/retirar imediatamente toda a roupa contaminada; Lavar a roupa contaminada antes
de a voltar a usar; Não respirar as poeiras/ fumos/ gases/ névoas/ vapores/ aerossóis; Utilizar apenas ao ar
livre ou em locais bem ventilados; Usar proteção respiratória; Em caso de inalação: retirar a vítima para
uma zona ao ar livre e mantê-la em repouso numa posição que não dificulte a respiração; Armazenar em
local fechado à chave.
Perigo grave para a saúde
Pode ser mortal por ingestão e penetração nas vias respiratórias; afeta os órgãos; pode afetar os órgãos; pode afetar a
fertilidade ou o nascituro; Suspeito de afetar a fertilidade ou o nascituro; pode
provocar cancro Suspeito de provocar cancro; pode
provocar anomalias genéticas; Suspeito de provocar anomalias genéticas; Quando
inalado, pode provocar sintomas de alergia ou de asma ou dificuldades respiratórias.
Em caso de ingestão: contacte imediatamente um Centro de Informação Antivenenos ou um médico; Não
provocar o vómito; Armazenar em local fechado à chave; Não respirar as poeiras/ fumos/ gases/ névoas/
vapores/ aerossóis; Lavar cuidadosamente após manuseamento; Não comer, beber ou fumar durante a
utilização deste produto; Em caso de indisposição, consulte um médico; Em caso de exposição: Contacte um Centro de Informação Antivenenos ou um médico;
Pedir instruções específicas antes da utilização; Não manuseie o produto antes de ter lido e percebido todas
as precauções de segurança; Usar o equipamento de proteção individual exigido; Em caso de exposição ou
4
suspeita de exposição: Consulte um médico; Evitar respirar as poeiras/ fumos/ gases/ névoas/ vapores/ aerossóis; Em caso de ventilação inadequada, usar
proteção respiratória; Em caso de inalação: Em caso de dificuldade respiratória, retirar a vítima para uma zona ao ar livre e mantê-la em repouso numa posição que
não dificulte a respiração.
PERIGOS PARA O AMBIENTE
Perigo para o ambiente
Muito tóxico para os organismos aquáticos com efeitos duradouros; tóxico para os
organismos aquáticos com efeitos duradouros.
Evitar a libertação para o ambiente; recolher o produto derramado.
II. Análise de artigos
Tabela 8. Análise dos artigos recolhidos.
AUTORES
ANO DE
PUBLICAÇÃ
O
ARTIGO
OBJETIVO
TIPO DE INDÚST
RIA
LOCAL DO
ESTUDO
AMOSTRA
TEMPO DE EMPREGABILIDAD
E
DURAÇÃO
DO ESTUDO
CONTAMINANT
ES QUÍMIC
OS
METODOLOGIA /
AVALIAÇÃO DA
EXPOSIÇÃO
DOSE /
CONCENTRAÇÃO
TEMPO DE
EXPOSIÇÃO
RESULTADOS E DISCUSSÃO
EFEITOS /
DOENÇAS
CONCLUSÃO
Bolognesi, C.,
& Moretto, A.
2014
Genotoxic
risk in rubber manufacturin
g industr
y: A system
atic review
Discussão e revisão do papel da exposição da pele na indústria da borracha, fornecendo uma visão geral das manifestações cutâneas e sistémicas das exposições ocupacionais em trabalhad
Indústria da borracha
Informação não disponível
Informação não disponível
1980 - 2008
Informação não disponível
Aminas aromáticas, hidrocarbonetos aromáticos policíclicos e N-nitrosaminas
Revisão sistemática: PRISMA statement
Informação não disponível
Informação não disponível
Exposição a misturas genotóxicas, estudos de biomonitorização, mutagenicidade urinária, Adutos de DNA, danos no DNA, danos nos cromossomas, mutações genéticas; a avaliação de dados na análise química não identificou substâncias específicas, classes de compostos ou processos responsáveis pela atividade genotóxica, com a exceção do butadieno, um muito bem conhecido composto cancerígeno; os estudos associados à produção de borracha sintética BD e BD-STY, descrevem um aumento da frequência de linfócitos mutantes HPRT
Leucemia, linfoma, cancros da bexiga, pulmão e estômago
São necessários mais estudos que abordem a genotoxicidade da exposição às misturas nas diferentes fases e processos de produção, de forma a restringir o controlo da exposição e as medidas preventivas.
6
ores de borracha modernos.
Cavallo, D.,
Casadio, V.,
Bravaccini, S., Iavicoli
, S., Pira, E.,
Romano, C.,
. . . Calistri
, D.
2014
Assessment
of DNA Damage and Telomerase Activit
y in Exfolia
ted Urinary Cells
as Sensitive and Noninvasive
Biomarkers for
Early Diagnosis of
Bladder
Cancer in Ex-
Workers of a
Rubber Tyres
Industry
Novas estimativas quantitativas do risco de cancro para exposição ao 1,3-butadieno
Indústria de pneus de borracha
Informação não disponível
159 ex-trabalhadores da indústria da borracha com idades entre os 31 e os 81 anos; 97 não expostos com idades entre os 30 e os 83 (controlo)
Informação não disponível
Informação não disponível
Fenil-2-naftilamina, aminas aromáticas (IPPD e 6PPD), negro de carbono, 1,3-butadieno, estireno, hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAPs)
Exames aplicados aos 159 trabalhadores: papanicolaou, teste de cometas e protocolo quantitativo de amplificação repetida da telomerase (TRAP); a deteção e monitorização do cancro na bexiga são normalmente feitos através de citologia urinária, citoscopia e histologia (outros métodos são enunciados no texto); MÉTODOS UTILIZADOS: investigar os danos no DNA por ensaio cometa e
Informação não disponível
1962 - 2006 (Fenil-2-naftilamina); 1981 - 1995 (Aminas aromáticas (IPPD, 6-PPD)); Todo o período (Negro de carbono, 1,3-butadieno, estireno, PAHs); Tabela 1
Não foram evidenciadas estatisticamente diferenças significativas para fatores de confusão, tais como hábitos tabágicos, exposição à radiação diagnóstica e hipóteses sobre drogas entre os trabalhaores da indústria da borracha e controles, enquanto diferenças significativas foram encontradas para idade e hábitos alimentares.
Cancro na bexiga (essencialmente)
A pesquisa mostrou que a análise desdes marcadores biomoleculares nas células da urina podem ser potencialmente mais precisos do que a citologia convencional na monitorização de trabalhadores expostos à mistura de potenciais carcinogénicos da bexiga, demonstrando a eficácia de uma nova geração de testes não-invasivos, para serem usados como diagnósticos precoces de cancro na bexiga em amostras que foram expostas a agentes carcinogénicos ocupacionais na fabricação de pneus
níveis de atividade da telomerase por ensaios TRAP, combinando estes com a análise FISH; os resultados são comparados com a comumente utilizada citologia e citoscopia usada como um padrão ouro; 2.1. Subjects; 2.2. Coleção de urina; 2.3. Ensaio cometa; 2.4. Ensaio TRAP; 2.5. Análise FISH; 2.6. Citologia; 2.7. Análise estatística
8
Cheng, H.,
Sathiakumar
, N., Graff,
J., Matthews, R., &
Delzell, E.
