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BACULO Espiritualidade | Comunhão | Catequeze | Evangelismo Igreja Anglicana Reformada do Brasil | Outubro de 2017 Aprendendo sobre liturgia! igrejaanglicana.com.br

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BACULO E s p i r i t u a l i d a d e | C o m u n h ã o | C a t e q u e z e | E v a n g e l i s m o

Igreja Anglicana Reformada do Brasil | Outubro de 2017

Aprendendo sobre l i t u r g i a !

igrejaanglicana.com.br

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CAFÉ COM O BISPO= Reverendíssimo Josep Rossello =

Não à toa, existe a ideia de que a Reforma Ingle-sa não chegou a ser uma verdadeira Reforma, ou que foi somente uma reforma parcial. Estes mitos têm sido promovidos principalmente por determinados personagens da história Igre-ja da Inglaterra, e tambem promovidos por outras denominações cristãs interessadas na sua própria narrativa.

Dentro da Igreja da Inglaterra, este mito foi construído em dois estágios. O primeiro aconteceu na metade do século 17, através da influência do Arcebispo Laud e os Laudianos, também chamados de Arminianos Ingleses. Suas ideias, porém, diferem parcialmente da-quelas que hoje se denomina arminianismo. O segundo estágio vai acontecer a partir da terceira década do Século 19, através do mo-vimento de Oxford ou Anglo-católico. Estes dois movimentos desejavam enfatizar a con-tinuidade da catolicidade da Igreja desde os primeiros séculos, sem dar muita importância a ruptura que ocorreu com a Reforma Pro-testante do Século 16. Em outras palavras, enfatizavam o elemento “católico” da Igreja, desprezando seu elemento “protestante”a.

Outro ponto levantado por aqueles que dese-javam mostrar que a Reforma Inglesa nunca foi uma reforma de fato, era colocá-la como um acidente produzido por um casamento mal-sucedidob. Este argumento tem tido sucesso principalmente entre os presbiterianos. Para-doxalmente, fazendo deles aliados dos anglo--católicos no intento de mudar a identidade

histórica da Reforma Inglesa.

A Reforma Protestante na Inglaterra foi uma reforma banhada com o sangue derramado pelos mártires que entregaram suas vidas em favor da causa do evangelho de Cristo. Não foi como a Reforma em Genebra, nem tampouco em Augsburgo ou Edimburgo. Por exemplo, celebramos a morte de dois grandes bispos e mártires anglicanos, Latimer e Ridley, que en-tregaram suas vidas a favor das verdades do evangelho. Ainda hoje as palavras de Latimer a Ridley permanece vivas, “Que seja de bom conforto, Mr. Ridley, e interprete bem. Neste dia nós acenderemos uma vela para a graça de Deus na Inglaterra que eu creio que nunca se apagará – interprete a vela.”

Tomemos ainda a “The Free Church of En-gland” (Igreja Livre da Inglaterra), legalmente registrada em nosso País como Igreja Angli-cana Reformada do Brasil. Esta foi fundada em 1844 exatamente para manter essa vela iluminando até os dias de hoje.

Continua..._______

a Saiba mais no artigo Uma perspectiva angli-cana da Reforma. Examinai! (Outubro 2017), especial-mente a Segunda Lição: (pg. 6, parágrafos 1-7).

b O autor se refere ao divórcio do Rei Henrique VIII. Esse mito é desmentido em Um pouco sobre a Reforma Protestante. Examinai! (Outubro 2017) pg. 5, parágrafos 13-15.

Se existe um mito fortemente propagado entre os Episcopais e ou-tros irmãos cristãos, é o de que a Reforma Inglesa nunca aconte-ceu na realidade. Ou, se aconteceu, foi por acaso, nunca intencionalmente.

A luz da Reforma continua brilhando!

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O nascimento da Igreja Livre da Inglaterra foi uma reação aos avanços ri-tualistas que desejavam descaracterizar a Reforma Inglesac. Alguns talvez nos vejam como Anglicanos que vivem no passado, porém confundem nossa inquietação. Não desejamos viver no século 16! Desejamos celebrar nossa história e viver nossa identidade, católica e reformada, no século 21. Para isso é preciso abandonar o que nos fez ser o que somos? Pelo contrário; nos faz aceitar o que somos e viver com renovado fervor do Espírito Santo.

Em minha última visita à Inglaterra, umas semanas atrás, o Senhor me mos-trou que um novo tempo esta se abrindo para nossa igreja. Por muito tempo estivemos tentando sobreviver aos tempos, enquanto esperava seu fim. No entanto, esta última visita mostrou uma igreja pronta para revitalizar as paró-quias que tem sofrido através das ultimas décadas e, ao mesmo tempo, um novo fervor para plantar novas igrejas pelos próximos anos, com a ajuda de Deus. Observei com alegria uma nova geração de jovens sendo preparados para servir ao Rei e a nossa Igreja. E, sem nenhuma dúvida, meus olhos viram uma igreja que já não tem que se preocupar em perder membros, ao contrário, cresceu certa de 10% no último ano. Só na Inglaterra.

A vela continua iluminando!

Hoje, celebramos estes 500 anos para lembrar que o desejo era reformar a Igreja de Cristo, não inovar. Reformar significada voltar às origens e mostrar novamente a igreja primitiva que Cristo formou. A primeira geração de re-formadores tentou trazer luz à igreja antiga. De modo semelhante, a Igreja Anglicana Reformada do Brasil celebra os 500 anos da Reforma Protestante agradecendo a Deus pelos homens e mulheres que entregaram suas vidas em favor das verdades eternas. Levantamos nossa ação de graças pela provi-dência de Deus que permitiu a vela continuar flamejando mesmo nas muitas dificuldades através dos anos.

Sejamos dignos do testemunho vivo daqueles bispos e irmãos que entre-garam suas vidas para que, hoje, continuemos proclamando e pregando o Evangelho de Cristo._______

c Mais na obra The Free Church of England: introduction to an Anglican Tradition,de John Fenwick, bispo primaz da Free Church of England. Disponível no Amazon..

