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PROJETO INTEGRADO DE NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS PROJETO INTEGRADO DE NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS PROJETO INTEGRADO DE NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS PROJETO INTEGRADO DE NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS CADEIA PRODUTIVA DE AVES INTEGRAÁVEIS OPORTUNIDADE DE INVESTIMENTO EM AVICULTURA NOS VALES DO SÃO FRANCISCO E DO PARNAÍBA 0

Avicultura

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PROJETO INTEGRADO DE NEGÓCIOS SUSTENTÁVEISPROJETO INTEGRADO DE NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS

PROJETO INTEGRADO DE NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS

PROJETO INTEGRADO DE NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS

CADEIA PRODUTIVA DE AVESINTEGRAÁVEIS

2008

OPORTUNIDADE DE INVESTIMENTO EM AVICULTURA NOS VALES DO SÃO FRANCISCO E DO PARNAÍBA

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Centro de Conhecimento em Agronegócios - PENSA

PROJETO INTEGRADO DE NEGÓCIOS SUSTENTÁVEIS – PINS

CADEIA PRODUTIVA DE AVES: OPORTUNIDADE DE INVESTIMENTO EM

AVICULTURA NOS VALES DO SÃO FRANCISCO E DO PARNAÍBA

CODEVASF, Brasília, DF

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2008

PRESIDENTE DA REPÚBLICA Luiz Inácio Lula da Silva

MINISTRO DA INTEGRAÇÃO NACIONALGeddel Vieira Lima

PRESIDENTE DA CODEVASFOrlando Cezar da Costa Castro

DIRETOR DA ÁREA DE DESENVOLVIMENTO INTEGRADO E INFRA-ESTRUTURAClementino de Souza Coelho

DIRETOR DA ÁREA DE GESTÃO DOS EMPREENDIMENTOS DE IRRIGAÇÃORaimundo Deusdará Filho

DIRETOR DA ÁREA DE REVITALIZAÇÃO DAS BACIAS HIDROGRÁFICASJonas Paulo de Oliveira Neres

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338.1 Centro de Conhecimento em Agronegócios (PENSA)C389p Projeto integrado de negócios sustentáveis – PINS:

cadeia produtiva de aves/ Centro de Conhecimento em Agronegócios (PENSA).- Brasília, DF: CODEVASF, 2008.

39 p. : il. ; 30cm

1. Economia agrícola. 2. Aves. 3. Agronegócio. I. Título.

CDU - 338.1CDU - 636.52/.58

Equipe Técnica Responsável

CODEVASF

Diretor da Área de Desenvolvimento Integrado e Infra-EstruturaClementino de Souza Coelho

Assistente Executivo de Desenvolvimento Integrado e Infra-estruturaAlvane Ribeiro Soares Primeiro Secretário de Desenvolvimento Integrado e Infra-estruturaGuilherme Gomes

PENSA

CoordenadorProf. Dr. Marcos Fava Neves

Gestor Executivo do ProjetoLuciano Thomé e Castro

Gestor Executivo do ProjetoRicardo Messias Rossi

Assistente Executivo do ProjetoVinicius Mazza da Silva

Assistente Executivo do ProjetoMarina Darahem Mafud

Equipe Técnica:

Pesquisador ResponsávelFabio Matuoka Mizumoto

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Pesquisador AssistenteCamila Dias de Sá

ColaboradorCiro Orihuela Masili

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Resumo Executivo

Com o objetivo de desenvolver a região dos Vales do São Francisco e do Parnaíba, a CODEVASF estabeleceu uma parceria com o PENSA (Centro de Conhecimento em Agronegócios da USP) para a geração de novos negócios para a região, dentro de um modelo denominado PINS (Projeto Integrado de Negócios Sustentáveis). A avicultura foi identificada como uma atividade de grande potencial para a região, e este documento tem como objetivos: apresentar uma análise da cadeia agroindustrial avícola no Brasil, a atratividade da região para o desenvolvimento de tal atividade e propor um modelo de negócio para o seu desenvolvimento. A Análise do Sistema Agroindustrial avícola oferece uma noção do patamar em que se encontra o consumo brasileiro de frango e quem são os principais compradores internacionais do frango produzido no país, demonstra de que forma está organizada a cadeia de distribuição avícola brasileira, bem como a importância do frio para esta cadeia. A análise destaca também como estão estabelecidas a produção e a industrialização de aves no país, e as tendências de arranjos produtivos entre produção e industrialização. Para complementar, a análise traz ainda a disponibilidade de insumos (ração e pintos de um dia) nas diferentes regiões produtoras e como tal disponibilidade têm influenciado a localização das plantas processadoras de aves no Brasil. Para finalizar o panorama, é apresentada a atratividade dos Vales do São Francisco e do Parnaíba para a atividade avícola, com destaque para a disponibilidade de água, grãos como insumo para a ração, isolamento sanitário e mercado consumidor potencial. Em função de todo o panorama traçado para a implantação da avicultura na região dos Vales do São Francisco e do Parnaíba, propõe-se um modelo de negócios com a descrição de todas as transações envolvidas no mesmo, bem como das funções dos agentes envolvidos. Em seguida, são apresentadas diversas análises econômico-financeiras, através de uma estrutura de premissas e resultados esperados com enfoque no fornecimento de insumos, no produtor integrado e finalmente na indústria processadora. Este material poderá servir como importante ferramenta para estimular o desenvolvimento e crescimento dos perímetros da CODEVASF na região de Barreiras (BA) através da implantação da atividade avícola.

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Sumário

1. O PENSA e a CODEVASF.................................................................................................10

2. Características e Competitividade dos Vales do São Francisco e Parnaíba..............11

3. Casos de Empresas da Região.......................................................................................14

4. Análise do Sistema Agroindustrial e Atratividade dos Vales do São Francisco e

Parnaíba para a Avicultura...................................................................................................16

4.1 Consumo de frango..................................................................................................16

4.2 Distribuição na cadeia avícola................................................................................17

4.3 Industrialização.........................................................................................................18

4.4 Produção Avícola......................................................................................................19

4.5 Insumos para a produção avícola...........................................................................20

4.6 Atratividade do Vale do São Francisco e Parnaíba para a Avicultura.................21

5. Oportunidade de Investimento em Avicultura nos Vales do São Francisco e

Parnaíba.................................................................................................................................23

5.1 Introdução ao Negócio.............................................................................................23

5.2 Modelo de negócio proposto...................................................................................24

5.3 Análises para a Sustentabilidade Econômica.......................................................25

5.3.1 Insumos............................................................................................................27

5.3.2. Aviários............................................................................................................28

5.3.2.1 Operacional aviários..............................................................................29

5.3.2.2 Sustentabilidade aviários......................................................................30

5.3.3 Indústria integradora processadora.............................................................33

5.3.3.1 Investimentos Indústria.........................................................................33

5.3.3.2 Operacional Indústria.............................................................................34

5.3.3.3. Sustentabilidade Indústria....................................................................35

6. Conclusão..........................................................................................................................38

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1. O PENSA e a CODEVASF

A CODEVASF (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) é um órgão público, vinculado ao Ministério da Integração Nacional do governo brasileiro, que visa o desenvolvimento da região Nordeste por meio da Agricultura Irrigada. A CODEVASF atua nos Estados de Alagoas, Bahia, Minas Gerais, Pernambuco e Sergipe, perfazendo 640.000 km² do Vale, nas regiões do médio, submédio e baixo São Francisco. De acordo com a Lei nº 9.954, de 6 de janeiro de 2000, a CODEVASF passou a atuar também, no vale do rio Parnaíba, numa área de 340.000 km², abrangendo os Estados do Maranhão e Piauí.

O PENSA (Centro de Conhecimentos em Agronegócios da USP) é uma organização que integra professores e pesquisadores dos departamentos de Economia e Administração da FEA-USP (São Paulo e Ribeirão Preto). Sua finalidade é promover estudos sobre o agronegócio brasileiro.

O PENSA foi convidado a estudar a viabilidade de implementação de sistemas agroindustriais completos na área de atuação da CODEVASF. O estudo foi realizado para abacaxi, apicultura, aves, banana, bioenergia, caprinos e ovinos, frutas secas, laranja, limão, piscicultura e vegetais semi-processados.

O objetivo do projeto é atrair empresas do setor de alimentos e fibras, com forte inserção em mercados nacionais e internacionais, para ter nos produtores de perímetros públicos irrigados uma de suas fontes de suprimentos. Para isso, foi estabelecido o Projeto Integrado de Negócios Sustentáveis; sendo que no “P” de Projetos, análises técnicas e de viabilidade econômica e financeira são desenvolvidas para empresas candidatas, no “I” de Integração, mecanismos privados de contratos e relacionamentos entre agroindústrias e pequenos produtores são sugeridos, no “N” de Negócios, taxas interessantes de retorno às agroindústrias âncoras são calculadas, bem como a necessária renda interessante ao pequeno produtor familiar e, finalmente, no “S” de Sustentáveis, a sustentabilidade, nas suas vertentes social, ambiental e econômica devem ficar evidentes.

