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SEÇÃO LITERATURA, TÉCNICA E APRECIAÇÃO SUPLEMENTO MUSICAL Renate Weiland Acompanhamento e Revisão Pedagógica Elizabeth Carrascosa Martinez Aventuras com a improvisação em grupo 19 ASSOCIAÇÃO AMIGOS DO ORGANIZAÇÃO SOCIAL DE CULTURA RENATE este f-.indd 1 20/07/2011 16:14:47

Aventuras Com a Improvisacao Em Grupo - Renate Weiland

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Atividades Musicais Infanto Juvenil.Renate Weiland.

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Seção Literatura, técnica e apreciação

SupLeMento MuSicaL

Renate Weiland

Acompanhamento e Revisão PedagógicaElizabeth Carrascosa Martinez

Aventuras com a improvisação em grupo19

ASSOCIAÇÃO AMIGOS DO

ORGANIZAÇÃO SOCIAL DE CULTURA

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Aventuras com a improvisação em grupo 0 Renate Weiland

1 Contextualização 1

1.1 Introdução/Justificativa 1

2 apliCações em atividades musiCais 2

2.1 Proposta musical 1: Improvisação em grupo 2

2.1.1 Atividade 1 - Aprendendo a se expressar em grupos 3

2.1.2 Atividade 2 - Ouvindo e improvisando 4

2.1.3 Atividade 3 - Ouvindo, improvisando e utilizando a representação gráfica 4

2.2 Proposta musical 2: Improvisação em grupo na companhia de “famosos” 5

2.2.1 Atividade 1 - Desfrutando as paisagens... 6

2.2.2 Atividade 2 - Improvisando com a escala pentatônica 7

2.2.3 Atividade 3 - As nuvens fluem e passam .... a música também? 7

2.2.4 Atividade 4 - Grupos escolhendo temas para improvisar 8

3 AferIçãO De resultADOs 8

4 referencIAs cOmPlementAres 9

5 AtIvIDADes PArA levAr PArA cAsA 10

São Paulo I FEVEREIRO I 2011

Renate WeilandDoutora pelo Programa de Pós-Graduação em Educação pela Universidade Federal do Paraná, tendo estudando o tema do ensino musical em projetos sociais. É professora da Escola de Música e Belas Artes do Paraná (EMBAP), na qual leciona no Curso de Licenciatura em Música e coordena os Cursos de Extensão para crianças e adolescentes. Também atua como coordenadora do Curso Pós-Graduação em Educação Musical, nível de Especialização, na mesma instituição. Atua ainda em projetos comunitários ministrando aulas de música e flauta doce.

E-mail: [email protected]

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1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO SUPLEMENTO

Aventuras com a improvisação em grupo 0 Renate Weiland 1São Paulo I FEVEREIRO I 2011