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Nicholas Ridley é um dos Pais da Reforma inglesa. Ele, como Lati-mer, procurou expor os erros da Igreja Católica. Ridley atacou a transubstanciação, o mérito das peregrinações, o purgatório, a veneração dos santos, as imagens de Cristo e até o ofício do próprio Papa ao qual se referiu como “Anti-cristo”. Nicholas Ridley ilustra para nós um excelente exemplo daque-les que estabeleceram suas vidas enquanto a Reforma decolava.

Ridley serviu a Reforma inglesa como um escritor prolífico. Mesmo após sua morte, as obras de Ridley foram traduzidas para o latim, francês e o alemão. Como resulta-do, a reputação de Ridley cresceria exponencialmente. Um escritor observa que depois que os hugue-notes na França receberam cópias de seus escritos “Ridley veio a ser visto como o “Calvino inglês” nos círculos refor-mados franceses.” (Panofré 191).

Quando Maria, a sanguinária, subiu ao trono, não deu qualquer chance a Ridley, jogando-o numa prisão imediatamente. Seu objetivo era restaurar a fé romana em todo

o Império. Os últimos dois anos de Ridley foram no cárcere, o que não impediu sua produção teológica. Uma rede subterrânea de colabora-dores contrabandeava suas cartas e tratados. Assim, a luz da Reforma foi mantida acessa até que Elizabe-th assumisse o trono no lugar de Maria.

No dia se sua execusão, Ridley foi amarrado a fogueira juntamen-te com outro bispo, Latimer, seu amigo. Todavia, Ridley sofreu mais, pois as chamas baixar não o queimaram rapidamente. Em meio as chamas, agonizou pedin-do: “Tragam o fogo até mim, não estou queimando!”. Assim, um dos espectadores trouxe as chamas para o topo da pira,e Ridley finalmente morreu.

A morte de Ridley na fogueira, em 16 de Outubro de 1555, apenas alimentou a chama da Reforma, exatamente como ele profetizou em seus últimos momentos de vida.

N i c o l a s R i d l e y

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Noticias da Igreja »»»Veja mais noticias da Igreja no site www.igrejaanglicana.com.br

O Báculo | Página 05

A Cidade de São Paulo já pode con-tar, desde o dia 17 de Setembro, com mais uma comunidade anglicana. A Igreja Anglicana Nova Esperança está localizada na Rua Mamud Rahd, 973, no Bairro do Tremembé. O Culto Eucarístico, realizado aos Domingos, começa as 19:00 Hs. “Todos são bem-vindos”, convida o Reverendo Rogério Assis, reitor da comunidade.

Tremembé é um tradicional bair-ro de São Paulo, criado em 1890. Devido seu relevo e vegeração de pé da serra,que lembravam pais-sagens européias, foi habitado por portugueses, italianos, alemães e eslavos desde o começo do Sécu-lo XX. Hoje o bairro abriga impor-tantes projetos, como o Horto Flo-restal e a Fundação Gol de Letra.

Várias paróquias da Igreja es-tarão desenvolvendo ativida-des para relembrar os 500 Anos da Reforma. Como anglicanos partilhamos uma herança co-mum com as demais Igrejas Reformadas, ainda que man-tendo um jeito todo especial

de ser. É exatamente isso que busca demontrar a Edição inau-gural da Revista Examinai!, que neste mês de Outrubro (2017) traz como tema os Cinco Pi-lares da Reforma. A revista já está disponível para download no site www.igrejaanglicana.com,

Outrubro ainda nos trouxe a Con-vocação 2017 da Free Church of England, na Inglaterra. Mais uma vez o Bispo Josep Rossello repre-sentou a Igreja do Brasil, depois de passar pela missão da Igreja na Venezuela. Na próxima edição a Revista O Báculo estará trazendo mais informações e matérias es-peciais sobre estes dois aconte-

cimentos. Na foto ao lado o des-taque vai para o irmão Jônatas Bragatto, o primeiro missionário brasileiro a trabalhar na Inglaterra com a Free Church of England, nos-sa Igreja mãe. No Café com o Bispo desta edição (página 02), o Bispo Josep comenta a revitalização que está acontecendo no anglicanis-mo reformado nas Ilhas Britânicas.

Esse mês foi marcado por uma Cruzada Evangelística realiza-da em Vitória da Conquista, no Estado da Bahia. Mais de cem pessoas ouviram a Mensagem do Evangelho, e houve ao menos uma decisão por Cristo. A Cru-zada, que contou com uma es-trutura profissional, se destacou também pelo trabalho ecumêni-

co: participaram da mesma duas Igrejas filiadas a CBB - Igreja Batista El Shadai e Igreja Batista Aliança do Calvário - e também da Igreja Anglicana Cristo Re-dentor. A Free Church of England participou do evento. O Rev. Djalma dos Anjos, reitor da Igreja Anglicana Cristo Redentor esteve presente.

Essa edição traz ainda um artigo es-pecial sobre Capelania (página ). E você pode ajudar a Igreja em al-guns de seus projetos, por exemplo, o Projeto Samaritanos. Através da Palavra e do aconselhamento bíbli-co, o projeto busca resgatar vidas do vício, conduzindo-as a Cristo. Uma das novidades é que agora você pode

doar para o projeto através de um site criado especialmente para este fim. “Ajudem apoiar o projeto Samaritanos de recuperação de pessoas através da Palavra de Deus”, convida o Rev. Rob-son, responsável pelos trabalhos. “Uma pequena doação faz toda diferença!”. Para fazer sua doação acesse o site www.samaritano.igrejaanglicana.com.br.

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Para Eddie Kirkland ser pastor de uma igreja evan-gélica não era tão simples. Antes dele conhecer a liturgia anglicana questões como estas estavam presentes em seu dia-a-dia ministerial. Filho de pastor, Eddie cresceu com a música cristã em seu DNA e por muito tempo trabalhou duro para “fazer” seu nome no cenário gospel americano. Quando finalmente seus esforços deram frutos notou que não era bem o que desejava para sua vida: queria mesmo era ser um pastor de almas.