Os objetivos, como colocados pela companhia, são a “geração de emprego e renda, a redução dos fluxos migratórios dos efeitos econômicos e sociais de secas e inundações freqüentes e, ainda, a preservação dos recursos naturais dos rios São Francisco e Parnaíba, visando melhorar a qualidade de vida dos habitantes dessas regiões”. Para isso, a administração da CODEVASF é regionalizada e dividida em 7 superintendências, denominadas superintendências regionais, que atuam no médio, submédio e baixo São Francisco. No médio São Francisco, ficam localizadas as superintendências regionais de Montes Claros (MG) (1ª Superintendência Regional) e a de Bom Jesus da Lapa (BA) (2ª Superintendência Regional). Em Montes Claros, foram instalados arranjos produtivos locais em apicultura, ovinocultura e piscicultura, sendo que o destaque produtivo está no projeto Jaíba, com a fruticultura irrigada, principalmente de banana, manga e limão. Em Bom Jesus da Lapa, os projetos de irrigação em destaque são o Baixio do Irecê, Barreiras do Norte e do Sul, Estreito e Formoso. Nesses perímetros o destaque é a fruticultura irrigada por meio do cultivo de banana e manga, bem como a produção de grãos em Barreiras do Norte. Além

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disso, a região está desenvolvendo fortemente a aptidão para a bioenergia por meio do etanol e do biodiesel.

Na região do submédio do vale do rio São Francisco, estão localizadas as superintendências regionais de Petrolina (PE) (3ª Superintendência Regional) e Juazeiro (BA) (6ª Superintendência Regional). A fruticultura irrigada é muito desenvolvida nessa região, com destaque para a manga, uva e coco. Já na região do baixo São Francisco estão as superintendências regionais de Aracaju (SE) (4ª Superintendência Regional) e Penedo (AL) (5ª Superintendência Regional). Devido às condições de topografia plana, baixa altitude e da abundância de recursos hídricos, a região desenvolveu fortemente a rizicultura e está desenvolvendo sua vocação na piscicultura em tanques escavados, produzindo tambaquis e tilápias para o mercado regional. Por fim, na região do vale do rio Parnaíba a CODEVASF atua por meio da superintendência regional de Teresina (PI) (7ª Superintendência Regional). Nessa região o foco está no manejo da região semi-árida, a fim de revigorar fauna e flora e desenvolver a apicultura e a pecuária caprina como atividades econômicas sustentáveis.

2. Características e Competitividade dos Vales do São Francisco e Parnaíba

O Vale do São Francisco ocupa uma área de cerca de 640 mil km2, dos quais 36,8% situam-se em Minas Gerais, 0,7% em Goiás e Distrito Federal, e os 62,5% restantes estão nos estados da Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas. O Vale do Parnaíba está inserido no nordeste brasileiro abrangendo área total de cerca de 330 mil km², dos quais 75,73% estão no Piauí, 19,02% no Maranhão, 4,35% no Ceará e o restante em área litigiosa.

Figura 1: Localização do Vale do São Francisco e Parnaíba.Fonte: CODEVASF (2007).

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A população1 do Pólo de Petrolina e Juazeiro2 é de aproximadamente 570 mil habitantes, sendo que 68% vivem na zona urbana e 32% na zona rural. Da população domiciliada, 86% têm acesso à energia elétrica3, 57% à água encanada e 85% têm coleta de lixo.

Tabela 1: Resumo dos dados sócio-econômicos.

MUNICIPIO UF POPULAÇÃOPIB PER CAPTA (EM

R$ 1,00)PETROLINA PE 218.538 5.668LAGOA GRANDE PE 19.137 5.936SANTAMARIA DA BOA VISTA PE 36.914 5.043OROCÓ PE 10.825 6.279JUAZEIRO BA 174.567 4.347SOBRADINHO BA 21.325 13.337CASA NOVA BA 55.730 2.382CURAÇÁ BA 28.841 3.196

Fonte: IBGE (2008). Quanto à educação, a taxa de alfabetização é de 74%, a expectativa de vida

de 65 anos e a mortalidade infantil é de 4,9%. Na região, cerca de 37 mil alunos estão no ensino médio e 7.000 no ensino superior. O PIB do Pólo de Petrolina e Juazeiro é de cerca de R$ 3 bilhões, levando a um PIB per capita médio anual de cerca de R$ 6.500,00.

O Pólo de Petrolina e Juazeiro está localizado na latitude 8 ºS, a uma altitude média de 365 metros. O clima é o semi-árido, quente e seco, com precipitações mensais de 44 mm concentradas no primeiro semestre, a insolação é de 3.000 horas/ano com 300 dias de sol por ano. Dessa forma a temperatura média mensal é de 26ºC, com umidade relativa do ar de 67% e evaporação média mensal de 7,5mm.

Os solos do Pólo são planos com pequenos declives, com no mínimo 90 cm de profundidade. No projeto Pontal, os solos podem ser Podzólicos ou Latossolos. No projeto Salitre, os solos têm perfis pouco desenvolvidos com o predomínio de Cambissolos e Vertisolos.

Alguns solos da região de Petrolina e Juazeiro terão que contar com a

implantação de sistema de drenagem subterrânea, a fim de se evitar que haja encharcamento do solo em períodos de muita chuva, reduzindo os riscos com salinização de solos irrigados em regiões semi-úmidas e semi-áridas.

A fruticultura no vale do São Francisco tem experimentado, nos últimos anos, um vertiginoso crescimento. A área plantada atinge cerca de 100 mil hectares, incluindo as áreas privadas e os perímetros da CODEVASF, tendo essa atividade apresentado, nos últimos três anos, um crescimento médio de 9 mil hectares ao ano.

1 Censo Demográfico, 2000.2 Devido à grande extensão de área que engloba os Vales do São Francisco e do Parnaíba, a região de Petrolina e Juazeiro foi utilizada como referência para apresentação de características de competitividade.3 IPEA, 2000

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Tabela 2: Perfil da produção frutícola no Pólo de Petrolina e Juazeiro.

CULTURA PERMANENTE

CULTURAPERMANENTE

PRODUÇÃO(toneladas)

ÁREA(hectares)

Manga 224.000 13.256Banana 186.060 9.083

Uva 51.560 4.363Coco-da-Baía 129.597 3.964

Goiaba 77.660 3.788Mamão 10.459 521Limão 793 101

Maracujá 3.859 627Abacate 96 8Laranja 60 10

Fonte: Valexport (2007) e IBGE (2008).

Como referência, o custo da terra na região de Petrolina e Juazeiro varia conforme a localização geográfica, a qualidade (fertilidade natural) do solo e das condições do lote. Lotes com a terra nua, ou seja, sem investimentos em equipamentos de irrigação e sem culturas instaladas, variam entre R$ 1.000,00 e R$ 10.000,00 / ha.

Tabela 3: Dados para Análise de Investimento na Região de Petrolina e Juazeiro

Item Homem-dia (campo) Terra Nua Água*

Valor R$ 20,00Entre R$ 1.000,00 e

R$ 10.000,00/ha.R$ 71,42/ha/ano mais

R$ 0,055/m3

Fonte: Elaborado pelo PENSA (2008).*Estimativa. Preço da água é distinto em diferentes projetos.

O custo da água é composto por duas variáveis comumente chamadas de k1 e k2, sendo a primeira referente à amortização do investimento público em infra-estrutura e a segunda referente ao custo da água consumido. Para a região de Petrolina e Juazeiro, segundo a CODEVASF, o custo médio do k1 foi de R$ 71,42/ha e o k2 (cobrado em R$/ m3) foi de R$ 0,021 (sem pressurização) e R$ 0,055 (pressurizado).

Entre as opções logísticas, destacam-se as rodovias, os portos marítimos e aeroportos. Também há opção para transporte ferroviário e hidroviário. Para o transporte rodoviário, há rodovias permitindo boa capilaridade. O transporte hidroviário possibilita o escoamento da produção de grãos do oeste baiano até os portos de Petrolina e Juazeiro. A hidrovia liga mais de 1.300 km, desde Pirapora – MG até Santa Maria da Boa Vista (PE). Como referência, o rio São Francisco é navegável por mais 100 km à jusante de Petrolina e Juazeiro.

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Tabela 4: Custo e distância do transporte rodoviário à partir do Pólo de Petrolina e Juazeiro.

PORTO Salvador Fortaleza RecifeRio de Janeiro

São Paulo

DISTÂNCIA (km) 511 878 721 1.928 2.241

FRETE R$/tConvencional 47 64 65 160 186Refrigerado 56 77 78 192 223

Fonte: Elaborado pelo PENSA (2008).

No caso do transporte marítimo, os maiores portos da região Nordeste estão localizados em Salvador, Fortaleza, Recife, São Luis e Natal. As distâncias são mostradas na tabela a seguir.

Tabela 5: Distância do pólo de Petrolina e Juazeiro aos principais portos nordestinos.

PORTO SalvadorPecém

(Fortaleza)Recife São Luis Natal

DISTÂNCIA 570 km 900 km 715 km 1200 km 850 kmFonte: Elaborado pelo PENSA (2008).

