B-079 Melina Fushimi

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    GEOMORFOLOGIA DO MUNICPIO DE PRESIDENTE PRUDENTE-SP, BRASIL.

    Melina Fushimi ([email protected]), mestranda do programa de Ps -Graduao em Geografia;

    Joo Osvaldo Rodrigues Nunes ([email protected]), professor doutor doDepartamento de Geografia;

    Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho - FCT/UNESP - Campus dePresidente Prudente, So Paulo, Brasil.

    RESUMO

    Diante das transformaes sociais, econmicas e ambientais neste atual momento

    histrico, no contexto do desenvolvimento tecnolgico e cientfico, tem-se

    privilegiado a anlise dos processos morfodinmicos (curto tempo) em relao aos

    processos morfogenticos (longo tempo). Atualmente, nos estudos geomorfolgicos,privilegia-se o tempo presente, cuja nfase se d no processo de interveno local.

    Assim, o presente trabalho tem como objetivo principal o estudo da morfodinmica

    do relevo do municpio de Presidente Prudente-SP, Brasil. Para tanto, tem como

    objetivos especficos: caracterizar a geomorfologia, geologia e pedologia regional,

    identificar e caracterizar os principais compartimentos de relevo (topos, vertentes e

    fundos de vale) relacionando-os com a geologia e pedologia local, compreender a

    dinmica de uso e ocupao da terra; elaborar o Mapa Geomorfolgico do municpio

    de Presidente Prudente-SP, mapas complementares temticos de hipsometria e

    declividade e perfis topogrficos e, por fim, identificar e caracterizar os aspectos

    pedolgicos acompanhando os perfis topogrficos elaborados.Importante destacar

    que o presente trabalho est em desenvolvimento e, assim, os resultados

    apresentados so preliminares. O trabalho quando concludo poder contribuir nos

    estudos sobre o tema, analisando de modo amplo o espao geogrfico do municpio

    de Presidente Prudente-SP.

    Palavras-chaves: relevo, morfodinmica, mapeamento, Presidente Prudente, Brasil.

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    INTRODUO

    Diante das transformaes sociais, econmicas e ambientais neste atual

    momento histrico, no contexto do desenvolvimento tecnolgico e cientfico, tem -se

    privilegiado a anlise dos processos morfodinmicos (curto tempo) em relao aos

    processos morfogenticos (longo tempo).

    Na morfognese, enfatizado o tempo produzido pela Geologia, o tempo

    profundo ou distante, cujos estudos relativos morfognese do relevo predominam,

    buscando compreender a origem das formas, o tempo que escoa (SUERTEGARAY

    e NUNES, 2001).

    J na morfodinmica, o tempo a se considerar o tempo histrico ou o

    tempo que faz (SUERTEGARAY e NUNES, 2001). o tempo das irregularidades,dos episdios catastrficos, dos eventos espordicos, dos ritmos e das

    variabilidades, nas quais no somente a natureza como tambm a dinmica

    antropognica um agente esculturador do relevo. O tempo da morfodinmica

    ganha importncia sobre a morfognese quando se d nfase a estudos de

    apropriao/ocupao do relevo.

    Atualmente, nos estudos geomorfolgicos, privilegia-se o tempo presente,

    cuja nfase se d no processo de interveno local.

    Se anteriormente a pesquisa geomorfolgica regional apresentavauma caracterstica de cunho mais descritivo e gentico, pois erapreciso conhecer os grandes domnios morfolgicos (morfognese),atualmente as pesquisas geomorfolgicas tm tido uma preocupaomaior com as questes ambientais de cunho pontual(morfodinmica). (SUERTEGARAY E NUNES, 2001, p. 18).

    No entanto, os autores reconhecem a relao do local com a escala regional,

    nacional e global.