Mas para atender esse chamado Eddie precisava abrir mão de sua confortável posição como líder de louvor numa mega igreja americana, a Andy Stan-ley’s North Point Community Church, e ir rumo ao desconhecido. Decidido, contou à esposa e aos jovens filhos sobre sua inesperada decisão. Da-nielle, a esposa, o apoiou: “Estou com você 100%. Mas converse com Jesus, pois eu preciso que você tenha um plano”. Ele ainda não sabia, mas ali que começava sua jornada rumo a Igreja Anglicana.Eddie dedicou os anos seguintes aos estudos su-periores em teologia, dos quais tirou um semestre para estudar na Inglaterra. Do outro lado do oceano passou a adorar em diversas Igrejas anglicanas, e o que experimentou na liturgia mexeu profundamente com ele. Quando retornou aos Estados Unidos, e para sua antiga tradição evangélica em North Point, o anglicanismo não saia mais de seu coração. Comprou o Livro de Oração Comum e começou a praticar as liturgias diárias [Matutinas, Vespertinas].

Certo dia informou sua esposa que estava sendo chamado a deixar North Point, e foi quando en-

controu-se com o compositor cristão Graham Ke-ndrick, que por sua vez acabara de reunir-se com lideres de louvor anglicanos em Pittsburgh! Seu in-teresse pelo culto anglicano criou entre eles novos laços de amizade e comunhão que dariam frutos dali em diante. Nos tempos que se seguiriam, por vários momentos e “coincidências” , Eddie foi ten-do contato com mais aspectos do anglicanismo e sentia Deus confirmando seu novo chamado.

O que mais o atraiu para a Igreja Anglicana? A liberdade e a simplicidade encontradas por ele nos Sacramentos. Como ministro anglicano Eddie continuou sendo líder de louvor, só que agora num contexto completamente diferen-te. O “sucesso” do culto não estava mais sobre o seu desempenho pessoal, e isso era incrivel-mente libertador. No culto anglicano o Ministro é apenas um mordomo dos mistérios cristãos!

Na adoração litúrgica as pessoas são edificadas, o Evangelho pregado por meio da Palavra, a gra-ça de Deus derramada, e nada disso depende do desempenho do pregador, do pastor, dos músicos ou de quem quer que seja. Numa Catedral ou numa capela, num culto doméstico ou ao ar livre, com músicos capacitados ou sem canto algum, a liturgia mantém a mesma solenidade e o mes-mo espírito comum, edificando a todo que dela se aproxima como mais que mero espectadores.

Eddie plantou uma Igreja fora de Atlanta, em Al-pharetta na Geórgia, que é simplesmente conhe-cida como “The Parish” - “A Paróquia” - famosa por atender principalmente famílias jovens dos subúrbios locais. A maior parte dos membros da “The Parish” não teve uma vivência anglicana an-terior, mas foram atraídos por alguma coisa que há de muito especial na litúrgica anglicana, exa-tamente como aconteceu com seu pastor, Eddie.

E se o sermão não for bom? Qual tema usar na próxima pregação? So-bre qual texto bíblico pregar? Será que já usamos esse texto o mês passa-do? Quem convidar para cantar, pre-gar, dar testemunho, fazer uma oração?

A LIBERDADE DA LITURGIA

Como um pastor evangélico encontrou aliberdade do serviço cristão por meio da liturgia

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Sim! Eu participo do culto!

Compreenda a Liturgia da Igreja.

Esta edição aborda vários aspectos de sermos litúrgicosa. Este e outros mate-riais publicados pela Igreja Anglicana Reformada do Brasil podem te ajudar a compreender melhor a liturgia da Igreja. O culto cristão é vivo e dinâmico, e para desfrutar disso você precisa entender acontece durante as celebrações. No site, pesquise sobre o Livro de Oração Comum e sobre o Culto Comum.______ a A liberdade da liturgia, pg. 5. | Aprendendo sobre liturgia, pg. 7. | Uma crônica anglicana sobre batismo, padrinhos e validade canônica, pg. 12. | A palavra liturgia e seu uso nas Igrejas Protestantes, pg. 15 | Liturgia, vida e Significado, pg 16.

Vivencie a Liturgia da Igreja.

Você sabia que a liturgia pode ser experimentada diariamente? Isso mesmo! O LOC inclui as famosas Oração Matutina e Oração Vespetina. A sós, ou com sua família, vivencie uma liturgia que perdura por séculos no coração da Igreja. Sua participação nos cultos públicos ficarão ainda melhores. Caso você não conheça a Oração Matunina e a Vespetina, escreva para nosso es-critório nacionalb.______ b Os endereços eletrônicos estão no rodapé da página 7.

Seja família!

A experiência da salvação é algo pessoal, mas ninguém é cristão sozinhoc. Sempre que possível vá a sua paróquia acompanhado por toda sua família! A família é a base da Igreja, e a célula básicad de uma sociedade. Incentivar seu cônjuge, filhos e parentes a cultuarem a Deus com toda a comunidade de fé é uma das melhores maneiras de participar ativamente do culto cristão.______ c Deus redime um povo. Veja a introdução do artigo Delas é o Reino dos Céus, pg. 13.

Seja acolhedor!

Você se sente bem quando os irmãos da Igreja te comprimentam? Que tal retribuir? Ou melhor: e se você tomar a iniciativa de tornar a presença dos outros irmãos, e dos convidados, uma experiência alegre e gratificante? “Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união (...) porque ali o Senhor ordena a benção e a vida para sempre” (Salmo 133).

Deus está presente na Liturgia da Igreja. Confira alguns con-selhos práticos que podem te ajudar a desfrutar de todos os benefícios do culto cristão.

