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BACULO Espiritualidade | Comunhão | Catequese | Evangelismo Igreja Anglicana Reformada do Brasil | Agosto de 2017 FREE CHURCH OF ENGLAND FREE CHURCH OF ENGLAND CAFÉ COM O BISPO ANGLICANO? O que é ser BISPO HUGH LATIMER A ESPADA DE DEUS CONTRA GOVERNANTES INFIEIS

BACULO Igreja Anglicana Reformada do Brasil | Agosto de 2017igrejaanglicana.com.br/wp-content/uploads/2015/12/Baculo_Agosto... · conduzindo vidas ao Evangelho puro e simples de Jesus

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BACULO E s p i r i t u a l i d a d e | C o m u n h ã o | C a t e q u e s e | E v a n g e l i s m o

Igreja Anglicana Reformada do Brasil | Agosto de 2017

FREE CHURCH OF ENGLANDFREE CHURCH OF ENGLAND7 0 a n o s d e R e f o r m a e U n i d a d e !9 0 a n o s d e R e f o r m a e U n i d a d e !

C A F É C O M O B I S P O

ANGLICANO?O que é ser

B I S P O H U G H L A T I M E R

A ESPADA DE DEUSCONTRA GOVERNANTES INFIEIS

MATERIA DE CAPA

Em 1927, a Igreja Livre da Inglaterra e a Igreja Episcopal Reformada do Reino Unido tomaram a decisão nos seus respectivos sínodos de superar as divisões e unir-se com o propósito de manter firme a fiel Palavra de Deus.

A Igreja Livre da Inglaterra é uma igreja episcopal protestante e re-formada. Na sua declaração inicial, a Igreja Livre da Inglaterra decla-rou ser essencialmente una com a igreja estabelecida da Inglaterra, mas livre para estabelecer paró-quias em qualquer lugar, usar uma edição revisada do Livro de Oração Comum, associar os membros com o clero no governo e administração da igreja, e manter comunhão com Cristãos de outras denominações.

Em 1844 a Igreja Livre da Inglaterra surgiu da fidelidade do clero evan-gélico da Igreja da Inglaterra, fa-voraveis aos ensinos da Reforma Inglesa e contrarios a prática ritualis-ta. Assim, se mantiveram firmes na sã doutrina e nos ensinos bíblicos.Nas primeiras décadas, a FCE

existiu em plena associação com a Conexão da Condessa de Huntin-gton e a Igreja Livre da Inglaterra.

Seria estabelecida legalmente so-mente em 1863 quando a conferen-cia anual da Conexão da Condessa de Huntington criou uma constitui-ção para as novas congregações lo-cais. A constituição tomou provisões para a criação de dioceses, cada uma deles sobre a liderança de um bispo. O primeiro bispo foi Benjamin Price, que inicialmente teve super-visão de todas as congregações.

Talvez seja bom lembrar neste mo-mento que a CONEXÃO foi fruto do avivamento de George Whitefield no século 18, quando muitos homens e mulheres foram transformados pelo poder de Deus, levando a confessar Jesus Cristo, como Senhor e Salvador.

Infelizmente, a Igreja Livre da Ingla-terra sofreu uma divisão em 1867 quando algumas paróquias e clero decidiram se unir a Igreja Episco-pal Reformada nos USA e estabe-lecer uma diocese no Reino Unido. Tal divisão somente seria sarada 60 anos depois quando ambas igre-jas voltaram a se unir formando

90 ANOSD E R E F O R M A E U N I D A D E E C L E S I A S T I C A

O Báculo | Página 02

Com quase dois séculos de História, a Igreja tem buscado restaurar e manter a unidade.

a nova “Igreja Livre da Inglater-ra, também conhecida como a Igre-ja Episcopal Reformada do Reino Unido de Grã Bretanha e Irlanda.”

Seguindo essa tradição e prática bíblica, a Igreja Anglicana Reformada do Brasil, estabelecida oficialmente no seu primeiro Sínodo em 2009, decidiu buscar a unida-de cristã com a Igreja Livre da Inglaterra em 2011. Depois de três anos de conver-sas, as primeiras congregações locais da Igreja Anglicana Reformada do Bra-sil foram recebida em fevereiro de 2014.Nesse mesmo ano, nosso bispo, Josep

M. Rossello Ferrer, seria consagrado na linha episcopal da Igreja Livre da Ingla-terra e, este modo, se unindo a família Episcopal Reformada que, hoje em dia, se encontra espalhada ao redor do mun-do. Desde USA e Canada até Australia, passando por Inglaterra, França, Alema-nha, Croácia, e Russia, tendo presença também em Cuba, Venezuela e Brasil.