    O municpio de Presidente Prudente est localizado no extremo oeste do

    Estado de So Paulo e sede da 10 Regio Administrativa do Estado de SoPaulo. Possui rea territorial de 563 km e sua populao de 207.625 habitantes,

    sendo 4.255 rural e 203.370 urbana, de acordo com o Instituto Brasileiro de

    Geografia e Estatstica - IBGE, 2010. composto, alm do permetro urbano de

    Presidente Prudente, por quatro Distritos: Montalvo, Floresta do Sul, Eneida e

    Amelipolis. O recorte de estudo limita-se rea rural do municpio (Figura 1) .

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    O municpio de Presidente Prudente como um todo (reas urbanas e rurais)

    constitudo, de maneira geral, por colinas amplas de topos suavemente ondulados e,

    em alguns trechos, apresentam-se menos extensas com topos poucos suavizados e

    vertentes ngremes. Importante destacar que essa diferena morfolgica,

    principalmente em relao predominncia de colinas com topos aguados e

    vertentes ngremes, est associada estrutura geolgica constituda por rochas

    sedimentares da Formao Adamantina, onde o agente cimentante principal o

    carbonato de clcio. Assim, predominam na maior parte da rea de estudo, as

    vertentes cncavas e convexas e, em direo ao norte do municpio, prximo ao

    Distrito de Amelipolis, as vertentes retilneas.

    Figura 1. Localizao da rea de trabalho.

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    OBJETIVOS

    O presente trabalho tem como objetivo principal o estudo da morfodinmica

    do relevo do municpio de Presidente Prudente-SP, Brasil.

    Para se atingir o objetivo geral, apresentam-se como objetivos especficos os

    seguintes pontos:

    - Caracterizar a geomorfologia, geologia e ped ologia regional;

    - Identificar e caracterizar os principais compartimentos de relevo (topos,

    vertentes e fundos de vale) relacionando -os com a geologia e pedologia local;

    - Compreender a dinmica de uso e ocupao da terra;

    - Elaborar o Mapa Geomorfolgico do municpio de Presidente Prudente-SP;

    - Elaborar perfis topogrficos e mapas complementares temticos dehipsometria e declividade;

    - Identificar e caracterizar os aspectos pedolgicos acompanhando os perfis

    topogrficos elaborados.

    PROCEDIMENTOS METODOLGICOS

    Para se alcanar os objetivos propostos, o trabalho baseia-se na

    caracterizao geomorfolgica e geolgica elaborada de acordo com os doisprimeiros nveis de abordagem propostos por AbSaber (1969, p.1-23):

    Compartimentao Topogrfica e Estrutura Superficial da Paisagem.

    Em relao aos procedimentos utilizados na elaborao do mapeamento

    geomorfolgico, as principais referncias so: Tricart (1965), compreendendo a 6

    unidade taxonmica 10-2 e Ross (1992) que corresponde ao 5 txon. Em ambos,

    foram realizadas adaptaes para a rea de estudo.

    Na primeira etapa de elaborao do mapa geomorfolgico foi realizado o

    trabalho de fotointerpretao de feies geomorfolgicas a partir de paresestereoscpicos de 57 fotografias areas produzidas pela Base SA, cujo vo de

    setembro de 1995, na escala 1:25.000. As feies geomorfolgicas extradas foram

    transferidas para a Base Digital Planoaltimtrica do municpio de Presidente

    Prudente-SP, por intermdio de uma simples justaposio destas feies sobre uma

    carta topogrfica na escala 1:25.000, obedecendo rede de drenagem. A edio

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    grfica foi realizada atravs do CorelDRAW X41 e a legenda elaborada de acordo

    com o Mapa Geomorfolgico do permetro urbano de Presidente Prudente-SP,

    desenvolvido por Nunes et al. (2006).

    Trabalhos de campo foram realizados para reambular as informaes

    mapeadas, bem como levantamentos de pontos de observao dos compartimentos

    do relevo, localizando as coordenadas geogrficas e a elevao com o auxlio de um

    GPS (Global Positioning System). Alm disso, os trabalhos de campo so essenciais

    na atualizao e levantamento de dados no obtidos atravs do trabalho de

    gabinete.