1.1 Introdução/Justificativa

Swanwick defende a música como “uma forma de discurso impregnada de metáfora” (2003, p.56) e propõe aos professores três princípios simples de ação: considerar a música discurso; considerar o discurso musical dos alunos e fluência no início e no final (2003, p.57 a 68). As atividades propostas a seguir permitem que os alunos e educadores usem estes princípios de forma prática em suas aulas de música.Fazer música em grupo é considerado uma atividade estimulante para a grande maioria dos alunos. E para tocar e pensar no grupo, a improvisação pode ser uma ferramenta bastante útil. Pensar em uma atividade na qual o resultado musical será inédito e surgirá da interação dos participantes com certeza trará uma expectativa especial, visto que cada participante contribuirá com ideias próprias e poderá se expressar musicalmente de forma pessoal e singular.Nas atividades de improvisação em grupo os participantes, além de trazerem as suas ideias, têm de ter o cuidado de “ouvir” os outros e reagir de acordo com o que se apresenta no momento. As ideias dos outros provocam diferentes respostas e reações, sendo, portanto, um momento muito dinâmico, de grande concentração e exercício da criatividade.Nestas atividades também serão exercidas a tolerância e a flexibilidade dos participantes ao interagir com os outros. Os participantes fortalecerão ainda seu desenvolvimento individual, ao ultrapassar as barreiras de medos ou inibições pessoais, pois não existem comportamentos pré-estabelecidos, tidos como certo ou errado. O aluno poderá assim se permitir experiências novas que contribuirão em seu desenvolvimento musical e social.A prática da improvisação não deveria ficar restrita a alguma aula ou suplemento especial, antes, deveria fazer parte das atividades regulares de ensino instrumental. Através destas propostas e outras que o educador e os alunos poderão criar, os três princípios de Swanwick (2003) podem ser colocados em prática:1) Considerar a música um discurso – cada intervenção musical do aluno deve ser considerada seriamente pelo educador, por mais simples que possa ser, levando em conta o processo metafórico presente.2) Considerar o discurso musical do aluno – cada aluno poderá trazer sua participação pessoal, que será respeitada e valorizada. Mesmo os alunos mais tímidos se sentirão mais seguros para se expressar, pois as regras permitem um reagir dentro de um campo de atuação mais seguro.3) Fluência no início e no final – não é necessário decodificar uma partitura para se expressar, e assim a música pode fluir de forma mais dinâmica.Com o tempo, o educador também consegue identificar cada vez melhor o que seu grupo de alunos precisa, se é melhor trabalhar com instrumentos melódicos ou de percussão, se utilizam métrica e altura nas improvisações, se há necessidade de regras mais rígidas ou mais livres etc. Assim, a improvisação é estimulante para todos, pois não se sabe o que vai ocorrer, sempre se terá de lidar com o imprevisto, há o desafio de não ter uma partitura na qual se apoiar, e ainda o prazer de criar algo inédito e novo a cada instante, ultrapassando limites e barreiras pessoais e grupais.

Objetivo geral Objetivos específicos

Dar aos alunos a oportunidade de se expressarem musicalmente com fluência, desenvolvendo suas próprias ideias musicais de forma integrada com o discurso musical do grupo.

Desenvolver a atividade de ouvir concentradamente, seja na apreciação de músicas propostas pelo educador, ou durante as atividades de improvisação sugeridas.

Expressar-se musicalmente de forma pessoal, livre e sem receios de errar, permitindo-se comportamentos novos de forma autoconfiante.

Aprender a trabalhar em grupo assumindo diferentes papéis.

Desenvolver o comprometimento de cada aluno de forma a pensar não somente em sua execução musical, mas no fazer musical em grupo, e no resultado sonoro deste.

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2 APLICAÇÕES EM ATIVIDADES MUSICAIS

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2.1 Proposta musical 1: improvisação em grupo

Duração: de 4 a 6 aulas.

Descrição geral da proposta:

A improvisação em grupo, como o título já sugere, é uma forma ativa de fazer música em conjunto na qual o resultado aparecerá da interação e participação de cada aluno, que trará suas ideias próprias, mas deverá estar atento para reagir ao que acontece momento a momento no fazer musical do grupo. O papel do educador é bastante importante, conduzindo as atividades e incentivando os alunos ao deixar claro que não existem respostas musicais “erradas”. Para alguns alunos, esta explicação trará um grande alívio e é importante lembrar que, para as atividades iniciais aqui apresentadas, não existiria ninguém “não-apto” a participar desta improvisação, que deve ser vista como um jogo, no qual basta querer participar.O educador deverá conduzir a atividade de forma lúdica e prazerosa, mas sem abrir mão da qualidade musical. Como enfatizado por Swanwick, por mais simples que uma frase musical possa parecer, ela deverá ser considerada tendo um significado musical, metafórico, e não como um intervalo, tempo ou compasso.Para que seja feita música de forma mais concentrada, falar e tocar não devem acontecer simultaneamente (Kieseritzky e Schwabe, 2005, p.167) Na Proposta I, as atividades não são regradas pela métrica ou sons de alturas determinadas, mas se os alunos já tiverem contato com instrumentos musicais podem utilizá-los para as atividades sugeridas. Talvez seja interessante realizá-las com instrumentos de percussão da primeira vez e em outra oportunidade com os instrumentos melódicos que os alunos já estudam. Cada educador conhecendo a sua realidade poderá utilizar e adaptar estas propostas de acordo com as aptidões, interesses e necessidades de seus alunos.