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Diretor Geral: Reverendíssimo Bispo Josep Rossello. Editor Chefe: Marcelo Lemos (Registro: MG08183JP). Conse-lho Editorial (2017-2018): Bispo Josep Rossello (SP), Marcelo Lemos (MG), Rev. Diego de Araujo Viana (RJ), Dr. Guilher-me Braun Jr (Alemanha). Projeto Gráfico: Marcelo Lemos. Colaboraram nesta edição: Bispo Josep Rossello, Rev. Régis Do-mingues, Rev. Rogério, Rev. Jorge Aquino, Rev. Evanilson Santos, Marcelo Lemos. VOCÊ TAMBÉM PODE AJUDAR ESTE PROJETO A CRESCER ENVIANDO FOTOS, ARTIGOS, COMENTÁRIOS, PERGUNTAS ([email protected]).Esta publicação está comprometida com os formulários anglicanos, e adota a Declaração de Princí-pios da Free Church of England, também chamada no Brasil por Igreja Anglicana Reformada do Brasil.SITE DA IGREJA NO BRASIL: www.igrejaanglicana.com.br. SITE DA IGREJA NA INGLATERRA: www.fcofe.org.uk. DESEJA SABER MAIS SOBRE O ANGLICANISMO REFORMADO? ESCREVA PARA NOSSO ESCRITORIO NACIONAL: [email protected]

NOTÍCIAS sobre o avanço da Igreja Anglicana Reformada do Brasil são cada dia mais frequentes. Muitos daqueles que se decidem pela via anglicana chegam de outras tradições evangélicas, nem sempre familiarizados com o rico legado liturgico da Igreja Cristã. Se você está chegando agora, ou se pretende ajudar um recém-che-gado, certamente gostaria de conhecer esse tema um pouco mais de perto.

Talvez você fique surpreso(a) ao notar que a Liturgia não é algo ão complicado quan-to parece. Falta para muitas pessoas um pouco de familiaridade com o tema, e esse artigo pretende auxiliar nesse sentido. Ima-gine que você está pela primeira vez entran-do em uma Igreja Anglicana; toda a riqueza de sua liturgia está, pela primeira vez, saltan-do diante de seus olhos. Para onde olhar?

OS MÓVEIS

Primeiro note a disposição dos moveis. Co-mumente, uma comunidade anglicana deve ter uma mesa de madeira ao centro, um átrio e um púlpito nas laterais. A Mesa estará centra-

lizada, será feita de madeira, e estará coberta por um pano de linho branco. O átrio estra-rá num ponto lateral, é dele que os Leitores proclamam as Escrituras que o Lecionário indica para o dia. Na outra lateral você verá o Púlpito, de onde o pregador expõe o ensi-namento contido nas leituras feitas no átrio.

Existe alguma razão específica para cada um desses elementos serem assim? Nada há de supérfluo na liturgia cristã. A posição Mesa simboliza que o centro do culto cristão é a Mesa da Comunhão. A comunidade dos fiéis se reune para participar do Grande Banquete do Cordeiro, alimentando-se do Pão e do Vi-nho. Ela deve ser de madeira para simbolizar

Aprendendo sobre l i t u r g i a !

Rev. Marcelo Lemos

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a refeição eucarística. Não pode ser de pedra, para evitar que alguns a confundam com o altar sacrificial encontrado nas igrejas romanas. O pano branco faz lembrar a pureza da Igreja, pelo sacrificio redendor que sobre a Mesa s recorda.O Atríl e o Púlpito são colocados lateral-mente, em lados opostos para que a comu-nidade compreenda que o leitor (ou leitores) lê a Palavra de Deus, infalível, no Atríl; por seu turno, o pregador quando expõe e aplica as leituras apartir do Púlpito, não é infalívela.

OS OFICIAIS

Note também os oficiais do culto. Eles vestem uma alva, ou então uma sobrepeliz (geralmen-te branca, como a usada por evangélicos em batismos). Sob a alva vestem uma camisa pre-ta com seu colarinho clerical, na cor branca. Presbíteros e diáconos ainda trazem um típete

preto que lhes cai do pescoço até os arte-lhos, como se fosse um longo cachecol. Já os diáconos podem trazer esse mesmo tipete amarrado transversalmente, como um cinto. Se há um ministro leigo, seu tipete será de cor azul. O Bispo, por sua vez, pode se apre-sentar ainda mais “ornamentado”: sua camisa clerical deve ser da cor roxa, e sobre a alva deve vestir também uma chimarra vermelha (como na foto ao lado). Em liturgias mais so-lenes, como em consagrações, ele pode le-var consigo um báculob - especie de cajado.

O CULTO

Quanto ao culto propriamente dito outras pe-culiaridades saltam aos olhos. Os paroquianos estarão acompanhando o serviço religioso em algum tipo de boletim impresso, ou diretamente no Livro de Oração Comum, que eles carinho-samente costumam chamar apenas de “LOC”.

Ouça-os os fiéis atentamente. Perceba que eles citam as Escrituras em praticamente 90% de todo o serviço de adoração; oram o Pai Nosso; oram ou cantam algum dos Credos Universais; lêem algumas Orações e Coletas, geralmente compiladas de porções bíblicas; ficam de pé em alguns momentos, e se ajoelham em ou-tros, e assim por diante. Há pouco improvisso, ainda que algumas comunidades sejam mais abertas aos dons carismáticos que outras. O que se vê, notadamente, é ordem e decência, além de uma clara intenção de que todo o culto sirva para a edificação dos adorado-res e à glória de Deus, a Santíssima Trindade.

O QUE A BÍBLIA DIZ?

Será que existe alguma boa razão para a Igre-ja de Cristo organizar sua adoração pública?

Defende-se largamente que a adoração cristã entre os cristãos primitivos era, digamos, ‘improvisada’. E muitos acreditam que é esse sentido que se deve dar a afirmação paulina de que “onde está o Espírito do Senhor, ali há liberdade” (II Cor. 3.17). O testemunho bíblico nos mostra algo diferente.

