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1 Aves da Mata do Estado, São Vicente Férrer, Pernambuco, Brasil RELATÓRIO TÉCNICO Glauco Alves Pereira

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Aves da Mata do Estado, São Vicente Férrer, Pernambuco, Brasil

RELATÓRIO TÉCNICO

Glauco Alves Pereira

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Glauco Alves Pereira

Aves da Mata do Estado

São Vicente Férrer,

Pernambuco, Brasil

RECIFE -PE

NOVEMBRO, 2009

RELATÓRIO TÉCNICO

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CRÉDITOS

CONSULTOR Glauco Alves Pereira REVISÃO TÉCNICA Diele Lôbo Sônia Aline Roda ORGANIZAÇÃO Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste - CEPAN FOTOGRAFIAS Créditos nas legendas APOIO Subprograma Projetos Demonstrativos – PDA/MMA Associação para a Proteção da Mata Atlântica do Nordeste - AMANE Conservação Internacional do Brasil Agencia Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos – CPRH Instituto Chico Mendes de Biodiversidade – ICMBio Universidade Federal de Pernambuco – UFPE

Esta publicação está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Atribuição: Uso Não Comercial-Compartilhamento pela mesma licença 3.0 Brasil. Esta licença permite que outros remixem, adaptem e criem obras

derivadas sobre esta publicação com fins não comerciais, contanto que atribuam adequadamente crédito aos autores e licenciem as novas criações sob os mesmos parâmetros. Você pode:

Copiar e distribuir os textos desta publicação

Criar obras derivadas a partir dos textos desta publicação

Sob as seguintes condições:

Atribuição: você deve dar crédito aos autores originais, de forma especificada no crédito do texto.

Uso não-comercial: você não pode utilizar esta obra com finalidades comerciais. Compartilhamento pela mesma Licença: se você alterar, transformar ou criar obra com base nesta, você somente poderá distribuir a obra resultante sob uma licença idêntica a esta.

Para citação bibliográfica: PEREIRA, G. A. Aves da Mata do Estado, São Vicente Férrer, Pernambuco, Brasil. Relatório Técnico. Recife: Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste. 2009.

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SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO ............................................................................................................ 1

2. MÉTODOS ..................................................................................................................... 1

3. AVIFAUNA ..................................................................................................................... 4

3.1. Espécies ameaçadas de extinção e endêmicas.............................................. 7

3.2. Espécies indicadoras da qualidade ambiental ............................................ 10

3.3. Aves cinegéticas e ‘aves de gaiola’ ............................................................. 12

4. ESTÁGIO DE CONSERVAÇÃO E REGENERAÇÃO DA MATA DO ESTADO ...................... 14

5. AMEAÇAS E IMPACTOS À BIODIVERSIDADE ............................................................... 15

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 16

Apêndice: Lista das aves registradas Mata do Estado, São Vicente Férrer,

Pernambuco.

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1. APRESENTAÇÃO

Este relatório tem como objetivo caracterizar a avifauna da Mata do Estado –

fragmento de floresta Atlântica Ombrófila Montana, com cerca de 600 ha, localizada

no município de São Vicente Férrer, Pernambuco.

A Mata do Estado é uma das cinco áreas selecionadas pelo Projeto Apoio a

Criação de Unidades de Conservação na floresta Atlântica de Pernambuco para ser

elaborada proposta de criação de uma unidade de conservação pública. Portanto, as

informações aqui apresentadas também visam contribuir com subsídios para endossar

a proposta de criação de uma unidade de conservação para esta área.

2. MÉTODOS

As informações de ocorrência de aves utilizadas neste relatório foram

compiladas a partir de consultas às publicações existentes, como estudos ornitológicos

publicados (Roda, 2003; Roda et al., 2003; Roda & Carlos, 2004; Roda & Pereira, 2006)

e a base de aves do Centro de Endemismo Pernambuco do Centro de Pesquisas

Ambientais do Nordeste (CEPAN). Também foi realizada uma incursão a campo entre

os dias 20 e 21 de março de 2009, na qual foi acrescentada algumas espécies de aves

ocorrentes nos diversos ambientes encontrados na Mata do Estado, como o florestal,

aquático (açudes e brejos) e áreas abertas (pastos, áreas de cultivo, etc.) (Figura 1).

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Figura 1 – Ecossistema florestal na Mata do Estado, São Vicente Férrer, Pernambuco.

Os avistamentos foram realizadas nos períodos da manhã (das 5 às 9:30h),

tarde (das 15:00 às 18:00h) e noite, esta última, no intuito de se registrar aves de

hábitos noturnos, como corujas e bacurais.

Para auxiliar na identificação das espécies, foram utilizados um binóculo Tasco

sonoma de aumento 8 x 42 mm, um gravador SONY TCM 5000 – EV e um microfone

ultradirecional Sennheiser ME 67 “long shotgun”. Com estes dois últimos

equipamentos foi realizado um banco de dados com as vozes das aves gravadas. Para a

identificação das espécies florestais, em algumas ocasiões foi realizada a técnica do

play back, onde as espécies de comportamentos mais discretos são atraídas pela

emissão de sua voz através do gravador. Também foram utilizados guias de campo e

livros especializados para auxiliar na identificação das espécies, tais como Ridgely &

Tudor (1989, 1994), Sick (1997), Souza (1998), Erize et al. (2006), Sigrist (2006).