Materiais necessários:

Instrumentos musicais: instrumentos de percussão variados e objetos e materiais diversos, bem como voz e percussão corporal.

CD com a obra de Camile Saint-Saëns “O Carnaval dos Animais”, Aquário e Personagens de Longas Orelhas.

Folhas brancas para representações gráficas, lápis de cor ou canetas de escrita mais grossa.

Sala ampla que permita o trabalho em pequenos grupos. Se o educador achar melhor, quando forem trabalhar em pequenos grupos, os alunos poderiam ocupar espaços próximos à sala de aula, como pátios ou outros ambientes, de modo a trabalharem sem interferências sonoras de seus colegas. O educador decidirá o que for melhor de forma a poder supervisionar o trabalho em pequenos grupos.

organização dos alunos para as aulas:

Os alunos deverão estar sentados em círculo, no chão ou em cadeiras, para que possam manter contato visual uns com os outros.

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2.1.1 Atividade 1 - Aprendendo a se expressar em grupos

Momento 1: Converse com os alunos sobre a interação do grupo durante as próximas atividades. Cada pessoa poderá se expressar livremente, sem se preocupar em errar ou acertar, mas ao mesmo tempo prestando atenção nos outros. Deverá ouvir com atenção, para que sua participação tenha algo a ver com o que esta acontecendo no grupo. Isso implica em respeitar os outros, saber responder, sem no entanto conduzir o tempo todo bem como aprender a interagir com momentos de silêncio e não ter medo de se expor

Os três exemplos de atividades de improvisação a seguir foram criados por Lilli Friedmann1, e podem ser realizados com formações instrumentais variadas. Assim, por exemplo, todos os alunos podem estar com instrumentos iguais como clavas, ou com percussão diferente uns dos outros, como clavas, cocos reco-recos etc.

Momento 2 - improvisação “iniciar e parar, mas sem olhar!”: Cada aluno escolhe um instrumento. Este jogo de improvisação consiste em ficarem todos de olhos fechados e procurando começar a tocar todos juntos, ao mesmo tempo, como se alguém os dirigisse; depois, ao sentirem que é tempo de acabar, finalizarem todos juntos.Após a finalização, converse com os alunos sobre o resultado. Pergunte se todos se sentiram envolvidos e puderam se expressar. Este momento de troca de experiências entre os alunos é muito importante. Sugira uma repetição do exercício e em seguida deixe os alunos compartilharem suas experiências novamente. Estabeleça comparações entre os dois momentos, como os alunos se sentiram em relação à primeira execução etc.

Momento 3 - improvisação “Brincando ritmicamente”: Cada aluno escolhe um instrumento de percussão. Este jogo de improvisação consiste em que todos tocarão juntos (Tutti), e depois aos poucos vão parando de tocar, um a um, até que somente restem dois alunos. Estes então continuam como em um diálogo, podendo tocar juntos ou separados (Duo). Quando não tiverem mais nada a dizer um ao outro ou chegarem ao que seja um final musical, todos outros alunos do grupo recomeçam a tocar (Tutti). Depois de um tempo, novamente um após o outro para de tocar, até que fiquem novamente somente dois alunos tocando. O grupo decide o melhor momento para encerrar.Após a finalização, converse com os alunos, como sugerido no Momento 2, e repitam o exercício se julgarem interessante para o grupo.

Momento 4 - improvisação “Desenvolvimento homogêneo”: Todos os alunos terão instrumentos de timbres parecidos ou iguais, por exemplo, tambores, ou somente as vozes, ou outros. O grupo terá a tarefa de coletivamente formar uma expressão musical homogênea. Todos deverão tocar ao mesmo tempo de forma parecida, no mesmo andamento e de forma contínua explorar e modificar o resultado sonoro, por exemplo, mudando a cor do som, ou o tipo de movimento utilizado na produção sonora, variando o andamento (uso de accellerando ou ritardando), variando de intensidade. Ninguém deverá tocar como se fosse um solista, se destacando do grupo, antes, todos buscarão uma unidade grupal constante.Após a finalização, converse com os alunos, como sugerido no Momento 2, e repitam o exercício se julgarem interessante para o grupo.