2007
1,3-Butadi
ene and
leukemia
among synthe
tic rubber industr
y worker
s - Exposu
re-respon
se relationships
Aprofundar a relação exposição-resposta entre vários índices de exposição ao BD e leucemia e estimar a relação exposição-resposta entre BD e todas as neoplasias linfóides ou todas as neoplasias mielóides
Indústria da borracha
América do Norte (2 empresas no Texas, 2 em Louisiana, 1 em Kentucky e 1 no Canadá)
16579 homens (488 excluídos pela regressão de Cox, obtendo-se um total de 16091 trabalhadores)
1944 - 1988; Pelo menos 1 ano
Informação não disponível
1,3-butadieno, estireno e DMDTC
Análise de regressão de Poisson; Regressão de Cox; Não foi ajustada a exposição ao estireno. A pesquisa epidemiológica não forneceu evidências consistentes de que esse agente causa leucemia em humanos
Resultados apresentados nas tabelas
Informação não disponível
A presente análise indica uma relação exposição-resposta entre todas as variáveis de exposição BD e leucemia; este estudo não resolveu questões sobre DMDTC e leucemia (não é claro que DMDTC cause leucemia
Neoplasias linfóides (leucemia linfoide, linfoma “não-Hodgkin”, linfoma de Hodgkin e mieloma múltiplo). Neoplasias mieloides (leucemia mielóide e monocítica, mielofibrose, mielodisplasia, distúrbios mieloproliferativos e policitemia vera)
Os presentes resultados suportam a presença de uma relação causal entre alta exposição cumulativa e alta intensidade de exposição ao BD e leucemia.
De Vocht,
F., Burstyn, I.,
Straif, K.,
Vermeulen,
R., Jakobs
son, K.,
Nichols, L., . .
. Kromhout, H.
2007
Occupational exposu
re to NDMA
and NMor in the
European
rubber industr
y
Investigar a prevalência de distúrbios da pele e a possível relação entre exposição dérmica e dermatite à mão na indústria da borracha na Holanda
Indústria da borracha
Alemanha, Holanda, Polónia, Reino Unido e Suécia
5 empresas (Alemanha, Suécia, Reino Unido, Holanda, Polónia)
Duas décadas
Informação não disponível
NDMA (C2H6N2O) e NMor (C4H8N2O2)
As medidas de um número de químicos utilizados foram codificados retrospectivamente usando um protocolo padrão num banco de dados comum, juntamente com informações auxiliares sobre tarefas, processos, medidas de controlo de exposição, métodos de amostragem e estratégia de medição.
Dados apresentados nas tabelas 2 e 3
Informação não disponível
Um aumento significativo na exposição média (+ 13% ano-1) foi observado nos departamentos diversos da indústria de produção de pneus; Os níveis mais altos de exposição média no processo de produção foram, tal como esperado, encontrados nos departamentos de cura, onde as aminas secundárias são libertadas e reagem com agentes nitrosantes para formar nitrosaminas; os resultados também mostraram uma exposição média maior nos departamentos "diversos" que incluíam principalmente medições durante as atividades de manutenção e engenharia, que são realizadas em todas as áreas das fábricas
Cancro do esófago, da cavidade oral e da faringe
Este estudo mostrou que a introdução de medidas para eliminar a exposição às nitrosaminas, tais como a introdução de 'aminas seguras' ou o controlo da exposição a fumos de borracha em geral, levou a uma diminuição de duas a cinco vezes nos níveis médios de concentração de NDMA e NMor na indústria alemã de borracha com níveis de concentração comparáveis no Reino Unido, Suécia, Holanda e Polónia. No entanto, a exposição a NDMA e NMor em situações ou processos específicos, particularmente processos de cura por banho de sal, não foi eliminada.
10
Delzell, E.,
Macaluso, M.,
Sathiakumar, N., & Matthews,
R.
2001
Leukemia and
exposure to 1,3-
butadiene,
styrene and
dimethyldithiocarbamate
among workers in the synthe
tic rubber industr
y
Determinar a mortalidade por cancro não respiratório pela área de trabalho entre trabalhadores masculinos ativos e aposentados da indústria alemã de borracha.
Indústria da borracha
8 empresas (7 nos EUA e 1 no Canadá)
13130 homens
Pelo menos 1 ano; de 1943 a 1991
Informação não disponível
1,3-butadieno, estireno e DMDTC
Foram usados os procedimentos de regressão de Poisson para obter a taxa relativa de probabilidade máxima (RR) e seu intervalo de confiança (IC) de 95% para o grupo de trabalhadores num agente / categoria de exposição em comparação com o grupo de trabalhadores não expostos ou com baixa exposição a esse agente.
Informação não disponível
Informação não disponível
A regressão de Poisson de um único agente analisa o ajuste para idade e anos, uma vez que as estimativas de exposição contratada e não-indicada indicam uma associação positiva consistente entre a BD e os pacientes com leucemia; DMDTC mg-anos / cm foi positivamente associado à leucemia; As associações globais com BD, STY e DMDTC não foram claramente restritas a formas particulares de leucemia.
Leucemia
Este estudo constatou que a leucemia foi positivamente e estatisticamente significativa associada com BD ppm-anos em análises que não controlaram para STY ppm anos ou para DMDTC; O BD é um carcinogéneo animal estabelecido, mas a ausência de um excesso de leucemia entre os trabalhadores da produção de monómeros BD desafia a hipótese de que o BD é um carcinogéneo humano; O DMDTC, embora positivamente associado à leucemia, não exibiu dose-resposta; Embora o DMDTC seja um depressor do sistema imunológico, não há evidências de que esse produto químico seja carcinogénico.
Delzell, E.,
Sathiakumar
, N., Graff,
J.,
2006
An updated study
of mortali
ty among
Investigar riscos de cancro na bexiga em trabalhad
Indústria da borracha sintética
América do Norte
17924 homens
Período de 1944 - 1991
7 anos BD, STY e DMDTC
Análise realizada através da taxa de mortalidade padronizada; Os fatores de
Informação não disponível
Informação não disponível
As doenças do sistema circulatório foram a maior causa de morte; Tipo de cancro por área de trabalho: trabalhadores da loja de manutenção têm a
Leucemia, Linfoma “não-Hodgkin” e Mieloma múltiplo;
Alguns subgrupos de trabalhadores da borracha sintética tiveram um excesso de mortalidade por leucemia; Alguns subgrupos de
Macaluso, M.,
Maldonado, G., &
Matthews,
R.
North Americ
an synthe
tic rubber industr
y worker
s
ores de uma fabricação de produtos químicos para a indústria da borracha.
emprego incluíam a duração do emprego computado até a data do último emprego conhecido e o tempo desde a contratação calculada com base na data de início do emprego no setor; utilização do Programa de Análise de Mortalidade Ocupacional (OCMAP) para calcular as SMRs e seus intervalos de confiança de 95%; Tabela 5 (tipo de cancro por área de trabalho)
maior taxa de cancro colorretal, trabalhadores do laboratório de manutenção têm a maior taxa de cancro da próstata, a mortalidade por leucemia está associada com o trabalho na polimerização, coagulação, laboratório de manutenção e outros laboratórios, a maior taxa de NHL foi verificada no acabamento e no laboratório de produção; Os trabalhadores da indústria de borracha sintética, no geral ou em certos subgrupos, tiveram mais do que o esperado de mortes por várias formas de cancro, incluindo leucemia, NHL, mieloma múltiplo e cancro colorretal e próstata; Um excesso de leucemia mielogénica aguda ocorreu em empregados de prazo relativamente curto com < 20 anos desde a contratação.
cancro linfo-hematopoiético
indivíduos tiveram mais mortes do que as esperadas por cancro no colorretal e próstata.
12
Gemitha, G.,
& Sudha,
S.