A nomenclatura científica e classificação taxonômica seguem o Comitê

Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO, 2008). Para os nomes populares das

espécies utilizaram-se os nomes presentes na lista das aves do estado de Pernambuco

(Farias et al., 2008). As espécies exóticas invasoras foram consideradas de acordo com

a lista das espécies encontradas em Pernambuco (CEPAN, 2009).

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O status de ocorrência das espécies foi obtido seguindo-se os trabalhos de Sick

(1997) e RODA (2003), onde as aves foram classificadas em: 1) residente (espécie que

se reproduz na região); 2) Migrante meridional (espécie migrante do hemisfério sul); 3)

migrante setentrional (espécie migrante do hemisfério norte); 4) introduzida (espécie

trazida de outros locais e solta indevidamente na região); 5) status desconhecido

(espécie não enquadrada em nenhuma categoria anteriormente citada); e, 6) extinta

(espécie que não existe mais na natureza).

Quanto ao uso do habitat, as espécies foram classificadas em a) dependentes -

espécies associadas ao interior de florestas, podendo em alguns casos, também

ocorrer em ambientes de borda; b) semi-dependente - compreende as espécies que

ocorrem tanto no interior das florestas e suas bordas como em áreas mais abertas da

matriz circundante dos fragmentos; e, c) independente - espécies que habitam áreas

abertas, áreas antrópicas, não necessitando de áreas florestais para nenhuma de suas

atividades. Essa classificação segue principalmente a proposta por Parker et al (1996),

Sick (1997) e Roda (2003).

A classificação das espécies quanto ao nível trófico foi baseado em seus itens

alimentares: a) Frugívoros, quando sua base alimentar são frutos ou, também

artrópodes; b) Granívoros, quando se alimentam de grãos; c) Insetívoros, quando se

alimentam de artrópodes; d) Nectarívoros, quando a base da sua alimentação é o

néctar das flores (inclui-se nesta categoria, também, uma grande quantidade de

artrópodes); e) Onívoros, quando os táxons alimentam-se de artrópodes, frutos, grãos

e pequenos vertebrados; f) Predadores, quando se alimentam de pequenos

vertebrados e/ou grandes insetos; g) Aquáticos, são as espécies que se alimentam na

água, podendo ser de artrópodes e suas larvas, algas, brotos, etc; h) Detritívoros, que

se alimentam de matéria em decomposição. Essa classificação baseou-se

principalmente em Ridgely & Tudor (1989; 1994), Sick (1997) e Roda (2003).

O status de conservação foi obtido através de informações de endemismo e de

ameaça dos táxons. Os endemismos da floresta Atlântica estão de acordo com Parker

et al. (1996) e Roda (2002). Para as espécies restritas ao Centro Pernambuco, seguiu-se

Stattersfield et al. (1998), Roda (2002) e Silveira et al. (2003a). A classificação das

espécies ameaçadas e as suas categorias foi baseada no Livro Vermelho da Fauna

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Brasileira Ameaçada de Extinção (Machado et al., 2008) e a lista vermelha global da

IUCN – União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, 2009).

3. AVIFAUNA

Um total de 166 espécies de aves pertencentes a 41 famílias foi registrado na Mata

do Estado, sendo a maior parte das espécies pertencentes às famílias Tyrannidae

(16,8%), Thraupidae (9%), Thamnophilidae (8,4%) e Trochilidae (7,2%) (Figura 2,

Apêndice). Todas as espécies registradas são residentes, reproduzindo na região, ou ao

menos realizam pequenas migrações regionais. Nenhuma espécie exótica foi

observada.

Na Mata do Estado 75.3 % das espécies observadas são dependentes ou semi-

dependentes do ambiente florestal, ou seja, necessitam da floresta para manutenção

de pelo menos parte de suas atividades biológicas. O restante não apresenta

associação com esse ambiente, sendo encontrados em áreas abertas, como pastos,

campos e áreas alagadas, no entanto, ocasionalmente podem ser observados em

bordas das matas ou nas copas das árvores (Figura 3).

Os grupos tróficos mais representativos quanto ao número de espécie são: os

insetívoros e frugívoros, com 68 e 35 espécies, respectivamente. O grupo trófico com

menor representatividade foi o dos detritívoros, com apenas duas espécies (Figura 4).

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Figura 2 - Representatividade geral das famílias de aves assinaladas para a Mata do Estado, São Vicente Férrer, Pernambuco.