A Igreja Anglicana Reformada do Bra-sil surgiu de um pequeno grupo de fiéis que se reuniam na casa do nosso Bis-po Emérito, Francisco Buzzo. Hoje em dia, conta com mais de vinte congre-gações locais no Brasil e Venezuela.

Esta é a história de um pequeno povo que tem sido mantido firme a fiel Pa-lavra de Deus. Por esta razão, agra-decemos a Deus pela sua graça e misericórdia conosco, e continuamos fielmente adorando ao Senhor na san-

tidade do Seu Santo Nome.

P e d i m o s que Deus

levante no-vos mis-

s i o n a r i o s , p a s t o r e s ,

e v a n g e l i z a -dores e plan-

t a d o - res de Igreja. Que conceda `a sua Igreja mais e mais obreiros comprometidos com o Evangelho de Cristo Jesus. E que es-ses 90 anos que marcarm o retorno a Unidade, da FCE, permaneca. Amém.

“ A I g r e j a A n g l i c a n a R e f o r m a -d a d o B r a s i l s u r g i u d e u m p e -q u e n o g r u p o d e f i é i s q u e s e r e u n i a m n a c a s a d o n o s s o B i s -p o E m é r i t o , F r a n c i s c o B u z z o ” .

O Báculo | Página 03

Em Missão América do Sul

A Igreja Anglicana Reformada do Brasi l - hoje parte da Free Church of England - nasceu como uma Igreja evangelizadora. Iniciada pelo Bispo Francisco Buzzo, de Bragaça Pau-lista (SP), jamais abandonou sua vocação missionária. Atualmente a Igreja possui uma presença marcante nas redes sociais , ser vido de referência para todos que desejam apren-der ou conhecer melhor o anglicanismo da Reforma. E o mais importante: perto de uma dezena de pessoas por semana tem recebido o Sacramento do Batismo em suas missões na América Latina nos últ imos meses. Novas comunidades, novos ministros, novas vocações. De fato, o povo de Deus tem sentido o sopro do Espír ito Santo sobre a vida da Igreja. Nessa edição de O Báculo conhecermos um pouco mais sobre a Missão na Venezuela.

As notícias seculares que chegam da Ve-nezuela assustam. Inflação galopante, per-seguições políticas, informes sobre a popula-ção em situação de vulnerabilidade e fome.

Apesar disso, no interior da floresta Venezuela o Senhor Deus tem feito maravilhas. Sim, por meio do trabalho dedicado e desprendido de cristãos anglicanos reformados as missões anglicanas reformadas seguem avançando na Venezuela, onde Deus tem abençoado ricamen-te os trabalhos de evangelização e catequese.

Trata-se de uma missão em região rural, sob a reitoria do Reverendo Domingos, na região de Calcita, em pleno coração da flores-ta venezuelana. A vibrante comunidade local aguarda ansiosamente pela visita do Bispo Jo-sep Rossello, comissário da Free Church of England para o Brasil e América Latina.

A Igreja estima que a missão venezuelana já tenha alcançado aproximadamente 200 pes-soas , de acordo com as últimas estimativas.

“Chegamos a batizar famílias inteiras, como se dava no Novo Testamento, a pedido dos chefes des- sas famílias convertidas”- conta o Rev. Do-mingo Gonzales, responsável pela missão den-tro da floresta. Convocamos todos a orarem pela missão em Venezuela, para que Deus continue conduzindo vidas ao Evangelho puro e simples de Jesus Cristo, e tambem oremos para que:

Amem!

# O povo venezuelano viva em paz, especialmente a paz proporcionada unicamente pelo Evangelho.

# As autoridades venezuelanas voltem suas atenço-es aos anseios e necessidades de seu povo, arrepen-dendo-se de buscarem seus próprios interesses.

# Que o povo venezuelano - e todo o mundo - saiba que Cristo reina, sobre tudo e todos, e em nada mais encontramos esperança, no mundo presente ou no porvir, se não na obediência ao Evangelho. Ide-ologias nao podem trazer esperança real e perene.