    Foram elaborados mapas complementares temticos de declividade e de

    hipsometria, alm de quatro perfis topogrficos no sentido Oeste-Leste, utilizando-se

    o aplicativo SPRING 4.12

    (Sistema de Processamento de InformaesGeoreferenciadas) e a Base Digital Planoaltimtrica. Posteriormente, os perfis foram

    exportados para o CorelDRAW X4 para a edio grfica.

    Foram feitos perfis pedolgicos, com respectivas coletas de amostras ao

    longo dos perfis topogrficos. O objetivo foi de identificar e caracterizar os solos

    predominantes em cada compartimento de relevo mapeado. Aps coletadas, as

    amostras foram enviadas para o Laboratrio de Sedimentologia e Anlise de Solos

    da FCT/UNESP para a realizao de anlises texturais segundo o Manual de

    Mtodos de Anlise de Solos (EMBRAPA, 1997) utilizando o mtodo da pipeta.

    RESULTADOS E DISCUSSES

    Com referncia geomorfologia da rea de estudo, foi elaborado o Mapa

    Geomorfolgico do municpio de Presidente Prudente-SP (Figura 2) e identificado,

    com base no mapeamento e em trabalhos de campo, trs compartimentos de relevo,

    que aproximadamente se associam, topograficamente, com as seguintes formaes

    geolgicas e pedolgicas:1. Topo suavemente ondulado das colinas convexizadas (400 a 480 m), com

    ocorrncia dos topos para as mdias altas vertentes de Latossolos Vermelhos e, em

    alguns setores, Argissolos Vermelho Amarelos. Em alguns pontos, afloram os

    arenitos da Formao Adamantina;

    1 CorelDRAW marca registrada pela Corel Corporation.2 SPRING marca registrada pelo INPE.

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    2. Domnio das vertentes convexo-cncavas e retilneas (340 a 400 m), com

    ocorrncia de Argissolos Vermelho Amarelos e Neossolos Regolticos. frequente o

    afloramento dos arenitos da Formao Adamantina;

    3. Plancies aluviais e alvolos (290 a 340 m), com predomnio de Formaes

    Aluviais Quaternrias e Planossolos Hidromrficos e Gleissolos.

    O relevo do municpio de Presidente Prudente apresenta, de forma geral, o

    predomnio de colinas amplas com topos suavemente ondulados. Nos setores onde

    os topos so mais estreitos e pouco aguados, as rochas sedimentares da

    Formao Adamantina apresentam maior concentrao de carbonato de clcio

    (agente cimentante predominante) tornando-as mais resistentes.

    Como auxlio para a caracterizao da geomorfologia da rea de estudo,

    foram feitos mapas temticos complementares de declividade (Figura 3) ehipsometria (Figura 4), bem como a elaborao de quatro perfis topogrficos no

    sentido Oeste-Leste (Figuras 5, 6, 7 e 8) com representaes dos tipos de solos

    predominantes.

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    Figura 3. Mapa de declividade do municpio de Presidente Prudente -SP.

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    Figura 4. Mapa de hipsometria do municpio de Presidente Prudente -SP.

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    Figura 5. Perfil topogrfico Oeste-Leste 1 e a localizao de trs pontos de

    observao.

    Figura 6. Perfil topogrfico Oeste-Leste 2 e a localizao de trs pontos deobservao.

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    Figura 7. Perfil topogrfico Oeste-Leste 3 e a localizao de um ponto de

    observao.

    Figura 8. Perfil topogrfico Oeste-Leste 4 e a localizao de um ponto deobservao.

    Os topos das colinas convexizadas apresentam altitudes que variam entre

    400 a 480 m e declividades mdias de 0 a 10%. No setor norte, prximo ao Distrito

    de Amelipolis, as colinas so amplas suavemente onduladas, favorecendo o cultivo

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    intensivo da cana de acar, paisagem diferenciada do resto do muni cpio (Figura 9

    e 10).