2013
Assessment
of Genotoxicity Among Rubber Industr
y Worke
rs Occupational
ly Expose
d to Toxic
Agents Using
Micronucleus Assay
Avaliar criticamente, realizando uma revisão sistemática, os estudos de biomonitorização disponíveis, usando biomarcadores de genotoxicidade na indústria de fabricação de borracha.
Indústria da borracha
Sul da Índia
35 trabalhadores expostos da indústria da borracha e 30 controlos
Informação não disponível
Informação não disponível
Aminas aromáticas, negro de carbono, PAHs, nitrosaminas e solventes
Células bocais esfoliadas foram recolhidas da população em estudo e foi examinada a existência de MN; as análises de MN nas células epiteliais mostraram ser um método sensível para a monitorização de danos genéticos na população humana
Informação não disponível
Informação não disponível
O presente estudo sugere que a exposição ocupacional aos químicos tóxicos da indústria da borracha pode causar dano genético; os trabalhadores mostraram uma indução significativa de MN quando comparados com os controlos; a indústria da borracha é extremamente complicada e envolve a exposição a uma larga variedade de agentes por contacto dérmico e por inalação; verificou-se um aumento da frequência de MN em fumadores e alcoólicos; este estudo mostra que existe uma associação entre o tabaco e a exposição ocupacional
Cancro do pulmão, gastrointestinal e da laringe; leucemia
Os resultados deste estudo indicam que os trabalhadores da indústria da borracha podem estar expostos ao risco de cancro.
Graff, J. J.,
Sathiakumar
, N., Macaluso, M.,
Maldonado,
G., Matth
2005
Chemical
Exposures in the
Synthetic
Rubber Industry and
Lymphohema
Determinar os níveis urinários de 1-hidroxipireno (1-HP) em trabalhadores de vulcaniza
Indústria da borracha sintética
América do Norte (5 fábricas nos EUA e 1 em Ontário, Canadá)
16579 trabalhadores da indústria da borracha sintética
1943 - 1998
Informação não disponível
BD, STY e DMDTC
Análises de regressão de Poisson examinaram as taxas de LHC em relação à exposição a butadieno, estireno e DMDTC.
Valores apresentados na secção Resultados
Informação não disponível
A exposição cumulativa ao 1,3-butadieno foi associada positivamente a todas as leucemias, leucemias mielógenas crónicas e, em menor escala, à leucemia linfocítica crónica; Os resultados deste estudo foram consistentes com investigação anterior e indicaram que a
Todos os tipos de LHC, linfoma “não-Hodgkin” (NHL), mieloma múltiplo, doença de Hodgkin, leucemia,
Este estudo encontrou uma associação positiva entre butadieno e leucemia que não foi explicada pela exposição a outros agentes examinados; STY e DMDTC foram associados a NHL; Não houve resultados consistentes e
ews, R., &
Delzell, E.
topoietic
Cancer Mortali
ty
ção sueca contemporânea e em controlos
leucemia estava positivamente associada à exposição cumulativa ao butadieno, estireno e DMDTC. Todos os índices de exposição ao butadieno foram positivamente associados à leucemia.
leucemia linfocítica crónica (LLC), leucemia mielogénica aguda (LMA), leucemia mielogénica crónica (LMC) e outras formas de leucemia.
persuasivos indicando que a exposição ao butadieno, estireno ou DMDTC cause mieloma múltiplo. A incerteza permanece sobre o(s) agente(s) específico(s) associado(s) ao excesso de leucemia entre trabalhadores da indústria de borracha sintética.
Jonsson, L. S.,
Broberg, K., Axmon, A., Bergendorf,
U., Littorin, M.,
& Jonsson, B. A. G.
2008
Levels of 1-
hydroxypyren
e, symptoms and
immunologic
markers in
vulcanization workers in the southe
rn Swede
n rubber industr
ies
Avaliar o potencial dano citogenético associado à exposição ocupacional a agentes tóxicos entre trabalhadores de borracha usando o teste de Micronúcleo (MN)
Indústria da borracha
Suécia: 8 fábricas
163 trabalhadores expostos; 106 controlos
Informação não disponível
Informação não disponível
PAHs (1-HP), TTCA
Histórias médicas e ocupacionais foram obtidas por entrevistas estruturadas; os níveis de 1-HP foram determinados por cromatografia líquida e detecção de fluorescência; análise estatística: análise de variância (ANOVA)
Informação não disponível
Informação não disponível
Os valores mais elevados de 1-HP foram encontrados entre trabalhadores expostos usando vulcanização por injeção e compressão e níveis mais baixos foram encontrados entre trabalhadores expostos a vulcanização com banho de sal, ar quente, microondas ou leito fluidizado; sintomas: sintomas nos olhos, hemorragias nasais, ardor e secura na garganta, rouquidão, tosse seca severa, náuseas e dor de cabeça; fumadores vs não fumadores(pag. 134); sintomas: olhos (comichão e / ou ardor) e garganta (ardor e
Informação não disponível (apenas sintomas)
O pireno tem baixa toxicidade: a toxicidade da HAP surge de outros compostos, por exemplo, benzo(a)pireno, mas os níveis dos metabolitos do benzo(a)pireno são demasiado baixos para serem monitorizados com precisão.
14
secura), bem como rouquidão e tosse seca severa, hemorragias nasais, náusea e dor de cabeça; o tabaco é uma fonte conhecida de exposição a PAH: um aumento nos níveis de 1-HP em fumadores, em comparação com os não-fumadores, também foi encontrado
Jonsson, L. S.,
Broberg, K., Axmon, A.,
Jonsson, B. A., & Littorin, M.
2007
Symptoms and
immunologic
markers
among vulcanization worker
s in rubber industries in
southern
Sweden
Examinar a presença de compostos mutagénicos / cancerígenos em poluentes aéreos na indústria da borracha usando uma abordagem química / biológica
Indústria da borracha
Suécia (sul); 8 empresas de borracha
166 trabalhadores expostos; 117 controlos
Informação não disponível
Informação não disponível
Dissulfeto de carbono
Análise à urina de forma a saber os níveis de 2-thiothiazolidine-4-4carboxylic acid (TTCA), que reflete a exposição, determinados por espectrometria de massa de cromatografia líquida; LC-MS-MS
Informação não disponível
Informação não disponível
Comparando com os controlos, os colaboradores expostos apresentam um aumento do risco de sintomas oculares, hemorragias nasais, ardor e garganta seca, rouquidão, tosse seca severa, náusea e dor de cabeça (mais evidentes nos colaboradores com níveis de TTCA intermédios); o grupo com elevados nível de TTCA apresentava elevada concentração de leucócitos, neutrófilos e eosinófilos; sintomas sentidos nos últimos 12 meses: olhos (comichão, ardor), nariz (sangramento, entupimento, espirro ou comichão) ou vias
Bronquite crónica e aguda e outros sintomas como: sintomas oculares, hemorragias nasais, ardor e garganta seca, rouquidão, tosse seca severa, náusea e dor de cabeça
Aumento de variados sintomas; este estudo mostrou que a exposição ainda causa efeitos significativos na saúde
integrada.
aéreas inferiores (tosse seca severa; dispnéia, chiado no peito, aperto no peito); outros sinomas foram associados com a exposição aos fumos (garganta irritada, secura, rouquidão, dor de cabeça, náusea); o método de vulcanização por compressão e injeção foi associado a mais sintomas do que os outros métodos
Jönsson, L. S.,
Lindh, C. H., Bergendorf,
U., Axmon, A., Littorin, M.,
& Jönsson, B. A. G.