O Báculo | Página 04

O Báculo | Página 05

CAFÉ COM O BISPO= Reverendíssimo Josep Rossello =

Existe uma constante tentação de tentar apre-sentar tradições cristãs de forma minimalista. Isso é fruto do tempo em que vivemos. Deseja-mos compreender temas complexos, lendo tex-tos breves que apresenta de forma resumida o que requer textos amplos e analises complexos.

Tentarei fazer exatamente esse exercício, sendo cons-ciente de que a brevidade não fará justiça a um tema tão complexo, como a Igreja Anglicana. E, n verdade, deveríamos de falar de igrejas anglicanas, porque não existe UNA Igreja Anglicana, mas uma família de igre-jas que é conhecida como Anglicanas ou Episcopais.

Até recentemente, se considerava que uma igreja era Anglicana se formava parte da Comunhão Anglicana. Está visão defendia que ser Anglicano requeria estar em plena comunhão com a Sé de Cantuária. Porém, isto nunca foi una verdade absoluta, porque como temos visto no artigo anterior, existem várias igrejas anglicanas as quais nunca estiveram ligadas a Cantu-ária; por exemplo, a Igreja Livre da Inglaterra, a Igreja Episcopal Reformada dos USA e a Igreja da Inglaterra na África do Sul (hoje em dia, REACH South Africa).

A partir de 1970s, surgiu com força o movimento anglicano continuista, contudo a rápida fragmenta-ção deste movimento, enfraqueceu e perdeu a for-ça inicial. Este movimento deu a luz uma série de igrejas anglicanas continuastes ao redor do mun-

do. Depois de várias décadas, várias igrejas conti-nuantes estão em conversas para buscar a unidade. Me referiu a “Anglican Church in America” (Igreja Anglicana na América), “Anglican Catholic Chur-ch” (Igreja Católica Anglicana), “Anglican Pro-vince of America” (Província Anglicana da Amé-rica) e “Diocese of the Holy Cross” (Dioceses da Santa Cruz). Juntos representam quase 230 paró-quias na América do Norte, e mais de 20,000 fiéis.

No inicio do século 21, surgiu ACNA (An-glican Church in North America) formada por mais de 1000 congregações locais e mais de 100,000 membros na América do Norte.Todos estes movimentos tem levado a uma redefi-nição do que significa ser Anglicano no Século 21. Possivelmente, o principal documento neste proces-so de redefinição tenha sido a Declaração de Jeru-salém. Tal declaração foi escrita durante a primei-ra conferência de GAFCON em Jerusalem, 2008.

Este documento define de forma positiva aquilo que é ser Anglicano, dentro inclusive da sua própria di-versidade, porque os Anglicanos aceitam aquilo que é uma realidade em todas as tradições cristãs (pres-biterianas, luteranas, batistas, etc). Existe diversida-de dentro dos próprios elementos distintivos. Ser Anglicano requer aceitar uma diversidade imanen-te da cristandade, fruto da própria catolicidade da Igreja, formada por culturas, povos, línguas e per-sonalidades diversas. Contudo, isto não é visto de forma negativa, mas positiva. Aqueles que tem di-ficuldades de viver com diversidade, tem dificulda-des de viver o ethos anglicanos na sua totalidade.

Assim, a identidade Anglicana se encontra refle-tida claramente no formulário Anglicano. Este formulário está composto, hoje em dia, em um só livro, conhecido como o Livro de Oração Co-mum. Na atualidade, o Livro de Oração Comum está formado pela ordem de culto para oração, a Santa Comunhão, Batismo, etc., e também pelos 39 Artigos da Religião, o Ordinal e o Catecismo.

ANGLICANO?

O que é ser

Não existe Anglicanismo, sem Livro de Oração Comum. Inclu-sive, aqueles que desejam defen-der tal idéia, se definindo como anglicanos confessionais, por-que afirmam e acreditam nos 39 Artigos da Religião. Enfrentam um problema a ser considerado pelo fato de que os mesmos for-mam parte do LOC e os 39 Arti-gos reafirmam o próprio LOC.