28 15

14 12

10 6

5 5

4 4 4 4 4 4

3 3 3 3 3

2 2 2 2 2 2 2 2 2 2

1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

0 5 10 15 20 25 30

Tyrannidae Thraupidae

Thamnophilidae Trochilidae

Accipitridae Emberizidae

Picidae Furnariidae Falconidae

Rallidae Cuculidae

Dendrocolaptidae Pipridae

Turdidae Columbidae

Strigidae Caprimulgidae

Icteridae Fringillidae

Ardeidae Cathartidae Alcedinidae

Ramphastidae Tityridae

Vireonidae Hirundinidae

Troglodytidae Polioptilidae

Parulidae Tinamidae

Cracidae Psittacidae Tytonidae

Nyctibiidae Trogonidae Momotidae Bucconidae

Conopophagidae Scleruridae Coerebidae

Cardinalidae

Número de espécies

Fam

ílias

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Figura 3 – Uso do hábitat das espécies de aves na Mata do Estado, São Vicente Férrer, Pernambuco. SDE = semi-dependente; DEP = dependente.

Figura 4 - Número de espécies por categorias tróficas na Mata do Estado, São Vicente Férrer, Pernambuco. INS – Insetívoro; FRU – Frugívoro; ONI – Onívoro; NEC – Nectarívoro; GRA – Granívoro; AQUA – Aquático; PRE – Predador; DETR – Detritívoro.

Dependente, 80

Semidependente, 45

Independente, 41

68

35

19 16

13 8

5 2

0

10

20

30

40

50

60

70

80

INS FRU PRE ONI NEC AQUA GRA DETR

mer

o d

e es

péc

ies

Categorias Tróficas

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3.1. ESPÉCIES AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO E ENDÊMICAS

Ao todo 21 espécies/subespécies ameaçadas de extinção foram observadas na

Mata do Estado, sendo 21 registradas na lista do Livro Vermelho da Fauna Brasileira

Ameaçada de Extinção (Machado et al., 2008) e sete na lista global da IUCN (2008),

merecendo destaque a choquinha-de-alagoas Myrmotherula snowi, espécie

classificada como Criticamente Ameaçada em ambas as listas. Quanto aos endemismos

foram encontradas dezenove espécies endêmicas ao Centro Pernambuco (porção

litorânea da floresta Atlântica entre os estados de Alagoas e Rio Grande do Norte) e

oito à floresta Atlântica brasileira (Tabela 1).

Tabela 1 – Espécie e subespécies ameaçadas de extinção e endêmicas da Floresta Atlântica ou do Centro Pernambuco. Categorias de ameaça: VU = Vulnerável; EP = Em Perigo; CR = Criticamente Ameaçado. Endemismo: CP = restritas ao Centro Pernambuco; FA = restritas à Floresta Atlântica Brasileira.

Espécies

Ameaça

Lista Nacional

Ameaça

Lista Global

Endemismo

Aphanthochroa cirrochloris - - FA

Cercomacra laeta sabinoi VU - CP

Conopophaga melanops nigrifrons VU - CP

Curaeus forbesi VU EP FA

Dendrocincla fuliginosa taunayi EP - CP

Euphonia pectoralis - - FA

Florisuga fusca - - FA

Hemithraupis flavicollis melanoxantha - - CP

Momotus momota marcgraviana EP - CP

Myrmeciza ruficauda soror EP EP CP

Myrmotherula snowi CR CR CP

Penelope superciliaris alagoensis EP - CP

Phylloscartes ceciliae EP EP CP

Picumnus exilis pernambucensis VU - CP

Platyrinchus mystaceus niveigularis VU - CP

Pyriglena leuconota pernambucensis VU - CP

Ramphocelus bresilius - - FA

Schiffornis turdina intermedia - - CP

Synallaxis infuscata EP EP CP

Tangara cyanocephala corallina VU - FA

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Tangara fastuosa VU VU CP

Terenura sicki EP EP CP

Thalurania watertonii VU - FA

Thamnophilus aethiops distans EP - CP

Thamnophilus caerulescens pernambucensis VU - CP

Xenops minutus alagoanus VU - CP

Xiphorhynchus fuscus atlanticus VU - FA

Entre as aves ameaçadas de extinção, merece destaque a presença de três

espécies descritas na década de 1980, na região de Murici, em Alagoas, que foram

posteriormente, encontradas em Pernambuco, são elas: o zidedê-do-nordeste

Terenura sicki (Figura 5), o cara-pintada Phylloscartes ceciliae e a choquinha-de-

alagoas Myrmotherula snowi (Figura 6). Essas espécies merecem destaque, pois, além

de apresentarem área de distribuição restrita ao Centro Pernambuco, atualmente

ocorrem em poucos locais desta região, tendo suas populações diminuídas

principalmente pelo desmatamento e perda de hábitats. Durante a visita nos dias 20 e

21 de março, indivíduos do zidedê-do-nordeste foram observados em diversos pontos,

vocalizando nas copas das árvores, principalmente nas bordas da mata. O cara-pintada

foi ouvido no interior do fragmento em poucas ocasiões. Não detectamos a presença

da choquinha-de-alagoas. Outra espécie ameaçada, o anumará Curaeus forbesi (Figura

7), se destacou pela grande quantidade de indivíduos observados, principalmente

durante as primeiras horas da manhã.