Uma opção é a Ferrovia Centro Atlântica, que liga Petrolina ao Porto de Salvador (570 km). Há o projeto (PPP) de ligação da Transnordestina a Juazeiro, o que possibilitará o acesso aos portos das cidades de Maceió, Recife, João Pessoa, Natal, Fortaleza e São Luís, o que descongestionaria o porto de Salvador (estimativa de construção em 1 ano depois de aprovado o projeto).

O Aeroporto Internacional de Petrolina possui uma pista que possibilita a operação de praticamente qualquer avião cargueiro, e devido à sua localização geográfica, permite vôos diretos para os EUA e a EUROPA, barateando o frete. Possui estrutura pronta para receber 100 mil caixas de frutas com ambiente climatizado, entre outras estruturas que possibilitam a exportação de alimentos perecíveis.

3. Casos de Empresas da Região

O objetivo deste tópico é apresentar algumas empresas da região, no intuito de mostrar casos de sucesso presentes nos Vales do São Francisco e Parnaíba. Casos de empresas emblemáticas da região auxiliam na análise da competitividade, mostrando a necessária orientação empresarial de pequenos, médios e grandes produtores.

Localizada próxima a Petrolina e a Juazeiro, a empresa Suemi Special Fruit é um exemplo de produção de frutas e exportação. Tendo sido iniciada como uma empresa com 12 hectares de produção, hoje possui mais de 500 hectares de produção de frutas com exportação para diversos países e utilização dos certificados de varejistas europeus e fiscais do USDA. A empresa conta com uma ótima estrutura de packing house, empregando diretamente mais de 1000 empregados, e utiliza sua própria marca no mercado internacional. Seus diferenciais têm sido o controle de qualidade e a capacidade de gestão comercial internacional.

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A empresa Amacoco se instalou na região de Petrolina com o objetivo de aproveitar a produção local de coco para água de coco. Hoje, compra cocos de diversos produtores independentes em cerca de 800 hectares e também investiu em áreas próprias de produção. O grande desafio dessa empresa tem sido a construção de uma rede de fornecimento estável, já que tem um trabalho excelente de escoamento de produção e gestão de produtos. A água de coco tem tido boa aceitação nos segmentos de isotônicos, além de ter conseguido sucesso em áreas de cadeias de serviços de alimentação. A capacidade produtiva da unidade em Petrolina é de cerca de 70 mil litros de água de coco ao dia.

A Agrovale é uma usina de cana-de-açúcar para produção de açúcar, álcool e co-geração de energia. Sua produção se dá em cerca de 20 mil ha, com cerca de 1,5 milhões de toneladas de cana sendo moídas por safra. O plantio é totalmente irrigado, atingindo produtividades superiores a 110 toneladas por hectare. A produção no semi-árido brasileiro quebra paradigmas pela diferença de manejo em uma produção irrigada. A usina está instalada em um projeto da CODEVASF, denominado Tourão, na cidade de Juazeiro na Bahia. Toda sua produção é destinada ao abastecimento do próprio estado baiano.

A Biofábrica Moscamed atua no sistema integrado de controle da mosca-da-

fruta, tão importante para a certificação dos exportadores da região. A Moscamed evoluirá para abranger mais atividades de defesa sanitária da região de Petrolina e Juazeiro, que naturalmente estão isoladas em meio à caatinga e poucas vias de acesso, facilitando o controle de movimento de cargas e pessoas e podendo constituir uma importante fonte de vantagem comparativa da região, nesses tempos de alta preocupação com qualidade dos alimentos, rastreabilidade e certificação.

Uma organização importante em termos de coordenação do setor é a Valexport Associação dos Produtores e Exportadores de Hortifrutigranjeiros e Derivados do Vale do São Francisco. Atualmente, cerca de 50 produtores e exportadores são associados da Valexport, o que representa cerca de 70% da produção e 80% da exportação da produção da região. O escopo de ações da organização se dá sobre ações de interesse comum em comunicação nacional e internacional, qualidade e eficiência de processos nas cadeias produtivas existentes. Esse fator é de suma importância porque aumenta a possibilidade de ações coordenadas e de inteligência de mercado.

Uma das organizações fundamentais para o desenvolvimento do semi-árido brasileiro é a Embrapa Semi-Árido. Criada em 1975, a Embrapa Semi-Árido busca viabilizar soluções tecnológicas, competitivas e sustentáveis, para o agronegócio da região no semi-árido do país, em benefício da sociedade. Um dos projetos essenciais da Embrapa é a diversificação de culturas necessária à região. Culturas como oliveiras, pêssego, citros, cacau, pêra entre diversas outras são testadas e adaptadas. A Embrapa é hoje uma referência na região como centro de pesquisa e apoio para os produtores.

Outro caso de empresa instalada no Vale do São Francisco, que chama a atenção pelo sucesso de mercado e projeção para a região, é a Vinibrasil. Idealizadora do projeto “Nova Latitude, Nova Atitude” a empresa tem, juntamente com outras vinícolas da região, ajudado a construir a marca do Vale do São

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Francisco. Originária de Portugal, a empresa testou e desenvolveu variedades na região, em fazenda própria com cerca de 200 hectares e projeção de crescimento. Algumas das marcas que o Brasil e o mundo têm conhecido e apreciado são o Rio Sol e a Adega do Brasil.

Uma cooperativa que traz um exemplo emblemático de inserção do pequeno produtor no agronegócio, é a Pindorama, localizada na região do Baixo São Francisco, na cidade de Coruripe (AL). O modelo idealizado por Berthlet, um franco-suíço que em 1956 trouxe-o com a missão de assentar famílias em lotes no modelo de colonato, com a produção voltada para o sistema da cooperativa inserida exclusivamente na produção de açúcar e álcool, derivados de coco, maracujá e acerola, além da pecuária leiteira. O modelo é especial no sentido de permitir a inclusão sustentável de pequenos produtores, e notável por conseguir isso com a cultura de cana-de-açúcar.

4. Análise do Sistema Agroindustrial e Atratividade dos Vales do São Francisco e Parnaíba para a Avicultura

4.1 Consumo de frango

De acordo com a UBA (União Brasileira da Avicultura), o Brasil produziu 9,3 milhões de toneladas de carne de frango em 2006. Apesar de a exportação ter atingido o seu recorde, atendendo a demanda de 146 países, 71% da produção foram consumidas domesticamente.

Segundo a ABEF (Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos), cada vez mais a carne de frango compõe a dieta alimentar do brasileiro, seja pelo acesso à proteína animal de baixo custo, seja pelos produtos de frango inovadores que aumentam a sua atratividade como alimento saudável e de grande praticidade no dia-a-dia. Em 2006, a média de consumo chegou próximo de 37 kg per capita, consumo 4,2% maior que o de 2005, e que se encontra no mesmo patamar de consumo de carne bovina nacional.

Mais especificamente na região nordeste do país, o consumo apresenta grande potencial de crescimento. O público de alta renda poderá ter acesso a produtos de valor agregado produzidos na própria região, e que hoje enfrentam limitações na cadeia do frio em relação aos produtos provenientes do Sul / Sudeste. Além disso, a produção regional promoverá maior acesso à proteína animal para a população de baixa renda.

Um panorama geral do consumo de carne de frango indica crescimento no mercado interno e externo, sendo que a produção tem acompanhado de perto tal expansão. No período de 1986 a 2006, segundo dados da UBA (União Brasileira de Avicultura), houve aumento expressivo da produção e a participação cada vez maior das exportações como destino da produção nacional.

Em termos de mercado internacional, em 2006 o frango foi o terceiro produto nas exportações do agronegócio e sexto lugar na pauta geral brasileira. O Brasil consolidou o primeiro lugar no ranking mundial pelo terceiro ano consecutivo. Dados

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da ABEF evidenciam tal consolidação, no ano 2000 o Brasil detinha cerca de 20% de participação, chegou aos 42% em 2006 e tem projeções que apontam um crescimento para 45,4% até o final de 2007.

Importante citar que neste período, tradicionais países exportadores de carne de frango apresentaram problemas decorrentes da influenza aviaria, enquanto o Brasil manteve todos os seus compromissos de exportação, consolidando ainda mais o seu posicionamento no cenário global.

Os principais importadores da carne de frango brasileira são: Rússia, Japão, União Européia, Arábia Saudita e México. Neste cenário, o Oriente Médio apresenta-se como principal consumidor de frangos inteiros, e o Japão destaca-se como o principal comprador de frango em cortes. É importante frisar que a exportação de cortes de frango gera significativamente mais receita do que a exportação de frangos inteiros, chegando a um incremento de US$ 500 milhões para volumes similares.

4.2 Distribuição na cadeia avícola

Os canais de distribuição na cadeia avícola encontram-se alinhados em três eixos, conforme é mostrado na Figura 2, sendo dois que se dirigem ao consumidor doméstico e um ligado ao consumidor externo (exportadores).

Figura 2: Organização da Cadeia de Distribuição Avícola.Fonte: Elaborado pelo PENSA (2008).