Por outro lado, temos aqueles re-visionistas que tentam mudar a doutrina e prática da liturgia an-glicana, usando um jeitinho bra-sileiro, mudam o conteúdo, porém mantém o nome. Isto foi exata-mente o que temos visto acontecer nos USA a partir da década dos 70s e, posteriormente, em diver-sos países baixo a influência da Igreja Episcopal dos USA (TEC).

Estas questões são complexas, por-que podem parecer secundarias para o observador do Anglicanis-mo, porém se a identidade está ligada a um documento qualquer mudança de tal documento tem o risco de mudar a própria identi-dade e ethos desta tradição cristã conhecida como Anglicanismo.

Não significa que o LOC seja mais importante que as próprias Es-

crituras. Isto era imediatamente rejeitado pelos próprios Angli-canos. De fato, a Bíblia forma o 70% - 80% do LOC. As dou-trinas e princípios protestan-tes e reformados são claramen-te expressados nas suas páginas.

E, diferente de outras tradições, os Anglicanos nunca aceitam o próprio formulário como a últi-ma palavra nas controvérsias; so-mente nas Escrituras possuem a palavra final. Por exemplo, a for-ma mais clara de vencer uma ar-gumento em círculos calvinista é mencionar a opinião de Calvino ou a CFW (Confissão de Fé West-minster). Deste modo, o debate costuma chegar ao seu ponto final. Muitos debates são interpretações da CFW e frases de teólogos re-conhecidos para definir uma po-sição. As Escrituras nem sempre aparecem nestes debates. Tal ar-gumentação não será possível en-contrar nos círculos anglicanos.

Qualquer debate deverá ser de-fendido através das Escrituras. Muito esforço será feito para mos-trar a posição acreditada a partir das próprias Escrituras. O uso do formulário Anglicano raramen-te aparecera nestes debates, por-que as Escrituras são a suprema

autoridade no Anglicanismo.

Esta é uma questão fundamental e reflete na existencia de muitos bons comentaristas bíblicos anglicanos - porém não é tão fácil encontrar teologia sistemáticas entre autores e teólogos anglicanos. Existem, e não poucas teologias sistemáticas escritas por Anglicanos, contudo não existe a mesma tradição que se pode encontrar entre os Pres-biterianos, Luteranos ou Batistas.

Para concluir, dizemos que ser Anglicano é…

#Adorar ao Senhor através do Livro de Oração Comum,

# Acreditar nos Credos Uni-versais da Santa Igreja Católica,

# Confessar os 39 Artigos da Religião,

# Ser instruidos pelo Catecismo,

# Ter as Escrituras Sagra-das, como a suprema, verda-deira e única Palavra de Deus.

# Ser governados por sínodos e con-cílios liderados espiritualmente por Bispos, com o ministerio dos Pres-bíteros e o auxilio dos Diaconos.

Anglicanos Reformados na Rede!

Free Church of Englandhttp://fcofe.org.uk/

Igreja Anglicana Reformada do Brasilhttp://igrejaanglicana.com.br/

Cafe com o Bispohttp://cafecomobispo.blogspot.com.br/

O Evangelho Inegociavelhttp://www.evangelhoinegociavel.com/

Rev. Jorge Aquino +https://revjorgeaquino.wordpress.com/

Olhar Anglicanohttp://olharanglicano.blogspot.com.br/

O Báculo, publicação periódica e oficial da Igreja Anglicana Re-formada do Brasil. Atualmente a edição da revista eletrônica está sob a responsabilidade do blog Olhar Anglicano, sob a supervi-são episcopal do Bispo Josep Rossello, bispo comissionado da Free Church of England para o Brasil e América Latina.

O Báculo | Página 06

ESPADA DE DEUSA

CONTRA OS GOVERNANTES INFIEIS!

Bispo Hugh Latimer

Traduzido por Marcelo Lemos

“Porque tudo que dantes foi escrito, para nosso ensi-no foi escrito, para que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança” - Romanos 15,4.

Ao tomar esse trecho da Escritura diante de tão ilustre assembleia posso parecer agir como o aluno displicente, daqueles que na escola selecionam uma matéria na qual são entendidos, pois relutam aprender novas disciplinas, ou então temem ser denunciados por sua própria pregui-ça. Do mesmo modo pode parecer a alguns homens que, agora na velhice, eu tome essa passagem da Escritura por poder lidar facilmente com ela, podendo conduzi-la a meu bel prazer, sem me deter em algum tema mais específico.