O jacu Penelope superciliaris alagoensis, não foi detectado durante nossa

visita, no entanto é uma ave muito conhecida pelos nativos da região pelo valor de sua

carne, sendo muito procurada por caçadores. A subespécie de jacu registrada na Mata

do Estado ocorre apenas nos estados de Alagoas e Pernambuco. Segundo Silveira et al.

(2003a) essa subespécie é capaz de agüentar determinados níveis de desmatamento e

caça, sendo encontrados no nordeste do Brasil tanto em fragmentos bem conservados

como em fragmentos altamente degradados.

Outra espécie encontrada com freqüência nas bordas da mata foi o pintor-

verdadeiro Tangara fastuosa (Figura 8). Alguns casais foram observados

movimentando-se constantemente em árvores que continham bromélias, utilizando-as

como local para nidificação. Na floresta Atlântica pernambucana, essa espécie nidifica

entre os meses de janeiro e abril (Farias et al., 1996; Silveira et al., 2003b). Algumas

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espécies e subespécies ameaçadas, porém menos exigentes ao processo de

fragmentação foram registradas, principalmente nas bordas das matas, a espanta-

raposa Thamnophilus caerulescens pernambucensis se destacou por ser

constantemente observada. Essa subespécie também é abundante em outros

fragmentos florestais do Centro Pernambuco (Farias et al, 2007; Farias, 2009).

Figura 5 - Zidedê-do-nordeste Terenura sicki (Foto de Ciro Albano).

Figura 6 - Choquinha-de-alagoas Myrmotherula snowi (Foto de Ciro Albano).

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Figura 7 - Anumará Curaeus forbesi (Foto de Ciro Albano).

Figura 8 - Pintor-verdadeiro Tangara fastuosa (Foto de Ciro Albano).

3.2. ESPÉCIES INDICADORAS DA QUALIDADE AMBIENTAL

Dois grupos de passeriformes florestais representam importância fundamental

para a Mata do Estado, são os insetívoros de sub-bosque e os escaladores de troncos.

No primeiro grupo, representados principalmente pelas famílias Thamnophilidae e

Tyrannidae, estão espécies como a choquinha-de-alagoas Myrmotherula snowi, a

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choquinha-de-flanco-branco M. axillaris, a choquinha-lisa Dysithamnus mentalis, o

chororó-didi Cercomacra laeta sabinoi, o formigueiro-de-cauda-ruiva Myrmeciza

ruficauda soror e a choca-lisa T. aethiops distans, patinho Platyrinchus mystaceus

niveigularis, abre-asa Mionectes oleagineus, dentre outros. Esses táxons são

importantes indicadores do estado em que se encontra a floresta (Pitarelli et al.,

2008), estando ausentes em áreas altamente fragmentadas, que perderam parte dos

micro-hábitats existentes anteriormente. No segundo grupo estão os representantes

das famílias Picidae e Dendrocolaptidae, como o pica-pau-anão-canela P. fulvescens, o

pica-pau-de-topete-vermelho Dryocopus lineatus, o picapauzinho-avermelhado

Veniliornis affinis, o arapaçu-pardo Dendrocincla fuligionosa taunayi e o arapaçu-

rajado Xiphorhynchus fuscus atlanticus, dentre outros. De acordo com Soares & Anjos

(1999) as espécies escaladoras de tronco também são importantes, cuja presença pode

ser empregada para verificar como está a qualidade ambiental de uma floresta.

Outro grupo registrado, também considerado importante elemento na análise

da qualidade ambiental são os grandes frugívoros representados na Mata do Estado

pelos tucanos e araçaris, o jacu Penelope superciliaris alagoensis e o surucuá-de-

barriga-vermelha Trogon curucui (Figura 9). Esses grandes frugívoros são mais

especializados e sensíveis à fragmentação florestal, pois dependem de extensas áreas

florestadas onde existe disponibilidade constante de alimentos durante o ano (Willis,

1979; Aleixo & Villiard, 1995). Os frugívoros de porte menor, como os pertencentes à

família Thraupidae, Pipridae e Fringillidae também desempenham importante papel no

cenário local, atuando como potenciais dispersores de pequenas sementes no

ambiente florestal.

Os predadores, representados pelos gaviões, falcões e corujas, que estão no

topo da cadeia alimentar, são duramente afetados pela fragmentação florestal, dado

que muitas dessas espécies necessitam de extensas áreas florestais para reproduzir,

caçar e realizar movimentos migratórios (Ferguson-Lee & Christie, 2001). A Mata do

Estado merece destaque por apresentar registros de aves de rapinas com poucos

registros no Centro Pernambuco, como o gavião-tesoura Elanoides forficatus e o

gaviãozinho Gampsonyx swainsonii (Roda & Pereira, 2006).

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Figura 9 - Surucuá-de-barriga-vermelha Trogon curucui (Foto de Ciro Albano).