A adoração na Sinagoga. Diversos textos bí-blicos nos mostram Jesus e seus discípulos adorando a Deus em Sinagogas, como em Atos 15:21 e S. Lucas 4:16-22). Posteriormente os cristãos se reuniriam em casas, cavernas e se-pulturas, dependendo da situação. _______ a Mais sobre a Liturgia Anglicana na Revista Examinai, ediçao de Outrubro de 2017. Download disponivel no site www.igrejaanglicana.com.

b Báculo é o paramento liturgico que empresta seu nome a nossa revista.

Os fieis anglicanos citam as Escrituras em 90% de todo o serviço de adoração.

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O importante era que o povo de Deus pudesse se reunir como uma “congregação”, uma prá-tica tão valorizada pelos apóstolos que o Li-vro de Hebreus chega repreender aqueles que se afastavam desse costume: “Não deixando de congregar como é o costume de alguns”.

A experiência sacramental. Batismo e Eucaristia (Ceia do Senhor), eram ministrados regularmente nos serviços de adoração dos primeiros crentes. Leia Marcos 14:12-27; Mat 26:17-30, Lucas 22:7-39, e compare com outros textos como 1Cor 11:23-25. Há entre os anglicanos aquelas comu-nidades que partilham a Mesa Eucarística men-salmente, e também aqueles que o fazem todas as semanas, ou ainda diariamente. O mais impor-tante é perceber o valor central dos Sacramentos para a vida cristã, muito mais que apenas gestos simbolicos, mas também como meios da graça de Deus alcançar o seu povo.

Esse “partir do pão”, provavelmente se dava todos os dias no inicio da Igreja, como se nota em Atos 2:42-47. Os católicos romanos mantem a Euca-ristia diariamente, o que também era, inicialmente o desejo de Lutero, que acabou adotando sua ce-lebração semanal. Também Calvino batalhou até o fim da vida para que a Ceia do Senhor fosse cele-brada mais frequentemente em Genebra. E a Igreja Anglicana, como se pode ver no LOC, possibilita que cada Igreja local possa assim agir, se for possível.

Leitura e Exposição das Escrituras.Tanto Cristo quando seus Apóstolos em seus ministérios en-fatizaram Pregação da Palavra de Deus. Mesmo enquanto o Novo Testamento estava sendo redi-gido, sabe-se que os escritos de S. Paulo já eram consideramos “Escrituras”, e todas as Igrejas eram ordenadas “lerem” seus textos nos cultos públicos - 2 Pedro 3:15-17;. Cf 1 Ts 5:27; Col 4:16.

Naqueles tempos nem todos tinham acesso a to-dos os livros do Novo Testamento, pois não havia se inventado a imprensa, o que tornava muito difícil que cada membro pudesse ter sua cópia do Santo Livro. Por isso em todas as comunidades havia leitores que, diante da congregação, liam porções enormes das Escrituras, ou mesmo livros inteiros, que depois eram explicados pelo prega-dor. Esse costume está bem registrado, por exem-

plo, no Apocalipse de S. João, com uma promes-sa de “bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia” (Apoc. 1:3).Essa promessa é tão grandiosa que ainda hoje, mais de dois mil anos após ter sido escrita, a Igreja Cristã mantém os Leitores em seu lu-gar de honra, e exorta todos os fiéis a ouvi-rem atentamente a proclamação da profecia.

O Banquete Celestial. “Eu cresci ouvindo minha mãe e outros irmãos falarem sobre um dia quando os cristãos seriam levados a sentar-se a Mesa com Jesus, como os discípulos na Última Ceia”, conta Cinaria, uma cristã batista que recentemen-te conheceu o anglicanismo. O que talvez muitos cristãos não sabem é que o culto que a Igreja ofe-rece a Deus é, na verdade, uma antecipação es-catológica que permite aos fiéis vivenciarem aqui e agora o culto celeste presenciado pelo apóstolo João no Livro das Revelações.,

As vestes, as luzes, os gestos, os salmos e cânti-cos espirituais (Colossenses 3, 16, Efésios 5, 18-20) nos fazem participar, já agora, do Banquete Celestial que nos aguarda no reino dos céus. O culto não é uma encenação, é antes uma experi-ência viva e real da presença de Deus no meio do seu povo. Como na visão da escada de Jacó, a liturgia trás o céu para a terra e leva os fiéis até a presença do Trono de Deus.

Na obra “Dias de Vingança”, David Chilton co-menta que “como parte do serviço formal e oficial no céu, o anjo do altar oferece as orações da comunidade a Deus; e Deus responde suas ora-ções, atuando na Historia em favor dos santos. A intima conexão entre a Liturgia e a Historia é um fato inescapável, um fato que nao podemos dar ao luxo ignorar... a adoração oficial da comunidade do Pacto é cosmicamente significativa”.

Esse olhar mais atento para o drama liturgico que a Igreja vivencia é importante, tanto por seu significado místico e sacramental para os féis, quanto pelo fato de que o anglicanismo só pode ser compreendido a partir do culto que oferece ao Senhor - os anglicanos crêem exatamente como adoram, desde os gestos até as orações e credos, tudo no culto reflete nossa confissão de fé sobre Deus e sobre a Obra do Cristo.

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Capelania e

Missão

A Capelania é um dos aspectos missionais da Igreja, por meio do que os fiéis dão testemunho do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cris-to oferecendo ambaro espiritual, emocional e material aos mais necessitados. É parte do mi-nistério diaconal e missionário da Igreja, onde cumprimos o mandato do Senhor: “Novamente Jesus disse: “Paz seja com vocês! Assim como o Pai me enviou, eu os envio” (João 20:21).

“O que se compadece do pobre empresta ao Senhor, que lhe retribuirá o seu benefício” (Pro-vérbios 19, 17”.

“Porventura não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os po-bres desamparados? Que vendo o nu, o cubras, e não te escondas da tua carne? (...) e se abrires a tua alma ao faminto, e fartares ao aflito; então a tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuri-dão será como o meio-dia” (Isaías 58, 7e 10).