Constata-se que, nessa cadeia, a indústria e/ou abatedouro possui um papel de coordenação, assumindo inclusive a coordenação direta dos canais de distribuição. Por sua vez, os atacadistas estão localizados nos principais centros consumidores e visam atender os pequenos varejistas. Nos últimos anos, com a rápida expansão dos supermercados, os açougues, armazéns, feiras, mercados, entre outros distribuidores perderam grande participação no comércio junto ao consumidor doméstico final. Em algumas regiões do país a proximidade entre os consumidores e os supermercados permitiu que estes desenvolvessem marcas próprias em muitos produtos, visando maior lucratividade.

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Processador

Atacado

SupermercadosPequenos varejistas

Consumidor Exportação

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Um detalhe que deve ser ressaltado sobre a distribuição no mercado doméstico é a utilização intensiva da cadeia do frio, desde a estocagem inicial, logística da planta processadora ao mercado de destino, até a estocagem no ponto de venda. As marcas líderes do mercado nacional atuam fortemente neste elo da cadeia, muitas vezes com investimentos próprios que permitem o gerenciamento da gôndola fria dos supermercados.

O frango que tem como destino o mercado externo é colocado em contêineres fechados que são inspecionados na própria planta industrial, e seguem diretamente para os navios que tem como destino os mercados internacionais.

4.3 Industrialização

As indústrias de processamento avícola estão concentradas no Sul e Sudeste do país. Das 50 maiores empresas de processamento, apenas duas estão localizadas no Nordeste. Nos últimos cinco anos a produção industrial de carne de frango atingiu taxas anuais de crescimento superiores a 4%.

A partir do ano 2000, os investimentos da PERDIGÃO em Rio Verde (GO) marcaram o início da expansão da avicultura rumo à fronteira de produção de grãos (principalmente milho), principal insumo na produção de aves. Ao invés de transportar os insumos para a produção, ou mesmo o frango vivo, prefere-se o transporte do produto final, de maior valor e pronto para consumo e exportação.

A Figura 3 traz as principais empresas do setor, de acordo com o nível de diferenciação e diversificação de atividades. A SADIA e a PERDIGÃO, líderes no segmento, trabalham com produtos e serviços diferenciados. Oferecem, além de frango inteiro e em cortes, produtos industrializados como pratos prontos e outros produtos de frango. A NHO BENTO e a KORIN são altamente diferenciadas, focadas no público de frango alternativo. A cooperativa AURORA, o GRUPO AVIPAL e a PREDILETO são processadores de frango, mas também produzem outras carnes. SEARA, DAGRANJA e DOUX-FRANGOSUL formam um grupo intermediário. Pequenas empresas e cooperativas formam um grupo focado no processamento de carne de frango inteiro, de baixa diferenciação.

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Figura 3: Posicionamento das empresas de processamento de frangoFonte: Elaborado pelo PENSA (2008).

4.4 Produção Avícola

O modelo de produção avícola consagrado no Brasil é baseado nas “integrações”, onde uma empresa processadora firma parcerias com produtores de frango. Neste modelo, a processadora oferece todos os insumos necessários à produção de frangos: pintos de um dia, ração e assistência veterinária. O produtor, por sua vez, investe nas instalações e gerencia a produção, sendo remunerado de acordo com critérios de eficiência e otimização previamente acordados em contrato.

AltoMédioBaixo

Alto

Médio

Baixo

Nível de Diferenciação

Nível de Diversificação

NHÔ BENTO KORIN SADIA

PERDIGÃO

DOUXSEARA

DAGRANJA AURORA

GRUPO AVIPAL

*PREDILETO(PENA BRANCA)

COPERATIVAS E COMPANIAS

PEQUENAS E REGIONAIS

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Enquanto o modelo de integração é consagrado no Sul, no Estado de São Paulo predominam produtores independentes, ou seja, granjas que produzem o frango vivo e depois vendem para as empresas processadoras. Algumas estabelecem contrato de venda, mas a grande maioria opera no mercado spot.

O desenvolvimento da avicultura na região Centro-Oeste segue o modelo consagrado no Sul, mas a diferença é que os produtores são maiores em escala de operação (25 mil aves em média).

A estrutura organizacional da produção se reflete nos custos de produção industrial e conseqüentemente no preço do frango abatido no final do processo. Além da questão organizacional, têm-se diferenças envolvendo o tipo de tecnologia utilizada na criação do frango, que pode ser totalmente manual, onde o peso do custo da mão-de-obra torna-se relevante na produção, passando por procedimentos que incluem custos de climatização para assegurar um determinado patamar produção e de qualidade ao longo de todo ano, chegando finalmente ao processo automatizado de granjas. O uso de processos mais intensivos em capital está ligado às novas unidades industriais que estão sendo implantadas no país, mais especificamente no Estado de Goiás.

Segundo dados obtidos na EMBRAPA, CONAB e Ministério da Agricultura, os estados do Nordeste (Pernambuco e Ceará) apresentam custos de ração mais elevados quando comparados aos demais estados das regiões tradicionais (São Paulo e Paraná) e de região de fronteira agrícola de grãos (Goiás). O custo no sistema manual em Pernambuco é 66% mais elevado quando comparado ao Paraná, esse diferencial diminui no sistema automático para 49%.

Quando o foco da análise está na ração consumida na produção de cada quilo de frango, as distinções das regiões produtoras ficam mais nítidas. Conforme os dados de EMBRAPA, CONAB e Ministério da Agricultura, é possível inferir que os custos são mais elevados nos estados do Nordeste. Pernambuco destaca-se novamente com o maior custo de ração por quilo de frango, tendo um valor 65% superior ao verificado no Paraná (onde os custos são os mais baixos) no sistema manual e 52% superior no sistema automático.

Para finalizar este tópico, é interessante comentar sobre como um dos insumos utilizados na produção avícola nas granjas torna-se também uma fonte de renda complementar à venda de frangos de corte pelo criador. A cama-de-frango, que é assim chamada por servir de apoio para as aves dentro do aviário, pode servir de adubo para diversas culturas após a sua utilização dentro do aviário e, assim, complementar a renda do colono com a receita da sua venda. A cama evita o contato da ave direto com o piso, absorve umidade proporcionando um ambiente sanitariamente seguro, e reduz oscilações de temperatura. A cama-de-frango pode ser composta de sabugo de milho, casca amendoim, bagaço de cana, falha de arroz, feno triturado, restos da cultura da soja, entre outros.

4.5 Insumos para a produção avícola

20

Page 22: Avicultura

A disponibilidade de pintos comerciais acompanha as regiões produtoras. Segundo a UBA, a região Sul é responsável por 51% do alojamento das matrizes de corte, o Sudeste responde por 30%, as outras regiões brasileiras somam juntas 19% do alojamento. A curta distância para a granja de criação é importante fator de custo logístico e de controle sanitário. Conforme dados da UBA e da APINCO (Associação Brasileira dos Produtores de Pintos de Corte), praticamente não há capacidade ociosa de produção de pintos no Brasil. Sendo assim, novos investimentos serão necessários para incrementar a disponibilidade de pintos comerciais. Tais investimentos poderão ser instalados nas regiões que têm potencial de crescimento, como é o caso do Centro-Oeste e Nordeste.

Outro ponto central, na questão de insumos, está na estreita relação encontrada entre produção de grãos, principalmente milho, e a produção de frangos. Na Figura 4, visualiza-se parte desta relação.

Figura 4: Comparação entre produção de frango e de milho por estado. Fonte: IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2005).

O quadro 1, a seguir, sintetiza as principais tendências da cadeia avícola.

Quadro 1: Síntese das tendências da cadeia avícolaInsumos Produção Indústria Distribuição Consumo

- Produção -Tecnificação - Produtos - Serviços - Potencial de

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-

100.000

200.000

300.000

400.000

500.000

600.000

700.000

800.000

900.000

-

1.000.000

2.000.000

3.000.000

4.000.000

5.000.000

6.000.000

7.000.000

8.000.000

9.000.000

10.000.000

Produção de Frango (ton) Produção de Milho (ton)Produção de Frango (t) Produção de Milho (t)

Page 23: Avicultura

desloca-se para área de produção

de grãos (insumos)

- Migração geográfica

diferenciados- Praticidade

diferenciados- Cadeia do frio

incremento no consumo de

proteína animal

Fonte: Elaborado pelo PENSA (2008).

4.6 Atratividade do Vale do São Francisco e Parnaíba para a Avicultura.

As bacias dos rios São Francisco e Parnaíba compreendem uma área de cerca de 970 mil quilômetros quadrados. Nesta área, aproximadamente 120 mil hectares são irrigados, sendo que a área total irrigável, pode chegar à 360 mil hectares. É importante salientar que tal suprimento de água é confiável e de boa qualidade. Soma-se ainda, a esta condição favorável de disponibilidade de água, a quantidade de 30.00 horas de sol por ano, que possibilita a ocorrência de duas safras/planta/ano.