3.3. AVES CINEGÉTICAS E ‘AVES DE GAIOLA’

Algumas espécies cinegéticas foram registradas, como o lambu-espanta-boiada

Crypturellus parvirostris, o jacu Penelope superciliaris alagoensis (Figura 10), a rolinha-

caldo-de-feijão Columbina talpacoti, a juriti-gemedeira Leptotila rufaxilla e a parari

Geotrygon montana (Figura 11). Apesar da presença dessas espécies, nenhuma

atividade de caça foi observada no interior do fragmento nem nas áreas vizinhas.

Também foi assinalada a presença de diversas espécies consideradas como

‘aves de gaiola’, que são espécies procuradas por criadores de aves, seja no intuito de

criar ou de comercializá-las em feiras livres da Região Metropolitana do Recife e em

outros estados (Pereira & Brito, 2005). As principais espécies encontradas neste

trabalho são: tapacu Forpus xanthopterygius, sabiá-gongá Turdus rufiventris, sabiá-

branco T. leucomelas, sabiá-bico-de-osso T. amaurochalinus, sabiá-golada T. albicollis,

encontro-de-prata Tachyphonus rufus, sangue-de-boi Ramphocelus bresilius, sanhaçu-

do-azul Thraupis sayaca, sanhaçu-do-verde T. palmarum, pintor-verdadeiro Tangara

fastuosa, pintor-coleira T. cyanocephala corallina, frei-vicente T. cayana, verdelim

Dacnis cayana, saíra Cyanerpes cyaneus, tiziu Volatinia jacarina, papa-capim

Sporophila nigricolis, patativa-golada S. albogularis, galo-de-campina Paroaria

dominicana, papa-pimenta Saltator maximus, xexéu-de-bananeira Icterus cayanensis,

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anumará Curaeus forbesi, papa-arroz Molothrus bonariensis, vem-vem Euphonia

chlorotica e guriatã E. violacea. Nenhuma captura de aves silvestres foi flagrada,

porém algumas espécies foram observadas em gaiolas no terraço de algumas

residências próximas à Mata do Estado.

Figura 10 - Jacu Penelope superciliaris alagoensis (Foto de Sérgio Leal).

Figura 11 - Parari Geotrygon montana (Foto de Ciro Albano).

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4. ESTÁGIO DE CONSERVAÇÃO E REGENERAÇÃO DA MATA DO ESTADO

A Mata do Estado apresenta um avançado estágio de regeneração, estando a

maior parte bem conservada. Alguns pontos mostram-se em estágio mais recente de

regeneração, principalmente nos locais mais afastados, que foram possivelmente

impactados por ação humana no passado.

O avançado estágio de regeneração possibilita os mais variados estratos e

micro-hábitats no ambiente florestal. Concluindo então, a maior diversidade de micro-

hábitats favorece uma maior diversidade de espécies de aves. O sub-bosque sombrio,

por exemplo, pode ser habitado por espécies mais sensíveis a luminosidade, como o

formigueiro-de-cauda-ruiva Myrmeciza ruficauda soror (Figura 12). O sub-bosque mais

aberto, iluminado, próximo a bordas de matas serve de moradia para espécies menos

sensíveis à fragmentação, como o papa-formiga-pardo Formicivora grisea. Árvores

mortas na floresta, com buracos servem de refúgio para pica-paus e arapaçus. Grandes

cupinzeiros nas árvores são excelentes locais para o sucucuá-de-barriga-vermelha

Trogon curucui nidificar. O dossel da floresta, com árvores imensas, é o local preferido

dos grandes araçaris e tucanos e de alguns gaviões, como o gavião-pedrês Buteo

nitidus e o gavião-da-mata Micrastur semitorquatus, escutados constantemente na

Mata do Estado. Nos ambientes de áreas abertas (capinzais e áreas abertas, como

pastos, áreas antrópicas com árvores esparsas e plantações) foram encontradas

diversas espécies de aves como o lambu-espanta-boiada Crypturellus parvirostris, o

gavião-carijó Rupornis magnirostris, o papa-capim Sporophila nigricollis e o papa-arroz

Molothrus bonariensis. O ambiente aquático, mesmo com poucas espécies registradas

também é importante para a manutenção das aves de hábitos aquáticos e semi-

aquáticos. Nos brejos com vegetação paludosa foram encontrados jaçanãs e os

pequenos ralídeos. No açude, facilmente são observados a andorinha-do-rio

Tachycineta albiventer, os martins-pescadores e os socós. Vale salientar que a

conservação da Mata do Estado está diretamente relacionada à preservação dos

recursos hídricos da região, que fornece água para alguns municípios da região.