1. Lilli Friedman citada no livro de Rudolf-Dieter Kraemer e Wolfgang Rüdiger, Ensemblespiel und Klassenmusizieren in Schule und Musikschlule – Ein Handbuch für die Praxis. Para maiores informações, vide referencias ao final deste suplemento.

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Momento 1: Ouvir a peça “Aquário” da obra de Camile Saint-Saëns O Carnaval dos Animais. Educador é muito importante que você não comente o nome da obra nem do autor antes de deixar os alunos ouvirem pela primeira vez. Após a primeira audição, deixe-os fazerem comentários espontâneos sobre o que pensaram ou sentiram durante a apreciação. Deixe claro que o que eles sentiram ou pensaram é importante e você quer ouvir a opinião de cada um. Depois dê as informações referentes ao nome do compositor e da obra que julgar importantes. Saint-Saëns nasceu em Paris 1835, e faleceu em 1921. Aos 3 anos de idade já tinha composto sua primeira peça para piano, tendo sido considerado um menino-prodígio. Surpreendeu seus professores como Rossini, Gounod, Liszt e Berlioz pelo virtuosismo como estudante. Compôs O Carnaval dos Animais como uma brincadeira, e nunca permitiu que esta obra fosse publicada durante sua vida.

2.1.2 Atividade 2 - Ouvindo e improvisando

Momento 2: Pergunte e reflita com os alunos a qual dos exercícios de improvisação anteriores poderia ser comparada esta obra. Peça que expliquem suas respostas. Espera-se que os alunos associem com a Improvisação “Desenvolvimento homogêneo”.

Momento 3: Após esta apreciação e reflexão, poderia ser realizado novamente o exercício de Improvisação “Desenvolvimento Homogêneo”. Neste ponto os alunos já tiveram um tempo para amadurecer alguns comportamentos, bem como ideias musicais, e a realização deste exercício poderá ser estimulante para o grupo.

Momento 1: Ouvir a peça “Personagens de longas orelhas” da obra de Camile Saint-Saëns O Carnaval dos Animais. Não comente o nome da obra nem outras informações, antes de deixar os alunos ouvirem pela primeira vez. Após a primeira audição, deixe-os fazerem comentários espontâneos sobre o que pensaram ou sentiram durante a apreciação.Peça-lhes que criem uma representação gráfica para a peça “Personagens de longas orelhas”. Esta atividade poderá ser realizada em duplas ou em pequenos grupos. Peça que ouçam novamente pensando em como grafá-la, antes de colocarem no papel as primeiras ideias. Ao pensar em representar graficamente um som, os alunos aprendem a ouvir com mais interesse, pensando nas pequenas e grandes nuances que farão diferença na grafia. Se for do interesse dos alunos, ouçam mais vezes as peças.Em outra aula, faça com eles uma representação gráfica da peça “Aquário”, ouvida em aulas anteriores. Ouça nova-mente para esta finalidade.Depois, comentem as diferenças percebidas na representação gráfica dos sons das duas peças. (Por exemplo, sons curtos versus sons contínuos e longos, sons que vão rapidamente do grave para o agudo e sons que gradativamente e de forma mais longa mudam do grave para o agudo etc)Organizem uma exposição coletiva das representações gráficas ao final, na qual cada grupo ou autor poderá falar sobre sua criação.

2.1.3 Atividade 3 - Ouvindo, improvisando e utilizando a representação gráfica

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Momento 2 - improvisação “escolha seu tema”: Seria interessante gravar as improvisações propostas a seguir e ouvi-las depois com os alunos, fazendo comentários e perguntas aos que participaram da atividade.Divida os alunos em pequenos grupos. (Existem objetos que podem auxiliar nesta improvisação, como sa-cos de plástico para sons de fogo, ou de chuva, dependendo da espessura do plástico, apitos de madeira que imitam pássaros, utilizados por pescadores, e outros materiais que os alunos venham a descobrir.) Os alunos escolherão um dos temas apresentados a seguir para realizar uma improvisação coletiva:

tema 1 – Dois ratinhos se aventuram pela cozinha(Sugestão: dois instrumentos que se sobressaiam timbristicamente, e que conduzam à improvisação, por exemplo ‘caixas china’, podem se confrontar com os objetos encontrados em uma cozinha, que imitem o som de latas que caiam, copos que quebrem, aparelhos elétricos que liguem, comidas para serem devoradas etc... Os instrumentos que representam os ratinhos, podem variar os andamentos e a intensidade na execução, expressando ora curiosidade, medo, pressa, alegria, satisfação etc... Lembrem da importância do silêncio para esta improvisação, não queiram tocar o tempo todo. )

tema 2 – um formigueiro(Sugestão: instrumentos parecidos, que executem sons repetitivos, mas que são quebrados com algum acontecimento sonoro diferenciado, por exemplo, as operárias em seu trabalho rotineiro e a chegada da rainha do formigueiro, ou o perigo da chegada de um tamanduá para atacar as formigas etc...)

tema 3– anoitecer no pantanal(Sugestão: imaginar os animais que imitem sons, como pássaros que cantam ao anoitecer, sapos, grilos etc... Pode também aparecer a presença humana, crianças brincando, músicos com violões etc.. com alguma intervenção de acordo com o que o grupo criar...)Peça aos alunos para improvisarem com instrumentos e materiais que eles escolham livremente. Depois peça que representem graficamente sua improvisação, para que possam se lembrar de como a executam. Ao final, cada grupo apresentará aos outros sua improvisação.

Momento 3: Se houver interesse, eles poderão interpretar as representações gráficas uns dos outros, ou ainda, escolher secretamente uma para ser interpretada enquanto os outros descobrem qual foi a escolhida.

2.2 Proposta musical 2: improvisação em grupo,

na companhia de “famosos”

Duração: de 4 a 6 aulas.

Descrição geral da proposta:

Esta proposta segue as mesmas ideias descritas na anterior, mas é pensada para alunos que já tocam um instrumento melódico.Ao utilizarem seus instrumentos, muitos sentem o prazer de descobrir novas possibilidades técnicas para a execução musical.

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Momento 2: Ouça com os alunos a peça “Amanhecer” da obra de Grieg Suíte nº 1 Peer Gynt, mas não comente o nome da obra nem outras informações, antes de deixá-los ouvir pela primeira vez. Após a primeira audição, deixe-os fazerem comentários espontâneos sobre o que pensaram ou sentiram durante a apreciação. Depois dê as informações referentes à obra: o nome “Amanhecer” foi pensado numa bela paisagem, com os raios do sol rompendo a neblina e ouvindo-se o canto dos pássaros. O compositor Edvard Grieg (1843-1907), nascido na Noruega, foi um grande músico romântico, que procurou divulgar a música folclórica norueguesa em suas obras.

Materiais necessários:

Instrumentos musicais: instrumentos melódicos e, se quiserem, ainda poderão utilizar instrumentos de percussão variados ou mesmo explorarem sons de materiais diversos, bem como voz e percussão corporal.

CD com a obra de Edvard Grieg Suíte nº 1 Peer Gynt “Amanhecer”. CD com a obra de Claude Debussy Suíte Bergamasque: Clair de Lune. Figuras com representações das obras de Claude Monet.

Sala ampla que permita o trabalho em pequenos grupos. Se o educador achar melhor, quando forem trabalhar em pequenos grupos, os alunos poderiam ocupar espaços próximos à sala de aula, como pátios ou outros ambientes, de modo a trabalharem sem interferências sonoras de seus colegas. O educador decidirá o que for melhor de forma a poder supervisionar o trabalho em pequenos grupos.

organização dos alunos para as aulas:

Os alunos deverão estar sentados em círculo, no chão ou em cadeiras, para que possam manter o contato visual uns com os outros.