2009
N-nitrosamines in the
southern
Swedish
rubber industr
ies – exposu
re, health effects,
and immunologic
markers
Avaliar a associação entre a exposição a vários produtos químicos e a mortalidade por cancro linfocemopoiético (LHC)
Indústria da borracha
Suécia: 8 empresas
96 trabalhadores; desses 96, 66 foram submetidos a um exame médico e análises ao sangue com mais 106 trabalhadores da indústria da
Informação não disponível
Informação não disponível
N-nitrosaminas: N-nitrosodimetilamina
LC/MS/MS - Sigma-Aldrich (mistura continha N-nitrosodimetilamina, N-nitrosomorfilina, N-nitrosopiperidina, N-nitrosodi-n-butilamina, N-nitrosodietilamina, N-nitrosopirrolidina, N-nitrosometiletilamina e N-nitrosodi-n-propilamina); exame médico; análises ao sangue;
Colaboradores da vulcanização:
4,2g/m3; dados disponíveis no capítulo da discussão (pag. 209)
Informação não disponível
Os níveis mais altos foram de N-nitrosodimetilamina; sintomas: comichão, ardor nos olhos, hemorragias nasais, ardor e secura na garganta, rouquidão, tosse seca grave, náuseas e dores de cabeça; os níveis das células examinadas (leucócitos, neutrófilos e eosinófilos) aumentou mais entre os trabalhadores expostos a elevados níveis de N-nitrosaminas; Tais produtos químicos nitrosáveis são aminas alifáticas secundárias formadas por aceleradores usados na indústria de borracha;
Cancro do esófago, lábio, cavidade oral e faringe; doenças das vias respiratórias
Foram encontrados elevados níveis de N-nitrosaminas no ar na indústria sueca da borracha; esses níveis precisam de ser consideravelmente reduzidos para diminuir o risco de cancro
16
borracha e 118 não expostos
análise estatística
dissulfeto de carbono é também formado por esses aceleradores; Ácido 2-tiotiazolidina-4-carboxílico (TTCA); nos estudos com animais, N-nitrosodimetilamina demonstrou ser um indutor extremamente potente de tumores (foram expostos 36
ratos a 120 g/m3 de N-nitrosodimetilamina e 13 dos ratos desenvolveram cancro no nariz)
Monarca, S., Feretti
, D., Zanardini, A., Moretti, M., Villarini, M.,
Spiegelhalder, B., . .
. Lebbol
o, E.
2001
Monitoring
airborne
genotoxicants in the rubber industry using genotoxicity tests and
chemical
analyses
Identificar biomarcadores sensíveis e não-invasivos de efeito carcinogénico inicial no órgão alvo para uso em estudos de biomonitorização de trabalhadores em
Indústria da borracha
Norte da Itália
4 fábricas de borracha
Informação não disponível
Informação não disponível
Nitrosaminas (N-nitrosodimetilamina, N-nitrosomorfilina) e PAHs
Os extratos foram também estudados por cromatografia gasosa / espectrometria de massa (GC / MS) para o conteúdo de hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (PAH). Nitrosaminas no ar ambiente foram amostradas em cartuchos e analisadas por GC com um detetor de energia
Nitrosaminas (N-nitrosodimetilamina: 0,10-0,98mg / m3; N nitrosomorfolina: 0,77‐240mg / m3) e HAP (HAP total: 0,34–11,35mg /
Informação não disponível
Nitrosaminas (N-nitrosodimetilamina: 0,10-0,98mg / m3; N nitrosomorfolina: 0,77‐240mg / m3) e PAH (PAH total: 0,34–11,35mg / m3); (consultar tabelas de resultados)
Cancro da bexiga, pulmão e laringe e para leucemia.
Em particular, análises químicas combinadas com uma bateria de testes de genotoxicidade que revelam diferentes endpoints genéticos (danos no DNA, mutação pontual e micronúcleos) detetaram a presença de várias genotoxinas voláteis e não voláteis e forneceram mais informações sobre os riscos potenciais à saúde. Os ambientes de trabalho da indústria da borracha poderiam ser utilizados para estudos
risco de exposição ocupacional prévia a possíveis carcinógenos.
térmica (TEA); análise de nitrosaminas e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos e estudo de genotoxinas voláteis e não voláteis com teste de mutagenicidade bacteriana (teste de Ames), teste de dano ao DNA (ensaio Cometa) em leucócitos humanos e teste de clastogenicidade in situ (teste Tradescantia / micronúcleos)
m3) (Resultados)
epidemiológicos prospetivos.
Sathiakumar
, N., Brill, I.,
& Delzell
, E.
2009
1,3-butadiene,
styrene and lung
cancer among synthe
tic rubber industr
y
Avaliar a associação entre exposição cumulativa ao 1,3-butadieno (BD) ou estireno (STY) e cancro do
Indústria de borracha sintética
Informação não disponível
4101 mulheres e 15958 homens
Apresentado nos gráficos; Para os homens: 1944 - 1998; para as mulhe
Informação não disponível
1,3-butadieno e estireno
Análises internas de regressão de cox; butadieno ou estireno não transformados; logaritmo natural (ln) - butadieno ou estireno contínuo transformado
Informação não disponível
Apresentado nos gráficos
Para as mulheres as análises usando butadieno não transformado não mostraram tendência; as mulheres da indústria de borracha sintética sempre expostas a BD e STY apresentam elevada taxa de mortalidade por cancro no pulmão comparado com trabalhadores não
Leucemia, linfoma “não Hodgkin”, cancro do pulmão
O estudo não é persuasivo para uma associação causal de BD e STY com o cancro do pulmão nas mulheres e não dá evidências para essa associação para o caso dos homens; é possível que o consumo de tabaco tenha influenciado alguns resultados em
18
workers
pulmão entre trabalhadores da indústria de borracha sintética
res: 1943 - 2002
expostos; pode ocorrer a exposição a PAHs na indústria da borracha sintética
relação às mulheres expostas
Sathiakumar
, N., Brill, I., Leader, M., & Delzell
, E.
2015
1,3-Butadiene,
styrene and lymphohematopoiet
ic cancer among male
synthetic
rubber industr
y worker
s - Prelimi
nary exposu
re-respon
se analys
es
Examinar a relação exposição-resposta entre 1,3-butadieno (BD) e estireno (STY) e leucemia, linfoma “não Hodgkin” (NHL) e mieloma múltiplo (MM).
Indústria da borracha
América do Norte (Texas, Louisiana, Kentucky e Canadá)
Leucemia (114 mortes), linfoma “não Hodgkin” (89) e mieloma múltiplo (48); 16579 trabalhadores
Pelo menos 1 ano; 1944 - 2009
Informação não disponível
1,3-butadieno e estireno
Regressão de Cox; Descreveu-se as plantas das operações e os métodos usados para identificar os assuntos, para desenvolver as histórias de trabalho e as estimativas de exposição
Informação não disponível
Colaboradores que tivessem trabalhado antes de 1 de janeiro de 1992 (com pelo menos 1 ano de empregabilidade)
Estireno despoletou uma exposição-resposta positiva associada à leucemia; estireno e butadieno não estão associados a MM; esta análise indica uma relação exposição-resposta entre a exposição cumulativa a butadieno e leucemia; estireno está associado positivamente a NHL; Leucemia: o presente estudo revela uma exposição-resposta positiva entre BD e leucemia para o homem; os trabalhadores de borracha sintética estão muito expostos a BD e pouco expostos a STY; atualizações recentes de estudos não revelaram associação entre a exposição a STY e leucemia; Collins et al. [8] no seu estudo não
Leucemia, Linfoma “não Hodgkin” e mieloma múltiplo
O presente estudo revela a presença de uma exposição-resposta positiva entre a exposição cumulativa a BD e leucemia, o que suporta a interpretação de que BD causa cancro em humanos; a exposição a STY também revelou uma relação positiva com leucemia mas não exists suporte externo para uma associação entre STY e leucemia; os resultados deste estudo não suportam uma associação entre BD e NHL ou entre BD ou STY e MM
encontrou risco associado à exposição a STY e leucemia; NHL: notou-se uma exposiçao-resposta positiva associada a STY e NHL; Collins et al não encontraram nenhuma associação entre STY e NHL; Mieloma Múltiplo: o estudo não revelou nenhuma relação entre BD e STY com MM na indústria da borracha SBR
Sorahan, T.,
Hamilton, L.,
& Jackson, J. R.