A região conta também com a baixa incidência de doenças, já que se encontra relativamente isolada de outras regiões e ainda em fase inicial de exploração agrícola, quando comparada a outras regiões mais tradicionais do Brasil. Especificamente para a exploração avícola, a região tem vantagens em relação às regiões tradicionais. A primeira vantagem está no vazio sanitário do local, que assegura menor pressão em relação a doenças aviárias. Tal característica mostra-se importante para os empresários das regiões tradicionais, que desejam reduzir seus riscos ao produzir em uma nova região. Ao diversificar as regiões produtoras, a cadeia produtiva de aves reduz a exposição ao risco sanitário, o que interessa à iniciativa privada e ao governo, além de aumentar a segurança de suprimento dos clientes atendidos nos mercados nacional e internacional. Desta forma, investimentos na região Nordeste assumem caráter estratégico e oportunidade de maior consolidação da avicultura brasileira.

A CODEVASF, que se destina a desenvolver as regiões onde atua utilizando como base a irrigação, promove em toda esta área de 120 mil hectares irrigados, cerca de 25 projetos de irrigação, cada um abrangendo um perímetro de irrigação com características específicas, que proporcionam o desenvolvimento de diferentes atividades. A região de Barreiras (BA) é uma das áreas atendidas pela CODEVASF, e que se mostra atrativa para o desenvolvimento da avicultura pelo seu posicionamento estratégico na captação de grãos e de atendimento ao mercado consumidor do Nordeste, possibilitando ainda exportações via marítima para Europa e América do Norte.

A região de Barreiras está localizada no oeste da Bahia, onde ocorre uma verdadeira revolução agrícola. Profissionalismo, tecnologia bem aplicada e condições naturais favoráveis, despertam a atenção de investidores. O oeste da Bahia compreende uma área de 1,6 milhões de hectares cultivados, e pelo menos 500 mil hectares ainda por cultivar, passando por surpreendentes índices de produção de grãos, sendo destaque a soja e o milho.

Dos 25 projetos de irrigação contemplados pela atuação da CODEVASF, cinco deles estão situados na região de Barreiras, compreendendo uma área de aproximadamente 22 mil hectares irrigados e apresentando as vantagens da região

22

Page 24: Avicultura

para o desenvolvimento da avicultura. São eles: Barreiras Norte, Barreiras Sul, São Desidério, Formoso e Riacho Grande.

Além das condições naturais e sanitárias citadas anteriormente, existem outros atrativos de ordem econômica, social e de infra-estrutura para a implantação de uma cadeia avícola no Vale do São Francisco.

A região apresenta atrativo fiscal e linhas de financiamento. O custo da mão-de-obra local também é outro atrativo do Vale do São Francisco quando comparado ao nível de custo verificado nas tradicionais regiões avícolas.

Devido ao baixo consumo per capita de frango na região, têm-se indícios de uma demanda reprimida que não é atendida, principalmente devido à falta de oferta de carne alternativa à bovina. Normalmente, a carne de frango produzida na região tem sua origem em pequenas granjas, que em sua maioria não conseguem suprir adequadamente as necessidades dos consumidores locais.

Neste sentido, a implantação de uma cadeia avícola no Vale do São Francisco garantirá aos consumidores, antes de tudo, melhor acesso a carne de frango e, possivelmente, a preços mais atrativos, além da disponibilidade de um produto com garantia de qualidade e procedência. Além disso, a própria expectativa de crescimento da população garante um natural crescimento da demanda por carne de frango, que pode ser plenamente explorado por empresas sediadas na região.

Outro ponto de destaque da região, é que esta se encontra eqüidistante das principais capitais do Nordeste e possui infra-estrutura rodoviária em condições de uso e de fácil acesso para o abastecimento de todo o Nordeste e Centro-Oeste. O fornecimento suficiente de energia elétrica complementa as condições necessárias de infra-estrutura para o desenvolvimento da atividade avícola.

Finalmente, é importante salientar que para os investidores do setor de processamento aparecem também vantagens inerentes relacionadas à implantação de toda a cadeia na região. Com o planejamento da instalação da avicultura no Vale do São Francisco, será possível o correto dimensionamento das atividades, de acordo com a escala de operação, de modo que minimize custos e garanta a eficácia em qualidade.

O uso racional dos recursos previamente planejados para a implantação da cadeia, aliada à integração das comunidades locais, tanto no fornecimento de mão-de-obra quanto com parceiros investidores, assegura uma cadeia eficiente e sustentável no longo prazo.

5. Oportunidade de Investimento em Avicultura nos Vales do São Francisco e Parnaíba

5.1 Introdução ao Negócio

A região de Barreiras é uma região atendida pela CODEVASF que se mostra atrativa para o desenvolvimento da avicultura. A equipe PENSA realizou diversas

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Page 25: Avicultura

visitas à região, com intuito de estabelecer um modelo de desenvolvimento para a avicultura na região. O modelo conta com uma empresa âncora para coordenar as atividades que permitirão gerar renda para os perímetros da CODEVASF e para gerar demanda por grãos, especialmente aqueles ofertados pelos produtores da AIBA (Associação dos Produtores Irrigantes da Bahia).

O detalhamento deste modelo é apresentado a seguir. As principais características e a importância da empresa-âncora, bem como os agentes envolvidos no desenvolvimento desta cadeia e suas responsabilidades são destacados no item 5.2. O plano de negócios e a sua sustentabilidade econômico-financeira são descritas no item 5.3 deste tópico.

5.2 Modelo de negócio proposto

24

Page 26: Avicultura

Figura 5: Modelo de Negócio Sugerido. Fonte: Elaborado pelo PENSA (2008).

A seguir apresenta-se descrição da cadeia da Figura 5:

T1: diz respeito ao fornecimento de insumos (pintos, ração e produtos veterinários) pelos fornecedores aos produtores integrados, através da garantia de compra destes insumos pela indústria integradora. No caso, a empresa âncora é quem assume os custos destes insumos. Especificamente na cadeia apresentada, a indústria processadora poderá também ser fornecedora direta de ração aos produtores integrados.

T2: contempla a entrega do frango vivo pelo produtor integrado à indústria de processamento para o abate. Tanto a entrega por parte do integrado, como a compra pela indústria integradora são garantidos por contratos. A indústria de processamento discutida neste modelo é de médio porte, com capacidade para abater diariamente 21.000 aves. Junto à mesma, temos uma fábrica que processa os resíduos não utilizados durante o processamento da carne de frango e poderão tornar-se adubo ou ração para peixes.

Insumos

Indústriade

Processa-mento

Canaisde

Distribuição

ConsumidorRegional

Consumidor(Litoral e

OutrosEstados)

T2

FornecedoresPintosRação

Produtos Veterinários

Integrados(20.000 aves/Lote)

Frango

Empresa Âncora(21.000 aves abatidas/dia)

Carne de frango Produção de ração

Contrato Garantindo a Compra de Frango

Contrato Garantindo a Entrega de Frango

Agentes Financiadores(Bancos)

Agentes Coordenadores(CODEVASF; AIBA)

Agente Auxiliador na Implantação da CadeiaPENSA

Produção Avícola

Garantia de Fornecimento de Insumos

Contrato Garantindo a Compra de Insumos

Garantia de Fornecimento de ração

T1 T3

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T3: engloba a venda da carne de frango pela indústria processadora aos canais de distribuição que serão responsáveis pela distribuição ao consumidor final. O modelo considera que 100% da carne de frango produzida serão destinadas ao mercado da região Nordeste.

O Quadro 2, apresentado a seguir, descreve a função dos agentes envolvidos no modelo de negócios sugerido para a avicultura na região.

Quadro 2: Função dos agentes envolvidos no modelo sugerido.

ProdutoresIntegrados

Produção de aves destinadas para a empresa Âncora atendendo ao padrão de qualidade determinado; Implantação do modelo de integração seguindo os padrões estabelecidos pela empresa Âncora;

EmpresaÂncora

Estabelecimento das técnicas de manejo; Transferência de tecnologia de produção avícola aos produtores integrados Fornecimento de ração Garantia de fornecimento de ração, pintos e produtos veterinários através de contratos Compra da produção acordada, descontado os custos com insumos; Responsável pela logística entre o integrado e o abatedouro Abate das aves Responsável pela entrega da produção aos canais de distribuição (varejo, foodservice, institucional)e

AIBA Auxílio no desenvolvimento da região, através da organização de eventos e fomento para atrair interessados nos projetos de integração avícola Auxílio na obtenção de linhas de financiamento junto aos bancos

CODEVASF

Fornecimento de água para irrigação; Manutenção do sistema comum de irrigação; Auxílio na obtenção de linhas de financiamento junto aos bancos Apoio com informações estratégicas sobres os perfis dos produtores instalados nos perímetros irrigados

Agentes financiadores

Captação recursos para financiar a construção dos aviários e investimentos na indústria.

26

Page 28: Avicultura

Fonte: Elaborado pelo PENSA (2008).

5.3 Análises para a Sustentabilidade Econômica

Em relação às análises econômico-financeiras, primeiramente será discutido o modelo com enfoque no fornecimento de insumos, em seguida no produtor integrado e finalmente será feita a análise da indústria processadora. É importante lembrar que todos estão envolvidos no processo de integração avícola, e aqui estão separados em termos de agentes para melhor compreensão da sustentabilidade econômica do modelo.

Para facilitar a visualização do modelo, a Figura 6 apresenta as premissas utilizadas e o resultado esperado para cada um dos agentes envolvidos na integração avícola.