“Mas quando deres um banquete, convida os pobres, os aleijados, os mancos e os cegos, e serás bem-aventurado; porque eles não tem com que te retribuir; pois retribuído te será na ressurreição dos justos” (S. Lucas 14, 13-14).

“Mas não te esqueças de fazer o bem e de repartir com outros, porque com tais sacri-fícios Deus se agrada” (Hebreus 13, 16).

Atualmente desenvolvemos esse trabalho atra-vés da Capela Anglicana Bom Pastor, loca-lizada numa Casa de Repouso na Zona Leste de São Paulo. É um meio de testemunharmos o Evangelho oferecendo amparo pastoral aos idosos, familiares e demais pessoas que esti-verem abertas a participar desses momentos de comunhão com Deus e uns com os outros.

O nome Bom Pastor foi escolhido por descrever Jesus Cristo no Evangelho de João, representan-do Deus que salva, acolhe, cuida, nutri e protege.Nossa experiência pastoral tem sido gratifi-cante ao presenciarmos os idosos participan-do do culto divino com fervorosa fé e alegria, mesmo diante das limitações impostas pela idade. Orando e recebendo orações, ouvindo a Palavra de Deus e comungando em torno da mesa do Senhor numa fé e numa alegria conta-giantes que fazem dos cultos na Capela Angli-cana Bom Pastor um sinal da presença de Deus.

CURIOSIDADE!

Acredita-se que o termo capelania começou a ser usado pelo Exército Francês por volta de 1976, para referir-se aos religiosos que ofere-ciam ajuda espiritual e emocional aos feridos. É possível que esse nome venha da capa - do francês “capelo” - que S. Martinho de Tours, num dia chuvoso, teria repartido com um andarilho.

Rev. Régis Domingues

“Então dirá o Rei aos que estiverem a sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o Reino que vos está preparado desde a fundação do mun-do. Porque tive fome e destes-me de co-mer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes--me; estive na prisão, e fostes me ver.

“Então os justos lhes responderão, dizen-do: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? (...)

“E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes”.

S. Mateus 25, 34-41

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A assistência cristã aos necessitados vem do início do Cristianismo, e é realizada pelos fiéis - clérigos e leigos - em hospitais, escolas, abrigos, ruas, exércitos, zonas de conflito, presídios e onde mais se fizer necessária.

A Capela Anglicana Bom Pastor (foto) é uma mis-são da Igreja Anglicana Reformada – Free Church Of England e seu reitor é o Rev. Regis Domingues.

Outro belo exemplo a ser citado é o Projeto Samaritanos!

Um trabalho feito em casas de recuperação [para dependentes químicos], sob a liderança do Re-verendo Robson de Sousa, rei-tor da Igreja Anglicana Renovo (Pindamonhangaba, SP).

Nas imagens ao lado, momen-tos da visita realizada pelo Reve-rendíssimo Bispo Josep Rossello.

Também estiveram presentes o Rev. Ken Shirkey e sua esposa Martha, diretores do Gateway Center for Word Missions.

Durante sua recente visita ao Bra-sil, o casal participou de diversas atividades com a Free Church of England, (Igreja Anglicana Re-formada do Brasil).

Você já pensou em fazer parte dessa missão? Perto de você há pessoas enfermas, em recupera-ção, ou mesmo encarceradas, e que precisam ouvir as Boas No-vas, e receber conforto e espe-rança. Faça parte!

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- Olá Reverendo, tudo bem?

- Tudo bem, que alegria receber seu conta-to, … em que posso lhes ajudar?

- Olha, quando eu e meu esposo nos casa-mos, apenas eu apresentei o atestado de batismo, pois meu noivo ainda não era batizado, mas agora ele quer receber o Batismo para ser padrinho na Igreja Católica Romana.

- E?

- Bom... a gente pesquisou, e na Igreja Romana o batismo exige um processo bem bu-rocrático... cursinhos, frequência, catequeze para adultos, e assim por diante. Será que se ele rece-ber o Batismo na Igreja Anglicana seria válido? E ele poderá ser padrinho na Igreja Romana?

- São duas perguntas distintas, e com res-postas diferentes.

- Como assim, Reverendo?

- O Batismo feito pela Igreja Anglicana é vá-lido, e a Igreja de Roma o reconhece, assim como reconhece o Batismo de qualquer outra Igreja cris-tã. Portanto, não se trata de validade ou não do sacramento do Batismo, este é válido quando ministrado da forma correta por qualquer igreja, e existem acordos ecumênicos assinados entre as igrejas versando sobre a validade do mesmo.

- Entendi. Mas, ele poderia ser padrinho de um católico romano?

- Não poderia, e vou tentar explicar da me-lhor forma possível: a função dos padrinhos é a de ser os segundos pais de quem é batizado, ou seja, assumem a função de ajudar o novo convertido em sua fé, e aqui é temos um ponto importante: que fé? A fé Católica Apostólica Romana, não anglica-na, metodista, luterana, etc. E ainda que anglica-nos e católicos romanos possuam um núcleo de fé comum através dos Credos, são igrejas diferentes e com pontos de vistas canônicos, teológicos e doutrinários diferentes. Está acompanhando?

- Sim, faz sentido.

- Pensando de uma forma mais simples, se o padrinho ou madrinha é de outro ramo do cris-tianismo, é de se supor que eles seguem outra tradição, e consequentemente educariam o seu afilhado(a) conforme os ensinamentos que ade-rem, ou seja, não acompanhariam o afilhado(a) na Igreja Católica Romana - pelo menos não de modo integral, como seria o esperado.

- Poxa! Obrigada pelas explicações tão clá-rias e objetivas, como sempre. Agora compreen-demos, e faz sentido. Infelizmente nem sempre que precisamos de orientação encontramos pes-soas tão dispostas a ajudar. - Fico feliz em ter ajudado. E caso seu es-poso deseje ser batizado na Igreja Anglicana para se tornar um cristão anglicano, conte conosco. Mas ser batizado apenas para ser padrinho não faz sentido.