2000
A further cohort study
of worker
s employed at
a factory manufacturin
g chemicals for
the rubber industry, with special reference to
the
Avaliar a mortalidade e morbidade do cancro nos trabalhadores numa fábrica de produção de produtos químicos
Indústria da
borracha
Norte do País de Gales
2160 trabalhadores do sexo masculino (pagos por hora)
Dois grupos: empregados a partir de 1955 e trabalhadores que começaram a trabalhar no período 1955-84; empregados há menos
1955 - 1996
2-mercaptobenzothiazole (MBT) e seus derivados, anilina, phenyl-b-naphthylamine (PBN) e o-toluidine, 2,2,4-trimethyl-1,2-dihydroquinoline (TMQ)
Duas abordagens analíticas: padronização indireta e regressão de Poisson; Avaliação da exposição: Para os derivados de MBT e MBT, foram feitas estimativas de exposição média ponderada no tempo de 8 horas para cada trabalho e título do departamento e por vários períodos. Os
Informação não disponível
Dois grupos: empregados a partir de 1955 e trabalhadores que começaram a trabalhar no período 1955-84
Todo o grupo (Mortes observadas: 1131; mortes expectadas: 1114,5); Cancro (obs: 305, exp: 300,2); maior nº de mortes de trabalhadores que foram para a fábrica antes de 1955; 30 mortes devido a cancro na bexiga maligno; a regressão de Poisson mostrou que o risco de cancro aumenta nos departamentos onde existe PBN e o-toluidine; o mesmo não acontece nos departamentos onde existe MBT e anilina
Número elevado de mortes por cancro na bexiga (obs: 9, exp: 3,25); outros cancros
Alguns membros contraíram cancro da bexiga ocupacional; PBN poderá ser um possível carcinogénico de cancro da bexiga; não há nenhuma evidência de que a exposição ocupacional a estes químicos poderá aumentar o risco de cancro no intestino grosso; deve ser dada atenção ao cancro na bexiga porque foi a principal preocupação deste estudo; segundo as descobertas deste estudo pode-se dizer que PBN é um cancerígeno da bexiga; o-toluidina é um melhor candidato
20
chemicals 2-mercaptobenzothiaz
ole (MBT), aniline, phenyl
-b-naphthylamine and
o-toluidi
ne
de 6 meses foram excluídos
trabalhos atraíram exposição zero, exposição muito baixa (0-1 mg.m-3), baixa exposição (1-2,5 mg.m-3), exposição média (2,5-6 mg.m-3) ou alta exposição ( 6-20 mg.m-3); As estimativas de exposição foram então ajustadas por um fator de "fração de ano" para levar em conta o facto de que alguns trabalhos não foram associados à exposição ao MBT durante todo o ano de trabalho, por exemplo, campanhas de produtos; As exposições cumulativas individuais ao
a possível cancerígeno do que MBT; Não há resultados conclusivos para MBT
MBT ou seus derivados (variável dependente do tempo) foram estimadas pela soma dos produtos das durações relevantes de emprego e concentrações de exposição relevantes (mg.m-3.y ); as durações cumulativas do emprego nos departamentos de anilina, PBN e o-toluidina também foram calculadas como variáveis dependentes de três tempos.
22
Straif, K.,
Weiland, S.
K., Werner, B.,
Chambless,
L., Mundt, K. A., & Keil,
U.
1998
Workplace risk
factors for
cancer in the Germa
n rubber industry: part
2. Mortality from
non-respira
tory cancer
s
Fornecer opções para a produção de produtos de borracha, com uma revisão abrangente das alternativas de composição que reduzem ou eliminam a produção de nitrosaminas. Este documento também abordará as normas atuais, como as nitrosaminas são formadas
Indústria da borracha
Alemanha
11633 homens
Apresentado nos gráficos
1 janeiro 1981 - 31 dezembro 1991
Nitrosaminas, negro de carbono, asbestos, PAHs, aminas aromáticas, …
A definição e o acompanhamento da coorte, a avaliação do estado vital e a causa do óbito foram descritos numa publicação recente relatando a experiência geral de mortalidade dessa coorte e resumidos na parte I deste relatório, onde também estão apresentadas a classificação de exposição, a análise de dados, e as características gerais de coorte.
Informação não disponível
Informação não disponível
Mortalidade por cancro da faringe: Três outros estudos de coorte sobre trabalhadores da borracha forneceram resultados para cancro de lábio, cavidade oral e faringe combinados. Com base nas descobertas de um aumento do risco na área de trabalho IV, as nitrosaminas talvez devam ser mais investigadas; Mortalidade por cancro do esófago: A estimativa do ponto mais alto para o cancro de esôfago na indústria da borracha foi encontrada num estudo escandinavo sobre vinculação entre trabalhadores de vulcanização. Estudos recentes da China sugerem uma associação de nitrosaminas e cancro de esófago; Mortalidade por cancro do estômago: em 1982, um grupo de trabalho do IARC concluiu que havia evidências suficientes para o excesso de mortalidade por cancro de estômago entre trabalhadores
Cancro da faringe, cancro do esófago, leucemia, cancro do estômago, cancro da próstata, cancro da bexiga, cancro do colo, cancro do fígado, cancro da visícula biliar, cancro do pâncreas, cancro do rim, linfomas
Nitrosaminas têm sido discutidas como fatores de risco para cancro em vários locais encontrados em excesso nesta coorte, incluindo cancro de esófago, faringe, estômago e bexiga. Além disso, tentamos incluir avaliações da exposição ao amianto e ao talco, ao negro de fumo, aos solventes e às aminas aromáticas num tempo, código de centro de custo e matriz de exposição específica para a planta.
e as técnicas utilizadas para produzir produtos usando aceleradores que formam nitrosaminas não regulamentadas
empregados na indústria da borracha e evidência limitada para uma associação causal com composição, mistura e moagem. Todos os estudos que investigaram riscos por área de trabalho encontraram aumento de mortes nas áreas de trabalho de pesagem, mistura e fresamento; Mortalidade por cancro da bexiga: O risco foi encontrado entre os trabalhadores empregados antes de 1950 em várias áreas de trabalho, principalmente compostos e moagem, que estavam ligados à exposição a aminas aromáticas, especialmente â-naftilamina e talvez benzidina. Com base em experiências com animais e estudos epidemiológicos em contextos não ocupacionais, as nitrosaminas são suspeitas de causar cancro da bexiga; Mortalidade por leucemia: em 1982, o grupo de trabalho da
24
IARC concluiu que havia evidências suficientes para o excesso de mortalidade por leucemia entre os trabalhadores empregados na indústria da borracha.
Vermeulen, R., De Hartog
, J., Swuste, P.,
& Kromhout, H.