Momento 1: Inicie a aula refletindo com os alunos sobre como podemos perceber as variações da luz do sol sobre a natureza, em diferentes momentos do dia. Na pintura, esse foi um tema de estudo para Claude Monet – ele estudava como a luz do sol refletia sobre a paisagem e como mudava de momento a momento. Ao pintar as flores, a pon-te, as ninfeias (flores aquáticas) do seu jardim que é conservado até hoje e pode inclusive ser visitado na França, Monet não se preocupava em retratar o real, mas estudava a luz e as cores. Não misturava as tintas na tela, usava pinceladas de cores puras que colocadas ao lado uma da outra, são misturadas pelos olhos do observador, durante o processo de formação de imagem.Se for possível, mostre vídeos ou a figura de alguma obra de Monet. No site <www.fondation-monet.fr/fr> é possível ver vídeos além de informações interessantes. Mostra-se a casa em Giverny, na qual Monet viveu por 23 anos. Ele via seu jardim e seu lago como uma obra de arte. Uma novela brasileira com grande audiência recentemente explorou em um de seus capítulos finais este local, pois os protagonistas principais passaram a lua-de-mel neste local. Isto também poderá servir como motivação para trazer o interesse dos alunos ao tema. Mais informações na internet, no endereço: <http://www.youtube.com/watch?v=X9VRGTtN4mQ> (capítulo 204 da novela Viver a vida – Miguel leva Luciana para visitar os Jardins de Monet.)

2.2.1 Atividade 1 - Desfrutando as paisagens...

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Momento 1: As atividades a seguir são pensadas para alunos que toquem instrumentos melódicos e conheçam bem as notas da escala pentatônica de Fá (Fá, Sol, Lá, Dó, Ré e Fá). Para se familiarizarem com esta escala, escreva suas notas no quadro e toque com seus alunos várias vezes. Podem tocar todos juntos, depois cada aluno uma nota, seguindo a sequência da escala, depois um grupo toca a escala ascendente e outro a descendente, até que estejam com estas notas bem fixadas.Os alunos poderão então fazer uma execução de ouvido da melodia do tema da obra ouvida, iniciando nas notas Dó, Lá, Sol, Fá etc.

2.2.2 Atividade 2 - Improvisando com a escala pentatônica

Momento 2 - improvisação “passeando com Grieg”: Utilizando as notas da escala já estudada, os alunos poderão criar improvisações em seus instrumentos melódicos, procurando manter a atmosfera do “Amanhecer” tranquilo. Alguns alunos poderão tocar um bordão, com as notas Fá e Dó na região grave, sobre as quais os outros improvisarão. Pode-se pedir que esta improvisação seja feita individualmente, sendo que o músico inicie sua improvisação a partir da última nota tocada pelo músico que improvisou anteriormente. Quem improvisa deverá demonstrar o final de sua participação tocando longamente a última nota, e somente parar de tocá-la quando outro músico a tiver iniciado. Se o educador preferir, poderá realizar esta atividade sem o bordão. Se for possível, assistam a algum vídeo breve sobre os Jardins de Monet para que os alunos sintam o “clima” para realizarem a improvisação <www.fondation-monet.fr/fr>.

Momento 1: Volte a falar sobre o “Jardim” de Monet, e se possível mostre algumas das obras para os alunos. Estas obras foram depois chamadas de impressionistas. Na música, temos a obra de outro Claude, dessa vez Claude Debussy, que trabalhou com harmonias e timbres, usando os sons por seu efeito expressivo. Ao compor, ele também não seguia as regras da harmonia tradicional, mas confiava no seu instinto musical, deixando sua música com algo vago, fluídico... Também utilizou outras escalas, como as escalas modais e a pentatônica.Apreciação de um trecho da obra “Clair de Lune” de Debussy, que é o terceiro movimento da Suíte Bergamasque. Peça aos alunos que fechem os olhos, não comente o nome da obra. Ouça um trecho e, quando sentir que vão perder a concentração abaixe, suavemente o volume até interromper a atividade de apreciação. Deixe cada aluno comentar o que “passou pela sua cabeça” enquanto ouvia a música. Somente neste momento comente o nome da obra. Se ainda estiverem em clima de concentração, ouça mais uma vez e peça para comentarem cores e impressões que lhes passaram pela cabeça.