- Obrigada mais uma vez, reverendo. Ire-mos conversar seriamente sobre isso.

Ser batizado é indispensável para todos, contudo, não é uma decisão que se pos-sa fazer sem uma compreensão adequa-da de seu significado. Nas águas do Batis-mo a pessoa assume um Pacto com Deus, e torna-se parte do povo eleito, a Igreja. Essa reflexão também vale para os padri-nhos. Sabem que estão assumindo o com-promisso, perante Deus e a Igreja, de en-sinar o Caminho para seus afilhados?

Sem compreender tais coisas, muitas vezes acontece de alguém buscar os Sacramentos sem estar embuido das motivações corretas.

Rev. Rogerio Assis

Uma crônica anglicana sobreBatismo, padrinhos e validade canônica.

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D e l a s é o

R e i n o d o s C é u s

A Igreja é uma comunidade de fé, e não apenas uma reunião de indivíduos salvos. As Escrituras mostram que o objetivo de Deus, a Santíssima Trindade, é redimir um povo eleito. Com isso em mente, não faz sentido pensar na Igreja como mãeb apenas de indivíduos adultos. As crianças não podem ser vistas somente como “a igreja de amanhã”; como filhos e filhas de homens e mulheres redimidos(as), os pequeni-nos são parte da Igreja de Cristo, pelo Batismo.

Por isso recebem o Sacramento do Batismo, a semelhança dos filhos de Israel, para os quais o selo de Deus era a circuncisão. Por isso a Igreja não abre mão de toda e qualquer oportunida-de de evangelizá-los e catequizá-los. Por isso os cristãos não podem virar o rosto quando uma multidão incontável de pequeninos ca-recem, não só das Boas Novas, mas também

de alimento, saúde, educação e cidadania.

12 de Outubro, o Dia das Crianças, é um belo exemplo de oportunidade para alcançar as crianças, ainda que todos os dias per-tençam também aos pequeninos. Essa data específica é como um símbolo do cuidado que se deve à toda e cada criança, cristã ou não. Diversas paróquias da Free Chur-ch of England realizaram ações voltadas para a semana das crianças, levando a Pa-lavra de Deus, alimento e também diversão. _______

a Sobre Capelanias, veja artigo do Reverendo Ré-gis Domingues, publicado na pg. 10.

b Igreja como mãe dos fiéis, veja o estudo Uma Perspectiva Anglicana da Reforma, na Revista Examinai de Outubro 2017, pg. 7, parágrafos 8-14.

Os cristãos não podem virar o rosto quando uma multidão incontável de pequeninos ca-recem, não só das Boas Novas, mas também de alimento, saúde, educação e cidadaniaa.

A Comunidade Anglicana São Paulo realiza um trabalho exemplar junto a comunidade local. Uma das ações é ensinar os pequenos a importância da “solidariedade, o papel social e sobretudo o amor ao próximo”, conta seu reitor, o Rev, Marcos Bessa, professor de filosofia e ensino religioso no Colégio São Miguel. As fotos retratam atividades de doações realizadas no mês das crianças, e os pequenidos ainda participaram da entrega para a AACDEM, que cuida de crianças com necessida-des especiais. “Oremos por este ministério”, pede o Reverendo.

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Voluntaria embalando guloseimas.

O Báculo, publicação periódica e oficial da Igreja Anglicana Re-formada do Brasil. Atualmente a edição da revista eletrônica está sob a responsabilidade do blog Olhar Anglicano, sob a supervi-são episcopal do Bispo Josep Rossello, bispo comissionado da Free Church of England para o Brasil e América Latina.

Criança recebendo alimentos.

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Outra comunidade não mediu esforços para dar as crianças um dia especial . Por vá-r ios dias, doações, trabalhos voluntários e muito amor ajuda-ram a preparar o Dia das Crianças na Igreja Anglicana Sao Paulo Apostolo , na cidade de Porto Velho, Rondônia.

O Reverendo Evani lson Santos conta que a comunidade preparou mais de 600 “sacol i-nhas” para presentear os pequenos das regiões peri fér icas da cidade.

Pelas fotos podemos ver que inclusive doa-ções de al imentos bá-sicos, como fei jão, ale-graram o dia de nossos irmãos pequeninos.

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A palavra “liturgia” tem sido usada com maior ou menor frequência – dependendo da época – nestes dois milênios de his-tória da Igreja Cristã. Ocorre que sempre que ela é usada, acaba assumindo várias conotações que se modificam dependendo do período em que o texto foi escrito e da tradição teológica do autor. Eis aqui a ra-zão e a importância de estudarmos mais a detidamente quais as diferentes interpreta-ções que o termo “liturgia” vem assumindo na teologia das principais famílias cristãs.

Logo no início da Igreja – no período dos pais apostólicos -, aparecem documentos que re-velam um uso franco do termo apontando ou designando os ritos do culto cristão. O primeiro documento digno de nota para nos-sa apreciação é o Didaquê, ou o Ensino dos Apóstolos. Escrito muito provavelmente no final do primeiro século da era cristã, e por-tanto, contemporâneo dos pais apostólicos, o Didaquê, em seu capítulo XVI utiliza a palavra “liturgia” para se referir ao culto ou ao serviço que os bispos e diáconos dirigiam. O texto diz in verbis: “Elegei, então, para vós mesmos bispos e diáconos dignos do Senhor, varões mansos e não amantes do dinheiro, ver-dadeiros e aprovados, porque também eles vos ministram nos serviços” (Itálico nosso).

Um segundo documento que deve ser le-vado em consideração nesse estudo é a Primeira Carta de Clemente aos Romanos. Escrita provavelmente no ano 95 de nossa era, esta carta usa a palavra “liturgia” com, pelo menos dois sentidos: uma indicando a ação cultual do bispo, presbítero e diácono e, em segundo lugar, o rito em si mesmo.