Observem que as palavras aqui ditas por S. Paulo não devem ser interpretadas como se referindo a todas as escrituras, mas apenas àquelas inspiradas por Deus e registradas no Livro de Deus. Tudo que nesse livro se encontra “para nosso ensino foi escrito”. De tão gran-de excelência é esta Palavra, e de tão alta dignidade, que nada há sob os céus que a ela se possa comparar. Seu autor é Grande - o próprio Deus, eterno, Todo-po-deroso, perene. Por causa d’Ele, a Escritura também é grande, eterna, mui poderosa e santa. Não há rei, im-perador, magistrado ou governante, independentemente de sua dignidade terrena, que não estejam obrigados a obedecer a este Deus e a dar credibilidade à sua San-ta Palavra, conduzindo seus passos de acordo com ela.

E, de fato, não apenas são obrigados a obedecer o Li-vro de Deus, mas também ao ministro que a prega, uma vez que fala “sentado na cadeira de Moisés”, se é que sua doutrina tem sido retirada da lei de Moisés. Pois, neste mundo Deus tem duas espadas, uma é a espada tempo-ral, a outra é espiritual. A espada temporal repousa nas

mãos dos reis e dos magistrados e governantes sob ele; aos assuntos dessa espada, tanto os clérigos quanto os leigos estão sujeitos a pena quando desobedientes. A es-pada espiritual está nas mãos dos ministros e pregadores; aos assuntos dessa espada todos os reis, juízes e gover-nantes devem prestar obediência, ou seja, devem ouvir e seguir, uma vez que os ministros estão sentados na ca-deira de Cristo, e falam o que está no Livro de Cristo.

O rei corrige os transgressores com a espada tem-poral, inclusive o ministro, se este for um ofensor. Já o pregador não pode punir o rei que transgride a Pa-lavra de Deus com espada temporal; mas deve cor-rigi-lo com a espada espiritual, sem temer quem quer que seja, mantendo seus olhos apenas em Deus, dian-te do qual é Ministro, para denunciar e destruir todo vício e maldade por meio de Sua Palavra – a qual to-dos os homens devem prestar obediência, como é dito em muitos lugares da própria Escritura. Portanto, que o pregador ensine, aperfeiçoe, transforme e instrua na justiça, com a espada espiritual, não temendo ho-mem algum, embora a morte seja uma possibilidade.

Por isso Moisés, sem temer o homem, com essa espada espiritual repreendeu a Faraó, seguindo a ordem de Deus.

Também o profeta Miqueias não livrou de cul-pa o rei Acabe. Conforme a vontade de Deus, de-nunciou sua maldade e profetizou sua destruição, indo contra a palavra de inúmeros falsos profetas.

Esses dois reis acima mencionados, sendo admoes-tados pelos ministros da Palavra de Deus, por não darem créditos a doutrina piedosa e nem emen-darem suas vidas, conheceram a destruição total.

Leitura muito edificante! Trecho de sermão pregado por Hugh Latimer, reformador inglês, bispo anglicano, e um dos Mártires de Oxford. Este foi o primeiro sermão dele perante o Rei Eduardo VI, em 8 de Março de 1549. O tema central do sermão é emblemático uma vez que alguns anos depois o Bispo Latmer veria suas palavras se cumprirem em sua própria vida, ao ser queimado numa fogueira nas ruas de Oxford, amarrado a pira ao lado de seu grande amigo, Bispo Ridley!

O Báculo | Página 07

O Báculo | Página 08

R e v. Marc e l o L e m o s +

Na Escola dos Primeiros Cristãos

Conselhos para os pastores

EM MEIO A CRISE ATUALA Igreja ocidental está em crise. Mi-lhares de pessoas parecem abandonar as fileiras eclesiásticas diariamente, decepcionadas com aquilo que acham ser o Evangelho. Em verdade, a maio-ria não se decepciona com Cristo, nem com sua Cruz, mas com algu-ma outra coisa que lhe deram no lu-gar das coisas sagradas. Como se isso não fosse ruim o bastante, um pro-blema colateral surge para tornar o cenário ainda mais confusso. Quando é preciso lidar com uma enfermida-de o remédico adequado precisa ser ministrado ao paciênte, do contrá-rio apenas apressaremos sua ruína.