2000
Trends in
exposure to
inhalable
particulate and
dermal contamination in the
rubber manufacturin
g industr
y - Effecti
Determinar o impacto do estado da pele e das medidas de proteção da pele na exposição interna ao AA em trabalhadores que fabricam produtos
Indústria da borracha
7 fábricas; Holanda
Informação não disponível
Informação não disponível
1988 - 1997
Matéria solúvel em ciclohexano (MSC)
Estudo da população, medidas de exposição, medidas de avaliação do controlo, estatísticas
Informação não disponível
1988 - 1997
Valores apresentados nas tabelas; A associação entre senioridade e redução dos níveis de exposição não foi, no entanto, confirmada para exposição dérmica ao MSC; Acredita-se geralmente que as exposições a contaminantes transportados pelo ar diminuíram nas últimas décadas.
Risco de cancro
A eliminação da fonte foi considerada o tipo mais eficaz de medida de controlo; Uma terceira medida importante foi a eliminação gradual dos agentes antiaderentes em pó, tanto por folhas antiaderentes como por agentes antiaderentes líquidos.
veness of
control measu
res implemented over a nine-
year period
de borracha.
Vlaanderen,
J., Taeger
, D., Wellman, J., Keil, U.,
Schuz, J., &
Straif, K.
2013
Extended
Cancer Mortali
ty Follow-Up of a Germa
n Rubber Industr
y Cohort
Estimar o risco de sintomas e o possível desarranjo de níveis de marcadores imunológicos para trabalhadores de borracha suecos contemporâneos
Indústria da borracha
Alemanha
11632 homens e 1863 mulheres
Pelo menos 1 ano; 1 - 9 anos, 10 - 19 anos, 20 - 29, 30 - 39 e mais do que 40 anos
1 de janeiro de 1981 - 31 de dezembro de 2000
Nitrosaminas, negro de carbono e asbestos
Dados apresentados por área de trabalho, ano de contratação e duração do emprego
Informação não disponível
Tabela 5 - Tempo de empregabilidade
Para os homens, observou-se uma elevada taxa de mortalidade devida ao cancro no pulmão e da pleura; para as mulheres, uma elevada taxa de mortalidade associada ao cancro do pulmão; a duração média de trabalho para os homens foi de 28,6 anos e para as mulheres foi de 25,2 anos; não foi observado um elevado risco de cancro na próstata; foi observado uma incidência significativa de cancro no pulmão em trabalhadores que trabalhavam na "preparação de materiais" e na "produção de artigos técnicos da borracha"; para o cancro no estômago, verificou-se
Cancro da bexiga, leucemia, cancro do pulmão e cancro do estômago
As análises ao risco de cancro devem focar-se nas diferenças entre as áreas de trabalho e às exposições associadas dentro da indústria da borracha.
26
uma elevada taxa de incidência em trabalhadores que trabalhavam na "preparação de materiais"; a "preparação de materiais" inclui pesagem e mistura, dando origem a quantidades substanciais de poeira, e a moagem e a calandragem, onde os trabalhadores estão principalmente expostos aos fumos da borracha; a produção de artigos técnicos de borracha, inclui montagem e construção de componentes, cura e vulcanização, nos quais os trabalhadores estão expostos aos fumos da borracha e à exposição potencialmente considerável às nitrosaminas (como resultado do processo de vulcanização)
III. Inventário de produtos (CRM)
Tabela 9. Produtos químicos e borrachas utilizados na CRM.
PRODUTOS QUÍMICOS BORRACHAS
Acel. CBS Enxofre Óxido Ferro Vermelho Borracha Bromobutilica X2
Acel. DPG Estearato Sódio Perkadox BC-40S-PS (pasta silicone) Borracha Elvax 40W
Acel. MBTS Etil Proxitol Peróxido D.I.P.P. Borracha HSBR
Acel. TBSI Fibra de Poliester Pigmento Violeta Borracha Hydrin T5010
Acel. TMTD Fibra Ganga Azul Pó Pneu 0.6/M20 Borracha Hy-Temp AR-71
Acel. TMTM Fibrilado de Borracha M616 Pó Pneu M14 Borracha Keltan
Ácido Esteárico Galp Belona EP2 Polietileno Glicol Borracha Kevlar MB CR 6 F 723
ADC Activada Granulado de Pneu 0,8/2,5mm Poliuretano MDI Borracha Kevlar MB NR 6 F 722
Aglucork A-16 Granulado de Pneu 0,8/4mm (15/85) Poliuretano TDI Borracha Levaprene 700 HV
Alvania EP (LF) 2 / Retinax EP 2 Granulado EPDM 80 1/4 Vermelho Resinas Claras Borracha Natural NR
Antioxidante IPPD Granulado EPDM 82 1/4 Cinzento Rhenofit Trim/S a 70% Borracha NBR 33.50
Antioxidante O.D.P.A. Granulado Pneu 0,8/4mm (70/30) Rhodorsil MB-48 (Azul) Borracha Neoprene W
Antioxidante S.D.P.A. Hidrato Alum. Fino Saret 519 Borracha Polibutadieno BR
Antioxidante T.M.Q. Hidrato Alum. Grosso Silano Borracha SBR 1500
Aquasak SP Amarelo Mediaplast NB4 Sílica Reforçante (PÓ) Borracha Silicone MF 240U
Aramid Fiber Filler Microlen Blue Sílica Reforçante (GRAN) Borracha Silicone MF 680U
Borato Zinco Microlen Green 419 Silicone Emulsão Aquosa Borracha Silicone MF 960 U
Carbonato de Cálcio Microlen Yellow 2070MC Sivic 3470 NBR 2050
Caulino Negro FEF N550 Storflam MLB NBR líquido
Caulino atomizado Negro SRF N762/N772 Storflam ZHS Termoplástico EVA
Cera Antiozonante NITEX 8450 Struktol A60
Cera Polietileno Óleo Aromático Tinta Solvaplast
Cloparim S70 Óleo Nafténico Ultraflex 56
Deoflow A Óleo Nytex 832 IBC Unisperse Black C-S
Deolink TESTP-100 Óleo Parafínico Unisperse Blue B-E
Dietileno Glicol Oppasin Yellow Unisperse Green G-S
28
Diluente Etoxy Propanol Óxido Crómio Verde Unisperse Red 3RS-S
Dióxido Titânio Rutilo Óxido de Cálcio Kezadol Gr Vernice Acrilica
Dipentax PD Óxido de magnésio Vulcadur A / resina Durez 12687
Disflamoll TOF Óxido de Zinco
DOP Óxido Ferro Castanho 610
IV. Pontos monitorizados nas linhas CR1 e CR2 (Piso 2)
Figura 10. Pontos monitorizados nas linhas CR1 e CR2 (Piso 2)
30
V. Pontos monitorizados nas linhas CR1 e CR2 (Piso 0)
Figura 11. Pontos monitorizados nas linhas CR1 e CR2 (Piso 0)
VI. Produção do ano de 2017 (CRM)
Tabela 10. Produção do ano de 2017 (CRM).