No Oriente Grego, conquanto se preserve a ideia de “ação sagrada ritual”, a pala-vra “liturgia” é usada hoje para indicar a celebração eucarística segundo um de-terminado rito. Dessa forma, pode-se fa-lar da “liturgia” de São João Crisósto-

mo, de São Basílio, de São Marcos, etc.

Mas, no Ocidente Latino, a situação é bem mais interessante. Muito embora a igre-ja usasse inúmeras expressões gregas transliteradas para o latim (p.e. Epíscopus, Presbyter, Diaconos, Baptismus, Evange-lium, etc.), o termo “liturgia” foi quase que completamente ignorado. Dizemos “qua-se”, porque o único escritor latino que uti-lizou o termo em um sentido cultual foi Santo Agostinho de Hipona (354-430).

Durante mais de mil anos, a igreja Latina Ocidental usou, em lugar de “liturgia”, ex-pressões como, por exemplo, oficia sancta, celebritas eclesiástica, sacri ritus, agenda (termo que os luteranos usam para designar seus livros rituais), observationes sacrae, etc.

Será apenas no período renascentis-ta (Sec. XVI) – quando o mundo se vol-ta para as origens gregas -, que o termo “liturgia” reaparece. Foi em 1588, quando Georges Cassandre fazia referências ao uso Bizantino, na obra: Liturgica de ritu et or-dine dominicae, quam celebrationem graeci liturgiam, latini missam appellarunt. Cas-sandre a usou no sentido de formulário ou rito da missa, sentido que até hoje é ma-joritariamente usado na literatura católica.

No movimento associado à Reforma, for-temente influenciado ao renascimento e a volta à cultura grega, o termo “liturgia” pas-sou a significar a ordem estabelecida que se segue nos cultos (ritos) ou o conjunto de elementos que compõem o culto. É nesse sentido que as igrejas de orientação protes-tantes ainda hoje entendem e usam o termo.

[Adaptado do Curso de Liturgia - Teologia bíblica, prática histórica e influência cultu-

ral, Capítulo I; Jorge Aquino]

Rev. Jorge Aquino

A palavra “liturgia” e seu usonas Igrejas Protestantes

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Para os primeiros cristãos, e para os Pais da Igre-ja, os Sacramentos eram rituais cheios de vida e significado. Podemos ilustrar isso estudando o que eles pensavam a respeito do Santo Batismo.

Clemente de Alexandria, falando sobre o Batismo, escreveu que “esta obra as vezes é chamada de graça; outras vezes, iluminação, aperfeiçoamente ou lavamento. É o lavamento pelo qual nos limpamos de nossos pecados; a graça pela qual a conde-nação de nossos pecados é cancelada; e a ilumi-nação pela qual vemos a Santa Luz da Salvação, isto é, através do que vemos claramente a Deus”.

Numa carta escrita a um jovem amigo cristão, Cri-priano descreveu o seu próprio Batismo com as seguintes palavras: “Considerando minha própria condição naqueles tempos, eu acreditava que fosse coisa impossível que um homem nascesse de novo... Mas, depois, com a ajuda da água do novo nasci-mento, a mancha daqueles anos foi lavada, e uma luz do alto, serena e pura, penetrou em meu coração já reconciliado. Então, o Espírito enviado dos céus, em um segundo nascimento, me fez um novo homem”.

Não que vissem as águas batismais como algo mági-co, que produzisse novidade de vida separada da fé, como claramente se vê nas explicações de Justino em sua Primeira Apologia: “Aqueles que estão con-vencidos de que nosso ensino é verdadeiro e desejam viver de acordo com ele, os instruímos que jejuem e orem a Deus para receber o perdão de todos os seus pecados passados. Também jejuamos e oramos com eles. Então os conduzimos a um lugar onde exista

água, e são regenerados do mesmo modo como fomos regenerados. Recebem prontamente o lava-mento da água em nome de Deus (o Pai e Senhor do Universo), e de nosso Salvador Jesus Cristo, e do Es-pírito Santo. Porque Cristo disse: “O que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus” - S. João 3, 3).

Tristemente, muitos evangélicos colocaram outro rito de iniciação cristã no lugar do Batismo. Ge-ralmente chamam a novidade de “Apelo”. Trata-se de ritual onde o pecador é convidado a ir a frente da comunidade confessar sua fé em Cristo. De-pois de uma oração o novo convertido passa a ser considerado um crente, um nascido de novo - para alguns até mesmo crianças que foram criadas no Evangelho precisam “levantar as mãos” no Apelo, ou não serão salvas. Deve se observar que, nestes casos, o Batismo é arbritariamente substituído por um rito moderno, e apócrifo. Podemos - se assim o desejarmos - associar a nossa conversão a um dia e hora específicos, mas para o Novo Testamento e para os Pais da Igreja, aos olhos da comunida-de de fé esse dia e hora são aqueles do Batismo.

De modo paradoxal, mesmo comunidades que assi-milaram a inovação moderna não permitem que os novos crentes se aproximem da Mesa do Senhor antes do Batismo. Nisso fazem o correto, ainda que por ra-zões equivocadas. Os ritos cristãos, especialmente o Batismo e Ceia, são meios pelas quais a Graça de Deus é conferida aos homens. Não são meros símbolos. Não podem ser substituídos por rituais apócrifos. Este é o testemunho das Escrituras e dos Pais da Igreja.

Liturgia, vida e significado

NA ESCOLA DOS PRIMEIROS CRISTAOS

Rev. Marcelo Lemos

O Báculo | Página 16

Este mês o Báculo se propôs falar do privilégio da experiência litúrgica da Igre-ja. Interessante observar que mesmo entre aqueles cristãos que não possuem uma tradição antiga se admite a necessidade de pelo menos dois ritos da Igreja: o Ba-tismo e a Ceia. No entanto, para muitos cristãos modernos tais ritos são apenas simbolos, e não meios da graça de Deus, como verdadeiros sacramentos que são.