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Figura 12. Formigueiro-de-cauda-ruiva Myrmeciza ruficauda soror (Foto de Ciro

Albano)

5. AMEAÇAS E IMPACTOS À BIODIVERSIDADE

Apesar dos níveis de regeneração e conservação da Mata do Estado, alguns pontos

negativos e impactos sua biodiversidade local devem ser mencionados:

Na Mata do Estado não existe nenhum posto de fiscalização, nem sequer

vigilantes que possam intervir ações de desmatamento ou outra ação ilegal;

Na Mata há algumas trilhas que são utilizadas constantemente pela população

nativa, servindo principalmente como atalhos para escolas, passagem de bois e

acessos a outros vilarejos;

O cultivo da banana, uva, macaxeira, e outras culturas agrícolas ladeiam a Mata

do Estado, estando muito próximas da borda da mata;

A pecuária, principalmente a criação de gado bovino, caprinos e asininos

(burros) é uma ameaça ao fragmento, pois foram encontrados alguns

indivíduos desses grupos em áreas de pastos próximas ao açude da Mata do

Estado. Apesar da presença desses animais, não foi observada a presença ou

mesmo vestígios dos mesmos no interior do fragmento. Em um trabalho

realizado na área em 2006, também foi observada a presença desses animais

no entorno do açude (Livramento et al., 2006).

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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APÊNDICE

Lista das aves registradas na Mata do Estado, São Vicente Férrer, Pernambuco. Status:

RES (Residente), INT (Introduzido). Uso do Hábitat: DEP (Dependente), SDE (Semi-

dependente); IND (Independente). Grupo Trófico: INS (Insetívoro), FRU (Frugívoro),

GRA (Granívoro), NEC (Nectarívoro), DETR (Detritívoro), PRE (Predador), AQUA

(Aquático). Ambientes: FL (Floresta), AB (Áreas abertas), AL (Áreas alagadas).

Espécie Nome Popular Status Uso do

habitat

Grupo

trófico

Ambientes

FL AB AL

Família Tinamidae

Crypturellus parvirostris lambu-espanta-boiada RES IND FRU x

Família Cracidae

Penelope superciliaris

alagoensis

jacu RES DEP FRU x

Família Ardeidae

Tigrisoma lineatum socó-boi RES IND AQUA x x

Butorides striata socozinho RES IND AQUA x

Família Cathartidae

Cathartes aura urubu-de-cabeça-vermelha RES IND DETR x x x

Coragyps atratus urubu-de-cabeça-preta RES IND DETR x x x

Família Accipitridae

Leptodon cayanensis gavião-de-cabeça-cinza RES DEP PRE x

Elanoides forficatus gavião-tesoura RES SDE PRE x x

Gampsonyx swainsonii gaviãozinho RES IND PRE x

Elanus leucurus gavião-peneira RES IND PRE x x

Geranospiza caerulescens gavião-canela-seca RES SDE PRE x x

Rupornis magnirostris gavião-carijó RES IND PRE x x x

Buteo nitidus gavião-pedrês RES IND PRE x

Buteo brachyurus gavião-de-cauda-curta RES SDE PRE x

Buteo albonotatus gavião-de-rabo-barrado RES DEP PRE x

Família Falconidae

Caracara plancus carcará RES IND PRE x

Milvago chimachima carrapateiro RES IND PRE x

Herpetotheres cachinnans acauã RES SDE PRE x x

Micrastur ruficollis falcão-caburé RES DEP PRE x

Micrastur semitorquatus gavião-da-mata RES DEP PRE x

Família Rallidae

Aramides cajanea três-côcos RES SDE AQUA x

Laterallus viridis sanã-castanha RES SDE AQUA x

Laterallus melanophaius cambonje RES IND AQUA x

Pardirallus nigricans saracura-sanã RES IND AQUA x x

Família Columbidae

Columbina talpacoti rolinha-caldo-de-feijão RES IND GRA x x

Leptotila rufaxilla juriti-gemedeira RES DEP FRU x

Geotrygon montana parari RES DEP FRU x

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Espécie Nome Popular Status Uso do