Figura 6: Premissas e resultados esperados para o modelo estabelecido de integração.Fonte: Elaborado pelo PENSA (2008).* Considerou-se a internalização de apenas um salário pelo colono.

Antes de iniciar as discussões a respeito do modelo com enfoque nos insumos, produtor integrado e indústria processadora, apresentamos alguns números que demonstram os benefícios que podem ser gerados pela implantação do modelo proposto.

A Figura 6, além de servir para visualização do modelo, traz alguns números interessantes sobre a proposta. A movimentação de insumos deve gerar um valor superior à 15 milhões de Reais, a renda anual gerada para os avicultores deve

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Insumos(Fornecedores de

Insumos) Faturamento Anual (venda de pintos de um dia e ração): R$ 16,17 milhões

Produção(Produtores Locais)

Renda líquida média anual gerada somente na atividade avícola: R$1,03 milhões *

Processamento(Empresa Âncora)

Receita anual c/ carne de frango a partir do 3° ano: R$ 33,33 milhões 12.423 tons de carne de frango processadas/ano. Empregos: 500 diretos e 2000 indiretos

Insumos(Fornecedores de

Insumos) 27.676 tons. anuais de ração 6,55 milhões pintos de 1 dia por ano

Produção(Produtores Locais)

48 produtores locais envolvidos na atividade; 20.000 aves/lote 6,8 lotes/ano R$0,35 recebido por ave

Processamento(Empresa Âncora)

Investimentos: R$ 11,06 milhõesCapacidade instalada para abate: 50.000 aves/dia Capacidade efetiva de abate: 21.000 aves/dia

RESULTADOS ESPERADOS

PREMISSAS

Page 29: Avicultura

superar um milhão de reais e a geração de empregos deve ser por volta de 2.500 postos de trabalho.

Para complementar, apresentamos, na tabela 6, números que indicam a movimentação financeira gerada pela estrutura logística que deverá apoiar as atividades da cadeia avícola.

Tabela 6: Movimentação gerada anualmente, transporte e logística na cadeia avícola.Percurso R$

Fornecedores de ração e pintinhos até aviário 339.531,01Frango vivo aviário até abatedouro 210.318,31Produto final até mercado consumidor regional 583.571,76TOTAL 1.133.421,09

Fonte: Elaborado pelo PENSA (2008).

A Tabela 7 traz números que destacam a importância da arrecadação tributária gerada pelo modelo proposto.

Tabela 7: Arrecadação anual de impostos por indústria, aviários e movimentação de insumos (sem correção monetária e sem possíveis incentivos).

Esfera de Cobrança R$Federal 3.973.797,24Estadual 5.710.339,90Municipal 12.094,61TOTAL 9.696.231,76

Fonte: Elaborado pelo PENSA (2008).

5.3.1 Insumos

Como primeira premissa considerada no modelo, tem-se a capacidade de fornecimento de insumos da unidade produtiva instalada. Ração e pintos comerciais de um dia são os principais insumos para a avicultura.

A ração é o insumo com maior participação nos custos da indústria processadora, este insumo é responsável por cerca de 50% dos custos da integradora. No modelo apresentado serão necessários anualmente 27.675.648 quilos de ração para atender de forma adequada todos os 48 aviários integrados. É interessante lembrar que o principal componente da ração avícola é o milho e por isso é importante que a região seja bem abastecida por este grão.

A Tabela 8 indica o faturamento bruto esperado para a fábrica de ração junto aos aviários integrados no projeto.

Tabela 8: Estimativa de faturamento bruto da fábrica de ração.Total de ração necessária nos aviários integrados 27.675.648Preço médio do quilo da ração na região (R$/Kg) 0,48Faturamento Bruto (R$) R$13.283.555,94

Fonte: Elaborado pelo PENSA (2008).

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Page 30: Avicultura

Outro insumo necessário para a granja integrada são os pintos de um dia. Tal insumo corresponde a cerca de 10% dos custos da indústria integradora. É importante que os fornecedores de pintos estejam localizados num raio médio de 150 km da granja, por questões de condições sanitárias e menor índice de mortalidade (perdas) no transporte. As incubadoras deverão atender a necessidade mínima anual das granjas, que deverá ser de 6.552.840 pintos de um dia por ano.

A tabela 9 apresenta o faturamento bruto esperado para a incubadora na venda dos pintos comerciais para as avícolas integradas no projeto.

Tabela 9: Estimativa de faturamento bruto da incubadora. Número estimado de pintos demandados anualmente 6.552.840Preço do pinto vendido para a indústria integradora (R$) 0,44Faturamento Bruto (R$) R$2.883.249,60

Fonte: Elaborado pelo PENSA (2008).Além da ração e dos pintos, tem-se ainda um terceiro insumo que deve ser

considerado: são os produtos veterinários, que apesar de terem um custo bem menor quando comparados à ração e aos pintos - cerca de apenas 0,5% dos custos para a integradora, também são relevantes para a condução da atividade avícola.

Ressalta-se que os três insumos citados anteriormente (ração, pintos e produtos veterinários) são custos da indústria processadora. A figura 7, a seguir, mostra a representatividade de tais insumos nos custos da indústria.

Figura 7: Representatividade insumos nos custos da indústria processadora.Fonte: Elaborado pelo PENSA (2008).

Existe ainda outro insumo importante para esta cadeia, que é a cama utilizada para servir de apoio para as aves dentro do aviário. Este insumo, especificamente, é um custo do produtor e pode ser transformado em renda por meio da venda com finalidade para adubação de certas culturas. A proporção deste insumo nos custos do aviário é de 27%.

29

Outros custos27%

Ração52%

Pintos11%

Produtos Veterinários

1%

Frango comprado do

integrado9%

Produtos Veterinários

1%

Ração52%

Pintos11%

Frango comprado do integrado 9%

Outros Custos27%

Page 31: Avicultura

5.3.2. Aviários

O modelo apresentado contempla um aviário voltado para fornecimento de aves para indústria de processamento de médio porte, que tenha como foco o mercado interno. O aviário comporta lotes de 20.000 aves, já considerada a taxa de mortalidade de 4% para a região. Tais lotes terão duração média de 42 dias, desta forma, em um ano tem-se 6,8 lotes. O galpão possui 1.676m2 (11,4m x 147m), piso de concreto e uma densidade de 12 frangos/m2.

Os investimentos iniciais para a construção e instalação de equipamentos no galpão são apresentados na Tabela 10.

Tabela 10: Investimentos Iniciais (Aviário)Investimentos R$

ConstruçãoTerraplanagem 2.700,00Estrutura 50.744,13Piso 16.430,00Instalação Hidráulica 5.680,12Instalação Elétrica 6.134,50Outras Instalações 12.840,00Outros Custos 4.000,00Poço Artesiano 19.100,00Total Construção 117.628,75

EquipamentosIniciais 9.040,80Adultos 16.080,14Ventilação 8.954,39Total Equipamentos 34.075,33Total 151.704,08

Fonte: Elaborado pelo PENSA (2008).

5.3.2.1 Operacional aviários

Os custos operacionais do aviário são apresentados na Tabela 11. É pertinente salientar que não foi considerada a depreciação de instalações e equipamentos, já que este é um valor contábil e aqui propomo-nos a mostrar a viabilidade econômica do modelo de integração avícola.

Uma especificidade sobre os custos se refere à mão-de-obra do integrado. Na Tabela 11, é apresentada uma estimativa de quanto seria despendido para empregar duas pessoas na manutenção do aviário. No entanto, como esse serviço pode ser realizado por membros da própria família do colono (avicultor), o estudo considera também a internalização de um salário, dessa forma o colono tem mais uma alternativa de geração de receita por meio da atividade.

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Page 32: Avicultura

É importante lembrar que não aparecem dois dos principais custos envolvendo a atividade, ou seja, ração e pintos de um dia. Esses dois custos aparecerão nos custos variáveis da indústria de processamento, pois o modelo proposto é de integração entre indústria e avicultores.

Tabela 11: Composição de Custos do Aviário Integrado (20.000 aves/lote)

Composição de Custos R$/frango R$/lote R$/Mês

% em relação ao Total de Custos

1. Custos Fixos (A)        1.1 - Depreciação das Instalações 0,000 0,00 0,00 0,0%1.2 - Depreciação dos Equipamentos 0,000 0,00 0,00 0,0%( = ) Total dos Custos Fixos do Integrado 0,000 0,00 0,00 0,0%2. Custos Variáveis (B)        2.1 – Cama 0,0541 1.081,63 609,25 22,8%2.2 - Calefação 0,0111 221,92 125,00 4,7%2.3 - Energia Elétrica 0,0356 712,94 401,58 15,0%2.4 – Água 0,0041 82,69 46,58 1,7%2.5 - Mão de Obra do Integrado 0,0731 1.461,70 823,33 30,8%2.6 - Mão de Obra de Carregamento 0,0270 540,00 304,17 11,4%2.7 - Custo de Manutenção das Instalações 0,0281 561,10 316,05 11,8%2.8 – Seguro 0,0040 80,80 45,51 1,7%2.9 – Eventuais - - - -

( = ) Total dos Custos Variáveis do Integrado 0,2371 4.742,77 2.671,47 100,0%

(=) Total (A) + (B) 0,2371 4.742,77 2.671,47Fonte: Elaborado pelo PENSA (2008).