nº REFERÊNCIA QUANTIDADE (B/C/F) %
1 A 9265 13,137
2 B 6510 9,231
3 C 6127 8,688
4 D 4642 6,582
5 E 4470 6,338
6 F 3210 4,552
7 G 3154 4,472
8 H 2524 3,579
9 I 2013 2,854
10 J 1370 1,943
11 K 1155 1,638
12 L 1109 1,572
13 M 1107 1,570
14 N 1019 1,445
15 O 984 1,395
16 P 934 1,324
17 Q 880 1,248
18 R 871 1,235
19 S 845 1,198
20 T 797 1,130
21 U 792 1,123
22 V 785 1,113
23 W 776 1,100
24 X 748 1,061
25 Y 660 0,936
32
26 Z 638 0,905
27 AA 605 0,858
28 AB 542 0,769
29 AC 454 0,644
30 AD 410 0,581
31 AE 401 0,569
32 AF 366 0,519
33 AG 365 0,518
34 AH 363 0,515
35 AI 363 0,515
36 AJ 347 0,492
37 AK 339 0,481
38 AL 321 0,455
39 AM 321 0,455
40 AN 315 0,447
41 AO 311 0,441
42 AP 310 0,440
43 AQ 309 0,438
44 AR 308 0,437
45 AS 275 0,390
46 AT 272 0,386
47 AU 238 0,337
48 AV 234 0,332
49 AW 224 0,318
50 AX 222 0,315
51 AY 216 0,306
52 AZ 205 0,291
53 BA 198 0,281
54 BB 198 0,281
55 BC 193 0,274
56 BD 187 0,265
57 BE 178 0,252
58 BF 173 0,245
59 BG 168 0,238
60 BH 159 0,225
61 BI 152 0,216
62 BJ 146 0,207
63 BK 134 0,190
64 BL 130 0,184
65 BM 128 0,181
66 BN 127 0,180
67 BO 122 0,173
68 BP 121 0,172
69 BQ 120 0,170
70 BR 115 0,163
71 BS 98 0,139
72 BT 94 0,133
73 BU 89 0,126
74 BV 84 0,119
75 BW 71 0,101
76 BX 58 0,082
77 BY 58 0,082
78 BZ 57 0,081
79 CA 56 0,079
80 CB 53 0,075
81 CC 51 0,072
82 CD 51 0,072
83 CE 43 0,061
34
84 CF 42 0,060
85 CG 41 0,058
86 CH 39 0,055
87 CI 38 0,054
88 CJ 37 0,052
89 CK 37 0,052
90 CL 36 0,051
91 CM 36 0,051
92 CN 35 0,050
93 CO 34 0,048
94 CP 31 0,044
95 CQ 29 0,041
96 CR 28 0,040
97 CS 28 0,040
98 CT 27 0,038
99 CU 27 0,038
100 CV 25 0,035
101 CW 25 0,035
102 CX 23 0,033
103 CY 23 0,033
104 CZ 23 0,033
105 DA 21 0,030
106 DB 20 0,028
107 DC 19 0,027
108 DD 19 0,027
109 DE 18 0,026
110 DF 18 0,026
111 DG 16 0,023
112 DH 12 0,017
113 DI 11 0,016
114 DJ 11 0,016
115 DK 7 0,010
116 DL 6 0,009
117 DM 6 0,009
118 DN 6 0,009
119 DO 5 0,007
120 DP 5 0,007
121 DQ 5 0,007
122 DR 4 0,006
123 DS 4 0,006
124 DT 4 0,006
125 DU 3 0,004
126 DV 3 0,004
127 DW 2 0,003
128 DX 1 0,001
129 DY 1 0,001
TOTAL 70525 100,00
36
VII. Resultados obtidos nas monitorizações
Tabela 11. Resultados obtidos nas monitorizações.
REFERÊNCIA AGENTE QUÍMICO POSTO DE TRABALHO
TEMPO DE EXPOSIÇÃO
(H)
CONCENTRAÇÃO OBTIDA (MÉDIA
PONDERADA)
NP 1796:2014
(MÉDIA PONDERADA)
RESULTADO BASE DO VLE EFEITO
ADITIVO
MEDIÇÃO PERIÓDICA SEGUINTE
DOSE (PPM/ANO)
E
1,3-BUTADIENO MISTURADOR
ABERTO 1 6,5
2,3*10^-1 ppm
0,23 ppm
2 ppm < 1/4 VLE Cancro --- Até 64
semanas 83,95
ALUMÍNIO MISTURADOR
ABERTO 1 6,5
2,1*10^-2 mg/m3
0,021 mg/m3
1 mg/m3 (R) < 1/4 VLE Pneumoconiose; irritação do TRI; neurotoxicidade
--- Até 64
semanas
--- PARTÍCULAS RESPIRÁVEIS BANBURY 1 6,5
7,7-10^-1 mg/m3
0,77 mg/m3
Asma; Função pulmonar
0,277 Até 32
semanas PARTÍCULAS TOTAIS BANBURY 1 6,5
2,0*10^-1 mg/m3
0,2 mg/m3
N-NITROSODIMETILAMINA
ESTUFA 4 2 1,6*10^-5 mg/m3
0,000016 mg/m3
--- --- Cancro do
fígado e do rim; lesão hepática
O cálculo não é
possível porque
não existe
VLE definido
--- 0,00584
N-NITROSOMETILETILAMINA
ESTUFA 4 2 1,6*10^-5 mg/m3
0,000016 mg/m3
--- --- Não
apresentado na NP 1796:2014
--- 0,00584
N-NITROSODIETILAMINA ESTUFA 4 2 1,6*10^-5 mg/m3
0,000016 mg/m3
--- --- Não
apresentado na NP 1796:2014
--- 0,00584
N-NITROSODIPROPILAMINA
ESTUFA 4 2 1,6*10^-5 mg/m3
0,000016 mg/m3
--- --- Não
apresentado na NP 1796:2014
--- 0,00584
N-NITROSODIBUTILAMINA
ESTUFA 4 2 1,6*10^-5 mg/m3
0,000016 mg/m3
--- --- Não
apresentado na NP 1796:2014
--- 0,00584
N-NITROSOPIPERIDINA ESTUFA 4 2 1,6*10^-5 mg/m3
0,000016 mg/m3
--- --- Não
apresentado na NP 1796:2014
--- 0,00584
N-NITROSOPIRROLIDINA ESTUFA 4 2 1,6*10^-5 mg/m3
0,000016 mg/m3
--- --- Não
apresentado na NP 1796:2014
--- 0,00584
N-NITROSOMORFOLINA ESTUFA 4 2 1,6*10^-5 mg/m3
0,000016 mg/m3
--- --- Não
apresentado na NP 1796:2014
--- 0,00584
I
FTALADO DE DI-2-ETIL-HEXILO (DEHP)
BANBURY 1 6,5 3,3*10^-2 mg/m3
0,033 mg/m3
5 mg/m3 < 1/4 VLE Irritação do TRI --- Até 64
semanas ---
1,3-BUTADIENO BANBURY 1 6,5 2,5*10^-
1 ppm 0,25 ppm
2 ppm < 1/4 VLE Cancro --- Até 64
semanas
K
ALUMÍNIO MISTURADOR
ABERTO 1 6,5
2,0*10^-2 mg/m3
0,02 mg/m3
1 mg/m3 (R) < 1/4 VLE Pneumoconiose; irritação do TRI; neurotoxicidade
--- Até 64
semanas ---
1,3-BUTADIENO MISTURADOR
ABERTO 1 6,5
2,4*10^-1 ppm
0,24 ppm
2 ppm < 1/4 VLE Cancro --- Até 64
semanas 87,60
PAH's (ESTIRENO) MISTURADOR
ABERTO 1 6,5