Um dos falsos remédios oferecido aos - e pelos - decepcionados com a Igreja é a recusa em aceitar e subme-ter-se a autoridade pastoral. E isso já vem se arrastando a um bom tempo. Em nosso blog temos inclusive pu-blicado uma série especial, Teologia Pastoral, cujo objetivo é analisar essa questão do ponto de vista bíblico e histórico. Mesmo sendo um debate já longo, recentemente publicamos um texto do Rev. Abdias Caldas + sobre este mesmo tema, uma vez que alguns insistem em tentar resolver o proble-ma apontando soluções equívocadas.

E não é possível estarem certos aque-les que desejam lutar contra ministério pastoral. Claro que não nos referimos a pessoas que usam do povo de Deus para enriquecimento pessoal, obtenção de vantagens sexuais, pecuniárias ou políticas. Também não temos em men-te quem ousa aceitar esse ministério sem o devido preparo, seja intelecutal ou espiritual. Nos referimos ao minis-tério que foi claramente estabelecido

no Novo Testamento, além de ter sido desde sempre a prática consolidada da Igreja, e isso de modo muito especial entre os chamados cristãos primitivos.

Queira Deus que ao invés do fim do ministério pastoral, que Cristo nos dê diáconos, presbiteros e bispos da mes-ma qualidade dos que havia nos dias primeiros da Igreja. Quando lemos as cartas desses verdadeiros heróis da fé, e dos quais não somos dignos de ser cha-mados de irmãos, percebemos que não é o ministério pastoral o erro, mas nos-sa própria pecaminosidade e ganância.

Que sublimes são os conselhos de Inácio a Policarpo, Bispo de Esmirna: “Que as viúvas não fiquem sem sus-tento; seja você o protetor delas”. Diz Ináquio que aquele bispo que tempos depois seria queimado pelos romanos pagãos deveria ser, ele mesmo, o pro-tetor daqueles em situação vulnerável dentro da comunidade cristã. E não quis com isso que Policarpo deveria orar ou jejuar por elas, simplesmen-te, mas sim que trabalhasse para que as mesmas não ficassem “sem sus-tento”. Qual a obra diaconal em nos-sas comunidades hoje? Que fim tem sido dado aos dízimos e ofertas? Qual dos pastores primitivos andavam em carruagens luxuosas enquanto seu rebanho passava fome, sede e frio? Todas estas são questões legítimas, mas os próximos conselhos de Inácio nos devem fazer fugir dos remédios equivocados oferecidos por alguns.

“Nada seja feito [na Igreja] sem o seu consentimento; e você nada faças sem o consentimento de Deus. Sejas constante. Que vossas reuniões seja

frequentes. Conheça todos por seus nomes”. Cada palavra e frase destes conselhos de Inácio deveriam nos fazer refletir sobre a situação atual. Se nos fazemos ‘desigrejados’ - e por esse termo me refiro a quem recusa a autoridade da Igreja e do ministério pastoral – não vivemos a mesma fé da Igreja Primitiva. Ela obedecia ao Bispo, e nada fazia “sem o seu consentimen-to”. Se somos pastores de nossos pró-prios ventres o diagnóstico é o mesmo, porque os antigos pastores nada fa-ziam “sem o consentimento de Deus”.

E aqueles pastores tinham outras obri-gações, como por exemplo, conhecer cada pessoa de seu rebanho “por seus nomes”. Tanto Inacio quanto Poli-carpo foram discipulos pessoais dos apóstolos. Inácio foi discípulo de S. João e de S. Pedro, já Policarpo foi dis-cípulo de S. João. Será que qualquer um destes quatro pastores primitivos aprovariam um ministério pastoral “profissional” como o de hoje, no qual os líderes talvez conheçam, se mui-to, apenas seus auxiliares imediátos?

Os românticos e os ignorantes tendem a imaginar que a Igreja primitiva era perfeita. Não era. Também eles preci-saram lidar com diáconos, presbiteros e bispos apóstatas e ganânciosos. Mas a solução que recomendavam uns aos outros era promover mais o ministé-rio pastoral, e fortalecer ainda mais a Igreja de Cristo, não o abandono, des-truição ou a reformulação a-histórica e a-hermenêutica de tais coisas. Sua res-posta era voltar ao ensino dos Santos Apóstolos. E esse comprometimento toda a Igreja de hoje precisa recuperar.