Na tabelas 12 e 13 são apresentas algumas premissas relacionadas à receita que será gerada na atividade avícola.

Tabela 12: Premissas para estimativa de receita anual proveniente da venda de aves.Valor por frango - pago pela empresa integradora (R$) 0,35Taxa de inflação (% a.a.) 4%N° de Frangos por lote (descontada mortalidade) 20.000N° de Lotes por Ano 6,8

Fonte: Elaborado pelo PENSA (2008).

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Page 33: Avicultura

Tabela 13: Premissas para estimativa de receita anual proveniente da venda da cama-de-frango.Produção média por frango (kg) 1,5N° de Frangos / lote 20.000N° de Lotes / Ano 6,8Total de cama produzida (ton./ano) 202,78Valor médio pago pela cama (R$/ton.) 50,00Receita total com a venda da cama (R$) 10.138,89

Fonte: Elaborado pelo PENSA (2008).Obs.: Assumiu-se que a cama-de-frango é recolhida a cada dois lotes de frango.

5.3.2.2 Sustentabilidade aviários

Os custos operacionais do aviário são cobertos pelo faturamento com a venda de aves para a indústria de processamento integradora. A receita do aviário provém principalmente de duas fontes: venda dos frangos criados e venda da cama-de-frango gerada no processo de cria. Ressalta-se, novamente, que a mão-de-obra utilizada para manutenção das atividades do aviário durante o período de engorda das aves pode ser da própria família do avicultor, desta forma, parte dos custos com mão de obra pode ser revertida como renda para a família do colono.

A Tabela 14 apresenta a renda gerada para os aviários. Considerou-se, para tanto, o lucro bruto advindo da venda dos frangos e da cama-de-frango, além da internalização de um salário pelo próprio colono. Apresentamos a renda anual líquida média gerada pela atividade de R$21.529,84.

Tabela 14: Renda Gerada na Atividade de Avícola (R$ em valor presente)Ano Lucro Bruto (aves e cama) Mão-de-obra do Integrado Renda Total Gerada

1 12.091,07 4.940,00 17.031,072 14.185,86 4.940,00 19.125,863 15.092,55 4.940,00 20.032,554 15.877,13 4.940,00 20.817,135 16.552,40 4.940,00 21.492,406 17.129,92 4.940,00 22.069,927 17.620,11 4.940,00 22.560,118 18.032,37 4.940,00 22.972,379 18.375,17 4.940,00 23.315,17

10 18.656,14 4.940,00 23.596,1411 18.621,34 4.940,00 23.561,3412 18.163,31 4.940,00 23.103,3113 17.725,62 4.940,00 22.665,6214 17.311,80 4.940,00 22.251,8015 16.920,55 4.940,00 21.860,5516 16.550,64 4.940,00 21.490,6417 16.200,91 4.940,00 21.140,9118 15.870,25 4.940,00 20.810,2519 15.557,63 4.940,00 20.497,6320 15.262,06 4.940,00 20.202,06

Média anual 21.529,84Fonte: Elaborado pelo PENSA (2008).

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Page 34: Avicultura

Vale salientar que a atividade avícola neste modelo poderá ser consorciada com outras atividades agrícolas que possam ser desenvolvidas no restante do lote, o que permitiria uma renda líquida ao colono ainda maior.

Na tabela 15, observa-se que a atividade avícola apresenta um retorno bastante considerável.

Tabela 15: VPL e TIR do Aviário (20.000 aves)Custo de Oportunidade (% a.a.) 10%VPL (20 anos) (R$) 175.094,94TIR (20 anos) (%) 19,76%Renda Anual Média Gerada (R$) 21.529,84

Fonte: Elaborado pelo PENSA (2008).

Na figura 8, é mostrado o tempo necessário para que o colono (avicultor) obtenha retorno do investimento realizado. Como explicita a figura, esse retorno acontece na metade do 10º ano após o início das obras de instalação do aviário.

Figura 8: Evolução do VPL Acumulado da granja (20.000 aves).Fonte: Elaborado pelo PENSA (2008).

Com o objetivo de estabelecer diferentes cenários de preço e de custo e, desta forma, ratificar a viabilidade do projeto, foi realizada uma análise de sensibilidade com a variação de -20% e -10% a 10% e 20% dos valores de custo do aviário e preço recebido pelo criador. A Tabela 16 apresenta esta análise de sensibilidade.

Tabela 16: Análise de sensibilidade do aviário (custo aviário x preço recebido pelo criador em R$/frango)

Custo aviário (R$/frango)

Pr

eç o 0,1897 0,2134 0,2371 0,2609 0,2846

33

E volução do V P L Acumulado - G ranja Integrada( 20.000 aves por lote / 6,8 lotes por ano/ média tecnologia).

R $ (200.000,00)

R $ (150.000,00)

R $ (100.000,00)

R $ (50.000,00)

R $ -

R $ 50.000,00

R $ 100.000,00

R $ 150.000,00

R $ 200.000,00

jan/

01

jan/

03

jan/

05

jan/

07

jan/

09

jan/

11

jan/

13

jan/

15

jan/

17

jan/

19

Retorno do investimento

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rece

bido

(R

$/fr

ango

)

80% 90% 100% 110% 120%0,28 80% 17,87% 15,64% 13,43% 11,21% 8,97%0,32 90% 21,09% 18,82% 16,59% 14,38% 12,18%0,35 100% 24,37% 22,04% 19,76% 17,53% 15,32%0,39 110% 27,74% 25,33% 22,98% 20,70% 18,46%0,42 120% 31,23% 28,72% 26,29% 23,93% 21,63%

Fonte: Elaborado pelo PENSA (2008).

As células preenchidas pela cor verde representam os cenários em que a TIR é maior que 10%, o que torna o projeto economicamente e financeiramente atrativo. A célula amarela traz um cenário onde o projeto não se mostra atrativo (TIR menor do que 10%). As células com a letra em azul mostram o cenário explorado pelo modelo em questão.

5.3.3 Indústria integradora processadora

A indústria de processamento discutida neste modelo é de médio porte e voltada para o mercado interno. A unidade de processamento possui uma capacidade efetiva de abate diária de 21.000 aves. Junto à mesma, temos uma fábrica que processa os resíduos não utilizados durante o processamento da carne de frango e poderão tornar-se adubo ou ração para peixes.

Um ponto importante a ser explicitado é quanto ao modo de processamento do produto final a ser vendido, pois existem inúmeras possibilidades de processamento, desde venda do frango inteiro ou em partes até a fabricação de lingüiça de frango, nuggets etc.

O modelo proposto adota as seguintes premissas para a comercialização da carne de frango:

Assume-se o processamento e venda de frango inteiro, cortes in natura resfriados, cortes in natura congelados, cortes temperados congelados, miúdos e outros, além de outros produtos que são comprados prontos e revendidos para completar o portfólio da indústria em questão;

20% das vendas se darão no atacado e, conseqüentemente, 80% no varejo;

O peso médio do frango antes do abate é de 2,4 quilogramas;

Tem-se o aproveitamento de 79% da carcaça e, conseqüentemente, 21% são enviados para a fábrica de processamento de subprodutos.

5.3.3.1 Investimentos Indústria

A indústria de processamento encontra-se dentro de um lote da CODEVASF, e tem como objetivo fomentar avicultores integrados que estejam instalados nas proximidades da unidade de processamento. Desta forma, grande parte dos lotes, tanto empresariais, quanto familiares, estará dentro da área de interesse desta indústria.

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Page 36: Avicultura

Durante o primeiro ano temos a construção, instalação dos equipamentos industriais e o início de produção. A plena utilização da capacidade produtiva da indústria ocorrerá no início do terceiro ano.

A Tabela 17 traz a evolução da produção na indústria de processamento.

Tabela 17: Produtividade da Indústria de Processamento

Período Capacidade efetiva N° de Frangos Abatidos/dia

Ano 1 71% 14.910Ano 2 86% 18.060

Ano 3-20 100% 21.000Fonte: Elaborado pelo PENSA (2008).

Espera-se que a unidade de processamento dos resíduos tenha o mesmo comportamento da unidade de processamento de carne de frango, mesmo porque, está diretamente relacionada à quantidade de frangos abatidos.

Com base em informações fornecidas por empresa do setor, estimou-se que para uma unidade de processamento deste porte são necessários investimentos da ordem de R$11,06 milhões.

5.3.3.2 Operacional Indústria

Os custos operacionais da indústria são expostos na tabela 18.

Nota-se que a ração contribui para 52% do custo da indústria, seguida dos pintos de um dia com participação de 11% nos custos. O custo de compra do frango para abate, seguido de perto pelo custo com mão de obra correspondem ambos à aproximadamente 9% dos custos da indústria processadora. Tais custos somados ultrapassam 80% dos gastos da indústria.

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Tabela 18: Composição de indústria de processamento (21.000 aves abatidas/dia).