2.2.3 Atividade 3 - As nuvens fluem e passam .... a música também?

Momento 2 - improvisação “a movimentação das nuvens”: Utilizando instrumentos disponíveis e outros materiais, sugira uma improvisação musical que tenha como tema “A movimentação das nuvens”. Os alunos poderão decidir que tipos de nuvens e de clima querem representar musicalmente. Esta atividade deverá ocorrer com grupos de 4 a 5 alunos, se a turma for maior, sugira que se dividam em pequenos grupos.

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Momento 1 - improvisação “escolha de temas por grupos”: Divida os alunos em pequenos grupos, que utilizarão instrumentos musicais disponíveis bem como outros materiais e ainda a percussão corporal. Lembrem-se de explorar os instrumentos de forma não convencional, por exemplo, com um violão pode-se imitar vários sons de chuva tamborilando os dedos com maior ou menor velocidade e intensidade, os instrumentos de sopro poderão imitar diversos tipos de vento, desmontando os instrumentos e assoprando nas partes destes etc).

Sem comentar com os outros grupos, cada grupo deverá escolher um tema para sua improvisação, dentre os seguintes: Tema 1 – Leve garoa.Tema 2 – Tempestade de verão.Tema 3– Anoitecer no campo. Tema 4 – Ventos no mar. Cada um destes temas poderá ser explorado de acordo com os materiais e instrumentos disponíveis. Peça aos alunos para conversarem sobre os sons que imaginam de acordo com cada tema e depois os criem e desenvolvam.Os alunos podem ainda sugerir outros temas. Escrevam no quadro todas as opções. Após um período de ensaio, cada grupo fará uma apresentação para os outros, sendo que aqueles que foram “plateia” tentarão identificar o tema escolhido.

2.2.4 Atividade 4 - Grupos escolhendo temas para improvisar”

3 AFERIÇÃO DE RESULTADOS

A avaliação destas atividades não será realizada de modo separado em um momento único, antes, deverá ocorrer durante todo o processo. O educador deverá observar se os alunos passam a ouvir com mais atenção e concentração o repertório proposto e também uns aos outros.As atividades de improvisação musical em grupo partem do pressuposto de que não há respostas “certas” ou “erradas”. Isso não significa, porém, que as atividades sejam feitas de qualquer maneira sem o devido cuidado e empenho de todos, e que não seja possível falar sobre os resultados musicais com os alunos. O clima pode ser de brincadeira o tempo todo, mas sem deixar de lado a busca pela qualidade musical. As regras combinadas para cada improviso delimitam um campo de atuação musical e também de comportamentos esperados pelos alunos, assim podem estimular a imaginação dos alunos trazendo alegria e prazer no desenvolvimento da atividade.

Um esquema2 para facilitar visualização da atuação do educador e dos alunos seria o seguinte:Preparo (definição das regras, escolha dos instrumentos) Ensaio (alguma dificuldade técnica, ou mesmo um tempo para se ambientar com o instrumento) Improvisação Conversa entre educador e alunos Repetição da improvisação Conversa entre educador e alunos

Nos momentos das conversas, ocorrerá uma maior conscientização, visando assim à aferição dos resultados. Na conversa, o educador deverá verificar se cada aluno pôde se expressar livremente, se conseguiu interagir com o grupo e como se sentiu em relação a isso, se conseguiu entender alguma intenção musical de algum colega e responder à mesma, talvez como apoio ou ainda como contraponto, isto é, introduzindo uma posição contrária a exposta.Estas conversas são importantes também para que os alunos tomem consciência de alguns aspectos que ocorrem de forma muito rápida durante a improvisação em si, e ajudarão os alunos a refletir sobre seus comportamentos, tendo como objetivo aprender a lidar com o imprevisto. É interessante perguntar se perceberam em si mesmos um aprendizado de tolerância e flexibilidade em relação ao grupo.

2. Segundo Kieseritzky e Schwabe , 2005, p.167.

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4 REFERENCIAS COMPLEMENTARES

BENNET, Roy. Uma breve historia da música. Coleção Cadernos da Universidade de Cambridge, tradução Maria Teresa Resende da Costa, Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1986.