habitat

Grupo

trófico

Ambientes

FL AB AL

Família Psittacidae

Forpus xanthopterygius tapacu RES IND FRU x x x

Família Cuculidae

Piaya cayana alma-de-gato RES SDE INS x x

Crotophaga ani anu-preto RES IND INS x x x

Guira guira anu-branco RES IND INS x x x

Tapera naevia peitica RES IND INS x x

Família Tytonidae

Tyto alba coruja-rasga-mortalha RES IND PRE x

Família Strigidae

Pulsatrix perspicillata coruja-bode RES DEP PRE x x x

Glaucidium brasilianum caburé RES SDE PRE x x

Rhinoptynx clamator coruja-orelhuda RES IND PRE x x

Família Nyctibiidae

Nyctibius griseus mãe-da-lua RES SDE PRE x x

Família Caprimulgidae

Nyctiphrynus ocellatus bacurau-ocelado RES DEP INS x

Caprimulgus rufus joão-corta-pau RES IND INS x

Caprimulgus parvulus bacurau-chintã RES IND INS x x

Família Trochilidae

Glaucis hisurtus balança-rabo-de-bico-torto RES DEP NEC x

Phaethornis ruber beija-flor-carrapato RES DEP NEC x

Phaethornis pretrei rabo-branco-acanelado RES SDE NEC x x

Eupetomena macroura beija-flor-rabo-de-tesoura RES IND NEC x x x

Aphanthochroa

cirrochloris

beija-flor-cinza RES SDE NEC x x

Florisuga fusca beija-flor-desenhado RES DEP NEC x

Anthracothorax nigricollis bizunga RES SDE NEC x

Chlorostilbon notatus beija-flor-de-garganta-azul RES DEP NEC x x

Chlorostilbon lucidus besourinho-flor-de-bico-vermelho RES SDE NEC x x

Thalurania watertonii beija-flor-de-costas-violetas RES DEP NEC x

Amazilia fimbriata beija-flor-de-garganta-verde RES SDE NEC x x

Heliothryx auritus beija-flor-de-bochecha-azul RES DEP NEC x

Família Trogonidae

Trogon curucui surucuá-de-barriga-vermelha RES DEP FRU x

Família Alcedinidae

Megaceryle torquata fura-barreira RES IND AQUA x

Chloroceryle amazona martim-pescador-verde RES SDE AQUA x

Família Momotidae

Momotus momota

marcgraviana

udu-de-coroa-azul RES DEP INS x

Família Bucconidae

Nystalus maculatus dorminhoco RES IND INS x x

Família Ramphastidae

Ramphastos vitellinus tucano-de-papo-amarelo RES DEP FRU x

Pteroglossus inscriptus tucano-perereca RES DEP FRU x

Família Picidae

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Espécie Nome Popular Status Uso do

habitat

Grupo

trófico

Ambientes

FL AB AL

Picumnus exilis

pernambucensis

pica-pau-anão-de-pintas-amarelas RES DEP INS x x

Picumnus fulvescens pica-pau-anão-canela RES SDE INS x x

Veniliornis affinis picapauzinho-avermelhado RES DEP INS x

Veniliornis passerinus picapauzinho-anão RES SDE INS x x

Dryocopus lineatus pica-pau-de-topete-vermelho RES SDE INS x x

Família Thanophilidae

Taraba major chorró-olho-de-fogo RES SDE INS x x

Thamnophilus palliatus choca-listrada RES SDE INS x x

Thamnophilus

caerulescens

pernambucensis

espanta-raposa RES DEP INS x

Thamnophilus aethiops

distans

choca-lisa RES DEP INS x

Dysithamnus mentalis choquinha-lisa RES DEP INS x

Myrmotherula axillaris choquinha-de-flanco-branco RES DEP INS x

Myrmotherula snowi choquinha-de-alagoas RES DEP INS x

Herpsilochmus atricapillus chorozinho-de-chapéu-preto RES DEP INS x

Herpsilochmus

rufimarginatus

chorozinho-de-asa-vermelha RES DEP INS x

Formicivora grisea papa-formiga-pardo RES SDE INS x

Terenura sicki zidedê-do-nordeste RES DEP INS x

Cercomacra laeta sabinoi chororó-didi RES DEP INS x

Pyriglena leuconota

pernambucensis

papa-taioca RES DEP INS x

Myrmeciza ruficauda

soror

formigueiro-de-cauda-ruiva RES DEP INS x

Família Conopophagidae

Conopophaga melanops

nigrifrons

cuspidor-de-máscara-preta RES DEP INS x

Família Scleruridae

Sclerurus mexicanus vira-folha-de-peito-vermelho RES DEP INS x

Família Dendrocolaptidae

Dendrocincla fuliginosa

taunayi

arapaçu-pardo RES DEP INS x

Sittasomus griseicapillus arapaçu-verde RES DEP INS x

Dendroplex picus arapaçu-de-bico-branco RES SDE INS x x

Xiphorhynchus fuscus

atlanticus

arapaçu-rajado RES DEP INS x

Família Furnariidae

Synallaxis infuscata tatac RES DEP INS x x

Synallaxis frontalis tio-antônio RES SDE INS x x

Certhiaxis cinnamomeus casaca-de-couro RES IND INS x

Xenops minutus

alagoanus

bico-virado-miúdo RES DEP INS x

Xenops rutilans bico-virado-carijó RES DEP INS x

Família Tyrannidae

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Espécie Nome Popular Status Uso do