    Figura 9. Colinas amplas. O modelado Figura 10. Cultivo de cana de acar nodo relevo favorece o uso da terra compartimento dos topos.predominante na rea.

    No domnio das vertentes cncavas, convexas e retilneas, as altitudes variam

    entre 340 a 400 m, com declividades aproximadas de 5 a 20%. Prximo aos Distritos

    de Montalvo, Floresta do Sul e Eneida, tem -se o predomnio de vertentes com

    morfologia cncava e convexa. Por outro lado, o entorno do Distrito de Ameli polis

    apresenta vertentes em sua maioria retilnea com extenso comprimento de rampa

    (Figura 11). Acobertura vegetal atual composta por gramneas (Figura 12) e usoda terra pela pastagem (Figura 13) com a ocorrncia de queimadas espordicas,cujos vestgios encontram-se nos horizontes sub e superficiais do solo.

    Figura 11. Vertente com morfologia Figura 12. Cobertura vegetal atual deretilnea. gramneas.

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    Figura 13. A pastagem o uso da terra predominante na rea de estudo.

    Nas plancies aluviais e alvolos, altimtricamente esto situadas entre 2 90 a

    340 m com declividades mdias entre 0 a 5% . Em alguns pontos, as plancies

    aluviais, locais favorveis ao acmulo de gua durante certos perodos do ano ,

    apresentam-se extensas com o predomnio da vegetao de taboa, indicativo de

    rea de vrzea (Figura 14). O Ribeiro Mandaguari (Figura 15), situado entre os

    municpios de Presidente Prudente, Indiana e Caiab, est em estado de

    degradao, onde h lanamento de esgoto e a form ao de depsitos

    tecnognicos, provocando modificaes no curso dgua e acelerando,

    consequentemente o processo de assoreamento (Figura 16).

    Figura 14. Vegetao de taboa. Figura 15. Ribeiro Mandaguari.

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    Figura 16. Curso dgua apresentando depsitos tecnognicos e processo de

    assoreamento.

    CONSIDERAES FINAIS

    O uso atual da terra no municpio de Presidente Prudente-SP composto

    predominantemente pela pastagem com a ocorrncia de queimadas em algumas

    pocas do ano, influenciando assim o desenvolvimento do horizonte A antrpico . De

    modo geral, a cobertura vegetal original foi removida e atualmente tem -se o

    predomnio de gramneas.

    As manchas de Latossolos Vermelhos apresentam-se nos topos suavemente

    ondulados dos compartimentos das colinas convexizadas (principalmente nas

    colinas mais amplas) e vertentes com extenso comprimento de rampa e morfologia

    retilnea. Em alguns setores, tm-se Argissolos Vermelhos e o afloramento dos

    arenitos da Formao Adamantina. As altitudes variam entre 400 a 480 m e as

    declividades mdias de 0 a 10%.

    Os Argissolos Vermelhos ocorrem nas colinas de topos menos extensos e no

    domnio das vertentes convexo-cncavas e retilneas (340 a 400 m), declividades

    aproximadas entre 5 a 20%. Os Neossolos Regolticos predominam em vertentes

    ngremes, declividades acima de 20%, cujo afloramento do arenito da Formao

    Adamantina frequente.

    J nos fundos de vale (290 a 340 m), principalmente com morfologia em

    bero, identificou-se a presena de solos hidromrficos (Planossolos e Gleissolos),

    mas tambm depsitos sedimentares de origem antrpica, ou seja, depsitos

    tecnognicos. As declividades mdias variam entre 0 a 5%.

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    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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    ROSS, J. L. S. Registro cartogrfico dos fatos geomorfolgicos e a questo dataxonomia do relevo. Rev. Geografia. So Paulo, IG-USP, 1992.

    TRICART, J. Principes et mthodes de la gomorphologie. Paris, Masson, 1965.