Composição de Custos R$/frango R$/Mês R$/Ano%

Relação ao Total

1. Custos Fixos (C)      

1.1 - Depreciação das Instalações e Equipamentos

- - - -

1.2 – Custos fixos (produção, comercial e adiministrativo)

0,0200 10.897,85 130.774,17 0,51%

( = ) Total dos Custos Fixos 0,0200 10.897,85 130.774,17 0,51%

2. Custos Variáveis (D)      

2.1 – Pintos (R$ / Pinto) 0,4400 240.240,00 2.882.880,00 11,32%

2.2 – Ração 2,0274 1.106.962,99 13.283.555,94 52,17%

2.3 – Produtos Veterinários 0,0197 10.752,38 129.028,54 0,51%

2.4 – Transportes 0,1730 94.451,76 1.133.421.09 4,45%

2.5 - Assistência Técnica 0,0320 17.472,00 209.664,00 0,82%

2.6 - Frango comprador do integrado 0,3500 191.100,00 2.293.200,00 9,01%

2.7 - Mão-de-obra 0,3381 184.616,84 2.215.402,13 8,70%

2.8 - Energia Elétrica 0,0534 29.150,62 349.807,42 1,37%

2.9 – Água 0,0002 135,59 1.627,04 0,01%

2.10 – Outras despesas (produção) 0,0881 48.122,61 577.471,27 2,27%

2.11 – Embalagens 0,1218 66.520,19 798.242,26 3,13%

2.12 – Manutenção 0,0665 36.290,28 435.483,33 1,71%

2.13 – Outras despesas (administrativo) 0,0292 15.953,92 191.447,07 0,75%

2.14 – Outras despesas (comercial) 0,0650 35.488,39 425.860,65 1,67%

2.15 – Veículos (comercial) 0,0619 33.779,84 405.358,13 1,59%

( = ) Total dos Custos Variáveis 3,8664 2.111.037,42 25.332.448,85 99,49%

( = ) Total (C+D) 3,8863 2.121.935,25 25.463.223,02 100%

Fonte: Elaborado pelo PENSA (2008).

5.3.3.3. Sustentabilidade Indústria

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Page 38: Avicultura

Os custos operacionais são cobertos pelo faturamento obtido através da venda de carne de frango e a venda de subprodutos (farinha de penas; farinha de vísceras e farinha de sangue).

Na tabela 19, verificam-se as estimativas de lucro obtido entre o 1° e 20° ano.

Tabela 19: Lucro gerado no processamento de carne de frango (R$ em valor presente)Ano Receitas anuais Lucro líquido anual

1 23.661.148,82 (3.426.253,96)2 28.659.983,07 1.655.647,683 33.325.561,71 6.417.647,164 33.325.561,71 6.529.568,095 33.325.561,71 6.659.480,816 33.325.561,71 6.810.277,597 33.325.561,71 6.985.315,638 33.325.561,71 7.188.491,839 33.325.561,71 7.424.329,52

10 33.325.561,71 7.698.079,1911-20 33.325.561,71 7.862.338,69

Média (2° ao 20° ano) 7.157.485,49Fonte: Elaborado pelo PENSA (2008).

Na tabela 20, observa-se o retorno da indústria processadora.

Tabela 20: VPL e TIR da Indústria Processadora.Custo de Oportunidade (% a.a.) 10%VPL (20 anos) (R$) 38.104.650,46TIR (20 anos) (%) 31,13%

Fonte: Elaborado pelo PENSA (2008).

Na Figura 9, evidencia-se o retorno dos investimentos por volta de outubro do quinto ano.

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Figura 9: Evolução do VPL Acumulado da indústria (21.000 aves)Fonte: Elaborado pelo PENSA (2008).

Com a finalidade de verificar a viabilidade do modelo proposto, em função de diferentes cenários envolvendo variações nas receitas e custos envolvidos na atividade industrial avícola, foram geradas algumas análises de sensibilidade descritas a seguir.

A Tabela 21 apresenta análise de sensibilidade que variou de -20% e -10% a 10% e 20% a receita média e o custo total da indústria processadora.

Tabela 21: Análise de sensibilidade da indústria processadora (receita média x custo em R$/frango).

Custo indústria processadora (R$/frango)

Rec

eita

dia

(R$/

fran

go)

    3,1091 3,4978 3,8864 4,275 4,6637    80% 90% 100% 110% 120%

4,07 80% 25,86% 12,27% -3,39% - -4,58 90% 43,02% 29% 15,40% 1,73% -

5,09 100% 61,01% 45,33% 31,13% 18,28% 5,56%5,59 110% 79,68% 62,96% 47,54% 33,56% 20,95%

6,1 120% 98,85% 81,29% 64,83% 49,64% 35,87%Fonte: Elaborado pelo PENSA (2008).

As células preenchidas pela cor verde representam os cenários em que a TIR é maior que 10%, o que torna o projeto economicamente e financeiramente atrativo. As células amarelas trazem um cenário onde o projeto não mostra atratividade (TIR menor do que 10%). As células em vermelho mostram uma TIR negativa e, portanto, o projeto torna-se economicamente inviável. A célula com a letra em azul mostra o cenário explorado pelo modelo em questão.

A Tabela 22 apresenta um cenário onde a proporção entre as vendas de frango no atacado e varejo variou influenciando a receita obtida, bem como o custo

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Retorno do investimento

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de produção variou entre -20% e -10% a 10% e 20%. Os resultados estão representados nos cruzamentos. O esquema de cores utilizado segue o padrão apresentado na Tabela 21.

Tabela 22: Análise de sensibilidade da indústria processadora (proporção de vendas no atacado e varejo x custo em R$/frango).  Custo indústria processadora

Rec

eita

dia

(R$/

fran

go)

 

Proporção Vendas Varejo x Atacado

3,1091 3,4978 3,8864 4,275 4,6637

Varejo Atacado 80% 90% 100% 110% 120%5,22 90% 10% 65,86% 49,89% 35,36% 22,26% 9,95%5,09 80% 20% 61,01% 45,33% 31,13% 18,28% 5,66%4,95 70% 30% 56,20% 40,83% 26,96% 14,26% 0,79%4,82 60% 40% 51,44% 36,40% 22,83% 10,11% -5,55%4,68 50% 50% 46,74% 32,03% 18,72% 5,59% -

Fonte: Elaborado pelo PENSA (2008).

Para finalizar as análises de sensibilidade, apresentamos na Tabela 23 um cenário que cruza as variações entre -20% e -10% a 10% e 20% do custo específico da ração para a indústria e a receita média auferida. Os resultados estão representados nos cruzamentos.

Tabela 23: Análise de sensibilidade da indústria processadora (custo de ração para a indústria processadora x receita média em R$/frango).

Custo de Ração (R$/frango)

Rec

eita

dia

(R$/

fran

go)  

1,6219 1,8247 2,0274 2,2301 2,432980% 90% 100% 110% 120%

4,07 80% 12,85% 5,56% -3,39% - -4,58 90% 29,19% 22,16% 15,40% 8,60% 1,03%5,09 100% 45,98% 38,35% 31,13% 24,29% 17,74%5,59 110% 63,66% 55,41% 47,54% 40,06% 32,99%6,10 120% 82,03% 73,27% 64,83% 56,74% 49,02%

Fonte: Elaborado pelo PENSA (2008).

As células preenchidas pela cor verde representam os cenários em que a TIR é maior que 10%, o que torna o projeto economicamente e financeiramente atrativo. As células amarelas trazem um cenário onde o projeto não mostra atratividade (TIR menor do que 10%). As células em vermelho mostram uma TIR negativa e, portanto o projeto torna-se economicamente inviável. A célula com a letra em azul mostra o cenário explorado pelo modelo em questão.

6. Conclusão

A avicultura é uma atividade de grande potencial de desenvolvimento nas regiões atendidas pela CODEVASF. Permite um fluxo constante de renda ao produtor e gera subprodutos, como o adubo orgânico que viabiliza ganhos de rentabilidade nas lavouras da região. O mercado consumidor do Nordeste, que é importador de frango de outras regiões do país, se beneficiará da produção regional. Para o investidor, além da viabilidade econômica apontada neste estudo, existe o

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benefício da diversificação de risco sanitário. As análises da produção do Pólo de Barreiras (BA) e de Luis Eduardo Magalhães (BA) indicam vantagens da proximidade com o pólo produtor de grãos (milho e soja), principal item de custo de produção, e vantagens no atendimento dos mercados do Distrito Federal e das capitais do Nordeste. É uma atividade que se beneficiará com o desenvolvimento de novas alternativas logísticas, tais como o modal ferroviário e fluvial. A atividade voltada para o mercado interno mostrou viabilidade e a abertura de canais de exportação poderá aumentar a atratividade do negócio.

Referências Bibliográficas

ABEF. Associação Brasileira de Produtores e Exportadores de Frango. Disponível em: <http://www.abef.com.br/>. Acesso em: 20 Dez. 2007.

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CONAB. Companhia Nacional de Abastecimento. Disponível em: <http://conab.gov.br>. Acesso em: 17 jun. 07.

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