habitat

Grupo

trófico

Ambientes

FL AB AL

Mionectes oleagineus abre-asa RES SDE FRU x

Leptopogon

amaurocephalus

cabeçudo RES DEP FRU x

Hemitriccus griseipectus maria-de-barriga-branca RES DEP INS x

Poecilotriccus fumifrons ferreirinho-de-testa-parda RES DEP INS x

Todirostrum cinereum relojinho RES SDE INS x x

Phyllomyias fasciatus pássaro-fantasma RES DEP FRU x x

Myiopagis gaimardii maria-pechim RES DEP FRU x

Elaenia flavogaster maria-já-é-dia RES SDE FRU x x

Elaenia spectabilis guaracava-grande RES SDE FRU x

Camptostoma obsoletum risadinha RES IND INS x x

Phaeomyias murina bagageiro RES IND INS x x

Capsiempis flaveola marianinha-amarela RES SDE INS x x

Phylloscartes ceciliae cara-pintada RES DEP INS x

Tolmomyias

sulphurescens

bico-chato-de-orelha-preta RES DEP INS x

Tolmomyias flaviventris bico-chato-amarelo RES DEP INS x x

Platyrinchus mystaceus

niveigularis

patinho RES DEP INS x

Myiophobus fasciatus filipe RES IND INS x x

Myiobius barbatus assanhadinho RES DEP INS x

Lathrotriccus euleri enferrujado RES DEP INS x

Cnemotriccus fuscatus guaracavuçu RES DEP INS x

Fluvicola nengeta lavandeira RES IND INS x x

Arundinicola leucocephala viuvinha RES IND INS x

Legatus leucophaius bem-te-vi-pirata RES DEP FRU x

Myiozetetes similis bem-te-vi-do-pequeno RES SDE ONI x x x

Pitangus sulphuratus bem-te-vi RES IND ONI x x x

Empidonomus varius peitica RES SDE INS x x

Tyrannus melancholicus bem-te-vi-de-cercado RES IND INS x x x

Myiarchus tyrannulus mané-besta RES SDE INS x x

Família Pipridae

Neopelma pallescens bate-caralho RES DEP FRU x

Manacus manacus rendeira RES DEP FRU x

Chiroxophia pareola dançarino RES DEP FRU x

Pipra rubrocapilla soldadinho RES DEP FRU x

Família Tityridae

Schiffornis turdina

intermedia

flautim-marrom RES DEP FRU x

Pachyramphus

polychopterus

caneleiro-preto RES DEP INS x x

Família Vireonidae

Cyclarhis gujanensis pitiguari RES DEP INS x x

Vireo olivaceus chorão-da-mata RES DEP INS x

Família Hirundinidae

Stelgidopteryx ruficollis andorinha-serradora RES IND INS x x

Tachycineta albiventer andorinha-de-papo-branco RES IND INS x

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Espécie Nome Popular Status Uso do

habitat

Grupo

trófico

Ambientes

FL AB AL

Família Troglodytidae

Troglodytes musculus rouxinol RES IND INS x x

Pheugopedius genibarbis garrinchão RES DEP ONI x

Família Polioptilidae

Ramphocaenus

melanurus

bico-assovelado RES DEP INS x

Polioptila plumbea gatinha RES SDE INS x x

Família Turdidae

Turdus rufiventris sabiá-gongá RES SDE ONI x x

Turdus leucomelas sabiá-branco RES SDE ONI x x

Turdus amaurochalinus sabiá-bico-de-osso RES SDE ONI x

Turdus albicollis sabiá-golada RES DEP ONI x

Família Coerebidae

Coereba flaveola sebito RES SDE NEC x x

Família Thraupidae

Nemosia pileata saíra-de-chapéu-preto RES SDE FRU x x

Thlypopsis sordida canário-de-folha RES SDE FRU x x

Tachyphonus cristatus tiê-galo RES DEP FRU x

Tachyphonus rufus encontro-de-prata RES SDE FRU x x

Ramphocelus bresilius sangue-de-boi RES DEP FRU x x

Thraupis sayaca sanhaçu-do-azul RES SDE ONI x x

Thraupis palmarum sanhaçu-do-verde RES SDE ONI x x

Tangara fastuosa pintor-verdadeiro RES DEP FRU x

Tangara cyanocephala

corallina

pintor-coleira RES DEP FRU x

Tangara cayana frei-vicente RES SDE FRU x x

Tersina viridis tangará RES DEP ONI x

Dacnis cayana verdelim RES DEP FRU x x

Cyanerpes cyaneus saíra RES DEP FRU x x

Chlorophanes spiza bico-doce RES DEP FRU x

Hemithraupis flavicollis

melanoxantha

saíra-galega RES DEP FRU x

Família Emberizidae

Volatinia jacarina tiziu RES IND GRA x

Sporophila nigricollis papa-capim RES IND GRA x

Sporophila albogularis patativa-golada RES IND GRA x

Tiaris fuliginosus cigarra-do-pará RES DEP GRA x x

Arremon taciturnus salta-caminho-da-mata RES DEP ONI x

Paroaria dominicana galo-de-campina RES IND ONI x x

Família Cardinalidae

Saltator maximus papa-pimenta RES DEP ONI x

Família Parulidae

Basileuterus culicivorus pula-pula RES DEP INS x

Basileuterus flaveolus canário-do-mato RES DEP INS x

Família Icteridae

Icterus cayanensis xexéu-de-bananeira RES SDE ONI x x

Curaeus forbesi anumará RES SDE ONI x x

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Espécie Nome Popular Status Uso do

habitat

Grupo

trófico

Ambientes

FL AB AL

Molothrus bonariensis papa-arroz RES IND ONI x

Família Fringillidae

Euphonia chlorotica vem-vem RES SDE FRU x x

Euphonia violacea guriatã RES DEP FRU x x

Euphonia pectoralis guriatã-preta RES DEP FRU x