GAINZA, Violeta. A improvisação musical como técnica pedagógica. Cadernos de Estudo de Educação Musical, São Paulo, 1990, n 1, p.22-30.

KIESERITZKY, Herwig von; e SCHWABE, Matthias. Gruppenimprovisation als musikalische Basisarbeit. In: KRAEMER, Rudolf-Dieter; e RÜDIGER, Wolfgang. Ensemblespiel und Klassenmusizieren in Schule und Musikschule – Ein Hanbuch für die Praxis. Augsburg: Wissner-Verlag, 2005, p.155-74.

SWANWICK, Keith Ensinando música musicalmente. Tradução de Alda de Oliveira e Cristina Tourinho. São Paulo: Moderna, 2003.

WUYTACK, J.; PALHEIROS, Graça Boal. Audição musical ativa: Livro do professor. Porto: Associação Wuytack de Pedagogia Musical, 1995.

CD Saint-Saëns Sinfonia nº 3 “Órgão” e “O carnaval dos animais” EMI Classics, International Trade Maik of EMI Records Ltd. 1978/1971, 1 CD ( 68 min.) estéreo.

CD The Greatest Classics 1813-1928, 5 CD Collection – Ravel, Wagner, Debussy, Bizet, Smetana, Dvorák, Grieg. Series created by Jürgen Fritsche. ZYX Music Merenberg- Germany. 2008; 5 CDs digital audio.

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Escolha algum animal que emita sons para observar. Pode ser desde um animal pequeno como uma mosca, ou maior como um cachorro. Tente reproduzir graficamente este som e depois imitá-lo de alguma maneira. Você também pode fabricar algum instrumento que imite este ruído ou então utilizar um instrumento que você conheça ou toque. Leve esta representação gráfica para sua aula de música e apresente a seus colegas. Talvez possam juntar alguns trabalhos por afinidade do som ou dos animais representados e montar uma peça maior.

ATIVIDADE 1

5 ATIVIDADES PARA LEVAR PARA CASA

Polo: ____________________________________________________________________Turma: ___________________________________________________________________Nome do Aluno (a): ___________________________________________________________

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ATIVIDADE PARA LEVAR PARA CASA

Abaixo você encontra quatro pedacinhos de música, que podem ser combinados de diferentes formas. Toque cada um deles. Depois tente começar com um de cada vez, para ver se você consegue juntar uma combinação que te agrade. Quando escolher uma boa combinação, anote a sequência de números que tocou. Exemplo: 2, 2, 3, 4. Vale repetir o mesmo pedacinho se isto te agrada. Na sala de aula, toque sua combinação e peça aos colegas que adivinhem a sequência de números tocada.

ATIVIDADE 2

Polo: ____________________________________________________________________Turma: ___________________________________________________________________Nome do Aluno (a): ___________________________________________________________

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12 Aventuras com a improvisação em grupo 0 Renate Weiland

ATIVIDADE PARA LEVAR PARA CASA

Vinicius de Moraes, nosso grande poeta, escreveu uma poesia que fala dos sons do vento, provavelmente você até já a conheça, pois virou música. Aliás, no CD do Projeto Guri Herdeiros do Futuro você poderá ouvir esta e ainda outras canções muito legais. Mas pensando na letra, escrita abaixo, que tal criar uma introdução sonora para esta poesia?

ATIVIDADE 3

o ar (o Vento)Vinicius de Moraes

Estou vivo mas não tenho corpoPor isso é que eu não tenho formaPeso eu também não tenhoNão tenho cor

Quando sou fracoMe chamo brisaE se assobioIsso é comumQuando sou forteMe chamo ventoQuando sou cheiroMe chamo pum!

Polo: ____________________________________________________________________Turma: ___________________________________________________________________Nome do Aluno (a): ___________________________________________________________

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Aventuras com a improvisação em grupo 0 Renate Weiland 13RENATE este f-.indd 15 20/07/2011 16:14:48

assinatura para o ano de 2011

ASSOCIAÇÃO AMIGOS DO

ORGANIZAÇÃO SOCIAL DE CULTURA

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