1,1*10^-1 ppm
0,11 ppm
20 ppm < 1/4 VLE
Afeção do SNC; irritação do TRS;
neuropatia periférica
--- Até 64
semanas 40,15
PARTÍCULAS RESPIRÁVEIS BANBURY 2 6,5 1,1*10^-1 mg/m3
0,11 mg/m3
Asma; Função pulmonar
0,064 Até 64
semanas
Até 64 semanas
PARTÍCULAS TOTAIS BANBURY 2 6,5 2,7*10^-1 mg/m3
0,27 mg/m3
W e BA
PARTÍCULAS RESPIRÁVEIS BANBURY 2 6,5 2,1*10^-1 mg/m3
0,21 mg/m3
3 mg/m3 < 1/4 VLE Asma; Função
pulmonar 0,090
Até 64 semanas
---
PARTÍCULAS TOTAIS BANBURY 2 6,5 2,0*10^-1 mg/m3
0,2 mg/m3
10 mg/m3 < 1/4 VLE Asma; Função
pulmonar Até 64
semanas
PARTÍCULAS RESPIRÁVEIS BANBURY 2 6,5 1,5
mg/m3 1,5
mg/m3 Asma; Função
pulmonar 0,599
Até 16 semanas
---
PARTÍCULAS TOTAIS BANBURY 2 6,5 9,9*10^-1 mg/m3
0,99 mg/m3
38
X
1,3-BUTADIENO MISTURADOR
ABERTO 5 6,5
2,3*10^-2 ppm
0,023 ppm
2 ppm < 1/4 VLE Cancro --- Até 64
semanas 8,40
PAH's MISTURADOR
ABERTO 5 6,5 NÃO DETETADO
N-NITROSODIMETILAMINA
ESTUFA 4 2 1,8*10^-5 mg/m3
0,000018 mg/m3
--- --- Cancro do
fígado e do rim; lesão hepática
O cálculo não é
possível porque
não existe
VLE definido
--- 0,00657
N-NITROSOMETILETILAMINA
ESTUFA 4 2 1,8*10^-5 mg/m3
0,000018 mg/m3
--- --- Não
apresentado na NP 1796:2014
--- 0,00657
N-NITROSODIETILAMINA ESTUFA 4 2 1,8*10^-5 mg/m3
0,000018 mg/m3
--- --- Não
apresentado na NP 1796:2014
--- 0,00657
N-NITROSODIPROPILAMINA
ESTUFA 4 2 1,8*10^-5 mg/m3
0,000018 mg/m3
--- --- Não
apresentado na NP 1796:2014
--- 0,00657
N-NITROSODIBUTILAMINA
ESTUFA 4 2 1,8*10^-5 mg/m3
0,000018 mg/m3
--- --- Não
apresentado na NP 1796:2014
--- 0,00657
N-NITROSOPIPERIDINA ESTUFA 4 2 1,8*10^-5 mg/m3
0,000018 mg/m3
--- --- Não
apresentado na NP 1796:2014
--- 0,00657
N-NITROSOPIRROLIDINA ESTUFA 4 2 1,8*10^-5 mg/m3
0,000018 mg/m3
--- --- Não
apresentado na NP 1796:2014
--- 0,00657
N-NITROSOMORFOLINA ESTUFA 4 2 1,8*10^-5 mg/m3
0,000018 mg/m3
--- --- Não
apresentado na NP 1796:2014
--- 0,00657
VIII. Fatores potencialmente condicionantes
Tabela 12. Recolha de dados de fatores potencialmente condicionantes.
Nº NOME TURNO LINHA POSTO DE
TRABALHO SEXO IDADE
CONSUMO DE
TABACO
DATA
ANTIGUIDADE
ANTIGUIDADE NA
EMPRESA
1 A 1 L1 PRENSA DE MOLDE MASCULINO 47 Não 23/05/2015 3
2 B 1 L1 TEAM LEADER MASCULINO 38 Não 01/05/2015 3
3 C 1 L2 PRENSA DE MOLDE MASCULINO 36 Sim 01/05/2015 3
4 D 2 L1 BANBURY MASCULINO 32 Sim 01/05/2015 3
5 E 1 L2 PRENSA DE MOLDE MASCULINO 34 Sim 03/10/2016 2
6 F 2 L2 BANBURY MASCULINO 35 Sim 23/05/2015 3
7 G 2 L2 MISTURADOR ABERTO MASCULINO 34 Sim 23/05/2015 3
8 H 3 L2 BANBURY MASCULINO 24 Sim 01/05/2015 3
9 I 1 L1 BANBURY MASCULINO 41 Sim 23/05/2015 3
10 J 2 L1 PRENSA DE CORTE MASCULINO 26 Sim 24/05/2017 1
11 K 2 L2 BANBURY MASCULINO 26 Não 01/05/2015 3
12 L 3 L1 BANBURY MASCULINO 25 Sim 01/05/2015 3
13 M 3 L2 TEAM LEADER MASCULINO 24 Sim 01/05/2015 3
14 N 2 L2 MISTURADOR ABERTO MASCULINO 19 Sim 06/11/2017 1
15 O 1 L2 MISTURADOR ABERTO MASCULINO 33 Sim 01/05/2015 3
16 P 2 L1 MISTURADOR ABERTO MASCULINO 26 Sim 15/09/2015 3
17 Q 1 L2 TEAM LEADER MASCULINO 28 Sim 01/05/2015 3
18 R 3 L1 PRENSA DE MOLDE MASCULINO 25 Sim 01/05/2015 3
19 S 3 L2 BANBURY MASCULINO 26 Sim 23/05/2015 3
20 T 1 L1 BANBURY MASCULINO 39 Não 01/05/2015 3
21 U 2 L1 TEAM LEADER MASCULINO 40 Não 01/05/2015 3
22 V 1 L2 PRENSA DE CORTE MASCULINO 22 Sim 04/07/2015 3
23 W 2 L2 MISTURADOR ABERTO MASCULINO 28 Não 09/05/2017 1
24 X 1 L1 MISTURADOR ABERTO MASCULINO 24 Sim 01/05/2015 3
25 Y 1 L2 MISTURADOR ABERTO MASCULINO 29 Não 23/05/2015 3
40
26 Z 3 L1 MISTURADOR ABERTO MASCULINO 24 Sim 01/01/2017 1
27 AA 3 L2 MISTURADOR ABERTO MASCULINO 29 Sim 03/10/2016 2
28 AB 2 L1 PRENSA DE MOLDE MASCULINO 23 Não 23/05/2015 3
29 AC 3 L1 MISTURADOR ABERTO MASCULINO 26 Sim 29/09/2015 3
30 AD 1 L2 FCE’s MASCULINO 41 Não 01/05/2015 3
31 AE 3 L2 MISTURADOR ABERTO MASCULINO 28 Sim 01/05/2017 1
32 AF 3 L1 PRENSA DE CORTE MASCULINO 24 Sim 01/05/2015 3
33 AG 2 L2 FCE’s MASCULINO 33 Não 01/05/2015 3
34 AH 2 L1 MISTURADOR ABERTO MASCULINO 27 Não 25/07/2017 1
35 AI 1 L1 PRENSA DE CORTE MASCULINO 22 Não 24/09/2015 3
36 AJ 1 L1 BANBURY MASCULINO 23 Não 01/06/2017 1
37 AK 3 L1 TEAM LEADER MASCULINO 31 Sim 01/05/2015 3
38 AL 2 L2 TEAM LEADER MASCULINO 27 Sim 23/05/2015 3
39 AM 1 L1 GERAL MASCULINO 33 Não 23/05/2015 3
40 AN 3 L1 GERAL MASCULINO 23 Não 01/05/2015 3
41 AO 1 L1 MISTURADOR ABERTO MASCULINO 26 Não 28/06/2017 1
42 AP 3 L2 FCE’s MASCULINO 27 Sim 01/06/2017 1